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Cronologia Pop, Rock e MPB Renato Russo e o Aborto Elétrico, 1979. 1870 No auge comercial do maior crime da humanidade a escravidão, nasce a mistura cultural que serviria de molde e matriz para toda a cultura pop no século XX, ou pelo menos, as mais produtivas, nos países mais escravocratas do Novo Mundo, as Américas. Estava pronto o caldeirão cultural com quase 15 milhões de africanos, de 80 culturas diferentes, alguns muçulmanos, outros pré-históricos como os índios americanos. A Cultura dominante, Européia, emprestará seus talentos de engenharia, e um pouco de canções, modinhas, milongas, marchas, baladas, e outros pedacinhos saídos da Grande Música, a Erudita, com 700 anos, que nesta época vai altamente desenvolvida à caminho das estruturas espaciais de Debussy, Mussorsky, e no século XX, Satie, Ravel, enfim, inatingíveis ao ouvido da plebe. Operetas e Vaudevilles são encenados em Nova York onde começam a crescer o mercado de editoras musicais, embrião do mercado fonográfico que permitirá a grande expansão chamada música pop. Com o aumento das cidades, após a Guerra Civil Americana, e no Brasil, após a Abolição iriam os artistas aumentar seus públicos e os músicos populares tomarem os lugares das orchestras e quartetos da Grande Música. Principalmente para a indústria fonográfica, música com mais de 4 minutos, um lado da bolacha de 78 rpms, nunca mais.
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Cronologia Pop, Rock e MPB

Renato Russo e o Aborto Elétrico, 1979.

1870

No auge comercial do maior crime da humanidade a escravidão, nasce a mistura cultural que serviria de molde e matriz para toda a cultura pop no século XX, ou pelo menos, as mais produtivas, nos países mais escravocratas do Novo Mundo, as Américas. Estava pronto o caldeirão cultural com quase 15 milhões de africanos, de 80 culturas diferentes, alguns muçulmanos, outros pré-históricos como os índios americanos.

A Cultura dominante, Européia, emprestará seus talentos de engenharia, e um

pouco de canções, modinhas, milongas, marchas, baladas, e outros pedacinhos saídos da Grande Música, a Erudita, com 700 anos, que nesta época vai altamente desenvolvida à caminho das estruturas espaciais de Debussy, Mussorsky, e no século XX, Satie, Ravel, enfim, inatingíveis ao ouvido da plebe.

Operetas e Vaudevilles são encenados em Nova York onde começam a crescer o

mercado de editoras musicais, embrião do mercado fonográfico que permitirá a grande expansão chamada música pop.

Com o aumento das cidades, após a Guerra Civil Americana, e no Brasil, após a

Abolição iriam os artistas aumentar seus públicos e os músicos populares tomarem os lugares das orchestras e quartetos da Grande Música. Principalmente para a indústria fonográfica, música com mais de 4 minutos, um lado da bolacha de 78 rpms, nunca mais.

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1877

Invenção do fonógrafo de Thomas Edison . A primeira gravação foi "Mary Had a Little Lamb." Paul Macartney, noventa anos depois, fez um homenagem a esse momento, em canção do mesmo nome.

Nas festas populares da Bahia, em clima de abolição, dança-se a

mesemba, um rebolado de tradição Sudanesa, acompanhado por tambores e chocalhos. O fraseado dos escravos já imita frases melódicas tonais, copiadas das festas na Casa Grande. Na América Central o fenômeno se repete, maculelê e pontos de candomblé virando soca, calipso, ska e a futura música caribenha nascida também da música espanhola.

1900

O Blues, ritmo que nasceu com os negros americanos, é filho direto dos gospels religiosos e das worksongs , músicas de frases repetidas e notas longas, cantadas primeiro por escravos e depois por menestréis negros, que viviam de tocar na ruas e estradas do Delta do Mississipi.

Com a concentração nas cidades, surgem casas de Vaudeville, a night da

época, onde a necessidade de dançar aumentou o ritmo e o fundiu com a tradição de música western e country. Nascia o Ritmn’blues, pai do Rock.

No Brasil, do campo prá cidade, a mesemba torna-se maxixe com um empurrão

das modinhas européias, e das marchas militares. No Nordeste com o fim da revolta de Canudos, acontece a primeira migração de nordestinos para o Rio que inicia a primeira favela, no Estácio. Novos ritmos que chegam, maracatu e caboclinho, tradições nordestinas de trezentos anos.

