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Manual Enfermagem PSF

May 30, 2018

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Alciris Correa
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    Temas da rea de Enfermagem

    ApresentaoElaborao de Materiais Instrucionais para Educao Distncia do P rograma de Sade

    da Famlia

    A Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo (EEUSP), atravs do Ncleo de Apoio sAtividades de Cultura e Extenso: Assistncia de Enfermagem em Sade Coletiva (NACE:AENSC),estabeleceu uma profcua parceria junto ao Instituto para o Desenvolvimento da Sade (IDS), queresultou na elaborao de material didtico para apoiar os processos de capacitao de enfermeirosque atuam no Programa de Sade da Famlia (PSF).

    A misso da EEUSP no projeto foi contribuir para o processo de divulgao de conhecimentosatravs da produo de textos pedaggicos de circulao nacional, voltados para o fortalecimento

    das prticas de enfermagem em nvel local de sade, necessrio para o efetivo avano daimplementao do SUS.

    Apesar do entendimento de que a construo de um novo modelo assistencial no se restringe stransformaes na prtica de uma nica categoria profissional, os textos foram dirigidos aosenfermeiros, entendendo-se que em vrias situaes os mesmos podem ser utilizados pela equipecomo um todo no planejamento da ateno s famlias adscritas. Esse aspecto fundamental,sobretudo na proposta do Programa de Sade da Famlia, na qual o trabalho em equipe um doseixos fundamentais na estruturao das novas prticas.

    Pautou-se no entendimento do PSF como um projeto de reorganizao da ateno bsica dosservios de sade, que pode se configurar na articulao dos modelos tecno-assistenciais, queabarcam a prtica clnica informada pelo instrumental epidemiolgico; EEUSP cabe o

    desenvolvimento de 34 temas relacionados s intervenes de Enfermagem no PSF e aos processosde assistir e gerenciar com enfoque sobre indivduos, famlias e coletivo, resgatando-se aoperacionalizao do cuidado na perspectiva da promoo da sade.

    Este material no esgota a complexidade da operacionalizao do cuidado no nvel local de ateno sade, porm se constitui num ponto de partida. Outro aspecto que merece destaque apossibilidade de atualizaes futuras do material ora disponibilizado e, ainda, a incluso de outrastemticas no abordadas nessa primeira verso.

    O desenvolvimento do material contou com o envolvimento de docentes de todos os departamentosda EEUSP para sistematizar o conhecimento resultante de pesquisas nas diversas reas deconhecimentos da enfermagem, com o intuito de subsidiar a prtica dos enfermeiros na perspectivada construo da assistncia integral em sade.

    Profa. Dra. Anna Maria ChiesaProfa. Dra. Elizabeth FujimoriProfa. Dra. Lislaine Aparecida Fracolli

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    Coordenadoras do Projeto na EEUSP

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    Autores:Lislaine AparecidaFracolli1

    Maria Rita Bertolozzi1ltima Atualizao:9/26/2001 5:05:10 AM1 Professora-Doutora do Departamento de Enfermagem em Sade Coletiva da Escola de Enfermagem daUniversidade de So Paulo.

    O que a sade e a doena? Vrias definies tm sido utilizadas nos meios tcnico e cientfico na atualidade. Mas,primeiramente, necessrio deixar claro que a concepo de sade-doena estdiretamente atrelada forma como o ser humano, no decorrer de sua existncia, foi seapropriando da natureza para transform-la, buscando o atendimento s suas necessidades.Um outro ponto a ser destacado o fato de que a concepo de sade-doena d suporteaos projetos de interveno sobre a realidade. Em outras palavras, a prtica cotidiana deassistncia junto aos indivduos e aos grupos sociais orientada pela viso que se tem desade, doena, vida, trabalho e assim por diante.

    A concepo mais integral, que diz respeito associao entre as condies sociais e a

    produo da sade, ganhou nova fora em meados da dcada de 70, sobretudo na AmricaLatina, palco do desenvolvimento de processos de excluso social, devido adoo dedeterminadas polticas de ordens econmica e social. Como resposta a essa situao, naqual a maioria das populaes exibe condies cada vez mais precrias em termos de

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    acesso ao consumo - uma vez que despojadas progressivamente de emprego e de salriosdignos - desenvolve-se o embrio latente da denominada Medicina Social, que permaneceramascarada pelo advento da era bacteriolgica.

    Fruto desse pensar, que buscava uma compreenso diferenciada dos fenmenos sociais einclusive de sade, consolida-se o desenvolvimento da Teoria da Determinao Social doProcesso Sade-Doena, que busca relacionar a forma como a sociedade est organizadas manifestaes de sade ou de doena. E o que isso quer dizer?

    Significa que a sade-doena compe momentos de um processo maior, que se refere vida

    das pessoas, que, por sua vez, est intrinsecamente ligada ao potencial que elas tm aoacesso s necessidades para viver a vida, seja a moradia, a alimentao, a educao, asade, o lazer, etc. Ter acesso, numa sociedade como a brasileira, depende da insero nosistema de produo, ou seja, do local que a pessoa ocupa no trabalho. Assim, a dependerda insero no sistema de produo, poder-se- dispor de possibilidades maiores oumenores para o consumo. Poratanto, verifica-se que a sade-doena depende em ltimainstncia, do lugar que se ocupa na sociedade. Evidentemente que no se esto deixando delado as caractersticas particulares de cada ser humano, conformadas atravs do gentipo/fentipo. Assim, a vida humana forjada tanto na dimenso de processos que causamdanos como daqueles que protegem as pessoas.

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    Autores:Maria Rita Bertolozzi 1Lislaine AparecidaFracolli1

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:29:10 AM1 Professora-Doutora do Departamento de Enfermagem em Sade Coletiva da Escola de Enfermagem daUniversidade de So Paulo.

    O que so Perfis Epidemiolgicos Historicamente, o conhecimento epidemiolgico tem sido aplicado no controle de sade daspopulaes. Segundo FONSECA; BERTOLOZZI (1997), a palavra epidemiologia significaetimologicamente "...cincia do que ocorre (se abate) sobre o povo." O desenvolvimento deaes voltadas ao controle de sade do coletivo e no somente do corpo individualacompanhou a redefinio progressiva da medicina como prtica social.

    Um marco nessa redefinio das prticas da medicina e da epidemiologia foi a RevoluoIndustrial, pois, at ento, a medicina era a prtica dominante em sade, voltadaprimordialmente ao atendimento do corpo individual. O Estado capitalista, instaurado pararesponder s exigncias do capital, passou a preocupar-se em vigiar as condies de sade

    das populaes, pois estava interessado no controle e na reproduo da fora de trabalho,absolutamente necessrios para garantir o processo de acumulao capitalista.

    importante considerar que a epidemiologia e as correntes de pensamento emergentes

    i fl i f S d FONSECA BERTOLOZZI (1997)

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    nessa poca influenciaram a enfermagem. Segundo FONSECA; BERTOLOZZI (1997),Florence Nightingale teve uma importante contribuio para o redirecionamento daenfermagem, com base no conhecimento epidemiolgico da poca, e isso pode serevidenciado quando Florence concebe a doena como "...um esforo da natureza pararestaurar a sade, e a ao da enfermagem como sendo a de favorecer esse processoreparativo, mediante o uso do ar puro, da luz e do calor, da limpeza, do repouso e da dieta,com um mnimo dispndio das energias vitais do paciente, de modo a mant-lo nasmelhores condies para que a natureza pudesse nele agir." (FONSECA; BERTOLOZZI apudCASTRO,1997). Essas autoras consideram ainda que Florence "...construiu a enfermagemvisando a manuteno de condies timas para a recuperao da sade...", enfatizando a

    ateno individual, embora desde o incio de seu trabalho, na Guerra da Crimia, tenhabaseado suas aes na observao do coletivo, ao estudar as condies em que viviam ossoldados feridos que, segundo a mesma, "...matavam muito mais que os prpriosferimentos de combate." A viso de Florence sobre o processo sade-doena, conformeFONSECA; BERTOLOZZI (1997) constitua-se como um misto de vrias concepes e seulivro foi reconhecido por lderes da cincia mdico-sanitria como um trabalho muitoimportante pois, em sua essncia, revela a viso da autora sobre as necessidades delimpeza do ar, da gua, das pessoas, das roupas e dos ambientes, alm da iluminao, dosilncio e da ordenao do dormitrio do doente.

    Tanto a Medicina Social quanto a Sade Pblica valeram-se do conhecimento epidemiolgico

    para realizar as aes de controle da sade do coletivo, uma vez que, desde o seunascimento, a Epidemiologia, como disciplina bsica para a operacionalizao dos projetosde interveno, se props a estudar a distribuio e os determinantes das doenas e dosagravos que desigualmente atingem a sociedade.

    Os movimentos sociais de 1968, que contestavam o processo de explorao capitalista ebuscavam uma forma de organizao das sociedades que promovesse a justia social,reavivaram os projetos poltico e ideolgico em que se fundamenta a Teoria daDeterminao Social do Processo Sade-Doena, luz da qual, o processo sade-doena dacoletividade entendido como sendo: "...o modo especfico pelo qual ocorre nos grupos oprocesso biolgico de desgaste e reproduo, destacando como momentos particulares a

    presena de um funcionamento biolgico diferente, com conseqncias para odesenvolvimento regular das atividades quotidianas, isto , o surgimento dadoena." (LAURELL, 1983).

    Surgem, ento, os primeiros estudos que impulsionaram a constituio do novoconhecimento epidemiolgico, e que conformaram a Epidemiologia Social. Apoiado novalioso instrumental da Epidemiologia Clssica, o campo da Epidemiologia Crtica, que seassociou constituio do campo da Sade Coletiva, fundamentou-se na compreenso desade e doena, que coloca no centro da explicao dos determinantes da sade: o trabalho- a produo capitalista - e, a ele subordinado, a vida - o consumo sob o comando doprocesso de acumulao capitalista.

    Contrria explicao meramente biolgica do processo sade-doena, a Teoria daDeterminao Social do Processo Sade-Doena declara que os processos construtores edestrutivos da sade (processos de fortalecimento e de desgaste), portanto, os

    determinantes da sade e da doena so parte dos processos de integrao do homem no

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    determinantes da sade e da doena so parte dos processos de integrao do homem notrabalho (formas de trabalhar) e na vida (formas de viver).

