HUGO RIVERA ORDENAMENTO TERRITORIAL DE ÁREAS FLORESTAIS UTILIZANDO AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO APOIADA POR GEOPROCESSAMENTO, FITOSSOCIOLOGIA E ANÁLISE MULTIVARIADA Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação em Engenharia Florestal do Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do grau e título de Mestre em Ciências Florestais, Área de Concentração Manejo Florestal. Orientador: Prof. Dr. Nelson Carlos Rosot Co-orientadora: Dr. a M. Augusta Doetzer Rosot CURITIBA 2007
242
Embed
ORDENAMENTO TERRITORIAL DE ÁREAS FLORESTAIS … · hugo rivera ordenamento territorial de Áreas florestais utilizando avaliaÇÃo multicritÉrio apoiada por geoprocessamento, fitossociologia
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
HUGO RIVERA
ORDENAMENTO TERRITORIAL DE ÁREAS FLORESTAIS UTILIZANDO AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO APOIADA POR
GEOPROCESSAMENTO, FITOSSOCIOLOGIA E ANÁLISE MULTIVARIADA
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal do Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do grau e título de Mestre em Ciências Florestais, Área de Concentração Manejo Florestal. Orientador: Prof. Dr. Nelson Carlos Rosot Co-orientadora: Dr.a M. Augusta Doetzer Rosot
CURITIBA
2007
Ao meu sobrinho
Camilo González Rivera
e
aos meus padrinhos
Clara e Carlos Santelices
DEDICO
iii
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação da UFPR por me admitir como aluno,
especialmente à sua coordenadora Professora Graciela Bolzon de Muniz e, ao
Professor Nelson Carlos Rosot por aceitar ser o meu orientador e pelo seu apoio.
À Corporação Nacional Florestal (CONAF) do Governo do Chile, na pessoa
do seu Gerente Juan Claudio Rodríguez por me apoiar para a realização do Curso
de Mestrado e por interceder por minha liberação da empresa por dois anos.
À Embrapa Florestas, nas pessoas de Yeda Maria Malheiros de Oliveira e
Maria Augusta Doetzer Rosot sem cujo apoio, dedicação constante e alegria este
trabalho não seria o que é.
À EPAGRI por facilitar o uso de suas instalações e pelo apoio do pessoal de
campo para o inventário realizado na RFEE, na pessoa do Sr. Ademilson Ruppel,
cujo auxílio na identificação das espécies foi fundamental nesta pesquisa.
Aos meus amigos Rafaelo Balbinot e Evandro Nardelli pela ajuda inestimável
proporcionada o tempo todo, pela amizade, as risadas e as profícuas conversações.
Às minhas amigas do Labmon da Embrapa Juliana da Luz, Betina
Kellermann, Débora Lingner, Claudia Matsuuchi e Marlise Zonta, pela amizade e
pelos gratos momentos compartilhados. Ao Wilmar Sobrinho pela mesma razão.
Aos Professores Sebastião Machado, Franklin Galvão, Carlos Roderjan e
Afonso Figueiredo Filho da UFPR pelos seus ensinamentos e a sua amabilidade.
Aos pesquisadores da Embrapa Florestas Emilio Rotta e Patrícia Povoa de
Mattos pelo apoio em diferentes fases deste estudo.
À minha família pela compreensão da partida, pelo carinho e por me dar o seu
apoio neste projeto de desenvolvimento profissional e pessoal, especialmente à
Guillermina Herrera e Orlando Rivera, meus pais.
iv
SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS..............................................................................................LISTA DE GRÁFICOS............................................................................................LISTA DE TABELAS..............................................................................................LISTA DE SIGLAS.................................................................................................RESUMO................................................................................................................ABSTRACT............................................................................................................1 INTRODUÇÃO....................................................................................................1.1 OBJETIVOS.....................................................................................................1.1.1 Objetivo Geral...............................................................................................1.1.2 Objetivos Específicos....................................................................................2 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO.............2.1.1 Importância da Classificação de Usos da Terra...........................................2.1.2 O Ordenamento do Território em Áreas Naturais.........................................2.1.2.1 Planejamento em áreas protegidas...........................................................2.2 CLASSIFICAÇÃO DA VEGETAÇÃO...............................................................2.2.1 Fitossociologia..............................................................................................2.2.1.1 Suficiência de amostragem florística.........................................................2.2.1.2 Estrutura horizontal....................................................................................2.2.1.3 Estrutura vertical........................................................................................2.2.1.4 Diversidade................................................................................................2.2.2 Métodos Numéricos de Classificação...........................................................2.2.2.1 Análise multivariada aplicada à classificação de vegetação.....................2.2.2.2 Análise de agrupamento............................................................................2.2.3 Classificações Propostas para a Floresta Ombrófila Mista..........................2.3 AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO........................................................................2.3.1 Integração da Avaliação Multicritério com os SIG........................................3 MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................3.1 MATERIAIS......................................................................................................3.1.1 Caracterização da Área de Estudo...............................................................3.1.1.1 A Reserva Florestal Embrapa/Epagri........................................................3.1.1.2 O entorno da Reserva Florestal Embrapa/Epagri......................................3.1.2 Base Cartográfica e Mapas Temáticos.........................................................3.1.3 Equipamentos Empregados no Levantamento de Campo...........................3.1.3.1 Parcelas temporárias.................................................................................3.1.3.2 Coleta e identificação de material vegetal arbóreo....................................3.1.3.3 Coleta, preparação e medição de rolos de incremento.............................3.1.4 Equipamentos e Programas Computacionais...............................................3.2 MÉTODOS.......................................................................................................3.2.1 Definição de Classes Homogêneas de Meio Físico.....................................3.2.2 Levantamento de Informação.......................................................................3.2.2.1 Inventário-piloto e determinação do número de parcelas..........................
3.2.2.2 Inventário florestal e coleta de amostras...................................................3.2.3 Aspectos Fitossociológicos do Levantamento de Dados..............................3.2.3.1 Composição florística.................................................................................3.2.3.2 Suficiência de amostragem florística.........................................................3.2.3.3 Estrutura horizontal....................................................................................3.2.3.4 Estrutura vertical........................................................................................3.2.3.5 Valor de Importância Ampliado..................................................................3.2.3.6 Valor de Cobertura Ampliado.....................................................................3.2.3.7 Diversidade................................................................................................3.2.3.8 Determinação de associações de vegetação............................................3.2.3.8.1 Análise de variância para as classes de meio físico...............................3.2.3.8.2 Análise de agrupamento (Cluster Analysis)............................................3.2.3.8.3 Análise discriminante..............................................................................3.2.3.8.4 Análise fitossociológica dos grupos florísticos........................................3.2.4 Outras Variáveis Analisadas.........................................................................3.2.4.1 Qualidade do fuste.....................................................................................3.2.4.2 Determinação do incremento periódico anual...........................................3.2.5 Técnica de Avaliação Multicritério................................................................3.2.5.1 Seleção de critérios: limitantes e fatores...................................................3.2.5.1.1 Limitantes................................................................................................3.2.5.1.2 Fatores....................................................................................................3.2.5.2 Matriz de Compatibilidade de Objetivos....................................................3.2.5.3 Integração de critérios...............................................................................3.2.6 Proposta de Ordenamento Territorial...........................................................4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................4.1 CLASSES HOMOGÊNEAS DE MEIO FÍSICO................................................4.2 INVENTÁRIO FLORESTAL.............................................................................4.2.1 Número de Parcelas.....................................................................................4.2.2 Alocação das Unidades de Amostra.............................................................4.2.3 Coleta e Identificação de Espécies...............................................................4.2.3.1 Composição florística.................................................................................4.2.3.2 Suficiência de amostragem florística.........................................................4.2.4 Fitossociologia da Reserva Florestal Embrapa/Epagri.................................4.2.4.1 Estrutura horizontal....................................................................................4.2.4.2 Estrutura vertical........................................................................................4.2.4.3 Valor de Importância Ampliado..................................................................4.2.4.4 Valor de Cobertura Ampliado.....................................................................4.2.4.5 Diversidade................................................................................................4.2.5 Qualidade do Fuste.......................................................................................4.2.6 Determinação do Incremento Periódico Anual.............................................4.3 DETERMINAÇÃO DE ASSOCIAÇÕES PARA A ÁREA DE FLORESTA OMFRÓFILA MISTA DA RESERVA FLORESTAL EMBRAPA/EPAGRI.........4.3.1 Análise de Variância para as Classes de Meio Físico..................................4.3.2 Análise de Agrupamento (Cluster Analysis).................................................4.3.3 Análise Discriminante dos Grupos Florísticos Determinados.......................4.3.4 Análise Fitossociológica dos Grupos Florísticos...........................................4.3.4.1 Grupo 1: Associação Vassourão-branco...................................................4.3.4.2 Grupo 2: Associação Vassourão-preto – Leiteiro......................................
4.3.4.3 Grupo 3: Associação Imbuia......................................................................4.3.4.4 Grupo 4: Associação Araucária.................................................................4.3.4.4.1 Sub-grupos da Associação Araucária e comparações sucessionais.....4.3.4.5 Grupo 5: Associação Camboatá – Canelas...............................................4.3.4.6 Comparação entre os grupos florísticos e dinâmica sucessional..............4.3.5 Determinação Espacial das Associações Definidas para a RFEE...............4.3.5.1 Interpolação para os diferentes grupos.....................................................4.4 APLICAÇÃO DA AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO............................................4.4.1 Seleção de Critérios: Limitantes e Fatores...................................................4.4.1.1 Limitantes...................................................................................................4.4.1.2 Fatores.......................................................................................................4.4.2 Processo de Integração dos Critérios...........................................................4.4.2.1 Cruzamento de fatores ambientais............................................................4.4.2.2 Cruzamento de fatores econômicos..........................................................4.4.2.3 Cruzamento entre fatores e limitantes.......................................................4.4.2.4 Análise da Matriz de Compatibilidade de Objetivos...................................4.4.3 Ajuste da Proposta de Atribuição de Funções ao Território da RFEE..........5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................5.1 CONCLUSÕES................................................................................................5.2 RECOMENDAÇÕES.......................................................................................REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................APÊNDICES...........................................................................................................
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – PRINCIPAIS DIREÇÖES SUCESSIONAIS NO PLANALTO
SUL – BRASILEIRO.................................................................. 47FIGURA 2 – PROCESSO DA AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO...................... 50FIGURA 3 – LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................................... 56FIGURA 4 – TIPOLOGIAS DE VEGETAÇÃO PARA A RFEE....................... 58FIGURA 5 – ZONEAMENTO PARA A RFEE................................................. 59FIGURA 6 – COLETA DE ROLOS COM TRADO DE INCREMENTO EM
DIREÇÃO SUL – NORTE.......................................................... 68FIGURA 7 – PASSOS DE UMA CLASSIFICAÇÃO AGLOMERATIVA
USANDO ANÁLISE DE SIMILARIDADE................................... 75FIGURA 8 – FLUXOGRAMA DE PROCEDIMENTO PARA A DEFINIÇÃO
DAS ASSOCIAÇÕES FLORÍSTICAS DA RFEE....................... 79FIGURA 9 – ETAPAS DO PROCESSO PARA A OBTENÇÃO DO
INCREMENTO PERIÓDICO ANUAL DAS PARCELAS DA RFEE......................................................................................... 84
FIGURA 10 – FLUXOGRAMA RESUMO DAS ETAPAS DO PROCESSO PARA CONSTRUIR A PROPOSTA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO PARA A RFEE.................................................... 93
FIGURA 11 – ESTRATIFICAÇÃO SEGUNDO CLASSES FÍSICAS PARA A RFEE.........................................................................................
94
FIGURA 12 – ALOCAÇÃO DAS 56 PARCELAS SOBRE AS RESPECTIVAS CLASSES FÍSICAS PARA A RFEE.......................................... 96
FIGURA 13 – PORTADA “HERBÁRIO DE CAMPO RESERVA FLORESTAL EMBRAPA/EPAGRI, CAÇADOR-SC” E EXSICATA ESCANERIZADA DE Lonchocarpus campestris....................... 99
FIGURA 14 – ROLOS DE INCREMENTO DAS DEZ ESPÉCIES COM MAIOR VALOR DE IMPORTÂNCIA AMPLIADO PARA A RFEE......................................................................................... 127
FIGURA 15 – DIREÇÕES SUCESSIONAIS PRESENTES NA RFEE............. 165FIGURA 16 – ESPACIALIZAÇÃO DOS CINCO GRUPOS FLORÍSTICOS
MEDIANTE INTERPOLAÇÃO SPLINE PARA A RFEE............ 167FIGURA 17 – RIOS, NASCENTES, VÁRZEAS E LAGOS COM O SEU
RESPECTIVO BUFFER PARA A RFEE................................... 169FIGURA 18 – LIMITANTE LEGAL/AMBIENTAL A PARTIR DAS ÁREAS DE
PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) DA RFEE.................. 170FIGURA 19 – LIMITANTE LEGAL/AMBIENTAL A PARTIR DAS ÁREAS DE
USO RESTRITO (AUR) NA RFEE............................................ 170FIGURA 20 – LIMITANTE ECONÔMICA A PARTIR DAS ÁREAS DE
PRODUÇÃO E DE PESQUISA AGRÍCOLA (PPA) DA RFEE.. 171FIGURA 21 – LIMITANTE SOCIAL A PARTIR DAS ÁREAS DE ALTA
SINGULARIDADE (AAS) NA RFEE.......................................... 171FIGURA 22 – LIMITANTE OPERATIVA A PARTIR DA PESQUISA COM
PARCELAS PERMANENTES (PPP) NA RFEE........................ 172FIGURA 23 – RASTER DE TODAS AS LIMITANTES (APP, AUR, PPA,
AAS e PPP) DEFINIDAS PARA A RFEE.................................. 173
viii
FIGURA 24 – FATOR AMBIENTAL DECLIVIDADE (DCL) PARA A RFEE..... 174FIGURA 25 – FATOR AMBIENTAL EFEITO DE BORDA (EFB) PARA A
RFEE......................................................................................... 174FIGURA 26 – POLÍGONOS DE THIESSEN GERADOS PARA AS
(IPA) DOS ÚLTIMOS 10 ANOS (1996-2006) PARA A RFEE... 176FIGURA 28 – FATOR ECONÔMICO QUALIDADE DA MADEIRA EM PÉ
(QMP)........................................................................................ 176FIGURA 29 – FATOR ECONÔMICO DOS GRUPOS FLORÍSTICOS (GFL)
NA RFEE................................................................................... 177FIGURA 30 – FATOR ECONÔMICO PROXIMIDADE A CAMINHOS (CAM)
NA RFEE................................................................................... 177FIGURA 31 – ESQUEMA DE INTEGRAÇÃO DAS DIFERENTES
COMPONENTES (LEGAIS AMBIENTAIS, SOCIAIS E ECONÔMICAS) PARA A OBTENÇÃO DO MAPA FINAL DE USOS (OU FUNÇÕES) AO TERRITÓRIO DA RFEE............... 178
FIGURA 32 – IMPORTÂNCIA AMBIENTAL (IA) RESULTANTE DO CRUZAMENTO DA DECLIVIDADE (DCL) E DO EFEITO BORDA (EFB) NA RFEE........................................................... 179
FIGURA 33 – IMPORTÂNCIA ECONÔMICA (IE) RESULTANTE DO CRUZAMENTO DO INCREMENTO PERIÓDICO ANUAL (IPA), QUALIDADE DA MADEIRA EM PÉ (QMP), GRUPO FLORÍSTICO (GFL) E PROXIMIDADE A CAMINHOS (CAM) NA RFEE................................................................................... 180
FIGURA 34 – CRUZAMENTO AMBIENTAL–ECONÔMICO RESULTANTE DO CRUZAMENTO ENTRE A “IE” E A “IA” PARA A RFEE............ 181
FIGURA 35 – CRUZAMENTO LIMITANTES / FATORES AMBIENTAIS – ECONÔMICOS RESULTANTE DO CRUZAMENTO ENTRE OS CRITÉRIOS LIMITANTES E OS CRITÉRIOS FATORES (AMBIENTAIS E ECONÔMICOS) PARA A RFEE.................... 182
FIGURA 36 – CRUZAMENTO LIMITANTES / FATORES AMBIENTAIS – ECONÔMICOS COM OS OBJETIVOS ATRIBUÍDOS SEGUNDO A REGRA DE DECISÃO ADOTADA PARA A RFEE......................................................................................... 190
FIGURA 37 – MAPA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DA RESERVA FLORESTAL EMBRAPA/EPAGRI – CAÇADOR, SC.............................................................................................. 191
ix
LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – PORCENTAGEM DE ESPÉCIES POR FAMÍLIA PARA A
RFEE....................................................................................... 100GRÁFICO 2 – PORCENTAGEM DE ÁRVORES/HA POR FAMÍLIA NA
RFEE....................................................................................... 101GRÁFICO 3 – ESPÉCIES COM OITO OU MAIS ÁRVORES/HA NA RFEE.. 102GRÁFICO 4 – CURVA ESPÉCIE/ÁREA (CURVA DO COLETOR) PARA A
RFEE....................................................................................... 103GRÁFICO 5 – CURVA MÉDIA CORRENTE DE ESPÉCIES PARA A RFEE 104GRÁFICO 6 – DIÂMETROS À ALTURA DO PEITO (DAP) MÁXIMO,
MÍNIMO E MÉDIO (EM CM) DAS 72 ESPÉCIES ENCONTRADAS EM 56 PARCELAS DE AMOSTRAGEM...................................................................... 105
GRÁFICO 7 – DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE ÁRVORES POR HECTARE POR CLASSES DIAMÉTRICAS PARA TODA A FLORESTA DA RFEE............................................................. 106
GRÁFICO 8 – DISTRIBUIÇÕES DO NÚMERO DE ÁRVORES/HA POR CLASSES DE DIÂMETRO PARA SEIS ESPÉCIES DA RFEE....................................................................................... 107
GRÁFICO 9 – ÁREA BASAL (G) MÁXIMA, MÍNIMA E MÉDIA (EM M2) DAS 72 ESPÉCIES ENCONTRADAS EM 56 PARCELAS DE AMOSTRAGEM NA RFEE................................................ 109
GRÁFICO 10 – DISTRIBUIÇÃO DA ÁREA BASAL (G) EM M2/HA POR CLASSES DIAMÉTRICAS PARA A RFEE............................. 109
GRÁFICO 11 – ALTURAS MÁXIMA, MÍNIMA E MÉDIA (EM M) DAS 72 ESPÉCIES ENCONTRADAS EM 56 PARCELAS DE AMOSTRAGEM NA RFEE...................................................... 112
GRÁFICO 12 – DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE ÁRVORES/HA SEGUNDO CLASSES DE ALTURA PARA A RFEE.............. 113
GRÁFICO 13 – POSIÇÃO SOCIOLÓGICA SEGUNDO ESTRATOS DAS DEZ ESPÉCIES COM MAIOR PSR NA RFEE....................... 114
GRÁFICO 14 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA (VI) DAS DEZ PRINCIPAIS ESPÉCIES AMOSTRADAS NA RFEE...... 116
GRÁFICO 15 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA AMPLIADO (VIA) DAS DEZ PRINCIPAIS ESPÉCIES AMOSTRADAS NA RFEE...................................................... 116
GRÁFICO 16 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA (VI) DAS DEZ PRINCIPAIS FAMÍLIAS AMOSTRADAS NA RFEE....... 118
GRÁFICO 17 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA AMPLIADO (VIA) DAS DEZ PRINCIPAIS FAMÍLIAS AMOSTRADAS NA RFEE...................................................... 118
GRÁFICO 18 – PORCENTAGEM DE IMPORTÂNCIA AMPLIADA (PIA) SEGUNDO FAMÍLIAS PARA A RFEE.................................... 119
GRÁFICO 19 – VALORES DE FORMA MÁXIMA, MÍNIMA E MÉDIA DAS 72 ESPÉCIES ENCONTRADAS EM 56 PARCELAS DE AMOSTRAGEM NA RFEE...................................................... 121
x
GRÁFICO 20 – VALORES DE SANIDADE MÁXIMA, MÍNIMA E MÉDIA DAS 72 ESPÉCIES ENCONTRADAS EM 56 PARCELAS DE AMOSTRAGEM NA RFEE................................................ 122
GRÁFICO 21 – DENDROGRAMA OBTIDO PELO MÉTODO DE LIGAÇÃO WARD..................................................................................... 131
GRÁFICO 22 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA (VI) DE TODAS AS ESPÉCIES DO GRUPO 1, RFEE........................ 144
GRÁFICO 23 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA AMPLIADO (VIA) DE TODAS AS ESPÉCIES DO GRUPO 1, RFEE....................................................................................... 144
GRÁFICO 24 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA (VI) DAS DEZ ESPÉCIES PRINCIPAIS DO GRUPO 2, RFEE............. 146
GRÁFICO 25 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA AMPLIADO (VIA) DAS DEZ ESPÉCIES PRINCIPAIS DO GRUPO 2, RFEE.................................................................... 147
GRÁFICO 26 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA (VI) DAS DEZ ESPÉCIES PRINCIPAIS DO GRUPO 3, RFEE............. 148
GRÁFICO 27 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA AMPLIADO (VIA) DAS DEZ ESPÉCIES PRINCIPAIS DO GRUPO 3, RFEE.................................................................... 149
GRÁFICO 28 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA (VI) DAS DEZ ESPÉCIES PRINCIPAIS DO GRUPO 4, RFEE............. 152
GRÁFICO 29 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA AMPLIADO (VIA) DAS DEZ ESPÉCIES PRINCIPAIS DO GRUPO 4, RFEE.................................................................... 152
GRÁFICO 30 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA (VI) DAS DEZ ESPÉCIES PRINCIPAIS DO GRUPO 5, RFEE............. 158
GRÁFICO 31 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA AMPLIADO (VIA) DAS DEZ ESPÉCIES PRINCIPAIS DO GRUPO 5, RFEE.................................................................... 158
xi
LISTA DE TABELAS TABELA 1 – REGRA PARA A DEFINIÇÃO DA QUALIDADE DO FUSTE.... 80TABELA 2 – CRITÉRIOS (LIMITANTES E FATORES) CONSIDERADOS
PARA A AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO SEGUNDO UMA SEPARAÇÃO TEMÁTICA......................................................... 86
TABELA 3 – CLASSES DE MEIO FÍSICO EMPREGADAS NA ESTRATIFICAÇÃO DA RFEE. EXPOSIÇÃO (EM GRAUS) E DECLIVIDADE (EM PORCENTAGEM)..................................... 94
TABELA 4 – ÁREA E NÚMERO DE PARCELAS EM CADA CLASSE FÍSICA, ALOCADAS NO INVENTÁRIO DE PARCELAS TEMPORÁRIAS NA RFEE........................................................ 95
TABELA 5 – RELAÇÃO DE FAMÍLIAS E ESPÉCIES ARBÓREAS ENCONTRADAS NA RFEE....................................................... 97
TABELA 6 – VALORES MÉDIOS POR ESPÉCIE PARA O DAP, INCREMENTO PERIÓDICO ANUAL DIAMETRAL, ÁREA BASAL E INCREMENTO PERIÓDICO ANUAL EM ÁREA BASAL. No ROLOS POR ESPÉCIE E VIA................................ 125
TABELA 7 – ANÁLISE DE VARIÂNCIA DA VARIÁVEL ÁREA BASAL CONSIDERANDO AS 13 CLASSES DO MEIO FÍSICO PARA A RFEE...................................................................................... 130
TABELA 8 – ESTATÍSTICA DO TESTE DE SELEÇÃO DE VARIÁVEIS DISCRIMINANTES PARA A MATRIZ DE DADOS BRUTOS, OBTIDOS COM 4 E 51 GRAUS DE LIBERDADE…………...... 132
TABELA 9 – ESTATÍSTICA DO TESTE DE SELEÇÃO DE VARIÁVEIS DISCRIMINANTES, EM ORDEM DE ENTRADA APÓS 5 PASSOS (STEPS)..................................................................... 134
TABELA 10 – FUNÇÕES DE CLASSIFICAÇÃO OBTIDAS PARA AS VARIÁVEIS SELECIONADAS PARA CADA GRUPO............... 135
TABELA 11 – ESTATÍSTICA DO TESTE DE SELEÇÃO DAS FUNÇÕES DISCRIMINANTES PARA A MATRIZ DE DADOS BRUTOS.... 136
TABELA 12 – COEFICIENTES PADRONIZADOS PARA AS VARIÁVEIS CANÔNICAS DAS FUNÇÕES DISCRIMINANTES, PARA A MATRIZ DE DADOS BRUTOS.................................................. 137
TABELA 13 – RECLASSIFICAÇÃO DAS PARCELAS NOS CINCO GRUPOS FLORÍSTICOS E AS PORCENTAGENS DE CLASSIFICAÇÕES CORRETAS............................................... 138
TABELA 14 – RESUMO DAS ANÁLISES DISCRIMINANTES........................ 139TABELA 15 – FUNÇÕES DE CLASSIFICAÇÃO OBTIDAS PARA AS
VARIÁVEIS SELECIONADAS PARA CADA GRUPO, APÓS A RECLASSIFICAÇÃO DAS PARCELAS................................. 140
TABELA 16 – ESTATÍSTICA DO TESTE DE SELEÇÃO DE VARIÁVEIS DISCRIMINANTES, OBTIDAS APÓS A RECLASSIFICAÇÃO DAS PARCELAS, EM ORDEM DE ENTRADA APÓS 5 PASSOS (STEPS)..................................................................... 140
TABELA 17 – ESTATÍSTICA DO TESTE DE SELEÇÃO DAS FUNÇÕES DISCRIMINANTES OBTIDAS APÓS A RECLASSIFICAÇÃO DAS PARCELAS....................................................................... 140
xii
TABELA 18 – ESTRUTURA DE FATORES, APRESENTANDO AS CORRELAÇÕES ENTRE AS FUNÇÕES DISCRIMINANTES CANÔNICAS E AS VARIÁVEIS SELECIONADAS, OBTIDAS APÓS A RECLASSIFICAÇÃO DAS PARCELAS...................... 141
TABELA 19 – COEFICIENTES PADRONIZADOS PARA AS VARIÁVEIS CANÔNICAS DAS FUNÇÕES DISCRIMINANTES, OBTIDOS APÓS A RECLASSIFICAÇÃO DAS PARCELAS...................... 142
TABELA 20 – PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DOS CINCO SUB-GRUPOS DO GRUPO 4, ASSOCIAÇÃO ARAUCÁRIA: PORCENTAGEM DE IMPORTÂNCIA (PI); ÁREA BASAL POR HECTARE E DAP MÉDIO, RFEE..................................... 155
TABELA 21 – PARÂMETROS GERAIS DOS CINCO GRUPOS FLORÍSTICOS DETERMINADOS E DA FLORESTA COMO UM TODO PARA A RFEE......................................................... 161
TABELA 22 – ESPÉCIES DOS CINCO GRUPOS FLORÍSTICOS DEFINIDOS, ORDENADAS EM ORDEM DECRESCENTE, SEGUNDO O VALOR DE IMPORTÂNCIA AMPLIADO, RFEE 164
TABELA 23 – VCA PARA A PARCELA 1 DA RFEE........................................ 166TABELA 24 – ESCORES POR GRUPO FLORÍSTICO RESULTANTES DA
APLICAÇÃO DA FUNÇÃO DE CLASSIFICAÇÃO DA ANÁLISE DISCRIMINANTE...................................................... 166
TABELA 25 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR E TAMANHOS DE BUFFER PARA ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA RFEE.......... 169
TABELA 26 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR ÀS ÁREAS DE USO RESTRITO DA RFEE................................................................................... 170
TABELA 27 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR ÀS ÁREAS DE PRODUÇÃO E PESQUISA AGRÍCOLA, DA RFEE........................................... 171
TABELA 28 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR ÀS ÁREAS DE ALTA SINGULARIDADE DA RFEE…………………………................. 171
TABELA 29 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR ÀS ÁREAS DE PESQUISA COM PARCELAS PERMANENTES, DA RFEE.................................. 172
TABELA 30 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR PARA A DECLIVIDADE NA RFEE.. 174TABELA 31 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR PARA O EFEITO DE BORDA NA
RFEE......................................................................................... 174TABELA 32 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR PARA O INCREMENTO
PERIÓDICO ANUAL EM ÁREA BASAL DOS ULTIMOS 10 ANOS (1996-2006) NA RFEE................................................... 176
TABELA 33 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR PARA A QUALIDADE DA MADEIRA EM PÉ NA RFEE...................................................... 176
TABELA 34 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR PARA OS GRUPOS FLORÍSTICOS DETERMINADOS PARA A RFEE.................... 177
TABELA 35 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR PARA A PROXIMIDADE A CAMINHOS NA RFEE............................................................... 177
TABELA 36 – MATRIZ DE COMPATIBILIDADE DE OBJETIVOS (MCO) PARA A RFEE........................................................................... 186
TABELA 37 – REGRA DE DECISÃO PARA ATRIBUIR FUNÇÕES OU USOS AO TERRITÓRIO DA RFEE........................................... 188
TABELA 38 – OBJETIVOS OU USOS ATRIBUÍDOS À RFEE, CÉLULAS SUAS ÁREAS E PORCENTAGENS......................................... 189
xiii
LISTA DE SIGLAS AMC – Avaliação Multicritério AAS – Área de Alta Singularidade ACC – Análise de Correlação Canônica ANOVA – Analysis of Variance APA – Área de Proteção Ambiental APP – Área de Preservação Permanente AUR – Área de Uso Restrito CAP – Circunferência à Altura do Peito – 1,3 m CAM – Proximidade a Caminhos CD – Compact Disc CLP – Combinação Linear Ponderada CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente CP – Componentes Principais CV – Coeficiente de Variação DA – Densidade Absoluta DAP – Diâmetro à Altura do Peito – 1,3 m DCA – Detrended Correspondence Analysis DCL – Declividade DoA – Dominância Absoluta DoR – Dominância Relativa DR – Densidade Relativa DSG – Diretoria de Serviços Geográficos E – Erro de amostragem EFB – Efeito Borda EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPAGRI – Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária FA – Freqüência Absoluta FAO – Food and Agriculture Organization FATMA – Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina FLONA – Floresta Nacional FOM – Floresta Ombrófila Mista FR – Freqüência Relativa G – Área Basal GFL – Grupos Florísticos GPS – Global Positioning System ha – Hectare IA – Importância Ambiental ICA – Incremento Corrente Anual IE – Importância Econômica IER – Índice de Espécies Raras IGA – Índice de Agregação de McGuinnes IMA – Incremento Médio Anual INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IPA – Incremento Periódico Anual IS – Índice de Sociabilidade MANOVA – Multivariate Analysis of Variance
xiv
MCA – Multicriteria Analysis MCO – Matriz de Compatibilidade de Objetivos MDE – Modelo Digital de Elevação MG – Minas Gerais MLME – Modelo Linear de Mistura Espectral OEA – Organização de Estados Americanos PC – Personal Computer PEOT – Perspectiva Européia do Ordenamento do Território Comunitário PI – Porcentagem de Importância PIA – Porcentagem de Importância Ampliada PORF – Plano de Ordenamento dos Recursos Florestais PPA – Área de Produção e Pesquisa Agrícola PPP – Área de Pesquisa com Parcelas Permanentes PR – Paraná PS – Posição Sociológica PSR – Posição Sociológica Relativa QMP – Qualidade da Madeira em Pé RFEE – Reserva Florestal Embrapa/Epagri RNR – Regeneração Natural Relativa RPPN – Reserva Particular de Patrimônio Natural RS – Rio Grande do Sul SC – Santa Catarina SIG – Sistema de Informação Geográfica SNASPE – Sistema Nacional de Áreas Silvestres Protegidas pelo Estado SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação TIN – Triangular Irregular Network TWINSPAN – Two Way Indicator Species Analysis UE – União Européia UFPR – Universidade Federal do Paraná UTM – Universal Transversal de Mercator VC – Valor de Cobertura VCA – Valor de Cobertura Ampliado VI – Valor de Importância VIA – Valor de Importância Ampliado ZEE – Zoneamento Ecológico Econômico
xv
RESUMO O presente estudo teve por objetivo desenvolver uma proposta para o ordenamento do território da Reserva Florestal Embrapa/Epagri, Caçador-SC, integrando sistematicamente critérios ambientais, econômicos, legais e sociais, assim como as expectativas do proprietário. Para tanto se aplicou a técnica denominada Avaliação Multicritério (AMC) que permitiu uma atribuição de usos ao território. Além de informações disponíveis em um Sistema de Informações Geográficas elaborado anteriormente, foi realizado um inventário florestal empregando-se parcelas alocadas sobre uma estratificação de base física, com 13 classes que combinavam declividade e exposição. As parcelas, de 500 m2 e 250 m2, foram distribuídas de forma proporcional à área dos estratos de meio físico. Para avaliar a composição e a estrutura vertical e horizontal da floresta foram coletadas exsicatas para a identificação das espécies e mensuradas todas as árvores com CAP acima de 31,5 cm (ou 10 cm de DAP), sendo também medidas suas alturas totais, a posição sociológica, a forma do fuste e a sanidade. Para estimar a produtividade da floresta coletaram-se 5 rolos de incremento por parcela em toda a amplitude da distribuição diamétrica da parcela. Desenvolveu-se uma análise fitossociológica que contribuiu para a definição do estado atual da floresta e para o entendimento de sua dinâmica. Para a análise multivariada foi empregado o Valor de Cobertura Ampliado, que é soma da densidade, dominância e posição sociológica (relativas). Para a Avaliação Multicritério foram escolhidos os seguintes critérios (limitantes e fatores): Áreas de Preservação Permanente, Áreas de Uso Restrito, Áreas de Produção e Pesquisa Agrícolas, Áreas de Alta Singularidade, Pesquisa com Parcelas Permanentes, Declividade, Efeito Borda, Incremento Periódico Anual, Qualidade da Madeira em Pé, Grupos Florísticos e Proximidade a Caminhos. Alguns dos fatores foram espacializados com apoio em técnicas de interpolação. A matriz de compatibilidade de objetivos permitiu definir quais objetivos deveriam dispor de uma área específica. Não foram encontradas diferenças significativas ao nível de 5% de significância entre as áreas basais pertencentes às distintas classes físicas. O valor médio em DAP foi de 23,9 cm, o de área basal foi 31,4 m2/ha e obteve-se um índice de Shannon para espécies de 3,59. As dez espécies principais segundo o Valor de Importância Ampliado foram: Cupania vernalis, Araucaria angustifolia, Ocotea porosa, Capsicodendron dinisii, Prunus brasiliensis, Ocotea pulchella, Clethra scabra, Matayba elaeagnoides, Ocotea puberula e Sebastiania commersoniana. A análise de agrupamento permitiu obter 5 grupos. No entanto, com a análise discriminante foram reclassificadas 100% das parcelas e determinadas cinco espécies discriminantes, que auxiliaram na definição de cinco grupos florísticos, ordenados segundo a evolução dos estágios sucessionais que representam: Grupo 1: Associação Vassourão-branco; Grupo 2: Associação Vassourão-preto – Leiteiro; Grupo 5: Associação Camboatá – Canelas; Grupo 4: Associação Araucária; e, Grupo 3: Associação Imbuia. Foram obtidas as seguintes classes para o mapa de ordenamento territorial da RFEE: limitantes (325 ha); preservação (222 ha); produção de madeira (473 ha); produção não-madeireira (136 ha); e, recreação (36 ha). A metodologia – desenvolvida com base em técnicas de geoprocessamento, fitossociologia e análise multivariada – pode ser aplicada como roteiro para o ordenamento territorial de outras áreas com diferentes tipos de uso do solo e distintos proprietários. Palavras-chave: SIG, incremento, Floresta Ombrófila Mista, grupos florísticos
xvi
ABSTRACT The present work aimed at developing a proposal for the land management of the Forest Reserve Embrapa/Epagri of Caçador-SC, integrating in a systematic manner social, legal, economic, and environmental criteria, besides the expectations of the landowners. The Multicriteria Evaluation (MCE) technique was applied in order to assign uses to the territory. Ancillary data included a previously elaborated Geographical Information System. A forest inventory was carried out using stratified random sampling, considering 13 classes that combined slope and aspect. Sample plots of 500 m2 and 250m2 were distributed proportionally to the strata area. In order to evaluate the composition, the horizontal and vertical structure of the forest, plant samples were collected for the species identification. All the trees with GBH above 31.5 cm (or 10 cm of DBH), were measured and total heights were estimated. Information on sociological position, tree form and health condition was also collected. For the forest productivity estimation, 5 increment cores per plot were collected, encompassing all diameter range. The parameter basal area did not show any significant difference among physical classes at a 5% probability level. A phytosociological analysis contributed for the definition of the current state of the forest and for the understanding of its dynamics. The average value in DBH was 23.9 cm, average basal area (in m2/ha) was 31.4 and Shannon Index for species was 3.59. The ten main species according the Extended Importance Value (a phytosociological Index) were: Cupania vernalis, Araucaria angustifolia, Ocotea porosa, Capsicodendron dinisii, Prunus brasiliensis, Ocotea pulchella, Clethra scabra, Matayba elaeagnoides, Ocotea puberula and Sebastiania commersoniana. For the multivariate analysis, the Extended Cover Value (sum of relative density, dominance, and sociological position) was used. The cluster analysis generated 5 groups. However, with the discriminant analysis, 100% of the plots were reclassified and five discriminant species were determined. Those species assisted in the formation of the floristic groups, established according to the vegetation successional phases as: Group 1: Association Piptocarpha angustifolia; Group 2: Association Vernonia discolor-Sapium glandulatum; Group 5: Association Cupania vernalis – Lauraceae; Group 4: Association Araucaria angustifolia; and, Group 3: Association Ocotea porosa. For Multicriteria Evaluation the following criteria (limitants and factors) were chosen: Areas of Permanent Preservation, Areas of Restricted Use, Areas of Crops Research and Production, Areas of High Singularity, Research with Permanent Plots, Slope, Edge Effect, Annual Periodic Increment, Wood Quality, Floristic Groups and Proximity to Roads. Some of the factors were spatialized with the support of interpolation techniques. The Matrix of Compatibility of Objectives allowed defining which ones would have to be assigned to a specific area. The following classes were obtained for the map of land management of the RFEE: limitants (325 ha); preservation (222 ha); wood production (473 ha); non-wood forest production (136 ha); and recreation (36 ha). The methodology – developed on the basis of geoprocessing techniques, phytosociology and multivariate analysis – can be applied as a guide for land management of other areas with different types of use and distinct ownership. Keywords: GIS, increment, Mixed Ombrophylous Forest, floristic groups
xvii
1 INTRODUÇÃO
O território é um tema central na história humana e de cada país (SANTOS e
SILVEIRA, 2004). Desde os primórdios da civilização o homem realiza o
planejamento de suas atividades sobre o território tentando materializar limites
territoriais definidos onde possa se desenvolver cultural, social e economicamente.