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1910

O Carnaval já é festa popular com ranchos e corsos cantando marchas e até a polca polonesa. Nesse ano nasce Noel Rosa, em família classe média, ouvindo Ernestro Nazareth e Chiquinha Gonzaga, pianistas que gravaram maxixes e marchas de carnaval e principalmente o Chôro, derivação instrumental da fusão do maxixe com a polca e as marchas. Em 1911 nasce Robert Johnson na localidade de Hazlehurst, estado rural e escravocrata do Mississippi. Viria a ser a maior lenda do Blues, por seu jeito único de tocar guitarra, com slides, e outros efeitos que viraram a própria linguagem do Blues. Em 1917, um sambista do Estácio, Donga, grava o que foi considerado o primeiro samba, Pelo Telefone, “ o chefe da

polícia pelo telefone mandou me avisar “. O parceiro de Donga, jornalista Mauro de Almeida, popularizou a história do mineiro que comprou um bonde. Era a malandragem carioca a serviço da interpretação das injustiças dos ricos e poderosos, marca original do Samba. Ainda em 1917 acontece a primeira gravação nos EUA de uma música de jazz, estilo nascido da fusão do blues com canções européias. A Nick LaRocca’s Original Dixieland Jazz Band grava "The Dixieland Jazz Band One-Step." É algo parecido com o Charleston, dançado aqui no Cabaret Assyrio, ao lado do Senado Brasileiro ainda na capital Rio de Janeiro. A mistura é possível pela criação, também de Edison, do gravador de Vinil, a velha bolacha de 78 rpm. Os discos chegavam antes das lojas comprarem, pela Praça Mauá, Cais do Porto de muita história do Samba na Gamboa, Mangue e Saúde.

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1920 A década de ouro dos americanos do jazz. Ragtime, Dixieland, Charleston eram nomes e variações ritmicas e de formação de bandas de músicos brancos e pretos, sempre separados no Sul dos Estados Unidos por conta de uma Lei de Segregação Racial ( Colored Act ) .

Surge Louis Armstrong, pai do Jazz, músico profissional aos 18 anos, que era capaz de frasear livremente durante uma cadência pré-determinada de acordes. Assim o improviso jazzístico começa como brincadeira de um menino grande. Incrivelmente parecido com a pessoa e a história de Pixinguinha, maior compositor do Chôro, e que estabeleceu a maioria dos arranjos modernos para variações de samba e chôro.

1930 Já se vende quase 100 milhões de discos no Mundo, a música americana for export . Bing Crosby é o melhor cantor . No Rio de Janeiro a presença de Noel Rosa é maciça . Morto aos 26 anos, com 250 composições ele alertou os sambistas para as possibilidades de assunto ( com que roupa ? ) e de lirismo ( Três apitos – “ quando o apito da fábrica de tecidos \ vem ferir os meus ouvidos \ eu me

lembro de você ) . As Escolas de Samba do Estácio, Saúde, Gamboa, , Mangueira e Portela

conquistam a Praça Onze e trazem o samba para as massas. Francisco Reis, Orlando Silva, Carmem Miranda são estrelas do Rádio, meio de difusão da nascente música popular brasileira, ainda sem o rótulo de MPB.

Em 1936, Robert Johnson grava Terraplane Blues, considerado o primeiro

trabalho de bluegrass a ser gravado. Seus ídolos e seguidores : Sonny Boy Williamson, Elmore James, Howlin' Wolf e Hacksaw Harney. Morreu antes dos 30 anos, envenenado por um marido ciumento, com a fama de ter trocado sua alma com o Diabo, pelo talento que tinha ao violão.

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1940 Les Paul

O blues moderno se afirma com a forma clássica : I -IV- V- I, e solos contendo riffs e slides . Aparecem as primeiras guitarras da Rickenbacker, Fender e Gibson, usadas por blueseiros seguidores de Johnson, como C. Cristian e T Bone Walker.

Woody Gutrie, artista rural, por outra vertente assimila o discurso

rebelde contra as instituições e a discriminação com os pobres na América. Influenciaria todo o espírito do rock, através da folk music de seu principal seguidor, Bob Dylan, nos anos 60.

Do Recife pro Rio, Jackson do Pandeiro amarra toda a música nordestina e suas

dezenas de ritmos e o tema nas suas composições e se torna, para o Nordeste, o que foi Noel Rosa para o Rio de Janeiro, um rio caudaloso de influências.

