i i UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA PRODUÇÃO, COMPOSIÇÃO QUÍMICA, PERFIL SENSORIAL E DE VOLÁTEIS DO LEITE DE CABRAS ALIMENTADAS COM PALMA FORRAGEIRA (Opuntia ficus-indica L. Miller) EM SUBSTITUIÇÃO AO MILHO EDVALDO MESQUITA BELTRÃO FILHO ENGENHEIRO AGRÔNOMO AREIA – PARAÍBA DEZEMBRO – 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE … · Também, lecionou na Escola Agrotécnica Federal de Barreiros – Pernambuco, disciplinas relacionadas com Tecnologia de Produtos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
PRODUÇÃO, COMPOSIÇÃO QUÍMICA, PERFIL SENSORIAL E DE VOLÁTEIS DO LEITE DE CABRAS ALIMENTADAS COM PALMA FORRAGEIRA (Opuntia
ficus-indica L. Miller) EM SUBSTITUIÇÃO AO MILHO
EDVALDO MESQUITA BELTRÃO FILHO ENGENHEIRO AGRÔNOMO
AREIA – PARAÍBA DEZEMBRO – 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
PRODUÇÃO, COMPOSIÇÃO QUÍMICA, PERFIL SENSORIAL E DE VOLÁTEIS DO LEITE DE CABRAS ALIMENTADAS COM PALMA FORRAGEIRA (Opuntia
ficus-indica L. Miller) EM SUBSTITUIÇÃO AO MILHO
EDVALDO MESQUITA BELTRÃO FILHO
AREIA – PARAÍBA DEZEMBRO – 2008
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Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos
da Biblioteca Setorial de Areia-PB, CCA/UFPB.
B453p Beltrão Filho, Edvaldo Mesquita
Produção, composição química, perfil sensorial e de voláteis do leite de cabras alimentadas com palma forrageira (Opuntia fícus-indica L. Miller) em substituição ao milho./ Edvaldo Mesquita Beltrão Filho – Areia- PB: UFPB/CCA, 2008.
71f.
Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal da Paraíba - Centro de Ciências Agrárias, Areia, 2008.
Bibliografia
Orientador: Roberto Germano Costa
Co-Orientadores: Ariosvaldo Nunes de Medeiros; Rita de Cássia Ramos do E. Queiroga.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
PRODUÇÃO, COMPOSIÇÃO QUÍMICA, PERFIL SENSORIAL E DE VOLÁTEIS DO LEITE DE CABRAS ALIMENTADAS COM PALMA FORRAGEIRA (Opuntia ficus-
indica L. Miller) EM SUBSTITUIÇÃO AO MILHO
Tese apresentada ao Programa de Doutorado em Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba do qual participam a Universidade Federal Rural de Pernambuco e a Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Zootecnia
Área de Concentração: Produção Animal
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Roberto Germano Costa - Presidente Profa. Dra. Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga - Membro Prof. Dr. Ariosvaldo Nunes de Medeiros - Membro
AREIA – PARAÍBA DEZEMBRO - 2008
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A MEUS QUERIDOS PAIS, EDVALDO MESQUITA BELTRÃO E ANNIE ELISABETH
SANTIAGO BELTRÃO, PELO INCANSÁVEL ESFORÇO E INCENTIVO, SEMPRE
ORIENTANDO NA IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO ACADÊMICA COMO
FERRAMENTA PARA O CRESCIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL, COM AMOR,
GRATIDÃO E CARINHO;
A MINHA FAMÍLIA, IRMÃOS, PRIMOS, SOBRINHOS, AVÓS E TIOS COM CARINHO;
A MINHA AMADA ESPOSA ROBÉRIA PELA PACIÊNCIA E CONFORTO NOS
MOMENTOS MAIS ATRIBULADOS E POR CONTRIBUIR INCANSAVELMENTE NA
FORMAÇÃO DE NOSSOS FILHOS;
A MEUS QUERIDOS FILHOS GERALDO SANTIAGO BELTRÃO E ANNIE ELISABETH
PELOS MOMENTOS QUE ME FIZ AUSENTE, BUSCANDO EXPERIÊNCIAS E
ENSINAMENTOS PARA PODER ENCAMINHÁ-LOS ATRAVÉS DE EXEMPLOS;
DEDICO.
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AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia – PDIZ pela oportunidade de capacitação;
Aos Professores pelos ensinamentos e orientações nos momentos valiosos em sala de aula;
A Graça, secretária do PDIZ, pela paciência, atenção e cordialidade dispensada;
Aos colegas do Doutorado e Mestrado pelos momentos de estudo e de confraternização;
A amiga Michelle, colega de experimento, pela amizade, cumplicidade e dedicação nos momentos de desenvolvimento do Projeto;
A Tiago, Michelle, Anny Graycy, Josy Karlla, Humberto, Nirley, Isis Rebecca, Raiff Beltrão, Robéria, Thiago, Caicó pelo apoio e horas de sono oferecidas, durante o experimento, nos momentos de análise do comportamento ingestivo, durante madrugadas a fio;
Aos técnicos da UFPB: Elieidy, Gerônimo, José Alves e colaboradores pela amizade e auxílio durantes as análises laboratoriais;
A UFPE e à EMBRAPA - Agroindústria Tropical pelas análises laboratoriais;
Aos funcionários Gerson, seu Antônio e Seu Joca pelo apoio no Setor de Caprinos do CCHSA/UFPB;
A UFPB/CCHSA pela oportunidade de capacitação e disponibilização do Setor de Caprinos e Laboratórios para desenvolvimento do experimento;
Ao meu Orientador, Prof. Dr. Roberto Germano Costa, pela paciência, cordialidade, orientação, ensinamentos e amizade dispensada durante o Curso de Doutorado;
A minha querida Profa. Dra. Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga pelos ensinamentos, pelo apoio, pela amizade e orientação dispensada;
A prezada Profa. Dra. Marta Suely Madruga pelos valiosos ensinamentos no Capítulo de Compostos Voláteis e de avaliação sensorial do leite caprino;
Ao Prof. Dr. Airon Aparecido Melo pelo apoio na formulação das rações e ensinamentos.