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    Autores:Profa. Dra. Margareth Angelo1Profa. Dra. Regina Szylit Bousso2

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:29:00 AM1 Prof. Titular da EEUSP, Coordenadora do Grupo de Estudos de Enfermagem da Famlia.2 Prof. Doutor da EEUSP, Membro do Grupo de Estudos de Enfermagem da Famlia.Introduo

    A famlia como unidade de cuidado a perspectiva que d sentido ao processo de trabalhodo Programa de Sade da Famlia (P.S.F.). Esta perspectiva tem as seguintescaractersticas:

    1. Requer que se defina famlia.

    2. A assistncia est voltada experincia da famlia ao longo do tempo, ou seja, consideraa sua histria pregressa, atual e se preocupa come o futuro do grupo familiar.

    3. dirigida famlia, cujos membros encontram-se tanto sadios como doentes.

    4. O sistema familiar influenciado por qualquer mudana de seus membros.

    5. Reconhece que a pessoa mais sintomtica (doente) da famlia pode mudar com o tempo.

    6 Considera os relacionamentos entre os membros da famlia e reconhece que em algumas

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    6. Considera os relacionamentos entre os membros da famlia e reconhece que em algumassituaes, todos os indivduos e o grupo familiar no atingiro o mximo de sadesimultaneamente.

    7. Busca focalizar as foras dos membros da famlia e do grupo familiar para promover oapoio mtuo e o crescimento quando possvel.

    8. Considera os contextos cultural e da comunidade do grupo familiar, na facilitao darelaes entre a famlia e a comunidade.

    9. Implica no profissional interagir com a famlia.

    O que famlia? uma palavra que desperta diferentes imagens. Dependendo da rea (Sociologia, Biologia,Direito por exemplo) e das variveis selecionadas (ambiental, cultural, social ou religiosa,entre outras), podem-se focalizar aspectos especficos da famlia., o que resulta em umagama muito ampla de definies possveis.

    No entanto, para fins operacionais de processo de trabalho e de comunicao, fundamental que uma definio seja adotada e partilhada pelos membros da equipe. Assim,pode-se considerar a famlia como um sistema ou uma unidade cujos membros podem ouno estar relacionados ou viver juntos, pode conter ou no crianas, sendo elas de um nicopai ou no. Nela existe um compromisso e um vnculo entre os seus membros e as funesde cuidado da unidade consistem em proteo, alimentao e socializao.

    O aspecto relevante desses atributos que eles permitem que sejam includas na definioas vrias formas de constituio familiar prevalentes na sociedade.

    Ainda em relao ao aspecto operacional, a definio deve tambm considerar as crenas dafamlia sobre sua concepo de famlia. Assim, fundamental perguntar, quem a famliaconsidera ser "famlia", ainda que o P.S.F. s cadastre os componentes de famlias queresidirem na rea de abrangncia.

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    Autores:Profa. Dra. Regina Szylit Bousso1Profa. Dra. Margareth Angelo2

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:28:48 AM1 Prof. Doutor da EEUSP, Membro do Grupo de Estudos de Enfermagem da Famlia.2 Prof. Titular da EEUSP, Coordenadora do Grupo de Estudos de Enfermagem da Famlia.Em nossa realidade, o atendimento a uma famlia sempre se d em funo do surgimento de

    uma doena em um de seus membros. Raramente olhamos a famlia como um grupo depessoas que necessita de uma interveno, seja por dificuldades de relacionamentossurgidos, por exemplo, em funo da doena, ou, simplesmente, por estarem sofrendo como surgimento da doena em um de seus integrantes.

    Na sade da famlia, deve-se olh-la de maneira a compreender o problema particular dadoena numa abordagem que contemple o seu contexto. preciso perguntar:

    - Como a famlia est vivendo a chegada da doena?

    - Quais foram as mudanas na famlia desde que o indivduo ficou doente?

    - Quem est sofrendo mais com a doena?

    Assim, para trabalhar na perspectiva de famlia, necessrio acreditar que a doena uma

    experincia que envolve toda a famlia Esse pressuposto permite que os enfermeiros

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    experincia que envolve toda a famlia. Esse pressuposto permite que os enfermeirospensem e envolvam todos os seus membros na sua assistncia.

    O processo de cuidar da famlia pode ser entendido como uma metodologia de ao baseadaem um referencial terico, isto , o enfermeiro tem de ser competente em acessar e intervircom as famlias num relacionamento cooperativo - profissional/famlia, tendo como baseuma fundamentao terica. Para tanto, deve aliar os conhecimentos cientfico e tecnolgicos habilidades de observao, comunicao e intuio.

    Objetivos da IntervenoO cuidado na sade da famlia tem como objetivo a promoo da sade atravs damudana. A proposta ajudar a famlia a criar novas formas de interao para lidar com adoena, dando novos significados para a experincia de doena. Deve-se conhecer, porexemplo, o que a famlia pensa sobre o que causou a doena e as possibilidades de cura, afim de ajudar a famlia a modificar crenas que dificultam a implementao de estratgiaspara lidar com o cuidado da pessoa que est doente.

    EstratgicasAs estratgias devem ser no sentido no s de conhecer o impacto da doena sobre a

    famlia, mas tambm de investigar como as interaes entre os seus membros influenciamno desenvolvimento do processo de sade e doena.

    1. Utilizar um modelo de avaliao e interveno

    importante que na prtica clnica com famlias, os enfermeiros adotem uma estruturaconceitual para basear sua avaliao de famlia. Considerando a dinmica de trabalho doPrograma de Sade da Famlia, no qual o enfermeiro deve atender a mil famlias, o uso dealguma estrutura conceitual facilita a sntese dos dados da famlia, elucidando asdificuldades e as facilidades da famlia em relao experincia com a doena. O uso deestruturas conceituais facilita na organizao dos dados, direcionando o foco de interveno.

    O modelo de avaliao aqui sugerido composto de fundamentaes tericas de vriasdisciplinas e que resultou em uma estrutura multidimensional, com trs grandes categoriasrelacionadas famlia: estrutural, de desenvolvimento e funcional. (CFAM, 1984).

    Os aspectos mais importantes da avaliao estrutural que podem ser explorados referem-sea:

    Avaliao Estrutural da Famlia - O que perguntar:

    Quem faz parte da famlia?

    Como se d o relacionamento entre os membros da famlia? Quem se relaciona

    melhor com quem dentro da famlia?Como o relacionamento da famlia com o meio (igreja, escola, centroscomunitrios)?.

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    A avaliao estrutural da famlia importante, pois, a partir dela, estamos tambmexplorando a definio que a famlia tem de "famlia" e os princpios que fundamentam suaorganizao, buscando informaes a respeito do que esperado de cada um de seusmembros, como: qual o papel do homem, da mulher e da criana para cada famlia e o queesperam de cada um.

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    Autores:Maria Helena Trench Ciampone1Marina Peduzzi2

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:32:24 AM1 Enfermeira, Livre-Docente junto ao Departamento de Orientao Profissional da Escola de Enfermagem daUSP.2 Enfermeira, Professora Doutora junto ao Departamento de Orientao Profissional da Escola de Enfermagemda USP.Consideraes IniciaisO PSF concebido como um projeto de reorganizao da ateno bsica sade, que busca aarticulao de modelos tecno-assistenciais que abarcam a prtica clnica segundo a lgica daepidemiologia social, necessita repensar os modelos de gerenciamento dos servios, bemcomo as ferramentas de gesto, dentre essas, o planejamento. Acredita-se que, para atingiro grau de mudanas necessrias em uma dada realidade local, conforme proposto naconcepo do PSF, com base na adscrio de clientela, no reconhecimento das necessidadesda populao local e na co-responsabilizao da ateno aos indivduos, s famlias, aosgrupos sociais e ao ambiente, h de se desenvolver a capacidade de coordenar os recursosdisponveis, setoriais ou extra-setoriais. Para tanto, sabe-se que a participao dos

    diferentes atores envolvidos no processo fundamental, particularmente a participao dapopulao, o que vai ao encontro das premissas bsicas do planejamento estratgico.

    Na perspectiva da sade da famlia, cabe enfermagem, como desafio bsico, redefinir sua

    prtica assistencial, gerencial e de ensino, com base, principalmente, na epidemiologia

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    prtica assistencial, gerencial e de ensino, com base, principalmente, na epidemiologiacrtica e no modelo de ateno integral sade. Nesse sentido, o planejamento estratgicopassa a ser um instrumento precioso para a construo dessa prtica inovadora, na duplaface do trabalho da enfermagem, ou seja, tanto na dimenso do cuidado de enfermagemquanto do gerenciamento do cuidado.

    Afirma-se a importncia da participao de todos os atores sociais envolvidos nos problemasmapeados na realidade em nvel local, requerida na viso do planejamento estratgico, bemcomo a conscientizao de todos os profissionais de sade, incluindo os enfermeiros, de queo planejamento consiste em uma ferramenta de gesto fundamentalmente tico-poltica e

    comunicativa, no se restringindo dimenso tcnica. Estes so alguns dos pontosfundamentais que devem alavancar mudanas na capacitao profissional para aimplementao de um modelo assistencial e gerencial aderente proposta do Programa deSade da Famlia.

    O planejamento estratgico, condizente com a teoria da determinao social do processosade-doena, que contemplada na atual poltica de sade, exige que a conscinciaingnua seja suplantada pela conscincia crtica da realidade, o que se daria tambm pelapossibilidade de participao ampla que o planejamento estratgico requer.

    Por meio do processo participativo a populao "empodera-se" para tomar decises e

    estabelecer prioridades, buscando parcerias na resoluo de seus problemas, na perspectivade que os avanos no setor sade ocorram articuladamente s possibilidades detransformao geral da sociedade, rumo a um projeto de emancipao de todos os cidados.

    BREILH (1991) refere que o territrio onde se realiza a vida e so gerados os transtornos desade no apenas um espao esttico que opera como um imenso suporte para a vidasocial. Isto quer dizer que a geografia no , frente sade, um simples continente declimas, contaminaes, vetores, e equipamentos, mas sim um espao historicamenteestruturado, no qual se expressam as condies benficas e destrutivas da organizaosocial.

