Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 9, n. 10, dezembro 2016| 1 EDITORIAL O Curso de Ciências Econômicas da FAE Centro Universitário lança a derradeira edição de 2016 da revista eletrônica mensal Vitrine da Conjuntura, correspondente a dezembro, contendo três textos abordando aspetos da economia mundial e nacional, além das partes permanentes do Panorama Econômico e dos Indicadores. O primeiro artigo trata dos resultados do produto interno bruto (PIB) brasileiro, relativos ao terceiro trimestre de 2016, confirmando dois anos e meio de situação recessiva. A segunda abordagem levanta as explicações e os efeitos da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. A terceira incursão destaca a recente conquista da FAE, marcada pela obtenção, pelo Curso de Economia, do selo de melhor do Paraná, entre o elenco de instituições de ensino privadas, conferido pelo Ranking Universitário do Jornal Folha de São Paulo (RUF). A equipe do periódico que, por sinal, completa dez anos em março de 2017, deseja, a todos, um Abençoado Natal e um Feliz Ano Novo. Ótima leitura. Gilmar Mendes Lourenço Editor.
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EDITORIAL - FAE · 2016. 12. 5. · Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 9, n. 10, dezembro 2016| 1 EDITORIAL O Curso de Ciências Econômicas da FAE Centro Universitário lança a
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Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 9, n. 10, dezembro 2016| 1
EDITORIAL
O Curso de Ciências Econômicas da FAE Centro Universitário lança a derradeira edição de 2016 da revista
eletrônica mensal Vitrine da Conjuntura, correspondente a dezembro, contendo três textos abordando aspetos da
economia mundial e nacional, além das partes permanentes do Panorama Econômico e dos Indicadores.
O primeiro artigo trata dos resultados do produto interno bruto (PIB) brasileiro, relativos ao terceiro trimestre
de 2016, confirmando dois anos e meio de situação recessiva. A segunda abordagem levanta as explicações e os
efeitos da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. A terceira incursão destaca a
recente conquista da FAE, marcada pela obtenção, pelo Curso de Economia, do selo de melhor do Paraná, entre o
elenco de instituições de ensino privadas, conferido pelo Ranking Universitário do Jornal Folha de São Paulo (RUF).
A equipe do periódico que, por sinal, completa dez anos em março de 2017, deseja, a todos, um Abençoado
Natal e um Feliz Ano Novo.
Ótima leitura.
Gilmar Mendes Lourenço
Editor.
Equipe Técnica
Vitr ine da Conjuntura, Curit iba, v. 9, n. 10 , dezembro 2016
Carlos Ilton CletoEconomista, doutor em Engenharia da Produção pela Universidade
Federal de Santa Catarina e professor da FAE.
Gilmar Mendes LourençoEconomista, mestre em Gestão de Negócios pela Universidade Federal de Santa Catarina, professor da FAE, eleito “O Economista Paranaense Acadêmico do Ano de 2011”, pelo Corecon/PR, e vencedor do Prêmio
“Imprensa”, em 2011, 2012, 2013 e 2014, na categoria gestor de empresa pública, oferecidos pelo grupo Quality TV & Jornais.
Gustavo Nunes MourãoEconomista, mestre em Teoria Econômica pela Universidade
Estadual de Maringá e professor da FAE.
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O POÇO RECESSIVO BRASILEIRO: EMPREITADA DE DEZ TRIMESTRES
Gilmar Mendes Lourenço
De acordo com os dados do Sistema de Contas Nacionais (SCN) trimestrais, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a economia brasileira completou, no intervalo compreendido entre julho e setembro de 2016, dez
trimestres consecutivos de recessão, a mais profunda e prolongada da história republicana.
Contrariando os prognósticos otimistas reinantes nos meios oficiais e ambientes especializados, preparados
predominantemente entre os meses de maio e setembro de 2016, fortemente influenciados pela discreta melhora
dos indicadores qualitativos, ligados à confiança de empresários (já abrandada em outubro e novembro) e
consumidores, sinalizadores de diminuição do pessimismo, o produto interno bruto (PIB) do País encolheu -2,9%, no
terceiro trimestre de 2016, em relação ao mesmo período de 2015, sendo o pior desempenho de um elenco de 39
países que já disponibilizaram as inferências. Para os indicadores acumulados entre janeiro e setembro e em doze
meses a retração foi de -4,0% e -4,4%, respectivamente.
