UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO: “A VEZ DO MESTRE” ENSINO DA LÍNGUA INGLESA EM ESCOLAS DE NÍVEL FUNDAMENTAL E MÉDIO SILVANA SOUZA FERNANDES ORIENTADOR CELSO SANCHES RIO DE JANEIRO JUNHO/2003
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO: “A VEZ DO MESTRE”
ENSINO DA LÍNGUA INGLESA EM ESCOLAS DE
NÍVEL FUNDAMENTAL E MÉDIO
SILVANA SOUZA FERNANDES
ORIENTADOR
CELSO SANCHES
RIO DE JANEIRO
JUNHO/2003
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO: “A VEZ DO MESTRE”
ENSINO DA LÍNGUA INGLESA EM ESCOLAS DE
NÍVEL FUNDAMENTAL E MÉDIO
Silvana Souza Fernandes
OBJETIVOS:
Fazer um relato e uma análise
do ensino da Língua Inglesa,
não só da minha experiência
como professora de Inglês, mas
também da experiência de
outros professores, além de
conhecer e discutir as
opiniões de alguns alunos de
escolas de nível fundamental e
médio.
Rio de Janeiro
Junho/2003
Agradecimentos
A Deus - pelo privilégio
de fazer esse curso.
Aos meus pais – que
proporcionaram todos os
recursos para a minha
formação. E em especial,
a minha mãe, pelo
exemplo de amor e
perseverança.
Ao meu filho – pela
compreensão, por não
poder dedicar-lhe toda a
minha atenção, em função
dos estudos.
Aos professores – que
tanto se empenharam na
minha formação.
Aos meus alunos – pelo
estímulo a continuar a
aprender sempre.
Dedico este trabalho
de pesquisa ao meu
filho Matheus e
todos que acreditam
na Educação como
fator primordial
para mudança da
nossa realidade.
“Creio que os humanos
são seres superiores
neste planeta. Os
humanos têm o
potencial não só para
criar vidas felizes
para si mesmos, mas
também para ajudar
outros seres. Nos
dispomos de uma
capacidade criativa
natural, e é
importantíssimo ter
consciência desse
fato”.
Dalai-lama
RESUMO
Atualmente o ensino de Língua Inglesa em escolas de
nível fundamental e médio levanta uma série de
questionamentos, uma vez que o contexto ensino-
aprendizagem se dá em situações formais desfavoráveis ao
ensino de uma Língua Estrangeira.
As turmas superlotadas, a carga horária mínima
oferecida, objetivos mal definidos, a não
contextualização do ensino, a ausência de recursos
interdisciplinares – em função da discriminação existente
por parte dos profissionais das demais disciplinas, a
lenda de que a Língua Inglesa não reprova, entre outros.
As desculpas mais comuns dos alunos são apontadas
aqui, como também não podemos deixar de mencionar o fato
de que muitos profissionais mal preparados para
desempenhar suas funções, deveriam estimular seus alunos,
possibilitando-lhes um vôo mais alto, subestimam-lhes a
capacidade de dar continuidade e o próprio envolvimento
com a língua, limitando-lhes os conteúdos.
Em linhas gerais, iremos apontar algumas
deficiências na formação dos profissionais de Língua
Inglesa, bem com, no nosso sistema educacional. Também
apresentaremos uma série de entrevistas individuais com
alunos e professores de inglês, e o preenchimento de um
questionário por parte dos alunos de inglês.
A partir das entrevistas, ficou claro que o inglês
que é ensinado nas escolas é fortemente criticado pelos
alunos, que, na maioria das vezes mostram um grande
desinteresse pela disciplina.
Objetivando a desmistificação do ensino de Língua
Inglesa, é apresentada sua relevância e importância no
processo educacional como um todo, viabilizando uma nova
compreensão da linguagem, desenvolvendo maior consciência
ao funcionamento da sua própria língua materna,
aumentando a percepção da própria cultura, promovendo a
tolerância diante das diferenças, contribuindo na
construção da cidadania do aluno, bem como na construção
de sua visão crítica de mundo.
