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LEXICOGRAFIA II Discente: Rosemeire de Souza Pinheiro Taveira Silva Docente: Profa. Dra. Claudia Zavaglia
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LEXICOGRAFIA II Discente: Rosemeire de Souza Pinheiro Taveira Silva Docente: Profa. Dra. Claudia Zavaglia.

Apr 22, 2015

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LEXICOGRAFIA II

Discente: Rosemeire de Souza Pinheiro Taveira Silva

Docente: Profa. Dra. Claudia Zavaglia

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FORMALISMO E FUNCIONALISMO:ASPECTOS EPISTEMOLÓGICOSRELEVANTES PARA A LEXICOGRAFIACristiane de Melo ArandaManuel Messias Alves da Silva

O DICIONÁRIO E SUAS DISCIPLINAS. Luis Fernando Lara

PARA QUE SERVE UM DICIONÁRIO? Maria Luiza Coroa

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FORMALISMO E FUNCIONALISMO: ASPECTOS EPISTEMOLÓGICOS RELEVANTES

PARA A LEXICOGRAFIA

Cristiane de Melo ArandaManuel Messias Alves da Silva

FUNCIONALISMO x FORMALISMO

O ponto de vista funcionalista privilegia as constantes transformações das formas de linguagem da sociedade, e o ponto de vista formalista tem no centro de suas preocupações o funcionamento interno do sistema “linguageiro" (PAVEAU; SARFATI, 2006, p. 115).

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ESTUDOS DE LÍNGUA E LINGUÍSTICA

ORLANDI (2002, P. 11 A 18)

Século XVII Gramáticas Gerais; Princípios racionais e lógicos; Língua-ideal, universal, lógica,

sem equívocos ou ambiguidades, comum a todos os seres humanos

Século XIX Gramáticas Comparadas; As línguas são mutáveis; Utiliza a metalinguagem;

Surgimento da Linguística, no século XX, como a ciência humana que visa a descrever ou explicar a linguagem verbal humana, oral ou escrita.

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LINGUÍSTICA E ESTRUTURALISMO

No curso,Sausurre apresentaquatro níveis de análise

1) a fonologia - estudo das unidades sonoras; 2) a sintaxe - estudo das estruturas das frases; 3) a morfologia - estudo da forma das palavras

(junto, essas três ênfases formam a gramática); 4) a semântica – estudo dos significados.

Curso de Linguística Geral: principal referencial teórico que demarca a Linguística com Ciência

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“Sausurre elege como objeto de estudo a língua, conceituada como um sistema de signos, ou seja, um conjunto de unidades organizadas que forma um todo. Para ele, signo é a associação entre significante (imagem acústica) e significado (conceito), e o laço que os une é arbitrário, convencional e imotivado.”

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"Mais do que uma teoria ou um conjunto de teorias, o funcionalismo é um modo de pensamento, um olhar sobre a linguagem e suas relações com a organização do mundo" onde o foco está nas funções desempenhadas pelos elementos linguísticas, em seus aspectos fônicos, gramaticais ou semânticos” (PAVEAU; SARFATI, 2006, p. 115).

Estruturalismo Funcional/Funcionalismo

Eixos

Paradigmático : Oposição(tomo/como)

Sintagmático: Combinam (c + o + m + o = como)

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Outra noção de funcionalismo. Por exemplo, a que considera as funções constitutivas da natureza da linguagem, em que os elementos linguísticos caracterizam-se de acordo com o papel que assumem na comunicação. Funções da Linguagem

1) Função expressiva (centrada no emissor); 2) Função conotativa (centrada no receptor); 3) Função referencial (centrada no objeto da comunicação);4) Função fática (centrada no canal que liga emissor e receptor);5) Função poética (centrada na mensagem); 6) Função metalinguística (centrada no código);

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1915- Círculo Linguístico de Moscou- Jakobson- Tinha por objetivo o estudo científico da língua e as leis da produção poética;

1928- Círculo Linguístico de Praga- Mathesius + Troubetzkoy, karcevsky, Jakobson. De um lado, a noção de comunicação como objeto de estudo científico, e de outro o cruzamento de Linguística e Literatura;

1931- Círculo de Copenhague exclui as referências literárias e foca os estudos na elaboração de uma teoria linguística universal, partindo da lógica matemática.

