UFRRJ INSTITUTO DE AGRONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AGRÍCOLA DISSERTAÇÃO A INTERDISCIPLINARIDADE COMO PRÁTICA EDUCACIONAL TECNOLÓGICA EM APICULTURA: ESTUDO DE CASO DA ESCOLA AGROTÉCNICA FEDERAL DE CASTANHAL, PA. ARNALDO PANTOJA DA COSTA 2009
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UFRRJ
INSTITUTO DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AGRÍCOLA
DISSERTAÇÃO
A INTERDISCIPLINARIDADE COMO PRÁTICA EDUCACIONAL
TECNOLÓGICA EM APICULTURA: ESTUDO DE CASO DA ESCOLA
AGROTÉCNICA FEDERAL DE CASTANHAL, PA.
ARNALDO PANTOJA DA COSTA
2009
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AGRÍCOLA
A INTERDISCIPLINARIDADE COMO PRÁTICA EDUCACIONAL
TECNOLÓGICA EM APICULTURA: ESTUDO DE CASO DA ESCOLA
AGROTÉCNICA FEDERAL DE CASTANHAL, PA.
ARNALDO PANTOJA DA COSTA
Sob a orientação da professora
Maria Cristina Affonso Lorenzon
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências, no Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola, Área de Concentração em Educação Agrícola.
Seropédica, RJ
Setembro de 2009
Bibliotecário___________________________________ Data ___/___/___
Costa, Arnaldo Pantoja da, 1960 A interdisciplinaridade como prática educacional
tecnológica em apicultura: estudo de caso da Escola Agrotécnica Federal de Castanhal, Pa/Arnaldo Pantoja da Costa – 2009.
81 f.: grafs, tabs.
Orientador: Maria Cristina Affonso Lorenzon. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Agronomia. Bibliografia: f.
1. Técnicos em agropecuária – formação – teses. 2.
Ensino profissional – teses. 3. Abelha – Criação – Estudo – Ensino – Teses. I. Lorenzon, Maria Cristina Affonso, 1995- II. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Instituto de Agronomia. III. Título.
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AGRÍCOLA
ARNALDO PANTOJA DA COSTA
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências, no Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola, Área de Concentração em Educação Agrícola.
DISSERTAÇÃO APROVADA EM _______/ _______/ ________
____________________________________________
Profª. Maria Cristina Affonso Lorenzon. Dra. UFRRJ
________________________________________
Profª. Mary Rangel. Dra. UERJ
___________________________________________
Profª. Sandra Barros Sanchez. Dra. UFRRJ/CTUR
DEDICATÓRIA
Aos meus filhos (as) Regiane, Marcell e
Susan pelo carinho, amizade e
compreensão nos momentos difíceis.
Aos meus pais, Manoel Albuquerque Costa
e Raimunda Pantoja da Costa (in
memorian) pelo amor incondicional.
AGRADECIMENTOS
A Deus por me fazer acreditar e vencer o desafio de construir a liberdade através do
conhecimento, chegando com sucesso ao fim de mais uma jornada.
À professora Maria Cristina Affonson Lorenzon pelas orientações, amizade e
incentivos dispensados ao longo deste trabalho.
À Professora Barros Sanchez pela força, incentivo e apoio, a minha eterna gratidão.
A todos os funcionários do PPGEA, especialmente ao Nilson Brito de Carvalho e sua
esposa Eucir Rodrigues de Carvalho pela ajuda, amizade e companheirismo.
A toda a comunidade escolar da EAF de São Luis, em especial ao colega Inaldo
Lisboa pela amizade e acolhida durante a realização do estágio pedagógico.
Aos profissionais da EAF de Castanhal, em especial ao Diretor Geral Francisco
Edinaldo Feitosa e aos professores(as) Inácia Thury, Marcelo Torres, Suely Lima, Edileusa
Pilletti Acácio Melo e Gleice Oliveira pelo apoio, incentivo e colaboração.
Aos meus irmãos e amigos pelo incentivo, amizade e compreensão pelas minhas
constantes ausências.
Aos alunos da EAF de Castanhal, em especial à Turma Agropecuária, 2ª C, 2007 e aos
monitores a minha gratidão.
A Tatiane Calandrino da Mata por partilhar comigo momentos significativos de troca
de conhecimentos, companheirismo e amizade que certamente ficarão marcados em nossas
vidas.
Àquelas pessoas com as quais aprendi pela dor, lições, embora amargas, mas que me
lançaram para a frente e me proporcionaram a capacidade para transpor obstáculos cada vez
maiores.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................01 2. REVISÃO DE LITERATURA .........................................................................................05 2.1. Breve histórico da EAF de Castanhal, Pará.......................................................................05 2.2. Apicultura no Brasil...........................................................................................................06 2.3. Apicultura no Estado do Pará.............................................................................................09 2.4. Apicultura no Município de Castanhal, Pará.....................................................................13 2.5. Agricultura familiar e apicultura como alternativa ao desenvolvimento sustentável........16 2.6. Interdisciplinaridade e a construção do conhecimento......................................................20 2.7. Educação profissional e o desafio de uma nova formação: Lei nº 9394/96 e sua legislação complementar............................................................................................................................26 3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................31 3.1. Local da Pesquisa...............................................................................................................31 3.2. Identificação do público alvo.............................................................................................32 3.3. Identificação dos parceiros no projeto...............................................................................32 3.4. Recursos instrucionais........................................................................................................33 3.5. Procedimentos metodológicos...........................................................................................33 3.5.1. Mobilização e participação dos docentes no projeto......................................................34 3.5.2. Questionário sócio-econômico........................................................................................35 3.5.3. Avaliações antes e depois do projeto..............................................................................35 3.5.4. Diário de campo..............................................................................................................35 3.5.5. Cronograma de execução de atividades..........................................................................36 3.5.6. Elaboração da planilha de auto-avaliação.......................................................................36 3.5.7. Atividades teóricas..........................................................................................................36 3.5.8. Atividades práticas..........................................................................................................37 3.5.9. Atividades extra classe....................................................................................................39 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................43 4.1 O projeto de pesquisa..........................................................................................................43 4.2 Envolvimento dos professores............................................................................................43 4.3. Avaliações..........................................................................................................................46 4.3.1. Anotações do diário de campo e textos...........................................................................46 4.3.2. Auto-avaliação................................................................................................................50 4.3.3. Avaliação antes e depois do projeto...............................................................................54 4.3.4. Avaliação final................................................................................................................59 5. CONCLUSÕES...................................................................................................................61
Tabela 3. Índice percentual de respostas às justificativas solicitadas no questionário de
diagnóstico dos conhecimentos no momento inicial e final do módulo. Castanhal (EAF), 2007..............................................................................................................56
Tabela 4. Índice de Participação nas principais atividades interdisciplinares desenvolvidas
durante o módulo de Apicultura. Castanhal (EAF), 2007..........................................................................................................................59
LISTA DE ABREVIAÇÕES
BASA Banco da Amazônia BANPARÁ Banco do Estado do Pará CBA Confederação Brasileira de Apicultura CONAB Companhia Nacional de Abastecimento COOPMEL Cooperativa dos Produtores de Mel de Alagoas EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FANEP Fundação Sócio Ambiental do Nordeste Paraense FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação FAPIC Federação das Associações de Apicultores do Estado do Pará IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário NAEA Núcleo de Altos Estudos Amazônicos NEAF Núcleo de Estudos Sobre Agricultura Familiar PNATER Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar SAF’s Sistemas Agroflorestais SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEPOF Secretaria Executiva de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças UFPA Universidade Federal do Pará CBA Confederação Brasileira de Apicultura EMATER-PA Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PMC Prefeitura Municipal de Castanhal SAGRI Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro EAF Escola Agrotécnica Federal APIC Associação dos Apicultores do Pará APISAL Associação dos Criadores Orgânicos de Abelhas de São João de Pirabas AVAPIS Associação Viseuense de Apicultores AMEL Associação dos Apicultores do Município de Capitão-Poço AAPRI Associação dos Apicultores de Primavera FAPIC Federação das Associações de Apicultores do Estado do Pará PAF Programa de Agroindústria Familiar PLANFOR Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador SETEPS Secretaria Executiva de Trabalho e Promoção Social SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural MCT Ministério de Ciência e Tecnologia SDT Secretaria de Desenvolvimento Territorial
UFRA Universidade Federal Rural da Amazônia POEMAR Núcleo de Ação para o Desenvolvimento Sustentável EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias ADEPARÁ Agência de Defesa Agropecuária do Pará PAA Programa de Aquisição de Alimentos ACAPI Associação dos Criadores de Abelhas de Castanhal, Pará SAGRI Secretaria de Agricultura MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária CMMAD Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento PIB Produto Interno Bruto PNATER Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação PPGEA Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola CEFET´s Centros Federais de Educação Tecnológica SETEC Secretaria de Educação Média e Tecnológica CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior BECA Bolsa de Estudo para a Conservação da Amazônia IEB Instituto Internacional de Educação do Brasil BPF Boas Práticas de Fabricação
RESUMO
COSTA, Arnaldo Pantoja da. A interdisciplinaridade como prática educacional tecnológica em apicultura: estudo de caso da Escola Agrotécnica Federal de Castanhal, PA. 2007. 81p. (Dissertação de Mestrado em Educação Agrícola). Esta pesquisa foi realizada na Escola Agrotécnica Federal de Castanhal (EAFC de Castanhal) com vinte e dois alunos (público alvo) da segunda série do ensino médio profissionalizante, matriculados no módulo de Apicultura do Curso Técnico em Agropecuária no ano letivo de 2007. O trabalho contou com a participação de cinco professores, dois alunos monitores e apicultores locais e teve como objetivos principais estabelecer relações interdisciplinares no desenvolvimento da prática educativa em apicultura para o ensino agrotécnico. A partir deste projeto desenvolvido durante o módulo de apicultura, buscou-se estrategicamente criar situações em que os alunos pudessem articular, integrar e interagir conhecimentos, como sujeitos de seus próprios saberes, numa perspectiva de desenvolver com os educandos, não somente o domínio dos conteúdos e habilidades pertinentes à apicultura, mas, principalmente, a capacidade de articular diversos saberes e contextualizá-los de forma prática e reflexiva numa dimensão de totalidade. Os resultados foram avaliados no sentido de identificar que novos significados podem trazer ao módulo de Apicultura o uso da metodologia interdisciplinar. Na participação das disciplinas foram utilizados temas geradores. Os alunos foram avaliados antes e depois do módulo. Para o acompanhamento da evolução das aprendizagens foram utilizados os seguintes instrumentos avaliativos: auto-avaliação, construção de um diário de campo, elaboração de textos e registros de depoimentos e participações. Observou-se que a metodologia utilizada possibilitou aos alunos a construção das habilidades necessárias ao profissional em apicultura, numa perspectiva de totalidade criando espaços dialógicos de intensa interatividade entre as diversas áreas do conhecimento ultrapassando assim, as fronteiras disciplinares, ligando os conhecimentos ambientais, sociais e econômicos numa teia solidária e interdependente. Os resultados alcançados mostram que a prática interdisciplinar foi positiva e bem aceita pelos alunos no ensino de apicultura e pode ser utilizada como alternativa pedagógica para os professores trabalharem as demais disciplinas na Escola Agrotécnica Federal de Castanhal, Pará. Palavras-chaves: Apicultura, interdisciplinaridade, prática pedagógica.
ABSTRACT
COSTA, Mr. Pantoja's. The interdisciplinary and practical education in beekeeping technology: a case study of the Federal School of Agrotechs at Castanhal, Pa. 2007. 81p. (Masters in Agricultural Education composition). This research was conducted at the Federal School of Agrotécnica at Castanhal (EAFCA of Castanhal) with twenty-two students (target audience) in the second series of professional education, enrolled in the module of the technical course in beekeeping farm in the year 2007. The work involves the participation of five teachers, two students, monitors and local beekeepers, it aimed to establish key relationships in the development of interdisciplinary educational practice in beekeeping to teach Agrotechs. This project was developed during the module beekeeping, where we strategically created situations in which students could articulate, interact and integrate knowledge, as subjects of their own knowledge, in order to develop with the learners, not just the domain of content and skills relevant to beekeeping, but mainly, the ability to articulate different knowledge, contextualize them in a practical and reflexive dimension of a whole. The results were evaluated to identify which new meanings can bring to the module using the beekeeping interdisciplinary methodology. The participation of the subjects were used as themes generators. Students were evaluated before and after the module. To follow the progress of learning was used the following evaluation instruments: self evaluation, construction of a journal in the field, preparation of documents and records and holdings statements. It was observed that the methodology allowed the students to build skills needed to work in beekeeping, with a view to creating spaces for full discussion of intense interaction between the various areas of knowledge well beyond the disciplinary boundaries, linking the environmental knowledge, social and economic interdependence and solidarity in a web. The results show that the interdisciplinary practice was positive and well received by students in the teaching of beekeeping and can be used as alternative education for teachers working with other disciplines in the Federal School of Agrotechs at Castanhal , Pará. Key-words: beekeeping, interdisciplinary, teaching
1. INTRODUÇÃO
As inúmeras mudanças sociais, culturais, tecnológicas e ambientais que vivenciamos
reforçam a necessidade de uma reforma, um novo modo de pensar o processo pedagógico.
Faz-se necessário uma postura diferente, onde a dimensão cultural interdisciplinar ganha
relevância e o imperativo se torna a unidade do conhecimento.
A educação profissional requer, além do domínio operacional de um determinado fazer,
a compreensão global do processo produtivo, com a apreensão do saber tecnológico, a
valorização da cultura do trabalho e a mobilização dos valores necessários à tomada de
decisões. (SANCHEZ, 2002, p. 80).
As novas demandas da sociedade globalizada e o advento da revolução tecnológica
não permitem mais separar a função instrumental (habilidade técnica, o fazer) da função
intelectual (habilidade científica, o pensar) e determinam, assim, a adoção de um novo
princípio educativo que possibilite a articulação entre a ciência, a tecnologia e a cultura.
A complexidade das sociedades nas quais vivemos e a interligação entre as diversas
nações, governos, políticas e estruturas econômicas e sociais, leva a análises também mais
integradas, nas quais devem ser consideradas todas as dimensões de forma inter-relacionada
(SANTOMÉ, 1998, p. 45).
Percebe-se que as escolas agrotécnicas, apesar das inúmeras mudanças sociais,
mantiveram sua estrutura de fazenda de produção agropecuária e internato, mesmo mudando
sua clientela e seus objetivos de atendimento. Os componentes estruturais herdados vêm
sendo assumidos como condição para a formação dos alunos. (MARTINS, 2005, p. 9).
Nesse contexto, percebe-se o problema específico vivenciado historicamente pelas
escolas agrotécnicas: conjugar de forma equilibrada o tripé: educação, trabalho e produção,
que vem sustentando seu processo educativo.
É necessário romper as barreiras disciplinares, colocando-as a um nível de interação e
reciprocidade dentro de um sistema global. . Jupiassu (2006, p. 1) escreve: “Não basta mais o
simples encontro ou a justaposição das disciplinas. Torna-se imprescindível eliminar as
fronteiras entre as problemáticas e os modos de expressão para que se instaure uma
comunicação fecunda”.
