RELATÓRIO PARCIAL “RELATÓRIO DO INVENTÁRIO DOS PRODUTOS FLORESTAIS MADEIREIROS E NÃO MADEIREIROS DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL IRINEU SERRA, RIO BRANCO – ACRE.” FASE 1: INVENTÁRIO FLORESTAL REALIZAÇÃO PARQUE ZOOBOTÂNICO, UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE – UFAC INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA APOIO SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DA CIDADE DE RIO BRANCO – SEMEIA ZONEAMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E CULTURAL DE RIO BRANCO – ZEAS Rio Branco-Acre, outubro de 2007
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Inventário dos Produtos Florestais Madeireiros e Não Madeireiros da APA Irineu Serra (Fase 1)
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RELATÓRIO PARCIAL
“RELATÓRIO DO INVENTÁRIO DOS PRODUTOS
FLORESTAIS MADEIREIROS E NÃO MADEIREIROS
DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL IRINEU
SERRA, RIO BRANCO – ACRE.”
FASE 1: INVENTÁRIO FLORESTAL
REALIZAÇÃO
PARQUE ZOOBOTÂNICO, UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE – UFAC
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
APOIO
SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DA CIDADE DE RIO BRANCO –
SEMEIA
ZONEAMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E CULTURAL DE RIO BRANCO
– ZEAS
Rio Branco-Acre, outubro de 2007
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PROJETO:
RELATÓRIO PARCIAL DO INVENTÁRIO FLORESTAL DA ÁREA DE
PROTEÇÃO AMBIENTAL IRINEU SERRA, RIO BRANCO – ACRE
(INVENTÁRIO FLORESTAL)
EXECUÇÃO:
Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre – UFAC
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Núcleo de
Pesquisas do Acre.
APOIO:
SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DA CIDADE DE RIO BRANCO – SEMEIA
ZONEAMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E CULTURAL DE RIO BRANCO – ZEAS
EQUIPE:
Evandro José Linhares Ferreira
Pesquisador do INPA-ACRE do Herbário da UFAC
(Coordenador Geral)
Anelena Lima de Carvalho
Graduanda em Engenharia Florestal
Francisco de Assis Rodrigues de Melo
Auxiliar Técnico do Herbário da UFAC
Antonio José Barreto dos Santos
Parataxonomista do Herbário da UFAC
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1. Introdução
A Área de Proteção Ambiental (APA) Irineu Serra foi oficialmente
criada em 29 de Junho de 2005 e está localizada no bairro Irineu Serra,
na região noroeste do perímetro urbano do Município de Rio Branco, a
cerca de 7 km do centro da cidade. Possui uma área total de 890
hectares, dos quais cerca de XX% é coberto por fragmentos florestais.
APA é uma das categorias de unidades de conservação do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que, além de servir
para proteger paisagens e belezas cênicas, rios, nascentes e riachos,
pode também ser usada para promover o uso equilibrado dos recursos
naturais, estimular o desenvolvimento regional e preservar as espécies
animais e vegetais locais.
A região onde se encontra a APA Irineu Serra foi colonizada há
mais de 50 anos, tendo sido, originalmente, doada pelo ex-governador
José Guiomard dos Santos ao mestre Raimundo Irineu Serra, que lá
fundou o ‘Centro de Iluminação Cristã Luz Universal’, considerando o
berço da doutrina do Daime.
Ao longo dos anos a área foi fracionada em lotes menores, em
sua maioria doados para membros da religião daimista, e a cobertura
vegetal original da região foi sendo gradualmente destruída na medida
em que os novos moradores abriam as áreas de floresta para fazer o
plantio de culturas anuais (arroz, milho, feijão, mandioca) e o
estabelecimento de pastagens para a criação de gado e pequenos
animais.
Apesar das alterações sofridas no passado, a área onde hoje está
instalada a APA Irineu Serra ainda abriga o maior fragmento florestal
contínuo do perímetro urbano da cidade de Rio Branco. Ele possui
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cerca de 200 hectares de floresta em diversos estágios sucessionais, dos
quais apenas uma porção diminuta, localizada às margens do igarapé
São Francisco, é constituída por floresta primária.