FORMALISMO

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O que interessa a seus membros é uma abstração lógica do pensamento de F. Saussure.

Hjelmslev

Denotação (sentido primeiro) /Planológico da comunicação.

Conotação (sentido segundo)/ Plano afetivo de efeito poético.

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o Círculo Linguístico de Viena, no qual o interesse dos estudiosos estava em depurar a linguagem, livrando-a da irracionalidade, indo em direção a razão. ( Retorno ao séculos XVII)

Na década de 50 surge a Gramática Gerativa, em que a teoria da linguagem deixaria de ser apenas descritiva para ser explicativa e científica.

Oliveira (2004, p. 220) explica que "gerativistas são certamente formalistas porque além da autonomia da sintaxe enxergam a linguagem como um cálculo, mas nem todo formalista é gerativista. [...I há formalistas escrevendo línguas naturais que não coadunam com a tese da autonomia".

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CONFRONTO FORMALISMO X FUNCIONALISMO

Vários modos de

compreensão do termo formal; Ou um linguista é formalista (a

forma independe da função)

Várias abordagens para a função do objeto linguística;

Ou é funcionalista (a função enseja a forma);

Oliveira [...] entende que uma teoria científica deve ser passível de matematização. Neste sentido, qualquer cientista é formalista.” Formalistas gerativistas = A sintaxe é uma máquina que gera sentenças bem formadas, independente da semântica.Funcionalistas=Com certa autonomia da sintaxe, diriam que a linguagem começou como um instrumento de comunicação e foi se aperfeiçoando.

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Para os formalistas, incluir na Linguística o estudo do significado representa ferir dois princípios da filosofia da ciência: i. incluir como objeto algo inobservável; ii. violar o princípio da autonomia da ciência, já que incluiria fenômenos psicológicos e sociológicos na Linguística.

Diliinger (1991, p. 402) explica que a teoria funcionalista é "adequada, detalhada e interessante somente na medida em que as teorias de comunicação e interação social em que se baseiam o são". Segundo ele, isso traz uma dificuldade para os funcionalistas, pois essas teorias são recentes e pouco desenvolvidas, e "isso tende a limitar essas tentativas a colocações muito gerais ou mesmo vagas, particularmente aos

olhos de quem valoriza a precisão e o rigor formal". Ao contrário, a teoria formalista tem o respaldo de longa tradição.

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DILIINGER (1991

Os formalistas - entre eles os gerativistas estudam uma língua como se fosse um objeto descontextualizado. Preocupam-se com as características internas de determinada língua e seus constituintes e a relação entre eles - sem se preocupar tanto com as relações entre esses constituintes e seus significados ou entre a língua e seu meio.

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LEXICOLOGIA E LEXICOGRAFIA

Nunes (2006)Lexicologia: Desenvolver um saber especulativoLexicografia: Com a produção de dicionários,

caminha para o desenvolvimento de um saber prático.

Borba ( 2003)há dois aspectos para a Lexicografia1) Técnica de montagem de dicionários 2) Teoria[...]produção de uma metalinguagem

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BORBA

Dicionário nunca deverá ser tomado apenas como um simples repositório ou acervo de palavras, ao contrário, deve ser um guia de uso, e como tal, tornar-se instrumento pedagógico de primeira linha.

Para Borba (2003, p. 15) há dois aspectos para a Lexicografia:

1) técnica de montagem de dicionários, ocupando-se de critérios previamente estabelecidos;

2) teoria, procurando estabelecer o conjunto de princípios que permite descrever o léxico (produção de uma metalinguagem) .