A continuidade da rota cadente foi generalizada setorialmente, com redução de -6,0% na agropecuária, -2,9% na
indústria, -3,5% na transformação, -2,2% nos serviços e -4,4% no comércio. Pela ótica da demanda final, houve
contração de -3,4% no consumo das famílias, -0,8% nos dispêndios governamentais, -8,4% no investimento e
acréscimo de 0,2% nas exportações.
O consumo privado vem despencando desde o início de 2015, por conta da fragilização do mercado de trabalho,
caracterizada pela impulsão do desemprego e compressão dos rendimentos, com desocupação e subutilização
(desemprego, desalento e subocupação por insuficiência de horas) da mão de obra atingindo 11,8% e 21,2% da
população economicamente ativa (PEA), respectivamente.
Enquanto isso, a taxa de investimento, abalada pela queda dos lucros corporativos e a deterioração fiscal e
financeira do setor público, caiu de 18,2% do PIB, no terceiro trimestre de 2015, para 16,5% do PIB, no mesmo
período de 2016, o que explica o recuo de -6,8% das importações.
Trata-se da mais intensa e longa contração produtiva já registrada pela nação, constatando-se baixa de -10,0%,
entre abril de 2014 e setembro de 2016; contra declínio de -5,4%, em 1929 e 1930, por ocasião dos efeitos conjugados
da Grande Depressão mundial e da crise de superprodução de café; -6,2%, entre 1981 e 1983, devido aos equívocos
de política econômica doméstica, pós-choque do petróleo e dos juros mundiais, em fins de 1979, que resultaram em
falência do Estado e interrupção do crédito voluntário externo; e -3,9%, no período 1990-1992, quando Fernando
Collor lançou um programa de combate à inflação centrado na retenção de 80% do meio circulante.
No entanto, diferentemente daquelas instabilidades, que foram superadas pela deflagração de robusto elenco
de providências e programas estruturantes, o estágio atual vem sendo marcado pela carência de formulação e
execução de propostas de saídas consistentes, prejudicadas pelas acentuadas flutuações das variáveis políticas,
mesmo depois do desfecho do processo de impeachment.
Apenas para recordar, os remédios às mazelas pretéritas repousaram no desencadeamento do programa de
industrialização por substituição de importações, nos anos 1930; e na transferência líquida de recursos reais ao
exterior, por meio da alavanca exportadora, na primeira metade da década de 1980, viabilizada pela maturação dos
megaprojetos de investimentos, implantados durante a gestão do presidente Geisel, entre 1974 e 1979.
De seu turno, o plano real e as mudanças instituições (abertura comercial, desregulamentação dos mercados,
flexibilização dos monopólios, regulamentação das concessões dos serviços públicos, privatizações, responsabilidade
fiscal, etc.), aplicados nos anos 1990, sobretudo na segunda metade, sob a batuta dos presidentes Itamar Franco e
Fernando Henrique Cardoso; respectivamente, propiciaram o retorno da previsibilidade no cálculo econômico.
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Por certo, o escape do abismo presente abarca a
restauração das bases e organização de uma agenda de
desenvolvimento nacional, englobando o reequilíbrio estrutural
das finanças públicas, de modo a fazer com que o Estado caiba
novamente no orçamento; e a nova geração de reformas
microeconômicas, especialmente tributária, financeira,
administrativa, trabalhista, previdenciária, patrimonial, com o
restabelecimento de condições propícias às privatizações e
concessões, e do judiciário.
Com respeito ao judiciário, cabe observar que suas despesas representam 1,8% do PIB, no Brasil, versus 0,14%, nos
Estados Unidos (EUA), 0,20%, no Chile, e menos de 1%, na Europa. Além disso, o Supremo Tribunal Federal ostenta
aproximadamente 300 funcionários para cada juiz e a Justiça do Trabalho teria concedido, em 2015, R$ 8,0 bilhões em
benefícios, aos trabalhadores brasileiros que a ela recorreram, e gasto R$ 17,0 bilhões com sua estrutura de funcionamento.