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BIOGRAFIA DO AUTOR
Edvaldo Mesquita Beltrão Filho – Filho de Edvaldo Mesquita Beltrão e Annie Elisabeth Santiago Beltrão, nascido no dia 14 de março de 1971 na cidade de Bananeiras, Estado da Paraíba, Brasil. Cursou o ensino médio no Colégio Pio X – Marista localizado na cidade de João Pessoa – Paraíba. No ano de 1990 iniciou o Curso de Agronomia no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba concluindo em junho de 1996. Iniciou no ano seguinte o Curso de Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos no Centro de Tecnologia da citada Instituição, concluindo em outubro de 1999. Exerceu atividade de Ensino Fundamental no período de 1990 a 1995 no Colégio de 1º e 2º Graus Ministro José Américo de Almeida, localizado na cidade de Areia - Paraíba. No período de 1997 a 1999 exerceu atividade de ensino no Magistério Superior, lecionando a disciplina de Mecanização Agrícola, no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. Também, lecionou na Escola Agrotécnica Federal de Barreiros – Pernambuco, disciplinas relacionadas com Tecnologia de Produtos de Origem Animal, no período de 2000 a 2001, quando, em outubro de 2001, foi classificado em concurso público tornando-se Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Petrolina - Pernambuco, onde lecionou disciplinas relacionadas com Tecnologia de Frutas e Hortaliças e Tecnologia de Produtos de Origem Animal no Curso Técnico em Agroindústria e no Curso Superior de Tecnologia de Alimentos desta referida instituição. Em 24 de dezembro de 2004 solicitou redistribuição para o Colégio Agrícola Vidal de Negreiros do Centro de Ciências Humanas Sociais e Agrárias da Universidade Federal da Paraíba onde leciona, até a data atual, disciplinas de Tecnologia de Alimentos nos cursos Técnico em Agroindústria e Bacharelado em Agroindústria. Foi laureado com o Prêmio Técnico Empreendedor, como Professor Orientador da equipe vencedora nos anos de 2002 e 2006, oferecido pelo Programa de Expansão da Educação Profissional/MEC/SEBRAE. Iniciou o Curso de Pós-Graduação pelo Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia em 2005, aonde vem realizando suas atividades acadêmicas até a presente data.
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SUMÁRIO
Lista de Tabelas............................................................................................... xi
Lista de Figuras................................................................................................ xiii
Resumo Geral................................................................................................... xiv
Abstract............................................................................................................ xvi
CAPÍTULO I: Consumo, digestibilidade e produção de leite de cabras alimentadas com palma forrageira (Opuntia ficus-indica L. Miller) em substituição ao farelo de milho........................................................................
CAPÍTULO II: Composição química do leite de cabras alimentadas com palma forrageira (Opuntia ficus-indica L. Miller) em substituição ao farelo de milho..........................................................................................................
CAPÍTULO III: Caracterização sensorial e de compostos voláteis do leite de cabras alimentadas com palma forrageira (Opuntia ficus-indica L. Miller) em substituição ao farelo de milho...................................................
Tabela 1. Composição percentual e química das rações experimentais (%MS)...................................................................................................... 08
Tabela 2. Valores médios referentes ao consumo de MS e de nutrientes dos animais em função dos níveis de substituição do milho por palma forrageira....................................................................................................
11
Tabela 3. Coeficientes de digestibilidade aparente da MS e de nutrientes das cabras sob efeito da substituição do farelo de milho por palma forrageira....................................................................................................
14
Tabela 4. Parâmetros sanguíneos das cabras em função dos níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira.....................................................
16
Tabela 5. Comportamento ingestivo das cabras alimentadas com palma forrageira em substituição ao farelo de milho............................................................. 17
Tabela 6. Produção de leite, teor de gordura e avaliação de custo de alimentos em função dos níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira....................................................................................................
18
Capítulo II
Tabela 1. Composição percentual e química das rações experimentais................... 30
Tabela 2. Valores médios das variáveis químicas do leite de cabras em função dos níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira........ 34
Tabela 3. Composição de ácidos graxos (%) do leite de cabras alimentadas com palma forrageira em substituição ao farelo de milho.............................. 39
xii
Lista de Tabelas
Capítulo III
Tabela 1. Composição percentual e química das rações experimentais (%MS) em função dos níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira...............................................................................................
51
Tabela 2. Escores médios atribuídos para a Análise Descritiva Quantitativa do leite de cabras em função dos níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira.................................................................... 58
Tabela 3. Análise dos componentes principais (CP) dos atributos sensoriais do leite de cabras alimentadas com palma em substituição ao farelo de milho......................................................................................................
60
Tabela 4. Compostos voláteis identificados em leite de cabras alimentadas com palma forrageira em substituição ao farelo de milho............................ 63
xiii
Lista de Figuras
Capítulo III
Figura 1. Ficha utilizada para Análise Descritiva Quantitativa.................................. 53
Figura 2. Ficha utilizada para o Teste de Aceitação.................................................. 54
Figura 3. Aparelho de Destilação e Extração Simultânea de Likens & Nickerson (1964)......................................................................................................... 55
Figura 4. Valores médios atribuídos para o teste de aceitação do leite de cabras em função dos níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira....................................................................................................
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xiv
Produção, Composição Química, Perfil Sensorial e de Voláteis do leite de cabras
Alimentadas com Palma Forrageira (Opuntia ficus-indica L. Miller) em Substituição
ao Milho
RESUMO GERAL
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da substituição do farelo de
milho por palma forrageira sobre o consumo de alimentos, digestibilidade aparente da MS
e nutrientes, comportamento ingestivo, parâmetros sanguíneos, produção de leite, custos
com alimentação de cabras alpinas em lactação, bem como a composição química, perfil
sensorial e de voláteis do leite. Foram utilizadas 10 cabras alpinas multíparas (40±6 Kg)
alocadas em dois quadrados latinos de acordo com a raça e avaliadas em cinco períodos de
15 dias e cinco tratamentos, com os seguintes níveis de substituição: 0, 25, 50, 75 e 100%.
O consumo de MS aumentou de forma linear (P<0,05) com variação de 1950 a 2315
g/cabra/dia (4,38 a 5,23% PV). O consumo de extrato etéreo reduziu linearmente (P<0,05)
com valores variando de 111 a 39 g/cabra/dia. Os coeficientes de digestibilidade aparente
da MS, MO, PB, FDN e de CT aumentaram de forma linear (P<0,05) com exceção da
DAEE que reduziu de forma linear e a DACNF que não sofreu influência significativa
(P>0,05). Para os parâmetros sanguíneos apenas os níveis de uréia foram reduzidos
(P<0,05) de forma linear, de 9,43 para 7,52 mmol/L. No comportamento ingestivo
variaram (P<0,05) os parâmetros em pé comendo, de 238,5 a 344,5 minutos, freqüência
urinária, de 9,9 a 18,2 vezes/dia e de procura por água, de 6,8 a 0,8 vezes/dia. A produção
de leite não sofreu influência significativa (P>0,05) com média de 1,815 Kg/cabra/dia, não
afetando a rentabilidade bruta média (RBM) que foi de R$ 4,54/dia. A margem bruta
média (MBM) e a rentabilidade média (RM) sofreram influência significativa (P<0,05) da
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substituição, cujos valores variaram de R$-0,94 para R$2,16/dia e de -17,51 para 91,55 %.
