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Fundação SOS Mata Atlântica Relatório Programa Florestas do Futuro – Parceria Química Amparo / Ypê. Itu – SP / novembro de 2014
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Jan 24, 2020

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Fundação SOS Mata Atlântica

Relatório Programa Florestas do

Futuro – Parceria Química

Amparo / Ypê.

Itu – SP / novembro de 2014

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1. Introdução.

O aumento da preocupação social com o destino dos fragmentos florestais

remanescentes é crescente, de modo que atividades de produção sem um planejamento

ambiental adequado e que tenham como consequência a degradação ambiental estão fadadas

a sanções cada vez mais restritivas não só no aspecto legal, mas também pela própria

consolidação do mercado consumidor cada vez mais exigente. O paradigma da produção com

sustentabilidade econômica, social e ambiental é o grande desafio da atualidade. Some-se a

esse panorama a recente discussão mundial sobre o aquecimento global e a necessidade das

empresas se adequarem às iniciativas de redução de emissão de carbono.

Um ótimo exemplo dessa nova diretriz empresarial que visa o desenvolvimento

sustentável e atender um mercado mais exigente ambientalmente é a iniciativa da ONG SOS

Mata Atlântica e a Química Amparo Ltda, detentora da marca Ypê, que teve inicio em 2007,

em parceria através do programa Florestas do Futuro.

O programa Florestas do Futuro, executado pela Fundação SOS Mata Atlântica, que

tem como principal objetivo a proteção aos recursos hídricos, atua na restauração florestal de

áreas estratégicas para conservação, unindo a iniciativa privada, proprietários de terra e toda a

comunidade regional. Uma linha do Programa é a prestação de serviços para empresas que

necessitam cumprir licenciamento ou termos de compromisso de recuperação ambiental, que

encontram na Fundação SOS Mata Atlântica a parceria para colocar em prática tais projetos.

Dessa forma, o Programa arca com os custos e responsabilidade técnica da intervenção nas

regiões onde atua.

Em 1990, a SOS Mata Atlântica lançou os primeiros dados do Atlas dos Remanescentes

Florestais da Mata Atlântica, hoje uma ferramenta consagrada para o conhecimento do bioma

pela sociedade. A iniciativa é marcada por um convênio pioneiro entre a Fundação e o Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Nos últimos 28 anos, a Mata Atlântica perdeu

1.850.896 ha, ou 18.509 km2 – o equivalente à área de 12 cidades de São Paulo. Atualmente,

restam apenas 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 ha. Somados todos os

fragmentos de floresta nativa acima de 3 ha, restam 12,5% dos 1,3 milhões de km2 originais.

Esse fato tem causado preocupações não só pelo aumento do processo erosivo e

consequente redução da fertilidade dos solos agrícolas e assoreamento do sistema hídrico

superficial, mas também porque certamente representa a extinção de muitas espécies

vegetais e animais, das quais várias nem chegaram a ser conhecidas pela ciência, quanto mais

suas potencialidades de uso em benefício do próprio homem (Rodrigues, 1999). A preservação

e a restauração de áreas ciliares degradadas e a sua conexão com fragmentos florestais

remanescentes na paisagem através de corredores é uma estratégia de grande importância na

manutenção do fluxo gênico de espécies animais e vegetais, devido à formação de corredores

para a biota regional. Uma vez recuperadas todas as áreas ciliares, elas podem se tornar os

principais corredores ecológicos da paisagem, e muito provavelmente terá sido interligada a

maioria dos fragmentos florestais (Macedo, 1993).

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O aumento da preocupação com o destino das áreas ciliares, dos fragmentos florestais

remanescentes e áreas de influência sobre os mananciais de abastecimento é crescente, de

modo que atividades de produção e desenvolvimento sem um planejamento ambiental

adequado e que tenham como consequência a degradação ambiental estão fadadas a sanções

cada vez mais restritivas não só no aspecto legal, mas também pela própria consolidação do

mercado consumidor cada vez mais exigente. O paradigma da produção de alimentos com

sustentabilidade econômica, social e ambiental é o grande desafio da atualidade. Some-se a

esse panorama a recente discussão mundial sobre o aquecimento global, crise de

abastecimento de água e a necessidade das empresas se adequarem suas iniciativas.

Após sete anos de parceria, são inúmeros resultados alcançados, muitos deles

apresentados nesse relatório.

2. Objetivo.

Relatar as atividades relacionadas ao programa Florestas do Futuro, em parceria com a

Química Amparo Ltda.

