Gustave Courbet - «O ateliê do pintor»

Carlos Pinheiro, 2014



Carlos Pinheiro, 2014 Carlos Pinheiro, 2014

Este trabalho, embora realizado logo no princípio da sua carreira,


é a sua obra-prima, uma espécie de manifesto em que expõe as suas principais crenças e opiniões.


Mostra-nos o seu ateliê em Paris com três grupos: ele próprio ao centro, os amigos à direita,


e à esquerda, aqueles que, segundo ele, «prosperavam com a morte» - não só os seus inimigos


e as coisas contra as quais lutava, mas também os pobres e desamparados.


«À esquerda, o outro mundo da vida trivial, o povo, a miséria, a pobreza, a riqueza, os explorados, os exploradores, as pessoas que vivem da morte. »

Courbet

«À direita, os amigos, os trabalhadores, os amantes da

arte.» Courbet


Sabe-se muita coisa sobre o quadro porque Courbet escreveu sobre ele enquanto o pintava.


São identificáveis

Judeu

Padre



Judeu

Padre

Republicano

Coveiro



Judeu

Padre

Ourives e mulher de ourives

Coveiro

Mercador


Republicano


Judeu

Padre

Coveiro

Mercador

Uma irlandesa, representante

da extrema pobreza Carlos Pinheiro, 2014

Ourives e mulher de ourives

Republicano

Abandonados no chão, à esquerda, vemos um chapéu de abas largas, uma capa, um punhal e uma guitarra, atavios típicos do artista romântico.


Como os românticos vivem no mundo dos sonhos e das emoções, Courbet também os rejeitava.


Numa mesa em frente do pintor vemos uma caveira, o arquétipo dos símbolos da morte, pousada sobre um exemplar do Journal des Débats .


É o comentário nada ambíguo aos críticos extremamente poderosos na formação da opinião popular e artística durante o século XIX.


Courbet representa Napoleão III disfarçado de caçador.


Ditador do II Império Francês, Napoleão III implantou um regime duro, repressivo e financeiramente voraz que terminou em desastre e revolta popular.


Courbet foi um dos seus mais empenhados e ativos oponentes políticos.


A luz entra por uma janela à direita – a luz da vida – mas o ateliê também estava iluminado por uma grande claraboia.


Na parede do fundo, vemos as imagens fantasmagóricas de dois quadros de Courbet que tinham ambos enfurecido os críticos de arte ao serem expostos:


um com camponeses e outro com uma banhista.


Courbet confundia sempre a crítica e os poderes instituídos, que lhe reconheciam a técnica mas não conseguiam entender os seus ofensivos (na opinião deles) temas


nem a sua decidida recusa de produzir a convencional Arte Superior.


Virginia Binet, amante/modelo



A modelo nua representa a nudez da verdade que guia o pincel do artista, ou seja, a sua inspiração para pintar quadros realistas e modernos.



A inclinação da cabeça da mulher equilibra a da cabeça do artista no sentido oposto.


A criança é a única personagem que observa o quadro que Courbet está a pintar.


O Pintor quis dizer que preferia a franqueza aberta e honesta da criança aos falsos valores da chamada opinião educada.


Na sombra, por trás do cavalete, está uma figura na pose da crucificação. Trata-se de um manequim, um boneco de madeira articulado


que os pintores convencionais costumavam copiar. Aqui simboliza a arte académica, rejeitada por Courbet, e está ofuscado pelo novo tipo de arte no cavalete ao centro do

quadro: uma paisagem realista.


Amigos do pintor


Amigos do pintor

Alfred Bruyas

Pierre-Joseph

Proudhon


Amigos do pintor

Alfred Bruyas

Pierre-Joseph

Proudhon

Balzac?


Casal simbolizando o amor livre (irmã de Courbet)

Amigos do pintor

Alfred Bruyas

Pierre-Joseph

Proudhon

Balzac?

Casal Sabatier,

colecionadores de arte

Casal simbolizando o amor livre (irmã de Courbet)


Cuenot

Buchon

A figura central entre os amigos de Courbet é o escritor Champfleury, redator do manifesto do realismo na literatura, que apresenta ao pintor as teorias do movimento.

Champfleury


O escritor não gostou deste quadro e a sua amizade não durou, já que desaprovava o envolvimento de Courbet na política e as suas tentativas de escandalizar o público.

Champfleury


O grande poeta francês Charles Baudelaire (1821-67) foi representado por Courbet lendo um livro;

Baudelaire


Logo atrás, junto do espelho escuro, vemos a figura fantasmagórica da sua amante Jeanne Duval.


Courbet pintou sobre ela, mas a figura vai reaparecendo à medida que a tinta fica mais fina nesta área do quadro.


Menino pintor


O rapazinho ajoelhado no chão está a fazer um tosco esboço numa grande folha de papel.

Menino pintor


Courbet incluiu-o como símbolo da liberdade e da espontaneidade de que dependia o futuro da arte.

Menino pintor


Courbet


Courbet está a pintar uma paisagem da sua terra natal, Ornans.


Ao representar-se pintando uma paisagem, Courbet reafirma também a sua rutura com a arte tradicional.


Courbet - «O Ateliê do Pintor»

Bibliografia: Barbe, Noel. L’Atelier de Courbet. Une énonciation du travail du peintre. Le travail en

représentations, Dec 2004, Paris, France. Editions du CTHS, pp.495-514. Cumming, Robert, Comentar a Arte, Livraria Civilização Editora

Khan Academy, "Courbet's The Artist's Studio“, Smarthistory

História da Cultura e das Artes - 12.º ano Escola Secundária Leal da Câmara


Gustave Courbet - «O ateliê do pintor»

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