Top Banner
Maturidade Organizacional em Inteligência Competitiva – O Caso de uma Instituição Financeira Brasileira Júlio César Volpp Sierra Universidade Nove de Julho – UNINOVE, [email protected] Leonel Cezar Rodrigues Universidade Nove de Julho – UNINOVE, [email protected] Resumo: De modo geral, as organizações possuem de alguma maneira, um sistema de captação, processamento e disseminação da informação. Em algumas, esse sistema é informal enquanto em outras é mais formalizado e eventualmente, mais sofisticado. Este estudo tem como objetivo geral caracterizar e identificar o grau de maturidade em uso do sistema de Inteligência Competitiva de uma instituição financeira em um país emergente, segundo o modelo de Rodrigues e Riccardi (2007), que classifica a maturidade em uso de Inteligência Competitiva em cinco níveis: Informal, Formal, Disciplinado, Controlado e Otimizado. O grau de maturidade em uso do Sistema de Inteligência Competitiva foi identificado a partir da identificação das características componentes de cada nível de maturidade proposto pelos autores acima, em seus respectivos estágios de desenvolvimento. Cada nível de maturidade possui características essenciais, e os níveis só são superados se todas essas características estiverem atendidas. A normatização do processo de Inteligência Competitiva e a orientação da Tecnologia da Informação à Inteligência Competitiva são as duas principais características que viabilizam a formalização do uso da Inteligência Competitiva, que sugere a definição de uma estrutura e de elementos e processos definidos e suportados pela Tecnologia da Informação. As outras características dizem respeito à especialização das atividades de Inteligência Competitiva, no que tange à integração entre processos, avaliação e auditoria dos produtos e processos, inovação e empreendedorismo e Gestão do Conhecimento. O produto da Inteligência Competitiva é utilizado nas organizações para diversas finalidades, podendo variar de acordo com o estágio de vida da organização ou sua caracterização. Os usos mais relevantes dizem respeito à produção de subsídios para a formulação de estratégias e às tomadas de decisão. Quanto maior o nível de maturidade do sistema, maior a capacidade competitiva da organização em função das informações providas. Para realização deste trabalho, o método escolhido foi o estudo de caso, que compreende o planejamento, as técnicas de coleta de dados e as abordagens de análise dos dados. Foram realizadas quatro coletas de dados em áreas distintas da empresa: Marketing, Segurança Física, Relações Internacionais e Gestão de Riscos de Ativos. A partir do modelo de classificação dos níveis de maturidade em uso de Inteligência Competitiva, proposto por Rodrigues e Riccardi (2007), duas áreas apresentaram Nível 1 – Informal, e outras duas áreas apresentaram Nível 2 – Formal. O presente estudo concluiu pela coerência dos elementos propostos no modelo de Rodrigues e Riccardi (2007) para identificação do Nível de Maturidade em Uso de Inteligência Competitiva, pois validam a percepção resultante da pesquisa sobre os níveis de maturidade. Palavras-chaves: Inteligência Competitiva; Maturidade em Inteligência Competitiva; 1. Introdução A exigência do consumidor quanto à satisfação plena de suas necessidades e interesses estão em processo de ampla 1
24

Maturidade em Inteligencia Competitiva

Jan 28, 2023

Download

Documents

Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: Maturidade em Inteligencia Competitiva

Maturidade Organizacional em Inteligência Competitiva – O Casode uma Instituição Financeira Brasileira

Júlio César Volpp SierraUniversidade Nove de Julho – UNINOVE, [email protected]

Leonel Cezar RodriguesUniversidade Nove de Julho – UNINOVE, [email protected]

Resumo:

De modo geral, as organizações possuem de alguma maneira, um sistema de captação,processamento e disseminação da informação. Em algumas, esse sistema é informal enquanto emoutras é mais formalizado e eventualmente, mais sofisticado. Este estudo tem como objetivo geralcaracterizar e identificar o grau de maturidade em uso do sistema de Inteligência Competitiva deuma instituição financeira em um país emergente, segundo o modelo de Rodrigues e Riccardi (2007),que classifica a maturidade em uso de Inteligência Competitiva em cinco níveis: Informal, Formal,Disciplinado, Controlado e Otimizado. O grau de maturidade em uso do Sistema de InteligênciaCompetitiva foi identificado a partir da identificação das características componentes de cada nível dematuridade proposto pelos autores acima, em seus respectivos estágios de desenvolvimento. Cadanível de maturidade possui características essenciais, e os níveis só são superados se todas essascaracterísticas estiverem atendidas. A normatização do processo de Inteligência Competitiva e aorientação da Tecnologia da Informação à Inteligência Competitiva são as duas principaiscaracterísticas que viabilizam a formalização do uso da Inteligência Competitiva, que sugere adefinição de uma estrutura e de elementos e processos definidos e suportados pela Tecnologia daInformação. As outras características dizem respeito à especialização das atividades de InteligênciaCompetitiva, no que tange à integração entre processos, avaliação e auditoria dos produtos eprocessos, inovação e empreendedorismo e Gestão do Conhecimento. O produto da InteligênciaCompetitiva é utilizado nas organizações para diversas finalidades, podendo variar de acordo com oestágio de vida da organização ou sua caracterização. Os usos mais relevantes dizem respeito àprodução de subsídios para a formulação de estratégias e às tomadas de decisão. Quanto maior onível de maturidade do sistema, maior a capacidade competitiva da organização em função dasinformações providas. Para realização deste trabalho, o método escolhido foi o estudo de caso, quecompreende o planejamento, as técnicas de coleta de dados e as abordagens de análise dos dados.Foram realizadas quatro coletas de dados em áreas distintas da empresa: Marketing, SegurançaFísica, Relações Internacionais e Gestão de Riscos de Ativos. A partir do modelo de classificação dosníveis de maturidade em uso de Inteligência Competitiva, proposto por Rodrigues e Riccardi (2007),duas áreas apresentaram Nível 1 – Informal, e outras duas áreas apresentaram Nível 2 – Formal. Opresente estudo concluiu pela coerência dos elementos propostos no modelo de Rodrigues e Riccardi(2007) para identificação do Nível de Maturidade em Uso de Inteligência Competitiva, pois validam apercepção resultante da pesquisa sobre os níveis de maturidade.

Palavras-chaves: Inteligência Competitiva; Maturidade emInteligência Competitiva;

1. Introdução

A exigência do consumidor quanto à satisfação plena desuas necessidades e interesses estão em processo de ampla

1

Page 2: Maturidade em Inteligencia Competitiva

mudança (DAVIS; STEPHENSON, 2006). Dados da PINTEC – Pesquisade Inovação Tecnológica, do IBGE, mostram que a velocidade damudança no ambiente competitivo requer das organizaçõescompetências de flexibilidade organizacional para adaptarem-se, de maneira ágil e constante, aos novos cenários. De umlado, os mercados consumidores das economias emdesenvolvimento, ou emergentes, batem recordes de transaçõescomerciais a cada ano e novos consumidores entram no mercadodevido à melhoria em seu poder aquisitivo. De outro lado, emeconomias desenvolvidas, como as da Europa e a dos EstadosUnidos, novos hábitos de consumo e novas necessidades devemser identificados e satisfeitos. Para responder àsnecessidades de ambos os tipos de mercado, é necessário àsempresas capacidade de inovar (PINTEC, 2011).

