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Cascos de Insularidades sob “CLARIDADEs” em Mar Alto Escritas de Cabo Verde Ana de Neves Rodrigues Frequência de Doutoramento em Línguas, Literaturas e Culturas, Especialidade Literatura Comparada, na FCSH – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. [email protected] Artigo realizado no âmbito do Mestrado em Estudos Regionais e Locais Universidade da Madeira, 2010. 1
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Cascos de Insularidades sob CLARIDADEs em Mar Alto - Escritas de Cabo Verde

Mar 01, 2023

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Page 1: Cascos de Insularidades sob CLARIDADEs em Mar Alto - Escritas de Cabo Verde

Cascos de Insularidades sob “CLARIDADEs” em Mar

Alto

Escritas de Cabo Verde

Ana de Neves Rodrigues

Frequência de Doutoramento em Línguas, Literaturas eCulturas,

Especialidade Literatura Comparada, na FCSH – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da

Universidade Nova de [email protected]

Artigo realizado no âmbito do Mestrado em Estudos Regionaise Locais

Universidade da Madeira, 2010.

1

Page 2: Cascos de Insularidades sob CLARIDADEs em Mar Alto - Escritas de Cabo Verde

ÍNDICE

1-Introdução 3

2-Cascos de Insularidades 4

3-Grandes Escritores Caboverdianos do

Século XIX

6

a.Francisco de Paula Medina e

Vasconcelos

6

b.D. Antónia Gertrudes Pusich 6

c.D. Gertrudes Francisca Lima e

os Almanaques do século XIX

7

d.Eugénio de Paula Tavares 8

e.Jorge Vera-Cruz Barbosa 9

4-Nas vésperas da “Claridade”

artística

10

a.Baltazar Lopes 10

2

Page 3: Cascos de Insularidades sob CLARIDADEs em Mar Alto - Escritas de Cabo Verde

b.Manuel Lopes 11

5-“Claridade” – a grandiosa árvore do

Humanismo

11

6- Conclusão 13

7-Bibliografia 13

1-Introdução

O alvo deste trabalho é o de tentar encontrar alguns

fragmentos da produção literária caboverdiana até ao

aparecimento da revista Claridade, em 1936. Por entre

passagens e paisagens de Cabo Verde, verificamos que a

insularidade se encontra patente em cada esquina e a sua

arquitectura é singelamente esculpida por entre

translúcidos sentimentos de mar e tórridas experiências de

plantações de milho, secas, fomes, doenças, colonizações,

servidão, emigrações, saudades e regressos de quem jmais

desiste de tentar voltar à sua ilha. Por entre as frinchas

3

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de cada escrita surgem imagens da grande dignidade de um

povo que se recusa a negar as suas raízes. Perante tal

dimensão e riqueza literárias, mencionaremos apenas alguns

escritores que deram a conhecer ao mundo a identidade

caboverdiana e a intensidade de tal crioulidade.

Reza a História que a posteriormente denominada Ilha da Boa

Vista assistiu, pela primeira vez em 1460, à ancoragem das

embarcações portuguesas, tendo sido assim nomeada após a

longa permanência dos homens no mar. As ilhas de Santo Antão,

São Vicente, Santa Luzia, São Nicolau e Santiago, canonizando na

memória dos povos o dia do seu achado, destacam-se da Ilha

de Maio, reveladora do mês da descoberta, da Ilha do Fogo,

cujo vulcão a dominava, da Ilha da Boa Vista e da Ilha do Sal,

pelas extensas salinas nela existentes. No entanto, a

adversidade flutuante fazia-se sentir perante um restante

pedaço de terra à qual foi dado o nome de Ilha Brava.

Descoberto o território, apoderam-se dos cerca de 4000 km2,

em que os portugueses desempenharam um papel fundamental na

colonização porque apresentaram-se com o domínio da

tecnologia para cultivo dos solos difíceis, o que criou na

população a expectativa de melhoria do nível de vida geral.

E foi isto que fez com que os portugueses, contrariamente

aos outros povos invasores, fossem aceites na comunidade1.

