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"Decisão: percursos e contextos"

Mar 26, 2016

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Biblioteca UPT

No âmbito da apresentação do livro “Decisão: percursos e contextos”, a Prof.ª Doutora Manuela d’Oliveira redigiu um texto a propósito. A Biblioteca da UPT apresenta-o aqui, sob a forma de e-Book.
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Page 1: "Decisão: percursos e contextos"

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APRESENTAÇÃO DO LIVRO:

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FICHA TÉCNICA:

Título: Decisão: percursos e contextos

Autoria: Jader da Silva Alves

Arthur Moreira da Silva Neto

41 co-autores

Prefácio: Manuela d’Oliveira

Local da Apresentação: Biblioteca da Universidade Portucalense

Data: 15 de Maio de 2012

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No âmbito da apresentação do livro “Decisão:

percursos e contextos”, a Prof.ª Doutora Manuela d’Oliveira redigiu um texto a propósito.

A Biblioteca da UPT apresenta-o aqui, sob a forma de e-Book, incluindo algumas fotografias da apresentação.

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Um texto de Manuela d’Oliveira

“Vamos deixar que a brisa leve o fio de seda para onde aprouver. Não ficou nem longe nem perto. É adequado aos nossos tamanhos e ao nosso peso. Assim pensam as aranhas ao decidirem construir a sua teia. E constroem-na a preceito. Três eixos em forma de Y para começar… e depois largam os fios de seda necessários para os outros mais que decidirem construir… e para o centro, de onde observam e sentem todos os movimentos e todas as intenções.”

Este fio da aranha, e vão percebendo porquê, vai conduzir-me através dos meandros das minhas decisões …

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Antes de prosseguir, quero agradecer a dedicatória do livro aos que experimentam, decidem, ousam. Aos que constroem o futuro.

Para esta Apresentação, que muito me honra, experimentei várias formas de fazer jus aos dois autores e aos 41co- autores deste livro que nos traça o Percurso da Decisão e nos confronta com o seu exercício diário através da experiência relatada nos 15 grandes contextos decisórios que inclui.

A minha primeira decisão depois de muita experimentação, foi de referir em primeiro lugar o aforismo de Sartre que se encontra na página 17 do livro:

“É PRECISO SER CONSCIENTE PARA ESCOLHER,

É PRECISO ESCOLHER PARA SER CONSCIENTE.”

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A minha segunda decisão foi de, sem mais delongas, dar um salto para o último contexto apresentado – A Decisão na Literatura.

Primeiro, o título do texto:

TRETAS, TEIAS E TEXTOS

seguido do sub-título

“SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO”

A ousadia libertadora do título é a base de que a autora se serve para expor o que para si significa a decisão na Literatura. Através do sub- título, somos levados, mais uma vez, até Sartre para o seu “Ser ou não Ser”. A Questão mais importante para a CRIAÇÃO.

Segundo Sartre, a primeira de todas as decisões é aquela que ME FAZ ESCOLHER ENTRE O SE SOU OU SE NÃO SOU! Porquê?

Passo a citar a autora do texto…

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“Sartre diz que a presença do homem no mundo é “reveladora”, ou seja, o homem é o meio pelo qual o mundo nasce, pois as coisas só existem por que existe um ser que as contempla, as relaciona, as organiza.”

Porém, podemos revelar, relacionar e organizar a existência das coisas, sem as produzirmos. Nós podemos não as produzir sem deixar, contudo, de ser! … Será a existência em si que esperará que outra consciência as produza.

A autora conclui que é esse conhecimento ontológico, esse conhecimento da existência das coisas, que é, em simultâneo, “revelador” e “inessencial”, é esse conhecimento que leva o homem à criação já que só a Criação o pode tornar ESSENCIAL!

Mas o homem que pretende revelar o mundo revela-o A QUEM?

AO OUTRO, A TODOS OS OUTROS, SEM OS QUAIS A SUA EXISTÊNCIA NÃO PODERIA SER VALIDADA.

Usando a metáfora da construção da aranha para apresentar a sua ideia, a autora deu nomes aos três eixos do seu Y inicial – EU SOU, EU SOU PARA O OUTRO …… EU ESCREVO.

