Universidade de São Paulo Disciplina: Climatologia II – ACA 0226 Introdução à Estatística Aplicada à Climatologia Parte II – Distribuições de Probabilidades Projeto PAE Bolsista: Michelle S. Reboita
Introduo Distribuio de Probabilidades
PAGE 46
Universidade de So Paulo
Disciplina: Climatologia II ACA 0226
Introduo Estatstica Aplicada ClimatologiaParte II Distribuies de ProbabilidadesProjeto PAE
Bolsista: Michelle S. ReboitaSo Paulo, 2005.
Sumrio
31Introduo Distribuio de Probabilidades
42Definies
42.1Varivel Aleatria
52.2Distribuio de Probabilidades
52.2.1 Noes Iniciais
82.2.2 Distribuio Terica
82.2.3 Parmetros e Estatsticas
92.2.4Distribuio Discreta e Contnua
93Distribuies Contnuas
113.1Distribuio Normal
213.2Distribuio Gamma
273.3Distribuio de Valores Extremos
343.4Distribuio Exponencial
364 Distribuies Discretas
374.1 Distribuio Binomial
394.2 Distribuio de Poisson
424.3Distribuio Geomtrica
465Referncias
1 Introduo Distribuio de Probabilidades
Um erro muito comum em anlise de dados climatolgicos desprezar as caractersticas da distribuio de probabilidades mais adequada para os dados em estudo. O mais freqente adotar-se, a priori, a distribuio normal o que pode resultar, se os dados no seguem essa distribuio, em concluses erradas. Isso ocorre, provavelmente, porque a distribuio normal foi a primeira distribuio de probabilidades estudada e pelo fato de existir facilidade na estimativa dos seus parmetros e das probabilidades (Assis et al., 1996).
Contudo, os procedimentos para se determinar qual a distribuio de probabilidade mais adequada para um certo conjunto de informaes relativamente simples e, uma nica distribuio pode ter um vasto espectro de aplicao. Por exemplo: os totais anuais de precipitao tm distribuio aproximadamente normal; os totais mensais da mesma varivel tm distribuio fortemente assimtrica e a de totais dirios de chuva mais assimtrica ainda. Entretanto, todos esses conjuntos de dados podem ser adequadamente ajustados distribuio de probabilidades gamma.
Na figura 1 apresentado os tipos mais comuns de distribuies de probabilidades encontrados em climatologia. A figura 1 A representa uma distribuio simtrica, tpica da distribuio normal de probabilidades que, geralmente, se ajusta bem aos dados de temperatura horria; o histograma da figura 1 B de uma distribuio com forte assimetria, com forma de Jota invertido, forma tpica da distribuio dos totais dirios de chuva; a figura 1 C representa uma forma de distribuio tpica de dados que variam no intervalo (0,1), como umidade relativa, razo de insolao e ndice de seca; a figura 1 D mostra uma distribuio cujo histograma de freqncias sugere a forma da letra U, a qual comumente encontrada nos dados de insolao diria; a distribuio da figura 1 F representa uma distribuio uniforme, um caso da distribuio beta com dois parmetros iguais unidade.
Neste material abordaremos os conceitos de varivel aleatria, distribuio de probabilidades e processos para clculo da esperana e varincia de uma distribuio de probabilidades.
Figura 1. Tipos de distribuies mais comuns em climatologia (Assis, et al., 1996, pg. 36).
2 Definies
2.1 Varivel AleatriaA varivel aleatria uma varivel que tem um valor nico (determinado aleatoriamente) para cada resultado de um experimento. A palavra aleatria indica que em geral s conhecemos aquele valor depois do experimento ser realizado (Triola, 1998).
Exemplos de variveis aleatrias:
a. nmero de alunos que no compareceram a aula de estatstica num determinado dia;
b. altura de um adulto do sexo masculino selecionado aleatoriamente.
No material correspondente a Parte I foi realizada uma distino entre dados discretos e dados contnuos. As variveis aleatrias tambm podem ser discretas ou contnuas.
Varivel aleatria discreta: aquela que assume valores inteiros e finitos.Varivel aleatria contnua: aquela que pode assumir inmeros valores num intervalo de nmeros reais e medida numa escala contnua. 2.2 Distribuio de Probabilidades
2.2.1 Noes Iniciais
Alm de identificar os valores de uma varivel aleatria, freqentemente podemos atribuir uma probabilidade a cada um desses valores. Quando conhecemos todos os valores de uma varivel aleatria juntamente com suas respectivas probabilidades, temos uma distribuio de probabilidades. A distribuio de probabilidades associa uma probabilidade a cada resultado numrico de um experimento, ou seja, d a probabilidade de cada valor de uma varivel aleatria. Por exemplo, no lanamento de um dado cada face tem a mesma probabilidade de ocorrncia que 1/6.Como os valores das distribuies de probabilidades so probabilidades, e como as variveis aleatrias devem tomar um de seus valores, temos as duas regras a seguir que se aplicam a qualquer distribuio de probabilidades: 1. A soma de todos os valores de uma distribuio de probabilidades deve ser igual a 1(P(x) = 1, onde x toma todos os valores possveis2. A probabilidade de ocorrncia de um evento deve ser maior do que zero e menor do que 10 (P (x) ( 1 para todo x
No exemplo do lanamento de um dado, como todas as faces tm a mesma probabilidade de ocorrncia que 1/6 ao som-las obtemos o valor 1, que corresponde a primeira regra citada acima. O valor 1/6 maior do que zero e menor do que 1, assim satisfaz a segunda regra acima.A distribuio de probabilidades pode ser representada por um histograma de probabilidades. Este se assemelha ao histograma de freqncias apresentado na Parte I, entretanto a escala vertical representa probabilidades, em lugar das freqncias relativas.
O histograma de probabilidades nos permite visualizar a forma da distribuio. A mdia, a varincia e o desvio-padro traduzem outras caractersticas. Para uma distribuio de probabilidades, essas medidas podem ser determinadas usando as expresses mostradas na tabela 1.Tabela 1. Expresses para clculo da mdia, varincia e desvio-padro das distribuies de probabilidades.Mdia(=(x P(x)
Varincia(2=([(x-()2 P(x)]
Varincia(2=[(x2 P(x)] - (2
Desvio-Padro(=([(x2 P(x)] - (2)1/2
Ao calcularmos a mdia de uma distribuio de probabilidades, obtemos o valor mdio que esperaramos ter se pudssemos repetir as provas indefinitivamente. No obtemos o valor que esperamos ocorrer com maior freqncia. J o desvio-padro nos d uma medida de quanto a distribuio de probabilidades se dispersa em torna da mdia. Um grande desvio-padro reflete disperso considervel, enquanto que um desvio-padro menor traduz menor variabilidade, com valores relativamente mais prximos da mdia. Estas frmulas podem ser utilizadas para qualquer distribuio de probabilidades, entretanto, veremos mais adiante que elas podem ser simplificadas dependendo do tipo de distribuio.
A mdia de uma varivel aleatria discreta o resultado mdio terico de um nmero infinito de provas. Podemos encarar essa mdia como o valor esperado no sentido de que o valor mdio que esperaramos obter se as provas se prolongassem indefinitivamente. As aplicaes do valor esperado (tambm chamado esperana ou esperana matemtica) so extensas e variadas e o mesmo desempenha um papel de extrema importncia em uma rea de aplicao chamada teoria da deciso.
