CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM Introdução aos Objetos de Aprendizagem Capítulo 1: Introdução aos Objetos de Aprendizagem Autoria: Juliana Cristina Braga; Lilian Menezes. Baseados no paradigma da programação orientada a objetos da Ciência da Computação, os objetos de aprendizagem podem ser vistos como componentes ou unidades, catalogados e disponibilizados em repositórios na Internet. Podem ser utilizados em diversos contextos de aprendizagem, de acordo com o projeto instrucional. Wiley (2002) define Objeto de Aprendizagem como "Qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para apoiar a aprendizagem". Quando bem utilizados, os OAs (Objetos de Aprendizagem) podem ser grandes aliados do processo educativo. É necessário, para isto, que o professor tenha clareza dos objetivos que deseja alcançar, pesquisando, selecionando e definindo boas estratégias de utilização dos OAs em suas aulas. Tipos de OAs Há diversos tipos OAs, em diferentes formatos, como imagens, vídeos, softwares, simulações, dentre outros. Veja alguns exemplos de OAs na Tabela 1. Tabela 1. Exemplos de Objetos de Aprendizagem. Tipo de OA Exemplo Vídeo Animais e Ambiente Apresenta a diversidade de seres vivos e diferentes ambientes para que o aluno entenda a relação existente entre as características de várias espécies de animais e o meio em que vivem. Possui tradução em libras. http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/21217
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CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM
Introdução aos Objetos de Aprendizagem
Capítulo 1: Introdução aos Objetos de Aprendizagem
Autoria: Juliana Cristina Braga; Lilian Menezes.
Baseados no paradigma da programação orientada a objetos da Ciência da
Computação, os objetos de aprendizagem podem ser vistos como componentes ou
unidades, catalogados e disponibilizados em repositórios na Internet. Podem ser utilizados
em diversos contextos de aprendizagem, de acordo com o projeto instrucional. Wiley (2002)
define Objeto de Aprendizagem como "Qualquer recurso digital que possa ser reutilizado
para apoiar a aprendizagem".
Quando bem utilizados, os OAs (Objetos de Aprendizagem) podem ser grandes
aliados do processo educativo. É necessário, para isto, que o professor tenha clareza dos
objetivos que deseja alcançar, pesquisando, selecionando e definindo boas estratégias de
utilização dos OAs em suas aulas.
Tipos de OAs
Há diversos tipos OAs, em diferentes formatos, como imagens, vídeos, softwares,
simulações, dentre outros. Veja alguns exemplos de OAs na Tabela 1.
Tabela 1. Exemplos de Objetos de Aprendizagem.
Tipo de OA Exemplo
Vídeo
Animais e Ambiente
Apresenta a diversidade de seres vivos e diferentes
ambientes para que o aluno entenda a relação existente
entre as características de várias espécies de animais e o
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM http://www.labvirtq.fe.usp.br/applet.asp?time=23:44:29&lom=10861. Observe que nesta
simulação, o aluno recebe informações que o ajudará a resolver os problemas, bem como
recebe um feedback de suas respostas. Trata-se de um OA interativo, que dialoga com o
aluno e propõe alguns desafios.
Outro exemplo interessante é o “IGeom – Geometria Interativa na Internet”:
http://www.matematica.br/igeom/manual/pt/index.html?lang=br. Trata-se de um software
gratuito, que permite ao aluno criar e interagir com construções geométricas. Ele dispõe de
diversos recursos e funções, permitindo a realização de uma série de atividades, inclusive
de avaliações.
Mas, em sua concepção e desenvolvimento e também na sua escolha e utilização,
quais são os fatores determinantes da opção por um OA mais ou menos interativo? Um
deles é a nossa concepção epistemológica de aprendizagem. Por exemplo, se acreditamos
que determinado conhecimento deve ser transmitido aos alunos predominantemente por
meio de memorização, que características buscaremos em um Objeto de Aprendizagem? É
exatamente o caso de alunos de medicina que necessitam saber o nome de todos os ossos
do corpo humano ou de crianças que precisam aprender tabuada. Certamente buscaríamos
OAs que transmitam informações a serem memorizadas e/ou OAs que apresentarão
perguntas para respostas diretas e objetivas, sem possibilitar muita reflexão.
