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1 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CIBELE MARIANA BIETREZATTO PALHOTO V´NIA D ANGELO DOHME: UMA CONTADORA DE HISTRIAS Sªo Paulo 2007
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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CIBELE MARIANA BIETREZATTO PALHOTO

VÂNIA D �ANGELO DOHME: UMA CONTADORA DE HISTÓRIAS

São Paulo

2007

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CIBELE MARIANA BIETREZATTO PALHOTO

VÂNIA D �ANGELO DOHME:UMA CONTADORA DE HISTÓRIAS

Disser tação apresentada ao Programa de

Pós Graduação em Educação, Artes e

Histór ia da Cultura, da Univers idade

Presbi ter iana Mackenzie, como requis ito

parc ia l à obtenção do t í tu lo de Mestre em

Educação, Ar tes e His tór ia da Cul tura.

Or ientador : Prof . Dr. Arnaldo Daraya Cont ier

São Paulo

2007

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CIBELE MARIANA BIETREZATTO PALHOTO

VÂNIA D�ANGELO DOHME:

UMA CONTADORA DE HISTÓRIAS

Dissertação apresentada à

Universidade Presbiteriana

Mackenzie, como requisito parcial à

obtenção do t ítulo de Mestre em

Educação, Arte e História da Cultura.

Aprovado em

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________

__

Prof. Dr. Arnaldo Daraya Contier

Universidade Presbiteriana Mackenzie

___________________________________________________________

__

Profa. Dra. Regina Célia F. A. Giora

Universidade Presbiteriana Mackenzie

___________________________________________________________

__

Prof. Dr. Inácio Rodrigues de Oliveira

Universidade Bandeirante de São Paulo

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À minha mãe, um agradecimento

especial, por não esmorecer,

pela sua luta constante, pelo

apoio e incentivo.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Arnaldo Daraya Contier, por aceitar ser meu

orientador e conduzir minha proposta de trabalho, por auxil iar na tri lha

deste caminho de desenvolvimento acadêmico.

Ao Prof. Dr. Marcos Rizol l i, pela coordenação, pela paciência e

indicações quanto a que caminhos percorrer.

À Pro fa. Dra. Regina Célia F. A. Giora, pela competência nas

observações no decorrer do exame de qualif icação e disponibi l idade

naquele momento para auxí l io em qualquer necessidade durante

pesquisa.

Ao Prof. Dr. Inácio de Oliveira Rodrigues de Oliveira, pela sua

competência, pela perspicácia em perceber a emoção contida na

admiração pelos contadores de histórias.

À Contadora de Histórias, Educadora e Professora, Vânia Dohme

por sua receptividade e pela oportunidade a mim concedida de

entrevista-la, de conhecer este belo mundo da fantasia, amor, da ética,

do auto-conhecimento.

E, com grande carinho, mas sem palavras para expressar às

pessoas que f izeram e fazem parte desta jornada, sem as quais eu não

teria conseguido realizar este trabalho: André, Antonio Claudino,

Beatriz, Carina, Cláudia Stinco, Fátima Chassot(Profa), Katharina

Beraldo(Profa), Lindberg Clemente de Morais(Prof), Luiz Jacob

Perera(Prof), Marcos Masetto(Prof), Maria da Graça Mizukami(Profa),

Maria Lúcia(Profa), Miro, Sandra Stump(Profa), Sueli Galego(Profa),

Suely, Tha ís(Profa), Rafael, Regiane, Roberta, Waldomiro Oliveira

Barbosa.

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�A felicidade de todo país depende

do perf i l moral de seu povo, não da

forma de seu governo�

(Salmos 143:15)

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RESUMO

Vânia D´Angelo Dohme � uma contadora de histórias: é um trabalho

sobre a vida de uma contadora de histórias e educadora, que uti l iza em

suas atividades um ferramental com recursos lúdicos para, através dos

capacitadores e educadores, proporcionar maior cultura às crianças e

garantir- lhes o desenvolvimento de valores básicos para ensiná- los a

ser cidadãos do mundo, membros da comunidade humana e, portanto,

futuros criadores de uma sociedade mais evolu ída.

Palavras-Chave: crianças, lúdico, histórias, valores.

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ABSTRACT

Vânia D´Angelo Dohme - a teller of stories: it is a work on the life of a

teller of stories and educator, that uses in her act ivit ies a tool with ludic

resources in order to, through the coaches and educators, provide

larger culture to the chi ldren and to guarantee them the development of

basic values learning to be cit izens of the world, members of the

human community and, therefore, futures creators of a society more

developed.

Keywords: children, ludic, stories, values.

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SUMÁRIO

Introdução.....................................................................................................................1 A palavra história..........................................................................................................2 1. Vânia Dohme: uma contadora de histórias....................................................4 2. Transmissão dos valores de Cidadania através de uma Contadora de histórias.................................................................................27 2.1. Coleção as aventuras da Fadinha Geri e os 8 jeitos de mudar o mundo.....27 2.1.1. A estrutura da coleção..................................................................................27 2.1.2. Acabar com a fome e a miséria................................................................... 32 2.1.3. Educação Básica de qualidade para todos..................................................34 2.1.4. Igualdade entre os sexos e valorização da mulher......................................35 2.1.5. Reduzir a mortalidade infantil.......................................................................37 2.1.6. Melhorar a saúde das gestantes..................................................................39 2.1.7. Combater a Aids, a Malária e outras doenças..............................................41 2.1.8. Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente..........................................44 2.1.9. Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento..........................................48 2.1.10. Conclusão.....................................................................................................50 3. As técnicas utilizadas por uma contadora de histórias.................................55 3.1. Objetivos do material....................................................................................55 3.2. Estudando uma história................................................................................55 3.2.1 A quais temas poderemos recorrer..............................................................56 3.2.2 A personalização da história........................................................................57 3.2.3 Orientações para as narrações....................................................................57 3.2.3.a Conversa informal.........................................................................................57 3.2.3.b Disposição....................................................................................................58 3.2.3.c Local.............................................................................................................58 3.2.3.d Horário..........................................................................................................58 3.2.3.e Interrupções..................................................................................................58 3.2.3.f Naturalidade e segurança.............................................................................58 3.2.4. Um pequeno roteiro para as narrações simples...........................................59 3.2.5. Explorando a voz..........................................................................................60 3.2.5.a Alguns elementos fundamentais..................................................................60 3.2.5.a.1Dicção..........................................................................................................61 3.2.5.a.2Volume.........................................................................................................62 3.2.5.a.3Velocidade....................................................................................................62 3.2.5.a.4Tonalidade....................................................................................................63 3.2.5.a.5Vocabulário...................................................................................................64 3.2.6. Expressão Corporal......................................................................................65 3.2.7. Comunicação do semblante.........................................................................65 3.2.8. Uso do silêncio............................................................................................66 3.2.9. Fazer imitações...........................................................................................66 3.2.10. Elementos Externos....................................................................................66 3.2.11. Timing..........................................................................................................67

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3.2.12. RecursosAuxiliares.....................................................................................68 3.2.12.a. Usar o próprio livro.....................................................................................68 3.2.12.b Gravuras.....................................................................................................68 3.2.12.c Figuras sobre o cenário.............................................................................68 3.2.12.d Fantoches..................................................................................................69 3.2.12.e Teatro de sombras....................................................................................69 3.2.12.g Maquete....................................................................................................69 3.2.12.h Bocões......................................................................................................70 3.2.12.i Marionetes.................................................................................................70 3.2.12.j Interação com a narração..........................................................................70 3.2.12.k Dedoches..................................................................................................70 4. O lúdico como ponto nodal de uma contadora de histórias......................72 4.1. O jogo........................................................................................................72 4.1.1. O aspecto educacional do jogo.................................................................74 4.2. Histórias....................................................................................................75 4.2.1. Histórias de fadas......................................................................................77 4.2.2. Mitos..........................................................................................................79 4.2.3. Histórias de Aventuras..............................................................................80 4.2.4. Lendas......................................................................................................80 4.2.5. Fábulas......................................................................................................81 4.2.6. Histórias reais............................................................................................83 4.2.7. O aspecto educacional das histórias.........................................................84 4.2.7.a As histórias e a criatividade.......................................................................84 4.2.7.b As histórias e a formação do senso crítico................................................85 4.2.7.c Os contos de fada e a estabilidade emocional das crianças....................86 4.3. Dramatização...........................................................................................87 4.3.1. Critérios necessários para um teatro infantil de qualidade......................87 4.3.2. O aspecto educacional das dramatizações..............................................89 4.4. Músicas, danças e canções.....................................................................90 4.4.1 O aspecto educacional da música............................................................91 5. Considerações finais................................................................................91

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INTRODUÇÃO

O contar histórias pode ser considerada, talvez, uma das primeiras artes praticadas

desde a existência do homem.

Já naquela época, reuniam-se em volta do fogo, relatando como tinha sido o dia,

suas lutas, suas aventuras.

Também neste mesmo período, deveria atrair maior atenção aquele que melhor

descrevesse o ocorrido, com diferentes pitadas, fossem de humor, de exagero, de

medo, aquele que melhor e com maior ênfase conseguisse desencadear sensações.

E, a atividade que iniciou apenas como um momento de reunião, de sociabilização

de um grupo, passou a ter, com o passar do tempo, outras funções, como a de

educar.

As narrações despertam as atividades mentais, capazes de levar o ouvinte a

formação de conceitos e desenvolver os valores éticos, morais, de auto-

conhecimento, auto-estima, de solidariedade, de comunidade.

Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho é o de investigar esta prática

milenar e quais os recursos existentes para a transmissão desses valores,

contribuindo assim para a construção de um mundo melhor.

Para tanto, nosso objeto de estudo é uma grande Contadora de Histórias,

Educadora, Capacitadora, Professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que

possui um rico trabalho na área: Vânia D�Angelo Dohme.

Para o levantamento deste material, nos utilizamos de entrevista com a nossa

protagonista e estudo de diversos materiais já escritos e publicados por ela.

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A palavra História

Apenas como explicação quanto ao emprego da grafia história, colocamos abaixo a

explicação encontrada no trabalho de Dissertação da Professora e Contadora de

Histórias, Vânia D�Angelo Dohme, pgs 26 e 27:

[...]Alguns comentários também merecem ser feitos quanto à grafia da

palavra história, uma vez que é freqüente o costume de se usar "história" para designar os contos, narrativas, tradições e lendas do povo, em

contraste com "história", que seriam os fatos realmente ocorridos. Na evolução natural da Iíngua,·nunca existiram dois termos diferentes para

indicar se o relato era real ou imaginário, sempre se usou um só termo para

isso. Segundo o Dicionário Etimológico Nova Fronteira, organizado por

Antonio Geraldo da Cunha, a palavra "história" deriva do grego "historia"

através do latim "historia". Na evolução do português, a forma registrada da palavra era "estoria" no

século XIII, depois "hystoria" no século XIV, passando a "historia" no século

XV. Embora a palavra "estoria" seja encontrada em textos em português

antigo, não tem nada a ver com uma diferenciação entre história e história,

pois na época (século XIII) essa era a única grafia da palavra (não se usava

"história"). O termo "estoria" foi introduzido no século XX, artificialmente, por analogia à língua inglesa (story) e alegando-se a necessidade de diferenciar de historia ("history") .

A primeira vez que a palavra história (sem h e com e) apareceu foi através de

Gustavo Barroso, orador em uma celebração na Academia Brasileira de Letras

sobre o centenário na morte de Walter Scott, intitulado "O Último Menestrel�.

Posteriormente a grafia apareceu em um prefácio de uma coletânea de �Os

melhores contos históricos de Portugal�. Estes dois fatos incentivaram Gustavo

Barroso a, em um artigo publicado no jornal do Comércio no Rio de Janeiro em 5 de

agosto de 1956, propor a utilização:

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Através de minhas citações, de onde saiu a distinção que, como invenção

nova e estalo genial, em nosso folclore se pretende estabelecer entre

história com h e com e. (BARROSO in TAHAN, 1957,DOHME 2002)

Porém, o maior incentivo ao uso das duas palavras veio através do respeitável

Câmara Cascudo no seu Dicionário do folclore Brasileiro:

Lembro a necessidade de ser empregada HISTÓRIA para as narrativas, os

contos tradicionais, ficando HISTóRIA para o sentido oficial do vocábulo. Os

ingleses dizem STORY e HISTORY. Parece haver necessidade em

distinguir HISTÓRIA DO BRASIL, com seu longo roteiro de fatos, da

HISTÓRIA DA CAROCHINHA, com seu amontoado de lendas. (CASCUDO

in TAHAN, 1957, apud DOHME 2002)

Embora outros autores respeitados tenham feito o mesmo uso, como Guimarães

Rosa que chamou seus livros de Primeiras Histórias e Terceiras Histórias, a

diferenciação não é gramaticalmente justificável e o próprio dicionário Aurélio, que

registra a palavra, desaconselha seu uso.

Assim como no trabalho da nossa protagonista, pela justificativa acima e por

respeito ao seu trabalho, manteremos a grafia utilizada em seus trabalhos.

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1. VANIA D�ANGELO DOHME: uma contadora de história.

Quando iniciamos esta etapa do trabalho, imaginávamos que teríamos contato,

entrevistando e futuramente montando o quebra-cabeças da vida, somente de uma

Contadora de Histórias. Contudo, nossa Protagonista é, além de uma Contadora de

Histórias, um Belo Ser Humano, Chefe de Lobinhos1 (Akela2), Advogada, Esposa,

Mãe, Publicitária, Comunicadora, Gestora de Marketing, Capacitadora, Professora,

Idealista e diversos outros adjetivos.

Em nosso encontro foram inúmeras as informações obtidas. Assim, para que o leitor

pudesse visualizar todo este universo, acrescentamos alguns esclarecimentos ao

corpo deste capítulo.

Quando, em determinado momento de nossas vidas, nos perguntam, quais os

fatores preponderantes, ou características pessoais, que nos fizeram trilhar certos

caminhos ou profissões, muitos de nós não sabem explicar. Ao que tudo indica e

pelas informações recolhidas junto a nossa Protagonista, Vânia D�Angelo Dohme

possui duas características que unidas a induziram a percorrer o caminho da artista

que é.... Ser filha única � que gerou a falta de contato com outras crianças -

naturalmente contribuiu para despertar sua paixão por elas e possuir uma visão

social muito grande, além da preocupação com os outros, com a comunidade, com

o futuro e com as questões políticas.

Como todo jovem, imaginando qual carreira deveria seguir para atuar nos campos

que envolviam seus ideais, pensou que sua primeira opção fosse cursar Ciências

1 Nomeclatura utilizada para referência ao grupo de escoteiros na faixa dos 7 a 11 anos. 2 Nome de um personagem do livro da Jângal de Rudyard Kipling, o Lobo Chefe - Akela

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Sociais. Mais tarde, pensando melhor, achou que o Direito possuía um leque mais

amplo, com o qual poderia trabalhar a questão da justiça. E, somado ao fato de

gostar muito de Direito, não teve mais dúvidas do que deveria estudar.

Verificou que na Pontifícia Universidade Católica(PUC) o Curso de Direito tinha um

leque Social extenso. Foi onde estudou e se formou.

Acredita que isto tenha ajudado bastante na sua visão do mundo.

Ainda no período de estudante, necessitava de sustento, o que a fez conseguir

trabalho na área industrial. Imaginava que, com o tempo, o Curso de Direito viria

somar-se à sua renda.

Porém, na prática, percebeu que as coisas não caminhariam desta forma, pois, em

seu período de estágio � aquele pelo qual todo estudante de Direito deve passar �

teve muito contato com a área de fórum, onde veio a decepcionar-se muito ao

perceber, já naquela época, a existência da �corrupção� ...

Ao mesmo tempo em que desenvolvia esta fase de sua vida, estava

constantemente buscando maior envolvimento com as crianças e também com a

questão Social.

Em dado momento, encontrou uma pessoa que já conhecia o Movimento dos

Escoteiros e falou-lhe sobre o trabalho com as crianças que o freqüentavam. Pelo

relato, Vânia foi percebendo que os Escoteiros tinham como base todas aquelas

causas sociais, de preparar o jovem para participar das transformações no mundo, e

que estavam exatamente dentro de seus ideais, além do fato de serem crianças.

Constatou então, em virtude de sua faixa etária, por volta dos 20 anos, que não

poderia fazer parte integrante do grupo dos Escoteiros. Mas, de acordo com as

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informações que obteve sobre o funcionamento do Movimento Escoteiro, ocorreu-

lhe que poderia integrar o grupo como um Chefe de Lobinhos.

E foi o que aconteceu.

Mas, a bem da verdade, ela própria não tinha idéia do que seria este papel e o que

teria a fazer.. Sua identificação com o Movimento foi tão imediata e tão grande que

a melhor frase para defini-la uso sua expressão: �Me joguei de corpo e alma no

movimento escoteiro. Minha vida passou a ser isso.�

E o que era esse universo dos Escoteiros e quais as suas bases?

O Movimento dos Escoteiros foi criado por Baden Powel3. A metodologia criada por

ele é �aprender brincando�. O objetivo principal é a formação de valores, a formação

de comportamento, desenvolvimento pessoal e social, tudo através da brincadeira.

Quando fundou o Movimento Escoteiro, percebeu uma metodologia educacional e

informal, que poderia ter um sucesso muito grande, apesar do problema de ter uma

técnica difícil de ser aplicada.

Na Ilha de Brownsea, no Canal da Mancha, Inglaterra, Baden-Powell realizou um

acampamento com vinte jovens, de 12 a 16 anos de idade, onde ensinava técnicas como

primeiro socorros, observação, segurança, orientação, etc. Entusiasmado com os bons

resultados deste acampamento, Baden-Powell começou a escrever o livro Escotismo

para rapazes , que foi publicado em 1908, inicialmente como seis fascículos, de janeiro a

maio, vendido em bancas de jornais. Em maio do mesmo ano, foi editado como livro com

ligeiras modificações.

A recepção das idéias de Baden-Powell foi tanta que, em poucas semanas, centenas de

Patrulhas Escoteiras estavam formadas, praticando Escotismo. Rapidamente o movimento

se espalhou por vários países do mundo, chegando à América do Sul em 1908, ao Chile .