Há uma reconhecida tendência ao longo dos setoreseconômicos, na qual as organizações, a cada dia, tendem abasear suas decisões e formulam as estratégias a partir daanálise científica das informações (DAVIS; STEPHENSON, 2006).Os autores identificaram em sua pesquisa mundial, que cada vezmais, os executivos de grandes e médias empresas deixam delado o velho hábito de administrar por instinto, paraadministrar baseados em informações processadas por sistemasde Tecnologia de Informação altamente sofisticados.

Obter informações de modo sistêmico e aplicado aosinteresses específicos e estratégicos da organização dizrespeito à Inteligência Competitiva. Com origem na atividademilitar e de segurança das nações (PRESCOTT; MILLER, 2002), ainteligência competitiva foi trazida para o âmbito daAdministração, como uma evolução funcional das atividades dosSistemas de Informação (GOMES; BRAGA, 2006). Como campo deestudo, no entanto, a Inteligência Competitiva é uma áreaainda incipiente, especialmente no Brasil. Desta forma,Inteligência Competitiva merece uma definição paraentendimento dos propósitos deste trabalho.

Segundo a Society of Competitive IntelligenceProfessionals – SCIP, Inteligência Competitiva consiste em umprograma sistemático e ético para reunir, analisar eadministrar informações externas que podem afetar planos,decisões e operações de uma empresa (SCIP, 2010). A AssociaçãoBrasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva – ABRAIC– define Inteligência Competitiva como atividade voltada para

2

Page 3: Maturidade em Inteligencia Competitiva

o ambiente competitivo que busca a manutenção oudesenvolvimento de vantagem competitiva (ABRAIC, 2010).

As empresas brasileiras não são exceções dentro do cenáriocompetitivo descrito mais acima e precisam, portanto, buscarinformações que orientem suas operações (RODRIGUES; RICCARDI,2007). O sucesso empresarial cada vez menos depende da sorteou da intuição pessoal de executivos acerca das possíveistendências de um negócio, como já apontado anteriormente. Deuma forma ou de outra, as empresas acompanham diariamente aatuação dos seus concorrentes, seja de maneira informal, ouatravés de um sistema organizado. Uma pesquisa recente,contida na obra de Rodrigues e Riccardi (2007) demonstra queeste acompanhamento quase sempre é realizado por pessoas daorganização, geralmente ligadas à área de marketing, demaneira informal ou formalizada. A maior ou menorsistematização ou formalização do uso da InteligênciaCompetitiva é pelos autores tratada como nível de maturidadeno uso da Inteligência Competitiva.

Os autores caracterizam a Inteligência Competitiva nonível de maturidade informal, como sendo incipiente, sem normaou estrutura definida. Já no nível formal, a InteligênciaCompetitiva tem um sistema estruturado e normatizado. No níveldisciplinado, o sistema está incorporado à instituição e, épraticado. O próximo nível, controlado, é caracterizado pelosprocessos de avaliação de desempenho do sistema. E, por fim, oquinto nível, otimizado, é caracterizado pela ampliação daabrangência do sistema e seu aperfeiçoamento.

1.1 Problema da PesquisaAs organizações possuem, de alguma maneira, um sistema de

captação, processamento e disseminação da informação, seja eleformal ou informal. Isso porque, cada vez mais, a eficiênciado processo decisório nas organizações depende do acesso edisponibilização de informações.

No caso da organização objeto dessa pesquisa, apesar deoperar num setor (setor bancário) em que a análise de entornoe movimentações da concorrência é crucial, seu sistema deInteligência Competitiva parecer ser invisível ou inexistente.Na pesquisa preliminar sobre a instituição, não foiidentificada uma área ou departamento central dedicado àInteligência Competitiva, mas apenas duas áreas que possuemgerências formalmente dedicadas à Inteligência Competitiva.

3

Page 4: Maturidade em Inteligencia Competitiva

Dada a importância contextual da Inteligência Competitiva paraas organizações, em especial as organizações de setores dealta competitividade tais como o setor bancário, imagina-seque o desempenho seja uma função do acesso a informações deentorno de forma sistêmica. A organização selecionada é umaempresa centenária do setor bancário nacional, com umpatrimônio líquido acima de R$ 15 bilhões. A organização estáentre as cinco maiores instituições financeiras do país emvolume de ativos totais.

Adicional à questão de acesso à informação, estão osprodutos do sistema de Inteligência Competitiva, que sãocentrais à arquitetura de processos decisórios e de formulaçãode estratégias da organização. Estes produtos influenciam devárias formas a formulação das estratégias e as decisõesinternas, que repercutem diretamente sobre o desempenho donegócio. A utilidade dos produtos (que contém informações)pode variar de acordo com a experiência da equipe de IC e dograu de formalização dos processos de IC, isto é, do grau dematuridade em uso da IC. Pode-se inferir que o bom desempenhodo negócio é uma função importante da maturidade em uso daInteligência Competitiva.

Assim, supondo que, para a solução de seus problemas dedesempenho, a organização selecionada lança mão de informaçõesespecíficas para sustentar suas decisões e formular suasestratégias, este estudo tem como objetivo geral caracterizaro sistema de Inteligência Competitiva e identificar o grau dematuridade em uso deste sistema em uma instituição financeira.Para tanto, usa-se o modelo de classificação da maturidade emuso da IC de Rodrigues e Riccardi (2007).

2 Antecedentes teóricos

Aborda-se aqui os conceitos e funções da InteligênciaCompetitiva, seus processos e usos, bem como os Níveis deMaturidade em uso da Inteligência Competitiva, obedecendo a umplano de revisão pré-estabelecido.

2.1 Inteligência Competitiva – conceitos e funções

Os pioneiros da IC no mundo dos negócios, originários dediversas organizações governamentais de inteligência,encontraram nelas um ambiente favorável às suas aptidões

4

Page 5: Maturidade em Inteligencia Competitiva

profissionais de inteligência para coletar e processar asinformações de forma ética e legal. Os conceitos deinteligência que por muitos anos sustentaram as estratégiasmilitares, agora poderiam ser utilizados para obtersignificativa vantagem competitiva em seus campos de operação(GOMES; BRAGA, 2006, PRESCOTT; MILLER, 2002).

A herança militar que marcou a IC tem marcado a transiçãodesta atividade para a empresa, contaminando a opinião públicacom distorções conceituais, relacionando o termo‘inteligência’ como espionagem, e informações confidenciais ouilegais (PRESCOTT; MILLER, 2002). É importante elucidar queapesar de uma maior compreensão acerca do papel da IC nasdecisões e na formulação de estratégias, que a IC na empresanão se fundamenta em atos de espionagem, roubo ou furto deinformações. O objeto de informações da IC são fontes públicase livres de dados e informações que podem ser usados, de formaindependente de sua extensão (FULD, 1995).