Esta apropriação dos espaços territoriais sempre gerou conflitos em todas as
escalas: locais, nacionais, regionais e continentais, sendo prova disso as grandes
guerras e invasões que ainda hoje ocorrem em determinadas regiões do planeta. O
objetivo final sempre é a luta por recursos escassos, cuja valorização depende do
tipo de povo e respectivo grau de desenvolvimento. Este conflito de acesso a uma
porção territorial específica está provocando cada vez mais assimetrias, que
salientam as injustiças já existentes com relação ao crescimento econômico
(ORATE, 2004).
Na década de 60 surge uma disciplina denominada Ordenamento Territorial
que busca um desenvolvimento equilibrado para as regiões e uma organização do
espaço que permita a utilização adequada do ponto de vista social e econômico,
conservando os recursos e produzindo o mínimo impacto ambiental sobre o
território. Significa, de forma simples, a aplicação de um enfoque ecossistêmico ao
manejo dos recursos naturais, onde o planejamento deve ser considerado como
parte integrante do mesmo fim.
Atualmente muitos países procuram usar seus recursos de forma sustentável,
pretendendo integrar da melhor maneira aspectos econômicos, ambientais e sociais.
Sem dúvida pode-se perceber que são utilizadas formas diversas e até mesmo
contraditórias para esta finalidade, o que é agravado pelo fato de não se aplicar
metodologias para atribuir usos ou funções a um território de maneira sistemática.
Isso muitas vezes tem impedido a gestão eficiente, não apenas dos recursos
florestais, mas, também, do conjunto de recursos sociais, naturais, econômicos e
culturais, tanto urbanos, como rurais. Como resultado dessa falta de planejamento
para integrar múltiplos critérios e objetivos – em função de limitantes e fatores –
observa-se a contínua destruição e deterioração dos recursos naturais em muitos
países da América do Sul.
2
O entendimento dos principais processos ecossistêmicos em nível local e
regional permitirá uma melhor interpretação e análise das implicações do manejo ao
nível de ecossistema, devendo-se incorporar de alguma forma tais processos aos
modelos metodológicos de ordenação territorial e florestal a serem desenvolvidos no
futuro.
Um processo de muita relevância e pouco analisado, é o entendimento de
como funciona uma floresta, comumente conhecido como dinâmica florestal, que
habitualmente não é incorporado nos planejamentos de ordenamento florestal e
muito menos naqueles relacionados com planejamento espacial dos usos da terra.
Em um ecossistema florestal, o conhecimento da composição e da estrutura da
floresta é muito importante, porém entender o seu processo de dinâmica sucessional
o é ainda mais, porque o que uma determinada floresta será no futuro está sendo
determinado hoje, pelas atuais relações sinecológicas e autoecológicas, que uma
vez compreendidas, podem ser incorporadas nos planejamentos silviculturais e
também nos planejamentos de análise espacial. Para este tipo de análise, onde
diversas variáveis (por exemplo, muitas espécies) participam, como ocorre nas
florestas naturais, técnicas multivariadas como a análise de agrupamento e a análise
de função discriminante têm sido usadas há pelo menos duas décadas, mas na
atualidade tem adquirido uma maior notoriedade, sendo de grande utilidade para
realizar classificação de associações de plantas e interpretação da dinâmica
sucessional da floresta.
Integrar temas das áreas ambientais, sociais e econômicas na formulação
metodológica da ordenação de um território permitirá que cada uso definido
responda da melhor maneira à função atribuída em termos de suas restrições,
limitantes e potencialidades. Por outro lado, poder demonstrar que é factível efetuar
uma determinada atribuição de funções (ou usos) baseada em diferentes variáveis,
com relativa facilidade e a baixos custos, permitiria replicá-la para vários tipos de
proprietários. Estas duas idéias poderiam – sob uma visão integrada e com base
científica – contribuir efetivamente para o manejo florestal sustentável. Neste âmbito
uma técnica bastante conhecida e que permite realizar este tipo de integração é a
Avaliação Multicritério (AMC). Esta é uma ferramenta que, apoiada por técnicas de
geoprocessamento, proporciona suficiente confiabilidade pela grande quantidade de
informação que manipula de maneira rápida e confiável.
3
O emprego destas técnicas para os fins explicitados anteriormente foi uma
das motivações para desenvolver a presente pesquisa, tendo-se em mente que o
ordenamento de áreas florestais não é apenas um trabalho técnico, devendo ser
consideradas na formulação do planejamento a opinião da sociedade civil
organizada, de autoridades públicas, de organizações de produção privadas e de
instituições acadêmicas.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Desenvolver uma proposta para o ordenamento do território da Reserva
Florestal Embrapa/Epagri (RFEE), integrando informações biofísicas e sócio-
econômicas, mediante a aplicação de Avaliação Multicritério apoiada por técnicas de
geoprocessamento, fitossociologia e análise multivariada.
1.1.2 Objetivos Específicos
a) Investigar possíveis correlações entre meio físico e produção em área basal
de comunidades arbóreas nos diferentes locais da RFEE.
b) Determinar a composição, diversidade, estrutura e qualidade da floresta
presente na RFEE através de análise fitossociológica e índices associados.
c) Estabelecer metodologia para determinar as principais associações florísticas
da RFEE, a dinâmica atual de sucessão e formas de espacialização de
resultados, com base em análise multivariada, fitossociologia e técnicas de
interpolação espacial.
d) Estimar a produtividade em diâmetro e em área basal da floresta dos últimos
dez anos e avaliar sua utilização na metodologia de ordenamento do território.
4
e) Identificar os critérios (limitantes e fatores) de maior relevância, nos âmbitos
legal, ambiental, social e econômico, para integrar o modelo de planejamento
espacial da RFEE.
f) Realizar atribuição de usos ao território da RFEE mediante Avaliação
Multicritério, considerando compatibilidades entre objetivos e expectativas do
proprietário.
g) Construir uma proposta de ordenamento do território simples e passível de
replicação em diferentes situações de cobertura florestal e tipos de
propriedade.
5
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
Território é um “terreno mais ou menos extenso; área dependente de um país,
província, cidade, etc.; área de uma jurisdição” (FERNANDES et al., 1988). SANTOS
e SILVEIRA (2004) comentam que “em um sentido mais restrito, o território é um
nome político para o espaço de um país. Em outras palavras, a existência de um
país supõe um território. Mas a existência de uma nação nem sempre é
acompanhada da posse de um território e nem sempre supõe a existência de um
Estado. Pode-se falar, portanto, de territorialidade (como sinônimo de pertencer
àquilo que nos pertence) sem Estado, mas é praticamente impossível se referir a um
Estado sem território”. O território, visto como unidade e diversidade, é uma questão
central da história humana e de cada país, devendo ser considerado em suas
divisões jurídico-políticas, suas heranças históricas e seu atual conteúdo econômico,
financeiro, fiscal e normativo (SANTOS, 2002; SANTOS e SILVEIRA, 2004).
Tem-se conhecimento de que há mais de 4.000 anos o homem asiático já
planejava suas atividades agrícolas sobre o território e que, em Roma, há mais de
2.000 anos existiu um guia de planejamento para o uso da terra. Também se sabe
que 1.000 anos atrás, os Incas na América, usavam pisos altitudinais agro-
ecológicos e que, há 500 anos, existiu na Europa uma organização territorial definida
dentro e no entorno das cidades medievais. Estas experiências podem ser
consideradas como as precursoras do ordenamento territorial moderno, que tem no
ano 1900 a Rússia como o primeiro país que realizou um “plano territorial” e os
Estados Unidos da América, como o primeiro país que criou, em 1925, a primeira
“doutrina de planejamento regional” (SALAS, 1999).
Historicamente, os governos de todas as épocas tentaram materializar seus
limites territoriais para se afirmar e gerir melhor os seus domínios. Por exemplo, no
norte da Europa, nos séculos XVII e XVIII, a burguesia mercantil estabeleceu rotas
de aprovisionamento e novos mercados para diversos produtos (LOIS GONZÁLEZ,
2005). No Brasil, depois da Independência em 1822, a “máquina do Estado servia
para preservar e ampliar as fronteiras, manter o regime e a ordem, assegurar a
6
coleta de impostos e, com a ajuda da Igreja, unificar a língua” (SANTOS e
SILVEIRA, 2004). O caráter associado a estas práticas “ordenadoras” tem sido
sempre o desejo de “controlar o território”, cujo eufemismo muito empregado é o de
“racionalizar o território”. Seja qual for o termo empregado, este objetivo
“controlador” ou “ordenador” tem considerado tanto as lógicas do poder político
quanto as das empresas privadas (LOIS GONZÁLEZ, 2005).
A expressão “ordenamento territorial” tem-se generalizado a partir dos anos
60 e consolidou-se como uma matéria de caráter interdisciplinar. O ordenamento
territorial nasce como uma disciplina científica capaz de integrar as perspectivas
ambientais, sociais e econômicas que caracterizam um determinado espaço
(FERNÁNDEZ-MANSO et al., 2005a). Segundo estes autores, é caracterizado por
dois grandes objetivos: i) otimizar o uso mais adequado possível da exploração dos
recursos do território, do ponto de vista econômico e social; e, ii) otimizar a
conservação dos recursos, minimizando o impacto ambiental sobre o território.
Conforme a Carta Européia de Ordenamento Territorial de 1983, o
ordenamento territorial é “… a expressão espacial das políticas econômicas, sociais,
culturais e ecológicas da sociedade. É, ao mesmo tempo, uma disciplina científica,
uma técnica administrativa e uma política concebida como um enfoque
interdisciplinar e global, cujo objetivo é o desenvolvimento equilibrado das regiões e
a organização do espaço segundo um conceito norteador” (CONSEJO DE EUROPA,
1983).
Alguns autores mencionam que o ordenamento territorial, nas últimas
décadas, tem coincidido em um objetivo comum, que é a preocupação em corrigir os
desequilíbrios regionais (SALAS, 1999; GASTÓ, 2002; SANTOS e SILVEIRA, 2004;
LOIS GONZÁLEZ, 2005; SAN ROMÁN, 2005). Neste sentido, o programa ORATE
(2004) (Observatório em Rede do Ordenamento do Território da Europa), menciona
que, em muitas ocasiões, estas disparidades regionais são simplesmente o reflexo
das grandes desigualdades existentes na dotação destes territórios segundo fatores
de competitividade (capacidade de pesquisa e desenvolvimento ou inovação, o
acesso ao transporte, às telecomunicações ou às redes energéticas), que provocam
cada vez mais assimetrias na distribuição do capital físico e humano e que acabam
provocando importantes divergências com relação à riqueza relativa, à densidade de
7
população e aos fluxos demográficos, que salientam as injustiças já existentes com
relação ao crescimento econômico.
Para SALAS (1999) o ordenamento territorial procura resolver:
a) Conflitos de uso, que podem ser divididos em dois tipos: i) Conflito de
interesses sobre o território, baseados em percepções de incompatibilidade,
competência por recursos naturais escassos e/ou impedimentos para atingir
os objetivos; ii) Conflitos entre sistemas de uso antrópico e os requisitos
ecológicos ou ambientais de determinada área (conflitos ambientais); e,
b) Disparidades regionais: desequilíbrios socioeconômicos entre diferentes
regiões de um país.
SALAS (1999) comenta que a eqüidade territorial é o princípio do
ordenamento do território orientado a diminuir ou compensar as disparidades
existentes entre municípios ou regiões de um país, também conhecidas como
“diversidades regionais” segundo SANTOS e SILVEIRA (2004).
Vários autores trabalham com a idéia de que para conseguir um manejo
adequado dos recursos, bem como um desenvolvimento equilibrado, deve-se
considerar o planejamento como parte integrante deste propósito. WEILAND (1999)
afirma textualmente que “... o desenvolvimento sustentável requer que se leve em
conta, de maneira simultânea e equilibrada, interesses sociais, econômicos, culturais
e ecológicos, considerando aspectos de justiça, tanto nas gerações presentes como
nas futuras (orientação de longo prazo) em um enfoque participativo de
planejamento e ação. O Planejamento Territorial pode contribuir com a
operacionalização de um desenvolvimento sustentável”.
GASTÓ (2002) menciona que para efetuar um ordenamento do território,
deve-se, pelo menos, resolver os seguintes problemas:
a) Desequilíbrio territorial por concentração da população em algumas áreas e
pelo despovoamento de outras;
b) Impactos ecológicos e paisagísticos devido à localização de atividades
incompatíveis com o meio ambiente;
c) Desequilíbrio dos recursos naturais;
d) Riscos naturais na localização de atividades;
e) Superposição desordenada de usos;
8
f) Déficit entre infra-estrutura e equipamento coletivo para moradia e emprego;
g) Conflitos entre diferentes setores produtivos e suas atividades;
h) Falta de coordenação entre organismos públicos de mesmo nível e entre
distintos níveis administrativos;
i) Conflitos entre os objetivos propostos pelos habitantes locais e pelos atores
externos.
Porém, segundo SALAS (1999), antes de resolver estes problemas, deve-se
saber que as condições necessárias para aplicar o ordenamento do território em
uma área são as seguintes:
a) Compreender o território como um espaço onde existem diferentes objetivos
ou interesses (econômicos, sociais e ambientais) em conflito;
b) Entender o ordenamento e sua aplicação ao território como processos
políticos para os quais é necessário estabelecer procedimentos transparentes
de ponderação e de tomada de decisões;
c) Aceitar que, para manter certos equilíbrios, é necessário estabelecer padrões
mínimos de qualidade para os diferentes objetivos de desenvolvimento;
d) Compreender que, mais importante que os “planos”, é o processo político que
os sustenta;
e) Aprender que, para ponderar e tomar decisões sobre o território, é necessário
operacionalizar os diferentes objetivos de desenvolvimento.
Um fato de grande relevância na questão do ordenamento são as diferentes
escalas nas quais deve ser aplicado. Nas ultimas décadas, as práticas ordenadoras
têm acompanhado os aparatos políticos dos governos, ganhando importância nos
níveis supranacional, regional e local, perdendo importância na escala nacional
(LOIS GONZÁLEZ, 2005). Assim por exemplo, na União Européia (UE), os ministros
competentes do ordenamento territorial adotaram em 1999 a Perspectiva Européia
do Ordenamento do Território Comunitário (PEOT), que entre outras coisas, sugere
fomentar um desenvolvimento policêntrico da UE, com a intenção de criar pólos de
desenvolvimento alternativos ao “pentágono” (ampla zona de integração global
delimitada pelas metrópoles Londres, Paris, Milão, Munique e Hamburgo, gerada
pelos importantes desequilíbrios territoriais), onde se concentra a metade da riqueza
9
e 40% da população, em 18% do território. Ainda na UE, em escala regional, não
está se desenvolvendo o processo de integração das zonas rurais, e ao mesmo
tempo, seguem-se registrando importantes disparidades socioeconômicas dentre os
distintos bairros das zonas urbanas (ORATE, 2004).
Além dessas considerações, LOIS GONZÁLEZ (2005) menciona que o
ordenamento do território expressa uma componente ilustrada, de procura da justiça
social e do bem-estar das pessoas e, o âmbito onde estes ideais podem ser
executados de melhor maneira, é nas políticas de desenvolvimento local e
endógeno. Estas políticas movimentam grupos de ação que atuam no seio da
própria comunidade, que conhecem bem as potencialidades da mesma e o espaço
onde esta se localiza. Nos países capitalistas avançados, os serviços essenciais são
responsabilidade do poder público, e sua distribuição é realizada conforme o
provimento geral. “As distâncias porventura existentes são minimizadas por
transportes escolares gratuitos ou hospitalares gratuitos. Não se trata de salário
indireto, pois tudo isso é devido a todos os cidadãos, com ou sem emprego. Trata-se
da busca de uma eqüidade social e territorial” (SANTOS, 2002). O Brasil, também
capitalista, ainda não definiu o que são tais serviços, nem adotou “um distributivismo
geográfico que sirva de base à desejada justiça social” (SANTOS, 2002).
Uma outra componente do ordenamento do território, muito comum nos
países mediterrâneos e suas ex-colônias é sua nítida dimensão urbanística (SALAS,
1999), que ordena “o crescimento edificativo, favorece medidas de reabilitação,
estabelece umbrais mínimos de dotação de zonas verdes e espaços livres, fixa os
critérios básicos de distribuição espacial de infra-estruturas e vincula o
desenvolvimento de novas áreas residenciais com as vias de comunicação a
construir, entre outras muitas práticas deste tipo de ordenamento” (LOIS
GONZÁLEZ, 2005).
Mediante a definição do solo urbano em várias categorias e sua
implementação a nível nacional em vários países sul-americanos (com “planos
reguladores”, que fracassaram em suas medidas para equilibrar distintos espaços), é
que se tem identificado o ordenamento com urbanismo. Hoje, segundo MARINERO
(2005), “o propósito do urbanismo determina que o uso do solo se realize conforme o
interesse geral, com o objetivo de melhorar a qualidade da vida e a coesão social da
população, em especial mediante seu acesso a uma moradia digna e as dotações
10
urbanísticas adequadas e, de forma compatível com a proteção do meio ambiente e
do patrimônio natural”.
Esta concepção moderna (década de 90) de urbanismo, lamentavelmente, foi
adotada depois de observar e sofrer as grandes transformações do território, que
afetaram de maneira semelhante países desenvolvidos como subdesenvolvidos, a
partir da década de 30 até os anos oitenta, onde a principal transformação foi o
crescimento acelerado das cidades e dos espaços urbanos, como conseqüência de
uma rápida industrialização e do êxodo rural. Na Grã Bretanha, o século XX, foi
testemunha da destruição e degradação do meio natural pela intensificação da
agricultura e das práticas florestais (ALONSO, 2005). No Brasil, sobretudo as
práticas do monopólio da terra e a monocultura, promovem a expulsão da população
do campo para as cidades, condenando a imensa maioria da população à
marginalidade. A população urbana salta de 12,8 milhões, em 1940, para 80,5
milhões, em 1980, sendo hoje, mais de 170 milhões. Assim, o Brasil vive “um dos
mais violentos êxodos rurais, tanto mais grave porque nenhuma cidade brasileira
estava em condições de receber esse contingente espantoso de população”
(RIBEIRO, 2006).
Cada país tem gerado sua própria maneira para enfrentar o desafio de
entender sua geografia e dar o melhor uso a seu território na busca de um
desenvolvimento, hoje denominado sustentável. Porém, desde o início do século XX
até o presente, são variadas as escolas ou tradições de gestão do planejamento do
desenvolvimento regional, que diferentes países têm adotado, procurando regular as
mudanças do uso da terra, orientar a inversão pública, diminuir as disparidades
regionais, evitar os conflitos de uso, equilibrar as funções urbanas, lograr acordos de
consenso e controlar a atividade de construção, dentre as atividades mais habituais.
No Brasil, “uma preocupação com o entendimento das diferenciações
regionais e com o novo dinamismo das suas relações tem norteado particularmente
a busca de uma interpretação geográfica da sociedade brasileira” (SANTOS e
SILVEIRA, 2004). Uma dessas maneiras concretizou-se em um instrumento da
política nacional do meio ambiente, conhecido como Zoneamento Ecológico
Econômico (ZEE), que é a concepção técnica destinada a contribuir para o
planejamento estratégico e gestão do território, “fundamentada no tratamento
eficiente da informação, cuja diversidade exige estudos integrados dos fenômenos
11
naturais e sociais, a fim de se obter resultados espaciais que facilitem sua
compreensão” (SOUZA e MEDEIROS, 2005).
Neste zoneamento ecológico-econômico são estabelecidas “medidas-padrão
de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos
hídricos e da conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento
sustentável e a melhora das condições de vida da população” (ZEE-PR, 2007). O
ZEE possui como objetivo organizar as decisões dos agentes públicos e privados,
que direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena
manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas, constituindo um
verdadeiro sistema de apoio ao planejamento e gerenciamento estratégico dos
Estados da União. No caso das distribuições espaciais das atividades econômicas, o
ZEE levará em conta as limitações, fragilidades e importância dos ecossistemas,
estabelecendo vetos, restrições e alternativas de exploração do território e
determinando, quando for o caso, a re-localização das atividades incompatíveis com
aquelas permitidas pelo ecossistema (ZEE-PR; 2007; ZEE-MA, 2007).
Para AB’SABER (1989), “estabelecer as bases de um zoneamento ecológico
e econômico em uma determinada conjuntura geográfica equivale a realizar um
estudo para determinar a vocação de todos os subespaços que compõem um
território, e efetuar o levantamento de suas potencialidades econômicas, sob um
critério basicamente eco-desenvolvimentista”.
2.1.1 Importância da Classificação de Usos da Terra
Um dos primeiros trabalhos orientados a classificar o “Uso da Terra” foi
realizado nos Estados Unidos a partir do ano de 1971 pela Comissão Mista de
Informação e Classificação do Uso da Terra, cujo objetivo era desenvolver um
sistema nacional de classificação que permitisse entrada de dados convencionais
provenientes de sensores remotos instalados em aviões e plataformas satélites. Em
1976, o Departamento do Interior dos Estados Unidos publica uma revisão desse
sistema de classificação, que emprega uma visão do conjunto do uso da terra, do
revestimento do solo e da preocupação pelo ambiente. Esse trabalho, como os
estudos desenvolvidos pela Corine Land Cover da Comissão Européia, também
12
orientados teoricamente à questão ambiental, tornaram-se uma referência para os
estudos do Uso da Terra no Brasil (IBGE, 2006b).
Existe, no Brasil, desde os inícios do século XX, uma preocupação com a
meteorologia e as necessidades do mundo rural, que se concretiza na criação da
Diretoria de Meteorologia e Astronomia (SANTOS e SILVEIRA, 2004). Esta
instituição promove os primeiros estudos do uso da terra, que começam no final da
década de 30 e já “após a Segunda Guerra Mundial dois terços do território brasileiro
haviam sido fotografados, e buscava-se então completar o mapeamento das regiões
mais ignotas do país, o Norte e o Centro-Oeste”. Nos anos 60, a carta do Brasil ao
milionésimo, já tinha sido concluída e, a partir da década de 70, em virtude do
sistema Radam, começa a ser elaborada uma cartografia sobre a Amazônia
(SANTOS e SILVEIRA, 2004) com forte base nas análises classificatórias das
formas e das dinâmicas de uso da terra, e com ênfase nas análises quantitativas. O
Levantamento Sistemático de Recursos Naturais realizado pelo RADAMBRASIL, foi
o primeiro trabalho sistemático utilizando o sensoriamento remoto como ferramenta
de interpretação dos fenômenos espacializáveis de significado nacional (IBGE,
2006b).
Com a criação em 1971 do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)
foram estabelecidas as condições básicas para o avanço do conhecimento da
realidade do país (IBGE, 2006b), seguindo o Brasil a tendência internacional de
orientar o conhecimento do território para os recursos. Começa assim o uso de
imagens de satélite e outras tecnologias como o sistema Radar, de características
termais, para verificar a evolução do território. O INPE tem trabalhado no
desenvolvimento de tecnologias de sensoriamento remoto com o objetivo de
monitorar as transformações das áreas desflorestadas. Assim por exemplo, tem
empregado Thematic Mapper/LANDSAT para estimar o incremento do
desflorestamento bruto da Amazônia.
A Amazônia continua sendo um importante foco de atenção no Brasil,
iniciando-se na década do 70 sua nova cartografia com o sistema Radar. A partir da
década do 80 outras tecnologias se criam para conhecer as mudanças do uso da
terra na Amazônia brasileira, principalmente pela preocupação causada pela
exploração indiscriminada de madeira. As taxas anuais de desflorestamento dessa
época alcançavam 20.000 km2 até chegar a 9.500 km2 em 1993 (SANTOS, 1993).
13
Recentemente novos métodos automatizados foram desenvolvidos para o
monitoramento das áreas com alto impacto pela exploração madeireira, como é o
uso do Modelo Linear de Mistura Espectral (MLME), que tem sido capaz de gerar
informações úteis para discriminar diferentes graus de degradação florestal a partir
de frações dos componentes “vegetação”, “solo” e “sombra” (GRAÇA, 2002).
“A visão do conjunto do uso da terra e as preocupações ambientais, com
destaque para as demandas de um controle da mudança do clima, vêm contribuindo
para a ampliação da produção de uma crítica do modelo de desenvolvimento. Esta
crítica tem conduzido, recentemente, as reflexões teóricas sobre a cobertura e o uso
da terra, bem como a preocupação ambiental para as questões sociais, mostrando a
tendência atual de orientação dos estudos, segundo o conceito de justiça ambiental”
(IBGE, 2006b). Para esta visão do conjunto o IBGE (2006b) propõe no seu “Manual
Técnico do Uso da Terra”, que o levantamento do uso deve identificar três níveis de
observação. Uma abrangente, continental ou nacional, e outras duas detalhadas,
nos níveis regional e local, para atender a demanda social de informação.
Segundo HEYMANN1, citado por IBGE (2006b), nos levantamentos da
Cobertura e do Uso da Terra que visam classificar o território, devem ser observados
quatro princípios básicos:
a) a escala do mapeamento;
b) a natureza da informação básica;
c) a unidade de mapeamento e a definição da menor área a ser mapeada; e,
d) a nomenclatura.
O levantamento do uso da terra indica a distribuição geográfica da tipologia
de uso, identificada através de padrões homogêneos da cobertura terrestre.
Comporta análises e mapeamentos, sendo de muita utilidade para “o conhecimento
atualizado das formas de uso e de ocupação do espaço, constituindo importante
ferramenta de planejamento e de orientação à tomada de decisão” (IBGE, 2006b).
Em cada país os problemas se repetem, mas também são diferenciados pelas
formas e os tipos de ocupação do espaço e o uso da terra, delineados a partir de
1 HEYMANN, Y. Corine land cover technical guide. Colaboration of Chris Steenmans, Guy Croisille
and Michel Bossard. Luxembourg: European Commision. 1994. 136 p.
14
processos determinados nos diferentes circuitos de produção (SANTOS2, apud
IBGE, 2006b).
BIE et al. (1996) indica que não deve se confundir “uso da terra” com
“cobertura da terra”. O “uso da terra” corresponderia à série de operações realizadas
pelos humanos, com a intenção de obter produtos e/ou benefícios, através do uso
dos seus recursos. No entanto, a “cobertura da terra” é um elemento da terra. A
vegetação (natural ou plantada) ou as construções realizadas pelo homem, que
ocorrem na superfície da terra, assim como a água, o gelo, a rocha nua, a areia e
superfícies similares são consideradas como “cobertura da terra”. Por exemplo, a
cobertura “florestal” pode ser destinada aos usos de “recreação”, “produção de
madeira”, “conservação da diversidade”, etc.
Porém, estas terminologias muitas vezes são confundidas, encontrando-se
mapas de uso da terra misturados, comumente, com componentes de cobertura e
vice-versa. Isto acontece porque, para classificar o uso de uma determinada área, o
passo intermediário é conhecer a cobertura da terra, e muitas vezes o uso da terra
pode ser mapeado diretamente através da cobertura, porque existem padrões
característicos de uso para vários tipos de coberturas. Por exemplo, uma cobertura
agrícola cujo uso produtivo é o cultivo da soja, está altamente correlacionada com o
sensor usado para medir essa cobertura, por meio de tonalidades, texturas, formas,
arranjos espaciais e localização no campo. No entanto, não acontece da mesma
forma com as atividades de turismo que podem ser realizadas em diferentes tipos de
cobertura da terra e, conseqüentemente, neste caso, uso e cobertura não estão
correlacionados, devendo ser usados dados adicionais para entender a relação
existente.
O sistema de classificação da Cobertura e do Uso da Terra proposto por
IBGE (2006b) é multinível, empregando três níveis: classes, subclasses e unidades,
cada um com diferentes itens. Analisando este sistema é possível observar que o
nível II (subclasse), no seu item floresta, é o que conta com o maior número de
códigos (37) para diferenciar os seus usos. Detalhes deste processo de
levantamento e classificação da cobertura e uso da terra (interpretação de imagens,
roteiros para observações técnicas do uso, elaboração de mapas, legendas de
2 SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos e metodológicos da
geografia. Colaboração de Denise Elias. São Paulo: Hucitec, 1988. 124 p.
15
mapeamento, cor e simbologias, modelo de relacionamento, etc.) podem ser
encontrados no Manual Técnico do Uso da Terra editado por essa instituição.
Vários países na década de 70, incluindo o Brasil, iniciaram estudos para
contar com sistemas de classificação e avaliação dos usos da terra, devido à
importância de uma adequada quantificação dos recursos. Segundo FAO (1976)
este fato acelerou a discussão internacional sobre padronização nesta temática, pois
existiam dificuldades para poder comparar as estatísticas de cobertura da terra entre
os diferentes países. Hoje, trinta anos depois, ainda persistem problemas de
padronização, tanto na classificação de cobertura quanto na de usos da terra e, não
apenas entre países, senão entre regiões de um mesmo país, especialmente nos
países de grandes dimensões ou naqueles menos desenvolvidos. Embora estes
problemas ainda existam, o debate atual do conhecimento sobre o uso da terra
orienta-se “à necessidade de garantir a sua sustentabilidade diante das questões
ambientais, sociais e econômicas a ele relacionadas e trazidas à tona no debate
sobre desenvolvimento sustentável” (IBGE, 2006b).
Uma importante ferramenta, utilizada pelos países para determinar seus tipos
de cobertura e de uso da terra, são os inventários florestais nacionais, que “são
levantamentos extensivos que cobrem países inteiros e visam fornecer as bases
para a definição de políticas florestais, para a administração florestal do país e para
a elaboração de planos de uso e desenvolvimento das florestas” (PNF, 2006). O
Brasil prepara na atualidade o que será o seu “Novo Inventário Florestal Nacional”,
que vai permitir o levantamento da cobertura florestal nativa e plantada de forma a
identificar o uso atual e os potenciais futuros (AGÊNCIA BRASIL, 2006). O inventário
brasileiro enquadra-se no marco dos novos paradigmas de conservação da
biodiversidade e de sustentabilidade da produção florestal madeireira e não-
madeireira, que dominam a discussão no mundo todo. Estima-se que este inventário
caracterize-se como um “Sistema de Inventário Florestal Nacional” contínuo no
tempo, que seja um elemento do seu sistema de informações florestais e, uma
ferramenta primordial para o planejamento estratégico setorial (PNF, 2006).
16
2.1.2 O Ordenamento do Território em Áreas Naturais
O relacionamento entre o planejamento do território e os espaços naturais,
tem sido tradicionalmente muito reduzido, apesar das óbvias inter-relações e
interesses comuns entre ambos (HERRERA et al., 2005). Segundo estes autores, a
concepção tradicional de espaços naturais como ilhas de conservação tem
demonstrado ser uma estratégia ineficaz para a conservação dos valores naturais de
um território, enquanto que o ordenamento do território deve considerar as
características e valores do meio natural para não se converter em um agente de
degradação deste meio. Nos últimos anos, paulatinamente um novo enfoque
começa a aparecer, no qual a conservação da natureza tem derivado de um sistema
de proteção de espaços e espécies, para um outro onde se defina uma estrutura
espacial coerente. Assim, os espaços de interesse natural são incluídos nos
processos de planejamento do território e adotam-se critérios que permitam
considerar a relação entre esses espaços de interesse e o resto do território que os
rodeia.
Geralmente o ordenamento focaliza sua ação sobre regiões frágeis e em
âmbitos de intervenção muito concretos. De fato, explica LOIS GONZÁLEZ (2005),
na Espanha o ordenamento dos espaços naturais tem apresentado múltiplas formas
ao longo dos últimos 100 anos. Tem-se associado às políticas de reflorestamento e
gestão integral das florestas. Também pode se caracterizar pela declaração de
Parques Nacionais, Naturais ou simplesmente Lugares de Interesse Comunitário,
sobre os quais se estabelecem critérios de uso e de gestão. O ordenamento
considera que os espaços naturais devem ser preservados mantendo sua relação
dialética com as áreas mais antropizadas, considerando que uma excessiva pressão
humana ou de raiz econômica pode acabar empobrecendo estas áreas com
ecossistemas de enorme riqueza.
As mudanças dos últimos anos nos padrões do uso da terra são resultado de
complexas interações físicas, biológicas e sociais que têm afetado inúmeros
processos ecológicos. É necessário conhecer como reagem as paisagens diante
dessas mudanças e identificar seus efeitos ecológicos para desenvolver estratégias
adequadas de gestão e ordenamento do território (SUÁREZ-SEOANE, 2005). Esta
gestão do meio ambiente deve expressar, no espaço geográfico, todo o conjunto de
17
suas relações ecológicas, o que definitivamente consiste em aplicar um enfoque
integrado (LLANOS, 2005). Alguns pesquisadores trabalham segundo a teoria de
que esse enfoque pode ser abordado através de uma disciplina conhecida como
ecologia da paisagem.
O pioneiro na ecologia da paisagem, C. TROLL definiu ecologia da paisagem
como “o estudo das relações físico-biológicas que governam as diferentes unidades
espaciais de uma região” (TROLL3, apud FORMAN e GODRON, 1986). Esse
pesquisador considerava tanto as relações verticais (dentro de uma unidade
espacial) como horizontais (entre unidades espaciais), embora nos mais amplos
campos da ecologia nas décadas passadas, o estudo sempre estava focado nas
relações “verticais” que ocorrem entre plantas, animais, ar, água e solo, dentro de
uma unidade relativamente homogênea.
FORMAN e GODRON (1986) definem paisagem como uma área de terra
heterogênea composta de grupos de ecossistemas interagindo que se repetem de
forma similar em outras partes, estando a ecologia da paisagem focada em três
características desta paisagem: i) estrutura: refere-se à distribuição e configuração
no espaço dos ecossistemas identificados ou “elementos” presentes nessa
paisagem; ii) função: corresponde às interações entre os elementos espaciais, ou
melhor, aos fluxos entre esses elementos e a seu papel no funcionamento do
conjunto; iii) mudança: refere-se às variações ou alterações na estrutura e função do
mosaico ecológico através do tempo. Segundo LLANOS (2005) existem várias
estatísticas da ecologia da paisagem (tamanho médio de fragmentos, distância
média entre os fragmentos de um habitat, conectividade espacial, heterogeneidade,
variações – destes parâmetros – no tempo, dentre outras) que oferecem a
possibilidade de analisar o meio natural no tempo e no espaço. O seu
relacionamento com o manejo das populações, tanto animais como vegetais,
concede-lhes grandes potencialidades no ordenamento e na gestão do território.
Compatibilizar conservação com desenvolvimento rural é um problema que
existe em muitos países, onde territórios com culturas tradicionais e, densamente
povoados, fazem que o homem seja importante para explicar as paisagens, embora
3 TROLL, C. Die geographische Landschaft und ihre Erforschung. Studium Generale (Heidelberg),
n.3, p.163-181.
18
a grande maioria possa ser classificada como dominantemente rural (VALBUENA,
2005).
Exemplos de meios naturais sob muita pressão antrópica podem ser
encontrados na Europa. Na Espanha, as atividades próprias que se desenvolvem no
meio natural, agricultura e pecuária tem sido marcantes nas mudanças da paisagem.
