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Cincias Sociais
22 a 26 de Outubro de 201247
ANTROPOLOGIA DO CORPO E CONSUMO ATRAVS DA ANLISE DA
VIGOREXIA
Mirela Valrio Lopes
Discente de Mestrado na PUC-SP
Resumo: O presente artigo visa discutir os padres estticos do
corpo brasileiro levando em considerao, sobretudo o pblico
masculino que atualmente teve seu corpo descoberto pela mdia e
pelas empresas de produtos estticos impondo sobre estes um novo
padro de corpo a ser atingido. A presso miditica seria uma das
responsveis pela imposio de padres estticos, do dito corpo
perfeito, levando o indivduo a cometer excessos como o uso de
drogas anabolizantes uma vez que estes aceleram o processo de
aquisio de msculos e tambm cometem excessos na prtica repetitiva de
exerccios fsicos mesmo que desnecessrios, o qual se convencionou
chamar de vigorexia, um distrbio por exerccios fsicos alm de um
distrbio de imagem no qual os praticantes no enxergam seu
crescimento muscular.
Palavras-chave: Corpo; Consumo; Masculinidade; Vigorexia.
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MIRELA VALRIO LOPES
INTRODUO
O presente artigo visa discutir o estatuto do corpo na sociedade
brasileira atual em que ele passa a ser objeto de consumo. A presso
miditica seria uma das responsveis pela imposio de padres estticos,
do dito corpo perfeito, levando o indivduo a cometer excessos como
o uso de drogas anabolizantes uma vez que estas aceleram o processo
de aquisio de msculo e tambm cometem excessos na prtica repetitiva
de exerccios fsicos mesmo que desnecessrios, o qual a medicina
convencionou chamar de vigorexia, um distrbio por exerccios fsicos
excessivos alm de um distrbio de imagem no qual os praticantes no
enxergam seu crescimento muscular. Tal fenmeno evidencia at onde o
indivduo est disposto a se sacrificar para atingir um corpo
correspondente aos padres de beleza institudos pela sociedade
atravs da mdia. Para que isso seja possvel o corpo deve estar livre
de gorduras e totalmente trabalhado. O pblico a ser pesquisado o
masculino, por muito tempo negligenciado em pesquisas sobre beleza
e corpo. Estudos mais recentes mostram que os homens tambm se
preocupam cada vez mais com a esttica corporal.
O corpo tornou-se objeto de estudo privilegiado na sociedade
contempornea e as cincias sociais, sobretudo a antropologia, tm
dado nfase a anlise do culto ao corpo,seus desdobramentos relativos
s relaes sociais e a difuso da tcnica corporal , resultante da
constante exposio dos corpos atravs da televiso, revistas,
escolas,intervenes sociais de um padro a ser seguido.
Como a todas as categorias, a de corpo foi uma das que sofreu
mutao ao longo das mudanas da sociedade, principalmente quando se
fala de sociedade ocidental. Na poca medieval havia uma mistura
muito grande entre referncias locais e populares e referncias
crists. O homem bem como seu corpo era confundido com a comunidade,
ou seja, o corpo no era dissociado do seu dono uma vez que este nem
dava tanta importncia a sua existncia, separao que s ser
concretizada com a introduo da ideia individualista da
Modernidade.
Com o advento da medicina e a necessidade de consolid-la como
cincia faz com que o vocabulrio antomo- fisiolgico se torne cada
vez mais presente e dentro dessa linguagem a
separao do homem e do seu corpo. O corpo torna-se a partir da um
mero objeto de estudos para a cincia que passa a dissoci-lo do
indivduo que o porta. Ele se torna um empecilho e tem que ser
esquecido e apagado atravs de rituais em que se deve ser comedido
nos usos corporais em pblico, passando a pesar quando a doena o
atinge porque a esse corpo mostra sua existncia, mostra que sempre
esteve ali. Porm atualmente o corpo virou o centro das atenes desse
indivduo dessa fase que se apresenta depois da Modernidade, uma
poca em que a vida contingente, ou seja, uma vida cheia de
incertezas os faz ver que o corpo algo sempre concreto e que sempre
permanece com eles, como se fosse aquilo que procuravam como a
volta da tradio. Ao se dedicar ao corpo como se, se dedicassem a
essa volta as razes
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e pudessem encontrar aquela comunidade almejada por todos.(LE
BRETON, 2011)
O corpo tornou-se modelo objetivado de consumo, sendo exposto
constantemente na mdia e de certa forma sendo imposto s pessoas.
Esse corpo imposto o corpo magro considerado saudvel. Entretanto,
no basta ser somente um corpo magro, preciso que no contenha
resqucios de gordura (CASTRO, 2007). A gordura, nesse contexto, a
grande vil, uma inimiga interna que deve ser eliminada a todo custo
por meio das prticas de gerenciamento corporal, como por exemplo, a
musculao (SAUTCHUK, 2007).