Sob o ponto de vista do conceito de IC, a Society ofCompetitive Intelligence Professionals – SCIP define IC como um programasistemático, contínuo legal e ético de reunir, analisar edistribuir informações externas a usuários, que sustenta osplanos, decisões e operações de uma empresa (SCIP, 2007).Nesta mesma linha, Coelho et al. (2006) definem a IC como umprocesso sistemático de recolher, classificar, analisar, gerire disseminar a informação sobre os ambientes competitivos domercado concorrencial e organizacional. Utilizando-se depráticas éticas e legais, a IC deve ser integrada no processode tomada de decisão para atingir as metas estratégicas daorganização.

Combs (1992) define a IC como um processo de análise doposicionamento, desempenho, potencialidades e intençõesestratégicas dos concorrentes e transforma a informação emconhecimento estratégico. O autor associa à atividade da IC oconhecimento estratégico, o que distingue a função e o papelda IC nos processos de negócio.

Apesar de pequenas variações, a função da InteligênciaCompetitiva é entendida pelos vários estudiosos de formabastante uníssona, como sendo o processo de coleta, análise edistribuição de informações legal e eticamente obtidas,relativas ao entorno competitivo e de comportamento doconsumidor (FULD, 1995; SCIP, 2010; RODRIGUES; RICCARDI, 2007;PRESCOT; MILLER, 2002; COMBS, 1992; WEISS, 2002; TYSON, 2002),

5

Page 6: Maturidade em Inteligencia Competitiva

com o objetivo de sustentar os processos decisórios nasorganizações.

Por fim, é importante notar que a construção de um sistemade IC numa organização é um processo social (Prescott; Miller,2002). A cultura numa organização, sustentada pela IC éconstruída de forma paulatina. Primeiro, com o aprimoramentodas qualificações relativas ao trato das informações, depoiscom a formação de redes de contatos pessoais e finalmente coma formalização dos mecanismos que permitem o fluxo adequado deinformações.

2.2 Processo de Inteligência Competitiva

Na concepção de um sistema de IC o processo sustenta alógica que fundamenta a execução de suas atividades. Prescotte Miller (2002) afirmam que o fator fundamental para o sucessodo processo de inteligência é o atendimento das reaisnecessidades do usuário. Assim, a organização atua sob seusistema de inteligência, garantindo sucesso no empreendimento.O uso de um processo formal de identificação das necessidadesgerenciais é considerado uma das principais razões do sucessoda atividade de IC.

Os processos clássicos associados às atividades de ICforam primeiro propostos por Herring (1999). O autor aponta 5estágios integradores dos processos da IC. No primeiro estágio– Planejamento e Direção – identificam-se as necessidades deinteligência a partir de necessidades básicas da organização.Essas necessidades vão orientar o plano e a execução dasatividades de coleta de informação. No segundo estágio, asinformações são coletadas criando a base de informações paraas necessidades. No terceiro estágio, as informações sãoanalisadas e processadas, gerando-se os produtos da IC. Noquarto estágio, as informações são disseminadas para osusuários. E no quinto estágio procede-se ao monitoramento dasatividades da IC e de seus resultados na organização.

Treverton (2001) acredita que a IC acontece de forma maissimplificada e não idealizada como em Herring (1999). Elechama o seu do ciclo real de IC, que começa pela (1) coleta dedados de inteligência que por sua vez produz a (2) matériaprima da inteligência. As informações coletadas são (3)processadas e analisadas pelos expertos em IC. As informaçõesfluem então para os responsáveis pela política que reagem

6

Page 7: Maturidade em Inteligencia Competitiva

àquelas informações gerando políticas e decisões ou criandotarefas complementares de inteligência, que (5) originam novastarefas de inteligência.

Johnston (2005) descreve o sistema de IC como um sistemaaberta de entrada, processamento e saída. O autor usasímbolos iconográficos (estoque, fluxo, conversores econectores) para ajudar a entender os processos macro de ummodelo de IC: demanda, produção e influencias (dos produtos).As demandas referem-se às requisições por informaçõessolicitadas pelos usuários, aos tipos de requisitos e volumes.Os processos que sustentam a produção referem-se à coleta deinformações, seleção e geração de produtos da IC. Asinfluências envolvem o acesso da relevância de produtos, acompatibilidade com as requisições dos usuários e as mudançasnas capacidades corporativas. Johnston de fato, concentra-semais nos objetivos da função da inteligência, do que nosprocessos da prática operacional. Ainda assim, seu modelo éuma alternativa à proposta clássica dos processos de IC.

Na proposta de Correia (2006) os processos da IC sãoagrupados obedecendo à lógica clássica dos processos de IC,observada em Herring (1999). Os processos envolvem o (1)planejamento e direção da prospecção, em (2) fontes públicasde dados e em (3) fontes humanas especialistas. Os dados são(4) processados para gerar os produtos da inteligência, quesão sequencialmente (5) divulgados na organização. Neste ciclode processos, a busca de informações nas bases cognitivaspúblicas e humanas são consideradas processos autônomos dociclo, não do estágio de coleta, aparentemente dandorelevância a processos secundários.

O processo de Inteligência Competitiva desenvolvido porRodrigues e Riccardi (2007), adaptado de Correia (2010), usaigualmente a lógica do processo clássico de InteligênciaCompetitiva, proposto originalmente por Herring. O modelo,porém, parece ser mais preciso e representativo do que osanteriores. Neste modelo, a Inteligência Competitiva é (2)direcionada e planejada pelas (1) necessidades de informaçãoda organização. As demandas assim definidas alimentam o (3)plano da prospecção. De forma planejada, as informações sãobuscadas em três fontes principais: as bases cognitivaspúblicas, as privadas e a base de especialistas. Taisinformações são então (4) analisadas e selecionadas e é geradoum (5) produto do sistema de Inteligência Competitiva. Este

7

Page 8: Maturidade em Inteligencia Competitiva

produto é (6) disseminado junto às estruturas demandantes(administrativa, especialista e técnica) da organização.

2.3 Usos de Inteligência Competitiva

O produto da Inteligência Competitiva é utilizado nasorganizações para diversas finalidades, podendo variar deacordo com o estágio de vida da organização ou suacaracterização. Os usos mais relevantes dizem respeito àprodução de subsídios para a formulação de estratégias e àstomadas de decisão. Os usos também podem variar em empresasjovens, maduras ou mais avançadas no ciclo de vida empresarial.

2.3.1 Formulação de Estratégias

Tarapanoff (2001) defende que a gestão da informação e doconhecimento, bem como a Inteligência Competitiva constituem,do ponto de vista teórico, uma nova metodologia, uma novaabordagem e síntese teórica, para o planejamento eadministração estratégica das organizações e para a sua tomadade decisão.

Para formulação de estratégias, a principal função daInteligência Competitiva é fornecer cenários prospectivos àorganização. Cenários constituem uma ferramenta para ordenar apercepção sobre ambientes alternativos futuros, que orientamas decisões estratégicas da organização. Porter (1989) aponta5 opções estratégicas para a empresa: a) formular estratégiaspara o cenário mais provável; b) apostar no melhor cenáriopara a empresa; c) definir a estratégia que produza resultadossatisfatórios em todos os cenários; d) adotar uma estratégiaflexível até que o cenário mais provável se torne aparentepara a empresa; e) influenciar a ocorrência do melhor cenário;f) combinar algumas das alternativas anteriores. De todasorte, sem cenários, possibilitados pela IC, não há formulaçãode estratégias eficientes.