O valor esperado de uma varivel aleatria discreta denotado por E e representa o valor mdio dos resultados:
E = (x P(x)(1)
Observamos que E=(. Isto , a mdia de uma varivel aleatria discreta coincide com seu valor esperado.
Exemplo (extrado de Triola, 1998, pag 96): Na tabela abaixo so fornecidas as probabilidades de ocorrncias de um determinado evento. Entretanto, o objetivo da mesma enfatizar o clculo da mdia, da varincia e do desvio-padro. Juntamente com a tabela ser mostrado o histograma de probabilidades. Tabela 2. Clculo da mdia, varincia e desvio-padro para uma distribuio de probabilidades.
XP(x)x P(x)x2x2 P(x)
00,2100,00000,000
10,3670,36710,367
20,2750,55041,100
30,1150,34591,035
40,0290,116160,464
50,0040,020250,100
600,000360,000
700,000490,000
Total1,0001,398-3,066
(=(x P(x) = 1,398 = 1,4(2=[(x2 P(x)] - (2 = 3,066-1,3982 =1,111596 = 1,1(=(1,111596)1/2 = 1,054323 = 1,1
Figura 2. Histograma de probabilidades.
As distribuies de freqncias construdas a partir de observaes podem ser representadas atravs de formas matemticas. Ento, as formas matemticas utilizadas para a idealizao dos dados reais so referidas como distribuies tericas.
As distribuies tericas representam os dados aproximadamente, embora em muitos casos a aproximao pode ser muito boa. Basicamente, h trs aspectos em que o emprego das distribuies de probabilidade tericas podem ser til (Wilks, 1995):
Compacidade: trabalhoso lidar com grandes conjuntos de dados brutos, sendo que s vezes, tambm pode haver limitaes para a anlise. Uma distribuio terica bem ajustada srie de dados reduz o nmero de trabalho exigido para a caracterizar as propriedades da mesma.
Alisamento e interpolao: os dados reais esto sujeitos a variaes na amostragem que podem levar a falha de dados ou a dados errneos nas distribuies empricas. Por exemplo, numa amostra de dados de temperatura mxima de uma cidade, localizada na regio tropical, no foram observadas temperaturas mximas entre 30 e 35C no vero, embora certamente temperaturas mximas nesta faixa podem ocorrer. A imposio de uma distribuio terica sobre estes dados representaria a possibilidade dessas temperaturas ocorrerem, tanto quanto permitiria estimar a suas probabilidades de ocorrncia.
Extrapolao: estimar a probabilidade de eventos extremos a variao de um conjunto de dados particular exige a suposio de eventos ainda no observados. Isso pode ser realizado com a imposio de um modelo de probabilidade (isto , uma distribuio terica) ajustado a srie de dados.2.2.2 Distribuio Terica
Uma distribuio terica um modelo matemtico. A natureza especfica de uma distribuio terica determinada por valores particulares atravs de uma entidade chamada parmetros da distribuio. As distribuies tericas tambm so chamadas de distribuies paramtricas, porque seus atributos especficos dependem dos valores numricos de seus parmetros. 2.2.3 Parmetros e Estatsticas
comum a confuso entre parmetros da distribuio e estatsticas da amostra. Os parmetros da distribuio so as caractersticas de uma distribuio terica particular. Eles representam sucintamente as propriedades fundamentais de uma populao. J as estatsticas so quantidades calculadas a partir de uma amostra de dados. A confuso entre eles pode ser devido a algumas distribuies tericas comuns onde estatsticas so bons estimadores para os parmetros da populao. Por exemplo, o desvio-padro da amostra, s, pode ser confundido com o parmetro ( da distribuio Gaussiana porque os dois so iguais quando a distribuio Gaussiana representa bem os dados amostrais. Para esta distribuio a mdia da amostra igual ao parmetro ( e o desvio-padro igual ao parmetro (. importante ressaltar que nem sempre os parmetros das distribuies so encontrados usando estatsticas das amostras. Normalmente, a notao para estatsticas da amostra envolve letras romanas e para os parmetros envolve letras gregas.
2.2.4 Distribuio Discreta e Contnua
H dois tipos de distribuies tericas que correspondem a diferentes tipos de dados ou variveis aleatrias: a distribuio discreta e a distribuio contnua.A distribuio discreta descreve quantidades aleatrias (dados de interesse) que podem assumir valores particulares e os valores so finitos. Por exemplo, uma varivel aleatria discreta pode assumir somente os valores 0 e 1, ou qualquer inteiro no negativo, etc. Um exemplo de varivel climatolgica discreta so as tempestades com granizo.
A distribuio contnua representa quantidades aleatrias contnuas que podem tomar qualquer valor dentro de um intervalo especificado dos nmeros reais. Por exemplo, uma varivel aleatria contnua deve ser definida entre os nmeros reais 0 e 1, ou nmeros reais no negativos ou, para algumas distribuies, qualquer nmero real. A temperatura, a presso, a precipitao ou qualquer elemento medido numa escala contnua uma varivel aleatria contnua.Existem vrias distribuies discretas e contnuas, algumas delas sero mostradas abaixo. As explicaes iniciaro com as distribuies contnuas.
3 Distribuies Contnuas
A maioria das variveis atmosfricas podem assumir valores contnuos. A temperatura, a precipitao, a altura geopotencial, a velocidade do vento, e outras quantidades no esto restritas a valores inteiros de unidades fsicas em que so medidas. Embora a natureza da medio e os sistemas de relatos tal que as medidas atmosfricas so arredondadas para valores discretos, mas o conjunto de valores observados normalmente grande o suficiente para que a maioria das variveis possam ainda ser tratadas como quantidades contnuas.
Existem duas funes associadas a cada varivel contnua X: a funo densidade de probabilidade, simbolizada por f(X), e a funo cumulativa de probabilidade, ou funo de distribuio de probabilidade representada por F(X). A funo f(X) aquela cuja integral de X = a at X = b (b ( a) d a probabilidade de que X assuma valores compreendidos no intervalo (a, b), ou seja,
(2)
A funo cumulativa de probabilidade F(b) tal que:
(3)
A distribuio exponencial, por exemplo, tem a seguinte funo densidade de probabilidade:
(4)
com x ( 0. A sua funo cumulativa de probabilidade do tipo:
(5)
Qualquer funo definida no campo real s pode ser considerada como uma funo densidade de probabilidade se forem satisfeitas as seguintes condies:
(6)
para todo X e
(7)
A probabilidade de que a varivel X assuma valores no intervalo (a, b) dada por:
(8)
e a probabilidade de que a varivel contnua X assuma um valor em particular, b, por exemplo, :
(9)
H muitas distribuies tericas contnuas. Algumas das mais usadas em cincias atmosfricas so: distribuio normal, distribuio gamma, distribuio de valores extremos e distribuio exponencial. Neste material vamos tratar dos modelos probabilsticos citados, que tm importncia prtica na investigao cientfica, abordando as formas das funes densidade de probabilidade, bem como a esperana e a varincia.3.1 Distribuio Normal
A distribuio de probabilidade contnua mais importante e mais utilizada a distribuio normal, geralmente citada como curva normal ou curva de Gauss. Sua importncia em anlise matemtica resulta do fato de que muitas tcnicas estatsticas, como anlise de varincia, de regresso e alguns testes de hiptese, assumem e exigem a normalidade dos dados. Alm disso, a ampla aplicao dessa distribuio vem em parte devido ao teorema do limite central. Este teorema declara que na medida em que o tamanho da amostra aumenta, a distribuio amostral das mdias amostrais tende para uma distribuio normal (Triola, 1998). Esta explicao parece um pouco complicada, portanto segue uma abordagem mais detalhada sobre a mesma.3.1.1 Teorema do Limite Central
A capacidade de usar amostras para fazer inferncias sobre parmetros populacionais depende do conhecimento da distribuio amostral. Para obtermos uma distribuio amostral necessrio repetir n vezes um experimento e aps calcular a mdia das amostras. Este procedimento fornece um novo conjunto de dados que denominado de distribuio amostral. Na verdade o que o teorema do limite central quer dizer que se uma populao tem distribuio normal, a distribuio das mdias amostrais extradas da populao tambm ter distribuio normal, para qualquer tamanho de amostra. Alm disso, mesmo no caso de uma distribuio no-normal, a distribuio das mdias amostrais ser aproximadamente normal, desde que a amostra seja grande. Este um resultado notvel, na verdade, pois nos diz que no necessrio conhecer a distribuio de uma populao para podermos fazer inferncia sobre ela a partir de dados amostrais. A nica restrio que o tamanho da amostra seja grande. Uma regra prtica muito usada que a amostra deve consistir de 30 ou mais observaes.