Caso nossa concepção se baseie no aprendizado por meio de situações problemas,
colocando em jogo o conhecimento que já possui, buscando novas informações e tendo
papel ativo, pensaremos em OAs que, de alguma maneira, promovam a reflexão do aluno,
por meio de desafios e problemas a resolver.
Repositórios de OAs
Repositórios são bancos de dados que armazenam, organizam, catalogam e
disponibilizam os objetos de aprendizagem. A exploração de Repositórios de Objetos de
Aprendizagem é fundamental, pois, por meio desta exploração, você observará as
características de cada um deles, as facilidades ou dificuldades na localização e uso dos
objetos, dentre outras coisas. Há inúmeros repositórios de objetos de aprendizagem. Segue
abaixo uma pequena relação, com alguns dos mais conhecidos no Brasil.
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM
Capítulo 3: Processos e Metodologias de construção de OA
Autoria: Juliana Cristina Braga; Roberta Kelly A. de França.
Definição
O processo de construção de um OA assemelha-se a metodologia de uma pesquisa
científica: o que? por que? como? e quando? são algumas das questões importantes a
serem feitas, bem como: para quem? e qual o objetivo? Todas estas questões representam
etapas diferentes do processo de construção do Objeto de Aprendizagem e podem ser
construídas paralelamente ou não. Elas estão relacionadas com a definição e a reflexão
sobre os passos e os papeis dos envolvidos e consistem em captar informações detalhadas
sobre o OA, otimizar o alcance dos resultados em cada etapa e garantir o seu
desenvolvimento e reuso.
Objetivos e Importância
O acesso e utilização das ferramentas de construção de OAs podem ser, para
algumas pessoas, um processo simples ou mais dificultoso; porém, para ambos os casos,
trata-se de um novo aprendizado que exigirá tempo e dedicação. Desta maneira, na maioria
das vezes, não é o professor demandante o responsável pela execução de todo o processo
de construção do OA. Ele solicita, através de projetos financiados por agências de fomento
ou de bolsas acadêmicas da própria instituição, técnicos e/ou estagiários que formarão uma
equipe com habilidades multidisciplinares para executar o projeto. Para isso, faz-se
fundamental a adoção de uma metodologia de trabalho para organizar as etapas de
desenvolvimento, a comunicação entre os envolvidos e garantir o atendimento ao
cronograma.
Em linhas gerais, a adoção de processos para nortear o trabalho (individual ou em
grupo), é subestimada pelos profissionais de diferentes instituições. Porém, segundo
Pessoa e Benitti (2008), a adoção de um processo significa utilizar-se das melhores práticas
para lidar com os riscos inerentes à execução de um projeto, de longo ou curto prazo, e que
geralmente envolve a comunicação entre duas ou mais pessoas, porque representam
acento de experiência adquirido por empresas e profissionais. A adoção de um processo
para um grupo de trabalho corresponde a utilizar mecanismos de controle e visam reduzir o
nível de erros dos profissionais. Ainda segundo estes autores, “processos possibilitam que
os serviços sejam impessoais, ou seja, independente de quem executará os trabalhos,
serão realizadas as mesmas atividades, avaliados os mesmos parâmetros, produzidos os
mesmos artefatos” (p.174).
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM Sendo assim, podemos assegurar que são diversas as vantagens da adoção de um
processo para o desenvolvimento de OAs. Veja as principais na listagem abaixo:
Auxilia na concepção do Objeto de Aprendizagem, através da descrição
detalhada de como o OA deverá ser (animado, inanimado, colorido, interativo,
etc.), sendo importante considerar que quanto mais informação for
disponibilizada sobre o OA, melhor será a sua produção.
Ajuda na definição do contexto pedagógico em que o OA será inserido,
definindo qual o perfil do público que o usará, quais serão seus cenários de
aplicação, quais os objetivos pedagógicos que se deseja atingir com a sua
utilização, além de outros aspectos pedagógicos.