Apesar da maior parte dos trabalhos sobre padres estticos
corporais at ento estarem focados no corpo feminino, uma vez que
este foi sempre o alvo das indstrias e propagandas ligadas aparncia
fsica, h ultimamente estudos que tratam com igual alcance os corpos
masculinos, como o de Sabino (2002) que descreve o cotidiano de uma
academia de ginstica e musculao, mostrando as hierarquias presentes
nesses espaos. O autor analisa como homens praticantes de musculao
compensariam sua baixa autoestima, referente s suas relaes pessoais
e profissionais, escondendo-se na carapaa de msculos que a associao
com as
drogas produz. (p.169). Segundo, Goldenberg, Sabino, e Ramos
(2000) tais homens estariam tentando exibir sua virilidade em um
contexto social no qual a mulher ganhou grande destaque no mercado
de trabalho, ameaando o poder delegado aos homens em sculos de
opresso patriarcal. (KAUFMAN, 20001)
O trabalho de Pope, Phillips e Olivardia (2000) refere-se ao
Complexo de Adnis,em que um conjunto de fatores psicolgicos
levariam o homem a negligenciar sua vida social por conta da
insegurana com sua aparncia fsica. Apesar de se tratar de uma
literatura da rea biomdica, os autores enfatizam que os distrbios
que acometem os homens pesquisados so desencadeados pela presso da
sociedade e da mdia e, atravs da anlise de mdias impressas norte
americanas mostram como o padro corporal masculino mudou em um
perodo de 20 anos, passando a privilegiar homens com uma massa
muscular bem aparente, ao invs de homens magros. Outra anlise
apresentada pelos autores trata dos brinquedos para meninos, os
bonecos que tambm apresentaram um aumento de massa muscular nesse
mesmo perodo, o que incutiria no homem, desde a infncia, como o seu
corpo deve ser para que seja valorizado socialmente. O estudo
revela um processo de busca do homem pela modificao de sua
identidade
atravs do corpo, como se pela transformao do corpo a mudana em
todos os aspectos da vida fosse uma consequncia da decorrente.
Segundo Castro (2007), a relao entre consumo e corpo tem incio
quando este redescoberto na dcada de 1950. O fato est relacionado
com a exposio publicitria do corpo no ps-segunda Guerra mundial, em
que h a difuso dos cuidados corporais, atravs de prticas como
higiene, sade, beleza e esportes. Outro fato crucial na exposio do
corpo se deve ao desenvolvimento do cinema e da televiso que, alm
de comercializarem produtos de higiene pessoal, passam a ditar um
padro corporal e esttico inspirado em atores e atrizes de
Hollywood. Tambm no pode ser esquecida a importncia da
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democratizao da moda, que resulta em um conjugado de consumo,
efemeridade, cultura de massa, fatores estes que ultrapassam as
barreiras sociais.
Outro autor que discorre exaustivamente sobre a cultura do
consumo Featherstone (1982, 1995), para quem a economia atual
difere da economia clssica na qual o consumo estava atrelado
produo. O autor mostra como os bens de consumo comearam a definir
identidades
e estilos de vidas individuais. A discusso se pauta no que
Baudrillard (1981) denominou de mercadoria-signo, e o autor
problematiza como o signo se descolou da mercadoria permitindo ao
individuo proceder entre elas s mais diversas relaes associativas
conforme o seu estilo de vida.
E dentro da discusso sobre estilo de vida h a banalizao do uso
de drogas anabolizantes e suplementos alimentares, bem como a nova
tendncia dos anabolizantes ditos naturais. Sobre esse assunto
possvel traar paralelo com o trabalho de Azize (2005), a respeito
da banalizao de antidepressivos e medicamentos usados para disfunes
sexuais. Para o autor, tal banalizao est associada s noes de
qualidade de vida e estilo de vida saudvel, valores veiculados
tanto pela mdia como pelo discurso biomdico, nos quais, toda doena
deve ser tratada imediatamente. Nesse contexto, possuir um corpo
sem gordura sinal de um estilo de vida saudvel e o processo de
aumento da massa muscular, atravs da musculao, vale a pena ser
empreendido, mesmo que leve tempo para dar resultados ou mesmo que
haja a necessidade de se recorrer ao uso constante de anabolizantes
e suplementos alimentares para acelerar o processo. nessa
conjuntura que os medicamentos passam a ser acessrios para um
estilo de vida saudvel, exigncia que engloba uma srie de
conhecimentos para a gerncia dos corpos como a nutrio, a educao
fsica e a medicina. Os significados atribudos a sade
ultrapassam, ento, os limites dos estados considerados normais
e/ ou patolgicos, uma vez que esto relacionados qualidade de vida e
doena, como no caso da obesidade, que foge dos padres estticos
corporais aceitveis. (LATANZA, 2007)
METODOLOGIA:
A pesquisa de campo atual teve incio no meio virtual. Seu local
foi a pgina Facebook1, atual rede social mais usada no Brasil, na
qual os usurios criaram pginas para falar de assuntos especficos de
musculao como a pgina Eu curto musculao, Em um relacionamento
1 Facebook um site e servio de rede social que foi lanada em 4
de fevereiro de 2004, operado e de propriedade privada da Facebook
Inc.. Em junho de 2012, o Facebook tinha mais de 950 milhes de
usurios ativos. Os usurios devem se registrar antes de utilizar o
site, aps isso, podem criar um perfil pessoal, adicionar outros
usurios como amigos e trocar mensagens, incluindo notificaes
automticas quando atualizarem o seu perfil. Alm disso, os usurios
podem participar de grupos de interesse comum de outros
utilizadores, organizados por escola, trabalho ou faculdade, ou
outras caractersticas, e categorizar seus amigos em listas como as
pessoas do trabalho ou amigos ntimos. O nome do servio decorre o
nome coloquial para o livro dado aos alunos no incio do ano letivo
por algumas administraes universitrias nos Estados Unidos para
ajudar os alunos a conhecerem uns aos outros.O Facebook permite que
qualquer usurio que declare ter pelo menos 13 anos possa se tornar
usurio registrados do site. acesso em 24/09/12 11:40.