Estes resultados so conhecidos como o Teorema do Limite Central e representam talvez o conceito mais importante na inferncia estatstica (Stevenson, 1981).
Agora ser mostrado um exemplo ilustrativo adaptado de Triola (1998, pg. 126). Vamos realizar quatro amostragens para identificar o ltimo algarismo do Nmero do Seguro Social (NSS) de estudantes de uma determinada cidade. Ou seja, selecionaremos na primeira amostragem 50 estudantes e verificamos o ltimo algarismo do NSS, repetimos por mais trs vezes esse procedimento e como resultado obtemos a tabela 3. Nesta tabela se combinarmos as amostras numa grande coleo de duzentos nmeros, obtemos uma mdia e um desvio-padro s = 2,8 e, uma distribuio aproximadamente uniforme como mostra o grfico da figura 3. Entretanto, se calcularmos as mdias das amostras (linhas da tabela), obtemos as mdias amostrais e estas possuem uma distribuio normal (figura 4). Conclui-se que embora a coleo original de dados tenha uma distribuio aproximadamente uniforme, as mdias amostrais tm distribuio aproximadamente normal. O conjunto original de 200 nmeros tem distribuio uniforme (porque os algarismos 0-9 ocorrem aproximadamente com a mesma freqncia), mas as 50 mdias amostrais tm distribuio normal. um fenmeno verdadeiramente fascinante e intrigante na estatstica que, extraindo amostras de qualquer distribuio, possamos criar uma distribuio normal ou, ao menos, aproximadamente normal.
Em geral, a distribuio amostral das mdias amostrais a distribuio das mdias amostrais quando extramos repetidas amostras de mesmo tamanho, da mesma populao. Em outras palavras, se extrairmos amostras de mesmo tamanho da mesma populao, calculamos suas mdias e construmos um histograma destas mdias, esse histograma tende para a forma de um sino de uma distribuio normal. Isto verdade independentemente da forma da distribuio da populao original.
Suponhamos que a varivel x represente notas que podem ter, ou no, distribuio normal, e que a mdia dos valores x seja ( e o desvio-padro seja (. Suponha que coletemos amostras de tamanho n e calculemos as mdias amostrais. O que sabemos sobre a coleo de todas as mdias amostrais que obtemos repetindo esse experimento? O Teorema do Limite Central nos diz que, na medida em que o tamanho n da amostra aumenta, a distribuio amostral das mdias amostrais tente para uma distribuio normal com mdia ( e desvio-padro . A distribuio das mdias amostrais tende para uma distribuio normal no sentido de que, quando n aumenta, a distribuio das mdias amostrais se aproxima de uma distribuio normal. Essa concluso no obvia intuitivamente; foi obtida aps extensa pesquisa de anlise.
Embora a demonstrao formal rigorosa exija recursos da matemtica avanada, ultrapassando o mbito deste material, podemos encontrar uma certa justificativa com base nos dados da tabela 3. Se selecionamos aleatoriamente amostras de algarismos de uma populao distribuda uniformemente com mdia ( = 4,5, as mdias amostrais resultantes tambm tendero a centrar-se em torno de 4,5, de modo que as mdias amostrais tambm tm mdia 4,5; a mdia das 50 mdias amostrais da tabela 3 , de fato, 4,5. inspecionando visualmente os 200 algarismos da tabela 3, vemos que eles variam de 0 a 9, mas as 50 mdias amostrais acusam menor variao indo de 1,75 a 8,25. O conjunto original de 200 algarismos tem desvio-padro de 2,8, mas as 50 mdias amostrais tm um desvio-padro de 1,4, que menor, conforme esperado. Tabela 3. Amostragens do Nmero do Seguro Social de estudantes de uma determinada cidade.
Amostra IAmostra IIAmostra IIIAmostra IVMdia
18644,75
53364,25
98888,25
51253,25
93355,00
42623,50
77165,25
91544,75
53395,00
78415,00
05613,00
98225,25
61574,75
81303,00
59697,25
62343,75
74074,50
57565,75
41574,25
12062,25
40283,50
31252,75
03401,75
15101,75
97405,00
73113,00
91133,50
86597,00
56414,00
93956,50
60734,00
82966,25
02864,00
20974,50
58905,50
65496,00
48766,25
71202,50
29504,00
83223,75
27164,00
67715,25
23394,25
24754,50
54374,75
04383,75
25865,25
71343,75
83704,50
56676,00
Figura 3. Distribuio de 200 algarismos.
Figura 4. Distribuio das 50 mdias amostrais.
3.1.2 Parmetros da Distribuio Normal
A distribuio normal uma distribuio de dois parmetros ( (mdia) e ( (desvio-padro) . A densidade de probabilidade desta distribuio tem a seguinte forma:
(10)
onde ( e ( so a mdia e o desvio-padro da populao, respectivamente. ( estimado por e ( por s, que so obtidos atravs das relaes:
(11)
(12)
Uma notao bastante empregada para designar que uma varivel tem distribuio normal com mdia e varincia s2 (s a representao de ( e de ( de uma amostra) . Se uma amostra de dados tem realmente distribuio normal a seguinte relao vlida: A = (K-3) = 0. A curtose da distribuio normal igual a 3 e a assimetria nula.
O histograma de freqncias da distribuio normal tem a forma de sino ou parecida. Com a mdia constante e a varincia varivel, o grfico da curva normal assume diferentes formas de sino: de alongada a achatada.A probabilidade de que X assuma valores menores ou iguais a um dado x quando X N(,s2) estimada por:
(13)
Mas essa equao no pode ser resolvida analiticamente sem o uso de mtodos de integrao aproximada. Por essa razo usa-se a transformao e com isso a varivel Z tem N(0,1).
A varivel Z chamada varivel reduzida e a curva
(14)
a curva normal reduzida.