Gerencia a produção do OA definindo um cronograma, estimando e
gerenciando os recursos técnicos, humanos e o orçamento necessários para
desenvolver o OA.
O principal objetivo de utilizar e compreender o processo escolhido para o
desenvolvimento do OA é garantir o atendimento das características do objeto e impedir
que esforços e recursos sejam empenhados na produção de objetos de pouca
reusabilidade e pouco eficazes no processo de aprendizagem. De acordo com Wiley
(2000), OA é “qualquer entidade digital, que pode ser usada, reusada ou referenciada
durante um processo de aprendizagem apoiado pela tecnologia”. Sendo assim, ele pode ser
tratado como um produto de software, podendo se beneficiar das boas práticas dos
processos de desenvolvimento deste tipo de produto, principalmente quanto aos testes de
qualidade de características técnicas e funcionais. Desta forma, é importante compreender
as práticas dos principais processos existentes, bem como seus pontos fortes e fracos.
Modelos de processos existentes: comparativos e lacunas
A expansão do ensino a distância gerou um boom na elaboração de material
instrucional (OAs) para cursos mediados por Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA).
Desta maneira, tivemos importantes grupos, nacionais e internacionais, atuando na
pesquisa em EaD e trabalhando na formulação de processos de construção de OAs.
Antes de tomar conhecimento sobre os principais processos, é importante
compreender alguns conceitos comuns entre eles, identificados como seus elementos
básicos (Pessoa e Benitti, 2008). São eles:
Etapas: cada etapa pode ser definida como o momento em que os envolvidos
em um projeto finalizam um objetivo e partem para outro. Exemplo: tendo definido o OA que
se pretende construir e o contexto em que ele será utilizado, a etapa seguinte é pensar no
planejamento de sua construção (objetivos pedagógicos, recursos humanos e tecnológicos,
orçamento, cronograma etc.), a próxima seria a de desenvolvimento etc. A quantidade de
etapas, podendo ocorrer concomitantemente ou não, varia de acordo com o modelo de
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM gestão de processo adotado pela equipe. Porém, ao adotar um processo, deve-se passar
por todas as etapas necessárias e refletir sobre cada uma delas.
Artefatos: em quase todas as etapas do processo, informações são geradas
pela equipe envolvida, seja através de planilhas ou mesmo da produção de um ‘rascunho’ou
esboço do OA (um desenho ou uma descrição detalhada, por exemplo). A planilha e o
‘rascunho’ são artefatos que auxiliarão a compreensão sobre o OA, contribuindo para que a
equipe alcance o objetivo final, que é o seu desenvolvimento e avaliação positiva. Sobre
artefatos, é preciso lembrar que todos os envolvidos devem conhecer detalhadamente as
intenções pedagógicas e técnicas relacionadas ao OA e, para isso, deve-se promover uma
boa comunicação entre todos. E, para que as ideias não se percam, devem-se produzir os
artefatos necessários para que, se entregues na mão de um desenvolvedor de outra equipe,
por exemplo, este seja capaz de produzir o OA de acordo com os objetivos estipulados.
Papel: os papéis não são pessoas; pelo contrário, eles descrevem como as
pessoas se comportam no projeto e quais são as responsabilidades que cada uma delas
possui (Rational Software Corporation, 2001). Sendo assim, uma pessoa pode possuir mais
de um papel dentro do processo, sendo, em muitos processos, a equipe multidisciplinar, ou
seja, são desejáveis diversas características técnicas do bolsista e/ou técnico envolvido.
Desta forma, é crucial a compreensão inicial das responsabilidades de cada um, pois o
sucesso na comunicação entre os pares, na compreensão das suas atribuições e do
processo é o que acarretará no sucesso do desenvolvimento do OA.
Ciclo de vida do OA: cada etapa do processo corresponde a um momento
da concepção, do desenvolvimento, da utilização e da manutenção do OA. Todas estas
etapas constituem o que é denominado “ciclo de vida” do objeto. Durante o ciclo de vida de
um OA, são agrupadas as informações que descrevem as características relacionadas ao
histórico e ao estado atual do objeto, bem como a relação dos envolvidos em seu processo
de produção, utilização, testes e reuso.
