Plantas Silvestres As cores das flores, ao ritmo do tempo, nos campos do Alentejo Textos e fotografias de Filomena G. Coelho
Plantas Silvestres As cores das flores, ao ritmo do tempo, nos campos do
Alentejo
Textos e fotografias de Filomena G. Coelho
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Índice
Introdução.................................................................4
Nos meses de Inverno… ..................................................5
As cores das flores ......................................................7
Margaça-de-inverno ....................................................11
Saramago.................................................................14
Erva-azeda ..............................................................19
Calêndula –brava ........................................................22
Grizandra ................................................................24
Silene ....................................................................28
Cada planta com sua flor! ..............................................31
Moda Primavera/Verão nos campos do Alentejo ......................37
Bibliografia ..............................................................38
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A pensar nas pessoas que percorrem os campos nas suas
caminhadas e passeios, foi feita uma recolha fotográfica e uma
identificação de algumas espécies de plantas, acompanhando as
cores das flores, ao longo dos meses de Inverno, nos campos de
Viana do Alentejo.
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Nos meses de Inverno...
De Dezembro a Março, os campos desta região têm como cor base o
verde, mas muitos ficam cobertos de plantas em flor onde predominam as
cores branca, laranja ou amarela e pequenos salpicos de cor-de-rosa.
Escolhi seis espécies de plantas que, pela área que ocupam ou pelo
colorido das suas flores, dão mais nas vistas nesta região durante os meses
de Inverno. No entanto, a época de floração destas plantas pode ser
antecipada ou prolongar-se para além destes meses, dependendo de
factores que afectam o desenvolvimento das plantas, tais como a humidade,
a temperatura e a luz.
Para que as plantas tenham nome, foi feita uma identificação,
indicando-se o nome vulgar por que são conhecidas (quando o têm) e sempre
que possível, o nome científico da família, género e espécie. É apresentada
uma descrição morfológica muito simples e as fotografias, que são de minha
autoria, destacam sobretudo as cores das flores.
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Estas plantas espontâneas são, quase todas, consideradas ervas
infestantes. A sua propagação resulta, em grande parte, da destruição da
flora da região e do posterior e sucessivo abandono dos campos de cultivo.
A algumas delas são reconhecidas propriedades cosméticas ou medicinais.
Sobre isso não faço grandes considerações, pois as plantas podem estar
contaminadas com pesticidas, parasitas deixados pelos animais ou por
poluentes atmosféricos e o seu uso incorrecto pode causar graves
problemas de saúde. A utilização das plantas pode melhorar a saúde de
algumas pessoas e noutras desencadear reacções alérgicas.
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As cores das flores
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O branco das flores da margaça-de-inverno e do saramago.
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Nesta altura do ano, os vários tons de amarelo nos campos resultam,
sobretudo, das cores das flores da grizandra, da erva-azeda, e da calêndula.
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As flores das silenes salpicam os campos de cor-de-rosa.
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Margaça-de-inverno
Durante o Inverno, o branco que faz a planície parecer coberta de
neve, deve-se sobretudo a uma planta silvestre que pertence à família
Asteraceae, espécie Chamaemelum fuscatum (Brot.) Vasc., e que é
vulgarmente conhecida por margaça-de-inverno. Encontra-se espalhada por
toda a região, preferindo os solos húmidos e mesmo encharcados.
É uma planta herbácea de folhas muito recortadas, flores dispostas
num capítulo, com as flores
centrais férteis de cor amarela
e as periféricas liguladas de cor
branca (não são pétalas).
Esta erva anual, com
aroma semelhante ao da
camomila, é muito amarga (o
gado que pasta nos campos não a
come) e pode ter alguns usos
cosméticos e medicinais.
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Não é uma flor mas uma inflorescência! As flores mais pequenas de
cor amarela e corola tubular (em forma de tubo) formam o disco central e
as outras, menos numerosas, de cor branca, dispostas em volta, têm corola
ligulada (em forma de língua). Esta inflorescência chama-se capítulo.
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A margaça-de-inverno predomina neste campo, junto ao Santuário de Nossa
Senhora D’Aires, em Viana do Alentejo.
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Saramago
Algumas das manchas brancas nos campos, devem-se às flores desta
planta, que pertence à família Brassicaceae e à espécie Raphanus
raphanistrum L., cujo nome vulgar é saramago.
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É uma erva anual, muito vulgar na região, tanto nos campos cultivados
como nos incultos, sendo também frequente na berma dos caminhos.
As suas flores são muito características, pois têm quatro pétalas de
unha comprida, de cor branca ou amarelada, dispostas em cruz e com
nervuras bem visíveis, azuladas ou arroxeadas. Embora seja considerada
uma planta infestante, já foi utilizada como planta comestível, mas
actualmente o uso para tal fim é nulo.
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Saramago em flor, nos campos entre Viana do Alentejo e Oriola.
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Campo onde sobressaem as flores do saramago, em Viana do Alentejo.