As Grandes rádios Nacional e Tupi disputam os elencos milionários, Linda

Batista, Carmem e Aurora Miranda, Orlando Silva, Mário Reis, que já começam a perceber nova influência estilística apurada : Dick Farney grava Copacabana com voz de veludo, emissão sem vibrato; Antônio Maria, outro pernambucano decisivo na música brasileira, apura o samba-canção, pai da Bossa Nova.

No final da década uma estrela do Rádio brasileiro vira atriz de musicais de

Hollywood por dez anos, Carmem Miranda. Aloysio de Oliveira, seu produtor voltará ao Brasil para fazer a Bossa Nova decolar, nos anos 50.

Os escritores americanos do movimento Beatnik, os pré-hippies, começam a

fermentar outra revolução cultural futura, que iria questionar valores sociais “limpos e organizados “da América dos anos 50 . Os Beats se concentram na Califórnia e saem pelas estradas numa vida sem freios morais. Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Bukowski e Burroughs vão ser a base intelectual dos rockeiros nos anos 60, e do movimento Hippie, que acabou com a guerra do Vietnam, em 72.

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1950 Carlos Lyra Começa o rock a tomar o lugar de seu pai, o rhythm & blues e seu tio, o Jazz das big bands, no negócio das rádios e gravadoras. Nos primórdios, Fats Domino, já em 1950, vendeu mais de 1 milhão de cópias do primeiro single The Fat Man, Chucky Berry alucinava as platéias com seus solos de guitarra e Little Richard era o responsável por sucessos como Tutti Frutti e Long Tall Sally.

No ano de 1954, Bill Haley lança o grande sucesso Shake, Rattle and Roll. No ano seguinte, surge no cenário musical o rei do rock Elvis Presley. Unindo a country music e o rhythm & blues. O roqueiro de maior sucesso até então, Elvis Presley lançaria o disco, em 1956, Heartbreaker Hotel, atingindo 1,8 milhão de cópias.

Nesta década ainda Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis, Buddy Holly

eram atrações numa América cheia de grupos vocais : The Orioles, o melhor. Elvis entrou no cinema e se tornou o primeiro grande artista do rock, popular no mundo inteiro.

Em 1957 Tom Jobim grava com Elizeth Cardoso, a Divina do Rádio, o LP Canção

do Amor Demais, com letras de Vinícius Diplomata Poeta de Morais. Ao Violão, João Gilberto. Estava inaugurada a Bossa Nova na Rua Nascimento Silva, 107. Foi um negócio entre o samba e o jazz onde o primeiro saiu ganhando. Jonhy Alf, Billy Blanco, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Carlinhos Lyra, Elmir Deodato, João Donato, que o digam.

Em 59, o produtor Berry Gordy funda a Tamla Motown, gravadora que

organizou os melhores grupos vocais, como The Supremes, e outros artistas iniciantes, Marvin Gaye, Smokey Robinson, e nos anos 60, Steve Wonder, Donna Summer e Jackson Five nos 70, Michael Jackson, nos 80.

Começa o Rock nacional com Cauby Peixoto gravando o primeiro rock nacional,

Rock n Roll em Copacabana , Celly Campello, e versões de grupos vocais de doo woop, modo americano de cantar em grupo. Em 59, para o programa Hoje é Dia de Rock, Carlos Imperial descobre uma turma na Tijuca, com Tim Maia, Roberto e Erasmo Carlos, e outros que formaram a Jovem Guarda, primeiro grande sucesso do Rock no Brasil.

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1960 Syd Barret

The Beatles estouram nas paradas da Europa e Estados Unidos, em 1962, com a música Love me do. Mas em 1964, a canção Garota de Ipanema, com Astrud Gilberto e João, seu marido, ao violão, fica na frente de I Wanna Hold Your Hand, dos Beatles, por três semanas, na BillBoard, bíblia da audiência dos rádios americanos.

A década de 1960 ficou conhecida graças aos

grandes movimentos pacifistas contra a Guerra do Vietnã. No Brasil as resistências políticas estavam na UNE União Nacional dos Estudantes, onde Carlinhos Lyra compõe subdesenvolvido, racha com a Bossa Nova e sobe o morro com Nara Leão para gravar com artistas esquecidos do samba, tipo Cartola e Zé Queti. Chico Buarque de Hollanda é unanimidade nacional, ganha festivais e todos os corações femininos que continham cérebro entre as orelhas. Roberto Carlos ficou com as outras e saiu ganhando em audiência.

