ESPECIAL NOVAS TECNOLOGIAS NO AGRONEGÓCIO High tech Campo Arte Fani Loss PROJETOS DE MARKETING Quarta-feira, 10 de dezembro, 2014 Brasil Econômico Pelo menos 30% das propriedades rurais no País têm acesso à tecnologia. Máquinas, softwares e implementos de ponta vêm reduzindo custos e desperdícios e proporcionando ganhos aos agricultores. Nos últimos anos, a produção de grãos cresceu mais do que a área plantada.
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ESPECIAL NOVAS TECNOLOGIAS NO AGRONEGÓCIO
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PROJETOSDEMARKETING
Quarta-feira, 10 de dezembro, 2014
Brasil Econômico
Pelo menos 30% das propriedades rurais no País têm acessoà tecnologia. Máquinas, softwares e implementos de pontavêm reduzindo custos e desperdícios e proporcionandoganhos aos agricultores. Nos últimos anos, a produçãode grãos cresceu mais do que a área plantada.
ESPECIAL NOVAS TECNOLOGIAS NO AGRONEGÓCIO
Asingularidadeeo tamanhodo ter-ritório brasileiro, com a diversida-de de culturas na agricultura, fa-zem com que o País seja um dosprincipais produtores mundiais dealimentos. No ano passado, o agro-negócio respondeu por 22,3% doProduto Interno Bruto (PIB) nacio-nal, ao contribuir com R$ 1 trilhão,dos R$ 4,8trilhões, emriquezasge-radas. Considerando todo o comér-cio agrícolamundial, deUS$ 1,1tri-lhão, o Brasil respondeu por 7,6%,ou US$ 83,4 bilhões e é a nação quemais tem crescido em produtivida-de, com média de 4% ao ano desdeo fim dosanos 1990. Até 2020, a ex-pectativa é que a produção degrãos cresça 20%, sendo que 40%deverá ser proveniente da Américado Sul, que tem no País seu princi-pal ator no segmento.
Énessaesteiraqueosetordemá-quinas e implementos agrícolases-pera crescer. Nos últimos quatroanos, em razão do incentivo do go-verno por meio dos financiamen-tos a juros baixos do Programa deSustentação do Investimento(PSI), os agricultores aproveitampara renovar boa parte dos parquesindustriais, que tinham idade mé-dia de 15 anos, e com isso, ampliara inovação em seus processos. “Aindústria de máquinas vem se mo-dernizando nos últimos 40 anos, esegue investindo pesado em novastecnologias, a fim de promover re-dução de custos e ampliar a eficáciaaos produtores rurais. Embora omercado seja seletivo, nósdomina-mos a tecnologia para os trópicos, emuito do que se fabrica no Exteriornão se adapta ao País”, afirma o vi-ce-presidente da Câmara Setorialde Máquinas e Implementos Agrí-colas da Associação Brasileira deMáquinas e Equipamentos (Abi-maq), João Carlos Marchesan. “Sãoexemplos de inovação brasileiraplantio direto na palha, agriculturade baixo carbono, integração de la-voura, pecuária e floresta. O restodo mundo não tem.”
Asexpectativas são boasno mé-dio prazo, embora 2014 esteja sen-do ano difícil para o ramo (o fatura-mento até outubro acumula quedade 29%, com R$ 7,9 bilhões, ante omesmo período do ano passado),devido à forte estiagem que assolaboa parte do País, e das cheias queatingiram a Região Sul, o que reduza produtividade, e à queda do pre-ço das commodities, que contri-buem para diminuir a demandapor bens de capital no mercado do-méstico,etambémporcontadodó-lar,que duranteo ano todo até odé-cimo mês oscilou entre a casa dosR$ 2,20 e R$ 2,30, o que não ajudouo preço no Exterior. Nesse cenário,o uso da tecnologia se faz aindamais importante em decorrênciadas mudanças climáticas e das in-flexões, para que o agricultor possase precaver e reduzir perdas, pon-deraMarchesan, ao garantirqueto-das as cercade 450 fabricantes bra-sileiras estão trabalhando para ofe-recerprodutoscadavezmais inova-dores.Paraesteano,aprojeção des-se mercado é encerrar com quedade 20% e, se o cenário não mudar,pode recuar mais 10% em 2015.“Aguardamos a renovação do PSIpara ajudar a impulsionar o setor.”
Naavaliação do coordenadorge-ral de planejamento estratégico doMinistério da Agricultura (Mapa),José Garcia Gasques, devido à cres-cente demanda mundial por ali-mentos, a tendência é de preçoscrescentes, o que deverá seguir es-timulando produtores. “Desde oinício dos anos 2000, a partir do in-centivo do governo na oferta decrédito rural, com redução de mé-dia dos juros de 12% ao ano para5% ao ano, e prazos ampliados, deseis para 12 anos, o investimentoem tecnologia foi estimulado, oque tem sido mantido. Evidênciaimportante disso é a produtivida-de, que éa quemais cresce no mun-do, com expansão de 4% ao anodesde então”, justifica. “Dados daConab (Companhia Nacional deAbastecimento) mostram que de1991 para cá houve expansão de49,5% na área plantada, com pro-jeção de 56,7 milhões de hectaresem 2015. Enquanto isso, a produ-ção de grãos cresceu 244,9%, de-vendo atingir quase 200 milhõesde toneladas no ano que vem. Am-pliar a produção sem aumentartanto a área é sinal de adoção detecnologia, que permite ganho deprodutividade.” Somente com oplantio direto, por exemplo, o mi-lho e a soja expandiram 30%.
