UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA TEMA: EXAMES E AVALIAÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO E DA APRENDIZAGEM ELAINE MARTINS PEREIRA. RIO DE JANEIRO JULHO – 2004
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
TEMA: EXAMES E AVALIAÇÕES NO PROCESSO DE
ENSINO E DA APRENDIZAGEM
ELAINE MARTINS PEREIRA.
RIO DE JANEIRO
JULHO – 2004
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
TEMA: EXAMES E AVALIAÇÕES NO PROCESSO DE
ENSINO E DA APRENDIZAGEM
Monografia apresentada por ELAINE MARTINS PEREIRA como requisito final
para a conclusão do curso de especialização em Psicopedagogia a nível de Pós-
Graduação “Lato-sensu”.
Professora-Orientadora: Mary Sue Pereira.
RIO DE JANEIRO
JULHO – 2004
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter tido esta oportunidade, com saúde e esperança de
melhorar sempre; ao José Justino, com amor, porque me incentiva sempre a
continuar; aos meus pais: Martins, apesar de longe sinto sua presença a cada
respirar com suas bênçãos pela Eucaristia, Cida , minha grande mãe, que com
sua força, ajuda muito para que eu siga nesta caminhada; aos meus filhos,
Vanessa e Vítor por serem meus continuadores na construção de um mundo
melhor, aos meus professores, amigos e amigas, parentes próximos que
encontrei, por me apontarem tantos sinais do caminho a seguir.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao desenvolvimento contínuo dos objetivos do CAPe –
Jardim Guanabara, onde trabalho e cêdo o que de melhor tenho para atingirmos
algo maior no desenvolvimento e formação dos jovens que por nós passam
durante alguns anos de suas vidas.
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RESUMO
Todo o processo de construção do conhecimento deve ser vinculado à
realidade. A construção de um novo referencial teórico se faz necessário para
uma nova interpretação da realidade e para a elaboração de uma nova proposta e
este é o grande desafio para os docentes.
E o nosso desafio, inicia-se, pois, com a questão: o que avaliar? Na lógica,
a avaliação tem que incidir sobre os aspectos globais do processo de ensino-
aprendizagem, portanto, sobre as questões ligadas tanto ao processo de
aprendizagem do estudante como a intervenção docente. O estudante não é
mais avaliado, tudo deve ser avaliado e auto-avaliado. Deve-se considerar tanto
o resultado final como o processo. Assim sendo, deve-se avaliar cuidadosamente
as atitudes, os valores, as capacidades e não mais se restringir ao desempenho
cognitivo do estudante.
E, para que avaliar? Avaliar para compreender e explicar o processo de
aprendizagem, para entender porquê esse processo se deu de determinada
maneira, para identificar seus problemas e avanços e encontrar caminhos para
superá-los. Dessa forma, a avaliação subsidia a construção do processo de
ensino, porque fundamenta novas decisões. A avaliação não se limita mais a
classificar o estudante, a aprová-lo ou reprová-lo. Resgata-se a função formativa
da avaliação, como parte integrante do processo de aprendizagem e, em
contraposição, à sua função classificatória.
Mas, quem avalia? Todos devemos avaliar e ser avaliados. Todos os
envolvidos no processo: os estudantes e o decente, a família e a comunidade, o
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indivíduo e o grupo. Os estudantes, quando avaliados, têm o dever e o direito de
aprender a valorizar o que fazem. A avaliação, vista dessa maneira, permite a
eles refletir sobre seu próprio processo de aprendizagem, conhecer suas
capacidades e desenvolver suas potencialidades, confrontar sua aprendizagem
com os objetivos pretendidos (critérios) e situar-se em relação a si mesmo e em
relação aos demais membros do grupo (norma) conhecendo, também, como o
grupo perceber sua aprendizagem. Resgatamos, nessa perspectiva, os 2
parâmetros da avaliação, superando, desse modo, os limites impostos pela
mensuração.
