1043 maio 2014 comemoração da génese dos HETERÓNIMOS
1043 maio 2014
comemoração da génese dos HETERÓNIMOS
Dom
Dom 2 maio 2014
Editorial
FICHA TÉCNICA JORNAL ESCOLAR - DOM
ESCOLA SECUNDÁRIA DOM MANUEL MARTINS
AVENIDA ANTÓNIO SÉRGIO
SETÚBAL
Nº DE EXEMPLARES EM PAPEL: 100
HTTP://WWW.ESEC-D-MANUEL-MARTINS.RCTS.PT/
MAIO 2014
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
REDAÇÃO
BIBLIOTECA
RESPONSÁVEIS CRISTINA VICENTE
FILIPE AZEVEDO
COMPOSIÇÃO GRÁFICA
CRISTINA VICENTE
FILIPE AZEVEDO
JORNALISTAS, REPÓRTERES E CRONISTAS
JOANA BALTAZAR MADALENA ESPADA
TURMA 12ºE
FOTOGRAFIA IA
ANA CHORA
LUÍS TORGAL
Texto vencedor do concurso de poesia (ensino básico)
BIG BANG
Big Bang!!
Estilhaços no ar
Poeiras cintilantes
Gases a fervilhar
Eis que chegam as estrelas
Que estão no céu a brilhar!
Luz, calor e movimento
Energia sem fim
Tornando o universo
Num grande festim
Cometas suspensos no ar
Planetas a rodopiar
Mas só um deles
Pronto a habitar
Chama-se Terra
E tem vista para o mar
Tem a luz do luar
Que torna feliz
Todo e qualquer um
Que por aqui passar!
Joana Baltazar – 8ºA
Heterónimo: Pippa Fernandes
Sumário pág.2 Diário-ficção pág. 3—6 Sarau Literário pág.7— 8 Exposição pág. 9—11 Eventos pág.12
Dom
Dom 3 maio 2014
diário
Mais um pouco de mim
Davam-me por terminado! Também eu, durante todo o meu percurso, me julguei um servo do tempo. No entanto, e
contra todas as minhas certezas, consegui superar aquela que considerei ser a mais forte barreira à minha felicidade, a
responsável por me ter multiplicado em tantos e por não ter sido nenhum, tendo regressado para tentar deixar esclarecido o mistério que envolve a origem desses meus outros “eus”.
Dom
Dom 4 maio 2014
diário
Lembro-me de ter falado, em
primeiro lugar, na carta que escrevi ao
meu companheiro Adolfo Casais
Monteiro, em aparições espontâneas,
independentes da minha vontade;
creio que não foi verdade! Sempre que
me quis dispersar consegui fazê-lo:
tudo foi vontade minha.
Aquilo que afirmei nessa carta,
confesso, fi-lo apenas com o intuito de
fugir à responsabilidade de ter criado
os meus próprios heterónimos.
Sei também que mencionei o facto
de ser histeroneurasténico, ou seja,
atribuí ao nascimento das outras
pessoas que fui a tendência que
sempre tive para me despersonalizar e
simular identidades com as quais não
me identificava. Mais uma vez,
responsabilizei, neste caso, as
propensões genéticas, orgânicas que
me haviam sido transmitidas.
Uma outra explicação que apresentei
para justificar este fenómeno foi a de
que um poeta é tanto mais poeta
quanto fingidor, isto é, afirmei que,
para me sentir totalmente realizado
enquanto autor das minhas criações,
tinha que ser outros, que
ter outras
personalidades, crenças,
desejos, visões do mundo que não os
meus.
Dom
Dom 5 maio 2014
Só assim, disse, seria capaz de atingir um nível literário que, sendo apenas eu, nunca alcançaria. No entanto, digo-o hoje,
essa sim, era uma mentira descomunal: apercebia-me, clara e frequentemente, que aqueles para quem escrevia
esperavam que eu fosse, às vezes, somente eu. Esperavam ler os meus verdadeiros sentimentos, as angústias que,
realmente, me assolavam ou aquilo que me tornava feliz; reconhecia que, de vez em quando, me devia dar liberdade de
expressão, devia ser capaz de expor aquilo que a minha alma continha, que o meu “eu” interior ansiava que revelasse;
julgava essencial, por isso, deixar neste mundo algo que fosse meu.