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Poderemos, cada um de nós, quando CRIAMOS, dizer Eu sou, Eu sou para o Outro … eu canto …eu estimulo a aprendizagem … eu desenho …eu investigo … eu espalho a satisfação … eu componho EU SOU!

SOMOS, porque revelamos … Criando … seja na Literatura, seja noutros “GESTOS CRIADORES”, como lhes chama a autora, em qualquer forma de ARTE, no seu sentido mais lato.

Esta posição afigura-se-me sólida e transponível para toda a Criação. Todos os outros Gestos Criadores que validam a existência do homem e a existência das coisas, alguns dos quais se incluem no Livro, estão intimamente ligados à Decisão de Ser, de Ser para o Outro … e “PRODUZIR”.

Mas voltemos à Teia e, com ela, à Decisão na Literatura ….

Podemos atribuir intencionalidade à aranha quando produz o primeiro fio que deixa a balouçar até a brisa o levar e agarrar a um ancoradouro. Trama a teia a partir dos três eixos do Y inicial, de acordo com o seu tamanho, o seu peso e o local onde se encontra.

Depois, a aranha lança mais fios para construir os múltiplos eixos definitivos da teia …aqueles que vai entrecortar com o seu rendilhado.

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A autora diz que, depois de construir o Y inicial da sua teia, ela, tal como aranha, também lança mais fios para conseguir os eixos que servem de estrutura à sua obra …

É O QUANDO … O ONDE … O COMO … O QUEM … O POR QUÊ ….

Quando os eixos estão bem definidos e “colados”, a autora urde o rendilhado que os liga ….

O rendilhado ou seja a TEIA, PROPRIAMENTE DITA, preenche os espaços entre os eixos. ESTA É A TEIA NARRATIVA ÚNICA DE CADA AUTOR E QUE CONFERE A CADA URDIDURA, OU ESCRITURA, A SUA IDENTIDADE DIFERENCIADA.

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Porém, é ao construir esta teia narrativa que qualquer autor delibera e decide e… neste processo… SE ATORMENTA!

A teia que construímos é reveladora …..diz a Autora em conclusão já que, ELA é a prova de que para sair do nada e existir, para existir e criar, para criar e ser essencial, basta uma única DECISÃO : SER.

E agora regresso ao Livro … principalmente, à sua estrutura …

A sua primeira parte consiste num núcleo essencial à compreensão daquilo a que chamamos Decisão.

Este núcleo, Percurso da Decisão, é composto por três eixos principais: Percursos da Informação, Construção da Decisão, e a Decisão.

Estes eixos servem-se da biologia, da filosofia, da linguística da psicologia e da sociologia para nos responderem a questões que nos vão permitir considerar as várias componentes e aspectos implicados na tomada de decisões. Onde e como é recebida a informação que precisamos de obter para podermos decidir? Para onde vai essa informação para ser integrada e processada?

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O que se entende por Razão? O que se entende por pensamento, por a consciência e por verdade? E as Emoções, também contribuem? O que é aprender e como se processa a aprendizagem? A percepção, a memória?

Como se constrói o conhecimento e como se comunica? Serão a ignorância, a incerteza e a insegurança que nos lançam na senda do SABER?

Na recta final do Percurso da Decisão, o autor oferece-nos um brinde ao levar-nos a considerar aquilo que chama Aspectos da Tomada de Decisão e do Poder. Por um lado, obriga-nos a focar a nossa atenção na liberdade de escolha, na ética da escolha, na bioética, nas diferenças individuais ao nível do temperamento e na consideração das suas implicações nos vários contextos onde possamos actuar. E por outro, confronta-nos com o Poder na tomada de decisão.

O intervalo entre a Primeira Parte e a Segunda Parte do Livro é preenchido por uma excelente apresentação pelos autores, de cada um dos Contextos Decisórios. Não vou apresentá-los individualmente, mas acho oportuno referir deixar suficiente para revelar a sua abrangência.