Por um lado, destruindo determinados habitat e, por outro, conservando tanto
espaços quanto espécies, mediante a manutenção de práticas agrícolas e pecuárias
milenárias (VALBUENA, 2005). Na Inglaterra, destruíram e alteraram
irreversivelmente habitat e áreas semi-naturais de grande biodiversidade. Porém,
afortunadamente ainda existem grandes extensões onde a flora e fauna são
protegidas (ALONSO, 2005). Neste mesmo país são publicados guias para o
ordenamento e o planejamento, cujo objetivo é informar da legislação vigente aos
departamentos de planejamento (ALONSO, 2005). Em geral, pode-se dizer que não
existem métodos formais de ordenamento para áreas naturais, começando
recentemente a se elaborar planos-piloto para propriedades agrárias com
características sustentáveis (ALONSO, 2005).
Na Espanha, “o peso histórico do agrário na sociedade tradicional manteve a
utilidade da terra vinculada à produção agrária e florestal, protegendo o solo rústico
das tensões relacionadas com o uso urbano. Mas o uso rústico do solo tem deixado
de se destinar exclusivamente às atividades florestais e tem recentemente aparecido
importantes conflitos”, sendo o mais relevante, a ruptura do valor econômico e social
da terra (FERNÁNDEZ-MANSO et al., 2005b). Estes autores mencionam que o
papel protagônico dos espaços urbanos tem marginado o espaço rural –ocupado por
massas florestais em muitos municípios de Castilla e León–, tanto na sua
conservação como no seu aproveitamento das ações de planejamento na escala
municipal. Porém, os novos paradigmas sociais, que valorizam os elementos
ambientais da paisagem do meio rural frente ao urbano, têm modificado diariamente
esse contexto, fazendo com que alguns municípios hoje trabalhem na iniciativa de
valorizar os espaços rurais, através de ações de planejamento para conservar e
aproveitar o conjunto do território desses municípios.
Também na Espanha, a recém aprovada “Lei de Florestas” (Ley de Montes)
do ano 2003 e, o estabelecimento dos Planos de Ordenamento dos Recursos
19
Florestais (PORF), se levados à prática, espera-se que possam ser instrumentos
efetivos de planejamento florestal do território (ALBORECA, 2005).
VALBUENA (2005) explica que um outro aspecto que deve ser tomado em
conta é que o território inteiro não pode ser destinado à conservação e, realmente,
com uma gestão cuidadosa do conjunto do território, será possível manter sua
diversidade e sua produtividade no longo prazo.
2.1.2.1 Planejamento em áreas protegidas
Em vários países da América Latina, como Argentina, Colômbia, Chile,
Panamá e Venezuela, da mesma forma como aconteceu em vários países da
Europa, uma das práticas pioneiras em matéria de ordenamento foram as políticas
florestais. LOIS GONZÁLEZ (2005) menciona que com estas políticas se pretendia
evitar o desmatamento, realizar melhor gestão dos recursos madeireiros e regular os
altos caudais de alguns rios. Estas políticas constituem a origem das práticas
ordenadoras nas áreas de interesse natural. O mesmo autor comenta que, tanto as
políticas florestais, como as de direcionamento da natureza para fins de lazer,
conduziram, de maneira lógica, a uma prática ordenadora clássica na atualidade: a
declaração de espaços naturais protegidos.
Estes espaços protegidos, comumente conhecidos como “áreas silvestres
protegidas”, “áreas de conservação” ou como “unidades de conservação”, são
ambientes naturais ou semi-naturais, com limites definidos, proteção legal e,
medidas de manejo especiais por parte de organismos oficiais, visando atingir um ou
vários objetivos de conservação (FAO/PNUMA, 1988).
A primeira área protegida criada no mundo foi o Parque Nacional Yellowstone
nos Estados Unidos da América no ano 1872. As primeiras áreas protegidas na
América Latina foram estabelecidas no México (“Reserva Forestal Desierto de los
Leones” em 1876), no Chile em 1907 (“Reserva Forestal Malleco”) e na Argentina
em 1922 (“Parque Nacional del Sur”). O Equador cria o seu primeiro parque em 1934
(“Parque Nacional Galápagos”); já o Brasil (“Parque Nacional de Itatiaia”) e a
Venezuela estabelecem seus primeiros parques nacionais em 1937 (FAO/PNUMA,
1988).
20
“Importantes setores conservacionistas no Brasil, ao final dos anos 70,
estavam interessados no estabelecimento de áreas protegidas que permitissem o
desenvolvimento de pesquisas voltadas às ciências ambientais, em especial à biota
e, que se adequassem à realidade do país. Ao mesmo tempo em que procuravam
evitar a aquisição, pelo Estado, de terras privadas para a criação de novas unidades
de conservação, pensavam também em estratégias de como conservar
ecossistemas relevantes em domínios da propriedade privada” (IBAMA, 2001b).
Esta preocupação brasileira também estava presente na mesma época em
vários países da América do Sul e da América Central, cujos esforços estavam
focados principalmente para a criação de Parques Nacionais e Reservas, com
distintas possibilidades de uso público e utilização de seus recursos naturais. Porém,
este processo esteve longe de padronização, existindo múltiplas aplicações de
conceitos diferentes com relação às denominações, às características e formas de
manejo nas diversas categorias existentes e, às metodologias de identificação e
planejamento. Cientes deste problema alguns países começaram o desenvolvimento
de trabalhos de planejamento e manejo de sistemas nacionais de unidades
territoriais protegidas (FAO/PNUMA, 1988).
Hoje, aceita-se internacionalmente que o conjunto de áreas protegidas deve
constituir um sistema nacional, cujas partes, ordenadamente relacionadas entre si de
acordo com categorias de manejo, contribuam mutuamente para atingir os objetivos
definidos ao conjunto (FAO/PNUMA, 1988). Assim por exemplo, o Brasil cria por
meio da Lei 9.985, do ano 2000, o seu Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC, e no Chile criou-se o Sistema Nacional de Áreas Silvestres
Protegidas pelo Estado – SNASPE mediante a Lei 18.362 de 1984. Equador e Cuba
criaram seus sistemas em 1981.
O SNUC brasileiro conta com Unidades de Conservação de Proteção Integral,
como Parques Nacionais, Reservas Biológicas, Estações Ecológicas, dentre outras,
e com Unidades de Uso Sustentável, como por exemplo, as Reservas Extrativistas,
as Florestas Nacionais ou as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN)
(FERREIRA et al., 2004). Segundo LIMA et al. (2005), o SNUC consolida uma série
de normas e discussões acerca das Unidades de Conservação, suas diversas
categorias e sua forma de implantação e manejo.
21
Um dos mais freqüentes e principais objetivos das áreas silvestres, nos
diferentes países, é proteger e conservar uma amostra adequada dos elementos
únicos ou representativos da diversidade natural (ecológica ou biogeográfica) do seu
território nacional. Entre seus principais benefícios, portanto, destacam-se os de tipo
ecológico e biológico, na proteção de comunidades, populações e espécies vegetais
e animais, cuja função no equilíbrio ecológico é essencial à sobrevivência e
qualidade de vida de todas as espécies incluído o homem. Além desses fatores,
produzem benefícios econômicos diretos (produção de bens como produtos
madeiráveis e não-madeiráveis e, serviços, como turismo, recreação, etc.) ou
indiretos (produção de oxigênio, bancos genéticos in situ, proteção de obras
públicas, etc). Também fornecem benefícios socioculturais ao proteger os valores de
maior relevância da natureza e, em alguns casos, da história e cultura de uma
nação, pois, assim como o patrimônio histórico, territorial e cultural distingue e
caracteriza um país ou um povo, também o faz seu patrimônio natural
(FAO/PNUMA, 1988).
A melhor maneira de obter esses benefícios de forma eficaz e cumprir os
objetivos dessas áreas silvestres protegidas, é realizar um planejamento adequado.
Pode-se sintetizar planejamento como uma “técnica ou instrumento de organização
de processos futuros, que permite otimizar as ações destinadas a alcançar um
objetivo proposto” (MILANO4, apud SOUZA, 1990). Da mesma forma como ocorre
em todos os países, as Unidades de Conservação do SNUC brasileiro têm como
exigência a preparação de um plano de manejo com o seu respectivo zoneamento.
Para sua elaboração existem roteiros metodológicos específicos, segundo cada
Unidade de Conservação. Assim por exemplo, existem os roteiros para a gestão das
Áreas de Proteção Ambiental (APA), de Florestas Nacionais (FLONA) e de Reservas
Particulares de Patrimônio Natural (RPPN) (IBAMA, 2001b; IBAMA, 2001c;
FERREIRA et al., 2004).
No Brasil, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA e os órgãos estaduais similares, utilizam para definir o
zoneamento de uma área, a metodologia descrita por Kenton Miller do ano 1980,
que, devido à sua simplicidade, oferece relativa facilidade de aplicação. “Nessa
4 MILANO, M. Curso de manejo em áreas silvestres. Curitiba, FUPEF, 1983. 102 p.
22
metodologia os levantamentos são feitos com ajuda de especialistas, que auxiliam o
planejador na tomada de decisão, através de experiências anteriores e de sugestões
intuitivas” (SOUZA, 1990). No caso do zoneamento, assim como no Brasil, outros
países seguem a metodologia de K. Miller, aplicando-a a diferentes categorias
indistintamente. Nas FLONAS do Brasil, podem ser empregados 10 diferentes tipos
de zonas (Intangível, Primitiva, de Uso intensivo, Histórico-cultural, de Recuperação,
de Uso especial, de Produção florestal, de Produção de fauna, de Mineração e
Populacional). No entanto, para as RPPN são definidas seis zonas (Silvestre, de
Proteção, de Visitação, de Administração, de Transição e de Recuperação). Em
todas estas zonas apresenta-se uma definição de uso e o objetivo a ser cumprido,
mas não se menciona como deve ser gerada essa zona quando múltiplos critérios
são considerados ou quando existem incompatibilidades entre os objetivos definidos.
Para as APA são definidas as zonas de Conservação e de Proteção e as Áreas de
Ocorrência Ambiental (Áreas de Preservação Permanente – APP e as Áreas de
Proteção Especial – APE), fornecendo-se uma matriz de 2x2, de peculiaridade e
impacto de ocupação, que permite gerar essas determinadas zonas.
Outras metodologias foram criadas muito tempo antes da proposta de Kenton
Miller, como a “metodologia de McHarg (1969) de superposição de folhas
transparentes para combinar as informações” (SOUZA, 1990), a que procurava
superar essas “sugestões intuitivas” na definição de usos e, que já tinham sido
identificadas que ocorriam neste tipo de trabalhos. Esta idéia de McHarg foi adotada
pelo projeto Radambrasil criando o SIGA – Sistema de Informações Geoambientais.
Outras foram desenvolvidas por pesquisadores da Universidade de Viçosa em Minas
Gerais utilizando sistemas de informação geográfica (PONZONI5, GONÇALVES6,
apud SOUZA, 1990). Outra pesquisa desenvolvida no Chile por RIVERA et al.
(2002), também procura eliminar essas intuições (ou subjetividades) utilizando
Avaliação Multicritério (AMC) e Sistemas de Informações Geográficas (SIG) para
realizar a integração das informações, gerando um modelo de zoneamento com
bases físico-biológicas. 5 PONZONI, F. Desenvolvimento de um sistema de armazenamento e superposição de
informações regionais mediante micro-computador. 1984. 75 f. Tese (Magister Scientiae). Viçosa, Universidade Federal de Viçosa – UFV.
6 GONÇALVES, W. Um sistema de informações geográficas em microcomputador de 16 bits compatível com IBM/PC – aplicação do método de combinação linear. 1989. 56 f. Tese (Magister Scientiae). Viçosa, Universidade Federal de Viçosa – UFV.
23
Vários especialistas de diferentes países valorizam o esforço realizado pelos
governos para incrementar o número de espaços protegidos, porém coincidem em
criticar que este crescimento não tem sido acompanhado de um esforço paralelo em
contratação de pessoal ou de um adequado orçamento para uma correta gestão
dessas áreas (LOIS GONZÁLEZ, 2005), o que impede alcançar os objetivos de
manejo para elas fixados. LIMA et al. (2005), em um estudo de avaliação da
efetividade de manejo das unidades de conservação integral em Minas Gerais,
demonstraram que a criação dessas unidades “tem ocorrido sem a perspectiva de
que estas venham cumprir seus objetivos, e entende-se que esta deve ser uma
atitude repensada pelo poder público”. Esses autores mencionam que 60% (23
unidades) podem ser consideradas “parques de papel” por seu nível insatisfatório de
manejo e 87% (34 unidades) não possuíam plano de manejo, nem se encontravam
em fase de planejamento. A mesma situação é realidade em outros estados como
São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Estes autores finalizam dizendo que “urge
que se reveja a política ora implantada para gestão das unidades de conservação,
ou estará comprometida a proteção da biodiversidade no Brasil”.
Por último, um debate que permanece aberto em torno à declaração de áreas
protegidas, é o relacionamento conflitante entre os profissionais (e/ou o organismo
que administra essas áreas que, geralmente, insiste em uma preservação, às vezes,
mais aprofundada que o que a mesma Lei determina para manter a diversidade do
sistema ecológico em questão) e as comunidades que moram próximo a essas
áreas, que desde sempre têm efetuado algum aproveitamento no marco da sua
tradição rural. Trata-se então, de uma gestão mais social desses espaços, tentando
que as pessoas participem da gestão da área e, ao mesmo tempo, possa aprender
delas “algumas de suas práticas ancestrais, que de uma maneira ou outra, tem
permitido que ecossistemas valiosos tenham-se conservado” LOIS GONZÁLEZ
(2005). Este mesmo autor comenta que este conflito mostra a necessidade de
complementar a declaração de espaços protegidos com medidas ativas de apoio às
comunidades que habitam em seu entorno, procurando que se beneficiem
economicamente de sua existência. “Resulta evidente que uma gestão de parques
naturais ou zonas de proteção deve se guiar por critérios predominantemente
24
ambientalistas, mas sem esquecer a origem e o destino social de toda prática
ordenadora do território” (BLÁZQUEZ7, apud LOIS GONZÁLEZ, 2005).
2.2 CLASSIFICAÇÃO DA VEGETAÇÃO
Segundo WHITTAKER (1978a), as comunidades naturais do mundo são
diversas, o que tem levado muitas escolas de ecologia a desenvolver classificações
dessas comunidades de forma parcial e independente das outras. Existe,
conseqüentemente, uma vasta e ampla literatura de classificação de comunidades
de plantas e animais, que compreende aproximações divergentes entre as diferentes
escolas, porém representam um magnífico experimento pela utilidade de contar com
possibilidades diferentes para a classificação de plantas. Portanto, a escolha de
diferentes caminhos para classificar um tipo de comunidade implicará classificações
diferentes da mesma vegetação (WHITTAKER, 1978b).
Para KENT e COKER (1992), todos os métodos para reconhecimento e
definição de comunidades de plantas são métodos de classificação. A aspiração da
classificação é agrupar indivíduos (parcelas ou amostras de vegetação) com base
em seus atributos (por exemplo, composição florística). O produto final da
classificação deveria ser grupos derivados a partir dos indivíduos onde, idealmente,
cada indivíduo dentro de cada grupo é mais similar aos outros indivíduos desse
mesmo grupo do que aos indivíduos dos outros grupos. Na prática, este ideal é
raramente alcançado em fitossociologia.
WHITTAKER (1978b) menciona cinco tradições regionais, incluindo diferentes
escolas: do Norte (ou Escandinava e Báltica), do Sul da Europa, a da Rússia, a
Britânica e a Americana. Os conceitos de classificação são compartilhados por
algumas escolas. No entanto, o número dos principais caminhos de classificação de
comunidades é menor que o número de escolas. Doze aproximações básicas de
classificação (e as unidades que empregam) são conhecidas: 1) fisionômica ou
estrutural (formação, formação-tipo); 2) meio ambiental (biotopo-tipo); 3) muitos
7 BLÁZQUEZ, M. La protección de espacios naturales en Baleares: patrimonio común y recurso
turístico. Proceso histórico, situación actual y proyección futura. In: Geografía y espacios protegidos, Murcia. 47-61 p. AGE y Federación Andaluza de Espacios Protegidos. 1999.
25
fatores ou paisagem (paisagem-tipo, micro-paisagem-tipo ou biogeocenoses-tipo); 4)
áreas bióticas (vegetação circundante, província biótica); 5) segmentos de
gradientes de comunidades (zonas de vida, séries ecológicas); 6) espécies
dominantes (dominância-tipo); 7) dinâmica da vegetação (associação e formação
como o tipo de vegetação regional); 8) estratos ou divisões de formas de vida
(união); 9) combinação de estratos (sociação); 10) tipos de sub-bosque florestal
(sítio); 11) comparações numéricas (nodo); e, 12) unidades florísticas de Braun-
Blanquet (associação e outras ordens).
Por sua parte, KENT e COKER (1992), mencionam que as principais escolas
que se desenvolveram durante o período 1900-1960 foram: 1) a de Zurich-
Montpellier; 2) a de Uppsala; 3) a de Raunkaier (Dinamarquesa); 4) a “Híbrida”,
sendo a mais notável dentre esta última, a escola Britânica de Poore. Estes mesmos
autores, assim como GOODALL (1978), comentam que a maioria das classificações
da vegetação tem se baseado em métodos subjetivos, mas desde a década do 60,
com a chegada dos computadores, existe uma tendência crescente do uso de
métodos numéricos, descritos como “objetivos”.
O trabalho de Raunkiaer, citado anteriormente, cujo propósito é classificar e
caracterizar as distintas formas de vida das plantas, baseando-se na posição das
gemas e brotos no inverno (RAMÍREZ, 1999), tem sido uma base para classificações
em vários países. Raunkiaer definiu cinco grupos, conhecidos como formas de vida
(RAMÍREZ, 1999):
a) Fanerófitas: com gemas de renovo em galhos acima de 50 cm de altura
(árvores e arbustos grandes se enquadram nesta categoría).
b) Caméfitas: com suas gemas em galhos abaixo de 50 cm de altura.
c) Hemicriptófitas: as gemas de renovo no nível do solo.
d) Criptófitas: suas gemas de renovo permanecem abaixo do nível do solo, da
água ou da lama.
e) Terófitos: suas gemas estão nas sementes, já que a planta morre ao produzi-
las.
As plantas do Brasil possuem todas as formas de vida, pois o país apresenta
condições ecológicas extremamente variadas, desde o ambiente equatorial ao
temperado do Planalto Meridional. No Brasil, utiliza-se esta classificação com uma
26
“modificação nas sub-formas de vida proposta por Ellenberg e Muller-Dombois
(1966), incluindo-se a classe “xeromórfito” proposta por Rawitscher (1943/4); para
designar uma forma vegetal da Savana (Cerrado) de “Emas” de São Paulo” (IBGE,
1991a). Vários autores com suas “pesquisas fitogeográficas têm influenciado a
classificação adotada para a vegetação do Brasil, como Tansey e Chipp (1926),
Trochain (1955), UNESCO (1973) e Rizzini (1979)” (IBGE, 1991a).
Entre as classificações fitogeográficas desenvolvidas por autores brasileiros
destacam-se as de Sampaio (1940) e a de Veloso e Góes-Filho (1982). O Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, seguindo esses trabalhos, adaptou um
sistema de classificação universal à vegetação brasileira, de onde foram retirados a
nomenclatura e os conceitos ligados à geografia botânica (IBGE, 1991a).
A classificação da vegetação brasileira, agrupada na forma de um Sistema
Fitogeográfico, consta atualmente de: i) 9 Regiões Fitoecológicas ou tipos de
vegetação (Floresta Ombrófila Densa, Aberta e Mista, Floresta Estacional
Semidecidual e Decidual, Campinarana, Savana [Cerrado], Savana-Estépica e
e/ou lacustre); iii) 19 Áreas de Tensão Ecológica ou Contatos Florísticos; iv) 2
Refúgios Vegetacionais (montanos e alto-montanos); e, v) 3 Áreas Antrópicas
(vegetação secundária, agropecuária e reflorestamento) (IBGE, 1991a).
2.2.1 Fitossociologia
Segundo MUELLER-DOMBOIS e ELLENBERG (1974), a fitossociologia é um
ramo da geobotânica que se ocupa do estudo da “composição, desenvolvimento,
distribuição geográfica e relações meio ambientais das comunidades de plantas”. Os
sinônimos europeus deste termo, também europeu, são: geobotânica sociológica,
ciência da vegetação e sociologia de plantas. Os sinônimos anglo-americanos são:
sinecologia e ecologia de comunidades. A fitossociologia tem estreita relação com a
Fitogeografia e as Ciências Florestais e apóia-se, fundamentalmente, na Taxonomia
Vegetal (MARTINS8, apud GALVÃO, 2005).
8 MARTINS, F. Esboço histórico da Fitossociologia Florestal no Brasil. Anais. XXXVI Congresso
Brasileiro de Botânica, 1990. p. 33-58.
27
Para SILVA e SCARIOT9, citados por GOMIDE et al. (2005), estudos
fitossociológicos, florísticos e estruturais de remanescentes florestais são
extremamente importantes, sendo o ponto inicial para adoção de critérios e
metodologias visando seu manejo, conservação e recuperação.
LAMPRECHT (1964) menciona que mesmo não havendo uma metodologia
padrão para analisar as comunidades florestais, que são basicamente produtos da
diferença de tolerância das espécies em relação ao meio (amplitude ecológica) e da
heterogeneidade do meio, qualquer procedimento que se adote deve cumprir os
seguintes requisitos:
a) dar uma visão representativa da estrutura da floresta estudada;
b) ser aplicável a qualquer tipo de comunidade florestal;
c) os resultados devem estar livres de influências subjetivas;
d) resultados de diferentes análises ou de diferentes comunidades florestais
devem ser passíveis de comparações entre si;
e) serem aplicáveis métodos estatísticos na compilação e comparação dos
resultados.
Inúmeras variáveis fitossociológicas podem ser usadas, mas sua utilização
dependerá do objetivo do levantamento e das informações obtidas no campo
(GALVÃO, 2005).
2.2.1.1 Suficiência de amostragem florística
Para determinar se o esforço amostral foi suficiente para representar
adequadamente uma determinada comunidade vegetal, MUELLER-DOMBOIS e
ELLENBERG (1974) mencionam que devem ser analisadas as curvas “espécie/área”
(ou “do coletor”) e “da média corrente de espécies” que indicam qual é a área
mínima de levantamento. O ponto onde as curvas se tornam praticamente
9 SILVA, A.; SCARIOT, A. Composição florística e estrutura da comunidade arbórea em uma floresta
estacional decidual em afloramento calcário (Fazenda São José, São Domingos, GO, bacia do Rio Paraná). Acta Botânica Brasílica, São Carlos, v. 17, n. 2, p. 305-313. 2003.
28
horizontais é considerado como a área mínima. Neste caso, um aumento da área de
amostragem não implicaria em um acréscimo significativo no número de espécies.
A curva do coletor mostra o surgimento das categorias taxonômicas inéditas
no decorrer do levantamento. Recomenda-se que na construção desta curva exista
uma relação entre as escalas dos eixos de 1:1 e que nos intervalos do eixo das
ordenadas (Y) as espécies sejam plotadas de 10 em 10 unidades (RODAL et al.,
1992).
A curva da média corrente de espécies é construída com base no número
médio acumulado de espécies por área (MUELLER-DOMBOIS e ELLENBERG,
1974). A partir da última média acumulada delimita-se uma faixa de variação de 5%.
Recomenda-se que essa faixa contenha como mínimo 10% das unidades amostrais
(GALVÃO, 2005).
Um outro índice que também fornece uma indicação da suficiência e
representatividade da amostragem é o Índice de Espécies Raras (IER) (GALVÃO et
al., 2002). Este índice representa a percentagem do número de espécies
amostradas com apenas um indivíduo em relação ao número total de espécies
amostradas. McINTOSH10, citado por GALVÃO et al. (2002), indica que se este valor
é alto significa que existe uma tendência de que espécies deixem de ser amostradas
em função de sua raridade de ocorrência. CAVASSAN et al.11, citados por GALVÃO
et al. (2002), mencionam que valores entre 25 e 39% são toleráveis e conferem
confiabilidade a um processo amostral.
2.2.1.2 Estrutura horizontal
Para GALVÃO (2005), a estrutura horizontal diz respeito à distribuição
espacial de todas as espécies que compõem uma comunidade. As principais
medidas quantitativas utilizadas para expressá-la são as seguintes:
10 McINTOSH, R. The background of ecology: concept and theory. New York: Cambridge
University Press, 1985. 383 p. 11 CAVASSAN, O.; CÉSAR, O.; MARTINS, F. Fitossociologia da vegetação arbórea da Reserva
Estadual de Bauru, Estado de São Paulo. Revista Brasil. Bot., São Paulo, v. 7, n. 2, p. 91-106. 1984.
29
i) Densidade: corresponde ao número de indivíduos de cada espécie ou do
conjunto de espécies que integram uma comunidade vegetal por unidade de
área, geralmente hectare. Densidade absoluta é o número total de indivíduos
de uma mesma espécie por unidade de área e a densidade relativa expressa a
participação de cada espécie em relação ao número total de indivíduos de
todas as espécies, ou seja:
Densidade absoluta (DA) = ni
Densidade relativa (DR) = 100*Nni
ni = Número de indivíduos da espécie i por hectare
N = Número total de indivíduos por hectare
ii) Freqüência: É um conceito estatístico relacionado com a uniformidade da
distribuição das espécies e expressa o número de ocorrências de uma dada
espécie nas diversas parcelas alocadas (GALVÃO, 2005).
A freqüência absoluta de uma espécie é obtida pela percentagem das parcelas
em que a espécie ocorre. A freqüência relativa é calculada com base na soma
total das freqüências absolutas para cada espécie:
Freqüência absoluta (FA) = % de parcelas em que ocorre uma espécie
Freqüência relativa (FR) = 100*
1∑
=
m
ii
i
FA
FA
FAi = Freqüência absoluta da espécie i
m = número total de espécies
iii) Dominância: Também conhecida como cobertura, foi definida originalmente
como a área de projeção vertical da copa por espécie e por unidade de área,
embora em seu cálculo geralmente se utilize a área basal, já que existe uma
forte correlação entre ambas e pela facilidade de obtenção. A dominância
procura expressar a influência de cada espécie na comunidade através de sua
biomassa (GALVÃO, 2005). MUELLER-DOMBOIS e ELLENBERG (1974)
30
mencionam que é uma medida de grande significância ecológica, uma vez que
fornece uma melhor aproximação da biomassa das plantas do que o número de
indivíduos. Estes mesmos autores indicam que uma outra grande vantagem da
cobertura como medida quantitativa, é que quase todas as formas de vida das
plantas, desde árvores até musgos, podem ser avaliadas pelo mesmo
parâmetro e, desta maneira, ser comparáveis. Isto não é aplicável à densidade
ou à freqüência. No entanto, a cobertura pode ser medida de diferentes
maneiras, dependendo do tipo de vegetação e dos objetivos do estudo.
Dominância absoluta (DoA) = ∑=
n
iig
1
Dominância relativa (DoR) = 100*GDoA
gi = Área transversal da espécie i (m2/ha) = ( ) 4/* 2DAPπ
n = número de indivíduos da espécie i
G = Área basal total para o conjunto das espécies (m2/ha) = ∑=
m
iiDoA
1
m = número de espécies da comunidade vegetal
iv) Valor de Importância: Para LAMPRECHT (1964) o estudo da densidade, da
freqüência e dominância revela aspectos essenciais da composição florística da
floresta, mas sempre são enfoques parciais que, em forma isolada, não
fornecem a informação requerida sobre a estrutura florística da vegetação no
conjunto. Um método para integrar estes três aspectos parciais consiste no
cálculo do Valor de Importância (VI). Segundo CASTRO12, citado por RODAL et
al. (1992), este valor permite estabelecer a estrutura dos táxons na
comunidade, separar diferentes tipos de uma mesma formação, assim como
relacionar a distribuição das espécies em função dos fatores abióticos. É
calculado por:
12 CASTRO, A. Florística e fitossociologia de um cerrado marginal brasileiro, Parque Estadual
de Vaçununga, Santa Rita do Passa Quatro-SP. 1987. 283 p. Campinas. Tese de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas.
31
VI = DR + FR + DoR
VI = Valor de importância
DR, FR e DoR = densidade, freqüência e dominância relativa, respectivamente.
GALVÃO (2005) menciona que existe a alternativa de calcular o Valor de
Cobertura (VC), somando os valores relativos apenas da densidade e
dominância que, segundo GOMIDE et al. (2005), define o grau de cobertura na
comunidade florestal.
VC = DR + DoR
VC = Valor de Cobertura
DR e DoR = densidade e dominância relativa, respectivamente
Os valores de importância e de cobertura se divididos respectivamente por 3 e
2, resultam em porcentagem de importância (PI) e porcentagem de cobertura
(PC) (GALVÃO, 2005).
Existe um outro valor conhecido como Valor de Importância Ampliado (VIA),
proposto por LAMPRECHT (1964) e usado por vários autores como FINOL
(1971), LONGHI (1980) e RONDON NETO et al. (2002), que adiciona ao Valor
de Importância, variáveis próprias da estrutura vertical como é a posição
sociológica e a regeneração natural. Segundo FINOL (1971) este VIA reflete
melhor o que caracteriza as florestas, situação que não é captada quando
apenas se consideram variáveis horizontais. A definição do VIA é como segue:
VIA = VI + PSR + RNR
VIA = Valor de Importância Ampliado
VI = Valor de Importância
PSR = Posição Sociológica Relativa
RNR = Regeneração Natural Relativa
32
FINOL (1971) menciona que este VIA, quando tomado em porcentagem,
conhecido como Porcentagem de Importância Ampliada (PIA), ressalta mais a
ordem de importância fitossociológica das espécies e permite saber, no caso
que se incluam na análise as variáveis de estrutura vertical, se esta melhorou
ou não seu valor relativo dentro da floresta, mesmo tendo conservado a mesma
posição de importância.
v) Índice de Sociabilidade: Diferentemente da freqüência, que expressa a relação
dos indivíduos com a distribuição no espaço que ocupam, a sociabilidade ou
dispersão refere-se à relação dos indivíduos entre si (DAUBENMIRE13, apud
GALVÃO, 2005), e indica o grau de agregação de cada espécie que compõe a
comunidade estudada.
100*
=
i
im
FAD
IS
IS = Índice de Sociabilidade
Dmi = densidade média da espécie i por parcela
FAi = Freqüência absoluta da espécie
Há outro índice, conhecido por Índice de Agregação de McGuinnes (IGA), que
segundo SEGER et al. (2005), é calculado através da seguinte fórmula:
IGAi = Di / d
IGAi = Índice de Agregação de McGuinnes para a espécie i
Di = Número total de indivíduos da espécie i / número total de parcelas
−−=
1001ln iFAd
FAi = Freqüência absoluta da espécie i
ln = logaritmo natural em base e 13 DAUBENMIRE, R. Plant communities. A textbook of plant synecology. New York: Harper &
Row, publishers, 1968. 300 p.
33
No caso de:
IGA < 1,0 a distribuição é uniforme
IGA = 1,0 a distribuição é aleatória
1,0 < IGA < 2,0 a distribuição tem tendência ao agrupamento
IGA > 2,0 a distribuição é agregada
2.2.1.3 Estrutura vertical
A estrutura vertical refere-se ao arranjo das diferentes sinúsias que integram
uma comunidade vegetal (GALVÃO, 2005). Em diversas florestas nota-se com
freqüência uma diferenciação vertical ou estratificação, que segundo WHITTAKER14,
citado por SANQUETTA (1995), é determinada, principalmente, pela resposta ao
decréscimo da disponibilidade de luz ao longo do perfil vertical da floresta.
A posição sociológica das árvores ou, estrutura vertical da floresta, é um
parâmetro normalmente empregado em levantamentos fitossociológicos. Uma
espécie terá assegurado seu lugar na estrutura e composição de uma comunidade
vegetal se ela se encontra representada em todos os estratos. Esta regra não é
válida para espécies que por suas próprias características pertencem a estratos
inferiores, com pouco desenvolvimento e muito tolerantes à sombra, e que,
provavelmente, sempre serão parte de sua composição (GALVÃO, 2005). Para
FINOL (1971) é precisamente este critério o que tem permitido atribuir um valor a
cada estrato, baseando-se, para isto, no número de árvores de cada estrato
expresso em porcentagem do total geral das árvores dos estratos da floresta. Em
geral, pode-se concluir, segundo esse critério, que, quanto mais regular seja a
distribuição dos indivíduos de uma espécie na estrutura vertical de uma floresta
(diminuição gradual do número de árvores à medida que se sobe do estrato inferior
ao superior), tanto maior será o seu valor na posição sociológica relativa.
Vários autores mencionam que é recomendável considerar a Posição
Sociológica (PS) em estudos estruturais das florestas, conhecida também como
“expansão vertical” das espécies segundo é definida por LAMPRECHT (1964), além
14 WHITTAKER, R. Community and ecosystems. New York: MacMillan Publishing. 1975. 385 p.
34
dos parâmetros de estrutura horizontal, pois as espécies ficam mais corretamente
situadas na ordem ecológica que lhes corresponde, o que permite uma planificação
silvicultural das florestas sobre bases mais reais (FINOL, 1971; GALVÃO, 2005).
Neste sentido, FINOL (1971) menciona “que os estudos efetuados por Curtis e
McIntosh que propõem o Valor de Importância, como a soma da DR, DoR e FR,
verdadeiramente não permitem uma informação completa sobre as florestas
tropicais, devido a que incorporam apenas a análise da estrutura horizontal o que
não reflete cabalmente o que verdadeiramente caracteriza as florestas: sua grande
heterogeneidade e sua grande irregularidade”.
Para LAMPRECHT (1964), o primeiro passo em um estudo da posição
sociológica, é a “definição dos diversos estratos de copas que possam existir, o que
às vezes resulta difícil dada a mistura intensa das copas na direção vertical em
muitas florestas tropicais”. Este mesmo autor menciona que a posição sociológica de
uma árvore não é nenhuma função direta de sua altura total, mas sim, é determinada
pela expansão vertical em relação à de seus vizinhos.
LAMPRECHT (1964) define os estratos da floresta da seguinte maneira:
a) Estrato superior: árvores cujas copas formam o dossel mais alto da floresta.
b) Estrato médio: compreende as árvores cujas copas encontram-se debaixo
do dossel mais alto, mas que estão ainda na metade superior do espaço
ocupado pela vegetação arbórea.
c) Estrato inferior: as copas dos indivíduos deste estrato encontram-se na
metade inferior do espaço ocupado pela floresta, mas têm contato com o
estrato médio.
d) Sub-bosque: estrato onde predominam arbustos e pequenas árvores abaixo
do estrato inferior.
Por outro lado, SANQUETTA (1995), indica que a avaliação da estrutura
vertical é importante, uma vez que pode ser de grande valia para o manejo, e o
reconhecimento dos seus estratos é um dos principais elementos do estudo da
estrutura vertical.
Uma metodologia para analisar a estratificação florestal é o denominado
método “diagrama h-M”, proposto por SANQUETTA (1995), que é uma modificação
do método “diagrama M-w”, originalmente proposto por Hozumi (1975). No
35
“diagrama h-M” é inserida a variável altura, ao invés do peso (w), que expressa com
mais propriedade a estratificação vertical da floresta. Com este diagrama h-M é
possível caracterizar a estrutura vertical da floresta como um todo e também das
diferentes populações e identificar o comportamento ecológico e o hábito das
espécies (SANQUETTA, 1995; SANQUETTA et al., 2002).
Para CORAIOLA (1997), que concorda com o expressado por LAMPRECHT
(1964), a identificação dos diferentes estratos e, principalmente, a medição das
alturas totais em florestas naturais é uma tarefa extremamente difícil, o que “dificulta
a obtenção de equações matemáticas (relações hipsométricas), que expliquem de
maneira eficaz o comportamento da variável altura em função do DAP das árvores,
principalmente quando se considera a floresta como um todo”.
FINOL (1971), entretanto, indica que a inclusão da estrutura vertical, nos
estudos estruturais efetuados, permite um diagnóstico mais acertado sobre o
dinamismo e o estágio de desenvolvimento atual das florestas naturais tropicais, o
que favorece uma melhor planificação.
2.2.1.4 Diversidade
Emprega-se, geralmente, a diversidade de espécies como uma importante
medida da heterogeneidade estrutural de uma comunidade. Pode-se medi-la de
várias maneiras: número (riqueza) de espécies; grau de dominância de uma ou
poucas espécies; número de espécies raras; número de espécies exóticas;
estratificação vertical das espécies; número de formas de vida, etc. Estas medidas
de diversidade de espécies são usadas para ajudar na interpretação dos
mecanismos que operam em uma comunidade (FORMAN e GODRON, 1896).
Para KREBS15, citado por RODAL et al. (1992), a diversidade de uma
comunidade está relacionada com a riqueza, isto é, com o número de espécies de
uma comunidade, e com a abundância (agora denominada densidade), que
representa a distribuição do número de indivíduos por espécie. Segundo
15 KREBS, C. Ecología: análisis experimental de la distribución de la abundancia. 3ª. Ed. Madrid,
Ediciones Pirámide S.A. 1986. 782 p.
36
WHITTAKER16, citado por MUELLER-DOMBOIS e ELLENBERG (1974), existe a
“diversidade alfa”, que é o número de espécies em uma determinada comunidade, e
a “diversidade beta”, que corresponde ao grau de mudanças na composição de
espécies das comunidades ao longo de um gradiente. Existe a “diversidade gama”,
que segundo FELFILI e REZENDE (2003) corresponde ao número total de espécies
dentro de uma região, que pode também ser medida como “a diferença na
composição de espécies entre habitats similares em regiões distintas”.