Observou-se redução linear (P<0,05) no teor de lipídios e de sólidos totais do leite com a
substituição do concentrado energético pela palma forrageira, com valores variando de
3,84 a 2,97% e de 12,08 a 10,79%, respectivamente, enquanto que os demais constituintes
não apresentaram variação (P>0,05). Os percentuais de ácidos graxos saturados (AGS)
aumentaram linearmente (P<0,05) e a concentração dos ácidos monoinsaturados (MUFA)
reduziu linearmente (P<0,05), cujos valores variaram de 62,80 a 71,93% e de 26,73 a
16,11%, respectivamente. Houve um aumento linear (P<0,05) para o para o sabor rançoso
e redução linear (P<0,05) para o sabor de leite caprino com o incremento da palma
forrageira em substituição ao farelo de milho, porém os escores atribuídos foram de muito
fraco a moderadamente fraco, para sabor rançoso, e de gostei levemente a indiferente, para
sabor de leite caprino. Foram identificados 146 compostos voláteis, dentre estes foram 36
1 Subproduto da fabricação de flocos de milho; 2Mcal/Kg – Obtida a partir da estimativa do NDT (NRC, 2001) e pelas relações: 1Kg NDT = 4,409 Mcal ED e EM = 81,7%.
Amostras dos alimentos fornecidos, bem como das sobras e fezes foram coletadas por
animal nos últimos cinco dias de cada período experimental, sendo posteriormente pré-secas e
homogeneizadas para obtenção de amostra composta para análises de matéria seca (MS),
CMS: Consumo de MS; CMS%PV: consumo de MS em % PV; CPB: consumo de proteína bruta; CFDN: consumo de FDN; CFDA: consumo de FDA; CCT: consumo de carboidratos totais; CCNF: consumo de carboidratos não fibrosos; CEE: consumo de extrato etéreo; CMO: consumo de matéria orgânica; C: contraste ortogonal, testemunha versus tratamentos com palma.
Resultados semelhantes foram reportados por Assis et al. (2000) e Ben Salem et al.
(2002), ao utilizarem dietas com palma forrageira, atriplex e soja em ovinos, observaram que
os animais nas dietas com palma apresentaram vantagem com a otimização da fermentação e
digestão dos alimentos, incrementando o consumo. Neste mesmo sentido, Tegegne et al.
(2007), avaliando o nível ótimo de suplementação com palma forrageira em ovinos,
observaram um incremento significativo no consumo de MS, MO e de EM com a inclusão da
palma, porém, não observaram diferença significativa no consumo de PB.
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A substituição do farelo de milho por palma forrageira promoveu a redução da energia
metabolizável da dieta (Tabela 1). Segundo Mertens (1994) o mecanismo fisiológico de
controle de consumo de alimentos reflete no atendimento das exigências em energia e poderia
explicar o incremento do consumo de MS pelas cabras. Porém, segundo o NRC (2007) a
exigência em energia metabolizável para cabras em lactação com 40 Kg de peso vivo é de
2,10 Mcal/Kg, que foi plenamente atendida em todos os tratamentos. Além disso, os
percentuais médios para o consumo de MS (% PV) em todos os níveis de substituição do
milho por palma apresentaram-se acima do limite mínimo de 4,17 % PV (NRC, 2007), para
cabras em lactação com produção de leite de 1,5 litros/dia, com 4% de gordura.
O consumo de FDN, CT e de CNF aumentou significativamente (P<0,05) e
linearmente com a substituição do farelo de milho por palma forrageira, cujos valores médios
variaram, respectivamente, de 1254 a 1603, 1353 a 1677 e de 360 a 961 g/cabra/dia. A análise
por contraste ortogonal, testemunha versus tratamentos com palma, também apresentou
diferença significativa (P<0,05), confirmando a influência positiva da palma forrageira no
consumo destes nutrientes, fato citado por Nefzaoui e Ben Salem (2001). Ao utilizarem a
palma e o atriplex (Atriplex nummularia L.) Ben Salem et al. (2004) ressaltaram que o
tratamento com adição de palma à dieta resultou em aumento do consumo da MS e FDN, em
virtude da alta digestibilidade promovido pela palma forrageira, enfatizando ainda, que a
suplementação de forragens de baixa qualidade com palma (Opuntia ficus-indica L. Miller) e
atriplex apresentou um impacto positivo no ganho de peso dos ovinos e o mais importante é
que esta espécie pode reduzir o custo de alimentação com substituição dos alimentos
concentrados.
O consumo de PB e de MO pelas cabras aumentou significativamente (P<0,05) de
forma quadrática entre os tratamentos, com maior consumo observado no nível de 50 % de
substituição do farelo de milho por palma. A análise por contrate ortogonal, testemunha
13
versus tratamentos com palma, foi significativa (P<0,05), confirmando o efeito positivo da
palma forrageira no consumo destes nutrientes.
Para o consumo de EE observou-se redução linear (P<0,05) com o incremento de
palma forrageira na dieta das cabras. Os valores médios variaram de 111 a 39 g/dia, com
diferença significativa (P<0,05) para o contraste ortogonal, testemunha versus tratamentos
com palma. Pode-se observar que o percentual deste constituinte foi reduzido na dieta à
medida que a palma forrageira substituiu o farelo de milho (Tabela 1) afetando desta forma
seu consumo pelas cabras. Este fato também foi observado por Araújo et al. (2004), ao avaliar
o consumo de nutrientes por vacas em lactação com dietas utilizando a palma forrageira em
substituição ao milho.
O consumo de água reduziu linearmente (P<0,05) com a inclusão da palma forrageira.
Os valores médios variaram de 5,23 para 0,12 kg/dia. A palma forrageira forneceu água para
os animais reduzindo a necessidade de consumo. O consumo de água a partir da palma
aumentou de forma linear (P<0,05) cujos valores médios variaram de 0 a 9,85 kg/dia com a
substituição do milho por palma, ressaltando a importância desta forrageira como fonte de
água para os animais. Os resultados para avaliação do contraste ortogonal, testemunha versus
tratamentos com palma foram significativos (P<0,05). Estes resultados corroboram com os
previamente reportados por Ben Salem et al. (2004) e Tegegne et al. (2007) que enfatizaram a
redução do consumo de água em experimentos incluindo a palma forrageira na alimentação de
ovinos. Resultados similares também foram reportados por Arnaud et al. (2005) para vacas
em lactação no Brasil, onde o incremento de palma na dieta das vacas diminuiu a necessidade
de consumo de água.
Portanto, os resultados apresentados confirmam que a elevada umidade da palma
forrageira é um fator importante para ambientes com características agroclimáticas de semi-
aridez, onde a disponibilidade de água é um fator limitante para a produção animal.
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Na Tabela 3 estão apresentados os valores médios para os coeficientes de
digestibilidade aparente da MS e nutrientes.
Tabela 3. Coeficientes de digestibilidade aparente da MS e de nutrientes das cabras sob efeito da substituição do farelo de milho por palma forrageira.
Item (%)
Níveis de substituição (%) Regressão R2 C CV (%) 0 25 50 75 100
Os valores médios para uréia variaram significativamente (P<0,05) entre os níveis de
substituição com redução linear, cujos valores médios variaram de 9,43 a 7,52 mmol/L, e cuja
variação foi proporcionada pela utilização da palma forrageira confirmada pelo efeito
significativo (P<0,05) do contraste ortogonal, testemunha versus tratamentos com palma.