Para exemplificar a tomada de decisões no nosso quotidiano, o Livro contempla-nos com 15 contextos principais. Cinco destes contextos, abrangem mais do que um exemplo. São os Contextos da DECISÃO NA:

EDUCAÇÃO, NOS EVENTOS, NA JUSTIÇA, NA SAÚDE/NA DOENÇA E NA GERIONTOLOGIA/ GERIATRIA.

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Os outros dez Contextos apresentam um só exemplo.

NA ARQUITECTURA

NA BIBLIOTECA

NA INOVAÇÃO

NA RELAÇÃO MÉDICO/DOENTE

NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

NA VISÃO DA PSICANÁLISE

NO TELEJORNALISMO

NA TRADUÇÃO

NO BEM- ESTAR

E NA LITERATURA – (DELA SÓ ABRI UMA JANELINHA)

De um modo geral, para os processos de tomada de decisão que são referenciados ao longo dos contextos, concorrem GESTOS CRIADORES multidisciplinares que contemplam o objecto, o relacionam e o organizam, seguindo modelos de decisão que se centram na pessoa enquanto…

…CLIENTE, UTENTE, ESTUDANTE, PACIENTE, LEITOR

… e no respeito pela pessoa, isto é, que se centram no OUTRO para que ele, se torne PARTE INTEGRANTE E ESSENCIAL do processo da decisão.

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Sugiro no Prefácio, que não será absolutamente necessário ler a primeira parte do livro antes de passarmos para os Contextos Decisórios, principalmente para ler aqueles em que estaremos mais interessados por força dos nossos interesses profissionais.

Não será, quiçá, absolutamente necessário … mas recomendo que adiem o vosso interesse particular por qualquer contexto, até terem percorrido o Percurso da Decisão. A razão é simples:

A multitude de informações que fomos colhendo ao longo da nossa vida de aprendizagem e busca do saber… (algumas há quanto tempo! e bem guardadas nos recônditos da memória) …com a leitura do Percurso regressam à superfície e articulam-se com as outras informações, mais próximas ou sempre presentes por força dos nossos ofícios.

Esta articulação favorece, julgo eu, uma leitura dos contextos, mais multidisciplinar, mais ampla e abrangente.

E REGRESSO AOS MEANDROS DAS MINHAS DECISÕES …

Para além da noção fulcral de CRIAÇÃO através da decisão primordial de SER … o livro, por aqui e por ali fala em PODER. A noção atrai-me. Até porque eu própria, ao longo deste texto, fui tomando decisões, questionáveis decerto, baseada na liberdade que me assiste. Tive que ter PODER para decidir como começar, o que pôr no meio e como acabar.

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Sem querer, e acima de tudo, sem querer com as minhas decisões, transmitir a mensagem oposta à que pretendo, a verdade é que a palavra PODER fez-me recordar o Humpty Dumpty, personagem do folclore infantil inglês retratado magnificamente por Lewis Carroll no seu livro “Através do Espelho, e o que a Alice lá encontrou”.

Humpty Dumpty é O OVO de braços e pernas curtas que entra no imaginário de todas as crianças que habitam nas ilhas para lá do Canal da Mancha, e não só.

Alice pretende fazer conversa com Humpty Dumpty … porém, todos os seus esforços resultam em frustração. Tem mais uma tentativa, mas… Humpty Dumpty, continua a seguir a sua lógica muito particular. Se não ouçam:

“Quando eu emprego uma palavra, ela significa aquilo que eu decido que ela significa”, diz Humpty Dumpty do alto da parede estreita onde Alice o vê perigosamente sentado.

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Alice aventura-se a contrapor:

“A questão é se podes fazer com que as palavras signifiquem tantas coisas diferentes”.

Humpty-Dumpty responde de imediato como lhe é peculiar:

“A questão resume-se a quem tem PODER – BASTA TÊ-LO!

(adaptado e traduzido de “Through the looking glassm and what Alice found there de Lewis Carroll, edição de 1973, Macmillan London Limited, p.114)

Michel Foucault NÃO FOI, decerto, discípulo de Humpty Dumpty. Mas, como, aliás, Foucault também reconheceu, a escola do Humpty Dumpty continua por aí bem viva e de saúde, sob formas muito subtis desconhecidas do nosso OVO. O PODER é um aspecto muito importante da decisão.

