-
A multidisciplinariedade a base dos pro-
cessos de caracterizao de reservatrios,
nos quais os profi ssionais de geofsica, geo-
logia e engenharia de reservatrios aplicam
seus conhecimentos, de forma integrada,
para alcanar os melhores resultados.
Caracterizao de ReservatriosInscries abertas para o 13 CISBGf e
EXPOGEf Rio 2013EVENTOS, PG. 3
Empresas Juniores de Geofsica: Da Teoria PrticaUNIVERSIDADE, PG.
9
5SBGfboletim
Publicao da Sociedade Brasileira de Geofsica
Nmero 84 ISSN 2177-9090
-
ADMINISTRAO DA SBGf
Presidente Ana Cristina B. F. Chaves
Vice-presidenteRenato Cordani
Secretrio-GeralFrancisco Carlos Neves de Aquino
Secretrio de FinanasMarco Antnio Pereira de Brito
Secretrio de Relaes InstitucionaisRenato Lopes Silveira
Secretrio de Relaes AcadmicasAdalene Moreira Silva
Secretrio de PublicaesLuiz Geraldo Loures
ConselheirosAdriana Perptuo Socorro da SilvaEdmundo Julio Jung
Marques Eduardo Lopes de FariaEliane da Costa AlvesEllen de Nazar
Souza GomesJorge Dagoberto HildenbrandJurandyr SchmidtMarcelo Sousa
de AssumpoNeri Joo Boz Paulo Roberto Porto Siston
Secretrios RegionaisPatricia Pastana de Lugo (Centro-Sul)Welitom
Rodrigues Borges (Centro-Oeste)Silvia Beatriz Alves Rolim
(Sul)Carlos da Silva Vilar (Nordeste Meridional)Rosangela C. Maciel
(Nordeste Setentrional)Ccero Roberto Teixeira Rgis (Norte)
Editor-chefe da Revista Brasileira de GeofsicaCleverson Guizan
Silva
Assistente de DiretoriaLuciene Victorino de Carvalho
Assistente AdministrativoIvete Berlice Dias
Coordenadora de EventosRenata Vergasta
Assistente AdministrativoSandra Gonalves
Analista de MarketingAlessandra Levy
BOLETIM SBGf
Editora-chefe Adriana Reis Xavier
Editor AssociadoGustavo Frana Faria (MTb 2612/DF)
Assistente de PublicaesFabianna Mathias Sotero
Estagirio de JornalismoThiago Felix Oliveira
Tiragem: 2.500 exemplaresDistribuio restritaO Boletim SBGf tambm
est disponvel no site www.sbgf.org.br
Sociedade Brasileira de Geofsica - SBGf
Av. Rio Branco, 156 sala 2.50920040-901 Centro Rio de Janeiro
RJTel/Fax: (55-21) [email protected]
www.facebook.com/sbgf.org
EDITORIAL
OURO PRATA
Roberto Hermann Plastino, Antonio Saldanha de Sousa Neves e
Geraldo de Oliveira
FUNDO SBGf
Capa: PGS
A Multidisciplinariedade como base na Caracterizao de
ReservatriosAo discutir o tema reservatrio, o Boletim SBGf segue
uma lgica de
assuntos que incluiu aquisio ssmica martima, aquisio
terrestre,
processamento de dados ssmicos e interpretao. A pesquisa de
reservatrios de hidrocarbonetos vem crescendo graas ao
progresso
alcanado com o uso de tecnologias, entre as quais a ssmica a
principal. Desse modo, estudos de caracterizao e monitoramento
de
reservatrios vm proporcionando aos especialistas um
entendimento
melhor das propriedades fsicas das rochas, otimizando a
produo
desses reservatrios.
Outro assunto discutido na presente edio, diz respeito
retomada
pela Agncia Nacional do Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis
(ANP) dos leiles de reas para explorao e produo de petrleo e
gs
natural. Essas rodadas haviam sido suspensas em razo das
discusses
governamentais que alteraram o marco regulatrio aps as
descobertas
do pr-sal. O enfoque em bacias sedimentares de fronteiras
martimas e
terrestres relevante pelo excelente potencial petrolfero dessas
reas.
Boa leitura.
CONFIRA NESTA EDIO
BRONZE
9 UNIVERSIDADE Empresas Juniores de Geofsica: Da Teoria
Prtica
Panorama da Graduao em Geofsica no Brasil - UnB
7 PESQUISA Rio abriga o maior centro privado de pesquisas
geocientfi cas do Brasil
Laboratrio da UFRN desenvolve Pesquisa na rea de Petrleo
3 EVENTOSInscries abertas para o 13 CISBGf e EXPOGEf Rio
2013
12 MEMRIAHistria do Processamento Ssmico no Brasil - Parte I
14 NOTAS Livro - Geofsica na Prospeco Mineral: Guia Para
Aplicao
Ps-Graduao em Geocincias
20 ARTIGO TCNICO Imageamento Bidimensional de IP-resistividade
com Sistema EM Multifrequncia na Explorao e Monitoramento de
Reservatrios de Petrleo
Caracterizao Petrofsica de Rochas Carbonticas
15 IN MEMORIAM
DIAMANTE
16 ESPECIAL Caracterizao de Reservatrios
Geofsica de reservatrios e ssmica de poos
Mercado nacional e formao profi ssional
PGS
4 INSTITUCIONALNova Administrao eleita e voto eletrnico
moderniza o processo eleitoral
5 BRASIL-ROUNDS11 Rodada da ANP supera recordes das edies
anteriores
-
INSCRIES ABERTAS PARA O 13 CISBGf E EXPOGEf RIO 2013
3Boletim SBGf | nmero 84
EVENTOS
Entre os dias 26 e 29 de agosto, o Centro de Conven-
es SulAmrica, no Rio de Janeiro, ir receber o maior
evento de geofsica da Amrica Latina: o 13 Congres-
so Internacional da Sociedade Brasileira de Geofsica
(CISBGf) e a EXPOGEf Rio 2013. As inscries para to-
das as atividades esto abertas at 9 de agosto (atravs
do site http://congress.sbgf.org.br), com desconto para
associados quites com a anuidade da SBGf.