O ensino na Escola Agrotécnica Federal (EAF) de Castanhal, Pará, apesar dos esforços
e avanços após a reforma do ensino técnico com nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
nº. 9394/96 e o Decreto nº. 5154/2004 ainda se caracteriza por uma estrutura disciplinar.
2
Atualmente nota-se o desenvolvimento de várias ações em direção à integração curricular,
porém, prevalece ainda, a valorização do processo produtivo e a priorização do trabalho com
uso da mão-de-obra do aluno.
Percebe-se na instituição, a coexistência de vários modelos pedagógicos, frutos das
várias concepções e políticas adotadas ao longo dos oitenta e sete anos de sua trajetória
histórica.
Os professores das escolas agrotécnicas, em sua ampla maioria, atuam embasados em
uma teoria que dicotomiza teoria e prática, abordando de forma fragmentada questões de
genética, agricultura sustentável, entre outras (FRANCISCHETTI, 2005, p. 1).
Estudos realizados por Favacho; Dias (2008, pp. 217-218) revelaram que a Escola
Agrotécnica Federal de Castanhal forma o profissional, técnico em agropecuária, que atua na
realidade rural, transmitindo técnicas assimiladas em currículos disciplinares e sub-
disciplinares, priorizando um instrumental direcionado para o mercado de trabalho. A infra-
estrutura herdada da metodologia do “modelo escola fazenda” aliada à formação tradicional
docente são fatores que dificultam a prescrição dessa metodologia que permeia grande parte
das ações pedagógicas da EAF de Castanhal.
No módulo de Apicultura não é diferente, utiliza-se do trabalho como princípio
educativo, ensejando a filosofia “aprender a fazer e fazer para aprender”, o processo produtivo
ainda se dá com o uso exclusivo da mão-de-obra do aluno, sendo extremamente valorizado
em detrimento a um ensino educativo, orientado para a formação integral do cidadão-
trabalhador, capaz de promover seu auto-desenvolvimento e superar a complexidade da atual
sociedade.
As demandas atuais do mundo globalizado apontam para a necessidade da prática do
ensino inter-transdisciplinar, como alternativa para superar e vencer a complexidade e os
desafios de uma educação para a vida, fundamentada na dinâmica permanente da
autoconstrução e reconstrução do conhecimento.
Sanchez (2002, p. 75) escreve: “ A globalização do mundo que vem alterando as visões
sobre os fatos e conceitos, estimula novas reflexões sobre a organização de trabalhos
interdisciplinares a partir de um processo de reintegração e reconstrução do todo”.
Os professores e técnicos, da Escola Agrotécnica Federal de Castanhal têm percebido
ao longo dos anos a incompatibilidade entre os conhecimentos teórico-práticos ministrados na
escola e a realidade do mercado de trabalho em geral e reconhecem a necessidade de repensar
3
uma nova proposta pedagógica que atenda ao novo perfil de formação profissional. (EAFC,
1997, p. 4).
A montagem do agronegócio apícola exige o domínio amplo de sua tecnologia e de
outras que ampliam as possibilidades de êxito neste negócio. A formação interdisciplinar do
técnico em agropecuária é pertinente a este domínio e pode alavancar seu desenvolvimento
também na apicultura.
Em pesquisa com o tema: “Construindo o ensino de apicultura” com os alunos do
módulo de Apicultura do Curso de Técnico Agrícola no Centro Federal de Educação
Tecnológica de Uberaba – MG, Bessa (2005, p. 55) concluiu que a participação dos alunos na
pedagogia de projeto propiciou a re-significação do espaço escolar, transformando-o em um
espaço vivo de interações em que todo o conhecimento foi adquirido em estreita relação com
os contextos usados, num processo de aprendizagem participativa e que, através da
transdisciplinaridade, os alunos puderam construir conhecimentos alicerçados nos seus
conhecimentos trazidos do cotidiano, como a música, o desenho e a informática.
É preciso levar em consideração as peculiaridades cognitivas dos que aprendem;
conhecer e partir de seus conceitos espontâneos e implícitos para gerar as adequadas
contradições ou conflitos cognitivos capazes de obrigar cada estudante a substituir ou
reconstruir suas idéias para enfrentar os desafios que os envolvem (SANTOMÉ, 1998, p. 43).
Sanchez (1998, p. 14) reportando-se sobre o ensino e pesquisa em Escolas Agrícolas
escreve: “deve-se considerar a aprendizagem como um processo integrado no qual toda
pessoa percebe a construção de sua inteligência”.
A interdisciplinaridade abre a possibilidade para que à partir da situação problema, os
alunos dialoguem com seus próprios saberes, num rico processo de investigação coletiva,
troca de experiências e compartilhamento de diversos pontos de vista, numa situação autêntica
de vivência. Este caminho os conduz a desenvolverem a capacidade de observação, reflexão,
do pensar criativo, crítico e cooperativo, oportunizando comprovar suas idéias através da
aplicação das mesmas, estimulando a iniciativa, autoconfiança e o senso de responsabilidade.
Fazenda (2002, p. 52) escreve: “O ensino interdisciplinar nasce da proposição de
novos objetivos, novos métodos, enfim, de uma “nova pedagogia”, cuja tônica primeira seja a
supressão do monólogo e a instauração de uma prática dialógica”.
Santomé (1998, p. 66) corrobora: “A interdisciplinaridade não é apenas uma proposta
teórica, mas, sobretudo, uma prática. Sua perfectibilidade é realizada na prática; na medida
em que são feitas experiências reais de trabalho em equipe, exercitam-se suas possibilidades,
problemas e limitações”.
4
“No projeto interdisciplinar não se ensina, nem se aprende: vive-se, exerce-se. A
responsabilidade individual é a marca do projeto interdisciplinar, mas essa responsabilidade
está imbuída do envolvimento – envolvimento que diz respeito ao projeto em si, às pessoas e
às instituições a ele pertencentes” (FAZENDA, 1993, p. 17).
Na vivência com os alunos na EAF de Castanhal, Pará, percebe-se que a prática
pedagógica, baseada tão somente no domínio de conteúdos e habilidades específicas para o
manejo apícola, torna-se insuficiente na formação do técnico em agropecuária.
Nota-se que os alunos precisam de “algo mais” no seu aprendizado. Algo que vá além
do simples domínio de conteúdos e habilidades específicas da apicultura, que pode ser
percebido como a capacidade para articular saberes, contextualiza-los, humanizá-los, e de
promoverem seu auto-aprendizado permanentemente, frente à complexidade e desafios postos
pela sociedade contemporânea.
Os modelos disciplinares atuais no ensino agrícola requerem superação Francischetti
(2005 p. 2) escreve: “o entendimento da agricultura de forma sistêmica e sustentável requer a
formação de profissionais balizada por um currículo constituído de abordagens integradas”.
A educação profissional requer, além do domínio operacional de um determinado fazer,
a compreensão global do processo produtivo, com a apreensão do saber tecnológico, a
valorização da cultura do trabalho e a mobilização dos valores necessários à tomada de
decisões. (SANCHEZ, 2002, p. 80).
Segundo Vieira; Tavares; Teodoro (2008, p. 158): “O método interdisciplinar de tratar
os diversos conteúdos e disciplinas tem sido indicado como favorecedor da constituição da
totalidade dos conhecimentos, através da relação e interação entre os conceitos subjacentes a
cada campo da ciência”.
Frente ao exposto, justifica-se esta pesquisa que se constitui em um estudo de caso que
analisa o desenvolvimento prático de uma nova proposta para o ensino educativo de
apicultura, que utiliza a interdisciplinaridade como prática educacional tecnológica
objetivando estabelecer relações interdisciplinares em que os alunos possam articular, integrar
e interagir conhecimentos numa dimensão de totalidade. Sob esta ótica investiga-se que novos
significados, possibilidades e limitações podem trazer ao módulo de Apicultura numa
perspectiva interdisciplinar e avalia-se, ações técnicas e pedagógicas que possam resultar em
possíveis orientações para o uso desta metodologia de ensino na EAF de Castanhal, Pará.
5
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Breve histórico da EAF de Castanhal, Pará.
A Escola Agrotécnica Federal de Castanhal, Pará tem sua origem em 17 de novembro
de 1920, quando foi fundado o Patronato Agrícola Manoel Barata pela Lei nº. 1.957, no lugar
onde funcionava o Instituto Orfanológico do Estado na Ilha de Caratateua, em Outeiro,
Distrito de Icoaraci, Belém-PA. (Colleção Leis do Estado do Pará, p. 101, Decreto Lei nº
1.957/1920).
O artigo publicado no Jornal O Liberal de 18 de Junho de 1972, caderno de Domingo,
p. 7, faz referência ao decreto de criação do Patronato Agrícola Manoel Barata, e explica que
antes do patronato, neste local funcionava o referido instituto.
No Pará, o Patronato Agrícola Manoel Barata foi considerado uma das formas
institucionais para contribuir com a preparação daqueles que seriam os empregados das elites
agropecuárias no Estado. (OLIVEIRA, 2007, p. 25).
A criação desta instituição representou um marco do ensino rural/profissional na Amazônia. Foi a primeira ação federal direcionada para o ensino agrícola no Estado do Pará com o objetivo de desenvolver a Agricultura, Horticultura, Jardinocultura, para as crianças de classe popular, direcionando-as para o trabalho rural, ou seja, de acordo com alguns documentos do período: transformar órfãos e abandonados em feitores do campo (Colleção Leis do Estado do Pará, p. 101, Artigo 1º do Decreto Lei nº. 1.957/1920).
Em abordagem sobre este assunto Oliveira (2007, p. 199) relata que a função do
ensino agrícola era regenerar, disciplinar, por meio da reclusão e da aprendizagem de um
ofício. “Formar capatazes, feitores do campo”.
Em 1968, já com o nome de Colégio Agrícola Manoel Barata foi transferido da Ilha de
Caratateua (Município de Belém, Pará) para a cidade de Castanhal, Pará. A mudança
aconteceu no dia 18 de Junho de 1972 autorizada pelo Decreto Federal nº. 70.688 de 8 de
Junho de 1972.
Na década de 1970 foi implantado nas Escolas Agrícolas o Sistema Escola-Fazenda,
reformulado posteriormente pela Coordenação Nacional do Ensino Agropecuário (COAGRI),
órgão do MEC responsável em prestar assistência técnica e financeira às instituições de
ensino agrícola, criada pelo decreto nº. 72.434 de 09 de junho de 1973.
6
Com a promulgação da Lei nº. 5.692/71, o colégio agrícola passou a adotar o Sistema
Escola-Fazenda, encarado como uma ferramenta capaz de por em prática os princípios da
nova legislação, no que diz respeito à “preparação do profissional qualificado para o setor
primário da economia”. (BRASIL, 1990, p. 10).
Em 04 de setembro de 1979 através do Decreto nº. 83.935, passou à denominação de
Escola Agrotécnica Federal de Castanhal, Pará (BRASIL, 1979).
Através da Lei nº. 11.892, de 29 de dezembro de 2008, passou à denominação atual de
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus de Castanhal, Pará (BRASIL,
2008).
2.2. Apicultura no Brasil
O Brasil é um país tipicamente tropical, com um dos mais altos índices de área de
cobertura vegetal que, somada aos recursos hídricos naturais, apresenta a maior
biodiversidade de flora, onde as abelhas têm papel fundamental na polinização,
proporcionando cerca de 80% das perpetuações das espécies vegetais que, por sua vez,
fornecem os recursos (néctar, pólen e resinas vegetais) necessários à atividade apícola. (MCT,
2001, p. 6).
No Brasil a apicultura teve seu início a partir de 1939, com a introdução das abelhas
européias trazidas pelos emigrantes europeus que já conheciam seu manejo e que se
estabeleceram na região sul. A atividade cresceu rapidamente na região, que até hoje detém a
apicultura mais desenvolvida do País. (WIESE, 2005, p. 17).
De acordo com Gonçalves (2006, pp. 14-15), a história da apicultura Brasileira divide-
se basicamente em três etapas:
Período de 1939 a 1955 que corresponde à implantação da apicultura no País iniciada
pelos colonizadores europeus, alicerçados em tecnologias importadas da Europa, em especial
a alemã, destacando sua influência principalmente no sul do Brasil. Esse período antecede a
introdução das abelhas africanas (Apis Mellifera Scutelatta) no Brasil em 1956. As atividades
apícolas tinham pouca expressão e, do sul, a atividade se expandiu aos poucos para o sudeste
e, desta região, para as demais do país.
A segunda etapa se dá a partir de 1956, com a africanização dos apiários e dos
enxames na natureza. Com o objetivo de melhorar o desempenho produtivo da apicultura
brasileira o geneticista brasileiro Professor Warwick Kerr, após constatar a alta produtividade
7
das abelhas africanas (Apis Mellifera Scutelatta), decidiu introduzi-las no Brasil. Devido à
liberação acidental das abelhas africanas que estavam em quarentena no Município de Rio
Claro (SP) iniciou-se o cruzamento descontrolado dessas abelhas com as demais abelhas
européias formando um polihíbrido com o domínio das africanas. Este período caracterizou-se
pela ocorrência de vários acidentes em função da alta agressividade das abelhas, fatos que
foram amplamente noticiados na mídia com um impacto extremamente negativo na
população, surgindo, assim, o termo “abelha assassina”. A falta de conhecimento e de técnicas
de manejo adequada fez muitos apicultores abandonarem a atividade, causando um verdadeiro
“caos na apicultura brasileira”. Nesse período predominava a dependência de materiais
apícolas que eram importados e a inexistência da prática associativa.
A partir de 1970 com a criação da Confederação Brasileira de Apicultura (CBA) e a
realização do I Congresso Brasileiro de Apicultura em Florianópolis - SC, teve início a
terceira etapa ou período de recuperação e expansão da apicultura brasileira marcada pelo
desenvolvimento de várias ações (produção significativa de artigos científicos sobre as
abelhas africanas, autonomia da indústria dos materiais apícolas, desenvolvimento de novas
metodologias de manejo, entre outras) lideradas por órgãos governamentais, universidades,
pesquisadores, técnicos e apicultores. Estas ações possibilitaram a adaptação propriamente
dita dos apicultores às abelhas africanizadas.
Na região nordestina o processo de africanização ocorreu em 1958, o que serviu para
consolidar a apicultura nesta região. O híbrido formado naturalmente entre as subespécies
européias e africanas adaptou-se bem às condições de clima e flora do Norte e Nordeste,
ocupando rapidamente estas duas regiões (MENDONÇA; LIRA, 2006).
Até o inicio dos anos noventa o Brasil cresceu de forma lenta, a partir do embargo do
mel da China e da Argentina pela comunidade européia em 2000, o mundo passou a viver
uma situação atípica. A elevação dos preços nos mercados internacionais e a desvalorização
do real frente ao dólar fizeram da exportação uma ótima opção para o setor apícola brasileiro,
assim, o Brasil, a partir de 2001, passou a figurar no mercado apícola internacional como
exportador de mel.