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srio com a academia e pginas internacionais como a Muscle and
Strength. Nessas pginas foram coletadas fotos e frases, bem como
observados comentrios (posts) sobre as fotos postadas nas pginas o
que possibilitou traar bem o perfil dos praticantes de
academia.
Aps julho de 2012 a pesquisa comeou a ser efetuada
simultaneamente on e offline, inicialmente frequentei uma academia
do interior de So Paulo, por ocasio das minhas frias, na qual
coletei dados e desenvolvimento da rotina local.Aps meu retorno
para a cidade de So Paulo me matriculei em uma academia cujo espao
possui trs andares, situada na Zona Oeste da Capital. No trreo tem
a musculao (aparelhagem) e o que eles denominam de pesos
livres(anilhas e barras). No 1 andar ficam os aparelhos aerbicos
como esteiras (em torno
de 50 ou mais) e os elpticos2. No 2 andar fica uma parte com
colchonetes e caneleiras, mais alguns elpticos e os vestirios
masculinos e femininos. Observei que as categorias usadas em
pesquisas anteriores tiradas da pesquisa de Sabino (2000) que
classificam os participantes de
academia como fisiculturistas, ou seja, aqueles que malham com o
intuito de participar de uma competio, os veteranos, que seriam
aqueles praticantes de academia de longa data e os comuns,que
seriam pessoas que s estariam de passagem pela academia ou aquelas
que no exagerariam tanto nos exerccios poderiam se repetir. Porm,
algumas ressalvas devem ser feitas pela dinmica dessa academia ser
totalmente diferente, como por exemplo funcionar aos sbados e
domingos, o que a torna mais interessante uma vez que as pessoas
que frequentam esses dias em particular mostra duas caractersticas:
Uma de que metade das pessoas que frequenta academia nesses dias so
pessoas viciadas por musculao e a outra metade de pessoas que no
tem tempo suficiente para malhar durante a semana.
Em ambas as pesquisas o pblico pesquisado o masculino jovem cujo
objetivo entender o anseio por um corpo perfeito que vem acometendo
os homens nos ltimos anos e a busca incessante por este como uma
forma de individualizao e ao mesmo tempo busca de insero em um
grupo especfico, qual seja, o dos sarados.
CORPO E MEDICINA - A NSIA PELA CLASSIFICAO:
Na nsia de classificar as doenas e enfermidades e torn-las
cientificas os mdicos tentaram
ento separar o corpo do homem criando assim, dualidade e
dualismo acerca da relao homem-corpo.
A histria da relao entre corpo e homem antiga visto que este
acompanha o sujeito por onde ele for. O autor David Le Breton
(2011), inicia seus estudos na Idade Mdia e sua transio para Idade
Moderna para mostrar como a medicina e a sociedade em geral lidou e
ainda lida com o estatuto de corpo. Na Idade Mdia o gerenciamento
do corpo misturava as
2 O Elptico tem esse nome porque seus pedais fazem um movimento
de elipse. Alguns dizem que uma mistura dos movimentos da esteira,
da bicicleta e do stepper. <
http://estarbemmelhor.blogspot.com.br/2011/09/eliptico-o-que-e-e-como-escolher.html>
acesso em 24/09/12 11:46.
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tradies populares nas quais no se colocavam tabus restritivos
quanto aos usos do corpo, como por exemplo, arrotar em pblico era
um ato corriqueiro, j que era derivada de uma necessidade
fisiolgica do prprio corpo, e as concepes crists nas quais o corpo
era algo
sagrado, a morada da alma e por isso mesmo no poderia ser
profanado. Nesse contexto, no que diz respeito medicina, existiam
os barbeiros, que cuidavam das enfermidades enquanto os mdicos no
eram muito bem vistos, e sua prtica era associada ao uso de magia,
uma vez que profanavam o corpo. A partir do sculo XVII a medicina
passa a ser uma profisso estudada
nas universidades e nas quais os estudantes e futuros mdicos
eram em sua maioria clrigos e passam a desprezar aqueles barbeiros
uma vez que possuam o saber escolstico passando assim a ter um
status privilegiado dentro da sociedade. A partir da comeam as
pesquisas sobre o corpo e seu funcionamento que dariam origem ao
individualismo corporal.
Esse individualismo comea, sobretudo com o dualismo existente
entre homem e corpo, ou seja, o corpo um e a alma outra. O rosto
passa a ser bem demarcado como uma parte importante a ser
privilegiada, uma vez que era a marca da individualidade, ou seja,
cada rosto nico. nesse contexto que as dissecaes dos corpos
acontecem e se inicia a descoberta do funcionamento do corpo e as
causas internas de suas doenas. De acordo Le Breton (2011) a nova
viso tem o incio com Vesalius (1514-1564), com seu livro De Humanis
Corporis Fabrica que abre a inveno do corpo no pensamento
ocidental, mostrando os obstculos que ainda deveriam ser
ultrapassados para que o corpo fosse considerado virtualmente como
distinto do homem, como por exemplo, o embate entre a vontade do
anatomista em conhecer o interior corporal e o seu inconsciente
ainda ligado s tradies.
