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Ao notar ruínas escondidas em uma cidade tão recente como Brasília surge o espanto e a curiosidade sobre a história do local e o que a levou àquele estado. Curiosidade que revelou a verdade por traz dos emcobros: um projeto que, junto ao seu criador, sofreu as consequências da omissão da democracia. Sérgio Bernardes, arquiteto do que seria a Escola Superior de Guerra (ESG, hoje ruínas), foi levado ao ostracismo por pensar diferente dos moldes ditatoriais da época. Impedido de continuar a obra, a ESG se manteve por anos sem ser concluída, se tornando ruínas. O objetivo tornou-se estudá-las e propor um projeto arquitetônico que, por meio de simbologias arquitetônicas e elementos sensoriais, trate sobre o tema Ditadura Militar e 1/5 PERSPECTIVA AÉREA - MUSEU DOS SILENCIADOS IMAGENS DA DITADURA MILITAR - FONTE: PESQUISA VIRTUAL suas vítimas, incluindo as ruínas e Sérgio Bernanrdes. Como consequência surge um museu onde o espectador é guiado por um caminho d’água encoberto por vidro. Este leva, junto aos corredores estreitos, duros e frios, o visitante pelo acervo que conta a história da tomada do poder pelos militares até a democracia, cronologicamente. O momento notável do acervo é a caixa d’água existente, permanecendo em seu estado puro, contendo o acervo sobre as ruínas e o arquiteto Sérgio Bernardes. Este local recebe uma plataforma em vidro e a primeira e maior abertura zenital do edifício. De acordo com o processo de retomada da democracia, surgem mais aberturas zenitais em forma de cicatrizes, os quais tornam o tal ambiente duro e frio, em claro e caloroso. No fim, quando o tema trata da retomada da soberania popular, o espectador é levado à saída e se depara com a beleza do Lago Paranoá e a o indescritível céu de Brasília. EIS A DEMOCRACIA! No fim deste trajeto, pode-se observar a topografia que escala as paredes e cobertura do edifício, cobrindo as aberturas zenitais. Assim se faz a analogia: a água que veio pelo percurso, limpando e trazendo a história consigo, alimenta a vegetação do local que, por sua vez, “abraça” a ruína e suas cicatrizes, curando-as!
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May 31, 2020

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Ao notar ruínas escondidas em uma cidade tão recente como Brasília surge o espanto e a curiosidade sobre a história do local e o que a levou àquele estado. Curiosidade que revelou a verdade por traz dos emcobros: um projeto que, junto ao seu criador, sofreu as consequências da omissão da democracia. Sérgio Bernardes, arquiteto do que seria a Escola Superior de Guerra (ESG, hoje ruínas), foi levado ao ostracismo por pensar diferente dos moldes ditatoriais da época. Impedido de continuar a obra, a ESG se manteve por anos sem ser concluída, se tornando ruínas. O objetivo tornou-se estudá-las e propor um projeto arquitetônico que, por meio de simbologias arquitetônicas e elementos sensoriais, trate sobre o tema Ditadura Militar e

1/5PERSPECTIVA AÉREA - MUSEU DOS SILENCIADOS

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suas vítimas, incluindo as ruínas e Sérgio Bernanrdes. Como consequência surge um museu onde o espectador é guiado por um caminho d’água encoberto por vidro. Este leva, junto aos corredores estreitos, duros e frios, o visitante pelo acervo que conta a história da tomada do poder pelos militares até a democracia, cronologicamente. O momento notável do acervo é a caixa d’água existente, permanecendo em seu estado puro, contendo o acervo sobre as ruínas e o arquiteto Sérgio Bernardes. Este local recebe uma plataforma em vidro e a primeira e maior abertura zenital do edifício. De acordo com o processo de retomada da democracia, surgem mais aberturas zenitais em forma de cicatrizes, os

quais tornam o tal ambiente duro e frio, em claro e caloroso. No fim, quando o tema trata da retomada da soberania popular, o espectador é levado à saída e se depara com a beleza do Lago Paranoá e a o indescritível céu de Brasília.