Tendo compreendido os conceitos comuns a um processo, a seguir serão descritos
os principais processos (ou conceito de desenvolvimento de software) que são utilizados
no desenvolvimento de um OA:
1. Processo RIVED (Rede Interativa Virtual de Educação): elaborado pela
Secretaria de Educação a Distância (SEED/ MEC), estimula a formação de uma equipe
multidisciplinar, a utilização das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e propõe 6
etapas (que os criadores chamam de Fases) para o processo produtivo de OAs: 1. Geração
do artefato ‘Modelo de Design Pedagógico’; 2. Avaliação e disponibilização do artefato; 3.
Revisão dos pareceres emitidos; 4. Início da produção do OA e 5. Desenvolvimento do
material que auxiliará os professores na utilização do objeto.
Destaque sobre este processo: o RIVED disponibiliza (no endereço web
http://rived.mec.gov.br/instrumentos.php) os instrumentos que auxiliam a equipe a gerar os
artefatos que auxiliarão na produção do OA, o que facilita muito a utilização desse
processo. Além disso, faz parte do processo de produção do RIVED a elaboração de um
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM “Guia de auxílio aos docentes” (GD) que favorece o reuso do OA. Porém, ele não realiza
os testes e a avaliação necessários para garantir uma das características principais de um
OA, que é a reusabilidade. Ele também não aborda a etapa de gerenciamento de projetos.
2. Processo SOPHIA: proposto pela equipe do Laboratório de Soluções em
Software da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), ele não é apenas um processo, mas
um ambiente (repositório) que agrupa OAs. O processo SOPHIA de produção de Objetos de
Aprendizagem é composto por três etapas distintas: projeto, desenvolvimento e distribuição.
Destaque sobre este processo: O diferencial deste modelo é a descrição do papel
de cada profissional envolvido no processo. Porém, ele não contempla uma fase para
gerenciamento de projetos e trata de forma superficial o teste das funcionalidades do OA e a
avaliação pedagógica, estando esta, inserida na etapa de desenvolvimento.
3. Processo ADDIE: (acrônimo para Analysis, Design, Development, Implementation
e Evaluation). Este processo possui cinco etapas e foi desenvolvido para conteúdos
educacionais, com características que promovem a interação entre as etapas. O objetivo é
perceber os problemas enquanto eles ainda são fáceis de corrigir. As etapas são as
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM
Capítulo 4: Estratégias Pedagógicas para o uso dos Objetos de
Aprendizagem: Conceitos e Aplicações
Autoria: Lílian Menezes; Juliana Cristina Braga.
Estratégias pedagógicas e planejamento
A palavra estratégia vem do latim strategia, que por sua vez deriva dos termos
gregos stratos (exército) e agein (conduzir). Sua origem, portanto, remete ao ato de conduzir
as operações militares. É um termo muito utilizado no meio empresarial, possuindo diversas
definições. Nicolau (2001) afirma que “as definições do conceito de estratégia são quase tão
numerosas quanto os autores que as referem”. Alguns destes conceitos, no âmbito
empresarial, referem meios para se atingir os objetivos.
Em Educação, o termo estratégia remete ao “como fazer”, ou seja, ao conjunto de
opções, ações e atitudes do professor no momento da aula.
Krahe, Tarouco e Konrath, afirmam que:
“As estratégias pedagógicas são os meios que o professor utiliza em sala
de aula para facilitar o processo de ensino-aprendizagem, incluindo: as
concepções educacionais que embasam as atividades propostas, a
articulação de propostas e/ou atividades desencadeadora de
aprendizagens, a organização do ambiente físico, a utilização de áudio-
visuais, o planejamento de ações e o tipo e a forma como o material é
utilizado.”