H nesse contexto o nascimento de um conceito moderno de corpo,
porm, ligado concepo anterior do homem confundido com o microcosmo.
Apesar disso, a penetrao da carne demonstra que h o distanciamento
entre o homem moderno e o homem da Idade Mdia. Descartes
(1596-1650) ser outro autor a discorrer sobre a separao do corpo e
de seu dono tratando o corpo atravs de uma metfora mecnica, ou
seja, o corpo mquina e nesse contexto h tambm a separao do homem e
do cosmos; ele j no ter um vinculo to grande com os outros atores
sociais uma vez que o individuo encontra um fim em si mesmo. E
nesse
mbito o corpo passa ser um resto, algo pesado, cuja existncia se
d somente quando o sujeito est doente. Ao mesmo tempo h a legitimao
do saber biomdico e a depreciao dos saberes populares em relao ao
corpo, mesmo que eles continuem existindo na clandestinidade. Todos
os aspectos relacionados ao corpo principiam ser classificados e,
diferentemente da Idade Mdia
o corpo no algo que se e sim algo que se tem.
Atualmente o saber biomdico o que define oficialmente o corpo
nas sociedades
modernas mesmo que na vida contempornea os indivduos no tenham
tanta conscincia de seus corpos se resignando com as informaes
passadas pela televiso, escola e outros meios. H ainda a procura na
atualidade pelos saberes populares sobre o corpo, como aqueles
vindos
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ANTROPOLOGIA DO CORPO E CONSUMO ATRAVS DA ANLISE DA
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dos curandeiros, uma vez que estes saberes tratam o corpo
somente como uma parte indissociada do ser e no somente como um
mero objeto que necessita de reparos, o que faz com que os
indivduos se sintam mais a vontade e no vejam seus corpos somente
como aquilo que os atrapalha cotidianamente. O processo de cura que
usa a eficcia simblica no se preocupa
com as causas do problema e com o funcionamento dos rgos e sim
leva em conta a crena do indivduo na cura. Por essas razes que
atualmente muitas pessoas passam a associar essas duas formas
teraputicas principalmente quando esto desenganadas quanto a
eficcia biomdica,
ressimbolizando algumas tcnicas como, por exemplo, a acupuntura,
saber oriental de cura que atualmente virou prtica biomdica,
operando com as prticas teraputicas o que Lvi-Strauss chamou de
bricolagem, que nesse contexto seriam as formas de agenciamento de
maneiras distintas e contraditrias de cuidado com o corpo.
O CORPO E SUA VISO COTIDIANA
Ao estudarmos o cotidiano dos indivduos na sociedade atual
devemos levar em considerao o corpo assim como diz Le Breton:
O estudo do cotidiano centrado nos envolvimentos do corpo lembra
que nesta espuma dos dias o homem tece sua aventura pessoal,
envelhece, ama, sente prazer ou dor, indiferena ou clera. As
pulsaes do corao fazem ouvir a permanncia de seus ecos na relao com
o mundo do sujeito por meio da filtragem da vida
cotidiana (Le Breton,D. 2011 p. 143)
Ou seja, os rituais de existncia feitos pelos homens durante sua
vida cotidiana usam o corpo em sua totalidade bem como estabelece
relaes e constri seu estilo de vida atravs dele, apesar de sua
existncia no ser sentida,dessa forma o individuo levado pelas
presses sociais a apagar seu corpo ritualmente e fazer com que ele
fique invisvel e no pese
nas relaes cotidianas. Exemplo disso so certas manifestaes
corporais serem condenadas quando aparecem em pblico como por
exemplo, arrotos, flatulncias, espirros etc, uma vez
que mostram que o corpo por mais que o indivduo no aceite est
presente e pesa, assim o tambm em caso de doenas. Nesses casos a
dualidade homem-corpo escancara ao mximo, o que para muitos um
sintoma de desordem.Por essa razo na atualidade tem sido pregado o
estilo de vida saudvel uma vez que a sade coloca harmonia nessa
desordem j que o indivduo d sentido ao seu corpo mediante essas
prticas saudveis.
Toda essa recorrncia pela sade e um corpo bem construdo sem
falhas se d pela importncia que os atos de olhar e o ser olhado tem
em nossa sociedade. O olhar uma figura hegemnica na sociabilidade
urbana atual, tanto que o projeto arquitetnico das cidades
desenhado para privilegiar a visibilidade, e, apesar disso, o
corpo continua sendo negligenciado por tais rituais de apagamento
do corpo. Segundo P. Virillo, o corpo um obstculo ao avano do homem
principalmente quando este no est saudvel e ele s sentir prazer em
reencontr-
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lo na prtica de esportes. A musculao seria uma dessas formas de
reencontro com o corpo; essa uma tcnica corporal ocidental de
gerenciamento do corpo cada vez mais difundida em vrios segmentos
sociais como medida paliativa para as mais diversas doenas e que
ajuda a estabelecer essa harmonia e ratificar o estilo de vida
saudvel da sociedade moderna, colocando
o indivduo em confronto com ele mesmo atravs do corpo,
evidenciado a necessidade deste por um enraizamento, ou seja, ser
parte de um grupo e que possa recuperar sua identidade.