METODOLOGIA
A metodologia que foi empregada para a execução
deste trabalho consistiu, inicialmente, na realização de
uma pesquisa bibliográfica e documental, que tinha por
objetivo determinar o que existia na literatura em
relação ao ensino da Língua Inglesa em escola de ensino
fundamental e médio. Em seguida, foi realizada uma série
de entrevistas individuais, com alunos e professores de
inglês.
Tentei captar a realidade como ela é, segundo a
opinião de alunos e professores de inglês, selecionando
seus aspectos mais relevantes; ao mesmo tempo, procurei
não perder de vista os textos teóricos. Apesar de minha
larga experiência neste assunto e de ter minha opinião
formada, procurei ser sempre imparcial, não deixando que
alunos e professores fossem influenciados pela minha
opinião pessoal.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 1
O PROBLEMA 4
UM DESAFIO CONSTANTE 5
MITOS DE PROFESSORES 9
UMA DEFICIÊNCIA DO NOSSO SISTEMA EDUCACIONAL 11
DIFICULDADES NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA 13
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A
CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
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O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA COM CONSCIÊNCIA CRÍTICA 18
B- Amostras das declarações de professores e alunos
de Inglês ......................................
27
C- Comprovantes de entrada no teatro .............. 30
D- Comprovante de participação no 3º ENCONTRO DE
PROFISSIONAIS DE LÍNGUA INGLESA DO RIO DE
JANEIRO ........................................
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E- Comprovante da visita à Bienal do Livro – Rio .. 32
INTRODUÇÃO
A questão da democratização do conhecimento tem
feito parte dos debates sobre os rumos da Educação
Brasileira. O acesso ao conhecimento torna-se,
crescentemente, uma das maiores exigências no campo da
cidadania. No Brasil, esta necessidade se acirra, devido
aos longos períodos de elitização educacional, exclusão e
desigualdade social.
O acesso à uma língua estrangeira tem importante
papel num mundo globalizado. Somos obrigados a conhecer
uma língua usada hoje, em todo o mundo, para a
comunicação entre pessoas de diferentes culturas: a
Língua Inglesa. Esta não é prioridade exclusiva de
ingleses ou americanos (em geral sequer pensamos em
australianos, neozelandeses, indianos...).
A aprendizagem da Língua Inglesa é uma possibilidade
de aumentar a auto-percepção do aluno como ser humano e
como cidadão, permite ao estudante aproximar-se de várias
culturas e, conseqüentemente, propiciam sua integração
num mundo globalizado. Por isso, ela deve centrar-se em
sua capacidade de se engajar e engajar outros no discurso
de modo a poder agir no mundo social e globalizado.
Para que isso seja possível, é fundamental que o
ensino da Língua Inglesa seja balizado pela função social
deste tipo de conhecimento na sociedade brasileira. Tal
função está, principalmente, relacionada ao uso que se
faz da Língua Inglesa via leitura, embora se possa também
considerar outras habilidades comunicativas em função da
especificidade da Língua Inglesa nas condições existentes
2
no contexto escolar. Além disso, ainda que seja desejável
uma política de pluralismo lingüístico, condições
pragmáticas apontam a necessidade de considerar três
fatores para a orientar a inclusão da Língua Inglesa no
currículo: fatores relativos à história, comunidades
locais e à tradição.
O contato do inglês com a língua materna nas
diferentes culturas gera dificuldades específicas de
aprendizagem, oriundas das diferenças de estrutura,
vocabulário e pronúncia entre as línguas. O ideal é que a
Língua Inglesa seja ensinada com a simulação de situações
reais em aula, os caminhos para desenvolver o
conhecimento de inglês são traçados diversamente pelos
alunos, de acordo com as facilidades e dificuldades que a
sua língua materna impõe no curso do processo de
aprendizagem.
De um modo geral, o que o ensino da Língua Inglesa
proporciona é o aumento do conhecimento sobre a linguagem
que o aluno construiu, inclusive sobre sua própria língua
materna; por meio de comparações com a Língua Inglesa em
vários níveis; e a possibilidade de o aluno, ao se
envolver nos processos de construir significados nesta
língua, se constitua em um ser discursivo no uso da
Língua Inglesa; sem, contudo, ser abandonado o senso
crítico, o fator fundamental em qualquer relação ensino-
aprendizagem. No que compete ao ensino de Língua Inglesa
especificamente em escolas da rede pública, a discussão
tem sido ampla nos meios acadêmicos e educacionais.
