EBOLA Prof. Fábio Junqueira
Breve introdução
- O vírus Ebola surgiu em 1976, em surtos simultâneos em Nzara, no Sudão, e em Yambuku, na República Democrática do Congo, em uma região situada próximo ao Rio Ebola - Doença viral aguda (vírus do gênero Ebolavírus - 5 subespécies) - Zaire com maior agressividade (90% de letalidade) - Febre hemorrágica Ebola – letalidade entre 60 a 90%- Os surtos são graves, ainda que, geralmente, autolimitados.
Período de Incubação da Doença (PI)
A média é de 5 a 7 dias, podendo variar de 2 a 21 dias
Modo de Transmissão
• Do animal para o homem: Por meio do contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais• Do homem para o homem: exige o contato direto com sangue, fluidos corporais, tecidos ou órgãos de pessoas infectadas ou contato com objetos contaminados, como agulhas de injeção e lençóis utilizados pelos doentes. É importante lembrar que também pode ocorrer a transmissão post-mortem.
O CDC relata que não ainda não existe transmissão sem o contato direto, ou por meio
de vetores, assim como ainda não há relatos de transmissão por aerossóis.
Sinais e Sintomas
• Inicialmente o quadro pode ser semelhante aos da gripe incluindo febre abrupta, fraqueza, mialgia, tosse, conjuntivite, vômitos, diarreia
• Com a evolução aparecem sintomas como fotofobia, sonolência e delírios• No final aparecem fenômenos hemorrágicos, primeiramente como melena e
hematêmese, seguidos pela coagulação intravascular disseminada (CIVD) e consequentemente hemorragia de mucosas e pele
• Seguem-se lesões hepáticas e o paciente entra em choque evoluindo para o óbito em até 10 dias
Período de Transmissibilidade
A transmissão inicia-se no período dos sintomas sendo classificado como baixo, na fase inicial da doença e ocorrendo um aumento na fase final da doença. Segundo o Centers Disease Control (CDC), não ocorre a transmissão no PI, além de não existir evidências de transmissão por assintomáticos
Diagnóstico diferencial
Malária, Febre Tifoide, Shiguelose, Cólera, Leptospirose, Peste, Ricketsiose, Febre Recorrente, Meningite, Hepatite e outras febres hemorrágicas.
Tratamento
Terapia de suporte com o equilíbrio de fluidos e eletrólitos do paciente, suporte de oxigênio, controle da pressão arterial e evitar a ocorrência de infecções secundárias.
Prognóstico
Em média a taxa de letalidade varia em torno de 50 a 90% (essa variação depende da subespécie envolvida). Os pacientes que não apresentam manifestações hemorrágicas tendem a evoluir para a cura.
Tratamento Experimental
• ZMapp(anticorpomonoclonal)
• Tekmira (atuana polimerasedo RNA-virus)
• PHAC (vacina)• Faviparivir• Estatinas e
interferons(atividade anti-inflamatória)
Ensaios clínicos randomizados para Ebola: questões práticas e éticas
• Conflito ético
• Como randomizar
• estudos observacionais de diferentestratamentos em diferentes locais?
• Consentimento informado? (comunidade quevive na desconfiança, sequencia de guerrascivis etc…
Fase Pré-clínica:
Identificar o potencial terapêutico da drogaInformações preliminares sobre atividade farmacológica e segurançaMais de 90% das substâncias estudadas nesta fase, são eliminadas
Fase IÉ o primeiro estudo em seres humanos Em pequenos grupos de pessoas voluntárias (20 a 100), em geral sadias para estabelecer uma evolução preliminar da segurança e do perfil farmacocinético e quando possível, um perfil farmacodinâmico
Fase IIEstudo terpêutico pilotoVisa demonstrar a atividade e estabelecer a segurança a curto prazo do princípio ativo, em pacientes afetados por uma determinada enfermidade ou condição patológica (100 a 200 pessoas)
Fase IIIEstudo Terapêutico AmpliadoEstudos realizados em grandes e variados grupos de pacientes, com o objetivo de determinar o resultado do risco/benefício a curto e longo prazos das formulações do princípio ativo de maneira global (geral) o valor terapêutico relativo.
Fase IVSão pesquisas realizadas depois de comercializado o produto e/ou especialidade medicinal
Definição de caso
Suspeito: Individuo com febre que nos últimos 21 dias: - seja procedente e/ou residente de países com transmissão de Ebola e/ou - tenha tido contato com sangue ou outros fluidos corporais de um paciente suspeito e/ou confirmado de Doença do Vírus Ebola podendo estar acompanhado de cefaleia, mialgia, vômitos, diarreia, dor abdominal e sinais de hemorragia como: melena, enterorragia, gengivorragia, hemorragias internas, sinais purpúricos e hematúria
Confirmado: Caso suspeito que com resultado laboratorial (emitido por laboratório de referência) conclusivo para Ebola
ATENÇÃO
1 - Os EPI devem ser colocados imediatamente antes da entrada no quarto de isolamento e devem ser removidos cuidadosamente imediatamente antes da saída do quarto2 - Lavar as mãos imediatamente após a remoção do EPI.3 - Não devem usar qualquer adereços
Isolamento
• Máscara comum para todos que entrarem no quarto e N95 se for realizar procedimento que gerar aerosol• Protetor ocular ou de face para todos que entrarem no quarto • Luvas para todas as pessoas que entrarem no quarto e para tocar qualquer objeto
tocado pelo paciente (2 luvas se necessário)• Capote/Avental que deve ser impermeável, de mangas longas, punho de malha ou
elástico e abertura posterior sempre que entrar no quarto e tocar no paciente ou em qualquer objeto utilizado por ele
• Gorro• Propés
• "A área era linda! A missão foi cercada por exuberante floresta tropical e a terra era vermelha. A natureza era extremamente rico, mas as pessoas eram tão pobres”
Piot (segundo da esquerda) e da equipe em Yambuku em 1976
Heart of DarknessCoração das Trevas
• Romance de 1899
• Cenário era o Rio Congo rumoa Africa Central (diários da viagem)
• Joseph Conrad, crítica aoimperialismo europeu, depoisde testemunhar a crueldade e corrupção praticados pelasempresas européias
"Por favor, pare, alguém que cruza aqui pode morrer.”"Eles já tinham perdido quatro de seus colegas para a doença", diz Piot. "Eles estavam orando e esperando a morte."