Assim, o resultado final da elaboração dos cenários setransforma em subsídio para a continuidade da atividade deInteligência Competitiva, que passa a monitorar os atores e asvariáveis, acompanhar os sinais fracos e os fatores que podemlevar à ruptura do contexto preponderante. Já, a utilizaçãodos cenários fornecidos pela Inteligência Competitiva melhoraa capacidade do administrador de agir proativamente na

8

Page 9: Maturidade em Inteligencia Competitiva

formulação de suas estratégicas com vistas à manutenção eampliação de suas vantagens competitivas (MARCIAL, 2001).

2.3.2 Tomadas de Decisão

Os tomadores de decisão processam informações recebidas daInteligência Competitiva, de acordo com a qualidade de dadosdisponíveis, sua habilidade para acessá-los e sua capacidadede analisá-los. O sucesso de um gestor pode ser medido pelaqualidade e quantidade de suas decisões acertadas, que vãodepender de sua eficiência na utilização de informações. Achave para o sucesso é obter informações úteis e exatasdisponíveis no momento certo (BORGES, 2005).

Dentre as atividades da Inteligência Competitiva, uma dasmais importantes consiste na identificação das necessidades deinformação de modo a oferecer suporte aos processos decisórios(PRESCOTT, 2002). Tyson (1998) recomenda o uso de instrumentosde pesquisa para possibilitar a identificação das necessidadesde informação dos gestores. O autor sugere que a InteligênciaCompetitiva deva dar suporte ao planejamento estratégico,atualizando-o sobre as mudanças ambientais, a competitividadee qualquer mudança que afete os “fatores críticos de sucesso”da organização, proporcionando uma estratégia atualizada.

Em ambientes incertos, decisões acertadas do passadotendem a ser repetidas preferencialmente a novas soluções,quando a organização não tem uma solução científica baseada eminformações fidedignas. A Inteligência Competitiva estádiretamente ligada à capacidade de coletar, armazenar eutilizar a informação pela organização. Assim, a necessidadede superar as incertezas ambientais requer das organizações odesenvolvimento de sistemas de Inteligência Competitiva.

As disputas internas também afetam a capacidade de tomadade decisão das organizações. Adicionalmente, o estágio dociclo de vida da empresa e a formação do corpo diretivo podemigualmente criar entraves estruturais às tomadas de decisão.Muitas vezes, os problemas não afetam apenas uma única área,tornando a decisão mais difícil, sem as informações adequadas.A Inteligência Competitiva exerce aí um papel crítico tantonos processos decisórios, quanto nos de formulação deestratégias (CASTRO; ABREU, 2006).

9

Page 10: Maturidade em Inteligencia Competitiva

OTIMIZADO – Ampliado e aperfeiçoado. Forte experiência em IC. IC suporta os processos decisórios e de inovação estratégica. Forte empreendedorismo corporativo. Suporte incisivo à GC.CONTROLADO – Avaliado pelo desempenho. Experiência

em IC consolidada. Parâmetros e indicadores de desempenho definidos. Auditamento e avaliação do retorno da IC. Inovação é sistematizada.

DISCIPLINADO – Incorporado e praticado. Experiência moderada em IC. Equipes observam procedimentos padrões definidos. Elementos constitutivos funcionam de forma integrada. Empreendedorismo e inovação são incipientes.FORMAL – Estruturado e normatizado. Existência de infra-

estrutura de TI voltada para a IC. Pouca experiência em IC. Os elementos constituintes estão criados e os processos de funcionamento estão definidos. Elementos não funcionam integrados.

Nível 5

Nível 2

Nível 3

Nível 4

INFORMAL – Incipiente, sem norma ou estrutura definida. Nenhuma experiência em IC. Existência de infra-estrutura de TI, mas não orientada para IC.

Nível 1

2.4 Níveis de Maturidade do Processo de InteligênciaCompetitiva

Rodrigues e Riccardi (2007) realizaram uma pesquisa entreas 500 maiores empresas sediadas no Brasil, por meio da qualidentificaram o lócus funcional da IC, os objetivos, osmotivos, as fontes, os processos, os usos, o papel datecnologia da informação e o seu disciplinamento ético nessasorganizações. Na referida pesquisa, as empresas apontam ahipercompetição como o principal motivo para implementar umsistema de Inteligência Competitiva. Aliada à hipercompetição,os objetivos estratégicos da empresa constituem um dos maisimportantes fatores da existência e forma de funcionamento daIC.

A pesquisa de Rodrigues e Riccardi (2007) mostrou que a ICnessas empresas é ainda incipiente, de uma forma geral.Apenas 7% das pesquisadas indicaram possuir formalmentesistemas de IC. Por outro lado, de alguma forma, todas asempresas pesquisadas possuem mecanismos internos de busca eanálise de informações externas, que podem ser entendidos comomecanismos de IC. Tais mecanismos atribuem às atividades deinteligência, características de maior ou menor maturidade nouso e manipulação do sistema de IC. Com base nessasobservações empíricas, os autores propõem um mapa dematuridade em uso da IC nas organizações. A Figura 1 mostraos diversos níveis de maturidade propostos.

10

Page 11: Maturidade em Inteligencia Competitiva

Figura 1. Níveis de maturidade em uso da InteligênciaCompetitivaFonte: RODRIGUES, L.C.; RICCARDI, R. Inteligência Competitiva – Paranegócios e organizações. Maringá (PR): Unicorpore, 2007, p. 138.

Cada nível de maturidade possui características únicas ecada nível só é superado se todas as características daquelenível tiverem sido atendidas. A implementação de InteligênciaCompetitiva exige de seus responsáveis um árduo compromisso emnormatizar e padronizar seus procedimentos com fins de ampliara maturidade do sistema. Quanto maior o nível de maturidade dosistema, maior a capacidade competitiva da organização emfunção das informações providas.

A maturidade do sistema de Inteligência Competitiva variaentre os níveis (1) Informal e o nível (5) Ótimizado. Paracada nível, há um conjunto de elementos específicos ecaracterizantes que distinguem do próximo (RODRIGUES;RICCARDI, 2007). É com base nesse sistema de classificação damaturidade que analisou-se o nível de maturidade daorganização pesquisada.

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

Para realização deste trabalho, o método escolhido foi oestudo de caso caracterizado pela análise em profundidade deum objeto ou um grupo de objetos, que podem ser indivíduos ouorganizações. O estudo de caso como estratégia de pesquisa éum método que compreende o planejamento, as técnicas de coletade dados e as abordagens de análise dos dados (ACEVEDO;NOHARA, 2007).

O desenvolvimento de projetos de estudo de caso precisamaximizar as condições relacionadas à qualidade do projeto,como validade do constructo, validade interna (apenas paraestudos causais ou explanatórios), validade externa econfiabilidade (YIN, 2005). O estudo de caso pode ser aplicadoem casos decisivos ao testar uma teoria bem-formulada ou emcasos raros ou extremos. Também é aplicável em casosrepresentativos, típicos, reveladores ou longitudinais. Oestudo de caso, nesse sentido, deve ser conduzido de maneira

11

Page 12: Maturidade em Inteligencia Competitiva

assertiva, segundo um protocolo de pesquisa, de modo agarantir esses pontos fundamentais.

