Pobreza multidimensional: questões conceituais e metodológicas para seu dimensionamento SAGI/MDS Agosto de 2015
Pobreza multidimensional:
questões conceituais e
metodológicas para
seu dimensionamento
SAGI/MDS
Agosto de 2015
BRASIL - POPULAÇÃO EM SUBALIMENTAÇÃO – FAO (%)
Fonte: FAO, 2014 – elaboração SAGI/MDS.
Ou para avaliar políticas, seus efeitos ou falta de efeitos.... Teria o Brasil o Brasil retrocedido na superação da
subalimentação e fome ?
% População
0
5
10
15
1,7
82% de redução
Teria recuado no acesso a direitos e a programas sociais pela população mais pobre, como acesso a escola ?
População de 6 a 14 anos que frequênta escola (%)
95,8
98,4
92,5
97,5
90,0
91,0
92,0
93,0
94,0
95,0
96,0
97,0
98,0
99,0
2002 2004 2008 2013
Total
5% maispobres
5,5%
2,8%
Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: MDS
Como acesso à água ?
88,6
94,6
59,7
79,9
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
2002 2004 2008 2013
Total
5% maispobres
Domicílios com acesso à água por rede geral, cisterna, poço ou nascente com canalização (%)
Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: MDS
33,8%
6,8%
Como o acesso à energia elétrica ?
Domicílios com energia elétrica (%)
96,5 99,3
84,0
97,6
75,0
80,0
85,0
90,0
95,0
100,0
105,0
2002 2004 2008 2013
Total
5% maispobres
Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: MDS
16,1%
3,0%
Teria havido inflexão das taxas de pobreza e extrema pobreza monetária ?
13,0 12,9
8,2 8,9 8,4
7,7 8,0 8,6
7,9 7,9 6,7
6,1 5,0 4,6
3,9 3,7 3,5 2,7 2,9
13,5
3,1
14,0 13,8
9,0 9,8
9,2 8,5 8,8
9,3 8,7 8,6
7,4 6,9
5,6 5,3 4,4 4,3 3,9
3,1 3,3
30,6 30,3
22,5 22,8 22,6 21,5
22,8 23,2 23,1 23,3
21,1 19,9
16,0
14,8
13,0 11,9
9,9
7,8 7,5
31,1
7,8
31,6 31,3
23,4 23,7 23,4 22,3
23,6 23,9 23,8 24,0
21,9
20,6
16,6 15,5
13,6 12,5
10,4
8,2 8,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
De fato, como descrito e analisado no Relatório de Desenvolvimento Humano de
2014, o Brasil continuou avançando
É preciso qualificar o debate sobre a efetividade da Política Social
• Indicadores mais sensíveis aos efeitos – e não efeitos – dos programas
• Indicadores mais precisos, comparáveis e robustos no tempo
• Indicadores que respondam aos novos desafios das Políticas Sociais
• Indicadores de Políticas, além de Indicadores Sociais
O MDS e o Plano Brasil Sem Miséria utiliza-se de vários Indicadores de Políticas para monitorar e avaliar a
efetividade de seus vários programas
Indicadores de Pobreza Multidimensional devem, pois, ser capazes de refletir os efeitos dessa estratégia integrada de
políticas sociais
Indicador de Pobreza Multidimensional = combinação da medição da Pobreza Monetária e da abordagem da Vulnerabilidade Social
Uma das estratégias metodológicas mais recorrentes de
dimensionamento da pobreza na literatura é o da Pobreza Monetária
baseada nas linhas US$1,25 ppc, introduzido pelo Banco Mundial há 20 anos
Re
nd
a p
er
cap
ita
Número de privações de acesso a direitos sociais, serviços e bens
140 – 70 – 0 –
Não Pobres
Pobreza
Extrema Pobreza
Outra estratégia de dimensionamento da pobreza, introduzida pela Cepal
há 30 anos, é a abordagem nas Necessidades Básicas Insatisfeitas (NBI)
ou da Vulnerabilidade Social
Re
nd
a p
er
cap
ita
Número ou combinações de privações de acesso a direitos sociais, serviços e bens
N ...............................................................................0 ...sem privações
Não Pobres
Pobreza
V
uln
erabilid
ade So
cial ou
N
ece
ssidad
es Básicas
insafisfe
itas
Extrem
a V
uln
erab
ilidad
e
N
ão
Vu
lneráveis
A proposta de dimensionamento e caracterização da Pobreza
Multidimensional é uma estratégia metodológica de combinação das
duas abordagens, de pobreza monetária e de vulnerabilidade social
(recortes de renda per capita familiar e privações de bens e serviços)
Não Pobres com até x privações
Pobres com até x privações
Vulneráveis com mais de x privações
Severamente Pobres
Moderadamente Pobres
Não Pobres, sem
privações básicas
Pobres sem privações ou Transitórios
Pobres Crônicos
Re
nd
a p
er
cap
ita
Número ou combinações de privações de acesso a direitos sociais, serviços e bens
Linha Pobreza _
Linha Ext Pobreza_
0 – N...............................................x..............................0 ...sem privações
– Foco em Pobreza Multidimensional, Vulnerabilidade Social, Progresso
Social, Tamanho da Classe Média etc
– Dimensões consideradas
– Quantidade e natureza dos Indicadores propostos
– Grupos populacionais considerados nos indicadores
– Pesos para cada dimensão e indicador
– Linhas de pobreza usadas