3 Fundador do maior movimento de jovens da História da Humanidade, o Escotismo. Nasceu em Londres em 22

de fevereiro de 1857, sendo o mais novo dos irmãos. Desde menino, Baden Powell aprendeu em caminhadas e excursões a cuidar de si mesmo e ter confiança em suas habilidades. Estudou em escolas públicas, onde foi

estudante ativo. Em 1876 passou nos exames de admissão do Exército e foi servir no 13° Regimento de

Hussardos, na Índia. Graças a sua competência, honestidade e espírito de liderança, fez carreira militar brilhante.

Participou de algumas guerras, como a Guerra do Transvaal em 1889 onde comandou a guarnição de Mafeking.

Como havia poucos soldados regulares em Mafeking, Baden Powell treinou alguns cidadãos e teve que organizar um grupo de jovens cadetes, adolescentes que desenvolviam atividades de apoio como cozinhar, lavar, entregar mensagens e primeiros socorros. Esse evento foi importante na concepção de Baden Powell em

criar mais tarde o Movimento Escoteiro. http://www.doutrina.linear.nom.br/BADEN%20POWELL.htm

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Em 1909 , mais de 10.000 jovens realizaram uma exibição de suas perícias escoteiras no

famoso Palácio de Cristal , em Londres. Temendo a degeneração das suas idéias e

verificando a necessidade de integrar todos dentro de um movimento que crescia

rapidamente, Baden-Powell passou a dedicar-se à organização do Movimento Escoteiro, que

não era sua proposta original. Desliga-se do Exército, em 1910, e ingressa no que chamou

de sua "segunda vida", dedicada ao crescimento e fortalecimento do Escotismo.

[...] Foi em 1916 que, a pedido das crianças menores que queriam fazer parte do Movimento

Escoteiro, Baden-Powell criou o Ramo Lobinho, baseado no Livro da Jângal, de Rudyard

Kipling, com auxílio de sua irmã, Agnes.[...]

[...]A última presença pública de Baden-Powell para os escoteiros foi em 1937, no Quinto

Jamboree Mundial em Vogelezang, Holanda, depois viajou para o Quênia, onde fixou

residência a partir de 1938 juntamente com Lady Olave. Morre nesse local. A principal

organização representativa internacional é a Organização Mundial do Movimento Escoteiro

(OMME), WOSM em inglês. O Escotismo é o maior movimento organizado de educação

não-formal. Em setembro de 2005, as estatísticas apontam o Escotismo presente em 216

países e territórios, com um total de 28 milhões de filiados, havendo apenas seis países sem

escotismo. Já passaram pelo Movimento Escoteiro mais de 300 milhões de jovens desde a

sua criação na Inglaterra. Em 2007, será realizado o Jamboree Mundial do Centenário na

Inglaterra.

[...] Escotismo ou escutismo, fundado por Lorde Robert Stephenson Smyth Baden-Powell,

em 1907, é um movimento mundial, educacional, voluntariado, apartidária, sem fins

lucrativos. Criado com a proposta de desenvolver o jovem, por meio de um sistema de

valores, que prioriza a honra, baseados na Promessa e na Lei escoteira, e através da

prática, do trabalho em equipe e da vida ao ar livre, fazer com que o jovem assuma seu

próprio crescimento, torne-se um exemplo de fraternidade, lealdade, altruísmo,

responsabilidade, respeito e disciplina.[...]

[...]Desenvolvimento físico: Proporcionar o desenvolvimento físico do jovem por meio de

jogos ao ar livre, exercícios, excursões e acampamentos.

Desenvolvimento moral: A finalidade é o caráter com um propósito. E o propósito é que essa

geração seja sadia no futuro, para desenvolver a mais alta forma de compreensão e dever

para com Deus, pátria e próximo.

Desenvolvimento Intelectual: Dá-se uma preparação adequada pelo conhecimento adquirido

em cada uma das etapas como cozinha; campismo, nós, natação e salvamento; primeiros

socorros; regras de segurança, orientação, transmissão de sinais, estudo da natureza, etc, e

também pelas insígnias de Especialidades, que desenvolvem a vocação de cada um dos

jovens.[...]4

Hoje o trabalho com Lobinhos, Vânia o chama de �Luz da Educação�, na época em

que esteve envolvida com o Movimento Escoteiro não tinha este nome....

Indiretamente, todo este envolvimento com o Movimento Escoteiro foi o que

orientou todo o seu trabalho para o terceiro setor.

Passou a ver o mundo de forma completamente diferente do que ela conhecia, de

como ela havia sido criada e das pessoas que ela conhecia.

4 http://pt.wikipedia.org/wiki/Escotismo

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De acordo com o seu livro �Técnicas de contar histórias�, DOHME, 2000. p. 95, a

atividade do Escotismo fez aflorar sua vocação: Educadora de crianças para a

Cidadania. Mesmo porque o Escotismo é por definição uma escola de Cidadania,

que privilegia, na base de suas atividades, a honra, a verdade, a solidariedade, a

lealdade, a coragem � em suma, a essência do civismo e da ética nas relações

humanas...

Como a própria Vânia diz: �...isso parecia a corda e a caçamba, exatamente aquilo

que eu tanto queria. Poder fazer transformações, não pelo lado do Direito, que era o

que eu imaginava, mas pelo lado Social, pelo terceiro setor.�

Começou a trabalhar com as crianças como Chefe de Lobinhos (Akela) e, por não

saber exatamente como realizar esta sua nova função, passou a freqüentar cursos

dentro do Movimento Escoteiro.

À primeira pessoa com a qual teve contato, assistindo a uma palestra, explicou que

a criança entra dentro da fantasia, que para a criança a fantasia passa a ser uma

realidade.

Até hoje se lembra dessas falas tão importantes.

Com todas estas informações que obteve, sua cabeça passou a fervilhar com as

idéias e com tudo o que poderia criar e realizar com isso. Além da questão da

imaginação e sua identificação com as crianças.

A partir daí passou a ler e pesquisar intensamente sobre este assunto e afins!

5 DOHME, Vânia D�Angelo. Técnicas de Contar histórias. São Paulo: Ed.Informal, 2000.

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No trabalho com os Lobinhos, o grupo dirigente utilizava o livro da Jângal6, de

Rudyard Kipling, �muito interessante, de cunho bem social, de grande

profundidade, muito diferente dos demais, até mesmo do que a Disney montou, que

é a história de Mowgli.�

[...]Foi em 1916 que, a pedido das crianças menores que queriam fazer parte do Movimento

Escoteiro, Baden-Powell criou o Ramo Lobinho, baseado no Livro do Jângal, de Rudyard

Kipling, com auxílio de sua irmã, Agnes.[...]7

Dentro dessa estrutura empregada no Escotismo, os coordenadores abordavam

todo o fundo de cena da história da Jângal, as regras sociais etc, tudo muito

parecido com a fábula.

�A fábula traz uma materialização de um conceito abstrato, assim como o conto de

fadas. É a mesma mecânica.�

Algumas das bases do livro da Jângal são:

Mowgli(o menino lobo) que foi roubado pelo tigre e cuidado por um casal de lobos.

A Alcatéia � grupo dos lobos - (que são todos os lobinhos) e nela Akela (o Lobo

Chefe � que é a mesma função que Vânia ocupava no Movimento Escoteiro.

Observação feita por Vânia � �Ele é o chefe, é solteiro, não se casou porque tinha

que cuidar do bando. Ele é um líder nato. E cada um dos personagens tem um

papel fundamental.� )

Há o Baloo(o Urso), que ensina todo o conhecimento básico de sobrevivência e

princípios da Jângal � �a essência do conhecimento para o Mowgli, personagem

6 Um dos Livros de Rudyard Kipling que conta as histórias de Mowgli. 7 http://pt.wikipedia.org/wiki/Escotismo

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este que a Disney desvirtuou, através do desenho, passando-nos uma imagem de

bobo.�

A Bagheera (Pantera Negra), pantera negra que foi capturada pelos homens e que

viveu no circo por certo tempo. Tem toda uma experiência acumulada por ter

conhecido o mundo dos homens e por ter voltado e se readaptado à Jângal.

Shere Khan (o Tigre), que é traiçoeiro e mata por prazer e não por necessidade

como os outros animais carnívoros.

A Kaa (a Cobra), que passa a ser uma aliada, diferente do que é exposto no

desenho como uma caçadora do Mowgli.

Chil, o Abutre.

Bandar-log, grupo dos macacos.

Hathi, o Elefante selvagem.

Na estrutura utilizada no Movimento Escoteiro, as crianças de 7 a 11 anos são

chamadas de Lobinhos, talvez porque eles são pequenos lobos que estão

aprendendo, assim como se estivessem na selva. (dentro do cenário elaborado)

�O livro é maravilhoso, mas complexo. Não é qualquer pessoa que entende a sua

simbologia. É semiótica total!�

Perguntado à Vânia se, de acordo com a metodologia indicada por Baden-Powell, e

os valores embutidos dentro dela, se os Coordenadores conseguiam transmitir

esses valores através da brincadeira..

�Mas quem conseguia passar?...rs....ninguém tinha nada pronto. Eu achei o método

maravilhoso, sua filosofia....�que beleza�. Mas onde estava o material? O livro que

me ensinaria como fazê-lo?.. Não existia! Não havia nada! Começou esse sério

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problema.� Não tínhamos ferramental. Então comecei a escrever... Tinha que

inventar alguma coisa para transmitir-lhes e entreter as crianças no final de semana.

Vânia, lendo demasiadamente, consultando, pesquisando e ao mesmo tempo se

indagando: �Como poderia ajudar? Todos eram voluntários, ninguém tinha

dinheiro, imaginava como poderia auxiliar naquilo em que acreditava tanto?� E a

resposta em sua mente era: �escrevendo�....

Começou a escrever muito, a buscar formas, buscar jogos, buscar histórias, inventar

tudo o que fosse possível.

Em mais ou menos 1980/1982, Vânia passou a escrever e enviar o material para

as outras unidades porque se tornou a responsável pelo Escotismo Regional em

São Paulo.

Assim, Vânia elaborou um livro/apostila que se chamava �Interpretação do livro da

Jângal� e utilizavam-no em cursos de final de semana, ela e os outros chefes,

aproveitando também esses encontros para trocarem idéias, como ela mesma diz:

�aquelas conversas de bêbado�(sem muita ordem ou linha de raciocínio), �o porquê

disso, o porquê daquilo�. �Havia várias histórias, então era o porquê do conteúdo

educacional desta, o porquê daquela outra...etc�...neste período ela também acabou

por receber em mãos um material estrangeiro, que fazia toda a análise mitológica

desses personagens da Jângal. Foi então que começou a entender a história

como algo muito importante para a formação do caráter.

E para poder passar isto às crianças, contavam muitas histórias. Cada história com

diversas passagens(blocos), de acordo com a faixa etária.

Como exemplo: no livro da Jângal, há o momento em que o chefe Akela morre, é um

momento muito difícil de sucessão, onde o Mowgli já está grande e terá que

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enfrentar o mundo. Ele retorna para a terra dos homens, de onde fora roubado, e

tem que identificar-se com o homem.

Esta passagem não é passada para o grupo dos Lobinhos.

�Mas não é uma educação castrante...�

Como na passagem onde Mowgli, o Menino Lobo, é capturado pelos macacos, que

são um povo sem lei - �eles não têm lei, eles colocam o prazer na frente da lei,

diferente dos lobos, com quem o Mowgli foi criado, têm toda uma ordenação - e o

Mowgli está naquela época em que quer ser jovem, da criança que está

descobrindo o mundo..... ele está atrás dos macacos, mas percebe que aquilo

realmente não é para ele. É uma sociedade que não vai prosperar...�

�Seus amigos Baloo(Urso) e a Bagheera(Pantera Negra) vão até o reduto dos

macacos para salvá-lo, onde ocorre uma batalha e seus amigos apanham e correm

risco de vida tentando salvar o amiguinho.

O Mowgli se sente muito mal diante disso e por ver que os amigos tentando

resgatá-lo acabam sofrendo em conseqüência dos seus atos.

No final, quando ele volta com os amigos, como repreensão, pela lei da

Jângal(selva), a Bagheera dá um tapa na cara dele; essa é a repreensão que ele

deve receber. Depois disso ela manda que ele se sente no lombo dela, para

carregá-lo pois Mowgli está muito machucado.�

�Você tem que compreender exatamente o livro � quando conversávamos com os

demais colegas �lembra aquela passagem....onde o Mowgli faz isso, aquilo, aquilo

outro...� .você tem que compreender, a linguagem mitológica do livro, para que você

possa trazê-la para o seu dia-a-dia e até criar situações que forcem esse dia-a-dia

que é onde aplicamos o jogo.

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Por exemplo, um Lobinho fecha os olhos e o outro orienta como andar entre os

obstáculos. Ele tem que subir, tem que descer. Este é um jogo que eu acabei

colocando num livro meu. Então o que é isso? É a confiança!�

�Você pode fazer isso e não passar conceitos éticos de moral, de valor nenhum e

também pode passar valores, dependendo muito do que você compreendeu.�

A partir do momento em que Vânia adquiriu esta compreensão, que se deu por volta

de 1990, começou a querer contar para os outros colegas.

Através de determinadas passagens é que os �Chefes� transmitiam certos conceitos

e as leis escoteiras.

�Através dos jogos também aplicávamos as Leis. As leis dos escoteiros.�

Conceitos inerentes à Lei Escoteira

[...]Honra, integridade, lealdade, presteza, amizade, cortesia, respeito e proteção da natureza,

responsabilidade, disciplina, coragem, ânimo, bom-senso e respeito pela propriedade,

confiança.

Quando Baden-Powell idealizou a Lei Escoteira, decidiu não estabelecer leis proibitivas, mas

conceitos para formação de pessoas benévolas, para que, desta forma, o jovem escoteiro

tivesse onde se espelhar e pudesse se orientar.[...]8

Os Lobinhos têm suas próprias Leis, que são mais simples e mais adequadas à

criança. São 5 leis apenas:

- O Lobinho pensa primeiro nos outros (questão coletiva)

- O Lobinho é limpo

- O Lobinho é sempre alegre � tem sempre um espírito destemido

8 http://pt.wikipedia.org/wiki/Escotismo

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- Diz somente a verdade

- Faz sempre o melhor possível � é muito importante a compreensão do que é o

melhor possível..�

�Mas fazer o melhor, até onde eu posso?....isso você pode colocar em diversidade,

em superação, em potencialidade...então, entendendo tudo isso você acaba

trabalhando estas questões, por exemplo, aplica um jogo onde as crianças vão

correr e saltar a distância, onde somente alguns irão ganhar, depois você fará um

jogo onde eles terão que rastejar embaixo de um obstáculo, onde quem vai ganhar é

o menor. Depois você vai fazer um jogo de criatividade, você vai fazer um jogo de

cantar, depois vai fazer uma modelagem, etc. Veja, estamos trabalhando o melhor

possível. Não tem importância que a sua modelagem é horrível � é torta � é o seu

melhor possível.�

Como é que a Vânia fazia para conseguir conciliar todas as suas atividades?

A Vânia passou a trabalhar com seu marido, na área publicitária. Em seguida nasce

sua filha, seu tempo fica mais limitado e ela precisa viajar muito para as atividades

do Movimento Escoteiro, o que passou a ser complicado com a filha pequena.

Passou a fazer muitos cursos, como pós-graduação em Marketing, para poder

trabalhar na agência e aprender esta questão de público alvo, qual a

característica do público alvo, qual o veículo utilizado para atingi-lo, as histórias

como veículo... tudo se juntou.

Aconteceu também que seu cargo de Chefe de nível Regional dos escoteiros

passou para Nacional. Tornou-se então a Chefe de todas os Akelas do Brasil, havia

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Movimento dos Escoteiros até no Amazonas. A Associação dos Escoteiros do

Brasil.

Com sua participação no Movimento se desenvolvendo cada vez mais, ela precisava

escrever para todo mundo no Brasil. E pensava: �Como faremos para que as

crianças percebam e sintam que fazem parte de um grande grupo?�

Inventou então uma atividade que era dada no mesmo dia e era igual para todas as

unidades no Brasil. Era ela quem as criava/escrevia. Escrevia 4 a 5 atividades.

Criava um tema, como riquezas brasileiras, mostrando o folclore, as riquezas

brasileiras, índios, tudo o que achava ser importante contar para as crianças e

montava atividades em cima desses temas. Demorava de 3 a 4 meses para

escrever tudo isso.

E depois, novamente, criava/montava outros temas, como arte e natureza e

coletava esse material. O grande desafio era transformá-lo em atividades

educativas e Vânia foi criando cada vez mais..

�Agora eu entendo o que você quis dizer no começo, que você não é uma contadora

de histórias e sim uma educadora....�

Vania acredita que a mola propulsora que fazia com que ela fosse cada vez melhor

para �contar histórias�, era exatamente a sua paixão por crianças.

Sentia isso nitidamente, principalmente em uma passagem marcante numa

atividade com os Lobinhos: �para que os Lobinhos percebessem que quando Akela

morre, é uma passagem da vida dele, de superação - é a última história que contam

para as crianças � pois se empenhavam em montar todo um ambiente para isso;

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levavam os Lobinhos para campo aberto, num acampamento, com toda a natureza à

volta. Criavam um grande clima de emoção, à noite.

�O ferramental não é só o momento �do contar�, são todos os preparativos, e

entender o que isso significa para uma criança.�

Vânia continuou produzindo cada vez mais, e na seqüência a tudo aquilo que criava

ainda continuava em busca de novos conhecimentos, fazendo cursos inclusive.

�Num Congresso em Portugal, abriram-se muitos leques...Passei a conhecer muitas

pessoas que me ensinavam, não era só eu quem ensinava. Não queria me limitar

somente ao livro da Jângal, eu queria outros tipos de livros...�

Num destes cursos ouve falar de Piaget.

Mais uma vez busca mais informações sobre o autor e, em pesquisa, se apaixonou

por sua metodologia. Percebeu e passou a entender (tudo através de suas

pesquisas) que Baden Powel, foi da mesma época de Piaget, que Montessori,

Vigotisky, época em que florescia o conceito educacional centrado na ação e no

educando.