Os registros administrativos da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho,
permitem denotar que, em 2015, 13.149 servidores públicos (federais, estaduais e municipais) receberam montante
de salários e remunerações médias mensais superiores ao teto do funcionalismo (R$ 33.763,00), sendo 4.121 (31,3%)
pertencentes ao judiciário.
Igualmente relevante seria a desobstrução dos gargalos infraestruturais, capaz de transformar o Brasil em um
verdadeiro canteiro de obras; a continuidade da inclusão social, menos por consumo privado e mais pela provisão de
serviços públicos de qualidade; e a adoção de políticas comerciais mais pragmáticas, desatreladas de interesses
ideológicos e com câmbio competitivo.
É também essencial a busca da reindustrialização, amparada em estratégias públicas horizontais, focadas na
perseguição da multiplicação dos ganhos de eficiência, através de expressivas inversões no binômio formado por educação
e inovação. A contribuição da indústria de transformação no PIB diminuiu de 17,8%, em 2004, para 11,8%, em 2015.
Além disso, a produtividade do trabalhador brasileiro corresponde a menos de ¼ do americano, 40% do sul-
coreano, 51% do chileno e 59% do russo, tendo crescido apenas 0,4% ao ano, desde 2003, versus mais de 5% a.a., dos
asiáticos, 3,0% a.a., dos europeus, e mais de 4,0% a.a., dos norte-americanos. Na mesma linha, o Brasil destina 1,1%
do PIB a.a. para aplicações em ciência e tecnologia, contra mais de 3% do PIB a.a., nos mercados avançados.
Por essa perspectiva, ainda que dolorosa em curto e médio prazo, a aprovação e implantação da proposta de
emenda constitucional (PEC) que estabelece teto para os gastos públicos representa apenas o começo de um árduo
esforço coletivo de reconstrução de uma aliança hegemônica de poder, definidora de ganhadores e perdedores
diretos de um novo ciclo de expansão da economia brasileira.
O escape do abismo presente
abarca a restauração das bases
e organização de uma agenda
de desenvolvimento nacional.
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TRIUNFO DE DONALD TRUMP: MENSAGENS E SIGNIFICADO
Gilmar Mendes Lourenço
A despeito das manifestações de surpresa de membros da academia, analistas políticos e formadores de opinião,
e medo e indignação de parte da população mundial, o triunfo de Donald Trump nas eleições presidenciais dos
Estados Unidos (EUA), traz algumas mensagens extremamente relevantes, se forem considerados a natureza racional
de sua expressiva massa de eleitores, a envergadura e solidez das instituições daquele País, especialmente do
Congresso, a necessidade de aprimoramentos nos diálogos não traumáticos com a Rússia e a ascensão de uma espécie
de novo populismo, avesso aos preceitos democráticos mais elementares.
É fácil perceber a proliferação de uma demagogia de extrema direita, sintetizada nas ações da influente francesa
Marine Le Pen, da Frente Nacional, de Vladimir Putin (mandatário da Rússia) e de Recep Tayyip Erdogan (presidente
da Turquia), que vem garimpando encorpadas revoltas contra a drástica redução do ritmo de expansão econômica das
nações centrais (EUA e União Europeia), traduzidas na descoberta e escolha de inimigos, como companhias
transnacionais e imigrantes, que estariam debilitando os mercados de ocupações locais.
Os recados das urnas norte-americanas referendaram a proposta de revisão dos princípios aplicados à estratégia
de intensificação da globalização dos mercados, desde fins dos anos 1980, que serviram para catapultar a China para o
posto de maior exportador do planeta e ocasionar a perda de esplendor industrial sem precedentes na história
econômica dos EUA, evidenciada pelo deslocamento de atividades para o continente asiático na busca de menores
custos de mão de obra.
O êxito eleitoral do rótulo de não político de Trump, destacado durante a campanha, representou uma fragorosa
derrocada da política tradicional, comandada a partir dos interesses sediados na capital nacional. Não por acaso, as
regras de funcionamento do sistema capitalista mundial, em mercados avançados e emergentes (encarregados de
promover, rápida e definitivamente, a abertura comercial e financeira e a desregulamentação), foram fincadas pelo
Consenso de Washington, em novembro de 1989.