A programao do evento, que deve reunir mais
de trs mil visitantes, conta com a apresentao de
palestras, workshops e trabalhos tcnicos de alunos, professores,
pesquisadores e profi ssionais de geofsica
do Brasil e do exterior, alm de minicursos nos dias 25
e 26 de agosto. Na ocasio tambm ocorrer o Frum de
Coordenadores dos Cursos de Graduao de Geofsica.
Cerca de 400 trabalhos foram submetidos
avaliao do Comit Tcnico do evento para serem
apresentados e 50 empresas esto confi rmadas at o
momento na EXPOGEf, que ir ocupar o andar trreo
do centro de convenes.
Antes da abertura ofi cial ser realizado um encontro
de estudantes de universidades latino-americanas,
promovido pela Society of Exploration Geophysicists
(SEG). Nos dias 25 e 26 de agosto sero ministrados, por
especialistas brasileiros e estrangeiros, 14 minicursos
pr-congresso, no Centro de Convenes SulAmrica
(programao completa na pg. 27). Os minicursos
no esto inclusos no valor da taxa de inscrio para
o evento e no tero traduo simultnea.
No 13 CISBGf, professores e estudantes da UFPA,
USP, Unicamp e UFRJ iro promover a exposio O
que a Geofsica?, que divulga a cincia geofsica
entre alunos e professores de ensino mdio e tcnico e
para a comunidade em geral. A agenda para marcao
de visitas escolares exposio j est fechada e cerca
de 700 estudantes de colgios da regio metropolitana
do Rio de Janeiro iro conhecer mais sobre a geofsica.
Na programao da mostra O Que Geofsica
esto inclusas atividades sobre o sismgrafo, exposio
de psteres, experimentos e modelos fsicos em
dimenses reduzidas simulando ambientes geofsicos
e geolgicos. Tambm ser apresentada a palestra O
Petrleo - da formao at a extrao, que tem por
objetivo apresentar o ciclo do petrleo, desde a sua
formao geolgica at as tcnicas da sua extrao no
subsolo, incluindo a explorao geofsica.
Os valores das inscries para o 13 CISBGf so
diferenciados para scios (efetivos e estudantes) em dia
co m a anuidade da SBGf. Mais informaes e inscries
atravs do site http://congress.sbgf.org.br
A 35 Assembleia Geral Ordinria da SBGf ser realizada no dia 28
de agosto, s 12 horas, no Centro de Convenes SulAmrica. Na
oportunidade ocorrer a posse da nova administrao (binio 2013-2015)
e a apresentao de assuntos de interesse da comunidade de
geocincias.
Anlise do Sinal Ssmico
Andr L. Romanelli Rosa
Publicaes SBGf
Fundamentos de Fsica
para Geocincias
C. E. de M. Fernandes
Geofsica na Prospeco
Mineral: Guia para Aplicao
Jos Gouva Luiz
SRIES DE GEOFSICA 2
GEOFSICA NA PROSPECO MINERAL:GUIA PARA APLICAO
Jos Gouva Luiz
Consideraes sobre a
Aquisio Ssmica Multicliente
no Brasil - Aspectos Legais
Simplicio Lopes de Freitas
SRIES DE GEOFSICA 1
CONSIDERAES SOBREA AQUISIO SSMICA
MULTICLIENTES NO BRASIL:ASPECTOS LEGAIS
Simplicio Lopes de Freitas
Dicionrio Enciclopdico
Ingls - Portugus de
Geofsica e Geologia (4 ed.)
Osvaldo de Oliveira Duarte
SBGf: trs dcadas
promovendo a
Geofsica
Informaes:
[email protected]
(21) 2533-0064
-
Boletim SBGf | nmero 844
INSTITUCIONAL
NOVA ADMINISTRAO ELEITA E VOTO ELETRNICO MODERNIZA O PROCESSO
ELEITORAL
Apurao dos votos para a administrao superior e renovao parcial
do con-
selho consultivo e das secretarias regionais da SBGf para o
binio 2013-2015.
Foto
: Lu
cien
e C
arva
lho
ADMINISTRAO DA SBGf (2013-2015)
Presidente: Francisco Carlos Neves Aquino
Vice-presidente: Liliana Alcazar Diogo
Secretrio-Geral: Simplicio Lopes de Freitas
Secretrio de Finanas: Marco Antonio Pereira de Brito
Secretrio de Relaes Institucionais: Jorge Dagoberto
Hildenbrand
Secretrio de Relaes Acadmicas: Eliane da Costa Alves
Secretrio de Publicaes: Renato Lopes Silveira
Conselheiros: Adalene Moreira Silva, Adriana Perptuo Socorro da
Silva, Ana Cristina Chaves, Eduardo Lopes de Faria, Ellen de Nazar
Souza Gomes, Jess Carvalho Costa, Jurandyr Schmidt, Neri Joo Boz,
Paulo Roberto Porto Siston e Renato Cordani
SECRETARIAS REGIONAIS
DIVISO REGIONAL CENTRO-SULSecretrio: Patricia Pastana de
LugoConselheiros: Berthold Kriegshauser, Jos Contreras Martinelli,
Paulo Buarque Guimares, Paulo de Tarso Luiz Menezes e Sergio Luiz
Fontes
DIVISO REGIONAL CENTRO-OESTESecretrio: Welitom Rodrigues
BorgesConselheiros: Diogo De Sordi, Jos Eduardo Pereira Soares,
Luiz Roberto da Cunha Freitas Junior, Marcelo Peres Rocha, Marco
Ianniruberto e Shozo Shiraiwa
DIVISO REGIONAL SULSecretrio: Silvia Beatriz Alves Rolim
Conselheiros: Francisco Jos Fonseca Ferreira, Joo Carlos Dourado,
Maximillian Fries, Otvio Coaracy Brasil Gandolfo, Rinaldo Moreira
Marques e Yra Regina Marangoni
DIVISO REGIONAL NORDESTE MERIDIONALSecretrio: Marco Cesar
Schinelli Conselheiros: Alexandre Barreto Costa, Amin Bassrei, Joo
Maurcio Figueiredo Ramos, Maria Zucki, Olivar Antnio Lima de Lima e
Wilson Mouzer Figueir
DIVISO REGIONAL NORDESTE SETENTRIONALSecretrio: Rosangela Correa
MacielConselheiros: Flavio Lemos, Gilvan Borba, Josibel Gomes de
Oliveira Jnior, Pedro Xavier Neto, Peryclys Andrade e Raimundo
Mariano Gomes Castelo Branco
DIVISO REGIONAL NORTESecretrio: Ccero Roberto Teixeira
RgisConselheiros: Darciclia Ferreira Santos, Francisco de Souza
Oliveira, Jos Gouva Luiz, Marcos Welby Correa Silva e Raza de Nazar
Assuno Macambira
Durante a Assembleia Geral Extraordinria realizada no
dia 28 de junho de 2013 foram apurados os votos que
elegeram conselheiros, secretrios regionais e a nova ad-
ministrao superior da SBGf, que ter como presidente
o geofsico Francisco Carlos Neves Aquino, com manda-
to de dois anos (2013-2015).
