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Prof. Msc. Ana Angélica Queiroz
31

Fibras alimentares

Feb 15, 2016

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Frauche

Aula sobre fibras alimentares
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Page 1: Fibras alimentares

Prof. Msc. Ana Angélica Queiroz

Page 2: Fibras alimentares

Fibra alimentar ou fibra dietética é a parte

dos alimentos (vegetais) ingeridos que não é

digerida e absorvida pelo organismo para

produzir energia.

São classificadas em fibra solúvel e insolúvel.

Aceleram a passagem dos produtos residuais

do organismo, absorvem substâncias

perigosas (toxinas) e mantém o tubo

digestivo saudável.

Formação de AGCC

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Os pesquisadores Burkitt e Trowell, na

década de 70, relacionaram à falta na

ingestão de fibras a algumas doenças:

afecções do cólon, constipação e doenças

sistêmicas

Benefícios das fibras para manutenção da

saúde e prevenção de doenças

Fibras na nutrição enteral - melhora da

diarréia, constipação,tolerância à glicose e à

lipídios do sangue.

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É difícil uma definição ideal do que são fibras, pois elas são constituídas por uma grande variedade de substâncias com propriedades físicas, químicas e fisiológicas diferentes.

Segundo a Association of Official Analytical Chemists (AOAC), órgão americano, “fibra alimentar é a parte comestível das plantas ou análogos aos carboidratos que são resistentes à digestão e absorção pelo intestino delgado humano, com fermentação parcial ou total no intestino grosso”.

Essa definição permite incluir substâncias, que fisiologicamente são semelhantes às fibras, façam parte dessa categoria de nutrientes. São elas: a inulina, os frutooligossacarídeos (FOS) e os amidos resistentes.

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São de origem vegetal;

São carboidratos ou derivados dos mesmos,

com exceção da lignina;

Resistem à hidrólise pelas enzimas digestivas

humanas;

Chegam intactas no cólon, e então, podem

ser hidrolisadas e fermentadas pela flora

bacteriana do cólon.

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Frutooligossacarídeos (FOS), Inulina e Amido Resistente:

FOS e inulina são carboidratos com propriedades fisiológicas semelhantes às fibras.

Não sofrem ação das enzimas digestivas, mas são fermentadas no cólon.

São hidrossolúveis e fermentáveis, mas não são viscosas.

Capacidade de modificar a flora intestinal e promover proliferação de bactérias benéficas (bifidobactérias), redução das bactérias patogênicas, redução de metabólitos tóxicos e de enzimas patogênicas, prevenção de diarréia e constipação.

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Frutooligossacarídeos (FOS), Inulina e Amido Resistente:

Os FOS são carboidratos de cadeia curta (oligossacarídeos)

Têm duas qualidades,resistência à ação das enzimas hidrolíticas e uma preferência por bifidobactéria, ou seja, são bifidogênicos, daí seu efeito prebiótico. Alimentando as bactérias benéficas que habitam o intestino e provocando uma redução do PH, proporcionam uma melhor absorção de certos minerais como cálcio e magnésio.

São obtidos pela hidrólise de inulina através da enzima inulase e sintetizados a partir da sacarose pela enzima frutosil transferase, enzima fúngicaobtida do Aspergilusninger.

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A inulina é um polímero de glicose (contém de 2 a 60 unidades

de frutose ligadas a uma unidade de glicose). É fermentável e

bifidogênica (função de prebiótico).

O Amido resistente (AR) foi classificado como a soma do amido

e dos produtos de degradação que não são absorvidas no

intestino delgado de uma pessoa saudável.

AR1, amido fisicamente envolvido (grãos e sementes

parcialmente moídos);

AR2, grânulos cristalinos não gelatinizados (encontrados em

bananas e batata);

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AR3, amilose invertida (formada durante o cozimento do

amido gelatinizado pelo calor úmido).

Fator intrínseco é a própria estrutura física do amido que pode

interferir na sua

digestão.