Mesmo no final da primeira parte do livro, os dois autores apresentam um breve texto sobre o Poder construído à volta de Foucault e de Adler. Vou só cogitar à volta de Foucault, parafraseando e citando o texto urdido pelos dois autores.

O poder para Foucault, é, um sistema disciplinar disperso que se exerce ou se pratica em todo o corpo da sociedade humana, que atravessa todas as relações interpessoais, por que se trata de um jogo de forças, de uma luta transversal presente em toda a sociedade.

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Segundo Foucault, o poder mantém-se porque permeia todo o corpo social produzindo coisas, induzindo ao prazer, formando o saber e produzindo discurso.” É”, e passo a citar, “uma rede produtiva muito mais do que uma instância negativa, que tem a função de reprimir”.

Caracterizando a sociedade de disciplinar, Foucault isola três elementos básicos:

A visibilidade dentro das relações de poder e de saber.

A existência de potenciais vigilantes para as inúmeras circunstâncias de poder.

E o terceiro elemento básico da sociedade disciplinar é a caracterização do poder como relação e não como propriedade.

As sociedades precisam de se manter atentas para que a visibilidade não seja afectada por “nevoeiros” de proveniência misteriosa, para que os potenciais vigilantes não sejam só potenciais, e para que não haja atropelos às instituições democráticas.

Dentro da sociedade disciplinar, Foucault reconhece também a existência de três formas principais de RELACIONAMENTO INTERPESSOAL e passo a citar os dois autores:

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A que usa A RETENÇÃO DO SABER para manter e garantir o poder, ou manutenção do mistério para conferir poder - atitude frequente em alguns profissionais e que demonstra porque é tão importante apelar à prática da reflexão e da ética na decisão.

A que usa A AJUDA com a finalidade de melhor controlar - que é uma prática usual em relacionamentos e em vários sectores da sociedade actual.

A que confere A VALORIZAÇÃO DO INDIVÍDUO como ser humano pleno, com o desenvolvimento da sensibilidade, solidariedade e partilha – que ainda é, deveras, uma prática pouco comum.

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As duas primeiras, a retenção do saber para dominar e o uso da ajuda para melhor controlar, são frequentes mas nem sempre são fáceis de descortinar. São, porém, perfeitamente antagónicas da terceira.

A valorização do indivíduo como ser humano pleno é ainda uma forma de relacionamento interpessoal pouco comum sociedade. Não obstante, é aquela que os autores e co-autores deste livro propõem. HAJA ESPERANÇA!

… mas a aranha teima em seguir-me até ao fim ….

… os autores do livro construíram também a sua teia:

O Y inicial: os três percursos do Percurso da Decisão;

Os 15 eixos ou contextos onde profissionais exercem a decisão.

As teias urdidas pelos 2 autores e 41 co-autores tão diferenciadas, mas, quiçá, parecidas na tormenta comum da decisão.

Por fim, quando a estrutura está forte e a teia cintila bela com o orvalho da manhã, a aranha lança novamente fio e constrói cinco circulares centrais para posto de observação.

É então que o leitor é convidado a entrar na teia, a sentar-se no centro e a deliciar-se com ela … neste caso, sem perigo de ser exterminado.

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A DECISÃO É UMA DANÇA DELICIOSA …. QUE …COM ….

DISCIPLINA SERÁ UMA DECISÃO DURADOURA…!

DAR …. DOAR … DELICIAR A SI MESMO!

AH! E AS TRETAS?... SERÃO AS PALAVRAS?

SÃO!

Todos os autores e co-autores contribuíram para o texto de apresentação do livro Decisão: percursos e

contextos. Estou particularmente reconhecida a quatro fontes mais directas, nomeadamente à Sylvana Ciafrino, à Angela Escada e aos dois autores principais, Jader e Arthur. A todos a minha gratidão.

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FOTOGRAFIAS

DA

APRESENTAÇÃO

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