O rock no mundo já tinha o caráter político e contestador dos escritores

Beatniks e das letras de Bob Dylan no meio da década. Outros grupos ingleses também, the Who e The Rolling Stones, os anti-beatles que colocaram o sexo finalmente como tema do rock.

Em 1965, quando Roberto Carlos emplaca "Quero que vá tudo pro inferno"

nasceu o iê-iê-iê, ritmo resultante de uma mistura de rock e bolero, que passou a contagiar a juventude brasileira. Roberto e Erasmo, juntamente com Wanderlea, se tornaram os expoentes daquele movimento musical que conseguiu, durante alguns anos, deixar o rock brasileiro um pouco esquecido.

Em 66, Frank Albert Sinatra, o músico mais poderoso dos EUA, amigo dos

Kennedys, grava um LP com Antônio Carlos Jobim, que dias antes, ao recordar para a irmã numa carta a sensação da espera, assinava, Antônio Claustro Fobim . Elis Regina lança o fino da Bossa, programa de TV com a nata da música brasileira, com o fim da Bossa Nova, virou O Fino e os jornalistas começaram a chamar aquela música, que ia de Jair Rodrigues e o Arrastão de Edu Lobo, até o samba jazz do Tamba Trio de MPB – Música Popular Brasileira.

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1970

No final da década passada, em 1969, Woodstock torna-se o símbolo deste período novo e totalmente revolucionário, nos costumes. Sob o lema "paz e amor", meio milhão de jovens comparecem no concerto que contou com a presença de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Crosby, Still, Nash and Young ,The Mamas & Papas, Jefferson Airplane, Pink Floyd, Led Zeppelin.

O Rock se espalha em estilos com a debandada do movimento power-flower.

Nasce o Heavy Metal, por influências dos agudos de Jimi Hendrix e dos temas de Led Zeppelin. São o Black Sabbath, de Ozzy Osbourne, Judas Priest, Scorpions, Iron Maiden, Kiss e Alice Cooper.

O AC\DC traz de volta a iconografia do Diabo para a música, seguido pelo Iron

Maiden e sua caveira Eddie. A exuberância de solos e agudos, contra baterias alucinadas dão a marca do rock ao heavy metal.

A Música eletrônica começa a sair dos primeiros sintetizadores e samplers do

Krakfwerk, banda que coloca a Alemanha ao lado da Inglaterra como matrizes de bandas da Europa até hoje. Mas a primeira banda considerada como industrial music foi a Throbbing Gristle que fundou a Industrial Records em 70. Seguiram Cabaret Voltaire, SPK, Fad Gadget, e todos os DJs do mundo.

Eles usavam metal, vidro, bombas mecânicas e ferramentas elétricas, além de

telefones, radios e tvs, além de muita repetição ritmica, para representar a mecanizaçã da sociedade, a despersonalização do homem natural diante da tecnologia. Vai gerar na Inglaterra e EUA influências sobre bandas como a Happy Mondays e toda a onda de raves presente até hoje.

A pop music desponta com Frank Zappa, Creedence Clearwater, Carpenters, America, Elton John, Brian Ferry. No Rock a barra pesa: Morrison, do The Doors morre de overdose, aos 27 anos, em Paris. Em Londres, também com 27 anos, morre o gênio da guitarra, Jimi Hendrix.

Outra revolução já nasce em Nova York, em 72 : Stooges, Velvet

Underground, New York Dolls fermentavam o punk de Nova York. Na Inglaterra, David Bowie, Iggy Pop e centenas de bandas nos pubs preparavam a nova virada na história do Rock. O movimento Lixo, ou Punk, em inglês.

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No Brasil sujou também. O golpe militar gera a reação exterminadora de cabeças pensantes, e Caetano Veloso vai fermentar a Tropicália na Londres Psicodélica do Hide Park. Gilberto Gil , egresso de Festivais da Canção com os Mutantes, Secos e Molhados e Raul Seixas são destaques do Rock brasileiro. Primeira banda punk a fazer sucesso no Brasil, em São Paulo, a Meca do punk: Joelho de Porco .

