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25 ANOS DE HISTÓRIA: JORNAL CONHEÇA A TRAJETÓRIA E OS PROJETOS DESENVOLVIDOS PELO MDCA OUTUBRO • 2014 ANO 1 • N° 1 NOVA SEDE HISTÓRIA PROJETOS PG 3 PG 4 PG 6
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Jornal MDCA - 25 Anos

Apr 06, 2016

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Page 1: Jornal MDCA - 25 Anos

25 ANOS DE HISTÓRIA:

JORNAL

CONHEÇA A TRAJETÓRIA E OS PROJETOS DESENVOLVIDOS PELO MDCA

OUTUBRO • 2014AN

O 1

• N°

1

NOVA SEDE HISTÓRIA PROJETOSPG 3 PG 4 PG 6

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Nós empreendemos, acreditamos e, há 25 anos, fazemos.

Vivíamos dias de Assembleia Nacional Constituinte, tempo de debates e propostas que seriam integradas ao Estatuto dos Direi-tos da Criança e do Adolescente. Foi outubro de 1986 quando um grupo de professoras aposentadas do Colégio Estadual Cândido José de Godoi sonhou em contribuir para um mundo melhor. A primeira proposta era de colaboração ao próprio colégio, evoluin-do, após debates, para uma entidade voltada ao apoio pedagógico, junto às crianças da comunidade do bairro Partenon. Lá, as mes-tras encontraram uma dura realidade de vida: educacionais e sociais. O pe-queno grupo de mulheres sonhadoras foi ao morro sem outra pretensão senão auxiliar as crianças com defasagem de idade/série escolar.

A Creche, uma casa com precaríssimas condições, que re-cebia crianças muito novas até adolescentes com 15 anos, foi o pri-meiro lugar onde iniciaram o atendimento. Para lá iam, alguns dias por semana, as voluntárias. Elas subiam o morro, por ruas esburaca-das e esgoto a céu aberto. O MDCA, como instituição surgiria dois anos após o início desse árduo, mas, gratificante trabalho.

Então, após múltiplas reuniões, o grupo se constituiu em Associação, com o nome de Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente. Sub-jacente ao nome estava a ideia de que não seria uma simples associação, mas uma entidade que assumiria o compromisso da luta permanente pela efetiva-ção de direitos, tema que borbulhava nos dias que precediam a publi-cação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990.

Até a conquista da sede, junto ao então Centro de Saúde Murialdo, o MDCA circulou por vários ambientes, todos muito precários. Condi-ções superadas pela dedicação de voluntários tocados por um ideal. Das crianças, o MDCA passou a dar atenção, também, aos adolescen-tes, ofertando cursos de caráter profissionalizante, de formação para o trabalho, sempre cuidando da prioridade pedagógica. As mulheres, que também foram chegando, recebiam orientação e apoio em suas dificuldades pessoais e familiares.

Com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - as dirigentes do MDCA, ex-professoras, há algum tempo engajadas na consolidação de direitos, agora reafirmados, foram às instituições da comunidade para sua divulgação, principalmente discutindo os pre-conceitos e atitudes do antigo conceito de “menor” entendido como aquele(a) menino(a) da periferia, para o novo conceito de “criança e adolescente como sujeitos de direitos”.

A realidade do morro se parecia como a de um rio onde se tentava salvar uma criança que estava se afogando, mas que depois de salvar essa, outras apa-reciam na mesma condição. Assim, decidiram ir “rio acima” para ver quem as estava jogando na água. O que essas mulheres enxergaram? Viram que a situação de pobreza e violação de direitos das famílias e de suas crianças e adolescentes eram as responsáveis por mais e mais “afogados”. Como as fun-dadoras e outros voluntários eram estranhos à comunidade, entenderam que

um dos caminhos para a solução dos problemas era participar do Conselho Popular, fortalecido pelo Orçamento Participativo, fórum de estudo, mobilização comunitária e encaminhamento de demandas ao poder público. Para lá, todas as segundas-feiras, a equipe se dirigia, subindo o morro. As escolas também foram motivadas a participarem do Conselho Popular e lá demandarem suas necessidades.

Mas, outra frente de participação conclamou as voluntárias do MDCA: a frente da consolidação do ECA na cidade. Lá esteve a entidade, juntamente com ampla representação da sociedade, participando ativamente

da implantação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Fórum de Entidades. A professora Haidê Allegretti Venzon, presidente do MDCA, tornou-se especialista e incansável batalhadora na divulgação do ECA e na assessoria às entidades no debate e adequação de seus estatutos à nova concep-ção de direitos de crianças e adolescentes.

A instituição atua para além de seus muros. Sua diretoria, constituída por voluntários, ao mesmo tempo que coordenam projetos, seus “radares” acompanham e participam da ação política na área da criança/adoles-cente. Essa visão ampliada se reflete no trabalho com os educandos do MDCA. Nesse sentido, eles têm participado de manifestações públicas, exigindo maior

garantia de direitos e mais recursos para a Assistência Social.

O acompanhamento do trabalho realizado é feito por meio de um sis-tema integrado de avaliação, que envolve educadores, educandos e famílias e subsidia o planejamento das ações. Seminários, palestras e debates contribuem para o crescimento de sua equipe. Por sua tra-jetória, o MDCA tem recebido o reconhecimento da sociedade, seja na forma de concessão de títulos por entes públicos, seja pelo acolhi-mento de projetos sociais e seu financiamento.

Hoje pode-se comemorar, orgulhosamente, 25 anos de atuação no for-talecimento da cidadania com inúmeras crianças e adolescentes participantes de projetos de apoio pedagógico, preparação para o trabalho, educação integral e de trabalho junto às famílias. Traba-lho com as famílias sim, como forma de ressignificar os vínculos afetivos. Esta é uma forma de contribuir para gestar sonhos e gerar mudanças no sentido de fortalecer as vivências do diálogo, do respeito e da amorosidade.

Nas páginas seguintes, uma breve história da pequena grande instituição, onde seus timoneiros também são marujos. Uma história de absoluta e incondicional entrega a uma causa. Muitos participaram dessa caminhada ao longo do tempo, mas especialmente as duas fundadoras – Haidê Allegretti Venzon e Theresinha Bastos – na linha de frente do MDCA.

Parabéns a todos os que empenharam braços, inteligência, vontade e coração na construção dessa brilhante história. Muito obrigado!

