Andando na Verdade 3 João 4 O que o cego viu ............. 1 ì A Serviço do Rei Você é santificado? ............. 4 Amizades .................... 6 Um mundo cansativo ............ 7 Olhando para o céu ............ 8 í A Família Lições para pais jovens .......... 9 Provocando os filhos ........... 11 î Na Casa de Deus Lutando pela união .................................. 13 Educação espiritual .................................. 14 A parábola dos baldes de água ......................... 16 Filhos de Deus mediante a fé ........................... 18 ï Escrito para o Nosso Ensino O propósito do Velho Testamento ....................... 20 Acabe, rei de Israel .................................. 22 ð O Poder de Deus para a Salvação Coisas escritas para nosso exemplo ..................... 25 Um tolo e seu dinheiro ............................... 29 Rico para com Deus .................................. 31 Você é salvo? ...................................... 33 æ Desafios e Dúvidas Entendendo o bom livro .............................. 34 Por trás da Reforma Protestante ......................... 36 O desejo de agradar a Deus ........................... 41 O modo do batismo ................................. 44 Bíblia apologética: Avaliação de livro ..................... 45 Como para o Senhor ................................. 46 Casais do Antigo Testamento (respostas) .................. 48 Distribuição Gratuita — Venda Proibida Ano 6 • Número 1 Janeiro - Março 2004 Discernimento Deus descreveu as crianças de Nínive como pessoas que “não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda” (Jonas 4:11). O discernimento é uma característica de maturidade. Crianças não têm a mesma capacidade de distinguir que os adultos têm. Espiritualmente, também, o discernimento é uma característica de maturidade. Adultos na fé são “aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para dicernir não somente o bem, mas também o mal” (Hebreus 5:14). Atitudes carnais impedem o crescimento e impossibilitam o discernimento espiritual (1 Coríntios 3:1). O discernimento que vem pelo estudo e pela aplicação prática da palavra nos capacita para escolher bem. Escolhemos entre alvos celestiais e prazeres terrestres. Escolhemos entre a santidade e a imundícia. Decidimos obedecer e amar, ao invés de sermos rebeldes e teimosos. Buscamos entendimento da vontade de Deus, e fazemos questão de praticar o que o Senhor pede. Por isso, doutrinas e práticas que vêm dos homens não servem. Insistimos na pureza da palavra de Deus. Os artigos nas páginas desta revista desafiam cada um de nós a compreender e a aplicar bem a vontade de Deus, distinguindo entre a verdade do Senhor e as noções falsas dos homens. Vamos estudar com maturidade, amor e discernimento. Andando na Verdade é publicada trimestralmente e distribuída gratuita- mente a pessoas interessadas no estudo da palavra de Deus. Alguns dos artigos foram traduzidos por Arthur Nogueira Campos, Heather Allan da Silva e Megan Allan e usados com permissão de seus autores e redatores. Os autores retêm os direitos ao próprio trabalho. Redator: Dennis Allan, C.P. 60804, São Paulo, SP, 05786-990. E-mail: [email protected]Estudos Bíblicos na Internet: www.estudosdabiblia.net
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ì “não sabem discernir entre a mão direita e a mão ... · discernir entre a mão direita e a mão esquerda” (Jonas 4:11). O discernimento é uma característica de maturidade.
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Transcript
Andandona
Verdade3 João 4
O que o cego viu . . . . . . . . . . . . . 1
ì A Serviço do ReiVocê é santificado? . . . . . . . . . . . . . 4
Nos últimos meses antes da crucificação de Jesus, os conflitos entre o Filho
de Deus e as autoridades religiosas judaicas aumentavam. Os
ensinamentos de Jesus cativavam a atenção das multidões, e a presença
dele em Jerusalém durante três festas religiosas nos últimos seis meses
(veja João 7:2,10; 10:22-23; 12:1,12) deu oportunidades amplas para os conflitos
entre o verdadeiro Mestre e os arrogantes líderes do povo. Em um desses conflitos,
uma cura impressionante levou à discussão entre os judeus e uma família,
culminando na censura dos líderes por Jesus. O relato se encontra no nono
capítulo do evangelho segundo João. Observemos a história e, especialmente, os
comentários de um cego que viu a Jesus.
O homem nasceu cego. Os discípulos de Jesus imaginavam que o sofrimento dele
fosse devido ao pecado de alguém – ou do homem ou dos seus pais. Sofrimento
nesta vida pode ser conseqüência de pecado próprio, mas nem sempre vem por
este motivo. Homens fiéis como Jó, Daniel, Paulo e o próprio Jesus sofriam.
Pessoas fiéis sofrem, até por causa da sua fé (2 Timóteo 3:12; 1 Pedro 2:19-21).
O ponto principal, para Jesus, não foi a causa do sofrimento, e sim o benefício ou
propósito dele. Ele viu a oportunidade de demonstrar o poder de Deus e de se
mostrar como a luz do mundo (9:3-5). Ele curou o homem (9:6-7). Talvez não teria
arrumado confusão com os judeus só pela cura, mas Jesus realizou este milagre
no sábado, violando as tradições deles (9:14,16).
Ao longo das discussões relatadas neste capítulo, o homem curado fala dez vezes,
respondendo às dúvidas e perguntas do povo, dos líderes religiosos e, por último,
respondendo ao próprio Jesus. Nas afirmações deste homem, percebemos uma
sinceridade e honestidade que todos nós precisamos, e que os líderes em
Jerusalém nem tinham, nem compreendiam. Por suas palavras, podemos
entender o que o homem, outrora cego, chegou a ver.
Ele falou com os vizinhos e conhecidos
Logo após a cura, as pessoas que conheciam o cego ficaram perplexas e
discutiram entre si. Será que é o mesmo que era cego? O mendigo
conhecido?
ì Sou eu (9:9). Ele sabia a verdade e respondeu à dúvida dos vizinhos. Não tinha
motivo para negar a sua identidade nem o seu passado como o mendigo cego.
Sua resposta levou a outras perguntas. O que aconteceu? Como foi curado?
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í Jesus fez lodo e mandou-me lavar. Fiz o que mandou, e fui curado
(9:11). Jesus o curou. Ele fez apenas o que Jesus mandou. Esta resposta
aumentou a curiosidade, e queriam ver Jesus. Onde está?
î Não sei (9:12). A mesma sinceridade deste homem se transparece nesta
resposta. Ele não sabia para onde Jesus fora, e falou a verdade. Recebeu a bênção,
mas ainda não sabia como guiar outros a Jesus.
Ele falou com os fariseus
Ocaso chegou rapidamente ao conhecimento dos líderes judeus, e
começaram a interrogar o homem. Queriam saber o que aconteceu.
ï Jesus aplicou lodo aos meus olhos, lavei-me e fui curado (9:15).