A transplantação de povos para uma região inóspita e com

um clima desfavorável deu origem a uma sociedade detentora

de características particulares onde prevaleceu, não só a

organização e a gestão institucional do colonizador, mas1 Cf. Russel Hamilton, Literatura Africana Literatura Necessária II - Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Lisboa, Lisboa, Edições 70, Bibliotecade Estudos Africanos, 1984, p.93.

4

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também onde o idioma destes foi aceite como referência

identitária. Foi graças a este pormenor que a sociedade

caboverdiana se foi metamorfoseando numa "sociedade

unitária e homogénea"2 e a isso não terá sido alheio "um

contínuo alargamento da área ou do campo de propagação do

mestiço"3.

Da triangulação do tráfego negreiro intracontinental, em

que os escravos eram capturados em África e levados para o

arquipélago de Cabo Verde, de onde partiam para a Europa e

Brasil para trabalharem nas explorações de cana-de-açúcar,

algodão e café, até aos internos movimentos de libertação,

viveram-se conjunturas sequenciais de apogeu e queda, dando

acesso até à tão desejada conquista da independência em

1975.

Na literatura também se vislumbram “nesgas”4 desse sol

revelador, reflexo das mudanças políticas sofridas no

arquipélago e sentidas com o final da monarquia e a

implantação da república em 1910, posteriormente

interrompida pela ditadura militar em 1926 e a instauração

do Estado Novo, que se prolonga até 1933. Sentem-se

resquícios de uma outra fase da produção literária até à

independência nacional de 1975, seguindo-se a primeira

república até 1990, e a segunda república até ao ano 2000.

2 Gabriel Mariano, "A mestiçagem: seu papel na formação da sociedade caboverdiana", in Suplemento Cultural, Boletim de Propaganda e Informação,Praia, publicação da Imprensa Nacional, Outubro de 1958, p. 11. 3 Luís Filipe de Sousa Martins Torres de Carvalho, Rebeldia e Sensualidade nosuplemento Cultural (Uma perspectiva de produção literária dos poetas “insubmissos”), Tese de Mestrado na F.L.U.L., acedido em 03/07/2010 em: http://www.fl.ul.pt/posgraduados/teoria_literatura/CarvalhoL1.pdf 4 Almeida Garret, Viagens na Minha Terra, Cap. I, Porto Editora, Outubro,2005.

5

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Actualmente, 10 anos passados, também a terceira república

tem dado à luz produções literárias de grande interesse5.

2-Cascos de Insularidades A necessidade que todos os povos possuem de conhecer a

matriz histórica do seu passado torna-se fundamental para a

auto-afirmação perante as culturas dominadoras, razão pela

qual o povo caboverdiano, tal como outras gentes,

reivindique para si o mito da Atlântida, com toda essa

amplificada cultura e civilização submersas.

A palavra, enquanto suporte de vivências, estimula o

despertar das consciências para o brotar de novas árvores

que o mesmo solo, regado por chuvas diferentes, começa a

produzir. De profundas raízes e troncos consistentes, os

seus ramos sólidos e firmes permitem antever a folhagem do

Humanismo, enquanto as árvores dão os seus frutos,

distinguindo-as de todas as outras espécies. Através das

tradições orais, das canções e da literatura, os rebentos

espelham bem as imagens da crioulidade que se instala

sempre que o ritmo do batuco rima com palavras de finaçon,

por entre os contos fantásticos da “boca da tarde”6. Os

cerimoniais espelham bem a ligação do povo com o

transcendente, com o milagre do nascimento e com a

transição ocorrida na morte. As vivências caboverdianas5Manuel Brito-Semedo, Divisão das fases da literatura caboverdiana, acedido a01/07/2010 e consultada em:http://memoria-africa.ua.pt/library/searchRecords/TabId/166/language/pt-PT/Default.aspx?q 6 Manuel Veiga (coord.), Cabo Verde, Insularidade e Literatura, Ed. Kaithala,Praia, 1998.

6

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ganham forma através dos conteúdos das cantigas de

trabalho, as quais jamais podem ser ignoradas neste humilde

processo de construção da crioulidade esclavagista que se

metamorfoseia através da abolição da escravatura e passa a

ver-se ao espelho na Escola, essa grandiosa instituição

destinada à educação e à homogeneização social e cultural.