José Bulla

EDITORIAL

M02

Presidente: Rodrigo Stumpf González • Vice-Presidente: Ilca Machado Guaspari • Tesoureira: Ana Lúcia Gassen Fritsch • Tesoureira Adjunta: Norma Fernandes Magroski • Secretária: Anita Nicodemo Carvalho da Costa • Secretária Adjunta: Vera Gressler • Conselho Editorial: Theresinha Bastos, José Bulla e Paulo Maia • Endereço: Avenida Antonio de Carvalho, 535 - Agronomia - CEP: 91430-001 - Fone (51) 3339.7274 - [email protected] Jornalista Responsável: Paulo Maia - MTB 14228 • Realização, projeto gráfico e diagramação: Verde Design de Conteúdo - 51 9770.6380 - [email protected] • Fotos: Arquivo MDCA

Uma homenagem à memoria de: Ceci Neuza da A. Gotze, Eleonor Harzheim, Evani Juliana Rodhe Dorneles, Heloisa Oliveira Amorim, Juan Antonio Tijiboy, Mari Monteiro Quites, Maria Luiza Roth, Reisla Leja Unis e Pola Suchoki.

EXPEDIENTE

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EDITORIAL 03

O MDCA, através de uma comissão de mobilização pela sede própria, composta por dez voluntários, de-senvolveu inúmeras tratativas na busca por um lo-cal apropriado desde o ano 2000, junto ao Governo Estadual e Municipal, e outros órgãos. No primeiro trimestre de 2012, houve a comunicação da venda do terreno da sede alugada na rua dos Burgueses, 255, com prazo para liberação do imóvel até o fim

do mesmo ano. A procura por nova sede se tornou intensa e diuturna.

Em abril de 2012, em visita à Assembleia Legislati-va o MDCA foi informado que o Estado estava em negociação para adquirir a propriedade das Irmãs Cônegas de Santo Agostinho, na Rua Antônio Car-valho. Local onde também existe a Escola Estadual Gema Belia.

Em 15 de outubro o MDCA esteve em audiência na Secretaria de Educação/SEDUC, ocasião em que solicitou a cedência de um espaço na referida área. Nesse período também foi encaminhado documen-to com mais de mil assinaturas da comunidade e escolas estaduais, parceiras em diversos projetos, apoiando a solicitação da entidade.

Dia 14 de janeiro de 2013, a grande notícia: O Esta-do destina, para nova sede do MDCA, o prédio que servia de residência das irmãs. Posteriormente, em 22 de abril, foi publicado no Diário Oficial a súmula do termo de cooperação entre a SEDUC e o MDCA, com assinatura no dia 27 de maio. No termo consta o compromisso assumido pela entidade de realizar, gratuitamente, apoio pedagógico a crianças e ado-lescentes de escolas estaduais do entorno.

Desde 2013 o MDCA está de casa nova, onde recepciona mais de 300 crianças por ano em seus diversos programas.

A caminhada para a conquista da sede propria

Além da estrutura onde os programas são desenvolvi-dos (mais acima) a nova sede conta com espaço para o serviço social.

MDCA COM NOVA SEDE, MAS...

Desde que o MDCA entrou para a primeira sede, pagando aluguel, aspirou por local próprio, ou en-tão cedida sem ônus. Isto aconteceu desde meados de 2013 quando o Estado, ao entrar na posse de propriedade adquirida das irmãs Cônegas de Santo Agostinho, na Rua Antônio de Carvalho, cedeu o prédio ao MDCA. A entidade estava ameaçada de despejo por venda do imóvel alugado.

O prédio, até então residência, exigiu importantes adequações. De pronto, foram investidos, aproxi-madamente, R$ 70 mil.

Mas, logo foi identificada a urgente necessidade de uma área multiuso para recreio em dias de chuva, oficinas de música, de capoeira, para apresentações artísticas e outros eventos. Assim é que o MDCA está empenhado em construir um espaço de apro-ximadamente 200m2. O projeto está em gestação, inclusive, com o envolvimento das crianças, moti-vadas que foram pela Dez Comunicação que está montado uma peça publicitária, com o fim de arre-cadação de recursos para a construção dessa obra. Para a segunda etapa está prevista a construção de mais salas para oficinas/aulas, salas de atendimento individualizado, entre outras.

Para que tudo isso aconteça, o MDCA precisa de recurso específico, que depende da contribuição de colaboradores. Foi lançado um carnê com pagamen-to bancário em 12 prestações, cada uma no valor de 85,00. O valor pago corresponderá, aproximada-mente, ao custo de um m2 de construção. Seja um parceiro dessa obra. Solicite um carnê pelo e-mail: doaçõ[email protected].

Imagem desenvolvida pela Dez Comunicação para a cam-panha de construção da sede idealizada pelas crianças.

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O calendário marcava o ano de 1987. O Brasil pas-sava por intensas mudanças com uma gradual reto-mada da democracia e os direitos dos cidadãos vol-tavam a ser assunto com a discussão de uma nova Constituição Federal, aprovada no ano seguinte. Em Porto Alegre, um grupo de professoras estava às vésperas da aposentadoria com a expectativa de descansarem ao final de longas carreiras. Porém, a consciência de que uma grande parcela da popula-ção era privada de cidadania as levou para um local de mais trabalho: Um dos morros de população po-bre do Partenon. Mais precisamente, na creche co-munitária da Vila São José do Murialdo, que recebia crianças e adolescentes, entre 2 e 15 anos, da comu-nidade local. A missão: Oferecer apoio pedagógico e aulas de reforço para aquelas crianças.

O início não foi nada fácil: “Assim era o barracão de madeira, cuja cobertura perfurada tanto deixava entrar o brilho das estrelas quanto os pingos da chu-va. O local era de difícil acesso, o espaço exíguo e o material didático quase inexistente, a exigir criativi-dade nos ensinamentos, que tinham de ser adequa-dos à realidade daqueles pequenos ‘aprendizes’”, lembra Heloisa Amorin, uma das fundadoras. As di-ficuldades materiais não foram as únicas, pois o tra-balho voluntário, ainda embrionário, em sua forma organizada, era visto por muitos com desconfiança, o que tornava a busca por apoio uma tarefa árdua.

O esforço, porém, foi recompensado: As aulas de

alfabetização e reforço escolar realizados, duas ve-zes por semana, foram complementados por outras atividades, como educação física e trabalhos ma-nuais. “Os corações das mestras se aqueciam e se reconfortavam, quer pelo crescente engajamento das crianças, quer pelo progresso na aprendizagem e redução na repetência escolar”, conta Reisla Leja Unis. Essa vivência foi fundamental para que as vo-luntárias percebessem que o ensino era apenas um dos aspectos dos quais aquelas crianças eram caren-tes. Perceberam o quanto era importante a luta para estabelecer junto a toda a sociedade direitos univer-sais às crianças e adolescentes.

Assim, nasceu a ideia que, dois anos depois, resulta-ria no MDCA. Em sua ata de fundação uma daque-las pioneiras escreveu: Aos dezessete dias do mês de outubro do ano de 1989, às 18h30min, no Instituto de Educação, nesta capital, nasceu o Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente, filho legítimo de um grupo de professores aposentados. O referido é verdade e dou fé.