Antes, a discussão era em torno da garantia da
permanência dessa disciplina no currículo. Com a Nova Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no entanto,
que prevê o ensino de uma Língua Estrangeira, como
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disciplina obrigatória no ensino fundamental a partir da
5ª série. (art. 26, § 5).
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1- O PROBLEMA
A discriminação da disciplina Língua Inglesa em
relação às outras disciplinas do currículo do ensino
fundamental e médio é fator preponderante. A própria
comunidade escolar não privilegia o ensino de Língua
Inglesa, bem como os próprios profissionais da área,
pois, muitas vezes, mal preparados, descontextualizam e,
o que é pior, subestimam a capacidade de seus alunos,
limitando-lhes os conteúdos.
Freqüentemente, ouvimos expressões tais como ”Língua
Inglesa não reprova”, “para que vou estudar Inglês se mal
falo Português”. E quando se trata de uma comunidade
carente então ... questionamentos do tipo “eu nunca terei
chance de viajar para os Estados Unidos ou para qualquer
outro país cujo idioma falado é o Inglês, por que vou
estudá-lo?
Além disso, a carga horária destinada ao ensino de
uma Língua Estrangeira é reduzida, raramente ultrapassa
dois tempos semanais.
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2- UM DESAFIO CONSTANTE
Os professores de Língua Estrangeira, bem como
aqueles que lecionam as demais disciplinas do currículo
das escolas regulares, vivem dia-a-dia um constante
desafio. Seguem enumerados abaixo alguns muito comuns que
os docentes ouvem ao entrar na sala-de-aula de escolas
regulares, em geral no início do ano letivo, que
funcionam como verdadeiros desestimulantes num primeiro
momento. Seguem, também, possíveis explicações para tais
questionamentos, segundo o Profª Cristina Schumacher
(Inglês Urgente! Para Brasileiros, 1999).
2.1 Desculpas dos alunos
2.1.1 “Não consigo aprender inglês”
Essa é uma desculpa clássica. Aos que usam essa
desculpa e tentam, ou, por causa dela, não tentam
aprender inglês, ela funciona como uma auto-sugestão
extremamente para que o aluno, de fato, não aprenda. E é
disso que o professor precisa convencer o aluno.
2.1.2. “Não tenho talento para aprender inglês. Tem gente que nasce com talento para aprender a tocar violão, estudar matemática, e tem gente que tem jeito para inglês”.
De fato. E ainda bem que é assim. No mundo existem
pessoas com as aptidões mais diversificadas, e isso
contribui para que tudo fique mais interessante.
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O aluno pode até não ter jeito para inglês, só que
dificilmente não terá jeito para comunicar-se.
O que pode bem ser o caso do aluno é a resistência a
expor-se a ser continuamente corrigido, porque não
colocou o “s” na terceira pessoa, ou, então, porque fez
uma pergunta sem usar o “do”, etc.
2.1.3 “Não gosto de aprender inglês. Odeio inglês”
Essa desculpa é grave. É grave porque, na linha de
auto-sugestão, é ainda mais poderosa do que “não
consigo”. Ao dizer que “não consegue” aprender inglês, o
aluno está trabalhando com a premissa da incapacidade; ao
dizer que “não gosta”, está aplicando sua vontade para
ajudar-lhe na auto-sabotagem.
Mas existe uma vantagem aí: a vontade é poderosa.
O aluno passará a gostar de aprender inglês quando
vir nesse processo um resultado claro, constante e
diretamente relacionado com suas necessidades
comunicativas. Quanto mais conhecimento da língua inglesa
revelar ao aluno possibilidades de expandir seus
conhecimentos, de crescer profissionalmente e, sobretudo,
quanto mais ela servir para que ele se aproxime das
coisas de que sempre gostou, maior será seu
reconhecimento a utilidade do inglês em sua vida e, por
conseqüência, maior será a vontade de o aluno aprender.
