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272 Histria, Cincias, Sade Manguinhos, Rio de Janeiro
TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA
Caminhos percorridos pelo dr.Jorge Clarke Bleyer nos campos
da medicina tropical e dapr-histria brasileira
Paths taken by Dr. Jorge ClarkeBleyer in the fields of
tropical
medicine and Brazilian prehistory.
Georg Carl Adolf Bleyer, mdico, higienista e naturalista,
nasceuem Hannover, a 21 de janeiro de 1867, filho de Friedrich
KarlCristoph Caspar Bleyer (1835), alemo de Linden, e Carolyn
AmalieClarke (1836), nascida em Manchester (Inglaterra). poca,
Pasteurcomeava a descortinar o mundo dos micrbios e parasitas,
toxinas eantitoxinas, vacinas e soros associados promessa de novos
horizontespara a humanidade.
Terezinha de Jesus Thibes Bleyer Martins Costa
SHIS QI 11 Conjunto 8 Casa 2471625-280 Braslia DF Brasil
Esta nota de pesquisa apresenta uma avaliao preliminar da
trajetria de Georg CarlAdolf Bleyer, mdico, higienista e
naturalista que desempenhou papel crucial nainstituio da sade
pblica em Santa Catarina, e que foi um dos pioneiros da
medicinatropical, da antropologia e da arqueologia no Brasil.
Adolpho Lutz foi um dos principaisinterlocutores, no Brasil, desse
mdico igualmente polivalente que publicou importantestrabalhos em
peridicos alemes. O estudo mais aprofundado de sua trajetria, almde
ser importante para a histria das mencionadas disciplinas, permite
conhecer ascondies em que eram exercidas as prticas mdica e
cientfica em cenrios perifricosaos grandes centros urbanos do
Sudeste do Brasil, que dominam a historiografia damedicina e das
cincias.
PALAVRAS-CHAVE: Georg Carl Adolf Bleyer, medicina tropical,
histria da sade pblica,ndios do Brasil, histria da
microbiologia.
This research note presents a preliminary evaluation of the life
history of Georg CarlAdolf Bleyer, physician, hygienist and
naturalist who played a crucial role in the institutionof public
health in Santa Catarina and was a pioneer in tropical medicine,
anthropologyand archeology of Brazil. Adolpho Lutz was one of the
main partners in Brazil of thisequally multifaceted physician who
published important articles in German journals.His most thorough
study was important to the history of the disciplines with which
heworked; it provides the basis for understanding the conditions of
medical and scientificpractice in places far from the urban centers
of southeastern Brazil that dominate thehistoriography of medicine
and science.
KEYWORDS: Georg Carl Adolf Bleyer; tropical medicine; history of
public health; indiansof Brazil; history of microbiology.
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CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER
Devido s funes que o pai exercia junto Superintendncia daCasa
Real de Hannover, Georg teve uma educao privilegiada.Freqentou o 1
Gymnasium Real Zu Hannover e a KoeniglichenTechnischen Hochschule
Zu Hannover, onde se diplomou em cinciasnaturais, em 1888. esmerada
formao aliava a capacidade de falare escrever com fluncia alemo,
ingls, francs, italiano, grego e latim;a esse rol logo
acrescentaria tambm o portugus.
Bleyer cursou medicina em Londres, no University College,
onderecebeu o ttulo de doutor em 15 de outubro de 1891, ao defender
cumlaude tese intitulada Sclange Faune Den Tschland, Eine
Schilderungder im Ellittempa Lelunden (Fauna ofdica da Alemanha:
uma descriodas Ellittempa Lelunden). Esse estudo valeu-lhe a
indicao para integrara congregao dos lentes daquela universidade,
mas Bleyer no aceitoua honraria. Queria viajar, conhecer novas
terras, realizar investigaesde campo nos domnios da histria
natural, bacteriologia e antropologia,cincias que o fascinavam. Seu
gosto pelas expedies cientficas foiestimulado pelos livros em que
Karl von den Steinen (1885-1929),antroplogo de renome internacional
e professor da Universidade deBerlim, descrevia suas expedies ao
Brasil, em 1884 e 1889, inclusivea permanncia entre tribos
selvagens do Xingu. Das expedies deSteinen participaram o
naturalista Fritz Mller, o engenheiro EmilioOderbrecht, assim como
os drs. Paulo Ehrenreich e Vogel, co-autoresde obras sobre aspectos
antropolgicos, mdicos e geogrficos da regiodo Mato Grosso. Em seu
livro, Steinen narrou a viagem ao estado deSanta Catarina, em 1889,
onde percorreu a ilha do mesmo nome e, nocontinente, Laguna, o
municpio de Orlees e as serras limtrofes comSo Joaquim. Steinen
levou material abundante de estudo para o MuseuEtnogrfico e para a
Universidade de Berlim.1
Bleyer leu com entusiasmo suas narrativas, e ganhou de
presentede formatura uma viagem ndia e Amrica do Sul. Descreveu
osdias interminveis navegando sobre o mar dos Sargaos, e a
belezadas algas multicelulares que observou a. Ao chegar ao Brasil,
em1892, Bleyer refez o trajeto de Steinen e acabou se fixando
emBlumenau, localidade catarinense onde viviam seus compatriotas e
onotvel Fritz Mller. Sua chegada quela vila, onde quase no
havia
1 O relato da primeira expedio de Steinen consta em Durch
Central-Brasilien. Expedition zurerforschung des Sching im jahre
1884. Von Karl von den Steinen. Mit ber 100 text- undseparatbildern
von Wilhelm von den Steinen, 12 separatbildern von Johannes Gehrts,
einerspecialkarte des Schingstroms von Otto Clauss, einer
ethnographischen kartenskizze und einerbersichtskarte. Leipzig, F.