De acordo com o estatuto da SBGf, a eleio para a
administrao superior e secretariado da SBGf realiza-
da a cada dois anos e tambm renova parcialmente os
ocupantes das cadeiras de conselheiros.
Visando modernizar o processo eleitoral, foi imple-
mentado o voto eletrnico e pela primeira vez a eleio
ocorreu de forma totalmente digital, o que tambm per-
mitiu que os votos para as secretarias regionais fossem
contabilizados na sede da SBGf e no mais nas divises
regionais, como era praticado nas apuraes anteriores.
Resultados
Realizado via internet, os associados efetivos quites pu-
deram votar atravs do portal do associado mediante
identifi cao e senha individuais. A administrao su-
perior eleita recebeu 91% dos votos, enquanto 6% dos
votantes anularam o voto e 3% votaram em branco.
A nova administrao da SBGf toma posse em 28 de
agosto, durante a 35 Assembleia Geral Ordinria, a ser
realizada no 13 Congresso Internacional da Sociedade
Brasileira de Geofsica (13 CISBGf).
-
11 Rodada da ANP supera Recordes das Edies Anteriores
BRASIL-ROUNDS
5Boletim SBGf | nmero 84
PA
AP
MA
MT
GO
MG
BA
TO
DF
PI
PB
RN
PE
AL
SE
ES
RJ
CE
SP
MS
01 - Bacia da Foz do Amazonas
02 - Bacia do Par-Maranho
03 - Bacia de Barreirinhas
04 - Bacia do Cear
05 - Bacia Martima do Potiguar
07 - Bacia de Pernambuco-Paraba
11 - Bacia Martima do Esprito Santo
01
02
03
04
05
06
07
0809
10
11
12
SETORES EM MAR:
06 - Bacia Terrestre do Potiguar
09 - Bacia de Sergipe-Alagoas
08 - Bacias de Tucano Sul e Recncavo
10 - Bacia Terrestre do Esprito Santo
12 - Bacia do Parnaba
SETORES EM TERRA:
Blocos oferecidosSetores oferecidos
Aps cinco anos de expectativa da indstria, a 11 Ro-
dada de Licitaes da Agncia Nacional do Petrleo,
Gs Natural e Biocombustveis (ANP) foi realizada nos
dias 14 e 15 de maio de 2013, no Rio de Janeiro. Inicia-
dos em 1999 e realizados anualmente, os leiles com a
oferta de reas expressivas de petrleo e gs foram sus-
pensos em 2007, depois da descoberta de reservatrios
gigantes do pr-sal, que levou o governo brasileiro a
reformular suas ofertas.
Segundo a ANP, os objetivos da 11 Rodada foram
diversifi car geografi camente a produo de petrleo e
gs; promover o conhecimento das bacias sedimentares;
desenvolver a indstria nacional, enfocando empresas
de pequeno e mdio porte; e fi xar companhias estran-
geiras no pas. A inteno de descentralizar a produo
de petrleo e gs no pas, visa a reduo das desigual-
dades regionais e o crescimento da indstria petrolfera
em lugares em que este segmento inexistente ou in-
cipiente, proporcionando assim o aumento da demanda
por bens e servios locais, a gerao de empregos e a
distribuio de renda.
Magda Chambriard, diretora-geral da agncia, infor-
mou que estimativas apontam um volume de 30 bilhes
de barris de leo in situ (volume cuja extrao depende
de fatores de recuperao e que no pode ser entendido
como reserva) nas bacias da margem equatorial inclu-
das na rodada, alm de 5 bilhes de leo in situ na Bacia
do Esprito Santo e 1,7 bilho de leo in situ nas bacias
maduras. A margem equatorial do Brasil formada pe-
las bacias da Foz do Amazonas, Par-Maranho, Barrei-
rinhas, Cear e Potiguar, todas classifi cadas como nova
fronteira exploratria. As bacias maduras nesta rodada
foram Sergipe-Alagoas, Recncavo e a poro terrestre
da Bacia do Esprito Santo.
Todos os lances foram apresentados publicamente
em envelopes fechados e depositados por representante
credenciado da empresa habilitada em uma urna espe-
cfi ca durante o certame. A comisso de licitao, espe-
cialmente constituda para esta contenda, aps exami-
nar se o envelope est em conformidade com o edital,
analisa as ofertas para, na mesma ocasio, proclamar
a empresa vencedora, ou seja, aquela que deu o maior
lance. Trata-se de um processo dos mais transparentes
no mundo do petrleo.