Apesar da necessária mudança de mentalidades tornar o

processo bastante demorado, o ser ou o não querer ser crioulo

reflectem bem a indecisão constante entre a aceitação e

afirmação dessa mesma crioulidade. Se considerarmos, não o

fenómeno em si mesmo, mas a sua origem, então talvez

possamos ter em consideração a existência de crioulidades.

Se a localização geográfica for o nosso ponto de partida,

certamente que consideramos Cabo Verde como um estado

africano. No entanto, se de uma perspectiva geoestratégica

se tratar, concluímos que a história e cultura

caboverdianas resultam de um palimpsesto de influências

africanas, mediterrânicas e atlânticas que, em uníssono,

construíram um ancoradouro de lusofonia e de latinidade.

As primeiras manifestações literárias surgem aquando

da imprensa em Cabo Verde, a qual permitiu a publicação do

Boletim Oficial em 18427. O processo foi lento e a imprensa

privada só assume o seu papel na sociedade a partir de

1877. É nesta altura que Eugénio Tavares se destaca pois,

enquanto compositor das famosas canções crioulas designadas

de mornas, ele é um acérrimo defensor da sua terra e da sua

gente. 7 Laranjeira Pires (1995), As literaturas africanas de língua portuguesa, Universidade Aberta, Lisboa.

7

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A primeira obra em prosa data de 1856. Intitulada O

Escravo é da autoria de José Evaristo de Almeida, e baseia-

se num contexto histórico caboverdiano que denuncia a falta

de humanidade da escravatura. A primeira publicação em

poesia foi a Biographia de António Pusich, datade de 1872 e da

autoria da sua filha Gertrudes.

3-Grandes Escritores Caboverdianos do Século XIX

a. Francisco de Paula Medina e Vasconcelos (1768-

1824),

Ao considerar os escritores de Cabo Verde, e em

especial aos que expressam na sua produção literária um elo

com a Madeira, não nos devemos cingir apenas aos que

nasceram nas ilhas caboverdianas, mas também aos que lá

viveram, deixando a sua impressão digital nos seus

escritos.

Foi, entre outros, o caso de Francisco de Paula Medina e

Vasconcelos que, tendo ingressado na Universidade de

Coimbra, foi preso em 1790 após diversas actividades

políticas revolucionárias. De regresso ao Funchal em 1792

volta a rebelar-se, sendo preso e condenado a oito anos de

degredo em Cabo Verde8. Apesar do percurso replecto de

8 Manuel Veiga (coord.), Cabo Verde, Insularidade e Literatura, Ed. Kaithala, Praia, 1998.

8

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turbuência, era considerado um prestigioso poeta, com

várias publicações9. No entanto, a que obteve mais impacto

foi Zargueida: descobrimento da Ilha da Madeira, considerada um

poema heróico com informações históricas de relevo, para

além dos pormenores da lenda de Manchim e de relevantes

descrições, não apenas topográfica, mas também relacionadas

com a flora e a fauna da ilha10, e do qual inserimos em

anexo apenas o Canto V, a título de exemplo.

b. Antónia Gertrudes Pusich (1805-1883)

A Ilha caboverdiana de São Nicolau assistiu ao nascimento

daquela que viria a ser a “dama de ferro” do jornalismo,

pois revelou ser a primeira mulher a desafiar a hegemonia

masculina ao assinar o cabeçalho de um jornal português sem

recorrer a pseudónimos. A educação que recebeu do pai, de

origem nobre e detentor de uma vasta fortuna, demonstrou

ser fundamental para o seu percurso de vida pois, desde

criança, sempre acompanhou os pais na ajuda prestada às

populações de Cabo Verde, vítimas de prolongadas secas e

das sequentes doenças e fomes. É a própria que alega ter

sido o seu pai a terminar com os castigos corporais

aplicados em público pelo anterior governador. Ainda em

tenra idade, aprendeu a ler e a praticar a arte da escrita

através de singelos versos, ao mesmo tempo que aprendia

várias línguas. Era ela quem acompanhava o pai quando este

9 Poesias Lyricas de Medina (1797); Sextinas Elegíacas (1805) Zargueida (1806); Georgeida (1819), entre outras. 10 Francisco de Paula Medina e Vasconcelos, Zargueida, in Biblioteca Pública Regional da Madeira, consultado a 06/07/2010 e disponível em: http://www.bprmadeira.org/imagens/documentos/File/bprdigital/ebooks/Zargueida1806b.pdf