    Segundo SANTOS (1990), o espao, enquanto suporte biolgico dos grupos humanos e dassuas atividades, reconhecido pela geografia crtica como resultado da produo, sendohistoricamente determinado de acordo com a sucesso de modos de produo, onde otrabalho a categoria central que explica as relaes do homem com a natureza.

    Portanto, a proposta de criao de Programas de Ateno Sade aplicados indistintamenteem todo territrio nacional, sem levar em considerao as especificidades de demanda nosdiferentes espaos e territrios geogrficos e, principalmente, sem considerar os diferentespotenciais de benefcios e riscos de cada grupo homogneo constituiu o escopo de diferentespropostas e planos de sade idealizados. Estes planos ideais so concebidos em um cenrioonde as mltiplas variveis do processo sade-doena so tomadas como equivalentes,desconsiderando a complexa dinmica existente entre os fatores envolvidos, que, comodissemos, no so equivalentes, mas sim conflitantes e contraditrios.

    O modelo do planejamento normativo, proposto nos anos 60, supunha que o planejador

    conhecesse e controlasse todas as leis que regulam o funcionamento do objeto a ser

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    q g jplanejado. Assim, seria possvel elaborar um nico plano, predizendo a soluo tima paraos problemas mapeados, como se estes tivessem um comportamento uniforme napopulao. Os resultados do plano dependeriam, nessa lgica, apenas do conhecimentotcnico daqueles que iriam operacionalizar as aes, eliminando-se do planejamento aesfera do poltico. Esse modelo de planejamento corresponde ao que MATUS chamou de"modelo determinstico".

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    Autores:Lcia Yasuko Izumi Nichiata1Lislaine Aparecida Fracolli2

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:32:02 AM1 Profa. Assistente do Depto Enfermagem em Sade Coletiva da Escola de Enfermagem da USP.2 Profa. Dra. do Depto Enfermagem em Sade Coletiva da Escola de Enfermagem da USP.A evoluo histrica dos Sistemas de Informao em SadeA implantao do Programa de Sade da Famlia (PSF) pelo Ministrio da Sade (MS), comouma estratgia de construo de um novo modelo assistencial, que tenha por princpios adescentralizao, municipalizao, integralidade e qualidade das aes, tem como parteindissocivel a descentralizao da produo das informaes em sade.

    A produo das informaes em sade de forma gil, atualizada, completa e fidedigna, vemse conformando num importante instrumento de controle social do Sistema nico de Sade(SUS), na medida em que possibilita populao o acompanhamento e a avaliao dasatividades dos servios de sade. Isso tambm vlido para a anlise das prioridadespolticas a partir dos perfis epidemiolgicos de determinada localidade e, principalmente,para a fiscalizao da aplicao dos recursos pblicos destinados rea social, conformando-

    se numa estratgia para a operacionalizao do SUS.O ponto de partida para a construo da informao em sade o conhecimento sobre ocoletivo de famlias que residem numa dada localidade e a identificao das necessidades de

    sade das mesmas.

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    A construo de informaes em sade segue as seguintes etapas:

    Gerar/obter dados

    Analisar dados

    Produzir informaes sobre necessidades de sade

    Organizar o processo de trabalho da equipe de PSF

    Intervir nas necessidades de sade

    Para dar conta da etapa de gerar informaes preciso dispor de:

    - dados demogrficos, tais como, tamanho das famlias (nmero de filhos, parentes), tiposde famlia (casal com ou sem filhos, e com ou sem parentes, pessoa sozinha, caracterizao

    do chefe de famlia, etc.), caractersticas dos seus membros (sexo, idade, ocupao, grau deescolaridade), condies habitacionais das famlias (disponibilidade de alimento, habitao,abastecimento de gua e rede de esgoto), insero das pessoas no mercado de trabalho,renda e patrimnio familiar e outros dados que se fizerem necessrios.

    - dados relativos aos agravos de sade que incidem sobre os indivduos/famlias,principalmente os perfis de morbidade e mortalidade da regio.

    - dados sobre a organizao dos servios de sade e os recursos sociais da regio onde oPSF se inscreve, particularmente no que diz respeito ao acesso, cobertura e efetividadedos mesmos.

    As principais fontes disponveis para obteno desses dados so:

    q Os censos demogrficos (realizados a cada 10 anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

    Estatstica): http://www.ibge.gov.br

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    q Os Sistemas de Informao Nacional: Sistema de Informao do Programa de AgentesComunitrios de Sade (SIPACS), Sistema de Informao de Ateno Bsica (SIAB),Sistema de Sistema de Informaes sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informaes sobreNascidos Vivos (SINASC), Sistema de Informaes Ambulatoriais do Sistema nico de Sade(SAI/SUS), Sistema de Informaes Hospitalares (SIH/SUS), Sistema de Informaes doPrograma de Agentes Comunitrios de Sade (SIPACS), Sistema de Informaes deVigilncia Alimentar e Nutricional (SISVAN) e o Sistema Nacional de Imunizaes (SI-PNI):

    http://www.datasus.gov.br.

    q Os relatrios de estudos realizados por instituies de pesquisa e ensino, das secretariasde governo (bem-estar social, agricultura, trabalho, etc.), de organizaes no-governamentais e religiosas, de conselhos profissionais (COREN, COFEN, CRM, etc.), doIBGE (Pesquisa Brasileira por Amostragem de Domiclios - PNAD) e da prpria equipe desade da famlia: http://www.seade.gov.br

    Passa-se a discutir agora a forma como o SIAB se conforma num instrumento de informaodas equipes do PSF, importante sobre os pontos de vista de planejamento e avaliao dotrabalho das mesmas e tambm de controle social sobre o SUS.

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    Autores:Anna Maria Chiesa1Maria De La RamalloVerssimo2

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:31:40 AM1 Enfermeira, Professora Doutora do Departamento de Enfermagem em Sade Coletiva da Escola deEnfermagem da USP2 Enfermeira, Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica da Escolade Enfermagem da USPIntroduoA prtica educativa em sade no uma proposio recente. Na Europa, desde o sculoXVIII, eram elaborados almanaques populares visando difundir cuidados "higinicos" aserem praticados por gestantes, incentivo para o cuidado com as crianas e medidas decontrole das epidemias. Houve sempre uma tendncia em estruturar as aes educativas nosentido de ampliar informaes da populao em geral sobre as principais doenas,enfatizando inmeras recomendaes sobre comportamentos "certos" ou "errados"relacionados vivncia das doenas e sua preveno.

    Ao longo do tempo, podemos observar diversas formas de interpretar e explicar a ocorrnciadas doenas, que influenciam tambm a forma de se estruturar as intervenes no mbitoda educao em sade. Apesar disso, a organizao das aes educativas, ainda naatualidade, demonstra fragilidade na sua operacionalizao aliada falta de discusso mais

    aprofundada sobre os referenciais tericos mais adequados para sua estruturao, nos

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    diferentes modelos assistenciais adotados.

    Associado a esse aspecto, destaca-se a vigncia predominante, nos servios brasileiros desade, de um modelo assistencial que privilegia as aes curativas e centra-se noatendimento mdico, segundo uma viso estritamente biolgica do processo sade-doena.Esse modelo condiciona a prtica educativa a aes que visam modificar prticas dosindivduos consideradas inadequadas pelos profissionais, mediante a prescrio detratamentos, condutas e mudanas de comportamento. Nesse modelo, ainda quando sepropem atividades chamadas participativas, particularmente a formao de grupos, sua

    organizao prev prioritariamente aulas ou palestras, praticamente inexistindo espao paraoutras manifestaes que no sejam dvidas pontuais a serem respondidas pelosprofissionais.

    Em alguns trabalhos realizados junto clientela atendida nos servios pblicos de sade,constatou-se a enorme lacuna de informaes da populao atendida, acerca do seuprocesso patolgico, das alternativas teraputicas que haviam sido colocadas e tambmsobre as perspectivas futuras em funo do agravo vivenciado. Em muitas situaes, a faltade conhecimento por parte da clientela dos servios acarreta inmeros problemasrelacionados ao abandono de tratamento, uso incorreto de medicaes e, ainda, a procuraexcessiva de servios.

    Esse panorama revela que a assistncia sade prestada nas instituies pblicas no temum carter educativo emancipador incorporado no seu bojo, pois est mais fortementecentrada na ateno curativa e no atendimento chamado "queixa-conduta". Alm disso, nasatividades ditas educativas, como as palestras, est presente a idia de que a doena sedeve, principalmente, falta de cuidado e ao desleixo da populao com a sua sade,deixando a "vtima" com sentimento de "culpa" pelo problema que apresenta.

    Dessa maneira, as prticas educativas servem para mediatizar a dominao exercida pelosservios de sade, j que se limitam simples passagem de informao para a populaosobre determinados procedimentos, com carter coercitivo, onde se evidencia um traoautoritrio e prescritivo, apesar da intencionalidade expressa de difuso de informaesvisando a melhoria da qualidade de vida.

    A interao comunicativa tambm prejudicada em decorrncia das diferenas social ecultural dos profissionais universitrios e alguns segmentos da populao, encontrando-seuma prtica a partir de ordens, ao invs de conselhos argumentados. Com isso, odistanciamento torna-se ainda mais acentuado e as barreiras parecem intransponveis.

    Como um ltimo aspecto a ser destacado, comum os profissionais desvalorizarem osmomentos educativos no seu processo de trabalho, reconhecendo como intervenosomente a realizao de procedimentos complexos, que utilizam equipamentos com algumgrau de sofisticao tecnolgica.

    Como resultado dessa prtica, dentre outros problemas, foram identificados os seguintes:baixa vinculao da populao aos servios de sade, baixa adeso aos programas e

    tratamentos e frustrao dos profissionais de sade.

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    No presente texto, no sero discutidas as razes histricas e estruturais da organizaodos servios de sade que fazem com que a realidade se apresente dessa forma, masbuscadas alternativas para superar os problemas descritos, sobretudo no que diz respeito interao profissional/cliente e estratgias educativas para o desenvolvimento de grupos.

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    Autores:Renata Ferreira Takahashi1Maria Amlia de CamposOliveira1

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:31:02 AM1 Professor Doutor, Escola de Enfermagem da USPIntroduoA visita domiciliria (VD) um instrumento de interveno fundamental da estratgia deSade da Famlia, utilizado pelos integrantes das equipes de sade para conhecer ascondies de vida e sade das famlias sob sua responsabilidade. Para isso, devem utilizarsuas habilidades e competncias no apenas para o cadastramento dessas famlias, mas,tambm, e principalmente, para a identificao de suas caractersticas sociais (condies devida e trabalho) e epidemiolgicas, seus problemas de sade e vulnerabilidade aos agravosde sade.