Contudo, muitas vezes, tinha que me manter fiel àquilo que dizia relativamente à criação daqueles que brotavam de
mim e, por essa razão, nunca pude desmentir o facto de me “autodesconhecer”, ou de me querer encontrar (ainda que
tivesse tido, por diversas vezes, essa vontade). Daí ter escrito alguns poemas que corroborassem esse desconhecimento
da minha própria identidade.
Neste caso, o fingidor não se cingiu ao poeta…
Tendo já refutado, então, algumas das hipóteses que eu próprio fiz surgir para explicar a origem dos meus
heterónimos, penso que estou em condições de revelar aquela que considero ter sido a verdadeira razão para que tal
tivesse acontecido. Ora, todos os outros que fui, aqueles a quem atribuí identidades
e vidas, mais não foram do que o resultado da constante insegurança que
me invadia o espírito. Para que percebam, em criança sempre me isolei, era extremamente introvertido, nunca confiando nas minhas
capacidades, tendo querido sempre agradar àqueles que me rodeavam; em adolescente, período sobre o qual raras vezes
falei (não por não me lembrar dele, mas por pouco ter significado para mim), a minha falta de confiança foi tomando
forma, tendo-me transformado no adulto que fui. , comecei a ser outros. Não fazem ideia do prazer que esse estado de
dispersão me trouxe…consegui, finalmente, abraçar o mundo, tocar corações diferentes,
emocionar todos aqueles que sempre sonhei que me valorizassem. Se até esse ponto me preocupava que gostassem da
minha forma de escrever (e sublinho, da minha forma de escrever), a partir daí pude ser todos, deixando esse
diário
Dom
Dom 6 maio 2014
diário
desassossego de parte; pude ter pensamentos divergentes, contradizendo-me; pude gostar de tudo aquilo de que não
gostava; pude ser, acima de tudo, as minhas ambições e não somente a minha realidade. Graças a essa
despersonalização, que me permitiu impressionar muita gente, com gostos e crenças diferentes, tornei-me naquela
pessoa confiante que deveria ter existido desde sempre.
Assim, espero que percebam que esses outros que fui não foram fruto do acaso, nem das minhas propensões
Nesse período da minha existência, não tenho memória de ter sido verdadeiramente feliz: cada
segundo da minha vida foi passado a pensar no que a ele se seguia, e no outro, e no outro…, a pensar em maneiras de
me tornar útil, a imaginar até que ponto me achariam um estorvo por escrever aquilo que escrevia: sempre tão
negativo e deprimente, nunca considerando a positividade da vida. A minha principal preocupação era, assim, (e
acredito que para vosso espanto), ser reconhecido por aquilo que transpunha para o papel, valorizado pelos sentimentos
que causava nos outros. Era essa a bússola que me guiava! Sendo assim, ser apenas eu era insuficiente: necessitei,
com toda a inquietação que tal situação me provocava, de me fragmentar, de escrever
com outras palavras, de abordar outros assuntos que não aqueles que faziam parte das minhas vivências. E, nesse
sentidogenéticas, nem sequer da minha preocupação em atingir o mais alto nível literário; foram, sim, o resultado da
junção da insegurança que me era característica e do querer agradar a todos os que me liam.
Dom
Dom 7 maio 2014
Sarau
SARAU LITERÁRIO
Dom
Dom 8 maio 2014
Sarau
SARAU
LITERÁRIO
Dom
Dom 9 maio 2014
Exposição
VISITAS À EXPOSIÇÃO
Dom
Dom 10 maio 2014
Exposição
Dom
Dom 11 maio 2014
Exposição
Dom
Dom 12 maio 2014
Eventos
TABACARIA Por alunos do 12ºAno