9

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percorria as diversas ilhas, e era sua a função de tirar

notas, assim como redigir alguns documentos. Só após passar

por três casamentos e onze filhos é que teve a sua primeira

publicação em 1841. Foi graças à sua enorme persistência e

frontalidade que o jornalismo lusófono, através do

vespertino O Liberal, assistiu a mudanças culturais que

marcaram a história de Cabo Verde. Para além disso, fundou

ainda outros três jornais de grande relevo, transmitindo a

ideia de que todas as mulheres podiam passar a ser parte

activa da vida política e social da sociedade despertando

nelas o seu sentido cívico.11

Das suas obras destacam-se Olinda ou a Abadia de Comnor

Place, inspirada numa novela de Walter Scott. Para além de

escrever histórias de terror por entre castelos, ruínas,

fugas, salteadores, mortes e tempestades, dedicou-se também

a escrever sobre episódios da vida dos elementos das

famílias reais com as quais travava enorme amizade, tarefa

bastante facilitada pela sua longevidade. Foi, no entanto,

o facto de ter sido a fundadora de três periódicos que a

assinalou como a primeira jornalista portuguesa, deixando

transparecer a sua personalidade multifacetada de pedagoga,

para além de activa na vida social e política da época. Das

suas produções literárias destaca-se o poema “Madeira”,

compilado na obra de Nuno Catharino Cardoso publicado em

191712. De regresso a Lisboa passa a residir na Rua de São

Bento, tendo vindo a falecer a 6 de Outubro de 1883.11 Maria Luisa V. Paiva Boléo, Antónia Pusich (1805-1885) a primeira jornalistaportuguesa, in Portal O Leme, consultado a 08/07/2010 em:http://www.leme.pt/biografias/pusich/12 Nuno Catharino Cardoso (1887), in Canadian Libraries, Poetisas Portuguesas, Livraria Scientífica, Lisboa, 1917.

10

Page 11: Cascos de Insularidades sob CLARIDADEs em Mar Alto - Escritas de Cabo Verde

c. D. Gertrudes Francisca Lima e os Almanaques do

Século XIX

Nascida na ilha de Santo Antão, sempre foi considerada

uma mulher muito inteligente e instruída. Educada num

colégio particular em Coimbra, inicia-se na escrita sob as

temáticas do mar, da tempestade, não esquecendo os abismos

por entre caminhos que mais pareciam de animais do que para

homens, para além das histórias fantásticas de feiticeiras

e duendes. Em 1895 foi colaboradora do Almanaque Luso-Africano

(1894-1899) tendo também publicado várias poesias no

Almanaque das Lembranças.

Os Almanaques exercem aqui um papel educador e

informativo de suma importância, não só para os leitores,

mas também para os analfabetos que, ao serão, desfrutam

destas leituras13. Tematicamente orientado para a vida

urbana, é direccionado para a toda a comunidade com o

intuito de difusão de conhecimentos múltiplos. Para além do

habitual calendário, dá espaço à poesia e à prosa,

acompanhadas de ilustrações desenhadas para o efeito. Este

facto demonstra o importante papel do editor ou fundador,

pois é ele que selecciona os autores, os ilustradores e os

temas da publicação, facilitando o acesso aos textos

originais e incentivando a leitura e a aprendizagem. Os

Almanaques do século XIX apresentam temáticas ligadas ao

clima, aos transportes marítimos e ferroviários, ao13 Carla Gastaud, Erudição e Ignorância no Novo Almanach de Lembranças Luzo-Brasileiras para o ano de 1887, Resumo, UFRGS, Brasil, consultado a 12-07-2010e disponível em: http://www.faced.ufu.br/colubhe06/anais/arquivos/307CarlaGastaud.pdf