O Apoio Pedagógico foi o primeiro projeto realiza-do na entidade oficialmente registrada e presidida por uma das fundadoras: Haidê Allegretti Venzon. Nele, as crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem no ensino formal recebiam re-forço, além de ações educativas enfocando saúde, arte-educação, danças e teatro. Logo depois, em 1990, foi aprovado o Estatuto da Criança e do Ado-

lescente. O MDCA teve papel relevante nas dis-cussões regionais sobre o tema, capitaneado com muita energia por Haidê, que presidiu a entidade novamente de 2008 a 2013. “A Haidê merece to-das as homenagens. As palavras são insuficientes e insignificantes para expressar a importância da sua atuação na implantação do ECA, nos mais diversos espaços, como nos Conselhos e Fórum Municipal. Sua atuação nesses espaços, seu empenho na adap-tação das instituições voltadas a criança e adoles-cente às novas normas preconizadas pelo ECA foi extraordinário. Possui conhecimento, competência e abnegação raramente vistos. É uma das pessoas mais competentes e dedicadas à causa da infância e juventude que conheço”, lembra o colega voluntá-rio José Bulla.

Em 1993 Theresinha Bastos, também participante do ato de fundação, assumiu a presidência da enti-dade. “Acompanhei a transformação do sonho em realidade, logo estou nessa tarefa desde 1985”, con-ta. A ex-presidente ressalta o papel do voluntariado na construção de uma sociedade mais igualitária: “Hoje acredito que ser voluntário em alguma causa é um compromisso com a sociedade e, na qualidade de cidadão, é um dever se comprometer com algu-ma causa. A melhor parte de meu voluntariado se realizou com adolescentes, atividade que me envol-vi e que me trouxe inúmeras alegrias. Logo sou uma adepta do trabalho voluntário e recomendo acredi-tando que uma vez o vírus do voluntariado instalado não há antibiótico que o remova”, afirma. Foi no último ano de sua gestão, 1997, que o projeto ide-alizado e dirigido por Theresinha, o Lanche Ideal, foi lançado. Por 14 anos garantiu ensino profissio-nalizante e renda para adolescentes e jovens surdos.

Suelci Pereira da Silva foi a terceira presidente do MDCA e exerceu três mandatos, entre 1998 e 2004. Voluntária praticamente desde o início da entidade, Suelci utilizou seus conhecimentos como auditora fiscal, com especialização em análise e concessão de isenção previdenciária, para a regularização de aspectos formais da entidade. Mas, sobretudo, na obtenção da Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social, o que permitiu ao MDCA a possibilidade de ampliar sua atuação.

Com as atividades ampliadas e novos convênios fir-mados foi necessária a locação de um novo espaço. Assim, a entidade foi para a casa da Rua dos Bur-gueses, 255, onde esteve até o ano passado. “As-sinamos projetos de trabalho/educação com empre-sas privadas, fizemos parceria com a PUCRS para

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Imagens da creche onde as atividades foram iniciadas e das crianças atendidas

25 ANOS DE DE

Conheça a trajetória da entidade através do olhar de quem a construiu

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trazer estagiários de psicopedagogia. Vimos, assim, florescer a semente plantada pelas bravas idealiza-doras da Instituição. A mim coube regar e cuidar da planta”, revela Suelci. Ainda hoje, é coordenadora voluntária do Programa Adolescente Aprendiz, lan-çado em 2002, e um dos mais importantes da histó-ria da entidade. “Pessoalmente, me sinto, plenamen-te, gratificada por coordená-los e fazer parte desta transformação, pois entendo que a importância de nossa vida está intimamente ligada às vidas com as quais podemos fazer a diferença”, finaliza.

“Participar da Equipe de Voluntários, que sempre desempenhou um trabalho sério e desafiante ao lon-go destes 25 Anos, é muito gratificante”, revela Te-reza Pankowski, presidente entre 2004 e 2006. Para ela, ver o esforço de cada indivíduo para melhorar o seu trabalho na instituição e acompanhar o cresci-mento dos educandos e de suas famílias foi fonte de grande satisfação. Durante a gestão de Tereza foram lançados os projetos Novos Horizontes - continui-dade ao Projeto de Apoio Pedagógico - Em 2005, Projeto Aquarela - integrando o Programa Serviço de Apoio Sócio Educativo - e o Projeto Novos Hori-zontes, com o intuito de ampliar e qualificar o aten-dimento a crianças e adolescentes. “Meu desejo é que este trabalho se perpetue com novos voluntários e profissionais por muitas décadas e continue a se destacar na nossa cidade.”

Voluntária desde o ano 2000, Ruth Penter foi a pró-xima presidente, com posse em 2006. Com sua ex-periência corporativa na iniciativa privada ajudou a desenvolver a gestão administrativa e financeira da entidade. Com ela, o MDCA informatizou o com-plexo sistema de avaliação da entidade aplicado semestralmente. Os eixos da avaliação seguem os objetivos do MDCA: desenvolvimento pessoal e so-cial, desenvolvimento da aprendizagem, fortaleci-mento dos vínculos familiares e, para o Adolescen-te Aprendiz, amadurecimento diante do mundo do trabalho. Além disso, elaborou o orçamento, o que garante a sustentabilidade, e foi responsável pelo planejamento e execução de diversas obras nas an-

tigas sedes da entidade. Hoje é responsável pelo projeto de aumento das dependências da nova sede com a aguarda-da construção de um espaço multiuso. “Nesses quase 15 anos sinto-me participan-te do trabalho do MDCA, o que me traz alegrias e sa-tisfação. Como a fundado-ra Theresinha, digo que fui contaminada pelo vírus do voluntariado. Fui educado-ra, tesoureira, presidente do Conselho Diretor, membro do Conselho Fiscal, e tenho o maior orgulho e satisfação em continuar contribuindo

com meus conhecimentos e força de trabalho onde o MDCA precisar”, revela.

Já perto do encerramento de sua gestão, iniciada em 2013, o atual presidente, Rodrigo Stumpf Gon-zález, recorda: “Meu primeiro contato com o MDCA foi em 1990, quando conheci a Haidê e a Theresi-nha durante o processo de discussão da criação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Porto Alegre. Desde então, eventu-almente assumi as funções de conselheiro jurídico ou estrategista político nas mais diversas situações de crise ou emergência vividas pela entidade.” Para ele, além de ter atendido milhares de crianças e ado-lescentes, o MDCA foi um protagonista na definição de parâmetros de qualidade para a política de atendi-mento em Porto Alegre, com a experiência em áreas como o trabalho educativo com geração de renda, a formação de aprendizes e o apoio às famílias. “Mas hoje, com a conquista de uma nova sede, o MDCA encontra-se em condições de sonhar com passos por novas trilhas. Queremos garantir a acessibilidade e o atendimento a novos públicos, como a inclusão entre os aprendizes de adolescentes com necessidades es-peciais. Ao mesmo tempo, a continua necessidade de adaptar práticas educativas aos anseios e exigências de uma infância e uma juventude em transformação nos leva hoje a lutar contra novas formas de exclu-são, como a digital, na busca constante da promoção e defesa de direitos.”