    A caracterizao das condies de vida e trabalho dessas famlias permite compor os perfisde reproduo e produo, respectivamente, os quais, por sua vez, permitiro conhecergrupos distintos no territrio, homogneos em funo dessas caractersticas identificadas. As

    condies de sade, a vulnerabilidade aos agravos e as condies protetoras comporoperfis epidemiolgicos desses mesmos grupos sociais.

    Certamente, tal caracterizao no se esgota na visita domiciliria, pois todos os momentos

    de interveno junto a essas famlias permitem aprimorar a captao desses dados.E t t t d d i li i it bilit d t d di i

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    Entretanto, por se dar no domiclio, a visitao possobilita compreender parte da dinmicadas relaes familiares.

    A visita domiciliria s se configura como parte do arsenal de intervenes de que dispemas equipes de sade da famlia, quando planejada e sistematizada. De outra forma,configura uma mera atividade social.

    A territorialidade proposta na estratgia de Sade da Famlia dever eliminar um dosprincipais impedimentos para a implantao de Programas de Visita Domiciliria em servios

    de sade, que a disponibilidade de um meio de transporte para o profissional realizar essaatividade.

    Conceito e finalidadeA VD constitui uma atividade utilizada com o intuito de subsidiar a interveno no processosade-doena de indivduos ou o planejamento de aes visando a promoo de sade dacoletividade. A sua execuo ocorre no local de moradia dos usurios dos Servios de Sadee obedece uma sistematizao prvia.

    Ela possibilita ao profissional conhecer o contexto de vida do usurio do servio de sade e aconstatao "in loco" das reais condies de habitao, bem como a identificao dasrelaes familiares. Alm disso, facilita o planejamento da assistncia por permitir oreconhecimento dos recursos que a famlia dispe. Pode ainda contribuir para a melhoria dovnculo entre o profissional e o usurio, pois a VD interpretada, freqentemente, comouma ateno diferenciada advinda do Servio de Sade.

    ObjetivosEles devem ser estabelecidos considerando o(s) motivo(s) da sua solicitao e estar emconsonncia com a finalidade para a qual a atividade foi proposta.

    PressupostosOs pressupostos que orientam a VD so:

    q nem toda ida ao domiclio do usurio pode ser considerada uma VD;q para ser considerada uma VD, tal atividade deve compreender um conjunto de aessistematizadas, que se iniciam antes e continuam aps o ato de visitar o usurio nodomiclio;q a sua execuo pressupe o uso das tcnicas de entrevista e de observao sistematizada;q a realizao da VD. requer um profissional habilitado e com capacitao especfica;q na elaborao dos objetivos da VD, necessrio considerar os limites e as possibilidadesdo saber especfico do profissional/tcnico que a executar.q a relao entre o profissional e o usurio deve estar pautada nos princpios daparticipao, da responsabilidade compartilhada, do respeito mtuo (crenas e valoresrelacionados ao processo sade-doena) e da construo conjunta da interveno no

    processo sade-doena.podem existir diferenas scioculturais e educacionais entre os profissionais e os usurios

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    q podem existir diferenas scioculturais e educacionais entre os profissionais e os usuriosdos Servios de Sade, que devem ser consideradas no planejamento e na execuo da VD;q a interveno no processo sade-doena pode ou no ser uma ao integrante da VD.

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    Autores:Elma Lourdes Campos Pavone Zoboli1Cleide Lavieri Martins2Paulo Antonio de Carvalho Fortes3

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:30:16 AM1 Enfermeira. Professor Assistente da Escola de Enfermagem da USP2 Enfermeira. Professor Doutor da Faculdade de Sade Pblica USP3 Mdico. Professor Livre Docente Associado da Faculdade de Sade Pblica USPO Programa de Sade da Famlia (PSF) apresenta-se como estratgia de reorganizao daateno sade, que se caracteriza por um modelo centrado no usurio, demandando dasequipes a incorporao de discusses acerca da necessidade de humanizar a assistnciamdico-sanitria em nosso pas. Humanizar significa reconhecer as pessoas que buscam nosservios de sade a resoluo de suas necessidades de sade como sujeitos de direitos; observar cada pessoa e cada famlia, em sua singularidade, em suas necessidadesespecficas, com sua histria particular, com seus valores, crenas e desejos, ampliando aspossibilidades para que possam exercer sua autonomia. Qualquer pessoa, independente desua idade, tendo condies intelectuais e psicolgicas para apreciar a natureza e asconseqncias de um ato ou proposta de assistncia sua sade, deve ter oportunidade de

    tomar decises sobre questes relacionadas sua sade, ou seja, poder agir como pessoaautnoma.

    Autonomia4 relaciona-se com tomada de deciso. Por pessoa autnoma compreende-seaquela que tem condies para deliberar decidir entre as alternativas que lhe so

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    aquela que tem condies para deliberar, decidir entre as alternativas que lhe soapresentadas, podendo atuar conforme a escolha por ela feita.

    Ser autnomo no equivale a ser respeitado como agente autnomo. Para os profissionaisde sade, respeitar o usurio como agente autnomo quer dizer, no mnimo, ser capaz deacatar o direito de ele ter opinies prprias, fazer escolhas e agir de acordo com seusvalores e crenas, lembrando que, muitas vezes, suas opes podem discordar dasindicaes tcnicas. essencial um respeito ativo, que ultrapasse os limites da no-interveno nos assuntos alheios e busque assegurar as condies necessrias para que as

    escolhas ocorram autonomamente, minimizando as circunstncias que dificultam ouimpedem o exerccio da autonomia. Muitas aes autnomas somente so possveis com acooperao ativa de outros a fim de se vislumbrarem as opes viveis.

    Por isso, considera-se que, para a modificao expressiva do modelo assistencial e agarantia da humanizao das relaes entre os componentes da equipe de Sade daFamlia, preciso que esta esteja imbuda quanto ao respeito autonomia dos usurios, quedevem ser estimulados a compartilhar das decises que digam respeito sua pessoa,famlia, comunidade. As decises devem ser livres e esclarecidas, fundamentadas emadequada e compreendida informao, para que possam aceitar ou recusar ao que lhes proposto.

    A transformao do modelo assistencial e a humanizao do atendimento requerem que sejagarantido o direito informao do usurio. A informao o elemento vital para que ousurio possa tomar decises. Todos os integrantes da equipe de Sade da Famlia, quersejam enfermeiros, auxiliares de enfermagem, mdicos ou agentes comunitrios, devemestar conscientes da responsabilidade individual de esclarecer os usurios sobre questesque lhes so mais afeitas, assim como cabe aos gestores dos Programas criarem condiespara o estabelecimento de uma cultura institucional de informao e comunicao que leveem conta as condies socioculturais de cada comunidade atendida.

    As informaes fornecidas no necessitam ser exaustivas ou apresentadas em linguajartcnico-cientfico. Basta que elas sejam simples, aproximativas, inteligveis, leais,respeitosas e suficientes para garantir a autonomia dos usurios nas escolhas e nos atos.Desta forma, alm de considerar a compreenso intelectual, cultural e psicolgica dousurio, a fim de que as informaes sejam fornecidas dentro de padres acessveis, asequipes de sade de famlia devem levar em conta tambm os objetivos e o contextoespecfico de cada situao.

    Na prtica da assistncia sade, comum a utilizao da autoridade profissional parafavorecer ou perpetuar a dependncia dos usurios em lugar de promover sua autonomia.Entretanto, compreendemos que exatamente a relao de confiana existente entre osprofissionais de sade e os usurios que determina a obrigatoriedade de respeitar aautonomia destes, incluindo o dever de conversar e expor-lhes a informao de maneiracompreensvel. Convm lembrarmos que essa relao de confiana no Programa de Sadeda Famlia reforada pelo vnculo e responsabilizao que decorrem da adscrio dasfamlias de determinada regio a uma equipe especfica.

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    4 Autonomia, do grego autos (prprio) e nomos (regra, autoridade, lei, norma), o poder da pessoa paratomar decises quanto aos assuntos que afetam sua vida, sua sade, sua integridade fsico-psquica e suasrelaes sociais. Refere-se capacidade do ser humano de decidir sobre o que "bom", ou que seu "bemestar", de acordo com seus valores, suas expectativas, suas necessidades, suas prioridades e suas crenas(FORTES, 1998. p. 37).

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    Autores:Moneda Oliveira Ribeiro1ltima Atualizao:9/26/2001 7:29:40 AM1 Enfermeira. Prof. Dr. do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica da Escola deEnfermagem da Universidade de So Paulo. E-mail: [email protected]

    IntroduoO tema da excluso social tem cunho histrico e geogrfico. Um grupo social est excludosegundo determinada delimitao geogrfica ou em relao estrutura e conjunturaeconmica e social do pas a que pertence.

    No Brasil, esse tema est relacionado principalmente situao de pobreza. Cidados nessacondio constituem grupos em excluso social porque se encontram em situao de riscopessoal e social. Essa expresso empregada para referir-se s pessoas, famlias ecomunidades excludas das polticas sociais bsicas ou de primeira linha (trabalho,educao, sade, habitao, alimentao), o que lhes confere a condio de subcidados oucidados de segunda classe, (COMPANHIA 1994).

    Segundo as disposies gerais da Lei orgnica n8.080 de 19/09/90, art. 2: "A sade umdireito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condies indispensveis aoseu pleno exerccio. 1 O dever do Estado de garantir a sade consiste na formulao eexecuo de polticas econmicas e sociais que visem reduo de riscos de doenas ou deoutros agravos e no estabelecimento de condies que assegurem acesso universal e

    igualitrio s aes e aos servios para a sua promoo, proteo e recuperao."

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    Entretanto, conforme est explicitado no referido artigo: "A sade tem como fatoresdeterminantes e condicionantes, entre outros, a alimentao, a moradia, o saneamentobsico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educao, o transporte, o lazer e o acessoaos bens e servios essenciais; os nveis de sade da populao expressam a organizaosocial e econmica do Pas."