De acordo com o Ministério da Agricultura e a Confederação Brasileira da Apicultura
(CBA) citada por Sebrae (2006, p. 10-11), em 50 anos as abelhas africanizadas deram grande
contribuição para o avanço da apicultura, graças ao desenvolvimento de técnicas adequadas à
criação de abelhas e ao aproveitamento de seus produtos. Contribuíram também para o Brasil
passar de 27ª para 5ª posição no ranking mundial de exportação de mel e ser hoje o 11º maior
8
produtor mundial. Estima-se que 350 mil pessoas vivam hoje, no Brasil, com a renda da
apicultura.
Os números mostram que a apicultura virou um instrumento de inclusão econômica e
alternativa de emprego e renda. Além disso, o apiário não necessita de cuidados diários,
permitindo que os apicultores tenham uma outra fonte de renda (SEBRAE, 2006, p. 11).
Os impactos positivos da atividade apícola, considerando o contexto ecológico, social
e econômico são indiscutíveis, se enquadrando perfeitamente no conceito de
“desenvolvimento sustentável”.
Até 2000, o Brasil era um país importador de mel de abelha, e a partir desse ano passou à condição de exportador. Entre 2000 e 2003, as exportações brasileiras cresceram 7,2 mil%, em volume, e 13,8 mil%, em valor, ampliando suas vendas de 269 mil Kg/US$ 331 mil, para 19,3 milhões de kg, equivalente a US$ 45,5 milhões, este acontecimento deveu-se ao “vazio de oferta”decorrente principalmente das restrições impostas à importação do mel da China e da Argentina. (REZENDE, 2006).
A produção nacional de mel em 2007 foi de 34.747 toneladas, embora esta produção
seja 4% menor que a de 2006 (36.194 toneladas), no período de 2005 a 2007 a produção
brasileira de mel cresceu 7,2%. (IBGE, 2007).
A apicultura brasileira conta com elevado potencial para a produção de mel orgânico
pela disponibilidade de pasto apícola silvestre, isenta de agroquímicos, o que cai como uma
luva em dois nichos de mercado em ascensão: comércio justo e mundo orgânico. (SEBRAE,
2006, p. 5).
As perspectivas para a apicultura brasileira são as melhores possíveis, pois o Brasil é
um país privilegiado por suas condições mesológicas: clima, grande quantidade de plantas
nectíferas e poliníferas produzindo, alternadamente, durante todo o ano e, o principal, um
mercado interno ávido por mel e cera. Além das possibilidades praticamente ilimitadas de
exportação para diversos países. (VIEIRA, 2000, p. 12).
De acordo com Wiese (2005, p.16) o Brasil possui uma riqueza natural inexplorada
em pasto apícola que pode proporcionar milhares de toneladas de mel de primeira qualidade,
além de garantir uma maior qualidade e produtividade agrícola mediante a polinização
entomófila.
Atualmente o País explora apenas 15% da flora apícola disponível, tendo um potencial inexplorado estimado em, pelo menos, 200.000 toneladas por ano, além dos demais derivados. Por meio de um manejo adequado o Brasil pode triplicar sua produtividade, passando dos atuais 16 Kg para 48 Kg/colméia/ano. O consumo/habitante/ano no Brasil é de apenas 60 gramas de mel, enquanto que na Suiça é de 1.500 gramas. (REZENDE, 2006).
9
Estes dados mostram o grande potencial produtivo e de mercado existente no Brasil no
tocante à atividade apícola que, através da associação de recursos, pode viabilizar negócios de
natureza economicamente viável e sustentável.
No Nordeste, até o início da década de 80, quase todo o potencial apícola foi explorado
de forma extrativista, sendo que, na região Norte do país, ainda predomina esse tipo de
exploração. (MENDONÇA; LIRA, 2006).
A apicultura começa a ganhar impulso na região Norte do país, onde pequenos, médios
e até grandes proprietários rurais já investem na atividade por tratar-se de excelente opção
econômica. (MCT, 2001, p. 6).
2.3. Apicultura no Estado do Pará
No Pará, o crescimento e o desenvolvimento da apicultura estão associados fortemente
à agricultura familiar, proporcionando a fixação do homem no campo e a geração de emprego
e renda. Pesquisas do MDA/FAO (2003) apontam para existência de 251.356 famílias de
agricultores, representando 46% do total de famílias na região Norte.
Percebe-se que, na sua grande maioria, as propriedades rurais familiares reúnem
condições altamente favoráveis ao desenvolvimento integrado da atividade apícola, assim
como, possibilidades de uso de tecnologias apropriadas ao ecossistema amazônico, que
podem assegurar índices de produtividade bastante satisfatórios.
Diagnóstico no nordeste paraense revela que com a apicultura podem-se gerar formas
alternativas de sustentabilidade econômica para os agricultores familiares, além de essa
atividade representar importante maneira de recuperação ecológica e aproveitamento
econômico das capoeiras, normalmente de uso temporário pela agricultura tradicional.
(FANEP; MDA; SDT, 2006, p. 59).
O Pará possui um excelente potencial de recursos naturais para o desenvolvimento da
atividade apícola, sendo detentor de vastas floradas silvestres que podem possibilitar uma
produção ambientalmente limpa, representando uma significativa vantagem competitiva de
mercado e uma alternativa para a melhoria da qualidade de vida dos produtores rurais e de
suas famílias.
Ressalta-se, ainda, a vocação do Pará para a produção de mel orgânico, tendo em vista
a disponibilidade de flora apícola silvestre e a rusticidade das abelhas Apis Melífera, que não
necessitam de uso de medicamentos para produzirem satisfatoriamente.
10
Apesar do grande potencial, o segmento apícola na região Norte, ainda não se tornou
expressivo no âmbito nacional, pois apresenta alguns problemas de nível organizacional,
tecnológico e mercadológico. (SILVA; VENTURIERI; SILVA, 2006).
No Pará a maioria dos apicultores desconhece as técnicas preconizadas no manejo
técnico das abelhas, as instalações e equipamentos utilizados não atendem às exigências
sanitárias, a produção é artesanal, cujos produtos são comercializados no mercado interno
informal. Nota-se, ainda, uma certa desorganização e visão rudimentar do negócio apícola por
parte dos apicultores.
Pesquisas realizadas por Both (2008, p. 33) revelaram que, tecnologicamente, muitos
produtores não fazem uso das práticas preconizadas no manejo técnico. A mão-de-obra é
desqualificada em sua maioria e os equipamentos utilizados são de baixa qualidade
tecnológica, não atendendo às exigências sanitárias da legislação.
A apicultura racional do Pará é uma atividade recente e caracteriza-se como uma atividade secundária realizada por meio de pequenos apiários fixos, com manejo rudimentar dos enxames, desconhecimento da flora apícola, falta de controle de qualidade dos produtos, apresentando movimentos de cunho associativista em plena expansão. (QUADROS, 2002 citado por BOTH, 2008, p. 33).
Percebe-se que a apicultura no Pará vem passando por um período de transição, do
extrativismo apícola praticado pelos meleiros para a apicultura profissional voltada para uma
formação empreendedora com fins econômicos, sociais e ambientais.
A atividade apícola se fortaleceu substancialmente nos últimos anos e figura no
contexto da agropecuária paraense como uma das principais alternativas de ocupação e
geração de emprego e renda. Como evidência da expansão da atividade, o Estado do Pará vem
se consolidando como um grande produtor de mel do Brasil; já é o principal produtor da
Amazônia e conta hoje com mais de 3.000 apicultores em atuação; cuja produção de mel
cresceu em 1000% entre 2002 e 2007, alcançando 1.000 toneladas em 2007. (CBA, 2008).
Este crescimento é resultado do esforço conjunto de apicultores e das organizações de
representação do segmento apícola no Pará, instituições de capacitação, empresas do setor,
instituições de fomento e gestores públicos.
Apesar dos avanços conquistados nos últimos anos, e levando em consideração as
potencialidades existentes, percebe-se que a produção de mel e demais produtos da cadeia
apícola no Pará ainda é incipiente.
O desenvolvimento da apicultura no Estado se deu a partir da década de noventa,
com o fortalecimento do associativismo através da realização das primeiras reuniões de
11
apicultores e da formação das primeiras associações apícolas municipais, como a Associação
dos Apicultores do Pará (APIC), hoje Associação da Região Metropolitana de Belém; a
Associação dos Criadores Orgânicos de Abelhas de São João de Pirabas (APISAL); a
Associação Viseuense de Apicultores (AVAPIS); a Associação dos Apicultores do Município
de Capitão-Poço (AMEL) e a Associação dos Apicultores de Primavera (AAPRI). Estas
associações, exceto a AVAPIS, criaram, em 2002, a Federação das Associações de
Apicultores do Estado do Pará (FAPIC), entidade que tem como missão representar, organizar
e capacitar o segmento apícola do Pará em parceria com instituições governamentais e não-
governamentais. Atualmente já são 23 (vinte e três) associações filiadas à Federação e 9
(nove) Associações aspirantes.
Dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (BRASIL, 2004) demonstram que
a segunda metade da década de 1990 marca o início da apicultura como atividade profissional
no Pará. Destacam-se a abertura de linhas de financiamento através de bancos oficiais como o
Banco da Amazônia (BASA) e o Banco do Brasil, com o apoio do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). Esses recursos podem ser destinados para
custeio e investimentos, porém, reembolsáveis. Os apicultores paraenses têm demandado estes
financiamentos, o que torna nítida e definitiva a profissionalização da apicultura.
Através da FAPIC, em parceria com diversas instituições, buscou-se a capacitação para
os apicultores. Em 2000, através do Programa de Agroindústria Familiar (PAF) direcionado
para a Apicultura e desenvolvido pelo Plano Nacional de Qualificação do trabalhador
(PLANFOR), Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), Secretaria Executiva de Trabalho e
Promoção Social (SETEPS) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). Essas
instituições, com o apoio da Associação dos Apicultores do Estado do Pará (APIC),
viabilizaram o primeiro programa de capacitação modular Apícola, contemplando todos os
cursos dos níveis da cadeia produtiva da Apicultura, no Município de Santarém Novo,
nordeste paraense. Participaram deste programa 38 pessoas dos Municípios de Santarém
Novo, São João de Pirabas e Salinópolis. Após a capacitação, todos os participantes foram
financiados pelo programa de crédito da SETEPS e do Banco do Estado do Pará
(BANPARÁ), chamado Crédito Produtivo, contribuindo de forma decisiva para a constituição
do Pólo Apícola do Nordeste Paraense.
Destacamos, também, o desenvolvimento de um grande programa de capacitação
apícola em todo o Estado do Pará pela SETEPS/FAT/PLANFOR, executado pela EAF de
Castanhal, Pará, pelo SENAR, pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), pelo
12
Núcleo de Ação para o Desenvolvimento Sustentável (POEMAR) e pela Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER).
Outro passo decisivo para o desenvolvimento apícola no Estado foi a consolidação de
uma REDE ASSOCIATIVA constituída por 16 associações municipais, sendo que mais de
60% localizam-se em municípios da Mesorregião do Nordeste Paraense, e a formação de
parcerias com instituições governamentais e não governamentais na busca da implementação
de políticas voltadas para esse segmento produtivo.
Outra política do Governo Estadual que incentiva e favorece o desenvolvimento
apícola no Estado foi a promulgação do Decreto-Lei n°. 1.597 que reduziu o ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias) incidente sobre as remessas de matéria-prima apícola
destinada a estabelecimentos que promovam o processo de beneficiamento e industrialização
no Estado. Além disso, isentou de pagamento do ICMS: as saídas internas de colméias
padronizadas; as aquisições interestaduais de máquinas e equipamentos destinados ao ativo
imobilizado dos estabelecimentos de beneficiamento e industrialização; e as saídas internas de
mel e derivados apícolas com certificação do Serviço de Inspeção Sanitária Estadual ou
Federal beneficiado e industrializado no Estado.
Observa-se, portanto, que o crescimento e desenvolvimento da apicultura no Pará são
resultados do esforço conjunto de apicultores e das organizações de representação do
segmento apícola no Pará, instituições de capacitação, empresas do setor, instituições de
fomento e gestores públicos.
Com um trabalho de capacitação intensiva, em menos de dois anos de atividades, os apicultores do Pará estão ultrapassando as médias de produtividade dos Estados Unidos e de outros países que, tradicionalmente, superam os índices brasileiros no chamado corredor do mel, que reúne os Municípios de Colares, Santa Izabel do Pará, Santo Antônio do Tauá, São Caetano de Odivelas e Vigia, atendidos pelo projeto Apicultura na Região de Belém, a produtividade chega a 40 quilos de mel por colméia ao ano. Nos Estados Unidos, a produtividade é de 32 quilos. Na Argentina e no México, a produtividade não passa de 35 quilos. A média brasileira é de 15 quilos por colméia ao ano. (SEBRAE, 2006, p. 48).
Pesquisa realizada no Município de Castanhal, Pará, no período 2002 a 2004,
envolvendo 45 colméias de apicultores familiares, revelou uma produtividade média de mel
equivalente a 37,38 kg/colméia/ano. (BOTH, 2006, pp. 40-45).
O negócio apícola exige baixos investimentos na fase de implantação e apresenta alta
lucratividade, possibilitando a inclusão social mesmo para aqueles que dispõem de poucos
recursos. Contribui ainda para o aumento da produtividade agrícola e contribui para a
13
preservação dos recursos naturais. Tais características fazem da apicultura uma atividade ideal
para o pequeno e médio produtor. (SEBRAE, 2007, pp. 24-25).
O estudo do faturamento anual de uma pequena empresa familiar dotada de 10
colméias, realizado pela Cooperativa dos Produtores de Mel de Alagoas (COOPMEL), citado
por Souza (2006, p. 98), revelou um faturamento anual líquido de, aproximadamente, R$
3.500,00.
Dentre os parceiros para o fortalecimento da apicultura no Estado destacam-se: Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Secretaria de Agricultura
(SAGRI), Agência de Defesa Agropecuária do Pará (ADEPARÁ), EMATER, Escola
Agrotécnica Federal (EAF) de Castanhal - Pará, Universidade Federal Rural da Amazônia
(UFRA) e outros órgãos ligados ao Governo Federal. Estes estabelecimentos vêm
promovendo e executando projetos e capacitação de mão-de-obra tendo como conseqüência o
fortalecimento da atividade nos mais diversos seguimentos.
Atualmente, as ações se voltam, também, para a infra-estrutura de processamento e o
mercado, a fim de garantir a comercialização e a competitividade dos produtos. Através de
convênios e parcerias têm sido desenvolvidas ações como: construção de entrepostos
associativos de mel e cera, casas de beneficiamento de mel, usinas associativas de
beneficiamento de cera e fábricas associativas de colméias.
Através de parceria com as prefeituras municipais, o mel vem sendo comprado e
inserido no cardápio da merenda escolar dos estudantes criando um novo nicho
mercadológico para o segmento apícola. O mel também vem fazendo parte do sistema de
compra da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), por meio do Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA).
Percebe-se que a organização associativa dos apicultores e as parcerias firmadas com
os órgãos do Governo Federal, Estadual e Municipal vêm contribuindo de forma decisiva para
consolidar, no Estado do Pará, uma apicultura forte, competitiva e integrada à agricultura
familiar como alternativa de renda e melhoria de qualidade de vida.