Mesmo com a trajetória de 25 anos, mais que nunca, continuam atuais as palavras da voluntária Heloisa Amorin: “As dificuldades continuam grandes, mas os resultadosatéaqui obtidos, o sorriso de satisfação de Adairs, Edisons, Micheles, Maicons, Jéssicas e outros tantos que passaram pelo MDCA ao apren-der a escrever o nome, ou a somar, ou a mexer no computador, ou a levantar uma pipa, ou a ganhar um presente na festa de Natal, ou a assistir uma peça de teatro ou a um espetáculo de circo, dá às voluntárias fundadoras remanescentes, bem como aos demais voluntários que foram-se acrescendo e aos trabalha-dores da Casa, a convicção de que a semente lançada ao solo no tempo próprio e com mão boa, dá, sempre, bons frutos.”

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“Ao sair do MDCA me encontrei com a Haidê, que vinha subindo a ladeira. Parei o carro e fui ao seu encontro. Ela sorriu ao me ver, daque-le jeito franco e materno e parou, apoiando-se em uma pequena árvore que tinha a seu lado, ofegante. Trocamos algumas palavras, me contou da composição da nova diretoria a ser eleita, combinamos uma reunião e ela foi em direção ao MDCA e eu vim para casa. No tra-jeto, fiquei a pensar “o que move essa mulher, nos seus 70 e poucos anos, a acreditar como acredita, a brigar como briga pelo que acredita e a trabalhar como trabalha pelo que acredita e pelo que briga?”

Incansável e obstinadamente! Sem nunca re-servar um tempo para si, ela agrega ao seu re-dor pessoas com quem partilha suas crenças e seus sonhos. Com garra, reuniu companhei-ras e, com elas, partilhou um sonho, idealizou uma proposta, organizou um Movimento há 25 anos. Um Movimento que nasceu peque-no, simples, num quase casebre pendurado no Morro da Cruz, mas que era grande e preten-cioso em sua meta: defender o direito de crian-ças e adolescentes à educação, compreenden-do que aqui era o lugar onde os brasileirinhos e as brasileirinhas deveriam ser “cuidados” para que não os viessem buscar e levar para serem filhos adotivos de estrangeiros.

E o grupo de “corocas” foi à luta com suas mãos, seus corações e suas mentes: construção de projetos, contatos com autoridades, arruma-ção de novos espaços, convite a voluntários, sessões de estudo, seminários, consultorias, providências de documentação, registros, es-tatutos, solicitação de apoio financeiro a inú-meras pessoas, empresas e órgãos públicos... Enquanto isso, crianças e adolescentes briga-vam, falavam palavrões, cantavam, corriam, gritavam, jogavam e até aprendiam, melhora-vam seu desempenho na escola, encontravam novos amigos e, sobretudo, se sentiam aco-lhidos, respeitados como gente e desafiados a prosseguir com um pouco mais de confiança em si mesmos.

E foi assim que nasceu e cresceu o MDCA! Por inspiração da Haidê e de suas companhei-ras guerreiras movidas pelo sonho de, quem sabe um dia, ver uma cidade e um país onde os direitos humanos sejam o melhor patrimônio de cada um(a) e a convivência respeitosa, pacífica e solidária, a morada de todas as pessoas.

Quatro das ex-presidentes: Theresinha Bastos, Haidê Venzon, Suelci Pereira da Silva e Ruth Penter

Haidê Venzon, pela equipe do MDCA

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O Projeto GeraPaz tem como temática a Cultura de Paz, com o objetivo central de contribuir para o for-talecimento dos vínculos familiares. Propõese cons-truir, em conjunto com o grupo familiar e a comuni-dade, não só medidas de tolerância e diálogo para a resolução de conflitos, mas uma proposta alterativa, produzindo mudanças culturais individuais e cole-tivas. Gerar uma convivência baseada em valores éticos que possa ser multiplicada em diferentes es-paços de convívio exige mais do que denúncias e ações pontuais. Por isso, considerou-se importante e necessário realizar ações continuadas, trilhando ca-minhos que levassem ao convívio familiar e social mais fraterno e respeitoso.

A presença da Cultura de PAZ, em todos os Ser-viços e Programas desenvolvidos no MDCA, criou uma nova maneira de ser, de pensar e de atuar na instituição. Numa perspectiva de diálogo, de enten-dimento e de trabalho conjunto, os olhares se con-jugam, as mãos se entrelaçam, os passos se combi-nam, as palavras se complementam na unidade de propósitos. A lógica dos Direitos Humanos enfatiza o direito coletivo vinculado à responsabilidade que é também coletiva, e sua construção tem em vista a dignidade humana inerente a cada homem e a cada mulher. Nesse sentido, só haverá liberdade, igualda-de, solidariedade se todos forem “usufruidores” da

liberdade, da igualdade e da solidariedade porque o direito de cada um pressupõe o direito dos outros. Assume-se como básico, portanto, ter consciência dos direitos e das responsabilidades no sentido de “não fazer para o outro o que não quero que seja feito para ninguém e nem para mim”, pois uma re-lação de respeito é um dos fatores que sustenta a consciência dos direitos e a sua vivência.

Acredita-se que são os movimentos sociais popula-res que vêm criando novas formas de convivência e de educação. Nesse processo são construídos novos conceitos marcados pelas práticas de cooperação e solidariedade que visualizam a emancipação social em sentido mais amplo.

O projeto viabilizou-se com o aporte de recursos da PETROBRAS. É um projeto que possibilitou am-pliar e qualificar ações realizadas pelos diferentes Serviços e Programas permanentes desenvolvidos pelo MDCA, descritas, em síntese, a seguir

Com crianças e adolescentes:

• Oficinas socioeducativas visando ao desenvol-vimento integral do educando e à progressão da aprendizagem

• Fortalecimento pessoal e social, com atendi-mentos individuais especializados de psicologia e psicopedagogia

GERAPAZ Gestando Sonhos, Gerando Mudanças

Concebido para intervir no ciclo de intolerância, agressividade e violência manifestado no rela-cionamento dos educandos, retrato da realidade vivida na família, na escola e na comunidade, GeraPaz é um projeto patrocinado pela Petrobras.