Existem vários índices que permitem conhecer a diversidade de uma
comunidade vegetal, e alguns combinam duas ou mais medidas em um único índice
(FORMAN e GODRON, 1986). Dentre os mais usados está o índice de diversidade
de Shannon-Wiener (H’), que combina o número total de indivíduos e a densidade
relativa das espécies (PEET17, apud FORMAN e GODRON, 1986), expressando a
heterogeneidade florística de uma determinada área. KENT e COKER (1992)
apresentam este índice da seguinte maneira:
( )∑=
−=m
iH
1ln*' ϕϕ (H’ pode ser calculado para espécies ou para famílias)
H’esp = Índice de diversidade de Shannon-Wiener para as espécies
H’fam = Índice de diversidade de Shannon-Wiener para as famílias
φ = ni / N
ni = número de indivíduos da espécie i (ou número indivíduos da família i)
N = número total de indivíduos
m = número total de espécies (ou número total de famílias)
ln = logaritmo natural em base e (pode ser usada também outra base)
FELFILI e REZENDE (2003) comentam que este índice assume que os
indivíduos são amostrados de forma aleatória a partir de um conjunto infinitamente
grande, assumindo também que todas as espécies estão representadas na amostra.
Estas autoras mencionam que este índice atribui maior valor às espécies raras e é o
melhor índice para ser usado em comparações. Em geral, situa seus valores entre
16 WHITTAKER, R. Communities and ecosystems. London. Macmillan Co. Collier-Macmillan Ltd.
162 p. 1970. 17 PEET, R. The measurement of species diversity. Ann. Rev. Ecol. Systematics, n. 5, p. 285-307.
1974.
37
1,3 e 3,5 e pode alcançar um valor em torno de 4,5 em ambientes de florestas
tropicais.
2.2.2 Métodos Numéricos de Classificação
Embora a maioria das classificações de vegetação tenha sido baseada em
tentativas mais ou menos subjetivas, existe uma tendência crescente, nas últimas
três décadas, para empregar métodos numéricos em função de sua maior
objetividade. Deve-se entender que esta objetividade significa que, para uma mesma
base de dados, determinado procedimento pode ser aplicado inequivocamente por
qualquer pessoa, com a segurança que os mesmos resultados serão obtidos. Em
outras palavras, a subjetividade é eliminada de uma parte importante do conjunto da
operação de classificação (GOODALL, 1978). Segundo FELFILI e REZENDE (2003),
os métodos objetivos, desenvolvidos utilizando métodos matemáticos e estatísticos –
os chamados “métodos numéricos de classificação” – de maneira semelhante aos
métodos de ordenação, utilizam “técnicas” na busca de padrões e “ordem” em um
grupo de dados de vegetação.
O rápido desenvolvimento da taxonomia numérica tem contribuído para a
criação de métodos paralelos em ecologia das plantas. O amplo campo da
classificação numérica tem permitido aplicá-la nas ciências biológicas, na geologia,
geografia, química, medicina, astronomia, psicologia, sociologia, arqueologia e
história (KENT E COKER, 1992).
Quando uma classificação é aplicada a um conjunto de dados, idealmente, a
estrutura “natural” do grupo deveria ser encontrada. Porém, isto depende do tipo de
agrupamento que apresentem os dados. A aplicação de métodos tradicionais de
ordenação (por exemplo, diagramas de ordenação) sobre um conjunto de dados,
onde a vegetação apresenta uma distribuição “aparentemente uniforme”, dificilmente
conseguirá agrupar diferentes tipos de comunidades, pois os dados de vegetação
estão distribuídos como um continuum. Ainda assim, é possível aplicar métodos
numéricos a este tipo de dados. Nesse caso os indivíduos serão forçados a ser parte
de grupos com limites arbitrários. Por esta razão, alguns ecólogos opinam que a
fitossociologia e a classificação da vegetação são intrinsecamente erradas, já que a
38
vegetação está distribuída como um continuum e, forçar uma classificação produz
resultados enganosos (KENT e COKER, 1992).
Na realidade, a vegetação sempre se situa entre distribuições agrupadas e
uniformes, existindo indivíduos ou grupos de indivíduos na transição entre estes dois
extremos, que têm propriedades (composição florística, estrutura) comuns a mais do
que um desses extremos. Existem controvérsias sobre a interpretação desta
situação. Alguns métodos subjetivos tendem a rejeitar ou ignorar os pontos da
transição, forçando artificialmente a estrutura do grupo. Alguns ecólogos afirmam
que esses pontos são interessantes e possivelmente representam “ecótonos” ou
“áreas de transição” entre as principais comunidades de plantas. A classificação
numérica para uma situação como aquela, determina que todos os pontos sejam
alocados a seu grupo mais próximo. A interpretação para aquele estágio, ou seja,
considerar ou desconsiderar esses pontos intermediários merece uma atenção
especial (KENT e COKER, 1992).
Quando uma classificação numérica é aplicada a um conjunto de dados de
vegetação é porque o pesquisador aventa a hipótese de que alguma estrutura grupal
esteja presente nos dados e que, razoavelmente, existirão tipos de comunidades
diferentes. Para outros pesquisadores a classificação é apenas a partição arbitrária
de um continuum (KENT e COKER, 1992).
Segundo KENT e COKER (1992) vários métodos de classificação numérica
podem ser mencionados:
a) técnicas hierárquicas e não-hierárquicas: as técnicas hierárquicas têm sido as
mais comuns nos últimos 25 anos, sendo a mais comum de todas o uso do
“dendrograma”, porque apresenta os diferentes níveis de similaridade ou
dissimilaridade muito claramente e auxilia as interpretações ecológicas. Os
métodos não-hierárquicos apresentam os resultados em “diagramas de
constelação” e as relações entre os indivíduos alocados nos grupos
determinados não são mostradas.
b) aglomerativos ou divisivos: o método aglomerativo consiste em agrupar um
indivíduo a outros indivíduos e esses grupos formados a outros, até que todos
os indivíduos sejam agrupados em apenas um grupo. Os divisivos consistem
em que a população total é dividida de forma progressiva em pequenos
grupos até que todos os indivíduos se encontrem separados de forma única.
39
c) monotéticos ou politéticos: quando os indivíduos são alocados em grupos
usando todos os dados (politéticos) ou quando a alocação é baseada na
presença ou ausência de uma variável (monotéticos).
d) quantitativos ou qualitativos: a maioria dos métodos aceita estes dois tipos de
dados. O método mais recente que usa este tipo de dados combinados e que
emprega a idéia de pseudo-espécies, é conhecido como TWINSPAN (two
way indicator species analysis).
e) igual ênfase de espécies: a maioria das análises assume que todas as
espécies têm igual importância na análise. Porém é possível dar um peso
baixo a espécies raras e dar um peso mais alto a espécies comuns ou
dominantes na classificação.
f) análise normal e inversa: na análise normal quando os indivíduos ou parcelas
são classificados dentro de grupos com base na sua composição de espécies.
No entanto, a análise inversa é quando os agrupamentos de espécies são
produzidos, com base na sua distribuição, em uma série de amostras ou
parcelas.
g) Análise única ou de união: até pouco tempo muitos métodos analisavam as
parcelas separadamente das espécies e, recentemente, começam a se
utilizar métodos chamados “classificação por união”, que consideram as
parcelas e as espécies simultaneamente.
h) robustez: a idéia da robustez é que a efetividade de um método de
classificação não deveria ser dependente das propriedades de um conjunto
particular de dados e, a técnica deveria fornecer bons resultados na maioria
das aplicações.
2.2.2.1 Análise multivariada aplicada à classificação de vegetação
Diferentes técnicas multivariadas têm sido aplicadas para a classificação da
vegetação. A mais comum de todas é a Análise de Agrupamento (Cluster Analysis),
porém também outras técnicas têm contribuído para aperfeiçoar as classificações
propostas, tais como: a Análise de Componentes Principais, Análise por Fatores,
Análise Discriminante, Análise de Regressão Múltipla e Análise de Correlação
40
Canônica. Todas estas ferramentas de análise multivariada derivam de
procedimentos matemáticos e estatísticos criados para resolver problemas em
múltiplos campos da ciência e, particularmente, têm recebido forte demanda das
áreas biológica e ambiental, onde os fenômenos da natureza respondem a inúmeras
variáveis que seriam muito difíceis de analisar e entender sem estas ferramentas.
Mas um problema persiste, que é a dificuldade de entendimento destas
técnicas que possuem um alto grau de complexidade. Com relação a isto KENT e
COKER (1992) mencionam que devem ser proporcionadas simples, mas claras
explicações destes métodos, tentando manter a soma das dificuldades matemáticas
e estatísticas no mínimo necessário para o seu entendimento. Concluem estes
autores dizendo que outra dificuldade está em como fazer mais atrativo este tipo de
estudos “à maioria dos estudantes e professores que possuem uma fascinação pela
vegetação, as plantas e a ecologia, mas cuja base matemática é inevitavelmente
limitada”.
No Brasil, autores como BATISTA (1990), DA CROCE (1991), LONGHI
(1997), AUBERT e OLIVEIRA-FILHO (1994), FELFILI (1998) e GOMIDE et al.
(2005), empregaram técnicas multivariadas para análises de vegetação.
AUBERT e OLIVEIRA-FILHO (1994) utilizaram a Análise de Correlação
Canônica (ACC) para determinar se existem gradientes na estrutura comunitária da
vegetação do sub-bosque dos plantios experimentais de Eucalyptus spp. e Pinus
spp. que se encontrem correlacionados com a influência das matas vizinhas. Esta
técnica permite a análise direta dos gradientes, pressupondo respostas unimodais,
baseadas na média ponderada dos dados. GOMIDE et al. (2005) também
empregaram esta mesma técnica de ordenação – que é considerada como a mais
difundida no mundo – com variáveis geoclimáticas e uma matriz florística quantitativa
utilizando um índice de valor de cobertura relativizado. Estes autores comentam que
a ACC concilia a análise multivariada com técnicas de regressão múltipla, ordenando
e expressando os dados da vegetação em um gráfico com eixos perpendiculares
entre si.
FELFILI (1998) empregou técnicas de análise multivariada para determinar
padrões de distribuição de espécies em uma mata de galeria no Brasil Central.
Utilizou TWINSPAN (two way species indicator analysis) para efetuar uma
classificação das espécies em função das parcelas em que estas ocorrem e das
41
parcelas em função das espécies que nelas ocorrem e empregou DECORANA
(detrended correspondence analysis–DCA) que é uma análise de correspondência
por segmentos para efetuar a ordenação.
DA CROCE (1991) empregou a técnica de Componentes Principais (CP) para
uma caracterização espacial e fitossociológica de uma área de floresta com
araucária no Estado de Santa Catarina. Também esta técnica é muito difundida e,
seus objetivos mais importantes são: i) geração de novas variáveis que podem
expressar a informação contida no conjunto original de dados; ii) reduzir a
dimensionalidade como pré-requisito às análises futuras; e, iii) eliminar do conjunto
original de dados variáveis que não tenham influência referente à variação total
(PLA18, apud DA CROCE, 1991).
BATISTA (1990) e LONGHI (1997) utilizaram as técnicas de Análise de
Agrupamento (ou de Cluster Analysis) e de Função Discriminante. O primeiro
pesquisador utilizou estas técnicas para estudar o planejamento de extensão
florestal. O segundo as empregou para uma análise fitossociológica de comunidades
florestais em uma floresta com araucária no Estado de Rio Grande do Sul. A análise
discriminante é uma técnica que reduz o número de medidas realizadas para um
número menor de parâmetros que são funções linearmente dependentes das
medidas originais (ANDERSON19, apud LONGHI, 1997).
2.2.2.2 Análise de agrupamento
Os métodos ou técnicas que têm sido empregados para classificar e
identificar grupos de objetos são conhecidos como análise de agrupamento ou
Cluster Analysis. “Um dos primeiros a usar este tipo de procedimento foi
Czekanowski (1909), aplicado à classificação de material etnológico, mas foram
ecologistas poloneses, como Motyka, (1947) e Matuszkiewicz (1956), que os usaram
para a classificação de vegetação” (GOODALL, 1978).
18 PLA, L. Método de componentes principales. Monografía Científica No 27. Serie de Matemática,
Secretaria General de la Organización de los Estados Americanos (OEA). Washington D.C. 1986. 89 p.
19 ANDERSON, A. An introduction to multivariate statistical analysis. 2.ed. New York: John Wiley & Sons. 1971.
42
A análise de agrupamento engloba uma variedade de técnicas e algoritmos,
cujo objetivo é separar objetos em grupos similares (BASSAB et al., 1990). O
problema que a análise de agrupamento pretende resolver é que “dada uma amostra
de n objetos (ou indivíduos), cada um deles medido segundo p variáveis, procurar
um esquema de classificação que agrupe os objetos em g grupos. Devem ser
determinados também o número e as características desses grupos” (EVERITT20,
apud BASSAB et al., 1990).
Um conceito fundamental na utilização das técnicas de agrupamento é a
escolha de um critério que meça a distância entre dois objetos, ou que quantifique o
quanto são parecidos. BASSAB et al. (1990) chamam esta medida de “coeficiente de
parecença” e, indicam que se pode dividi-la em medida de similaridade e de
dissimilaridade. “Na primeira quanto maior o valor observado mais parecidos são os
objetos. Já para a segunda quanto maior o valor observado menos parecidos (mais
dissimilares) serão os objetos. Coeficiente de correlação é um exemplo de medida
de similaridade, enquanto que distância euclidiana é um exemplo de
dissimilaridade”.
Nas últimas décadas os diagramas em árvore, ou dendrogramas, têm se
tornado populares para apresentar os resultados de classificações derivadas de
computador. Um dendrograma é uma ferramenta gráfica para representar as
relações de uma matriz de similaridade (MUELLER-DOMBOIS e ELLENBERG,
1974). “A grande vantagem do dendrograma é mostrar graficamente o quanto é
necessário “relaxar” o nível de parecença para considerar grupos próximos”
(BASSAB et al., 1990).
Uma distinção comum realizada na literatura sobre taxonomia numérica diz
respeito à existência de métodos hierárquicos aglomerativos e divisivos (GOODALL,
1978). A técnica aglomerativa consiste na fusão sucessiva dos indivíduos que se
combinam segundo suas semelhanças, repetindo-se o procedimento até esgotar as
possibilidades de combinação ou até que não fiquem indivíduos isolados (LONGHI,
1997). No entanto, as técnicas divisivas, “partem de um único grupo, e por divisão
sucessiva vão sendo obtidos 2, 3, etc. grupos. O que caracteriza estes processos é
que a reunião de dois agrupamentos em uma certa etapa, produz um dos
20 EVERITT, B. Cluster Analysis. London: Heinemann Educational Books. 1974.
43
agrupamentos da etapa anterior, caracterizando o processo hierárquico” (BASSAB et
al., 1990).
2.2.3 Classificações Propostas para a Floresta Ombrófila Mista
A Floresta Ombrófila Mista, também conhecida como “floresta com araucária”,
ou como “mata-de-araucária ou pinheiral”, é uma vegetação típica do Planalto
Meridional (IBGE, 1991a). A área de ocorrência da araucária era aproximadamente
200.000 km2 (20 milhões de hectares) no Brasil, ou seja, quatro vezes a superfície
do Estado de Santa Catarina (REITZ et al., 1978). No início do século XX cerca de
35% da cobertura vegetal dos estados do sul do Brasil eram representados pela
Floresta Ombrófila Mista (FOM), mas hoje, pelo intenso processo de exploração, as
reservas naturais da araucária encontram-se limitadas a valores estimados entre 2 e
4% da área original (GUERRA et al.21 apud PUCHALSKI et al., 2006). Segundo
LEITE (1994) a FOM, hoje, encontra-se reduzida a 20.000 km2.
A FOM é uma unidade fitoecológica que contempla a “coexistência de
representantes das floras tropical (afro-brasileira) e temperada (austro-brasileira), em
marcada relevância fisionômica de elementos Coniferales e Laurales” (RODERJAN
et al., 2002), onde domina Araucaria angustifolia (araucária, pinheiro-do-paraná).
Segundo IBGE (1991a) a presença de gêneros primitivos como Drymis e Araucaria
(Australásicos) e Podocarpus (Afro-Asiático), sugere, em face da altitude e da
latitude do Planalto Meridional, uma ocupação recente, a partir de refúgios alto-
montanos, apresentando quatro formações diferentes: i) Aluvial, em terraços antigos
situados ao longo dos flúvios; ii) Submontana, de 50 até mais ou menos 400 m de
altitude; iii) Montana, de 400 até mais ou menos 1.000 m de altitude; e, iv) Alto-
montana, quando situadas a mais de 1.000 m de altitude.
No Estado de Santa Catarina as florestas com araucária se distribuíam por
quase todo o planalto, sendo, porém, interrompidas a cada passo pelos campos
naturais que formavam ilhas de tamanhos diferentes (KLEIN, 1960). Atualmente,
21 GUERRA, M.; SILVEIRA, V.; REIS, M.; SCHNEIDER, L. Exploração, manejo e conservação da
araucária (Araucaria angustifolia). P. 85-102. In: Sustentável Mata Atlântica: a exploração de seus recursos florestais. São Paulo: SENAC. 2002.
44
restam apenas pequenos núcleos destas florestas e o espaço florestal encontra-se,
em sua maioria, coberto por formações secundárias ou por florestas degradadas
pela retirada de espécies comerciais do seu interior (REIS, 1993).
Este último autor menciona que os estudos sobre as florestas catarinenses
começaram mais sistematicamente na década de 50, destacando-se uma “série de
trabalhos que aplicaram um sistema modificado de Braun-Blanquet, de Veloso e
Klein (1957, 1959, 1961, 1963, 1968)”, ou outras que “visaram a caracterização de
associações mediante composição e fitofisionomia de Klein (1960, 1961, 1967,
1979, 1980, 1990)”. Todo este conhecimento ainda não foi capaz de produzir uma
mentalidade de valorização das florestas nativas. Além disso, este autor comenta
que “as unidades de conservação de cunho governamental até hoje propostas para
esta região constam em sua maioria apenas no papel que as decretou, carecendo
totalmente de planos de manejo para a sua conservação”, o que coincide com a
avaliação efetuada por LIMA et al. (2005), já comentada no item 2.1.2.1.
Segundo REIS (1993), a Floresta Ombrófila Mista tem recebido “muitas
denominações ao longo do tempo: Zona dos Pinhais (Reitz, 1965); Floresta Pluvial
Subtropical (Veloso, 1966); Formação Araucária (Klein, 1960); Floresta de Araucária
sucessional foram publicadas, tentando explicar o porquê da presença dos
diferentes estágios encontrados e o provável desenvolvimento futuro dessas
associações, temas fundamentais para o planejamento dos tratos silviculturais no
marco do manejo florestal de uma área. As pesquisas do professor Roberto Klein,
que abordam esta temática são, por este fato, de absoluta transcendência. Na
Figura 1 apresenta-se um esquema das principais direções sucessionais na Floresta
Ombrófila Mista (Floresta com Araucária), proposto por KLEIN (1960).
47
Araucarietum
MATA PLUVIAL
Várias associações
Ocotietum – Sloanietum
Ocotietum – Araucarietum
Araucarietum – Ocotietum
Ateleietum
Clethretum
Schinusietum
Siphoneugenietum
Capsicodendretum
Myrceugenietum
Campomanesietum
CAMPO CAMPO
PRINCIPAIS VIAS DE SUCESSÃO NA
FORMAÇÃO DA ARAUCÁRIA
PRISSERA
HIDROSSERA XEROSSERA
FIGURA 1 – PRINCIPAIS DIREÇÖES SUCESSIONAIS NO PLANALTO SUL-BRASILEIRO
Fonte: KLEIN (1960)
48
2.3 AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO
Algumas definições fornecidas pela literatura postulam que a Avaliação
Multicritério (AMC) ou Multicriteria Analysis (MCA) é uma ferramenta matemática e
de auxilio à decisão que permite a comparação de diferentes alternativas ou
cenários conforme muitos critérios, com freqüência opostos, com o propósito de
orientar a tomada de decisão na direção de uma escolha acertada (ROY22, apud
CHAKHAR e MARTEL, 2003). Qualquer que seja a definição, geralmente, assume-
se na AMC que a tomada de decisão deve se basear em opções diferentes,
“alternativas” ou conjunto de alternativas. Selecionar uma alternativa dentre este
conjunto depende de muitas características, freqüentemente opostas, denominadas
“critérios” (CHAKHAR e MARTEL, 2003).
Para BARREDO (1996) o propósito da AMC é pesquisar um número de
alternativas à luz de múltiplos critérios e objetivos em conflito, gerando “soluções
compromisso” e hierarquizações das alternativas de acordo com seu grau de
atração. A tomada de decisões multicritério pode ser entendida como um mundo de
conceitos, aproximações e métodos, para auxiliar as instâncias decisórias a
descrever, ordenar, hierarquizar, selecionar ou descartar objetos com base em uma
avaliação de acordo com vários critérios que podem representar objetivos, metas,
valores de referência, níveis de aspiração ou utilidade.
Os problemas multicritério são comumente categorizados como “contínuos”
ou “discretos”, dependendo do tipo das alternativas, classificando-se como: i)
decisão com múltiplos atributos; e, ii) decisão com múltiplos objetivos (CHAKHAR e
MARTEL, 2003).
Existem várias componentes dentro da AMC, sendo as principais: objetivos;
critérios (fatores e limitantes); regra de decisão; funções e avaliação. Segundo
BARREDO (1996), estas componentes são:
a) Objetivos: na AMC, um objetivo entende-se como uma função a desenvolver;
o objetivo indica a estruturação da regra de decisão ou o tipo da regra de
decisão a utilizar. Os objetivos podem ser múltiplos em determinados
problemas de planejamento, decisão ou localização/atribuição de atividades,
22 ROY, B. Multicriteria methodology for decision aiding. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers.
1996.
49
o que permite projetar uma avaliação “multiobjetivo”. Em avaliações deste tipo
os objetivos podem ser complementares ou conflitantes.
b) Critérios: são aqueles sobre os quais se baseia a tomada de uma decisão que
pode ser medida e avaliada. Quando um critério é espacializado recebe o
nome de “camada”. Os critérios podem ser de dois tipos: fatores e limitantes.
- Fator: é um critério que aumenta ou diminui a capacidade de assentamento
de uma alternativa específica para a atividade considerada, sendo medido,
portanto, em uma escala contínua.
- Limitante: é um critério que restringe a disponibilidade de algumas
alternativas segundo a atividade avaliada; com este tipo de critério excluem-
se várias categorias da camada analisada para a avaliação, ou seja, se gera
uma camada binária (0 ou 1), onde o valor 1 representa as alternativas
passíveis de serem escolhidas para uma atividade e, o valor 0, a não
disponibilidade para essa mesma atividade.
c) Regra de decisão: é o procedimento por meio do qual se obtem uma
avaliação específica, podendo, também, comparar-se, através dessa regra
distintas avaliações, com o fim de mudar algum de seus aspectos caso seja
necessário.
d) Funções: existem as funções de seleção e as heurísticas. Nas funções de
seleção tenta-se classificar as alternativas com relação a uma característica
mensurável. Já a função heurística busca obter uma seleção de apenas
algumas alternativas do conjunto global.
e) Avaliação: Uma vez que a regra de decisão tenha sido estruturada, o
processo de aplicá-la sobre as camadas-critério denomina-se avaliação, que
produzirá, finalmente, o modelo de decisão.
Diferentes modelos de AMC têm sido desenvolvidos durante a segunda
metade do século XX. Diferem, essencialmente, uns dos outros, pela natureza do
procedimento da agregação23, assim como pela maneira pela qual diferentes
alternativas são avaliadas (CHAKHAR e MARTEL, 2003).
23 O termo “agregação” é usado na literatura tanto em SIG como em AMC. Na comunidade de SIG este termo implica agregação espacial, isto é, uma função de combinação que agrega diferentes camadas de mapas. Na comunidade de AMC este termo implica agregação funcional de avaliações parciais das alternativas dentro de uma avaliação global.
50
Na Figura 2 apresenta-se um esquema que mostra uma visão global dos
elementos que constituem o processo da AMC.
CAMADAS TEMÁTICAS
LIMITANTES CAMADA CRITÉRIO 1
MODELO DE DECISÃO
CRITÉRIOS
FATORES
LIMITANTES
OBJETIVO
PROCEDIMENTOS FUNÇÃO DE
SELEÇÃO
REGRA DE DECISÃO
CAMADA CRITÉRIO 3
CAMADA CRITÉRIO 2
FUNÇÃO HEURÍSTICA
Puntuação de Critérios
Superposição
Avaliação Estruturação
Dados espaciais
Juízos de Valor
Conjunto Procedim.
LEGENDA
Fonte: BARREDO (1996)
FIGURA 2 – PROCESSO DA AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO
2.3.1 Integração da Avaliação Multicritério com os SIG
Têm-se procurado diferentes maneiras de tornar mais simples a forma de
administrar e planejar espacialmente determinadas atividades no território. Desde os
anos sessenta, particularmente, vem se desenvolvendo uma tecnologia baseada em
informática para administrar e analisar informações espaciais conhecidas como
Sistemas de Informações Geográficas (SIG), sendo, atualmente, seu objetivo
fundamental, a solução de problemas espaciais complexos (BOSQUE, 1997).
51
As áreas de uso prático de um SIG, na opinião de BOSQUE (1997), são muito
diversas: desde o inventário dos recursos naturais e humanos até o controle e a
gestão dos dados cadastrais e de propriedade urbana e rural (cadastro
multifinalitário); a planificação e a gestão urbana e de equipamentos; a cartografia e
o controle de grandes instalações (rede telefônica, gasodutos, redes de
abastecimento e escoamento de águas, redes de transportes); etc. Embora
inúmeras aplicações práticas tenham mostrado os SIG como poderosas ferramentas
de aquisição, manejo e análise de dados espacialmente georreferenciados, a grande
maioria dos especialistas de pesquisa operacional ou ciência da gestão
compartilham a opinião que um SIG é uma ferramenta limitada no domínio do auxílio
à decisão espacial. Isto se deve, essencialmente, à falta de maior poder analítico
que suas ferramentas proporcionam para trabalhar com problemas espaciais quando
estão envolvidos espaços diferentes com critérios ou objetivos conflitantes
(CHAKHAR e MARTEL, 2003).
As análises espaciais que integram temáticas de diversas esferas tornando-as
compatíveis com múltiplos objetivos é uma área de trabalho recente (início da
década de 90). Quando isto se integra como uma componente que permite analisar
vários critérios simultaneamente é denominada Avaliação Multicritério.
A Avaliação Multicritério é uma das “técnicas empregadas para a tomada de
decisão e a sua integração com os SIG’s foi considerada um avanço significativo em
relação ao procedimento convencional de cruzamento de planos de informação para
a priorização de áreas” (MALCZEWSKI24, EASTMAN25, apud VALENTE e
VETTORAZZI, 2005).
Vários métodos de AMC vêm sendo utilizados no ambiente SIG. Dentre
esses, estão o método de “combinação linear ponderada – CLP” e suas variantes, e
o processo hierárquico analítico. Dentre estes procedimentos a CLP e as operações
de superposição Booleana, como a interseção (E) e união (OU) são consideradas
como as mais comumente empregadas (RINNER e MALCZEWSKI, 2002).
A integração da AMC com os SIG gera uma potente ferramenta para apoiar
processos de análise espacial através da modelagem, em especial para a
24 MALCZEWSKI, J. GIS and multicriteria decision analysis. New York: John Wiley. 1999. 362 p. 25 EASTMAN, J. Decision support: decision strategy analysis. Idrisi 32 release 2: Guide to GIS and
image processing. Worcester: Clark Labs, Clark University. 2001. 22 p.
52
atribuição/localização de atividades, gerando-se uma série de possibilidades de
aplicações. Pode, também, auxiliar de maneira eficaz processos de planejamento
urbano, regional e de ordenação do território, bem como realizar operações de
localização/atribuição levando em conta diversos critérios e múltiplos objetivos
(BARREDO, 1996). Neste mesmo sentido, SHARIFI et al. (2002), comentam que a
integração de SIG e AMC fornece uma técnica poderosa no desenvolvimento de
opções para reduzir os impactos ecológicos e socioeconômicos negativos de ações
não planejadas, assim como para avaliação e visualização de seus resultados.
A estrutura de avaliação gerada pela integração do SIG e da AMC se
aproxima do tipo de planejamento conhecido como planejamento físico, que é
entendido como a previsão e controle do uso do solo mediante uma adequada
distribuição das atividades no território (BARREDO, 1996).
Assim, considerando que este tipo de planejamento possui caráter territorial,
poder-se-ia inseri-lo como tipo regional, chegando-se, de tal forma, a um
planejamento físico-regional. Segundo esse aspecto, pode-se também afirmar que
este enfoque pode, oportunamente, auxiliar processos maiores, como a ordenação
do território. A prospecção espacial de uma estratégia de desenvolvimento
econômico e social implica na integração do planejamento econômico-social com o
planejamento físico, estabelecendo, assim, um sistema geral de planejamento, no
qual, a gestão e a resposta de questões espaciais pode recair sobre os SIG e, sua
integração, sobre técnicas de AMC (BOSQUE, 1997).
Diversas aplicações de AMC integradas com SIG podem ser encontradas na
literatura. No Brasil, PÉRICO e CEMIN (2006) utilizaram esta técnica para a
alocação de um distrito industrial no município de Lajeado–RS, mencionando que
facilitou a percepção da realidade de forma menos subjetiva. Em outra pesquisa –
que poderia ser enquadrada no âmbito de AMC –, MARTINS et al. (1998)
empregaram um SIG para estabelecer corredores ecológicos no município de
Viçosa–MG. VALENTE e VETTORAZZI (2005) utilizaram uma abordagem
multicriterial, comparando dois métodos, combinação linear ponderada e média
ponderada ordenada, para a definição de áreas prioritárias para a conservação e
preservação florestal da bacia hidrográfica do Rio Corumbataí–SP, que se encontra
altamente antropizada.
53
SHARIFI et al. (2002) empregaram SIG e AMC para avaliar alternativas de
localização de limites sustentáveis entre o norte da cidade de Cochabamba (Bolívia)
e o limite sul do Parque Nacional Tunari.
No Chile, RIVERA (2000, 2005) e RIVERA et al. (2002) empregaram a AMC e
SIG para atribuir funções ao território de uma área silvestre protegida na Província
de Valdivia, “X Región de Los Lagos”, integrando múltiplas temáticas e procurando
compatibilizar vários objetivos em conflito. Metodologias semelhantes à desenvolvida
por estes pesquisadores também foram aplicadas nas Reservas Nacionais de
Magalhães (“XII Región del Capitán Carlos Ibañez del Campo”) e do Lago Peñuelas
(“V Región de Valparaíso”). Na “VII Región del Maule”, MENA et al. (2006) utilizaram
estas técnicas para definir a alocação de uma área depositária de lixo, mencionando
que são ferramentas que auxiliam à tomada de decisões nos processos de
planejamento do território.
54
3 MATERIAIS E MÉTODOS
A presente pesquisa se insere no contexto do projeto “Desenvolvimento de
modelos inovadores para o gerenciamento de áreas protegidas: estudo de caso em
uma área de Floresta Ombrófila Mista e seu entorno”, desenvolvido pela Embrapa
Florestas em parceria com a Universidade Federal do Paraná.
3.1 MATERIAIS
3.1.1 Caracterização da Área de Estudo
A área desta pesquisa está situada no planalto da bacia do Rio Uruguai, da
sub-bacia do Rio do Peixe, onde prevalecem as rochas efusivas com predominância
do basalto. A geomorfologia ondulada a ondulada forte da área, deve sua origem
aos derrames superficiais de lavas basálticas extremamente fluidas, que
extravasaram pelas fendas, como resultado de grandes erupções vulcânicas
ocorridas no período triássico, conhecidas como “lavas da Serra Geral” (THOMÉ26,
apud KURASZ, 2005).
No levantamento pedológico realizado na Reserva Florestal Embrapa/Epagri
(RFEE) foram identificadas nove unidades de mapeamento que se distribuem em
quatro ordens: Cambissolos, Gleissolos, Nitossolos e Neossolos. A relação
silte/argila do horizonte B mostra-se baixa em todos os solos (<0,5), retratando um
alto grau de intemperismo. A acidez é extremamente alta em quase todos os solos
(pH < 4,3), a saturação por bases é em sua grande maioria baixa (< 44%), e
apresentam elevados teores de alumínio trocável e matéria orgânica (KURASZ et al.,
2004).
As águas que regam a RFEE têm suas nascentes em um banhado, a 1.100 m
de altitude, no município de Matos Costa, ao norte de Caçador, pouco acima da
localidade de Calmon (KURASZ, 2005).
26 THOMÉ, N. Isto é Caçador. Estudo geográfico do município. Caçador: I. Universal. 1978. 177 p.
55
O clima da área de estudo é mesotérmico (subtropical úmido sem estação
seca), segundo a classificação climática de Köppen do tipo Cfb, isto é, temperado
úmido com uma média de 26 geadas por ano, sendo suas maiores intensidades
entre os meses de maio a setembro, predominando os ventos de direção norte,
secundados pelos de direção nordeste (EMBRAPA/EPAGRI27 e CALDATO et al.28,
apud KURASZ, 2005). A temperatura média anual é de 16,6 ºC, com máxima e
mínima média de 22,5 e 11 ºC, respectivamente, e máxima e mínima absoluta de 38
e -14 ºC, respectivamente. A precipitação média anual é de 1.613 mm (DLUGOSZ et
al., 2005).
A vegetação nativa existente nesta área corresponde a uma das mais
características do Bioma Mata Atlântica, conhecida como Floresta Ombrófila Mista
ou Floresta com Araucária, sendo um dos ecossistemas onde é necessário melhorar
a representatividade em termos de áreas protegidas, quer públicas ou privadas. O
Estado de Santa Catarina possui nove unidades de conservação (seis na categoria
de Parque Estadual e três na categoria de Reserva Biológica), cuja área somada é
aproximadamente 104 mil hectares, equivalente a pouco mais de 1% do território do
Estado (95,4 mil km2) (FATMA, 2007).
3.1.1.1 A Reserva Florestal Embrapa/Epagri
A área da Reserva Florestal da Embrapa/Epagri está em mãos
governamentais há aproximadamente 58 anos, quando através do Decreto n°
25.407, de 30 de agosto de 1948, foi declarada área de utilização pública pela
presença de 10.000 pinheiros e 1.500 imbuias. Pertence formalmente à EMBRAPA,
mas está sob contrato de comodato junto à EPAGRI (Empresa Catarinense de
Pesquisa Agropecuária). Inicialmente foi denominada “Parque Florestal do
Contestado”, sendo inaugurada pela Epagri em 1997 como Reserva Florestal
EMBRAPA/EPAGRI – Caçador (OLIVEIRA et al., 2006).
A RFEE encontra-se localizada ao sudeste do município de Caçador, entre as
coordenadas geográficas 26º50’32,69” e 26º52’36,73” de latitude sul e 50º54’51,69” 27 EMBRAPA/EPAGRI. Parque florestal do Contestado – Plano Diretor. Caçador, SC, 1994. 86 p. 28 CALDATO, S.; LONGHI, S.;FLOSS, P. Estrutura populacional de Ocotea porosa (Lauraceae) em
uma Floresta Ombrófila Mista, Caçador,SC. Ciência Florestal, Santa Maria, v.9, n.1, p. 89-101. 1999.
56
e 51º58’40,36” de longitude oeste, região centro-oeste do Estado de Santa Catarina.
A reserva compreende uma área de 1.194 hectares (Figura 3) (KURASZ, 2005).
A cobertura vegetal existente na RFEE é constituída por um dos últimos
remanescentes da Floresta Ombrófila Mista (FOM), onde se destacam algumas das
espécies que constam na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção (IBAMA,
1992) e, objeto de proibição de corte pela Resolução CONAMA 278, de 24.05.2001,
ou seja: Araucaria angustifolia (araucária), Ocotea porosa (imbuia) e Ocotea
catharinensis (canela-preta), todas na categoria “vulnerável”. Estas espécies, de
grande valor econômico e ecológico, apresentam populações importantes na RFEE
que marcam fortemente a paisagem, como as grandes araucárias, o maior exemplar
de Cedrela fissilis (cedro) ainda remanescente no Sul do Brasil e algumas das
maiores imbuias (OLIVEIRA et al., 2006). “Estas e muitas outras espécies florestais
convivem com inúmeras espécies de menor porte e com rica fauna associada,
algumas também sendo consideradas como vulneráveis ou ameaçadas de extinção”,
devido à enorme fragmentação que vêm sofrendo as formações florestais
associadas ao Bioma da Mata Atlântica (DLUGOSZ, 2005).