�Então, na realidade, Baden Powel não inventou toda esta metodologia, ele se

apropriou de um conhecimento que existia na época.�

E as descobertas de Vânia não paravam, pesquisando mais ainda descobriu que

Baden Powel sempre foi muito seguidor das idéias de Pestalozzi, o que achou

fantástico, porque, antes mesmo de saber disso, Vânia já havia pesquisado e se

identificado com as idéias de Pestalozzi.

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�1700, Pestalozzi foi seguidor de Rousseau, e eu já havia me apaixonado também

por Rosseau quando eu cursei Direito....e nunca iria imaginar que Rosseau já havia

trabalhado com Pedagogia.�

[...] Muito antes do nascimento de Dewey, Montessori, Decroly, Rousseau propôs a

liberação do indivíduo, a exaltação da natureza e da atividade criadora, e a rebelião contra o

formalismo e a civilização. Sua filosofia, partidária de uma educação natural, sempre esteve

vinculada a uma concepção otimista do homem e da natureza.Seu pensamento político,

baseado na idéia da bondade natural do homem, levou-o a criticar em diversas ocasiões a

desnaturalização, a injustiça e a opressão da sociedade contemporânea.Sua proposta tem

interesse tanto pedagógico quanto político e, nesse sentido, propunha tanto uma

"pedagogia da política" quanto uma "política da pedagogia". Um dos instrumentos

essenciais de sua pedagogia é o da educação natural: voltar a unir natureza e humanidade.

A família, vista como um reflexo do Estado é outro dos elementos centrais de sua

pedagogia.[...]

[...] Rousseau vê a infância como um momento onde se vê, se pensa e se sente o mundo de

um modo próprio. Para ele a ação do educador, neste momento, deve ser uma ação natural,

que leve em consideração as peculiaridades da infância, a �ingenuidade e a inconsciência�

que marcam a falta da �razão adulta� (NARADOWSKI, 1994, p.33-34)[...]

[...] A função social da educação: a reforma da educação é que possibilitaria uma reforma do

sistema político e social;criar uma sociedade fundada na família, no povo, no soberano, na

pátria e no Estado;a educação não somente mudaria as pessoas particulares mas também a

toda a sociedade, pois trata-se de educar o cidadão para que ele ajude a forjar uma nova

sociedade.Outro aspecto da educação natural está na não aceitação, por Rousseau, de uma

educação intelectualista, que fatalmente levaria ao ensino formal e livresco. O homem não se

constitui apenas de intelecto pois, disposições primitivas, nele presentes, como: as emoções,

os sentidos, os instintos e os sentimentos, existem antes do pensamento elaborado; estas

dimensões primitivas são para ele, mais dignas de confiança, do que os hábitos de

pensamento que foram forjados pela sociedade e impostos ao indivíduo.Rousseau afirmou

que a educação não vem de ora, é a expressão livre da criança no seu contato com a

natureza. Ao contrário da rígida disciplina e excessivo uso da memória vigentes então,

propôs serem trabalhadas com a criança: o brinquedo, o esporte, agricultura e uso de

instrumentos de variados ofícios, linguagem, canto, aritmética e geometria.[...]9

Seu seguidor o Pestalozzi

[...] Os acontecimentos sociais, culturais e políticos que comoveram a velha Europa durante

a segunda metade do Século XVIII e as primeiras décadas do XIX, configuram o âmbito

histórico dentro do qual surgiu a inteligência e a criatividade pedagógica de João Henrique

Pestalozzi, influenciado nas suas leituras sobre Rousseau �Contrato Social e Emílio�. A

subida do capitalismo industrial como forma predominante da produção social, a exaltação

dos nacionalismos étnicos, históricos e religiosos e a aspiração de liberdade do romantismo

nos campos da vida política e cultural dos povos, a vertente revolucionária capitalizada pela

burguesia que desprezava o absolutismo feudal, entre outros fenómenos, forjaram e

orientaram a aventura educativa do humanista suíço/alemão.O pensamento e entrega de

Pestalozzi ainda ocupa, nos nossos dias, a atenção de filósofos, psicólogos e pedagogos,

devido ao interesse que desperta uma das suas obras educativas mais transcendentes, isto

se o julgarmos a partir da profunda influência que alcançou, indo, inclusive, mais além das

fronteiras do século XIX europeu, até chegar aos educadores de hoje. Biógrafos,

historiadores e críticos, reconheceram a generosidade e autenticidade dos sentimentos que

9 http://www.centrorefeducacional.pro.br/rousseau.html

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guiaram as experiências pedagógicas do discípulo de Rousseau, inseridas numa época de

profundas mudanças na sociedade e na cultura.Pestalozzi idealizou a possibilidade de

libertar o povo e notabilizá-lo pela educação. A sua intenção de auxiliar os oprimidos, foi a

razão porque passou a viver entre os camponeses dedicando-se à agricultura na tentativa do

seu aperfeiçoamento para empregar como exemplo aos demais, com vista à

independência[...] 10

�Com tantas pesquisas e escritos, meu marido me questionou, já que eu escrevia

tanto, por que não eu não publicava o material?�

O marido de Vânia auxiliou-a em vários trabalhos, pois, além de ser integrante do

Movimento Escoteiro, só que com crianças dos 11 aos 15 anos, trabalhava com

publicidade e possuía grande criatividade, além é claro de incentivador do seu

trabalho.

Aliado ao questionamento e incentivo de seu marido, nessa época, Vânia tinha um

amigo, que era da Editora Catavento, e também era mais um dos integrantes do

Movimento Escoteiro, que insistiu muito para que ela escrevesse.

Aceitando o desafio e gostando muito desta tarefa, Vânia transformou os incentivos

em realidade. Mas não contava com a outra parte da história, que ela ainda não

conhecia, depois de escrever não havia ninguém que publicasse seu material.

Foram em busca de diversas pessoas, empresas interessadas, até que seu marido

resolveu abrir uma editora para publicar o livro.

Fundiram a agência de Publicidade com a Editora.

Hoje em dia promovem capacitação com a rede Municipal e Estadual de Ensino em

todo o Brasil. Também trabalham com a Responsabilidade Social

10 económica. http://www.coladaweb.com/filosofia/pestalozzi.htm

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A maioria das pessoas de sua equipe é realmente idealista?

�Sim, são aquelas pessoas que acreditam no que fazem e que já trabalhavam

comigo também no Movimento Escoteiro. Já viajamos muito juntos, levando eventos

por todo o Brasil, com bagagens e fantasias...Chegamos a promover um evento com

64 atividades simultâneas no mesmo dia. Como uma DisneyWorld de pobres.�

E todo o trabalho com a publicação de seu livro não parou por ai, também precisou

fazer cursos para aprender e realizar a divulgação do livro, porque não se tratava

somente de uma venda, pois sua intenção não era somente a de �vender� o livro e,

sim, divulgá-lo, mostrar aos interessados que existia este tipo de material e que

poderiam utilizá-lo em suas atividades.

�Promovemos cursos para lançar o livro, que serviria como ferramental, por exemplo,

o livro era como se fosse uma apostila para contar as histórias.�

�Acabei por conhecer Maria Helena Flores, que também atua no 3o setor, que me

serviu de ponte para outras pessoas que trabalhavam com o lúdico como ferramenta

educacional. Isso aconteceu tudo ao mesmo tempo. Estava lançando o livro, abrindo

a editora, promovendo os cursos...daí a necessidade do documental para poder

respaldar tudo isso, assim fui em busca do Mestrado.�

�Hoje eu trabalho com o curso de 3º setor, porque vi que o movimento do escotismo

não consegue ir para frente por questões de Gestão. Tem uma metodologia

maravilhosa e uma gestão cheia de problemas. Então comecei a querer entender

melhor a gestão de Ongs.�

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E continua trabalhando com o escotismo?

�Não, porque não dá mais tempo... não tenho mais a atuação que já tive, mas as

pessoas que me auxiliam na empresa já trabalharam no Movimento Escoteiro, como

mencionei, ...que têm toda essa cabeça...apesar de serem todos administradores e

advogados. Temos uma educação que montamos ao lado da nossa profissão.�

Como Vânia comenta, faltava-lhe a parte �documental� para respaldar todo este seu

trabalho. Conversando com um Professor do Mackenzie, Márcio Coelho, colega de

trabalho do Movimento Escoteiro, que na época trabalhava com a Profa Carlota com

um grupo chamado UATU(Universidade Aberta do Tempo Útil), falou-lhe sobre o

trabalho com o 3º setor.

�Passei a ter contato com o 3º setor, com o Mackenzie e em seguida estava dando

aulas aqui, de Gestão de Pessoas � Marketing e Comunicação voltada para o 3º

setor.�

Neste contato com a Professora Carlota deu início à vinda de Vânia para o Universo

Mackenzista, como aluna de Mestrado.

�Outra coisa que aconteceu em minha vida foi a paixão pelo Mackenzie. Sou aquela

que não me formei na graduação do Mackenzie, mas desde que tive contato com a

filosofia daqui, eu amei!�

�Vânia diz que o ambiente do Mackenzie tem tudo a ver com ela...mesmo não sendo

Presbiteriana, pois gosta desta questão dos valores.. Sente que aqui é seu território.

�Foi gozado, porque minha filha é que entrou para estudar no Mack.. Ela faz

propaganda...�

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Coincidiu o ingresso da filha de Vânia na Graduação, no curso de Propaganda e ela

ao mesmo tempo cursando o Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura.

Comenta que, como grande curiosa que é, ficava �xeretando� os livros da filha sobre

propaganda, muitas vezes mais interessada do que ela própria. E, em um dos

momentos em que as duas conversavam sobre suas disciplinas, foi que soube da

Semiótica, disciplina esta que viria a fazer parte de sua vida futura, assim como

aconteceu também com a prossêmica, uma das disciplinas de sua filha da qual é

professora hoje em dia na Comunicação.

�Com isso fiz o Mestrado, acompanhando os estudos de minha filha. Interessei-me

por Semiótica, comecei a entender que semiótica era a linguagem que eu estava

buscando, os mitos, os signos, que era tudo aquilo que tinha a ver com o que eu

sentia. Quando eu entendia a questão mitológica, a linguagem do mito, desde a

história do Mowgli, da formação do caráter, o papel da fantasia, do imaginário... tudo

isso, se tornava muito interessante. As peças começaram a se juntar..�

No transcorrer de seu curso de Mestrado, quando Vânia já havia chegado na etapa

de qualificação, recebeu a sugestão de que poderia fazer uma contribuição com seu

trabalho escrito. Foi quando pensou em um material que já havia trabalhado e com

o qual havia se encantado: o Mágico de Oz.

�Uma das vezes que estive em Nova York, estavam comemorando os 50 anos do

Mágico de Oz. Meu pai morava em N.York e eu ia bastante para lá. Foi quando eu

percebi como os Americanos eram loucos pelo Mágico de Oz, eu achava estranho, o

livro deve ser bom! Quando retornei ao Brasil, vi o filme e li o livro � outra paixão!�

�Quando me decidi pelo doutorado, aqui no Mackenzie não existia�

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�Depois decidi fazer comunicação e semiótica na Pontifícia Universidade

Católica(PUC). Porque a linha da PUC é muito parecida com a linha que nós temos

aqui no Mackenzie, na Propaganda, e era uma linha que, indiretamente, eu havia

estudado com a minha filha, e eu gostava disso e fui cursar.�

�A Semiótica fechou tudo aquilo que eu acreditava. Continuei na mesma batida, a

minha tese é a questão do papel do imaginário na construção e na formação da

criança. Eu estou só trabalhando realmente a segunda realidade do imaginário.

Outra dádiva também é dar aula aqui na Comunicação, exatamente disso. �

�Dou aula de Comunicação. Prosêmica e Ciências da Comunicação.�

�Prosêmica: Postura de voz, de corpo, sensibilidade, como você trabalha as

mensagens no seu imaginário. Os alunos de Comunicação adoram isso. Reúno-me

sempre com eles(alunos) trabalhamos tudo que eu trabalhei, o que aprendi na PUC,

e continuo aprendendo em questão de semiótica, mas não são desta linha que eu

gosto de fazer. �

E todo este seu trabalho é só para crianças? Você nunca trabalhou com adultos?

�Não, minha paixão é criança, meu negócio é criança.�

Você determinou uma faixa etária?

�Sim, a mesma faixa etária dos lobinhos, de 7 a 11 anos, também porque me

influenciei muito por Piaget. Piaget trabalha toda a questão da formação do símbolo

na criança.

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A minha filha foi minha Lobinha. Foi uma experiência importante, acompanhar como

ela era em casa e como ela era lá, como ela consegui separar. Eu era outra pessoa,

ela me contava coisas que eu tinha trabalhado com os Lobinhos, é lógico que ela

sabia que era a mesma pessoa, mas era o prazer, era tão diferente aquele mundo

imaginário que nós víamos...então você imagina eu com ela, eu já estava madura,

eu tinha crianças lindas comigo, ela era a minha paixão, a minha filha mais nova e

eu poder fazer as coisas para ela! Eu fazia tudo com amor .....

Uma hora eu estava fantasiada de fada, outra hora de gnomo.....e eu amava meus

Lobinhos, mas com ela no meio eu ficava mais apaixonada.

E, com a experiência dela de me contar com os olhos dela como ela via, foi daí que

comecei a compreender melhor o Piaget; ele tem uma passagem que conta que um

pai esta passando e o filho está no chão com um monte de caixinhas, uma amarrada

na outra e ele puxando, ele é a locomotiva e as caixinhas são o trem, e quando o pai

vai beijar a criança ela diz a ele: pai não beija a locomotiva senão os vagões vão

pensar que ela não é de verdade e não irão querer segui-la. (uma criança de uns 4/5

anos). Para você ver o que é a cabeça de uma criança!

Essas são as experiências que eu fiz com as crianças. Eu continuo amando as

crianças desesperadamente.�

�Gosto de dar aula, pois gosto muito de jovens, eles são muito engraçados e ainda

têm o seu lado criança.�

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É possível traçar um perfil de um contador de histórias?

�Isso é muito complexo. Mas acredito que com um pouco de análise e tempo, talvez

pudéssemos fazê-lo.

Tem o Contador de Histórias e tem o Educador Contador de Histórias; eles são bem

diferentes. Um só conta histórias e o outro é, como você disse no início tem que

entrar no mundo do imaginário, um veículo. Tem que entender o mundo deles para

passar a mensagem. Este é o Educador Contador de Histórias. Ele tem também que

saber como está a criança que está recebendo a informação, ele tem que levar a

mensagem às pessoas, ele tem que entender o público alvo, senão ele não

consegue levar uma mensagem que seja compreensiva. Se você está numa classe

onde você percebe que está havendo discriminação, você precisa ter percepção. A

criança talvez esteja sendo discriminada por questões raciais, bom eu tenho que

consertar, eu tenho que mostrar que todos têm o seu valor. Eu tenho que mostrar

que essa ....... é valorosa, então eu vou contar a história que valoriza essa ..... para

que todos percebam a questão da diversidade, a força desse ...... e passam a parar

a discriminação dessa criança. E eu tenho que entender, educacionalmente, o que

aquela criança que está precisando. Claro que certas coisas são gerais.�

Agora, para eu ser realmente um Educador eficaz tenho que entender cada caso

individualmente. Por exemplo, se eu contar a história do Patinho Feio para uma

criança que tem um trauma de achar que ela é adotada, eu acabo com essa criança.

Tem também o Contador de Histórias que é muito fútil, ele vai lá e conta numa boa.

Eu já assisti várias vezes aquele Contador de Histórias que enaltece que a criança

põe o dedo no nariz, ou até coisas piores de certos apelos, e apelos discriminatórios,

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como o caso daquele herói que é tão legal, um vencedor, tão bacana, mas tão

machão que dá um pontapé no seu empregado. E também não adianta nada, ele

está trabalhando a coragem, mas está também trabalhando a descortesia, que por

outro lado é uma forma ruim, é um descomprometimento muito grande e muito sério.

E a capacidade da criança? Ela não pega o herói e pega a parte que ele dá um

pontapé no seu empregado.

Por isso há necessidade de eu trabalhar no texto muito antes de eu contar histórias.

Porque preciso ver se eles vão ficar perturbados com os valores que eu pego. Aí eu

mudo. Tem escolas que você não pode mudar, o autor não permite. É lá que você

vai encontrar todo o ferramental para fundamentar o que você está passando para

eles.

Na realidade, o que eu tenho feito nos dias de hoje é sempre uma conseqüência de

todo este histórico que eu te contei. Aperfeiçoando então coisas que eu já acreditava

há muito tempo, que eram ferramentais. Muitas vezes eu crio coisas, eu ofereço

para clientes coisas que eu já inventei há 15 anos atrás. E aplico hoje de outra

forma. Todo meu trabalho criativo sempre foi muito intenso. Eu fiz muita coisa, mas

sempre fechado dentro do ambiente escoteiro. Então hoje eu vivo de criações

passadas.

Este é todo meu objeto de pesquisa é a vida toda. É isso que eu trabalho, porque a

história acessa a questão da imaginação, pois a história não existe, ela só acessa a

imaginação que você tem. Ela acessa as estruturas anteriores que você tem, que

você mistura com aqueles elementos novos que estão sendo fornecidos para você,

é tudo simbólico.

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Hoje, falar de lúdico em educação não é uma loucura

Educação informal, de caráter e de autonomia de valores, através do lúdico, é uma

coisa ótima!

Amei tudo isso, fui sempre em busca da autonomia, dos verdadeiros valores...

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2. Transmissão dos valores de Cidadania através de uma contadora de

Histórias.

2.1. Coleção: As aventuras da Fadinha Geri e os 8 jeitos de mudar o mundo

2.1.1. A estrutura da coleção:

A autora criou um mundo infantil, com diversos personagens, onde cada um deles

contribui para a composição de um cenário onde são explicados e transmitidos os

valores essenciais para a educação e cidadania e algumas pinceladas de outros

conceitos como, por exemplo, de auto-estima, auto-valorização, valorização do

próximo, etc.

Geri é uma fadinha muito faladeira. Ela mora no mundo encantado da Luz Lilás,

que fica atrás de uma certa nuvem.