Os dados coletados por entrevistas semi-estruturadas foramsubmetidos à análise de conteúdo, para que fossemidentificados os conceitos que constituíram as bases pararesponder à pergunta de pesquisa e aos objetivos específicosdesse trabalho. Esta análise permitiu o estudo dos conteúdosconceituais mais significativos para descrever e explicar oobjeto do estudo, de modo a proporcionar uma resposta decaráter científico à pergunta inicial.

A seleção do caso respeitou a aderência do perfil daorganização à questão a ser estudada - grau de maturidade emuso da IC. Buscou-se, então, identificar as pessoas envolvidasnos processos de Inteligência Competitiva dentro daorganização pesquisada para selecioná-los como sujeitossociais do presente estudo.

Para a coleta de dados, elaborou-se o instrumento decoleta, um roteiro de entrevistas, estruturado, porém aberto,segundo a lógica dos elementos caracterizantes de cada nívelde maturidade presentes no modelo de Rodrigues; Riccardi(2007). As perguntas elaboradas tinham como objetivoidentificar as bases do objeto estudo e dar subsídio pararesponder aos objetivos do presente estudo: caracterização donível de maturidade em uso da IC. O instrumento de pesquisafoi submetido a um pré-teste para avaliação da adequabilidadedas perguntas em relação aos objetivos da pesquisa, seuencadeamento lógico e sua inteligibilidade pelos futurossujeitos sociais da pesquisa. Foram selecionados os Gerentesexecutivos de quatro áreas da organização: Comunicação eMarketing; Segurança Empresarial; Relações Internacionais; eGestão de Riscos de Ativos.

Os dados obtidos foram processados e submetidos à análisede conteúdo, que consiste numa técnica “que faz inferênciasatravés da identificação sistemática e objetiva decaracterísticas específicas de mensagens” (SELLTIZ, 1987). Ospassos da análise de conteúdo são: escolha de um fenômeno (queserá codificado), seleção o meio de comunicação à partir doqual serão feitas as observações, derivar as categorias decodificação, definir a estratégia de amostragem, treinar oscodificadores e análise dos dados. Selltiz (1987) afirma que aanálise da comunicação envolve a amostragem de fontes (jornaise revistas a serem analisados, por exemplo), amostragem de

12

Page 13: Maturidade em Inteligencia Competitiva

data (a qual período refere-se o estudo) e amostragem deunidades (os aspectos da comunicação que serão analisados).

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

A análise dos dados coletados baseia-se na interpretaçãoda maturidade em uso da Inteligência Competitiva, segundo oscinco níveis de maturidade, propostos na obra de Rodrigues eRiccardi (2007). Cada nível de maturidade é caracterizado pormeio de quatro a seis parâmetros distintos. Cada coleta dedados realizada segundo o protocolo da pesquisa obedeceu àbusca destes parâmetros com o objetivo de identificar o nívelde maturidade em uso do Sistema de Inteligência Competitivanas quatro áreas estudadas da organização. Para identificaçãodo nível de maturidade foi utilizada convencionalmente aseguinte regra: o nível foi considerado satisfeito quandotodos os seus componentes estiverem presentes nos dadoscoletados em cada área. Os elementos e o critério de análiseforam subtraídos do conhecimento dos sujeitos sociais, nomomento da entrevista, para garantir isenção de vieses nasrespostas.

4.1. Inteligência Competitiva na Área de Comunicação eMarketing

A área de Comunicação e Marketing foi selecionada porcausa de sua responsabilidade pela elaboração dos clippingsdiários de notícias que circula entre todos os gerentes daorganização. Identificou-se que aí, a coleta das informaçõesacontece via subcontratação de uma empresa de serviçosespecializados em informações de entorno. “Foi contratada umaempresa que coleta diariamente nos meios de comunicaçãoimpresso e em tempo real na Internet as notícias que contenhapalavras chaves específicas, tais como o nome da instituiçãofinanceira, os principais concorrentes e os principaisprodutos, serviços e programas administrados pelainstituição”, relata a executiva. A área de marketing serve osgestores nacionais de produtos ou serviços. Por isso, essesgestores podem demandar à área de marketing a alocação denovas palavras chaves para subsidiar o desenvolvimento de umnovo produto ou para subsidiar a realização de num novoprojeto.

13

Page 14: Maturidade em Inteligencia Competitiva

Segundo a entrevistada, não é a sua área, porém, que faz aseleção primária das informações coletadas. A própria empresacontratada faz a seleção, a partir de um filtro macro, pré-estabelecido, de modo a identificar se as informaçõescoletadas realmente têm ligação com os interesses daorganização solicitante. As informações recebidas são entãotranspostas para uma base eletrônica e encaminhadas às maisvariadas áreas da organização, desde os gestores da Matriz àsunidades de ponta, como forma de municiá-los de informaçãosobre os movimentos do mercado.

As atividades acima descritas, contudo, não são vistascomo um Sistema de Inteligência Competitiva, ou mesmo comoparte dele. Não se percebe uma ligação direta dessa atividadecom a formulação de estratégias institucionalizadas ou tomadasde decisão macro na organização, a não ser quando a coletaocorre por demanda de um gestor estratégico ao definir um novoconceito a ser pesquisado. Em geral, tais informações servemtipicamente a interesses táticos, das várias gerências e,principalmente, como instrumento de orientação das campanhasde comunicação e marketing da organização. Adicionalmente, deacordo com a entrevistada, “o suporte de Tecnologia deInformação para realização dessas atividades é mínimo, pois acoleta e tratamento são feitos fora da organização, por umaagência de comunicação contratada para essa finalidade”.

Um formulário eletrônico circulante é o único produtodessa atividade e “não possui tipicamente um caráterrecomendativo”, afirma a Gerente Executiva. O mesmo não éavaliado ou auditado pelo seu conteúdo. O controle seestabelece somente no nível de verificação da realizaçãodiária da tarefa pela empresa contratada. Não há, igualmente,identificação ou relação direta dessa atividade com a Gestãodo Conhecimento na organização.

A experiência em uso de Inteligência Competitiva na áreade Comunicação e Marketing, na visão da entrevistada, ébastante incipiente e informal. Nenhum dos elementoscaracterizantes dos níveis dois ao cinco foi identificado,exceto os elementos do nível 1 (INFORMAL). A informalidadeinstitucional da IC nessa área pesquisada deve ser entendidaem termos de inexistência de processos formais e dainexistência da responsabilidade atribuída na estrutura formalda organização, não necessariamente de sua existência. Defato, a atividade de prospecção é realizada de forma

14

Page 15: Maturidade em Inteligencia Competitiva

terceirizada, mas sua real utilidade não é avaliada. É apenascontrolada a execução da tarefa, não sua serventia funcionalou estratégica. Assim, a atividade transforma-se apenas numatarefa de execução protocolar (contrato), sem aprendizado eincorporação institucional na organização.

Os produtos fornecidos não guardam necessariamente relaçãocom as necessidades de quem os recebe, pois os critérios debusca são fixos e padronizados, ressaltando o caráter genéricodas informações, que carecem de caráter recomendativo. Oprocesso mais estruturado e sistematizado na área diz respeitoà coleta direcionada, quando há solicitação por parte de algumgestor de cargo estratégico, por informações específicas dealgum produto concorrente ou da linha de comunicação dasorganizações concorrentes.