FIGURA 3 – LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
BrasilBrasil Estado de Santa CatarinaEstado de Santa Catarina
CaçadorCaçador
Reserva Florestal Embrapa/ Epagri(RFEE)
57
3.1.1.2 O entorno da Reserva Florestal Embrapa/Epagri
Nas propriedades que cercam a Reserva pratica-se agricultura familiar onde,
geralmente, o preparo do terreno é feito com o uso de fogo. Em função disto é
freqüente a exposição da Reserva a incêndios florestais, principalmente devido à
inexistência de aceiros adequados ao longo de um extenso perímetro (17 km) e das
glebas e sub-glebas no interior da área. Por outro lado, os reflorestamentos das
empresas florestais confrontantes representam cerca de 60% do perímetro da
Reserva (KURASZ, 2005).
Devido às dimensões da Reserva Florestal – pouco mais de 1.150 ha – este
fragmento representa um ótimo refúgio para aves e mamíferos de pequeno e médio
porte. No entanto, também é considerado por parte da população do município, o
lugar ideal para suas incursões de caça, além da pesca em rios e açudes, tendo-se
encontrado armadilhas e equipamentos de caça durante trabalhos de campo
desenvolvidos para este estudo nos anos de 2005 e 2006.
3.1.2 Base Cartográfica e Mapas Temáticos
A base cartográfica da RFEE foi confeccionada a partir da digitalização
manual da carta topográfica da DSG (Diretoria de Serviços Geográficos), folha
Caçador SG-22-Z-A-IV-3 em escala 1:50.000, previamente escanerizada. As
informações vetorizadas foram a rede viária, a hidrografia, os pontos cotados e as
curvas de nível, sendo estas duas últimas layers utilizadas para gerar um Modelo
Digital de Elevação (MDE) e, posteriormente, as camadas de altimetria, declividade
e exposição (ROSOT et al., 2006). Adicionalmente utilizou-se fotografias aéreas
verticais, escala 1:25.000, advindas de um levantamento aerofotogramétrico do ano
1979 (KURASZ, 2005; DLUGOSZ, 2005).
Neste estudo foi utilizada esta base cartográfica, além de outros mapas
temáticos (Uso do Solo e Restrições Legais de Uso) gerados para o SIG da RFEE
em projetos anteriores.
Um MDE é uma representação matemática computacional da ocorrência de
um determinado fenômeno espacialmente distribuído numa região limitada da
superfície terrestre (ROCHA, 2002). Entre os interpoladores mais freqüentemente
58
utilizados para a geração de um MDE se encontram o Inverso Ponderado da
Distância, Mínima Curvatura, Krigagem, Triangulação Linear, Shepard e Função de
Base Radial (LANDIM, 2000).
Na RFEE o MDE foi criado com base em um TIN (Triangular Irregular
Network), já que, segundo LANDIM (2000), este método pode ser empregado
quando se deseja interpolar dados topográficos, de modo que a interpolação seja fiel
aos dados originais e quando existe uma distribuição de dados bem regular, todas
condições que se cumpriam neste caso. O MDE considerou curvas de nível (10x10
m) e 10 pontos cotados. A variação do mapa hipsométrico vai de 920 a 1.075 metros
(ROSOT et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2006). Em KURASZ (2005) podem ser
encontrados mais detalhes da geração do MDE.
As classes de Uso do Solo foram obtidas a partir de uma sub-cena do sensor
óptico IKONOS II de fevereiro de 2004. Foram empregadas as quatro bandas
multiespectrais e a banda pancromática, com resolução espacial de 4 e 1 m,
respectivamente, e resolução radiométrica de 11 bits/pixel (DLUGOSZ, 2005). A
composição colorida (Infravermelho próximo-Verde-Azul/NGB), foi definida como
sendo a melhor para reconhecer e identificar as tipologias presentes na área de
estudo. Sobre esta composição e por meio de interpretação visual, utilizando os
parâmetros cor, tonalidade e textura foi possível definir classes de vegetação em
função do estado de desenvolvimento e da composição florística da floresta (Figura
4) (OLIVEIRA et al., 2006; ROSOT et al., 2006).
0 540 1.080 1.620 2.160270Meters
LegendaPredominância de Araucária
Baixa Densidade de Araucária
Bracatinga/ Canela Guaicá
Canelas
Vassourão
Vassourinha
Taquara
Vegetação de Várzea
Várzea
Agricultura/ Fruticultura
Solo Exposto
Lago
Estrada
Galpão
hidrografia
estradas
FIGURA 4 – TIPOLOGIAS DE VEGETAÇÃO PARA A RFEE
FONTE: DLUGOSZ (2005)
59
Os usos do solo e suas superfícies, assim como outras informações
referentes ao georreferenciamento, processo de segmentação da imagem e estágios
sucessionais podem ser encontradas em DLUGOSZ (2005).
O mapa das restrições legais de uso seguiu a Lei 4771 Código Florestal, as
normas estabelecidas pela FATMA (Fundação do Meio Ambiente, SC) e CONAMA,
de forma tal que as superfícies das Áreas de Preservação Permanente (APP),
Reserva Legal própria e Reserva Legal cedida foram calculadas depois da sua
intersecção com a informação de usos do solo (OLIVEIRA et al., 2006). O mapa do
zoneamento proposto por KURASZ (2005) é apresentado na Figura 5.
3.1.3 Equipamentos Empregados no Levantamento de Campo
No processo de execução desta pesquisa foram empregados diferentes tipos
de materiais, tanto na medição de parcelas no campo, como para as análises do
material coletado.
FIGURA 5 – ZONEAMENTO PARA A RFEE
0 540 1.080 1.620 2.160270Meters
Legenda
Pesquisa RPPN
Pesquisa reserva
Transicao
Protecao
Recuperacao
Visitacao
Area agricultavel
Reserva Legal Cedida
Reserva Legal Propria
hidrografia
estradas
FONTE: KURASZ (2005)
60
3.1.3.1 Parcelas temporárias
Na medição das parcelas temporárias foram empregados os seguintes
instrumentos e materiais:
- GPS de navegação (marca Garmin-Etrex, modelo Summit), para localização
das parcelas de amostragem.
- GPS diferencial (marca Trimble, modelo Geoexplorer3), para marcação do
eixo central da parcela.
- Imagens Ikonos II, composições coloridas: falsa cor e NGB.
- Bússola magnética, para apoiar o encontro dos polígonos do meio físico.
- Clinômetro (marca Suunto), para a medição da declividade.
- Trena de 50 m, para medição do eixo central da parcela.
- Trena de 5 m, para medição das faixas laterais de 5 m em cada lado do eixo
da parcela.
- Fita métrica de aço, para medição da Circunferência à Altura do Peito (CAP),
com precisão de 0,1 cm.
- Hipsômetro (marca Haga), para medição de alturas das árvores.
- Calculadora, para cálculo da árvore com CAP médio.
- Mapas de campo, para localizar as parcelas.
3.1.3.2 Coleta e identificação de material vegetal arbóreo
Para a coleta do material botânico foram utilizados os seguintes
equipamentos:
- Podão telescópico (marca Berger), para a coleta das amostras a maior altura.
- Prensa, para transporte e início da secagem do material vegetal.
- Estufa de secagem, do Departamento de Ciências Florestais – UFPR.
3.1.3.3 Coleta, preparação e medição de rolos de incremento
- Bússola magnética, para orientação do trado de incremento antes de retirar o
rolo da árvore.
61
- Trado de incremento (marca Suunto), para retirar os rolos de incremento das
árvores.
- Canudos de refrigerante, para transporte e evitar danos aos rolos de
incremento.
- Lixas de graduação 100, 180 e 220 para o lixamento dos rolos de incremento.
- Lixadora orbital; usando-se lixa 320 para acabamento final.
- Lupa para marcação dos anéis.
- Mesa de medição (marca LINTAB), para contagem de anéis dos rolos de
incremento.
3.1.4 Equipamentos e Programas Computacionais
Os equipamentos e software utilizados nesta pesquisa, pertencentes à
Embrapa Florestas, foram:
- Notebook Toshiba com processador Pentium IV, velocidade de
processamento de 1,4 GHz, 448 MB de memória RAM e monitor de 14 “.
- Impressoras coloridas laser (HP CLJ3700) e jato de tinta (HP deskjet 1200C).
- Câmara fotográfica Digital Pentax com resolução de 3.2 Mega-pixel.
- Software Pathfinder Office (Trimble Navigation Limited) versão 2.8, para
correção diferencial das coordenadas das parcelas do inventário.
- Software ArcView (ESRI) versão 3.2.
- Software ArcGis (ESRI) versão 9.1.
- Software T-SAP, para medição dos anéis dos rolos de incremento.
- Software Mata Nativa 2.01, para análises fitossociológicas dos subgrupos
florísticos.
- Software MSTATG, para ANOVA.
- Software Statistica, para Análise de agrupamentos e discriminante.
62
3.2 MÉTODOS
A metodologia usada para o desenvolvimento desta pesquisa contemplou seis
etapas, explicadas a seguir:
3.2.1 Definição de Classes Homogêneas de Meio Físico
A melhor expressão da produtividade de um sítio está no tipo de vegetação
que cresce nele. Em geral, sítios com boa produtividade terão árvores grossas, altas
e vigorosas, e sítios ruins, o contrário. Áreas extensas, às vezes, são classificadas
sob a mesma tipologia vegetal, mas geralmente sua produtividade é muito diferente
em função das distintas condições topográficas em que a floresta está se
desenvolvendo. Quando, por exemplo, a análise é realizada por métodos visuais,
sobre imagens de satélite ou fotografias aéreas, não é possível distinguir as
mudanças de crescimento que ocorrem em uma floresta, e apenas pode-se dizer
que em uma área existe esta ou aquela tipologia vegetal. Em razão disto, e com o
propósito de tentar captar a variabilidade da vegetação devido às diferentes classes
de produtividade presentes na área da RFEE, decidiu-se realizar uma estratificação
empregando variáveis de meio físico. A hipótese testada assume que classes físicas
iguais deveriam apresentar produtividades semelhantes se estão em
compartimentos edáficos parecidos e dentro da mesma associação vegetal.
Adicionalmente, outro fator são as explorações de madeira ocorridas no
passado que modificaram o desenvolvimento natural da floresta na RFEE, fazendo
com que as condições atuais apresentem alterações difíceis de interpretar dentro da
dinâmica sucessional da vegetação, que por sua vez, afeta a definição e
classificação das associações. Segundo REITZ (1978), a intensa e descontrolada
exploração de madeiras durante mais de 150 anos, marcaram o desenvolvimento do
setor madeireiro, até 1960 quando, começou-se a perceber sua diminuição em
virtude da escassez da matéria prima no Planalto Catarinense. DLUGOSZ (2005)
classifica à RFEE como sendo de estágio inicial (30,8%) e estágio médio (35,9%),
estágios estes afetados por um grau mais alto de intervenção humana. Pode-se
dizer que as classes temáticas de vegetação, definidas por DLUGOSZ (2005) para a
RFEE, apresentam um certo grau de subjetividade, já que dita classificação foi
63
efetuada por interpretação visual, com base nos elementos cor, tonalidade e textura,
conforme se apresentam no dossel.
Além da hipótese que a estratificação de meio físico procurava demonstrar,
este tipo de estratificação permitiu analisar a vegetação com os parâmetros
fitossociológicos típicos, desconsiderando os problemas, já mencionados, de
descaracterização da dinâmica natural por sucessivas intervenções antrópicas e
subjetividade da classificação por interpretação visual.
As variáveis empregadas para a estratificação foram Exposição e Declividade.
A altitude não foi considerada, já que na RFEE a diferença de altitude é de apenas
de 155 m. Segundo WHITTAKER29, citado por MUELLER-DOMBOIS e ELLENBERG
(1974), para faixas de variação de 300 m de altitude, em geral o regime de ar e
temperatura permanece mais ou menos constante ou uniforme, registrando-se
mudanças na vegetação devido a outros fatores ambientais, mas não à altitude. Ao
combinar distintas declividades e exposições geram-se diferentes tipos de sítios ou
posições topográficas dentro do mesmo patamar de altitude (denominado por
Whittaker “gradiente de umidade topográfica”), que variam de úmidos a secos,
dependendo da insolação, da exposição ao vento, ou se são sítios de vale com mais
acúmulo de água ou de encosta com maior ou menor drenagem. Nenhum destes
últimos fatores foi medido nesta pesquisa, mas podem variar ao longo deste
“gradiente de umidade topográfico” que WHITTAKER30, citado por MUELLER-
DOMBOIS e ELLENBERG (1974), denominou como “gradiente complexo” por esta
razão. Assim, foram definidas quatro classes para exposição e três para declividade,
cuja combinação gerou doze classes, além de uma classe que se denominou
“plano”, tendo-se um total de treze classes.
Primeiramente foram criados, em ArcView 3.2, os arquivos raster de
declividade e de exposição empregando-se para isto o TIN da RFEE; em seguida os
valores foram reclassificados segundo as classes citadas na Tabela 3 (item 4.1). O
número de classes considerado foi o menor possível com o intuito de simplificar
análises subseqüentes. As classes de declividade foram escolhidas a partir das
fases de relevo definidas por EMBRAPA (2006), não se considerando as classes
29 WHITTAKER, R. Vegetation of the Siskiyou Mountains, Oregon and California. Ecol. Monographs,
n. 30, p. 279-338. 1960. 30 WHITTAKER, R. Vegetation of the Great Smoky Mountains. Ecol. Monographs, n.26, p. 1-80.
1956.
64
maiores, já que praticamente inexistem na RFEE. As classes físicas foram obtidas
ao se realizar uma soma (álgebra de mapas) dos raster de declividade e exposição
com a ferramenta Raster Calculator do menu Spatial Analyst do ArcMap 9.1.
Nesta estratificação optou-se por não incluir entre as variáveis físicas as
classes de solo, devido à escala do levantamento (1:25.000) e ao baixo número de
amostras de solo analisadas, e, por outro lado, pela necessidade de pesquisar mais
detalhadamente a relação solo-produtividade em ensaios pontuais e com controle
mais efetivo sobre as fontes de variação.
3.2.2 Levantamento de Informação
Tendo como base as classes do meio físico, definidas pela estratificação, foi
planejado um inventário de parcelas temporárias, estruturado em três fases:
3.2.2.1 Inventário-piloto e determinação do número de parcelas
Para definir o número de parcelas que teriam de ser levantadas decidiu-se
realizar um inventário-piloto, que forneceu informações necessárias para determinar
a variabilidade existente em termos de área basal.
DAUBENMIRE31, citado por GALVÃO (2005), indica que o tamanho de uma
parcela depende do tipo de comunidade a ser estudado e, MUELLER-DOMBOIS e
ELLENBERG (1974), mencionam que a área mínima em florestas temperadas,
incluindo vários estratos, varia dentro de limites amplos entre 200 e 500 m2.
WESTHOFF e MAAREL (1978) indicam para florestas tropicais secundarias valores
que variam de 200 a 1.000 m2 e para florestas decíduas temperadas valores entre
100 e 500 m2. Por outro lado, BOLÓS (1990) indica que, embora não se disponha de
determinações confiáveis, para as florestas tropicais, dependendo de qual seja sua
diversidade, a área mínima de uma parcela poderá variar de 500 até 10.000 m2.
Assim, foram estabelecidas, nos meses de dezembro de 2005 e abril de 2006, 48
parcelas de 500 m2 cada e 8 parcelas de 250 m2 cada, totalizando 56 parcelas com
2,6 ha amostrados. O critério foi alocar as parcelas de maior tamanho no estágio
31 DAUBENMIRE, R. Plant communities. A textbook of plant synecology. New York: Harper & Row,
Publishers, 1968. 300 p.
65
médio e avançado e, as de menor tamanho, no estágio inicial, segundo as definições
de CONAMA (1994).
As parcelas nas distintas classes físicas foram alocadas de modo que
existisse uma distribuição homogênea de parcelas sobre toda a área da RFEE.
Utilizou-se a seguinte fórmula de cálculo para definir o número de parcelas ou
tamanho de amostra:
2
22 ..*EVCtn =
onde,
n = tamanho da amostra (ou número de parcelas a serem amostradas)
t = valor estatístico para uma probabilidade determinada e graus de liberdade
definidos
CV = Coeficiente de Variação (%) = 100*
médiaGs
E = Erro de amostragem em percentagem (%)
s = desvio padrão = 2s
( )
11
2
2
−
−=
∑=
m
GGs
m
imédiai
Gi =Área Basal por parcela e por hectare
Gmédia =Área Basal média para o conjunto das parcelas por hectare
m = número de parcelas do inventário-piloto
O erro de amostragem (E) foi definido em 15%, considerado bom para os
objetivos deste estudo que busca uma visão estratégica sobre o território da
Reserva. O valor usado para o erro de amostragem é um valor intermediário entre o
empregado normalmente em inventários de plantações florestais, que é 10%, e o
usado em inventários de florestas naturais, que é de 20%32. O coeficiente de
variação expressa o desvio padrão como porcentagem da média e é considerado
baixo até 10%, médio entre 10 e 20% e alto quando maior que 20% (FELFILI e
REZENDE, 2003).
32 Fernando Cox, Professor da Disciplina de Dasometria II, Universidade do Chile. Comunicação
pessoal.
66
3.2.2.2 Inventário florestal e coleta de amostras
As parcelas temporárias do inventário foram alocadas proporcionalmente à
área ocupada por cada classe física. O número total de parcelas foi definido
considerando três diferentes condições: i) ter no mínimo, uma parcela a cada 20
hectares33 para a área da RFEE coberta com florestas (96%) (1.146 ha), ou seja,
pelo menos 57 parcelas; ii) um mínimo de três parcelas por classe física para
calcular sua variância, ou seja, 39 parcelas; e iii) restrição orçamentária para
amostragem de não mais de 3,5 ha, ou seu equivalente, 70 parcelas.
As classes do meio físico que, na realidade correspondem a polígonos, e as
parcelas neles contidas, foram alocadas de forma aleatória. No campo, as parcelas
foram localizadas por meio de GPS de navegação e indicadas em um mapa com
suas respectivas coordenadas UTM.
Uma vez encontrado no campo o polígono correspondente a uma
determinada classe física se procedia, em primeiro lugar, à confirmação de sua
declividade e exposição conforme constava no mapa, e em segundo lugar, ao
levantamento da parcela, cujas dimensões foram 10 m x 50 m (48 parcelas) e 10 m x
25 m (8 parcelas). O eixo central da parcela origina duas faixas de 5 m cada, o que
facilita e orienta a medição das árvores. Os pontos extremos deste eixo foram
medidos com GPS diferencial e demarcados com estacas e fitas plásticas coloridas
para posterior visita se fosse necessário. Quando os polígonos eram de um hectare,
ou menores que este valor, tornava-se necessário certificar-se de que os limites da
parcela não estavam fora dos limites do polígono. Quando alguma parte da parcela
caía fora dos limites do polígono era sorteado um novo ponto dentro do polígono,
procedimento que se repetia até que a parcela caísse completamente dentro do
polígono.
Em cada parcela do inventário foram mensuradas, para aquelas árvores com
CAP acima de 31,5 cm (ou 10 cm de DAP), as seguintes variáveis:
1. CAP (Circunferência à Altura do Peito).
2. Altura de uma árvore, sendo as demais estimadas visualmente a partir da que
foi medida. O objetivo era definir a estrutura vertical da floresta e não a
33 Fernando Cox, Professor da Disciplina de Dasometria II, Universidade do Chile. Comunicação
pessoal.
67
construção de funções hipsométricas onde são necessárias medidas
precisas.
3. Ponto de inversão morfológica: corresponde à altura do momento em que
uma espécie latifoliada alcança o dossel superior, originando dois ou mais
fustes.
4. Posição Sociológica: foram consideradas três diferentes posições: i) estrato
qualidade (valor 2); e iii) 2,35–3,00: má qualidade (valor 3). Optou-se por realizar
uma classificação da qualidade do fuste por parcela, pelo fato de que o objetivo do
presente trabalho está orientado a definição, em termos espaciais, das funções ou
usos dos diferentes locais. Nesse caso a qualidade da madeira da floresta de uma
área determinada adquire tanto ou mais relevância que a classificação da qualidade
do fuste ao nível de árvore, pois desta forma é possível efetuar um melhor
planejamento do território em questão, uma vez que se incorpora um aspecto
econômico na avaliação do seu valor produtivo.
3.2.4.2 Determinação do incremento periódico anual
O crescimento é o aumento gradual das dimensões (ou peso) de um
organismo, população ou objeto em um determinado período de tempo (DONOSO,
1993; FIGUEIREDO FILHO, 2003). O processo de crescimento e desenvolvimento
só termina com a morte do indivíduo. As árvores possuem diferentes taxas ou
velocidades de crescimento segundo a espécie, bem como o período de vida em
que se encontrem. Nos primeiros anos o incremento em DAP é acelerado e
crescente, alcançando um máximo para logo ser decrescente; a árvore segue
crescendo, mas com taxas decrescentes (DONOSO, 1993).
MACHADO (2005) indica que o incremento é o aumento das dimensões de
uma árvore em uma unidade de tempo. A medição de incremento mais comum no
campo florestal é aquela que considera à variável diâmetro do fuste, que está
padronizada a 1,3 m de altura (conhecida como Diâmetro à Altura do Peito – DAP),
existindo assim incremento em diâmetro, em altura, e seus derivados, como são os
incrementos em área basal e volume. Quando esse incremento ocorre em um ano é
conhecido como Incremento Corrente Anual (ICA). A média dos Incrementos
82
Correntes Anuais de um período qualquer é conhecida como Incremento Periódico
Anual (IPA). O Incremento Médio Anual (IMA), muito empregado também na ciência
florestal, corresponde ao incremento médio de um indivíduo considerando-se toda
sua produção no total de anos ou idade.
Como mencionado no item 3.2.2.2, foram coletados cinco rolos de incremento
por parcela para a medição do incremento periódico dos últimos 10 anos, utilizando
um trado de incremento. Estes rolos foram retirados a 1,3 m de altura (DAP) e todos
em direção sul-norte de maneira a padronizar a extração.
Neste estudo o período considerado para avaliação do IPA foi de 10 anos, já
que se estimou que a árvore de DAP mínimo (10 cm) sempre teria mais de 10 anos.
Tal não aconteceria se o período escolhido houvesse sido maior, já que, por
exemplo, é difícil que uma árvore de rápido crescimento e 10 cm de DAP possa ter
15 ou 20 anos. Isto permitiu que todas as amostras dos rolos de incremento do
inventário tivessem, no mínimo, 10 anos, podendo-se realizar uma comparação
global ou específica entre as amostras para um mesmo período de tempo.
A medição que foi realizada nos rolos de incremento consistiu em medir os
anéis que ficam visíveis na secção transversal uma vez feita sua preparação.
SCHWEINGRUBER (1993) indica que as características macroscópicas de uma
seqüência de anéis são de fundamental importância, já que através deles é possível
obter informação da idade e de muitas outras condições de uma árvore. Além disso,
este autor menciona que as mais importantes características são a largura do anel
de crescimento, a largura do lenho tardio, as variações da densidade, os tecidos
calosos e os tecidos saudáveis.
STOKES e SMILEY (1968) ressaltam que, para a datação, é necessário que
apenas um anel seja gerado por cada estação de crescimento, sendo este o motivo
do termo “anel anual”, devendo-se descartar aquelas espécies que geram mais de
um anel. Embora o crescimento estacional total seja o resultado da interação de
muitos fatores ambientais e genéticos, apenas um fator ambiental é geralmente o
que domina como limitante do crescimento. A variação ano a ano deste fator
climático se reflete na largura dos anéis, porém esta largura não necessariamente é
diretamente proporcional às mudanças experimentadas por esse fator limitante.
Segundo SCHWEINGRUBER (1993) mudanças abruptas na taxa do crescimento
revelam mudanças ocorridas há mais de três anos.
83
O limite de um anel anual deve-se ao contraste entre as últimas células
formadas de lenho tardio (outonal) de uma estação de crescimento e as primeiras
células formadas de lenho inicial (primaveril) da estação de crescimento seguinte
(STOKES e SMILEY, 1968). As proporções de lenho tardio são comumente
específicas para cada espécie (SCHWEINGRUBER, 1993).
Para a determinação do Incremento Periódico Anual dos últimos 10 anos
(IPA10), foram consideradas as recomendações de STOKES e SMILEY (1968) para
várias fases deste trabalho. Em primeiro lugar indicam que o trado de incremento
deve chegar até a medula, que não é necessariamente o centro da árvore, cuidando
para que não se perca a casca e identificando em um envelope o material coletado.
Para facilitar o transporte e evitar a quebra do material foram utilizados canudos de
refrigerante onde o rolo era introduzido.
Como parte da preparação do material, antes de sua medição, os rolos de
incremento, foram colocados em um “porta rolos” de madeira – construídos para
esse fim – e fixados com fita crepe, com o propósito de secá-los ao ar por um
período de duas semanas (Figura 9). STOKES e SMILEY (1968) não aconselham o
uso de estufa porque apurar o processo de secagem aumenta as possibilidades de
fratura e curvatura dos rolos.
Depois do material estar seco, procedeu-se à sua fixação com cola no “porta
rolo” e lixamento de maneira progressiva com quatro diferentes graduações de lixa
(100, 180, 220 e 320). Quando este processo termina, segundo STOKES e SMILEY
(1968), os anéis de crescimento devem ficar visíveis.
As medições foram realizadas na Xiloteca da Embrapa Florestas utilizando
uma lupa com aumento (40X) que se encontra associada a um software que gera
um arquivo que vai acumulando as medições entre anéis. A precisão é de 0,01 mm e
o processo é rápido, embora a acuracidade da medição dependa do operador.
O crescimento dos últimos 10 anos de cada rolo de incremento, foi medido no
sentido casca-medula até o undécimo anel (10 períodos). Compararam-se, através
das médias e dos coeficientes de variação, os crescimentos das espécies na parcela
e entre parcelas, determinando-se valores de produtividade por espécie, por parcela.
A única restrição na coleta de amostras foi que, se em função do tamanho, a
escolha recaía sobre Lithraea brasiliensis (bugreiro), espécie que pode provocar
84
fortes alergias, então a amostra era retirada do indivíduo com o segundo valor mais
próximo da medida obtida.
FIGURA 9 – ETAPAS DO PROCESSO PARA A OBTENÇÃO DO INCREMENTO PERIÓDICO ANUAL DAS PARCELAS DA RFEE
G H I
A B C
D E F
FOTOS: A): PERFURAÇÃO DE UMA ÁRVORE COM TRADO DE INCREMENTO; B) RETIRADA DO ROLO DE INCREMENTO DA ÁRVORE; C) PROTEÇÃO DO ROLO DE INCREMENTO COM CANUDO DE REFRIGERANTE; D) SECAGEM AO AR DOS ROLOS DE INCREMENTO; E) FIXAÇÃO COM COLA EM PORTA ROLO DE INCREMENTO; F) LIXAMENTO DE UM ROLO; G) MARCAÇÃO DO PORTA ROLO COM REFERÊNCIAS A LÁPIS; H) LUPA DE AUMENTO ASSOCIADA A MESA E SOFTWARE DE MEDIÇÃO; I) ROLOS DE INCREMENTO DE DIVERSAS ESPÉCIES.
3.2.5 Técnica de Avaliação Multicritério
3.2.5.1 Seleção de critérios: limitantes e fatores
Os critérios selecionados para a superposição das diferentes camadas
temáticas georreferenciadas e o valor que lhes foi atribuído foram determinados
segundo o conjunto de informações disponíveis. Para a geração das camadas: a)
Áreas de Preservação Permanente; b) Produção e Pesquisa Agrícola; c) Áreas de
Alta Singularidade; d) Pesquisa com Parcelas Permanentes; e) Áreas de Uso
85
Restrito; f) Declividade; g) Efeito Borda; e, h) Proximidade a Caminhos, foi
necessário realizar algumas operações de geoprocessamento no ArcGis 9.1, como
foi a geração de buffers e reclassificações segundo novas classes. Outras, no
entanto, para poder disponibilizá-as tiveram um tratamento específico. Este foi o
caso das camadas de Incremento Periódico Anual e Qualidade de Madeira em Pé,
as quais dispõem de informação do tipo discreto – informação pontual (parcelas) e
não contínua – que para poder ser espacializada requereu o emprego de uma
ferramenta conhecida como polígonos de Thiessen ou polígonos de Voronoi, que
permite gerar áreas de influência (polígonos) em torno de um ponto com o mesmo
valor do ponto em questão. Usou-se esta ferramenta, que é uma técnica de
interpolação exata baseada em pontos, robusta, mas que não têm inteligência
acerca do sistema a ser analisado. Estas duas variáveis (incremento e qualidade),
em geral, não apresentam uma continuidade espacial da variável no campo, o que é
fundamental para o uso de outras técnicas de interpolação que consideram este tipo
de correlações ou dependências (teoria das variáveis regionalizadas), como é a
interpolação por Krigagem (LANDIM, 2000).
No caso da camada dos Grupos Florísticos empregou-se a técnica de
interpolação conhecida como Spline, porque são funções polinomiais que são
ajustadas exatamente a um pequeno número de pontos e que se vão aplicando a
conjuntos de pontos, assegurando que a junção das várias funções é contínua.
Spline também é um tipo de interpolação exata, ou seja, a superfície gerada passa
através de todos os pontos cujos valores são conhecidos. São apropriadas para
superficies suaves. Foi possível observar entre as parcelas relações de continuidade
florística passíveis de serem espacializadas por esta técnica, sendo também
apropriado o seu uso porque no caso desta variável “grupo florístico”, as variações
dentro de cada grupo são pequenas (ou suaves) e o número de pontos dentro do
grupo é pequeno, pelo que deveriam ser obtidas boas estimativas com a aplicação
deste método. Foram testadas diferentes combinações de valores para os
parâmetros de peso e número de pontos que este método requer.
Não foi testado o método de interpolação por krigagem porque não é
recomendado quando as amostras são de populações diferentes e o número de
pontos é menor de 30 (LANDIM, 2000). No caso desta pesquisa a interpolação não
seria realizada considerando todas as parcelas conjuntamente, mas por grupos
86
florísticos, tendo-se, portanto, cinco grupos ou “populações” diferentes e o maior
grupo florístico teve 28 parcelas, e foi, por isto, desconsiderado.
Os critérios limitantes são aqueles dicotômicos, isto é, se permite (valor 1) ou
não se permite (valor 0) realizar alguma atividade em uma determinada área. Os
critérios denominados fatores são critérios que podem ser expressos em um
gradiente, ou seja, em diferentes níveis, não sendo, portanto, dicotômicos.
Como uma forma didática para separar as diferentes temáticas envolvidas no
assunto, tanto limitantes como fatores foram separados em camadas de caráter
legal, social, ambiental e econômico, entendendo-se que algumas delas podem
representar dois ou mais tipos destas componentes ao mesmo tempo.
A Tabela 2 apresenta as limitantes e os fatores selecionados para análise da
Avaliação Multicritério, segundo a separação temática (didática) definida.
TABELA 2 – CRITÉRIOS (LIMITANTES E FATORES) CONSIDERADOS PARA A AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO SEGUNDO UMA SEPARAÇÃO TEMÁTICA
Temática Limitantes Fatores
Legal/Ambiental • Áreas de Preservação Permanente
• Áreas de Uso Restrito
• Declividade
• Efeito Borda
Econômica Produção e Pesquisa Agrícola
• Incremento Periódico Anual
• Qualidade da Madeira em Pé
• Grupos Florísticos
• Proximidade a Caminhos
Social Áreas de Alta Singularidade ___
Operativa Pesquisa com Parcelas Permanentes ___
3.2.5.1.1 Limitantes
No caso das Limitantes foram definidos quatro tipos: Legal/Ambiental,
econômica, social e operativa.
Como limitante legal/ambiental – por sua condição de derivar de
determinações legais e por sua grande relevância ambiental em termos de
preservação – foram consideradas:
87
a) Áreas de Preservação Permanente: definidas segundo o Artigo 2º do
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO, LEI FEDERAL No 4.771/65. Assim,
foram definidas áreas de proteção (buffers) ao redor de nascentes, lagos e
várzeas em uma largura mínima de 50 m e, ao longo de rios, uma faixa de
proteção de 30 m (mínimo requerido para cursos de água de menos de 10 m
de largura, que é o tamanho dos rios existentes na RFEE);
b) Áreas de Uso Restrito: também foram determinadas segundo o CÓDIGO
FLORESTAL BRASILEIRO, LEI FEDERAL No 4.771/65. O Artigo 10 indica
que “não é permitida a derrubada de florestas situadas em áreas de
inclinação entre 25 a 45 graus, só sendo nelas toleradas a extração de toras
quando em regime de utilização racional, que vise a rendimentos
permanentes”. O Artigo 2º determina que também se considerem áreas de
preservação permanente as “encostas ou partes destas com declividade
superior a 45º, equivalente a 100% na linha de maior declividade”. Em função
do anterior, e apesar de existir a possibilidade de realizar algum tipo de uso
em áreas acima de 25º, optou-se por manter as áreas acima deste valor como
áreas de uso restrito, portanto, como camada limitante, não podendo se
realizar dentro dessas áreas nenhum tipo de atividade.
Como limitante econômica, considerou-se as áreas da RFEE que, atualmente,
são utilizadas para produção e pesquisa agrícola. Estimou-se que estas áreas não
mudariam de uso dentro de pelo menos 7 a 10 anos, que é o prazo que se acredita
razoável para que exista continuidade do conjunto das atividades realizadas na
RFEE definidas pelo zoneamento.
Foi determinada uma limitante social, devido aos interessantes atrativos que
possui a RFEE, tanto em termos de paisagem como culturais. Imponentes
exemplares de Cedrela fissilis (7,40 m de CAP), Araucaria angustifolia (6,9 m de
CAP) e Ocotea porosa (5,9 m de CAP) (KURASZ, 2005), que se encontram entre os
maiores do sul do Brasil devem ser resguardados para o seu desfrute e
contemplação pela população. Alguns sítios-habitações da tradição indígena
Taquara encontrados na RFEE são um importante patrimônio cultural que também
deve ser protegido. Nada indica, segundo a legislação, que este tipo de área deve
ser protegido, porém este trabalho procura justamente desenvolver um modelo que
88
integre as temáticas do desenvolvimento sustentável em uma só área e, por esta
razão, criou-se esta camada como limitante. Para estas áreas foi criado um buffer de
30 m, que, acredita-se ser suficiente para proteção do que se denominou Áreas de
Alta Singularidade. Este nome foi tomado de um estudo de paisagem realizado por
FINCKH et al. (1999), que considera estes mesmos tipos de critérios para a sua
definição.
Foi necessário definir uma limitante “operativa” pelo fato não ter sido possível
enquadrá-la em nenhuma das limitantes anteriores. Esta limitante correspondeu às
áreas onde se efetua pesquisa com parcelas permanentes, onde não se deve
exercer nenhuma atividade que não seja a própria da pesquisa. Para as nove
parcelas (2.500 m2 cada) que existem na RFEE, criaram-se buffers de 20 m.
Acredita-se que este valor seja adequado para proteger as parcelas com relação a
outras atividades que possam se desenvolver em suas imediações.
3.2.5.1.2 Fatores
Foram definidos dois tipos de fatores: ambientais e econômicos. Dentre os
ambientais encontram-se:
a) Declividade: este fator foi escolhido porque é muito importante com relação à
susceptibilidade à erosão. Áreas íngremes, com relevo ondulado superior a 9º
são mais susceptíveis à erosão que áreas planas (0 a 3º) que têm pouco (ou
quase nulo) risco de erosão quando utilizadas práticas conservacionistas
simples (PÉRICO e CEMIN, 2006). Foi realizada uma reclassificação das
classes de declividade definidas para este estudo, com base em EMBRAPA
(2006), agrupando as classes menores que 8%. Assim, utilizaram-se três
níveis: menor que 8%, entre 8 e 20% e maior que 20%;
b) Efeito Borda: define-se como uma modificação na abundância (densidade)
relativa e na composição de espécies na parte marginal de um fragmento
(FORMAN e GODRON, 1986). O efeito borda em fragmentos florestais,
resulta primeiramente em diferenças de ventos e intensidade e qualidade de
luz recebida pelo fragmento florestal levando a uma alteração do micro-clima
e a um aumento das taxas de perturbações. As mudanças micro-climáticas
89
mensuráveis estão geralmente limitadas a uma zona de 15 a 60 m, sendo
que, para alguns fenômenos físicos, a penetração máxima é de 100 m,
embora distúrbios causados pelo vento possam influenciar 200 a 500 m de
borda (KURASZ, 2005). Estima-se para o caso da RFEE, que as áreas
florestais internas teriam maior valor ambiental que as da sua parte externa, já
que esse tipo de floresta, ao estar mais distante da borda, poderá manter de
melhor maneira os seus processos naturais e ser melhor preservada, pois os
efeitos das pressões humanas e as interferências de fenômenos climáticos
vão diminuindo quanto mais se penetra no fragmento florestal. Foram
definidos três níveis de distância da borda: i) menor que 450 m; ii) entre 450 e
900 m; e, iii) maior que 900 m.