Embora sejam planejadas, as estratégias se materializam na aula. É o momento da
concretização da atividade, em que os conteúdos selecionados são trabalhados desta ou
daquela maneira, com vistas a atingir os objetivos definidos no planejamento. Quanto
melhor planejada a aula, maiores são as possibilidades que o professor tem de adequar
suas estratégias ao contexto e às demandas que surgem durante as atividades. Para
Santos (2011) “o entendimento que o professor tem de planejamento mostra-se importante
para sua ação em sala de aula uma vez que este pode influenciar a sua prática de maneiras
diferenciadas.”
O planejamento, como aponta Libâneo (2004), é “um processo de racionalização,
organização e coordenação da atividade docente”.
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM Portanto, planejar é inerente ao processo educativo e a utilização de um OA deve ser
planejada. Ele não pode ser utilizado sem uma intenção pedagógica, ou apenas com o
objetivo de tornar a aula mais agradável ou algo do gênero. Há que se pensar em que
medida o OA utilizado apoiará o professor em sua tarefa de ensinar, o aluno em sua tarefa
de aprender e quais objetivos devem ser alcançados com a sua aplicação. Esta é a
diferença entre um OA e materiais meramente ilustrativos, que cumprem função “cosmética”
na educação.
Seleção de OAs x Contexto Pedagógico
Os aspectos pedagógicos são fundamentais no processo de desenvolvimento dos
OAs e na etapa de contextualização eles são analisados e inseridos. Nela, elabora-se uma
caracterização pedagógica do OA, definindo o(s) contexto(s) em que ele pode ser utilizado.
Assim, procura-se garantir a qualidade pedagógica do OA.
Depois de desenvolvido e disponibilizado, entra em ação o professor, que por sua
vez, precisa ter clareza do contexto pedagógico no qual pretende trabalhar o OA.
Informações sobre o público alvo (quantos e como são seus alunos; quais conhecimentos
possuem sobre o tema a ser trabalhado, que fluência tecnológica possuem, etc), sobre a
infraestrutura disponível (computadores e projetor em sala de aula e laboratório de
informática, outros recursos necessários) e sobre os objetivos e conteúdos a serem
trabalhados, são necessárias para que ele possa selecionar adequadamente o OA e definir
as estratégias pedagógicas para a sua aplicação.
Portanto, a seleção e aplicação do OA é parte de um processo onde as diferentes
informações se integram, sendo o planejamento determinante para seu sucesso.
A análise criteriosa do contexto pedagógico e dos OAs disponíveis é que possibilitará
um bom trabalho. Não há uma receita pronta onde se estabeleça: o OA ‘x’ está para o
contexto ‘y’, invariavelmente. O que temos disponíveis são referências apresentadas nos
metadados, indicando em geral o nível de escolaridade, disciplina, objetivo e conteúdos
abordados. Estas referências são importantes e orientam o trabalho do professor, mas cabe
a ele explorar o OA e definir as melhores estratégias para sua utilização e a adequação ao
contexto pedagógico.
Escolha de estratégias pedagógicas
Como vimos até aqui, a seleção de um OA deve ser feita com base no contexto
pedagógico em que será utilizado e no plano de trabalho do professor.
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM Para um mesmo conteúdo, podem ser selecionados diversos OAs, com
características diferentes. E para utilizá-los, é preciso elaborar estratégias também
diferenciadas, se necessário ou desejável. E um mesmo OA pode ser aplicado com
diferentes estratégias. Vejamos algumas delas, para a utilização de um vídeo:
- O professor apresenta o vídeo em sala de aula a todos os alunos, para introduzir
um tema novo. Após o vídeo, propõe algumas questões e media um debate, intervindo com
novas questões e informações. Ao final do debate, propõe uma pesquisa de
aprofundamento sobre o tema.
- O professor apresenta um novo tema aos alunos em uma aula expositiva. Na aula
seguinte, utiliza o vídeo para aprofundar os conteúdos, sendo que os alunos o assistirão no
laboratório de informática, organizados em duplas. Após o vídeo, as duplas elaboram uma
síntese sobre os pontos principais do vídeo e serão avaliados por esta síntese.