A. Brockhaus, 1886. H uma traduo brasileira feita por
CatarinaBaratz Cannabrava (Steinen, 1942). A segunda expedio deu
origem a Unter den naturvlkernZentral-Brasiliens. Reiseschilderung
und ergebnisse der zweiten Sching-expedition, 1887-1888,von Karl
von den Steinen Mit 30 tafeln (1 heliogravre, 11 lichtdruckbilder,
5 autotypien und 7lithogr. tafeln), sowie 160 text-abbildungen nach
den photographien der expedition, nach denoriginalaufnahmen von
Wilhelm von den Steinen und nach zeichnungen von Johannes
Gehrtsnebst einer karte von prof. dr. Peter Vogel. Berlim, D.
Reimer (Hoefer & Vohsen), 1894. Foitraduzido por Egon Schaden
(Steinen, 1940).
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274 Histria, Cincias, Sade Manguinhos, Rio de Janeiro
TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA
Georg Carl Adolf Bleyer (1867-1955).
mdicos, foi providencial e ele logo comeou a trabalhar no
hospitallocal e em povoados prximos. O trabalho era intenso, e as
condiesde vida muito diferentes daquelas da Europa, a que estava
acostumado.Enfrentava toda sorte de dificuldades para assistir os
doentes moradoresna zona rural. Como era costume naquela poca, um
cliente mandoupublicar no jornal uma nota de gratido ao mdico,
transcrita, emparte, a seguir:
Enfermos: eu, minha mulher e duas filhinhas, acometidos por
gravssimase diferentes molstias, clarividncia e inimitvel dedicao
do caridosomdico, valeram-nos (a ns e a ele), o triunfo completo
nessa ingenteluta, sem trguas, travada h tantos meses.
Quantas vezes em noites frias e chuvosas o bom amigo fez o
percursode uma lgua, ou mais, da cidade minha habitao, sem nunca
semostrar constrangido ou fatigado, passando vigilante essas mesmas
noitesem busca de alvio aos seus doentes, isto , a mim e queles que
me socaros? Quantas? (O Imparcial, 11.9.1901)
Herdeiro dos ideais do romantismo alemo (1797-1815),
queAlexander Humboldt personificara como ningum, e, ao mesmo
tempo,protestante evanglico com slida formao religiosa, Bleyer era
umjovem que aliava a bondade aspirao de realizar grandes feitos
emprol da cincia e da humanidade.
Ao visitar um doente em estado grave em Lajes (SC), conheceu
AdelaideAugusta Neves, e com ela se casou em 1898. Apesar de no ser
formadaem enfermagem, tornou-se sua auxiliar onde quer que fosse
chamado,pouco importando os desconfortos das mudanas ou os
solavancos dasestradas precrias. O casal residiu em diversos
municpios e, por essemotivo, seus 11 filhos nasceram em
diferenteslocalidades.
As atividades de Bleyer no se limitaramao exerccio da clnica no
hospital e beira doleito dos doentes. Destacou-se, tambm,
comoprincipal defensor da higiene pblica noestado, e publicou
diversos trabalhos sobremedicina, zoologia, etnografia e
arqueologiaem revistas cientficas europias, sobretudo daAlemanha.
Tratou, por exemplo, de umalarva de Cuterebra na plpebra (1900);
umamulher adoecida com ictiofagia (1902), datoxidez da Cuatiara
(1903), das urtigasbrasileiras e uma urticria causada por
elas(1909), de um estranho tratamento ndiode um caso de tireoidite
parasitria (1923).Na vila onde residia, e nos stios e fazendasque
visitava, procurava ensinar aosmoradores os princpios de higiene
que eram
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CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER
1955).
veiculados pelos tratados europeus da poca, incorporando j
apreocupao com a transmisso de germes pelo ar, gua e outrosmeios
vivos ou inanimados. Insistentemente, exortava seus pacientese
concidados a no polurem as guas e a no devastarem a floranativa,
que considerava essencial purificao do ar. Alertava parao perigo
que representava a construo de estbulos e chiqueirosperto das
residncias e fontes de guas. Aconselhava queremovessem para fossas
profundas os monturos que exalavam maucheiro e poeiras
mefticas.