Atualmente cerca de 1/3 daspropriedades rurais têm visitade assistência técnica, o que sig-nifica que elas fazem uso de tec-nologia, afirma o gerente daUnidade de Agronegócio do Se-brae Nacional, Enio Queijada.“Fazer com que a inovação che-gue a todas elas é o principalgargalo. A adesão, no entanto,vem crescendo, tanto que le-vantamento do IBGE (InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatís-tica) mostra que, em 2006,68,1% do crescimento da agro-pecuária era devido à tecnolo-gia. Dez anos antes, o percen-tual era de 50,6%.”
Considerandoapenasosagri-cultores familiares, universo decerca de 4,5 milhões, em que10% (450 mil) têm acesso à ino-vação e 2 milhões estão fora porterem propriedades muito pe-quenas ou morarem em áreasmuito distantes, pelo menos500 mil têm potencial de aderirà tecnologia, avalia o professordeEconomiadoInstitutodeEco-nomia da Unicamp AntonioBuainain. “Embora um grupode agricultores tenha acessosem problemas, já que as fabri-cantes são agressivas, assim co-mo as indústrias farmacêuticas,edemonstramseusprodutos,di-ferentemente das concessioná-rias, que esperam pelos clientes,outro grupo, de pequenos e mé-dios, estão em regiões isoladas etêm maiores problemas com in-formação”, afirma. “Às vezeselesatétêmrecursos paraadqui-rir inovação, mas, devido às es-tradas ruins, nem sempre ela ésolução para esses agricultores.Aassistência técnica às vezes le-va muito tempo para chegar atéeles, que, se adquirem tratoravançado, por exemplo, quequebra por problema simples,pelo fato de ficar parado por diasse transforma em transtorno. Oproblema está na manutenção.Também falta a ele capital de gi-roparamantersuaaquisiçãofun-cionando,nestecaso,combustí-vel para a máquina, o que às ve-zes torna-se entrave.”
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Para crescer, Cerca de 30%das propriedadestêm acessoà inovação
setor aposta na fortedemanda mundialpor alimentos
O uso da tecnologia sefaz ainda mais relevanteem decorrência dasmudanças climáticas,para que o agricultorpossa se precavere reduzir perdas
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Aescalada do dólar,que desdeo fimde outubro tem se mantido acimados R$ 2,50, deu novo fôlego aos fa-bricantesdemáquinaseimplemen-tos agrícolas. Até então, as vendasao Exterior acumulavam queda de6,2% em 2014 em comparação aosdez primeiros meses do ano passa-do, totalizando US$ 772,2 milhões.
“Até 90 dias atrás estávamos fo-ra do mercado. Perdemos clientesdevido à forte concorrência. Nos-so preço não estava bom. Agora,com a reação do dólar, voltamos aganhar espaço, mas, quando retor-namos à briga, muitas empresas jáhaviam firmado acordos, que po-dem durar por pelo menos seis me-ses”, afirma o vice-presidente daCâmara Setorial de Máquinas e Im-plementos Agrícolas da Associa-ção Brasileira de Máquinas e Equi-pamentos (Abimaq), João CarlosMarchesan. “A grande diferença éque quem entra nessa competiçãotem condições mais favoráveis,com financiamento de longo pra-
zo e apoio do governo, o que deixaos preços mais atraentes.”
Essarealidade,aoqueparece,es-tá começando a mudar. Marchesandestaca que, graças ao programaMaisAlimentoInternacional,oBra-
sil vai oferecer crédito para 15 paí-ses, sendo a maioria africanos, paracompraritensnacionais.“Oprimei-ro país contemplado é o Zimbábue.Por enquanto foram US$ 23 mi-lhões, e a ideia é alcançar US$ 100
milhões. São 15 anos para pagarcomjurosde2,5%aoano.”Opróxi-mo será Moçambique.
Dentre os principais produtos dapauta de exportação estão imple-mentosparaopreparodosolo,plan-
tadeiras e arados. Devido à tecnolo-giadesenvolvidaespecificamentepa-raoterritóriobrasileiro,típicodetró-picos,asempresasdosegmentoven-dem seu know-how principalmen-te para os vizinhos da América Lati-na(Paraguai,ArgentinaeBolívia).
“Considerando o cenário de altacompetitividade, onde a qualidade,opreçofinaldevenda,aprodutivida-de,ocumprimentodemetasdepro-dução e o respeito aos prazos de en-trega dos produtos agropecuáriossãofundamentais,semcontaravelo-cidade em que tudo isso acontece, ainovação e a diferenciação passam aserocernedequalquerplanejamen-toestratégicotantonoâmbitoempre-sarialquantonogovernamental,nãoimportando o tamanho de cada ne-gócio”, afirma Flávio Palagi Siquei-ra,vice-presidentedoInstitutoBrasi-leiroparaoDesenvolvimentoSusten-táveldoAgronegócio(IBDAgro).
As tecnologias, de acordo comSiqueira, estão se transformandoem commodities mundiais. “O quetorna um fabricante eficiente é asua diferenciação, com inovação li-gada ao futuro. E o futuro pertencea quem sabe realizar antecipaçãode tendências”, avalia.