2.4. Apicultura no Município de Castanhal, Pará
Castanhal é considerado um pólo de desenvolvimento apícola no nordeste paraense,
com localização privilegiada e condições favoráveis para o desenvolvimento da atividade.
Destacam-se, também, outros Municípios vizinhos como: Inhangapí, Santa Izabel, São
14
Francisco do Pará, Igarapé-Açu, São João da Ponta, Curuçá e Terra Alta, que apresentam
elevado potencial apícola e que, também, passam por processos de expansão desta atividade.
Atualmente Castanhal é um dos municípios que apresenta maior crescimento e
desenvolvimento da atividade apícola no Estado. (BOTH, 2006 p.1).
Os apicultores de Castanhal e das comunidades rurais familiares circunvizinhas, em
sua grande maioria, são filiados à Associação dos Criadores de Abelhas de Castanhal, Pará
(ACAPI), fundada no dia 30 de janeiro de 2003, no auditório da Escola Agrotécnica Federal
de Castanhal, na presença dos representantes da Federação das Associações de Apicultores do
Estado do Pará (FAPIC).
O Presidente da ACAPI, Maximiano José Costa de Brito, em entrevista realizada em
14 de fevereiro de 2009, informou que os apicultores associados possuem equipamentos
tecnicamente adequados ao beneficiamento de cera apícola (usina de cera), à confecção de
colméias (marcenaria), adquirida através de convênio com a Secretaria de Agricultura
(SAGRI), e para o beneficiamento do mel adquirido pelos associados.
Através de parceria firmada, os equipamentos destinados ao beneficiamento de cera
apícola e à confecção de colméias foram recentemente instalados na EAF de Castanhal, onde
servem de apoio aos apicultores do Município e região e como suporte para a qualificação de
produtores e alunos da escola dos cursos afins.
O corpo discente da EAF de Castanhal perfaz um total de 697 (seiscentos e noventa e
sete) alunos, provenientes de 73 (setenta e três) municípios paraenses, na sua maioria filhos de
pequenos produtores rurais. O maior número de alunos, 12,08%, são do Município de
Castanhal. (EAFC; 2009).
Apesar das parcerias firmadas e do associativismo em expansão, percebe-se que os
principais problemas para o desenvolvimento da cadeia produtiva do mel no Município de
Castanhal estão na utilização de tecnologias impróprias para a produção, baixo nível de
organização dos produtores, falta de padronização e de boas condições higiênicas do produto,
aliadas a um processo de comercialização fragmentado e desestruturado.
Segundo Both (2006, p. 17) existe um número significativo de apicultores no
Município de Castanhal, sendo que parte destes, ainda pratica a atividade de forma empírica,
com baixa produtividade e poucos recursos tecnológicos e mercadológicos, necessitando,
portanto, de capacitação e verticalização da produção.
A falta de infraestrutura fisica para o processamento dos produtos vem sendo um
obstáculo para o crescimento da atividade no Município, porém, encontra-se em andamento a
construção da “casa do mel” dentro das normas técnicas do Ministério da Agricultura,
15
Pecuária e Abastecimento (MAPA) na EAF de Castanhal e um entreposto Associativo nas
dependências do horto da Prefeitura Municipal com recursos do Ministério de
Desenvolvimento Agrário (MDA). Estes projetos servirão para alicerçar o desenvovimento da
atividade no Município e região, possibilitando a verticalização da produção e uma maior
inserção e competitividade dos apicultores no mercado consumidor.
A EAF de Castanhal, Pará, vem participando efetivamente no processo de
desenvolvimento da apicultura no Estado, sendo considerada como uma das pioneiras na
atividade, exercendo relevante papel na educação e qualificação profissional.
A EAF de Castanhal Pará iniciou a atividade apícola ainda em Outeiro, Distrito de
Icoarací - Belém do Pará, e continuou com a mudança da escola para o Município de
Castanhal - Pará em 1972, quando vieram de Outeiro para Castanhal cinco colméias de Apis
mellifera. Em 1977 foram instaladas mais 25 colméias, sendo que o material (colméias e
outros utensílios de uso apícola) foi adquirido no Estado de Santa Catarina e os enxames para
o povoamento das mesmas foram obtidos através de divisão de famílias das abelhas já
existentes na escola e de capturas locais. (Relato do professor historiador Emanuel Mendes de
Brito em entrevista no dia 24/07/2007).
A EAF de Castanhal conta hoje com 35 colméias instaladas, sendo 10 (dez) nas
dependências da Escola e 25 (vinte e cinco) no campo experimental da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), no Município de Terra Alta. Estas colméias têm como
principal finalidade servir de laboratório para aulas práticas, pesquisa e produção. (EAFC;
2008).
Percebe-se que a apicultura no Município de Castanhal vem se desenvolvendo e se
fortalecendo de forma integrada, principalmente, às atividades da agricultura familiar como
alternativa ao desenvolvimento sustentável, gerando emprego, renda e melhoria da qualidade
de vida no campo.
A mudança de mentalidade com relação às abelhas é notória, passando a ser encarada
como um negócio. A profissionalização e a organização dos apicultores em associações são
fatores que vêm contribuindo de forma decisiva para o crescimento e desenvolvimento da
atividade apícola no Município de Castanhal e região.
Na prática, percebe-se que os agricultores que antes priorizavam o cultivo da
mandioca, milho e o feijão, passaram a apostar na apicultura como fonte complementar de
renda e, em alguns casos, até como fonte principal.
16
2.5. Agricultura familiar e apicultura como alternativa ao desenvolvimento sustentável
Historicamente, muitos conceitos e terminologias vêm sendo adotados para definir a
categoria de agricultores familiares, não existindo uma unanimidade com relação ao conceito
da agricultura familiar.
O desafio para qualquer análise da dinâmica da pequena produção familiar na
Amazônia e da sua sustentabilidade reside na dificuldade de considerar a grande diversidade
das formas de produção familiar no campo. (HURTIENNE, 2005 p. 33).
Wanderley (1997), em seu estudo sobre as raízes históricas do campesinato brasileiro,
conceitua a agricultura familiar como: “Aquela em que a família, ao mesmo tempo em que é
proprietária dos meios de produção, assume o trabalho no estabelecimento produtivo”.
Para Lamarche (1993, p. 15) agricultura familiar é “uma unidade de produção
agrícola, onde propriedade e trabalho estão intimamente ligados à família”.
A agricultura familiar pode ser definida a partir de três características centrais: a) a gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizados são feitos por indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou de casamento; b) a maior parte do trabalho é igualmente fornecida pelos membros da família; c) a propriedade dos meios de produção (embora nem sempre da terra) pertence à família e é em seu interior que se realiza sua transmissão em caso de falecimento, ou de aposentadoria, dos responsáveis pela unidade produtiva. (INCRA; FAO, 2000, p. 8).
As discussões e debates sobre os conceitos e a importância da agricultura familiar se
intensificaram nos últimos anos. São inúmeras as propostas, concepções e interpretações de
diferentes entidades representativas dos pequenos produtores rurais, dos estudiosos da área
rural e dos técnicos governamentais encarregados de elaborar as políticas para o setor rural
brasileiro.
Dados demonstram que a agricultura familiar exerce um papel fundamental no
contexto do desenvolvimento social, econômico e ambiental brasileiro, sendo responsável por
parte significativa das dinâmicas rurais e de grande relevância na articulação rural urbana.
Atualmente as ações se voltam para a busca de um modelo de desenvolvimento sustentável.
O "Relatório de Brundtlan" (Nosso Futuro Comum) da CMMAD (1991, p. 9) define
Desenvolvimento Sustentável como aquele que é capaz de atender às necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias
necessidades. Acrescenta, ainda, como condição para o desenvolvimento sustentável, que
todos tenham suas necessidades básicas atendidas e lhes sejam proporcionadas oportunidades
de concretizar suas aspirações a uma vida melhor.
17
A agricultura familiar brasileira representa 85,2% do total dos estabelecimentos rurais
e é responsável por 37,9% de toda a produção nacional, sendo ainda, a principal geradora de
postos de trabalho no meio rural, embora esta ocupe apenas 30,5% da área total dos
estabelecimentos rurais, e conte somente com 25,3% do total dos financiamentos. (INCRA;
FAO, 2000, p. 17).
Em 2003 o Produto Interno Bruto (PIB) das cadeias produtivas da agricultura familiar
alcançou R$ 56,6 bilhões, ou 10,06% do PIB nacional, e cresceu R$ 13,4 bilhões, ou 9,37% a
mais que no ano anterior. Esse valor é 0,5% superior ao crescimento do PIB nacional e 5,13%
superior o crescimento do PIB das cadeias produtivas da agricultura patronal. (MDA; FIPE,
2004, p.31).
No que se refere à produtividade na agricultura familiar se obtém uma média de R$
104,00 por ha./ano, enquanto a agricultura patronal produz R$ 44,00 por ha./ano. (INCRA;
FAO, 2000, p. 21).
A capacidade produtiva demonstrada pela agricultura familiar é ainda maior se
considerarmos que esta foi obtida com pouco acesso às políticas públicas.
No que se refere à geração de empregos, os estabelecimentos familiares são os
principais geradores de postos de trabalho no meio rural.
No meio rural brasileiro 76,9% dos postos de trabalho são gerados pelo sistema de agricultura familiar. Pesquisas apontam que enquanto os estabelecimentos patronais precisam de, em média, 67 hectares para gerar um posto de trabalho, os familiares precisam de apenas 13,8 hectares. No Norte a contradição é mais gritante, pois são necessários 166 hectares da agricultura patronal para gerar um emprego, enquanto que na agricultura familiar são necessários apenas 14 hectares. (INCRA; FAO, 2000, p. 25).
Estes dados denotam o valor da agricultura familiar e sua viabilidade social e
ambiental frente aos grandes empreendimentos rurais brasileiros.
Na região Norte, os agricultores familiares representam 85,4% dos estabelecimentos,
ocupam 37,5% da área e produzem 58,3% do Valor Bruto da Produção da região, recebendo
38,6% dos financiamentos. (INCRA; FAO, 2000, p. 18).
Percebe-se que, apesar do acesso restrito aos financiamentos, os pequenos
agricultores, em muitas vezes marginalizados socialmente e utilizando pequenas áreas, são os
responsáveis pela maior parte da produção rural.
Na Amazônia as concepções da agricultura familiar ainda estão muito enraizadas
numa visão depreciativa do mundo rural. (COSTA, 1992 citado por HURTIENNE, 2005, p.
35).
18
A agricultura familiar envolve uma grande variedade de formas sociológicas,
especialmente na Amazônia, o que deve ser considerado ao se pensar o perfil do profissional
que a escola deve formar para atuar no desenvolvimento rural dessa região.
Atualmente, o maior desafio do agronegócio é identificar e promover atividades produtivas que sejam “inclusivas” sob os aspectos tecnológicos e gerenciais, isto é, que permitam uma “desconcentração tecnológica”, democratizando e viabilizando a incorporação das inovações nas pequenas propriedades rurais. (SEBRAE, 2007, p. 8).
Parece-nos que a profissionalização e a visão integrada da atividade apícola são de
fundamental importância para maximizar o uso dos recursos tecnológicos e naturais
produtivos e para estabelecer um modelo de desenvolvimento sustentável na agricultura
familiar.
A apicultura virou um instrumento de inclusão econômica e alternativa de emprego e renda, entretanto, a atividade exige profissionalização, em todas as etapas da cadeia de produção e de comercialização para render boas safras. É preciso ter uma visão sistêmica do agronegócio apícola e uma abordagem de cadeia produtiva, estimulando alianças estratégicas em todos os seus elos. (BOHLKE; MAUCH, 2006, pp. 4-5).
A atividade apícola é essencialmente ecológica, comprovadamente rentável, que pode
ser desenvolvida em, praticamente, todo o espaço geográfico brasileiro, desde que possua
condições de clima favorável e uma vegetação rica em floradas, sendo uma atividade
sustentável e de grande importância econômica. (LIMA, 2005, p.34).
A apicultura brasileira reúne alguns requisitos que a credenciam como uma atividade
de alto potencial de inclusão social, face à sua competitividade em relação aos aspectos
econômicos, sociais e ambientais, ou seja, do “desenvolvimento sustentável”. Desta forma,
busca-se através da apicultura promover alternativa de desenvolvimento local, gerar novas
ocupações e melhorar a qualidade de vida contribuindo com a preservação dos recursos
naturais.
Estima-se que cada R$ 5.000,00 investidos na apicultura gera um emprego ou uma
ocupação. A apicultura é uma das raras atividades pecuárias que não tem nenhum impacto
ambiental negativo. Pelo contrário, transforma o apicultor em um “ecologista prático”.
(VIERA; RESENDE, 2006, p. 7).
Nos últimos anos, preocupados com o crescente aumento das taxas de desmatamento
na Amazônia, diversos setores da sociedade civil e do governo brasileiro, têm se preocupado
19
com a busca de alternativas para o desmatamento e, conseqüente, uso sustentável de recursos
naturais amazônicos. (VENTURIERI, 2006).
Desenvolvimento sustentável, no contexto da agricultua familiar, pode ser definido
como aquele que seja capaz de, através de práticas agropecuárias ambientalmente corretas,
atender às necessidades econômicas e sociais das famílias sem comprometer o desenvovimento
das futuras gerações.
Percebe-se que a apicultura vem se mostrando como uma excelente alternativa de
integração às atividades da agricultura familiar, no contexto das pequenas propriedades rurais
amazônicas, possibilitando o uso sustentável dos recursos naturais, uma vez que não se faz
necessário o desmatamento, ao contrário, auxilia na preservação das espécies vegetais e
aumenta a produtividade agrícola através da polinização.
A criação de abelhas é uma atividade que promove a melhoria da qualidade de vida
através da geração de ocupação e renda e não degrada o meio ambiente, nem contamina ou
esgota os recursos naturais e possibilita às famílias a prática de outras atividades agrícolas.
(CBA; FAPIC, 2008).
Através da polinização, as abelhas contribuem para a perpetuação de inúmeras
espécies vegetais e para o aumento da produtividade de frutas, grãos, sementes e fibras,
contribuindo na preservação dos recursos naturais, no equilíbrio dos ecossistemas e para a
geração de renda, contudo, percebe-se que os recursos tecnológicos ainda não são
devidamente explorados e necessitam de uma maior efetividade.
A polinização deve, em breve, como já acontece em outros países do mundo, ser a maior fonte geradora de recursos na apicultura. Desta forma, a apicultura continuará em expansão e, apesar de crises momentâneas e passageiras, se tornará uma das principais atividades agropecuárias do país, especialmente na região Nordeste, nos próximos anos. (FREITAS, 2006).
Sobre esse assunto Wiese (2005, p. 64) corrobora:
Em muitos países, as plantas cultivadas representam grande parte de sua produção complementada pela polinização realizada pelas abelhas, que, às vezes, vale mais do que o mel produzido.
Apesar da importância ecológica do processo da polinização para a manutenção das
comunidades vegetais, esse processo vem sendo ameaçado por fatores como: fragmentação de
habitats, uso de agroquímicos, introdução de espécies exóticas e desmatamentos para
agricultura e pastagem. (VIANA; SILVA, 2006).