Por certo, a população americana aproveitou o espaço eleitoral para exprimir elevado grau de insatisfação com a
centralização de poder no exercício de tomada de decisões estratégicas e a negligência oficial com a acentuação da
heterogeneidade do tecido social, da fragilização da matriz produtiva e das disparidades inter-regionais de geração de
emprego e renda, não revertida com os esforços de superação das agruras provocadas pela instabilidade causada pela
crise do subprime, em 2007 e 2008.
Há também que considerar a derrocada da esmagadora maioria das fábricas da “indústria de pesquisas” de
intenções de voto, endossadas por veículos de comunicação de expressão, que erraram feio e serviram como suporte
à artificial multiplicação das chances de vitória de uma plataforma conservadora, intervencionista e negligente com os
ensaios de confrontação internacional, defendida pela candidata democrata.
Em resposta aos equívocos dos resultados dos inquéritos, que ultrapassaram, em larga proporção, as margens de
tolerância, e das projeções, alguns institutos apresentaram de pronto como desculpa a omissão ou silêncio na
declaração de desejo de sufrágio, por parte dos eleitores de Trump, até por vergonha ou temor de intimidação.
Seriam os trumpistas escondidos.
A ciência política até respalda esse tipo de explicação. Estudo preparado nos anos 1970 pela alemã Elisabeth
Noelle-Neumann denotou a posição silenciosa a respeito de determinado tema, assumida por frações da sociedade,
baseada na crença de tratar-se de opinião polêmica e minoritária. Seria a “espiral do silêncio” que também justificaria
a vitória do Brexit, decisão de saída do Reino Unido da União Europeia, tomada em 2016, contrariando as previsões
dos meios especializados.
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Soaria mais correto admitir a obsolescência dos
procedimentos de captura de confissões de voto,
centrados em investigações telefônicas, e a elitização
das sondagens efetuadas pelas redes sociais que, no
caso dos EUA, não teriam captado as preferências do
“cinturão da ferrugem”, área baseada na indústria
pesada e manufatureira, situada no nordeste, e nas
regiões dos grandes lagos e dos montes apalaches, que
empobreceram com o encerramento de atividades de
plantas fabris e o fechamento de vagas de trabalho.
A exceção coube ao jornal Los Angeles Times, da Califórnia. Ao longo de quatro meses, o periódico, em parceria
com a Universidade da Carolina do Sul, apurou, em média, seis pontos percentuais a mais nas intenções em favor de
Trump, em relação aos resultados dos levantamentos feitos pelos demais institutos.
Por ocasião do voto, a interferência crucial coube à presença maciça dos eleitores de Trump –
predominantemente homens brancos com reduzida escolaridade, habitantes das regiões deprimidas do meio oeste
(Wisconsin e Michigan) e da Pensilvânia – e da menor participação, em relação aos pleitos anteriores que alçaram o
democrata Obama, dos simpatizantes de Hillary Clinton, notadamente jovens e negros.
No final das contas, o que se viu foi enorme discrepância entre os diagnósticos brotados do ambiente
universitário e de formadores de opinião e o comportamento predominante nas ruas, ocupadas por eleitores
americanos, precisamente a faixa considerada média e composta notadamente por trabalhadores afastados do
moroso processo de recuperação econômica, iniciado em 2009.
O discurso de vitória de Trump, consagrada pela regra indireta do colégio eleitoral, instituído na constituição de
1787, foi, surpreendentemente, não agressivo, carregado de acenos conciliatórios, e os reconhecimentos de derrota
de Obama e Hilary foram meramente protocolares e, exatamente por isso, muito bons, na direção da restauração do
diálogo e da interpretação criteriosa e adequada da voz surgida das apurações.
É cedo para imaginar os passos do futuro governo de um presidente que está longe de constituir unanimidade
em sua própria agremiação e atirou para todos os lados no período de disputa. Convém lembrar que o abandono de
parcela relevante dos princípios do partido republicano, durante o ciclo eleitoral, atendeu não apenas aos propósitos
de recuperação do cargo de presidente, mas viabilizou a maioria da legenda no legislativo e até na Suprema Corte,
dado que caberá a Trump a designação do nono juiz que ensejará o desempate entre liberais e conservadores,
naquele ambiente decisório.