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O saramago encontra-se, com muita frequência, na berma dos caminhos.
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Erva-azeda
A cor amarelo enxofre, que salpica o verde dos campos, é devida em
parte, às flores de uma planta cujo nome científico é Oxalis pes-caprae L. e
por aqui é chamada
azeda, erva-azeda ou
trevo-azedo mas que é
também conhecida
vulgarmente por erva-
canária ou erva-pata.
É uma planta
vivaz que possui um
caule subterrâneo
(bolbo) que fica no
solo, quando a parte
aérea da planta morre.
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Todos os anos desenvolve um caule ascendente e subterrâneo com muitos
bolbilhos.
Não se trata de um
trevo, embora as suas
folhas, com um longo
pecíolo e compostas por
três folíolos, possam à
primeira vista ser
semelhantes. As suas
flores de um amarelo
intenso têm cinco sépalas
verdes e cinco pétalas
amarelas que fecham ao
anoitecer. Reproduz-se muito facilmente e cresce em locais como muros,
junto ao tronco das oliveiras, na berma dos caminhos, nos campos, nas
hortas e até nos quintais e nos jardins.
É muito procurada pelos insectos, sobretudo pelas borboletas e pelas
abelhas. A seiva que se acumula na planta é rica em ácido oxálico que, em
grande quantidade, é muito perigoso para a saúde.
Originária da África do Sul, foi introduzida como planta ornamental
mas rapidamente escapou ao controle e é considerada uma espécie invasora.
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Erva-azeda em flor, em Viana do Alentejo.
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Calêndula-brava
É uma erva anual que pertence à família Asteraceae, cujo nome
científico é Calendula arvensis L. e que vulgarmente é conhecida, entre
outros nomes, por calêndula-brava, erva-vaqueira, maravilhas-bastardas ou
boas-noites.
Esta planta surge nos campos de
cultivo, na berma dos caminhos e nos
terrenos baldios. Tem um cheiro
agradável, muito semelhante ao da sua
parente maravilhas-de-jardim, sendo-lhe
reconhecidas propriedades cosméticas e
medicinais.
As flores da calêndula-brava,
dispostas num capítulo são todas de cor
amarela ou alaranjada. Só se mostram em
toda a sua plenitude quando a luz solar incide sobre elas.
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Inflorescência da calêndula-brava.
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Grizandra
Nesta altura do
ano, o tom amarelo que
domina nos campos
deve-se, em grande
parte, às flores duma
erva anual que cresce
nos campos incultos e na
bermas dos caminhos. O
seu nome vulgar é
grizandra mas não é,
por aqui, muito utilizado
(é das tais plantas a que
chamam ervas e ficam
assim baptizadas).
Esta planta que
pertence à família
Brassicaceae e à
espécie Diplotaxis
catholica (L.) DC. é uma
das mais abundantes na
região, nesta época do ano.
As suas folhas
verdes são muito recortadas
e as da base estão dispostas
em forma de roseta. As
flores são pequenas, de um
amarelo intenso, têm quatro
sépalas e quatro pétalas,
dispostas em cruz. O fruto
é uma síliqua.
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Flores e frutos da grizandra.
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Grizandra em flor nos campos de Viana do Alentejo.
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Grizandra em flor, nos campos entre Viana do Alentejo e Aguiar.
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Silene
Na região, conheço três espécies de silenes. Mas o rosa, que salpica o
verde dos campos, deve-se sobretudo às flores da Silene colorata Poiret.
Esta erva anual não tem nome vulgar por aqui. Apenas algumas pessoas,
muito idosas, disseram que lhes chamavam catarinotas.
As suas flores têm
pétalas bífidas cor-de-rosa
mas que também podem
surgir com uma cor mais
esbranquiçada.
As pétalas ficam
enroladas durante a
exposição solar intensa,
mas, desde o entardecer
até às primeiras horas da manhã ou nos dias de sol encoberto e chuva,
mostram-se em toda a sua elegância e beleza.
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Silene colorata Poiret, num dia de céu nublado.
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Plantas em flor, onde se destaca o cor-de-rosa das flores das silenes.
Viana do Alentejo, no mês de Fevereiro.
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Cada planta com sua flor!
Qual é a planta qual é ela?
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Moda Primavera/Verão nos campos do Alentejo
Nos meses de primavera, os campos do Alentejo transformam-se num
arco-íris e iremos partir à descoberta de novas plantas…
Primavera nos campos de Aguiar.
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F.G.C.
Bibliografia
http://www.invasoras.uc.pt
BELIZ, J. Malato e CADETE, António - Catálogo das Plantas Infestantes
das Searas de Trigo Volume 1, Lisboa, Edição da Empresa Pública de
Abastecimento de Cereais, 1978
COELHO, Filomena G. - Plantas Espontâneas da Região de Viana do
Alentejo, Viana do Alentejo, 1995 (não publicado).
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