2. O inventário florestal da APA Irineu Serra
O resultado do inventário florestal que está sendo realizado na
área da APA Irineu Serra deverá servir para subsidiar a elaboração do
plano de manejo da unidade e contribuir para o zoneamento
ecológico e econômico do município de Rio Branco.
O inventário florestal ora em curso, além de gerar as informações
inerentes à composição, riqueza, densidade, estrutura, área basal e
outros aspectos relacionados com a situação atual do fragmento
florestal, gerará informações para eventual manejo sustentável do
potencial de produtos florestais madeireiros e não madeireiros daquela
APA.
2.1. Seleção do fragmento florestal e distribuição das parcelas
A seleção do fragmento florestal para a instalação das parcelas
foi feita com base no exame de imagem de satélite da área urbana de
Rio Branco, obtida através do programa Google Earth. O fragmento
selecionado é o maior entre todos os existentes na área da APA.
Antes da escolha dos locais para a instalação das parcelas no
fragmento florestal foi efetuada uma visita in loco para avaliar as
condições de variabilidade da composição florística e a logística local.
A distribuição das parcelas dentro do fragmento foi feita de forma
sistemática, tendo-se o cuidado de manter uma distância relativamente
similar entre as parcelas. Este método de amostragem apresenta menor
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erro padrão quando comparado com a distribuição sistemática
aleatória (Souza, 1989).
2.2. Tamanho e forma das unidades amostrais
As parcelas usadas durante o inventário apresentam medidas de
20 m de largura por 250 m de comprimento (0,5 ha). Segundo SOUZA
(1989), as parcelas retangulares possibilitam uma maior
representatividade da área. Foram coletadas, até o momento,
informações da área de 2 ½ parcelas.
As parcelas usadas no inventário medem 20 m de largura por 250
m de comprimento (0,5 ha). Segundo SOUZA (1989), as parcelas
retangulares possibilitam uma maior representatividade da área.
2.3. Informações Coletadas
Foram marcadas (com placas de alumínio), avaliados e medidos
todos os indivíduos arbóreos com diâmetro a altura do peito (DAP) igual
ou superior a 10 cm. Para cada um deles foram obtidas as seguintes
informações:
a) Nome vulgar e família: realizada com o auxílio de um
identificador botânico prático com grande experiência na
realização de trabalhos similares em nossa região;
b) Diâmetro a 1,30 m do solo (DAP), em cm: medido com trena
diamétrica;
c) Altura comercial e total, em metros: estimadas pelo
identificador botânico prático;
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d) Qualidade de fuste: foi empregada a seguinte classificação,
recomendada por Silva e Lopes (1984), modificada por
Mariscal Flores (1993):
- QF1 – Árvore com fuste reto e saudável;
- QF2 – Árvore com fuste torto e/ou com pequenos defeitos,
porém com possibilidades de aproveitamento;
- QF3 – Árvores com fuste sem aproveitamento.
e) Infestação de cipós: avaliada apenas pela presença ou
ausência dos mesmos.
3. Resultados Parciais e Discussão
Até o momento já foram abertas 6 parcelas e levantadas informações
em uma área equivalente a 2 ½ parcelas.
3.1. Análise florística
O inventário florestal em andamento revelou que a parte do fragmento
florestal levantada é composta basicamente por floresta secundária com
idade estimada entre 35 e 45 anos.
Já foram identificados 405 indivíduos arbóreos com mais de 10 cm de
DAP (anexo 1), classificados em 86 espécies e 33 famílias botânicas distintas
(Tab. 1). Apenas 2 indivíduos permanecem sem identificação ao nível de
família e espécie e 2 sem identificação ao nível de espécie.
As famílias que apresentaram maior diversidade de espécies foram,
respectivamente, Mimosaceae, com 16,05% do total de espécies,
Caesalpinaceae, com 13,33%, Boraginaceae, com 14,51%, Fabaceae,
com 9,88% e Euphorbiaceae, com 6,42 % (Fig. 1).