Bleyer (1905, pp. 78, 79) divergia do vis autoritrio
quecaracterizava o discurso dos higienistas brasileiros e europeus
naimplementao de medidas desta natureza. Ao comentar o
projetoapresentado Cmara Municipal de So Paulo pelo vereador
JosOsvaldo, declarou:
justo esperar plena correspondncia aos excelentes intuitos
queproduziram a aceitao destas medidas especiais, dignas de
imitaopor parte de outras municipalidades, para o bem geral
dacoletividade. Cumpre entretanto s autoridades incumbidas de prem
prtica estas medidas a obrigao de que usem de todos osmeios
suasrios e brandos que convencem, a fim de que no sejaaceita
antipaticamente a execuo destes meios profilticos que ahigiene
moderna necessita reclamar.2
Em 1905, por sua influncia, a Cmara Municipal de Curitiba
legislousobre a remodelao dos aougues da cidade, determinando que
ascarnes fossem cobertas com um tecido de arame ou outro qualquer,
afim de evitar o contato com as moscas.
Bleyer estava em sintonia com os trabalhos que vinham
sendopublicados no Brasil e no exterior a respeito do papel dos
insetos comohospedeiros de microrganismos e transmissores de
doenas. De quandoem vez fazia viagens ao Rio de Janeiro para
consultar livros e peridicosnas bibliotecas da Faculdade de
Medicina e do Instituto Oswaldo Cruz(IOC), e para visitar os
laboratrios deste Instituto e do Museu Nacional.Consta, inclusive,
que a pedido de Adolpho Lutz e de outros cientistasde Manguinhos,
Bleyer trazia espcimes zoolgicos e micrbios, estescuidadosamente
preservados em tubos com gelose (O Imparcial,18.7.1899).
Em Brusque, testemunhou a morte de uma mulher emconseqncia da
destruio dos olhos por larvas de moscas. Registrouo caso no
peridico do Institut fr Schiffs und Tropenkrankheiten(atual
Berhard-Nocht Institut fr Tropenmedicin), em Hamburgo(Bleyer,
1900). Publicou, tambm, em Curitiba, importante trabalho
2 Em O Imparcial (9.4.1904) l-se que em obra recentemente
publicada pelo sbio universalmenteconhecido, dr. Scheube,
encontram-se referncias sobremodo honrosas ao dr. Bleyer,
proclamando-o como um infatigvel lutador na cincia
bacteriolgica.
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276 Histria, Cincias, Sade Manguinhos, Rio de Janeiro
TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA
sobre a miase (Bleyer, 1905), doena humana e animal
vulgarmentechamada de bicheira, transmitida por mutucas
(tabandeos), um dosgrupos que Adolpho Lutz investigou com mais
afinco. Graas a estetrabalho, Bleyer foi eleito membro
correspondente da AcademiaNacional de Medicina, no Rio de Janeiro
em, 15 de setembro de1905.3
Um exemplar de O Correio Lageano, de 1907, traz uma
colunaescrita por ele com o ttulo Campanha Sanitria. Orientava a
populaosobre as medidas para preveno de diversas doenas,
especialmentea lepra. Afirmava que, embora os ndices de morbidade
no fossemelevados, havia focos perigosos espalhando bacilos de
Hansen emLajes, Tubaro, Palhoa, Tijucas, Mafra, Porto Unio, Laguna
e naprpria capital do estado, o que requeria o isolamento dos
doentes emleprosrios ou outros lugares apropriados. Embora
endossasse o pontode vista contagionista, ento hegemnico, Bleyer,
semelhana deAdolpho Lutz e, talvez, influenciado por ele, nutria a
convico de quea doena podia ser transmitida por algum inseto
hospedeiro.
Os parasitas naturais do homem ou de animais domsticos,
pulgas,percevejos, vermes (Ancylostoma, Necator, Ascaris, Oxyuris
etc.)eliminados com as fezes, mosquitos, moscas, a prpria
moscadomstica, pousando sobre escarros ou secreo patolgica,dejees,
excretos de um leproso, podem, sob circunstnciasfavorveis,
transmitir o mal e propagar os germes da molstia paraas casas
vizinhas e seus inquilinos. ... O corpo humano tem a suadefesa
orgnica natural. Depende quase sempre, a aquisio dalepra, de um
enfraquecimento orgnico, de um desequilbrio daconstituio celular
coloidal, de uma enfermidade enfim, parainserir-se no organismo o
germe da doena, sendo s vezes lentaa sua evoluo antes de apresentar
a sintomatologia mrbidacaracterstica com deformaes do rosto, dos
ps, das mos e deulceraes visveis no corpo.
Bleyer (1919) foi o primeiro a descobrir a doena de Chagas
emSanta Catarina. Enviou a Carlos Chagas o estudo que escreveu
sobre oassunto, junto com exemplares do barbeiro, o inseto
hematfago quehospedava e transmitia o tripanossoma que causa a
doena (ver tambmCastro, 1978).
Em 1919, quando se iniciava a reforma da sade pblica e a criaodo
Departamento Nacional de Sade Pblica, sob a liderana de
Chagas,Bleyer elaborou o regulamento sanitrio que regeria as aes
daInspetoria de Higiene de seu estado. Dois anos depois, foi
chamado ap-lo em prtica, e a enfrentar focos de varola e outras
doenas
3 O trabalho teve grande repercusso em Santa Catarina (Correio
do Povo, 23.3.1905, p. 1;O Imparcial, 12.3.1905). Em carta datada
de 26.5.1931, Eurico Villela, do Instituto OswaldoCruz, pediu a
Bleyer, para a biblioteca da instituio, cpia dos trabalhos que os
drs. Lutze Costa Lima ... indicaram-me como as mais completas sobre
as moscas miases.