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TERMINOLOGIA-LEXICOLOGIA

Para Andrade (2001, p. 192), Terminologia se ocupa do "termo", ou seja, da palavra

especializada. Lexicologia trata da palavra e de seu conteúdo conceitual na

língua geral;

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Dias (2004) destaca-se que a Terminologia constitui a base

1) do ordenamento do conhecimento; 2) da transferência de conhecimentos; 3) da formulação e disseminação de informações

especializada; 4) da transferência de textos científicos para outros idiomas; 5 ) da armazenagem e recuperação de informação

especializada, e é justamente por esse aspecto que se pode caracterizar a importância dessa ciência no mundo atual.

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Barros (2004, p. 47)

A Terminologia centra a atenção no estudo dos conceitos, e nas obras terminográficas devem, obrigatoriamente, ser elaboradas com base em uma organização sistemática da nomenclatura.

Krieger e Finatto (2004, p. 13)

A Terminologia tem um caráter polissêmico, pelo menos em dois aspectos:

1) terminologia (grafado com t minúsculo) é o conjunto de termos específicos de uma área científica e/ou técnica;

2) Terminologia (grafado com t maiúsculo) é a disciplina ou campo de estudos teórico e aplicado dedicado aos termos técnico-científicos.

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QUAL É A DIFERENÇA ENTRE O FORMALISMO E O FUNCIONALISMO?

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O QUE OCORREU NOS SÉCULOS XVII E XIX QUE FOI CRUCIAL PARA O

SURGIMENTO DA LINGUÍSTICA NO SÉCULO XX, COMO A CIÊNCIA?

Page 22: LEXICOGRAFIA II Discente: Rosemeire de Souza Pinheiro Taveira Silva Docente: Profa. Dra. Claudia Zavaglia.

QUAL FOI O OBJETIVO DO AUTOR COM ESTA DISCUSSÃO ENTRE FORMALISMO E

FUNCIONALISMO, AO DIALOGAR COM LEXICOLOGIA, LEXICOGRAFIA,

TERMINOLOGIA E TERMINOGRAFIA?   

QUAL FOI O OBJETIVO DO AUTOR COM ESTA DISCUSSÃO ENTRE FORMALISMO E

FUNCIONALISMO, AO DIALOGAR COM LEXICOLOGIA, LEXICOGRAFIA,

TERMINOLOGIA E TERMINOGRAFIA?   

QUAL FOI O OBJETIVO DO AUTOR COM ESTA DISCUSSÃO ENTRE FORMALISMO E

FUNCIONALISMO, AO DIALOGAR COM LEXICOLOGIA, LEXICOGRAFIA,

TERMINOLOGIA E TERMINOGRAFIA?   

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O DICIONÁRIO E SUAS DISCIPLINAS

Luis Fernando Lara

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O paradigma linguístico costuma desprezar o dicionário por três características:

a) Não é uma descrição fiel de uma realidade verbal metódica e estatisticamente estudada em uma determinada população; b) Tem um cunho normativo explícito ou implícito,que modifica totalmente esta realidade;

c) É uma obra de caráter utilitário e mercantil.

A maioria dos lexicógrafos também não se ocupou em reivindicar sua prática como disciplina linguística e de considerar o dicionário como um fenômeno verbal digno de teorização.

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Somente a partir dos livros de Josette Rey-Debove, de Alain Rey e de Bernard Quemada, na década de 70, é que o dicionário começou a merecer uma atenção que fosse além do método e o submetesse a um questionamento linguístico . Apesar disso, a grande bibliografia lexicográfica e dicionarística que se tem hoje em dia não consegue ainda situar o dicionário e a lexicografia entre as disciplinas linguísticas. O dicionário deve ser visto em sua realidade como um produto linguístico, como um fenômeno verbal complexo e não somente como o resultado da aplicação dos métodos lexicográficos. Acredita-se que o dicionário é somente o produto da aplicação de um método às unidades verbais, não se pode reconhecer toda a sua complexidade.

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O que diz a linguística descritiva sobre os dicionários

A linguística descritiva não se questiona sobre os seus destinatários, sobre a ideia que oferecem das línguas contrastadas, sobre como é feito o seu estudo semântico, etc.

Para a linguística descritiva, esses dicionários são apenas uma parte do programa de pesquisa de uma língua. São um capítulo posterior à descrição fonológica, morfológica e sintática.