Ela é muito alegre e companheira, mas fica brava quando falam o seu nome

completo: GERIMUNDA. Porque ela acha que lembra IMUNDA, coisa suja e isso ela

não é, pois toma vários banhos por dia.

Geri (é assim que ela gosta de ser chamada) é bem alegre e muito faladeira; quando

se põe a falar... não pára mais. (DOHME, 2007, p. 1).11

No mundo da Luz Lilás a fadinha Geri (figura 1) tem vários amigos, dentre eles

fadas e magos. Juntos estão sempre protegendo a natureza e as pessoas, muitas

11 DOHME, Vânia e DOHME, Walter. As aventuras da Fadinha Geri e os 8 jeitos de mudar o mundo � Acabar com a fome e a miséria. São Paulo, Ed.Informal, 2007

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vezes vindo até a Terra para ajudá-las. p.2.

GERI

Vamos conhecer um pouco mais sobre cada um:

LIMPÁGUA (figura 2) é o menor de todos, mas é muito esperto. Ele tem o poder de

limpar as águas e criar nuvens...e pelo jeito tem muito serviço a fazer.

LIMPAGUA

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A fadinha MARIPOSA (figura 3) possui outros poderes; entre eles o poder de voar.

Ela tem muita habilidade com os bichinhos que precisam de ajuda. Lá no berçário

ela se preocupa com os animais em extinção.

MARIPOSA

PIRILIMPA (figura 4) é uma bruxa muito brava com quem faz sujeira. Ela é capaz de

não se controlar e transformar em sapos e lagartixas as pessoas que poluem a

natureza. Ela ensina os poderes às fadinhas e aos maguinhos para que eles possam

aumentar seus poderes.

PIRILIMPA

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LIMPANUVEM (figura 5) é o maguinho responsável pelo �lava-rápido� de nuvens. As

nuvens poluídas chegam e fazem fila para serem lavadas. Muitas vezes ele sai atrás

com o seu pégasus à caça de nuvens desgarradas e as leva aos lugares onde falta

água.

LIMPANUVEM

A FADA FLOR (figura 6) é quem cuida do viveiro. Lá ficam as plantinhas que

precisam ser recuperadas. Muitas vezes ela vem com a Geri até a Terra para

ensinar as crianças a cuidar das plantinhas.

FADA FLOR

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A Fada VIOLETA (figura 7), madrinha da Geri, é responsável pelo aprendizado das

fadinhas e dos maguinhos. Ela possui superpoderes.

VIOLETA

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Os 8 livros da coleção seguem as linhas da Agenda do Planeta.

Primeiro livro

2.1.2. Acabar com a fome e a miséria

Nesta história, o narrador explica que a Fada Geri tem o ouvido treinado para

atender ao choro de crianças, somente quando o choro for sério e por motivo justo.

(DOHME, 2007, p3).12 Ao mesmo tempo que a narração indica o conteúdo da lição

também acrescenta outros valores para a criança, como chorar somente por �uma

razão�.

A Fada atende ao choro, porque a criança está chorando de fome.

12 DOHME, Vânia e DOHME, Walter. As aventuras da Fadinha Geri e os 8 jeitos de mudar o mundo � Acabar com a fome e a miséria. São Paulo, Ed.Informal, 2007

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A Fada Geri pensou que nenhuma pessoa poderia falar em justiça no mundo

enquanto tivesse uma criança, uma única que fosse, chorando de fome! p.3.

No descorrer da história, a Fada Violeta ,a madrinha de Geri, explica à ela que não

se pode consertar o mundo ou �acabar com a fome� com a �mágica� de sua varinha.

Então, ela explica à afilhada que: �A verdadeira magia está em transformar os

outros dando-lhes sensibilidade, coragem ou estímulo para que elas possam

resolver os seus problemas sozinhos, não precisando mais da nossa ajuda.� p.6.

....�Meninos, vocês têm que aprender muita coisa ainda. Existem vários modos de se

fazer o bem, de ajudar as outras pessoas; mas a melhor forma de ajudar é ensinar

as pessoas a cuidar de si mesmas.� p.10.

Ao final desta história, a Fada Geri ensina a um grupo de pessoas como montar uma

cisterna para a reserva e conservação da água, possibilitando assim o

desenvolvimento de uma horta de onde poderiam prover seu sustento.

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Segundo Livro

2.1.3. Educação Básica de qualidade para todos

Nesta história, conhecemos o Fabrício, um menino que recolhe livros usados e os

vende para reciclagem....e não pode ler, porque não é alfabetizado. Aqui é

demonstrado novamente, como na aventura anterior, a lição que a Fada Geri

recebeu de sua madrinha: �a melhor �magia� é dar sensibilidade, conhecimento ou

força para que as próprias pessoas possam resolver os seus problemas.� p.6.13

A Fada Geri consegue chamar a atenção de Fabrício para que supere sua vergonha

de não saber ler, se interesse pelos livros e aceite aprender a leitura. A partir daí, o

próprio menino, e com o auxílio de outras pessoas de sua comunidade, monta uma

biblioteca para a utilização de todos. Em conjunto com esta atividade também

13 DOHME, Vânia e DOHME, Walter. As aventuras da Fadinha Geri e os 8 jeitos de mudar o mundo � Acabar com a fome e a miséria. São Paulo, Ed.Informal, 2007

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desenvolvem um grupo de alfabetização de adultos e o auxílio de voluntários, como

a Fada Geri, para ensinarem os mais necessitados.

Terceiro Livro

2.1.4. Igualdade entre sexos e valorização da mulher

Nesta história o narrador fala sobre a visita da Fada Violeta à Terra, a procura de

um emprego. A Fada Violeta pensando: �Arrumar um emprego que não

necessitasse de

estudos; é difícil porque para todas as funções solicitam experiência.� �.....como

alguém pode ter experiência se ninguém dá a primeira chance?� (DOHME, 2007,

p.4).14

A Fada Violeta (que é a Madrinha de Geri) consegue um emprego de motorista de

ônibus, que a princípio seria a função de um homem � nesta passagem é explicitada

14 DOHME, Vânia e DOHME, Walter. As aventuras da Fadinha Geri e os 8 jeitos de mudar o mundo � Igualdade entre sexos e valorização da mulher. São Paulo, Ed.Informal, 2007

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a demonstração de preconceito - e a situação é contornada com a Fada Violeta

convencendo o empregador de que esta função poderia ser ocupada por qualquer

pessoa desde que soubesse dirigir.

Explicam o que é preconceito.p.5.

Ao longo do texto, demonstram o preconceito das outras pessoas, dentro do ônibus

que a Fada dirigia, por ser uma mulher que o estava dirigindo...

Em determinado momento, dentro deste mesmo ônibus, há a narrativa sobre o caso

de uma mãe e seus dois filhos, cujo marido bate nela e nas crianças, que

conhecem também o caso de outras famílias onde os maridos igualmente batem nas

esposas e crianças.

Mencionam que existem leis para evitar este tipo de ação, falam sobre a delegacia

da mulher e da orientação dada à toda a família.

Algumas mulheres reúnem-se para ensinar às outras mulheres estas novas

informações, e há a demonstração de que as mulheres também podem trabalhar, ter

uma profissão como qualquer pessoa.

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Quarto Livro

2.1.5. Reduzir a Mortalidade Infantil

Nesta história, a Fada Geri, observando de sua luneta algumas pessoas aqui na

Terra, resolve vir conhecer um garoto por quem ficou �entusiasmada�. O Fernando.

Ficou um pouco aborrecida pois não parecia um bom dia, já que o irmão mais novo

de Fernando estava acamado com sarampo.

Ela não entendia como o irmãozinho de Fernando poderia ter contraído sarampo e

indaga ao amigo se não haviam sido vacinados. E qual não é a surpresa da Fada

Geri ao constatar que, não só não tinham sido vacinados, como desconheciam a

real importância da vacina. (DOHME, 2007, p.6).15

15 DOHME, Vânia e DOHME, Walter. As aventuras da Fadinha Geri e os 8 jeitos de mudar o mundo � Reduzir a mortalidade Infantil. São Paulo, Ed.Informal, 2007

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Diante deste fato, na história, a autora explica a importância da vacinação, que é

através dela que se pode evitar a mortalidade infantil e que as vacinas estão

disponíveis nos postos de saúde.

Após a explicação da Fada Geri, dirigem-se ao posto de saúde onde comentam que

ocorrerá a próxima campanha de vacinação dali a alguns dias. Toda empolgada, a

Fada Geri combina com as crianças divulgar a campanha nas escolas para que

todos tomem vacina e evitem ficar doentes.p.7.

Outra surpresa, poucos aparecem para tomar vacina.

Ela e os outros garotos percebem que as pessoas não têm a real noção da

importância da vacina, ou não gostam, e pensam em alguma forma de reverter a

situação.

Resolvem promover uma peça de teatro dentro do posto de saúde e convidam toda

a comunidade.

Alguns adultos percebendo o empenho das crianças também resolvem colaborar

inclusive preparando lanches para todos.

O resultado é um sucesso, todas as crianças do bairro comparecem, assistem a

peça, são vacinadas e se divertem ao mesmo tempo.

E todos passam a conhecer, através da peça e da presença no postinho, o valor da

vacina.

No final da história, também há um leve toque para as crianças, que ainda são

muito pequenas para se interessarem por �namoros�. P.13.

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Quinto Livro

2.1.6. Melhorar a Saúde das Gestantes

Nesta história, a Fada Geri conversa com sua amiguinha a Fada Mariposa sobre o

novo bebê que está para chegar. A Fada Borbolina, mãe da Fada Mariposa está

grávida.

As duas fadas estão felizes pela vinda de um bebê e vão conversar com a Fada

�mãe�, enquanto ela, sentada, está tricotando um sapatinho de lã. As fadas querem

saber como a fada mãe faz para se cuidar na espera do bebê.

Ela explica a respeito da alimentação, que isso é a base para a saúde do bebê.

Também explica sobre a necessidade do acompanhamento médico. Ela fala sobre o

Mago Médico que a está acompanhando, o Dr. Strelo.

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Neste momento a Fada Geri indaga como será que as pessoas pobres fazem aqui

na terra para terem este cuidado à espera de um bebê. Assim, as duas fadas

resolvem vir à terra para verificar. (DOHME, 2007, p.5).16

As duas fadas foram até um posto de saúde, onde conheceram o médico , o Dr.

Stênio, este lhes explicou que em tempos anteriores, antes de seu trabalho no posto

de saúde, algumas mães morriam ao terem seus bebês, principalmente nas regiões

mais carentes. Desde que ele e a enfermeira Bruna chegaram ao posto, foram

procurados por algumas pessoas empenhadas em mudar o quadro desta deficiência

na gestação de algumas mães, e promoveram a instrução da comunidade local,

levando as informações de casa em casa.

Ensinam sobre ter uma vida saudável, ensinam sobre as drogas, o álcool, o fumo,

alimentação balanceada, a fazer exercícios, controle da pressão, diabetes e outras

doenças. p.6.

As fadas indagam ao médico se as mães também foram instruídas a procurar por

um médico. Este, satisfeito, diz que sim e que se orgulha disto em sua profissão e

de poder assistir ao nascimento dos bebês.p.7.

Com isso, ele comenta sobre uma das mães que ele está acompanhando e que

mora ali pertinho, onde elas poderão visitar e verificar como está.

A D. Cota fica contente em receber as duas fadas, não é todo dia que se tem este

tipo de visita.

A D. Cota já tem um menino pequeno e está a espera de mais um. E assim como a

Fada Borbolina, mãe da Fada Rosário, ela estava tricotando um sapatinho de lã.

Por coincidência, a D.Cota passa a ter as dores do parto e as duas fadas acabam

por auxiliar na busca do médico.

16 DOHME, Vânia e DOHME, Walter. As aventuras da Fadinha Geri e os 8 jeitos de mudar o mundo � Melhorar a saúde das gestantes. São Paulo, Ed.Informal, 2007

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Ao final da história, a D. Cota coloca o nome da menininha que nasceu de Gerimari,

em homenagem às duas fadas que auxiliaram em seu nascimento.

Sexto Livro

2.1.7. Combater a Aids, a Malária e outras Doenças

Nesta história há mais de uma lição. Nela, a autora faz um elo de ligação entre as

instruções passadas sobre as doenças e o ensinamento sobre a auto-estima. Na

história o Limpágua, amigo de Geri, é um mago aprendiz das águas e está

estudando para ser um guardião da limpeza e do bom uso dos recursos hídricos da

terra, que são os rios e os lagos. (DOHME, 2007, p.3).17

Mas ele é baixinho e odeia isso.

17 DOHME, Vânia e DOHME, Walter. As aventuras da Fadinha Geri e os 8 jeitos de mudar o mundo � Combater a Aids, a malária e outras doenças. São Paulo, Ed.Informal, 2007

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Num determinado dia, quando Limpágua estava na escola, seus colegas ficaram

brincando com ele, chamando-o de baixinho, rindo dele, dizendo que era tão

baixinho que não cabia direito dentro de sua roupa de mago.

Ele fica muito chateado e resolve que não voltará mais às aulas por isso.

A Fada Geri, quando soube como o amigo estava e o que estava se passando,

resolve ajudá-lo. Pensam juntos e resolvem procurar o Mago Roróba. Este lhes diz

que não conhece bem problemas sobre baixinhos, mas que poderia consultar seus

livros.

O Mago Roróba encontra uma receita que o fará crescer, porém alerta que pode

ocorrer algum efeito colateral. Aqui também explicam o que é um efeito colateral.

Ainda assim o Limpágua toma a poção e vai para a terra passar suas férias

escolares, junto de alguns colegas seus. E vai para casa de Rodrigo seu amigo.

Lá chegando, fica contente porque já começa a crescer e seus colegas também o

percebem. p.5.

Só que em determinado momento aparece um efeito colateral, que faz o Limpágua

espirrar. E a cada vez que ele espirra, do funil que ele tem sobre a cabeça sai uma

inundação de água. p.6.

Ele só percebe a conseqüência dos espirros quando num certo dia ele e seus

amigos que estavam para acampar e não pode sair porque o Rodrigo está de cama

e com Dengue. E ninguém sabe como isso aconteceu.

A Fada Geri, que também é amiga de todos, vem correndo para a Terra quando fica

sabendo do caso.

Ao aterrisar seu cavalo no quintal de Rodrigo, já acha que há algo errado, porque o

quintal está todo alagado. E também fica surpresa com a altura do seu amigo Mago

Limpágua. Ao mesmo tempo, fica brava com ele porque percebe o que está errado e

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dispara a lhe dar broncas, e com isso passam a mensagem do que se deve evitar

para não contrair a Dengue. p.8.

O Mago Limpágua fica triste, porque ele não sabia que tudo isso poderia acontecer e

se julga responsável pela doença do amigo. Começa a chorar e sair mais água de

seu funil.

A Fada Geri o acalma e diz para chamarem seus amigos e fazerem um grande

trabalho para melhorar toda aquela área. Então instruem as crianças a preencher os

vasos das plantas com terra, jogar fora a água parada etc. p.10.

Todos trabalham juntos e melhoram o ambiente.

Ao final, o Limpágua resolve retornar as aulas e não quer mais ser alto, quer voltar a

ser como era antes. Mostra que ele aprendeu que cada um tem seu jeito e é

importante ao seu modo e ele passa a não mais se incomodar com as brincadeiras

dos coleguinhas até que eles mesmo não o perturbam mais.

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Sétimo Livro

2.1.8. Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente

Nesta história, a autora também faz um elo de ligação entre os ensinamentos

passados sobre a qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e a auto-

valorização.

A Bruxa Pirilimpa gosta muito de ler. (DOHME, 2007, p.3).18 � mais um ensinamento

para as crianças � E em uma de suas leituras fala sobre uma bruxa feia, de cabelos

mal tratados etc.

À noite, antes de se deitar, olhando-se no espelho, pensa que está da mesma forma

que havia lido a respeito de outra bruxa. Pensa e se pergunta �porque uma bruxa

não pode ser bonita?� p.3.

Resolve cuidar-se melhor e vai para a Terra.

18 DOHME, Vânia e DOHME, Walter. As aventuras da Fadinha Geri e os 8 jeitos de mudar o mundo � Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente. São Paulo, Ed.Informal, 2007

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Primeiro inicia com a ginástica, o instrutor também fala sobre a importância de uma

dieta leve, que também tenha nutrientes como determinados legumes, sopa etc.

Assim que emagrece, resolve procurar um cabeleireiro para cuidar de outras áreas,

como cabelo, pele, o qual lhe indicou rejuvenescimento facial a laser,

microdermoabrasão com cristais, peeling e drenagem linfática. p.4.

Para o cabelo, seria necessário hidratação capilar profunda, relaxamento,

reestruturação térmica, corte, coloração, reflexo e permanente, tudo isso sem contar

a manicure, pedicure e enrolamento de cílios. p.5.

Para Pirilimpa isso mais parecia uma receita de seção de tortura, puxa, enrola,

molha, seca, molha de novo e repuxa.

Pirilimpa foi ficando realmente bela, mas segundo os especialistas, ainda havia

muito o que fazer.

E a Fada Geri, que se tornara amiga de Pirilimpa, acompanhava tudo com prazer.

Estava tudo indo bem até que o cabeleireiro francês disse que teriam de interromper

o tratamento, porque eles não estavam mais recebendo seus cremes, os quais eram

feitos com produtos naturais vindos da Amazônia. Estava acontecendo alguma

coisa negativa lá na Amazônia.

A bruxa Pirilimpa ficou desolada, justamente agora que tudo estava indo tão bem,

que ela estava se sentindo tão bonita, tudo ia se acabar? p.6.

A Fada Geri, que estava por perto, e com sua atitude sempre de achar que deve

fazer alguma coisa, disse à Pirilimpa que não se preocupasse que ela iria até a

Amazônia para verificar o que ocorria.

Antes de sua partida, a Fada Geri procurou se informar qual era a semente

necessária para a composição do tal creme e soube que era a semente da Andiroba,

uma árvore que chega a atingir 50 metros de altura. Também foi informada de que

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foram os índios do Amazonas que descobriram que o óleo da semente de Andiroba

era bom para tratar da pele afetada por picadas de cobras, aranhas e escorpiões.