F(Z) na forma da equao (14) tabulada. Como a curva normal reduzida simtrica, essa propriedade geralmente utilizada na tabulao de apenas valores positivos de Z. Mas algumas tabelas, como a tabela 4, tambm mostram valores negativos de Z. As tabelas de F(Z) tanto podem indicar a Prob(Z ( z), bem como as Prob(0 ( Z ( z). Por isso, a escolha da tabela e sua utilizao deve ser feita com muito cuidado. A tabela utilizada aqui fornece Prob(Z ( z). Mas nas tabelas que fornecem apenas os valores positivos da varivel reduzida faz-se uso da propriedade de simetria da curva normal reduzida de modo que: P(-X ( Z ( 0) = P(0 ( Z ( X).Tabela 4. Valores da distribuio normal padro.
Exemplo 1
Como exemplo de uso da tabela acima, considera-se uma varivel X com N(15,25). Qual a probabilidade de que X assuma os valores (16 ( X ( 20)?
A probabilidade desejada pode ser obtida, utilizando-se a varivel transformada (Z). Assim:
Para X = 16 (
Para X = 20 (
P(0,04 ( Z ( 0,20) = P(Z ( 0,2)-P(Z ( 0,04)Com o uso da tabela, tem-se:
P(Z ( 0,2) = 0,5793
P(Z ( 0,04) = 0,5160
Portanto, a probabilidade desejada 0,5793 0,5160 = 0,0633 ou 6,33%.
Exemplo 2Tabela 5. Valores totais da chuva anual em Pelotas RS (1895-1994).AnoPrec.AnoPrec.AnoPrec.AnoPrec.
189592319201300194586419701040
1896973192110541946130719711090
1897125819221326194791919721344
18981695192313601948144319731110
1899106619249311949111419741355
19001334192513771950122519751048
190195219261099195192619761361
19021746192711601952127019771654
19031320192811441953111219781179
19041510192913211954137319791137
1905150119301350195589019801555
19061212193112981956119119811352
19071166193217801957122019821342
1908130519339981958123219831543
19091198193415351959177819841694
19101004193514961960133119851178
19111323193619951961137219861656
1912153919371718196285619871815
191388519381311196315821988890
191423381939129719648321989857
19151455194017241965125519901423
19161011194119451966160519911330
1917689194212371967127119921435
1918151019436801968104919931390
1919113819441153196998219941265
Consideramos os dados de chuva anual da tabela acima, cuja distribuio de freqncia reproduzida na tabela 6, na qual se tem:
EMBED Equation.3
EMBED Equation.3
s = 294,83
Tabela 6. Distribuio de freqncias dos totais anuais de chuva de Pelotas RS, no perodo de 1895 a 1994. Ajuste distribuio normal.ClassesPonto Mdio (X)fZiF(Zi)F(Xi)fe
679 - 8877837-1,390,08230,08238,2
887 109599118-0,680,24830,166016,6
1095 13031199270,020,50800,259726,0
1303 15111407290,730,76730,259326,0
1511 17191615111,430,92360,156315,6
1719 -1927182352,140,98380,06026,0
1927 2135203122,840,99770,01391,4
2135 2343223913,551,00000,00230,2
Totais-100--1,0000100,0
Calcula-se a varivel reduzida para cada classe, considerando-se o limite superior da classe. AssimZ1 = (887 1296,8)/294,3 = -1,39 ( F(Z1) = 0,0823Z2 = (1095 1296,8)/294,3 = -0,68 ( F(Z2) = 0,2483Z3 = (1303 1296,8)/294,3 = 0,02 ( F(Z3) = 0,5080
Z4 = (1511 1296,8)/294,3 = 0,73 ( F(Z4) = 0,7673
Z5 = (1719 1296,8)/294,3 = 1,43 ( F(Z5) = 0,9236
Z6 = (1927 1296,8)/294,3 = 2,14 ( F(Z6) = 0,9838
Z7 = (2135 1296,8)/294,3 = 2,84 ( F(Z7) = 0,9977
Z8 = (2343 1296,8)/294,3 = 3,55 ( F(Z8) = 1,0000Como F(Zi) acumulada, a F(X), ou seja, a probabilidade de que ocorra um valor de chuva menor ou igual ao da classe, calculada subtraindo-se do valor de F(Z) de cada classe o valor de F(Z) da classe anterior, como indicado na tabela 6.
As freqncias esperadas (fe) em cada classe, (a ltima coluna da tabela 6) so obtidas, multiplicando-se o valor de F(X) pela soma de todas as freqncias, ou seja:fe1 = 0,0823 x 100 = 8,2
fe2 = 0,1660 x 100 = 16,6
fe3 = 0,2597 x 100 = 26,0
fe4 = 0,2593 x 100 = 26,0
fe5 = 0,1563 x 100 = 15,6
fe6 = 0,0602 x 100 = 6,0
fe7 = 0,0139 x 100 = 1,4
fe8 = 0,0023 x 100 = 0,2
A soma das freqncias esperadas (fe) deve ser igual a soma das freqncias observadas (f).
A representao grfica do ajuste acima indicada na figura 5.
Figura 5. Totais anuais de chuva de Pelotas (RS), no perodo de 1895 a 1994, ajustada distribuio normal (Assis et al., 1996, pg. 49).
3.2 Distribuio Gamma
Muitas variveis atmosfricas possuem assimetria positiva, ou seja, so distorcidas direita. Freqentemente a distoro ocorre quando h um limite fsico esquerda que relativamente prximo a variao dos dados (Wilks, 1995). Exemplos comuns desta situao so as quantias de precipitao e a velocidade do vento que so fisicamente no negativas. H uma variedade de distribuies contnuas que so limitas esquerda por zero. Entretanto, a distribuio gamma comumente usada para representar dados de precipitao. A freqncia ou funo densidade de probabilidade da distribuio gamma :
(15)
onde ( um parmetro de escala, ( o parmetro de forma e ((() a funo gamma ordinria de (. A funo gamma tem as seguintes propriedades:
(16)
para todo X > 0
O valor de ((X) pode ser obtido, com boa aproximao, atravs da seguinte relao:
(17)
onde:
(18)
A tabela 7 fornece os valores de ((X), com base nestas relaes.
A mdia, a varincia e o coeficiente de assimetria (A) da distribuio gamma podem ser obtidos por:
(19)
(20)
(21)
A distribuio gamma tem assimetria positiva com o parmetro ( diminuindo e o parmetro ( aumentando. Variando-se (, com ( constante, muda-se a escala da distribuio, enquanto variando-se (, com ( constante, muda-se a sua forma.
Tabela 7. Funo gamma de Y.
Pode-se concluir, com base na equao (21), que, quando ( tende para infinito A ( 0, ou seja, a distribuio gamma, neste caso, tende a ser simtrica.
As estimativas dos parmetros ( e ( resultam da soluo das equaes (19) e (20). Mas essas estimativas no so adequadas, preferindo-se as estimativas descritas em Thom (1966):
(22)
(23)
sendo
(24)
onde
(25)
a mdia aritmtica e
(26)
a mdia geomtrica das observaes, ou alternativamente, segundo Greenwood e Durand (1960) dada por:
(27)
quando 0 ( Z ( 0,5772 e por
(28)
quando 0,5772 < Z < 7,0, onde
(29)
Neste caso o parmetro ( continua sendo calculado como na equao (23).