20
Nos últimos anos, a criação racional de abelhas tem apresentado crescimento
significativo, em especial como atividade complementar à produção familiar, destacando-se
como alternativa promissora e sustentável de geração de renda. (PEREZ; RESENDE;
FREITAS, 2004, p. 33).
A apicultura permite um desenvolvimento sustentável por compatibilizar de forma
equilibrada as questões sociais, econômicas e ambientais, podendo integrar-se com grande
viabilidade no contexto da agricultura familiar.
2.6. Interdisciplinaridade e a construção do conhecimento
O termo interdisciplinaridade não é referenciado de total consenso entre os estudiosos.
Santomé (1998, p. 45) reforça essa afirmativa ressaltando que algo que pode ser facilmente
observado nos trabalhos e discursos sobre a interdisciplinaridade é a pouca clareza do
conceito deste termo.
Para Fazenda et al. (1993, p. 33) conceituar interdisciplinaridade é uma tarefa
complexa, uma vez que envolve uma acumulação fantástica de equívocos e possibilidades no
que se refere à sua definição e à apreensão do termo, respectivamente.
Os enfoques sobre interdisciplinaridade se diferenciam à partir da linha teórica de
quem pretende defini-la, porém, nos trabalhos e pesquisas interdisciplinares de diferentes
autores, percebe-se a noção de interdisciplinaridade como princípio de unificação dos
conhecimentos e não como uma unidade acabada.
Santomé (1998, p. 45) escreve:
Para algumas pessoas “a interdisciplinaridade tem sua razão de ser na busca de uma grande teoria, uma nova etapa do desenvolvimento da ciência caracterizado por uma reunificação do saber em um modelo que possa ser aplicado a todos os âmbitos atuais do conhecimento”. Para outras, “o caminho rumo a maiores parcelas de interdisciplinaridade é provocado pela dificuldade, que se torna mais evidente a cada dia, de delimitar as questões que são objetos deste ou daquele campo de especialização do saber”.
Apesar das várias distinções terminológicas e pressupostos acerca do conceito do
termo interdisciplinaridade, o princípio é sempre o mesmo. Jupiassú (1976, p. 74) esclarece:
A interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo
grau de integração real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa.
Fazenda et al. (1993, pp. 21-22) ao abordar ciência e interdisciplinaridade,
complementa esse enfoque:
21
O prefixo “inter”, dentre as diversas conotações que podemos lhe atribuir, tem significado de “troca” “reciprocidade” e “disciplina”, de “ensino” “instrução” “ciência”. Logo, a interdisciplinaridade pode ser compreendida como sendo um ato de troca, de reciprocidade entre as disciplinas ou ciências, ou melhor, de áreas do conhecimento.
Estudos demonstram várias formas de relacionamento entre as disciplinas, que
sugerem possibilidades ao mesmo tempo em que diferenciam terminologias. Ao analisar a
proposta de Jantsch e Bianchetti (2002), Fazenda (2002, pp.37-38) define:
Multidisciplinaridade - (...) gama de disciplinas que se propõem simultaneamente, mas, sem fazer aparecer as relações que possam existir entre elas; destina-se a um sistema de um só nível e de objetivos múltiplos, mas, sem nenhuma cooperação. Pluridisciplinaridade - justaposição de diversas disciplinas, situadas geralmente no mesmo nível hierárquico e agrupadas de modo a fazer aparecer as relações existentes entre elas; destina-se a um tipo de sistema de um só nível e de objetivos múltiplos, onde existe cooperação, mas não coordenação. Interdisciplinaridade - destina-se a um sistema de dois níveis e de objetivos múltiplos onde há coordenação procedendo do nível superior. Transdisciplinaridade - coordenação de todas as disciplinas e interdisciplinas do sistema de ensino inovado, sobre a base de uma axiomática geral; destina-se a um sistema de nível e objetivos múltiplos; há coordenação com vistas a uma finalidade comum dos sistemas.
Fazenda (2002, p. 39) ao apresentar os principais pressupostos a respeito do conceito
interdisciplinaridade, reportando-se aos conceitos pluri, multi, inter e transdisciplinaridade,
corrobora com Jupiassú (1976) e escreve: “(...) existe uma gradação entre esses conceitos,
gradação essa que se estabelece ao nível de coordenação e cooperação entre as disciplinas”.
Ao analisar as concepções atuais do termo interdisciplinaridade Fazenda (2002, p. 31)
escreve:
A real interdisciplinaridade é antes uma questão de atitude; supõe uma postura única frente aos fatos a serem analisados, mas não significa que pretenda impor-se, desprezando suas particularidades.
O desafio da prática interdisciplinar envolve uma ação coletiva contextualizada de
recíproca aceitação e diálogo com diversos conhecimentos, partindo do individual para o
coletivo, e vice-versa, numa perspectiva holística.
Já no século XVII, Pascal citado por Jupiassú (2006 p.1) dava-nos uma orientação:
"considero impossível conhecer as partes se não conheço o todo e se não conheço
particularmente as partes". Queria dizer que se quisermos dominar um objeto, não podemos
confiar no conhecimento fragmentado nem na apreensão holística, porque o conhecimento
22
deve efetuar não só um movimento dialético entre o nível local e o global, mas de retroação
do global para o particular. Ao mesmo tempo em que precisamos contextualizar o singular,
devemos concretizar o global, relacionando-o com suas partes.
Para Fazenda (2002, p. 39), a nível de interdisciplinaridade, ter-se-ia uma relação de
reciprocidade, de mutualidade, ou seja, um regime de co-propriedade que iria possibilitar o
diálogo entre os interessados.
Jupiassú (1976), ao conceituar interdisciplinaridade, refere-se:
“(...) a interdisciplinaridade é um método de pesquisa e de ensino suscetível de fazer com que duas ou mais disciplinas interajam entre si, esta interação podendo ir da simples comunicação das idéias até a integração mútua dos conceitos, da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da organização da pesquisa”.
A interdisciplinaridade diz respeito à transferência dos métodos de uma disciplina à
outra. A transdisciplinaridade, além de ultrapassar as fronteiras epistemológicas das
disciplinas, situa-se entre as disciplinas, através e além das disciplinas, e tem como finalidade
dar sentido à vida através da unidade dos conhecimentos. (Projeto CIRET-UNESCO, 1997
citado por SANTOS et al., 2003, p. 3).
A interdisciplinaridade “caracteriza-se pela articulação entre teoria, conceitos e idéias em constante diálogo entre si; não é categoria de conhecimento, mas de ação” e “que nos conduz a um exercício de conhecimento: o perguntar e o duvidar”. Esta postura favorece a articulação horizontal entre as disciplinas numa relação de reciprocidade, e, ao mesmo tempo, induz a um aprofundamento vertical na identidade de cada disciplina, propiciando a superação da fragmentação disciplinar. (FAZENDA, 1994 p. 28).
Segundo Pietrocola et al. (2003), citado por Santos (2005, p. 3), a interdisciplinaridade
se constituiu como uma forma de se fazer uma leitura mais adequada da realidade,
submetendo os conhecimentos disponíveis a projetos de ação sobre a realidade do cotidiano
do mundo.
Ao abordar a prática interdisciplinar Luck (1994, p. 64) escreve:
A interdisciplinaridade é um processo que envolve a integração e engajamento de educadores, num trabalho conjunto, de integração das disciplinas do currículo escolar, entre si, e com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando formar os alunos para o exercício crítico da cidadania, capazes de enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade atual.
23
Entretanto, essa integração não pode ser pensada apenas a nível de integração de
conteúdos ou métodos, mas basicamente a nível de integração de conhecimentos parciais,
específicos, tendo em vista um conhecer global. (FAZENDA, 2002, p. 9). Percebe-se,
portanto, a integração como um momento anterior, favorecedor da interdisciplinaridade.
Em projeto de pesquisa realizado na Escola Agrotécnica Federal de Alegre - ES,
“Partilhando conhecimentos”, com uma proposta metodológica interdisciplinar, Monteiro
(2006, p. 47) concluiu que o processo educativo, na referida escola, ainda está pautado no
método tradicional de ensino, sendo necessário criar-se um ambiente propício em que o aluno
possa realizar suas atividades e construir o seu conhecimento. A essa mudança somam-se as
alterações que envolvem os currículos, postura e o papel do professor e do aluno, assim como,
o desenvolvimento de novos instrumentos e metodologias.
O sistema educacional especializado dividido em disciplinas isoladas não consegue
vencer os desafios da complexidade e satisfazer as necessidades da sociedade contemporânea.
A escola vive a crise da disciplinaridade e o desafio de superar este paradigma que vem se
reproduzindo historicamente.
De acordo com Morin (2006, p. 13):
“HÁ INADEQUAÇÃO cada vez mais ampla, profunda e grave entre os saberes separados, fragmentados, compartimentados entre disciplinas, e, por outro lado, realidades ou problemas cada vez mais polidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais e planetários”.
É preciso romper as barreiras do hiperespecialização para se chegar ao verdadeiro
conhecimento. Aquele que permite tecer relações entre as mais diversas ciências, interagir e
integrar saberes dialogicamente e devidamente contextualizados com a realidade local e
global.
O cenário dinâmico, competitivo e globalizado da sociedade atual exige que a escola
adapte-se a essa nova reinvidicação de mercado. O grande desafio passa pela efetivação de
um currículo integrado que possa superar a fragmentação do ensino e vá além da capacitação
técnica, proporcionando aos alunos uma visão sistêmica das várias áreas do conhecimento e
que seja capaz de auxiliá-los no exercício profissional.
A proposta de uma “pedagogia” interdisciplinar, todavia, é uma alternativa que pode
ser efetivada, por se contrapor nitidamente à fragmentação do saber, por não se limitar à mera
justaposição de disciplinas, compondo o objeto de conhecimento pela simples adição de
informações.
24
A interdisciplinaridade afasta o isolamento característico da especialização e retira do
professor a condição de agente único responsável pelo desenrolar do processo ensino-
aprendizagem. (ALTHEMAN, 1998, p. 2).
“A não-neutralidade do conhecimento se evidencia quando se articula sujeito/objeto,
sujeito/saber. Ao ser aceito, provoca uma onda de repercussão, migrando para outros
conceitos afins, oferecendo a possibilidade, de ressignificação e reorganização; possibilitando
um novo olhar, resultando em mudança de atitude e um novo sentimento de harmonia e
pertencimento ao mundo”. (SANTOS; SANTOS, 2005, p. 10).
A transdisciplinaridade tem nas disciplinas o seu apoio, sua base. Santos (2003, p. 111)
escreve:
A transdisciplinaridade diz respeito à dinâmica dos diferentes níveis de realidade. Para conhecê-la é preciso o conhecimento disciplinar, o que quer dizer que a própria pesquisa transdisciplinar se apóia na pesquisa disciplinar, no entanto, enfocada a partir da unidade do conhecimento, portanto, conhecimentos disciplinares e transdisciplinares não são antagônicos, são complementares.
Em pesquisa intitulada “Complexidade e Formação de Professores de Química”
Santos (2005, p. 9) descreve:
“A atividade foi permeada por diferentes graus de transdisciplinaridade se aproximando em determinados momentos da interdisciplinaridade, em outros da disciplinaridade e em outros da multidisciplinaridade. Comungando com o princípio de que os conhecimentos disciplinares, interdisciplinares, multidisciplinares e transdisciplinares se constituem nas quatro flechas de um único arco, não sendo antagônicos, mas complementares. Porém, o que diferencia a transdisciplinaridade das demais é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento”.
Para Libâneo (2005, p. 34):
A idéia básica da corrente do conhecimento em rede é de que os conhecimentos disciplinares, assentados na visão moderna de razão, devem ceder lugar aos conhecimentos articulados, relacionados à ação contextual. Assim sendo, o conhecimento emerge nas ações cotidianas, rompendo com a separação entre o conhecimento científico e o cotidiano, possibilitando uma vinculação do conhecimento com a prática social, caracterizando-se pela multiplicidade e complexidade de relações em meio das quais se criam e se trocam conhecimentos, tecendo redes de conhecimentos entre os sujeitos em interação.
Sobre esse enfoque Maturana e Varela (2001, p. 10) escrevem:
Vivemos com os outros seres vivos e, portanto, compartilhamos com eles o processo vital. Construímos o mundo em que vivemos durante as nossas
25
vidas. Por sua vez ele também nos constrói ao longo dessa viagem comum. Assim se vivemos e nos comportamos de um modo que torna insatisfatória a nossa qualidade de vida, a responsabilidade cabe a nós.
Essas considerações acima nos reportam para o que Freire (1996, p. 47) considera
necessário à formação docente: “Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para sua própria produção ou a sua construção”.
Desta forma percebe-se que o aluno é o sujeito do seu próprio aprendizado, ele
organiza e contextualiza de acordo com o meio em que se encontra e interage, a ação docente
é a de proporcionar ao aluno um diálogo com seus próprios saberes.
Em projeto de pesquisa “Construindo o ensino de apicultura” Bessa (2005, p. 55),
utilizando a pedagogia de projeto com alunos do módulo de Apicultura no Centro Federal de
Educação de Uberaba - MG, concluiu que através da transdisciplinaridade os alunos puderam
construir conhecimentos alicerçados nos conhecimentos trazidos do cotidiano, como a
música, o desenho e a informática.
A participação em diálogos é a base para a aprendizagem, mas também ela se transforma em resultado desta mesma aprendizagem ao assumi-la como uma prática para a promoção tanto da unidade grupal, como do respeito à diversidade humana e adoção de uma atitude flexível e solidária. Ela é tanto condição como resultado da aprendizagem. (SANTOS, 2003, p. 30).
Um trabalho de natureza interdisciplinar necessita de uma equipe engajada, disposta a
dialogar e contribuir de forma crítica e recíproca com informações acerca dos conteúdos das
diferentes disciplinas, numa atitude de comprometimento e compartilhamento dos saberes, a
fim de vencer as barreiras do isolamento e enfrentar os desafios complexos, amplos e globais
da realidade atual.
O que caracteriza a atitude interdisciplinar é a ousadia da busca, da pesquisa; é a
transformação da insegurança num exercício do pensar, num construir. A solidão dessa
insegurança individual que brota o pensar interdisciplinar pode transmutar-se na troca, no
diálogo, no aceitar o pensamento do outro. Exige a passagem da subjetividade para a
intersubjetividade. (FAZENDA, 1995, p. 18).
Santos (2003, p. 94) escreve: “educar é fazer com que os jovens dialoguem com o
conhecimento”.
Percebe-se que o modelo de desenvolvimento agropecuário convencional revela-se
insuficiente e vive a crise da insustentabilidade. Faz-se necessário, portanto, a constituição de
uma nova lógica de desenvolvimento rural, pautada na integração dos saberes, dotada de uma
26
visão holística que possa dar conta dos problemas econômicos, sociais e ambientais revelados
na complexidade da atual sociedade.