Os fatores econômicos foram definidos baseando-se no estudo de RIVERA et
al. (2002), com exceção do fator Incremento Periódico Anual que no referido estudo
não foi considerado. Os quatro fatores econômicos foram:
a) Incremento Periódico Anual: é um fator que mede a produtividade florestal de
uma área e chave para o ordenamento florestal que visa rendimentos
sustentáveis. Os valores de incremento foram obtidos com relação à área
basal;
b) Qualidade da Madeira em Pé: na obtenção de produtos madeireiros de uma
área é importante conhecer qual é qualidade das árvores, em termos de
forma e sanidade. Foram definidos os níveis: má, média e boa qualidade;
c) Grupos Florísticos: as diferentes associações de uma floresta apresentam
diversos estágios de evolução e, conseqüentemente, diferentes valores de
área basal, de densidade e de número de espécies. Sob uma perspectiva
econômica, os estágios menos evoluídos foram considerados como mais
importantes, já que são os estágios onde a floresta pode ser conduzida com
mais facilidade para alcançar determinados objetivos de manejo, pois elas
possuem um menor número de espécies e o seu desenvolvimento é mais
rápido. Os estágios mais evoluídos foram considerados menos importantes
pelas razões contrárias, isto é, são os estágios mais complexos para o
manejo florestal, pelo grande tamanho das árvores e o seu elevado número
90
de espécies, pelas relações sinecológicas entre as espécies que são mais
difíceis de entender e, porque requer pessoal muito bem capacitado em
ecologia florestal e silvicultura de florestas naturais para realizar as
intervenções com mínimo impacto;
d) Proximidade a Caminhos: foram consideradas as áreas próximas de
caminhos como as mais importantes sob o ponto de vista econômico, porque
o custo para qualquer tipo de atividade em sua área de influência é mais
baixo do que nas áreas mais distantes. Um dos tipos de exploração
madeireira que menos impacto produz no momento da retirada das toras é
aquele efetuado mediante tração animal, sendo o mais adequado o efetuado
com animais (bois ou cavalos). Os três níveis definidos foram tomados
considerando que a tração animal é ótima em uma distância não superior a
300 m, porém tem sido constatado o seu uso até uma distância de mais de
1.000 m com resultados econômicos aceitáveis (RIVERA et al., 2002). Assim,
os níveis foram: menor que 300 m; de 300 a 600 m; e, maior que 600 m.
3.2.5.2 Matriz de Compatibilidade de Objetivos
O planejamento espacial da Reserva Florestal Embrapa/Epagri (RFEE) foi
desenvolvido considerando os objetivos definidos para a área pela equipe da
Embrapa-Florestas em 2006.
O objetivo principal da RFEE é desenvolver pesquisas em seus ecossistemas
florestais em distintos níveis, incluindo os seguintes objetivos específicos:
a) educação e treinamento
b) preservação florestal
c) produção: madeireira e não-madeireira
d) recreação
Foi possível representar algumas das variáveis associadas a cada um destes
objetivos em coberturas ou camadas de informação georreferenciadas. A
possibilidade de ter georreferenciada grande quantidade de temas permitiu
91
conhecer, com precisão adequada, onde e como se encontravam determinados
recursos.
De acordo com a Avaliação Multicritério, os objetivos podem ser entendidos
como funções a desenvolver e indicam o tipo de regra de decisão a utilizar. Na
aplicação desta metodologia para o presente estudo, os objetivos foram dispostos
em uma matriz conhecida como “Matriz de Compatibilidade de Objetivos” (MCO),
que permite facilmente encontrar compatibilidade e incompatibilidade entre objetivos
e, assim, definir mais claramente a atribuição de usos ou funções a um determinado
território, uma vez realizados os respectivos cruzamentos das camadas de
informação. Os resultados desta matriz permitem saber quais objetivos necessitam
uma atribuição territorial específica e quais não precisam.
O uso desta matriz realizou-se com base nos trabalhos de RIVERA (2000,
2005) e RIVERA et al. (2002), onde a matriz foi empregada para determinar as
compatibilidades entre objetivos e, auxiliar na definição de usos ou funções para o
território de uma área silvestre protegida.
O preenchimento da MCO da RFEE foi realizado pela equipe de trabalho da
Embrapa Florestas em janeiro de 2007.
3.2.5.3 Integração de critérios
Para o processo de integração foi utilizado o software ArcGis 9.1, conforme as
seguintes etapas:
a) Cruzamento de todas as camadas limitantes, gerando-se uma camada de
“Limitantes” (dados transformados para formato raster, com células de
tamanho 10 x 10 metros).
b) Cruzamento dos fatores de natureza ambiental através de soma aritmética
(dados transformados para formato raster, com células de tamanho 10 x 10
metros). Depois de um processo de reclassificação, gerou-se uma camada
temática denominada “Importância Ambiental” (IA), com três níveis.
c) Cruzamento dos fatores de natureza econômica através de soma aritmética
(similar ao cruzamento ambiental). Depois da reclassificação dos valores
92
obtidos, gerou-se uma camada denominada “Importância Econômica” (IE),
com três níveis.
d) Foram cruzadas as camadas IE e IA gerando-se um cruzamento “Ambiental-
Econômico” com nove classes (3x3).
e) O cruzamento anterior (letra d) foi multiplicada pela camada de limitantes,
gerando-se um mapa com 10 classes. Uma classe correspondeu à camada
de limitantes (valor 0) e, as outras 9, receberam um uso segundo a “Matriz de
Compatibilidade de Objetivos” (MCO) como se explica no item 3.2.6.
3.2.6 Proposta de Ordenamento Territorial
Para construir a proposta de ordenamento territorial da RFEE foi necessário
conjugar os resultados da MCO com os cruzamentos efetuados. Para tal realizaram-
se mais duas etapas:
a) Construiu-se uma matriz de 3x3 (9 células), atribuindo-se a ela objetivos
segundo a análise da MCO, os quais indicam usos no território. As células
foram preenchidas, com diferentes objetivos (funções ou usos), sob o critério
de realizar uma escolha coerente com os níveis de cada fator e, considerando
o conhecimento empírico das diversas áreas da Reserva. Esta atividade foi
repetida cinco vezes gerando-se cinco diferentes regras de decisão. Os
resultados lançados nos mapas foram analisados e discutidos quanto à sua
pertinência.
b) Para obter um mapa que fosse de fácil uso para a gestão da RFEE, foi
realizada uma homogeneização e dissolução dos usos determinados. Depois
dos ajustes respectivos obteve-se a proposta de decisão final denominada
“Mapa de Ordenamento do Território da Reserva Florestal Embrapa/Epagri –
Caçador, SC”.
Depois dos ajustes foram calculadas as áreas para cada uso (função ou
objetivo).
93
Na Figura 10 é apresentado um fluxograma resumido de todas as etapas do
processo para construir a proposta de ordenamento territorial para a RFEE.
INTERPOLAÇÃO POR GRUPO FLORÍSTICO
- CARACTERIZAÇÃO- ANÁLISE DINÂMICA
Mapa dos Grupos Florísticos
Seleção de critérios: limitantes e Fatores
AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO
Integração de critérios
Matriz de Compatibilidade
de objetivos
PROPOSTA DE ORDENAMENTO TERRITORIAL PARA A RFEE
INVENTÁRIO FLORESTAL
ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICAPARA TODA A FLORESTA
ANÁLISE DE AGRUPAMENTO
ANÁLISE DISCRIMINANTE
ANOVAclasses físicas
ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICA DOS GRUPOS FLORÍSTICOS
- Incremento Periódico Anual- Qualidade da Madeira em Pé
INTERPOLAÇÃO POR GRUPO FLORÍSTICO
- CARACTERIZAÇÃO- ANÁLISE DINÂMICA
Mapa dos Grupos Florísticos
Seleção de critérios: limitantes e Fatores
AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO
Integração de critérios
Matriz de Compatibilidade
de objetivos
PROPOSTA DE ORDENAMENTO TERRITORIAL PARA A RFEE
INVENTÁRIO FLORESTAL
ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICAPARA TODA A FLORESTA
ANÁLISE DE AGRUPAMENTO
ANÁLISE DISCRIMINANTE
ANOVAclasses físicas
ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICA DOS GRUPOS FLORÍSTICOS
- Incremento Periódico Anual- Qualidade da Madeira em Pé
FIGURA 10 – FLUXOGRAMA RESUMO DAS ETAPAS DO PROCESSO PARA CONSTRUIR A PROPOSTA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO PARA A RFEE
94
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CLASSES HOMOGÊNEAS DE MEIO FÍSICO
Apresentam-se, na Tabela 3, as treze classes de meio físico determinadas
segundo o procedimento descrito no item 3.2.1: combinação de quatro classes de
exposição e três de declividade (4x3=12), e uma classe denominada “Plano”.
TABELA 3 – CLASSES DE MEIO FÍSICO EMPREGADAS NA ESTRATIFICAÇÃO DA RFEE. EXPOSIÇÃO (EM GRAUS) E DECLIVIDADE (EM PORCENTAGEM)
DECLIVIDADE (%) EXPOSIÇÃO (º)
Leve (0,5-8) Moderada (8-20) Forte (>20)
Norte (315-45) Norte-Leve Norte-Moderada Norte-Forte
Sul (135-225) Sul-Leve Sul-Moderada Sul-Forte
Leste (45-135) Leste-Leve Leste-Moderada Leste-Forte
Oeste (225-315) Oeste-Leve Oeste-Moderada Oeste-Forte
Plano (0-0,5)
Na Figura 11 é possível observar o mapa resultante da estratificação efetuada
para a RFEE. As cores mais intensas indicam declividades mais fortes ou íngremes
e as cores mais pálidas as declividades mais suaves.
FIGURA 11 – ESTRATIFICAÇÃO SEGUNDO CLASSES FÍSICAS PARA A RFEE
0 520 1.040 1.560 2.080260
Meters
LegendaPlano
N-leve
N-moderada
N-forte
S-leve
S-Moderada
S-forte
L-leve
L-Moderada
L-forte
O-leve
O-Moderada
O-forte
95
4.2 INVENTÁRIO FLORESTAL
4.2.1 Número de Parcelas
Foram alocadas como parte do inventário um total de 56 parcelas (Tabela 4),
cuja medição foi concluída em abril de 2006. Para cada parcela foi calculada a área
basal e o respectivo coeficiente de variação, que foi igual a 48,5%, determinando-se
a intensidade de amostragem em 42 parcelas no total, ou seja, foram alocadas 14
parcelas a mais do que o necessário em termos estatísticos, a 5% de probabilidade
e 15% de erro de amostragem.
4.2.2 Alocação das Unidades de Amostra
As parcelas foram alocadas proporcionalmente à área ocupada de cada
classe física, havendo, no mínimo, três parcelas por classe, como se observa na
Tabela 4.
TABELA 4 – ÁREA E NÚMERO DE PARCELAS EM CADA CLASSE FÍSICA, ALOCADAS NO INVENTÁRIO DE PARCELAS TEMPORÁRIAS NA RFEE
60 Sapium glandulatum (Vell.) Pax Leiteiro / Pau de leite EUPHORBIACEAE 62 Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B. Sm. & Downs Branquilho
26 Inga lentiscifolia Benth. Ingá 27 Inga sessilis (Vell.) Mart Ingá 28 Inga virescens Benth. Ingá 32 Lonchocarpus campestris Mart. ex Benth. Rabo-de-macaco
FABACEAE
37 Mimosa scabrella Benth. Bracatinga continua...
98
...conclusão
Família Código espécie Espécies (nome científico) Nome comum
Myrcia laruotteana var. paraguayensis (1,6). Estas quatro espécies representaram
65 árvores (5,3%) do total amostrado (1.225), valor semelhante ao encontrado por
CORAIOLA (1997) para a classe de melhor qualidade (5,1%) numa floresta
estacional semidecidual de Minas Gerais.
Por outro lado, 20 espécies tiveram valores médios de qualidade do fuste
entre 1,65 e 2,34, classificando-se como de “qualidade média”, o que corresponde a
214 indivíduos (17,5%) do total inventariado. No entanto, 66,7% (48 espécies)
ficaram classificadas como de “má qualidade”, devido a que suas médias ficaram
com valores entre 2,35 e 3,00.
Para as dez espécies com maior VIA os valores de qualidade do fuste foram
os seguintes: Araucaria angustifolia obteve um valor 1,3, o que a classifica como de
“qualidade boa”; Ocotea puberula ficou classificada como de “qualidade média” uma
vez que o seu valor foi 2,1 e, as outras oito espécies receberam uma classificação
de qualidade do fuste “má”, devido a que todas obtiveram valores médios entre 2,35
e 3,00.
Quando foi efetuada a análise de qualidade do fuste para as parcelas,
encontraram-se os seguintes resultados: uma parcela (1,8% do total) com qualidade
boa (valor 1); 21 parcelas (37,5%) com qualidade média (valor 2) e 34 parcelas
(60,7%) com qualidade má.
Estes resultados mostram que existe uma qualidade do fuste deficiente para a
floresta como um todo, o que pode ser explicado por vários fatores. Um deles tem
relação com que a RFEE – segundo vários autores e também de acordo com os
parâmetros obtidos nesta pesquisa – sofreu intervenções onde foram retirados os
melhores indivíduos da floresta (“melhores” em termos madeireiros) deixando os
espécimes com as piores características fenotípicas. Isso se confirma ao observar-
se a má forma dos indivíduos desta floresta e cuja descendência segue o mesmo
padrão.
124
Outro fator que poderia explicar esta deficiente qualidade dos indivíduos,
sobre todo da sua forma, tem relação com o tipo de exploração efetuada. Algumas
dezenas de anos atrás as explorações madeireiras não eram planejadas e as
árvores eram retiradas da floresta sem nenhuma preocupação ou cuidado com as
árvores que ficavam. Muitas árvores de porte médio eram feridas quando uma
árvore caia e, centenas, em processo de regeneração eram fortemente afetadas,
mecanicamente, ou, simplesmente, destruídas pelo impacto. Aquelas espécies que
não eram diretamente afetadas pela exploração, geralmente o eram em sua ecologia
pelas mudanças do hábitat. Assim, este quadro, que se repetiu de igual forma em
toda a América do Sul, faz com que as florestas naturais apresentem até os dias de
hoje, um reduzido valor econômico do ponto de vista madeireiro e, se fale muito
seguidamente delas, como florestas “degradadas”.
Pelo contrário, a boa sanidade desta floresta, confirmaria que as florestas
naturais recuperam-se bem das intervenções e conseguem rapidamente um
equilíbrio interno, mas as cicatrizes dos danos passados perduram longo tempo.
Também é preciso comentar que, estes resultados de deficiente qualidade do
fuste, foram obtidos com uma regra de classificação exigente. Se esta regra se
relaxa serão obtidos melhores valores de qualidade do fuste, sendo, portanto, uma
regra subjetiva que depende do trabalho e do pesquisador que faz a avaliação.
Como neste estudo a qualidade do fuste é incorporada para avaliar um dos valores
econômicos da floresta e sua relação com o produto que se pode obter na realidade,
decidiu empregar-se esse tipo de regra.
4.2.6 Determinação do Incremento Periódico Anual
Para a determinação do Incremento Periódico Anual (IPA) foram retirados 360
rolos de incremento (72 parcelas, 56 do inventário e 16 adicionais) das diferentes
espécies arbóreas, dos quais 318 foram medidos e 42 tiveram de ser excluídos das
análises por diferentes razões. A principal delas diz respeito à impossibilidade de se
realizar uma medição adequada pela pouca nitidez dos anéis anuais e, a segunda,
por deficiências no lixamento nas partes próximas da casca que também impediram
uma contagem mais precisa dos anéis. Algumas espécies apresentaram maior
125
dificuldade que outras para a realização da medição, como aconteceu, por exemplo,
no caso de Prunus brasiliensis, Psidium cattleianum, Cupania vernalis,
Capsicodendron dinisii e Piptocarpha angustifolia.
No total foram medidas 54 espécies, muitas das quais – pelo tipo de
amostragem efetuado na parcela – apenas apresentaram uma amostra, outras,
porém, por conter maior número de indivíduos, obtiveram um número mais elevado
de amostras. Apresenta-se na Tabela 6, as 29 espécies com mais de três rolos de
incremento medidos, ordenados em ordem decrescente do IPA em área basal dos
últimos dez anos (1996-2006).
TABELA 6 – VALORES MÉDIOS POR ESPÉCIE PARA O DAP, INCREMENTO PERIÓDICO ANUAL DIAMETRAL, ÁREA BASAL E INCREMENTO PERIÓDICO ANUAL EM ÁREA BASAL. No ROLOS POR ESPÉCIE E VIA
Nota: Var.= Variância; Var. Acum. = Variância Acumulada; C.C. = Correlação canônica; λ* = Lambda de Wilks; X 2 = Teste Qui-quadrado; G.L. = Graus de liberdade; p-nível = Significância a 99% de probabilidade.
Na Tabela 12 são apresentados os coeficientes padronizados das funções
discriminantes selecionadas. Estes coeficientes foram computados de tal forma que
seus escores encontram-se padronizados, com média zero e variância um. O sinal
negativo deve ser omitido na interpretação da contribuição das variáveis (BATISTA,
1990; LONGHI, 1997). Observa-se que não houve predominância de uma ou várias
espécies nas funções discriminantes, devido ao fato de estes coeficientes e seus
137
autovalores associados terem sido relativamente baixos. WEBB et al.41, citados por
LONGHI (1997), comprovam que “o elevado número de espécies, a não
predominância de uma ou de determinadas espécies sobre as demais e, a grande
incidência de espécies ecologicamente semelhantes, analisadas em matrizes de
dados muito grandes, contribuem para que seus autovalores e autovetores
decresçam tão lentamente. Isso dificulta a extração de informações sobre a
influência das espécies mais importantes em cada função discriminante”.
Apesar da consideração anterior, destacaram-se, tanto na primeira como na
segunda função, Vernonia discolor e Sapium glandulatum. Na terceira função
Cupania vernalis e Ocotea porosa na quarta.
TABELA 12 – COEFICIENTES PADRONIZADOS PARA AS VARIÁVEIS CANÔNICAS DAS FUNÇÕES DISCRIMINANTES, PARA A MATRIZ DE DADOS BRUTOS Variável Função 1 Função 2 Função 3 Função 4 Piptocarpha angustifolia -0,77274 -0,64807 0,04577 0,16183Vernonia discolor 0,99917 -0,93385 -0,05034 0,13569Sapium glandulatum 0,98110 -0,77314 0,04640 0,18836Cupania vernalis 0,14058 0,03433 0,82060 0,57413Ocotea porosa 0,13081 0,22676 -0,62609 0,75252
Utilizando os coeficientes padronizados das funções discriminantes, foram
calculados os escores discriminantes para cada espécie. Estes escores permitiram
que toda a população fosse reclassificada. Esta reclassificação pode ser
considerada como um teste de verificação da capacidade de discriminação das
funções obtidas (BATISTA, 1990).
A Tabela 13 mostra o resultado geral da reclassificação dos indivíduos. Das
56 parcelas que, pela análise de Agrupamento, foram classificadas em 5 grupos
distintos, segundo a análise discriminante, 96,4% delas foram classificadas
corretamente, valor muito alto, o que reflete quão adequada foi a técnica de
agrupamento empregada. Com estes resultados, considera-se que as quatro
funções discriminantes obtidas poderiam discriminar, de forma coerente, as parcelas
dentro dos grupos.
41 WEBB, L.; TRACEY, J.; WILLIAMS, W.; LANGE, G. Studies in the numerical analysis of complex
rain-forest communities. I-A comparison of methods applicable to site/species data. Jour. Ecol., Oxford, v.55, n.1, p.171-191. 1967.
138
Pode-se observar (Tabela 13) que nos grupos 1, 2 e 5, 100% das parcelas
foram classificadas corretamente. Nos grupos 3 e 4 apenas uma parcela foi
classificada de maneira incorreta. No Grupo 3 a parcela mal classificada foi a parcela
20 e, no Grupo 4, a parcela 57. Quando reclassificadas, estas duas parcelas, tiveram
sua ordem invertida na classificação, isto é, a parcela 20 mudou para o Grupo 4 e a
parcela 57 mudou para o Grupo 3. Com a reclassificação não se produziram
mudanças na quantidade de parcelas de cada grupo, como pode ser observado na
mesma tabela.
TABELA 13 – RECLASSIFICAÇÃO DAS PARCELAS NOS CINCO GRUPOS FLORÍSTICOS E AS PORCENTAGENS DE CLASSIFICAÇÕES CORRETAS
Reclassificações das parcelas por Grupo Grupo original
Nota-se, na Tabela 14, que o valor Lambda de Wilks (λ*) vai diminuindo
levemente, enquanto o valor F aumenta à medida que novas análises discriminantes
são efetuadas. Isto é coerente na medida em que a estatística λ* é menor quanto
maior poder de discriminação se obtém, melhorando-se conseqüentemente a
precisão da classificação, conforme se observa na linha “Total de classificações
corretas” da Tabela 14, onde a porcentagem aumenta de 96,4 até 100%. Nos
trabalhos de BATISTA (1990), LONGHI (1997) e GERHARDT et al. (2001), que
aplicaram análises discriminantes em diferentes temáticas, as porcentagens finais de
reclassificação foram aproximadamente 71, 95 e 100%, respectivamente, o que
confirma quão importante é esta técnica para classificar e reclassificar populações
diferenciadas pela Análise de Agrupamento ou de Cluster.
Tendo-se definido com esta quarta análise a seqüência de variáveis com
maior capacidade de discriminação dos grupos, procedeu-se à determinação das
funções discriminantes. Usando-se novamente o método de Fisher para discriminar
entre diversas populações, foram obtidos diferentes resultados apresentados na
seqüência. Na Tabela 15 se apresentam a funções de classificação por grupo.
140
TABELA 15 – FUNÇÕES DE CLASSIFICAÇÃO OBTIDAS PARA AS VARIÁVEIS SELECIONADAS PARA CADA GRUPO, APÓS A RECLASSIFICAÇÃO DAS PARCELAS
Variável Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Piptocarpha angustifolia 0,83448 -0,11596 -0,12183 0,00180 -0,02537Ocotea porosa -0,32642 0,08491 0,38229 0,04427 0,04724Vernonia discolor -0,12432 0,87386 0,04286 0,02702 0,10965Sapium glandulatum -0,27657 1,29002 0,08339 0,05119 0,19039Cupania vernalis -0,02307 0,13310 0,03789 0,03618 0,19554Constant -105,01479 -80,95757 -20,89732 -1,31503 -10,83736
Observa-se na Tabela 16 as estatísticas do teste de seleção de variáveis
discriminantes obtidas após a reclassificação e, na Tabela 17, as mudanças nas
estatísticas cada vez que uma função era extraída, também obtidas após a
reclassificação. É possível notar neste caso, assim como aconteceu na primeira
análise discriminante, que não existiu predominância de nenhuma função sobre as
demais, obtendo certo destaque a primeira função, que explicou pouco mais da
metade da variância total (50,9%).
TABELA 16 – ESTATÍSTICA DO TESTE DE SELEÇÃO DE VARIÁVEIS DISCRIMINANTES, OBTIDAS APÓS A RECLASSIFICAÇÃO DAS PARCELAS, EM ORDEM DE ENTRADA APÓS 5 PASSOS (STEPS)
Nota: Var.= Variância; Var. Acum. = Variância Acumulada; C.C. = Correlação canônica; λ* = Lambda de Wilks; X 2 = Teste Qui-quadrado; G.L. = Graus de liberdade; p-nível = Significância a 99% de probabilidade.
141
Da mesma forma que no caso da primeira Análise Discriminante, nesta quarta
análise, quatro funções discriminantes foram necessárias para descrever a série de
pontos definidos pelos cinco agrupamentos. Apresenta-se, na Tabela 18, a matriz da
estrutura dos fatores, que denota as correlações (simples) que existem entre as
variáveis e as funções discriminantes, sendo esta a razão pela qual o uso da
estrutura de fatores é mais apropriado para uma interpretação mais consistente das
funções. Por outro lado, quando são empregados os coeficientes padronizados das
variáveis canônicas das funções discriminantes – que representam os pesos das
variáveis (espécies) em cada função – tem-se apenas a contribuição única (parcial)
de cada variável nas funções discriminantes (STATSOFT, 2000).
TABELA 18 – ESTRUTURA DE FATORES, APRESENTANDO AS CORRELAÇÕES ENTRE AS FUNÇÕES DISCRIMINANTES CANÔNICAS E AS VARIÁVEIS SELECIONADAS, OBTIDAS APÓS A RECLASSIFICAÇÃO DAS PARCELAS Variável Função 1 Função 2 Função 3 Função 4 Piptocarpha angustifolia -0,69386 0,36855 -0,43988 0,42600 Ocotea porosa 0,13221 -0,32007 -0,75804 0,55246 Vernonia discolor 0,21113 0,42454 -0,16324 -0,02156 Sapium glandulatum 0,12201 0,22077 -0,04713 0,01191 Cupania vernalis 0,05071 -0,04097 0,64568 0,75853
Pode-se observar (Tabela 18) que Piptocarpha angustifolia, Vernonia discolor,
Ocotea porosa e Cupania vernalis, foram as espécies que apresentaram as maiores
correlações com as funções 1, 2, 3 e 4, respectivamente. Quando comparadas as
magnitudes destes coeficientes com a posição destas espécies em relação ao Valor
de Importância Ampliado (VIA), é possível observar que seguem a mesma ordem,
isto é, o maior coeficiente corresponde a Cupania vernalis (0,759), que foi a espécie
com maior VIA. O segundo maior coeficiente (em valores absolutos), o obteve
Ocotea porosa (-0,758), que foi a espécie com o terceiro maior VIA. Para
Piptocarpha angustifolia e Vernonia discolor, que obtiveram o terceiro (-0,694) e o
quarto (0,425) maior coeficiente, é válida a mesma explicação, ou seja, suas
posições de VIA foram a 13ª e a 17ª, respectivamente. Sapium glandulatum não teve
um valor significativo em nenhuma função e, conseqüentemente, foi a espécie,
dentre destas cinco espécies discriminantes, a com menor posição de VIA (19ª).
142
Segundo os coeficientes padronizados das variáveis canônicas obtidos após
a reclassificação (Tabela 19), as espécies com maiores pesos em cada função
discriminante resultaram ser as mesmas que as espécies que obtiveram as maiores
correlações na matriz da estrutura dos fatores (Tabela 18), como pode ser
comprovado ao se comparar ambas as tabelas (valores em negrito das Tabelas 18 e
19). Embora estas espécies sejam as mesmas, é a estrutura dos fatores – que
mostra as correlações entre as variáveis e as funções – a que proporciona uma
informação mais robusta, porque apresenta uma relação direta com o
comportamento ecológico (VIA) das espécies.
TABELA 19 – COEFICIENTES PADRONIZADOS PARA AS VARIÁVEIS CANÔNICAS DAS FUNÇÕES DISCRIMINANTES, OBTIDOS APÓS A RECLASSIFICAÇÃO DAS PARCELAS
Ao se analisar o Gráfico 29, que mostra o Valor de Importância Ampliado
(VIA), foi possível observar mudanças na posição das espécies quando
acrescentada a PSR. As três espécies que seguem na ordem após Prunus
brasiliensis subiram uma posição (Cupania vernalis, Capsicodendron dinisii e
Matayba elaeagnoides) e fizeram decrescer três posições Ocotea porosa, devido a
que estas espécies possuem árvores, cuja soma dos estratos médio e inferior, é
mais de quatro vezes que a soma das árvores de Ocotea porosa nos mesmos
estratos.
152
0 10 20 30 40 50 60
Araucaria angustifolia
Prunus brasiliensis
Ocotea porosa
Cupania vernalis
Capsicodendron dinisii
Matayba elaeagnoides
Ocotea pulchella
Clethra scabra
Sebastiania commersoniana
Lithraea brasiliensis
Valor de Importância
DRDoR
FR
GRÁFICO 28 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA (VI) DAS DEZ ESPÉCIES PRINCIPAIS DO GRUPO 4, RFEE
GRÁFICO 29 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR DE IMPORTÂNCIA AMPLIADO (VIA) DAS DEZ ESPÉCIES PRINCIPAIS DO GRUPO 4, RFEE
0 10 20 30 40 50 60 70
Araucaria angustifolia
Prunus brasiliensis
Cupania vernalis
Capsicodendron dinisii
Matayba elaeagnoides
Ocotea porosa
Lithraea brasiliensis
Sebastiania commersoniana
Ocotea pulchella
Clethra scabra
Valor de Importância Ampliado
VIPSR
153
Prunus brasiliensis, espécie heliófita, pioneira, resistente a geadas e,
aparentemente, indiferente às propriedades físicas do solo, é característica das
florestas pluvial atlântica e semidecidual, sendo freqüente em florestas secundárias
e menos freqüente em florestas primárias densas (INOUE, 1984; LORENZI, 1992;
CARVALHO, 2003). Cupania vernalis, assim como Prunus brasiliensis, é uma
espécie heliófita, mas também é mesófita e seletiva higrófita, razão pela qual se
adapta bem a diferentes condições de cobertura, ocorrendo “tanto no interior de
matas primárias como em todos os estágios das formações secundárias” (LORENZI,
1992). Esta situação acontece na RFEE, pois Cupania vernalis e Prunus brasiliensis
participam dos grupos 2, 3, 4 e 5, os quais, como já visto, são grupos em diferentes
estágios sucessionais.
Lithraea brasiliensis (bugreiro) e Sebastiania commersoniana melhoraram sua
posição de importância, pois possuem mais indivíduos no estrato médio e inferior
que Ocotea pulchella e Clethra scabra, portanto, maior PSR (Apêndice 3).
A quarta espécie em VIA é Capsicodendron dinisii, “presente abundantemente
em solos úmidos das florestas com Araucária, principalmente nos capões do
planalto” (INOUE et al., 1984). Segundo KLEIN (1960), exemplares desta espécie
podem ser encontrados como dominantes em capões, bem como em outras
oportunidades a espécie dominante pode ser Clethra scabra, que ocupa aqui a
décima posição do VIA (Gráfico 29). Este último autor menciona que estas duas
espécies, mais Myrceugenia euosma (Cambui) e Drimys brasiliensis (Cataia)
(também parte deste grupo 4), são pioneiras e heliófilas, que vão perdendo
importância na medida em que o ambiente das associações vai se distanciando do
seu ótimo, e que, portanto, vão ser substituídas por espécies mais ciófitas.
A espécie Matayba elaeagnoides, como outras desta associação, é “seletiva
higrófita, freqüente nas sub-matas dos pinhais em solos úmidos e compactos. Em
matas devastadas sua regeneração é freqüente” (INOUE et al., 1984) e apresenta
dispersão descontínua e irregular pelo planalto catarinense (REITZ et al., 1978). As
observações efetuadas na RFEE indicam que, nas áreas com florestas mais bem
desenvolvidas, esta espécie ganha espaço e perde importância naquelas em
estágios menos evoluídos. Como se comprova neste trabalho, esta espécie perdeu
importância com relação ao Grupo 3, onde se verifica um estágio mais evoluído da
154
dinâmica florestal e, tende a continuar perdendo importância –como ocorre com esta
espécie no Grupo 5– pelo fato deste grupo ser ainda menos evoluído que o Grupo 4.
4.3.4.4.1 Sub-grupos da Associação Araucária e comparações sucessionais
Pela magnitude deste agrupamento e, para um melhor entendimento da
dinâmica de sucessão existente nesta associação, decidiu-se determinar e
caracterizar os seus sub-agrupamentos. Analisando-se as diferentes ligações
ocorridas nas diversas etapas que resultaram na formação deste grupo, foi possível
determinar 5 sub-grupos. Neste caso, foram utilizadas 27 parcelas e não 28, como
foi realizada a análise de caracterização do Grupo 4, porque a parcela 20, que após
a reclassificação das parcelas foi determinado que pertencia a este grupo, não pode
ser alocada de maneira a priori em nenhum sub-grupo, portanto, decidiu-se
desconsiderar esta parcela das análises dos sub-grupos.
Apresenta-se, na Tabela 20, os resultados destes cinco sub-grupos, para as
seis espécies com maiores porcentagens de importância (PI) de cada sub-grupo.
Foram escolhidas seis espécies porque foi o maior número de espécies do sub-
grupo 4.2, o que facilitou as comparações. Também na mesma tabela, apresenta-se
a área basal por hectare e o DAP médio, considerando todas as espécies destes
cinco sub-grupos, assim como as parcelas que foram utilizadas para a obtenção dos
resultados.
Analisando-se os valores da Tabela 20, nota-se que existem algumas
diferenças entre estes sub-grupos. Tanto a Porcentagem de Importância (PI),
apresentado na Tabela 20, como os valores de área basal e DAP médio, constituem
indícios para se aventar hipóteses sobre os diferentes processos de dinâmica
sucessional que ocorrem nesta “Associação Araucária” (Grupo 4).
Nos sub-grupos 4.1, 4.2, e 4.3 a espécie principal apresenta valores altos que
determinam o tipo de sub-associação. Isto não acontece nos sub-grupos 4.4 e 4.5,
onde os valores entre as espécies principais encontram-se mais próximos entre si.
No sub-grupo 4.1, Araucaria angustifolia é a principal espécie, seguida por
espécies mesófitas como Matayba elaeagnoides, Ocotea porosa e duas Casearia
155
sp. Apesar disso, em terceiro lugar ainda permanece uma pioneira como
Capsicodendron dinisii, própria de estágios iniciais na dinâmica florestal.
TABELA 20 – PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DOS CINCO SUB-GRUPOS DO GRUPO 4, ASSOCIAÇÃO ARAUCÁRIA: PORCENTAGEM DE IMPORTÂNCIA (PI); ÁREA BASAL POR HECTARE E DAP MÉDIO, RFEE
Sub-grupo 4.1 Sub-grupo 4.2 Sub-grupo 4.3 Sub-grupo 4.4 Sub-grupo 4.5 Espécie PI (%) Espécie PI (%) Espécie PI (%) Espécie PI (%) Espécie PI (%) Araucaria angustifolia 37,5 Prunus
Os cinco escores obtidos para as 72 parcelas (56 + 16) foram introduzidos
como novos campos na tabela de atributos da camada de parcelas no software
ArcGis 9.1. Foram realizadas interpolações para cada grupo florístico, empregando-
se para esse fim a função de interpolação Spline disponível no módulo 3D Analyst
utilizando-se o tipo Tension, que se ajusta melhor aos dados. Foram testados
diferentes pesos (0, 1, 5 e 10) e número de pontos (3, 6, 9 e 12) em interpolações
efetuadas para os grupos, sendo escolhidos os valores 6 (número de pontos) e 10
(peso), considerados os melhores nas interpolações em todos os grupos.
As cinco interpolações selecionadas por grupo florístico foram geradas com
um tamanho de célula de 20x20 m, pois é o valor mais próximo ao tamanho da
parcela (500 m2) usado para definir a associação florística. Das cinco interpolações
superpostas foi extraído o valor máximo correspondente a cada célula, método que
permitiu resgatar o melhor de cada interpolação e, portanto, o valor do grupo
florístico ao qual pertence. Este procedimento foi efetuado com uma ferramenta
denominada Highest Position do software ArcGis 9.1 (ArcToolbox – Spatial Analyst
Tools – Local ). A Figura 16 apresenta o resultado da aplicação de todas as etapas
do método.
0 540 1.080 1.620 2.160270
Meters
LegendaVassourão-branco
Vassourão-preto/Leiteiro
Imbuia
Araucária
Camboatá-Canelas
G 1
G 2
G 3
G 4
G 5
FIGURA 16 – ESPACIALIZAÇÃO DOS CINCO GRUPOS FLORÍSTICOS MEDIANTE INTERPOLAÇÃO SPLINE PARA A RFEE
168
Pode-se observar, na Figura 16 que o resultado das áreas interpoladas que
representam os grupos florísticos coincidiu totalmente com os grupos aos quais as
parcelas pertencem, o que confirma a adequabilidade do método empregado.
4.4 APLICAÇÃO DA AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO
4.4.1 Seleção de Critérios: Limitantes e Fatores
A determinação das áreas para desenvolver os objetivos da RFEE implica
uma decisão entre várias alternativas, com base em alguns critérios. Estes critérios
podem ser limitantes ou fatores. Apenas por uma razão didática de separação
temática e, para ordenar de maneira mais fácil a informação, a escolha dos critérios
foi efetuada considerando as componentes ambiental, econômica e social. Porém,
entende-se que alguns critérios podem responder a mais de um aspecto cada vez.