A substituição dos carboidratos não estruturais pela pectina favorece a fermentação
ruminal aumentando a produção de acetato, em detrimento do lactato, mantendo o pH ruminal
e desta forma promovendo maior produção de energia no rúmen e, conseqüentemente, maior
síntese de proteína microbiana (Hatfield & Weimer, 1995). Este fato, também relatado por
Miron e Ben-Ghedalia (1994) poderia explicar a redução dos níveis de uréia no sangue a
partir de um melhor aproveitamento da amônia para síntese de proteína microbiana. Porém, os
níveis de energia das dietas não foram incrementados com a substituição do farelo de milho
por palma forrageira.
Segundo Felix et al. (2001) a uréia, convertida pelo fígado (a partir da amônia), por se
tratar de uma molécula solúvel em água e altamente permeável, é excretada na urina pelos
ruminantes. De fato, o aumento do consumo de palma forrageira incrementou a ingestão de
água pelas cabras (Tabela 2) em 80% e pode ter propiciado maior fluxo de líquido renal e
maior taxa de filtração glomerular e, possivelmente, provocando a eliminação acentuada de
substâncias nitrogenadas pela urina, considerando que foi observado o incremento da
freqüência urinária pelos animais (Tabela 5).
17
Vieira (2006), avaliando o teor de glicose e uréia de cabras em lactação alimentadas
com níveis crescentes de palma forrageira, observaram que a concentração de glicose não
variou (3,3 mmol/L), porém os níveis de uréia reduziram, à medida que se aumentou a palma
forrageira na dieta dos animais, cujos valores médios foram reduzidos de 4,87 para 2,57
mmol/L.
No comportamento ingestivo das cabras (Tabela 5) para os parâmetros ócio (O),
ruminação (R) e excreção de fezes (FEZ) não houve diferença significativa (P>0,05) com a
substituição do farelo de milho por palma forrageira. Por outro lado, a adição da palma afetou
significativamente (P<0,05) o parâmetro em pé comendo (EPC), cujos valores médios
variaram de 238,5 a 344,5 minutos, com efeito linear crescente. Este fato relaciona-se
diretamente ao elevado percentual de água da palma forrageira, onde as cabras necessitaram
de maior tempo para ingerir a ração.
Tabela 5. Comportamento ingestivo das cabras alimentadas com palma forrageira em substituição do farelo de milho.
Item Níveis de substituição (%) Regressão R2 C CV (%) 0 25 50 75 100
O1 653,5 660,5 701,0 626,5 616,0 Ŷ=651,5 - ns 15,36 R1 545,5 479,5 461,0 501,0 482,5 Ŷ=493,9 - ns 24,42 EPC1 238,5 268,0 276,5 312,5 344,5 Ŷ=211,05+25,65x 0,97 * 19,51 AGUA2 6,8 6,8 4,3 1,4 0,8 Ŷ=8,69-1,61x 0,91 * 61,23 URI2 9,9 13,2 11,7 14,0 18,2 Ŷ=7,18+1,94x 0,88 * 27,55 FEZ2 19,8 20,8 18,9 18,3 17,9 Ŷ=19,14 - ns 33,13 O - ócio; R – ruminando; EPC – em pé comendo; FEZ – fezes; URI – urina; AGUA – procura por água; 1Minutos, 2Frequência em 24 horas; C: contraste ortogonal, testemunha versus tratamentos com palma.
A procura por água (AGUA) e freqüência urinária (URI) também foram afetadas
(P<0,05) com a substituição do milho por palma forrageira, com redução linear para AGUA e
aumento linear para URI, fato que pode ser explicado, também, pelo suprimento de água pela
palma forrageira (Tabela 2). Esta redução da procura por água ressalta a importância da palma
forrageira para alimentação de caprinos em regiões semi-áridas.
18
Na tabela 6 estão apresentados os valores médios relativos à produção total de leite
(PL), produção de gordura (GL) e avaliação do custo de alimentação para as cabras, em
função dos níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira.
Tabela 6. Produção total de leite, teor de gordura e avaliação de custo de alimentos em função dos níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira.
Item Níveis de substituição Regressão R2 C CV (%) 0 25 50 75 100
PL: produção total de leite; GL: gordura do leite; RBM: rentabilidade bruta média; MBM: margem bruta média; RM: rentabilidade bruta média; C: contraste ortogonal, testemunha versus tratamentos com palma.
A substituição do farelo de milho por palma forrageira não afetou significativamente
(P>0,05) a produção total de leite das cabras, cujo valor médio foi de 1,82 kg/cabra/dia. Estes
resultados são relevantes, considerando-se que a redução no fornecimento de concentrados
aos animais sem reduzir a produção total de leite promove uma maior rentabilidade ao
produtor rural. Em regiões semi-áridas a palma forrageira é um recurso plenamente disponível
e de baixo custo, podendo fortalecer o desenvolvimento da caprinocultura nestes ambientes,
quando fornecida de forma adequada para os animais. A literatura é escassa quanto a
resultados para produção de leite de cabras com a utilização de palma forrageira. Sahho e
Walli (2008) reportaram valores mais baixos para produção de leite ao avaliarem fontes de
proteína e energia para cabras Saanen x Beetal e Alpinas x Beetal, com valor médio de 1,42
kg/dia.
Encontram-se na literatura trabalhos com utilização de palma substituindo o milho na
dieta apenas com bovinos. Araújo et al (2004) observaram que a produção de leite de bovinos
também não sofreu influência com a utilização de palma, concluindo que é possível substituir
o milho mantendo-se os níveis de produção de leite.
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O percentual de gordura no leite foi reduzido linearmente (P<0,05) com o incremento
dos níveis de palma forrageira, cujos valores médios variaram de 3,84 a 2,97%. Esta
depressão da gordura no leite pode ser explicada com a redução do EE das dietas (5,22 a
1,75%) considerando-se que a síntese de lipídios na glândula mamária pode ser afetada pelo
aporte de triglicerídeos fornecidos pela dieta dos animais (Chilliard et al., 2003). Porém, os
percentuais encontrados para a gordura do leite permaneceram dentro dos limites
estabelecidos pela legislação (Brasil, 2000).
A avaliação de custo de alimentos fornecidos nesta pesquisa reforçou a importância da
palma forrageira para a caprinocultura leiteira do semi-árido. Pode-se observar que a
Rentabilidade Bruta Média (RBM) não apresentou diferença significativa (P>0,05) com os
níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira, cujo valor médio foi de R$
4,54/dia. Este fato está relacionado com a produção de leite, que também não sofreu
influência significativa (P>0,05). Porém, quando considerou-se a Margem Bruta Média
(MBM), que sofre impacto direto do custo da ração, observou-se diferença significativa
(P<0,05) com redução linear à medida que a palma forrageira substituiu o farelo de milho,
cujos valores médios variaram de R$ -0,94 a R$ 2,16/dia. Desta forma, a Rentabilidade Média
(RM) foi aumentada significativamente (P<0,05) de forma linear com a utilização da palma
forrageira, cujos valores médios variaram de -17,51 a 91,55%.