- O vídeo é acessado num ambiente virtual, num curso a distância. Os alunos o
assistem individualmente e, depois, participam de um fórum de discussão, mediado pelo
professor. Após o fórum, realizam um trabalho em grupo, elaborando um projeto a ser
apresentado num encontro presencial do curso.
Observe que neste exemplo, o OA foi utilizado com diferentes estratégias, para
grupos diferentes, com objetivos diferentes. É o professor, tendo clareza do que o grupo
necessita, que definirá a melhor estratégia e os objetivos em seu planejamento.
O link a seguir é um OA que está disponível no repositório LabVirt da USP e que
pode ser utilizado em diferentes contextos. Acesse o link para continuarmos nosso estudo
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM LEAL, Regina Barros. Planejamento de Ensino: peculiaridades significativas. Revista Ibero
Americana de Educacion. Disponível em: http://www.rieoei.org/deloslectores/1106Barros.pdf
. Acesso em 25/04/2012.
MAIA, Christiane Martinatti, SCHEIBEL, Maria Fani. Didática: Organização do Trabalho
Pedagógico. 2009. IESDE Brasil. Disponível em:
http://www2.videolivraria.com.br/pdfs/16301.pdf. Acesso em 02/05/2012.
GAMA, Anailton de Souza, FIGUEIREDO, Sonner Arfux. O planejamento no Contexto
Escolar. Disponível em:
http://www.uems.br/na/discursividade/Arquivos/edicao04/pdf/05.pdf. Acesso em 02/05/2012.
KLOSOUSKI, Simone Scorsim, REALI, Klevi Mary. Planejamento de Ensino como
ferramenta básica do processo ensino-aprendizagem. Disponível em:
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM
Capítulo 5: Avaliação Pedagógica de um Objeto de Aprendizagem
Autoria: Juliana Cristina Braga.
Avaliação
Esse texto apresenta a importância da avaliação dos OAs, bem como algumas
propostas para a sua realização.
Importância da Avaliação no processo de construção de Objetos de Aprendizagem: a
proposta do processo Intera
Uma grande preocupação da metodologia Intera é a qualidade pedagógica dos
Objetos de Aprendizagem.
Observa-se, em geral, que conteúdos disponibilizados como Objetos de
Aprendizagem não possuem características desejáveis, especialmente no que se refere ao
reuso e aos aspectos didático-pedagógicos.
Braga, Dotta, Pimentel e Stransky (2012) afirmam em relação a dificuldades
pedagógicas observadas na utilização ereuso de OAs:
“Muito dos objetos existentes não deixam claro nem para o professor nem
para o aluno o objetivo pedagógico a ser atingido. Isso ocorre porque esses
objetos estão sendo desenvolvidos focando somente nos atributos técnicos
tratando os atributos pedagógicos de forma marginal. Essa situação acaba
contribuindo para a baixa reusabilidade do objeto, já que ele passa não
agregar tanto valor ao ensino, desmotivando sua utilização tanto pelos
professores como também pelos alunos”.
Para superar estas dificuldades, a metodologia INTERA se diferencia dos demais,
tendo uma abordagem não apenas técnica, mas também pedagógica no desenvolvimento
de OAs.
No texto “Processos e Metodologias de Construção de OAs”, foi apresentado alguns
processos utilizados atualmente e suas etapas. Em todos eles, não há distinção entre as
etapas de testes e avaliação.
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM Na Metodologia INTERA, esta distinção é proposta, com o objetivo de garantir a
qualidade técnica e pedagógica dos OAs produzidos. As etapas são as seguintes:
1. Contextualização de um OA
2. Levantamentos de Requisitos de um OA
3. Arquitetura
4. Desenvolvimento
5. Testes
6. Disponibilização
7. Avaliação
8. Gestão de projetos
9. Ambiente e Padrões
Observe que após a etapa de Desenvolvimento, está prevista a etapa de Testes.
Nela, o objetivo é garantir a qualidade técnica e o funcionamento do OA, dentro do que foi
solicitado pelo professor demandante. Em seguida, ocorre a Disponibilização.
A etapa de Avaliação ocorre após a Disponibilização. O OA é utilizado em aula e
avaliado, especialmente no que se refere à aprendizagem obtida.
