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ORGANOGRAMA: REPRESENTAAO,GRAFICA DA ESTRUTURA
YOLANDA FERREIRABALCAO
"Os indivduos produzem mais quando sabem o quefazer, que
autoridade tm e quei so suas relaescom as outras pessoas na
organizao." - LAWRENCEA. ApPLEY
Ao lado das emprsas brasileiras em que h
organogramascorretamente desenhados a produzir todos os
benefciosque lhes so prprios, encontramos outras em que os
orga-nogramas esto a exigir melhor adaptao realidade
ouaperfeioamento na forma de apresentao; outras, ainda,em que no h
organograma, mas existe grande receptivi-dade idia de implant-lo;
e, finalmente, algumas emque forte a resistncia a essa idia.
Verificamos, por outro lado, que muito pouco se tem es-crito no
Brasil e mesmo no estrangeiro sbre a tcnica deelaborao de
organogramas e as reais vantagens e limita-es dsse instrumento de
administrao.
Uma vez que para a grande maioria das emprsas um dosprimeiros e
mais decisivos passos no caminho da' raciona-lizao exatamente o da
implantao de organograma,e que para aquelas que j deram sse passo e
o fizeramcom alguma imperfeio recomendvel a correo deseus defeitos,
julgamos que importa examinar atentamenteo assunto, respondendo s
perguntas e objees que mais
YOLANDA FERREIRA BALCO - Professra-Adjunta e Chefe do
Departamentode Administrao Geral e Relaes Industriais da Escola de
AdminiStraode Emprsas de So Paulo, da Fundao Getlio Vargas.
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108 ORGANOGRAMA: REPRESENTAAO DA ESTRUTURA R.A.E,J17
freqentemente se fazem com relao a sse valioso auxi-liar de
racionalizao orgnica.
Definido nosso objeto, faremos a seguir a descrio e aanlise de
diversos tipos de organogramas - com suasconvenes prprias de
contedo e nomenclatura - eexaminaremos as vantagens e limitaes da
representaogrfica da estrutura.
CARATERSTICAS DO ORGANOGRAMA
Criado essencialmente para dar representao grfica srelaes entre
cargos na organizao, o organograma tem,bsicamente, duas partes
interligadas - linhas e retn-gulos -, sendo que as primeiras
representam o fluxo daautoridade na organizao e os ltimos os cargos
entre osquais flui a autoridade.
Nos ltimos anos, especialmente nos Estados Unidos daAmrica, o
conceito de organograma evoluiu no sentidode incluir no s a
estrutura orgnica presente, mastambm a futura, tal como planejada
pela administra-o. A adaptao do organograma a sse fim foi
descritaem artigo publicado na REVISTADE ADMINISTRAODEEMPRSAS.1
Porm, em seu uso mais generalizado e universal, o orga-nograma
uma "fotografia" da hierarquia e da diviso deatividades da
organizao, tal como tenham sido oficial-mente planejadas pela
administrao. le mostra "quem subordinado a quem" - ou que cargos so
superiores e quecargos so subordinados - e. a departamentalizao
org-nica existente.
Na prtica comum a confuso entre o organograma eos diversos tipos
de fluxogramas - como, por exemplo,
1) WINSTON OBERG,"O Preparo da Organizao para Expanso"',
Revistade Administrao de Emprsas, volume 1, nmero 3, janeiro/abril
de 1962.
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KA.E.j17 ORGANOGRAMA: REPRESENTAAO DA ESTRUTURA 11)9
o harmonograma (fluxo de papis) - entre o organo-grama e o fluxo
de comunicaes entre as pessoas na or-ganizao. So tambm freqentes as
tentativas de apro-veitar o organograma para dar o esquema de
quadros e n-veis de carreira e o resumo das descries de funes
doscargos administrativos.
No se pode falar realmente em rto quando isso ocorre;cada
organograma uma conveno e, como tal, obedeces normas que se
estabeleam para sua elaborao e in-terpretao; sses acrscimos tm,
porm, o condo detornar mais difcil e complexa a representao grfica
daestrutura, eliminando uma das regras mais importantesdessa
representao: a clareza.
A ttulo de ilustrao, damos na Figura 1 o organogramada parte
industrial de emprsa brasileira do ramo mec-nico, em que se podem
ver vrias setas indicativas de fluxosde papis, resumos de descries
de funes e setas decomunicao entre os titulares de cargos. Nesse
verda-deiro contra-exemplo de organograma bvia a grande
di-ficuldade de interpretao, pois pelo acmulo de linhas,setas e
palavras tda a clareza foi sacrificada.