11

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lançamento de selos de correio, ao aconselhamento sobre

medicamentos e aos respectivos testemunhos de curas, assim

como a temáticas gerais ligadas à história, geografia,

agricultura ou etnografia. São, também, expostos casos

reais de situações ridículas ou de demonstração de

ignorância, lado a lado com a insistência na aquisição de

conhecimentos e de instrução para obtenção da formação

cívica básica.

d. Eugénio de Paula Tavares (1867-1930)

Nasce a 18 de Outubro de 1867 na Ilha Brava14, tendo a sua

mãe morrido no parto. Três anos depois o pai morre em

serviço na Guiné, peo que o menino fica a cargo do médico

José Martins de Vera Cruz e da sua irmã, D. Eugénia da Vera

Cruz Medina e Vasconcelos. Em 1882 é publicado o seu

primeiro poema no Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, numa

dedicatória à sua madrinha. Depois de contrair marimónio

com D. Guiomar Leça em 1887, publica uma selecção de

canções crioulas em 1895, às quais dá o nome de Manidjas. Em

1899 começa a publicar textos na Revista de Cabo Verde que era

editada em Lisboa. Em 1900 vê-se obrigado a exilar-se nos

Estados Unidos para fugir à perseguição colonial, dando

início ao jornal Alvorada, e tendo regressado apenas em

1917. Assim que volta a Cabo Verde envolve-se na

colaboração de vários periódicos, entre eles o Manduco,

publicado na Ilha do Fogo, o Independente da Praia, o Futuro de

Cabo Verde, o Progresso Mindelense de São Vicente, para além de

14 Carlos Loures, Eugénio Tavares, Vidas Lusófonas, acedido a 05/07/2010 econsultado em: http://www.vidaslusofonas.pt/eugeniotavares.htm#_ftn5

12

Page 13: Cascos de Insularidades sob CLARIDADEs em Mar Alto - Escritas de Cabo Verde

também fundar A Voz de Cabo Verde. Colabora no Correio Português,

de New Bedford, colabora com A Tribuna, da Ilha Brava, para

além de compor e publicar uma canção dedicada à República.

Para além das publicações de Cartas Caboverdianas, Amor que Salva

ou A Santificação do Beijo, ou Mal de Amor, após a morte do pai

adoptivo, e depois de julgado e absolvido, regressa à Ilha

Brava e, juntamente com amigos, cria a Escola Governador

Guedes Vaz e funda a Troupe Musical Bravense. Vivia-se o

ano de 1927 quando o governador-geral Guedes Vaz visita a

ilha e apresenta a Eugénio Tavares um pedido de desculpa

pelas ofensas proferidas pela anterior governação. O dia 1

de Junho de 1930 vê-o abandonar este mundo em sequência de

uma crise de angina de peito. Edições póstumas surgiram,

tais como Mornas – Cantigas Crioulas, mantendo a sua memória

viva até à actualidade.

e. Jorge Vera-Cruz Barbosa (1902-1971)

Nascido em 1902 na Ilha de Santiago, Jorge Barbosa é

um nome sonoro da crição da revista Claridade e dos

movimentos político-sociais, e também literários, que a

mesma representa. Funcionário público de profissão, Barbosa

não se cansa de intervir no mundo intelectual da época. O

ano de 1936 é considerado o ano de viragem na literatura

caboverdiana com o aparecimento da Revista Claridade, onde

escreve Arquipélago, um texto que revela mudanças na produção

literária e considerada a obra que abriu caminho para a

Modernidade e o Realismo insular. As razões de tais

afirmações prendem-se com o estilo de poesia que, em tom de13

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lamento, denuncia as problemáticas vigentes: a fome, o

drama da chuva, a desilusão, a perda das sementeiras. É

desta forma que o abandono da precedente visão romântica e

a utilização da poesia para plasmar temas do quotidiano,

assume uma estética realista.

Sendo um contador de histórias15, publica no nº 2, e

último, da revista Certeza (1944), em plena II Guerra Civil,

um conto intitulado O Galo que cantou no Baía, cuja peripécia se

assume num contexto que explica os grandes motivos da

literatura caboverdiana neste novo ciclo de produção

literária ligada à emigração, o ir ou ficar.