Em estudo na EAF de Castanhal sobre a formação do técnico em agropecuária Sousa e
Favacho (2006, p. 14) escrevem: o ensino tecnológico, em especial a experiência que vive a
EAF de Castanhal, procura formas de transição ou superação dos modelos convencionais sem,
contudo, excluí-los plenamente. Os debates e ações educacionais bem como os projetos de
produção percorrem estratégias participativas em seminários, palestras e assembléias de
classe.
Percebe-se que, atualmente, as ações pedagógicas na EAF de Castanhal se voltam para
a efetivação de um currículo integrado, como uma das estratégias para superar a fragmentação
dos saberes. Santomé (1998, p. 122) corrobora essa posição: a integração curricular favorece a
visibilidade dos fatores, ideologias e interesses presentes em todas as questões sociais e
culturais.
Apesar dos esforços, percebe-se a necessidade de aprofundar os processos de debates
sobre a construção do novo Projeto Político Pedagógico da Instituição, privilegiando a
construção democrática e participativa dos sujeitos envolvidos diretamente na mudança
pretendida.
Em projeto de pesquisa “Construindo o ensino de apicultura” Bessa (2005, p. 55)
sugere, em suas conclusões, que não se pode separar o processo de aprendizagem e conteúdos
disciplinares do processo de participação dos alunos, nem separar as disciplinas da realidade
social. “Os conteúdos disciplinares não surgem por acaso, devem ser construídos a partir dos
frutos de interações dos grupos sociais com a sua realidade cultural”.
Aos que se ocupam da educação escolar, das escolas, da aprendizagem dos estudantes, é requerido que façam opções pedagógicas, ou seja, assumam um posicionamento sobre objetivos e modos de promover o desenvolvimento e a aprendizagem de sujeitos inseridos em contextos sócio-culturais e institucionais concretos. (LIBÂNEO, 2005, p. 16).
Aos educadores, portanto, impõe-se o desafio de superar os conceitos tradicionais e
romper com a estrutura disciplinar do sistema educacional historicamente constituído.
2.7. Educação profissional e o desafio de uma nova formação: Lei 9394/96 e sua
legislação complementar
27
O modelo de educação profissional tecnológico, institucionalmente reconhecido,
fundamentado num contexto de concepções pedagógicas tecnicista, especializada e
fortemente direcionado para atender aos interesses da classe dominante, parece incapaz de
enfrentar os desafios atuais da sociedade contemporânea.
Desta forma, se faz necessária uma prática pedagógica capaz de responder às novas
necessidades de formação do cidadão para adequar-se de forma coerente e aplicável a
situações complexas e dinâmicas da sociedade atual, que exige cada vez mais a articulação,
cooperação e integração das várias áreas do conhecimento.
É consenso entre os educadores que transitam na área da educação e trabalho que um dos principais problemas do ensino de 2º grau (atual ensino médio) tem sido a dificuldade em definir sua função, de superar a dualidade entre ensino de cultura geral e ensino técnico, a dicotomia entre teoria e prática, entre o trabalho intelectual e o trabalho manual. (SANCHEZ, 2002, p. 14).
As reformas que envolveram o ensino de 2º grau foram direcionadas para a unificação
ou divisão entre o ensino profissional e o propedêutico, tornando polêmica e indefinida a
relação trabalho e educação nas relações de produção.
Sob a égide da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) Nacional, Brasil, (1996),
sucederam-se várias reformas na educação profissional brasileira, entre elas, a separação entre
o Ensino Médio e a Educação Profissional através do Decreto n°. 2.208/97, Brasil, (1997).
Este Decreto contribuiu para aprofundar ainda mais a dualidade já existente na educação
brasileira, em que se reserva para a elite a formação intelectual e para os trabalhadores a
qualificação preparatória ao trabalho.
Conforme o Decreto n°. 2.208/97, a educação profissional técnica passou a ter
organização curricular própria e independente do ensino médio. Desta forma, nas escolas,
foram organizados e vivenciados currículos diferenciados para o ensino médio e para a
educação profissional. (VIEIRA; TAVARES ;TEODORO, 2008, p. 146).
As críticas e reações de descontentamento relacionadas à prática educacional em
obediência ao referido decreto, culminaram com a promulgação do Decreto n°. 5.154 de 23 de
julho de 2004, Brasil, (2004), que trouxe uma nova perspectiva para os cursos de nível médio
técnico profissionalizante. O art. 4º do referido Decreto estabelece que a educação
profissional, nos termos do § 2º do art. 36, art. 40 e parágrafo único do art. 41 da Lei nº.
9.394/1996, será desenvolvida de forma articulada com o ensino médio.
A nova LDB no artigo 39, também garante a formação inicial e continuada dos
trabalhadores através de cursos e programas, ofertados segundo itinerários formativos que
28
possibilite o aproveitamento contínuo e articulado dos estudos, objetivando o
desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva e social. (BRASIL, 2004).
Com a nova LDB abre-se a possibilidade para ministrar o ensino profissional modular,
ou por etapas, com terminalidade, garantindo habilitação com certificação específica ao
término do módulo. Tal fato vem possibilitando maior flexibilização e abertura para que as
escolas possam atender às necessidades dos trabalhadores e das empresas.
Sanchez (2002, p. 82) escreve:
A flexibilidade agora prevista abre um horizonte de liberdade, no qual a escola construirá o currículo do curso a ser oferecido, estruturando um plano de curso contextualizado com a realidade do mundo do trabalho.
Pela nova LDB a escola pode estruturar e/ou reestruturar sua grade curricular sempre
que necessário, tendo em vista o dinamismo das mudanças impostas pela atual conjuntura
social.
O parecer CNE/CEB nº. 16/99 que trata das Diretrizes Curriculares para Educação
Profissional de Nível Técnico, baseado na Lei de Diretrizes e bases da educação, estabelece as
seguintes premissas básicas: “devem possibilitar a definição de metodologias de elaboração
de currículos, a partir de competências profissionais gerais do técnico da área” e, ainda, que
“cada instituição deve construir seu currículo pleno de modo a considerar as peculiaridades do
desenvolvimento tecnológico com flexibilidade e atender as demandas do cidadão, do
mercado de trabalho e da sociedade”.
O Parecer CNE/CEB nº. 15/98 reforça a flexibilidade e a contextualização dos
conteúdos das áreas disciplinares ou sistemas curriculares com contextos da vida social e
produtiva de maneira que possibilitem a integração e articulação dos conhecimentos.
Percebe-se que nova LDB e sua legislação complementar propõem uma integração dos
conhecimentos com maior flexibilização dos conteúdos como estratégia para possibilitar uma
aprendizagem significativa e motivadora. Um conhecimento contextualizado, socialmente
comprometido, que possa ser aprendido e recriado a partir das mudanças e necessidades do
cotidiano.
As formações profissionais, independente da modalidade e do espaço, deverão articular educação geral e específica, teoria e prática, disciplinaridade e transdisciplinaridade, lógica e histórica. (KUENZER, 1999, pp. 19-29).
Dentre vários problemas enfrentados pelas escolas agrotécnicas, percebe-se a
necessidade de qualificação e/ou requalificação do pessoal docente para atuar no nível técnico
29
agropecuário, considerando suas características e peculiaridades específicas de formação, no
sentido de enfrentar os novos desafios postos pela atual sociedade.
De acordo com Mello (2001), citado por Sanchez (2002, p. 48), a implementação da
visão transdisciplinar se dará primeiramente com a formação de formadores, com a educação
permanente dos mesmos, com ateliês de pesquisa, com a criação e difusão de um imaginário e
de experiências transdisciplinares inovadoras e, fundamentalmente, com o diálogo
reencontrado entre as diferentes disciplinas e entre os diferentes campos do conhecimento
(ciência, arte, tradição e etc.).
A nova base da educação deverá superar a dimensão livresca e repetitiva fundada na memorização para assumir um novo projeto, onde ocorram situações de aprendizagem, através de interações significativas na perspectiva do desenvolvimento da capacidade científica e criativamente com informações e conceitos renováveis de modo a construir respostas originais postos pela vida social e produtiva. Deste ponto de vista, de fato, a educação profissional na perspectiva técnica está ultrapassada. (KUENZER, 1999, pp 19-29).
O desenvolvimento do setor primário, hoje também integrado aos setores secundário e
terciário, requer uma gama de profissionais que variam desde os de nível superior até os de
serviços de apoio. A preocupação com a capacitação de recursos humanos, com o
oferecimento de cursos de qualificação profissional e a aprendizagem rural, para que fique
assegurado o efetivo desenvolvimento desta área, deverá ser item permanente nos programas
de ação do Governo. (SANCHEZ, 2002, p.2).
Martins (2005, p. 67), em pesquisa que teve como tema: “A pedagogia de projeto
numa visão transdiciplinar como estratégia de formação para o ensino técnico”, desenvolvida
na EAF de Colatina - ES, destaca a dificuldade do uso da transdisciplinaridade na escola face
ao contexto fortemente disciplinar instalado no universo escolar. A autora escreve: “Os
professores sentem-se desconfortáveis fora dos limites estritos da área disciplinar na qual
aprenderam a se deslocar em conseqüência de sua formação tradicional”.
Neste contexto, vale ressaltar a implementação do Programa de Pós-Graduação em
Educação Agrícola - PPGEA, aprovado pela deliberação nº. 22 de 22 de abril de 2003 do
Douto Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro - UFRRJ. O programa teve sua origem, conceitos, organização e concepção discutidas
em tese de doutorado apresentada por Sanchez (2002), intitulada Conceituação, Concepção e
Organização de um Programa de Pós-Graduação para Docentes da Educação Profissional
Agrícola. Este programa instituiu o Mestrado no regime de formação por alternância,
associada à educação assistida, à interdisciplinaridade e à pedagogia de projetos, que fazem
30
parte hoje do processo de transformação educacional, e propõem o rompimento do isolamento
histórico entre as Escolas Agrícolas, as Universidades e os Institutos de Pesquisa.
O PPGEA conta com o apoio do Governo Federal através da Secretaria de Educação
Média e Tecnológica (SETEC) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino
Superior (CAPES). Os Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET´s) e a rede de
Escolas Agrotécnicas Federais (EAF´s) também apóiam o programa que, com características
próprias, vem atendendo as necessidades específicas de formação dos docentes das escolas
Agrotécnicas instaladas em todas as regiões do Brasil.
As novas e constantes mudanças sociais apontam para a necessidade de repensar as
práticas pedagógicas, a fim de resgatar o conhecimento como um todo, e não apenas restrito
ao caráter produtivo.
Atualmente, a EAF de Castanhal - PA reúne esforços para superar as barreiras do
isolamento disciplinar e integrar conhecimentos, visando uma formação profissional que
atenda as novas exigências do mundo do trabalho e da sociedade atual.
O método interdisciplinar tem sido indicado por estudiosos e pesquisadores como
favorecedor da integração e interação das ciências, devendo ser permanentemente buscado e
vivido com vista à superação da fragmentação do conhecimento.
31
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Local da Pesquisa
O projeto foi desenvolvido na Escola Agrotécnica Federal (EAF) de Castanhal, Pará,
que localiza se à margem da BR 316, a 63 Km da capital Belém, no Município de Castanhal,
Estado do Pará. As atividades foram ministradas em sala de aula, na Unidade Educativa de
Produção de Apicultura, no laboratório de agroindústria e, extra classe, através de visita
técnica a apicultores e realização de dia de campo em entreposto associativo circunvizinho.
Castanhal situa-se na Mesorregião Metropolitana de Belém e na Microrregião
Castanhal, definido pelas coordenadas 1º17’42”S e 45º55’00”W, com altitude de 41m
(SEPOF – PA, 2007). Ocupa uma área física de 1.029 Km² e conta com uma população de
152.126 habitantes (IBGE, 2007).
A cidade é atravessada pela rodovia federal BR-316, principal via de ligação entre a
capital paraense e as regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, item indispensável para o
escoamento da produção. Limita-se ao norte com o Município de Terra Alta; ao Sul com
Municípios de Inhangapi e São Miguel do Guamá; a leste com os Municípios de São
Francisco do Pará e Santa Maria do Pará e a oeste com os Municípios de Santa Izabel do Pará,
Santo Antônio do Tauá e Vigia. (Figura 1).
Figura 1. Posição geográfica de Castanhal no mapa do Estado do Pará. (PMC, 2009).
O clima do Município enquadra-se na categoria do Equatorial Ami, classificação de
Kôppen, com temperatura média de 25ºC e máxima de aproximadamente 40ºC. A estação
chuvosa ocorre no período de dezembro a maio, e a menos chuvosa de junho a novembro,
com precipitação em cerca de 2.200 mm, e umidade relativa do ar entre 85% e 90%. (SEPOF
-PA, 2007).
32
3.2. Identificação do público alvo
Para o estudo da proposta do uso da “interdisciplinaridade como prática educacional
tecnológica em apicultura”, o público alvo foi o corpo discente do segundo ano, turma 2006
do Curso Técnico Agrícola, com habilitação em Agropecuária da EAF de Castanhal, Pará.
O estudo foi desenvolvido por 22 alunos do módulo de Apicultura, integrante da grade
curricular do curso Técnico em Agropecuária, sendo 13 do sexo masculino e 9 do sexo
feminino, com faixa etária variando entre 15 e 25 anos.
Todos os alunos(as) integrantes do público alvo residem na área urbana do Município
de Castanhal, porém, estes são procedentes de diversos Municípios do Estado do Pará (Figura
2), sendo que, aproximadamente, 64% declararam desenvolver atividades em regime de
agricultura familiar, destes, aproximadamente, 23% já tinham experiências anteriores na
atividade apícola.
Figura 2. Procedência do público alvo.
3.3. Identificação dos parceiros no projeto.
O projeto envolveu os seguintes professores e suas respectivas disciplinas: Biologia,
médio 20,17 12,78 67,05 72,16 17,90 9,94 * Questões que não solicitavam justificativas.
** Refere-se ao interesse dos alunos pela atividade apícola.
A tabela 3 refere-se às justificativas solicitadas em algumas questões do questionário.
Percebe-se que o índice de acerto nas justificativas, em percentual médio (72,16%), é menor
57
do que comparado ao das respostas objetivas (94,55) demonstrado na tabela anterior, porém,
este resultado ainda é considerado satisfatório.
Legenda: Questões representadas nas tabelas 2 e 3.
Nº Questões
1º Você tem interesse pela atividade apícola? ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique. 2º No Brasil, e em quase toda a América Latina, a predominância é de uma raça híbrida entre a Apis
Mellifera africana e européia, conhecida como Apis Mellifera africanizada. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
3º Dois fatores determinam que uma larva comum se transforme numa rainha, e não numa operária: a alimentação com geléia real e a realeira. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar.
4º A rainha dá origem a todos os indivíduos da colméia. Pela postura de ovos fertilizados, operárias e não fertilizados, zangões. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar.
5º Se a colméia fica sem rainha durante vários dias na época da safra, pode-se perceber a situação visualmente, pelo acúmulo anormal de mel e pólen no centro dos favos de cria. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar.