Em relação às importações, quetambém encerraram outubro emqueda acumulada de 11,3%, paraUS$ 436,8 milhões, os maquináriosmais importados são os de fenação,silagem e trato de gado. E eles vêmprincipalmente dos Estados Uni-dos, da China e da Alemanha.
Alta do dólar é incentivo parafabricantes de equipamentosPor meio do Programa Mais Alimento Internacional, o Brasil vai oferecer crédito de US$ 23 milhõespara 15 países, a maioria africanos, destinado à compra de itens nacionais, como plantadeiras e arados
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ESPECIAL NOVAS TECNOLOGIAS NO AGRONEGÓCIO
Para melhor gerenciaros riscosdecrédito edo meio ambiente,amparado por imagensdesatélitee pelo acompanhamentoporsensor remoto das lavouraseatividades desenvolvidas nocampo, o Instituto Brasileiro paraoDesenvolvimento SustentáveldoAgronegócio(IBDAgro)estáimplementando, emparceriacom aFederação BrasileiradosBancos (Febraban),o Sistema deGerenciamento de Informações(SGIPS).
Para estimular o produtor rural amodernizar sua atividade, o gover-no federal disponibiliza, por meiodo Banco Nacional do Desenvolvi-mento Econômico e Social (BN-DES),dez linhasde crédito destina-das a promover a inovação. Para oano agrícola 2014-2015 (de 1º de ju-lho a 30 de junho do ano que vem)estão disponíveis R$ 13,6 bilhões.Considerando também o Progra-ma de Sustentação Industrial (PSI)BK Rural e o Cerealistas, cujas con-tratações encerraram dia 5 de de-zembro, mas há a perspectiva derenovação para 2015,o montanteli-berado sobe para R$ 19,1 bilhões.
No ano agrícola 2013-2014, osrecursos voltados ao segmentoagropecuário somaram R$ 16,5 bi-lhões, o que correspondeu a 9%do total emprestado pelo BNDES.
“Aslinhasdisponíveisnãofinan-ciam apenas bens de capital, massistemas de produção, a exemploda integração de pecuária, lavourae florestas”, exemplifica Carlos Al-berto Vianna, chefe do departa-mento de suporte a programasagropecuários da área de agrope-cuária e inclusão social (Agris).“Porexemplo,aABCinduzoprodu-tor rural a aderir mecanismos debaixo carbono(comooplantiodire-to ou recuperação de áreas), e temR$ 500 milhões de crédito libera-do, e a Inovagro, a financiar o quehá de mais avançado tecnologica-mente (por exemplo, agriculturade precisão, sistemas inteligentesde irrigação e automação), com R$300 milhões à disposição.” Ambastêm juros a partir de 4% ao ano.
Vianna também destaca a Mo-derfrota,quevisapropiciaramoder-nização da frota de tratores, colhei-
tadeiras,pulverizadoreseplantadei-ras,entreoutros.Essaéamodalida-de que mais dispõe de recursos,com R$ 3,4 bilhões, e juros a partirde 4,5% ao ano. As condições, noentanto,sóvalematéodia31.“Esta-mosaguardandoinformaçõesquan-to à renovação dessas condições até30 de junho de 2015. O orçamentoserá o mesmo até essa data.”
Quanto ao PSI BK Rural, desti-nado à compra de caminhões, má-quinas e equipamentos agrícolasnovos, que também espera prorro-gação, desde dezembro de 2012,quando foi lançado, foram empres-tados R$ 24,5 bilhões, dos R$ 24,9bilhões disponibilizados desde en-tão. “A demanda foi intensa. Res-tam apenas 1,4% de saldo do totaloferecido”, destaca Fernando No-gueira, técnico do departamento.
Para oferecer empréstimos epromover avanço tecnológico daspropriedades rurais, os grandesbancos comerciais, como Bancodo Brasil, Caixa Econômica Fede-ral e Santander atuam, na maiorparte das linhas com essa finalida-de, como operadores dos recursosrepassados pelo BNDES. Entretan-to, todos também disponibilizammodalidades próprias.
Walmir Fernandes Segatto, su-perintendente comercial de agro-negócios do Santander, conta quecerca de três anos atrás os produto-res rurais ganharam dinheiro como valor de venda das commoditiese começaram a investir pesado eminovação tecnológica, a fim de bai-xar mais seus custos e elevar a pro-dução.“Hoje, essesmesmosprodu-tores devem melhorar a eficiênciatecnológica das máquinas e imple-mentos adquiridos para dar contada demanda crescente”, explica.
Porém,comonesteanoasintem-péries climáticas ampliaram a pro-dução de grãos no Exterior, princi-palmente dos Estados Unidos, e di-minuíram a nacional, houve maioroferta global e o preço caiu. Alémdisso, o andamento da economia a
passos lentos também não estimu-lou muito os novosinvestimentos e,com isso, a procura por financia-mentos resfriou. “Buscamos ofere-cer atendimento mais personaliza-do,montamosestruturatécnicapa-ra isso, e identificamos onde hámaior necessidade de atualizaçãoda inovação, para então oferecer oempréstimo. Customizamos o pro-cesso”,conta.Oresultadofoievolu-ção de 18,9% (R$ 3,38 bilhões con-tratados) no crédito rural para pes-soa física e de 11,3% (R$ 2,45 bi-lhões) para pessoa jurídica.