– Metodologia de combinação das dimensões e privações
– Número de privações a considerar
– Técnica de agregação dos indicadores
– Fonte de dados usadas
Com a aproximação da definição dos novos indicadores de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para a agenda pós-2015, há várias
propostas de indicadores de pobreza multidimensional ou vulnerabilidade social sendo produzidos, como o da OPHI/PNUD,
Banco Mundial e Cepal, diferenciando-se pelo:
Dimensão/Indicador Peso Dimensão/Indicador Peso
Habitação 22,2 Educação 22,2
Precariedade dos materiais do domicílio
7,4 Frequência Escolar entre 6 a 17 anos 7,4
Superlotação 7,4 Defasagem Escolar entre 6 a 17 anos 7,4
Domicílios com posse insegura 7,4 Nível Educacional Insuficiente para adultos 7,4
Serviços Básicos 22,2 Padrão de Vida 22,2
Carência de Abastecimento de água 7,4 Insuficiência de Renda (Linha da Pobreza) 14,8
Carência de Saneamento 7,4 Carência de bens duráveis 7,4
Carência de Energia 7,4
Emprego e Proteção Social 11,1
Desocupação entre 15 e 65 anos 7,4
Precariedade da Proteção Social (Não contribui ou recebe da Previdência)
3,7
Dimensões e Indicadores para dimensionamento e caracterização da Pobreza Multidimensional da Cepal
Para torná-los Indicadores de Pobreza Multidimensional no sentido
aqui delineado – OPHI* e Cepal* - , pode-se recalculá-los combinando
os recortes de renda per capita familiar e privações de bens e serviços
Não Pobres com até x privações
Pobres com até x privações
Vulneráveis
Severamente Pobres
Moderadamente Pobres
Não Pobres
Pobres transitórios Pobres Crônicos
Re
nd
a p
er
cap
ita
Número ou combinações de privações de acesso a direitos sociais, serviços e bens
Linha Pobreza _
0 – N...............................................x..............................0 ...sem privações
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
14,0%
16,0%
18,0%
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
OPHI* BIRD Cepal*
Diferença menor que 4 pontos percentuais
Assim, observa-se a mesma tendência de redução e de aproximação dos índices de pobreza crônica para Brasil 2001-2013
Diferença de 12 pontos percentuais
A queda do contingente de Pobres Crônicos, aqueles com
baixa renda e baixo acesso a programas sociais, caiu mais
intensamente a partir de 2004 e ainda mais rápido nos anos 2010 (-14 % ao ano, contra -13% aa em 2004 e 2009)
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
Crônicos
-7,4 %aa -2,9% aa -2,7% aa
-12,8% aa -14,1% aa
Plano BSM + Busca Ativa
Redução da Inflação
Aumento do acesso à escola
PBF + Sal Mínimo + Redução Desemprego
O contingente de Vulneráveis, residentes, em grande
medida, na zona rural e NE/Norte, diminuiu mais rapidamente a partir de 2009
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
Vulneráveis
+3,4 %aa -9,5% aa
-5,5% aa
-1,7% aa
-6,1% aa
Busca Ativa Fomento, Água e Luz no Rural
Implantação da LOAS/BPC
A queda do contingente de Pobres Carentes, residentes em
geral nas cidades pequenas e médias, mantem ritmo de
queda desde 2004 (acima de 6% ao ano), mesmo com Mercado de Trabalho menos dinâmico
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
Carentes
-7,9 %aa +11,6% aa
+7,1% aa -6,8% aa
-6,4% aa
Aumento do Desemprego e perda de poder aquisitivo
PBF + Sal Mínimo + Redução Desemprego + Formalização
Acesso a serviços e Busca Ativa
Os Pobres Transitórios, por estarem concentrados nos
grandes centros urbanos, caem com maior intensidade que os Carentes desde 2009 (acima de 11 % ao ano)
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
Transitórios
-21,8 %aa
+12,0% aa +25,4% aa -12,3% aa -11,0% aa
Aumento do Desemprego e perda de poder aquisitivo
PBF + Sal Mínimo + Redução Desemprego + Formalização
Acesso a bens Inclusão Produtiva Urbana
Pobreza Multidimensional pode ser entendida, em sentido político-normativo, como a situação de privação de acesso aos meios econômicos e às políticas públicas que asseguram a cidadania plena, Requer para sua superação uma estratégia abrangente de programas sociais – de natureza universal, alocativa e redistributiva Cujo monitoramento e avaliação demanda um conjunto de indicadores específicos de programas, Entre estes, o indicador resultante da integração de duas abordagens de mensuração complementares: • a pobreza monetária (baseada em linha de pobreza) e • vulnerabilidade social (baseada em escala de privações de acesso a
direitos, bens e serviços).
Pobreza Multidimensional é, pois, um conceito-ação, isto é, um constructo moldado pelas experiências de vários países no desenho de políticas e ações voltados à sua superação