ELABORAO DO ORGANOGRAMA
Segundo ERNEST DALE" construo do organogramadeve sempre preceder
"um estudo da departamentalizaoexistente, das subdivises mais
importantes, das relaese dos ttulos de cargos. [ ... ] Cada cargo
administrativodeve estar representado num retngulo. [ ... ] O
retngulodeve conter o cargo do administrador, o ttulo geral desua
funo e, se possvel, o nome do departamento oudiviso e seu cdigo na
organizao. [ ... ] Em muitoscasos o retngulo contm tambm o nome da
pessoa queexerce o cargo. [ ... ] Algumas emprsas chegam a
incluirnle o salrio, a idade, uma fotografia do titular e o
ora-mento da diviso chefiada. [ ... ] Outras omitem sses por-
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110 ORGANOGRAMA: REPRESENTAAO DA ESTRUTURA R.A.E./17
menores, por acreditarem que les tornam pessoal o quedeveria
ser, essencialmente, um registro impessoal","
A tendncia moderna tem sido exatamente a de "impessoa-lizar" o
organograma, por razes que podem fcilmenteser compreendidas: o
organograma "pessoal" tende a tor-nar-se mais rpidamente obsoleto,
pois as informaespessoais corno idade, salrio etc. mudam
constantemente;por outro lado, informaes relativas a salrio e
oramentodepartamental as emprsas as consideram, em geral,
confi-denciais, no sendo, portanto, habitual d-las a conhecerao
pblico e a tdas as pessoas da organizao.
DALE parte do pressuposto - que consideramos correto- de que o
organograma ser sempre elaborado depoisde estudada a estrutura
"formal" ou oficial da emprsa. claro que outro pressuposto pode ser
acrescentado asse: o de que essa elaborao esteja a cargo de
adminis-tradores ou assessres que conheam os conceitos bsicosda
teoria de organizao, desde os critrios de departa-mentalizao e os
tipos de autoridade, at as caratersticasde funcionamento dos grupos
"informais".
MODELOS CLSSICOS DE ORGANOGRAMAS
Apesar da relativa simplicidade de desenho, o organogra-ma pode
ser apresentado das mais variadas formas, sendo,como dissemos,
produto de convenes as mais diversas,tanto em relao nomenclatura,
como ao contedo. Talcomo se apresenta em sua forma clssica, porm, o
mo-dlo "europeu" difere do "norte-americano", e ste, por suavez, do
"brasileiro". No intuito de comparar as carate-rsticas dsses trs
tipos de organogramas, examin-los-emos um a um, segundo suas
convenes prprias de no-menclatura e contedo.
2. ERNEST DALE, Planning en Developing the Company
Or~zationStructure, Nova Iorque: American Managernent Association,
ResearchReport Number 20, 3.a edio, 1955, pg. 148.
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112 ORGANOGRAMA: REPRESENTAAO DA ESTRUTURA' R.A.E./17
o Organograma "Europeu"Podemos considerar que o organograma
"europeu" tpicoest representado nas recomendaes feitas pela
Associa-o Francesa de Normalizao, na norma Z 12-001.
Essasrecomendaes se referem principalmente a: (a) coloca-o e
dimenso dos retngulos destinados a cada dado;(b) modalidade de
representao da autoridade e da res-ponsabilidade; (c) forma de
representao das linhas deligao; (d) dimenses externas do
grfico.
Os pontos bsicos das normas so os seguintes:
os retngulos devem ser colocados de forma a possi-bilitar a
anlise da estrutura da esquerda para a direita ede cima para baixo;
cada funo e cada titular de cargo (chamado "respon-svel") devem ser
representados por um retngulo;
o lugar de cada retngulo ser determinado pelo grauou ttulo do
responsvel na hierarquia orgnica;
os diferentes retngulos estaro ligados por meio deum trao
vertical e cada titular de cargo ocupar uma zonavertical ou "de
responsabilidade";
cada titular que depender hierrquicamente de outroaparecer numa
zona vertical direita dste, e a partesuperior do retngulo em que
figurar ligar-se- linha ver-tical "de responsabilidade" por meio de
uma linha hori-zontal "de subordinao"; no prolongamento das linhas
verticais haver outrosretngulos, com as seguintes informaes
principais: n-mero de subordinados de cada titular epgrafe geral
dasatribuies do titular.Por sse organograma, do qual damos um
exemplo sim-plificado na Figura 2, possvel conhecer bsicamente
osdepartamentos existentes na organizao e suas subdivisesem nveis,
sees, grupos, setores etc., alm do sistemahierrquico vigente, com
as relaes de mando e subordi-nao entre os diferentes
administradores.