A mesma pergunta traz a mesma resposta. O homem honesto não oferece versões
distintas de sua história para pessoas diferentes. Falando com o povo comum, ou
com os líderes religiosos, a resposta é a mesma.
ð Ele é profeta (9:17). Esta afirmação é um dos comentários mais interessantes
do homem curado. Ele ainda não sabia tudo sobre Jesus, mas já entendeu o
significado dos sinais milagrosos. Moisés realizou milagres para confirmar a sua
mensagem profética. Elias e Eliseu fizeram sinais para provar que as suas
pregações vinham de Deus. No Novo Testamento, também, os sinais realizados
pelos apóstolos serviam para confirmar a palavra falada (Marcos 16:20; 2 Coríntios
12:12; Hebreus 2:3-4).
ñ Não sei se Jesus é pecador, mas sei que ele me curou (9:25). O homem
se mostra aberto para ouvir e compreender o significado do que aconteceu, mas
ele não nega o fato básico que já confessou. Neste momento, ele está
processando os dados e ouvindo os argumentos. Ainda chegará a sua convicção
sobre o Cristo.
ò Já expliquei o que aconteceu; por que perguntaram de novo? Querem
ser seus discípulos, também? (9:27). Por que perguntam? Este homem
simples faz perguntas importantes. Perguntam por qual propósito? Estão realmente
buscando a verdade, ou simplesmente procurando uma saída, uma maneira de
negar os fatos? Nem todas as perguntas são honestas e boas, e nem todas
merecem respostas (2 Timóteo 2:23-26; Tito 3:9). A outra pergunta aqui abre uma
porta de oportunidade aos fariseus. O homem sugere o melhor motivo possível.
Vocês, também, são pessoas honestas? Querem seguir esse profeta? Mas a
mesma pergunta deu-lhes, também, uma saída. Poderiam continuar negando as
evidências e usar as palavras do homem para condená-lo. Foi exatamente isso que
decidiram fazer.
Andando na Verdade 3
ó Vocês são os líderes religiosos, e não sabem de onde vem Jesus? Que
estranho! Ele, obviamente, é de Deus! (9:30-33). A desonestidade dos
fariseus, diante dos fatos apresentados, ficou bem evidente ao homem curado. As
explicações deles não foram adequadas. Alguns alegaram que ele não fosse o
mesmo homem cego de nascença, mas os próprios pais os desmentiram. Outros
concluíram que Jesus não fosse de Deus, porque violou as regras dos fariseus
sobre o sábado. Mas o homem curado viu a prova e decidiu ser discípulo do
profeta chamado Jesus. A sua honestidade lhe custou caro. Ele foi expulso da
sinagoga.
Ele falou com Jesus
Asua aceitação da pessoa que o curou levou este homem a ser rejeitado pelos
homens. Mas Jesus não o abandonou. O Senhor o encontrou com o
propósito de realizar uma obra maior ainda – abrir os seus olhos espirituais.
Jesus abordou o assunto com uma pergunta simples mas profunda: “Crês tu no
Filho do Homem?” (9:35).
ô Quem é o Filho do Homem, para que eu possa crer nele? (9:36). O
milagre provou que Jesus era profeta, mas o homem ainda desconhecia a sua
mensagem. Ele estava pronto para ouvir, ansioso para conhecer o Filho do
Homem.
õ Creio, Senhor (9:38). Jesus se revelou, e o homem compreendeu o significado
de tudo que havia acontecido. Jesus era profeta, mas mais ainda, era o esperado
Messias. O homem que fez lodo foi o próprio Deus! Foi firmada a sua fé na
divindade de Jesus, o “Eu Sou” que, há pouco, fora rejeitado pelos homens e
quase apedrejado no templo (8:24,56-59), O homem fez o que todos os homens
devem fazer diante de Jesus Cristo. Adorou-o. E Jesus, sabendo perfeitamente que
a adoração pertence somente a Deus (Mateus 4:10), aceitou o louvor deste
homem. Pelas suas ações, ele confirmou a conclusão do homem. Jesus é o eterno
Deus.
O cego viu o que os líderes religiosos recusaram enxergar. Ele viu Jesus, o Ungido
de Deus, o único verdadeiro Salvador.
Nós – todos nós – precisamos ver o que o cego viu. Precisamos chegar até Jesus,
a nossa única esperança da vida eterna. Ele merece a nossa obediência e a nossa
adoração. –Dennis Allan
São Paulo, SP
4 2004:1
Você é santificado?
Você é santificado? A santificação é ensinada na Bíblia, tanto no Velho
Testamento quanto no Novo. Também é uma doutrina popular de muitos
grupos religiosos.
No entanto, a santificação que muitas pessoas religiosas afirmam não é a
santificação que é ensinada na Bíblia. Muitas pessoas alegam ser santificadas,
alegam receber “santidade instantânea” pela virtude da operação direta do
Espírito Santo que, de acordo com suas alegações, remove até a capacidade e
vontade de pecar. O Novo Testamento ensina a santificação, mas não ensina
nada dessas operações especiais de Deus para santificar as pessoas.
O que é a santificação?
Santificar é separar ou chamar. O termo é usado para referir-se a várias
coisas diferentes no Novo Testamento. Comida pode ser santificada (1
Timóteo 4:5). Um homem pode ser santificado para um propósito
específico (2 Timóteo 2:21). Até Deus será santificado pelo homem, num sentido
(1 Pedro 3:15). Marido e esposa são santificados, num sentido especial, a fim de
agradar a Deus. Muitas pessoas, na Bíblia, foram santificadas para Deus.
Como os homens se tornam santificados?
Como os homens e mulheres se tornam santificados? A Bíblia diz que Deus
santifica as pessoas: “Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago,
aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo”
(Judas 1). A Bíblia também diz que o Espírito Santo santifica as pessoas:
“...Porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela
santificação do Espírito e fé na verdade” (2 Tessalonicenses 2:13).
Romanos 15:16 diz que os gentios foram santificados pelo Espírito. Assim, Deus
Î A Serviço do Rei Vivendo como Seguidores de CristoS !
Andando na Verdade 5
e o Espírito santificam homens e mulheres. Mas, como? O Espírito age de
maneiras misteriosas e miraculosas mudando todo o caráter e os desejos das
pessoas instantaneamente? Não! O Espírito santifica homens e mulheres da
mesma forma que converte homens e mulheres e guia homens e mulheres por
meio da palavra que entregou. Conseqüentemente, a Bíblia fala sobre a palavra
santificar as pessoas. “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”
(João 17:17). Hebreus 10:10 passa a mesma mensagem. Conforme as pessoas
acreditam na mensagem dada pelo Espírito e a obedecem, elas são mudadas e
chamadas, ou seja, santificadas. Os homens são lavados, santificados e
justificados (1 Coríntios 6:11).