No Banco do Brasil, nos primei-ros quatro meses do ano agrícola,ou seja, de julho a outubro, foramdesembolsados R$ 29,2 bilhões emfinanciamentosvoltadosaosprodu-toresrurais,altade27% anteomes-mo período no ano anterior. “Essevolume representa 35,8% do totalde R$ 81,5 bilhões estimados paradesembolso para toda a safra2014-2015”, afirma a instituição.
Até novembro, a Caixa empres-tou R$ 2 bilhões em crédito rural,alta de 54% ante mesmo períodode 2013. A perspectiva é alcançarsaldo de R$ 6 bilhões até o fecha-mento da safra.
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Produtor rural tem R$ 19 bipara financiar tecnologia
A linha definanciamentoModerfrota,que visa propiciara modernizaçãode tratores, entreoutros, dispõe deR$ 3,4 bilhões, e jurosa partir de 4,5% ao ano
No ano agrícola 2013-2014, os recursos voltados ao segmento agropecuário
somaram R$ 16,5 bilhões, o que correspondeu a 9% do total emprestado pelo BNDES
No Banco do Brasil,nos primeiros quatromeses do ano agrícola,ou seja, de julhoa outubro, foramdesembolsadosR$ 29,2 bilhõesem financiamentos,alta de 27%
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Umasdasinovaçõesquetêmrevolu-cionado a vida de produtores ruraischama-se agricultura de precisão.Ao unir informação e tecnologia épossível, a partir de imagens deGPS, dar tratamento diferenciadoàs diferentes partes da plantação,graças às imagens geradas nas má-quinas,orientandoplantioecolhei-ta. “A morfologia do solo é diferenteem cada parte; existem áreas quedrenam melhor a água da chuva e,outras, não. Assim como há locaisem que a paisagem é mais verde, oumais clara. Em alguns trechos é ne-cessárioodobrodoadubooudoher-bicida. Mas esse avanço permiteajustenaturaleprogramadoconfor-me a necessidade, já que é possívelfazeragestãodapropriedadelevan-do em conta também a redução doimpactonomeioambiente,egeran-do maior e melhor produtividade”,explicaRicardoInamasu,coordena-dor da rede de agricultura de preci-sãoepesquisadordaEmpresaBrasi-leiradePesquisaAgropecuária(Em-brapa)Instrumentação.“Naagricul-tura convencional é feita a mesmadosagem para todo o espaço.” Comesse controle é possível, por exem-plo, colocar herbicida somente on-de há ervas daninhas, e corrigir aacidez do solo onde é necessário.
Inamasu conta que hoje a agri-cultura de precisão é mais utilizadaem culturas como milho, soja e al-godão. Equea tendênciaé que che-gue à cana de açúcar e fruticultura.Ele destaca que, em virtude do
plantio de produtos tropicais, aexemplo de mandioca, açaí, cocoda Bahia, mamona e dendê, existeoportunidade para os engenheirosbrasileiros começarem a desenvol-ver indústria específica para essesitens. “Estamos trabalhando compesquisas nessa linha, mas são demédio prazo.”
Aevoluçãonasmáquinaseequi-pamentos no País começou no fimda década de 1990, com a aberturaàimportação,ede2000 a2010hou-ve expressiva mudançana qualida-de, graças à disponibilidade deequipamentos e à necessidade deproduzir mais, devido ao aumentoda demanda mundial. A mudançatambémsedeunoperfil doagricul-tor, ao qual não bastava só ter aces-so ao equipamento, mas saber usá-lo. “Hoje está tudo conectado. Amáquina agrícola é programada e ohomem pode controlá-la no pilotoautomático. Antes, nem rádio ti-nham.Agoraestãototalmenteequi-
padas com eletrônica embarcada.”O especialista destaca também
o avanço na pecuária, pois, ao tra-tar do pasto, com sementes maisavançadas e fertilizantes adequa-dos, é possível ampliar a quantida-de de gado. “Em 70% das áreas nãotemos uma cabeça por hectare. Aotomar esses cuidados, pode chegara quatro. Dessa forma, também se
podedobraroespaçoparaaagricul-tura.” Fazendo da automação suaaliada,Inamasuafirmaqueaprodu-ção pode crescer até cinco vezes.
Quando o assunto é biotecnolo-gia, o pesquisador da Embrapa Re-cursos Genéticos e BiotecnologiaElibio Rech, que, inclusive, é pre-miado pelo desenvolvimento100% em solo brasileiro de sojatransgênica tolerante a herbicidaem parceria coma indústria quími-ca Basf, afirma que toda e qualquerprodução deve estar atrelada à sus-tentabilidade.Asprópriasfabrican-tes dedefensivo agrícola,porexem-plo, estão começando a se atentara produtos que gerem menor im-pacto ao meio ambiente. “Nossoagronegócio é protagonista nomundo, graças à beleza dele em ra-zão dabiodiversidadedesolos, reci-clageme estabilidadeclimática.Tu-do isso com redução de expansãoda fronteira agrícola. Para o futuro,temos de agregar valor a isso. Hoje
temos o grão de soja, amanhã, umderivado de dentro dela.”