Desta maneira, garante-se a qualidade técnica e pedagógica do OA. Vamos, a partir
de agora, pensar um pouco sobre como se dá esta importante etapa.
Avaliação do OA - Pressupostos e definição de critérios
Existem diferentes tipos de OAs, em diferentes formatos, com diferentes
características e objetivos. O foco da avaliação pedagógica não está no formato ou
qualidades técnicas da sua produção, mas nas suas características pedagógicas, ou seja,
no quanto ele pode contribuir para a aprendizagem do aluno.
A diversidade de formatos existentes implica em um olhar apurado para identificar os
objetos que podem favorecer a aprendizagem. Por outro lado, o formato de um OA não é
necessariamente determinante para a aprendizagem. Mayer e Moreno (2002) afirmam que
“uma animação (ou outro conteúdo multimídia) pode ou não promover a aprendizagem,
dependendo de quando e como é usada.” Da mesma forma, é preciso analisar a qualidade
dos diferentes recursos utilizados num OA. Uma animação, por mais bem elaborada que
seja do ponto de vista técnico, pode ter poucos efeitos no que se refere à aprendizagem.
Uma bela imagem inserida num texto pode ser meramente ilustrativa, não acrescentando
valor algum a ele.
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM É preciso avaliar os diferentes OAs levando-se em conta as possibilidades didático-
pedagógicas que eles possuem, definindo alguns critérios gerais.
Mussoi (2010) afirma em relação à diversidade de OAs e a avaliação dos mesmos:
“Apesar desta diversidade, é possível identificar padrões relacionados à
avaliação do conhecimento assimilado, utilizando OA. Para realizar uma
análise de forma devem-se identificar alguns critérios e aspectos a
considerar, quando se fala em avaliação dentro de OA.”
Fatores como a concepção epistemológica na qual o OA está fundamentado, os
objetivos descritos em seus metadados, a qualidade dos conteúdos abordados, a facilidade
de uso por parte do aluno, a interatividade, a linguagem utilizada, interferem diretamente na
qualidade pedagógica do OA e devem ser considerados na avaliação.
A concepção epistemológica será determinante para o OA. Numa concepção mais
tradicional, o OA terá como objetivo transmitir algum tipo de conhecimento, ilustrando ou
descrevendo conteúdos. Nesta concepção, não há grande preocupação com a ação do
aluno, ou seja, ele é visto como um receptor de informações. Já se o OA for desenvolvido
com base em teorias que privilegiam a interação, ele terá elementos que a favorecerão,
possibilitando que o aluno seja sujeito de sua aprendizagem.
Os objetivos e conteúdos descritos nos metadados devem ser avaliados segundo os
seguintes parâmetros: o OA aborda de maneira clara os conteúdos descritos? Eles são
precisos ou há problemas conceituais? Os objetivos propostos são passíveis de alcance por
todos os alunos?
A linguagem utilizada e a apresentação do OA também podem facilitar ou dificultar a
aprendizagem. Ela é clara, possibilitando entendimento por parte do aluno?
Estas e outras questões devem ser respondidas na etapa de avaliação. Vejamos
alguns instrumentos propostos para isto.
Procedimentos e instrumentos para avaliação de Objetos de Aprendizagem
Podemos distinguir pelo menos dois níveis de avaliação pedagógica dos OAs: uma,
referente à aprendizagem do aluno, onde se avalia o quanto ele aprendeu com o OA. Outra,
referente ao ensino, onde se avalia as possibilidades de trabalho e reuso do OA em outros
contextos pedagógicos.
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM Pensando na aprendizagem do aluno, de maneira pragmática poderíamos pensar
numa avaliação por meio de questões ou alguma atividade onde ele tivesse que utilizar os
conteúdos abordados pelo OA. Para que a avaliação seja abrangente, podemos dividi-la em
duas fases: na primeira, os alunos realizariam alguma atividade avaliativa antes da
utilização do OA. Nela, seriam abordados os conteúdos do OA, verificando-se os
conhecimentos que possuem sobre eles. E uma segunda fase após a atividade com o OA,
para que se observe o que aprenderam com ele. Além desta verificação da aprendizagem
feita com os alunos, a Avaliação deve ser composta de um processo detalhado de
observação, a partir de critérios bem definidos.