Quem são os santificados?
No Novo Testamento, as pessoas que eram santificadas eram as mesmas
que obedeciam o evangelho e se tornaram cristãos. Observe Atos 18:8:
“...também muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram
batizados”. Estas eram as pessoas que, mais tarde, seriam chamadas de
santificados (1 Coríntios 6:11). Como esses eram santificados, foram chamados
pelo termo. Eram chamados de santos (1 Coríntios 1:2). Todo o povo de Deus
hoje é um povo santificado.
Nem sempre sem pecado
É significante observar que, na Bíblia, as pessoas santificadas nem sempre
eram sem pecado. Esses que foram santificados às vezes eram
contenciosos (1 Coríntios 1:11). Também foi dito que eram carnais, apesar
de serem santificados (1 Coríntios 3:1-6). Pelo menos uma pessoa santificada era
culpada de cometer fornicação (1 Coríntios 5:1). Muitos desses santificados
profanaram a Ceia do Senhor e agiram com desordem na adoração (1 Coríntios
11:20-30). Faltavam muito para serem perfeitos e sem pecado. É claro que isso
é uma das diferenças entre uma pessoa santificada na Bíblia e uma pessoa
santificada em alguns grupos religiosos hoje em dia.
Todos os cristãos são santificados
Todos os cristãos devem ser santos e sempre buscar fazer o que é certo. No
entanto, todos os cristãos pecam e não chegam à perfeição. “Se, porém,
andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns
com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo
pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos
nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os
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nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido
pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 João
1:7-10).–por Curtis E. Flatt
Amizades
Que tipo de amigo você é ... de verdade? Você é o tipo de amigo que
influencia seus amigos na direção certa – um que toma a frente em fazer
o certo e o bom? Ou você é o tipo de amigo que influencia na direção
errada – um que toma a frente em fazer o que é errado? Qual destes dois tipos
de amigo você é, de verdade? Ou talvez você
é o tipo de amigo que é um seguidor – um que
segue na direção errada ou que si permite a
ser levado na direção errada. Ou talvez (e isso,
na verdade, não é muito melhor) você apenas
segue na direção certa se tiver alguém para te
levar na direção certa? Você não é forte o
suficiente para escolher para si próprio o que
é certo; você tem que ter alguém para te levar,
senão você não vai. Esse é o tipo de amigo
que você é?
E o que você procura num amigo? Você
procura um amigo que te ajudará a fazer o que
é certo, ou um que deixa você fazer o errado?
Ou talvez você procura qualquer um –
qualquer um que será seu amigo – sem
considerar seus padrões éticos ou morais?
Uma vez o apóstolo Paulo avisou: “Não vos enganeis: as más conversações
corrompem os bons costumes” (1 Coríntios 15:33). Você acredita que esta
afirmação foi inspirada por Deus? Se acredita, então você já considerou que tipo
de amigo você deve procurar? E você já pensou em que tipo de amigo você é?
–por Rick Liggin
Andando na Verdade 7
Um mundo cansativo“Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém as pode exprimir; os
olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir”
(Eclesiastes 1:8).
Para os seres feitos para a comunhão com Deus, o mundo de coisas
temporais, por si, nunca poderá ser inteiramente satisfatório. O que
encontramos é que o mundo, mesmo nos seus melhores momentos, nos deixa
exaustos e desejando Algo Mais. “Ó Deus! Ó Deus! Quão cansativos, insípidos,
passados e sem lucros me parecem todas as utilidades deste mundo” (Shakespeare).
É um trabalho frustrante e decepcionante tentar guardar para sempre coisas que
são essencialmente impermanentes. Podemos passar muitos dos anos de nossas
vidas tentando agarrar o vento, mas em alguma hora a maioria de nós percebe
que as coisas temporais simplesmente não podem cumprir desejos eternos.
Quando o tentamos fazer acontecer, colocamos nas coisas deste mundo um
fardo maior do que elas possam suportar. “Será também como o faminto
que sonha que está a comer, mas, acordando, sente-se vazio; ou como
o sequioso que sonha que está a beber, mas, acordando, sente-se
desfalecido e sedento” (Isaías 29:8).
Tiraríamos mais alegria verdadeira do mundo se prestássemos mais atenção ao
mundo que está por vir. Nosso problema não é pedir demais ao mundo, mas sim
pedir de menos a Deus. C. S. Lewis disse: “Nosso Senhor encontra nossos
desejos não muito fortes, mas muito fracos. Somos criaturas sem muita coragem
. . . nos agradamos muito facilmente”. Buscar as coisas maiores de Deus é tirar
mais do mundo, não menos. “Peca contra essa vida aquele que diminui a
próxima” (Edward Young).
A canseira da vida temporal em si deve ser uma prova de que fomos feitos para
algo mais. Há muitas coisas boas aqui para apreciarmos, mas se fingimos que
o mundo é tudo de que precisamos, nós nos enganamos. Nós nos
“satisfazemos” com tão pouco, quando os nossos corações foram feitos para
uma alegria muito maior. Mesmo assim, Deus continua nos atraindo para que
sejamos verdadeiramente refrescados!
Pois quando nós nos chegamos a Deus e procuramos viver de acordo com
o seu propósito, ele sabe e nós sabemos de onde viemos: da inquietação do
mundo, da tribulação dos eventos humanos, do sentimento de
desencorajamento, da falta de fé, da falha em ouvir a mensagem, do
anoitecer de exaustão espiritual e moral.
(Paul Ciholas)
–por Gary Henry
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Olhandopara o céu“Não acumuleis para vós outros
tesouros sobre a terra...Mas
ajuntais para vós outros tesouros
no céu” (Mateus 6:19-21)
Jesus trata aqui da atitude que
devemos tomar em relação ao uso
dos nossos bens mater ia is .
Também adverte os cristãos a nunca
terem o sentimento de egoísmo e avareza, e a nunca olharem para as coisas que
são aqui da terra.
Em seguida ele compara os tesouros aqui da terra com as maravilhas lá do céu,
onde devemos depositar nosso coração. Ele nos diz que devemos lutar pelas
coisas santas e puras, assim chamando nossa atenção para que olhemos
somente para o céu.
“Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males...” (1 Timóteo 6:8-
10).
Paulo exorta-nos que aprendamos a dar mais valor as coisas do céu e a
entregar nosso coração as coisas que pertencem ao nosso Pai Celeste.
O amor pelas coisas do mundo acaba sendo nosso maior problema e, muitas
vezes, nos tornamos cegos e ingratos. O homem se torna um enamorado do
dinheiro e das coisas do mundo “as quais afogam os homens na ruína e
perdição” e acaba se desviando da fé. Tomemos cuidado para que os males do
mundo não tomem o lugar de Deus no nosso coração.