    Assim, os determinantes sociais, que condicionam a sade dos cidados, constituem fatoresde risco sua sade. Por isso, a situao de excluso a que esse texto se refere diz respeitoaos indivduos cujos direitos sociais, quando violados, colocam em risco sua sade e aqualidade de vida de sua famlia.

    O reconhecimento da sade como um direito de cidadania, que expressa a qualidade devida, implica mudanas nos servios de sade e na atuao do profissional de sade. Esteprecisa incluir, em sua rotina de trabalho, aes que estreitem a relao entre a equipe desade e a comunidade. preciso intervir sobre os fatores de risco a que a populao estexposta. Tal empenho demanda aes em interao com os recursos que a comunidadedispe e os servios pblicos locais (Conselho Tutelar, Escola, Igreja, etc).

    A proposta desse texto est relacionado ao programa do "enfoque de risco" desenvolvidopela OMS desde 1978 e aplicado sade materno-infantil. Nesse enfoque, busca-se

    identificar grupos sociais com maior risco de adoecer e morrer, com a finalidade de controlare eliminar os fatores de risco. Estes podem ser: biolgicos, ambientais, comportamentais,relacionados com a ateno sade, socioculturais e econmicos (VALENZUELA;BENGUIGUI, 1997).

    A finalidade desse texto restringir a questo de risco sade referente ao item relacionadoaos fatores socioeconmicos apenas e ampliar a questo sade de toda a famlia, alm doenfoque materno-infantil.

    Definindo o processo de trabalho

    O processo do trabalho consiste em avaliar a necessidade mais urgente de gruposespecficos e organizar o servio de sade conforme as prioridades identificadas. Consisteem uma espcie de pronto-socorro ou pronto-atendimento s famlias que correm risco deter sua sade comprometida por problemas sociais, decorrente da situao de excluso.

    O trabalho precisa ser organizado em passos. A primeira etapa avaliar a necessidade deateno de grupos especficos; a segunda estabelecer prioridades de sade e a terceira elaborar intervenes para promoo, proteo ou recuperao da sade.

    As informaes podem ser coletadas por meio de entrevista com o usurio do servio, mas recomendvel realizar visita domiciliria para obter informaes mais precisas e fidedignas.As informaes devem ser coletadas para planejar prticas de educao em sade eaprimorar a qualidade do atendimento. necessrio organizar um roteiro de entrevista e deobservao para a VD, conforme as peculiaridades locais. Evidentemente, os roteirospodero ter variaes para regies distintas.

    Por exemplo: indivduos da zona urbana que, no inverno, tomam nibus lotados e fechados

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    p q , ,esto sujeitos a infestaes respiratrias; por outro lado, h os da zona rural que usamtransporte aberto, mas correm risco de acidente por falta de segurana do veculo. Emambos os casos, o roteiro deve contemplar questes para identificar se os membros dafamlia esto sujeitos a alguma dessas situaes de risco, ou seja, se esto submetidos asituaes de risco por aglomeraes, ou se esto sujeitos a acidentes por transporteimprprio.

    Seja quais forem as peculiaridades regionais, as informaes bsicas para identificarindivduos em situao de risco sade precisam ser relacionadas aos determinantes sociaispara serem identificadas como famlias em situao de excluso social. Alm disso, precisono perder de vista o objetivo dos programas de mbitos nacional (no caso, o Programa deSade da Famlia) e internacional (metas dos Programas da OPAS e da OMS) como, porexemplo, a Declarao Mundial sobre a Sobrevivncia, a Proteo e o Desenvolvimento daCriana, bem como o Plano de Ao para esse fim no decnio de 1990. BRASIL (1996)

    O incentivo participao da comunidade no reconhecimento dos determinantes de riscoaos indivduos possibilita maior sucesso nos resultados pretendidos porque: permite maiorconscientizao sobre sua realidade; aumenta a solidariedade entre os indivduos dacomunidade; busca solues alternativas; e tenta conquistar direitos violados. Qualquerproposta de interveno deve considerar hbitos e valores da regio local.

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    Autores:Sonia Maria Junqueira Vasconcellos de Oliveira1Emlia Saito1

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:34:34 AM1 Enfermeira, Prof. Dr. da Escola de Enfermagem, USP

    ObjetivosSubsidiar a assistncia de enfermagem gestante e identificar riscos materno e fetal

    durante a gravidez.

    A gravidez e o parto constituem-se em eventos essencialmente fisiolgicos na vida damulher. No entanto, caracterizam-se por provocar variadas e profundas alteraes fsicas eemocionais na mulher, o que requer um acompanhamento contnuo por parte da famlia edos profissionais de sade.

    A avaliao de risco no uma medida a ser utilizada uma nica vez, mas um procedimentocontinuado ao longo da gestao e do trabalho de parto. A qualquer momento complicaesprecoces podem tornar-se aparentes, induzindo a deciso de encaminhar a me a um nvel

    mais complexo de assistncia.

    Assistncia pr-natal

    competncia da equipe de sade acolher a gestante e a famlia desde o primeiro contatona unidade de sade ou na prpria comunidade. O termo acolhimento deve ser considerado

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    p pna abordagem da grvida como o significado que a gestao tem para ela e sua famlia, umavez que nessa fase que se inicia o desenvolvimento do vnculo afetivo com o novo ser.

    Nesse sentido, devem ser valorizadas as emoes, os sentimentos e as histrias relatadaspela mulher e seu parceiro de forma a individualizar e a contextualizar a assistncia pr-natal. Para tanto, recomenda-se utilizar estratgias, como a escuta aberta, sem julgamentose sem preconceitos, e o dilogo franco, permitindo mulher falar de sua intimidade comsegurana, expressar sua dvidas e necessidades, possibilitando, assim, o estabelecimento

    e o fortalecimento do vnculo profissional-cliente.

    Diagnstico da gravidez O Ministrio da Sade preconiza o diagnstico da gravidez por meio dos seguintes passos:

    O diagnstico da gravidez presumido por meio de queixas, tais como: nuseas e vmitos,

    sensibilidade mamria, polaciria e constipao e, mais tardiamente, pelo aumento dovolume abdominal. O exame vaginal tambm possibilita a deteco da gravidez mediante o

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    g p gachado de alteraes quanto a consistncia do colo uterino, que se torna bastanteamolecido, lembrando consistncia de lbios ao invs de cartilagem. Aps a 8a semana,observa-se colorao arroxeada do vestbulo e da parede anterior da vagina devido congesto venosa local.

    O diagnstico laboratorial da gravidez baseado no encontro do hormnio gonadototrficocorinico na urina ou no sangue materno, sendo que o exame do sangue da mulher permiteo diagnstico precoce da gravidez, pois esta pode ser confirmada 10 dias aps a sua

    fecundao, ou seja, quatro dias antes da falha menstrual. Em geral, nas unidades bsicas realizado o exame de urina aps duas a trs semanas do atraso menstrual.

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    Autor:Neide de Souza Praa1ltima Atualizao:10/25/2001 5:32:06 AM1 Enfermeira Obsttrica. Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica daEscola de Enfermagem da Universidade de So Paulo

    As infeces do trato reprodutivo feminino originam-se nos genitais externos, vagina e colodo tero, podendo ascender at o tero, trompas e ovrios.

    A maior parte das infeces que acometem estas reas transmitida por relaes sexuais ecaracteriza as Doenas Sexualmente Transmissveis (DST). As quais, por sua vez, so umdos importantes fatores de risco para a infeco pelo HIV.

    As infeces do trato reprodutivo envolvem leses ou ferimentos abertos, ulceraes ouirritaes localizadas na pele e mucosas que facilitam a penetrao do HIV nos tecidos e, emseguida, na corrente sangunea. Instalando-se nesta regio, o vrus da AIDS pode viver nasclulas e se replicar, aumentando, assim, a quantidade de HIV presente no aparelhoreprodutivo feminino, bem como aumentar o risco de sua transmisso para o parceiro.

    As vrias infeces do trato reprodutivo podem interagir com o HIV e desta interao resulta

    a potencializao mtua, pois:q A presena de infeco do trato reprodutivo aumenta a chance da mulher adquirir e

    transmitir HIV sexualmente;q A presena de HIV aumenta a chance de a mulher adquirir e transmitir algumas infeces

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    do trato reprodutivo; bem como faz com que algumas infeces a localizadas tornem-semais srias e difceis de tratar; eq O HIV pode progredir mais rapidamente caso certas infeces do trato reprodutivoestiverem presentes. necessrio, portanto, se considerar a relao entre a infeco pelo HIV e por outrosagentes causadores de DST. Estas so altamente prevalentes em nosso meio e podemacarretar srios danos sade da mulher. Eis algumas razes pelas quais as infeces dotrato reprodutivo facilitam a penetrao do HIV pela relao sexual desprotegida com um

    parceiro infectado:lceras - quando presentes levam perda da proteo tegumentar local;

    Verrugas - causam friabilidade da mucosa, levando formao de microfissuras nessetecido;

    Ectrpios e mnimas leses traumticas da mucosa vaginal - formam uma soluo decontinuidade entre o ambiente vaginal e a circulao sangunea;

    A mulher climatrica, por deficincia hormonal, apresenta o epitlio vaginal mais delgado e,por conseqncia, mais suscetvel s infeces do trato reprodutivo.

    A seguir, sero apresentadas as principais Doenas Sexualmente Transmissveis. Asmanifestaes prprias de cada condio e a assistncia de enfermagem especfica tambmconstaro dessa apresentao. Cabe destacar que, na seqncia, sero elencados osprocedimentos que devero ser adotados para todos os casos.

    DOENAS ULCEROSASSo DST que causam lceras ou feridas nas reas genital, anal e vaginal. H amplasevidncias de que sua presena facilita grandemente a transmisso do HIV. As leses queprovocam afetam a funo imunolgica e so mais graves e difceis de tratar em indivduoscom HIV. Cabe destaque para a sfilis, doena ulcerosa, cuja mdia de prevalncia entre asmulheres grvidas, no Brasil, estimada pelo Ministrio da Sade entre 3,5% a 4%. Outrodado a se considerar o ndice de mortalidade por sfilis congnita no perodo de 1979 a1990, que variou de 70 a 100 por milho de nascidos vivos, sendo maior o nmero de casosnas regies Norte e Nordeste.