Fatores extrínsecos são: mastigação, tempo de trânsito

digestivo, concentração de 7 enzimas digestivas (amilase e

outras), pH, quantidade de amido e outros componentes da

alimentação que interferem na digestão do amido.

O AR age como fibra solúvel, não é digerido no intestino

delgado, mas é fermentado pelas bactérias colônicas (porção

distal do cólon).

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Goma arábica, celulose, pectinas:

As gomas são polissacarídeos complexos

São consideradas parte não estrutural das plantas e têm alta

capacidade de formação de gel, por isso é amplamente utilizada

na indústria alimentícia como emulsificante ou estabilizante de

alimentos.

A goma arábica é considerada uma fibra solúvel.

Efeito sinérgico entre FOS e goma arábica, que quando

presentes em uma mesma solução potencializam o efeito

bifidogênico. Devido ao seu alto peso molecular, a goma arábica

não possui efeito laxativo, não contribuindo para um possível

quadro de diarréia.

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Goma arábica, celulose, pectinas:

Os humanos toleram bem doses de até 50 g/dia .

Dificilmente é degradada pelas enzimas bacterianas, a

fermentação é lenta, assim, a produção de gás é retardada e

distribuída pelo cólon

A produção de AGCC também fica mais lenta, atingindo todo o

cólon favorecendo seus efeitos fisiológicos benéficos para toda a

mucosa do intestino grosso.

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Goma arábica, celulose, pectinas:

A celulose é substância orgânica mais abundante na natureza e o

componente mais comum das paredes celulares das plantas

(filamentos finíssimos chamados microfibrilas), é uma fibra do

tipo insoluvel.

É um polissacarídeo linear, de alto peso molecular, constituído

por unidades de glicose unidas por ligação do tipo beta, que é

mais resistente, o que permite menor ação das enzimas

digestivas.

As principais propriedades da celulose são: retém águanas

fezes, aumenta o volume e peso das fezes, favorece o

peristaltismo do cólon, diminui o tempo de trânsito colônico,

aumenta o número de evacuações, reduz a pressão intraluminal

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A pectina é um termo genérico para um grupo de polissacarídeos

ramificados, presentes nas paredes celulares de plantas que

produzem sementes, formados por unidades de ácido

galacturônico, mas que podem incluir outras moléculas de

monossacarídeos (frutose, xilosee ramnose) .

A quantidade de ácidos galacturônicos é que proporcionam o

poder a viscosidade e o poder geleificante.

A casca de frutos citrícos é grande fonte de pectina, e sua

quantidade varia segundo a estação e a variedade do fruto.

Está presente em várias fórmulas antidiarréicas.

ação coloidal

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Estrutura

Solubilidade em água

Grau de fermentação

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Normalmente, o que difere as fibras é:

Quantidade de monossacarídeos;

Tipo de monossacarídeos na cadeia

polimérica;

Seqüência dos monossacarídeos na cadeia;

Cadeias secundárias;

Tipo de ligação, alfa ou beta, entre os

monossacarídeos.

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Fibras solúveis:

pectinas, mucilagens, gomas (goma arábica e goma guar), inulina, FOS , beta-glucan, psyllium, e hemiceluloses tipo A.

Têm a capacidade de se ligar à água e formar géis.

No TGI, retardam o esvaziamento gástrico, o tempo de transito intestinal, diminuem o ritmo de absorção de glicose e colesterol, são substratos para fermentação bacteriana que resultam em gases e AGCC

São encontradas principalmente em frutas e verduras, mas também em cereais (aveia e cevada) e leguminosas .

Os principais efeitos metabólicos das fibras solúveis são descritos a seguir

Retardam esvaziamento gástrico e o transito intestinal;

Alteram o metabolismo colônico através da produção dos AGCC;

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Modulam a mobilidade gastrintestinal

Reduzem a diarréia (aumento na absorção de água);

Promovem o desenvolvimento da mucosa intestinal (íleo e cólon);

Proporcionam energia (devido à fermentação) para mucosa intestinal;

Diminuem o pH do cólon;

Melhoram a proteção contra infecção (função de barreira, imunidade);

Aumentam tolerância a glicose;

Diminuem os níveis de colesterol total e de LDL.