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Tabela 1 – Lista das espécies florestais amostradas na APA Irineu Serra
Nome vulgar Família Parcelas
Angelim Fabaceae 2
Angico Mimosaceae 1, 3
Apui Cecropiaceae 1
Apuí Preto Moraceae 3
Araçá Myrtaceae 1
Aroeira Anacardiaceae 3
Baginha Mimosaceae 1, 2, 3
Biribá de Anta Anonaceae 1, 3
Bordão de Velho Mimosaceae 1, 2, 3
Botãozinho Euphorbiaceae 1
Breu de Campina Burseraceae 3
Breu Machiche Meliaceae 3
Breu Manga Burseraceae 2
Breu Pitomba Sapindaceae 2
Burra Leiteira Euphorbiaceae 1, 3
Cabelo de Cutia Flaucurteacea 2
Cajá Anacardiaceae 2, 3
Canafístula Caesalpinaceae 1, 2, 3
Caucho Moraceae 3
Cedro Branco Meliaceae 1
Coaçú Poligonaceae 2, 3
Cumaru Cetim Caesalpinaceae 1, 2
Desconhecido Sapindaceae 2
Envira Candurú Anonaceae 2
Espinheiro Preto Mimosaceae 1, 2, 3
Euphorbiaceae 1 Euphorbiaceae 1
Fava Preta Fabaceae 3
Feijãozinho Fabaceae 1, 2
Freijó Boraginaceae 1, 2, 3
Freijó Amarelo Boraginaceae 1, 2
Freijó Branco Boraginaceae 1, 2, 3
Gameleira Moraceae 1, 2, 3
Genipapo Rubiaceae 1
Grão de Galo Apocynaceae 1
Ingá Branca Mimosaceae 1, 2
Ingá Chata Mimosaceae 1, 2, 3
Ingá Peluda Mimosaceae 1
Ingá Preta Mimosaceae 2, 3
Ingá Vermelha Mimosaceae 3
Ipê Amarelo Bignoniaceae 1, 2
Itaubarana Litraceae 2
Jaca Brava Moraceae 3
Jacarandá Branco Fabaceae 2
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Tabela 1 – Continuação
Nome vulgar Família Parcelas
Jenipapo Rubiaceae 1
João Mole Nyctaginaceae 3
João Mole (F. grandre) Nyctaginaceae 3
Jurema Caesalpinaceae 1
Lacre Clusiaceae 2
Laranja Brava Rubiaceae 3
Laranjinha Flaucurteacea 2
Limãozinho Rutaceae 2
Louro Lauraceae 3
Louro Abacate Lauraceae 2
Louro Preto Lauraceae 3
Macacaúba Fabaceae 1
Malva Peluda Tiliaceae 1, 2, 3
Mata Matá Branco Lecythidaceae 3
Mororó Vermelho Caesalpinaceae 1
Morototó Araliaceae 1, 2
Mulateiro Rubiaceae 1
Mulungú Fabaceae 1, 2, 3
Murici Malpighiaceae 1
Murici Vermelho Malpighiaceae 2
Mutamba Sterculiaceae 2
Ñ Identificado Ñ Identificado 1, 2, 2
N. Identificado 2 Sapindaceae 3
Pama de Cacho Moraceae 1, 2, 3
Pau Alho Fitoliaceae 3
Pau Brasil Rubiaceae 1
Pau Sangue Fabaceae 2
Pau São João Caesalpinaceae 1, 2
Pau Sapindaceae Sapindaceae 3
Pente de Macaco Tiliaceae 1
Pitomba dura Sapindaceae 1, 2
Pitomba Vermelha Sapindaceae 2
Samaúma Preta Bombacaceae 1, 2
Sete Camadas Ebenaceae 1, 2
Sucuuba Apocynaceae 1
Tachí de Iagapó Poligonaceae 3
Tarumã Verbenaceae 1, 2
Tatajuba Moraceae 1, 2
Tauarí Lecythidaceae 3
Tauarí Branco Lecythidaceae 3
Tento Mimosaceae 1
Torém Embauba Cecropiaceae 3
Ucuúba Miristiaceae 3
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Figura 1 – Percentual da diversidade de famílias da APA Irineu Serra em
relação ao total de espécie identificadas.