Foram arrematados 142 dos 289 blocos oferecidos
em 23 setores distribudos em 11 bacias sedimentares:
Foz do Amazonas, Par-Maranho, Barreirinhas, Cear,
Potiguar, Pernambuco-Paraba, Sergipe-Alagoas, Tuca-
no Sul, Recncavo, Esprito Santo e Parnaba. Dos 289
blocos ofertados, 123 estavam localizados em terra, 166
no mar, sendo 94 em guas profundas e 72 em guas
rasas. Todos os blocos ofertados na Bacia do Parnaba
em terra (20 blocos) e da Bacia do Esprito Santo em
terra e mar (12 blocos) foram arrematados. A rea to-
tal arrematada foi de 100,3 mil km dos 155,8 mil km
ofertados.
A Petrobras adquiriu o maior nmero de blocos ofer-
tados pela 11 Rodada de Licitaes. Adquiridos, inte-
gralmente ou em parceria, 34 dos 289 blocos leiloados.
Ao todo, 39 empresas de 12 pases participaram, das
quais 30 foram vencedoras, sendo 12 nacionais e 18 de
origem estrangeira: Austrlia (1), Bermudas (1), Canad
(4), Colmbia (2), Espanha (1), Estados Unidos (2), Fran-
a (1), Guernesei (1), Noruega (1), Portugal (1) e Reino
Unido (3).
Para operar os blocos em oferta, as empresas tiveram
que considerar nas suas propostas 40% para o bnus
de assinatura, 40% para o Programa Exploratrio M-
nimo (PEM) e 20% para a aquisio de bens e servios
nacionais dentro do programa de Contedo Local, que
consiste na proporo dos investimentos nacionais que
sero aplicados. A regra foi estabelecida com o intuito
de aumentar a participao da indstria nacional nos
projetos de explorao de petrleo e gs natural no pas,
possibilitando o fortalecimento de fornecedores brasi-
leiros. Para isto, os contratos fi rmados entre a ANP e
as empresas concessionrias vencedoras estabelecem os
termos e compromissos de investir um percentual mni-
mo em cada fase do ciclo de explorao e desenvolvi-
mento dos respectivos blocos.
A geofsica est presente na fase de explorao jun-
tamente com a geologia nos itens interpretao e pro-
cessamento (40%) e aquisio (5%) em guas rasas e
profundas, enquanto em terra a porcentagem da aquisi-
o maior (20%). As empresas habilitadas assinam um
termo de confi dencialidade referente ao pacote de dados
tcnicos que disponibilizado pela ANP e se compro-
metem a usar os dados apenas com a fi nalidade espe-
cfi ca. Este pode conter: dados geolgicos, geofsicos e
geoqumicos, ambientais, estudos, relatrios, anlises
ou outros materiais neles baseados em estudos contra-
tados/realizados pela ANP.
-
Boletim SBGf | nmero 846
Planejamento estratgico
Segundo a ANP, a seleo de reas para licitaes p-
blicas feita obedecendo ao planejamento estratgico
do rgo. Por outro lado, a agncia analisa as suges-
tes da indstria relativas a interesses em reas espe-
cfi cas. Para esta licitao de blocos exploratrios ti-
veram prioridades as bacias de fronteira exploratria
terrestres e martimas. No caso das bacias martimas,
a margem equatorial brasileira foi priorizada em razo
de relevantes descobertas de petrleo no oeste africano
e na Guiana Francesa, devido a importantes correla-
es geolgicas entre estas bacias. A 11 Rodada de Li-
citaes no incluiu blocos da camada do pr-sal. A 1
Rodada de Licitaes destas regies, a ser realizada em
outubro de 2013, incluir rea nas cercanias de impor-
tantes reservas denominadas Libra.
Para o especialista em Geologia e Geofsica da ANP
e secretrio de relaes institucionais da SBGf, Renato
Silveira, a avaliao da 11 Rodada foi muito boa. De-
pois de mais de quatro anos sem licitaes de blocos
exploratrios no pas, em razo da mudana no marco
regulatrio aps a descoberta do pr-sal, esse leilo se
reveste de grande importncia pela retomada das lici-
taes exploratrias no Brasil e a perspectiva de mais
investimentos na economia nacional e de desenvolvi-
mento em diversas regies do pas, notadamente em
estados carentes dessa atividade.
Renato Silveira destaca que a Lei do Petrleo (n.
9.478/97) considerou que parte dos royalties deveria ser
aplicada em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Esse
fato vem propiciando avanos considerveis nesse
campo, tais como a instalao de equipamentos sofi s-
ticados em universidades e a distribuio de bolsas de
estudo concedidas a alunos para o desenvolvimento de
pesquisas na graduao e na ps-graduao. Conside-
rando que a indstria do petrleo permeia vrias reas,
alm das Geocincias, pode-se afi rmar que quase toda
atividade do conhecimento vem sendo benefi ciada com
esses recursos. Ademais, houve um grande interesse de
estudantes em se dedicar Geologia e Geofsica. Hoje,
existem no pas nove instituies acadmicas graduan-
do geofsicos que so facilmente absorvidos no merca-
do de trabalho.
Ainda segundo Renato Silveira, a agncia vem de-
senvolvendo um importante programa de levantamento
de novos dados geofsicos e geolgicos, que apresentam
substancial melhoria na qualidade quando comparados
a dados de gerao pretrita. J foram levantados dados
geofsicos nas Bacias do Paran, Parecis, So Francisco,
Acre e Parnaba. Atualmente a ANP est adquirindo da-
dos geofsicos (ssmica, gravimetria e magnetometria)
na Bacia do Amazonas.
Tambm fi rmamos contrato para registrar dados
magnetotelricos nas Bacias do Parecis e Paran, alm
de outros dados ssmicos com fonte Vibroseis, na Bacia
do Paran e com fonte explosiva no Parecis. Por outro
lado, vale destacar que empresas de aquisio de dados
geofsicos (EADs) esto realizando levantamentos em
bases no exclusivas com qualidade, enriquecendo o
acervo brasileiro em terra e no mar. Seguramente, todos
esses dados, os de fomento da ANP e aqueles especula-
tivos em bases no exclusivas sero extremamente teis
para alavancar as atividades econmicas no Brasil.