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Fibras insolúveis:

celulose, hemicelulose tipo B, amido

resistente e lignina.

Fazem parte da estrutura das células vegetais.

Apresentam efeito mecânico no TGI, são pouco

fermentáveis, aceleram o tempo de transito

intestinal devido à absorção de água.

São encontradas principalmente em verduras,

farelo de trigo e grãos integrais.

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Os principais efeitos metabólicos são:

Aumentam o peso e a maciez das fezes;

Aumentam a freqüência da evacuação e

diminuem o tempo de trânsito no cólon;

Reduzem a constipação;

Retém água;

São pouco fermentáveis;

Não são viscosas;

Intensificam a proteção contra infecção

bacteriana.

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Ocorre no cólon pela ação das bactérias

anaeróbicas.

O grau de fermentação colônica sofre

interferência da composição da flora intestinal e

das características químicas e físicas, ou seja, o

tipo de fibra, a solubilidade, a fonte, a forma e o

tamanho das partículas.

Além das fibras, FOS, inulina, amidos resistentes,

outros substratos (açúcares arabinose, xilose,

manose e ramnose) e muco intestinal também são

fermentados no intestino.

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Os produtos da fermentação bacteriana das fibras são:

AGCC: os mais importantes da fermentação das hemiceluloses e pectinas são o ácido acético, butírico e propiônico. São removidos do lúmen intestinal por difusão iônica e facilitam a absorção do sódio e potássio.

Gases: hidrogênio, metano e dióxido de carbono, que são excretados via retal.

Energia: utilizada para crescimento e manutenção das bactérias.

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A fermentação das fibras varia de 0% a 90%, e, só é considerada fermentável, se for no mínimo 60% fermentada.

Quanto mais solúveis a fibra, maior o seu grau de fermentação, a saber: lignina, 0%; celulose, 15% a 60%; hemicelulose, 56% a 85% e pectinas, 90% a 95%.

No cólon, a flora bacteriana consiste quase que totalmente de bactérias anaeróbias estritas, como Bacteróides, Bifidobacterium, Clostridium e Lactobacillus.

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Os AGCCs são formados a partir da degradação bacteriana de carboidratos e proteínas da dieta e os mais abundantes são o acetato, propianato e butirato.

O AGCC tem importante papel na fisiologia do intestino: é reconhecido como principal fonte de energia para o enterócito; estimula a proliferação celular do epitélio; melhora o fluxo sanguíneo; aumentam a absorção de água e sódio, importantes nos casos de diarréia; diminui o pH intraluminal (diminui a absorção da amônia), importantes para pacientes com encefalopatia hepática e insuficiência renal.

Diminui a necessidade de insulina em diabéticos, devido aos mecanismos relacionados à metabólitos do AGCC.

AGCC favorecem a absorção de vit. K e Mg devido à acidificação do lúmen intestinal.

O acetato e o propianato favorecem a absorção de cálcio no cólon.

O propianato é substrato para a gliconeogênese.

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O acetato influencia indiretamente o uso de glicose ao reduzir as concentrações de ácidos graxos livres séricos

In vitro, o propianato inibe a síntese de colesterol em tecido hepático, entretanto, a quantidade de propianato necessária para isso é muito grande e não é alcançada na veia porta.

O efeito do acetato no aumento do colesterol sérico foi mais sugerido após estudo em que se administrou lactulose em indivíduos sadios por duas semanas e o resultado mostrou aumento nas concentrações séricas de colesterol total, LDL, apoliproteína B e triacilgliceróis.

Butirato pode melhorar a saúde do cólon.

Há evidências que a fermentação colônica de AR aumenta a concentração de butirato e propianato no cólon, dependendo da fonte de amido.