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RA.E./17 ?~GANOGRAMA: REPRESENTAAO DA ESTRUTURA 113
>.
Convenes do ,Organograma Norte-Ameticeno
O organograma norte:-~mericano tem, bsicamente, as dis-posies
esquemticas apresentadas na Figura 3. Nesseorganograma h, como no
"europeu", a representao dasrelaes formais de autoridade em Iinhas
verticais e hori-zontais, com o comando na direo de cima para baixo
ea subordinao' de baixo para cima. No organogramanorte-americano,
todavia, distinguem-se da "medula" org-nica (cargos pelos quais
corre a autoridade linear) os"ramais", por assim dizer, que
representam os-cargos deassessoria.
No organograma norte-americano comum encontrar,ainda, a
representao, em linha pontilhada, da autoridadefuncional, que se
distingue. da autoridade linear porqueesta sempre aparece em linha
cheia. '
O organograma .norte-americanoobedece s seguintes con-venes
bsicas de nomenclatura:
a) o retngulo superior do organograma refere-se aopresidente
(muitas 'vzes so tambm representados nleo Conselho de Administrao -
Board oi Directots -e o presidente do Conselho -- Chairman oi the
Board -a quem est subordinado diretamente o presidente);
b) os retngulos ligados diretam~nte ao presidente, namedula do
organograma, referem-se a vice-presidentes, quechefiam divises
(divisions ) ou departamentos (de-partments) ;
c) os retngulos ligados diretamente, na medula do orga-nograma,
aos mencionados em b referem-se a diretores ougerentes (managet,)
que chefiam filiais, regies ou dis-tritos (branches, .regions,
istz:icfs);;.;;- '.:;::;;i
\
d) os retngulos ligados aos mencionados em c, tambmna medula do
organograma; so referentes a supervisoresou chefes (supervisoTs,
head$.), que chefiam sees ou uni-
~,..Il,~,; tJ'M
dades (sections, uriits);
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116 ORGANOGRAMA: REPRESENTAAO DA ESTRUTURA R.A.E.;17
e) as divises dos retngulos mencionados em d so co-nhecidas como
subsees ou subunidades, chefiadas porsubchefes ou mestres;
f) os retngulos ligados a "ramais" do organograma soocupados por
assistentes (assistants) ou comisses (com-mittees).
~\:.
Essas convenes de nomenclatura no so de uso uni-forme nos
Estados Unidos, como aponta ERNEST DALE,pois no h acrdo
generalizado quanto ao valor exato decada um dos ttulos de cargos e
divises da organizao,"
Mas a prtica norte-americana, segundo levantamentorealizado h
alguns anos pela American M anagementAssociation, tende a
desenvolver-se no sentido indicadopelas regras acima citadas, que
apresentamos grficamentena Figura 4.
Alm dessas convenes formais, h outras, relativas aocontedo
(representadas na Figura 5), que so as se-guintes:
a) os cargos diretamente ligados medula do organo-grama que
tenham a mesma importncia na hierarquiadevem ser representados por
retngulos de tamanhosidnticos;
b) os retngulos que representam cargos ligados direta-mente
medula do organograma com a mesma impor-tncia hierrquica devem
estar colocados na mesma altura,no sentido horizontal;
c) os cargos ligados diretamente medula do organo-grama com
idntica importncia hierrquica devem ternomes iguais para seus
titulares e para as partes da orga-nizao que sejam chefiadas por
sses titulares;
\ ,d) os cargos representados nos ramais do
organogramarepresentam assessoria exclusiva queles aos quais
estoligados;
3) ERNEST DALE, op. cit., pga, 153-154.
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R.A.E.;17 ORGANOGRAMA: RE.'PRESENTAAO PA ESTRUTURA 117
e) a subordinao hierrquica linear representada porlinha cheia; a
subordinao funcional por linha pontilhada;
f) a posio do superior de um cargo de assessoria noplano
horizontal no significa maior importncia hierr-quica na organizao
em relao aos cargos de linha;
g) a posio superior de um cargo de linha no planohorizontal
significa maior importncia herrquica em rela-o aos demais. cargos
de linha.