Um exemplo de um dicionário concebido deste modo é o Great Tzotzil Dictionary of San Lorrenzo Zinacantán, de Robert M. Laughlin.

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O Dicionário de Robert M. Laughlin Neste dicionário há, dentre outros aspectos, o processo de comutação de morfemas para encontrar pares mínimos que produzam diferenças de significado, independente da realidade léxica da língua tzotzil, e a falta de uma análise semântica centrada na cultura dessa língua.“Seis dias por semana, de nove da manhã às quatro da tarde, nós sentávamos (ele e seus informantes tzotzis) no Museu do Novo México para inventar palavras”.

Laughlin, tomava uma raiz hipotética e lhe acrescentava afixos sistematicamente, para descobrir possíveis palavras tzotzis.

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Dicionário da língua tzotzil elaborado por Laughli

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O papel de uma análise semântica centrada na cultura

Uma análise semântica centrada na cultura não faz parte da lexicografia descritiva.

Dessa maneira, pode-se observar que há uma diferença entre uma lexicografia feita como parte de uma descrição linguística do sistema, e uma lexicografia feita em benefício dos falantes. Uma lexicografia que se guie pela combinatória morfológica que requer a descrição do sistema, como a de Laughlin, sem desprezar seu valor científico, não é senão uma morfologia ordenada.

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Deve existir, sem dúvida, uma lexicografia descritiva, mas orientada a [...] isto é, que se baseie estritamente no vocabulário encontrado, que utilize uma escritura fonológica científica, que reproduza a "unidade de citação"' que seus falantes reconheçam, que não proponha outras formas canônicas de vocábulos que aquelas que os próprios falantes possam formar a partir do seu conhecimento da língua e que leve em consideração a definição espontânea que são capazes de dar; que se atenha à concepção de seus falantes sobre os fenômenos de polissemia e sinonímia, que registre os usos tal como apareceram no estudo descritivo, etc. Uma lexicografia descritiva possível de escrever dicionários linguísticos, ou seja, dicionários destinados ao conhecimento especializado dos linguistas.

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Dicionários linguísticos(científicos)

São dicionários destinados ao conhecimento especializado dos linguistas.

Neles, encontram-se um vocabulário pequeno.

Definições vagas. Estruturas temáticas difíceis.

Unidades morfológicas artificialmente criadas para provar as regras de combinação da língua.

Nenhuma língua de cultura se viu reduzida a um dicionário linguístico em sentido estrito.

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“O fato dicionário”Marcel Cohen

O dicionário não é uma simples descrição.

Como obra e como fenômeno verbal complexo.

Depósito da memória social do léxico.

Instrumento de informação.

Instrumento de tradução e de entendimento entre os falantes de duas ou mais línguas.

Horizonte normativo dos falantes de uma língua. Discurso culto, referido ao estado em que se encontra uma comunidade linguística particular, e situado em seu caráter político e cultural. Fenômeno simbólico.

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O dicionário e sua historicidade

Parte do fenômeno dicionário é a sua historicidade inerente.

Os métodos de elaboração dos dicionários foram evoluindo de uma obra para a outra.

O desenvolvimento das entradas foi o resultado de longos processos reflexivos e analíticos sobre as línguas.

A teoria do dicionário nutre-se de duas histórias: uma história dos dicionários (por língua, por famílias de línguas, por unidades culturais) e uma história da lexicografia (igualmente por línguas, famílias de línguas e unidades culturais, mas também analítica e comparativa).

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A história da lexicografia tem duplo valor, por um lado evidencia a maneira como foram sendo forjados os métodos de elaboração dos dicionários, que não foram nem convencionais, nem arbitrários. Por outro lado, é uma metodologia comparada que nutre os tratados sistemáticos modernos de lexicografia.

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Lexicografia social e Lexicografia descritiva

Não deveria existir uma boa lexicografia social que ignorasse os ensinamentos da linguística, pois é por meio desta ciência que se pode compreender melhor o que são as línguas e o que são seus vocabulários.