Rech conta que está sendo de-senvolvido óleo de soja de melhorqualidade. Hoje, 24% do produto écomposto por ácido oleico, impor-tanteparao metabolismo eporoxi-dar menos – quando oxida, o óleopode ser cancerígeno, por isso de-ve-se evitar reutilizar o produto. Ode canola, para se ter ideia, tem50%, mas o grão é mais caro de serproduzido. Essa nova versão da so-jatem90% do ácido, oque, inclusi-ve,ajudariaadiminuirolançamen-to de CO2 na atmosfera, já que,atualmente, na composição do die-sel, 8% são óleo vegetal ou animale, dessa quantidade, 70% é óleo desoja – o produtor, inclusive, gasta-ria menos com combustível para otrator. A nova tecnologia permitereduzir em até 30% os custos, alémde ser mais benéfico à saúde, mas,embora essas sementes já existam,o produto ainda não tem prazo paraser viabilizado e comercializado.
Quanto à soja transgênica, opesquisador afirma que é interes-santenão usar sempreo mesmo de-fensivo para não gerar resistênciapor parte das ervas daninhas. “Écomo um antibiótico. Cada indús-triafarmacêuticatemo seu. Desen-volvemos mais um tipo.A Monsan-to fez um marco na biotecnologiaagrícola, em 1995, ao criar grãotransgênico tolerante à herbicida.Vamos lançar o nosso produto, quechegará ao mercado em 2016.”
Agricultor ‘conectado’ganha em produtividadeEmprego de GPS e outras novas tecnologias podem aumentar a colheita ematé cinco vezes. As culturas mais beneficiadas são as de milho, soja e algodão
A evoluçãonas máquinas eequipamentos no Paíscomeçou no fim dosanos 1990, com aabertura à importação.Entre 2000 e 2010,houve forte aumento daqualidade, para atenderà demanda de produção
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Apartirdo auxílio deprograma vol-tado a democratizar a tecnologia, oSebraetec, micro e pequenos pro-dutores têm até 80% de subsídioda entidade. Foi assim que AntonioTeofilo Filho, proprietário da Fa-zenda Santo Antônio, em São Joséde Mipibu, no Rio Grande do Nor-te, conseguiu trabalhar com fertili-zação in vitro para reproduzir seusmelhores gados e comercializá-los. “Já nasceram nove animais e 11estão sendo gerados”, conta. “Esseé um passo muito grande para me-lhorar o rebanho do nosso Estado.Espero agora ter condições de ven-der para todo o País.”
O custo desse procedimentogira em torno de R$ 1.000 por ani-mal. O produtor paga R$ 250 e, oSebrae, R$ 750. Como o limite dosubsídio é de dez embriões porCPF, com as 20 fertilizações Teofi-lo Filho desembolsou R$ 12,5 mil,em vez de R$ 20 mil. “Essa é umaajuda fantástica. Se puder, queroparticipar de novo.” Embora ain-da não tenha calculado quanto es-se investimento reverterá paraseu faturamento, pois é precisoesperar o gado nascer e crescer,ele estima que consiga obter porum animal puro de origem de umano e meio entre R$ 4.000 e R$8.000, enquanto outro, sem essaqualidade, vale R$ 1.000, ou seja,até oito vezes menos.
O gestor dos projetos Geneleitee Genecorte no Sebrae Rio Grandedo Norte, Acácio Brito, explicaque, geralmente, os pecuaristastêm um animal brilhante, com boalactação e ganho de peso com con-versão em carne de boa qualidadee, a partir da reprodução de seu ge-ne,épossível implantá-lo embarri-gas de aluguel. “Com essa tecnolo-gia, há a possibilidade de aumentaro rebanho em até dez vezes. Umavaca, geralmente, tem dez crias aolongo desuaexistência (cada gesta-ção dura nove meses e 13 dias, emmédia). A partir da fertilização nasbarrigas de aluguel, dá para geraraté 100 com o mesmo gene, semdoença e saudável.” Ele explicaque a inovação permite tambémque seja escolhido sexo do gado.
“Começamos com 30 produto-res. Em 2015 queremos incremen-tar o projeto, já que, em parceria ainiciativa privada, que investiu R$1 milhão, vamos trazer ao nossoEstado laboratório biotecnológi-co. Hoje, temos de enviar a Ribei-rão Preto (São Paulo), o que enca-rece o processo”, conta. Com is-so, o custo por embrião deverácair em 30%, e o subsídio deveráser ampliado a 15 fertilizações porCPF. A ideia é atingir 500 produto-res nos próximos quatro anos,com 5.000 bezerros.
Com o avanço da inovação, hoje épossível controlar o crescimentode ervas daninhas a partir de filmeplástico. A Braskem desenvolveu,em parceria com a Electro Plastic,produto chamado mulching, quepode ser aplicado em culturas co-mo alface, tomate, morango e,mais recentemente, na plantaçãode laranja. “O grande objetivo ébarrar a passagem de luz para evi-tar o crescimento de ervas dani-nhas, que competem pelos nu-trientes do solo com o alimento.Com isso, é possível reduzir aquantidade de agrotóxicos”, expli-ca Ana Paiva, especialista em de-senvolvimento de mercado daBraskem.