    QUADRO I

    Doena: Herpes Genital

    Agente Causador Herpes vrus (HSV1 ou HSV2)

    q Contato cutneo-mucoso com pacienteportador de leso, na presena de soluo de

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    Forma de Contgio

    p , p continuidadeq Contato com fluidosq Secreo cervical, uretral e/ou salivar deindivduos assintomticos

    Sinais e Sintomas

    q Cachos de vesculas na rea genitalq febre, cefalia, dor muscular e/ou dorlocalizada, ardncia e/ou dor ao urinar,parestesias, adenopatias regionais dolorosas

    (nguas)q evoluo para eroso dos cachos de vesculasq possvel sobre-infeco das lesesq mucosa crvico-vaginal com aspectoeritematoso, com edema e com erosesdolorosasq Podem ocorrer recidivas com cacho nico devesculas que involui espontaneamente em 4 a 7dias

    Assistncia deEnfermagem

    q limpeza local das leses com soluo

    fisiolgica ou gua boricada a 3% (p/ alvio)q fazer seguimento da mulher a cada 3 dias ata involuo completa das leses

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    Autores:Islia Aparecida Silva1Amlia FumikoKimura2

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:33:48 AM1 Enfermeira. Prof. Associado Escola de Enfermagem USP2 Enfermeira. Prof. Dr. Escola de Enfermagem USP

    Assistncia mulher no perodo puerperal Conceito: O puerprio considerado o perodo do ciclo grvido-puerperal em que oorganismo materno retorna a suas condies pr-gravdicas e caracterizado pelasregresses das modificaes locais e sistmicas que foram provocadas pela gravidez.

    O seu incio se d logo aps a expulso total da placenta e das membranas e tem a duraode cerca de seis semanas.

    Puerprio imediato: inicia logo aps a sada da placenta e dura aproximadamente duashoras.

    Puerprio mediato: desde o puerprio imediato at o 10o dia, em que ocorre a regressodas modificaes nos rgos genitais, ocasio em que deve ocorrer a Visita Domiciliar daenfermeira.

    Por volta do 100 dia o tero j regrediu em seu tamanho e se encontra na cavidade plvica.A loquiao (produto originrio principalmente da ferida placentria, descamao e sangue),

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    apresenta-se em quantidade moderada para escassa e amarelada.

    A partir desse perodo instala-se o puerprio tardio, que se estende do 110 dia at oreincio dos ciclos menstruais em mulheres que no esto lactando. Para aquelas quemantm a lactao, o perodo pode variar de seis a oito semanas, perodo no qual, aloquiao se torna progressivamente serosa ou branca.

    Exame fsico da purpera: A assistncia de qualidade purpera no deve prescindir doexame fsico geral e especfico cuidadoso e coleta de informaes para o planejamento dasaes da equipe.

    Exame fsico geralSinais vitais

    Pulso: no perodo mediato, o pulso deve estar na freqncia normal, anotar freqncia ecaractersticas do pulso ( cheio, fino, rtmico, arrtmico)3.

    Temperatura: deve manter-se em nveis normais. Caso a purpera apresente temperaturaacima de 37o C, observar fatores ambientais, tais como agasalho em demasia, ambientesno-ventilados. Descartando-se esses fatores, investigar condies de mamas que podem

    estar cheias ou ingurgitadas, ou ento infeco que na purpera mais freqentemente seinstala em tero, mamas, trato urinrio e respiratrio.

    Presso arterial: Verificar a presso arterial em decbito lateral D. Deve estar em nveisnormais at o 5o dia ps-parto.

    Exame fsico especfico:Exame das mamas: Mamilos verificar: a) o tipo (protruso, plano, umbilicado) em casos demamilos no protrusos observar como est ocorrendo a amamentao e indicar exercciosde protruso mamilar3 e, b) observar as condies de mamilo como presena de leses,feridas, escoriaes, bolhas e sangramento, a suco do RN e as condies de amamentao

    descritas a seguir.

    Sinais de ingurgitamento: palpar as mamas e verificar pontos ou regies endurecidas quepodem estar doloridas ou no. Nesses casos, se houver dificuldade de drenagem do leite,deve-se massagear com as pontas dos dedos em um movimento de vibrao sobre asregies afetadas e ento ordenhar a mama, de preferncia manualmente, at o ponto emque a mulher referir alvio dos sintomas.

    Verificao da involuo uterina: no perodo at por volta de 10 dias ps-parto, o teroapresenta-se localizado na regio intra-plvica, sendo possvel palpar o fundo uterino, quedeve estar contrado.

    Verificao das condies de cicatrizao da ferida cirrgica4. [Episiorrafia ou incisoabdominal]

    Verificao do aspecto e quantidade da loquiao. Considera-se aspectos quanto cor, odore quantidade segundo j caractersticas j descritas

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    e quantidade, segundo j caractersticas j descritas.

    3 Exerccios indicados no pr-natal4 Segundo parmetros de rotina de exame de ferida cirrgica, tanto para abdominal como para perineal

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    Autores:Emlia Saito1Sonia Maria Junqueira Vasconcellos deOliveira1

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:35:30 AM1 Enfermeira, Prof. Dr. Escola de Enfermagem, USP

    Objetivos

    Subsidiar a assistncia de enfermagem parturiente e ao recm-nascido na primeira horade vida, identificar riscos maternos e fetais durante o trabalho de parto e o parto; eexecutar o parto sem distcia em situaes de emergncia.

    A Organizao Mundial da Sade (OMS) define como parto normal aquele de incioespontneo, baixo risco no incio do trabalho de parto, permanecendo assim durante todo oprocesso at o nascimento. O recm-nascido, geralmente em posio ceflica, tem entre 37e 42 semanas completas de gestao. Segundo a OMS, o parto normal um processonatural e, consequentemente, no deve sofrer interferncia no seu curso.

    No Brasil, a grande maioria dos partos ocorre nos hospitais, mas a mortalidade materna

    representa, ainda, um problema na medida em que a taxa de cerca de 6% dos bitos demulheres de 10 a 49 anos.

    De acordo com a legislao do Exerccio Profissional do Enfermeiro (LEI no. 7.498 de 25 de

    junho de 1986), compete a esse profissional, como integrante da equipe de sade, "aexecuo de assistncia obsttrica em situao de emergncia e execuo do parto semdistrcia"

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    distrcia .

    Sinais e sintomas do trabalho de parto

    1. Perodo premonitrio (antecede o verdadeiro trabalho de parto)

    Caractersticaq mais ntido nas primparasq ocorre entre a 38a e 40a semanaq descida do fundo uterino, o que melhora a sensao de plenitude gstrica apsas refeiesq aumenta a compresso do baixo ventre, causando sensao de pesoq polaciriaq disriaq dores lombaresq eliminao de muco cervical mesclado de sangue

    Condutaq

    repousoq idade gestacional (IG) > ou = a 37 semanas, aguardar o franco trabalho departoq IG < que 37 semanas, encaminhar para o servio, pois a mulher poder entrarem trabalho de parto prematuro

    2. Perodo de dilatao (trabalho de parto)

    Caractersticaq incio: presena de, no mnimo, duas contraes uterinas (dor de parto) em 10minutosq trmino: ao exame fsico, percebe-se no toque vaginal, o colo uterinocompletamente dilatado (10cm)q aumento gradativo da intensidade, durao e nmero das contraes uterinasem 10 minutosq formao da "bolsa das guas" ou h perda de lquido amniticoq dilatao e esvaecimento do colo uterinoq progresso do feto pela pelveq durao menor em multpara (mdia, 6 horas) em relao s primparas (12horas)

    Condutaq encaminhar a parturiente a uma casa de parto ou maternidade referncia,considerando a dilatao cervical, evoluo do trabalho de parto, meio de

    transporte disponvel, distncia at a maternidade para determinar a urgnciaq IG < que 37 semanas, encaminhar com urgncia ao hospital devido ao risco denascimento prematuro

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    nascimento prematuroq IG > ou = a 37 semanas e se no houver possibilidade de encaminhamento aservios de sade, adotar as condutas descritas a seguir

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    Autores:Roselena Bazilli Bergamasco1Amlia Fumiko Kimura1

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:35:04 AM1 Enfermeira. Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica da Escola deEnfermagem da Universidade de So Paulo

    Objetivo

    Subsidiar o desenvolvimento das aes de enfermagem na promoo e recuperao dasade da mulher.

    A ateno integral sade da mulher compreende a assistncia em todas as fases do cursoda vida. O cuidado de enfermagem mulher baseado na habilidade da enfermeira emdefinir os sintomas e compreender o seu significado no processo sade-doena.

    O aumento da expectativa de vida da mulher e as modificaes de hbitos de vida, asnecessidades de sade da mulher por mudanas do padro demogrfico apontam para anecessidade de uma adequada capacitao dos profissionais de sade para responder snecessidades de sade da populao.

    Estruturar a prtica de enfermagem na sade da mulher baseia-se em trs premissas:

    1. Os problemas apresentados por um determinado grupo populacional femininoesto intrinsicamente relacionados s suas experincias pessoais e

    t ti f t b til d id

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    expectativas futuras, bem como aos estilos de vida, que, por sua vez, socondicionados pelos aspectos sociais e culturais em que este grupo se insere.

    2. A funo primria da enfermagem manter e cuidar da mulher nos episdiosem que ela necessita de ateno sade.

    3. As mulheres tm direito ao acesso aos servios de sade que, por sua vez,necessitam responder de forma eficiente e efetiva s demandas de sade.

    Para efetivar o processo de assistir em enfermagem necessrio o cumprimento de fasesdistintas:

    Fases Aes

    1. Avaliao da clientela Coletar dados relativos a:q problemas individuais da mulher,q os problemas de sade emergentes oupotenciais sob a perspectiva da prpria clienteConsiderar:q

    os dados do diagnstico de territorializaoq problemas trazidos pelos agentes de sadeem suas visitasq os motivos que levaram as mulheres aprocurarem atendimento fora dos programasq as demandas de outras instituies queatuam na rea de abrangncia da Unidade deSade da FamliaUtilizar as seguintes estratgias para aobteno dos dados:q

    a entrevista (anamnese)q o exame fsicoq a observao do contexto familiar e dasrelaes sociais.Ateno: A enfermeira examina os dadosobtidos e compartilha suas impresses dodiagnstico de enfermagem com a mulher,ajudando-a a analisar estas informaes,considerando tambm a percepo da mulherpara o estabelecimento do diagnstico.