Quando e como avaliar? Entendida como um processo, a avaliação deve
ser contínua, reveladora de toda a trajetória do estudante e não centrada apenas
no produto. Para tal, deve-se utilizar a maior quantidade e variedade de meios
possíveis. Não bastam as provas; é necessário buscar outros instrumentos,
sempre ligados aos objetivos (trabalhos, entrevista, conversas, observação,
práticas, entre outros).
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METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado mediante uma pesquisa documental
bibliográfica , e na participação do Congresso Internacional sobre Avaliação
do Norte-Nordeste (jan/2004), para evidenciar com clareza a investigação
referida.
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SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
Cap. I PROCESSO DE ENSINO E DA APRENDIZAGEM . 11
Cap. II A AVALIAÇÃO EDUCACIONAL. 35
Cap. III TAXIONOMIA DA AVALIAÇÃO . 43
CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA 48
ATIVIDADES CULTURAIS 50
ÍNDICE 51
FOLHA DE AVALIAÇÃO 52
9
INTRODUÇÃO
Este trabalho visa ajudar o entendimento da avaliação na aprendizagem,
ajudando o professor na pratica do dia-a-dia, tendo por base o pensamento, não é
acabando com a prova escrita ou oral que mudaremos o processo de avaliação
na aprendizagem, mas ressignificando o instrumento e elaborando-o dentro de
uma nova perspectiva pedagógica.
Avaliar a aprendizagem está profundamente relacionado com o processo
do ensino e, portanto, deve ser conduzido como mais um momento em que o
aluno aprende. Chamo de momento privilegiado, porque julgo que diante de tudo
o que a tradição vem associando à prova, o aluno coloca suas energias em busca
de sucesso, normalmente associado a uma boa nota. Se essa é a cultura
estabelecida, porque não aproveitá-la e transformar a avaliação em mais um
momento de construção de conhecimento? Nossa experiência mostra que muitos
professores transformam as provas na “hora do acerto de contas” com seus
alunos ,reagindo desta forma ao desinteresse pelas aulas, à indisciplina, à falta de
estudo, à alienação escolar.
O caminho para a mudança parece ser outro. O primeiro passo para a
transformação é dar ao processo de avaliação um novo sentido, isto é,
transformá-lo em oportunidade para o aluno ler, refletir, relacionar, operar
mentalmente e demonstrar que tem recursos para abordar situações complexas.
Portanto escrever sobre este tema tão analisado, não querendo esgotar todas as
discussões, porém tentar entender melhor esse processo de ensino e
aprendizagem, destacando o conceito de prova desenvolvida pelos alunos e
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professores ao longo dos anos. Conceito este sintetizado nas palavras de Paulo
Ronca (Ronca, 1991):
“Só se estuda se tiver prova.
Só se estuda para a prova.
Só se estuda se cair na prova.
Só se estuda o que cair na prova”.
Em síntese, o aluno deverá demonstrar ter adquirido competência como
estudante. O aluno tem um momento para aprender e a avaliação mais ampla
criará o hábito de estar ligado o tempo todo. Desta forma a criança ou o jovem
tem um compromisso permanente com a aprendizagem. O que não pode
acontecer é preparar o aluno só para fazer provas. A escola também tem que
ensinar cidadania.
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CAPÍTULO I – PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM
Muitas pessoas ainda entendem o processo ensino-aprendizagem de
forma estática. Isto é, de um lado existe o professor que ensina, transmite
informações; de outro lado existe o aluno, que deve escutar, esforçar-se para
aprender e, na medida do possível, permanecer obediente e passivo.
Na nossa sociedade as relações entre crianças e adultos se deram desta
forma durante muito tempo.
A escola, que atua dentro desse sistema geral, reproduz essas mesmas
relações estáticas: o professor manda e ensina; o aluno obedece, escuta e, se
consegue, aprende.
Mas, paremos um pouco para pensar em nossa própria experiência escolar.