Satanás, com a permissão de Deus, feriu a Jó, tirando tudo quanto ele possuía.
Mesmo assim Jó continuou sendo um servo fiel a Deus. Não é a quantia do que
temos que nos fará servos fiéis, mas a vontade de trabalhar no reino do nosso
Senhor.
É nosso dever usar nossas posses, sejam elas poucas ou muitas, para louvar ao
Senhor. Nunca devemos usar as bênçãos que Deus nos deu para desonrar seu
nome. Mas primeiramente devemos reconhecer que tudo que temos foi ele quem
nos concedeu, para termos assim condições de dar honras e glórias ao seu santo
nome. –por Joel Oliveira Pinto
Andando na Verdade 9
Lições para pais jovens
As aplicações dos princípios da verdade em situações diferentes são
testemunho à sabedoria de Deus. Por exemplo, todos nós conhecemos o
mandamento “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Agora isso se
aplica numa variedade de circunstâncias. Aplica-se ao seu próximo que é o
vizinho do lado e aplica-se ao seu próximo que mora do outro lado do oceano
ou da fronteira. Aplica-se aos seus próximos que gostam de vocês e aos que não
gostam. Aplica-se àqueles que nem mesmo merecem sua atenção.
Os Provérbios de Salomão são princípios gerais, como este, e podem ser
aplicados em várias situações diferentes com importância igual. Quero pegar
alguns provérbios do capítulo 4 (versículos 23-27) e aplicá-los aos pais jovens.
Com certeza, esse ensinamento aplica-se à educação dos filhos.
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele
procedem as fontes da vida.” Ironicamente, educar filhos começa com seu
próprio coração estar correto. Familiarizar seu coração com os princípios altos
da justiça e da santidade não é apenas um bom lugar para começar, é o único
lugar para começar. O que procede das fontes da vida – o que acontece com a
sua família – tem mais chances de ter bons resultados se for baseado nas
verdades reveladas na palavra de Deus. Isso significa que pais jovens têm que ser
diligentes em continuar nas regras da justiça. Afinal, você não pode ensinar o que
você mesmo não conhece.
“Desvia de ti a falsidade da boca e afasta de ti a perversidade dos
lábios.” É assustador quanta influência nós temos sobre nossas famílias através
do falar. Na verdade, é o instrumento básico da comunicação. A língua é o
professor. Se os pais aprenderem bons hábitos de fala, não apenas ensinamos
boas informações, também ilustramos. As vidas de muitas crianças têm sido
afetadas adversamente pela falta de controle de um pai sobre a sua língua. E
Ï A FamíliaServindo a Cristo no Lar
10 2004:1
muitos filhos bons saíram de uma família onde a boa fala foi praticada. A NTLH
traduz este versículo bem: “Nunca fale mentiras, nem diga palavras
perversas”. Tenham certeza, pais, a fala dos seus filhos será muito parecida
com a sua. É assim que você quer?
“Os teus olhos olhem direito, e as tuas pálpebras, diretamente diante
de ti.” Satchel Paige, um grande jogador de beisebol da Liga Negra e do Hall da
Fama disse bem. “Nunca olhe para trás,” ele disse, “algo pode estar se
aproximando”. Os planos de muitas famílias falharam porque os pais estavam
olhando para trás. Uma família sem visão é como uma nação sem visão –
provavelmente irá perecer. Um olhar fixo para frente provavelmente produzirá
bons resultados. Olhos que olham para frente estão focalizados, verão para onde
a família está indo, estarão cientes do que vêm pela frente – buracos, desvios,
curvas. Estão concentrados em chegar lá, também. Boa liderança espiritual vem
de bons pais com as mentes voltadas às coisas espirituais que têm seus olhos
fixos em coisas melhores.
“Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam retos.”
“Ponderar” é meditar. Isso significa que o bom pai irá pensar sobre onde ele está
levando sua família. O pai sábio usa um tempo para pensar na sua família: as
coisas que vêem, as coisas que ouvem, as coisas nas quais é permitido que
participem, até em quem são seus amigos. E pais sábios conversam um com o
outro. Muito. Eles usam um tempo para discutir perigos potenciais, para
investigar certas tendências na conduta dos seus filhos, para planejar correções
e para encorajar conforme cada coisa é precisa. Meditação leva tempo, mas o pai
sábio irá tomar um tempo para isso.
“Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé
do mal.” Este provérbio fala do assunto de convicção, compromisso e
constância. Diz que a verdade tem que continuar para frente, que a energia pela
justiça e o entusiasmo pela santidade não devem diminuir. Não desvia para
algum caminho inferior, deixando aquele que você saber ser o certo – esta é a
mensagem aqui. Uma versão diz “não se desvie nem um só passo do caminho
certo.” Isso significa que o caminho reto é o caminho certo e, uma vez que você
está nele, deve ficar nele. Você tem que ensinar para sua família a correr do mal,
a abominá-lo, a vê-lo como um perigo potencial. Você deve ensinar aos seus
filhos a não paquerarem com o mal, a não brincarem com fogo, a não
confraternizarem com o mundo. E você não deve apenas ensiná-los, você deve
ilustrar isso, se mantendo fora do caminho do mal.
Uma vez eu disse que se soubesse o quanto era difícil educar filhos talvez não
teria tido filhos. Isso não é verdade, mas é difícil, eu sei. Mas faça bem e torna-se
Andando na Verdade 11
o esforço singular que mais satisfaz que a vida tem a oferecer. Faça bem e trará
uma recompensa bem melhor do que possa imaginar. Faça bem e um dia um
netinho, com os olhos cheios de amor e respeito, esticará os braços e dirá, “Eu
te amo, Vovô!”–por Dee Bowman
Provocando os filhos
Efésios 6:4 diz: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas
criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.” Considere
algumas maneiras que os pais podem provocar seus filhos à ira:
� Críticos severos. Ridicularização e comparações negativas não devem ser
permitidas para ninguém. O espírito de uma criança pode ser quebrado por uma
crítica injusta.
� Resmungar constantemente. Isso cansa a pessoa. Logo as crianças
aprenderão a não dar ouvidos a resmungos e se tornarão amargos de coração.
� Castigo que está fora da proporção do erro cometido. Isso acontece
muitas vezes quando o pai está bravo. Há uma linha entre castigo e abuso. Esta
linha pode ser atravessada quando a ira é nosso motivo. Castigo é uma forma de
aprendizagem. A estima ou o espírito de uma criança não devem ser destruídos
pelo castigo que ela recebe.
� Ignorar perguntas sinceras. As crianças gostam de fazer perguntas.