Posteriormente os cientistas descobriram suas propriedades cosméticas.

A Fada Geri também solicitou auxílio ao seu amigo Limpanuvem, que tinha

experiência em viagens, para lhe indicar qual o melhor caminho a seguir.

Ele foi junto com ela e lá chegando perceberam que as árvores haviam sido

cortadas, só encontrando restos de devastação.

Nesta passagem, o Limpanuvem indaga porque o homem faz isso? Que a madeira

tem utilidade uma única vez, enquanto que a planta viva fornece diversos itens.

Assim como suas sementes. p.8.

Os dois encontram com o Dr. Cledson, que lhes explica sobre a devastação, sobre o

desequilíbrio ambiental, mudanças climáticas e a redução da biodversidade.

Biodversidade tema tão atual e de difícil entendimento, é ensinado de maneira

simples. Falam sobre a quantidade de espécies só existentes na Amazônia. p.10.

Neste trecho também mencionam um trabalho que a Fada Geri já havia feito na

comunidade da terra (em outra história) sobre a reciclagem do lixo. p.10.

Então ela pergunta ao Dr. Cledson se com a sua �magia� de sensibilidade ela

poderia auxiliar o �homem� a se preocupar com este problema.

Ao que ele responde que sim, que TODOS deveriam se preocupar com este

problema e comentarem nas escolas, igrejas, nos bairros, nas ONGs, sobre a

importância da conservação da natureza. p.11.

Os empresários também devem tomar atitudes responsáveis em relação ao meio

ambiente, os governos devem se preocupar e fazer leis de proteção à natureza e

fiscalizar as ações danosas. Governos, empresas e sociedade devem se preocupar

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em encontrar formas de desenvolvimento que estejam em harmonia com o meio

ambiente. p.11.

Então eles fazem um passeio pela floresta Amazônica. O Dr. Cledson mais uma vez

fala sobre as estações de chuva e de sua importância para a mata.

Ao final, o Dr. Cledson presenteia a Fada Geri com sementes de Andiroba, motivo

que a atraiu até lá.

Ao retornar a Fada Geri encontra-se com a Bruxa Pirilimpa, bela, magra e com

cabelos arrumados e, ao relatar sua aventura, a própria bruxa resolve deixar de lado

esta campanha de beleza e se voltar para algo mais sério.

A Bruxa Pirilimpa, a Fada Geri e o Limpanuvem passam alguns meses na Terra,

visitando escolas e outras entidades, explicando para todas as crianças os perigos

que a floresta está vivendo. E a Fada Geri nem precisou utilizar sua �magia�, pois as

crianças tem bem mais sensibilidade do que os homens! p.13.

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Oitavo Livro

2.1.9. Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento

Nesta história o Professor Michel, que vive no mesmo reino que a Fada Geri, é um

grande inventor. (DOHME, 2007, p.3).19

Agora ele inventou um automóvel que anda no tempo e convida a Fada Geri a fazer

um passeio e, entre o passado e o futuro, ela resolve querer ir �xeretar� como estão

as coisas no futuro. Já que ela acredita que com toda a tecnologia e rápida evolução

que o século XX tem, devem estar num momento muito bom no futuro. p.4.

Assim que aterrisam, ela rapidamente sai do veículo e somente momentos depois

percebe que está num lugar muito diferente do que imaginava.

Parecia um ambiente moderno, sim, mas sujo e sem uma planta sequer.

As pessoas magras, mal humoradas, parecendo famintas.

19 DOHME, Vânia e DOHME, Walter. As aventuras da Fadinha Geri e os 8 jeitos de mudar o mundo � Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento. São Paulo, Ed.Informal, 2007

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59

Conversando com algumas pessoas, ela fala sobre grandes eventos ocorridos em

nosso século e que seriam motivo para melhoria do século seguinte. p.6.

A pessoa com a qual conversava, muito mal humorada, lhe diz que poderiam ter

feito grandes avanços, porém também conseguiram desmatar grandes florestas,

poluíram tanto o meio ambiente que o efeito estufa provocou um insuportável calor.

Para piorar, eles também ficaram sem água! As terras não eram mais produtivas,

pelo seu mau uso, o número de pessoas pobres e analfabetas havia aumentado!

p.7.

A Fada Geri inconformada questiona: �como? No século XXI tínhamos tantos países

ricos, tão desenvolvidos...� p.7.

É quando o homem com quem conversa continua explicando que os dirigentes

desses países só pensaram neles mesmos. Assim, os países mais pobres foram

extinguidos e aqueles que não eram pobres, mas também não eram ricos, tornaram-

se miseráveis!

Assim, mais uma vez a Fada Geri, sentindo que algo ainda poderia ser feito,

juntamente com o Professor Michel retornam no tempo e vão diretamente à sede da

ONU.

Nesta passagem também explicam o que é a ONU. p.8.

Eles estão na ONU no dia 6 de setembro de 2000, dia da declaração do milênio...

E assim, mais uma vez, nossa encantadora fadinha entra na conversa dos

dirigentes, educadamente é claro, e conta o ocorrido.

Apesar do receio do Professor Michel, ela se saiu muito bem e os dirigentes

chegaram a pedir ao Professor Michel que os levasse até o futuro para verificarem o

que estava ocorrendo.

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Esta reunião da ONU perdurou por mais 2 dias, foi declarada como os objetivos do

milênio e resumia os 8 objetivos para o desenvolvimento do milênio. Que são estes

abordados em cada história.

No final, a lição é que cada um deve observar o mundo e contribuir de alguma forma

para que ele fique cada vez melhor. p.13.

2.1.10. Conclusão:

Não só a última história faz a inter-relação final da coleção dos 8 livros e com todos

os objetivos do milênio, como também faz as inter-relações necessárias para que se

compreenda, numa linguagem infantil, e de uma contadora de história, como são

básicos e fundamentais, para a educação, auto-valorização do indivíduo,

participação ativa da sociedade, seus problemas e suas soluções, como os valores

de cidadania estão embutidos nos ensinamentos e nas finalizações de cada livro.

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Na contra-capa dos livros � a ilustração das agendas do planeta e a explicação

do que se trata:

A declaração do Milênio foi aprovada pelas Nações Unidas em setembro de 2000. O

Brasil, em conjunto com os países-membros da ONU, assinou o pacto e estabeleceu

um compromisso compartilhado com a sustentabilidade do Planeta.

Os objetivos do Milênio são um conjunto de 8 macro-objetivos, a serem atingidos

pelos países até o ano de 2015, por meio de ações concretas dos governos e da

sociedade.

São a agenda do planeta, da Humanidade, do Brasil e de cada um de nós.

O papel do PNUD e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estão transformando o debate

sobre o desenvolvimento mundial - e o PNUD está no centro dessa

mudança notável.

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Três fatores básicos definem o papel do PNUD:

1 - Nosso trabalho é parte integral dos esforços do Sistema das Nações

Unidas, inspirados na Estratégia Central, aprovada pelo Grupo das Nações

Unidas para o Desenvolvimento (UNDG) em 1º de julho de 2002.

2 - A pedido do Secretário-Geral das Nações Unidas, o Administrador do PNUD, Mark Malloch Brown, é o coordenador das atividades do Sistema das Nações Unidas relacionadas aos ODMs, na sua qualidade de

presidente do UNDG.

3 - Como coordenador dos ODM no âmbito do Sistema ONU, o

Administrador atribuiu ao PNUD a tarefa de assisti-lo na implementação dos

elementos básicos da estratégia central: a) ajudar a estabelecer e financiar o Projeto do Milênio e a Campanha do Milênio, liderados por Jeffrey Sachs

e Eveline Herfkens, respectivamente; b) coordenar e financiar (parcialmente) a preparação dos relatórios de monitoramento dos países; e estabelecer vínculos mais estreitos no âmbito do Sistema das Nações

Unidas em relação à promoção de políticas e à resposta a prioridades

nacionais referentes aos ODM, por meio da Matriz de Cooperação das

Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDAF) e dos Programas de Cooperação dos países.

As Nações Unidas e os Objetivos de Desenvolvimento Milênio: Uma Estratégia

Central

A adoção da Declaração do Milênio em 2000 por todos os 189 Estados-membros da Assembléia Geral das Nações Unidas marcou um momento

decisivo da cooperação global no século 21. A Declaração estabelece, no

âmbito de uma única estrutura, os desafios centrais enfrentados pela

humanidade no limiar do novo milênio, esboça a resposta a esses desafios

e estabelece medidas concretas para medir o desempenho mediante uma série de compromissos, objetivos e metas interrelacionados sobre

desenvolvimento, governabilidade, paz, segurança e direitos humanos. A

Declaração representa o auge de uma série de conferências e cúpulas

internacionais, iniciadas em 1990 com a Cúpula Mundial para a Infância

(World Summit for Children), que contou com um acordo sem precedentes no âmbito da comunidade internacional sobre uma extensa variedade de

compromissos e planos de ação.

A Declaração do Milênio também aclara o papel e as responsabilidades comuns e individuais das partes-chave ao processo: dos governos, ao alcançar e permitir atingir os objetivos e meta; da rede de organizações

internacionais, ao aplicar seus recursos e experiências da forma mais

estratégica e eficiente possível, e ao apoiar e sustentar os esforços dos

parceiros nos níveis mundial e dos países; dos cidadãos das organizações

da sociedade civil e do setor privado, ao se engajarem plenamente nesta tarefa pioneira, e ao colocar em curso sua capacidade singular de fomentar a motivação, a mobilização e a ação.

O momentum adquirido com a adoção da Declaração do Milênio foi

reforçado com a Conferência Internacional sobre Financiamento para o

Desenvolvimento, celebrada em março de 2002, em um primeiro intento de examinar de forma ampla os meios de mobilização de recursos para o

desenvolvimento, centrando a atenção nos objetivos e nas metas da

Declaração, em especial os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A

Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento estabeleceu as bases para decisões sobre políticas da União Européia e

dos Estados Unidos - o que constituiu a primeira promessa substancial em

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mais de uma década para reverter a tendência de diminuição da Ajuda

Oficial ao Desenvolviemnto (AOD). Da mesma forma como a Conferência

sobre Financiamento para o Desenvolvimento permitiu um esforço mundial

para avaliar questões ligadas a financiamento, a Cúpula Mundial sobre

Desenvolvimento Sustentável ofereceu uma valiosa oportunidade para que

se concentre em estratégias necessárias para alcançar os Objetivos de

Desenvolvimento do Milênio. Outra importante oportunidade para dar

conhecimento aos ODM foi oferecida na �Cúpula Mundial sobre

Alimentação: Cinco Anos Depois� - realizada em Roma em junho de 2002.

Vários outros acontecimentos contribuíram para o seguimento à Cúpula do

Milênio. Estes incluem o Roteiro das Metas do Secretário-Geral e o seu Relatório sobre a Prevenção dos Conflitos Armados, ambos endossados

pela Assembléia Geral em 2001; a adoção da Resolução da Assembléia

Geral 56/201 na Avaliação Trienal sobre Políticas (Triennial Comprehensive

Policy Review); e o retiro da Junta dos Chefes Executivos do Sistema das Nações Unidas para Coordenação em abril de 2002, que proporcionou a

primeira ocasião importante para examinar a estratégia de apoio para atingir

os ODM.

Outro fato importante tem sido o crescente reconhecimento de que é

imperativo realizar uma campanha mundial para assegurar que os ODM sejam alcançados até 2015. O Secretário-Geral, no seu Relatório ao Comitê

Preparatório para a Conferência Internacional sobre Financiamento para o

Desenvolvimento, propôs essa campanha; o Relatório do Grupo de Experts

de Alto Nível sobre a Conferência - presidido por Ernesto Zedillo, ex-presidente do México - também apoiou a campanha sem reservas. A

iniciativa foi ainda apoiada oficialmente no Consenso de Monterrey, adotado na Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento,

que respalda �as Nações Unidas na implementação de uma campanha mundial de informação sobre os objetivos e metas acordados

internacionalmente, incluindo aqueles contidos na Declaração do Milênio�.

Em resposta a esse consenso, o Secretário-Geral nomeou o Administrador do PNUD, na sua condição de presidente do Grupo das Nações Unidas

para o Desenvolvimento (UNDG), como coordenador da campanha sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e das atividades de

monitoramento no âmbito de cada país.

A Estratégia Geral

Princípios Gerais

1. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio devem se situar no âmbito

das normas e padrões mais amplos da Declaração do Milênio 2. Todos os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio com suas 18

metas têm igual importância; 3. Para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio são

fundamentais o sentimento de propriedade e a participação nacional ampla; 4. Serão essenciais as parcerias com os governos e também com as

organizações da sociedade civil e o setor privado; 5. Grande parte do trabalho necessário à consecução dos Objetivos de

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Desenvolvimento do Milênio já está em curso, mas requer maior foco e

senso de urgência; 6. O potencial das Nações Unidas deverá ser mobilizado para obtenção de

resultados significativos; 7. O foco nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio não diminui nem

exclui o importante trabalho que realiza o Sistema das Nações Unidas em

outras esferas de sua responsabilidade.20

20 http://www.pnud.org.br/odm/papel_pnud/ 1/12/2007

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3. As técnicas utilizadas por uma contadora de história.

Baseados no livro que nossa protagonista criou �Técnicas de Contar Histórias�,

passaremos ao leitor algumas das técnicas por ela criadas, fonte onde os

�contadores de histórias / Educadores� podem obter meios/fórmulas para transmitir,

com sucesso, os valores mencionados nos demais capítulos deste nosso trabalho.

3.1. Objetivos do material

Demonstrar que as histórias são importantes em um processo educacional, mostrar

como elas devem ser contadas para torná-las atrativas, permitindo que qualquer

pessoa possa realizar bem esta tarefa.

3.2. Estudando uma história

Sua escolha: o excesso de apelos a que a criança está sujeita nos dias de hoje faz

com que diversas outras fantasias despontem no seu cenário (infelizmente quase

nenhuma delas com o objetivo de construir algo positivo no comportamento da

criança), e nós não podemos ficar indiferentes a essa situação.DOHME, 2007, p.2621

Deve-se pesquisar literatura especializada para as crianças, conhecer seus heróis,

quer sejam de desenhos animados, histórias em quadrinhos, e conhecer suas

brincadeiras e preferências.

Assim, saberemos escolher, dentro de material já conhecido, qual a história que

melhor se adapta ao comportamento que desejamos ou precisamos abordar.

21 DOHME, Vânia D�Angelo. Técnicas de Contar histórias. São Paulo: Ed.Informal, 2000.

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3.2.1. A quais temas poderemos recorrer:

Histórias de fadas, que usam a fantasia, fábulas, lendas folclóricas, passagens

bíblicas, fatos históricos, fatos do cotidiano, narrativas de aventuras...

Para saber como melhor escolher os textos ou narrativas, é importante conhecer os

assuntos relacionados às faixas etárias:

Até os três anos de idade: Histórias de bichinhos, de brinquedos, animais com características humanas (falam,

usam roupa, têm hábitos humanos), histórias cujos personagens são crianças.

Entre 3 e 6 anos de idade:

Histórias com bastante fantasia, histórias com fatos inesperados e repetitivos,

histórias cujos personagens são crianças ou animais.

Para crianças de 7 anos:

Aventuras no ambiente conhecido (a escola, o bairro, a família, etc.), histórias de

fadas, fábulas.

Para crianças de 8 anos:

Histórias que utilizam a fantasia de forma mais elaborada, histórias vinculadas à

realidade.

Para crianças de 9 anos:

Aventuras em ambientes longínquos (selva, oriente, fundo do mar, outros planetas),

histórias de fadas com enredo mais elaborado, histórias humorísticas, aventuras,

narrativas de viagens, explorações, invenções.

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Para crianças de 10 a 12 anos:

Narrativas de viagens, explorações, invenções, mitos e lendas.

3.2.2. A personalização da história

É interessante apresentar a história às crianças tal como ela está escrita nos livros,

aproveitando a habilidade que os escritores têm para expressá-la. Mas, na maioria

das vezes, o narrador terá a necessidade de criar sua própria forma, porque elas

poderão ser:

- Extensas e detalhadas, tornando a apresentação muito longa, maçante ou ao

contrário:

- resumida, faltando detalhes, não tendo elementos para ativar a imaginação e

sustentar a narração com tempo adequado.

3.2.3. Orientações para as narrações:

3.2.3.a Conversa informal:

Antes da narração é interessante criar �o clima� , como iniciar com um bate-papo,

evitando assim possíveis constrangimentos e interrupções, situar a criança no

ambiente, se em uma fazenda, poderá iniciar .....conhecem-se ou já estiveram em

uma fazenda...

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3.2.3.b Disposição:

Os ouvintes deverão sentar-se em círculo. O narrador deverá fazer parte deste

círculo, sentando-se junto com os ouvintes.

É absolutamente desaconselhável ficar em pé quando a platéia está

sentada no chão ou vice-versa: ficar sentado quando a platéia está em pé.

Conforme o domínio que o narrador tem de sua platéia, ele poderá

permanecer em pé quando os ouvintes estiverem sentados em cadeiras.

3.2.3.c Local:

Um bom local é de grande importância para o sucesso da atividade. O ideal é um

local calmo, onde as pessoas sintam-se confortáveis, e que de preferência não haja

ruídos mais elevados por perto ou outros elementos que perturbem o

desenvolvimento da narrativa, porque as crianças têm um poder de concentração

bem menor que os adultos.

3.2.3.d Horário:

É interessante ser estabelecido após uma atividade movimentada, pois a energia

estará mais descarregada e a atenção será maior.

Evitar horários como após as refeições e à noite.

3.2.3.e Interrupções:

É conveniente não interromper a narração. 3.2.3.f Naturalidade e segurança:

Eis aqui um dos segredos indicados pela autora, para obter sucesso nesta aventura

da narrativa.

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3.2.4 Um pequeno roteiro para as narrações simples:

A � O narrador deverá fazer a escolha cuidadosa da "sua" história. Procurar aquela

com a qual ele se identifica, com seus valores pessoais, que incita a sua imaginação

e que lhe dá prazer em trabalhar.