Já o programa da lexicografia descritiva deveria reunir a pesquisa da definição espontânea do significado das palavras pelos próprios falantes, sua compreensão da polissemia, e a existência de significados estereotipados que sirvam à organização das acepções correspondente aos esquemas cognitivos da polissemia próprios dos falantes.

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A qualidade do dicionário depende tanto da formação linguística do lexicógrafo quanto de sua sensibilidade em relação aos fenômenos da significação e de sua capacidade para redigir um texto breve, preciso e elegante.

A arte do dicionário não é uma de suas disciplinas, mas é resultado de outra disciplina, a de estudo e de trabalho de seu autor, o lexicógrafo.

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Por que paradigma linguístico costuma desprezar o dicionário?

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O que o autor que dizer ao salientar que “apesar disso, a nutrida e robusta bibliografia

lexicográfica e dicionarística de que dispomos hoje em dia, não

consegue ainda situar o dicionário e a lexicografia no

lugar que merecem?”

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PARA QUE SERVE UM DICIONÁRIO? Maria Luiza Coroa

Luiz Fernando Veríssimo:- Pai, o que é cornita?- Como é que se escreve?- Ce, o, erre, ene, i, te, a.O pai pensou um pouco. Não podia dizer que não sabia. O garoto há muito descobrira que o pai não era o homem mais forte do mundo. Precisava mostrar que, pelo menos, não era dos mais burros. Perguntou como é que a palavra estava usada.- Aqui diz, "a cornita da igreja ..."- respondeu O garoto.- Ah, esse tipo de cornita. E um ornamento, na forma de corno, que fica do lado do altar.- Pra que serve?- Pra, ahn, nada. É um símbolo.- Ah.

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Nessa perspectiva, o dicionário seria um acervo de nomes para "coisas"do mundo. Numa sociedade ideal de robôs, em que a função de uma língua seria apenas a de representar o mundo, isso poderia, de fato, esgotar a função do dicionário. Mas não vivemos numa sociedade de robôs, nem a língua se constitui em mero espelho da realidade, por isso, nesta proposta, tentamos refletir sobre vários caminhos que um dicionário percorre para extrapolar essa função , apoiando-nos na perspectiva teórica de que, conforme Marcuschi (2004: 268),

Não há uma relação direta entre linguagem e mundo, e sim um trabalho social designando o mundo por um sistema simbólico cuja semântica vai se construindo situadamente.

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O dicionário é, portanto, mais do que uma forma de nomear e classificar as coisas do mundo: é um apoio para a construção de nossa rede de conhecimentos linguísticos. Assim, os sujeitos não apenas "dizem" o mundo, mas também o "instauram por meio do discurso”. Como diferentes usos linguísticos marcam diferentes relações sociais, o dicionário também apresenta possibilidades discursivas que se inserem nas brechas significativas dessa indeterminação da linguagem - apesar da estabilidade que historicamente traz para a língua.

Dicionário Caldas Aulete, tipo 3):

Jornaleiro (jor.na.lei.ro) a.sm. Que ou quem trabalha vendendo ou entregando jornais......Jornalista (jor.na.lis.ta) s.g. pessoa que é formada em ou exerce o jornalismo.

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“Movimento“Construção do significado para buscar interpretar uma palavra

1º Quanto ao registro ortográfico;2º Suspeita sobre a incorreção do texto;

Gnerre (1994: S), citando Bourdieu, diz que: "O poder da palavra é o poder de mobilizar a autoridade acumulada pelo falante e concentrá-la num ato linguístico". O pai coloca-se, então, na posição de quem detém esse "poder da palavra“: admitir desconhecimento seria abrir mão desse poder.

Filho

PaiProfessora

Dicionário

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O dicionário constitui-se em produtivo instrumento do fazer linguístico: é mais um dos elementos simbólicos de que cidadãos leitores e produtores de textos dispõem para construir, e reconstruir, redes de significações e constituir sujeitos. Nada mais lógico do que fazer sua utilização em sala de aula corresponder a sua função nas práticas discursivas.