O lado branco, de fora, refle-te a luz e não absorve tanto ca-lor; o preto, de dentro, barra osol e a fotossíntese, provocandoa retenção de água, já que a eva-poração é reduzida.Para aplica-ção em pés de laranja, o produ-to, que está em testes há doisanos e meio, dura 18 meses,mas, dependendo do manejo,pode ganhar mais um ano. “Oresultado, porém, que evita oaparecimento de ervas dani-nhas, se estende por dez anos,já que a partir de dois anos emeio, em média, o mulchingnão é mais necessário pelo fatode a árvore já fazer sombra”,complementa Cristiano Rolla,gerente comercial da Braskem.
Ana sustenta que o investi-mento se paga em seis meses, jáque, sem ervas daninhas, dimi-nui-se consideravelmente o gas-to com carpina. Além disso, ovolume da copa da árvore cres-ce até 67% mais que em áreassem mulching, isso, comparan-do plantas dentro de uma mes-ma fazenda, destaca. “A produ-tividade fica até 30% maior emmassa, ou seja, peso.”
Outra inovação também gera-da a partir de resinas é o silobou-ça de plástico, túnel que guardaaté 200 toneladas de grãos queprecisam ser armazenados até omomento da venda, mas não ca-bem mais no silo principal, ometálico, que geralmente temcapacidade de 100 mil. “Ele vaicomplementar o espaço para ar-mazenar e a um custo bem me-nor, já que é descartável”, diz aespecialista. “No Brasil sempre
tivemos área, mas, nos últimosanos, a produtividade vem cres-cendo em velocidade acima dado aumento dos terrenos. Comonão há lugar para armazenar pa-ra todo mundo, que colhe aomesmo tempo, e o preço do fre-te é alto, o que encarece os gas-tos com o produto, é uma solu-ção acessória. Na Europa, ondeo espaço é exíguo, o consumode plástico é bastante dissemi-nado”, completa Rolla. Para seter ideia, no País é usado um dé-cimo de todo o plástico voltadoà agricultura adotado na China
e nos Estados Unidos.A Braskem possui, ainda, es-
tufa (estrutura metálica com co-bertura de filme plástico) quecontrola a velocidade de seca-gem do cacau. “Um chocolategourmet, por exemplo, que exi-ge melhor qualidade gerada nes-se processo, pode gerar o dobrodo ganho para o produtor”, dizAna. “Sem contar que é usadaenergia solar, tem apelo susten-tável”, destaca Rolla. Essa tec-nologia, lançada no fim do anopassado, pode ser adaptada aocafé também.
Rebanho pode cresceraté dez vezes comfertilização in vitro
Plástico ajuda a elevar aprodutividade em 30%
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FotosDivulgação
Pequenosprodutorestêm acesso àinovação comapoio do Sebrae
Na Europa, como espaço exíguo,o consumo deplástico é muitodisseminado.No Brasil, usamosum décimo de todoo plástico voltadoà agriculturaadotado na Chinae nos EstadosUnidos
Volume da copada árvore cresce até67% mais que emáreas sem mulching.Produtividade ficaaté 30% maior emmassa, ou seja, peso
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Pensando em facilitar o dia a diado produtor rural e inseri-lo naagricultura deprecisão,aYaraFer-tilizantes desenvolveu, em parce-ria com a fabricante de máquinase implementos agrícolas Stara,equipamento que possui medidorde nitrogênio e identifica, a partirda cor da planta, se está verde oumais amarelada, por exemplo, aquantidade de fertilizante que elanecessita. “Foramdezanosdepes-quisa para desenvolver o N-Sen-sor,que realiza a leitura e a aduba-ção simultaneamente”, conta Lí-via Tiraboschi, especialista emprodutos, pesquisa e inovação daYara. “Ao usar menos fertilizanteonderequermenos,aprodutivida-de aumenta. A ideia é que seja do-sada a quantidade certa. A susten-tabilidade é o caminho, e quere-mos nos tornar referência e agre-gar valor à marca.”
Lívia conta que o custo opera-cional do agricultor também di-minui porque, com a inovação, épossível distribuir fertilizanteem uma área maior e em menortempo. A estimativa é que a pro-dução cresça em pelo menos 8%.
Outra novidade da Yara é umaplicativo gratuito para smar-
tphones e tablets que disponibili-za acervo de fotos de diversos ti-pos de deficiência das plantas, aexemplo de folhas enroladas, cra-queladas ou amareladas. “Cadasintoma está relacionado a um nu-triente que faltou”, assinala.“Criado na Inglaterra, trouxemosneste ano para o Brasil pelo fatode o produtor, que hoje tambémé empresário, agora disponibili-zar de tecnologia 3G na área ru-ral. Em cerca de dois meses já tive-mos mais de 8.000 downloads.”
O aplicativo, batizado de Che-ckIT, está disponível nas versõesAndroid e iOS às culturas: soja,milho, algodão, cereais, girassol,citros, batata, tomate, cenoura,alface, espinafre e couve-flor.Para Windows Phone está sendodesenvolvido. Na Europa, já exis-te uma evolução dessa tecnolo-gia, em que é possível tirar a fotoe ter o diagnóstico próprio, e nãocomparativo.
“Hoje não basta só a experiên-cia, o pé na roça. O agricultor pre-cisa ampliar sua produtividadeaproveitando a tecnologia dispo-nível, que aumenta o conheci-mento e melhora a concorrên-cia”, avalia a especialista.