B - Estudar a história com antecedência. Procurar saber e familiarizar-se com a

trama , ambiente etc.,

C - Certificar-se de que conhece, ou procurar conhecer, elementos suficientes sobre

as situações ou os fatos que compõem a história, como: o local onde ela se

desenvolve, a época, fatos históricos, aspectos culturais, etc.

Tomar cuidado para não entrar em detalhes demais e cair na monotonia.

D - Contar a história para si mesmo, em voz alta, de preferência diante do espelho.

Marcar o tempo gasto, que não deverá ultrapassar 10 minutos.

E - Exercitar a narração procurando utilizar palavras simples, do conhecimento da

criança. Treinar a entonação de voz adequada, dramática, porém com boa dicção,

dar uma voz própria a cada personagem e controlar o tom de voz de modo a passar

sentimentos de calma, segredo, atenção, emoção, medo, etc. Os gestos também

devem ser exercitados, eles ajudam muito a dar ênfase à narração, mas sem

exageros.

F - Reler a história no dia em que for contá-la e repassar os pontos principais alguns

minutos antes.

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G - Se ela fizer parte de um conjunto de atividades, deverá entrar na programação

sempre após um jogo agitado; isto fará com que se obtenha maior atenção.

H - Em muitos casos, é bom incentivar uma discussão entre as crianças ou aplicar

uma atividade que permita com que elas façam alguma reflexão sobre o que foi

narrado.

3.2.5. Explorando a voz:

Só estar preparado não adianta, é preciso que a audiência entenda as palavras que

são ditas.

Pode acontecer que, por diversas razões, a audiência não consiga entender o que

está sendo dito.

Indiscutível é, para falar em público, não se utilizar a voz da mesma forma que em

uma conversa.

É preciso ter consciência de que a voz está sendo utilizada para a atenção de um

grupo.

3.2.5.a Alguns elementos fundamentais:

- Dicção

- Volume

- Velocidade

- Tonalidade

- Vocabulário

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3.2.5.a.1. Dicção:

As palavras devem ser bem pronunciadas.

Para ter boa dicção, o primeiro passo é tomar cuidado de pronunciar de forma clara

cada uma das sílabas que compõem a palavra, sentindo cada um dos sons.

Outra atenção que se deve ter é dar espaço entre uma palavra e outra, procurar não

emendar palavras de uma mesma frase. No final de frases, onde há vírgula ou

ponto, o espaço deve ser um pouquinho maior.

�Aprendendo�

O exercício da rolha:

- Escolher um texto e fazer a leitura pausadamente e em voz alta.

- Colocar uma rolha entre a arcada dentária superior e a inferior.

- Ler novamente o mesmo texto, esforçando-se para pronunciar as palavras com

clareza.

- Ler novamente o texto sem a rolha e perceber a diferença.

- Se for possível, acompanhar o exercício com um gravador, será mais fácil

notar as diferenças.

A rolha provoca dificuldade para pronunciar corretamente as palavras. O exercício

faz com que, para vencer esta dificuldade, o treinando movimente mais os lábios, a

língua e o palato mole. A repetição do exercício acaba tornando estes movimentos

habituais, conseqüentemente melhorando a dicção.

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3.2.5.a.2 Volume:

O narrador deve ter consciência de que de não está à mesma distância das pessoas

que quando está conversando informalmente ou bem próximo.

Pessoas que estão falando em público devem ajustar o volume da voz à situação

em que se encontram.

Cada ambiente exigirá um volume de voz adequado, e isto precisa ser avaliado. Os

seguintes fatores devem ser levados em conta nesta avaliação:

Distância entre o narrador e sua platéia;

Tamanho da sala : Se o ambiente for grande, ele exigirá um volume maior, mesmo

que as pessoas estejam perto do narrador. O "pé direito" (altura entre o chão e o

teto) influencia muito: se for muito alto, a voz se "perderá" e necessitará ser um

pouquinho mais alta.

Acústica da sala: o formato da sala e os materiais que a revestem influenciam na

propagação da voz.

Ruídos externos: Se houver concorrência com outros ruídos, certamente será

necessário fazer um ajuste para contrabalançá-los.

Outro cuidado que se deve ter é não diminuir o volume da voz no decorrer da

narrativa.

3.2.5.a.3 Velocidade:

A velocidade pode ser medida pelo número de palavras que uma pessoa pronuncia

em um espaço de tempo determinado.

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A velocidade está muito ligada à boa dicção. Quem estiver com a sua dicção em

desenvolvimento, precisa obrigatoriamente falar mais devagar, para ajudar na

compreensão da sua comunicação.

Variar a velocidade da voz pode auxiliar na interpretação do texto: falar mais rápido

pode passar mais emoção, sentimento de urgência, e falar mais devagar é

adequado quando se deseja passar um sentimento de paz, harmonia, serenidade.

Modular a voz entre o baixo (limitado a um volume que todas as pessoas possam

entender) e o alto (sem exageros, é claro) e variar a velocidade dá o colorido à

narrativa e tira a monotonia. A fala monocórdica, sempre na mesma cadência e

ritmo, é um dos principais fatores de desinteresse, principalmente em se tratando de

narrativa de histórias infantis.

3.2.5.a.4 Tonalidade :

Os sons classificam-se em graves e agudos. Cada pessoa tem o seu registro vocal

próprio, mas facilmente pode alcançar alguns tons abaixo e acima desse registro,

surtindo efeitos fantásticos.

A adoção de certos estereótipos ajuda a compreensão do texto, por exemplo:

meninas têm fala aguda, falam �fininho�, homens corajosos e ursos sempre falam

grosso, grave, velhinhas falam levemente agudo e tremido, fadas adocicado e

bruxas têm voz aguda e estridente.

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3.2.5.a.5 Vocabulário :

As pessoas podem não estar entendendo a comunicação simplesmente porque não

conhecem o sentido das palavras. Principalmente quando estamos falando com

crianças.

O correto é a utilização de palavras simples, as quais se tem a certeza absoluta de

que as crianças entendem. Jamais usar gírias ou palavras vulgares: isto

desprestigiará o conto e pode dispersar a atenção.

Uma historia cheia de fantasia pode até permitir algumas palavras mais elaboradas,

as quais dão um certo charme, um ar de "elegância" na narração, além de introduzir

um novo vocabulário. Mas estes casos, que não devem ser usados com exagero,

devem ser acompanhados de um reforço na frase, explicando com outras palavras o

que já foi dito.

Por exemplo: ''A pele da bela princesa era .alva como a neve. Todas as pessoas

admiravam aquela sua pele branquinha ... que dava muito contraste com os cabelos

pretos e olhos muito azuis."

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Mais do que a voz...

Contar histórias é mais do que simplesmente falar bem, é ser um pouquinho ator.

Contar bem uma história significa interpretá-la, e, às vezes, é necessário, além de

narrar, interpretar um, dois e até mais personagens.

3.2.6. Expressão corporal:

O bom narrador não se senta e fica falando. O corpo deve acompanhar o que está

sendo descrito. Todo corpo fala: a posição do tronco, os braços, as mãos, os dedos,

a postura dos ombros, o balanço da cabeça, as contrações faciais e a expressão

dos olhos.

Os gestos devem ser coerentes com a narração, usados para reforçá-la. Os gestos

nunca devem ser usados de forma não calculada, sistemática, principalmente

quando se está contando uma história.

3.2.7. Comunicação do semblante:

As emoções do nosso interior são transmitidas através da expressão do rosto.

Tristeza, alegria, surpresa, espanto ... A expressão facial pode falar...

Para desenvolver esta técnica é preciso treino. Temos que ter consciência de que é

necessário exagerar um pouco quando se está interpretando. Não se deve ter medo

do ridículo.

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3.2.8. Uso do silêncio:

O silêncio fala, é uma forma de expressão.

O narrador deve utilizar pausas, pois elas dão uma sensação de suspense e,

conseqüentemente, valorizam o que se falará em seguida.

Paradas bem estudadas dão tempo para as crianças organizarem suas idéias.

3.2.9. Fazer imitações:

Este é um instrumento muito útil em se tratando de narração de histórias infantis.

O monstro fala grosso, grave, alto, pausadamente! O seu corpo é truculento, o que

se consegue mostrar com as pernas afastadas e "arredondadas", com o pescoço

esticado movimentando-se em conjunto com a cabeça. A princesinha tem uma voz

adocicada, seus gestos são comedidos, graciosos, harmoniosos, como em uma

postura de balé clássico. Já uma criança fala fininho, sua gesticulação é vívida,

agitada, e às vezes quem a representa dá até pulinhos.

3.2.10. Elementos externos:

Os narradores habilidosos poderão utilizar alguns (poucos) recursos, sem que isto

descaracterize uma simples narração. Quando falar de um gnomo pode-se usar o

seu chapéu típico, pode-se usar a "varinha de condão" de uma fada, uma bola de

cristal reveladora ou o espelho vermelho onde a Fera via a sua Bela.

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3.2.11. Timing:

Por "timing" entendemos a capacidade de adequar as diversas fases de uma

exposição às reações do público, ou seja, dar o "tempo certo" em uma narração.

As pessoas são diferentes e podem sentir as mesmas coisas de outras formas.

Por exemplo:

Para criar um clima de suspense, é necessário um determinado timing, pois as

pessoas precisam ficar ansiosas esperando pelo que virá. Primeiramente serão

criadas as emoções, que levarão às indagações, as diversas alternativas de

respostas gerarão a expectativa, cada pessoa poderá até formular suas próprias

preferências sobre o que acontecerá, e isto aumentará a excitação, o suspense.

A melhor maneira de ter o timing certo é observar atentamente a reação de nossos

ouvintes.

É penoso, porém necessário, acelerar a conclusão de uma história quando, embora

para o narrador tudo esteja correndo bem, como planejado, a platéia demonstrar

claramente que não está mais gostando. Penosa ou não, esta é a melhor coisa a se

fazer: buscar fôlego, caprichar na entonação, dramatizar com a maior ênfase

possível e ... encerrar! O fracasso foi evitado. A análise posterior demonstrará onde

está a falha e o fato de não ter fracassado permitirá outras tentativas que, com os

erros corrigidos, certamente tenderão ao sucesso.

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3.2.12. Recursos Auxiliares:

A narração de uma história poderá ter diversas técnicas como suporte, cada qual

constituindo-se em um novo desafio para os educadores no tocante a aperfeiçoar

seu conhecimento de aplicação. Alguns exemplos:

3.2.12.a Usar o próprio livro:

Se a história for baseada em um livro com boas e fartas ilustrações, este poderá ser

apresentado, apontando-se as figuras correspondentes ao momento da narrativa. O

livro poderá ser utilizado com ajuda de um recurso que o exponha melhor.

3.2.12.b Gravuras:

Fazer uma seqüência de quadros (cópias ampliadas do próprio livro ou fotografados,

sendo nesse caso projetados em slides), que serão expostos à medida que a

narração evolui.

3.2.12.c Figuras sobre o cenário:

0 cenário será um quadro básico, e as figuras (talvez cada personagem em algumas

posições diferentes) irão compondo as cenas conforme o seu desenrolar. As figuras

poderão ser presas com tachinhas, ou ser do tipo velcômetro (modernização do

flanelógrafo)

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3.2.12.d Fantoches:

São muito apreciados pelas crianças e podem ser usadas por mais de um narrador.

Outra vantagem é que se pode ter o roteiro escrito, o que facilitará a tarefa. Os

fantoches também podem ser usados de forma interativa com as crianças, elas

mesmas manuseando-os, ou mesmo fazendo os bonecos de cartolina com roupas

de papel crepom.

3.2.12.e Teatro de sombras:

Uma Iuz projeta figuras em uma superfície opaca. A sombra de bichinhos feita com

as mãos exerce grande fascínio sobre as crianças, e com figuras recortadas não é

diferente.

3.2.12.f Dobraduras:

Outra arte que pode representar tantas figuras quanto nossa imaginação possa

alcançar. Não é uma técnica acessível a todos, mas há os que fazem ... e o efeito é

surpreendente!

3.2.12.g Maquete:

Também alcança resultado. E é mais simples do que parece:

Uma floresta de papel crepom, uma casinha de papelão e pequenos bonecos de

feltro comandados por um contador habilidoso operarão maravilhas.

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3.2.12.h Bocões:

(Tipo ventríloquo): São bonecos grandes que ficam sentados no colo do narrador.

Pode ser só um (uma vovó, um duende, etc.), que contará a história. Ou tantos

personagens quantos houver na história. As crianças ficam encantadas com o efeito

e praticamente se esquecem do narrador, que pode se aproveitar deste efeito de

forma hábil.

3.2.12.i Marionetes:

São bonecos comandados por fios presos na cabeça, nas mãos e nos pés.

A cena desenrola-se no chão e os operadores ficam colocados atrás de um pequeno

cenário. As histórias com bastante movimento, engraçadas, são as mais adequadas

a esta técnica.

3.2.12.j Interação com a narração:

Poderá ser feita uma canção para ser usada em momentos chaves: no perigo ou

quando aparece determinado personagem.

3.2.12.k Dedoches:

São pequenos fantoches utilizados nos dedos. A vantagem é que tem um custo de

material muito baixo, o que permite ter uma grande variedade deles. Também

podem ser feitos e posteriormente apresentados pelas próprias crianças. A

desvantagem é que não podem ser usados para uma platéia muito grande (cinco ou

seis no máximo).

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Não há limite para a criatividade:

Inclusão de um objeto real que faz parte do enredo fantasioso da história: em

"Pandora", por exemplo, o suspense aumenta se no interior do círculo o narrador

colocar uma Caixa misteriosa.

Um personagem que toma vida no desfecho da história: todos ficarão excitados se o

cacique aparecer com seu resplandecente cocar. Ou, se ao final da história, a Emília

"em pessoa" surgir para ser entrevistada pelas crianças.

Pedir para que as crianças fechem os olhos e criar sensações de vento com um

ventilador, de odor com spray de ambiente, de chuva com borrifos de água.

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4. O lúdico como ponto nodal de uma contadora de história.

De acordo com as próprias palavras de nossa protagonista, em sua Dissertação:

[...]As atividades lúdicas escolhidas para compor o projeto a ser vivenciado

com as crianças são dos diferentes tipos estudados, de modo a dar um

panorama claro de como aplicar jogos, canções, trabalhos manuais e dramatizações em um ambiente de grande ludicidade e fantasia, capaz de

transmitir valores importantes para a formação das crianças como: a auto-descoberta, a auto-estima, a cooperação e a visão ideal do ser humano

calcada na inteligência, na coragem e no amor.DOHME, 2002, p.6.22

Nossa autora, que é o foco de todo este trabalho, realizou um estudo com algumas

atividades lúdicas que podem ser aplicadas com as crianças em idade no primeiro e

segundo ciclo do ensino fundamental. Para a base de seu trabalho, utilizou diversos

autores, dentre os mais conhecidos e de sua preferência: Johan Huizinga, Bruno

Bettelheim, Constance Kamii, Gilles Brougére, Tizuko Kishimoto, Jean Piaget e John

Dewey.

Além disso, ela também pesquisou e elaborou algumas considerações sobre o

aspecto educacional de cada categoria.

Este capítulo nada mais é do que uma análise a respeito destes conceitos e

estudos.

4.1. O jogo:

Segundo o Johan Huizinga:

Uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e

determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente

consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si

mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma

consciência de ser diferente da �vida quotidiana�.(2000 apud DOHME 2002)

22 DOHME, D�Angelo Vânia, Atividades lúdicas na educação � O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura)-Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2002.

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O jogo é uma atividade preferida de crianças e adolescentes. É uma das mais

antigas formas de reunir-se em grupo. Poderão perceber que, aonde virem uma

bola, lá verão mais de uma criança...

A estratégia do jogo é o objetivo, as regras e a forma de relacionamento entre os

participantes.

A surpresa e o desafio são os elementos básicos para despertar nas crianças e

adolescentes a paixão pelo jogo.

Na surpresa vem o elemento da novidade, da expectativa, com o desafio para testar

o sonho de conquista de reconhecimento de testar suas habilidades e obter a

supremacia.

[...]Um elemento que se pode adicionar à estratégia é o humor e a fantasia,

as crianças adoram, divertem-se com o inusitado, o faz-de-contas, a ousadia de enfrentar algumas posturas que os adultos julgam importante. Tudo isso os fará adentrar em um mundo que é só deles, um mundo que

reúne a camaradagem do objetivo comum, um mundo onde todos querem

ficar.DOHME, 2002, p.17.23

Em todo jogo, que não o individual, a relação entre os participantes poderá ser de

competição ou de cooperação. Estas ações e relações passam a ser conseqüência

das visões das pessoas como:

existem dois estilos básicos de jogo

Jogar com o outro � cooperação

Jogar contra o outro � competição

Dependendo do jogo, podemos aumentar ou diminuir a distância entre cada

jogador, entre �Eu� e �Ele�. (Brotto, 1997, apud DOHME 2002).

23 DOHME, D�Angelo Vânia, Atividades lúdicas na educação � O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura)-Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2002.

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No mesmo livro deste autor, ele relata:

Ora, se a natureza do homem não é competição � e sim, a cooperação � porque, mesmo assim, temos perpetuado em nossas sociedades a ilusão

de que: O IMPORTANTE É COMPETIR! (Brotto, 1997, apud DOHME 2002).

E recomenda ao final:

Participando destes jogos (cooperativos) tocamos uns aos outros pelo coração. Desfazemos a ilusão de sermos separados e isolados. E

percebemos o quanto é bom e importante ser a gente mesmo e respeitar a

singularidade do outro. (Brotto, 1997, apud DOHME 2002).

No livro de Piaget, trabalhado pela nossa protagonista, �O julgamento moral da

criança�, ele destaca:

Os jogos infantis constituem admiráveis instituições sociais. 0 jogo de bolinhas entre os meninos comporta, por exemplo, um sistema muito complexo de regras, isto é, todo um código e toda uma jurisprudência.

(1994, apud DOHME 2002). 4.1.1. O aspecto educacional do Jogo

Os jogos são importantes instrumentos de desenvolvimento de crianças e jovens.

Não são utilizados apenas como fonte de diversão, mesmo sendo importante, estes

propiciam situações que devem ser exploradas de diversas maneiras educativas.