6º A rainha se parece com uma operária, mas é maior e tem o abdômen proporcionalmente mais alongado. Encontrar uma rainha pode ser uma das tarefas mais complicadas da apicultura. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
7º A principal razão da utilização da fumaça é bloquear ou diminuir a resposta defensiva das abelhas, ou seja, controlar a agressividade do enxame. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
8º Cera alveolada é cera derretida e laminada com hexágonos com a dimensão média dos alvéolos. Esta cera é fornecida às abelhas em substituição a favos velhos ou inutilizados e para orientar a construção dos favos. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar.
9º Em relação à segurança, abelhas africanizadas não podem ser mantidas em áreas densamente habitadas. Recomenda-se uma distância de pelos menos 200 m de residências e criadouros. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
10º Há diversas formas de se obter enxames para povoar o apiário. A primeira é comprar enxames. Outra é capturar com caixas-ísca. Esse é o método mais barato e menos trabalhoso. Outra maneira é capturar enxames alojados na natureza ou em locais indevidos, ou ainda através de divisão de famílias. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar.
11º Enxames são unidos, principalmente, em duas ocasiões: por necessidade, quando um deles está fraco demais ou perdeu a rainha (é a chance de produzir uma nova), ou para aumentar a produção. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
12º Geléia real é uma substância produzida pelas operárias jovens para alimentação da rainha, desde o estágio de larva. Essa substância inclui secreções mandibulares e hipofarigeanas das abelhas. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar.
13º As melgueiras devem ser colocadas na colméia no início da florada, quando a movimentação do alvado começar a crescer. Nesse momento, quando for o caso, a alimentação artificial deve ser interrompida. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
14º Quando a abelha pousa numa flor, para colher néctar ou pólen, grãos de pólen ficam presos nos seus pêlos. Em razão do movimento da abelha, os grãos podem ser levados ao estigma da mesma flor ou de outra. Essa ação da abelha é involuntária, é a polinização. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar.
15º A presença de abelhas aglomeradas perto do alvado da colméia em forma de "barba", ou até embaixo do fundo e com intenso movimento pode ser um indicativo de enxameação, podendo ainda ser entendido como ocorrência de excesso de calor. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
16º A divisão de família é um procedimento recomendado quando temos um enxame forte e desejamos obter um novo enxame. Devemos selecionar para esse procedimento as nossas melhores colméias. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
17º Colméia com pouco ou sem movimento de abelhas no alvado, em período de boa florada, significa família órfã (sem rainha); presença de enfermidades; colméia recém-enxameada. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
18º A própolis possui diversas propriedades terapêuticas e biológicas, muitas delas já bem estudadas e compreendidas. Por exemplo, ela apresenta atividades antibióticas, antiinflamatória, anestésica, antioxidante e cicatrizante, entre outras. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
58
19º Alimentação artificial é o fornecimento de substâncias nutritivas para as abelhas. Pode ser de subsistência, na escassez de florada, ou estimulante, para induzir o crescimento da colméia antes de uma florada. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar.
20º Mel é o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas, a partir do néctar das flores ou das procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas de plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam maturar nos favos das colméias. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar.
21º Assim que o favo for operculado, o mel estará "maduro" e pronto para ser colhido. Antes disso, ele é chamado de mel "verde", não devendo ser coletado para o consumo. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
22º As abelhas não causam nenhum impacto negativo ao meio ambiente, pelo contrário, são de fundamental importância na preservação e manutenção da flora e no aumento da produtividade agrícola. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
23º As boas práticas de fabricação (BPF) são ferramentas indispensáveis para garantir a qualidade na cadeia produtiva do mel. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
24º A análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) é uma ferramenta de gestão, visando garantir a produção de alimentos seguros à saúde do consumidor, identificando, avaliando e controlando os perigos nas etapas produtivas. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar.
25º Um bom curso é aquele que combina teoria e prática de forma complementar e relacional com as diversas áreas do conhecimento, buscando uma integração e interação entre os diversos saberes das ciências, dos valores culturais e dos conhecimentos de sujeitos que aprendem e também ensinam. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
26º O associativismo /cooperativismo tem crescido e é importante para a reação dos trabalhadores contra o desemprego em massa e a exclusão social. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
27º O processo de gestão implica em planejar, organizar, dirigir e controlar os processos de uma determinada atividade. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar.
28º A globalização é um processo que se acentuou com a abertura dos mercados e com a revolução da tecnologia da informação. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
29º Cadeia produtiva envolve todas as atividades inerentes a um determinado produto que vai desde a produção até o consumo. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar.
30º A apicultura é uma atividade que atende a todas as grandes tendências globais da atualidade. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar. Justifique.
Pode-se pressupor que o menor desempenho deve-se à dificuldade dos alunos no uso
da comunicação escrita. Esta hipótese é reforçada pela qualidade gramatical dos textos e
anotações nos diários de campo elaborados pelos alunos.
Com relação ao interesse dos alunos pela atividade apícola, os dados (Tabela 2, 1ª
questão) da avaliação, antes e depois, denotam uma evolução de 72,73% no início para 100%
no final. Verifica-se nas justificativas apresentadas que o interesse da grande maioria dos
alunos se baseia no uso da apicultura como alternativa de renda integrada ao desenvolvimento
sustentável da agricultura familiar.
O interesse pela atividade, demonstrado pelos alunos desde o início do módulo,
permite aventar que a apicultura é uma atividade que cativa pelas suas qualidades
econômicas, sociais e ambientais e, ainda, enquadra-se no contexto de vida da maioria dos
alunos, que vêem nesta, uma alternativa de geração de renda com sustentabilidade no meio
rural.
59
Percebe-se que os alunos, após conhecerem a atividade apícola e suas relações com a
agricultura familiar e demais áreas do conhecimento, passaram a visualizar a atividade em um
contexto mais global e isto pode ter favorecido a compreensão da atividade numa dimensão
mais ampla, evidenciando um maior número de oportunidades no negócio apícola.
4.3.4. Avaliação final
A Tabela 4 mostra um resumo da participação dos alunos nas principais atividades
desenvolvidas durante o módulo, as quais subsidiaram o professor na avaliação dos mesmos.
Tabela 4. Participação nas principais atividades interdisciplinares desenvolvidas durante o módulo de Apicultura. EAF de Castanhal, 2007.
Participação dos alunos em % Critérios Avaliados Sim Parcial Não Total
Participação nas atividades relacionadas diretamente com outras disciplinas (entrega de textos, entrevista, ata e palestra de agroindústria).
72,73
27,27
0,00
100,00
Participação no dia de campo. 95,45 0,00 4,55 100,00
Participação na visita técnica. 90,90 0,00 9,10 100,00
Construção do diário de campo. 68,18 27,27 4,55 100,00
Entrega e apresentação de relatório do grupo de discussão sobre pontos positivos e negativos no emprego da metodologia.
59,10
27,27
13,63
100,00
Presença média dos alunos em todas as aulas do módulo.
95,22 0,00 4,78 100,00
Auto-avaliação feita pelo aluno (construção de habilidades).
100,00 0,00 0,00 100,00
Avaliação antes e depois feita pelo professor. 100,00 0,00 0,00 100,00
O índice médio de 95,22% de participação e as habilidades demonstradas pelos alunos
nas diversas atividades do módulo também possibilitaram ao professor pesquisador avaliar
todos os alunos concluintes como aptos a se iniciarem na atividade apícola.
60
Verifica-se que a percentagem média de faltas por aluno durante todo o módulo foi de
4,78%, índice que nos parece aceitável. Todos os 22 alunos concluíram o módulo com
sucesso.
Percebe-se que, ao sair da escola para vivenciar outras realidades, os alunos ganham
autonomia e segurança na aplicação dos conhecimentos, visualiza-se também maior
motivação que se traduz em maior envolvimento e vontade de aprender cada vez mais, frente
aos desafios de descobrir e redescobrir o novo no suceder das relações com o mundo e a
necessidade do conhecimento como principal ferramenta para o desempenho futuro da
atividade.
Na aula final, quando questionados pelo professor sobre a capacidade de iniciarem a
atividade apícola com as informações e conhecimentos técnicos construídos durante o
módulo, todos os alunos declararam-se em condições de iniciar a atividade.
Observa-se que o uso da metodologia interdisciplinar ajuda na compreensão da
realidade em uma dimensão de totalidade, e isto parece possibilitar uma atuação mais efetiva
dos alunos na solução de problemas, possibilitando um perfil profissional capaz de enfrentar
os desafios da complexidade da atual sociedade.
61
5. CONCLUSÕES
� A prática pedagógica interdisciplinar redesenha o espaço escolar para além dos
“muros da escola” transformando-o em um espaço vivo de interações.
� A utilização de temas geradores na prática interdisciplinar se mostra como uma
alternativa viável para integrar e interagir os conhecimentos disciplinares
� A pedagogia interdisciplinar possibilita “enxugar” conteúdos disciplinares ministrados
muitas vezes de forma repetitiva.
� Percebe-se que a estratégia pedagógica utilizada permitiu aos alunos a perceber a
complexidade do desenvolvimento de um projeto técnico apícola, não se limitando
apenas ao domínio da apicultura, mas de uma rede de informações que interagem e se
complementam para alcançar maior efetividade.
� Além do domínio das habilidades na condução das atividades apícolas, identificou-se
um cuidado especial dos alunos com o domínio de outras áreas do conhecimento,
ultrapassando assim, as fronteiras disciplinares, ligando os conhecimentos ambientais,
sociais e econômicos numa teia solidária e interdependente.
� As atividades extra classe possibilitaram um exercício dialógico em que as
experiências do cotidiano dos alunos emergiram mobilizadas pelas suas expectativas e
interesses, sendo construído, a partir daí, os conhecimentos técnicos científicos, dando
maior significado às aprendizagens.
� A realização do dia de campo cria um importante espaço de discussão, onde os alunos
interagem experiências, construindo e/ou reconstruindo conhecimentos a partir da
realidade vivenciada, como sujeito de seus próprios saberes.
� A interação entre os conhecimentos das disciplinas e as atividades realizadas fora da
escola criou um ambiente onde a aprendizagem dos alunos se tornou mais
significativa, pautada nas relações sociais e nas experiências por eles vivenciadas.
� A metodologia interdisciplinar ampliou as possibilidades de construção e apropriação
dos conhecimentos pelos alunos numa perspectiva de totalidade, criando espaços
dialógicos de intensa interatividade entre as diversas áreas do conhecimento.
� Ficou evidenciada a importância das aulas práticas para a consolidação dos
conhecimentos e habilidades apícolas necessários ao profissional em apicultura.
62
� A participação dos alunos foi expressiva em todas as atividades do módulo,
permitindo, pelo acompanhamento e avaliação sistemática dos mesmos pelo professor,
a dispensa da tradicional prova final escrita.
� A atividade apícola envolve riscos e exige habilidade, preparo físico e psicológico
para lidar com as situações adversas e fatores intrínsecos à atividade.
� O desenvolvimento deste projeto mostrou que os professores parceiros neste projeto
estão abertos e receptivos à adoção desta metodologia como prática pedagógica.
� A planilha de auto-avaliação possibilitou acompanhar a evolução da construção das
habilidades pelos alunos ao final da fase de aulas teóricas, práticas e extra classe,
permitindo identificar suas principais dificuldades em tempo de prover estratégias para
solucioná-las.
� Os resultados alcançados neste projeto permitem sugerir o uso desta metodologia
como alternativa pedagógica na formação do Técnico em Agropecuária na EAF de
Castanhal, Pará.
63
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SANTOMÉ, J. T. Globalização e Interdisciplinaridade: o currículo integrado. Trad. Cláudia Schilling. 275p, Porto Alegre/RS: Artes Médicas Sul Ltda, 1998. SANTOS, A. Didática sob a ótica do pensamento complexo. 124p, Porto Alegre/RS: Sulina, 2003. ________. Princípios Orientadores para Reencantar a Educação. I Encontro Brasileiro de Estudos da Complexidade. Curitiba, jul/2005. Disponível em: <lhttp://www.ufrrjleptrans.hpg.com.br>. Acesso em: 05/jun/2007. SANTOS, A. C. S. dos. A Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade como Perspectiva para a Prática Pedagógica. Rio de Janeiro, 2007. (no prelo). ________. Formação de professores e os aspectos interdisciplinares e transdisciplinares da educação em química: uma experiência vivida através da prática de ensino. Curitiba, jul/2005. Disponível em: <1http://www.ufrrjleptrans.hpg.com.br>. Acesso em: 02/jul/2007. SANTOS, A. C. S. dos et al. Transdisciplinaridade na Universidade. 19p, Rio de Janeiro, 2003. Disponível em: <lhttp://www.ufrrjleptrans.hpg.com.br>. Acesso em: 02/jul/2007. SANTOS, A. C. S. dos; SANTOS A. Da disciplinaridade à transdisciplinaridade: obstáculos epistemológicos. Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação. 16 p, Caxambu, 2005. Disponível em: <http://www.ufrrjleptrans.hpg.com.br>. Acesso em: 02/jul/2007. SEBRAE. Apicultura : Manual do Agente de Desenvolvimento Rural. Souza, D. C. (Org.) E. 2, 186p, Brasília/DF, 2007. Disponível em: <http://www.apis.sebrae.com.br/Arquivos/MANUAL.PDF>. Acesso em: 16/mai/2009. ________. Projeto APIS: Apicultura Integrada e Sustentável. Unidade de Desenvolvimento Setorial (UDS). N. 05-03, 33p, nov/2003. ________. Revista Agronegócios: Desafios da apicultura brasileira. N. 3, 64p, mai/2006. Disponível em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/5EC21315390BAAB98325733A004CA9E0/$File/rev_agronegocio3.pdf>. Acesso em: 09/jan/2009. SEPOF. Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças do Pará. Belém/PA, 2007. Disponível em: <http://portalamazonia.globo.com/artigo_amazonia_az.php?idAz=585> Acesso em: 21/mai/2009.
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7. ANEXOS
Anexo I. Questionário sócio-econômico aplicado aos alunos no início do módulo de
Apicultura. EAF de Castanhal. Castanhal (PA), 2007.
Anexo II. Questionário aplicado aos alunos antes e depois do módulo de Apicultura. EAF de
Castanhal. Castanhal (PA), 2007.
Anexo III. Cronograma de execução de atividades do módulo de Apicultura. EAF de
Castanhal. Castanhal (PA), 2007.
Anexo IV. Planilha de auto-avaliação contendo as habilidades integrantes do currículo oficial
do módulo de Apicultura da EAF de Castanhal. Castanhal (PA), 2007.
Anexo V. Programação do dia de campo realizado na sede da APISAL. Módulo de
Apicultura. EAF de Castanhal. Castanhal (PA), 2007.
Anexo VI. Texto: Doce como o mel.
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Anexo I. Questionário sócio-econômico aplicado aos alunos no início do módulo de
Apicultura. EAF de Castanhal. Castanhal (PA), 2007.