Algumas perguntas são bem bobas e simples. Outras sondam o significado
profundo da vida. Uma pergunta honesta merece uma resposta honesta. A
resposta: “Vai perguntar para sua mãe”, não é resposta alguma. Guarde o jornal,
desligue a TV e responda a pergunta do seu filho.
� Quebrar promessas. As crianças lembram o que você fala. Quando um pai
promete fazer alguma coisa, mas quebra aquela promessa, uma criança é ferida.
Às vezes, as circunstâncias obrigam os pais a adiarem aquilo que prometeram,
mas constantemente fazer promessas que você não tem nenhuma intenção de
cumprir destrói a credibilidade dos pais e leva a criança a não confiar nos pais.
É difícil fazer a criança ser honesta, quando os pais não são honestos em guardar
suas promessas.
� Não permitir que a criança manifeste sua opinião. Há uma diferença
entre deixar a criança fazer do seu jeito e deixar a criança dar uma opinião.
Recusar a ouvir a criança ou a permitir que ela manifeste sua opinião provoca a
ira.
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� Falta de disciplina. Foram realizadas muitas pesquisas sobre adolescentes
e o que eles querem dos seus pais. Por incrível que pareça, cada pesquisa revela
que os adolescentes querem regras e estrutura. A falta de disciplina é uma das
maiores formas de negligência. Todos são responsáveis. Uma falta de disciplina
manda uma mensagem que deixa os filhos frustrados e os provoca.
–por Roger Shouse
Edições anteriores de A ndando na VerdadeAinda temos alguns exemplares de todas as edições anteriores desta
revista trimestral, exceto as primeiras duas edições (Ano 1, Número 1 –
Janeiro - Março de 1999 e Ano 1, Número 2 – Abril - Junho de 1999).
Para receber qualquer outro número anterior (de 1999 a 2003), preencha
este formulário e o envie a:
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Revistas solicitadas:1999� Ano 1, Número 3� Ano 1, Número 42000� Ano 2, Número 1� Ano 2, Número 2� Ano 2, Número 3� Ano 2, Número 42001� Ano 3, Número 1� Ano 3, Número 2� Ano 3, Número 3� Ano 3, Número 42002� Ano 4, Número 1� Ano 4, Número 2� Ano 4, Número 3� Ano 4, Número 42003� Ano 5, Número 1� Ano 5, Número 2� Ano 5, Número 3� Ano 5, Número 4
Andando na Verdade 13
Lutando pela uniãoA
oração do Senhor (João 17) é muito citada – em parte – para enfatizar a
necessidade de união entre o povo de Deus. Eu te desafio a estudar
cuidadosamente o capitulo a procura dos meios de obter e manter aquela
união.
Há três partes a serem consideradas: a oração de Cristo em favor de si mesmo,
em favor dos apóstolos, e em favor daqueles que “vierem a crer em mim, por
intermédio da sua palavra”. Na oração de Cristo para si (versículos 1-5) ele
diz que veio à terra para dar a vida eterna, e ele identifica isso como “conhecer”
o Pai e Filho. Seu trabalho na terra glorificou o Pai e quando terminasse (na
crucificação) ele pediria para voltar à sua glória original com o Pai.
Assim como o Pai foi glorificado no Filho, Cristo é glorificado nos seus apóstolos
(versículo 10). Também, na segunda parte de sua oração, Cristo diz que ele
manifestou o nome de Deus (versículo 6) e havia lhes dado a palavra do Pai
(versículos 6,8 e 14) a fim de “conhecerem” Deus (receber, acreditar e guardar
a palavra – versículos 6 e 8; veja 1 João 2:3-5). Sendo tão “guardados” os
apóstolos são “um, assim como nós” (versículo 11). São separados,
santificados, através da verdade (versículos 17-19).
Finalmente, Cristo ora por todos aqueles a quem os apóstolos ensinariam. A
“glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu
neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade”
(versículos 22-23). Esses também “conheceram” Deus (versículo 25), como
resultado de terem recebido a verdade declarada.
É pedir demais esperar que um leitor discernente observe certos pensamentos
recorrentes? Primeiro, há glória divina, na qual o Pai e Filho são um . Depois há
uma declaração daquela glória (através da manifestação e ensinamento da
palavra de Deus); e compartilhar naquela glória, conforme os ensinados
Ð Na Casa de DeusA Igreja no Plano do Senhor
14 2004:1
venham a conhecer Deus. Foi através disso que aqueles que não são divinos
venham a ser UM com a divindade.
A igualdade dos crentes pelos quais Jesus orou era a qualidade comum a ser
encontrada entre todos que fazem parte da imagem divina. A união existe porque
eles são um . O plano divino não é um molde de uma organização ou de uma
crença que força pessoas heterogêneas a ficarem na mesma sociedade. O plano
do Senhor muda as pessoas, na essência que diz respeito à sua vida espiritual,
assim se tornam homogêneas e por isso são um . “Eu neles, e tu em mim, a
fim de que sejam aperfeiçoados na unidade”. O ideal (e com certeza é um
ideal) é um povo semelhante a Deus; que tem a mente de Cristo (Filipenses 2:5),
em palavra e nas ações fazendo tudo em seu nome (Colossenses 3:17)
transformado da glória à glória de sua imagem (2 Coríntios 3:18), e tudo isso
para a glória de Deus (1 Pedro 4:11).
A natureza ideal desta unidade não é diferente de ser santo como Deus é santo
(1 Pedro 1:16), puro como ele é puro (1 João 3:3), etc. Isso não é obtido no
sentido absoluto, mas seus princípios são aceitos; é a nossa meta constante, a
marca para qual estamos indo. Se falharmos em reconhecer o aspecto ideal
desta união, podemos considerar o nível de nossa obtenção como o padrão e
começarmos a nos medir em comparação aos outros. Isso pode derrotar a união
pela qual Cristo orou e promover nossa marca de sectarismo.
–por Robert F. Turner
Educação espiritualH
á algo bem agradável sobre uma pessoa simples —
e com “simples” não quero dizer burra; quero dizer,
sem complicações. É principalmente agradável ver
um homem de fé simples (sem complicações). Um
homem de fé simples não é ignorante. Sua fé é baseada
em evidência sólida e acreditável. Mas ele não discute com Deus, e ele não
discute sobre o óbvio. Quando a evidência está na sua frente para ver, ele
simplesmente crê – sem duvidar.
Todos os verdadeiros crentes em Jesus devem ser pessoas de fé simples. Para
tais pessoas, todas as suas perguntas já são potencialmente respondidas; tudo
que precisam fazer é aprender o que Jesus pensa sobre a pergunta, e aí sabem
o que eles devem pensar ... e acreditam. Isso é fé simples!