Alcalde et al. (2005) ao estudarem a variação de custo de produção de leite de cabras
Saanen, ressaltaram que o preço dos alimentos, principalmente da soja e do milho, foram os
ingredientes mais onerosos para a ração e obtiveram valores para Margem do Custo da Ração
de R$ 0,97 a R$ 1,78/dia, que no presente trabalho foi denominado de MBM, cujos valores
médios foram mais interessantes para o produtor (R$ 2,16/dia), para o tratamento com
substituição total do farelo de milho por palma forrageira e ainda com Rentabilidade Média de
91,55%. Os resultados do contraste ortogonal, testemunha versus tratamentos com palma para
20
MBM e RM, também apresentaram-se significativos (P<0,05). Esses resultados positivos que
compõem os custos de produção somados aos aspectos nutricionais desta cactácea ressaltam
sua importância na constituição de dietas para caprinos de leite, principalmente para a região
semi-árida do Brasil.
CONCLUSÕES
A palma forrageira pode substituir o farelo de milho na dieta de cabras em lactação
sem afetar a produção total de leite, incrementando o consumo de matéria seca e reduzindo
significativamente o consumo de água. Pode-se produzir leite de cabras com rentabilidade
média superior a partir da utilização de palma forrageira em substituição ao concentrado
energético.
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A concentração do ácido linoléico (C18:2) não variou (P>0,05) com a substituição
do milho por palma forrageira. Os valores médios encontrados no leite foram de 0,09 e de
2,22% para o ácido C18:2 Trans-6 e C18:2 (n-6), respectivamente. Já os percentuais
médios determinados para o ácido linolênico (C18:3 n-6) aumentaram linearmente
(P<0,05), sob efeito da substituição do farelo de milho por palma forrageira, com variação
de 0,08 para 0,32%. Estes resultados são relevantes considerando que os ácidos linoléico e
linolênico são importantes para a nutrição humana por apresentarem efeitos
cardioprotetores evitando formação de ateromas (Bernard et al., 2005).
A concentração total dos AGS no leite de cabra aumentou linearmente (P<0,05)
com a substituição do farelo de milho por palma forrageira, variando de 62,80 a 71,93%. Já
os MUFA sofreram redução linear (P<0,05), com valores variando de 26,73 a 16,11%.
Porém a concentração total de PUFA no leite de cabra não variou (P>0,05) com a
substituição, apresentando valor médio de 2,30%. O incremento dos níveis de AGS afetou
a relação AGI / AGS que sofreu redução linear (P<0,05), variando de 0,47 para 0,26%,
alterando, por conseqüência, a concentração dos AGD que reduziu linearmente (P<0,05),
de 44,80 para 24,44%. O farelo de milho, utilizado na presente pesquisa, é um subproduto
da fabricação do corn flakes e apresentou elevado extrato etéreo (14%). O óleo de milho,
presente no farelo de milho, é rico em ácidos graxos insaturados (Pavan et al., 2001), e foi
determinante para a modificação do perfil de ácidos graxos do leite de cabras alimentadas
com palma forrageira em substituição ao farelo de milho. Estes resultados corroboram com
os encontrados por Shingfield et al. (2003), que verificaram uma extensa modificação da
composição de ácidos graxos no leite de vacas com a inclusão do óleo de peixe na dieta
dos animais.
Os processos metabólicos de biohidrogenacão ruminal, ocasionados por variações
na qualidade do alimento ingerido podem ter contribuído para as modificações observadas
41
no perfil dos ácidos graxos determinados nesta pesquisa, fato observado por Morand Fehr
et al. (2007), ao estudarem o efeito do manejo alimentar sobre a qualidade do leite de
ruminantes. Desta forma, observa-se a necessidade de mais pesquisas relacionadas com
avaliação do metabolismo ruminal em cabras alimentadas com palma forrageira e sua
influência na qualidade do leite e derivados.
CONCLUSÕES
A substituição do farelo de milho por palma forrageira reduz o extrato etéreo da
dieta com influencia na qualidade físico-química do leite de cabras, provocando uma leve
depressão no teor de lipídios, de sólidos totais, de ácidos graxos monoinsaturados e a
concentração de ácidos graxos desejáveis, evidenciando a concentração dos ácidos graxos
saturados a partir da menor ingestão de ácidos graxos insaturados pelos animais. Sugere-se
a utilização da palma forrageira com inclusão de uma fonte de gordura vegetal, disponível
na região, para alimentação de cabras alpinas em lactação.
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A cadeia produtiva do leite de cabra tem importância social e econômica em
diversos países do mundo e, também, apresenta-se como principal fonte protéica para as
populações nas regiões áridas e semi-áridas.
Na região semi-árida do Brasil esta atividade encontra-se em evidência onde
diversas empresas comercializam o leite de cabra obtendo rentabilidade superior à
produção de leite de outras espécies. Porém, a principal dificuldade desta atividade
econômica está relacionada com a produção de alimentos para suprir os rebanhos nos
períodos de estiagem, onde a utilização de forrageiras, adaptadas e resistentes à semi-
aridez, pode suprir às necessidades alimentares e reduzir os custos com alimentação.
Espécies como a palma forrageira (Opuntia ficus-indica L. Miller) são representativas e
importantíssimas para o produtor rural destes ambientes com características agro-
climáticas particulares (Ben Salem et al., 2004).
A palma forrageira é uma cactácea com composição química rica em nutrientes
digestíveis totais, apresenta altos níveis de carboidratos não fibrosos, bem como elevados
teores de cinzas na matéria seca. Ela pode suprir as necessidades energéticas dos animais,
reduzindo os custos de alimentação, considerando seu baixo custo de produção e elevada
quantidade de matéria seca produzida por hectare (Tegegne et al., 2007).
O leite de cabra, majoritariamente, é comercializado na forma de leite pasteurizado
e apresenta variação no aspecto sensorial. Chavarri et al. (1999) ressaltam a grande
variação nas características organolépticas quando no verão o leite apresenta alto escore
sensorial comparado ao leite produzido no inverno, e estas características estão
intimamente relacionadas com sua composição de ácidos graxos.
49
A adequação nutricional do rebanho é imprescindível para a manutenção do status
energético, e evitar a mobilização de reservas corporais que pode afetar a qualidade
sensorial do leite com formação de off-flavours.
A gordura do leite é um nutriente importante que contribui significativamente com
a formação do flavour do leite caprino, especialmente pela relação lipídios/lipólise. A
atividade das enzimas lípases resulta na liberação de ácidos graxos de cadeia curta
especialmente os ácidos capróico, caprílico e cáprico, e ácidos graxos ramificados, 4-
metiloctanóico e 4-etiloctanóico, estes últimos importantes compostos responsáveis pelo
flavour característico do leite caprino (Delacroix-Buchet e Lamberet, 2000; Ha e Lindsay,
1993). Neste sentido, a dieta oferecida aos caprinos pode modificar a composição química
e as propriedades sensoriais do leite, estando intimamente relacionadas com a composição
dos compostos voláteis, enzimas e substâncias presentes nas forragens com propriedades
odoríferas (Urbach, 1989; Coulon e Priolo, 2002).