4.4.1.1 Limitantes
Um critério “limitante” é sempre dicotômico, ou seja, é um tipo de critério que
permite realizar alguma atividade (valor 1) em uma área determinada ou não permite
sob hipótese alguma a realização de atividades (valor 0). Pode ocorrer uma ou outra
situação, mas nunca ambas em uma mesma área. Enquadram-se dentro deste tipo
alguns critérios de caráter legal/ambiental, econômico e social, tais como:
Limitantes Legais/Ambientais:
- Áreas de Preservação Permanente – APP (Tabela 25 e Figura 17)
- Áreas de Uso Restrito – AUR (Tabela 26 e Figura 19)
Limitante Econômica:
- Áreas de Produção e Pesquisa Agrícola – PPA (Tabela 27 e Figura 20)
Limitante Social:
- Áreas de Alta Singularidade – AAS (Tabela 28 e Figura 21)
Limitante Operativa:
- Pesquisa com Parcelas Permanentes – PPP (Tabela 29 e Figura 22)
169
No caso das APP, AAS e PPP foram criadas faixas de segurança em torno de
todas as feições (nascentes, rios, lagos, várzeas, áreas singulares e parcelas
permanentes), conhecidas como “buffer”, que são áreas nas quais também não pode
se desenvolver nenhuma atividade. Para isto, empregou-se a ferramenta Buffer
Wizard (at a specified distance) que se encontra dentro do menu Tools (Customize –
Commands – Tools) do software ArcGis 9.1. Uma vez criados estes buffers,
procedeu-se a união de todas as feições utilizando a ferramenta union que se
encontra dentro do ArcToolbox (Analysis Tools – Overlay). Com o objetivo de deixar
apenas uma feição que tivesse o valor 0 (sinônimo de não permitido) e fora dela o
valor 1 (permitido), usou-se a ferramenta merge do menu Editor do mesmo software,
selecionando previamente todas feições nesse mesmo menu com a ferramenta Edit
tool que se ativa ao começar a edição usando Start Editing (Figura 18).
TABELA 25 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR E TAMANHOS DE BUFFER PARA ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA RFEE
CASO Valor Dentro do Buffer 0 Fora do Buffer 1
TIPO DE ÁREA DE PRESERVAÇÀO PERMANENTE (APP)
TAMANHO BUFFER (m em torno da área)
Nascentes 50 Rios 30
Lagos 50 Várzeas 50
LegendaBuffer_várzea
várzea
Buffer_lagos
lagos
Nascentes
Buffer_Nascentes
clip hidro
Buffer_rios
perímetro reserva
0 530 1.060 1.590 2.120265Meters
FIGURA 17 – RIOS, NASCENTES, VÁRZEAS E LAGOS COM O SEU RESPECTIVO BUFFER PARA A RFEE
170
TABELA 26 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR ÀS ÁREAS DE USO RESTRITO DA RFEE
CASO Valor Dentro das Áreas de Uso Restrito 0 Fora das Áreas de Uso Restrito 1
Legendalimitante_APP_Clip
perímetro reserva0 520 1.040 1.560 2.080260
Meters
FIGURA 18 – LIMITANTE LEGAL/AMBIENTAL A PARTIR DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) DA RFEE
0 530 1.060 1.590 2.120265
Meters
Áreas > 25o de declividade
FIGURA 19 – LIMITANTE LEGAL/AMBIENTAL A PARTIR DAS ÁREAS DE USO RESTRITO (AUR) NA RFEE
171
TABELA 27 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR ÀS ÁREAS DE PRODUÇÃO E PESQUISA AGRÍCOLA, DA RFEE
CASO Valor Dentro das Áreas Agrícolas 0 Fora das Áreas Agrícolas 1
TABELA 28 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR ÀS ÁREAS DE ALTA SINGULARIDADE DA RFEE
CASO Valor Dentro das Áreas de Alta Singularidade 0 Fora das Áreas de Alta Singularidade 1
TAMANHO BUFFER (m entorno do ponto) 30
Legendaagricultura_fruticultura
perímetro reserva
0 530 1.060 1.590 2.120265
Meters
FIGURA 20 – LIMITANTE ECONÔMICA A PARTIR DAS ÁREAS DE PRODUÇÃO E DE PESQUISA AGRÍCOLA (PPA) DA RFEE
Legenda
Pontos de Alta Singularidade
perímetro reserva
0 540 1.080 1.620 2.160270Meters
FIGURA 21 – LIMITANTE SOCIAL A PARTIR DAS ÁREAS DE ALTA SINGULARIDADE (AAS) NA RFEE
172
TABELA 29 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR ÀS ÁREAS DE PESQUISA COM PARCELAS PERMANENTES, DA RFEE
CASO Valor Dentro das Parcelas Permanentes 0 Fora das Parcelas Permanentes 1
TAMANHO BUFFER (m em torno da parcela) 20
As Limitantes se encontram em dois tipos de formatos (vetorial e raster). As
camadas vetoriais foram convertidas para raster (10 x 10 m) empregando a
ferramenta Convert do módulo Spatial Analyst do software ArcGis 9.1. Todos estes
raster de Limitantes foram reunidos em um único raster utilizando a ferramenta
Mosaic to New Raster que se encontra dentro de ArcToolBox (Data Management
Tools – Raster) do mesmo software. Neste raster todos os valores das feições têm o
valor 0, o que significa que não é permitido realizar nenhuma atividade dentro dessa
área e, fora da feição, o valor 1, o que significa que é permitido desenvolver algum
tipo de atividade (Figura 23).
FIGURA 22 – LIMITANTE OPERATIVA A PARTIR DA PESQUISA COM PARCELAS PERMANENTES (PPP) NA RFEE
Legendaparcelas_permanentes
Buffer_parcelas_permanentes
perímetro reserva0 540 1.080 1.620 2.160270
Meters
173
4.4.1.2 Fatores
Um critério do tipo “fator” é aquele que se expressa em gradientes, ou seja,
não é do tipo dicotômico como é um critério “limitante”. O mais comum é que este
gradiente contenha poucas divisões ou níveis, porque é mais fácil a interpretação
depois de realizados os cruzamentos, sendo também mais fácil a alocação no
campo das áreas definidas. Foram escolhidos três níveis por fator. Apresentam-se a
seguir os fatores ambientais e econômicos:
Legenda0 (não permitido)
1 (permitido)
estradas reserva
0 540 1.080 1.620 2.160270Meters
FIGURA 23 – RASTER DE TODAS AS LIMITANTES (APP, AUR, PPA, AAS e PPP) DEFINIDAS PARA A RFEE
Fatores Ambientais:
- Declividade – DCL (Tabela 30 e Figura 24)
- Efeito Borda – EFB (Tabela 31 e Figura 25)
Foi necessário efetuar uma reclassificação do fator Declividade para três
classes. Usou-se para tal a ferramenta Reclassify do módulo 3D Analyst do software
ArcGis 9.1, empregando-se um tamanho de célula de 10 x 10 m. No caso do fator
Efeito Borda utilizou-se a ferramenta Buffer Wizard (As Multiple buffer rings – only
outside the polygon) que se encontra dentro do menu Tools (Customize –
Commands – Tools) desse mesmo software, definindo os níveis a partir de 450 m.
174
TABELA 30 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR PARA A DECLIVIDADE NA RFEE
CASO Valor Declividade < 8 % 1
Declividade de 8 a 20 % 2 Declividade > 20 % 3
TABELA 31 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR PARA O EFEITO DE BORDA NA RFEE
CASO Valor Distância da Borda < 450 m 1
Distância da Borda de 450 a 900 m 2 Distância da Borda > 900 m 3
Legenda< 8 %
8 - 20 %
> 20 %
estradas reserva0 540 1.080 1.620 2.160270
Meters
FIGURA 24 – FATOR AMBIENTAL DECLIVIDADE (DCL) PARA A RFEE
Legenda< 450 m
450 - 900 m
> 900 m
estradas reserva0 540 1.080 1.620 2.160270
Meters
FIGURA 25 – FATOR AMBIENTAL EFEITO DE BORDA (EFB) PARA A RFEE
175
Fatores Econômicos:
- Incremento Periódico Anual – IPA (Tabela 32 e Figura 27)
- Qualidade da Madeira em Pé – QMP (Tabela 33 e Figura 28)
- Grupos Florísticos – GFL (Tabela 34 e Figura 29)
- Proximidade a Caminhos – CAM (Tabela 35 e Figura 30)
Para gerar as camadas do Incremento Periódico Anual e Qualidade de
Madeira em Pé, utilizou-se Polígonos Thiessen ou de Voronoi, que é uma forma de
atribuir os valores de uma determinada parcela a um polígono. A razão disto deve-se
ao fato de que entre as parcelas não existiu nenhum tipo de correlação que
permitisse o uso de um método de interpolação qualquer para estimar os valores
intermediários existentes entre as parcelas. Os polígonos de Thiessen definem áreas
individuais de influência no entorno de cada conjunto de pontos. São polígonos cujos
limites definem a área relativa de cada ponto com relação a todos os outros pontos,
sendo definidos matematicamente pela bissetriz perpendicular das linhas dentre
todos os pontos. Esta ferramenta é aplicada a partir do aplicativo ET Geo Wizards
versão 9.6 (para ArcGis 9.1), obtido gratuitamente da Internet. Para poder usá-la,
primeiro instalou-se no PC o aplicativo ETGeoWisard.dll, que depois no ArcGis 9.1
teve que ser adicionado empregando Add from file dentro do menu Tools (Customize
– commands – ET GeoWizards). Para criar os polígonos usou-se a ferramenta ET
Geo Wizards no seu módulo surface – Build Thiessen Polygon (Figura 26).
0 540 1.080 1.620 2.160270Meters
LegendaPolígonos de Thiessen
centroid_parcelas
FIGURA 26 – POLÍGONOS DE THIESSEN GERADOS PARA AS PARCELAS TEMPORÁRIAS ALOCADAS NA RFEE
176
TABELA 32 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR PARA O INCREMENTO PERIÓDICO ANUAL EM ÁREA BASAL DOS ULTIMOS 10 ANOS (1996-2006) NA RFEE
CASO Valor IPA < 0,5 m2/ha 1
IPA de 0,5 a 1,0 m2/ha 2 IPA > 1,0 m2/ha 3
TABELA 33 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR PARA A QUALIDADE DA MADEIRA EM PÉ NA RFEE
CASO Valor Qualidade má 1
Qualidade média 2 Qualidade boa 3
0 540 1.080 1.620 2.160270
Meters
LegendaQ. mã
Q. média
Q. boa
estradas reserva
FIGURA 28 – FATOR ECONÔMICO QUALIDADE DA MADEIRA EM PÉ (QMP)
FIGURA 27 – FATOR ECONÔMICO INCREMENTO PERIÓDICO ANUAL (IPA) DOS ÚLTIMOS 10 ANOS (1996-2006) PARA A RFEE
0 540 1.080 1.620 2.160270
Meters
Legenda< 0,5 m2/ha
0,5 - 1,0 m2/ha
> 1,0 m2/ha
estradas reserva
177
TABELA 34 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR PARA OS GRUPOS FLORÍSTICOS DETERMINADOS PARA A RFEE
CASO Valor Grupo 3 1 Grupo 4 2
Grupos 1, 2 e 5 3
TABELA 35 – ATRIBUIÇÃO DE VALOR PARA A PROXIMIDADE A CAMINHOS NA RFEE
CASO Valor Distância > 600 m 1
Distância entre 300 e 600 m 2 Distância < 300 m 3
0 540 1.080 1.620 2.160270
Meters
LegendaGrupo 3
Grupo 4
Grupos 1, 2 e 5
estradas reserva
FIGURA 29 – FATOR ECONÔMICO DOS GRUPOS FLORÍSTICOS (GFL) NA RFEE
Legenda> 600 m
300 - 600 m
< 300 m
estradas reserva0 540 1.080 1.620 2.160270
Meters
FIGURA 30 – FATOR ECONÔMICO PROXIMIDADE A CAMINHOS (CAM) NA RFEE
178
4.4.2 Processo de Integração dos Critérios
A integração de todos os critérios escolhidos (Limitantes e Fatores) foi
efetuada em várias etapas. Em primeiro lugar foram realizados os cruzamentos dos
Fatores ambientais e econômicos, depois foi realizado o cruzamento com as
limitantes e, por último, foi aplicada uma regra de decisão segundo a metodologia
que emprega a Matriz de Compatibilidade de Objetivos (MCO). A Figura 31
apresenta um esquema deste processo.
FIGURA 31 – ESQUEMA DE INTEGRAÇÃO DAS DIFERENTES COMPONENTES
(LEGAIS AMBIENTAIS, SOCIAIS E ECONÔMICAS) PARA A OBTENÇÃODO MAPA FINAL DE USOS (OU FUNÇÕES) AO TERRITÓRIO DA RFEE
FATORES IMPORTÂNCIA
AMBIENTAL (Valores 1,2 e 3)
FATORES IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
(Valores 1,2 e 3)
LIMITANTES AMB, SOC, ECON
(Valores 0 e 1)
CruzamentoAmbiental -Econômico
Multiplicação
MAPA FINAL (Legal-
Ambiental/ Social/
Econômico)
IMP. AMBIENTAL 1 2 3 1 2 Fj
IMP. E C O N 3
Fj: Atribuição de funções ao território segundo a MCO
Cruzamento Limitantes / Fatores
Ambientais-Econômicos
Fonte: Modificado de RIVERA et al. (2002)
179
4.4.2.1 Cruzamento de fatores ambientais
Foram cruzadas as camadas “ambientais” através de uma soma algébrica
empregando-se a ferramenta Raster Calculator no menu Spatial Analyst do software
ArcGis 9.1. Este cruzamento gerou um novo raster denominado “Importância
Ambiental” (Figura 32), que foi reclassificado em três classes, usando a ferramenta
reclassify do mesmo menu. Deve-se destacar que no momento de reclassificar
existem diferentes possibilidades para decidir que valor atribuir às diferentes somas
geradas pelo cruzamento. Optou-se pela atribuição que gerou menos diferenças de
área entre as classes. A expressão empregada foi a seguinte:
IA = DCL + EFB
onde,
IA : Importância Ambiental com valores 1, 2 e 3
1 = pouco importante; 2 = importante; e, 3 = muito importante
DCL : fator ambiental Declividade
EFB : fator ambiental Efeito de Borda
As somas das áreas obtidas para o raster “Importância Ambiental” em cada
uma das classes foram as seguintes: i) pouco importante = 520, 2 ha; ii) importante =
396,0 ha; e, iii) muito importante = 274,8 ha.
Legenda
estradas reserva
< 450 m
450 - 900 m
> 900 m
clip hidro
0 560 1.120 1.680 2.240280Meters
Legenda
1 (pouco importante)
2 (importante)
3 (muito importante)
estradas reserva
clip hidro0 540 1.080 1.620 2.160270
Meters
FIGURA 32 – IMPORTÂNCIA AMBIENTAL (IA) RESULTANTE DO CRUZAMENTO DA DECLIVIDADE (DCL) E DO EFEITO BORDA (EFB) NA RFEE
180
4.4.2.2 Cruzamento de fatores econômicos
Foram realizados os cruzamentos das camadas “econômicas” por meio de
uma soma algébrica, utilizando-se a ferramenta Raster Calculator no menu Spatial
Analyst do software ArcGis 9.1. O cruzamento gerou um novo raster que denominou-
se “Importância Econômica” (Figura 33), que também foi reclassificado em três
classes, usando para tal efeito a ferramenta reclassify desse mesmo menu. Neste
caso, dos testes realizados para atribuir um valor de classe (1, 2 ou 3) às somas
geradas, decidiu-se escolher aquela reclassificação na qual a diferença entre as
áreas fosse a menor e onde a área da classe 3 (muito importante) fosse relevante
quando comparada com as outras reclassificações. A expressão para esta soma foi:
IE = IPA + QMP + GFL + CAM
onde,
IE : Importância Econômica com valores 1, 2 e 3
1 = pouco importante; 2 = importante; e, 3 = muito importante
IPA : fator econômico Incremento Periódico Anual
QMP : fator econômico Qualidade da Madeira em Pé
GFL : fator econômico Grupo Florístico
CAM : fator econômico Proximidade a Caminhos
FIGURA 33 – IMPORTÂNCIA ECONÔMICA (IE) RESULTANTE DO CRUZAMENTO DO INCREMENTO PERIÓDICO ANUAL (IPA), QUALIDADE DA MADEIRA EM PÉ (QMP), GRUPO FLORÍSTICO (GFL) E PROXIMIDADE A CAMINHOS (CAM) NA RFEE
0 540 1.080 1.620 2.160270
Meters
Legenda1 (pouco importante)
2 (importante)
3 (muito importante)
clip hidro
estradas reserva
181
As áreas obtidas em cada classe foram: i) pouco importante = 120,4 ha; ii)
importante = 565,6 ha; iii) muito importante = 508, 6 ha.
4.4.2.3 Cruzamento entre fatores e limitantes
Em primeiro lugar foi realizado o cruzamento entre o raster de Importância
Econômica (IE) e o raster de Importância Ambiental (IA), previamente convertidos
para formato vetorial. Através da ferramenta union que se encontra dentro do
ArcToolbox (Analysis Tools – Overlay) estas camadas foram unidas em uma camada
só. Criou-se um campo adicional na tabela de atributos gerada e nele, uniram-se os
valores dos campos que continham as classes econômica e ambiental por meio da
ferramenta Calculate Values, empregando-se para unir esses dois campos o
operador “&”. Assim, obtiveram-se 9 classes, resultado da combinação das três
classes de cada camada. Este processo gera alguns valores zero no perímetro, que
foram eliminados antes de se efetuar a junção das classes; pode-se considerá-los
como uma perda ínfima neste procedimento de ordenamento de caráter estratégico.
Finalmente, este arquivo vetorial foi convertido em raster utilizando-se a ferramenta
Convert (Features to Raster) no menu Spatial Analyst do software ArcGis 9.1. O
novo raster resultante deste cruzamento denominou-se “Cruzamento Ambiental–
Econômico” (esquema da Figura 31), apresentado na Figura 34.
0 540 1.080 1.620 2.160270
Meters
Legenda11
12
13
21
22
23
31
32
33
FIGURA 34 – CRUZAMENTO AMBIENTAL–ECONÔMICO RESULTANTE DO CRUZAMENTO ENTRE A “IE” E A “IA” PARA A RFEE
182
O primeiro valor na “Legenda” da Figura 34 representa um valor econômico e
o segundo valor representa um valor ambiental. Por exemplo, 31, significa a
combinatória da Importância Econômica “muito importante” (valor 3) com a
Como apresentado no esquema da Figura 31, a seqüência deste processo
correspondeu ao cruzamento da “Cruzamento Ambiental – Econômico” com o raster
de Limitantes (Figura 23), através de uma multiplicação entre estes dois raster,
utilizando-se a ferramenta Raster Calculator no menu Spatial Analyst do software
ArcGis 9.1. Este cruzamento gerou um raster denominado “Cruzamento Limitantes /
Fatores Ambientais – Econômicos”, apresentado na Figura 35.
Observa-se na “Legenda” da Figura 35, que o produto desta multiplicação
gerou mais uma classe com valor 0 (cor vermelha), que corresponde à soma de
todas as limitantes, ocupando uma área equivalente a 325,13 hectares.
A partir deste mapa surge a questão: que uso se pode atribuir às 9 classes
restantes onde seja possível realizar alguma atividade? A resposta a esta pergunta
pode ser obtida a partir da Matriz de Compatibilidade de Objetivos (MCO), que
permite saber que objetivos possuem uma atribuição territorial específica e quais
não possuem (esquema Figura 31).
0 540 1.080 1.620 2.160270Meters
Legenda0 (325,13 ha)
11 (42,32 ha)
12 (21,25 ha)
13 (26,56 ha)
21 (144,85 ha)
22 (159,27 ha)
23 (109,41 ha)
31 (153,53 ha)
32 (123,27 ha)
33 (85,16 ha)
FIGURA 35 – CRUZAMENTO LIMITANTES / FATORES AMBIENTAIS – ECONÔMICOS RESULTANTE DO CRUZAMENTO ENTRE OS CRITÉRIOS LIMITANTES E OS CRITÉRIOS FATORES (AMBIENTAIS E ECONÔMICOS) PARA A RFEE
183
4.4.2.4 Análise da Matriz de Compatibilidade de Objetivos
Em geral, nos trabalhos que utilizam AMC, é possível observar que o
problema a resolver consiste em encontrar “áreas” para “um” uso específico
considerando diferentes limitantes e fatores (critérios). Dessa forma, alguns
pesquisadores podem definir os melhores lugares para um determinado uso, porém,
para o mesmo lugar, outros pesquisadores, que desejem determinar as zonas mais
adequadas para outro uso diferente, terão o conflito que uma vez definidas essas
zonas, estas estarão, muito provavelmente, sobrepostas, total ou parcialmente, às
áreas definidas para o outro uso. Este problema não existirá, ou será minimizado,
quando se trata de usos completamente diferentes em seus requerimentos e, será
um problema importante, quando os usos tenham exigências similares. Por exemplo,
muitos usos, relacionados à produção agro-silvo-pastoril, podem ter requisitos de
solo, água, clima, de topografia, etc. muito semelhantes e, portanto, uma
superposição de usos existirá. Definir, neste caso, que zonas serão para um uso e
quais zonas para outro uso é uma solução complexa, pois componentes políticas e
conflitos de poder formam parte do problema, não sendo apenas um problema
técnico. De fato este é um conflito real em muitos países da América do Sul, onde
não existe um planejamento integrado do uso da terra. Pode-se, também, enquadrar
em um típico problema de ordenamento do território que a AMC pode ajudar a
resolver na sua componente técnica, mas que para ser bem resolvido, deve ser
abordado a partir de uma perspectiva mais ampla, envolvendo os diferentes atores
de uma área e considerando a opinião da comunidade civil organizada, entidades
privadas da produção, instituições acadêmicas e autoridades públicas.
Como o objetivo na RFEE é realizar um planejamento do uso da terra em que
se desenvolvam vários objetivos de forma simultânea, usou-se uma matriz
denominada “Matriz de Compatibilidade de Objetivos” (MCO) que permite conhecer,
em primeiro lugar, as compatibilidades ou incompatibilidades entre os objetivos
definidos e, em segundo lugar, quais deveriam ter uma atribuição específica ao
território. Para tal, é necessário ter em mente os objetivos que se deseja alcançar.
Como foi mencionado no item 3.2.5.2, o objetivo principal da Reserva
Florestal Embrapa/Epagri é desenvolver pesquisas em seus ecossistemas florestais
em distintos níveis, sendo seus objetivos específicos:
184
e) Educação e treinamento
f) Preservação florestal
g) Produção madeireira
h) Produção não-madeireira
i) Recreação
As definições para estes objetivos foram as seguintes:
a) Educação e treinamento: Processos permanentes de caráter interdisciplinar,
através dos quais as pessoas aclaram conceitos e desenvolvem: habilidades;
capacidades de aprendizagem; faculdades intelectuais, físicas, morais,
sensitivas, etc.; e as atitudes necessárias para uma convivência harmônica
entre seres humanos, sua cultura e o seu meio biológico-físico circundante.
b) Preservação florestal: Conjunto de ações destinadas a garantir a manutenção
das condições originais dos recursos naturais, especialmente os florestais, e
que tornam possível a evolução e desenvolvimento das espécies e dos
ecossistemas, reduzindo estas ações a um nível mínimo de intervenção
humana.
c) Produção madeireira: Corresponde às atividades de corte de árvores
destinadas a obter produtos madeireiros em uma determinada área, sob
prescrições silviculturais baseadas em critérios ecológicos que se
estabeleçam nos protocolos de colheita.
d) Produção não-madeireira: Corresponde às atividades a desenvolver na
floresta que procuram a obtenção de produtos não-madeireiros em uma área
definida, sob prescrições silviculturais baseadas em critérios ecológicos que
se estabeleçam nos protocolos de colheita.
e) Recreação: Compreende as atividades de lazer que, por sua natureza, podem
produzir uma alteração dos recursos naturais em termos de paisagem, como
podem ser as áreas para camping, áreas de piquenique, ou lugares que pela
sua infra-estrutura associada (estacionamentos, refúgios, centros de
interpretação, etc.) tenham que suportar uma maior carga de pessoas que o
restante das áreas. O tipo de recreação aqui definida não considera aquela
conhecida como recreação “próxima do natural”, que é basicamente de
185
contemplação e desfrute da natureza, portanto, de mínimo impacto sobre os
recursos naturais e com muito poucas restrições para que as pessoas
possam realizá-la.
É importante ressaltar que a “conservação” não foi definida como objetivo da
RFEE, porque se considera que este conceito sempre deve estar presente em
qualquer ação que se decida efetuar nessa área. Entende-se a “conservação” como
o uso sustentável ou a reparação, quando esse for o caso, dos componentes do
meio ambiente, com o objetivo de garantir sua permanência e sua capacidade de
regeneração, visando produzir o maior e constante benefício para as gerações
atuais, mas garantindo sua potencialidade para satisfazer as necessidades e
aspirações das gerações futuras. Com esta definição compreende-se porque não há
sentido em considerar a conservação como objetivo e incorporá-la na Matriz de
Compatibilidade de Objetivos, pois nunca vão existir incompatibilidades tais que
obriguem a ceder uma porção de território a favor deste objetivo, já que o conceito
de conservação deve ser aplicado sempre, exista ou não uma área definida.
Estes cinco objetivos foram dispostos na MCO (Tabela 36), que consta de
colunas e linhas. Os objetivos dispostos nas colunas recebem o nome de objetivos
em “Primeira Prioridade” e os mesmos objetivos dispostos nas linhas denominam-se
objetivos em “Segunda Prioridade”. Estes nomes devem-se a que o preenchimento
da matriz se realiza considerando apenas as colunas (primeira prioridade), tomando-
se cada objetivo de maneira independente dos outros objetivos, sendo, portanto,
desnecessário que estes sigam uma ordem pré-definida nas colunas da matriz.
O preenchimento da matriz pode ser observado na Tabela 36. Tomando como
exemplo o objetivo de “preservação”, a pergunta que se realiza é a seguinte: é
compatível a “preservação” com a “educação e treinamento”? Quando a resposta é
positiva, então coloca-se um sinal positivo (+) na célula correspondente. Para uma
resposta negativa, coloca-se um sinal negativo (-) e, quando a resposta é duvidosa,
ou não se sabe ou depende de considerações muito específicas, coloca-se um zero
(0) para indicar que o objetivo deve ser aplicado com restrição. Realiza-se a mesma
pergunta com o objetivo da linha seguinte (que também está em segunda prioridade)
até que a coluna seja completamente preenchida. Depois se repete este
186
procedimento com o objetivo da coluna seguinte e, assim por diante, até que todos
os objetivos tenham sido preenchidos.
TABELA 36 – MATRIZ DE COMPATIBILIDADE DE OBJETIVOS (MCO) PARA A RFEE
OBJETIVO PRINCIPAL: PESQUISA
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Primeira Prioridade
Segunda Prioridade
Educação e
treinamento Preservação
Produção
madeireira
Produção não-
madeireira Recreação
Educação e
treinamento + + + +
Preservação + _ _ _
Produção
madeireira + _ 0 _
Produção não-
madeireira + _ 0 _
Recreação + _ _ _
+ : objetivos compatíveis 0 : objetivos a serem aplicados com restrição
- : objetivos incompatíveis
A análise das colunas da matriz é independente da análise de suas linhas.
Isto significa que informações diferentes podem ser obtidas quando a análise da
matriz se realiza pelas colunas ou quando é efetuado pelas linhas. Observa-se que
todos os sinais da coluna do objetivo “educação e treinamento” foram positivos (+),
sendo, portanto, compatível com todos os outros objetivos (que se encontram em
segunda prioridade com relação a ele). Para a análise pela linha deste mesmo
objetivo, ou seja, quando se encontra em segunda prioridade, a interpretação efetua-
se com a seguinte pergunta: a “educação e treinamento” suporta algum objetivo
acima dele? Como os sinais foram todos positivos, significa que este objetivo pode
ser executado sem nenhum problema em qualquer situação, já que “suportou” a
realização de todos os objetivos acima dele. De certa forma pode-se dizer que este
objetivo pode ser excluído da matriz porque pode ser aplicado sempre e em
187
qualquer lugar, não necessitando uma área territorial específica da RFEE. Ao
observar os outros objetivos pelas suas colunas, a “preservação” e a “recreação”
tiveram sinais negativos, exceto na linha do objetivo de “educação e treinamento”.
Isto significa que não são compatíveis com nenhum objetivo (de segunda
prioridade). Os sinais destes mesmos objetivos, analisados pelas suas linhas,
resultaram ser todos negativos (exceto na coluna do objetivo de “educação e
treinamento”), sendo a análise da seguinte forma: a “preservação” e a “recreação”
não suportaram nenhum objetivo acima delas, o que se traduz em que estes
objetivos devem ter uma atribuição específica no território da RFEE onde possam
ser aplicados. No caso dos objetivos de “produção madeireira” e “produção não-
madeireira”, a análise é praticamente a mesma, com a diferença que, em ambos os
casos, os objetivos são incompatíveis com todos os outros (exceto o de “educação e
treinamento”) e entre eles devem ser aplicados com restrição porque foi atribuído um
zero (0) na célula correspondente. A análise pelas linhas para estes objetivos
permitiu concluir que também não suportam nenhum objetivo por acima deles, tendo
que existir, portanto, uma área específica onde possam ser aplicados
separadamente.
Resumindo o expresso anteriormente, pode-se dizer que deverão existir áreas
específicas da RFEE onde sejam aplicados os quatro objetivos seguintes:
preservação, recreação, produção madeireira e produção não-madeireira. O objetivo
de educação e treinamento não requer nenhuma área específica para ser aplicado.
A questão do uso que se pode atribuir às 9 classes restantes onde se é
possível realizar alguma atividade, foi em parte, resolvida pela MCO, tendo-se
definido que quatro objetivos devem ter áreas específicas da RFEE onde possam
ser aplicados. Permanece, no entanto, o questionamento sobre quê objetivo deverá
ser atribuído a cada uma destas 9 células ou classes. Como apresentado no
esquema da Figura 31, realizou-se a atribuição de funções (na AMC um objetivo
entende-se como uma função a desenvolver) ou usos ao território empregando a
matriz de 3x3 células correspondente à Figura 35 “Cruzamento Limitantes / Fatores
Ambientais – Econômicos” (sem considerar o zero). Esta atribuição de usos
corresponde ao que na Figura 2 se descreve como “Regra de decisão” do processo
de AMC, ou seja, o conjunto de procedimentos necessários para construir a melhor
regra possível que, após serem avaliados, geram o modelo de decisão final.
188
Foram construídas cinco regras de decisão diferentes, cujos resultados foram
lançados nos mapas respectivos. Estes mapas foram empregados para avaliar e
estudar a quantidade de área por uso e sua alocação nas diferentes zonas da RFEE
e, segundo essa análise, decidir que regra utilizar. A Tabela 37 apresenta a Regra
de Decisão escolhida para atribuição dos objetivos (funções ou usos) ao território da
RFEE.
TABELA 37 – REGRA DE DECISÃO PARA ATRIBUIR FUNÇÕES OU USOS AO TERRITÓRIO DA RFEE
IMPORTÂNCIA AMBIENTAL (IA)
1 2 3
1 Recreação Produção não
madeireira Preservação
2 Produção
Madeireira
Produção não
Madeireira Preservação
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
(IE)
3 Produção
Madeireira
Produção
Madeireira
Produção
Madeireira
Embora facilitada pelo uso do SIG, a construção de regras de decisão não é
um procedimento simples, pois deve-se pensar cuidadosamente quê objetivo deverá
ser atribuído a cada célula. Na prática, qualquer objetivo pode ser atribuído a
qualquer célula, mas tal procedimento não seria coerente com o método
desenvolvido neste trabalho. Portanto, é lógico que apenas alguns objetivos possam
ser atribuídos a determinadas células somente e, não, a outras.
O resultado da aplicação da regra de decisão da Tabela 37 pode ser
observado, com relação às áreas geradas (hectares) e suas porcentagens, segundo
os objetivos definidos, na Tabela 38.
Para o caso analisado, a melhor opção dentre as observadas para as áreas
de preservação, foi a sua atribuição às células de IA “muito importante” (valor 3).
Esta decisão determinou que 136 ha (11,4%) fossem atribuídos a este objetivo
(função ou uso), área que, em termos práticos, ao ser somada com a área de
limitantes, representa quase 39% do total da área da RFEE.
189
Outra decisão tomada foi que as áreas de IE “muito importante” fossem todas
de produção de madeira sem considerar a IA na sua atribuição. Aqui se privilegiou o
critério econômico, em função de que áreas de preservação e outras áreas onde
nenhuma atividade pode ser realizada (limitantes), já ocupam uma importante área
da RFEE (27,3 %) (Tabela 38). Outra célula que recebeu este último objetivo foi a
2x1, isto é, a célula de IE “importante” (valor 2) e IA “pouco importante” (valor 1). No
caso deste objetivo de “produção de madeira”, aquelas áreas de produção de
madeira que foram determinadas pela sua atribuição às células de IA “muito
importante” ou “importante” deverão receber tratos silviculturais adequados à sua
condição de maior fragilidade ambiental.
Acredita-se que aquelas áreas que teoricamente podem suportar um forte
impacto por visitação de pessoas, seriam as de IA “pouco importante” e também
com uma IE “pouco importante”, sendo, portanto, atribuído à célula 1x1 o objetivo de
“recreação”.
Para as áreas de produção não-madeireira foram escolhidas aquelas áreas
que apresentavam uma condição intermediária em termos ambientais e econômicos,
o que, aparentemente, ajusta-se bem ao baixo impacto que este tipo de produção
poderia gerar na RFEE.
TABELA 38 – OBJETIVOS OU USOS ATRIBUÍDOS À RFEE, CÉLULAS SUAS ÁREAS E PORCENTAGENS
Objetivos Célula* Área (ha) % Preservação 13; 23 136 11,4 Produção Madeireira 21; 31;32;33 507 42,5 Produção Não-Madeireira 12; 22 181 15,2 Recreação 11 43 3,6
Subtotal 867 LIMITANTES 325 27,3
Total 1.192 100,0 *: no número da célula o primeiro valor indica à IE e o segundo valor indica à IA.
Apresenta-se, na Figura 36, o resultado desta análise, onde as células de
mesma cor correspondem à mesma função, uso ou objetivo.
190
4.4.3 Ajuste da Proposta de Atribuição de Funções ao Território da RFEE
Segundo o esquema da Figura 31, o resultado apresentado na Figura 36
constituiria o “Mapa Final”. No entanto, é necessário ajustá-lo mediante uma
homogeneização e dissolução de áreas sob o critério de se poder contar com um
zoneamento operacional simples e de utilidade para as pessoas que realizarão a
gestão da área. Assim, foram efetuados ajustes no mapa, tentando-se manter o
modelo o mais próximo do original gerado com a ferramenta de AMC. A Figura 37
mostra o resultado desta homogeneização e dissolução, que constitui o Mapa de Ordenamento do Território da Reserva Florestal Embrapa/Epagri – Caçador, SC.
0 540 1.080 1.620 2.160270
Meters
Legenda0 (325,13 ha)
11 (42,32 ha)
12 (21,25 ha)
13 (26,56 ha)
21 (144,85 ha)
22 (159,27 ha)
23 (109,41 ha)
31 (153,53 ha)
32 (123,27 ha)
33 (85,16 ha)
FIGURA 36 – CRUZAMENTO LIMITANTES / FATORES AMBIENTAIS – ECONÔMICOS OS OBJETIVOS ATRIBUÍDOS SEGUNDO A REGRA DE DECISÃO ADOTADA PARA A RFEE
As áreas resultantes para cada uso (função ou objetivo) após os ajustes
foram: Limitantes 325 ha (27,3%); Preservação 222 ha (18,6%); Produção
madeireira 473 ha (39,7%); Produção não-madeireira 136 ha (11,4%); e, Recreação
36 ha (3,0%). Observa-se que com este ajuste se produziram mudanças importantes
na porcentagem da área de Preservação que subiu de 11,4% (Tabela 38) a 18,6%,
ou seja, 86 hectares a mais, que foi a área que perderam conjuntamente os outros
três usos.
FIGURA 37: MAPA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DA RESERVA FLORESTAL EMBRAPA/EPAGRI – CAÇADOR, SC
503000 504000 505000 506000 507000 508000
7028000
7028000
7029000
7029000
7030000
7030000
7031000
7031000
500 0 500250Metros
Sistema de Projeção: UTM - Fuso 22
Datum Horizontal: SAD 69 Brasil
LegendaLimitantes (325 ha)
Preservação (222 ha)
Produção madeireira (473 ha)
Produção não-madeireira (136 ha)
Recreação (36 ha)
Estradas
Rios®Perímetro da RFEE
Março, 2007
508000507000506000505000504000503000
192
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 CONCLUSÕES
A análise dos resultados desta pesquisa permite concluir que:
a) Não foram detectadas diferenças ao nível de 5% de significância entre as
áreas basais das parcelas alocadas sobre a estratificação efetuada com base
em classes de meio físico, obtidas a partir da combinação de declividade e
exposição.
b) Pela composição florística (72 espécies, 33 famílias e 54 gêneros)
determinada mediante o inventário florestal constata-se que o padrão florístico
que caracteriza a Floresta Ombrófila Mista também é seguido na RFEE e,
segundo os índices obtidos, sua diversidade pode ser considerada alta.
c) As dez principais espécies da RFEE, segundo o Valor de Importância
ALBORECA, A.; CURRÁS, F.; ARANDA, U. La planificación de comarcas forestales
en Galicia. p. 137-142. In: Nuevos retos de la ordenación del medio natural. Colección n.1. Universidad de León, España. 2005. 197 p.
ALONSO, I. Conservación y gestión del medio natural en Inglaterra. p. 69-75. In:
Nuevos retos de la ordenación del medio natural. Colección n.1. Universidad de León, España. 2005. 197 p.