Um instrumento norteador desta avaliação pode ser elaborado a partir de perguntas,
como no exemplo abaixo:
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM
Outro instrumento para avaliação de OAs pode ser uma tabela onde se quantifica
cada um dos itens avaliados. É importante salientar que, mesmo quantificando cada item ou
ainda determinando pesos diferenciados para cada um deles, a avaliação geral deve ser
qualitativa, ou seja, o OA deve ser avaliado como um todo. Suas qualidades e limitações
devem ser consideradas. A quantificação deve ser apenas uma referência, a avaliação não
deve se restringir a ela.
Lembremos que a avaliação neste processo é uma etapa fundamental para o
desenvolvimento do OA. Os problemas ou limitações identificados devem ser solucionados
antes de sua finalização.
Veja o exemplo abaixo, de uma tabela avaliação do OA:
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM Avaliação de aprendizagem:
Avaliação de ensino:
Referências Bibliográficas
MUSSOI, Eunice Maria, FLORES, Maria Lucia Pozzatti, BEHAR, Patricia Alejandra.
Avaliação de Objetos de Aprendizagem. Santiago, Chile, 2010. Disponível em
multimídia: usando os princípios de Mayer para avaliar um objeto de aprendizagem.
BARON, Franciele, RAABE, Carvalho. Avaliação de Usabilidade de Objetos de
Aprendizagem Disponibilizados no RIVED.
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM LEFFA, Vilson J. Nem tudo que balança cai: Objetos de aprendizagem no ensino de línguas.
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM Com base nessa definição, outros conceitos foram sendo construídos para viabilizar
a proposta de sociedade inclusiva, como o conceito de Design Universal. O Design
Universal é o “Design que inclui”, tendo um enfoque no desenho de produtos, serviços e
ambientes a fim de que sejam utilizáveis pelo maior número depessoas, independente de
idade, habilidade ou situação.
Veja neste vídeo um modelo de sociedade inclusiva, a exemplo da sala de aula:
http://www.youtube.com/watch?v=s6NNOeiQpPM
Vimos que as necessidades especiais de uma pessoa não a tornam impossibilitada
do convívio social sem discriminação. Além da Constituição Brasileira assegurar direitos
iguais para todos, outras leis brasileiras garantem os direitos das pessoas com deficiência: a
Lei de nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, prioriza o nove atendimento às pessoas com
deficiências, e a Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000, estabelece normas gerais e
critérios básicos para a promoção da acessibilidade. Esta última, em especial, torna ilegal a
existência de barreiras na comunicação e informação às pessoas com deficiência (Art. 8º):
qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento
de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação,sejam
ou não de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à
informação.
Sendo assim, a constituição de uma sociedade inclusiva não pode ser apenas uma
questão de lei, mas um compromisso de todos com todos. No item a seguir veja a evolução
da tecnologia desenvolvida por profissionais com esse compromisso, no âmbito da
educação.
Acessibilidade, educação e tecnologia assistiva
Os resultados do Censo 2000 mostram que 14,5% da população total, apresentaram
algum tipo de incapacidade ou deficiência. São as pessoas com ao menos alguma
dificuldade de enxergar, de ouvir, locomover-se ou com alguma outra deficiência física ou
mental. Representam, de acordo com o IBGE, 24,5 milhões de brasileiros, que também
contribuem cultural e economicamente com a sociedade.
Em 2007, nas Instituições de Ensino Superior brasileiras estavam matriculados cerca
de 6.460 alunos com algum tipo de deficiência, como mostra a tabela 1.
CURSO: METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM DIAS, Cláudia. Usabilidade na WEB. Criando portais mais acessíveis. Rio de Janeiro: Alta
Books, 2003.
MICROSOFT. Microsoft Power point: apresentações acessíveis. Universidade do Porto.