• Atividades de inserção e preparação para o mundo do trabalho; saídas a campo, passeios e atividades socioculturais

• Articulação com a rede de proteção da criança e do adolescente e integração com as escolas

Com o grupo familiar dos educandos e comunidade:• Apoio e acompanhamento por meio de atendi-

mentos individuais e visitas domiciliares• Rodas de conversa sobre a convivência familiar• Oficinas de música e de inclusão digital

• Passeios e atividades socioculturais

Com a equipe multidisciplinar composta por educa-dores, técnicos, voluntários e estagiários:

• Formação continuada por meio de seminários e reuniões periódicas de planejamento e avalia-ção

• Ações de apoio à equipe

Todo esse trabalho é uma construção lenta, um pro-cesso desafiador, intensificado permanentemente, com clareza de propósitos e com ações comuns que reforçam os objetivos da Instituição. O Projeto Ge-raPaz se propõe a ser um multiplicador da Cultura da Paz em que homens, mulheres, crianças e jovens possam reescrever histórias de vida gestando so-nhos e gerando mudanças.

“Achei legal ir no pátio pintar as plaqui-nhas. Pintei três plaquinhas com cores diferentes. No dia de plantar não pude ir, eu sai com meu pai. Mas semana que vem vamos ir lá desenhar nossas árvores e vai ser bem legal”

Kethelyn Oliveira Pinto, educanda participan-te da atividade de plantio de mudas na praça.

“O MDCA me ajudou muito. Eu era es-pavitada demais, hoje eu sou mais cal-ma. Quero o melhor para minhas filhas. Minhas filhas falam que antes eu grita-va muito e brigava o tempo inteiro com elas, hoje estou mais calma. ... Minhas sobrinhas também dizem: Tia, como a senhora mudou com esse curso que está fazendo. A gente pode até chegar perto e abraçar a senhora. É bom.”

Janaina Gomes Sacramento, participante do grupo de mulheres.

PROJETOS06

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“LER E SONHAR

Foi a vontade de criar um mundo de magia e encan-tamento, um espaço lúdico e acolhedor que apro-ximasse os educandos a histórias, contos de fadas e poesias que gerou o Projeto “Ler e Sonhar é só Começar”. Financiado pelo HSBC Solidariedade, foi durante os anos de 2008 e 2009, com a parceria da Escola Estadual de Ensino Fundamental Marina Martins de Souza – Partenon.

A primeira etapa do projeto previu a capacitação dos educadores envolvidos, com o objetivo de in-ternalizar as técnicas de contação de histórias. Da capacitação participaram professores das escolas parceiras, educadores do MDCA e pessoas da co-munidade. Como recurso pedagógico foram monta-das estantes portáteis com livros adequados aos ob-jetivos. As estantes facilitavam o deslocamento do material para diferentes ambientes: Pátio, refeitório, salas de oficinas, etc. A ludoteca do MDCA ganhou vida, pois era o principal lugar onde se desenvolvia o Projeto. Aos poucos, encheu-se de sonhos, fanta-sias e alegrias. Todos gostavam de ir lá para brincar, cantar e dramatizar.

O evento “Chá com Sonhos”, foi uma das oportu-nidade das crianças dramatizarem histórias, can-tarem, lerem poesias e tocarem instrumentos de percussão. As famílias convidadas participaram, emocionando-se ao ver seus filhos se apresentando. Outro momento importante do projeto foi o “Bate

Papo com o Autor” com a presença de escritores de li-vros infanto-juvenis, como Carlos Urbim, Mário Pira-ta, André Neves e Caio Ri-ter. Os educandos tiveram a oportunidade de conversar com eles e sentir o gosto por escrever poesias, histórias, assim como ilustrá-las.

Ao final do projeto, foram tantas as criações, que re-sultaram no livro “Histórias para Ler e Sonhar”, escrito e ilustrado pelos educan-dos. Os autores, entre rimas e textos, expressaram o que pensavam e sentiam. O livro foi lançado e autografado pelas crianças na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre, realizada em 2009. Foi um momento emocionante, que contou com a presença das famí-lias encantadas com o brilho no olhar de seus filhos, protagonistas de um mundo novo.

“Ler e Sonhar é Só Começar” foi um projeto de so-nhos e atendeu aos objetivos aos quais se propôs: estimular o gosto pela leitura e pela escrita, desen-volvendo novos saberes. Desse trabalho também re-sultou melhor desempenho escolar em comparação aos colegas de escola.

é só começar

“ “Adoro todas as oficinas, Inclusão Digital, Cidadania, Música e Psicologia. Também tem os professores que são muito legais. A sora Claudia é muito legal, simpática e nos abraça quando estamos tristes. A Claudia às vezes conversa com a gente pelas coisas que não devemos fazer. O sor Fernando é do esporte, ele é muito legal. O sor Hélio é professor de informática, nos ajuda nas tarefas da escola. E por último o sor Pedro nos ensina músicas novas. Se pudesse ficaria o resto da minha vida lá. ... Eu amo o MDCA e garanto que as outras crianças também”

Monalisa da Rocha, 11 anos.

“Cada oficina tem seu jeito e cada professor tem seu jeito de ensinar, cada um me-lhor que o outro. Mais do que oficinas legais, o MDCA também é um lugar que ajuda, que acolhe e que participa ativamente da vida de todos os que estão nele. Eu estou no MDCA há mais ou menos seis anos, entrei com seis anos e meio quase sete, pois faço aniversário no meio do ano e agora tenho treze. No final do ano que vem vou sair, mas espero que esse dia nunca chegue, pois amo esse lugar, ele é como se fosse a minha se-gunda família, só que bem maior do que a verdadeira”

Dandara Rosa da Rosa, 13 anos.

“As crianças e os adolescentes estavam, as-sim, descobrindo um mundo novo. A imagi-nação criou asas! Histórias de pessoas, he-róis, amigos, super-homens, animais, bruxos, sabugos, pedras, meninos e meninas foram sendo vividas e inventadas... Enredos alegres, tristes, solitários e amorosos brotavam dos co-rações... Era como se estivessem alcançando uma estrela.”

Do Livro Histórias para Ler e Sonhar

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Quero parabenizar o MDCA pelos seus 25 anos. Nesse tempo com certeza mudou muitas vidas, fez com que muitas pessoas acreditassem nos seus sonhos e até mesmo aprendessem a sonhar.Meu filho participou do projeto Adolescente Aprendiz, dos 15 aos 17, atuou no SERPRO. Quando saiu do projeto estrava decidido a fazer um curso na área de informática, área em que teve contato no projeto, então fez um curso técnico.Mais tarde ele quis mais. Participou das provas do ENEM e com a nota que alcançou conseguiu uma bolsa de estudos na PUCRS e hoje cursa sistemas de informação e estagia na Procempa.Para mim é um grande orgulho ter meu filho na universidade, isso era um sonho que eu tinha, mas via como algo utópico, distante. Quero agra-decer a coordenadora deste projeto, Suelci, que Deus a proteja sempre para que continue incentivando nossos filhos a acreditarem nos seus so-nhos e lutarem por eles. Um beijo no coração.