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CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER
infecciosas, como a febre tifide, como j havia feito com a
clebregripe espanhola, que tantas vidas ceifou no Brasil. No
municpio deSo Joaquim, sob a sua superviso, esta produziu taxa de
bitos deaproximadamente 1% (Ofcio de 10.3.1919).
Nos arquivos da famlia h vrios documentos de
prefeiturasmunicipais, autoridades e amigos elogiando a atuao de
Bleyercomo mdico, higienista e autoridade sanitria em Santa
Catarina.Encontram-se, tambm, ofcios do Corpo de Segurana do
Comandoda Cavalaria do Exrcito (Lajes), do Destacamento do Exrcito
sediadoem Campos Novos e dos Destacamentos da Fora Pblica
deFlorianpolis, Chapec e So Joaquim.
A ligao de Bleyer com as foras armadas remonta
RevoluoFederalista (1893-95), no governo do marechal Floriano
Peixoto, quandose engajou como oficial mdico das tropas de linha
(Cabral, 1973, p.313). Saiu ileso das sangrentas batalhas.
Em memorial dirigido ao presidente Getlio Vargas, em 18 de
julhode 1931, as autoridades de So Joaquim pediram que fossem
concedidasao dr. Bleyer as honras de mdico militar do Exrcito,
pelos relevantesservios profissionais prestados quele municpio
catarinense nos temposdifceis que antecederam a Revoluo de 1930,
quando So Joaquimfoi tomado pelas foras de Leonel Rocha.
Na qualidade de representante da Cruz Vermelha Internacional e
deDelegu Honor de la Association Mdicale pour aider la Supressionde
la Guerre, Bleyer visitou o comandante das foras rebeldes com
oobjetivo de afastar os revoltosos da cidade e restituir valores
saqueadosde moradores pobres.
Interessou-se tambm pelos problemas dos presidirios,
tendoaconselhado a remodelao das prises, nas quais chegou a
fazercirurgias de urgncia.
Agiu como pacificador quando elementos da polcia foram enviadosa
So Joaquim para combater o levante do Partido Liberal, apondo-sea
vrias tentativas de assassinato de lderes liberais.
Pesquisas cientficas em aldeamentos indgenas
Bleyer teve atuao marcante em relao s populaes indgenas.Em 1903,
visitou a aldeia dos kaingang, em Palmas, no estado doParan, para
investigar, a pedido de Karl Van Den Steinen, a origemdaqueles
indgenas. To entusiasmado ficou com os resultados obtidosnos cinco
meses que l permaneceu, que voltou a Lajes para buscar amulher
grvida e os filhos e se transferiu para Palmas (O Imparcial,1904).
Foi nesta vila que a famlia sofreu o primeiro revs: o falecimentode
Alzira, a filha recm-nascida, vitimada por uma infeco. Os
parcosrecursos de ento, a grande distncia entre o aldeamento dos
ndios ea cidade (mais de 60km de estradas ngremes) no permitiram
que opai soubesse a tempo da doena da filha.
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278 Histria, Cincias, Sade Manguinhos, Rio de Janeiro
TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA
Ao chegar ao aldeamento dos ndios kaingang, denominadoAntas, s
margens do rio Chapec, a cerca de dez lguas dacidade de Palmas,
Bleyer encontrou seus habitantes s voltas comuma epidemia que j
havia dizimado trinta homens, seis mulherese quatro crianas (O
Imparcial, 1904). Graas aos cuidados quedispensou a todos,
conseguiu salvar os demais doentes, conquistandoassim a gratido
daquela gente que o chamava de enviado daprovidncia, como assinalou
o Der Kompas, de Curitiba.
A permanncia de Bleyer entre os kaingang prendia-se a
umafinalidade cientfica bem determinada: observar se aqueles
indgenastraziam, ao nascer, a larga mancha azulada que o dr. Baelz,
mdicoconselheiro da corte do Japo, encontrara em 1901 em todo
malaio,chim ou japons (O Imparcial, 30.4.1904; 7.5.1904). Essa
manchadesaparecia somente no terceiro ou quarto ano de existncia.
ParaBaelz, era um sinal ainda no observado por outros mdicos
eantroplogos que singularizava a raa monglica e poderia, talvez,
seridentificado nos ndios das Amricas, o que atestaria sua
origemmonglica. A escola monogenista atribua o povoamento das
Amricasa migraes seculares de povos de continentes mais antigos que
teriamalcanado o Alasca e o restante do continente atravs do
estreito deBering. Baseando-se nesta teoria, hoje comprovada, Baelz
sugeriu ainvestigao da presena daquelas manchas caractersticas nas
crianasindgenas da Amrica em nota publicada no Zeitschrift fr
Ethnologie,em 1901, por iniciativa da Sociedade Antropolgica de
Berlim.