Anteriormente, tais temas também eram abordados, mas

numa perspectiva romântica, como no caso do poema Triste

Regresso de Eugénio Tavares, em que apresenta a seca

prolongada com os versos “as nuvens vão / fugindo na

amplidão / sem que uma gota de água enviem lá e cima…”16.

Barbosa, no entanto, apresenta o quotidiano de forma muito

objectiva, sem rodeios mas recheado de pormenores, de que o

Poema “Prelúdio” é uma boa ilustração,17 o qual se

encontra, na íntegra, nos Anexos.

Para além disso escreveu ainda Ambiente em 1941 e

Caderno de um Ilhéu em 1956, tendo vindo a falecer em Portugal

em 1971.15 Alberto Carvalho, A Narrativa Caboverdiana: nacionalidade e nacionalismo, in Revista de Filologia Românica da Univ. Clássica de Lisboa, consultado a 17/0/72010 e disponível em: http://revistas.ucm.es/fll/0212999x/articulos/RFRM0101220085A.PDF16 Eugénio Tavares, Triste regresso, Brava, 1900, in Manuel Ferreira, 50 poetas africanos, Lisboa, Plátano Editora, 1ª edição, s.d., p. 145.17 Jorge Barbosa, “Prelúdio”, António Miranda, Poesia Africana, disponível em: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/cabo_verde/jorge_barbosa.html

14

Page 15: Cascos de Insularidades sob CLARIDADEs em Mar Alto - Escritas de Cabo Verde

4-Nas vésperas da “Claridade” Artística

O período anterior ao da primeira publicação da revista

Claridade, em 1936 no Mindelo é, por alguns intelectuais,

considerado de pré-claridoso, pois era inspirado nas

características classicistas e românticas de influência

europeia. Com a publicação desta revista, que os

intelectuais consideram de emancipação cultural, social e

política da sociedade caboverdiana,18 evolui-se para uma

estética denominada de Novo Realismo.

Fundada por Baltasar Lopes, Jorge Barbosa e Manuel

Lopes, tinha o alvo principal de se afastar da influência

estetico-literária portuguesa e de dar voz ao povo. Dando a

primazia à língua crioula, renascida das cinzas após

décadas de repressão colonialista, Claridade apresentava-se,

também, como um mecanismo de desafio à autoridade

estabelecida. Sendo o dia-a-dia o tema fulcral, o objectivo

primordial era o de defender as raízes do povo. Assistia-

se, assim, não à adopção de uma estética vinda do exterior,

mas a um renascimento, um reencontro com a sua essência.

a. Baltazar Lopes (1907-1990)

18 Alberto Carvalho, Do Classicismo ao Realismo na Claridade, Instituto Camões –Revista de Letras e Culturas Lusófonas, nº 1, Abril-Junho 1998, acedido a 01/07/2010 e consultado em: http://www.instituto-camoes.pt/revista/claridade.htm

15

Page 16: Cascos de Insularidades sob CLARIDADEs em Mar Alto - Escritas de Cabo Verde

Com enorme talento multifacetado, licenciado em

Direito e em Filologia Românica, foi advogado, e professor

no Liceu Gil Eanes, na ilha de SãoVicente, durante vários

anos, filólogo, escritor e um dos fundadores da revista

Claridade, contribuíndo para a grande mudança ocorrida na

literatura caboverdiana e tendo, muitas vezes, assinado os

seus poemas sob o pseudónimo de Osvaldo Alcântara.

Entretanto, em 1947, rasga caminho para o novo romance

Chiquinho19, que a Claridade publica em fascículos20, tornando-

se o seu romance mais conhecido. Deixou-nos também uma

completa descrição dos crioulos de Cabo Verde21.

b. Manuel Lopes (1907-2005)