Celita, mãe do ex-educando Luis Onedis

O MDCA iniciou com apoio pedagógico às crian-ças do morro, mas, logo adiante, veio a preocupação com os adolescentes que perambulavam pela comu-nidade, geralmente fora da escola e sem ocupação. Dois eixos nortearam o trabalho com eles: ofereci-mento de cursos de aprendizado de ofícios e inser-ção na escola.

O Programa Adolescente Aprendiz tem por finalidade a capacitação de adolescentes para o mundo/mercado de trabalho, por meio da aquisição de conhecimentos técnico-profissionalizantes, de vivências e experiên-cias, que busquem o desenvolvimento de habilidades, atitudes e valores éticos e morais num período de per-manência no programa, não superior a dois anos. O público-alvo é formado por adolescentes em situa-ção de vulnerabilidade pessoal, social e econômica, que estejam cursando, no mínimo, a sétima série do ensino fundamental, com idade superior a 14 anos, da Região Metropolitana.

No MDCA o trabalho é realizado de forma inter-disciplinar, planejado em reuniões pedagógicas que, além de oferecer revisão de conteúdos escola-res, também considera as necessidades, vontades e desejos dos educandos. Insere, no planejamento, ati-vidades extracurriculares, saídas a campo, em busca de novos conhecimentos. A aprendizagem é uma ta-refa reflexiva de interiorização da cultura, dando-se o aprender a aprender. O MDCA prepara para serviços bancários, práticas de escritório e administrativas.

O Programa é executado de forma compartilhada entre o MDCA, a quem cabe a formação técnico--profissional, e, atualmente, as instituições Banco do Brasil, Caixa, Procuradoria da República do RS, BANRISUL, BR Distribuidora e empresas do setor privado, sob a supervisão do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, a Supe-rintendência Regional do Trabalho e sindicato da categoria profissional.

Em 2002, o Banco do Brasil, que executava o Programa, licitou a ampliação de vagas para o projeto então chamado Adolescente Trabalhador. Em fevereiro de 2003, o MDCA concorreu e foi selecionado. Hoje conta com dois laboratórios de informática e seis salas para as oficinas. Passados onze anos, a equipe conta com sete educadores, coordenação pedagógica, coordenação cultural, psicóloga, assistente social e dois administrativos.

Adolescente Aprendiz é um programa de apren-dizado/trabalho assistido. No MDCA, os profis-sionais da Psicologia e do Serviço Social acom-panham o adolescente, visitando, periodicamente, os locais de prática, e com o orientador e o apren-diz avaliam o desempenho profissional, atitudes, pontualidade, assiduidade, interesse, proatividade, iniciativa e relações interpessoais. Quando for o caso, o educando é encaminhado a atendimento individual de psicologia, na própria entidade. Um

Participar como educadora do programa Adolescente Aprendiz no MDCA, significa oportunidade e mudança. Oportunidade de fazer parte de uma experiência tão significativa na vida dos aprendizes, que é o in-gresso no mundo do trabalho, e poder vê-los passar por tantos desafios e transformações e se tornarem sujeitos das próprias mudanças.Há dois anos sou educadora nesta instituição e neste curto período pude vivenciar algumas mudanças de vida, de história e de comportamento desses adolescentes. Pude experimentar a emoção da despedida dos que partem em busca de novas conquistas, assim como a ansiedade dos que chegam cheios de expectativas. Sinto-me privilegiada em poder fazer parte de tudo isso e também sou grata porque me oportuniza mudar e me tornar melhor como profissional e como pessoa.

Janaina, educadora de informática

PROGRAMA ADOLESCENTE APRENDIZ

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Há 5 anos iniciava uma nova e maravilhosa etapa na minha vida! Não sabia, mas muito em breve descobriria que haveria luz na confusão que estava a minha vida. E a luz vinha de cada carinha sorridente que me brindava às quintas-feiras, do trabalho reconhecido por cada membro da equipe, pelo amor que crescia cada vez mais por cada um dos “fi-lhos” que ganhei. Nos últimos cinco anos foram mais de 300 adolescentes atendidos, dias de muito trabalho, dias de cansaço, dias de correria, dias de acolhidas, dias de despedidas, mas sobretudo, dias de muito amor e de alegria!!! O MDCA modifica a vida de muitos adolescentes, mas a minha foi, tão ou mais modificada: eu estava confusa e me encontrei, eu estava descon-tente e descobri, no MDCA, um novo sentido pra minha vida. Ganhei uma nova família, amigos que levarei para uma vida inteira e o amor de cada um dos adolescentes, hoje 112, mas também daqueles que já foram seguir o seu caminho mundo afora. Obrigada MDCA e obrigada a cada um dos meus adolescentes (sim, meus, porque cada um deles tem um lugarzinho dentro do meu cora-ção) pelos últimos 5 anos e por me permitirem essa vivência. Com vocês eu sou melhor e mais feliz!!!!

Luciana Araujo, do serviço administrativo do Adolescente Aprendiz

O MDCA teve um grande impacto na minha vida e eu não estou falan-do de impacto financeiro e tal. Digo que o MDCA me ajudou a desco-brir quem eu sou, o que eu quero para o meu futuro. Não só o lado profissional, mas o lado pessoal. O projeto me aju-dou a tomar escolhas decisivas pra mim como: qual a carreira seguir? Como eu devo fazer pra chegar lá?Antes de entrar para o projeto eu não sabia o que queria fazer na vida e gra-ças aos educadores, que me receberam tão bem, e aos colegas, hoje pos-so confirmar que o MDCA me ajudou em tudo e por isso sou gra-to pelo que ele fez por mim e o que ele está fazendo pelos outros jovens. Obrigado MDCA !

Marcos Fabiano, 20 anos, ex-participante do programa na BR Distribuidora S/A

Eu me via á beira de um “abismo colonial”, quando foram abertos meus olhos para uma nova realidade, esta regida por pessoas que devo meus pe-renes e cordiais agradecimentos pelos favores, pela atenção e oportunida-des a mim cedidas.O Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente (MDCA) me ofe-receu muitas chances de crescimento tanto pessoal, profissional e social. Foi muito influente para mim a ação desses maravilhosos integrantes que formam a instituição.Meus perpétuos agradecimentos.

Régis Lemos da Silva, 15 anos, faz sua prática na Procuradoria da República do RS

requisito básico, para a permanência no programa, é a frequência e o desempenho escolar, o que é acom-panhado sistematicamente. Por sua vez, o Serviço Social desenvolve importante trabalho, abordando as práticas educativas e de relacionamento intrafa-míliar, e, pela reflexão, busca deixar o ambiente fa-miliar mais saudável.