O Ministrio de Minas e Energia do Brasil anun-
ciou para 2013 duas rodadas de licitaes, sendo uma
destinada ao prospecto de Libra (pr-sal) e outra des-
tinada s bacias com potencial para produo de gs.
Normalmente, os leiles da ANP decidem as empresas
que faro a operao e a explorao dos campos de
petrleo. No entanto, no novo modelo do pr-sal j foi
decidido que a Petrobras ser a operadora dos blocos
e ter uma participao mnima de 30% dos ativos, j
prevista por lei.
BRASIL-ROUNDS
Recordes da 11 Rodada de Licitaes
g Arrecadao de bnus de assinatura (valor pago pelas empresas na
assinatura do contrato): R$ 2,8 bilhes
g gio de 797,81%
g Previso de investimentos do Programa Exploratrio Mnimo a ser
cumprido pelas empresas vencedoras: R$ 6,9 bilhes
g Nmero de empresas habilitadas: 64 empresas, recorde que supera
a 9 Rodada de Licitaes, com 61 empresas habilitadas
-
Rio abriga o maior centro privado de pesquisas geocientfi cas do
Brasil
7Boletim SBGf | nmero 84
PESQUISA
Hoje o Brasil ocupa a 16 posio no ranking mundial de reservas de
petrleo, porm existe a perspectiva de que a
produo duplique at 2020. O pas possui uma combinao nica de
oportunidades e desafi os que o torna atraente para as empresas de
pesquisa e explorao. No intuito de apro-veitar este cenrio,
multinacionais esto investindo em ter-ras brasileiras em pesquisa e
desenvolvimento de novas tec-nologias, principalmente voltadas
explorao do pr-sal.
Inaugurado em 2010, o Brazil Research and Geoengine-ering Center
/ Centro de Pesquisa e Geoengenharia, da em-presa Schlumberger,
localiza-se no Parque Tecnolgico da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, na Ilha do Fundo, sendo o maior centro de pesquisa em
geocincias de uma empresa privada em operao no Brasil. Com o
objetivo de se tornar lder em tecnologia de produo local para
propor-cionar efi cincia nas operaes brasileiras de petrleo e gs,
da explorao produo, foi feito um grande investimento na construo do
complexo, que possui rea de 10 mil me-tros quadrados.
Jose Gregorio Gonzalez, diretor de marketing do centro de
pesquisa, afi rma que, no local, desenvolve-se tecnologias para
superar os diversos desafi os do pr-sal, em colaborao com seus
clientes (como a Petrobras) e universidades brasileiras. Ao
integrar
geocincia e engenharia temos o objetivo de melhorar a re-cuperao
de hidrocarbonetos e a produo em complexos reservatrios em guas
profundas e no convencionais. Pro-curamos minimizar o custo de
construo de poos, mitigar os riscos da explorao, apoiar as
estratgias corporativas de nossos clientes que visam desenvolver
tecnologia e co-nhecimento local para o crescimento econmico do
pr-sal, alm de alavancar o investimento em pesquisa nacional.
Mais de 200 profi ssionais trabalham no centro, sendo cerca de
30 geofsicos e cinco estagirios de geofsica. Atra-vs da parceria
com instituies de ensino para o desenvol-vimento de trabalhos de
geofsica, o centro procura integrar os mtodos no ssmicos com a
cadeia de processamento de dados de reservatrio. Mtodos de computao
de alta performance tambm so alvos das pesquisas na rea de
geofsica. A empresa possui um programa de treinamento para os
estudantes; antes de iniciar o estgio elaborado um plano de
atividades pelo professor-mentor, no qual so defi nidas as
principais reas que o aluno deve conhecer ao longo do estgio.
Em 2009, logo que os planos foram postos em prtica para
construir o nosso centro de pesquisa, a Schlumberger iniciou um
programa muito agressivo para os novos funcio-nrios brasileiros.
Eles foram enviados a centros de pesquisa muito especfi cos ao
redor do mundo para serem treinados e expostos a ambientes de
pesquisa competitivos, similares ao encontrado no Brasil. Estes
primeiros candidatos foram
devolvidos para o centro, logo que a construo terminou,
dando-nos a vantagem de formar a nossa capacidade muito
rapidamente, comenta Gonzalez.
De acordo com o diretor de marketing, o centro de pes-quisa tem
uma caracterstica nica: uma organizao de pesquisa que conta com um
grupo de tecnologia responsvel pelo desenvolvimento de software e
com um conjunto com-pleto de laboratrios, associado a um centro de
operaes de ssmica. Em menos de 3 anos de operao conseguimos passar,
em alguns projetos, de uma ideia de investigao--conceito para uma
aplicao prtica, conclui Gonzalez.
Pesquisas desenvolvidas atualmente pelo grupo do centro
Geofsica Marinha / Levantamentos eletromagnticos - Objetiva
integrar mtodos eletromagnticos marinhos de fonte profunda com o
imageamento ssmico em profundi-dade para descobrir, avaliar e
monitorar reservatrios de guas profundas no offshore
brasileiro.
Petrofsica - Desenvolve estudo sobre a estrutura dos po-ros e do
fator de recuperao dos carbonatos do pr-sal. Esto sendo feitas
medies em laboratrio sobre amostras de ncleo e anlise de dados de
log para Nuclear Magnetic Resonance, dieltrica e propriedades
fsicas das rochas das formaes do pr-sal.
Geologia - Investiga a geologia dos carbonatos do pr-sal com
foco em sedimentologia e disgenesia.
Geomecnica - A equipe desenvolve novas tecnologias e mtodos para
prever o comportamento e o desempenho dos reservatrios em guas
profundas e as questes de geome-cnica pertinentes vida em campo,
com foco especial em reativao de falhas, gerenciamento de
reservatrios, time lapse, e com a estabilidade ssmica de poos e
completaes.