A importância do conhecimento das características sensoriais do leite, avaliando a
relação com a alimentação dos animais, têm sido foco de pesquisas pela comunidade
científica (Sauvant e Morand-Fehr, 2000; Fernandez-Garcia et al., 2004; Eknaes e Skeie,
2006) e ressaltam a necessidade de mais informações sobre a influência do sistema
alimentar na composição do leite, dos derivados e na qualidade sensorial. Portanto, o
objetivo da presente pesquisa foi avaliar as características sensoriais e o perfil dos
compostos voláteis do leite de cabras alpinas alimentadas com palma forrageira em
substituição ao farelo de milho.
50
MATERIAL E MÉTODOS
Delineamento experimental, animais e dietas
Foram utilizadas 10 cabras alpinas multíparas com 45 ± 6 kg e 30 ± 5 dias de
lactação, selecionadas segundo os critérios de número de parições (2a e 3a cria) com mesma
época de parição, e alocadas em dois quadrados latinos, cinco períodos e cinco tratamentos
(5 x 5). O experimento teve duração total de 75 dias os quais foram divididos em cinco
períodos de 15 dias, sendo os primeiros 12 dias de cada período experimental para
adaptação dos animais às dietas e os três últimos dias para coleta das amostras.
Os animais foram mantidos em sistema intensivo, alocados em gaiolas individuais,
com área útil de 1,26 m2, equipadas com comedouros e bebedouros, com pisos
confeccionados em grade de madeira ripada. As cabras receberam dietas formuladas
segundo o NRC (1981), para atender exigências nutricionais de cabras em lactação com
produção diária de 1,5 Kg / dia, com 4% de gordura (Tabela 1).
Antes da ordenha os animais receberam os seguintes cuidados higiênicos: a)
lavagem das tetas com água corrente e posterior secagem com papel toalha; b) eliminação
dos primeiros jatos de leite em caneca telada para confirmar a ausência de mastite clínica;
c) após as ordenhas as tetas dos animais foram desinfectadas com solução comercial à base
de iodo.
Em todas as coletas, os utensílios foram previamente lavados com água e
detergente neutro, e secos à temperatura ambiente. As ordenhas foram realizadas às 6:00 e
às 14:00 h, manualmente. Foram obtidas alíquotas de leite pela manhã e à tarde para cada
animal, constituindo amostras compostas proporcionais à produção de leite para cada turno
de ordenha, que foram acondicionadas em garrafas de polietileno de 200 mL e mantidas
sob congelamento (-18 ºC) para posteriores análises.
51
Tabela 1. Composição percentual e química das rações experimentais (% na MS) em função dos níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira.
Ingredientes Níveis de substituição (%) 0 25 50 75 100
Para análise sensorial foram coletadas 50 amostras (5 tratamentos x 5 períodos x 2
quadrados latinos). Deste total, foram obtidas amostras compostas (1 litro) para os cinco
tratamentos. As amostras foram pasteurizadas, a 65 ºC por 30 minutos, e acondicionadas
em recipientes de vidro tipo âmbar estéreis, para realização das análises sensoriais no
Laboratório de Bromatologia do Departamento de Nutrição pertencente ao Campus I da
Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa - PB.
As análises sensoriais foram conduzidas de acordo com metodologia descrita por
Stone e Sidel (1993), em cabines individuais, em horários previamente estabelecidos,
considerando-se 2 horas após a última refeição dos provadores.
O painel sensorial foi formado por 12 provadores treinados, de ambos os sexos,
com idade entre 20 e 45 anos, para realização da análise descritiva quantitativa (ADQ) para
os atributos de odor característico, sabor característico, sabor frutado e sabor rançoso,
52
conforme metodologia descrita por Faria e Yotsuyanagi (2002), utilizando-se escala de
intensidade de nove pontos, variando de extremamente fraco a extremamente forte (Figura
1). Também foi realizado o teste de aceitação com 36 provadores, avaliando-se os atributos
sabor e odor com escala de nove pontos, variando de um (desgostei muitíssimo) a nove
(gostei muitíssimo) (Figura 2). Cada julgador recebeu as amostras de leite em copos de
polietileno (50 mL) a 7 ºC, codificadas com três dígitos correspondentes a cada tratamento
experimental, de acordo com metodologia de Ferreira et al. (2000). Foram servidos
juntamente com as amostras de leite, biscoitos tipo cream-craker para limpar o palato, e
água mineral para lavar a boca entre as análises de cada amostra, juntamente com
questionário próprio.
Extração e Identificação dos Compostos Voláteis
Os compostos voláteis presentes nas 25 amostras obtidas (5 tratamentos x 5
períodos experimentais) de leite caprino foram extraídos pelo método de Destilação e
Extração Simultânea (DES).
A extração foi realizada utilizando o aparelho de Likens e Nickerson (1964)
montado conforme a Figura 3. O balão contendo a amostra [(200 mL de leite + 100 mL de
água destilada + 1 µL da solução padrão - 1,2 dicloro benzeno (0,1 g/100 mL)] conectado
ao braço A, foi aquecido por uma manta aquecedora mantida a 55 ºC. O balão contendo o
solvente (20 mL de pentano/éter – 2/1), em banho de água, foi conectado ao braço B, cuja
temperatura foi mantida em 35 ºC.
53
Figura 1. Ficha utilizada para Análise Descritiva Quantitativa (ADQ).
54
Figura 2. Ficha utilizada para o Teste de Aceitação.
55
Durante o aquecimento do leite, houve a liberação de compostos voláteis que
percolaram através do braço A, em direção ao condensador. Já o solvente, em temperatura
de ebulição, evaporou e percolou através do braço B, também em direção ao condensador.
Uma vez condensado, os voláteis da amostra e o solvente foram armazenados na parte
inferior em forma de U do extrator.
Figura 3 - Aparelho de Destilação e Extração Simultânea de Likens & Nickerson (1964).
A extração teve seu início quando a temperatura da amostra contida no braço A
atingiu a temperatura de 55 ºC, permanecendo o processo de extração por 120 minutos. Em
seguida, aguardou-se o resfriamento da amostra contida no balão coletor com o solvente
por 10 minutos, em água gelada. Os balões contendo os extratos foram armazenados em
freezer (-2 ºC) por uma noite para congelamento e separação da água presente no extrato.
Posteriormente, os extratos foram transferidos para um frasco (10 mL) e concentrados até
0,5 mL, sob arraste de gás nitrogênio. Os extratos colocados em recipientes de vidro âmbar
56
foram lacrados com parafilm, rotulados e acondicionados em freezer, por 30 dias a -18 ºC,
até a realização da análise cromatográfica em GC-MS.