Bleyer realmente encontrou o sinal perfeitamente visvel nas
crianasque examinou, confirmando a possibilidade enunciada por
Baelz. Publicouento Die blauen flecken der Mongolenkinder bei
Kindern Sud-Amerikannischer Indianer beobachtet (As manchas
azuladas das crianasmongis observadas nas crianas indgenas da
Amrica do Sul).
As observaes de Bleyer sobre as doenas que flagelavam apopulao
indgena so de grande valor. Publicou-as na revista Archivfr Schiffs
und Tropenhygiene (1923) e Zeitschrift fur Ethnologie
(1905):Aerztliche notizen aine Reise Zu Den Caingang indianer na
denufern des Chapec.
Das pesquisas realizadas por Bleyer entre os indgenas
botocudos,ou Schoklng, originou-se a obra Die wilden Waldindianer
SanthaCatharina: die Schoklng (1904), que apresentou
SociedadeAntropolgica de Berlim, da qual era membro, por intermdio
de KarlVan Den Steinen, que prefaciou aquele trabalho e
considerou-o umdos mais completos sobre o assunto (O Imparcial,
1905). No ltimopargrafo do trabalho sobre aqueles ndigenas outrora
dominantesentre as tribos das selvas da costa martima do Sul do
Brasil, Bleyerescreveu: Estes ndios necessitam da paz, porm para a
nao guerreirados Schoklng a paz, verossimilmente, s reinar quando o
ltimodestes ndios das selvas de Santa Catarina desaparecer e j no
pudervingar-se.
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CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER
ndio botocudo ou Schoklng.
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TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA
Bleyer assumiu posies corajosas em defesa dos indgenas, queeram
alvo de polticas genocidas por parte dos agentes da expanso
docapitalismo no Brasil. Por muitos anos, correspondeu-se com o
marechalRondon, que era seu amigo, correspondncia que prosseguiu em
prolda mesma causa com os diretores do Servio de Proteo ao
ndio.4
Entre os trabalhos manuscritos deixados por ele, encontra-se a
seguintenota de leitura:
Capito-tenente Lucas Bioteaux, Histria catarinense, 1905
Comonossos silvcolas continuassem a cometer tropelias em vrios
pontos,ordenou o governador a organizao de turmas de batedores
domato, para afugent-los. To desumanamente se portaram as
taisturmas sinistras, que fuzilaram desapiedadamente 145
botocudosentre adultos e crianas, e como trofu de sua campanha
assassinatrouxeram para a capital dez inocentes, que o
governador,penalizado, fez entrega ao Asilo de rfos So Vicente de
Paula.Essas mseras crianas, arrancadas ao carinho dos seus, vieram
todasa falecer...
As ferrovias e linhas telegrficas expandiam-se pelo territrio
nacional.Bleyer foi convidado a integrar a comisso mdica da Estrada
de ferroSo PauloRio Grande do Sul, da Brazil Railway Co. e
BrazilDevelopment & Colonization Co., funo que exerceu de 1905
a 1908.
No curso de anos dirigindo comisses sanitrias no tempo
deendemias, febres do grupo tifide, de varola, de
septicemiacarbunculosa, como mdico da Diviso Sul da Companhia
BrazilRailway Estrada de Ferro So PauloRio Grande do Sul tive
muitasvezes ... ocasio de estudar os usos, costumes, correrias e as
tristezasde agrupamentos remanescentes de tribos (Arquivo Bleyer,
1948).
Em cada localidade em que residiu, Bleyer empreendeu
investigaesantropolgicas interessantes e valiosas. No municpio de
So Joaquim,em 1914, fez, com seus prprios recursos, custosas
viagens com oobjetivo de obter evidncias que ajudassem a esclarecer
a controvertidaquesto da origem do homem no Brasil. Embrenhou-se
nas matas,percorreu serras, visitou grutas, acompanhado apenas de
alguns auxiliarespara ajud-lo nas escavaes. Encontrou vrios
espcimes que julgouterem pertencido a poca geolgica muito remota.
Pretendia demonstrarque h milhares de anos vivera no Brasil o homem
das cavernas, comcostumes similares aos dos trogloditas da era
quaternria.
4 Em carta dirigida ao dr. Modesto Donatini Dias da Cruz,
diretor do Servio de Proteo ao ndio(SPI), em 8 de janeiro de 1948,
Bleyer agradeceu a delicada ateno da remessa de duasmonografias:
atividades do Servio de Proteo ao ndio e comentrios do diretor do
Servio deProteo ao ndio. Li as publicaes com sumo interesse; falam
sobremaneira minha alma e aomeu corao as suas palavras: Tomei a mim
um dever para com a ptria o de proteger seusfilhos mais
desamparados.
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CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER
Um de seus achados foi uma calota craniana humana junto aresduos
de festins canibais, totalmente mineralizada e com sinaisde golpes
brutais que haviam separado a epfise da difise. Encontroutambm um
crnio de fronte esbatida parecido com o tiponeandertalide e muito
semelhante calota encontrada na serra doUruburetama, Cear, pelo dr.
Lund. O crnio foi doado por Bleyerao Museu Nacional e l se encontra
at hoje.