Nascido na Ilha de São Vicente a 23 de Dezembro de

1907 foi, apesar contrariado, levado por familiares para

residir em Coimbra durante quatro anos, onde ficou até aos

18 anos de idade. Na memória permaneceu um indelével

desenraizamento que resultou num constante sentimento de

nostalgia visível ao longo de toda a sua obra poética. De

regresso à sua terra natal, começa a trabalhar no Telégrafo

Inglês, ao mesmo tempo que produz variadas obras literárias19 Alberto Carvalho, De Baltazar Lopes, a Obra e o Homem, Revista ICALP, vols.16 e 17, Junho-Setembro de 1989, 245-252, in Instituto Camões – Revista de Letras e Culturas Lusófonas. 20 Maria Aparecida Santilli e Suelly Fadul Vilibor Flory (org.), Literaturas de língua portuguesa, Cabo Verde – Ilhas do Atlântico: em prosa e verso, 2001, II, pp. 85-114, consultado a 17/07/2010 e disponível em: http://www.google.com/books?hl=pt-PT&lr=lang_pt&id=sxDihLdQC58C&oi=fnd&pg=PA13&dq=peri%C3%B3dico+certeza+cabo+verde&ots=iVc3IlyJs5&sig=_yosHhNFehRryaWu8Kz6y6_k0OY#v=onepage&q&f=false21 Baltazar Lopes, O Dialecto Crioulo de Cabo Verde, Lisboa, Imprensa Nacional,1957.

16

Page 17: Cascos de Insularidades sob CLARIDADEs em Mar Alto - Escritas de Cabo Verde

abrangendo vários estilos, a saber, poesia, ensaios,

contos, romances e uma antologia poética. Quando

questionado acerca da temática recorrente que aborda,

respondeu “sempre o mar ou a ilusão do mar à volta”22. Aos

noventa e oito anos de idade, um dos bairros antigos de

Lisboa assiste ao desaparecimento de Manuel Lopes, o último

sobrevivente caboverdiano da primeira geração "Claridosa".

Poeta sensível e ensaísta perspicaz, distingue-se pela

empatia humana visível nas personagens que cria. A 26 de

Janeiro de 2005 o seu corpo foi cremado no Cemitério do

Alto de São João, em Lisboa, onde repousam as suas cinzas.

5-“Claridade” – a grandiosa árvore do Humanismo

Cabo Verde vivia uma grande necessidade de mudança a

nível intelectual, a qual se iniciou com a publicação da

revista Claridade, em 1936. Os momentos vividos com a sua

publicação são considerados “claridosos”, pois toda a

fruição girava ao seu redor.

A revista conta-nos a história de uma aventura em que

Cabo Verde é a personificação do viajante que, deslocando-

se no colossal cenário do Mundo, percorre as rotas do

Humanismo23. É precisamente aqui que o rosto da crioulidade

começa a assumir novas cores e contornos sem nunca perder

22 João Nobre de Oliveira, "A Imprensa Cabo-verdiana 1820-1975", ediçãoFundação Macau, Setembro de 1998, disponível em: http://www.spigamidju.com/BIOGRAPHY/manuel_lopes.htm23 Imagem de Tamarindo retirada da Fonte: http://clearingskies.com/Images/tamarind%20tree.jpg

17

Page 18: Cascos de Insularidades sob CLARIDADEs em Mar Alto - Escritas de Cabo Verde

as marcas da sua insularidade. Um sentimento brota deste

viajante, que é o de conquistar os novos horizontes da

irmandade. Enquanto o obscurantismo do Passado o levara,

contra a sua própria vontade, para territórios distantes e

desconhecidos, o Humanismo iluminista daquele momento

Presente instiga-o a conhecer e a conquistar novos torrões

existenciais, não permitindo que esse definhar pelo

desandar do Tempo o condene à destruição.

É na cidade de Mindelo, palco de emancipação social,

política e cultural, que germina a revista Claridade,

tornando-se um marco cultural entre o “antes” e o que se

almeja para o futuro. O Classicismo e os referenciais

românticos portugueses, dominantes ao longo do século XIX,

dão lugar ao movimento estético contemporâneo denominado

Realismo, visto espelharem “as realidades do quotidiano do

povo”24 apesar de tais iniciativas partirem da nova

burguesia liberal. Esta estética realista dava resposta à

nova situação social e contribuiu para a realização da

nação enquanto Estado.