Normalmente os alunos que usam essa desculpa para
não estudar inglês, passaram pela desculpa do “não
consigo”. Aquela, levada às suas previsíveis e discutidas
conseqüências, conduz a esta.
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2.1.4 “Eu tenho que aprender inglês”
Pura tirania. É usada a expressão “ter que” toda
hora, com referência aos mais diversos compromissos.
Usando-a, é esquecida completamente como é a relação com
dado compromisso. Ou seja, a obrigação rouba o próprio
relacionamento com as coisas: não tem opção, é obrigado.
Reconheça: cada vez que o aluno diz que “tem que”
aprender inglês, maior fica a distância entre “ele” que
não providencia a aprendizagem e “ele” que “tem que”
aprender.
A fim de anular essa desculpa, deve-se mostrar ao
aluno tirano que ele quer aprender inglês porque quer
enriquecer a vida, e não porque “ele” está mandando.
2.1.5 “Falar inglês é coisa para quem quer se exibir”
Há uma tradição cultural brasileira de que tudo o
que é da Europa ou dos Estados Unidos é melhor. Quando a
referência é a escola pública então, essa desculpa é
muito mais comum.
Imagine um aluno de uma comunidade carente falando
suas primeira palavras em inglês? A exibição, o equívoco,
são traços do comportamento humano e nada têm a ver com a
língua inglesa.
2.1.6 “Não tenho ouvido musical”
Essa é uma desculpa muito relacionada com a
dificuldade de pronunciar. Como mais uma desculpa que não
serve, basta pensar que uma língua não é uma música. Se o
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aluno tiver sotaque, isso não será uma falha, mas uma
forma de identidade.
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3- MITOS DE PROFESSORES
3.1 “Certos alunos não têm mesmo jeito”
Existem alunos que são verdadeiros desafios. Gente
com grande dificuldade, que colocou por terra as boas
intenções do corpo docente e o fez desistir, ou quase
isso.
Realmente, há alunos que têm extrema dificuldade.
No entanto, o grande problema a esse respeito é a
falta de flexibilidade na expectativa que o professor tem
quanto ao desempenho dos seus alunos. Algumas pessoas,
fatalmente, não conseguirão ir além de um determinado
limite e isso não está certo nem errado. São limites com
que qualquer ser humano se depara em sua capacidade se
posto prova em outras áreas “para as quase não tem
jeito”.
É uma crueldade excluir uma pessoa de um processo
porque ela não o acompanha de acordo com a expectativa
que o professor traz, empacotada debaixo do braço. Algum
padrão comunicativo este aluno, com dificuldades, vai
conseguir desenvolver, e o sucesso dele depende muito da
flexibilidade dos professores. Por razões de aptidão
pessoal e de objetivos de aprendizagem, é preciso, por
parte dos professores, realismo nas expectativas de
resultados do processo de ensino.
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3.2 “Meu inglês é igual ao de um americano (ou inglês)”
Com a dedicação, a intimidade com a língua e a
pronúncia poderão ser impecáveis, mas a identidade
cultural irá, mais cedo ou mais tarde, trair esse
professor.
3.3 “Estudo inglês há anos e já sei o bastante”
É impossível estar pronto com o conhecimento de uma
língua. Evidentemente, quanto mais tempo o professor
estiver em contato, mais saberá.
A grande verdade, para qualquer língua que seja, é
que tudo é muito dinâmico, e que nunca ninguém sabe tudo.
Ficar pensando que já se sabe o bastante pode fechar as
portas à aprendizagem de coisas novas. O docente monta um
pedestal de conhecimento que julga alto, e que sempre é,
de fato, muito mais baixo do que pensa.
“Sei que nada sei” (Sócrates, s:d). Não será o
professor de inglês, que saberá o que sabe.
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4- UMA DEFICIÊNCIA DO NOSSO SISTEMA
EDUCACIONAL
Embora proficiência em inglês seja hoje uma
necessidade básica na formação do indivíduo, nosso ensino
fundamental e médio, tanto na rede pública quanto na rede
particular, mostra uma alarmante incapacidade de
proporcioná-la.
Esta incapacidade está evidentemente demonstrada na
grande quantidade de cursos existentes. Aprendemos
Português, Matemática, História e Geografia na escola e,