Perfurao - Com a anlise e modelagem do processo de perfurao, a
equipe pretende obter uma melhor compreen-so dos desafi os do
pr-sal por meio do desenvolvimento de novas ferramentas de hardware
e software.
Completao de Poos - A pesquisa implica no entendimen-to
antecipado das necessidades da indstria de explorao e produo de leo
e gs, transformando-as em produtos e servios inovadores.
Produo - O segmento tem nfase no desenvolvimento de tcnicas
adaptadas e produtos para construo e produo de poos, com o objetivo
de aumentar de forma segura a produo de hidrocarbonetos dos
reservatrios de pr-sal e reservatrios no convencionais.
Engenharia de Reservatrios - Aplica princpios cientfi cos na
soluo de problemas de drenagem que surgem durante o desenvolvimento
e a produo dos reservatrios de petrleo e gs, de modo a obter uma
elevada recuperao econmica.
Garantia de Fluxo - Otimizao no fl uxo de produo en-volvendo
reservatrios termodinamicamente complexos.
Foto
s: Arq
uivo
Sch
lum
berg
er
-
Financiado em 2011 pela Petrobras, o Laboratrio de Geo-fsica
Aplicada (LAGAP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN) est localizado no campus central da instituio, em Natal, e
atua na pesquisa e formao de recursos humanos, tanto na graduao
como nos nveis de mestrado e doutorado, em associao com a
ps-graduao em Geodinmica e Geofsica da universidade.
Para a construo do laboratrio em uma rea de 600 metros
quadrados, foram investidos cerca de R$ 1,3 milho por meio da Rede
Temtica de Estudos de Geofsica Apli-cada da Petrobras. Atravs do
Programa de Apoio a Planos de Reestruturao e Expanso das
Universidades Federais (REUNI), do Ministrio da Educao, foram
contratados seis novos professores - a maior parte especializada em
geof-sica aplicada, ampliando para 10 o nmero de docentes em
atividade no laboratrio.
H mais de duas dcadas a UFRN possui um grupo atuante de pesquisa
em problemas inversos, explorao de petrleo e guas subterrneas,
passando a desenvolver aes vi-sando formao em Geofsica de
ps-graduandos em 1996 e de gra-duandos em 2008. De acordo com o
professor Walter Eugnio de Medei-
ros, coordenador do laboratrio, a implantao do LAGAP contribuiu
bastante para a institucionalizao da rea de Geofsica na
universidade, que hoje compreende um de-partamento e os cursos de
graduao e ps-graduao, este ltimo em conjunto com o departamento de
Geologia.
O LAGAP conta com um laboratrio de computao cientfi ca em
geofsica, secretaria e salas para docentes / pesquisadores, alunos
de ps-graduao para o desenvolvi-
mento de projetos, armazenamento e manuseio de equipa-mentos de
geofsica e espao para reunies. Atualmente, o LAGAP dispe de
equipamentos de GPR, gravmetro, DGPS geodsico e resistivmetros (com
acessrios para levanta-mentos eltricos em 3D), dentre outros. Em
articulao com as atividades de formao de recursos humanos, o
labora-trio atua no desenvolvimento de metodologias para a so-luo
de problemas inversos em geofsica, no processamen-to e interpretao
de dados gravimtricos e magnticos; na aquisio e processamento de
dados de microssismicidade induzida; alm da realizao de
levantamentos, processa-mento e interpretao de dados de geofsica
rasa e proces-samento de dados ssmicos.
O LAGAP da UFRN parte integrante do Instituto Na-cional de
Cincia e Tecnologia em Geofsica do Petrleo (INCT-GP), do CNPq,
juntamente com outras instalaes da UFBA, UFPA e Unicamp. Tambm
participa do PRH-22 (Programa de Formao de Recursos Humanos da ANP)
atuando em conjunto com os departamentos de Geologia e Matemtica
Aplicada e Informtica da UFRN.
Boletim SBGf | nmero 848
PESQUISAFo
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Laboratrio da UFRN desenvolve Pesquisa na rea de Petrleo
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9Boletim SBGf | nmero 84
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UNIVERSIDADE
Em uma empresa jnior o estudante aprende de graa. Essa uma das
mximas utilizadas para promover este tipo de associao civil, que
funciona sob a orientao de professores e profi ssionais
especializados. Mesmo composta e administrada exclusivamente por
estudantes de graduao, uma empresa jnior pode realizar servi-os
profi ssionais e possui carter de pessoa jurdica com CNPJ, registro
na receita federal, recolhimento de im-postos e emisso de nota fi
scal.
Na rea da geofsica, a Universidade de Braslia e a Universidade
de So Paulo contam com suas empresas juniores, a Phygeo UnB e a IAG
Jr. USP.
Phygeo UnB - www.phygeo.com.brVinculada ao Laboratrio de
Geofsica Aplicada LGA/UnB, a Phygeo foi fundada em dezembro de 2010
e fun-ciona dentro do Instituto de Geocincias IG/UnB. O foco da
empresa a geofsica aplicada, prestando ser-vios de aquisio e
processamento de dados geofsicos. Os estudantes da empresa utilizam
mtodos eletromag-nticos (GPR, EM34), eltricos
(eletrorresistividade, IP e SP), aquticos (batimetria, side-scan
sonar, sub-bottom profi ler), entre outros.
O diretor de projetos e co--fundador da empresa jnior,
Fre-derico Sousa, afi rma que a criao da Phy geo foi um recurso
adotado para aplicar os conhecimentos ad-quiridos durante o curso
de gradu-ao em geofsica. Percebemos que a maioria das empresas do
setor se concentra no Rio de Janeiro e em
So Paulo, a pelo menos mil quilmetros de nossa cida-de. Seria
muito difcil conseguirmos estgios com toda essa distncia, ento
pensamos numa alternativa que nos permitisse obter uma oportunidade
de experincia real na rea na qual estudamos. De l para c, montamos
um site, passamos por treinamentos em vrios mtodos geofsicos,
prestamos alguns servios e desenvolvemos projetos internos, como um
estudo indito no Brasil, de aplicao do GPR para a localizao de
razes e mensu-rao de sua biomassa.