Para o Adolescente Aprendiz prioridade é a escola. Por essa razão ele se dá em turnos em que ele não está em aula. É necessário que se mencione um as-

pecto de fundamental importância na vida do ado-lescente decorrente do Programa: A remuneração pela atividade que desenvolve no ambiente de tra-balho. Desnecessário argumentar sobre a importân-cia desse dinheiro na vida do jovem, às vezes, fun-damental, também, para a família. Sua repercussão na autoestima, no controle e educação na utilização dessa remuneração. No mês de setembro a remune-ração média foi de R$643,62.

Estamos diante de um Programa que precisaria abrigar milhões de jovens, um programa muito caro ao MDCA, que tem a oportunidade de incidir sig-nificativamente na educação e desenvolvimento da personalidade dos adolescentes. Importante: é um programa que devidamente administrado é autos-sustentável. Já passaram pelo Programa, no MDCA, mais de 400 adolescentes.

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Um projeto criativo que fosse de encontro às condi-ções sociais de jovens da comunidade do Partenon, garantindo-lhes renda e educação para o trabalho. Esse foi o estopim da concepção do Projeto Lanche Ideal. Perfeitamente afinado com os artigos 68 e 69 do Estatuto da Criança e do Adolescente, foi pionei-ro na cidade.

Por um período de 14 anos o programa atendeu, no turno inverso às aulas, 220 adolescentes na idade mais crítica para a permanência na escola e neces-sidade de obtenção de alguma renda: dos 16 aos 18 anos. “Falando-se em renda, para algumas famílias, em alguns momentos era a única renda a entrar em casa. Como efeito visível havia também rápida co-locação no mercado de trabalho ao completarem dois anos no projeto”, conta Theresinha Bastos, ex--presidente do MDCA, voluntária e idealizadora do Lanche Ideal.

Os adolescentes e os jovens surdos, incluídos a par-tir de 2005, aprendiam a preparar lanches que pos-teriormente seriam distribuídos a órgãos públicos. Além de obterem a renda resultante da venda dos lanches e aprenderem uma profissão, os educandos receberam apoio nas áreas de psicologia, serviço so-cial, nutrição, cidadania, apoio escolar, informática e noções de empreendedorismo. Ao fazer lanches os educandos eram levados a um fio condutor educati-vo e de inclusão social. “Como se ao confeccionar

os lanches os adolescentes estavam confeccionan-do a própria personalidade”, afirma Theresinha. A equipe técnica acompanhava os jovens, cuidando do progresso profissionalizante, do processo educa-tivo, da convivência grupal, familiar e comunitária, permitindo aos jovens a construção de um projeto de vida.

Os jovens surdos, com dificuldades maiores do que os ouvintes, encontraram no Lanche Ideal oportuni-dade única de profissionalização. Além disso, intro-duziram no grupo o exercício do respeito às diferen-ças, o que exigiu paciência e respeito à deficiência e resultou em crescimento social de todos. Segundo as famílias, os adolescentes surdos passaram por crescimento da autonomia e desenvolvimento so-cial.

O fim do projeto, em primeiro lugar, se deu pelo principal cliente, o Departamento Municipal de Água e Esgoto, convocar uma licitação ganha por uma padaria de fora de Porto Alegre. A inviabili-dade de competição e a deslealdade na concorrên-cia entre o MDCA, que possui entre os seus custos operacionais as despesas com o trabalho educativo realizado com os adolescentes, e as empresas com fins comerciais, impossibilitaram a entidade de ser vencedora no processo licitatório. “O projeto ficou comprometido em sua base econômica que garantia uma bolsa auxílio aos adolescentes, o pagamento

Lanche Ideal Um projeto de inclusão social

da equipe técnica e pequeno retorno ao MDCA”, revela a idealizadora. Dessa forma, o Lanche Ideal continuou com clientes menores da Prefeitura Mu-nicipal, até que em agosto de 2012, em definitivo, encerrou suas atividades por imperativo da lei da Assistência Social.

“O Projeto Lanche Ideal, marcou época no MDCA, marcou a vida de todos que por ele passaram e deixou muita saudade nos profissionais que dele participaram. Foi um Projeto de excelência que atendeu um público em situação de risco, muito vulnerável e em período crítico da adolescência, no umbral da idade conside-rada, juridicamente, adulta. É o que atestam os muitos depoimentos que temos”, finaliza Theresinha.

“Estou aqui há três anos e, ao longo do tempo venho me adaptando com a instituição e os co-legas. Gosto de estar aqui, gosto da relação com colegas ouvintes porque são amigos e todos são unidos, todos iguais.”

Taís Lemes Batista (surda)

“É legal, pois é difícil haver alguma atividade profissionalizante para os surdos. Nós, ouvintes aprendemos com eles, nos ajudamos.”

Lucas da Rosa Farias

“Existe o respeito pela inclusão que é muito im-portante para a sociedade e para o nosso futuro. Aprendemos a lidar com a ‘bolsa auxílio’ desen-volvendo a responsabilidade e assiduidade.”

Igor Silveira da Silva

“Gosto de estar no MDCA por causa do apren-dizado que as oficinas proporcionam e pela pre-paração para o mercado de trabalho. É impor-tante a inclusão, aprender a trabalhar com os ouvintes. Aprendemos a respeitar as diferenças. Os surdos ajudam os ouvintes a fazer os lan-ches, os ouvintes respeitam os surdos e todos somos iguais.”

Alesson Henriques dos Passos

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Um projeto de inclusão social O Projeto “Uma Janela Para o Mundo: Ampliando o Universo Cultural” é uma proposta transversal com ênfase na cultura, que integra o trabalho realizado nos Serviços, Programas e Projetos desenvolvidos pelo MDCA. A escassez de equipamentos voltados à arte, cultura e lazer nas periferias da cidade, difi-culta e, por vezes, inviabiliza a vivência de expe-riências importantes para a ampliação do universo cultural e o desenvolvimento integral dos educan-dos.

UMA JANELA PARA O MUNDOAmpliando o Universo Cultural

A proposta deste projeto consiste na organização de uma Agenda Cultural com o propósito de planejar ativi-dades culturais que dialoguem com os objetivos previs-tos e temas abordados no cotidiano com os educandos e com os grupos de apoio às famílias. Para tanto, busca-se realizar uma articulação com órgãos públicos, empre-sas privadas e voluntários a fim de estabelecer parcerias que viabilizem recursos, isenções ou descontos para a compra de ingressos, além de gastos com transporte e alimentação quando necessário.

As atividades são organizadas de acordo com a pro-gramação cultural disponibilizada na cidade, prio-rizando-se os programas de interesse dos grupos de educandos e das famílias.

Esse conjunto de vivências enriquece e amplia os horizontes, oportunizando a convivência com dife-rentes e variadas expressões artísticas, culturais e de lazer. Ao mesmo tempo, as crianças e adolescentes são desafiados a dar asas a sua imaginação e criati-vidade e a desenvolver seus talentos.