O corpo na atualidade, apesar de constantemente apagado por
rituais de restrio de seus usos em determinadas ocasies sociais ,
todavia usado pelo indivduo, principalmente na prtica de esportes,
como no caso do presente trabalho em que a musculao forma de
construo da identidade dos indivduos, principalmente os homens e
jovens.
O LIMITE ENTRE SADE E DOENA
Na contemporaneidade categorizar atos entre saudveis e doentios
no passa mais pela descoberta ou no de uma enfermidade nos termos
biomdicos. Nesse contexto observa-se a ampliao do significado de
sade, em que levar uma vida saudvel pressupe percorrer os caminhos
de uma alimentao saudvel, o que implica no consumir alimentos
gordurosos, bem como aderir a prtica de exerccios fsicos. Esses
aspectos atualmente so veiculados pelas mais diversas mdias como um
estilo de vida saudvel e esto cada vez mais relacionados com o
padro de corpo belo, uma vez que, praticando exerccios e mantendo
uma dieta equilibrada a esttica corporal algo inevitvel.
Porm, a maioria dos indivduos no leva em conta que o padro de
corpo no se aplica a todos, e as diferenas de metabolismo fazem com
que para algumas pessoas o ideal seja difcil quando no impossvel de
ser atingido. Dessa maneira alguns passam a seguir dietas
extremamente rgidas e um plano de exerccios massacrante, o que pode
acarretar em prticas como a anorexia e a bulimia e a vigorexia,
objeto desta pesquisa. Esta prtica est relacionada majoritariamente
com o pblico masculino, que exagera na prtica de exerccios fsicos,
em especial, a musculao, numa tentativa de obter resultados
eficazes em um perodo de tempo
curto, tendo como possveis resultado a leso de ossos e fadiga
muscular. Esse quadro se estabelece quando que o praticante percebe
que o resultado da musculao se d de maneira lenta mediante ao
treinamento constante, levando ao extremo do significado de
constante,
bem como a recorrncia a suplementos alimentares, usado de
maneira indevida e em casos extremos o uso de esteroides
anabolizantes.
Tanto os suplementos quanto os anabolizantes operam na mesma
tica pesquisada por Azize (2002; 2005) para tratar dos medicamentos
para obesidade, depresso e problemas sexuais. O discurso biomdico
produz a noo de uma doena, que precisa ser tratada a qualquer
custo. No caso do presente trabalho, a sobra de gordura no corpo
mal vista, sinal de que no
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existe uma preocupao com a sade, levando o homem a procurar
diversos medicamentos que resolvam o seu problema, desde o remdio
para emagrecer at os anabolizantes. Estes passam a ser peas
fundamentais na vida de seu usurio, uma forma no s de atingir o
resultado corporal almejado, mas tambm de se sentir em paz com a
conscincia. Nesse contexto, todos os aparatos potencializadores da
forma como os suplementos e anabolizantes, que puderem ser
utilizados para otimizao do corpo sero usados, como o autor relatou
na sua pesquisa, se existe, porque no usar?. Nas palavras do
autor,
J no se trata mais de questionar o porqu do uso de medicamentos.
A emergncia de novas tecnologias de cuidados do corpo e da sade
parece gerar novas obrigaes no cuidado de si. Um corpo que j no
mais o bastante se torna um consumidor em potencial. Para ser, o
corpo precisa estar altura dos desejos dos indivduos em relao a
ele. (AZIZE, P.13, 2005)
Dessa maneira, os indivduos alm de utilizarem todos os produtos
ao seu alcance, relativizam a dor na prtica de exerccios, como se
ela fosse algo inevitvel, porm necessrio, como dizem muitos
praticantes, uma dor gostosa, uma vez que sua ocorrncia denota que
o resultado almejado est prximo de ser obtido. Essa representao da
dor corrente nas sociedades ocidentais contemporneas, pois ela se
liga a superao dos limites pessoais; nessas sociedades h atualmente
a fragmentao das referncias, e o corpo bem como a superao de seus
limites passa a ser o referencial. (LE BRETON, 2007). Nesse
contexto, h a ocorrncia de alunos que treinam lesionados somente
para no deixarem de obter resultados. Segundo eles, treinar com uma
leso no parece ser uma atitude errnea, j que tal dor recorrente
prtica de exerccios fsicos.
A manuteno do corpo passa desse modo, refletir a capacidade do
cuidado de si
do indivduo, uma vez que mantendo seu corpo saudvel e
exercitado, mesmo que esse fato pressuponha sentir dor, ou
machucar-se eventualmente, ele viver mais. Featherstone (1981)
denominou esse ato de health education, ou seja, uma educao em sade
na qual o individuo aprende como se manter com qualidade de vida,
atravs de dietas, exerccios fsicos e o uso de plulas. Como salienta
Azize, essas no so vistas como medicamentos e sim como um
potencializador para o alcance do estilo de vida saudvel. Porm,
segundo o autor, essa pedagogia da sade estaria cada vez mais
influenciada pela idealizao da cultura do consumo,
do corpo jovem e bonito. Neste contexto a academia tambm faz
parte do itinerrio teraputico de algumas pessoas, como, por
exemplo, para correo de postura, para se livrar do estresse do
trabalho, bem como para prevenir doenas que possam vir a
existir.