Como, pois, conciliar essa necessidade de jogar que é irresistível na criança

com a educação que se deve dar? Muito simplesmente fazendo do jogo o

meio de educar a criança. O jogo é um fim em si mesmo para a criança;

para nós, deve ser um meio. Daí este nome de "jogos educativos", que tende a ocupar cada vez mais espaço em nossa Iinguagem de pedagogia

maternal. Não se trata, portanto, de deixar a criança livre de sua atividade,

abandonada a si mesma: �A criança deve jogar, mas todas as vezes que

você Ihe dá uma ocupação que têm a aparência de um jogo, você satisfaz

essa necessidade e, ao mesmo tempo, cumpre seu papel educativo".(BROUGERE, 1998, apud DOHME 2002)

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Para a criança então, o jogo se constitui em um fim, ela participa por prazer. Para

que os adultos o utilizem com o objetivo educacional, são vistos como um meio para

levar a criança a uma mensagem educacional. Então, cabe ao educador escolher

qual o jogo adequado, veículo adequado, para transmitir a mensagem educacional

desejada.

No Brasil, temos Nicanor Miranda, o precursor desta forma de pensar. Ele expressa

este sentido em seu livro 210 jogos infantis. Livro considerado uma fonte de

informações a todos os educadores que de alguma forma desejem trabalhar com

recreação em seus currículos.

O jogo organizado constitui o melhor método para incutir princípios, normas

e estabelecer padrões normais. A formação do caráter não decorre do jogo

"em si", mas resulta, surge "por meio" ou "através" do jogo. (MIRANDA,

1990, apud DOHME 2002) 4.2. Histórias:

Como nossa protagonista menciona em seu trabalho de Dissertação: �As histórias

encantam as crianças e podem por si só entretê-las por muitas horas. São também

usadas combinadas com outro tipo de atividades: Para dar introdução em um jogo

que usará um enredo especial, para sustentar uma dramatização.�

Urna definição de história infantil pode ser tirada do livro "A Arte de Ler e

Contar histórias" de Malba Tahan que se distinguiu por sua criatividade na

composição de contos estilo "mil e uma noites" e publicou este livro em

1957. É um dos livros mais completos sobre o assunto e serviu de

orientação tanto a educadores como a artistas que se dedicaram à arte de

contar histórias para crianças.(DOHME, 2002, p.25)24

[...] as histórias constituem objeto de acurados estudos, observações e pesquisas, cujo fim essencial consiste em tirar todo o partido possível de tão

atraente atividade pedagógica, separando-se o joio do trigo, aprimorando-se

24 DOHME, D�Angelo Vânia, Atividades lúdicas na educação � O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura)-Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2002.

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o que for bom, e suprimindo-se as toxinas que a ignorância ou a malícia

humana hajam ali enxertado. (TAHAN, 1957, apud DOHME 2002)

De acordo com o autor, a história não se limita a um relato; não é uma criação sem

conseqüências, é fruto de um conjunto de saberes que permitem que ela seja bem

aceita, se perpetue e seja utilizada como um veículo de comunicação entre a

criança e o adulto.

De acordo com a primeira página deste trabalho, onde explicamos o porquê da

utilização da grafia com a letra h, para as palavras história e história, voltamos a

frisar:

A palavra "história" deriva do grego "historía" através do latim "historia". Na evolução do português, a forma registrada da palavra era "estoria" no século XIII, depois "hystoria" no século XIV, passando a "história" no século

XV. Embora a palavra "história" seja encontrada em textos em português antigo, não tem nada a ver com uma diferenciação entre história e história,

pois na época (século XIII) essa era a única grafia da palavra (não se usava

"história"). O termo "história" foi introduzido no século XX, artificialmente, por analogia

à língua inglesa (story) e alegando-se a necessidade de diferenciar de história ("history") . A primeira vez que a palavra história (sem h e com e) apareceu foi através

de Gustavo Barroso, orador em uma celebração na Academia Brasileira de

Letras sobre o centenário na morte de Walter Scott intitulado "0 último

menestrel". Posteriormente, a grafia apareceu em um prefácio de urna

coletânea de "Os melhores contos históricos de Portugal". Estes dois fatos

incentivaram Gustavo Barroso a, em um artigo publicado no Jornal do Comércio no Rio de Janeiro em 5 de agosto de 1956, propor a sua

utilização:25

Através de minhas citações, de onde saiu a distinção que, como invenção

nova e estalo genial, em nosso folclore se pretende estabelecer entre

história com h e com e.( BARROSO in TAHAN, 1957, apud DOHME 2002)

Porém, o maior incentivo ao uso das duas palavras veio através do

respeitável Câmara Cascudo no seu Dicionário do folclore Brasileiro: Lembro a necessidade de ser empregada HISTÓRIA para as narrativas, os

contos tradicionais, ficando HISTÓRIA para o sentido oficial do vocábulo.

Os ingleses dizem STORY e HISTORY. Parece haver necessidade em

distinguir HISTÓRIA DO BRASIL, com seu longo roteiro de fatos, da

HISTÓRIA DA CAROCHINHA, com seu amontoado de lendas. (CASCUDO

25 DOHME, D�Angelo Vânia, Atividades lúdicas na educação � O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura)-Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2002.

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in TAHAN, 1957, apud DOHME 2002)

Embora outros autores respeitados tenham feito o mesmo uso, como Guimarães Rosa que chamou seus livros de Primeiras Histórias e Terceiras Histórias, a diferenciação não é gramaticalmente justificável e o próprio

dicionário Aurélio, que registra a palavra, desaconselha seu uso. Assim sendo neste trabalho a palavra empregada será história

indistintamente, porém, para manter fidelidade aos originais, nas citações

será respeitada a grafia utilizada por cada um de seus autores. 26

Uma classificação para as histórias infantis poderia ser feita quanto ao seu teor,

mais especificamente quanto às características sobre as quais a trama se de-

senrola.(DOHME, 2002, p.27)

4.2.1. Histórias de fadas

A palavra fada de imediato nos transporta para algo mágico, sua origem é grega e

indicava na sua forma primitiva o que tinha fulgor, que brilhava. Fatum, no latim,

provém da mesma raiz grega e quer dizer brilho e claridade. A palavra fábula tem a

mesma origem.(DOHME, 2002, p.27).

A fada era um ser fantástico, representado sob a forma de uma mulher, e à

qual se atribuía poder mágico e o dom de adivinhar o futuro. Dentro do

Folclore, as fadas se apresentam sob uma infinidade de figuras e revelam

possuir os mais desencontrados atributos. Esta tem sob a sua proteção os

fracos e os inocentes; outra, freqüenta o palácio do Rei e zela pela vida das

Princesas; uma terceira dispõe de objetos mágicos (varas, anéis, flores,

etc.) com virtudes sobrenaturais. Ao lado de fadas boas e protetoras

surgem,às

vezes, fadas maléficas, perigosas, cujos vaticínios são temidos. (TAHAN,

1957, apud DOHME 2002)

Os contos de fadas são chamados por alguns de contos maravilhosos, uma vez

que estes entendem que os personagens não são somente fadas:27

26 DOHME, D�Angelo Vânia, Atividades lúdicas na educação � O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura)-Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2002. 27 (DOHME, 2002, p.27).

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Contos maravilhosos muitas vezes chamados impropriamente contos de

fadas, visto que esses personagens intervêm em muito poucos contos. Os

personagens sobrenaturais podem muito bem ser feiticeiros, bruxos,

duendes, ogros, etc. Na verdade, essa categoria é bastante reduzida no

repertório geral. (GILLlG, 1999, apud DOHME 2002)

O narrador elabora e faz um discurso que se trata de uma ficção, se utiliza aqui da

fantasia, dons sobrenaturais, podendo existir ou não pessoas comuns,

enfeitiçados ou não, mas em sua maioria os fatos são justificados pela magia.

Além das fadas, encontramos magos, duendes, príncipes, bruxas, reis, animais

com dons como a fala, mas em quantidade não tão significativa.

Na fala de Vânia: �O maniqueísmo

28 é uma constante nos contos de fadas e as

pessoas ou são boas ou más, de uma forma simples e pura, isto permite que as

crianças compreendam melhor a história, cada personagem tem um comportamento

esperado e lógico.� 29

É assim também que o conto de fadas retrata o mundo: as figuras são a

ferocidade encamada ou a benevolência altruísta. Um animal ou é

totalmente devorador ou totalmente prestativo. Cada figura é

essencialmente unidimensional, capacitando a criança a entender suas

ações e reações facilmente. (BETTELHE/N, 1980, apud DOHME 2002)

A frase inicial dos contos o "Era uma vez ... " tem uma razão de ser, dá

independência de tempo e espaço, dispensando a necessidade de algumas

justificativas, explicações.

28 O maniqueísmo é uma forma de pensar simplista em que o mundo é visto como que dividido em

dois: o do Bem e o do Mal. A simplificação é uma forma primária do pensamento que reduz os

fenômenos humanos a uma relação de causa e efeito, certo e errado, isso ou aquilo, é ou não é.

http://www.espacoacademico.com.br/007/07ray.htm 17/12/2008 29 (DOHME, 2002, p.28).

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4.2.2. Mitos

Os Mitos podem ser classificados como histórias onde os personagens têm poderes

divinos e podem realizar coisas além do humano como voar em carruagens, viver no

Olimpo. Nestas narrações os fatos comuns entre os humanos acontecem sem

maiores explicações, como nascimentos, homicídios, casamentos etc. e as

mensagens, em sua grande maioria, encontram-se dissolvidas ou embutidas,

provavelmente em virtude das transmissões orais, de pai para filho e assim por

diante.

De acordo com BETTELHEIN, 1980, apud DOHME 200230:

Colocado de forma simples, o sentimento dominante que um mito transmite

é: isto é absolutamente singular, não poderia acontecer com nenhuma outra

pessoa, ou em qualquer outro quadro; os acontecimentos são grandiosos,

inspiram admiração e não poderiam possivelmente acontecer a um mortal

comum como você ou eu. A razão não é tanto que os eventos sejam miraculosos, mas porque são descritos assim. Em contraste, embora as

situações nos contos de fadas sejam com freqüência inusitadas e

improváveis, são apresentadas como comuns, algo que poderia acontecer a

você ou a mim ou a pessoa do lado quando estivesse caminhando na

floresta. Mesmo os mais notáveis encontros são relatados de maneira

casual e cotidiana.

Uma diferença ainda mais significante entre estas duas espécies de

histórias e o final, que nos mitos a quase sempre trágico, enquanto sempre

feliz com os contos.

O mito é pessimista, enquanto a história de fadas é otimista, mesmo que

alguns traços sejam terrivelmente sérios. É esta diferença decisiva que

separa o conto de fadas de outras histórias nas quais igualmente ocorrem

coisas fantásticas, que o resultado seja feliz devido às virtudes do herói, a

sorte, ou a interferência de figuras sobrenaturais.

30 DOHME, D�Angelo Vânia, Atividades lúdicas na educação � O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura)-Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2002.

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Histórias extraídas da mitologia grega mais conhecidas em nossos dias são: A caixa

de Pandora, O rei Midas, Os doze trabalhos de Hércules, Teseu e o Minotauro,

Orfeu e Euridece, Pigmaleão e a Deusa de marfim.

4.2.3. Histórias de aventuras

São as histórias que estão muito próximas da realidade, onde os personagens não

são dotados de poderes mágicos, porém vêm carregados de habilidades e

qualidades que lhes dão destaque e estão diretamente associados à constituição de

caráter, código de ética etc. Exemplos destas histórias são:

"Robson Crusoé", de Daniel Defoe, "Guilherme Tell", de Robin Hood.

Para quem conta a história, muitas vezes é difícil extinguir o sobrenatural, fazendo

assim com que ela, mesmo aproximando-se do real, venha com uma gama de

elementos fantásticos como: �As viagens de Guliver" de Swift, "Dois anos de Férias"

de Julio Verne e histórias dos Cavaleiros da Távola Redonda.

4.2.4. Lendas

Estas são histórias que relatam fatos reais, que normalmente estão alterados e

ampliados pela imaginação de quem conta. O querer enaltecer os heróis e cativar a

atenção para as histórias, automaticamente produz dons sobrenaturais aos

personagens e aos fatos, o que também pode transformar a história em algo

fantasioso, incutindo a dúvida se realmente aconteceu ou existiu, como o caso de

"Simbá, o Marujo", que traz o encantamento e o mistério das mil e uma noites.

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[...]A ligação com o passado é uma marca forte no folclore e suas lendas.

Este recontar sucessivo do passado, de pai para filho, dentro de uma cultura sugere o folclore com uma subdivisão geográfica, assim falamos das

lendas brasileiras, lendas indígenas, onde destacamos: 0 negrinho do Pastoreio, A lenda da lara, Chico Rei, Cobra Norato.(DOHME, 2002, p.31)31

4.2.5. Fábulas

Este tipo de histórias não utilizam o sobrenatural ou dons mágicos.

Evidenciam os comportamentos humanos sem a carga de pressões sociais ou

preconceitos. No decorrer dos acontecimentos, de forma natural, sobressaem e

vencem a justiça e a verdade.

�Narram histórias de animais que falam e têm características humanas, acentuada-

mente as virtudes e os defeitos. Os fatos que se desenrolam buscam identidades

com relacionamento social e suas conclusões geralmente são uma mensagem de

ordem moral.�(DOHME, 2002, p. 32)32

Este tipo de histórias são bem utilizadas pelos educadores, como modelos de

condutas morais e éticas, o que não quer dizer com isso que agradem às crianças.

Geralmente, em virtude desta observação final, são histórias um tanto secas,

diretas, sem grande riqueza de detalhes ou que envolvam certa graça. Assim,

muitas delas necessitam de adaptações onde demonstre os personagens com

31 DOHME, D�Angelo Vânia, Atividades lúdicas na educação � O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura)-Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2002. 32 DOHME, D�Angelo Vânia, Atividades lúdicas na educação � O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura)-Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2002.

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alguma qualidade, potencializando assim a emoção e prepare o ouvinte para o ponto

culminante do desfecho.

�[...]Atribui-se a Esopo a criação de histórias curtas com caráter alegórico e

moral usando animais com vícios e virtudes humanos. Porém a figura deste

escravo grego, que teria vivido no século VI A.C., é lendária, sendo difícil

comprovar a sua existência por falta de dados biográficos

consistentes.�(DOHME, 2002, p.33)

A história atribui a Fedro, provavelmente também uma figura lendária, que

teria sido um escravo alforriado na Trácia no século I d. C., o fato de

recontar as fábulas de Esopo em forma de poesia, através delas satirizava

sua revolta contra as injustiças e o crime.�(DOHME, 2002, p.33)33

Leonardo da Vinci (1452/1519) imortal pela sua pintura e considerado um "gênio

universal" em virtude se seu vasto conhecimento em diversas áreas também tinha o

hábito de dar mensagem com a finalidade moral através de fábulas, de acordo com

os escritos de nossa protagonista, estas fábulas se relacionavam com Ésopo e

Fedro e os bestiários medievais, porém, como fazia questão de enfatizar, eram de

sua criação.

Quem introduziu as fábulas no Brasil foi Monteiro Lobato, que nos anos 30 recontou

as fábulas de La Fontaine no livro "Fábulas". O livro reúne cerca de 75 fábulas por

Dona Benta no Sítio do Pica-pau Amarelo.

�E também Lobato que ousa rever alguns conceitos contidos nas fábulas,

um exemplo está na famosa fábula "A cigarra e a formiga" , a história apare-

ce em duas versões "A formiga má", em que, como nas fábulas de Ésopo e

La Fontaine, a formiga bate a porta na cara da cigarra; e "A formiga boa",

em que a formiga acolhe a cigarra, reconhecendo que seu canto alegrou-Ihe

o trabalho durante todo o verão. Em um exemplo que valoriza a

solidariedade dos tempos modernos em detrimento da intransigência quanto

ao não cumprimento do dever do trabalho árduo.�(DOHME, 2002, p.34)34

33 DOHME, D�Angelo Vânia, Atividades lúdicas na educação � O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura)-Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2002. 34 DOHME, D�Angelo Vânia, Atividades lúdicas na educação � O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura)-Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2002.

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4.2.6. Histórias reais

�As crianças gostam de histórias reais, porém deve-se tomar extremo cuidado para

que as mesmas estejam de acordo com o desenvolvimento intelectual e emocional

das crianças, sob pena de elas não entenderem e não aproveitarem. Vejamos o que

ensina Bettelhein:�35

Histórias estritamente realistas correm contra as experiências internas da

criança; ela as escutará e talvez extraia alguma coisa dela, mas não pode

extrair muito significado pessoal que transcenda ao conteúdo óbvio.

(BETTELHE/N, 1980, apud DOHME 2002)

Este tipo de história também pode ser contada para as crianças menores. Elas as

entendem e podem interessar-se a partir do momento em que relatem fatos

semelhantes ao seu dia-a-dia, do contato com os amiguinhos, de aventuras

possíveis de serem realizadas por elas.

Podemos também chamar de reais as histórias que discorrem sobre fatos que não

necessariamente aconteceram, mas que são viáveis de acontecer para qualquer um.

[...]Existem diversos contos para pré-adolescentes que falam sobre relações

familiares, na escola, de primeiros amores; para os menores podemos citar as histórias da Mônica e sua turma, de Maurício de Souza. Estes fatos do cotidiano podem se combinar com a fantasia e assumir dimensões surpreendentes e muito interessantes. Neste estilo é

inquestionável a supremacia de Monteiro Lobato. A turma do sítio convive

tanto com a realidade que discute sobre causas sociais, políticas, fatos

históricos e das ciências naturais, como conversa com bonecos, peixes e

35 DOHME, D�Angelo Vânia, Atividades lúdicas na educação � O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura)-Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2002.

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sabugos falantes, em um ambiente de fantasia tipicamente animista, maniqueísta, com a racionalidade cedendo espaço à farta

criatividade.(DOHME, 2002, p. 35)

4.2.7. O aspecto educacional das histórias

Em seu trabalho, nossa protagonista menciona que há uma afirmação de que ouvir

histórias ajuda a desenvolver a criatividade, isto porque ouvir histórias pressupõe-se

uma atitude passiva, sem oportunidade de contribuir com o que está se contando.