A essas convenes bsicas e de ordem geral podero seracrescentadas
muitas outras, que decorram das caraters-ticas de cada tipo de
organizao. Naturalmente, quantomais complexas forem as funes
desempenhadas numaorganizao, quanto mais diversas forem as relaes
deautoridade entre cargos em diferentes nveis e quantomaior fr o
nmero de nveis, tanto mais difcil ser re-presentar a organizao
formal tal como . por essarazo que as convenes relativas ao
contedo; no tmuso generalizado nas emprsas norte-americanas e que,
emmuitos casos, nos organogramas dessas emprsas h omis-so de alguns
dos elementos citados por DALE (cdigosde departamentos ou divises,
por exemplo) e inclusode outros (variaes nas representaes de cargos
de linhae de assessoria, de cargos de linha e de comisses etc.
).
o Organograma "Brasileiro"Se no se pode falar em convenes de uso
geral nos Es-tados Unidos da Amrica, muito menos se pode
imaginarque haja convenes tradicionais nos organogrfimas
dasorganizaes brasileiras das mais diversas naturezas. Tudoparece
indicar, todavia, que a aceitao das convenes doorganograma
norte-americano tende a generalizar-se entrens, particularmente nas
grandes emprsas de origem es-trangeira.
As diferenas introduzidas pelas organizaes brasileirasreferem-se
bsicamente nomenclatura (vide Figura 6)e so as seguintes: '
I.. ~
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118 ORGANOGRAMA: REPRESENTAO DA ESTRUTURA R.A.E.!17
~I::'..~...Q)s~
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RA.E./17 ORGANOGRAMA: REPRESENTAAO DA ESTRUTURA 119
FIGURA 6: A Nomenclatura no Organograma Brasileiro
PRESIDENTE
DIRETORES O!DIRETORIAS
GeltENTEs DE'DfPARTAMENTOS .
CHE'ES OE SEES
ENCARREGADOS.SUBCHEFES, SUPERVISORESOU MESTRES DE SUSlESOU
SETORES
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a) no h representao do Board 0/ Directors no orga-nograma, pois
sse colegiado no existe, em geral, nasorganizaes brasileiras,
privadas ou pblicas;
b) os retngulos ligados diretamente ao presidente, namedula do
organograma, referem-se a diretores que che-fiam diretorias;
c) os retngulos ligados diretamente aos mencionadosem b, tambm
na medula do organograma, referem-se agerentes que chefiam
departamentos;
d) os retngulos ligados diretamente aos mencionadosem c, tambm
na medula do organograma, referem-se achefes testa de sees;
e) as divises dos retngulos ;;~il~iPndos emd so co-nhecidas
.'como su~5;~-ou s~tore~_-chefiados-potsub:ichefes,
supervisores,.~'t)carregados ou mestres;
.-_.- " -- __ o
- - __ __ o _ __ j :
f) ost:ettl,gul~s ligadoan ramais o-organagtma,-soocupados por
as~--;~6res.ou assisteiite~---;'no caso-de'--if:presentarem
-colegiados,por comisses. r-
," j,0:;.;::o..".,:::;..a.. T''..'ji0:~'V~1Ij,)f. ..
'~;:I!',,:;~;_:~ 11
N:~uetOO-o contedo, as organizaes brasileiras "i:;tam, em geral,
as convenes norte-americanas. H apenasum ponto que parece encontrar
maior resistncia na pr-tica nacional: a posio superior de cargos de
assessoriana, representao grfica. No raro encontrar organo-gramas
brasileiros em que os cargos de assessoria no este-jam
representados, apesar de existirem na organizao, ouem que sejam
colocados diretamente ligados medula, namesma altura e disposio dos
cargos de linha, ficandoincompletos no primeiro caso e confusos no
segundo.A explicao para essa resistncia parece decorrer,
todavia,exclusivamente da falta de conhecimento da
convenonorte-americana de que no h relao entre importnciados cargos
de assessoria e de linha na organizao e posi-~o horizontal no
organogr~ma. - - ..
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:R.A.:K/17 ORGANOGRAMA: REPRESENTAAO DA ESTRUTURA 121
Outras Formas de Apresentao do Organograma
Nos ~rganismos muito complexos a apresentao do orga-nograma pode
ser "circular", a exemplo da feita pelaStandard Oil Co. Df America
(vide Figura 7). A vantagemdsse tipo de organograma permitir um
"resumo" gr-fico menor da organizao. .