A funo cumulativa de probabilidade :
(30)
Esta equao no tem soluo imediata, exigindo tabelas ou tcnicas de integrao numrica como expanso em srie e a frmula de Simpson, por exemplo. A srie normalmente utilizada a seguinte:
(31)
Na equao (29), fazendo-se ; X=(t; dx=(dt, chega-se a equao (31).A probabilidade de ocorrer um valor de X ( t F(t).Exemplo
Considere-se os 95 valores mensais de chuva do ms de janeiro em Pelotas, RS, na tabela 8, cuja distribuio de freqncias mostrada na tabela 9. Considerando-se a tabela 9, tem-se:
Tabela 8. Chuva mensal de janeiro em Pelotas, RS, no perodo de 1895 a 1989.Ano0123456789
189...112,632,1129,9183,163,4
190...68,377,5113,335,8145,622,320,215,5121,4148,5
191...203,6117,881,350,1197,7132,6130,172,886,623,1
192...81,565,7159,0182,028,8129,633,482,759,3119,7
193...97,0239,631,559,0151,745,764,564,5232,092,4
194...269,0271,368,325,1244,744,1113,4101,8340,387,6
195...10,484,962,8144,4160,122,1210,958,4162,0134,5
196...143,5106,664,5151,111,548,1107,884,4191,3105,2
197...83,9148,1178,1213,9127,0129,8140,1119,772,514,7
198...59,685,471,0135,9246,878,6166,082,7149,5209,4
Tabela 9. Distribuio de freqncias dos totais mensais de chuva de janeiro em Pelotas RS. Ajuste distribuio gamma.
ClassesPonto Mdio (X)fFXFX2ln(X) f
10,1 52,131,1 18559,817.409,7861,8697
52,1 94,173,1282.046,8149.621,08120,1712
94,1 136,1115,1202.302,0264.960,2094,9160
136,1 178,1157,1132.042,3320.846,3365,7395
178,1 220,1199,191.791,9356.767,2947,6443
220,1 262,1241,14964,4232.516,8421,9408
262,1 - 304,1283,12566,2160.291,2211,2916
304,1 346,1325,11325,1105.609,015,7841
Totais-9510.598,51.608.101,75429,3573
estimada pela equao (17), na qual
As estimativas dos parmetros com base nas equaes (19) e (20) a fim de comparaes, fica como exerccio.
Com os parmetros ( e ( estimado tem-se, ento, a funo densidade de probabilidade, na forma da equao (15),
e a funo cumulativa de probabilidade (equao 30) ser:
A soluo dessa equao exige o emprego de tcnicas de integrao numrica ou uso de tabelas especficas. Adotou-se aqui a expanso em srie na forma da equao (31), cuja reproduo de todos os clculos praticamente impossvel de ser apresentada aqui. Mas, considerando apenas a primeira classe, a ttulo de exemplo, tem-se:
Tabela 10. Distribuio de freqncias dos totais mensais de chuva de janeiro em Pelotas RS, ajustados distribuio gamma de probabilidade.ClassesPonto Mdio (X)fFXfe
10,1 52,131,1 180,183817
52,1 94,173,1280,473428
94,1 136,1115,1200,705222
136,1 178,1157,1130,848914
178,1 220,1199,190,92727
220,1 262,1241,140,96634
262,1 - 304,1283,120,98492
304,1 346,1325,110,99341
Totais-95-95
O histograma de freqncias deste exemplo mostrado na figura 6.
Figura 6. Totais de chuva mensal de janeiro em Pelotas, RS, ajustados a distribuio gamma (Assis et al., 1996, pg. 59).
3.3 Distribuio de Valores ExtremosObras de construo civis como barragens, torres de alta tenso, entre outras, so projetadas para suportar o limite mximo (ou mnimo) conhecido dos eventos meteorolgicos da regio. A idia posta em prtica que se determinada estrutura suporta o valor extremo de um evento ela est em segurana para os valores correntes. A distribuio de probabilidade que trata dessa questo: valores mximos ou mnimos de eventos climatolgicos que servem de subsdios para projetos de engenharia a distribuio de valores extremos, ou distribuio tipo I de Fisher-Tippet ou, ainda, distribuio de Gumbel. Sua funo densidade de probabilidade tem a forma:
(32)
(33)
O duplo sinal no segundo expoente da equao (33) refere-se aos valores extremos mximo (sinal negativo) e mnimo (sinal positivo).
As estimativas dos parmetros ( e ( podem ser obtidas por diferentes mtodos como por exemplo: o mtodo dos momentos, o mtodo da regresso, o mtodo de Lieblein e o mtodo da mxima verossimilhana (Assis et al., 1996). Entretanto, aqui, sero descritos o mtodo dos momentos, o mtodo da regresso e o mtodo da mxima verossimilhana, atravs do exemplo a seguir. O mtodo de Lieblein pode ser encontrado em detalhes em Thom (1966) e Assis et al. (1996).ExemploConsiderem-se os 72 valores anuais de chuva mxima de 24 horas de Piracicaba, SP, apresentados na tabela 11.Tabela 11. Chuva mxima de 24 horas de Piracicaba, SP, no perodo de 1917 a 1988.
Ano0123456789
191...65,068,065,0
192...64,065,055,064,060,057,066,564,050,059,2
193...86,593,069,065,083,050,064,458,858,0109,5
194...83,377,9104,997,7111,295,364,475,246,8108,4
195...55,562,473,954,457,880,139,959,180,078,4
196...83,855,582,952,048,380,470,749,163,073,7
197...71,668,580,499,568,676,072,771,846,463,4
198...50,759,268,6114,051,170,462,0103,286,7
= 17,223.3.1 Mtodo dos Momentos
As estimativas dos parmetros ( e ( com base nos dois primeiros momentos da amostra (mdia e desvio-padro) podem ser obtidas pelas seguintes equaes:
(34)
equivalente a =0,7794s e,
(35)
Com base nos dados da tabela 11 e nas equaes (34) e (35) tm-se:
e
3.3.2 Mtodo da Regresso
Tomando-se os valores da varivel aleatria X, ordenados em forma crescente, faz-se a regresso de n/(N+1) contra F(X), ou seja:
(36)
ou
(37)
ou, aplicando-se, novamente, o logaritmo:
(38)
ou, ainda,
(39)
Assim, se na equao (39) tomarmos , e , ela toma a forma Y = a + bX, que a equao da reta. Desse modo os parmetros a e b podem ser estimados por: (40)
(41)
Os valores de n/(N+1), de ln[n/(N+1)] e de X, dos dados da tabela 11, organizados em forma crescente, esto representados na tabela 12.Tabela 12. Valores anuais de chuva mxima de 24 horas de Piracicaba, SP, ordenados para estimativa dos parmetros da distribuio de valores etremos.
Na tabela 12, fazendo-se , tem-se:
Logo, segundo as equaes (40) e (41):a = 4,3492 e b = -0,06896
Portanto,
3.3.3 Mtodo da Mxima Verossimilhana
um mtodo iterativo no qual as estimativas de ( e ( so obtidas pela soluo das seguintes equaes:
(42)
e
(43)
O valor inicial de ( para iniciar a iterao dado pela equao (34). Com os dados da tabela 11 tem-se:
Aplicando-se a equao (42) encontra-se ( = 13,7932. Com base, ento na equao (43), ( = 63,18. Deixa-se, como exerccio, para o leitor mostrar o restante dos clculos.