EAF de Castanhal Pará Módulo de Apicultura Prof. Arnaldo Pantoja da Costa
QUESTIONÁRIO SÓCIO-ECONÔMICO
Apresentação: Este questionário tem como finalidade a coleta de informações sócio-econômicas dos alunos para serem utilizadas na composição da dissertação de Mestrado em Educação Agrícola da UFRRJ. 01 - Nome (opcional) _________________________________________________________
02 - Cidade onde reside _______________________________________________________
03 - Município de origem ______________________________________________________
04 - Assinale a alternativa que identifica a sua cor/raça
Branca □ Preta □ Parda □ Amarela □ Indígena □
05 - Idade: Até 14anos □ 15 a 17 □ 18 a 20 □ 21 a 25 □ mais de 26 □
06 - Sexo: Masculino □ Feminino □
07 - Estado civil: Solteiro □ Casado □ Outra □
08 - Trabalha? Não □ Sim □ Há quanto tempo? __________
09 - Completou a 8ª série em escola:
Pública municipal □ Pública estadual □ Privada □
10 - Atividade familiar:
Agricultura □ Pecuária □ Outras □
11 - Entre as atividades desenvolvidas no contexto familiar, a apicultura é desenvolvida?
Sim □ Não □ Por que? ______________________________________________
12 - Tendo por base que o salário mínimo corresponde a R$ 380.00, qual é o rendimento
mensal da sua família?
Até 1 s/m □ 1 a 2 s/m □ 2 a 3 s/m □ 3 a 5 s/m □ mais de 5 s/m □
13 - Qual é o grau de escolaridade do seu pai?
4ª série □ Fundamental II □ Médio □ Graduação □ Mestrado □ Doutorado □
14 - Qual é o grau de escolaridade da sua mãe?
4ª série □ Fundamental II □ Médio □ Graduação □ Mestrado □ Doutorado □
15 - Você ingressou na EAFC no ano seguinte a ter terminado a 8ª série? Sim □ Não □
Por que? _____________________________________________________________
Data _____/_____/ 2007.
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Anexo II. Questionário aplicado aos alunos antes e depois do módulo de Apicultura. EAF de
Castanhal. Castanhal (PA), 2007.
EAF de Castanhal Pará Módulo de Apicultura Prof. Arnaldo Pantoja da Costa ALUNO (A): _________________________________ TURMA: _______ Nº. _____. Este questionário tem como objetivo diagnosticar o nível de conhecimento inicial e final dos alunos, relativos à cadeia apícola, necessários para a atuação do técnico em agropecuária. As informações terão caráter sigiloso e irão compor parte da metodologia proposta na dissertação de Mestrado em Educação Agrícola da UFRRJ. Atenciosamente, Arnaldo Pantoja Costa.
QUESTÕES APLICADAS AOS ALUNOS ANTES E DEPOIS DO MÓDULO 1- Você tem interesse pela atividade apícola? ( ) sim ( ) não Justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2- No Brasil, e em quase toda a América Latina, a predominância é de uma raça híbrida entre a Apis Mellifera africana e a Apis Mellifera européia, conhecida como Apis Mellifera africanizada. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3- Dois fatores determinam que uma larva comum se transforme numa rainha, e não numa operária: a alimentação com geléia real e a realeira. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar 4- A rainha dá origem a todos os indivíduos da colméia. Pela postura de ovos fertilizados, operárias e não fertilizados, zangões. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar 5- Se a colméia fica sem rainha durante vários dias na época da safra, pode-se perceber a situação visualmente, pelo acúmulo anormal de mel e pólen no centro dos favos de cria. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar
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(Continuação, Anexo II). 6- A rainha se parece com uma operária, mas é maior e tem o abdômen proporcionalmente mais alongado. Encontrar uma rainha pode ser uma das tarefas mais complicadas da apicultura. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7- A principal razão da utilização da fumaça é bloquear ou diminuir a resposta defensiva das abelhas, ou seja, controlar a agressividade do enxame. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8- Cera alveolada é cera derretida e laminada com hexágonos com a dimensão média dos alvéolos. Esta cera é fornecida às abelhas em substituição a favos velhos ou inutilizados e para orientar a construção dos favos. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar 9- Em relação à segurança, abelhas africanizadas não podem ser mantidas em áreas densamente habitadas. Recomenda-se uma distância de pelo menos 200 m de residências e criadouros. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10- Há diversas formas de se obter enxames para povoar o apiário. A primeira é comprar enxames. Outra é capturar com caixas-isca. Esse é o método mais barato e menos trabalhoso. Outra maneira é capturar enxames alojados na natureza ou em locais indevidos ou ainda através da divisão de família. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar 11- Enxames são unidos, principalmente em duas ocasiões: por necessidade, quando um deles está fraco demais ou perdeu a rainha (e a chance de produzir uma nova), ou para aumento de produção. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12- Geléia real é uma substância produzida pelas operárias jovens para alimentação da rainha, desde o estágio de larva. Essa substância inclui secreções mandibulares e hipofaringeanas das abelhas ( ) sim
75
(Continuação, Anexo II). ( ) não ( ) não sei opinar 13- As melgueiras devem ser colocadas na colméia no início da florada, quando a movimentação do alvado começar a crescer. Nesse momento, quando for o caso, a alimentação artificial deve ser interrompida. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 14- Quando a abelha pousa numa flor, para colher néctar ou pólen, grãos de pólen ficam presos nos seus pêlos. Em razão do movimento da abelha, os grãos podem ser levados ao estigma da mesma flor ou de outra. Essa ação da abelha é involuntária, e a polinização, um resultado acidental. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar 15- A presença de abelhas, aglomeradas perto do alvado da colméia em forma de “barba” ou até embaixo do fundo e com intenso movimento pode ser um indicativo de enxameação podendo ainda ser entendido como ocorrência de excesso de calor. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 16- A divisão de família é um procedimento recomendado quando temos um enxame forte e desejamos obter um novo enxame. Devemos selecionar para esse procedimento as nossas melhores colméias. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 17- Colméia com pouco ou sem movimento de abelhas no alvado, em período de boa florada, significa Família órfã (sem rainha); Presença de enfermidades; Colmeia recém-enxameada. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18- A própolis possui diversas propriedades terapêuticas e biológicas, muitas delas já bem estudadas e compreendidas. Por exemplo, ela apresenta atividades antibióticas, antiinflamatórias, anestésicas, antioxidantes e cicatrizantes, entre outras. ( ) sim
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(Continuação, Anexo II). ( ) não ( ) não sei opinar 19- Alimentação artificial é o fornecimento de substâncias nutritivas para as abelhas. Pode ser de subsistência, na escassez de florada ou estimulante, para induzir o crescimento da colméia antes de uma florada. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar 20- Mel é o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas, a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas de plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colméia. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar 21- Assim que o favo for operculado, o mel estará "maduro" e pronto para ser colhido. Antes disso, ele é chamado de mel "verde", não devendo ser coletado para o consumo. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 22- A abelhas não causam nenhum impacto negativo ao meio ambiente, pelo contrário, são de fundamental importância na preservação e manutenção da flora e no aumento da produtividade agrícola. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 23- As boas práticas de fabricação (BPF) são ferramentas indispensáveis para garantir a qualidade na cadeia produtiva do mel. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 24- A análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) é uma ferramenta de gestão, visando garantir a produção de alimentos seguros à saúde do consumidor, identificando, avaliando e controlando os perigos nas etapas onde o controle é considerado crítico. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar
77
(Continuação, Anexo II). 25- Em minha opinião, um bom curso é aquele que combina teoria e prática de forma complementar e de forma relacional com as diversas áreas do conhecimento, buscando uma integração e interação entre os diversos saberes das ciências e dos valores culturais e conhecimentos dos sujeitos que aprendem e que também ensinam. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 26- O associativismo / cooperativismo tem crescido e é importante para a reação dos trabalhadores contra o desemprego em massa e a exclusão social. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 27- O processo de gestão implica em planejar, organizar, dirigir e controlar os processos de uma determinada atividade. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar 28- A globalização é um processo que se acentuou com a abertura dos mercados e com a revolução da tecnologia da informação. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 29- Cadeia produtiva envolve todas as atividades inerentes a um determinado produto que vai desde a produção até o consumo. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar 30- A apicultura é uma atividade que atende a todas as grandes tendências globais da atualidade. ( ) sim ( ) não ( ) não sei opinar Em caso afirmativo justifique a sua resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Anexo III – Cronograma de execução de atividades do módulo de Apicultura. EAF de Castanhal. Castanhal (PA), 2007.
MÓDULO DE APICULTURA – CH 80 HORAS - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES – PROF.: ARNALDO PANTOJA COSTA. TURMA: 2ª C - PERÍODO: 12/09 a 01/10 de 2007.
ATIVIDADE DATA MANHÃ TARDE NOITE Sondagem de conhecimentos no momento inicial do módulo com aplicação de questionário fechado. Caracterização sócio-econômica através do uso de questionário semi-estruturado. Apresentação e discussão do projeto de trabalho e pesquisa. Distribuição das pastas fichário e esclarecimentos necessários para constituição do diário de campo a ser entregue no final do módulo. Esclarecimento sobre a auto-avaliação com uso de planilha com as habilidades e competências a serem codificadas com “C” (para habilidades e competências construídas) “EP” (para habilidades e competências em processo). Discussão sobre a proposta interdisciplinar.
12-09-07
X
Apicultura: fundamentação teórica. 13-09-07 X DVD - Planejamento e Instalação de Apiários. 13-09-07 X Apicultura: fundamentação teórica. 14-09-07 X DVD - Como Produzir Mais e Melhor. Aplicação da planilha de auto-avaliação. 14-09-07 X Reconhecimento, uso e preparo de materiais Apícolas. 19-09-07 X Abertura de colméias, caracterização do enxame e reconhecimento dos principais sinais internos e externos da colméia (Grupo 01 e 02).
20-09-07 X
Prática de revisão de colméia e colheita de mel na EAFC (Grupo 01 e 02). 21-09-07 X Palestra sobre Higiene e Sanitização na Agroindústria Beneficiamento de Mel – EAFC/Agroindústria. Professora Suely e Professor Arnaldo.
25-09-27 X
Captura de enxame. Grupo 01 e 02. Local: Apiário São Fco. Professor Arnaldo e Apicultor Sr. Edinaldo. 23-09-07 X Divisão de enxames. Grupo 01 e 02. Local: Apiário São Fco. Professor Arnaldo e Apicultor Sr. Edinaldo 23-09-07 X Discussão em grupo das atividades desenvolvidas (avaliação das possibilidades e dificuldades) com registro das discussões em relatórios e apresentação. Aplicação da planilha Auto-avaliação.
24-09-20 X
Purificação, laminação e alveolação de cera apícola. 27-09-07 X Dia de campo. Local: Sede da APISAL. Programação em anexo. (Transferido para 29-09-09). 28-09-07 X Dia de campo. Local: Sede da APISAL. Programação em anexo (Transferido para 29-09-09). 28-09-07 X Preenchimento da planilha de auto-avaliação, aplicação da avaliação final e encerramento do módulo. 01-10-07 X
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2
ANEXO IV. Planilha de auto-avaliação contendo as habilidades integrantes do currículo oficial do módulo de Apicultura da EAF de Castanhal. Castanhal (PA), 2007.
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Instituto de Agronomia Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola Escola Agrotécnica Federal de Castanhal - Pará
Aluno (a): _________________________________ Turma: _______ Nº. _____. Esta planilha tem como objetivo possibilitar a auto-avaliação das aprendizagens/habilidades requeridas pelo módulo de Apicultura oferecido no Curso de Agropecuária da EAF de Castanhal - Pará. As informações irão compor parte da metodologia proposta na dissertação de Mestrado em Educação Agrícola da UFRRJ. Atenciosamente, Arnaldo Pantoja da Costa. Codifique as aprendizagem/habilidade com X em “C” para habilidade construída e em “EP” para aprendizagem em processo.
APRENDIZAGEM/HABLIDADE C EP DATA C EP DATA C EP DATA Relacionar aspectos históricos da apicultura no Brasil e no Pará. Avaliar aspectos sociais, econômicos e ambientais da apicultura como atividade promotora de desenvolvimento.
Classificar as principais espécies de abelhas. Avaliar de forma geral caracteres anatômicos e fisiológicos das abelhas. Caracterizar e avaliar as fases do ciclo evolutivo das abelhas. Identificar os tipos de abelhas que compõem um enxame e relacionar suas respectivas funções dentro da organização.
Escolher, avaliar e dimensionar o local apropriado para a instalação de apiário.
Instalar colméias em local apropriado, utilizando os diversos esquemas de distribuição em função de um melhor manejo e um melhor desempenho produtivo.
77
3
Manejar corretamente os materiais e equipamentos utilizados nas explorações apícolas.
Capturar enxames utilizando as técnicas recomendadas. Fazer divisão de enxame. Caracterizar os principais produtos apícolas. Reconhecer na colméia sinais de doenças, enxameação e orfandade. Aplicar técnicas de manejo no controle da enxameação. Aplicar métodos de melhoramento genético. Caracterizar o sistema de comunicação das abelhas. Executar manejo de revisão de colméias nos períodos de safra e entressafra.
Executar manejo no desenvolvimento de enxames. Preparar alimento artificial de subsistência e estimulante. Administrar alimento artificial. Fazer controle dos principais inimigos naturais das abelhas. Executar dentro das normas técnicas todos os procedimentos na obtenção do mel destinado à comercialização ou à agroindústria.
Fazer a purificação, laminação, alveolação e corte de cera apícola. Elaborar projeto de implantação apícola. Cumprir legislação e normas pertinentes.
(continuação Anexo IV.)
78
79
Anexo V. Programação do dia de campo realizado na sede da APISAL. Módulo de
Apicultura. EAF de Castanhal. Castanhal (PA), 2007.
EAF de Castanhal - Pará Módulo de Apicultura Prof. Arnaldo Pantoja da Costa
PROGRAMAÇÃO DO DIA DE CAMPO
I. APRESENTAÇÃO
Esta atividade tem como objetivo criar situações de ensino-aprendizagem em que os alunos
possam articular, integrar e interagir conhecimentos visando unificar saberes através da
prática educativa interdisciplinar. Os dados e informações coletadas irão compor parte da
metodologia proposta na dissertação de Mestrado em Educação Agrícola da UFRRJ que tem
como título “A interdisciplinaridade como prática educacional tecnológica em apicultura: o
exemplo da Escola Agrotécnica Federal de Castanhal - PA”.
. II. EXECUÇÃO Associação dos Apicultores de São João de Pirabas - APISAL pela EAF de Castanhal. III. COORDENAÇÃO Professor Arnaldo Pantoja da Costa (EAF de Castanhal) e Anderson Schwanke (APISAL). IV. PÚBLICO ENVOLVIDO IV.1. Alunos 22 (vinte e dois) alunos do curso Técnico em Agropecuária, 2ª série, turma “C”/2007. IV.2. Disciplinas/professores � Apicultura - Professor Arnaldo Pantoja da Costa. � Sociologia - Professora Edileusa Pilleti. � Biologia - Professor Marcelo Torres. � Agroindústria - Professora Suely Lima. � Economia Rural - Professor Acácio. � Língua Portuguesa - Professora Inácia Thury. IV.3. Outros Diretoria da APISAL e respectivos apicultores associados. V. LOCAL � Sede do complexo produtivo e industrial da APISAL, integrado ao Projeto Mãe Natureza
no Município de São João de Pirabas. VI. DATA Dia 29 de setembro de 2007.