O que foi que aconteceu? Quase sempre tivemos que permanecer sentados,
imóveis, passivos, impedidos de manifestar nossa opinião, de propor, de relatar,
etc. Geralmente, nem se permitia que tentássemos associar o que estava sendo
ensinado com nossa vida fora da escola – em casa, na rua com os amigos, nos
brinquedos, etc. O que se esperava de nós? Ouvir, anotar, memorizar coisas
que não entendíamos e, nas provas, repetir tudo igualzinho. Em caso contrário,
receberíamos notas baixas, reprovação, bronca dos pais.
Somos frutos de nossas experiências, provavelmente poderemos repetir,
com nossos alunos, o comportamento que condenamos em nossos antigos
professores, a não ser que nos esforcemos para evitar isso, buscando refletir
sobre as relações entre professores e alunos.
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A relação entre professores e alunos deve ser uma relação dinâmica, como
toda e qualquer relação entre seres humanos. Na sala de aula, os alunos não
deixam de ser pessoas para transforma-se em coisas, em objetos, que os
professores pode manipular, jogar de um lado para outro. O aluno não é um
depósito de conhecimentos memorizados que não entende, como um fichário ou
uma gaveta. O aluno é capaz de pensar, refletir, discutir , ter opiniões, participar,
decidir o que quer e o que não quer. O aluno é gente, é ser humano, assim como
o professor.
Na realidade o que acontece numa relação não autoritária é o crescimento
mútuo. Assim, na sala de aula, o professor enquanto ensina também aprende, e
enquanto aprende, o aluno também ensina. O professor ouve os alunos, respeita
seus pontos de vista; os alunos relatam suas experiências, que são únicas e não
podem ser repetidas, e que podem trazer muitas lições ao professor e aos
colegas. Dessa forma, o professor deixará de ser mero instrutor ou treinador para
transformar-se em educador.
Uma pessoa não deixa de aprender quando exerce a função de professor.
A aprendizagem é um processo contínuo, que dura toda a vida. Só crescemos e
nos desenvolvemos na medida em que estivermos abertos a novos
conhecimentos, na medida em que estivermos dispostos a modificar nossas
opiniões, nossas crenças, nossas convicções. Se nos apegarmos às nossas
idéias, sem disposição para discuti-las e para modificá-las, permaneceremos
parados no tempo ou, melhor, caminharemos para trás.
Faz parte deste processo ensino-aprendizagem a família. A educação
familiar adequada é feita com amor, paciência e coerência, pois desenvolve nos
filhos autoconfiança e espontaneidade, que favorecem a disposição para
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aprender. Entretanto, é freqüente encontrar adultos que “ensinam” às crianças
exatamente o contrário do que fazem, isto é, são incoerentes: ensinam uma coisa
e fazem outra. Em geral, as crianças aprendem o que os adultos fazem e não o
que querem ensinar.
Alguns tipos de educação familiar muito comuns em nossa sociedade são
bastante inadequados e trazem conseqüências negativas para a aprendizagem.
A educação autoritária e opressora tende a provocar sentimentos divididos,
a incapacidade para o trabalho e o entrosamento social, quando é exercida por
um dos pais; resignação e fuga para o mundo da fantasia, quando é exercida por
ambos os pais. Às vezes, a criança pode mostrar-se agressiva e teimosa; sempre,
manifesta falta de ternura e amor.
Quando a criança é muito mimada, tende a se dedicar à aprendizagem
escolar, preferencialmente, quando esta construir um meio para alcançar o mimo,
que costuma ter em casa. Uma das maneiras de diminuir os efeitos negativos do
mimo está no trabalho do professor com os pais, no sentido de que estes
substituam o excesso de mimo por uma educação mais equilibrada.
A educação desigual ocorre quando o pai age de uma maneira e a mãe de
outra, quando um professor ensina de um jeito e outro professor de outro. Essa
desigualdade pode produzir nervosismo e agressividade, que impedem o aluno de
aprender de forma eficiente. Uma criança pode imaginar que seu comportamento
agressivo levará o professor a satisfazer seus desejos, como acontece em casa.