Em sesso da Academia Nacional de Medicina, qual compareceuo
padre A. Deiber, de Paris, renomado egiptlogo e arquelogo
francs,exps farto material encontrado em suas expedies por Santa
Catarina,peas paleontropolgicas humanas fossilizadas e diversos
artefatossingulares, arqueolticos e paleolticos, todos considerados
de grandevalor cientfico poca.
Peas recolhidas por Bleyer foram enviadas ao Museu Nacional
doRio de Janeiro, ao Natural History Museum de Londres, ao
ProvinzialMuseum de Hannover, Escola Real de Medicina de Dublin,
Irlanda,e a outras instituies mdicas ou arqueolgicas europias
(Piazza,1966, 11-2). Bleyer correspondeu-se com o antroplogo e
mdico ArthurKeith, que foi o relator do estudo por ele apresentado
ao CongressoInternacional de Americanistas, em Londres, em 1912,
sobre antropofagiaentre os habitantes pr-histricos do planalto de
Santa Catarina.
De Bertha Lutz, filha de seu amigo Adolpho Lutz, recebeu
cartasrelativas a esses estudos antropolgicos, que a ela muito
interessavamtambm. No Congresso Internacional de Americanistas,
realizado noRio de Janeiro, em 1922, Bleyer (1928, pp. 16-23)
apresentouInvestigaes sobre o homem pr-histrico, habitante de
grutas e abrigossob as rochas. Muitas das investigaes que realizou
ulteriormente,entre 1915 e 1937, permanecem inditas.
Evolucionista, Bleyer endossava as concluses a que
haviamchegado, no Brasil, os drs. Joo Batista de Lacerda e Afrnio
Peixotosobre a origem do homem americano: a Amrica havia sido um
doscentros da criao, e mais tarde povos emigrados da ` sia ou de
outrospontos do globo vieram fundir-se com a raa primitiva,
produzindo aatual, com suas infinitas subdivises. Num livro de
Lacerda, de quemera amigo, Bleyer assinalou um trecho que
expressava idias em queele tambm acreditava:
no ponto de vista da evoluo social e poltica a Amrica ainda
umembrio: ela vai evoluir, ao que parece, de conformidade com
asleis do transformismo, caminhando lentamente at encarnar um
tiposocial, que figure o mais adiantado grau da perfeio humana
emconfronto com os tipos j constitudos. Aqui, neste continente,
sedar a soluo dos grandes problemas do futuro, pela ao combinadadas
duas raas uma que j foi a dominadora do mundo, em umlongo perodo
histrico, outra que assumiu a preeminnciaincontestada entre os
povos modernos. Por uma exaltao de certasqualidades, que a histria
natural dos cruzamentos tem demonstrado,
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282 Histria, Cincias, Sade Manguinhos, Rio de Janeiro
TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA
5 A esse cientista deve o estado de Santa Catarina, e por
conseguinte o pas e tambm ocontinente americano, o muito que ele
fez pela nossa etnografia e antropologia, dedicando-se decorpo e
alma ao ramo da cincia por que tanto se debateu. As fadigas que tem
experimentado odr. Bleyer e as despesas de seu bolso particular que
tem feito, a bem da antropologia e etnografiabrasileira, bem
merecem ser recompensadas, pois no s a cincia que lucra com tais
investigaes,lucram tambm, e muito, o estado, o Brasil e a Amrica
(Bleyer, 1922).
Registro meusagradecimentos profa.Mary Karash, sob cujaorientao
realizei estanota de pesquisa, na daUniversidade de
Braslia.Estendo-os ao Ministrioda Educao e Cultura, Fundao
MiltonCampos, Embaixada daRepblica Federal daAlemanha, ao sr.
Danilode Castro, proprietriodo Museu Thiago deCastro, s minhas tias
eao prof. Walter Piazza, daUniversidade Federal deSanta Catarina
(UFSC),que contriburam cominformaes para esteestudo.
o latino e o saxnico cruzando-se, ho de dar ao mundo um
produtonovo, dotado de alto grau das qualidades eminentes que
distinguemas duas raas. O engenho brilhante e artstico do latino se
aliar,nesse produto tnico americano, energia e perseverana,
aoesprito empreendedor do saxnico (Lacerda, 1905, p. 58).
Bleyer (1913) sentia-se fascinado pelos problemas propostos
cinciapelo extraordinrio e infinito conjunto de variadas feies que
tomoua raa americana, numa ascensional e muito progressiva evoluo.
Asescavaes a que dedicou boa parte de sua vida o conduziam,
atravs de milnios de anos e atravs de tantas camadas de
geraesextintas, s origens do desconhecido homem
troglodita,contemporneo na noite dos tempos, do feliz protopanther
(sic),do Megaterium, do mylodoro (sic), do Hydrochaerus sulcidens,
docavalo fssil, do lhama que hoje habita somente as serras
nevadasdas cordilheiras dos Andes.