Ao mesmo tempo, tal realismo bastante apurado permitiu

adaptar a revista aos seus colaboradores, entre eles José

Lopes, Januário Leite, Félix Monteiro, António Aurélio

Gonçalves, Gabriel Mariano, Jaime de Figueiredo, Pedro

Corsino de Azevedo, António Nunes, Henrique Teixeira de

Sousa, Jorge Pedro Barbosa, Orlanda Amarilis, Guilherme

Rochetau, Virgílio Pires, Artur Vieira, Viriato Gonçalves e

Arnaldo França, escritores e intelectuais considerados

24 Alberto Carvalho, Do Classicismo ao Realismo na “Claridade”, Camões – Revista de Letras e Culturas Lusófonas, nº 1, Abril – Junho 1998.

18

Page 19: Cascos de Insularidades sob CLARIDADEs em Mar Alto - Escritas de Cabo Verde

claridosos, também eles participantes na revista Certeza e

no “Boletim dos Estudante” do Liceu Gil Eanes, ambos com os

seus primórdios em São Vicente.

De entre estes destacamos Nuno Miranda, aluno do

último ano do Liceu Gil Eanes, que se vislumbra no nº 2 do

periódico Certeza25.

6- ConclusãoAssim nasceu a Modernidade da Literatura Caboverdiana,

em que os episódios realistas eram o ponto central da

produção intelectual. Em sequência desta fruição do olhar o

eu e o outro com olhos iluminados, a década de 60 inicia o

que os intelectuais denominaram de fase pós-claridosa. A

emergência da literatura caboverdiana afirma-se pela

consciência da diferença perante e outro, europeu ou

africano. Esta consciência baseia-se, não só na diferença

da epiderme, mas também na histórica, social e cultural.

Finalmente, os cascos das insularidades, durante

séculos espalhados em mar alto, davam à costa, através das

prásinas águas cristalinas que adormecem no fino abraço das

areias mornas. É Claridade quando surge a doçura do

verdadeiro e divino subtilmente decalcado para que todos os

homens, de todas as gerações, recordem que a essência

25 Simone Caputo Gomes, A poesia de Cabo Verde: um projecto identitário, consultadoa 17/07/2010 e disponível em: http://simonecaputogomes.com/textos/a%20poesia%20de%20cabo%20verdeL.pdf

19

Page 20: Cascos de Insularidades sob CLARIDADEs em Mar Alto - Escritas de Cabo Verde

reside, não no nome que damos às coisas, mas na sua própria

natureza.

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PT&gl=pt&pid=bl&srcid=ADGEESiHmxbc---

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MFCVxaJT4jpNQ8yOmQEA25

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8. ANEXOS

1. Zargueida: descobrimento da Ilha da Madeira, poema heróico, de

Francisco de Paula Medina Vasconcelos, Lisboa, 1806.

2. Madeira, poema de D. Antónia Gertrudes Pusich.

3. Os três periódicos fundados por D. Antónia Gertrudes

Pusich

4. D. Gertrudes Ferreira Lima.

5. Poema Prelúdio, de Jorge Barbosa.

6. Reprodução da capa do 1º número da Revista Claridade

1 - Zargueida: descobrimento da Ilha da Madeira, poema heróico, de

Francisco de Paula Medina Vasconcelos, Lisboa, 1806.

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2- Madeira, poema de D. Antónia Gertrudes Pusich

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3 - Os três periódicos fundados por D. Antónia Gertrudes

Pusich

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4 - D. Gertrudes Ferreira Lima

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Prelúdio

Quando o descobridor chegou à primeira ilhanem homens nus

nem mulheres nuasespreitando

inocentes e medrososdetrás da vegetação.

Nem setas venenosas vindas do ar nem gritos de alarme e deguerra ecoando pelos montes.

Havia somenteas aves de rapina

de garras afiadasas aves marítimas

de vôo largoas aves canoras

assobiando inéditas melodias

E a vegetaçãocujas sementes vieram presas

nas asas dos pássarosao serem arrastados para cápelas fúrias dos temporais.

Quando o descobridor chegoue saltou da proa do escaler varado na praiaenterrando o pé direito na areia molhada

e se persignoureceoso ainda e surpreso

pensa n´El-Reinessa hora entãonessa hora inicial

começou a cumprir-se

5 – Poema Prelúdio, de Jorge Barbosa

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6 - Reprodução da capa do 1º número da Revista Claridade

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