Est tambm crescendo o uso de cres nos organogramas,para
diferenciar funes da organizao ou' nveis nahierarquia. As cres
ajudam a compreender a estruturada organizao, corno se pode ver
pela Figur -8, em queso apresentados Osnveis de autoridade de uma
emprsabrasileira. Para que se distingam as funes e os nveis,porm,
sero necessrios dois desenhos separados; do con-trrio, a confuso
trazida pelo uso de cres para uma eoutra finalidade ser
inevitvel.Tanto o organograma circular, como o colorido, no tmainda
uso generalizado, quer nos Estados Unidos da Am-rica, quer no
Brasil. Por representarem sofisticaes dodesenho tpico, so
encontrados nas organizaes maiscomplexas, especialmente
norte-americanas. sses organo-gramas, porm, mesmo nessas
organizaes, no substi-tuem o clssico, sendo apresentados como
complementodste.
VANTAGENS E LIMITAES DO ORGANOGRAMA
o organograma tem a propriedade de revelar o carterformal ou
oficial da organizao, o que especialmenteimportante para o
dirigente ou funcionrio recm-admi-tidos.A mera elaborao do
organograma d lugar anlise deinconsistncias e complexidades na
estrutura e, conseqen-temente, eliminao dessas inconsistncias e
complexi-dades. sempre mais fcil ignorar deficincias quandono tm
forma definida. Ainda que se sinta necessidadede "fazer alguma
coisa" para que as dificuldades de fun-
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122 ORGANOGRAMA: REPRESENTAO DA ESTRUTURA RA.E./17
FIGURA 7: Organograma "Circular" da "Standard Oil Co. oi
Amedca"
1. PRESIDENTE DO CONSELHO2. FABRICAO3. FINANAS4. VENDAS5. RELAES
PBLICAS6. INVESTIGAES E ESTUDOS7. SERViO COMERCIAL8. PESSOAL9.
COMPRAS
10. ESTUDOS DE MERCADO11. ESPECIFICAES E PADRES
12. COMPRAS13. FABRICAO14. PLANEJAMENTO DE CONSTRUES15. PREPARAO
DO TRABALHO16. CONTRLE DAS ORDENS DE FABRICAO17. LANAMENTO18.
PRODUO EM SRiE19. TRANSPORTE20. CONTRLE DE PRODUO21. CONTRLE DE
MTODOS22. COORDFNAO DO MERCADO23. CONTRLE DE QUALIDADE24.
SEGURANA25. SERViOS FINANCEIROS26. ORAMENTOS
27. CONTRLE FINANCEIRO28. FINANAS EXTERNAS29. SEGUROS30.
PATENTES31. APLICAO DAS LEIS32. LICENAS33. RELAES COM RGOS
PBLICOS34. EMPREGADOS35. ACIONISTAS36. COMUNICAES37. NOVOS CANAIS
DE DISTRIBUiO38. ESTUDOS E CONTRLE39. DESENHO DE NOVOS PRODUTOS40.
ESCRITRIO41. CONSTRUES E INSTALAES42. MANUTENO DO MATERIAL43.
INFORMAES E PROMOO44. CANAIS DE DISTRIBUiO45. PREOS46. ESTUDOS DE
MERCADO47. DIREO E CONTRLE48. FORMAO DO PESSOAL49. REMUNERAO E
ASSUNTOS SOCIAIS50. CONTRATAO E RECRUTAMENTO51. RELAES
SINDICAIS
,
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R A.E.l17 ORGANOGRAMA: REPRESENTAAO DA ESTRUTURA 123
cionamento delas resultantes sejam sanadas, muitas vzessomente
com a viso do que esteja errado que ganhaalento aatividade
corretiva.
Alm disso, o organograma serve para estabilizar a estru-tura da
organizao, vantagem que resulta em diminuiode conflitos de
"jurisdio" entre dirigentes e departamen-tos na emprsa ..
A excessiva estabilidade pode representar um perigo, poistraz
rigidez estrutura, o que indesejvel em face dodinamismo que se
exige de tdas as organizaes. Essalimitao encontrada sobretudo nas
organizaes em queo organograma, uma vez estabelecido, seja
entendido comoa ltima e definitiva palavra sbre a estrutura. Se a
admi-nistrao, porm, est em condies de exercer lideranadinmica e se,
alm' disso, a reviso do organograma fl"considerada de rotina e
realizada dentro de perodos de-terminados, no ser de temer qualquer
inflexibilidade naestrutura.