Este ltimo projeto citado j rendeu dois resumos expandidos
apresentados em eventos da SBGf; um no 12 Congresso Internacional
de Geofsica, no Rio de Ja-neiro, em 2011, e o outro no V Simpsio de
Geofsica, em Salvador, em 2012. A empresa ainda participou, no fi
nal do ano passado, da organizao da 1 Semana de Geofsica da UnB que
foi patrocinada pela SBGf. En-caramos a organizao anual da Semana
de Geofsica como um projeto especial da Phygeo. Planejar e
orga-nizar um evento de palestras e minicursos direcionado aos
alunos do curso e demais interessados em geofsica uma forma
bastante criativa de promover o curso e ain-da conseguir capacitar
os prprios alunos. Os objetivos da empresa jnior se aliam aos
objetivos da Semana de Geofsica, por isso consideramos esse projeto
to espe-cial, conta Frederico Sousa. Outro projeto de relevn-cia
desenvolvido na Phygeo foi o auxlio na montagem do stio controlado
de geofsica da Polcia Federal, o SitCrim, em Braslia.
Desde sua inaugurao, 15 alunos j participaram da empresa jnior.
Hoje temos 10 membros. A seleo
feita semestralmente. Os alunos de graduao em geo-fsica se
inscrevem e tm seus currculos avaliados pela diretoria. Alm de boas
notas, buscamos pessoas que sejam proativas e tenham o esprito
empreendedor. Os membros da Phygeo no recebem salrios, uma vez que
a empresa jnior no tem o lucro como fi nalidade. No entanto est
prevista diria de campo e de processamen-to de dados para os
membros envolvidos diretamente nos projetos desenvolvidos pela
empresa. No muito, mas ajuda a comprar livros, custear cursos de
capaci-tao, passagens e estadia para irmos aos congressos e
simpsios de geofsica... enfi m, uma compensao pelo esforo
empreendido, nada mais justo, comenta Frede-rico Souza.
Parte do dinheiro arrecadado com os servios pres-tados utilizado
para pagar os custos da empresa. A quantia que sobra aplicada na
prpria empresa, seja na composio de fl uxo de caixa, ou na aquisio
de equipamentos de proteo e uniformes, cursos de ca-pacitao para os
membros, compra de computadores, livros, material de escritrio.
Para Frederico, atuar numa empresa jnior pode ser mais enriquecedor
do que um estgio. No s o aluno que tira vantagens de uma empresa
jnior. O empresrio que nos contrata ganha muito com isso. Como a
Phygeo uma empresa sem fi ns lucrativos, podemos oferecer um
oramento bem vanta-joso em relao aos preos praticados no mercado.
Alm disso, toda a equipe formada exclusivamente por estu-dantes
universitrios da rea, o que agrega muito valor ao servio
prestado.
Em todas as etapas dos projetos desenvolvidos, os estudantes
contam com o auxlio de um professor tu-tor, alm dos demais
professores do IG/UnB, que atuam como consultores da empresa. O
apoio institucional imprescindvel para uma empresa jnior existir.
Ao abrir uma empresa jnior, v em frente! E lembre-se de que difi
culdades viro, mas se voc e sua equipe persistirem, o esforo ser
recompensado. A satisfao enorme. Vale a pena mesmo, assegura
Frederico Sousa.
IAG Jr. - www.iagjunior.com.brFundada em agosto de 1997, a IAG
Jr. tem como misso aproximar os alunos do Instituto de Astronomia,
Geof-sica e Cincias Atmosfricas (IAG) da USP do mercado de trabalho
para desenvolver suas habilidades profi ssionais atravs da prestao
de servios de qualidade s em-presas, tornando-se assim referncia em
consultoria em suas reas. Aproximadamente 70 alunos j contriburam
em suas atividades.
Segundo a diretora presidente da empresa jnior da USP, Marce-la
de Oliveira, aproximadamente 70 alunos j contriburam com a IAG Jr.
que j realizou 30 projetos externos desde 2010. Nos preo-cupamos em
trazer conhecimento aos alunos do instituto atravs de cursos
ligados rea acadmica e
empresarial, para que possam se preparar melhor para encarar
oportunidades em sua carreira. A IAG Jr. ainda oferece palestras
relacionadas a diversos temas, como a prpria graduao e o mercado de
trabalho, alm de realizar eventos vinculados graduao e ao
Movimento
Empresas Juniores de Geofsica: Da Teoria Prtica
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Boletim SBGf | nmero 8410
UNIVERSIDADE
Empresa Jnior. A empresa prioriza cultivar valores e
transmiti-los atravs de eventos sociais, incentivando os
associados e a sociedade a contribuir com o prximo.
A empresa oferece a seus clientes solues em geofsica
com foco nas reas de geotecnia, meio ambiente, hidro-
geologia, e explorao de recursos minerais, utilizando
equipamentos de ponta e softwares sempre atualizados para o
processamento.
Hoje, 27 alunos esto envolvidos em pequenos pro-
jetos. Realizamos no mnimo um processo seletivo por
ano e no mximo dois para selecionarmos os alunos que
tiverem interesse em administrar a empresa. Com o sur-
gimento de projetos, damos preferncia aos associados.
A IAG Jr. nunca remunerou seus associados por cargos
internos, seja pelas suas funes administrativas, seja
pela gesto de projetos. Para a execuo dos mesmos
(participao em eventos, viagens de campo, processa-
mento e interpretao de dados), no entanto, ocorre pa-
gamento aos envolvidos, explica Marcela de Oliveira.