Caso não consiga, seu interesse pela atividade escolar diminui. Nesses casos é
muito importante a colaboração entre a família e a escola e o diálogo do professor
com a criança.
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A educação que valoriza a ambição, o ter, mais do que o ser. Nesse caso,
os pais esperam que seus filhos alcancem resultados fora do comum. A criança
pode desenvolver um falso sentimento de superioridade, que não se baseia na
realidade, e ao mesmo tempo sentir-se frustrada, pois não consegue satisfazer as
expectativas dos pais. Muitas vezes, são pais frustrados que promovem tal
educação, na esperança de realizar através dos filhos o que não conseguiram por
si mesmos.
A falta de amor pelos filhos é comum em muitas famílias. Crianças não
amadas ou rejeitadas pelos pais manifestam muita necessidade de
reconhecimento, de atenção e carinho. Muitas vezes, essas crianças podem
sentir-se satisfeitas quando são punidas ou maltratadas, pois estão sendo alvo de
alguma espécie de atenção, o que é sempre melhor que a indiferença. O
professor deve ser amigável, valorizar as realizações dessas crianças,
especialmente nas áreas em que prevalecem suas capacidades e seus interesses.
Devemos, ainda, pensar nas crianças com deficiências físicas, que muitas
vezes são discriminadas em casa, na escola, no trabalho e na sociedade.
Quando conseguem superar os preconceitos e chegar à escola, o que dificilmente
acontece, essas crianças enfrentam uma série de barreiras para estudar e
aprender; não existem móveis adequados, materiais apropriados, professores
eficientes, treinados, instruídos e compreensivos.
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1.1- O desejo de aprender
“Aprendizagem é a progressiva mudança do comportamento que está ligada, de
um lado, a sucessivas apresentações de uma situação e, de outro, a repetidos
esforços dos indivíduos para enfrentá-la de maneira eficiente.” (McConnell).
Uma afirmação inmicial que poderemos fazer ao nos indagar em torno do
processo de saber, tomado agora como fenômeno vital, é que, em primeiro lugar,
ele se dá na vida e não apenas na existência que nós, mulheres e homens,
criamos ao longo da História, com os materiais que a vida nos ofereceu. Mas, é o
saber de que nos tornamos capazes de gestar que nos interessa aqui e não de
certo tipo de reação que se verifica nas relações que se dão na vida não humana.
No nível da existência, a primeira afirmação a ser feita é que o processo de
saber é social, cuja dimensão individual porém não pode ser esquecida ou sequer
subestimada.
O processo de saber, que envolve o corpo consciente todo, sentimentos,
emoções, memória, afetividade, mente curiosa de forma epistemológica, voltada
ao objeto, envolve igualmente outros sujeitos cognoscentes, quer dizer, capazes
de conhecer e curiosos também.
Outro aspecto que me parece interessante sublinhar aqui é o que diz
respeito à maneira espontânea com que nos movemos no mundo, de que resulta
um certo tipo de saber, de perceber, de ser sensibilizado pelo mundo, pelos
objetos, pelas presenças, pela fala dos outros. Nesta forma espontânea de nos
movermos no mundo, percebemos as coisas, os fatos, sentimo-nos advertidos,
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temos este, aquele comportamento em função dos sinais, cujo significado
internalizamos.
Aprendizagem é mudança de comportamento da experiência. Quase todos
os nossos comportamentos são aprendidos, mas não todos. Há comportamentos
que resultam da maturação ou do crescimento de nosso organismo e, portanto,
não constituem aprendizagem: respiração, digestão, salivação.
Estamos continuamente aprendendo novos comportamentos ou modificações de
comportamentos. Aprendemos em toda parte, na escola e fora dela.
Aprendemos de forma sistemática, organizada, mas aprendemos também de
forma assistemática.