“Vim, conheci, gostei e aqui estou desenvolven-do um trabalho de arte e artesanato, com objetos concretos”, conta Leda, 77. Segundo a voluntária, trabalhos temáticos podem ser utilizados como re-cursos para que os educandos desenvolvam autoco-nhecimento. Metáforas como o domador de feras e o palhaço, no tema “circo”, são utilizadas para exem-plificar e objetivar sentimentos e sensações. “Nós também gostaríamos de mandar, de dominar. Então o que nós fazemos para dominar nossos impulsos, instintos, a violência? Assim elas conseguem se co-nhecer melhor.”

“Além disso, gosto, me sinto útil, aprendo com eles, é uma terapia. Eu atendo, tenho oportunidade de ensinar alguma coisa. A salvação do mundo se dá pela educação. Estou fazendo a minha parte, até quando puder.” Leda desenvolve este belo trabalho, com grupo de crianças, todas as terças feiras.

Ilca Machado Guaspari, 65, trabalhou por 30 anos no IPE, onde se aposentou. Foi dela a ideia do bre-chó que acontece a cada dois meses, sob sua coor-denação. As doações provém das amizades, redes sociais e eventualmente, doações de empresas.

À medida que surgiram outras necessidades na en-tidade Ilca assumiu diversas funções na área admi-nistrativa, de manutenção e de monitoria nos inter-valos das oficinas. Participa do Conselho Diretor, onde ocupou diferentes cargos desde 2008, sendo hoje vice-presidente.

Na comemoração do aniversário de 25 anos, Ilca participa da equipe de coordenação sendo incansá-vel na procura de salão gratuito, decoração, contrata-ção de som, telão, transporte, inclusive contratação do professor que está preparando as apresentações das crianças e ainda faz a gestão dos recursos fi-nanceiros envolvidos. Foi destacada em programa da Band como Cidadã Legal. “Só tenho a agradecer às crianças, adolescentes, mães, funcionários, admi-nistração e voluntários. Sempre peço a Deus que me dê asas para sonhar, esperança para acreditar, e fé para continuar. E que me dê saúde para que eu aqui permaneça por muitos anos.”

Norma Fernandes Magroski é natural de Rio Gran-de, onde viveu por 34 anos. Aposentada desde 1991, no magistério estadual, já em Porto Alegre, soube-que a Parceiros Voluntários pedia pessoas interessa-das em trabalho em entidades sociais. No ano 2000 ingressou no MDCA com um grupo de seis a sete crianças para atendimento em apoio pedagógico. Mais adiante, assumiu a coordenação do projeto. Hoje, além de apoio pedagógico, as crianças parti-cipam das oficinas de informática, dança, capoeira e artes. São oito grupos formados por 10 a 12 crianças atendidos duas vezes por semana..

Está na instituição às terças e sextas-feiras atenden-do a parte administrativa do projeto: preenchimento de vagas e relação com as escolas. A colega Arlene atende aos aspectos pedagógicos embora tudo seja combinado em conjunto.

Norma diz que se sente totalmente gratificada em estar nessa atividade no MDCA, pois sabe que o projeto efetivamente tem impacto na vida das crian-ças. Embora com dificuldades de aprendizado, elas apresentam índice de aprovação escolar superior à média da escola.

Palavras das voluntáriasSaiba mais sobre três pessoas que dedicam parte de seu tempo para o atendimento direto das crianças.

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FAÇA HOJE SUA CONTRIBUIÇÃO VEJA AS ALTERNATIVAS

É fácil concluir que o atendimento realizado no MDCA, embora tenha alguns voluntários em tempo integral, está confiado à equipe de técnicos, educadores, administrativos e auxiliares que, ao final de cada mês, recebem salário, como qualquer trabalhador. É o custo da atenção às crianças e adolescentes esquecidos pela sociedade.

Na nova sede há o plano de obras em andamento; uma demanda por valores substanciais.

FUNCRIANÇA

“Doe” 6% do imposto de renda ao FUNCRIANÇA indicando o MDCA como entidade beneficiária.

Quem pode fazer esta “doação”? Os que fazem a declaração pelo modelo completo.

É fácil, é simples! Na internet digite: http://funcriancapoa.procempa.com.br

Em “selecione uma Executora, se desejar” – clicar no ícone à direita;selecione, Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente;

clique em “Doar para este projeto”;insira o CPF -

Clique em “consultar”Cadastre-se (se for a primeira “doação”)

Preencha o Valor a Doar - Autorize a divulgação do nome à Instituição. “Emitir o DAD” (Documento de Arrecadação de Doações)

Efetue o pagamento que pode ser pela internet, em banco ou lotérica (a data do vencimento será sempre 30/12)Guarde o(s) comprovante(s) para a declaração do exercício

Na declaração do Imposto de Renda a soma dos valores das “doações” será lançada, no campo: Pagamentos e doações efetuadas – item 40 ( se não mudar)- CNPJ do Fundo: 92963560/0001-60.

NOTAFISCALGAUCHA

Cadastre-se em: notafiscalgaucha.gov.br e no campo da assistência social indique o Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente como entidade beneficiária e nas compras insira seu CPF.

Você poderá ser premiado e o MDCA também, sem custo algum.

COTACUB SOLIDARIEDADE

Assuma um ou mais carnês com 12 prestações, cada uma no valor de 85,00. A previsão é se arrecadar 250.000,00 destinados a obras novas complementando o prédio cedido pelo Estado.

DOAÇÕES ESPONTÂNEAS na conta do MDCA

Banrisul, Ag. 0026 conta corrente 06033229.0-3.

Observação: 1. Funcriança, Nota Fiscal Gaucha e banco onde são depositadas doações não fornecem ao MDCA identificação. O MDCA quer conhecer e agra-decer a seus colaboradores. Por favor IDENTIFIQUE-SE pelo e-mail: doaçõ[email protected] 2. Se desejar, o MDCA efetuará o recolhimento ao Funcriança sua parcela do imposto de renda e fornecerá o comprovante mediante o envio de cheque cruzado, nominal ao Funcriança, acompanhado de nome completo, cpf, endereço e telefone.Crianças, educadores e administração agradecem!

Instituto HSBC Solidariedade • Avon • Gerdau • Petrobras (Patrocínio) • Convênios com a Fundação de Assistência Social e Comunitária da Prefeitura Municipal de Porto Alegre • Convênios com a Rede de

Parceria Social da Secretaria do Trabalho Desenvolvimento Social do Estado • Parceria com vários órgãos públicos na execução do Programa Adolescente Aprendiz • Convênios com o Conselho Municipal dos

Direitos da Criança e do Adolescente • Doações de pessoa física e jurídica via Funcriança

A todos os MDCA manifesta o mais profundo agradecimento.

FAÇA COMO ELES