Andando na Verdade 15
Mas, às vezes, as pessoas interpretam mal o que queremos dizer quando falamos
sobre fé simples. Elas pensam que estamos elogiando a falta de educação ou de
capacidade. E pior, parece que acreditam que, entre cristãos, é de alguma
maneira elogiável ser iletrado e faltar capacidade – afinal, falaram que até os
apóstolos eram “iletrados e incultos”! (Atos 4:13).
Mas, por favor, não se confunda com isso: os apóstolos não eram homens
ignorantes! É claro que eles não tinham muita educação formal — no modo de
ver dos líderes judaicos. Eles não freqüentaram nenhuma escola religiosa, nem
sentaram aos pés de algum rabino judeu popular. Mas não eram ignorantes
sobre as coisas religiosas, e com certeza não eram incultos em assuntos
espirituais. Para dizer a verdade, eles foram treinados pelo maior professor que
já viveu; eles foram treinados por Jesus Cristo, e foram guiados (até inspirados)
pelo Espírito Santo de Deus.
“Então, qual é o seu ponto?” Meu ponto é: precisamos ver que não há uma
virtude especial em ser simples – não se com isso queremos dizer alguém que
é ignorante e iletrado. Não é “tudo bem” ser ignorante ou iletrado na Vontade de
Deus! Claro, a pessoa não precisa de muita educação formal, se é que precisa
de alguma, para ser um discípulo fiel de Jesus. Mas isso não significa que
podemos ser ignorantes da vontade de Deus e iletrado na sua palavra.
Faremos bem se lembramos que são os “indoutos e inconstantes” (RC), ou
os “ignorantes e os fracos na fé” (NTLH), que “deturpam” as Escrituras
“para a própria destruição deles” (2 Pedro 3:16). Pode ter bons irmãos em
Cristo que são verdadeiramente limitados no seu conhecimento das Escrituras,
e eles podem até ser limitados na sua capacidade de aprender o que a Bíblia diz.
Mas nenhum de nós pode se contentar com nossa falta de educação na Palavra
de Deus. Temo que alguns de nós usamos “simples” para disfarçar nossa própria
preguiça.
Deus não pede a ninguém para fazer mais do que tem capacidade. Mas quando
temos a capacidade de melhorar – de nos educarmos mais na palavra de Deus
– temos que fazer isso (2 Timóteo 2:15; 2 Pedro 3:18)! Se queremos que a igreja
do Senhor cresça nos anos que vêm, então teremos que nos desafiar a nos
esticarmos. Temos que nos exercitar – se não a igreja de amanhã será ainda
mais fraca do que a igreja de hoje. Visão do futuro requer que nós nos
esforçermos a uma educação espiritual maior!–por Rick Liggin
16 2004:1
A parábola dos baldes de água
Uma certa vez, um príncipe chamou alguns servos e explicou-lhes suas
responsabilidades: “Serão responsáveis por levar água para mim,” ele disse.
“Carregarão água até o topo da colina em baldes de madeira.
Entenderam?”
Todos os servos responderam que haviam entendido e começaram a carregar
água.
No começo, todos estavam contentes em usar os baldes de madeira como o
príncipe havia mandado. Mas, logo alguns sugeriram que os baldes de madeira
eram “antiquados” e muitos começaram
a usar outros tipos de baldes. Alguns
fizeram baldes de ferro para si enquanto
outros começaram a usar baldes de
bronze. Alguns raciocinaram que, como
estavam no serviço do grande príncipe,
deviam procurar honrá-lo corretamente.
Então fizeram baldes de ouro decorados
com jóias.
Após m uito tem po a lguns dos
carregadores de água mais pensativos
começaram a rever as instruções do
príncipe. “Nosso príncipe não nos disse
que devíamos usar baldes de madeira?”, perguntaram-se. Então resolveram
voltar às instruções originais e fazer as coisas exatamente como seu príncipe
havia mandado. Imediatamente foram ridicularizados e até perseguidos por aqueles que, há muito
tempo, haviam abandonado a idéia de baldes de madeira, mas eles se
mantiveram firmes e fizeram tudo que podiam para convencer todos os outros
a seguirem seu exemplo. Era com grande alegria que eles carregavam água para
o grande príncipe da maneira que foram instruídos.
Em questão de dias era possível ver “o povo dos baldes de madeira” se reunindo
para suas “reuniões de baldes de madeira”. Eles passavam o dia inteiro falando,
pensando e cantando sobre baldes de madeira, mas sua maior alegria era citar
as instruções do grande príncipe sobre baldes de madeira.
Andando na Verdade 17
Finalmente, após muitos anos, chegou o dia em que os servos tiveram que
prestar contas ao grande príncipe pelos seus serviços. Um por um, aqueles que
falharam em obedecer às instruções de levar água em baldes de madeira foram
condenados pela sua falta de obediência. Por fim chegou a vez do “povo dos
baldes de madeira” orgulhosamente exibindo seus baldes de madeira. Você
consegue imaginar a surpresa que foi quando o príncipe lhes disse: “Vocês não
entenderam nada. Não estou interessado em baldes, seja de madeira, seja de
qualquer outro material. Eu instruí-vos a trazerem água em baldes de madeira.
Há muitos anos vocês nem me trazem mais água”? Caro leitor, qual castigo é justo para aqueles que não levaram nenhuma água?
As aplicações são evidentes. Para aqueles que servem ao Senhor Jesus Cristo
hoje em dia é absolutamente crucial que obedeçamos cuidadosamente todos os
mandamentos de Deus, até os detalhes.
Os apóstolos mandaram aos discípulos do primeiro século a aprenderem a não
ultrapassarem o que está escrito (1 Coríntios 4:6), a falarem de “acordo com
os oráculos de Deus” (1 Pedro 4:11) e a terem certeza de que “todo aquele
que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem
Deus” (2 João 9). No entanto, o príncipe na parábola não estava interessado
apenas em baldes de madeira em si, era a água dentro do balde que ele queria!
E é assim com o Senhor Jesus Cristo; o que ele mais quer são os nossos
corações. E apenas um certo tipo de coração irá agradá-lo – um coração
compungido e contrito (Salmo 51:16-17), submisso (1 Samuel 15:22-23) e puro
e reto (Miquéias 6:6-8). Então se você é uma pessoa com um balde de madeira,
deve usá-lo. Mas se você quer a aceitação do Senhor – por favor, não esqueça
de trazer a água.–por Mike Bozeman
Estudos Bíblicos
na Internet
www.estudosdabiblia.net
18 2004:1
Filhos de Deus mediante a fé“Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus;
porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo
nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em
Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de
Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3:26-29).
Os seres humanos não têm privilégio maior que se tornarem filhos de Deus.