Os extratos do leite foram analisados em cromatógrafo à gás SHIMADZU, modelo
CG 17A, acoplado com espectrômetro de massa modelo QP5050A. Um injetor tipo
“splitless” mantido a 200 ºC foi utilizado para introduzir-se 1 µL do extrato do leite
caprino em uma coluna capilar fundida DB-5, com 30 m x 0,25 mm (d.i) x 0,25 µm de
filme da fase líquida (J & W Scientific Inc.), tipo apolar, cujas condições analíticas foram
similares às descritas por Queiroga et al. (2005). A temperatura inicial da coluna foi de 30
ºC, após 5 min da injeção da amostra a temperatura da coluna foi aumentada para 80 ºC a
uma razão de 5 ºC/min, sendo mantida nesta temperatura por 5 min. Em seguida, a
temperatura da coluna foi aumentada para 110 ºC a uma taxa de 5 ºC/min e mantida nesta
temperatura por 30 min. Finalmente, a temperatura da coluna foi elevada, a uma taxa de 5
ºC/min., para 220 ºC, que permaneceu nesta temperatura por 10 min. O tempo total de
corrida para cada amostra foi de 88 minutos. Solução padrão de n-alcanos homólogos (C6 –
C26) foi analisada, antes das análises dos extratos do leite, objetivando-se verificar as
condições analíticas do equipamento, juntamente com o cálculo posterior do Índice de
Retenção Linear (IRL) dos voláteis sendo este índice utilizado na identificação dos
compostos voláteis.
Entretanto, algumas vezes, o espectro de massas de uma substância desconhecida é
insuficiente para determinar sua identidade, devido à existência de numerosos compostos
que apresentam espectros de massas com alto grau de similaridade. Índices de retenção têm
sido usados como técnicas auxiliares de identificação, sendo o mais empregado o Índice de
Retenção Linear (Madruga, 1994), que descreve o comportamento de retenção de um
composto comparativamente ao de uma mistura de alcanos de diferentes números de
carbono, representado pela seguinte equação:
57
TRc – TRal
IRL = + n x 100
TRal+1 - TRal
onde:
IRL: Índice de retenção linear;
TRc: Tempo de retenção do composto;
TRal: Tempo de retenção do n-alcano antes do pico;
TRal+1: Tempo de retenção do n-alcano depois do pico;
n: Número de carbonos do n-alcano antes do pico.
Na identificação dos compostos voláteis utilizou-se, além do IRL, o banco de
espectros da própria livraria do CG-EM (Wiley & Sons, Inc., Germany), comparando-se os
espectros dos voláteis dos extratos do leite caprino com os espectros de referência. A
quantificação dos voláteis foi obtida através da integração dos espectros de massa dos
voláteis identificados.
Análise estatística
O delineamento utilizado foi em quadrado latino (5 x 5). Os dados foram
compilados em planilhas eletrônicas e submetidos a análise de variância (ANOVA)
utilizando-se o programa estatístico SAS (1996), versão 6.2. Foi realizada análise de
regressão e de contraste ortogonal (testemunha versus tratamentos com palma) para o nível
de 5% de probabilidade. Para a análise sensorial foi realizada, também, análise dos
componentes principais.
58
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os escores médios referentes ao sabor característico, odor característico, sabor
frutado e sabor rançoso, obtidos na análise descritiva quantitativa (ADQ), do leite de cabra
em função dos níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira, estão
apresentados na Tabela 2.
Tabela 2. Escores médios atribuídos para a Análise Descritiva Quantitativa do leite de cabras em função dos níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira.
CT Contraste ortogonal (testemunha versus tratamentos sem palma); ns não significativo (P>0,05); *Significativo (P<0,05).
Não foi observada variação (P>0,05), na análise descritiva quantitativa, para sabor
frutado, odor característico e sabor característico, com valores médios de 3,81, 4,38 e 4,93,
respectivamente. Porém, observou-se aumento linear (ŷ=2,25+0,13x, R2=0,82) para o
sabor rançoso do leite de cabra com a substituição do farelo de milho por palma forrageira,
cujos escores variaram de 2,44 para 2,97, que representam percepção sensorial de muito
fraco a moderadamente fraco. A formação de sabor rançoso é proveniente da oxidação ou
da hidrólise de ácidos graxos, porém, a reação hidrolítica dos triglicerídos origina,
particularmente, ácidos graxos de baixo peso molecular (ácido butírico, capróico,
caprílico) com formação de odor e sabor desagradáveis (Zan et al., 2006).
O incremento do sabor rançoso pode ser explicado pela presença em maior
percentual de ácidos graxos saturados de cadeia curta, nos tratamentos com maior
incremento de palma forrageira (resultados apresentados no Capítulo II, Tabela 3), que
59
apresentam influência nas características organolépticas do leite e de seus derivados
(Alonso et al., 1999; Chilliard et al., 2003). Os ácidos graxos livres (AGL) de cadeia
ramificada com menos de 11 carbonos, que são encontrados, predominantemente, no leite
de cabra, podem influenciar os parâmetros sensoriais deste leite (Ha e Lindsay, 1993).
Os resultados obtidos no teste de aceitação (Figura 4) demonstraram variação
(P<0,05) com redução linear (ŷ=6,23-0,011x, R2=0,76) para o sabor com a substituição do
farelo de milho por palma forrageira, cujos escores representam de gostei levemente a
indiferente, indicando que a variação matemática para este atributo sensorial não se
apresenta relevante do ponto de vista sensorial. Este decréscimo do sabor pode ser
explicado pela redução do teor de lipídios do leite de cabra (resultados apresentados no
Capítulo II, Tabela 2), de 3,84 para 2,97%, considerando que a variação no perfil lipídico
do leite afeta diretamente suas características sensoriais e, que os lipídios são os
componentes mais importantes do leite em termos de custo, nutrição e características
físicas (Coulon e Priolo, 2002; Park et al., 2007). No entanto, o odor não sofreu variação
(P>0,05) com a inclusão da palma forrageira na dieta das cabras, cujo valor médio foi de
5,89, apresentando coerência com os resultados da ADQ.
Na análise dos componentes principais (Tabela 3) estão expressos os valores para
os dois primeiros componentes principais, correspondendo a 65 % da variação total
explicada entre as amostras.
60
6
6,05 6,06
5,3
5,01
5,85
6,04 6,08
5,62 5,85
y = -0,0109x + 6,23
R² = 0,7629
4,5
4,7
4,9
5,1
5,3
5,5
5,7
5,9
6,1
6,3
6,5
0 25 50 75 100
Sabor
Odor
Figura 4. Valores médios atribuídos para o teste de aceitação do leite de cabras em função
dos níveis de substituição do farelo de milho por palma forrageira.
O CP1 explica 42% da variação total e teve contribuição dos atributos sabor, sabor
característico, sabor frutado e odor. Já o CP2, explica 23% da variação total agrupando
dois caracteres sensoriais que são sabor rançoso e odor característico e em sentido
contrário o sabor, sabor característico e sabor frutado.
Tabela 3. Análise dos componentes principais (CP) dos atributos sensoriais do leite de cabras alimentadas com palma em substituição ao farelo de milho.