Assim, propondo que esta frase tenha maior reflexão porque esta atitude passiva

seria meramente aparente. �Enquanto o corpo se prosta perante o êxtase e o

turbilhão de sensações que as histórias provocam a mente navega pelos mares da

fantasia.�

[...]As histórias transportam o ouvinte para outro mundo, o mundo da

fantasia e a sua narrativa cuidadosa permite que ela sinta novas e diferentes emoções. Isto amplia a sua visão, que sai da limitação do que

pode perceber ao seu redor no dia-a-dia, para ter contato com outras emoções e sensações que a fantasia desperta.(DOHME, 2002, p.104) A fantasia rica e variada é fornecida à criança pelas histórias de fadas, que

ajudam a impedir que a sua imaginação fique atada aos limites reduzidos de

alguns devaneios ansiosos ou de realizações de desejos, circulando ao

redor de algumas preocupações Iimitadas. BETTELHEIM, 1998, apud

DOHME 2002)

4.2.7.a As histórias e a criatividade De acordo com nossa protagonista em seu trabalho:

[...]Quando falamos em ensinar alguém a ser criativo, nesta estruturação de

um processo que, por sua essência, é natural, existe o perigo de se

estruturar demais e torná-Io enfadonho, muito próximo do real. E uma forma

para que isto não aconteça é aceitar os domínios da fantasia, pois ela é um

dos melhores veículos para o desenvolvimento da criatividade. A fantasia está na liberdade da imaginação, em deixá-Ia flutuar por sua livre vontade sem a colocação de freios, sem direção. E acreditar que o bem e o belo podem se manifestar de diversas formas e que têm significações

próprias para cada um.(DOHME, 2002, p. 105)

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As historias são muito melhor aproveitadas por aqueles que têm, ou se

deixam levar pela fantasia, pois entre um e outro existe um elo de ligação

muito forte. O exercício da fantasia e da imaginação leva a elaboração do pensamento.

A trama da história encerra exemplos de conclusões de possibilidades,

caminhos que podem ser seguidos. O convívio com a fantasia proporcionado pelas atividades lúdicas leva a

criança a construir uma cultura própria, que vem a ser o produto de como

interpreta as propostas culturais fornecidas pela sociedade de adultos.

4.2.7.b As histórias e a formação do senso crítico

�As histórias preparam a estrada para um pensamento coerente, preparam para

pensar, e pensar é um ato que envolve o senso crítico. Assim, elas são grandes

auxiliares na formação do senso crítico.�(DOHME, 2002, p.106)

Nem todas as pessoas têm opinião própria sobre determinados assuntos. Isto não é

assim tão natural, mas é algo que pode ser desenvolvido, através de exposições a

situações as quais as convidem a refletir.

Para que esta situação ocorra com as crianças, elas precisam ser de fácil

compreensão, ter significado em seus mundos e que lhe atraiam a atenção. É neste

momento que as histórias são instrumentos de grande utilidade.

Para que Ihe (a criança) serve a fábula? Para construir estruturas mentais,

para estabelecer relações como "eu, os outros", "eu, as coisas", "as coisas

verdadeiras e as coisas inventadas". (RODARI, 1982, apud DOHME 2002) [...]o momento em que uma história está sendo narrada cada criança

acompanha fazendo pequenos julgamentos, acentuadamente devido ao caráter maniqueísta da maioria delas, especialmente as histórias de fadas.

Por que será que esta madrasta é tão má? Será que o pequeno e frágil

duende não se perderá na selva? E também toma partido o que,

freqüentemente, se manifesta pela torcida que faz por determinados

personagens.(DOHME, 2002, p.107) A criança necessita muito particularmente que Ihe sejam dadas sugestões

em forma simbólica sobre a forma como ela pode lidar com estas questões

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e crescer a salvo para a maturidade. O conto de fadas, em contraste,

confronta a criança honestamente com os predicamentos humanos básicos.

É característico dos contos de fadas colocar um dilema existencial de forma

breve e categórica. Isto permite à criança aprender o problema em sua

forma mais essencial, onde uma trama mais complexa confundiria o assunto

para ela. O conto de fadas simplifica todas as situações. Suas figuras são

esboçadas claramente e, detalhes, a menos que muito importantes, são

eliminados. Todos os personagens são mais típicos do que únicos.

Ao contrário do que acontece em muitas histórias infantis modernas, nos

contos de fadas o mal é tão onipresente quanta a virtude. Em praticamente

todo conto de fadas o bem e o mal recebem corpo na forma de algumas

figuras e de suas ações, já que bem e mal são onipresentes na vida e as

propensões para ambos estão presentes em todo homem. E esta dualidade

que coloca o problema moral e requisita a luta para resolvê-Io.

(BETTELHEIN, 1998, apud DOHME 2002)

4.2.7.c Os contos de fada e a estabilidade emocional das crianças

De acordo com Vânia:

Quando lemos um conto de fadas somos atingidos por uma áurea de

fantasia que nos transporta para um mundo de imaginação, envolto em uma

névoa que embora indescritível é suficiente para justificar um ambiente

onde tudo é possível, não necessitando de muita explicação. Porém, quando tentamos analisar o seu conteúdo de forma racional, pouca

coisa encontramos que seja aproveitável na construção de uma mensagem

educacional. Pelo contrário, nos contos de fadas encontramos

freqüentemente situações de preconceitos, discriminatórias, violentas

também, pouco aproveitáveis para as condições específicas da vida

moderna, uma vez que foram inventadas em tempos bem anteriores às

tecnologias, à superpopulação e seus efeitos. Obstante isto, os contos de fada exercem o maior fascínio nas crianças do

que as fábulas, as lendas e as histórias reais. A verdade os contos de fadas

são os preferidos especialmente pelas crianças pequenas, em uma faixa

etária de até sete ou oito anos. Por que?

Para que uma história realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-

Ia e despertar a sua curiosidade. Mas para enriquecer a sua vida, deve

estimular-Ihe a imaginação; ajudá-Ia a desenvolver seu intelecto e a tornar

claras suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e suas

aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo,

sugerir soluções para os problemas que a perturbam. Resumindo, deve de

uma só vez relacionar-se com todos os aspectos de sua personalidade.

Sob estes aspectos e vários outros, no conjunto da �literatura infantil� � com

raras exceções � nada é tão enriquecedor e satisfatório para a criança,

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como para o adulto, do que os contos de fadas folclórico. Na verdade, em

nível manifesto, os contos de fadas ensinam pouco sobre as condições

específicas da vida na moderna sociedade de massa; estes contos foram

inventados muito antes que ela existisse. Mas através deles pode-se

aprender mais sobre os problemas interiores dos seres humanos e sobre

soluções correlatas para seus predicamentos em qualquer sociedade, do

que com qualquer outro tipo de história dentro da compreensão infantil.(

BETTELHE/M, 1998, apud DOHME 2002)

Conforme Vânia explica: o que Betelheim, no Iivro A Psicanálise dos Contos de fada

decanta e como as situações presentes nos contos de fada podem ser identificadas

com as sensações, os temores que as crianças enfrentam e as situações novas que

se apresentam e que ela ainda não sabe lidar.36

4.3. Dramatização:

A dramatização pode despertar grande interesse. Por quem a produz e por quem

assiste. Existe todo o conjunto artístico, sua beleza, exercita a sociabilidade e é um

grande agente de formação cultural.

[...]Na ludoeducação o teatro pode ser visto como um meio através do qual

passamos uma mensagem: as crianças assistem a uma peça de teatro, seja ele profissional ou amador, escolhido pelos educadores pela qualidade do enredo ou mesmo produzido por pais e professores especialmente visando determinado foco educacional. Mas, pode também ser vista como uma

técnica utilizada para as crianças produzirem teatro.(DOHME, 2002, p.47)

4.3.1. Critérios necessários para um teatro infantil de qualidade

Conforme Vânia nos esclarece em seu trabalho:

Não existem muitos trabalhos, principalmente brasileiros que versam sobre

o teatro para crianças, principalmente levando em conta o seu aspecto educacional, Julio Gouveia foi um pioneiro nesta idéia o que manifestou no

ensaio apresentado no Primeiro Congresso Brasileiro de Teatro, cujo titulo

36 (DOHME, 2002, p.109).

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é: O teatro para crianças e adolescentes - bases pedagógicas, técnicas e

estéticas para a sua realização.37

No livro mencionado é clara a posição do autor em que o teatro infantil justifica-se

pela sua função pedagógica, assim, todo o trabalho realizado neste sentido deve

privilegiar esta condição.

Então fica claro que, enquanto teatro para adultos deve ser encarado pelo

aspecto intelectual, o teatro para crianças e adolescentes só pode ser

considerado como educativo - o que nos obriga imediatamente a colocá-Io no

âmbito da pedagogia (aplicada). (GOUVEIA in BELINK, apud DOHME 2002)

Entende-se então que, para que uma apresentação teatral atenda a esta utilidade,

precisa responder a alguns itens:

[...]apresentar um conflito perfeitamente delineado, com personagens bem

caracterizados e uma situação absolutamente clara, para que o jovem

espectador, através da identificação com um dos personagens (ou com uma

situação) sofre uma experiência, uma vivência pessoal e verdadeira, com a

correspondente participação emocional. ( GOUVEIA in BELINK, 1965, apud

DOHME 2002)

Aplica-se o que foi discorrido anteriormente para as histórias infantis, pois a

criança irá identificar-se com o que está vendo (ou representando ) e isto

operará vivências que produzirão reflexões a estas conclusões. Desta forma

há necessidade de se trabalhar com conceitos simples e definidos que possam ser entendidos e trabalhados pela criança.

38

Outro item: [...]é que o gosto, o interesse e a preferência desse público não podem ser

avaliados e julgados diretamente pelos adultos, pois o mundo da criança é

para o adulto um mundo diferente, estranho e fechado. (GOUVEIA in

BELlNK, 1965, apud DOHME, 2002)

Ao final: O desenvolvimento mental, emocional e intelectual é tão diferente nas

diversas idades, que apresentar uma peça a um público heterogêneo,

formado por crianças de 4 ou 5 anos, ao lado de crianças com 10, 11 ou 12,

37 (DOHME, 2002, p.48). 38 (DOHME, 2002, p.48).

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é simplesmente absurdo, e tão obviamente errado que dispensa

comentários". (GOUVEIA in BELlNK, 1965, apud DOHME 2002)

4.3.2. O aspecto educacional das dramatizações

O teatro já possuía valor didático na Grécia Antiga, pois todo Grego tinha em sua

educação o teatro.

Durante séculos esta arte não diminuiu sua força e influência, acredita-se que

principalmente em função de exigir, de quem trabalhe com ela, diversas habilidades.

[...]Trabalhando a dramatização com objetivos educacionais o que importa

mais são os aspectos sociais e psicológicos da criança que se processam

no decorrer do trabalho. O resultado final não é o mais importante, servirá

mais para compor a auto-estima do grupo e como um instrumento de avaliação.

39 O ato de dramatizar está potencialmente contido em cada um, como uma

necessidade de compreender e representar uma realidade. Ao observar

uma criança em suas primeiras manifestações dramatizadas, o jogo

simbólico, percebe-se a procura na organização de seu conhecimento do

mundo de forma integradora. (BRASIL, 2000, p.83., apud DOHME 2002)

No livro A formação do símbolo na criança, Jean Piaget aborda a

importância da imitação, da representação e do jogo de regras no

desenvolvimento cognitivo das crianças. Esta teoria se baseia em processos contínuos de assimilação e

acomodações sensório-motoras que se processam na criança por meio do

uso da função simbólica. 0 primeiro estágio é o da imitação, onde a criança

limita-se a repetir as ações feitas pelos adultos. No próximo estágio é que a

criança irá representar uma determinada situação imaginária, que se utiliza

objetos ausentes em um esquema simbólico.40

[...]o símbolo repousa numa simples semelhança entre o objeto presente,

que desempenha o papel de "significante", e o objeto ausente por ele

"significado" simbolicamente, e é nisso que podemos dizer que existe a

representação: uma situação não dada é evocada mentalmente e não

apenas antecipada praticamente como um todo, em função de uma das

partes.) PIA GET, 1978, apud DOHME, 2002)

E de acordo com a observação de Vânia em seu trabalho:

39 (DOHME, 2002, p.112). 40 (DOHME, 2002, p.112).

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Um dos mais importantes fatores do uso da dramatização é a desinibição e

a construção da auto-estima. 0 convite que a ludicidade de uma dramatização encerra terá muita chance de vencer uma timidez inicial, o

exercício de apresentações constantes, no seio do pequeno grupo de sua

classe, irá contribuir com uma estabilidade capaz de enfrentar "públicos

maiores" em oportunidades futuras, que certamente acontecerão em sua

vida profissional e social.41

4.4. Músicas, danças e canções: Aqui, a música é abordada como meio de expressão, como um elemento propiciador

de momentos lúdicos e sob este foco proporciona o desenvolvimento individual e de

convívio com o grupo.

[...]O canto e a dança são ações inerentes ao homem, é comum vê-Ios nestas manifestações, tanto em culturas desenvolvidas como em ritos

primitivos. As crianças inserem-se nisto de forma privilegiada, pois o canto é

alegre, expressivo e estes atributos são suficientes para atraí-Ias, na verdade trabalhar com as crianças com uma canção ou uma dança

extrapola ao conteúdo de uma aula, reunião ou encontro, pois a atividade

tem um fim em si mesma. Esta é uma característica. entre outras, que leva a entender a música dentro

do conceito de jogos, segundo Huizinga: "A música nunca chega a sair da

esfera lúdica"(HUIZINGA, 2000, p.178 apud DOHME 2002) isto porque, para este autor, atende aos parâmetros que estabelece para os jogos: tem

limites definidos (suas próprias regras, peculiaridades), é livre, ou seja, é

uma atividade que as pessoas se entregam de boa vontade, desenvolve-se dentro de um limite definido de tempo e de espaço, e tem uma fim em si

mesma.42

É a brincadeira mais completa do ponto de vista pedagógico, onde a criança

desenvolve-se integralmente ao ritmo de danças ingênuas, pois o canto e a

música são as formas mais expressivas da manifestação da alma infantil.

(PAIVA 1974, apud DOHME, 2002)

Cantar de mãos dadas com os companheiros. movimentando-se ao som da

música, dá muito prazer à criança, talvez pelo sentido de união. A roda é o

princípio do grupo. (NICOLAU, 1987, apud DOHME, 2002)

41 (DOHME, 2002, p.114). 42 (DOHME, 2002, p.56).

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4.4.1. O aspecto educacional da música

O objetivo específico da educação musical é musicalizar, ou seja, tornar o

indivíduo sensível e receptivo ao fenômeno sonoro, promovendo nele, ao

mesmo tempo, respostas de índole musical. ( GAINZA, 1998, apud DOHME,

2002)

Educar-se na música e crescer plenamente e com alegria. Desenvolver sem

dar alegria não é suficiente. Dar alegria sem desenvolver, tampouco é

educar. (GAINZA, 1988, apud DOHME, 2002)

De acordo com Vânia:

[...]O trabalho com música desenvolve a concentração, e o que é melhor,

não aquela vinda da disciplina, de uma obrigação de "fora para dentro" mas, ao contrário: de "dentro para fora", pois a criança deseja se sair bem, tem

interesse em apresentar o resultado, está motivada por algo que gosta.

Para que isto seja verdadeiro é necessário que o tipo de canção ou dança

usada seja adequado à faixa etária da criança, tenha uma letra e melodia

simples, engraçada, com certa novidade. A motivação em fazer algo aliado a um resultado conclusivo satisfatório

fecha um círculo que contribui com a auto-estima. Apresentar um desafio a um grupo de crianças para montar uma bandinha, apresentar um coral ou

uma dança folclórica, com a devida orientação fará mais do que

desenvolver as habilidades nestas práticas fará com que cada um se sinta

capaz de, com orientação e dedicação, apresentar algo acabado, que possa ser apresentada para outras pessoas e apreciado. Esta autoconfiança será

importante para enfrentar outros desafios, inclusive em outras áreas. A música trabalha com o interior humano, suscitando emoções, exercitando

o pensamento que dá asas à imaginação e o convite à fantasia.

5. Considerações finais

Considerando o material exposto, cada capítulo encerra suas idéias neles próprios,

não tecendo uma conclusão única que os una.

Na fala de nossa protagonista e na pesquisa em base nos seus trabalhos, pudemos

constatar como as histórias tanto são atrativas como são de grande utilidade para o

desenvolvimento tanto racional, intelectual como emocional da criança.

Através delas o educador poderá dispor de diversos recursos, conforme o

demonstrado ao longo deste trabalho.

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Assim, é de suma importância que os contadores de histórias também sejam

educadores e não somente artistas. E de extrema responsabilidade que o educador

realize um estudo apurado de quais valores são necessários transmitir, em

determinado momento, em determinada etapa de um trabalho, e como realizará esta

atividade, já que o universo de cada faixa etária é bem diferente de outra.

Uma história pode então, cativar a atenção que se espera por parte da criança,

propiciar o despertar de seu imaginário, fazer com que ela se identifique, a partir do

momento que são trabalhadas situações de seu dia-a-dia, de seu universo, de suas

fantasias, propiciar a formação de conceitos capazes de nortear o desenvolvimento

de valores éticos e voltados para a formação da auto-estima e a cooperação social.

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Paulo: Ed. Informal, 2007 __________________________________ As aventuras da fadinha Geri e os 8

jeitos de mudar o mundo � Igualdade entre os sexos e valorização da mulher. São Paulo: Ed. Informal, 2007 __________________________________ As aventuras da fadinha Geri e os 8

jeitos de mudar o mundo � Reduzir a mortalidade infantil. São Paulo: Ed.

Informal, 2007 __________________________________ As aventuras da fadinha Geri e os 8

jeitos de mudar o mundo � Melhorar a saúde das gestantes. São Paulo: Ed.

Informal, 2007 __________________________________ As aventuras da fadinha Geri e os 8

jeitos de mudar o mundo � Combater a Aids, a Malária e outras doenças. São

Paulo: Ed. Informal, 2007 __________________________________ As aventuras da fadinha Geri e os 8

jeitos de mudar o mundo � Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente. São

Paulo: Ed. Informal, 2007

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da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Companhia das

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