A preocupação em inserir o pro-dutor rural na agricultura deprecisão também faz com que afabricante de máquinas e imple-mentos agrícolas New Hollanddesenvolva tecnologia voltadaa ampliar a produção. “Como opreço das commotidies é deter-minado pela Bolsa de Chicago,e não dá para mudar os preçosde sementes e defensivos, ondeo agricultor pode ganhar é na re-dução de seus gastos ao otimi-zar o uso dos produtos, porexemplo, propiciando o máxi-mo de aproveitamento possívelpara o defensivo agrícola”, afir-ma Carlos D’Arce, diretor demarketing da New Holland paraa América Latina.
A colheitadeira CR 1090 seajusta à quantidade de produtoque ela tem de processar. “Elasepara o grão da planta de modoa não jogar nenhum fora e, as-sim, minimizar as perdas”, con-ta. Segundo D’Arce, ela reduzem 75% o desperdício. “Normal-mente, as perdas atingem 2% e,com o equipamento, cai para0,5%.” Considerando que o des-perdício atinja 100 sacos, cota-dos a US$ 20 cada, portanto,US$ 2.000, geram prejuízo deR$ 5.000 (com o dólar a R$2,50). “Considerando o litro dodiesel a R$ 2, pagaria o combus-tível de uma safra se esse dinhei-ro tivesse entrado”, diz o execu-tivo. Com as perdas em 0,5%,desfalque cai para R$ 1.250.
O agricultor brasileiro, po-rém, terá de aguardar um pou-co para ter acesso a essa tecnolo-gia, já que a máquina será apre-sentada na Agrishow 2015, reali-zada em abril e fará testes noscampos brasileiros.
A New Holland possui em ter-ritório nacional, por ora, pulve-rizadores inteligentes de defen-sivo agrícola, que, a partir deprogramação prévia, faz o servi-ço sozinho. Ele lança água ondenão há ervas daninhas e defensi-vo onde existem. “A tecnologiapermite ao agricultor, além denão desperdiçar material, ternoção de seu escritório o que es-tá acontecendo e sugerir corre-ção just in time, o que é permiti-do a partir da telemetria.”
Colheitadeirainteligentereduz em 75%o desperdício
Equipamento medea necessidade denutriente da plantae faz a adubação
Yara Fertilizantes também desenvolveu aplicativo para tablets
e smartphones que identifica o tipo de deficiência da plantação
O custo operacionaldiminui porque, com ainovação, é possíveldistribuir fertilizanteem uma área maiore em menor tempo.A estimativa é quea produção cresçaem pelo menos 8%
D’Arce:perdasdegrãos,quechegama2%,caempara0,5%
O agricultor podeganhar na reduçãode seus gastosao otimizar o usodos produtos, comopropiciar o máximode aproveitamentopara o defensivoagrícola
Quarta-feira, 10 de dezembro, 2014 Brasil Econômico 7
ESPECIAL
Qual o atual cenário para oagronegócio brasileiro do pontode vista das novas tecnologias?Os produtores têm acesso aelas? Por quê?
Nascadeiasprodutivasdoagrone-gócio destacam-se os elos dos in-sumos modernos e bens de capi-talparaasproduçõesagrícolaein-dustrial. Tratam-se de produtosdeorigemquímicaebiológica(fer-tilizantes, herbicidas, inseticidas,maturadores, etc.), altamentequalificados e com tecnologia jábrasileira,enosetordebensdeca-pital são equipamentos agrícolas(tratores, máquinas, implemen-tos, colheitadeiras, etc.), que es-tão posicionados antes da produ-ção. Esses produtos são parte doprocessoprodutivoqueincluioes-pecialdesenvolvimentotecnológi-co para o mundo tropical, onde oBrasil é líder inconteste. Os ga-nhos de produtividade muito su-periores ao acréscimo de área sãoarespostadosprodutoresnoagro-negócio moderno brasileiro.
Quais são os entraves que aindadificultam o acesso a essastecnologias?
Em primeiro lugar, o complexosistema de aprovação do gover-no brasileiro às novas moléculasquímicas e ao processo lento deaprovação dessas moléculas edos produtos geneticamente mo-dificados. Ambos os atrasadosmecanismos estão muito maisefetivos nos países que concor-remdiretamentecomoBrasil,co-mo os Estados Unidos, a Austrá-lia e a Argentina. Em segundo lu-gar, a questão constante de ren-da na volatilidade dos mercados,a acentuada pressão do sistemaprotecionista dos chamados paí-ses ricos, de grande mercado, e apouca mobilidade brasileira noseu posicionamento formal co-mercial no mercado internacio-nal. Também devem ser citadasas dificuldades dos pequenos emédios produtores quando nãoestão ligados a uma cooperativa.
Na sua avaliação, a oferta decrédito e incentivos para aaquisição de tecnologias ésuficiente? Caso não, o quepoderia melhorar o acesso?
Claro que no Brasil o crédito não éfator de extensa e fácil obtenção.Há dificuldades dosistema finan-ceiro na realidade econômica dosagentes de produção. No entan-to, é importante observar as ou-tras ferramentas não tradicionaisde crédito que passaram a ter pe-so expressivo no crescimento se-torial, como o apoio das empre-sasdeinsumosmodernosedetra-dings, assim como os novos me-canismos do mercado financeiro.A melhoria de acesso ocorrerá namedida em que, de fato, o gover-no federal dê prioridade ao agro-negócio. Também será funda-mental a maior disponibilidade eliquidez a se ter nos contratos fu-turos de commodities agrícolas.