A realização do processo de aprendizagem depende de três elementos
principais:
1º) Situação estimuladora: soma dos fatores que estimulam os órgãos dos
sentidos da pessoa que aprende. Se houver apenas um fator, este recebe o
nome de estímulo.
2º) Pessoa que aprende: indivíduo atingido pela situação estimuladora. Para a
aprendizagem, são importantes os órgãos dos sentidos, afetados pela situação
estimuladora; o sistema nervoso central, que interpreta a situação estimuladora e
ordena a ação; os músculos, que executam a ação.
3º) Resposta: ação que resulta da estimulação e da atividade nervosa. Ouvindo
seu nome, a pessoa responde: O que foi? Diante de uma ordem, a pessoa
obedece e senta-se. Na falta de luz, o indivíduo acende um fósforo. Nesses
casos, temos comportamentos aprendidos anteriormente. A aprendizagem ocorre
quando a pessoa começa a responder ao ouvir o som de seu nome, a sentar-se
quando recebe ordem nesse sentido e a acender o fósforo quando falta luz.
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1.2- O desejo de ensinar
“Ensinar não é uma função vital, porque não tem o fim em si mesma; a função
vital é aprender.” Aristóteles.
O professor como orientador na ação de ensinar está diretamente
relacionado à sua forma de pensar a educação, à sua história como aluno e à
formação que ele teve para o magistério.
A concepção do professor em relação ao que é o conhecimento
determinará seu processo de ensino.Temos uma postura tradicional, inspirada
nas correntes ideológicas do empirismo e do positivismo e apoiada na psicologia
comportamentalista.
No esquema a seguir uma representação da relação entre professor, aluno
e conhecimento, baseada na epistemologia dita tradicional.
P
A C
A: aluno P: professor C: conhecimento
Nessa representação, o conhecimento é visto como uma descrição de
mundo. As verdades correspondentes ao conhecimento são aquelas que
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correspondem à descrição dos objetos como eles são em si mesmos. Elas não
dependem do observador, pois estão relacionadas diretamente ao mundo dos
objetos. Os conhecimentos, para o professor com visão tradicional, são
descrições do mundo, por isso em aula ele descreve os objetos, independente do
contexto do observador.
O aluno, por sua vez, aprende a descrever o que aprendeu, reproduzindo o
mundo físico e social, do modo como o professor fez. E num processo de
repetição (apoio do behaviorismo) o aluno “aprende” descrevendo o mundo que o
rodeia. Nessa relação, o conhecimento é um conjunto de verdades de natureza
ontológica, em que o professor é o transmissor do conhecimento, e o aluno é o
receptor, repetidor das mesmas.
Há, no entanto, uma nova epistemologia que toma corpo em nossos dias,
em contraposição à que chamamos de tradicional. É a perspectiva construtivista
sociointeracionista. Nessa visão, o conhecimento não é uma descrição de mundo,
mas uma representação que o sujeito faz do mundo que o rodeia, em função de
suas experiências na interação com ele. Logo, todo conhecimento é uma
construção individual, resultante das experiências do sujeito cognoscente, em sua
interação com o mundo físico e social que o rodeia, isto é, todo conhecimento é
uma construção mediada pelo social.
A C
P
A: aluno P: professor C: conhecimento
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Nessa representação consideramos o conhecimento como uma
representação que o sujeito cognoscente faz do mundo físico e social . O saber
social constitui um conjunto de verdades epistemologicamente construídas, e,
portanto, contextualizadas. É com elas que o aluno interage no contexto escolar.
O interagir indica um processo de construção de representações em que o aluno
faz experiências sucessivas com um objeto de conhecimento socialmente
construído, para construir suas próprias representações. Nesse caso, o aluno
deixa de ser apenas um receptor-repetidor de informações para ser um
elaborador de representações. Por isso o conhecimento é sempre uma
construção individual, mediada pelo social, isto é, o aluno é um construtor de
representações significativas contextualizadas.