    2. Interveno de enfermagem A enfermeira a facilitadora e colaboradorapara que a mulher desenvolva habilidadespara desempenhar o autocuidado no

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    para desempenhar o autocuidado, nosomente para ajustar-se, mas paratransformar a sua condio de sade.O atendimento deve ser baseado naadequao das aes sistematizadas atravsde protocolos para o grupo populacional.

    A interveno pode ser estruturada a partir de:q

    consulta de enfermagem,q visitas domicilires,q grupos educativos eq aes na comunidade

    3. Anlise da interveno deenfermagem

    As interaes entre o cliente e o enfermeiroso processos dinmicos e demandam umacapacitao e o desenvolvimento dehabilidades que instrumentalizam oprofissional para uma adequada assistncia deenfermagem.

    Estas habilidades referem-se a:q comunicao,q avaliao dos valores pessoais que afetam oseu desempenho como enfermeiro,q a tomada de decises,q a ajuda prestada ao cliente para que omesmo tome suas decisesq ser capaz de estabeler um relacionamentode confiana com o cliente,q manter relao emptica eq desenvolver metas teraputicasmutuamente aceitveis.

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    Autores:Magda Andrade Rezende1Elizabeth Fujimori2

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:38:58 AM1 Professora Doutora do Depto de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica da Escola de Enfermagem daUSP2 Professora Associada do Depto de Enfermagem em Sade Coletiva da Escola de Enfermagem da USP

    Este texto destina-se a apresentar situaes prticas encontradas no cotidiano ao serem

    estimuladas a amamentao e alimentao infantil. Sabe-se que a transmisso deinformaes do profissional de sade para a pessoa que cuida da criana (me ou outrofamiliar) no acontece de modo uniforme e nem fcil.

    O uso da informao, por sua vez, no acontece automaticamente: a pessoa que as recebeprecisa atribuir-lhes um significado a fim de efetivamente incorpor-las e, assim, mudar seucomportamento.

    Deste modo, as aes de promoo sade tornam-se importante ferramenta de trabalhopara o enfermeiro.

    Aleitamento MaternoO beb deve ser alimentado com leite humano durante os primeiros seis meses de vida, namedida do possvel. Para tanto, necessrio trabalhar junto me desde a fase do pr-

    natal no sentido de apoi-la na futura amamentao. As aes de apoio devem continuardurante os meses seguintes. importante lembrar que a amamentao mediada pelapsiqu e que eventos mediados pelo psiquismo no podem ser prescritos, pois no

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    psiqu e que eventos mediados pelo psiquismo no podem ser prescritos, pois nodependem da vontade do indivduo. O que se pode fazer, ento, criar situaes de apoio me para que amamente.

    Assim, no podemos faz-la sentir-se sobrecarregada emocionalmente, pois isso diminui aschances que ela tem de amamentar. "Por exemplo, quando se diz que basta que a me seesforce e tenha interesse para que a amamentao acontea, estamos ignorando uma sriede problemas que ela enfrenta: a dificuldade de adaptao nos primeiros dias aps o parto,a poca em que retorna ao servio, o momento em que a criana comea a ingerir outrosalimentos, o surgimento dos primeiros dentes da criana, entre outros." (REZENDE;FOGLIANO, 1999).

    Segundo a Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), em seu art. 396, a nutriz tem direito aamamentar seu beb durante sua jornada de trabalho. Para tanto, deve ter dois intervalosde 30 minutos cada um, at que o beb complete 6 seis meses. Quando a sade do bebexigir, este perodo de seis meses pode ser dilatado, a critrio da autoridade de sadecompetente. Tradicionalmente, o servio mdico do INSS que vem tendo a competnciade conceder autorizaes. Quando h berrio no local de trabalho, o tempo deamamentao aumenta (REZENDE, 1992).

    Preparo da me para a amamentao durante o perodo de gestao importante que o profissional de sade no julgue a me em nenhuma fase do processode ajud-la a amamentar. Assim, a relao entre gestante e enfermeiro deve compreender:

    1. Explorao das expectativas, crenas e experincias anteriores da gestante a respeito deamamentao. Por exemplo: a me pode ser de uma famlia em que poucas ou nenhumamulher conseguiu amamentar. Assim, ela pode acreditar que de uma famlia na qual as"mulheres no produzem leite".

    2. Informaes sobre preparo das mamas para amamentao, a tcnica de amamentaopropriamente dita, reconhecimento da apojadura e do ingurgitamento e condutas frente aestes.

    3. Disponibilidade para eliminar dvidas a respeito de amamentao, mesmo que pareammuito simples e banais. Por exemplo, ela pode acreditar que comer determinados alimentosvai causar mal ao beb. Uma crena destas deve ser respeitada caso o contato com agestante ainda seja recente: caso dissssemos a ela que isto no tem fundamento elapossivelmente no acreditaria, pois ainda somos estranhos para ela. Nosso conhecimentono vai ser aceito por ela devido ao fato de ser cientificamente testado, mas sim, porque elaacredita em ns. E para que a confiana se estabelea, necessrio um certo tempo.

    Ao se transmitir estas informaes, preciso ter sempre em mente que a transmisso deinformaes a ltima etapa de um processo estabelecido entre a me e o enfermeiro.Antes de transmitir as informaes, o enfermeiro tem de se mostrar como uma pessoa queest ali para ajudar, e no julgar. Esta a base de um vnculo de confiana entre ambos,

    indispensvel para que as aes de educao em sade tenham efeito.

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    Autores:Maria De La Ramallo Verssimo1Ceclia Helena de SiqueiraSigaud2

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:38:38 AM1 Enfermeira. Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica da Escolade Enfermagem da Universidade de So Paulo.2 Enfermeira. Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica da Escolade Enfermagem da Universidade de So Paulo

    Esse texto aborda os cuidados de enfermagem que podem ser prescritos pela enfermeirapara o atendimento da criana com agravo respiratrio agudo, no domiclio. As aes aquidescritas respondem s necessidades da maior parte das crianas que apresentam algumproblema respiratrio, promovendo seu bem-estar e evitando a piora do quadro.

    Agravos respiratrios na infnciaAproximadamente metade das crianas que demandam os servios de sade apresentamalgum sintoma respiratrio, como: tosse, coriza, dificuldade para respirar, "chiado no peito",dor de garganta ou ouvido, associados ou no a mal-estar geral, febre e inapetncia.Portanto, os profissionais de sade precisam estar aptos para avali-las, de forma a detectar

    agravos precocemente e instituir os tratamentos apropriados, evitando piora do quadro, comseqelas e, at, morte.

    Assim, todas as crianas que demandam o servio de sade, ainda que no seja por umaqueixa respiratria, devem ser avaliadas quanto presena de tosse ou dificuldade pararespirar, conforme preconizado na estratgia de Ateno Integrada s Doenas Prevalentes

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    p p g g na Infncia (AIDPI). Para tanto, possvel que seja necessrio reorganizar o servio desade de tal forma que todos os atendimentos contemplem aes de manejo de casos, bemcomo de preveno e promoo sade.

    Magnitude dos agravos respiratrios na infnciaDentre os agravos respiratrios na infncia, destacam-se as infeces, geralmente divididasem dois grandes grupos: 1) aquelas que acometem o trato respiratrio superior

    (rinofaringite viral, amigdalite, otite e sinusite); 2) as do trato respiratrio inferior(pneumonia, bronquiolite). Ao lado das infeces respiratrias, encontram-se tambm asdoenas chiadoras (asma, bronquite).

    As doenas respiratrias causam a morte de mais de dois milhes de crianas por ano emtodo o mundo, na sua maioria menores de um ano, vivendo em regies pobres. No Brasil, osproblemas respiratrios, principalmente a pneumonia, causam 22,3% das mortes decrianas de 1 a 4 anos, ocupando o primeiro lugar entre as causas de morte, ecompreendem mais de 50% das causas de internao hospitalar, nesta faixa etria.

    Nos prontos-socorros e postos de sade, entre 30% e 50% das crianas atendidas

    apresentam algum sintoma respiratrio. De cada quatro com problemas respiratrios, trstm apenas resfriados que, embora de menor gravidade, causam mal-estar, pois provocamfebre, tosse, dor ou dificuldade para respirar, e inapetncia. Outro problema associado ouso freqente de medicamentos desnecessrios e, at, prejudiciais.

    Aes de enfermagem para o cuidado da criana com IRAA estratgia AIDPI prope o manejo padro dos casos de crianas com tosse ou dificuldadepara respirar, que envolve a avaliao e classificao do problema, bem como as condutasteraputicas correspondentes. As enfermeiras capacitadas para a aplicao da estratgiaesto habilitadas a implementar todas as aes preconizadas, inclusive as terapiasmedicamentosas, uma vez que se trata de um protocolo de ateno de casos. No conjunto

    das aes, so enfatizadas as prticas de cuidados domiciliares que visam a preveno doagravamento dos quadros e que devem ser observadas de forma a atender todas ascrianas que apresentam algum sintoma respiratrio. A seguir, expomos esse contedo,acrescido de outros cuidados que tambm contribuem para a recuperao da criana.

    De forma a prestar um melhor cuidado criana, deve-se ter como uma das principaispreocupaes identificar a compreenso da me ou cuidador em relao situao de sadeda criana, incluindo o que o agravo, o porqu dos sintomas, os fatores que podem t-lodesencadeado e agravado, bem como suas idias relativas ao enfrentamento do problema. Apartir da, importante reforar o conhecimento correto e esclarecer questes equivocadase suas dvidas. Com base neste conhecimento compartilhado, profissional e cuidador podem

    estabelecer quais aes so necessrias e possveis para a realizao do cuidado da criana.

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    Autores:Ceclia Helena de Siqueira Sigaud1Magda Andrade Rezende2

    ltima Atualizao:11/7/2001 10:56:36 AM1 Professor Assistente do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica da Escola deEnfermagem da USP (So Paulo, capital)2 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica da Escola de Enfermagemda USP (So Paulo, capital)

    Atravs deste documento, pretende-se apresentar informaes sobre o cuidado da crianacom diarria aguda e desidratao, entendido como as aes voltadas para o manejo doscasos, alm das medidas de promoo sade e preveno do problema.