A tabela 13 faz uma comparao entre as estimativas dos parmetros atravs dos trs mtodos apresentados.Tabela 13. Estimativas dos parmetros da distribuio de valores extremos atravs dos mtodos dos momentos, da regresso e da mxima verossimilhana, para os dados de chuva anual mxima de 24 horas de Piracicaba, SP.
Mtodo((
Momentos13,430063,3700
Regresso14,501263,0686
Mxima Verossimilhana13,793263,1869
As estimativas dos parmetros at aqui foram feitas com os dados brutos, mas o mtodo da regresso tambm pode ser aplicado a dados agrupados, trabalhando-se com as freqncias acumuladas e com o ponto mdio de cada classe.
Com as estimativas pelo mtodo da mxima verossimilhana, a funo cumulativa de probabilidade ento:
a qual permite estimar as probabilidades de que X seja menor ou igual a determinado valor. Uma comparao entre os valores observados e estimados pela funo est mostrada na tabela 14.Tabela 14. Chuva mxima anual de 24 horas de Piracicaba, SP, ajustada distribuio de valores extremos.ClassesPonto Mdio (X)fFXfe
39,1 - 48,143,630,05054
48,1 57,152,6120,211212
57,1 66,161,6190,445017
66,1 75,170,6130,656015
75,1 84,179,6120,802911
84,1 93,188,640,89206
93,1 102,197,630,94224
102,1 111,1106,640,96952
111,1 120,1115,620,98401
Totais-72-72
Os quantis tambm so obtidos diretamente pela equao (33), tomando-se, duas vezes, o logaritmo da funo. Por exemplo, se F(X) = 0,95 ou 95%, teremos, ento:
-ln[F(0,95) = exp{-exp[-(X-63,1869)/13,7932]} ( 0,0513 = exp[(-X - 63,1869)/13,7932] ( 2,9701 = (X - 63,1869)/13,7932 ( X ( 104,3mm
Isso significa que, em 95% dos casos, a chuva mxima em 24 horas, em Piracicaba, no excede 104,3 mm.
Na figura 7 mostrado o histograma da distribuio.
Figura 7. Chuva anual mxima de 24 horas de Piracicaba, SP, ajustada a distribuio de valores extremos ou de Gumbel (Assis et al., 1996, pg. 70).3.4 Distribuio ExponencialA distribuio exponencial geralmente aplicada a dados com forte assimetria como aqueles cujo histograma tem a forma da figura 1B, ou seja de J invertido. Sua densidade de probabilidade tem a forma:
(44)
e sua funo de distribuio de probabilidade do tipo:
(45)
O nico parmetro, (, estimado por
(46)
Com isso, a funo cumulativa de probabilidade assume a forma geralmente encontrada na literatura, ou seja:
(47)
A esperana e a varincia da distribuio exponencial so obtidas atravs das expresses: = 1/( e s2 = 1/(2, respectivamente. A distribuio exponencial um caso especial da distribuio gamma com o parmetro ( = 1.Exemplo
Considere os dados dirios de chuva de Pelotas RS, no ms de janeiro, cuja distribuio de freqncias consta na tabela 15. Neste exemplo os dados brutos no so apresentados.
Os clculos necessrios para a estimativa da mdia e da varincia dos dados tambm esto indicados na tabela 15, com isso, tem-se:
Tabela 15. Distribuio de freqncias dos totais dirios de chuva de janeiro de Pelotas, RS, no perodo de 1893 a 1994. Foram considerados apenas os valores > 1,0 mm. ClassesPM (X)ffXfX2F(X)fe
1 105,5450247513612,50,5016404
10 2015184276041400,00,7516201
20 30 2580200050000,00,8762100
30 - 40 3543150552675,00,938350
40 504523103546575,00,969225
50 - 6055949527225,00,984712
60 -70 65745529575,00,99246
70 8075537528125,00,99623
80 9085217014450,00,99812
90 -100 95219018050,00,99901
100 110105000,00,99950
110 -120115111513225,00,99980
Totais-80611575334912,5-806
s = 14,48
Os valores de F(X) e as freqncias esperadas so assim calculados:F(X1) =1-exp(-0,0696 x 10)=0,5016(fe = 404
F(X2) =1-exp(-0,0696 x 20)=0,7516(fe = 201F(X3) =1-exp(-0,0696 x 30)=0,8762(fe = 100F(X4) =1-exp(-0,0696 x 40)=0,9383(fe = 50F(X5) =1-exp(-0,0696 x 50)=0,9692(fe = 25F(X6) =1-exp(-0,0696 x 60)=0,9847(fe = 12F(X7) =1-exp(-0,0696 x 70)=0,9924(fe = 6F(X8) =1-exp(-0,0696 x 80)=0,9962(fe = 3F(X9) =1-exp(-0,0696 x 90)=0,9981(fe = 2F(X10) =1-exp(-0,0696 x 100)=0,9990(fe = 1F(X11) =1-exp(-0,0696 x 110)=0,9995(fe = 0F(X12) =1-exp(-0,0696 x 120)=0,9998(fe = 0
O histograma dos dados da tabela 15 est apresentado abaixo:
Figura 8. Distribuio exponencial ajustada aos totais dirios de chuva de janeiro de Piracicaba SP, no perodo de 1917 a 1989 (Assis et al., 1996, pg. 72).4Distribuies Discretas
Existe um grande nmero de distribuies de probabilidades tericas para as variveis aleatrias discretas. De acordo com Wilks (1995), muitas encontram-se listadas em Johnson e Kotz (1969), junto com os resultados referentes a suas propriedades. Entretanto, somente trs distribuies de probabilidades discretas tm sido usadas em grau aprecivel nas cincias atmosfricas: a distribuio binomial, a distribuio de Poisson e a distribuio geomtrica.De maneira semelhante s distribuies de variveis contnuas, existem duas funes associadas a cada varivel aleatria discreta: a funo de probabilidade, p(X), e a funo cumulativa (ou distribuio) de probabilidade, P(X). A probabilidade de que x assuma um valor particular tal que:
P(X = x) = p(X)(48)
A distribuio binomial com parmetros n e q, por exemplo, tem a seguinte funo de probabilidade:
(49)
com X assumindo os valores 0, 1, 2, 3, ...
O smbolo P(X) utilizado para indicar a funo cumulativa de probabilidade, a qual representa a probabilidade de que a varivel aleatria discreta X assuma um valor particular x, na forma:
(50)
com X = 0, 1, 2, 3, ... n e X ( n.
Diferentemente da distribuio contnua, a probabilidade de que uma varivel discreta assuma um valor particular qualquer diferente de zero.
4.1Distribuio BinomialEm muitos problemas, o que nos interessa a probabilidade de um evento ocorrer X vezes em n provas. Por exemplo, a probabilidade de se obter 45 respostas a 400 questionrios distribudos como parte de um estudo sociolgico, a probabilidade de 5 em 12 ratos sobreviverem por determinado prazo aps serem injetados com substncias cancergenas, entre outros. Portanto, estamos interessados em obter X sucessos em n provas, ou em outras palavras, X sucessos e n - X falhas em n provas. Para a distribuio binominal considera-se que h um nmero fixo de provas, a probabilidade de sucesso a mesma em todas as provas e as provas so todas independentes. Uma vez que exige que os eventos sejam independentes esta distribuio passa a ter pouca utilidade em climatologia, pois a independncia quer dizer observaes no correlacionadas o que muitas vezes no se verifica nos dados meteorolgicos. A funo de probabilidade binomial dada por:
(51)
onde q a probabilidade de um evento ocorrer, 1 q a probabilidade do evento no ocorrer, X a freqncia de ocorrncia e X pode tomar os valores 0, 1, 2, ..., n. Portanto, esta funo fornece a probabilidade de ocorrerem X sucessos em n provas.