CULTO AO CORPO NA CULTURA DO CONSUMO
Em meados do sculo XIX, mostrar o corpo no era comum. As roupas
tanto de homens quanto de mulheres tinham por finalidade esconder
qualquer parte do corpo que despertasse vazo aos
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desejos sexuais. No incio do sculo XX verifica-se o desnudamento
do corpo e vestimentas
mais flexveis, com tecidos mais leves e que demarcam mais o
corpo, como por exemplo, o
jeans,que comea a ganhar espao na vida dos indivduos bem como a
aparncia fsica passa a depender do corpo, sendo os cuidados com
este corpo essenciais e ele deve a partir de agora ser moldado.
Ao passar dos sculos, as concepes sobre o corpo mudaram diversas
vezes e na atualidade, ele vem sendo muito explorado pela mdia.
Porm, para que o corpo ganhasse tal projeo, houve inmeros conflitos
e polmicas ao longo dos anos, conforme suas partes iam
sendo reveladas pela indstria da moda; um exemplo disso a
polmica causada pelo uso do biquni nos anos 50. (CASTRO 2007)
Atualmente o corpo explorado pelas mais diversas mdias consiste
no corpo magro, porm no esqueltico, mas aquele com msculos bem
distribudos, proporcional e simtrico, sem cicatrizes ou marcas. O
corpo passa dessa maneira a ser consumido atravs de uma pedagogia
imagtica engendrada pelas empresas de publicidade e propaganda,
tornando-o uma mercadoria-signo. No s o corpo, mas tambm os
produtos relacionados a ele passam a ser mercadorias que so usadas
de acordo com o estilo de vida do indivduo. Esse fator, segundo Le
Breton (2011) seria um dos paradoxos da sociedade contempornea que
mostra que apesar da vontade de no se evidenci-lo , em certos
lugares e em certos momentos a sociedade o evidencia como em
propagandas de higiene,roupas ntimas, etc. Dessa forma o culto ao
corpo passa a ser um dos cones da cultura do consumo contemporneo.
Atualmente no s as mulheres, como tambm os homens passam a ser
doutrinados para a obteno do corpo perfeito, no s msculos, como a
esttica, a isso se deve o crescimento da venda de cosmticos ao
pblico masculino.
A cultura do consumo amplamente discutida por Featherstone
(1995),que traa um panorama da economia clssica at os tericos
atuais mostrando como os bens produzidos passaram da esfera da
produo para a esfera do consumo, bem como, o valor de uso dos
produtos tornou-se secundrio em relao ao seu valor de troca. Esse
quadro se estabeleceu mais precisamente na poca do fordismo, em que
houve a educao do pblico consumidor pelas propagandas e mdias. A
partir disso o autor estrutura a sua teoria da cultura do consumo
em trs pilares:
1- concepo de que a cultura do consumo tem como premissa a
expanso da produo capitalista de mercadorias, atravs da acumulao
material na forma de bens e locais de compra e de consumo, como as
atividades de lazer, que tem um controle sedutor sobre a
populao;
2- concepo mais estritamente sociolgica na qual a relao entre a
satisfao proporcionada pelos bens e seu acesso socialmente
estruturado seja um jogo de soma zero no qual a satisfao e o status
dependem da exibio e da conservao
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ANTROPOLOGIA DO CORPO E CONSUMO ATRAVS DA ANLISE DA
VIGOREXIA
das diferenas em condio de inflao em que as pessoas usam
mercadorias de
forma a criar vnculos ou estabelecer distines sociais.
3- essa concepo diz respeito aos prazeres emocionais do consumo,
ou seja, os sonhos e desejos celebrados no imaginrio cultural
consumista e em locais especficos de consumo que produzem diversos
tipos de excitao fsica e prazeres
estticos. (FEATHERSTONE, Mike. p 31, 1995)
Segundo Featherstone (1982), vrios autores nessa poca comeam a
descrever um novo tipo de personalidade, que foi denominada de
narcsica, descreve um indivduo que tem autocontrole, est sempre
preocupado com a sua sade, tem medo do envelhecimento e da morte,
sempre procurando sinais de decadncia do corpo e que usa seu corpo
como uma mercadoria (essa discusso pode ser encontrada em
Goldenberg (2000), na qual h o uso do capital corporal como uma
forma de agenciamento das relaes sociais contemporneas). O autor
ainda salienta que essa nova cultura narcsica que emerge
conjuntamente com a cultura do consumo faz com que o indivduo
estabelea uma nova relao com o seu corpo, que ele denominou de
performing self ou o eu performtico. Ele constatou essa tendncia
atravs de manuais de autoajuda que proclamavam o eu ideal no sculo
XX, como pessoas que tinham o dom de fascinar, atrair e magnetizar
o outro no somente atravs da fala, mas tambm atravs de sua imagem.
Segundo ele o eu performtico tornou-se mais amplamente aceito na
era entre guerras com a propagao de Hollywood e a legitimao na
imprensa popular do novo ideal.