ASIM, M.; MUSTAFA, G.; BRODLIE, K. Constrained Visualization of 2D positive data
using Modified Quadratic Shepard Method. WSCG Posters proceedings, february 2004, Plzen, Czech Republic. 2004.
AUBERT, E.; OLIVEIRA-FILHO, A. de. Análise multivariada da estrutura
fitossociológica do sub-bosque de plantios experimentais de Eucalyptus spp. e Pinus spp. em Lavras (MG). Revista Árvore, Viçosa, v. 18, n. 3, p. 194-214. 1994.
BARREDO, J. Sistemas información geográfica y evaluación multicriterio en la
ordenación del territorio. Editorial RA-MA, España. 1996. 261 p. BARROS, P. Estudo fitossociológico de uma floresta tropical úmida no planalto
de Curuá-Una, Amazônia Brasileira. Curitiba 1986. 147 f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
BARUSSO, A. Determinação de funções de crescimento mediante análise de
tronco. Curitiba. 1977. 133 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
BASSAB, W.; MIAZAKI, É.; ANDRADE, D. de. Introdução à análise de
agrupamentos. Associação Brasileira de Estatística. ABE. 9º Simpósio Nacional de Probabilidade e Estatística. São Paulo. IME-USP. 1990. 105 p.
BATISTA, J. Análise multivariada no planejamento de extensão florestal:
subsídios para uma política de reocupação de áreas. Curitiba. 1990. 137 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
196
BIE, C. de; LEEUWEN, J. van; ZUIDEMA, P. The land use database. Versión 1.04 for MS-DOS. ITC, FAO, UNEP, WAU. 1996. Disponível em: <http://ces.iisc.ernet.in/energy/HC270799/LM/SUSLUP/luse/Manual/chap2>. Acesso em: jan. 2007.
BOCKOR, I. Aplicación de un método de clasificación numérica para diferenciar tipos
de bosque. Revista Forestal Venezolana, Mérida, v. 18, n. 28, p. 23-37. 1978.
BOLÓS, O. Fitocenología, estudio de comunidades de plantas. Anais. XXXVI
Congresso Brasileiro de Botânica. 1990. p. 5-21. BOSQUE, J. Sistemas de Información Geográfica. Ediciones Rialp, S.A. Madrid,
España. 1997. 451 p. CARVALHO, P. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília: Embrapa Informação
Tecnológica; Colombo, PR: Embrapa Florestas, 1039 p. 2003. CHAKHAR, S.; MARTEL, J-M. Enhancing geographical information systems
capabilities with Multi-Criteria Evaluation functions. Journal of Geographic Information and Decision Analysis, v. 7, n. 2, p. 47-71. 2003.
CHRISMAN, N. Exploring Geographic Information Systems. University of
Washington, USA. John Wiley & Sons, Inc. 1996. 298 p. CONAMA. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução № 4 de 04
de maio de 1994. Definição de vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res94/res0494.html>. Acesso em: 02 out. 2006.
_____. Resolução № 278 de 24 de maio de 2001. Disponível em:
CONSEJO DE EUROPA. Carta Europea de Ordenación del Território. Consejo de
Europa, Torremolinos 1983. CORAIOLA, M. Caracterização estrutural de uma Floresta Estacional
Semidecidual localizada no município de Cássia – MG. Curitiba, 1997. 143 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
DA CROCE, D. Caracterização espacial estrutural e fitossociológica da Reserva
Genética Florestal de Caçador – SC, através da análise de componentes principais e sistemas de informações geográficas. Santa Maria, 1991. 120 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola). Curso de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Santa Maria – RS.
197
DLUGOSZ, F. Classificação orientada a regiões na discriminação de tipologias da Floresta Ombrófila Mista usando imagens orbitais Ikonos. Curitiba. 2005. 135 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
DLUGOSZ, F.; ROSOT, N, ROSOT, A.; OLIVEIRA, Y. de. Uso da segmentação por
crescimento de regiões em imagem Ikonos na discriminação de tipologias da Floresta Ombrófila Mista. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO (SBSR), 12, 2005. Goiânia. Anais. São José dos Campos: INPE, Artigos, p. 1493-1500. CD-ROM, ISBN 85-17-00018-8.
DONOSO, C. Bosques templados de Chile y Argentina. Variación, estructura y
dinámica. Santiago, Editorial Universitaria. 1993. 484 p. DURIGAN, M. Florística, dinâmica e análise protéica de uma Floresta Ombrófila
Mista em São João do Triunfo – PR. 1999. 125 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Embrapa Solos. Rio de
Janeiro. 2.ed. 2006. 306 p. FAO. A framework for land evaluation. Soils bulletin n. 32. Soil resources
development and conservation service land and water development division. FAO, Rome, 1976. 66 p.
FAO/PNUMA. Sistemas nacionales de áreas silvestres protegidas en América
Latina. Basado en el Taller sobre Planificación de Sistemas Nacionales de Áreas Silvestres Protegidas, Caracas, Venezuela, 9-13 junio de 1986. Ed. C. Ormazábal. 1988. 205 p.
FATMA. FUNDAÇÃO DO MEIO AMBIENTE. Unidades de Conservação do Estado
de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.fatma.sc.gov.br>. Acesso em: 25 mar. 2007.
FELFILI, J. Determinação de padrões de distribuição de espécies em uma mata de
galeria no Brasil Central com a utilização de técnicas de análise multivariada. Boletim do Herbário Ezechias Paulo Heringer, v. 2, p. 35-47. 1998.
FELFILI, J.; REZENDE, R. Conceitos e métodos em fitossociologia. Comunicações
Técnicas Florestais, Brasília, v. 5, n. 1. 2003. 68 p. FERNANDES, F.; LUFT, C.; GUIMARÃES, F. Dicionário Brasileiro GLOBO. Editora
Globo, 7ª edição, Rio de Janeiro. 1988. FERNÁNDEZ-MANSO, A.; RODRÍGUEZ, J.M.; RELEA, M. Nuevos Retos de la
Ordenación Medio Natural. Colección n.1. Universidad de León, España. 2005a. 197 p.
198
FERNÁNDEZ-MANSO, A.; MARTÍNEZ, J.; PÉREZ, J.; VELASCO, J. La ordenación del territorio en la conservación y aprovechamiento del espacio forestal a escala municipal en Castilla y León. p. 157-172. In: Nuevos retos de la ordenación del medio natural. Colección n.1. Universidad de León, España. 2005b. 197 p.
KOEHLER, H. Enraizamento de estacas de Sapium glandulatum (Vell.) Pax. Scientific Journal, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 122-123. 2001.
FERREIRA, L.; CASTRO, R. de; CARVALHO, S. de. Roteiro Metodológico para
elaboração de plano de manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). MMA/IBAMA, DIREC, CGECO. 2004. 76 f.
FIGUEIREDO FILHO, A. Manejo de plantios florestais no Brasil. In: Estudos
Florestais e Ambientais. Luciano F. Watzlawick e Mario T. Inoue editores. Irati: Unicentro, 2003. 220-235 p.
FINCKH, M.; FRANK, D.; SALAS, E. Estudio de paisaje R.N. Valdivia. Proyecto
Manejo Sustentable del Bosque Nativo (CONAF/GTZ). Informe Final. Ifanos Chile S.A. 35 p.
FINOL, H. Nuevos parámetros a considerarse en el análisis estructural de las selvas
vírgenes tropicales. Revista Forestal Venezolana, Mérida, v. 14, n. 21, p. 29-42. 1971.
FORMAN, R.; GODRON, M. Landscape Ecology. John Wiley & Sons, Inc. Printed
in USA. 1986. 619 p. GALVÃO, F. Métodos de levantamento fitossociológico, Documento Provisório.
Apostila da disciplina de Fitossociologia Florestal, Curso de Pós-graduação em Engenharia Florestal, UFPR. 2005. 18 p.
GALVÃO, F.; KUNIYOSHI, Y.; RODERJAN, C. Levantamento fitossociológico das
principais associações arbóreas da Floresta Nacional de Iratí-PR. Revista Floresta, Curitiba, v. 19, n. 1 e 2, p. 30-49. 1989.
GALVÃO, F.; RODERJAN, C.; KUNIYOSHI, Y.; ZILLER, S. Composição Florística e
Fitossociologia de caxetais do litoral do Estado do Paraná-Brasil. Revista Floresta, Curitiba, v. 32, n. 1, p. 17-39. 2002.
GASTÓ, J. La ordenación territorial. Conceptos y definiciones. Santiago,
Editorial Universidad Católica de Chile. 2002. 250 p. GERHARDT, E.; FINGER, C.; LONGHI, S.; SHUMACHER, M. Contribuição da
análise multivariada na classificação de sítios em povoamentos de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze., baseada nos fatores físicos e morfológicos do solo e no conteúdo de nutrientes da serapilheira. Revista Ciência Florestal, Santa Maria, v. 11, n. 2, p. 41-57. 2001.
199
GIRI, N. Multivariate Statistical Inference. Department of Mathematics, University
of Montreal, Montreal, Quebec, Canada. 1977. 319 p. GOODALL, D. Numerical classification. Cap. 19. p. 247-286. In: Classification of
Plant Communities. Edited by Robert H. Whittaker. Dr W. Junk b.v. Publishers The Hague, Boston. 1978. 408 p.
GOMIDE, G. Estrutura e dinâmica de crescimento de florestas tropicais
primária e secundária no Estado do Amapá. 1997. 179 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
E.; SILVA, C.; CARVALHO, L. Estrutura horizontal de fragmentos florestais da bacia hidrográfica do rio São Francisco. Cap. 6, p. 137-198. In: Modelo fitogeográfico para áreas de preservação permanente. Um estudo da bacia hidrográfica do rio São Francisco. Lavras – MG. Editora UFLA, 2005. 421 p.
GRAÇA, P. Procedimentos automatizados para monitoramento de áreas sob
impacto da exploração madeireira. Anais do V Seminário de Atualização em “Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informações Geográficas aplicadas a Engenharia Florestal”. Curitiba. 2002.
HERRERA, P.; SANTOS, L.; CEBALLOS, M.; PARRILLA, O. Un modelo de
protección del sistema ecológico local para aplicar en las directrices de ordenación territorial de ámbito subregional. p. 104-116. In: Nuevos retos de la ordenación del medio natural. Colección n.1. Universidad de León, España. 2005. 197 p.
IBAMA. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS RENOVÁVEIS. Portaria № 37-N, de 03 de abril de 1992. Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção. 1992a. 2 p.
_____. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS RENOVÁVEIS. Roteiro metodológico para gestão de Área de Proteção Ambiental. Diretoria de Unidades de Conservação e Vida Silvestre. Edições IBAMA – GTZ. 2001b. 240 p.
_____. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS RENOVÁVEIS. Roteiro metodológico para elaboração de planos de manejo para Florestas Nacionais. Diretoria de Gestão do Uso dos Recursos Naturais. Coordenadoria de Florestas Nacionais. 2001c. 49 f.
INOUE, M.; RODERJAN, C.; KUNIYOSHI, Y. Projeto madeira do Paraná. Curitiba,
Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná. Convênio IBDF/SUDESUL/Governo do Estado do Paraná, SEPL. 1984. 260 p.
200
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Fundação Instituto Brasileiro de Geografía e estadística. Série de Manuais Técnicos em Geociências. Nº1. Rio de Janeiro. 1991a. 92 p.
_____. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual
Técnico de Uso da Terra. Manuais Técnicos em Geociências, Nº 7. 2da Edição, 2006 b.
JARENKOW, J. Estudo fitossociológico comparativo entre duas áreas com
mata de encosta no Rio Grande do Sul. 1994. 125 f. Tese (Doutorado em Ciências). Universidade Federal de São Carlos.
KENT, M.; COKER, P. Vegetation description and analysis. A practical approach.
London. John Wiley & Sons.1992. 363 p. KLEIN, R. O aspecto dinâmico do pinheiro brasileiro. A Araucaria angustifolia
(Pinheiro), como espécie pioneira no atual ciclo climático. Sellowia, Itajaí, n.12, p. 17-51. 1960.
_____. Importância e fidelidade das lauráceas na “Formação de Araucária” do
Estado de Santa Catarina. Ínsula, Florianópolis, n. 7, p. 1-19. 1974. KOEHLER, H.; Estatística experimental. Apostila disciplina de estatística
experimental. Universidade Federeal de Paraná. 1998. 122 f. KOZERA, C.; DITTRICH, V.; SILVA, S. Fitossociologia do componente arbóreo de
um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana, Curitiba, PR, BR. Revista Floresta, Curitiba, v. 36, n. 2, p. 225-237. 2006.
KURASZ, G. Sistema de Informações Geográficas aplicado ao Zoneamento
Ambiental da Reserva Florestal Embrapa/Epagri, Caçador-SC. Curitiba. 2005. 137 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
KURASZ, G.; FASOLO, P.; POTTER, R.; DLUGOSZ, F. GEBAUER, E.; ROSOT, M.;
OLIVEIRA, Y de. Levantamento semidetalhado de solos para atualização de legenda na Reserva Florestal Embrapa/Epagri de Caçador-SC. Anais III Evento de Iniciação Científica da Embrapa-Florestas, Colombo, 6 a 8 de dezembro de 2004. 12 p.
LAMPRECHT, H. Ensayo sobre la estructura florística de la parte sur-oriental del
bosque universitario “El Caimital” – Estado Barinas. Revista Forestal Venezolana, Mérida, v. 7, n. 10-11, p. 77-119. 1964.
LANDIM, P. Introdução aos métodos de estimação espacial para confecção de
mapas. Departamento de Geologia Aplicada. Unesp/Rio Claro. Lab. Geomatemática. 2000. 20 p.
201
LEITE, P. As diferentes unidades fitoecológicas da região sul do Brasil: proposta de classificação. Curitiba. 1994. 160 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
LIMA, G.; RIBEIRO, G.; GONÇALVES, W. Avaliação da efetividade de manejo das
unidades de conservação de proteção integral em Minas Gerais. Revista Árvore, Viçosa, v. 9, n. 4. 2005.
LLANOS, J. El paisaje como base para la ordenación del medio natural. p. 40-48. In:
Nuevos retos de la ordenación del medio natural. Colección n.1. Universidad de León, España. 2005. 197 p.
LOIS GONZÁLEZ, R. Fundamentos de la ordenación del territorio. p. 23-24. In:
Nuevos retos de la ordenación del medio natural. Colección n.1. Universidad de León, España. 2005. 197 p.
LONGHI, S. A estrutura de uma floresta natural de Araucaria angustifolia (Bert.)
O. Ktze, no sul do Brasil. Curitiba. 1980. 197 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
_____. Agrupamento e análise fitossociológica de comunidades florestais na
sub-bacia hidrográfica do rio Passo Fundo-RS. Curitiba. 1997. 198 f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
LORENZI, H. Árvores brasileiras. Manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa, SP: Editora Plantarum, 1992. 352 p. MACHADO, S. Notas de aula disciplina de Mensuração Florestal. Curso de Pós-
Graduação em Engenharia Florestal. UFPR. 2005. MARINERO, A. Las ciudades (Europeas) ante la globalización y el desarrollo
sostenible. p. 80-93. In: Nuevos retos de la ordenación del medio natural. Colección n.1. Universidad de León, España. 2005. 197 p.
MARTINS, A.; NETO, A. MENEZES, I. de; BRITES, R.; SOARES, V. Metodologia
para indicação de corredores ecológicos por meio de um Sistema de Informações Geográficas. p. 611-620. Anais IX Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Santos, Brasil, 11-18 setembro, INPE. 1998.
MENA, C.; GAJARDO, J.; ORMAZÁBAL, Y. Modelación espacial mediante
geomática y evaluación multicriterio para la ordenación territorial. Revista Facultad de Ingeniería, Universidad de Tarapacá, v. 14, n. 1, p. 81-89. 2006.
NASCIMENTO, A.; LONGHI, S.; BRENA, D. Estrutura e padrões de distribuição espacial de espécies arbóreas em uma amostra de Floresta Ombrófila Mista em Nova Prata – RS. Revista Ciência Florestal, Santa Maria, v. 11, n. 1, 105-119. 2001.
NEGRELLE, R.; LEUCHTENBERGER, R. Composição e estrutura do componente
arbóreo de um remanescente de Floresta Ombrófila Mista. Revista Floresta, Curitiba, v. 31. n. 1 e 2, p. 42-51. 2001.
NEGRELLE, R.; SILVA, F. Fitossociologia de um trecho de floresta com Araucaria
angustifolia (Bert.) O. Ktze. No município de Caçador – SC. Boletim de Pesquisa Florestal, n. 24/25, p. 37-54. 1992.
MULLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation
ecology. Wiley International Edition. John Wiley & Sons, 1974. 547 p. OLIVEIRA, Y. de; ROTTA, E. Levantamento da estrutura horizontal de uma mata de
araucária no primeiro planalto paranaense. Boletim de Pesquisa Florestal, n. 4, p. 1-46.1982.
OLIVEIRA, Y.M.; ROSOT, A.D.; RIVERA, H. Aplicação de geotecnologias na
elaboração de planos de manejo de áreas protegidas: O caso da Reserva Florestal Embrapa/Epagri. In: Seminário de Geotecnologias Aplicadas à Engenharia Florestal. 2006. 1 CD-ROM.
ORATE, 2004. Informe intermedio sobre la cohesión territorial (Resultados
preliminares de los estudios de Orate y de la Comisión de la UE). DG de Política Regional. Agencia Europea para la Seguridad y la Salud en el Trabajo. 2004. 103 p.
PÉRICO, E.; CEMIN, G. Planejamento do uso do solo em ambiente SIG: alocação
de um distrito industrial no município de Lajeado, RS, Brasil. Estudos Geográficos, Rio Claro, v. 4, n. 1, p. 41-52. 2006.
PIZATTO, W. Avaliação biométrica da estrutura e da dinâmica de uma Floresta
Ombrófila Mista em São João do Triunfo-PR: 1995-1998. Curitiba. 1999. 172 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
PNF. PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS. Inventário Florestal Nacional.
Folder workshop, Curitiba-PR. 2006. Ministério do Meio Ambiente/SBF. 2006. PUCHALSKI, A.; MANTOVANI, M.; REIS, M. dos. Variação em populações naturais
de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze associada a condições edafo-climáticas. Scientia Forestalis, n. 70, p. 137-148. 2006.
203
RAMÍREZ, C. Estudio comprensivo de la flora y la vegetación y la metodología fitosociológica. El caso de la Reserva Nacional Valdivia. Instituto de Botánica, Universidad Austral de Chile. 2º Ciclo de Perfeccionamiento para Profesionales Forestales, Curso de Silvicultura CONAF/GTZ. 1999. 28 p.
REIS, A. Manejo e conservação das florestas catarinenses. Trabalho para o
concurso de professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis, SC. Brasil. 1993. 124 p.
REITZ, R.; KLEIN, R.; REIS, A. Projeto madeira de Santa Catarina. Levantamento
das espécies florestais nativas em Santa Catarina com a possibilidade de incremento e desenvolvimento. Convênio SUDESUL/Governo do Estado de Santa Catarina/IBDF. 1978. 320 p.
RIBEIRO, D. O povo brasileiro. A formação e o sentido do Brasil. Companhia das
letras, São Paulo. 1era edição Companhia de Bolso. 2006. 435 p. RINNER, C.; MALCZEWSKI, J. Web-enabled spatial decision analisis using Ordered
Weighted Averaging (OWA). Journal of Geographical Systems, n. 4, p. 385-403. 2002.
RIVERA, H. Aplicación de la evaluación multicriterio en la ordenación del territorio de
la Reserva Nacional Valdivia. Primera versión. Proyecto Manejo Sustentable del Bosque Nativo (CONAF/GTZ). 2000. 28 p.
_____. Asignación de funciones al territorio de la Reserva Nacional Valdivia, Chile,
mediante una evaluación multicriterio y SIG. p. 173-197. In: Nuevos retos de la ordenación del medio natural. Colección n.1. Universidad de León, España. 2005. 197 p.
_____. Composição florística e análise fitossociológica de um fragmento de Floresta
Ombrófila Mista da Floresta Estadual Metropolitana de Piraquara, PR – Brasil. Disciplina de Fitossociologia, UFPR. (não publicado). 2006. 15 f.
RIVERA, H.; RUDLOFF, A.; CRUZ, P. Plan de ordenación de la Reserva Nacional
Valdivia. Una visión para el manejo ecológicamente sustentable de los ecosistemas forestales costeros de la X Región de Los Lagos. Proyecto Manejo Sustentable del Bosque Nativo (CONAF/GTZ). 2002. 236 p.
ROCHA, C. Geoprocessamento: tecnología transdiciplinar. Juiz de Fora, MG:
Ed. do Autor, 2000. RODAL, M.; SAMPAIO, E.; FIGUEIREDO, M. Manual sobre métodos de estudo
florístico e fitossociológico. Ecossitema Caatinga. Sociedade Botânica do Brasil. 1992. 24 p.
RODERJAN, C.; GALVÃO, F.; KUNIYOSHI, Y.; HATSCHBACH, G.. As unidades
fitogeográficas do Estado do Paraná. Revista Ciência e Ambiente, n. 24. p. 75-92. 2002.
204
RODERJAN, C.; INOUE, M. Identificação dendrológica de espécies florestais. p. 236-244. In: Estudos Florestais e Ambientais. Luciano F. Watzlawick e Mario T. Inoue editores. Iratí-Paraná: Unicentro. 2003. 247 p.
FRITZSONS, E.; CALDEIRA, M.; MACIEL, M.; SOUZA, M. Caracterização florística e estrutural de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista, em Curitiba, PR – Brasil. Revista Floresta, Curitiba, v. 32, n. 1, p. 3-16. 2002 a.
RONDON NETO, R.; WATZLAWICK, L.; CALDEIRA, M.; SCHOENINGER, E.
Análise florística e estrutural de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana, situado em Criúva – RS, Brasil. Revista Ciência Florestal, Santa Maria, v. 12, n. 1, p. 29-37. 2002 b.
ROSOT, A. Processamento digital de imagens aplicado à medição de anéis de
crescimento na análise de tronco. Curitiba. 2002. 206 f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
ROSOT, A.; CRUZ, P.; OLIVEIRA, Y. de; RIVERA, H.; MATTOS, P. de. Desarrollo
de un modelo de plan de manejo para áreas protegidas en bosques con araucaria en el sur de Brasil. p. 110-111. In: Anais 2º Congreso Latinoamericano IUFRO. Bosques, la creciente importancia de sus funciones ambientales, sociales y económicas. 2006. 295 p.
SALAS, E. La ordenación del territorio. Proyecto Manejo Sustentable del Bosque
Nativo (CONAF/GTZ). Apuntes curso de planificación forestal. 1999. 10 p. SANQUETTA, C. Análise da estrutura vertical de florestas através do diagrama h-M.
Revista Ciência Florestal, Santa Maria, v. 5, n. 1, p. 55-68. 1995. SANQUETTA, C.; PIZATTO, W.; NETTO, S.; FILHO, A.; EISFELD, R. Estrutura
vertical de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista no centro-sul do Paraná. Revista Floresta, Curitiba, v. 32, n. 2, p. 267-276. 2002.
SANTOS, M. O país distorcido. O Brasil, a globalização e a cidadania. Divisão de
publicações da empresa Folha da Manhã S.A. Publifolha, São Paulo. 2002. SANTOS, M.; SILVEIRA, M. O Brasil: Território e sociedade no início do século
XXI. 6ª edição, Editora Redord, Rio de Janeiro. 2004. 473 p. SANTOS, J. dos. Abordagem integrada das imagens satelitárias para o
monitoramento do desflorestamento da Amazônia brasileira. Anais do 1º Seminário de Atualização em “Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informações Geográficas aplicadas a Engenharia Florestal”. Curitiba. 1994.
SAN ROMÁN, J. Ordenación del territorio y planificación urbana. p. 79. In: Nuevos
retos de la ordenación del medio natural. Colección n. 1. Universidad de León, España. 2005. 197 p.
205
SCHAAF, L. Florística, estrutura e dinâmica no período 1979-2000 de uma
Floresta Ombrófila Mista localizada no Sul do Paraná. Curitiba. 2001. 119 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
SCHWEINGRUBER, F. Trees and Wood in dendrochronology. Morphological,
anatomical and tree-ring analytical characteristics of trees frequently used in dendrochronology. Springer-Verlag. Germany. 1993. 402 p.
BITTENCOURT, S.; BRAND, M.; CARNIATTO, I.; GALVÃO, F.; RODERJAN, C. Levantamento florístico e análise fitossociológico de um remanescente de Floresta Ombrófila Mista localizado no Município de Pinhais, Paraná – Brasil. Revista Floresta, Curitiba, v. 35, n. 2, p. 291-302. 2005.
SEITZ, R. Algumas características ecológicas e silviculturais do vassourão-
branco (Piptocarpha angustifolia Dusén). Curitiba. 1976. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
SHARIFI, M.; TOORN, W. van den; RICO, A.; EMMANUEL, M. Application of GIS
and Multicriteria Evaluation in locating sustainable boundary between the Tunari National Park and Cochabamba city (Bolivia). Journal of Multi-Criteria Decision Analysis, n. 11, p. 151-164. 2002.
SILVA, F.; MARCONI, L. Fitossociologia de uma floresta com araucária em
Colombo–PR. Boletim de Pesquisa Florestal, n. 20, p. 23-38. 1990. SOUZA, W. Planejamento da rede viária e zoneamento em unidades de
conservação, empregando um sistema de informações geográficas. Viçosa. 1990. 89 f. Tese (Magister Scientiae). Curso de Ciência Florestal. Universidade Federal de Viçosa.
SOUZA, J.; MEDEIROS,J. Modelagem da carta síntese de subsídios à gestão do
território do sul do Amapá, através de análise geográfica em Spring. Revista Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, série Ciências Naturais, Belém, v. 1, n. 1, p. 185-189. 2005.
SUÁREZ-SEOANE, S. Utilización del SIG y teledetección para la identificación de
zonas de interés para la conservación de las aves esteparias en España. p. 58-68. In: Nuevos retos de la ordenación del medio natural. Colección n. 1. Universidad de León, España. 2005. 197 p.
STATSOFT. Statistica for Windows (Computer program manual). Tulsa, OK:
Statsoft, Inc., 2300 East 14 th Street, Tulsa, OK 74104. http://www.statsoft.com. 2000.
206
STOKES, M.; SMILEY, T. An introduction to tree-ring dating. Chicago and London. The University of Chicago Press. USA. 1968. 73 p.
VALBUENA, M. Conservación y desarrollo en espacios rurales. p. 27-28. In: Nuevos
retos de la ordenación del medio natural. Colección n. 1. Universidad de León, España. 2005. 197 p.
VALENTE, R.; VETTORAZZI, C. Comparação entre métodos de avaliação
multicriterial, em ambiente SIG, para a conservação e a preservação florestal. Scientia Forestalis, n. 69, p. 51-61. 2005.
WEILAND, H. El desarrollo sostenible y la ordenación de los espacios territoriales.
Apuntes curso de planificación forestal. Proyecto Manejo Sustentable del Bosque Nativo (CONAF/GTZ).1999. 4 p.
WESTHOFF, V.; MAAREL, E. The Braun-Blanquet Approach. Cap. 20. p. 289-399.
In: Classification of Plant Communities. Edited by Robert H. Whittaker. Dr W. Junk b.v. Publishers The Hague, Boston. 1978. 408 p.
WHITTAKER, R. Classification of plant communities. Edited by Robert H.
Whittaker. Dr W. Junk b.v. Publishers The Hague, Boston. 1978a. 408 p. WHITTAKER, R. Approaches to classifying vegetation. Cap. 12. p. 1-31. In:
Classification of Plant Communities. Edited by Robert H. Whittaker. Dr W. Junk b.v. Publishers The Hague, Boston. 1978b. 408 p.
ZEE-MA. Zoneamento ecológico-econômico do Estado do Maranhão. Governo
do Maranhão. Disponível em: <http://www.zee.ma.gov.br/>. Acesso em: 05 jan. 2007.
ZEE-PR. Zoneamento ecológico-econômico do Estado do Paraná. Governo do
APÊNDICES 1 PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DO LEVANTAMENTO REALIZADO NA RFEE.................................................................................... 2 MATRIZ DE DADOS EMPREGANDO A VARIÁVEL VALOR DE COBERTURA AMPLIADO (VCA).................................................................... 3 PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DOS 5 GRUPOS FLORÍSTICOS DETERMINADOS PARA A RFEE....................................................................
208 212 216
208
APÊNDICE 1: PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DO LEVANTAMENTO REALIZADO NA RFEE
APÊNDICE 1: PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DO LEVANTAMENTO REALIZADO NA RFEE Tabela 1: Espécies amostradas na Reserva Florestal Embrapa/Epagri, Caçador-SC, com seus respectivos parâmetros fitossociológicos, onde: Cód. esp = código da espécie; n = número de indivíduos; n.o. = número de parcelas onde ocorre; Dabs = densidade absoluta (árv/ha); DR = densidade relativa (%); DoAbs = dominância absoluta (m2/ha); DoR = dominância relativa (%); Fabs = freqüência absoluta (%); FR = freqüência relativa (%); VI = valor de importância; PI = porcentagem de importância (%); VC = valor de cobertura; PC = porcentagem de cobertura (%); Est I = indivíduos estrato superior (árv/ha); Est II = indivíduos estrato médio (árv/ha); Est III = indivíduos estrato inferior (árv/ha); PSR = posição sociológica relativa (%); VIA = valor de importância ampliado e PIA = porcentagem de importância ampliada (%).
APÊNDICE 3: PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DOS 5 GRUPOS FLORÍSTICOS DETERMINADOS PARA A RFEE
APÊNDICE 3: Parâmetros fitossociológicos dos 5 grupos florísticos determinados para a RFEE
Grupo 1: Associação Vassourão-branco A área coberta pelas 3 parcelas que constituem este grupo foi de 1.500 m2 (parcelas de 500 m2). Tabela 1: Espécies amostradas nas 3 parcelas do Grupo 1, na Reserva Florestal Embrapa/Epagri, Caçador-SC, com seus respectivos parâmetros fitossociológicos, onde: Cód. esp = código da espécie; n = número de indivíduos; n.o. = número de parcelas onde ocorre; Dabs = densidade absoluta (árv/ha); DR = densidade relativa (%); Fabs = freqüência absoluta (%); FR = freqüência relativa (%); DoAbs = dominância absoluta (m2/ha); DoR = dominância relativa (%); VC = valor de cobertura; PC = porcentagem de cobertura (%); VI = valor de importância; PI = porcentagem de importância (%); Est I = indivíduos estrato superior (árv/ha); Est II = indivíduos estrato médio (árv/ha); Est III = indivíduos estrato inferior (árv/ha); PSR = posição sociológica relativa (%); VCA = valor de cobertura ampliado; PCA = porcentagem de cobertura ampliada (%); VIA = valor de importância ampliado e PIA = porcentagem de importância ampliada (%). Espécies ordenadas em ordem decrescente segundo o Valor de Importância Ampliado (VIA).
Nome Científico Cód.esp. n n.o. Dabs DR Fabs FR DoAbs DoR VC PC VI PI Est I Est II Est III PSR VCA PCA VIA PIA Piptocarpha angustifolia 56 20 3 133,33 83,3 100 50,0 9,289 72,3 155,61 77,8 205,61 68,5 100,0 33,3 0,0 83,3 238,94 79,6 288,94 72,2 Mimosa scabrella 37 2 1 13,33 8,3 33 16,7 1,070 8,3 16,66 8,3 33,32 11,1 13,3 0,0 0,0 10,0 26,65 8,9 43,32 10,8 Ocotea puberula 51 1 1 6,67 4,2 33 16,7 1,798 14,0 18,16 9,1 34,82 11,6 6,7 0,0 0,0 5,0 23,16 7,7 39,83 10,0 Solanum sanctae-katharinae 66 1 1 6,67 4,2 33 16,7 0,695 5,4 9,58 4,8 26,25 8,8 0,0 6,7 0,0 1,7 11,25 3,7 27,91 7,0 Total 24 3 160,0 100 200 100 12,853 100 200 100 300 100 120 40 0 100 300 100 400 100
Grupo 2: Associação Vassourão-preto - Leiteiro A área coberta pelas 4 parcelas que constituem este grupo foi de 1.500 m2 (2 parcelas de 500 m2 e 2 parcelas de 250 m2). Tabela 1: Espécies amostradas nas 4 parcelas do Grupo 2, na Reserva Florestal Embrapa/Epagri, Caçador-SC, com seus respectivos parâmetros fitossociológicos, onde: Cód. esp = código da espécie; n = número de indivíduos; n.o. = número de parcelas onde ocorre; Dabs = densidade absoluta (árv/ha); DR = densidade relativa (%); Fabs = freqüência absoluta (%); FR = freqüência relativa (%); DoAbs = dominância absoluta (m2/ha); DoR = dominância relativa (%); VC = valor de cobertura; PC = porcentagem de cobertura (%); VI = valor de importância; PI = porcentagem de importância (%); Est I = indivíduos estrato superior (árv/ha); Est II = indivíduos estrato médio (árv/ha); Est III = indivíduos estrato inferior (árv/ha); PSR = posição sociológica relativa (%); VCA = valor de cobertura ampliado; PCA = porcentagem de cobertura ampliada (%); VIA = valor de importância ampliado e PIA = porcentagem de importância ampliada (%). Espécies ordenadas em ordem decrescente segundo o Valor de Importância Ampliado (VIA).
Grupo 3: Associação Imbuia A área coberta pelas 8 parcelas que constituem este grupo foi de 4.000 m2 (parcelas de 500 m2). Tabela 1: Espécies amostradas nas 8 parcelas do Grupo 3, na Reserva Florestal Embrapa/Epagri, Caçador-SC, com seus respectivos parâmetros fitossociológicos, onde: Cód. esp = código da espécie; n = número de indivíduos; n.o. = número de parcelas onde ocorre; Dabs = densidade absoluta (árv/ha); DR = densidade relativa (%); Fabs = freqüência absoluta (%); FR = freqüência relativa (%); DoAbs = dominância absoluta (m2/ha); DoR = dominância relativa (%); VC = valor de cobertura; PC = porcentagem de cobertura (%); VI = valor de importância; PI = porcentagem de importância (%); Est I = indivíduos estrato superior (árv/ha); Est II = indivíduos estrato médio (árv/ha); Est III = indivíduos estrato inferior (árv/ha); PSR = posição sociológica relativa (%); VCA = valor de cobertura ampliado; PCA = porcentagem de cobertura ampliada (%); VIA = valor de importância ampliado e PIA = porcentagem de importância ampliada (%). Espécies ordenadas em ordem decrescente segundo o Valor de Importância Ampliado (VIA).
Grupo 4: Associação Araucária A área coberta pelas 28 parcelas que constituem este grupo foi de 13.000 m2 (24 parcelas de 500 m2 e 4 parcelas de 250 m2). Tabela 1: Espécies amostradas nas 28 parcelas do Grupo 4, na Reserva Florestal Embrapa/Epagri, Caçador-SC, com seus respectivos parâmetros fitossociológicos, onde: Cód. esp = código da espécie; n = número de indivíduos; n.o. = número de parcelas onde ocorre; Dabs = densidade absoluta (árv/ha); DR = densidade relativa (%); Fabs = freqüência absoluta (%); FR = freqüência relativa (%); DoAbs = dominância absoluta (m2/ha); DoR = dominância relativa (%); VC = valor de cobertura; PC = porcentagem de cobertura (%); VI = valor de importância; PI = porcentagem de importância (%); Est I = indivíduos estrato superior (árv/ha); Est II = indivíduos estrato médio (árv/ha); Est III = indivíduos estrato inferior (árv/ha); PSR = posição sociológica relativa (%); VCA = valor de cobertura ampliado; PCA = porcentagem de cobertura ampliada (%); VIA = valor de importância ampliado e PIA = porcentagem de importância ampliada (%). Espécies ordenadas em ordem decrescente segundo o Valor de Importância Ampliado (VIA).
Grupo 5: Camboatá - Canelas A área coberta pelas 13 parcelas que constituem este grupo foi de 6.000 m2 (11 parcelas de 500 m2 e 2 parcelas de 250 m2). Tabela 1: Espécies amostradas nas 13 parcelas do Grupo 5, na Reserva Florestal Embrapa/Epagri, Caçador-SC, com seus respectivos parâmetros fitossociológicos, onde: Cód. esp = código da espécie; n = número de indivíduos; n.o. = número de parcelas onde ocorre; Dabs = densidade absoluta (árv/ha); DR = densidade relativa (%); Fabs = freqüência absoluta (%); FR = freqüência relativa (%); DoAbs = dominância absoluta (m2/ha); DoR = dominância relativa (%); VC = valor de cobertura; PC = porcentagem de cobertura (%); VI = valor de importância; PI = porcentagem de importância (%); Est I = indivíduos estrato superior (árv/ha); Est II = indivíduos estrato médio (árv/ha); Est III = indivíduos estrato inferior (árv/ha); PSR = posição sociológica relativa (%); VCA = valor de cobertura ampliado; PCA = porcentagem de cobertura ampliada (%); VIA = valor de importância ampliado e PIA = porcentagem de importância ampliada (%). Espécies ordenadas em ordem decrescente segundo o Valor de Importância Ampliado (VIA).