4.2. Inteligência Competitiva na Área de Segurança Empresarial

A segunda área de coleta de dados foi a área de SegurançaEmpresarial. A seleção dessa área se deu em virtude daexistência de uma Gerência de Inteligência Competitiva. A áreaé composta por pessoas pertencem ao corpo funcional daorganização, porém originárias de áreas distintas,constituindo assim, um grupo multifuncional einterdisciplinar.

Os processos de Inteligência Competitiva desenvolvidos naárea dizem respeito mais Inteligência de Segurança, do que àCompetitiva ou Empresarial. A coleta de dados restringe-se afontes abertas (mídia, internet e FEBRABAN), ao estudo decenários, à produção de conhecimento com foco na recomendaçãoe sinalização de posturas e fatos que podem vir a acontecer,mas que dizem respeito à segurança das pessoas e dos processosem uso na organização pesquisada. Muitas vezes, segundo osdados oriundos de fontes abertas precisam ser complementadospor informações de outras entidades, como a Polícia Federal,para que obtenção de maiores detalhes e maior alcancerecomendativo e preventivo.

Segundo o entrevistado, “o principal produto daInteligência são relatórios, alertas e informes que visamgerar uma cultura de segurança preventiva, evitando fatosindesejados”. Segundo avaliação da área, “algumas ocorrênciasforam evitadas graças a esses instrumentos, gerando oreconhecimento às pessoas e as atividades de Inteligência da

15

Page 16: Maturidade em Inteligencia Competitiva

Segurança Empresarial. Os principais resultados são apreservação das pessoas e do patrimônio da organização,evitando traumas e prejuízos”.

Apesar dos processos serem definidos, possuem normatizaçãoainda básica e em desenvolvimento. Por isso, tais atividadesainda não são reconhecíveis em seu grau de importância para osnegócios. Segundo o Gerente Executivo, responsável pelaInteligência da organização,

“A falta de uma área central de Inteligência Competitiva naorganização faz com que as estruturas de Inteligência Competitivaalocadas em algumas áreas da empresa não tenham a visibilidade e aimportância necessárias. Parece ainda não estar claro paraorganização, a importância e o caráter estratégico das atividadesde Inteligência da Segurança Empresarial para as açõesmercadológicas da organização. Contudo, em virtude das prevençõesorientadas por essa área para a organização, percebe-se umavalorização da Gerência de Inteligência Competitiva em SegurançaEmpresarial, com a definição de implementação de uma estruturamais adequada e um sistema corporativo de TI para auxiliar noarmazenamento, processamento, gestão e tratamento dos dados”.

A Gerência de Inteligência Competitiva não possui, segundoinformações do entrevistado, uma rotina ou processoparametrizado de avaliação de desempenho, nem muito menos umaauditoria interna ou externa sistematizada para controlar aeficiência de seus processos.

Todos os elementos caracterizantes do nível 2 (FORMAL)foram identificados. Em termos de experiência em ICconsiderou-se que essa seja Moderada, em virtude dasatividades desenvolvidas de maneira permanente na área, emvirtude da prática e do conhecimento teórico instalado. Éimportante que se note que “Experiência Moderada em IC” é umdos componentes do Nível 3 (DISCIPLINADO).

4.3. Inteligência Competitiva na Área de RelaçõesInternacionais

Segundo a Gerente Executiva da Área de RelaçõesInternacionais, a partir de 2005, a instituição começou a seinternacionalizar com base em três eixos de atuação: comércioexterior, cooperação técnica e remessas e captação derecursos. Como novo entrante no mercado internacional, aGerente argumenta a implantação das atividades de inteligênciacompetitiva, pois

16

Page 17: Maturidade em Inteligencia Competitiva

“a instituição precisou mapear todos os concorrentes, sua atuação,estratégias, clientes e números alcançados. Estruturou-se, então,uma equipe de Inteligência Competitiva para identificar dadosrelevantes que poderiam ser transformados em informação para atomada de decisão. Com essa finalidade, foi criado o produto“Relatório de Prospecção” dirigido aos gerentes e superintendenteda unidade..... Entretanto, a instituição .não possui um sistemaintegrado de inteligência. Várias são as ações para identificaçãoe controle da informação, às vezes configurando retrabalho, masnão há, ainda, uma gestão centralizada que tenha como meta aagregação de valor às informações coletadas, atendimentopersonalizado e proatividade”.

A informação de entorno tem muito valor para a organizaçãoe sempre que está disponível é usada como base para a tomadade decisão e para a formulação de estratégias. Mas o desafioé tornar o acesso e uso dessas informações uma rotina para osexecutivos. “A quantidade enorme de informações recebidas nodia-a-dia e a falta de um sistema centralizado e reconhecidocomo eficaz, seguro e tempestivo atrapalham a escolha da ‘boa’informação,” afirma a entrevistada. Muitos relatóriosestratégicos deixam de ser lidos e decisões deixam de sertomadas com a antecedência que o mercado competitivo requer,às vezes por causa do excesso de informações, às vezes porfalta delas.

Na área de Relações Internacionais, a equipe de IC éformada por duas pessoas, um especialista e um gerente.Contudo, a mesma equipe também é responsável pelas atividadesde cooperação técnica internacional, inequalisando o trabalhonos dois setores. À medida que a demanda por um grupo deatividades cresce, o outro fica prejudicado. Segundo aentrevistada, no ano de 2006, início das atividades de IC,foram produzidos 51 relatórios (produtos de IC), contra apenas11 em 2010, onde se intensificaram as atividades de RelaçõesInternacionais.

Segundo a executiva, “a realização das atividades éessencialmente manual, não havendo um sistema informatizadopara tal finalidade. A gestão da informação é muito precária,sem controle nem preocupação pela sua memória. Relatóriosanuais são produzidos, mas as informações não são usadas paraconstituir um banco de inteligência ou de conhecimento”. Nãoexiste rotina definida de avaliação dos produtos da IC naárea, nem de seu processo, muito menos de auditoria interna ouexterna.

17

Page 18: Maturidade em Inteligencia Competitiva

A experiência em uso de IC na área de RelaçõesInternacionais começa a ser construída e busca a suainstitucionalização, pois já possui um certo grau deformalização. A carência de normas escritas integradas aosprocessos de tecnologia da informação parece ser o principalentrave à institucionalização do sistema. Em função doconhecimento existente na área, relativo aos processos deprospecção e da realização das atividades de forma operacionalpadronizada e constituída, mesmo sem o aparato tecnológiconecessário, parece haver nessa área maior formalização dasatividades de inteligência competitiva.