Segundo Nunes (2006: 149)

Evitando ou controlando o silencio, os sujeitos identificam palavras, classificam- nas, descrevem-nas, organizam-nas em listas que se reproduzem e se estendem. As listas de palavras, de acordo com S. Auroux (1992)) são o mais antigo saber linguístico de que temos notícia.

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No fundo, o problema da significação não é resolver se as palavras corresponde algo no mundo externo e sim o que fazemos do ponto de vista semântico quando usamos as palavras para dizer algo. As relações são muito mais complexas do que uma correlação biunívoca entre palavras e referente mundano. (MARCUSCHI, 2004, p. 263)

Dicionário

Uma leitura global do texto, no conjunto entre as palavras e o contexto imediato em que ocorre;Uma busca de coerência entre o que diz o texto e o que a experiência do leitor acrescenta de informação sobre o mundo; Um conhecimento gramatical que não se restringe mera nomenclatura gramatical, mas que, ao envolver especificidades de classes de palavras, conduz a construção;

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Como participante de práticas discursivas, o acesso ao dicionário nas práticas pedagógicas representa o alargamento do conhecimento simbólico da linguagem na formação do aluno. Visto assim, como integrante de práticas discursivas, o dicionário constitui-se em produtivo instrumento do fazer linguístico de que cidadãos leitores e produtores de textos dispõem para construir, e reconstruir, redes de significações e para se constituir como sujeitos. A partir de referenciais teóricos que concebem a linguagem como interação ou ação social, objetiva-se refletir sobre como as formas de lidar com essa fluidez implicam lidar com as interações pessoais, permeadas por tempo e espaço, mas também com as interações com os materiais que (in)formam o conhecimento - materiais didáticos.

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Lexicografia

“Consensualmente definida como arte ou técnica de compor dicionários.”  (KRIEGER & FINATTO, 2004, p. 47)

“Esse caráter pré-científico veio a ser matizado tão somente depois da II Guerra Mundial, quando os lexicógrafos começaram a deixar a concepção de lexicografia como ‘arte’ ou ‘técnica’ de lado, aproximando-se das disciplinas lingüísticas e voltando-se para a reflexão sobre os dicionários do ponto de vista de sua história, de sua estrutura, de sua tipologia e da ponderação das funções que justificam a elaboração de cada obra lexicográfica. Dessa reflexão foi que nasceu a lexicografia teórica (ou metalexicografia) e a lexicografia prática”. (DURÃO, 2011, p.24)

“Os únicos trabalhos de cunho vagamente lexicográficos daquelas eras são os glossários de Alexandria e, entre os latinos, o Appendix Probi.” (BIDERMAN)

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O dicionário permite o acesso ao "poder da palavra e

corresponde a sua função nas práticas sociais.

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No processo de aprendizagem linguística ao adquirir o conhecimento de novos vocábulos com toda a sua carga semântica e gramatical, o indivíduo se encontra apto a desenvolver relações lógicas e formar conceitos?

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Referencial Bibliográfico

ARANDA, C. de M., SILVA, M. M. A. da. Formalismo e Funcionalismo: aspectos epistemológicos relevantes para a Lexicografia. In: HWANG. A. D; NADIN, O. L. Linguagens em Interação III: estudos do léxico. Maringá: Clichetec, 2010, pp. 47-54.

LARA, L. F. O dicionário e suas disciplinas. In: As ciências do léxico v. II., 2004, pp.133-152.

COROA, M. L. Para que serve um dicionário? In: CARVALHO, O. L. S.; BAGNO, M. (orgs.) Dicionários Escolares: políticas, formas e usos. São Paulo: Parábola, 2011, pp.61-72.

FARIAS, E. M. P. Uma breve história do fazer lexicográfico. Revista Trama, Vol. 3, Num. 5, 2007, p. 89-98.

Krieger, Maria da Graça; Finatto, Maria José Bocorny. Introdução à Terminologia: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2004.

BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. A Ciência da Lexicografia. Alfa. São Paulo, v.28 (supl.), p.1-26, 1984.

http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/2175-7968.2011v1n27p11