Este ponto não é disputado por aqueles que professam afeição por Jesus
como o Cristo. Aqueles que acreditam na Bíblia como a palavra inspirada
por Deus concordam em relação à necessidade de serem “filhos de Deus
mediante a fé”. Sabemos que os filhos de Deus são “co-herdeiros com
Cristo” (Romanos 8:12-17). Os filhos de Deus têm o direito de clamar “Aba,
Pai” (Romanos 8:15; Gálatas 4:6). Estes filhos devem receber a “glória a ser
revelada” (Romanos 8:18-19). Graças a Deus que podemos ser seus filhos!
Muitos de nós concordamos com a necessidade de sermos filhos de Deus, mas
nem sempre concordamos em relação a quem são os filhos de Deus. Um
estudo detalhado do nosso texto deve esclarecer um pouco este assunto. Se
repararmos expressões equivalentes a “vós sois filhos de Deus mediante a
fé” podemos entender melhor o que envolve ser filhos de Deus.
“Se sois de Cristo”
Para os filhos de Deus, Paulo disse, “se sois de Cristo” (v. 29). Se torna filho
de Deus por causa de uma compra, assim é de Cristo. Ele foi comprado com
o sangue redentor de Jesus (1 Timóteo 2:6; Mateus 26:28; Atos 20:28).
Aqueles que foram comprados (redimidos) “pelo precioso sangue...de Cristo”
(1 Pedro 1:18-19) são os mesmos que purificaram as suas almas, “pela
obediência à verdade” (1 Pedro 1:22) e que foram “regenerados... mediante
a palavra de Deus” (1 Pedro 1:23). Aquele que pertence a Cristo é obrigado a
se submeter continuamente à sua autoridade (1 Coríntios 6:19-20; Gálatas 2:20).
“Também sois descendentes de Abraão”
Paulo também escreveu aos filhos de Deus, “também sois descendentes de
Abraão” (v. 29). Quem é filho de Deus hoje goza este privilégio por causa da
promessa que Deus fez a Abraão há muito tempo (Gênesis 12:3). Os fiéis são
herdeiros desta promessa. São filhos (herdeiros) por causa das suas ligações
espirituais com Abraão e não por causa de ligações carnais. Aqueles ainda
envolvidos na tradição judaica (que se orgulhava das suas ligações carnais com
Abraão) acharam difícil aceitar isso – muitas vezes, depois de terem aceitado a
Andando na Verdade 19
Cristo. É o objetivo de Paulo em Gálatas 3 mostrar a tais pessoas que é possível
alguém ser um filho de Deus, um herdeiro, e um descendente de Abraão sem fazer
parte da sua descendência carnal e separado da sua lei nacional, a lei de Moisés.
Ele mostra que a promessa de Deus a Abraão incluía mais do que seus herdeiros
carnais – incluía “todos os povos”, os gentios (Gálatas 3:8-9). Cristo era a semente
através da qual as nações do mundo seriam abençoadas (Gálatas 3:16). Assim,
aqueles em Cristo são descendentes de Abraão. Esta bênção veio através de uma
promessa dada muito antes da lei de Moisés (Gálatas 3:17-18), assim mostrando
que se é filho de Deus pela fé em Cristo, de acordo com a promessa, e não de
acordo com a lei. Então, qualquer pessoa, seja judeu ou grego, pode pela fé ser
recipiente da bênção prometida à descendência de Abraão sem ser descendente
pela carne ou estar sujeito à lei dada aos seus descendentes carnais. Esta lei desde
então serviu o seu propósito (Gálatas 3:23-27).
“Todos vós sois um em Cristo Jesus”
Além disso, Paulo disse, “todos vós sois um em Cristo Jesus” (v. 28). Um
filho de Deus é unido com todos os outros que são filhos de Deus mediante
a fé. Em Cristo há UM corpo ou uma igreja (Efésios 1:22-23; 4:4). Aqueles
que estavam longes são reconciliados em UM corpo (Efésios 2:13,16). A Bíblia
não conta nada de filhos de Deus estando em Cristo e estando em corpos ou
igrejas diferentes. A união está “em Cristo” e não numa união fabricada pregada
em conferências humanas. É o resultado natural de todas as pessoas serem
reconciliadas com Deus.
“Porque todos quantos fostes batizados em Cristo”
Paulo continuou escrevendo a estas pessoas, “porque todos quantos
fostes batizados em Cristo...”. A palavra “porque”, que inicia o versículo
27 mostra que o autor está dando uma razão por serem filhos de Deus
mediante a fé. O motivo exato por serem filhos de Deus é que foram batizados
em Cristo. Assim, ninguém pode ser um filho de Deus sem que tenha sido
batizado em Cristo. Aquele que ensina a doutrina de “somente fé” encontraria
pouco conforto no versículo 26 se se preocupasse com o versículo 27. A
passagem inteira mostra que o ensinamento da Bíblia de salvação pela fé envolve
muito mais do que dar um assentimento mental à verdade que é Jesus o Cristo.
Um filho de Deus é um cuja fé o levou a obedecer ao Senhor através do batismo
(cf. Marcos 16:16; Atos 2:38,41,47; 1 Pedro 3:21; Atos 22:16).
Amigo, ser um filho “de Deus mediante a fé” é ser “de Cristo”; é ser
“descendente de Abraão”; é ser “um em Cristo”; é ser “batizado em
Cristo”. São expressões equivalentes para as mesmas pessoas dadas no mesmo
contexto. Você não deseja se tornar um filho de Deus hoje?
–por Edward O. Bragwell
20 2004:1
O propósitodo Velho Testamento
ABíblia é dividida em duas partes principais. A primeira parte é chamada de
o Velho Testamento e contém 39 livros escritos durante um período de
aproximadamente 1.000 anos. O primeiro livro, Gênesis, começa com a
criação do mundo por Deus e traça a história do homem através dos tempos de
Noé, Abraão, Isaque, Jacó e José. O resto do Velho Testamento descreve,
principalmente, a história do povo israelita e os esforços de Deus para os guiar
através da sua Lei e dos seus profetas.
Hoje, é esperado que usemos o Velho Testamento para aprender mais sobre a
natureza de Deus e a necessidade de servi-lo. “Pois tudo quanto, outrora, foi
escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e
pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Romanos 15:4).
Ao estudar a história israelita, podemos aprender da sua fé e as bênçãos que
Deus lhes deu quando eram obedientes. Da mesma forma, podemos aprender
da sua desobediência e das conseqüências que Deus pôs sobre eles quando
eram indiferentes, transigentes ou rebeldes. É esperado que façamos aplicações
espirituais positivas nas nossas vidas dos princípios encontrados aqui. “Estas
coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para
advertência nossa...” (1 Coríntios 10:11).
No Velho Testamento, Deus deu um conjunto especial de leis à nação de Israel.