A funo de distribuio de probabilidade dada por: (52)
onde t = 0, 1, 2, ..., n.
A mdia e a varincia da distribuio binomial podem ser obtidas atravs das expresses: e , respectivamente.Exemplo
H uma probabilidade de 0,30 de uma pessoa, ao fazer compras em um supermercado, se beneficie de uma promoo especial de sorvete. Determine as probabilidades de que, dentre seis pessoas que esto fazendo compras no supermercado, haja 0, 1, 2, 3, 5 ou 6 que se beneficiem da promoo. Trace um histograma dessa distribuio de probabilidade.SoluoAdmitindo que a escolha seja aleatria, fazemos n = 6, q = 30 e, respectivamente, X = 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 na frmula da distribuio binomial:
Figura 9. Histograma da distribuio binomial com n = 6 e q = 030.4.2Distribuio de Poisson
Muitas vezes, no uso da distribuio binomial acontece que n muito grande e q muito pequeno . Nesse caso o clculo torna-se difcil e, portanto, fazemos uma aproximao da distribuio binomial pela distribuio de Poisson. Podemos usar com segurana a aproximao de Poisson da distribuio binomial quando (Freund e Simon, 1995). Entretanto, autores como Morettin (1999) sugerem a aproximao a partir de n > 30.
A distribuio de Poisson tem a seguinte distribuio de probabilidade: (53)
onde representa a mdia da distribuio binomial que , e X = 0, 1, 2, 3, ...
A funo cumulativa de probabilidade :
(53)
onde t = 0, 1, 2, ..., n.
O nico parmetro dessa distribuio a mdia que numericamente igual a varincia. Sendo estimada por: .Exemplo
A distribuio de Poisson geralmente citada como a distribuio de eventos raros. Os dados que sero utilizados nesse exemplo referem-se ao nmero de meses no ano em que o nmero de dias chuvosos maior do que 10. Os dados foram observados em Pelotas, RS, no perodo de 1895 a 1989.Tabela 16. Nmero de meses no ano com mais de 10 dias chuvosos em Pelotas, RS, no perodo de 1895 a 1989.Anos0123456789
189000152
19001042242404
19101221721032
19203131013012
19300141113222
19405511311021
19502001202205
19601312023220
19702152313522
19804344523321
Os dados da tabela 16 fornecem a distribuio de freqncias apresentada na tabela 17, na qual pode-se calcular:
Tabela 17. Distribuio de freqncias do nmero de meses no ano com mais de 10 dias chuvosos em Pelotas, RS, no perodo de 1895 a 1989.
Classes XffXfX2p(X)fe
015000,133912,7
12424240,269225,6
227541080,270725,7
313391170,181417,2
48321280,09128,7
57351750,03673,5
60000,01231,2
717490,00350,4
Totais951916010,998995
Para efeitos prticos pode-se considerar a mdia igual a varincia. Assim, o clculo das probabilidades se segue com base na equao (53), ou seja:P(X = 0) (
(2,01050 e-2,0105)/1
=0,1339P(X = 1) (
(2,01051 e-2,0105)/1
=0,2692P(X = 2) (
(2,01052 e-2,0105)/2
=0,2707P(X = 3) (
(2,01053 e-2,0105)/6
=0,1814P(X = 4) (
(2,01054 e-2,0105)/24=0,0912P(X = 5) (
(2,01055 e-2,0105)/120=0,0367P(X = 6) (
(2,01056 e-2,0105)/720=0,0123P(X = 7) (
(2,01057 e-2,0105)/5040=0,0035
O clculo das freqncias esperadas assim efetuado:
Para X = 0 (fe = 0,1339 x 95
=12,7Para X = 1 (
fe = 0,2692 x 95
=25,6Para X = 2 (fe = 0,2707 x 95
=25,7Para X = 3 (fe = 0,1814 x 95
=17,2Para X = 4 (fe = 0,0912 x 95
=8,7Para X = 5 (fe = 0,0367 x 95
=3,5Para X = 6 (fe = 0,0123 x 95
=1,2Para X = 7 (fe = 0,0035 x 95
=0,4
A figura abaixo representa o histograma dos dados da tabela 17.
Figura 10. Histograma de freqncias do nmero de meses do ano com mais de 10 dias chuvosos em Pelotas, RS, no perodo de 1895 a 1989 (Assis et al., 1996, pg. 81).
4.3Distribuio Geomtrica
A distribuio geomtrica recebe esta denominao porque seus valores sucessivos constituem uma progresso geomtrica. Para esta distribuio h uma infinidade enumervel de possibilidades; os eventos so independentes e com probabilidade de sucesso p. A varivel X corresponde ao nmero de experimentos antes da ocorrncia do primeiro sucesso.
A funo de probabilidade da distribuio geomtrica :
(54)
com , sendo:
(55)
A varincia da distribuio geomtrica obtida pelas expresso: .
Exemplo 1
Aplicando a frmula (54), constatamos, por exemplo, que, em jogadas repetidas de um dado equilibrado, a probabilidade de o primeiro 6 ocorrer na quinta jogada :
Exemplo 2
Os dados da tabela 18 mostram as seqncias de dias com chuva iniciadas nos 31 dias seguintes ao dia 21 de dezembro de 1997 a 1989, em Piracicaba, SP, a qual permite calcular:
Pode-se, ento, estimar-se f(X) e as freqncias esperadas (fe), assim:
P(X = 1)=0,3374 x 0,66260 =0,33737 (
fe= f(X) x 418 =141
P(X = 2)=0,3374 x 0,66261 =0,22355 (
fe= f(X) x 418 =93P(X = 3)=0,3374 x 0,66262 =0,14816 (
fe= f(X) x 418 =62P(X = 4)=0,3374 x 0,66263 =0,09816 (
fe= f(X) x 418 =41P(X = 5)=0,3374 x 0,66264 =0,06504 (
fe= f(X) x 418 =27P(X = 6)=0,3374 x 0,66265 =0,04309 (
fe= f(X) x 418 =18P(X = 7)=0,3374 x 0,66266 =0,02856 (
fe= f(X) x 418 =12P(X = 8)=0,3374 x 0,66267 =0,01892 (
fe= f(X) x 418 =8P(X = 9)=0,3374 x 0,66268 =0,01254 (
fe= f(X) x 418 =5P(X = 10)=0,3374 x 0,66269 =0,00831 (
fe= f(X) x 418 =3P(X = 11)=0,3374 x 0,662610 =0,00550 (
fe= f(X) x 418 =2P(X = 12)=0,3374 x 0,662611 =0,00365 (
fe= f(X) x 418 =2P(X = 13)=0,3374 x 0,662612 =0,00242 (
fe= f(X) x 418 =1P(X = 14)=0,3374 x 0,662613 =0,00160 (
fe= f(X) x 418 =1
P(X = 15)=0,3374 x 0,662614 =0,00106 (
fe= f(X) x 418 =0P(X = 16)=0,3374 x 0,662615 =0,00070 (
fe= f(X) x 418 =0P(X = 17)=0,3374 x 0,662616 =0,00047 (
fe= f(X) x 418 =0P(X = 18)=0,3374 x 0,662617 =0,00031 (
fe= f(X) x 418 =0
A tabela 18 resume todos os resultados e na figura 11 apresenta-se o histograma de freqncias.Tabela 18. Seqncia de dias chuvosos iniciados nos 31 dias seguintes a 21 de dezembro em Piracicaba, SP. Ajuste distribuio geomtrica.Classes XffXfX2p(X)fe
11461461460,33737141
2841683360,2235593
3762286840,1481662
4341365440,0981641
5281407000,0650427
615905400,0430918
710704900,0285612
86483840,018928
96544860,012545
106606000,008313
111111210,005502
120000,003652
132263380,002421
142283920,001601
150000,001060
161162560,000700
170000,000470
181183240,000310
Totais4181.2396.3411,0000418
Figura 11. Histograma de freqncias das seqncias de dias chuvosos iniciados nos 31 dias seguintes a 21 de dezembro em Piracicaba, SP (Assis et al., 1996, pg. 94).