• fechamento do hospital, Quarentena, Educação em Saúde. trouxe um fim à epidemia mas cerca de 300 pessoas morreram.
"Não devemos esquecer que esta é uma doença da pobreza, dos sistemas de saúde disfuncionais - e de desconfiança", diz Piot.
“Informação, comunicação e envolvimento dos líderes comunitários são tão importantes quanto a abordagem médica clássica”
Determinantes Sociais
Os determinantes sociais de saude são condiçoes sociais em que as pessoas vivem e trabalham
Tarlov, "as caracteristicas sociais dentro das quais a vida transcorre”
Um movimento "contrário a correnteza”
modelos sociais que moldam as chances das pessoas serem saudáveis
"fatores que ajudam as pessoas a ficarem saudáveis, ao inves do auxilio que as pessoas obterão quando ficarem doentes"
Conceito ampliado de saúde
• Alimentação• Habitação• Educação• Renda• Meio ambiente• Trabalho• Transporte• Acesso e posse da terra• Acesso aos serviços de saúde
Doenças Negligenciadas
• 850 produtos novos• 4 med. aprovados
para DN• Dos ensaios clínicos
registrados até 2011 (148.445), apenas 1% foi para as doenças negligenciadas.
• Doenças causadas por agentes infecciosos ou parasitas que são consideradas endêmicas em populações de baixa renda, apresentam indicadores inaceitáveis e investimentos reduzidos em pesquisas, produção de medicamentos e controle.
Próximos passos
A epidemia de Ebola é paradoxal: ela está fora de controle ainda facilmente controlável. A chave para o controle de epidemias:• é rápido diagnóstico,• Isolamento• tratamento do pessoas.
• 60-90% dos pacientes não tratados com Ebola morrem, assistência médica eficaz poderia reduzir esta taxa para menos de 30%
• esta abordagem estratégica não foi feita no tempo durante o presente surto de Ebola na África Ocidental Potencial de 1/8
• Com estratégia de isolamento menos de 1/1
Integrar a cadeia de intervenção de identificação de casos de diagnóstico
• garantir o transporte
• Isolamento
• tratamento.
• As evidências sugerem que muitas infecções são assintomáticas• 71% dos indivíduos soropositivos não têm a doença• 46% dos contatos próximos assintomáticos de pacientes com Ebola
eram soropositivos.• Previsões que ignoram imunidade adquirida naturalmente, desde
infecções assintomáticas superestimar incidência no final de epidemias
• infecção assintomática contribui à imunidade de rebanho e, assim, amortece a disseminação da epidemia.
• uma história de como as comunidades estão fazendo as coisas por si mesmos
• Nossa abordagem é ouvir e trabalhar com as comunidades e ajudá-los a fazer o melhor que podem com o que têm
• Os antropólogos de todo o mundo, oferecendo conselhos sobre como se envolver com dimensões cruciais sócio-culturais e políticas do surto de Ebola e construir intervenções localmente adequadas.
• No Brasil, um caso suspeito de ebola notificado em Cascavel (PR), na última quinta-feira, ensejou a exibição pública ostensiva da foto, do nome e dos documentos do paciente. Tratando-se de um solicitante de refúgio, há violação manifesta à lei brasileira Lei 9.474 de 1997, especialmente artigos 20 e 23).
• “quantas pessoas podem deixar para procurar assistência mais tardiamente com medo de terem suas vidas expostas por jornais e TVs irresponsáveis? A reflexão ética deve fundamentar as decisões tomadas em todas as instâncias de forma responsável para não gerar mais problemas e pânico”.
• “Ficou também evidenciado um segundo risco grave, além da ameaça do vírus: o de que as epidemias abram caminho para violações de direitos humanos, em meio ao pânico generalizado, que favorece práticas lamentavelmente presentes no Brasil, como os linchamentos. A melhor resposta ao ebola é a responsabilidade, nunca o pânico.”
“Não é hora de fechar as fronteiras?, cobrou-se das autoridades. Que os ratos fiquem do lado de fora, onde sempre estiveram. Que os ratos apodreçam e morram. Para os ratos não há solidariedade nem compaixão. Parece que nada se aprendeu com a Aids, com aquele momento de vergonha eterna em que os gays foram escolhidos como culpados, o preconceito mascarado como necessária medida sanitária”.
• "De repente, poderia colocar um rosto e um nome a estes doentes, algo que eu não tinha sentido antes. Para cima de tudo, uma droga experimental foi encontrado e administrado em tempo recorde ”
• "Comecei a pensar em como eu poderia descrever o que eu percebi ser um profundo desequilíbrio entre a apresentação do relatório sobre a morte de centenas de pacientes africanos ea tragédia pessoal de apenas dois ocidentais.”
• O resultado foi uma ilustração impressionante: um mar de camas cheias de pacientes africanos negros se contorcendo em agonia,enquanto o aviso media apenas o único paciente branco.
• By Andre Carrilho