Resta aguardar a composição da equipe de secretários de estado do ocupante da Casa Branca a partir de 20 de
janeiro de 2017. Se impregnada de adeptos e executores da agenda e pauta levantada nos palanques, repleta de
pontos pouco consistentes e até extravagantes, inseridos em uma agressiva empreitada geopolítica antiglobalização,
poderá ocasionar ferimentos na ordem econômica mundial e, por isso, dará enorme trabalho ao Congresso, guardião
da estabilidade institucional.
Já, se tiver feições republicanas, ortodoxas e, doravante, mais nacionalistas e com dirigismo estatal, facilitada
pela provável ponte a ser construída pelo vice-presidente Mike Pence, poderá servir de freio ao cumprimento de
vários “compromissos” estapafúrdios assumidos, especialmente as ideias de cancelar programas sociais como o
Obamacare, criado pelo presidente Obama para área da saúde.
Igualmente carente de visão ampla e justificativa convincente seriam as proposições de radical revisão do
tratado de livre comércio da América do Norte (NAFTA), com Canadá e México, e a suspensão da ratificação da
parceria trans-pacífico (PTP), celebrada com as nações asiáticas e latino-americanas, que, se levadas adiante, podem
provocar profunda desorganização nas redes de comércio e cadeias de valor globais.
Embora com apreciável apelo popular, o manejo de instrumentos voltados à reindustrialização dos EUA e ao
reordenamento geográfico do eixo dinâmico da economia mundial, com a supressão do protagonismo asiático, que
representa 2/3 da população mundial, possuem reduzidas chances de concretização, ao reprovarem em qualquer
teste microeconômico de otimização.
Parece mais correto admitir a
obsolescência dos procedimentos
de captura de confissões de voto e a
elitização das sondagens efetuadas
pelas redes sociais.
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No mesmo elenco de teses complexas aparece a eliminação dos acordos de suspensão do programa nuclear com o Irã,
o fim do tratado de Paris (assinado em 2015, para limitar as emissões de CO2), o reexame da participação americana na
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e o aumento da produção doméstica de carvão mineral em detrimento
das energias renováveis como solar e eólica.
No terreno da política econômica, parece provável a ativação de
mecanismos dirigidos à ampliação do protecionismo (elevação das
alíquotas de importação e das barreiras não tarifárias), diminuição da
carga tributária (de uma alíquota máxima de 39,2% para 25%) e
expansão líquida dos dispêndios governamentais (acréscimo em
estradas, túneis, portos, aeroportos e defesa e declínio em saúde e
previdência), estimada em US$ 7 trilhões, o que, em circunstâncias de
rota cadente do desemprego, forçará a elevação dos juros, valorização
dólar e pronunciado rearranjo das carteiras de ativos financeiros globais
em favor do mercado norte-americano, o que deve comprimir e
encarecer o financiamento internacional, estreitando as margens de
manobra das nações com finanças públicas arruinadas.
Mesmo sendo duramente afetado pelo inevitável recuo das vendas externas e das cotações das commodities
minerais, metálicas e agrícolas, por conta do menor crescimento da economia mundial, o Brasil é pouco dependente
de acordos comerciais.
Na política econômica, é
provável a ativação de
mecanismos dirigidos à
ampliação do protecionismo,
diminuição da carga tributária
e expansão líquida dos
dispêndios governamentais.
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O GLAMOUR DO MELHOR CURSO DE ECONOMIA DO PARANÁ
Gilmar Mendes Lourenço
O Curso de Ciências Econômicas da FAE Centro Universitário foi agraciado, em setembro de 2016, com a
comenda de melhor qualidade de ensino, pesquisa e extensão, entre aqueles mantidos por instituições privadas de
educação de terceiro grau, atuantes no Paraná. O selo foi conferido pelo Ranking Universitário do Jornal Folha de São
Paulo (RUF), depois de exaustiva pesquisa realizada pelo veículo de comunicação, no triênio 2014-2016, envolvendo
apreciações técnicas de professores avaliadores, credenciados pelo Ministério da Educação, e opiniões emitidas por
profissionais do mercado corporativo.