4.4. Inteligência Competitiva na Área de Gestão de Riscos deAtivos

A área de Gestão de Riscos de Ativos é responsável pelaavaliação os riscos relacionados aos ativos que compõem ascarteiras de investimento, onde são alocados recursos deterceiros. As decisões de gestores e administradores dessascarteiras são tomadas com base nos relatórios elaborados daárea de Gestão de Riscos de Ativos. Isso denota a importânciade sua atuação como geradora de informações para a formulaçãoda estratégia e a tomada de decisão dos gestores eadministradores das carteiras de investimentos, de acordo como Gerente Nacional da área. Segundo o entrevistado, emrelação às atividades de IC,

“a que mais se identifica com a Inteligência Competitiva é aavaliação dos riscos e o acompanhamento dos cenários. Aavaliação dos riscos depende diretamente da coleta deinformações das mais variadas fontes públicas e privadas.Essas informações são armazenadas em um banco de dados, paraque sejam avaliadas. Os resultados provenientes destaavaliação das informações são estruturados e servem deparâmetro na avaliação dos riscos de cada ativo. Os cenáriosprospectivos também sofrem o mesmo processo.”

O produto da Inteligência Competitiva em Gestão de Riscosde Ativos serve diretamente como base para a tomada de decisãodos gestores e administradores destes ativos. Contudo, como asatividades acima descritas, não são a única atribuição daspessoas envolvidas, não se pode caracterizar a área como umsetor voltado exclusivamente à IC, como percebido na área deSegurança Empresarial. Ademais, não existe uma posturainstitucionalizada da organização pesquisada em prol da

18

Page 19: Maturidade em Inteligencia Competitiva

formalização funcional e hierarquização dessas atividades noorganograma da organização.

Na área de Gestão de Riscos de Ativos não existeparametrização e normatização das atividades ligadas à IC.Existe, entretanto, a consciência de que muitos de seusprocessos e atividades são, de fato, processos de IC. A faltade norma escrita, definição de processos e atividadesexclusivas de inteligência competitiva, porém, caracterizaeste como um sistema mais informal. A área envolve aparticipação de oito pessoas do corpo funcional, provenientesde várias áreas, como Tecnologia da Informação, Controladoria,Estatística e Distribuição, de maneira informal, isto é, maisem caráter voluntário. De acordo com a função ou cargodesempenhado em seus setores de origem, bem como suasenioridade na área, essas pessoas assumem papéis eatribuições nas tarefas de inteligência, contudo, sem umapadronização ou formalização institucional.

Todos os desenvolvimentos tecnológicos da área, comoplanilhas e softwares simplificados são desenvolvidos naprópria área de inteligência, o que caracteriza a nãointerferência da área de Tecnologia da Informação nasatividades de IC da área de Riscos. Segundo o Gerente deRiscos e Ativos,

“a coleta de dados da área se dá através de buscadores deinformações abertas e públicas, atas de reuniões comrepresentantes do mercado, com órgãos de auto-regulação, comindivíduos do mundo acadêmico, além de outros meios maistradicionais como jornais e revistas especializadas. Asinformações são confrontadas com outras fontes, para apurarsua fidedignidade e realizar acompanhamento contínuo”.

As informações assim obtidas são repassadas aos gestores eadministradores através do relatório de riscos e do relatórioda área econômica, presencialmente, nas instâncias decisóriasda área. Esses relatórios têm um caráter recomendativo quantoàs decisões de escolha e negociação dos ativos das carteiras.Isso significa que a alocação de recursos, a projeção decenários e o controle dos riscos sofrem influência direta dasinformações dos relatórios da IC. Contudo, de acordo com oGerente Nacional, “não existe uma avaliação formal eparametrizada dos resultados diretos destas atividades”.

Os dados coletados na área de Gestão de Riscos de Ativossugerem uma experiência incipiente no uso de InteligênciaCompetitiva, devido à não identificação dos profissionais que

19

Page 20: Maturidade em Inteligencia Competitiva

desempenham atividades ligadas às questões de InteligênciaCompetitiva. A experiência existente é pouca, advém da práticae não do acúmulo do conhecimento formalizado na área. Como nãoexiste normatização, padrões e elementos definidos, a atuaçãoda inteligência competitiva nessa área é decorrenteexclusivamente da operacionalização dos processos de formavoluntária sem, contudo, visar à sua fundamentação e ao seualcance institucional.

Os produtos fornecidos pela área cumprem seu papel juntoaos usuários da área de Riscos de Ativos. Poderiam ter umalcance maior se fossem institucionalizados, graças àestruturação de seus processos e de seu sistema. A Tecnologiade Informação poderia dar maior eficiência aos processos etambém aos produtos da IC se fosse usada de forma sistêmica.A IC de Riscos de Ativos poderia, desta forma, dar tambémmelhores condições e subsídios técnicos aos tomadores dedecisão e aos formuladores de estratégias organizacionais

. 4.5 Mapa Organizacional do Nível de Maturidade em Uso de IC

A partir da atribuição dos níveis de maturidade em uso deIC em cada área da organização, procedeu-se à elaboração de ummapa geral para visualização da maturidade em IC nas áreasestudadas. O mapa apresentado não necessariamente reflete arealidade da IC na organização como um todo, mas permite umavisão integrada do status de manejo da IC na organizaçãopesquisada, pois a pesquisa focou aquelas áreas consideradasmais proeminentes na estrutura de negócios da organização.Outras áreas, de menor importância, não fogem à realidade aquidemonstrada. O Quadro 1 mostra o mapa resultante da integraçãodos dados da pesquisa.

20

Page 21: Maturidade em Inteligencia Competitiva

Nível Com ponentes M arketing e Com unicação

Segurança Física

Relações Internacionais

Gestão de Riscos de Ativos

1 - Inform al 2 - Form al 2 - Form al 1 - Inform alSem norma escritaEstrutura indefinidaNenhuma experiência em ICTI não orientada à ICNorma escritaEstrutura definidaTI orientada à ICPouca Experiência em IC M oderada (3) M oderada (3)Elementos e processos criados e definidosElementos não integradosIncorporado e praticadoExperiência M oderada em ICProcedimentos padrões definidos e observadosElementos integradosEmpreendedorismo e Inovação incipientesAvaliação de desempenhoExperiência Consolidada em ICParâmetros e indicadores de desempenhoAuditoria e avaliação de retorno da ICInovação sistematizadaAmpliado e aperfeiçoadoForte Experiência em ICIC suporta processos decisórios e inovação estratégicaForte empreendedorismo corporativoSuporte incisivo à Gestão do Conhecimento

5 - Otimizado

Nível identificado

1 - Informal

2 - Formal

3 - Disciplinado

4 - Controlado

Quadro 1. - Mapa dos Níveis de Maturidade em Uso de IC nas Áreas Estudadas

O Quadro 1 apresenta o mapeamento dos componentesresultantes dos dados da pesquisa visando à determinaçãosubjetiva do grau de maturidade em uso de IC nas quatro áreaspesquisadas da organização. É possível visualizar pelo menosduas características importantes, presentes na estrutura da ICnas áreas pesquisadas. A primeira refere-se à normatização dosprocessos de IC. Com exceção apenas da área de SegurançaFísica, que inicia a normatização de seus processos, todas asoutras áreas carecem de normatização. A segunda refere-se àvirtual ausência da Tecnologia da Informação no suporte àsatividades de IC. Apesar dessa ausência que interfere naprodutividade das atividades de IC, os processos existentes,tipicamente manuais, compensam, no entanto, a evidência daprática. É importante notar-se também que a eficiência e agradual institucionalização da IC na organização dependem,intrinsecamente, destes dois fatores. Em termos do grau daexperiência no uso da IC, pode-se dizer que este varia depouca experiência a experiência satisfatória, na visão dospróprios entrevistados.