3.2. Diversidade florística
A diversidade florística foi estudada através do Índice de
diversidade de Shannon-Weaver, do Coeficiente de Mistura de
JENTSCH (QM), Índice de Equabilidade de PIELOU (J) e do Índice de
Dominância de SIMPSON (C). O resultado da análise está na Tabela 2.
Para os valores do Índice de diversidade de Shannon-Weaver, as
parcelas apresentaram diversidade razoável, pois quanto maior os
valores do índice, maior é a diversidade. Como se trata de uma área
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Tabela 2 – Valores de Índice de Diversidade de Shannon-Weaver, Índice
de Dominância de SIMPSON (C), Índice de Equabilidade de PIELOU (J) e
do Coeficiente de Mistura de JENTSCH (QM), dos indivíduos arbóreos
com CAP ≥ 10,0 cm, na APA Irineu Serra – Rio Branco - AC.
Parcela N S ln(S) H' C J QM
1 161 45 3,81 3,19 0,94 0,84 1 : 3,58
2 144 44 3,78 3,34 0,95 0,88 1 : 3,27
3 100 39 3,66 3,24 0,95 0,89 1 : 2,56
Geral 405 88 4,48 3,81 0,97 0,85 1 : 4,60
***
Jackknife T (95%) = 4,30 3,72 a 4,57
alterada, de floresta secundária, a tendência é que a diversidade seja
menor do que em áreas de florestas primárias.
De acordo com o valor médio do Índice de Dominância de SIMPSON
(C), de 0,94 (onde 0=maior diversidade e 1=menor diversidade), verifica-
se que há na população em estudo, uma baixa diversidade florística.
Situação semelhante se verifica nas parcelas amostrais quando
avaliadas individualmente. Esses resultados, considerando-se apenas os
indivíduos arbóreos com DAP maior ou igual a 10 cm, indicam que existe
uma baixa diversidade de espécies na área.
Os baixos valores verificados para o Coeficiente de Mistura de
JENSTCHT e os altos valores para o Índice de Equabilidade de PIELOU,
em todas as parcelas e valores médios, reforçam a posição anterior de
baixa diversidade biológica local. Isso era esperado, pois se trata de
uma área em estágio sucessional de regeneração onde a dominância
de algumas espécies pioneiras ainda prevalece.
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3.3. Agregação de espécies
As informações relativas à distribuição espacial dos indivíduos na
comunidade foram obtidas a partir dos seguintes índices:
a) Índice de MacGuinnes (IGA), no qual as espécies com valores
menores que 1 tem distribuição uniforme, as com valor igual a 1,
distribuição aleatória, valor entre 1 e 2, tendência à agregação e as
com valores maiores que 2, distribuição agregada;
b) Índice de Fracker & Brischle (K), no qual o valor de K 0,15,
indica distribuição aleatória, entre 0,15 K 1, indica tendência de
agrupamento e, quando K 1, ocorre a distribuição agregada ou
agrupada;
c) Índice de Payandeh (P), em que, quando Pi 1, ocorre o não
agrupamento, quando 1,0 Pi 1,5, ocorre a tendência de
agrupamento e, quando Pi 1,5, ocorre a distribuição agregada ou
agrupada.
Os resultados obtidos para as espécies inventariadas, em função
das suas freqüências, bem como os seus respectivos valores de IGA, K e
Pi, são apresentados na Tabela 3.
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Tabela 3 – Índices de Agregação das espécies amostradas na APA Irineu Serra, Rio Branco-AC. Observar que elas estão
ordenadas em ordem decrescente do Índice do Valor de Importância (IVI). ni = Número de indivíduos amostrados da
i-ésima espécie; NA = Número de unidades de amostra; IGA = Índice de MacGuinnes; K = Índice de Fracker e Briscle; e
P = Índice de Payandeh.
Nome Vulgar IGA Classif. IGA Ki Classif. Ki Pi Classif. Pi