Esta Lei geralmente era chamada de “a Lei de Moisés”, já que Moisés recebeu de
Deus e entregou aos israelitas. A Lei mandava que eles fizessem certas coisas no
Ñ Para o Nosso EnsinoLições Valiosas do Antigo Testamento
Andando na Verdade 21
seu serviço público e pessoal a Deus. Podemos aprender muitas coisas da Lei de
Moisés, mas há duas coisas principais que a Lei foi feita para ensinar:
ì Quando o homem desobedece a Deus é pecado. “Qual, pois, a razão
de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões...” (Gálatas
3:19). “...em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do
pecado” (Romanos 3:20). Estes versículos explicam que a Lei de Moisés foi dada
para mostrar ao homem o quanto ele realmente é pecador. Em outras palavras,
Deus havia dito aos israelitas “faça” e “não faça” a respeito de muitas coisas, mas
eles freqüentemente desobedeciam e transgrediam sua Lei, não atingindo o
padrão de Deus. Sob a Lei, sacrifícios de animais foram oferecidos
continuamente a Deus como expiação pelo pecado, no entanto o sangue de
animais nunca foi um sacrifício adequado e permanente pelos pecados da alma
do homem. Assim, o mundo podia ver que algo mais era necessário para libertar
o povo dos seus pecados — um Salvador.
í O Cristo viria para sofrer pelos nossos pecados. Durante a época do
Velho Testamento, Deus revelou que o Messias nasceria no mundo e morreria
como sacrifício pelos pecados da humanidade. Deus disse a Abraão: “nela
serão benditas todas as nações da terra....” (Gênesis 22:18). Em outras
palavras, um dos descendentes de Abraão faria algo para abençoar o mundo
inteiro. Aquele descendente é identificado no Novo Testamento como Jesus
Cristo (Gálatas 3:16). Muitas profecias do Velho Testamento apontam para Cristo
como vindo para ser um sacrifício para nossos pecados. “Mas ele foi
traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados” (Isaías 53:5). “E cumpriu-se a Escritura que
diz: Com malfeitores foi contado” (Marcos 15:28).
Assim o Velho Testamento apontou os israelitas para Jesus de Nazaré,
fornecendo provas de que ele é “o Cristo, o Filho do Deus vivo”. O apóstolo
Paulo disse: “De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir
a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a
fé, já não permanecemos subordinados ao aio” (Gálatas 3:24-25). Este
versículo explica que, quando Cristo e sua nova Lei de Fé vieram, nós não
permanecemos subordinados à Lei de Moisés que, na profecia e no paralelo,
apontaram para Cristo. A Velha Lei havia servido seu propósito. Agora devemos
seguir os mandamentos dados a nós no Novo Testamento pelo nosso Salvador
Jesus Cristo e seus apóstolos inspirados.–por Tom Rainwater
22 2004:1
Politicamente forte, moralmente corrupto
Acabe, rei de Israel
Acabe foi um rei politicamente forte e muito poderoso, mas muito fraco na
moralidade pessoal. Ele fez alianças com Fenícia, Judá e Síria e levantou
Israel como uma nação. No entanto, ele permitiu que sua esposa e rainha,
Jezabel, uma mulher estranha para Israel, tanto na nacionalidade quanto na
prática religiosa, promovesse idolatria em Israel. Isso provocou a ira de Deus e
levou à queda de Acabe. Ele juntou-se a sua rainha na prática de idolatria, no
entanto se humilhou diante de Deus ocasionalmente. Ele morreu em batalha em
853 a.C.
Israel invadido pelos siros
Podemos ler sobre como aconteceu a guerra entre Israel e a Síria, também
chamada de “Arã” (1 Reis 20:1-21). Ben-Hadade, o rei da Síria, fez uma
proposta, esperando que Acabe recusasse. Essencialmente, Síria exigiu que
Acabe pagasse tributo à Síria que consistia de tudo de valor em Israel. Acabe
teria que recusar isso, e seria o pretexto da Síria para guerra.
Pode ser que Ben-Hadade estava com medo que Israel estivesse ficando forte
demais, assim obrigando Acabe a lutar. Acabe deu sua resposta famosa: “Dizei
ao rei, meu senhor: Tudo o que primeiro demandaste do teu servo farei,
porém isto, agora, não posso consentir. E se foram os mensageiros e
deram esta resposta. Ben-Hadade tornou a enviar mensageiros,
dizendo: Façam-me os deuses como lhes aprouver, se o pó de Samaria
bastar para encher as mãos de todo o povo que me segue. Porém o rei
de Israel respondeu e disse: Dizei-lhe: Não se gabe quem se cinge como
aquele que vitorioso se descinge” (1 Reis 20:9-11). Isso foi uma resposta
corajosa, mas arrogante. Acabe avisou ao Ben-Hadade que não agisse como se
já houvesse ganho. Mas a arrogância de Acabe é vista no fato que ele não
buscou a ajuda de Deus.
Com a batalha marcada para começar, Deus interveio para que Israel soubesse
“que eu sou o Senhor” (1 Reis 20:13). Acabe fez como o profeta o instruiu, e
a Síria foi derrotada. Mas os siros tiveram uma idéia. Teria uma segunda batalha
(1 Reis 20:22-43). Os siros atribuíram corretamente a vitória de Israel ao seu
Deus. Julgando-o como o Deus apenas dos montes, eles decidiram atacar Israel
Andando na Verdade 23
nas planícies (1 Reis 20:23,28). Novamente Acabe se preparou para a batalha
sem buscar a ajuda de Deus. Novamente Deus interveio, não por causa de
Acabe, mas porque os siros pensaram que ele era apenas “um deus dos
montes”. Os siros foram derrotados com grandes perdas. Acabe, confiando na
seu próprio juízo político, poupou Ben-Hadade e fez uma aliança com ele (1 Reis
20:32-34).
O Senhor ficou irado com Acabe por ter poupado Ben-Hadade. Deus predisse
que na próxima batalha, Ben-Hadade venceria e Acabe morreria. Acabe ficou
“desgosto e indignado” com a repreensão de Deus (1 Reis 20:42-43).
Há muito para aprendermos, hoje em dia, desta história. Algumas coisas para
você pensar a respeito:
Primeiro, Deus deve receber a glória que ele merece. Ele não é um Deus
apenas dos montes, mas do universo que ele mesmo criou. Os siros não tiveram
respeito suficiente pelo poder de Deus, e muitos hoje em dia também não têm!
Temo por aqueles que não reconhecem Deus e não lhe dão a glória correta na
suas vidas (1 Coríntios 1:24-25; Mateus 19:26; 22:29; Romanos 4:20-22).
Segundo, as coisas destinadas a destruição devem ser destruídas. Há
coisas que o cristão deve destruir em relação aos seus pecados, suas atitudes e