3. Distribuição dos projetos de restauração florestal.

Os projetos contemplam áreas de preservação permanente, também conhecidas como

áreas ciliares, é a designação dada à vegetação que ocorre nas margens de rios e mananciais.

O termo refere-se ao fato de que ela pode ser tomada como uma espécie de "cílio" que

protege os cursos de água do assoreamento, servem como corredores de biodoversidade,

abrigo para fauna, entre outros benefícios implicitos à restauração florestal, como

neutralização de CO2 emitido na atmosfera, clima, paisagem, produção agricola, entre outras.

A tabela abaixo ilustra o total de 500.000 mudas destinadas a projetos de restauração

florestal.

Tabela 01. Número de mudas e locais de plantio.

Número Contrato

Estágio do projeto

Áreas / Locais de plantio Número de

mudas

2007/00077 Concluído

Fazenda Bonfim - Fase I 50.000

Fazenda Reunidas Dona Amélia - Fase III 37.551

Fazenda Malabar - fase III 30.000

Fazenda Centenário 17.000

Loteamento Vale das Cabras - fase I 17.250

Fazenda Bonfim - Fase II 10.079

Loteamento Vale das Cabras - fase II 7.932

Fazendas Reunidas Dona Amélia - Fase II 3.200

Associação Amigos das terras de Joaquim Egídio 18.120

Fazenda Bonfim - fase III 6.200

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Fazenda Malabar - fase II 2.668

2009/00015 Concluído Condomínio Vermont (Terra Azul) - Fase I 50.000

2010/00020 Concluído

Centro de Experimentos Florestais SOS Mata Atlântica - Brasil Kirin / 2010

50.000

Centro de Experimentos Florestais SOS Mata Atlântica - Brasil Kirin / 2011

50.000

2012/00007 Manutenção Fazenda Retiro - fase I 50.000

2013/00004 Manutenção Fazenda Novo Horizonte - Fase I 50.000

2014/00020 Em

andamento Fazenda Saltinho Fase I 50.000

Total 500.000

Foram cinco municípios beneficiados, Campinas, Indaiatuba, Itu, Águas da Prata e

Piquerobi, todos no Estado de São Paulo, cobrindo uma área de aproximadamente 280

hectares.

O número de mudas patrocinadas pela Química Amparo corresponde a

aproximadamente 10% do total de mudas já plantadas pelo programa Florestas do Futuro. Os

projetos duram cinco anos, consequentemente, 300.000 mudas não sofrem mais nenhum tipo

de intervenção, pois, alcançaram o estágio onde uma dinâmica natural se estabeleceu.

4. Metodologia de restauração aplicada.

Para a elaboração e execução desse projeto foram seguidas as diretrizes da Resolução

SMA 08 (2008) e neste ano, passou a adotar as recomendações da SMA 32 (2014), que rege as

ações de restauração florestal no Estado de São Paulo, considerando esta resolução a mais

avançada e rígida em relação à legislação ambiental sobre restauração florestal, sendo a

mesma adotada como padrão para projetos da Fundação SOS Mata Atlântica. Para tanto, foi

seguida a chave para tomada de decisão para Recuperação de Áreas Degradadas, que

acompanha a Resolução.

Também são consideradas a portaria 14, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, de 26 de maio de 2010, a respeito do uso emergencial

de herbicidas em projetos de restauração florestal (Glifosato), e a resolução do Conselho

Nacional de Meio Ambiente - CONAMA 429, de 28 de fevereiro de 2011, que dispõe sobre a

recuperação voluntária de áreas de preservação permanente.

Os plantios preconizam a adoção de alta diversidade, com o mínimo de espécies

introduzidas de 80 espécies regionais nativas.

O plantio seguirá a técnica proposta por Nave (2005), que divide as espécies a serem plantadas

em dois grupos (Figura 1):

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Figura 1: Exemplo ilustrativo do esquema de plantio.

a) Recobrimento: as espécies desse grupo pertencem às classes sucessionais das

pioneiras e das secundárias iniciais, mas somente aquelas que apresentam

características de rápido crescimento e ampla cobertura de copa. Representam cerca

de 15 espécies do total de espécies da implantação e metade das mudas, uma vez que

o esquema de plantio alterna uma linha de espécies de preenchimento e uma linha de

espécies de diversidade;

b) Diversidade: todas as demais espécies, de todas as classes sucessionais, se enquadram

no grupo de diversidade.

Operacionalização em campo

O plantio pode ser conduzido de duas formas diferentes, mecanizado ou manual. O

que determina uma dessas formas de condução são as condições topográficas.