Atributos Sensoriais Componentes Principais Total CP1 CP2
Sulfurados (5) Butanethiol 710 7102 4,47 1,27 0,35 2,98 3,89 1,38 *(11) Pentanethiol 823 8224 0,17 0,15 3,36 0,18 0,30 2,51 ns 2,4 Dimetilthiazole 868 8924 0,02 0,03 0,04 0,03 0,05 0,02 ns Methyl propil dissulfide 914 9134 0,07 0,09 0,25 0,12 0,12 0,11 ns 2-Metil tiofeno 1137 11372 0,01 nd nd nd nd 0,01 ns Identificação: ALeite bovino (Vazquez-Landaverde, et al., 2005); B Leite bovino (Weidong, et al., 1997; CLeite bovino (Bendall, 2001); DLeite caprino (Queiroga et al., 2005); ELeite ovino (Fernádez-Garcia et al., 2004); F Forragem (Cornu, et al., 2001). LRI Amostra (Am): índice linear de retenção, calculado em relação ao tempo de retenção de n-alcanos; LRI Referência (Ref): 1Queiroga et al. (2005); 2Queiroga (2004); 3Cornu, et al. (2001); 4Kondjoyan & Berdagué (1996); 5Jennings & Shibamoto (1980). CTContraste Ortogonal (testemunha versus tratamentos com palma); EPErro Padrão; *P<0,05; nsNão significativo. Equações de regressão/R2: (1) ŷ=29,23-4,45x/0,86, (2) ŷ=0,21-0,03x/0,72, (3) ŷ=4,79-1,11x/0,61, (4) ŷ=-7,67+10,17x-1,77x2/0,83, (5) ŷ=5,22-1,22x/0,58, (6) ŷ=2,54-0,53x/0,97, (7) ŷ=2,78-0,24x/0,71, (8) ŷ=-0,01+0,02x/0,76, (9) ŷ=3,42-0,71x/0,81, (10) ŷ=-0,20+0,14x/0,60, (11) ŷ=8,31-4,99x+0,04x2/0,82.
Os compostos voláteis que foram influenciados (P<0,05) pela substituição do farelo de
milho por palma forrageira foram: o álcool isobutanol, o aldeído 2-hexadecenal, os ésteres
acetato de butila e octadecanoato de metila, os hidrocarbonetos 3-metil hexano, 4-metil
octano e o nonadecano, todos com redução linear e efeito significativo (P<0,05) do contraste
ortogonal, testemunha versus tratamentos com palma.
67
Vazquez-Landaverde et al. (2005) relataram que alguns aldeídos, como o hexanal,
heptanal, octanal, nonanal e decenal, podem ser originados de autoxidação de ácidos graxos
insaturados (C18:1 e C18:2), e, também de decomposição espontânea de hidroperóxidos
através do aquecimento do leite. Estes autores, também observaram que os ésteres podem se
originar de reações catalisadas pelo calor a partir da esterificação do etanol. Foram
identificados os aldeídos pentanal, octanal e nonanal, na presente pesquisa, porém sem
variação significativa entre os tratamentos.
Já o hidrocarboneto heneicosano e o composto sulfurado butanethiol apresentaram
variação (P<0,05) com a substituição do concentrado energético e, também, efeito
significativo para o contraste ortogonal, testemunha versus tratamentos com palma. Alguns
compostos sulfurados podem ser originados por conseqüência do tratamento térmico do leite a
partir da β-lactoglobulina e do material das membranas dos glóbulos de gordura, o
methanethiol e o dimetildissulfide, por exemplo, podem ser formados a partir da methionina,
quando o leite for exposto a luz (Badings, 1991).
O percentual da lactona γ-hexadecalactona aumentou linearmente (P<0,05) com a
inclusão da palma forrageira em substituição ao farelo de milho, cujos percentuais variaram
de 0 a 0,63 %. Algumas lactonas são originadas de hidroxiácidos formados na glândula
mamária de ruminantes a partir de ácidos graxos saturados (Dimick et al., 1969, citado por
Calvo e Hoz, 1992). De fato, o teor de ácidos graxos saturados no leite de cabras aumentou
com a substituição (resultados apresentados no Capítulo II, Tabela 2) e, possivelmente,
poderia explicar esse incremento da γ-hexadecalactona.
O sabor de ranço observado pelos painelistas (Tabela 2) com o incremento da palma
em substituição ao farelo de milho não foi confirmado com variação significativa de
compostos voláteis (aldeídos) que determinam esse sabor no leite. Segundo Madruga et al.
(2008) os ácidos graxos de baixo peso molecular e de baixo ponto de ebulição não são
68
captados ao se utilizar a metodologia de Likens e Nickerson (1964) para extração de
compostos voláteis, o que pode explicar a ausência destes compostos no perfil de voláteis do
leite caprino, mas apresentaram-se no perfil de ácidos graxos (resultados apresentados na
Tabela 3, Capítulo II).
Existem várias rotas bioquímicas que pode originar compostos voláteis que
contribuem para o perfil do leite caprino como, por exemplo, a ação das lípases que
participam da formação de ácidos graxos livres, a partir dos ácidos graxos de cadeia curta
(Badings, 1991). O sabor de ranço no leite pode ser originado, primariamente, dos ácidos
graxos linoléico e linolênico, como também, de outros ácidos graxos poliinsaturados.
Alguns compostos voláteis presentes no leite e derivados de ruminantes são oriundos
da alimentação dos animais. Cornu et al. (2001), pesquisando os compostos voláteis presentes
na forragem natural de Auvergne, região central da França, observaram a presença de
terpenóides na pastagem nativa, dos quais 5 compostos (α-pineno, limoneno, α-terpineno, γ-
cadineno e germacrene) foram identificados no leite de cabra nesta pesquisa.
CONCLUSÕES
A utilização da palma forrageira em substituição ao farelo de milho na dieta de cabras
alpinas provoca uma leve variação do sabor rançoso sem afetar o perfil de compostos voláteis
do leite. Desta forma, sugere-se o uso da palma forrageira na alimentação das cabras com
suplementação de uma fonte de lipídios de origem vegetal disponível na região.
69
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73
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A palma forrageira pode substituir o farelo de milho em dietas para cabras alpinas
em lactação mantendo-se os níveis de produção total de leite, incrementando a digestibilidade
da MS e de nutrientes e reduzindo os custos de alimentação. Estes aspectos são importantes e
relevantes para regiões semi-áridas do Brasil e do mundo.
A substituição do farelo de milho por palma forrageira reduz o extrato etéreo da dieta
com influencia na qualidade físico-química do leite de cabras, provocando uma leve
depressão no teor de lipídios, de sólidos totais, de ácidos graxos monoinsaturados e a
concentração de ácidos graxos desejáveis, evidenciando a concentração dos ácidos graxos
saturados.
A utilização da palma forrageira em substituição ao farelo de milho na dieta de cabras
alpinas provoca uma leve variação do sabor rançoso sem afetar o perfil de compostos voláteis
do leite. Desta forma, sugere-se o uso da palma forrageira na alimentação das cabras com
suplementação de uma fonte de lipídios de origem vegetal disponível na região.