De acordo com os critérios de aferição do RUF, no conjunto de entidades dedicadas à preparação e formação de
futuros economistas no Estado, a experiência de plantio de sementes de mais de seis décadas da FAE, a deixaria atrás
apenas da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Universidade Federal do Paraná (UFPR), em sofisticada
multiplicação de transmissão de conhecimentos, e correspondente aprendizado de estudantes e, por extensão,
inserção plena destes no terreno de ocupações e de atividades empreendedoras.
A bela conquista da escola não possui segredos ou mistérios. A obtenção do primeiro posto na corrida das
organizações privadas resulta da contínua busca de aproveitamento de alguns elementos virtuosos e bônus, expressos
em constante modernização das instalações, capacitação e valorização do quadro de docentes e demais
colaboradores, além do envolvimento do corpo discente.
Em paralelo sobressai o empenho da direção da instituição, apoiada em um grupo de professores - com um pé no
mercado e o outro na academia - de primeira grandeza, e na identificação de necessidades de correções de rotas,
imprescindíveis à atualização, renovação e multiplicação de descobertas, em fase com os crescentes e substanciais avanços
científicos e tecnológicos e as radicais alterações na dinâmica de operação dos entes demandantes do produto FAE.
De fato, a tônica do curso da FAE repousa no perene trabalho de articulação entre os projetos pedagógicos e as
matrizes curriculares e a realidade do mercado, em um panorama de acirramento da concorrência intercapitalista,
multidisciplinar e encaixado nos paradigmas da Terceira Revolução Industrial, da financeirização da riqueza e do
desenvolvimento sustentável, centrado na edificação de consciências cidadãs.
Mais que isso, a constituição de uma espécie de glamour do
curso está diretamente relacionada ao assíduo treinamento e
preparação de times com potencial competitivo, em diferentes
partes dos balcões de oportunidades, que foram também
disputados e ocupados por elementos com formação em
2020 2,47 9,44 3,68 4,44 FONTE: Banco Central do Brasil, GERIN. Com base nas expectativas de 25/11/2016 NOTA: Meta para taxa de juros SELIC e taxa de câmbio para o final do ano.
DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO (% PIB) – COMPARAÇÃO MENSAL ÚLTIMOS 10 ANOS – OUTUBRO 2006-2016
FONTE: BM&FBovespa NOTA: Índice Ibovespa é o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações constituída em 2/1/1968 (valor-base: 100 pontos), a partir de uma aplicação hipotética. Supõe-se não ter sido efetuado nenhum investimento adicional desde então, considerando-se somente os ajustes efetuados em decorrência da distribuição de proventos pelas empresas emissoras (tais como reinversão de dividendos recebidos e do valor apurado com a venda de direitos de subscrição, e manutenção em carteira das ações recebidas em bonificação). Dessa forma, o índice reflete não apenas as variações dos preços das ações, mas também o impacto da distribuição dos proventos, sendo considerado um indicador que avalia o retorno total de suas ações componentes (IBOVESPA).
INDICADORES
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PREÇO MÉDIO MENSAL E NOMINAL NO ATACADO EM REAIS (R$) DE PRODUTOS AGRÍCOLAS SELECIONADOS – DEZ/2000-OUT/2016
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INDICADORES DO MERCADO FINANCEIRO NACIONAL E INTERNACIONAL
FONTES: (1) Banco Central do Brasil, (2) Bovespa (Índice de Fechamento do último dia útil do mês), (3) Dow Jones, (4) Nasdaq NOTA: Para os anos de 2005 a 2008, os valores referem-se ao mês de dezembro, exceto para emissão de debênture que é o total do ano. Sinal convencional utilizado: ... Dado não disponível.
DATA
BRASIL EUA
Fundo de Investimento Financeiro – FIF
(PL mensal, R$ milhões) 7837(1)
Valor das empresas listadas no Ibovespa (R$ bilhões) 7848(3)
FONTE: CONAB – Levantamento 2 – NOV/2016 (disponível em: www.conab.gov.br) Nota: Estoque de passagem – Algodão, feijão e soja: 31 de dezembro – Arroz 28 de fevereiro – Milho 31 de janeiro e Trigo 31 de julho.