Importante limitao do organograma a de que le mos-tra apenas as
relaes formais na organizao, isto , aque-las previstas nos
estatutos, regulamentos, instrues,ordens e outras comunicaes
oficiais sbre as funes naorganizao, nada dizendo sbre as inmeras e
importantesrelaes informais - no oficiais - que tm lugar emqualquer
emprsa . O organograma deixa a desejar sobre-tudo quando a
organizao evolui de tal forma que lderesde grupos informais passam
a exercer verdadeiras funesde comando que limitam a autoridade
formalmente de-legada.
Consideram alguns autores norte-americanos que o orga-nograma
incompleto - mesmo no sentido formal da0fganizaco- sem seu
complemento natural.o manualde organizao. Entendem que sem que se
conheam osobjetivos da emprsa e as descries de funes
adminis-trativas - com incluso de deveres, autoridade e
relaesorgnicas - o organograma no pode esclarecer o sufi-
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124 ORGANOGRAMA: REPI'tESENTAAO DA ESTRUTURA RA.l!: /17
ciente sbre a organizao. Recomenda-se tambm queo organograma
geral da emprsa seja acompanhado deorganogramas parciais de
setores, com as respectivas des-cries de funes.
O manual de organizao, porm, assim como o organo-grama, no
mostra quanta autoridade existe em cada po-sio administrativa.
Permanece, portanto, a limitao deserem as relaes formais tratadas
como nicas e unifor-mes na organizao.
Ao lado dessas limitaes reais, ouvimos, nas organizaesem que h
resistncia implantao do organograma, men-o a diversas outras,
dentre as quais destacamos comomais freqentes as de que sse
instrumento elimina a "de-mocracia" na organizao, cria excesso de
segurana nosdirigentes com cargos nle representados, traz
complica-es com a Legislao Social, intil e muito caro.
Cremos j ter deixado claro que o organograma tem utili-dade
comprovada e traz benefcios que compensam o es-fro monetrio e de
trabalho que se exige para sua adoo.
Quanto objeo de ordem "democrtica", temos a afir-mar que em
nenhum dos casos em que a ouvimos haviaqualquer semelhana entre
liderana verdadeiramente de-mocrtica e aquela que se praticava nas
organizaes emque era levantada. Ao contrrio, observamos que
essaobjeo sempre mascarava poder despoticamente exer-cido por um ou
mais dirigentes, ou conflitos e rivalidadesentre dirigentes, ou
ainda receio de revelar posies subal-ternas de pessoas
"independentes" que se julgavam muitoimportantes.Tanto essa objeo
como o temor de designar claramentee por escrito os cargos de
chefia, por suas implicaes tra-balhistas, e o suposto excesso de
segurana de dirigentestrazido pelo organograma permitem fcil
diagnstico deorganizao em que a falta de delegao de autoridade ea
confuso reinante na distribuio de funes imperamem todos os
setores,
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R.A.l!;./17 ORGANOGRAMA: REPRESENTACAO DA ESTRUTURA 125
, portanto, s emprsas onde maior seja a resistncia implantao do
organograma - assim como quelas emque o organograma, apesar de
desenhado, seja mantidoem segrdo - que a representao grfica da
estruturamaiores benefcios pode trazer. sses benefcios s
seroobtidos, porm, se fr evitada a tendncia a "camuflar"
averdadeira organizao e, se representada esta, a correodo
organograma fr acompanhada de reformas correspon-dentes no
funcionamento.
BIBLIOGRAFIA
1. CHRIS ARGYRIS, Pe-vonelity and Orllanization, Nova Iorque:
Harper &Brothers, 1957.
2. ERNEST DALE, Planninl1, and Developinl1 the Company
OrganizationStructure, Nova Iorque: Americtm Manal1ement
Association, ResearchReport Number 20, 3.a edio, 1955.
3. HERBERT A. SIMON, Administrative Behevior, Nova Iorque: The
Macmil-Ian Company, 2.a edio, 1958.
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Fundao Getlio Vargas,comemorando seu 21 ani-versrio, tem a honra
departicipar a inaugurao desua Livraria e Salo de Cul-tura,
realizada no dia 21 dedezembro p.p., Av. GraaAranha, 26 lojas C e
H.