Qual o melhor caminho paraque os produtores conheçam oque há de mais novo no mercadoe consigam adquirir essasmelhorias tecnológicas?
Semdúvidaalguma,novosdesen-volvimentos tecnológicos, comooILPF(IntegraçãoLavoura,Pecuá-ria e Floresta), que está em plenodesenvolvimento no Brasil e comlinhas de crédito, dependem deprojetos bem elaborados com as-sessoramentotécnico.Ascoopera-tivas dão esse suporte. Sem isso,os pequenos e médios produtoresagrícolas ficam com dificuldadede entrar nesse processo. O mes-mopode-sedizerdeoutrascultu-ras agrícolas, onde a indústria é oelo de suporte ao agricultor.
Qual o impacto na produção eno faturamento dos produtoresa adesão às tecnologias? Qual aimportância de se ter inovaçãono processo produtivo? E osconsequentes benefícios?
Conceitualmente, a inovação tec-nológica é a receita do crescimen-
to sustentável para qualquer em-presa. Para o agronegócio é vital;seja para a competição em custosouqualidade.Semdúvidaalguma,estarantenadoàevoluçãotecnoló-gica requer investimento, assimcomo as ações propriamente ditasdasaquisiçõesedossuportestécni-cosdeserviçosde tecnologias.
Tudoseiniciacomaefetivaavalia-çãodonegócioquese propõe rea-lizar; em termos do ambiente deprodução e do seu melhor usocom a cultura agrícola ou pecuá-ria que se pretende desenvolver.O passo seguinte é a orientaçãodo processo produtivo e as mu-das,sementesou animaisselecio-
nadoscomoopontapé inicial.Vá-rias são as alternativas, como vá-rios são os ambientes de produ-çãofaceaomundotropicalquege-ra verdadeiro mosaico de opções.
O que temos de mais avançadoem termos de tecnologia para oagronegócio hoje no País? Tantoem máquinas e equipamentosquanto em biotecnologia? Ecomo se deu esse processo dedesenvolvimento?
Essa questão é a mais interessanteno despertar do mundo em rela-ção ao Brasil. Afinal, a OCDE (Or-ganização para a Cooperação e oDesenvolvimento Econômico),juntamentecomaFAO(Organiza-ção das Nações Unidas para Ali-mentação e Agricultura), elegeu oBrasil como o foco do aumento daofertaglobaldealimentosparaes-te século 21. Isso se deu em razãodo desenvolvimento tecnológicobrasileironocampodoagronegó-cio desde o Instituto Agronômicode Campinas, passando pela Em-brapa (Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária) nos últimosanos de forma espetacular. Nossodesenvolvimento tanto se dá nocampo da genética tradicional, dabiotecnologia e da química comonocampodamecanizaçãoagríco-la. Airrigaçãosóestá começando.
E o que podemos destacar queainda vem de fora? Por queexiste a necessidade de secomprar de outros países?
Há uma série de inovações funda-mentais que vem de países comoos Estados Unidos (geral), Itália(máquinas), Alemanha (geral),Israel (irrigação), França (concei-tos), Reino Unido (geral) e Japão(equipamentos). Esses paísessão fundamentais, assim como oBrasil o é no mundo tropical.
Quanto é investido emtecnologia no agronegóciono País, e comparação com orestante do mundo?
O mundo rico investe de 3% a4% do seu PIB (Produto InternoBruto) em P&D (Pesquisa e De-senvolvimento).O Brasil, infeliz-mente, investe pouco mais que1% do seu PIB.
Quais são as perspectivas para2015? E para os próximos anos?
Como se debateu tanto na últimacampanha eleitoral, o Brasil temduras perspectivas para 2015. Sefizer a lição de casa de forma cor-reta, temos esperança de que ha-verá alguma evolução em 2016,com potencial para 2017 e 2018.Mas temos pedras no caminho.
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NOVAS TECNOLOGIAS NO AGRONEGÓCIO
Os desenvolvimentostecnológicos, comoo ILPF (IntegraçãoLavoura, Pecuáriae Floresta), que estáem plena expansãono Brasil e com linhasde crédito, dependemde assessoramentotécnico. Ascooperativasdão esse suporte”
ENTREVISTA
PROJETOSDEMARKETING
‘A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ÉVITAL PARA O AGRONEGÓCIO’
Divulgação
Quando o assunto é tecnologia no agronegócio, o Bra-sil possui know-how singular no desenvolvimento deinovação para países tropicais, destaca o presidenteda Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), LuizCarlos Corrêa Carvalho. Entretanto, o caminho aindaé longo para conquistar mais expertise na criação e naviabilização da manufatura de maquinário mais avan-çado, assim como em biotecnologia, pois ainda há oforte entrave de acesso ao crédito, baixo investimentoem pesquisa e desenvolvimento e falta de priorizaçãodo agronegócio brasileiro, elenca Carvalho, que conce-deu entrevista exclusiva ao Brasil Econômico.
LUIZ CARLOS CORRÊA CARVALHOPresidente da Associação Brasileira do Agronegócio
8 Brasil Econômico Quarta-feira, 10 de dezembro, 2014