Nesse contexto o professor está presente como mediador, facilitador e
catalisador do processo de aprendizagem. Sua presença se faz absolutamente
indispensável como o elemento organizador do contexto de aprendizagem, com
vistas a facilitar o processo da construção das representações pelo aluno. Fica,
então, claro que o professor não é o transmissor de um conhecimento, e sim
aquele que prepara as melhores condições para que a sua construção se efetue.
É importante ressaltar que o aluno elabora suas representações a partir das
próprias experiências anteriores, que certamente serão diferentes para cada
aluno.
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1.2.1- O professor competente.
“...o mestre não é aquele que sempre ensina, mas aquele que de repente
aprende.” (Guimarães Rosa)
Atualmente verifica-se uma preocupação muito grande com uma formação
profissional mais completa, menos fragmentada. É cada vez mais comum nas
Faculdades e Universidades a presença de laboratórios de aprendizagem,
trabalho com projetos de pesquisa e de intervenção social.
Está cada vez mais claro que o papel das Instituições de Ensino Superior
não pode se restringir ao repasse dos conhecimentos teóricos acumulados nas
áreas específicas. O discurso sobre a dicotomia entre teoria e prática parece já
se tornar superado, uma vez que a melhor formação profissional, sabe-se, ocorre
no próprio exercício. Entretanto convém ressaltar a importância de uma prática
reflexiva, uma vez que o mero exercício de uma função não garante, por si só, o
seu aprimoramento.
As características que determinam um bom profissional hoje, diferem muito
daquelas que qualificavam um profissional há 20 ou 30 anos. Dinamismo,
criatividade, iniciativa, flexibilidade e boas relações interpessoais são apenas
algumas das exigências atuais.
Tais características não podem ser simplesmente ensinadas por meio de
aulas teóricas. Ninguém aprende a ser criativo, se não tiver espaço para criar.
Iniciativa não se desenvolve sem que haja liberdade para errar. E o que dizer das
relações interpessoais?
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Há muito que se pensar sobre o ensino superior para formar profissionais
com aquelas competências, em geral, tão bem descritas nos planos das
disciplinas. Para formação de profissionais competentes, faz-se indispensável
refletir sobre o papel do professor na formação destas competências.
A formação de um profissional reflexivo exige, inicialmente, que o
professor conheça tanto sobre as pessoas com as quais trabalha quanto sobre o
seu próprio conteúdo. Foi-se o tempo em que o alto domínio de um conteúdo
determinava um bom professor, quando ser professor significava “tirar dúvidas”
dos alunos. Conforme apontado por Demo (2001), o papel do professor hoje
não se trata, jamais, de “tirar dúvidas”, mas justamente de gerar outras tantas. O
papel do professor em sala de aula, consiste em criar tais necessidades, gerando
desequilíbrios cognitivos nos alunos.
Enquanto o professor simplesmente responde as dúvidas, mata-se a
possibilidade de o aluno confrontar suas idéias com outras, ou seja, não há
comparação, não há conflito, confronto, não há construção de conhecimento .
De acordo com Piaget (1964) os conflitos cognitivos são motores da
aprendizagem. Entretanto as informações com as quais se trabalha nas escola,
na maioria das vezes não são respostas às necessidades e curiosidade dos
alunos. Conforme a teoria piagetiana, o organismo humano não assimila
qualquer informação oferecida. Ainda que essa possa ser armazenada durante
algum tempo, se não estiver ligada aos interesses do aprendiz não será
incorporada às suas estruturas (assimilação) e muito menos irá provocar
modificações nesta estrutura, que permitam esta incorporação (acomodação).
Fica evidente que só as questões interessantes e motivadoras, que podem ser
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problemáticas para as pessoas, tem a possibilidade de gerar conflitos cognitivos e,
conseqüentemente, aprendizagens.
Há portanto, uma grande modificação no papel do professor, que deve
formar gerentes de informações e não meros acumuladores de dados. A maioria
dos professores que atua hoje no ensino superior, vivenciou em sua própria
formação, a necessidade de acumular dados. Aprender significava ter muita
informação disponível, sem necessidade de consulta.