Vivendo no interior, distante dos grandes centros cientficos do
Brasile do exterior, Bleyer no se tornou conhecido no pas, no
obstantetenha produzido uma obra cientfica que estava em sintonia
com osconhecimentos e controvrsias de ponta nos domnios da
medicina,antropologia e etnografia. Homem perseverante, modesto,
foi uminfatigvel pesquisador e deixou importante legado no apenas
para ascincias da vida como para a instituio da sade pblica em
SantaCatarina.5 Evoco, para concluir, as palavras de Pasteur,
pronunciadasna Academia Francesa, para homenagear o labor e o
humanismo deLittr: A grandeza das aes humanas mede-se pela inspirao
quelhes deu o ser. Feliz de quem traz em si um Deus, um ideal de
beleza,e lhe obedece: ideal de arte, ideal de cincia, ideal de
ptria, ideal dasvirtudes do Evangelho. So esses os mananciais vivos
dos grandespensamentos e das grandes aes. Todas elas, todos eles,
se alumiamdos reflexos do infinito (Barbosa, 1952, p. 135).
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CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER
FONTES
Arquivo da Embaixada Informaes sobre a famlia do dr. Bleyer em
Hannover. Braslia.da Repblica Federal daAlemanha
1978
Anglica Bleyer de Entrevista.Meira Lima Rio de Janeiro.
1978
Ondina Bleyer Entrevista. Lajes.1978
Danilo Thiago de Entrevista. Lajes.Castro
1978
Bleyer Entrevista.1978
Arquivo Bleyer Manuscrito de carta redigida pelo dr. Bleyer para
o diretor do1948 Servio de Proteo ao ndio.
Arquivo da Famlia Declaraes dos oficiais de Registro Civil e
escrives da paz de CamposBleyer Novos e Lajes relativas ausncia de
bitos e, portanto, ao xito das medidas mar.-abr. 1940 tomadas pelo
dr. Bleyer contra as epidemias de tifo e paratifo.
Arquivo da Famlia Ofcios da prefeitura municipal de Bom Retiro
elogiando a atuao doBleyer dr. Jorge Clarcke Bleyer, mdico
residente na cidade de Lajes, durante a
15.7.1935 epidemia de tifo e paratifo que grassou na sede da
comarca de janeiro ajunho de 1935.
Arquivo da Famlia Carta do dr. Eurico Villella para o dr.
Bleyer.Bleyer Rio de Janeiro.
1931
Arquivo da Famlia Prefeitura municipal de So Joaquim da Costa da
Serra.Bleyer Ofcio enviado ao presidente da Repblica Getlio
Vargas.
18.7.1931
Arquivo Bleyer Ofcio do comandante do Destacamento de Ocupao do
Municpio deCampos Novos, 1925; comandante do contingente da Fora
Pblica do estadode Santa Catarina em So Joaquim da Costa da Serra,
todos agradecendo osbons servios mdicos prestados pelo dr.
Bleyer.
4.11. 1929 Falecimento de um sbio alemo, cujo nome est ligado
com o Brasil(Karl Van Den Steinen). A poca, Lajes.
Arquivo Bleyer Ofcio do comandante do Destacamento de Ocupao do
Municpio de15.5.1925 Campos Novos elogiando os servios
profissionais prestados por Bleyer.
1922 Dr. Bleyer. Entrevista concedida pelo dr. Simes da Silva,
presidente doCongresso Internacional de Americanistas, realizado no
Rio de Janeiro.
12.2.1921 Ofcio da Superintendncia Municipal de Chapec pedindo
que Bleyertratasse da execuo do regulamento sanitrio em vigor e da
higienedefensiva tendo em vista o aparecimento de focos de varola e
outras doenasepidmicas na zona martima e em portos anexos.
Arquivo Bleyer Carta do Britsh Museum (Natural History) ao dr.
Bleyer, em5 de maio de 1920.
10.3.1919 Ofcio do gabinete do superintendente municipal de So
Joaquim, congratulan-do Bleyer pela diminuta mortalidade havida
durante a pandemia da espanhola.
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284 Histria, Cincias, Sade Manguinhos, Rio de Janeiro
TEREZINHA DE JESUS THIBES BLEYER M. COSTA
Arquivo Bleyer Cartas do dr. Adolfo Lutz dirigidas ao dr. Bleyer
em 24.5.1917, 22.6.1927,1917-1931 30.1.1928, 29.8.1930,
15.1.1931.
Arquivo Bleyer Carta do Royal College Of Surgeons of England,
remetida por Arthur Keith,em 31 de dezembro de 1914
Arquivo da Inspetoria de Certido relativa ao registro do diploma
de mdico do dr. Georg Carl AdolfSade do Estado de Bleyer no Livro
de Registro de Diplomas e Ttulos, p. 66.Santa Catarina
30.12.1912
15.9.1905 Ofcio da Academia Nacional de Medicina.
23.3.1905 Correio do Povo, Florianpolis, p. 1.
12.3.1905 O perigo das moscas. O Imparcial.
21.4.1905 Dr. Jorge Bleyer. O Imparcial, Lajes.
Arquivo Bleyer Carta do Royal College of Surgeons in Ireland,
dirigida ao dr. Bleyer.mar. 1905
7.5.1904 Dr. Jorge Bleyer. O Imparcial, Lajes.
7.5.1904 Dr. Jorge Bleyer (da regio serrana). O Imparcial,
Lajes.