Gonzaguinha Na MPB Festivais ainda revelam forças como Taiguara e Ivan Lins . Os mineiros

do Clube da Esquina, dos irmãos Márcio, Telo e Lô Borges, com Milton, Toninho Horta, Ronaldo Bastos, Flávio Venturinni, e depois Bôca Livre, revelam nova fusão com o jazz mais moderno e oferecem novas temáticas, semelhantes à visão dos roqueiros progressivos. Wilson Simonal é talento do samba para divisão melódica em qualquer estilo. Chico Buarque e Tom Jobim marcam a década com Sabiá, a canção da anistia : “ Vou voltar sei que ainda vou voltar para o meu lugar ...”

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1980 O new wave do B’52 e o Talking Heads, de David Byrne faz sucesso no ritmo dançante , onde cérebro e melancolia se juntaram : The Smith, The Police, Supertramp, Men at Work. The Clash faz a ponte com o Reagge e Bob Marley já é lenda mundial por interferir, com sua popularidade na eleição de um presidente na Jamaica. Marley morreu em 81.

Mas é a disco music, apoiada pelo filme Embalos de Sábado à Noite, quem

domina as paradas de sucesso, com Backman Turner e Overdrive, Roberta Flack, Dee Dee Jackson, Chicago. De Manchester, na Inglaterra, vem o Joy Division, com toda a força do pós-punk do vocalista Ian Curtis, que se enforca, aos 22 anos de idade. O resto da banda formaria o New Order que já usa batidas eletrônicas. . Darks e góticos também eram bem representados pelo Sister of Mercy, The Mission, The Cult e Bauhaus.

Surge em 86 a MTV e a linguagem videoclip. Aparece o U2 com letras de protesto e forte caráter político. Seguindo um estilo pop e dançante, é a década de Madonna, clone de Cindy Lauper que foi bem mais longe, até Don’t Cry for me Argentina. Ou seja, Hollywood. Michael Jackson, principal atração da MTV emplaca Thriller, de 1982, como o disco mais vendido da história da música, com mais de 40 milhões de cópias.

O Rock no Brasil assimila rockabilly com new wave e punk rock . Ganha temas

mais urbanos : Ultraje a Rigor vai invadir sua praia, Legião Urbana fica um pouco mais, Titãs não tá nem aí, Barão Vermelho pro dia nascer feliz, Kid Abelha como eu quero, Engenheiros do Hawaii mas eles não dizem nada, Blitz só tem chopps, Os Paralamas do Sucesso conselho de seu pai motocicleta é perigoso Vital e Lobão Vida Bandida. O sonho não é mais mudar o mundo mas viver a revolução dentro dele, em ilhas de estilos e comportamentos. Acontece o Rock in Rio I, na Barra.

Correndo por fora, na linha do Samba e da balada romântica, Gonzaguinha

solta a voz e um talento único de falar tudo com a linguagem mais acessível. Djavan surge no Cinema no início da década, como o mendigo de Pobre Menina Rica, do musical de Vinícius e Carlinhos Lyra. No edifício da MPB, Tim Maia, expoente do Soul e Black Music, é o síndico e deixa entrar qualquer um. A Festa da Música Tupiniquim volta seus olhos ao campo, de onde o gênero guarânia e a modinha de viola se renovam em duplas sertanejas com vendagens superiores a dois milhões de cópias, marcas comuns à diva Simone, ou Roberto Carlos e Xuxa, fenômeno sexo-infantil de imbecilização da geração que futuramente será prato feito para músicas de verão.

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1990 Chico Science

Esta década foi marcada por fusões de ritmos diferentes e do sucesso, em nível mundial, do rap e do reggae. Bandas como Red Hot Chili Peppers e Faith no More fundem o heavy metal e o funk, ganhando o gosto dos roqueiros e fazendo grande sucesso. Na Brasil, Gabriel O Pensador, com 18 anos grava Tô feliz matei o presidente e põe o hip-hop no gosto nacional.

Outra matriz musical se firma, com gravadoras próprias,

próprias festas , as raves que ganham o mundo, próprios ritmos derivados do eletrônico nos anos 70, próprias drogas, o ectasy, e de olho na evolução da Internet e da arte e ciência virtuais. Drum ‘n Bass, Trip Hop, Acid Jazz, abrigam centenas de nomes

associados a toda espécie de máquina, às vezes até instrumentos musicais, principalmente o teclado.