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1.2.1.1- Ao operacionar uma aula.
Nas escolas está ainda muito presente um paradigma que sintetiza as
relações entre o professor e o aluno, que poderíamos resumir assim: “O
professor (aquele que sabe) fala o tempo todo, dizendo ao aluno (aquele que não
sabe) o que deve anotar, para depois reproduzir nas provas”. A realidade de
muitas escolas ainda é assim, pois apesar de estarmos na era doa computador,
que têm informações armazenadas, bastando aos alunos conhecerem as
“chaves” da busca das informações. O que é dito “tradicional” precisa ser
transformado, por exemplo a copia. Copiar,copiar,copiar ... e na prova reproduzir
o que copiou, isto é um corte no desenvolvimento do raciocínio do aluno, porém a
cópia é necessária para que o aluno exercite a escrita e tenha vocabulário . O
que mudou é a forma de avaliá-lo, o que devemos transformar é a avaliação.
Para considerarmos o ensino com sucesso, é preciso que o professor
estabeleça claramente seus objetivos ao preparar suas aulas. Estabelecer
objetivos para o ensino é de fundamental importância para que as estratégias de
ensino sejam adequadamente escolhidas e para que o processo de ensinar seja
sistematicamente reavaliado pelo professor. Se ele sabe o que deseja ensinar,
certamente encontrará formas para fazê-lo.
Ao colocar esses objetivos o professor analisa os conteúdos a serem
propostos e trabalhados com os alunos verificando se são relevantes para o
contexto deles. A relevância de um conteúdo é determinada por diversos fatores,
entre eles as características psicossociais dos alunos, seu grau de
desenvolvimento intelectual, a aplicabilidade dos objetos de conhecimento
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ensinados, a capacidade do aluno estabelecer relações entre o conteúdo
ensinado, as necessidades de seu dia-a-dia e o contexto cultural dos alunos.
Outro ponto a ser desenvolvido, está ligado ao conceito de aprendizagem
significativa. Aprender significativamente é dar sentido à linguagem que usamos,
é estabelecer relações entre os vários elementos de um universo simbólico, é
relacionar o conhecimento elaborado com os fatos do dia-a-dia, vividos pelo
sujeito da aprendizagem ou por outros sujeitos.
Os novos rumos da educação, propostos nas diretrizes curriculares
nacionais, indicam mudança de foco na intervenção pedagógica e, em
conseqüência, mudança de meios para alcançarmos objetivos do ensino.
O foco, na escola dita tradicional, poderia ser sintetizado assim: aquisição
de conteúdos, selecionados das diferentes ciências, tendo um critério
essencialmente acadêmico, com grande desvinculação das representações já
trazidas pelo aluno e de seu contexto social e político. Escolas “fortes” eram
aquelas que exigiam muitos conteúdos, mesmo que estes beirassem o absurdo e
a inutilidade. Basta lembrar a cobrança de nomes, datas, fórmulas, conceitos e
definições, entre outras exigências. Para este foco do ensino visando
acumulação de informações, o meio era a habilidade de memorização e
reprodução em momentos de avaliação. Neste caso a aprendizagem se limitava,
sobretudo à capacidade de repetir a linguagem transmitida.
Os rumos da educação para o momento social atual se voltam para novo
foco: o desenvolvimento de competências em vários campos do saber. As
mudanças sociais e o desenvolvimento tecnológico são tão rápidos que,
possivelmente, no momento da entrada dos alunos de hoje para o campo
profissional, os conhecimentos escolares por eles adquiridos já poderão ser de
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pouca serventia. É só pensar nos conhecimentos que somos capazes de
recordar da física, da química, da matemática, da história e da geografia que
aprendemos na escola. Assim, se a escola se servir dos conteúdos selecionados
naquele momento para desenvolver a capacidade de pensar e as habilidades de