No campo da academia de ginstica e musculao, segundo Hansen e
Vaz (2004), o desempenho desportivo, ou seja, a postura dos
praticantes de academia passa a ser igual a de atletas desportivos
competidores, como por exemplo, superao da dor, no falhar, treinar,
obter um timo rendimento, sem contar a competio que existe em relao
ao capital corporal dos outros indivduos presentes no interior do
local. No meu campo, o desempenho desportivo descrito acima estaria
tambm ligado s roupas de ginstica que seriam de marcas famosas,
como Nike, Oakley, Adidas, Rebook, Everlast entre outras, mostrando
que tal desempenho no influencia somente na postura e na conduo dos
corpos, mas tambm na maneira como se
operacionaliza o consumo no local.
CONCLUSO:
Mais do que provar a ocorrncia da vigorexia no meu campo, o
objetivo desse artigo, foi mostrar como a sociedade impe um padro
de corpo e como essa imposio se torna massacrante para algumas
pessoas ao ponto de lhes acarretarem excessos. A pesquisa de campo
foi muito importante nesse sentido porque pude ver in locus como se
sucedem as presses dentro de uma academia de ginstica e pude
teorizar o que eu como praticante de musculao j havia naturalizado
h muito tempo. O que me levou a pesquisar sobre o tema foi
primeiramente um matria veiculada na TV e depois a observao de que
nas academias de ginstica e musculao
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em geral, o que mais desejado o corpo perfeito. E ao mesmo tempo
comecei a estudar teorias dentro da antropologia que tratavam da
questo do corpo, no somente como um aparato biolgico como tambm
toda a dimenso social envolta nas maneiras em que o
gerenciamos.
Apesar da pesquisa ainda estar em andamento possvel algumas
concluses como por exemplo, o estatuto do corpo na sociedade atual
como algo marcante para a construo das individualidades, no qual os
indivduos o usam como capital, ou seja, ter um corpo sarado faz uma
enorme diferena nas formas de gerenciamento da vida social. Outro
ponto a questo do consumo que vai alm de um mero consumo de coisas
para o corpo e sim o consumo do corpo. O indivduo passa a construir
um corpo como uma estratgia para sua auto divulgao no meio
social.
Nesse contexto, a pesquisa de campo tambm me levou a discusso de
sade uma vez que esta endossada correntemente no meio fitness pelos
praticantes de musculao como
motivao principal de sua empreitada e a esttica mencionada por
eles como algo secundrio e decorrente da manuteno do estilo de vida
saudvel. Nesse nterim h a banalizao do uso de suplementos
alimentares, bem como anabolizantes que passam a ser vistos como
parte de um tratamento e ao mesmo tempo no so vistos com o status
de medicamento e sim como aditivos que podem potencializar a sade e
a esttica.
A musculao nesse mbito entendida como uma tcnica corporal em
relao ao rendimento, uma vez que os movimentos dos praticantes so
de certa forma adestrados para um fim, qual seja, a definio
muscular e extirpao da gordura corporal, bem como a imitao
prestigiosa daqueles que no presente campo, a sala de musculao
possuem um maior capital corporal. O habitus desse grupo em relao
musculao de d pelo constante trabalho muscular para um fim, bem
como h a diviso sexual do trabalho muscular; prioritariamente
os
homens malham as partes superiores do corpo, que so consideradas
socialmente masculinas e as mulheres malham as partes
inferiores.
Os excessos so cometidos quando os resultados almejados no so
conseguidos e por ser a musculao um processo lento, o que leva
muitos a treinarem lesionados e tambm apresentarem overtrainnig, ou
seja, fadiga muscular por excesso de treinamento, bem como a
administrao errada de suplementos alimentares e anabolizantes.
Nesse mbito a dor vista como uma parte do treino e esta tambm
denota que os resultados almejados esto sendo conseguidos, o que
leva com que a dor por uma leso seja banalizada, uma vez que esta
inerente as conquistas pelo corpo com uma total delineao muscular.
Por isso o lema das academias em geral uma expresso norte
americana, no pain no gain. Aqui as noes de sade e doena ficam um
pouco confusas, pois a dor algo visto comumente como inerente
doena,
mas nesse caso visto como um passo para se conseguir a sade
perfeita. E tambm a cura nesse caso a eliminao da gordura e isso
pode ser constatado pela expresso corpo sarado que o corpo
tracejado de msculos em oposio ao corpo doente, dos obesos ou
anorxicos.
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ANTROPOLOGIA DO CORPO E CONSUMO ATRAVS DA ANLISE DA
VIGOREXIA
A mdia, sobretudo a mdia impressa, no mbito desse trabalho, uma
das maiores reprodutoras dos padres de corpo existente nas
sociedades. Dentro da academia de ginstica e musculao torna-se
impossvel no se influenciar com as imagens, primeiramente dos
professores e alunos veteranos que possuem um capital corporal
valorizado dentro do local e depois das revistas nos quais os
modelos possuem um corpo inatingvel pela maioria dos indivduos. As
intervenes digitais muito presentes nesse tipo de mdia no so
percebidas e quando o so, os indivduos as ignoram o que faz com que
a confuso entre o real e a imagem seja iminente, o que faz com que
o corpo se torne uma mercadoria-signo, ou seja, alm de ser
amplamente consumido algo que d status ao seu possuidor bem como o
possibilita mediar suas relaes sociais atravs desse. A vigorexia,
assim como descrita pelos meios biomdicos, no foi encontrada no meu
campo, ou seja, no encontrei nenhum praticante que eu poderia
afirmar ser vigorexo, porm, o vcio em musculao, ou pelo menos, em
estar na academia
constantemente mesmo que correndo na esteira foi o mais
evidenciado pelos prprios praticantes bem como pela observao
participante. A vontade de estar em forma como uma maneira de
autoafirmao bem como uma maneira de ser visto aos olhos dos outros
recorrente. O
corpo passa ento a ser vetor dos desejos de seu possuidor, passa
a ser o seu passaporte para as relaes sociais dentro de uma
sociedade em que os referencias se encontram fragmentados, em que
esse corpo como algo concreto d o respaldo de continuidade.