A tabela a seguir resume algumas das propriedades das distribuies tericas contnuas e discretas descritas no texto.
Tabela 19. Principais distribuies contnuas e discretas utilizadas em climatologia.NomeFuno DensidadeE(X)Var(X)
Distribuies Contnuas
Distribuio Normal
Distribuio Gamma
Distribuio de Valores Extremos
Pelo Mtodo dos momentos
Distribuio Exponencial
Distribuies Discretas
Distribuio Binomial
Distribuio de Poisson,
Distribuio Geomtrica
5 RefernciasASSIS, F. N., et al, 1996. Aplicaes de Estatstica Climatologia. Ed. Universitria, UFPEL, Pelotas, RS.FREUND, J. E., and SIMONS, G., 1995: Statistics :a first course. Prentice-Hall.MORETTIN, L. G., 1999: Estatstica Bsica - Probabilidade. 7. Ed., Makron Books, So Paulo, SP.
STEVENSON, W. J., 1981: Estatstica Aplicada Administrao. Ed. Harper & Row do Brasil, So Paulo, SP.THOM, H. C. S., 1966: Some Methods of Climatological Analysis Technical Note n 81, WMO n 199 TP 103.
TRIOLA, M. F., 1998. Introduo Estatstica. 7 Ed., LTC, Rio de Janeiro, RJ.
WILKS, D. S., 1995: Statistical Methods in the Atmospheric Sciences An Introduction. Academic Press, New York.
EMBED MSPhotoEd.3
EMBED MSPhotoEd.3
EMBED MSPhotoEd.3
EMBED MSPhotoEd.3
EMBED MSPhotoEd.3
EMBED MSPhotoEd.3
EMBED MSPhotoEd.3
EMBED MSPhotoEd.3
Projeto PAE Bolsista: Michelle S. Reboita
_1172170479.unknown
_1172220762.unknown
_1172235993.unknown
_1172739612.unknown
_1172741502.unknown
_1172743726.unknown
_1172754063.unknown
_1172754281.unknown
_1172763020.unknown
_1172763472.unknown
_1172763897.unknown
_1172764093.unknown
_1172763479.unknown
_1172763417.unknown
_1172763436.unknown
_1172763025.unknown
_1172762952.unknown
_1172762966.unknown
_1172762705.unknown
_1172762774.unknown
_1172762869.unknown
_1172762720.unknown
_1172762620.unknown
_1172762629.unknown
_1172754330.unknown
_1172760483.bin
_1172754152.unknown
_1172754192.unknown
_1172754104.unknown
_1172752071.unknown
_1172752640.unknown
_1172753887.unknown
_1172743872.unknown
_1172751612.unknown
_1172751856.unknown
_1172751505.unknown
_1172744992.bin
_1172743758.unknown
_1172742233.unknown
_1172742720.unknown
_1172743557.unknown
_1172743666.unknown
_1172742262.unknown
_1172741780.unknown
_1172742200.unknown
_1172740275.unknown
_1172740372.unknown
_1172741445.unknown
_1172740327.unknown
_1172740157.unknown
_1172740172.unknown
_1172740207.unknown
_1172740119.unknown
_1172730091.unknown
_1172739390.unknown
_1172739537.unknown
_1172733323.unknown
_1172737925.unknown
_1172733105.unknown
_1172731143.bin
_1172729759.unknown
_1172729819.unknown
_1172236028.unknown
_1172233075.unknown
_1172235123.unknown
_1172235344.unknown
_1172235732.unknown
_1172235204.unknown
_1172234750.bin
_1172234983.unknown
_1172233406.unknown
_1172233089.unknown
_1172221104.unknown
_1172232922.unknown
_1172233061.unknown
_1172232805.unknown
_1172220857.unknown
_1172221053.unknown
_1172220804.unknown
_1172219058.unknown
_1172219778.unknown
_1172220041.unknown
_1172220649.unknown
_1172220708.unknown
_1172220175.unknown
_1172219864.unknown
_1172219891.unknown
_1172219848.unknown
_1172219314.unknown
_1172219630.unknown
_1172219737.unknown
_1172219561.unknown
_1172219160.unknown
_1172219251.unknown
_1172219078.unknown
_1172215888.unknown
_1172217899.unknown
_1172218762.unknown
_1172218862.unknown
_1172218703.unknown
_1172216701.bin
_1172217637.unknown
_1172216155.unknown
_1172215954.unknown
_1172214149.unknown
_1172214516.unknown
_1172215438.unknown
_1172214192.unknown
_1172170921.unknown
_1172213666.unknown
_1172170806.unknown
_1171638354.unknown
_1172160232.unknown
_1172164172.unknown
_1172164776.unknown
_1172168918.unknown
_1172169082.unknown
_1172169212.unknown
_1172170206.unknown
_1172169018.unknown
_1172165082.unknown
_1172166451.unknown
_1172165060.unknown
_1172164379.unknown
_1172164407.unknown
_1172164208.unknown
_1172163543.unknown
_1172163877.unknown
_1172163905.unknown
_1172163680.unknown
_1172163759.unknown
_1172163617.unknown
_1172160525.unknown
_1172160541.unknown
_1172160410.unknown
_1172151235.unknown
_1172159643.unknown
_1172159753.unknown
_1172159815.unknown
_1172159736.unknown
_1172159607.unknown
_1172155133.unknown
_1172159263.unknown
_1172152802.bin
_1172154664.bin
_1172152782.bin
_1171643287.unknown
_1171826383.unknown
_1171826392.unknown
_1172151165.unknown
_1171826347.unknown
_1171641654.unknown
_1168160086.unknown
_1168161095.unknown
_1168168630.unknown
_1168168983.unknown
_1168169000.unknown
_1168169075.unknown
_1168168807.unknown
_1168161144.unknown
_1168160335.unknown
_1168160414.unknown
_1168160157.unknown
_1168159804.unknown
_1168159834.unknown
_1168159870.unknown
_1168159829.unknown
_1168159767.unknown
_1168159785.unknown
_1168159757.unknown