    Define-se diarria aguda enquanto "uma doena caracterizada pela perda de gua eeletrlitos, que resulta no aumento do volume e da freqncia das evacuaes e diminuioda consistncia das fezes, apresentando algumas vezes muco e sangue (disenteria). Amaioria dos episdios de diarria aguda provocada por um agente infeccioso e dura menosde 2 semanas". um processo autolimitado, que, em geral, no necessita tratamentomedicamentoso. As complicaes mais freqentemente associadas s doenas diarricas soas septicemias e meningites.

    Magnitude do Problema

    No panorama nacional, as doenas diarricas ocupam o terceiro lugar entre as causas demortalidade em crianas de 1 a 4 anos, passando segunda posio na faixa etria demenores de 1 ano. Entretanto, h diferenas considerveis entre as diversas regies do

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    pas. Assim, na Regio Nordeste, o risco de morte por diarria chega a ser de 4 a 5 vezesmaior que na Regio Sul, representando cerca de 30% do total de mortes no primeiro anode vida.

    A situao da diarria em crianas continua grave em algumas localidades de nosso pas.Assim, um levantamento epidemiolgico recente, realizado em Fortaleza (CE), detectou umndice de 55% de causa de mortalidade por diarria em um grupo de crianas entre 7 dias e23 meses.

    As doenas diarricas, juntamente com as infeces respiratrias agudas (IRA) e adesnutrio, constituem-se nas principais causas de morbidade e mortalidade infantis naregio das Amricas, seja isoladamente ou em conjunto com outras molstias infecciosas,tais como: tuberculose, malria, dengue e outras prevenveis por imunizao.

    Dada a importncia que tais doenas assumem no perfil de morbi-mortalidade infantil, em1996, a Organizao Mundial da Sade (OMS), juntamente com a Organizao Pan-Americana da Sade (OPAS) e o Fundo das Naes Unidas para a Infncia (UNICEF),propuseram a estratgia de Ateno Integrada s Doenas Prevalentes na Infncia (AIDPI),visando o seu controle atravs do "manejo padro de casos". Valendo-se de critrios

    padronizados de avaliao, classificao e tratamento, esta proposta permite que sejautilizada por profissionais mdicos e no-mdicos, o que fortalece a capacidade resolutiva donvel primrio de sade.

    A estratgia AIDPI tem como objetivos especficos a reduo da mortalidade por doenasprevalentes em menores de 5 anos, a reduo da incidncia e gravidade dos casos e amelhoria da qualidade de atendimento criana nos servios.

    Preconiza uma avaliao global das crianas, possibilitando a deteco de problemas queno tenham motivado a sua ida ao servio. Inclui ainda aes de vigilncia e de promoo sade, que incrementam a integralidade de ateno sade infantil. Finalmente, ao colocar

    ao alcance da populao tecnologias de diagnstico e tratamento, alcana maior eqidadeno acesso ateno de sade (BENGUIGUI, 1997; MINISTRIO DA SADE, 1999; ORGANI.ZACIN...,2000).

    Cabe destacar que as crianas oriundas de famlias que vivem em condiessocioeconmicas desfavorveis (em situao de pobreza e misria) esto sujeitas a ummaior risco de adoecimento e morte por diarria. Isto ocorre porque esta situao de vida,em geral, rene vrios dos fatores que expem a criana e a tornam vulnervel, tais comomenor grau de escolarizao materna, piores condies de moradia, precrio saneamentobsico do meio, menor acesso aos servios de sade, elevado nmero de crianas menoresde 5 anos na casa, entre outros.

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    Autores:Elizabeth Fujimori 1Magda Andrade Rezende2

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:40:14 AM1 Professora Associada do Depto de Enfermagem em Sade Coletiva da Escola de Enfermagem da USP.2 Professora Doutora do Depto de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica da Escola de Enfermagem daUSP

    IntroduoConsiderando que a alimentao e a nutrio constituem requisitos bsicos para apromoo, proteo e recuperao da sade, o controle das principais deficinciasnutricionais uma forma de conhecer e vigiar o estado geral de sade.

    Embora sejam inmeros os problemas inerentes alimentao e nutrio, especialmentenos pases onde as condies ambientais so desfavorveis, como o caso de nosso pas,em termos de sade coletiva, algumas deficincias nutricionais como a desnutrioenergtico-protica e as anemias assumem configurao de importncia epidemiolgicana infncia, em funo da velocidade do processo de crescimento e desenvolvimento e suaassociao com o processo sade/doena.

    Ainda que a erradicao completa das deficincias nutricionais dependa da prpriaerradicao dos grandes contrastes econmicos e sociais gerados e mantidos pelo processo

    de produo e distribuio de bens e servios, algumas intervenes prprias do setor sadepodem contribuir para a melhoria do quadro dessas deficincias.

    Assim sendo a finalidade deste texto abordar esses dois problemas nutricionais comuns

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    Assim sendo, a finalidade deste texto abordar esses dois problemas nutricionais comunsna infncia, bem como suas causas bsicas e cuidados pertinentes para seu controle, deforma a motivar e capacitar os enfermeiros em conceitos e tcnicas atuais para que possamefetivamente incorporar essas aes na prtica diria da ateno primria.

    Atuao da Enfermagem na Desnutrio Energtico-Protica (DEP)A DEP como problema de sade coletivaEstimativas do Fundo das Naes Unidas (Unicef, 1998) indicam que a desnutrio est

    envolvida com mais de 50% dos casos de morte de crianas em todo o mundo, proporoessa jamais alcanada por qualquer outra doena infecciosa desde a Peste Negra.

    No Brasil, no h como se obter tal estimativa com exatido, dada a cobertura desigual dosservios de sade e da das estatsticas, alm da tendncia dos prprios servios eprofissionais de sade "no verem" a desnutrio como causa de doena e morte,provavelmente em decorrncia do seu forte componente social (BITTENCOURT eMAGALHES, 1995). Mesmo assim, os dados sistematizados por esses autores revelam queno Brasil, em 1989, morreu-se por desnutrio no primeiro ano de vida 134 vezes mais quenos EUA.

    Quanto prevalncia da desnutrio, no perodo de quinze anos, que separa os dois nicoslevantamentos nacionais que permitiram dimensionar o problema em nosso meio (ENDEF,1974/75 e PNSN, 1989), verificou-se reduo na taxa global de desnutrio em menores decinco anos, passando de 18,4% para 7,1%, com 15,4% de desnutrio crnica (altura/idade) e 2% de desnutrio aguda (peso/altura) (MONTEIRO et al., 1992). A reduo, noentanto, ocorreu de forma diferenciada entre as regies brasileiras, e as regies Norte eNordeste, apesar da reduo significativa na prevalncia da desnutrio, ainda apresentamquadros semelhantes aos de alguns pases da frica (BITTENCOURT e MAGALHES, 1995).

    Principais causas determinantes da desnutrioNuma populao normal existem indivduos naturalmente magros ou baixos devido

    constituio gentica, porm a proporo desses indivduos em uma populao sadia muito pequena, isto , cerca de 2,5%. Portanto, quando o nmero de crianas baixas e/oumagras elevado, certamente existem fatores que esto impedindo o plenodesenvolvimento do potencial gentico.

    Basicamente, os fatores determinantes da desnutrio so de ordem nutricional,relacionados falta de alimentos ou desconhecimento de prticas alimentares adequadas e/ou de morbidade, principalmente as infeces repetidas, que diminuem o apetite eaumentam a demanda energtica.

    A falta de alimentao adequada pode alterar o crescimento de forma reversvel ou

    irreversvel. Se a restrio nutricional ocorrer por pouco tempo, os dficits de peso e alturasero menos acentuados, podendo ser corrigidos pela alimentao adequada, comrecuperao da defasagem e retorno curva de crescimento normal. Por outro lado, se a

    inadequao alimentar for grave e prolongada, incidindo desde a fase intra-uterina, osretardos no crescimento so mais acentuados e dificilmente recuperados, mesmo com umasuplementao alimentar adequada. O captulo "Promoo do aleitamento materno e daalimentao da criana" apresenta os grupos de alimentos bem como a forma que os

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    alimentao da criana" apresenta os grupos de alimentos, bem como a forma que osalimentos devem ser introduzidos e oferecidos criana.

    A recorrncia de doenas infecciosas, por sua vez, pode provocar desnutrio e atraso nocrescimento, independentemente da disponibilidade de alimento, atravs da anorexia,acelerao do metabolismo e/ou aumento das perdas de nutrientes. Pode tambm, agravarum quadro de desnutrio em crianas j nutricionalmente deficientes, o que, por sua vez,aumenta a incidncia, a gravidade e a durao dos processos infecciosos, prolongando o

    tempo de internao e podendo resultar em seqelas para o desenvolvimento mental. Estecrculo vicioso culmina no efeito adverso mais devastador que a morte.

    Como a desnutrio pode se manifestar atravs do baixo peso ao nascer (menos de 2500g)e do dficit do crescimento nos primeiros anos de vida (inadequao dos ndices altura/idade, peso/idade e peso/altura), destacam-se no quadro abaixo passos importantes parasua deteco precoce e manejo adequado:

    Preveno do baixo peso aonascer

    Monitorizao do crescimento

    Deve ser feito mediante cuidadospr-natais adequados, jassinalados em captulo especfico.Tem como objetivo detectarprecocemente a desnutrio,podendo ser diagnosticadafacilmente atravs da verificaodo peso e altura e avaliao daadequao do ganho de pesogestacional.

    O acompanhamento constante docrescimento fsico, deve ser feito atravs daantropometria.Tem por fim conhecer o estado nutricional edetectar precocemente eventuais desvios,possibilitando vigiar o estado geral de sadeda criana.

    Fonte: Baseado em EUCLYDES (1997)

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  • 8/14/2019 Manual Enfermagem PSF

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    Autores:Elaine Buchhorn Cintra Damio1Lisabelle Mariano Rossato-Abde1

    ltima Atualizao:9/26/2001 7:41:24 AM1 Profa. Assistente do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica da Escola de Enfermagemda USP. rea de Enfermagem Peditrica. Membro do GEENF - Grupo de Estudos em Enfermagem da Famlia.

    As doenas crnicas afetam a criana, como pessoa, e a sua famlia como sistema, demaneira intensa e sem retorno, j