Tratamento da colite ulcerativa e prevenção do pólipo e câncer de cólon.

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A refeição rica em fibras tem mais volume, portanto exige mastigação prolongada.

Estimulam a salivação e melhoram a viscosidade do suco duodenal, pois diminuem o pH do mesmo (pectina), importante para indivíduos com úlcera duodenal.

Também retardam o esvaziamento gástrico (pectina e gomas) e aumentam a saciedade (redução na ingesta alimentar), relevante para dietas de emagrecimento

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No intestino delgado é que ocorre a maior

parte dos processos da digestão e absorção dos

nutrientes.

Ao contrário do que acontece no estômago, no

intestino as fibras aumentam a velocidade do

trânsito no delgado proximal e reduzem nas

porções distais.

Retardam a captação de açúcares, aminoácidos

e drogas como a digoxina e acetaminofeno.

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Pectina tem capacidade de aumentar a espessura dacamada de água não agitada, que atua como barreira à difusão de nutrientes.

As fibras formadoras de géis, como a pectina, auxiliam na redução dos níveis séricos de colesterol e triglicerídeos em ratos e em humanos.

A goma guar tem efeito hipoglicemiante em indivíduos saudáveis e portadores de diabetes

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No cólon é que predomina um maior aproveitamento dos alimentos mediante um contato mais intenso com a mucosa intestinal.

As fibras insolúveis aumentam o peso e a maciez das fezes, aumentando a freqüência de evacuações.

A captação de água e fermentação de fibras, FOS, inulina e amido resistente têm relação com o aumento de peso das fezes.

As fibras alimentares diminuem a pressão do cólon, aumentam o peso e melhoram a consistência das fezes (controla a diarréia),aumentam a velocidade do trânsito intestinal, mantêm a flora intestinal e as funções do cólon.

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A obstipação pode ser definida objetivamente como um distúrbio ou diminuição da freqüência de evacuações em intervalos maiores que 48 a 72 horas, o que permite maior absorção de água pela mucosa intestinal, resultando e fezes duras e de difícil passagem pelo reto.

A indicação de fibras solúveis e insolúveis em quantidade adequada aumenta o bolo fecal.

O farelo de trigo tem sido usado para aliviar os sintomas, pois, pela retenção de água, forma fezes macias e pesadas.

Marlett et al, 2000, função intestinal de indivíduos que receberam fibras provenientes de um isolado de psyllium e demonstrou que eles apresentaram fezes mais macias, além de facilidade na evacuação, sensação de alívio e aumento do volume fecal. Além de macias, a maioria das fezes coletadas era visivelmente mais gelatinosa.

suplementos contendo muita fibra insolúvel geram maior volume fecal que os contendo muita fibra solúvel e/ou diminuem o tempo de transito colônico.

Chen et al. não encontraram diferenças no peso fecal úmido de voluntários humanos recebendo farelo de trigo ou de aveia (cozidos) contendo 95 ou 50% de fibra insolúvel.

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Segundo Howarth et al a maioria dos estudos publicados indicam que o consumo de fibras solúveis e insolúveis proporciona saciedade e diminui conseqüentemente a fome. De acordo com o pesquisador, 14 g de fibra/dia por mais de 2 dias está associado a uma diminuição de 10% no consumo de energia e a uma perda de peso de 1,9 kg após 3,8 meses.

De acordo com vários estudos, e dentre os mecanismos de ação das fibras para auxiliar na redução de peso corpóreo vale ressaltar:

Contribuição na redução da densidade calórica da dieta em razão da alta capacidade das fibras solúveis em reter água (pectinas, gomas, mucilagens, psyllium).

Estimulo da secreção salivar e do suco gástrico, favorecendo a sensação de saciedade em razão da maior necessidade de mastigação das fibras.

Redução da velocidade do esvaziamento gástrico, diminuindo a fome e prolongando a sensação de saciedade.

Diminuição da absorção de ácidos graxos e de sais biliares no intestino delgado.