EIS A DEMOCRACIA!

No fim deste trajeto, pode-se observar a topografia que escala as paredes e cobertura do edifício, cobrindo as aberturas zenitais. Assim se faz a analogia: a água que veio pelo percurso, limpando e trazendo a história consigo, alimenta a vegetação do local que, por sua vez, “abraça” a ruína e suas cicatrizes, curando-as!

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2/5PERSPECTIVA AÉREA - VISTA DO LAGO PARANOÁ

VISTA DE TOPO

ESTACIONAMENTO

ACESSO

EDIFICAÇÃOIMAGENS DAS RUÍNAS - FONTE: PESQUISA VIRTUAL

LAG

O P

ARA

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O edifício será a primeira história contada pelo museu. Os três elementos que permanecem, interagem com o tempo de maneiras diferentes são integrados ao conceito sugerido: a água que permanece estática, a vegetação que cresce e toma o espaço da construção, e o concreto que rui com o passar dos anos. Estes três recebem dois únicos elementos para a composição da edificação: vidro e metal.

O formato original definido pelo arquiteto Sérgio Bernardes é mantido e traz o conceito de integração à natureza que o mesmo defendia:

“O edifício não deve brigar com as características do meio em que se insere, deve se integrar e ”desaparecer” nelas, pois o que se deve ser exaltado e admirado aqui é a natureza.”

Sérgio Bernardes

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3/5PERSPECTIVA EXTERNA - ACESSO

PERSPECTIVA INTERNA - SAGUÃO PRINCIPAL

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1 COBERTURA ACESSÍVEL - LAJE IMPERMEABILIZADA COM TELHADO JARDIM E ABERTURAS ZENITAIS EM FORMATO DE CICATRIZ

PERCURSO D`ÁGUA COM PISO EM VIDRO NO SAGUÃO PRINCIPAL. SE INTEGRA AO PAISAGISMO EXTERNO

FECHAMENTO DE EMPENAS COM PAREDES DE CONCRETO. PAINEL METÁLICO PERFURADO VERMELHO NAS FACHADAS

ACESSO PÚBLICO E TOPOGRAFIA ÀS MARGENS DO LAGO PARANOÁ

PISO EM CONCRETO COM ABERTURAS PARA PASSAGEM DO PERCURSO D`ÁGUA

ESTRUTURA COMPOSTA POR PILARES DE CONCRETO MAÇICOS 50X50CM E TRELIÇAS CURVADA COM MOMENTO FLETOR CENTRAL2

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4/5PERSPECTIVA EXTERNA - ACESSO

PERSPECTIVA INTERNA - PERCURSO DO VISITANTE

PLANTA BAIXA - TÉRREO / EXPOGRAFIA

PLANTA BAIXA - MODULAÇÃO ESTRUTURAL

A escolha da estrutura se insere na sensação desejada para o expectador. São treliças metálicas expostas que, de acordo com o distanciamento entre seus pilares, aumentam a altura central, formando “barrigas” cada vez maiores de acordo com o caminhar direcionando a perspectiva visual aos corredores. O uso da infraestrutura interna terá função volumétrica, estrutural e histórica.

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PERSPECTIVA INTERNA - MOBILIÁRIO E EXPOGRAFIA

PERSPECTIVA INTERNA - MOBILIÁRIO E EXPOGRAFIA

MODELO 1

MOBILIÁRIO PERSONALIZADO

MODELO 2

MODELO 3

O mobiliário projetado para ocupar a parte interna do Museu dos Silenciados busca uma solução híbrida em seu princípio: é assento e espaço expositivo ao mesmo tempo. Além de atender a ambas as necessidades de um espaço de exposição, a peça se integra ao conceito da edificação e ao ambiente interno como um todo. 5/5