A revolução no Rock vem um ano antes, da gravadora independente subpop

que lança, em 89, o primeiro disco, Bleach, do Nirvana. Em menos de dois anos, a banda liderada por Kurt Cobain sai de Seattle para o mundo e, em 91, lançam o álbum mais importante da década: Nervermind. Surge o movimento grunge em Seattle, na California. R.E.M., Soundgarden, Pearl Jam e Alice In Chains também fazem sucesso no cenário grunge .

Também começa-se a falar em cena tal, cena daquilo. À mídia parece que a

tribalização cultural é a resposta à globalização econômica. Enfim o hip hop, egresso do funk e do break, tocando a real do crime, da corrupção policial, das drogas populares. É o Miami Funk quer surge no Rio, funk da calcinha mandando a real pros alemão. Sues maiores incentivadores, DJ Malrboro e Furacão 2000, que já vinham da Soul Music e do Break, nos anos 70.

A cena do rock nacional : Raimundos, Charlie Brown Jr., Jota Quest, Pato Fu,

Skank entre outros. No Metal , Sepultura leva em português e inglês suas letras até as paradas norte-americanas. E hoje tem um vocalista americano. O Brit Rock se levanta com o Blur, de Dalman Albarn, o cultuado Radiohead, de Tom York, o Pulp, de Jarvis Cocker, e o Suede. Além do Oasis, dos hoolingans irmãos Gallagher.

No Recife, o mangue beat, de Chico Science e Nação Zumbi, que assimilava as

misturas de Jackson do Pandeiro ( anos 50 ), as levadas eletrônicas do Drum n Bass e Trip Hop ( anos 90 ) fundidas com maracatu ( 300 anos atrás ). O Velho Rock n Roll, visceral, voz de fúria, morreu bastante junto com Cássia Eller, sua melhor condutora.

2000

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Luxúria

O público consumidor é a marca da década 00. Ainda está se arranjando, como num terremoto, as novas formas de consumir e produzir música. Todos estão crescendo, gravadoras, artistas, público, gente antiga tá voltando mas o espaço é pequeno ainda para as massas de novas bandas e artistas que desejam a melhor profissão do mundo , como definiu Mick Jagger.

Quanto ao conteúdo cultural, a arte musical, o

caldeirão das almas vai fermentando uma bolha aqui ou ali, por onde soltam seus gazes um movimento ou uma cena cultural. Os americanos Strokes e White Stripes e os suecos The Hives conservam o vigor do bom e velho rock in roll.

Já na música pop, houve ma volta aos 60: os escoceses do Belle and

Sebastian, que até já fez escola, com Looper, Salako e Gentle Waves. Outra vertente : Travis, Coldplay e StarSailor. O Brit rock se mantém firme pelas mesmas razões, por exemplo, Oasis e Supergrass. São ótimas de ouvir, mas não ouve avanço.

No Pop Rock Brasil, Los Hermanos foram gravados por George Harrison, Ana Júlia, megahit que nem por isso imobilizou a banda que pensa Beatles com Cartola. Mostram novas cadências, modulações românticas, como a maioria das letras. Assim como Chico Cézar, Paulinho Moska, Adriana Calcanhoto, Ana Carolina, Nando Reis, Vander Lee, uma chusma de talentos reinterpretando o momento, misturado a memórias brasileiras e universais.

Nas gravadoras, o filét do investimento vai para o que sempre agrada,

Sertanejo, Românticos Solitários, o Samba se fortalece entre os jovens, através do Pagode e de uma volta às raízes, como Teresa Cristina e Grupo Semente , Dudu Nobre, Zeca Pagodinho. O cinema ajuda ainda a emplacar coisas distantes da nossa cultura, como Celine Dion, Maria Carey, Jennifer Lopez, essa aí, pela bunda, já é mais brasileirinha.

E nas férias todos vão à Porto Seguro ver qual o novo ritmo do ano: a Axé

Music, variante do Calipso e do Frevo ganha cada vez mais espaços nas rádios e gravadoras, e transformou os hábitos de carnaval de todo o país dos anos 90 em diante. Axé Daniela, Axé Ivete. O próprio Calipso é o ritmo do momento, com a banda...Calipso ! Que imaginação notável ! É como se houvesse uma banda chamada Rock’n’Roll. Só rebolando muito eles chegaram lá.

Fontes em Livros

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Diários da Turma de Brasília - Paulo Marchetti Piero Scaruffi - A Rock History Richard Carlin - Rock and Roll Ruy Castro - Biografia de Nelson Rodrigues Ela é Carioca