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CapaSumrioGrupo de trabalho I Cultura, Identidade e DiversidadeA
cultura afro e a percepo de religiosidade no Brasil atualA produo
social da marginalidade entre flanelinhas da cidade de Maring-PR A
relao entre religies africanas e malandragem na belle-poque
cariocaAntropologia do corpo e consumo atravs da anlise da
vigorexiaAproximaes entre Bourdieu e a etnologia Kaingang no
ParanCultura e natureza: a emergncia das novas sensibilidades no
sculo XIXMaria Bueno: um dilogo sobre religiosidade catlicaO
individualismo oitocentista e a renovao catlica contempornea:
debate sobre a racionalidadeSujeitos religiosos e participao
polticaUm municpio chamado Curralinho: anlise sob o ponto de vista
da alimentao marajoaraZ Carioca e o homem cordial: um retrato do
brasileiro no cinema
Resumos Simples - Grupo de trabalho ICultura, Identidade e
DiversidadeGrupo de trabalho II Educao e ensino em debate:
perspectivas para as cincias sociaisA prtica escolar como novo
aprendizado ao cientista socialAlgumas reflexes a partir da anlise
do caipira e sua identidade no cinema brasileiroCrianas indgenas na
cidade: a educao infantil no Centro Social Mitangue-NhiriCultura
infantil e espao rural: o caso das crianas de MarialvaCultura
quilombola no Paran: uma experincia em sala de aulaCultura indgena,
escola e teoria outsider: um estudo sobre a estigmatizao do indgena
numa escolaSociologia na EJA: da teoria prtica
Resumos Simples - Grupo de trabalho IIEducao e ensino em debate:
perspectivas para as cincias Grupo de trabalho III Educao e ensino
em debate: perspectivas para as cincias sociaisA Esquerda e os
Movimentos Homossexuais na America LatinaAs polticas pblicas
urbanas: um breve discorrer sobre sua constituio de polticas
setoriais urbaDemocracia e desigualdade na avaliao de uma elite
no-estatalDiscursos e representaes: a DOPS e o PCB no norte do
Paran (1945-1953)Distintos padres de ao coletiva no municpio de
Sarandi-PRO conselho municipal de assistncia social de
Maring-PRPercepes de moradores de pequenos municpios com a chegada
das unidades prisionais: o caso de ValpSentimentos partidrios e
gnero no Brasil
Resumos Simples - Grupo de trabalho IIIMovimentos sociais,
polticas pblicas e lutas por represenGrupo de trabalho IV Poltica
Exterior e Relaes InternacionaisA ameaa terrorista e a redefinio da
segurana domstica dos EUA no incio do sculo XXIA paradiplomacia:
conceito e insero do profissional de relaes internacionaisALBA e
MERCOSUL: uma relao paradoxalBrasil e Chile: particularismos em
evidnciadIMENSES DA CRISE AMBIENTAL E A CONDUO DO TEMA NO
MERCOSULDimenses da crise ambiental e a conduo do tema no MERCOSULO
imperialismo estadunidense e sua conduta diante da crise de Kosovo,
massacre de Columbine e o 11 dO Plano Colmbia e o impacto nas
relaes entre Brasil e ColmbiaRazes da crise financeira
internacional: consideraes sobre Estado e mercadoSob os governos
Lula e Kirchner: os desafios da poltica bilateral entre Brasil e
ArgentinaUma agenda poltica de esquerda e prticas polticas de
direita: as contradies do Partido dos Trab
Grupo de trabalho V A produo do conhecimento nas Cincias
HumanasA produo do conceito CulturaPensando fronteiras a partir das
prticas: cincias sociais e comunicao
Resumos Simples - Grupo de trabalho VA produo do conhecimento
nas Cincias HumanasGrupo de trabalho VI Tecnologia, cultura e
comunicao: as dinmicas sociais do conhecimentono sculMdia e
democracia: uma anlise da repercusso dos debates eleitorais
presidenciais televisivos de 2Mulher e cinema: a representao do
feminino no cinema brasileiro (1958-1965)Performances e
significados de D. O. R.: proposta de dilogo entre Antropologia e
CinemaUm flneur transatlntico: uma anlise sobre o patrimnio
cultural de cidades-memrias entre SergipeVritas Mouseion 3D -
acervos expositivos do museu Galdino Bicho/IHGSE com rotao em
360
Reesumos Simples - Grupo de trabalho VITecnologia, cultura e
comunicao:as dinmicas sociais do cGrupo de trabalho VII Teoria
SocialA ontognese da atividade criativa a partir de G. LukcsA
problemtica gnosiolgica e a ideologia em MarxO urbanismo como modo
de vida na obra Sobrados e Mucambos, de Gilberto Freyre
Resumos Simples - Grupo de trabalho VIITeoria Social