21

Page 22: Maturidade em Inteligencia Competitiva

5. ConclusõesCom base na coleta de dados realizada e discutida, foi

possível estabelecer o nível de maturidade em uso deInteligência Competitiva nas áreas pesquisadas da empresa, deacordo com o modelo e parâmetros propostos por Rodrigues eRiccardi (2007). Em virtude da constatação de níveis dematuridade diferentes nas áreas pesquisadas, constata-se que aInteligência Competitiva apresenta-se estruturalmente dispersae não unificada na organização.

A realização desta pesquisa demonstrou que a classificaçãode níveis de maturidade em uso de Inteligência Competitiva,proposta por Rodrigues e Riccardi (2007) é passível deaplicação nos estudos empíricos e contribui para a compreensãodas características de funcionamento dos Sistemas de IC dasorganizações. Em decorrência de estudos dessa natureza, épossível também estabelecer as relações entre o nível dematuridade em uso da IC e a relevância dos produtos da IC paraos usuários ou seus demandantes internos. Isso fixou evidentecomo um colateral dessa pesquisa. Nas áreas em que asatividades de IC estão terceirizadas, como no caso da área deComunicação e Marketing da organização pesquisada, e em quepouca importância é dada à sua função institucional, aeficiência de seus produtos e sua influência nos processosdecisórios e de formulação de estratégia é, evidentemente,baixa. Em outras áreas, como é o caso da área de SegurançaFísica, em que se articula de maneira mais consistente,demonstrando seu valor circunstancial e estrutural para onegócio da organização, no entanto, adquire maior importânciae passa a ser incorporada na estrutura hierárquica daorganização.

Este estudo, porém, assenta-se sobre a caracterização dosníveis de maturidade de forma subjetiva, como uma visão dossujeitos sociais envolvidos no processo, mas sem uma escalamais objetiva de avaliação. Sugere-se, portanto, que estudosfuturos devam preocupar-se com a elaboração de uma metodologiaque permita a identificação objetiva das características e dorespectivo nível de maturidade em uso da IC, em organizações.Sugere-se, ademais, que estudos futuros verifiquem a hipóteseda relação entre o nível de maturidade em uso de IC e seudesempenho operacional, lucrativo ou de participação nomercado.

22

Page 23: Maturidade em Inteligencia Competitiva

REFERÊNCIAS

ABRAIC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANALISTAS DE INTELIGÊNCIACOMPETITIVA. Sobre a ABRAIC. Disponível em:<http://www.abraic.org.br>. Acessado em: 18/10/2010.ACEVEDO, C. R. ; NOHARA, J. J. Monografias no Curso deAdministração: guia completo de conteúdo e forma. 3. ed. SãoPaulo: Atlas, 2007.BORGES, M. E. N. A Informação como Recurso Gerencial dasOrganizações na Sociedade do Conhecimento. Ciência daInformação. Brasília v. 24. n. 2, p. 181-188. 1995.CASTRO, J. M.; ABREU, P. G. F. Influência da InteligênciaCompetitiva em Processos Decisórios no Ciclo de Vida dasOrganizações. Ciência da Informação, v. 35, n. 3, p. 15-29,set./dez. 2006.COELHO, Gilda M.; DOU, Henri; QUONIAM, Luc; SILVA, Cícera H.Ensino e pesquisa no campo da inteligência competitiva noBrasil e a cooperação franco-brasileira. Revista Hispana de LaInteligencia Competitiva - Puzzle. España, año 6, n. 23, p. 12– 19, 2006.COMBS, Richard E. The competitive intelligence handbook.Metuchen: Scarecrow, 1992. CORREIA, C.C. Getting Competitive. Disponível em: <http://www.libraryjournal.com/lj/ljinprint/currentissue/866008−403/getting_competitive.html.csp>. Acessado em 13/09/2010.DAVIS, I.; STEPHENSON, E. Ten trends to watch in 2006. TheMckinsey Quarterly. 2006. Disponível em:<https://www.mckinseyquarterly.com/Ten_trends_to_watch_in_2006_1734>. Acessado em: 15/01/2010.EISENHARDT, K. M. Building Theories from Case Study Research.Academy of Management Review, v.14, no.4, p. 532-550, 1989.FULD, L. M. The new Competitor Intelligence: the completeresource for finding, analyzing and using information aboutyour competitor. New York, John Wiley & Sons, 1995.GOMES, E.; BRAGA, F. Inteligência Competitiva. Rio deJaneiro: Elsevier/Campus, 2002.____________________. Inteligência Competitiva no Brasil: umarealidade corporativa. Revista Hispana de La InteligenciaCompetitiva - Puzzle. España, ano 6, n. 23, p. 5 – 10,ago/out. 2006.

23

Page 24: Maturidade em Inteligencia Competitiva

HAGEL III, J. Pensando fora do Quadrado. Rio de Janeiro:Campus, 2003.HAMEL, G. Leading the Revolution. Boston (MA): HarvardBusiness Review Press, 2000.HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. E. AdministraçãoEstratégica: competitividade e globalização. São Paulo:Pioneira, 2002. JOHNSTON, R. Analytic Culture in the US Intelligence Community– an Ethnographic Study. Washington: Center for the Study ofIntelligence. – Central Intelligence Agency. 2005.MARCIAL, E. C.; COSTA, A. J. L.. O Uso de CenáriosProspectivos na Estratégia Empresarial: vidência especulativaou inteligência competitiva. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃONACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 25.,2001, Campinas. Anais. Campinas: ANPAD, 2001.PINTEC – PESQUISA DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Publicação PINTEC2008. Disponível em:<http://http://www.pintec.ibge.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=45&Itemid=12>. Acessado em: 21/03/2011.PORTER, M. Estratégia Competitiva. Rio de Janeiro: Campus,1989.___________. Vantagem Competitiva: criando e sustentando umdesempenho superior. 17a. ed., Rio de Janeiro: Campus, 1989.PRESCOTT, J. E.; MILLER, S. H. Inteligência Competitiva naPrática. Rio de Janeiro: Campus, 2002.RODRIGUES, L.C.; RICCARDI, R. Inteligência Competitiva – Paranegócios e organizações. Maringá (PR): Unicorpore, 2007.SCIP - SOCIETY OF COMPETITIVE INTELLIGENCE PROFISSIONALS.About SCIP. Disponível em: <http://www.scip.org>. Acessadoem: 18/07/2010.SELLTIZ, C. et. al. Métodos de pesquisa nas relações sociais.2.ed. São Paulo: E.P.U., v. 2, 3. 1987.TARAPANOFF, K. (Org.). Inteligência Organizacional eCompetitiva. Brasília: Ed. da UnB, 2001.TYSON, K.W.M. The complete guide to competitive intelligence.Chicago: Kirk Tyson International, 1998.WEISS, Arthur. A brief guide to competitive intelligence: howto gather and use information on competitiors. BusinessInformation Review. vol. 19, n. 2, p. 38 – 47, jun. 2002.YIN, R. Estudo de Caso – Planejamento e Métodos. 3a ed., PortoAlegre: Bookman, 2005.

24