A diferença entre as duas formas de condução é caracterizada pelo uso de

equipamentos e implementos de grande porte quando a área é passível de mecanização, tais

como tratores, roçadeiras, sulcador/adubador, barra pulverizadora e plantio com auxilio de

carreta tanque e plantadeiras. Já em áreas não mecanizáveis, os equipamentos usados são de

menor porte, não há o uso efetivo do trator para a realização dos trabalhos.

A densidade é flexível, trabalhando entre 1.667 e 2.500 mudas por hectare.

Recobrimento Diversidade

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Etapas (imagens ilustrativas):

1°. Coleta de amostras para análise de solo: serão coletadas amostras em duas profundidades

de solo (0 a 20 cm e 20 a 40 cm) e o resultado dessa análise orientará as ações de adubação e

correção de solo;

2°. Retirada de indivíduos arbóreos de espécies exóticas, ou seja, que não pertencem ao bioma

Mata Atlântica.

3°. Controle de formigas cortadeiras: será usada isca formicida com aplicação de 10 g por

olheiro, e distância mínima de 40 cm de uma aplicação a outra (Foto 2);

Foto 1

Foto 2

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4°. Capina mecânica: roçada através de trator (Foto 3) ou com roçadeiras laterais (Foto 4).

5°. Capina química: será aplicado herbicida à base de glifosato para controle de gramíneas

exóticas.

6°. Preparo de covas: a demarcação de plantio obedecerá ao espaçamento de 3 x 2 metros e o

local de cada cova será coroado (diâmetro de aproximadamente 80 cm). As covas serão

abertas com perfurador de solo mecanizado (Foto

6), ou implemento acoplado ao trator (Foto 7), que

atinge uma profundidade de cerca de 40 cm.

Foto 3 Foto 4

Foto 5

Foto 6 Foto 7

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7°. Plantio: são plantadas 80 espécies de mudas de árvores nativas da região (Foto 8), de

acordo com o esquema de plantio descrito acima, fazendo uso de hidrogel, na proporção de

2,5 g/planta. É feita adubação de base no plantio, com formulação e quantidade de acordo

com o resultado da análise de solo.

8°. Adubação de cobertura: é realizada adubação de cobertura na primeira e segunda

manutenção e repetidas nas demais manutenções caso seja necessário (Foto 9).

Foto 8

Foto 9

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Cronograma

As manutenções serão feitas por dois anos, de acordo com o cronograma a seguir,

podendo ser alterado por necessidades técnicas identificadas da Fundação SOS Mata Atlântica:

Manutenções

Operação Plantio 1 2 3 4 5 6

Controle de formigas Mês 1 Mês 3 Mês 7 Mês 11 Mês 15 Mês 19 Mês 24

Capina química (área total) Mês 1 Mês 3 Mês 7 Mês 11 Mês 15 Mês 19 Mês 24

Abertura de covas Mês 1

Coroamento Mês 1 Mês 3 Mês 7 Mês 11 Mês 15 Mês 19 Mês 24

Adubação de base Mês 1

Adubação de cobertura Mês 3 Mês 11 Mês 19

Aceiros Mês 1 Mês 7 Mês 15 Mês 24

Replantio Mês 3

Após o período de manutenção, tecnicamente tratado como manejo adaptativo, a

área é vistoriada até completar cinco anos.

Status atual dos projetos com menos de cinco anos.

Manutenções

Área Plantio 1 2 3 4 5 6

Fazenda Retiro - fase I 30/07/13 08/11/13 04/02/14 19/05/14 08/09/14 Previsto Previsto

Faz. Novo Horizonte – fase 1 07/02/14 23/04/14 04/06/14 09/09/14 Previsto Previsto Previsto

Fazenda Saltinho – fase 1 Em andamento Previsto Previsto Previsto Previsto Previsto Previsto

5. Fotos dos plantios.

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Fazenda Retiro – fase I.

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Fazenda Novo Horizonte – fase I

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Nesta área ocorreu a invasão de gado, culminando na perda de algumas mudas, mas, uma replanta já esta sendo providenciada para manter a densidade de indivíduos do local.

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Fazenda Saltinho / Gleba I

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6. Conclusões.

A parceria mostra-se um verdadeiro sucesso. As áreas concluídas estão

tecnicamente me condições para que evoluam, chegando a uma dinâmica natura.

Os projetos em andamento seguem o mesmo padrão, contribuindo para que os

serviços ecossistêmicos de áreas anteriormente degradadas sejam recuperados.

Equipe de restauração florestal SOS Mata Atlântica.