9.4.1904 Dr. Bleyer. O Imparcial, Lajes.
13.2.1904 Dr. Bleyer. O Imparcial, Lajes.
11.9.1901 Ao ilustre dr. Jorge Bleyer. O Imparcial.
18.7.1899 Dr. Jorge Bleyer. O Imparcial, Lajes.
Arquivo Bleyer Ofcio do comandante do Corpo de Cavalaria do
Estado de Santa Catarina1.9.1898 atestando que Jorge Bleyer
prestara servios mdicos bem-sucedidos.
Arquivo Bleyer Manuscrito do dr. Bleyer sobre os ndios.
Arquivo Pblico do Estado de Santa Catarina, Departamento
Estadual deEstatstica, Diviso de Estatstica Militar, Cadastro
Profissional dodr. Georg Clarke Bleyer.
Sesso da Academia Correio da Manh, Rio de Janeiro.Nacional de
Medicina
26.4.1913
Castro (1978) Molstia de Chagas em Santa Catarina Repblica,
Florianpolis.7.9.1919
REFERNCIAS BIBLIOGR`FICAS
Barbosa, Rui Oswaldo Cruz.1952 Rio de Janeiro, Edio da Organizao
Simes.
Bleyer, Jorge Clarke Investigaes sobre o homem pr-histrico,
habitante de grutas e abrigos sob1928 as rochas. Sobre o
canibalismo aborgine pr-histrico habitante de grutas e
abrigos sob rocha. Annaes do XX Congresso Internacional de
Americanistas,Rio de Janeiro, 20 a 30 de agosto de 1922, organizado
pelos secretrios drs.Leon F. Clrot e Paulo Jos Pires Brando. Rio de
Janeiro, Imprensa Nacional,vol. II, primeira parte, pp. 16-23.
Bleyer, J. Clarke ber eine merkwrdige Indianische
Behandlungsweise eines Falles von1923 Thyreoiditis parasitaria.
Archiv fr Schiffs und Tropen-Hygiene,
vol. 27, p. 197-202.
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CAMINHOS PERCORRIDOS PELO DR. JORGE CLARKE BLEYER
Bleyer, Jorge Clarke eber Aufreten Von Varola unter Affen der
genera Mycetes und Cebus bei1922 Vordringen einer Pockenepidemie im
Urwaldgebiete na den Nebenflssen ds
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medizinischenWochenschrift, nr. 27, s. 1009 u. 1010, 4 p.
Bleyer, Jorge A nova entidade morbida, descoberta pelo dr.
Carlos Chagas, a denominada26.8.1919 molstia de Carlos Chagas
(Coreotrypanosis Chagasi), existe emdiversas zonas de Santa
Catharina. Repblica, Florianpolis, ano XIV, n 267.
Bleyer, Jorge Contribuio para o estudo do troglodyta das
cavernas no planalto do Brasil.1918-19 Revista do Instituto
Histrico e Geogrfico de Santa Catarina, Florianpolis.
Bleyer, George Clarke eber die Anthropophagie prhistorischer
Ureinwohner des Hochplateaus1913 von Santa Catharina in Brasilien.
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Americanists, Londres, pp. 50-3.
Bleyer, Jorge A. C. Contribuio para o estudo do troglodita das
cavernas no planalto do Brasil.1913 Conferncia realizada na
Academia Nacional de Medicina do Rio de Janeiro
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da AcademiaNacional de Medicina.
Bleyer, Jeorge A. C. Ein Beitrag zum Studium brasilianischer
Nesselraupen und der durch ihre1909 Berhrung auftretenden
Krankheitsform beim Menschen, bestehend in einer
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undTropen-Hygiene, vol. 13, p. 73-83.
Bleyer, George Contribuio para o estudo das molstias tropicais e
subtropicais.1905 Tratado de Myasis. Ensaio de um estudo clinico
sobre o papel das moscas na
patologia humana. Curitiba, Editores Annibal Rocha &
Cia.
Bleyer, George C. Aerztliche notizen aine Reise Zu Den Caingang
indianer na den ufern des1905 Chapec. Zeitschrift fur Ethnologie,
vol. 7.
Bleyer, George C. Bericht des Hern. Dr. Bleyer in Santa Catarina
ber die wilden Waldindianer1904 Santa Catharina: die Schoklng
Zeitschrift fr Ethnologie, vol. 6, p. 830-47.
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Bleyer, George C. Giftwirkung der Cuatira. Archiv fr Schiffs und
Tropen-Hygiene,1903 vol. 7, n, p. 205-20.
Bleyer, George C. Eine Ichthyophagin. Archiv fr Schiffs und
Tropen-Hygiene, vol. 6, p. 278.1902
Bleyer, George C. Prof. dr. C. A. Moncorvo. Archiv fr Schiffs
und Tropen-Hygiene,1901 vol. 5, p. 393.
Bleyer, George C. Eine Cuterebralarve im Augenlid. Archiv fr
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Bleyer, Georg Die Brillenschlange. Prometheus, ano III, n 122,
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Antropologia.
Srie Arqueologia 1.
Steinen, Karl von den O Brasil central; expedio em 1884 para a
explorao do rio Xingu.1942 So Paulo, Companhia Editora
Nacional.
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So Paulo, Departamento de Cultura.