Aps passar por diversas situaes que vo alm do
cotidiano acadmico, a IAG Jr. se considera uma empresa
slida. Temos mais perspectiva de projetos, o que traz
uma maior vivncia empresarial aos alunos. Realizamos
um projeto em que tnhamos como objetivo determinar
a profundidade do topo rochoso em uma rea da regio
de Porto Feliz (SP). Usamos ssmica de refrao, Cami-
nhamentos Eltricos e Sondagens Eltricas Verticais e,
utilizando a combinao destes dados, determinamos
com boa preciso (cerca de 0,5 m) a profundidade da
rocha. Este cliente hoje nosso parceiro, j que confi ou
na qualidade de nossos servios. Outro projeto de porte
feito pela empresa jnior da USP foi no estado do Par
na regio da Serra do Trairo, onde os alunos participa-
ram de todas as etapas de campo (desde a programao
at a resolues de problemas), o pr-processamento e
processamento de dados.
De acordo com Marcela de Oliveira, a participao
dos docentes fundamental. Ao recebermos o contato
do cliente, fazemos uma reunio para levantarmos os
pontos necessrios e estudarmos a viabilidade do pro-
jeto. Para isso, sempre procuramos professores para nos
auxiliar. Depois fazemos um levantamento entre os alu-
nos interessados para a realizao do projeto. Quando
consideramos que possvel oferecer o servio com alta
qualidade, elaboramos uma proposta com todas as eta-
pas, prazos, oramento e modo de operao. No fi nal do
projeto sempre realizamos uma pesquisa com o cliente
para analisar sua satisfao com o nosso trabalho e uti-
lizamos esse feedback como base para uma constante melhoria dos
nossos servios.
Participar de uma empresa jnior tem muitas van-
tagens e a troca de experincias com outras empresas
juniores fundamental. Ns na IAG Jr. j passamos por
muitas difi culdades e consertamos erros que, se com-
partilhados, podem facilitar bastante o surgimento ou a
evoluo de outras empresas. Estamos abertos a auxiliar
outras empresas no que for possvel e, quando alguma
empresa vem nos contatar, nos preocupamos em respon-
der todas as dvidas que estiverem ao nosso alcance.
No acreditamos em concorrncia, todos estamos no
Movimento Empresa Jnior para crescer, aprender e le-
var conosco uma bagagem da graduao alm da que to-
dos j esto acostumados, fi naliza Marcela de Oliveira.
MOVIMENTO EMPRESA JNIOR
Em 1967, em uma faculdade de cincias econmicas, em Paris, foi
criada a primeira empresa jnior do mundo. A Lcole Suprieure des
Sciences Economiques et Com-merciales ESSEC lanou a ideia de uma
associao de estudantes formada com o propsito de colocar em prtica
no mercado os conhecimentos acadmicos.
Pioneira, a Empresa Jnior Fundao Getulio Vargas (EJFGV) foi
fundada, em So Paulo, em 1988, por alunos da graduao da Escola de
Administrao de Empresas da Fundao Getulio Vargas (EAESP-FGV) e deu
incio ao Movimento Empresa Jnior na Amrica Latina.
Ento foi criada a Brasil Jnior - Confederao Brasileira de
Empresas Juniores, que possui a misso de represen-tar o Movimento
Empresa Jnior em mbito nacional e potencializ-lo como agente de
educao empresarial e gerador de negcios. Segundo a confederao, h
cerca de 700 empresas operando neste modelo no pas, reu-nindo cerca
de 22 mil estudantes/empresrios juniores em instituies de ensino
superior.
Apesar de possuir carter de pessoa jurdica, uma em-presa jnior
no tem fi ns lucrativos porm possui fi ns econmicos para manter seu
funcionamento e oferecer melhor capacidade tcnica na formao dos
estudantes.
Registro do I Encontro Nacional de Empresas Juniores do Setor
Geo que aconteceu na UNESP Rio Claro, nos dias 31 de maio e 1 de
junho de 2013, reunindo alunos dos cursos de Geofsica, Geologia,
Geografi a, Engenharia Cartogrfi ca e Engenharia Ambiental.
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Jr.
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11Boletim SBGf | nmero 84
UNIVERSIDADE
Panorama da Graduao em Geofsica no Brasil - UnBO Boletim SBGf
est publicando um Panorama da Graduao em Geofsica no pas, no qual
so abordados diversos temas
relativos disciplina nas Instituies de Ensino Superior (IES). A
cada edio publicada uma entrevista com um coor-
denador de curso de graduao em geofsica e um aluno da mesma
instituio.
Est ligado ao Instituto de Geocincias da UnB, o mais novo curso
de graduao em Geofsica do Brasil. Criado no segundo semestre de
2009, o curso conta com boa infra-estrutura, com 3 salas
computacionais recm-reformadas e equipadas atravs do programa
REUNI, do governo fede-ral. A graduao da UnB tem nfase na geofsica
aplicada, com o objetivo de formar profi ssionais voltados carreira
cientfi ca e ao mercado de trabalho no Brasil e no exterior. O
curso, com durao de oito semestres, abre 60 vagas anuais, que so
preenchidas semestralmente por meio do vestibular, do Programa de
Avaliao Seriada e do Exame Nacional do Ensino Mdio, respeitando as
cotas. O ltimo vestibular teve a relao de 4,5 candidatos por vaga e
hoje 168 estudantes cursam Geofsica da UnB.
O curso conta com 3 salas computacionais de ltima gerao e uma
ampla gama de equipamentos geofsicos de campo, alm de diversos
laboratrios: de Geofsica Aplica-da (LGA); de Sensoriamento Remoto e
Anlise Ambiental (LSRAE); de Estudos da Litosfera (LabLitos);
Computacio-nal (LabCom) e Observatrio Sismolgico (ObSis). Site:
http://www.igd.unb.br
Entrevista Marco IannirubertoCoordenador do curso de graduao em
Geofsica da UnB
Como formado o corpo docente?O corpo docente formado por 14
professores, contratados especifi ca-mente pela implantao do curso
de Geofsica, mas outros professores do
Instituto de Geocincias tambm ministram as aulas. A to-talidade
dos docentes possui doutorado.
Como est o desenvolvimento da Geofsica em sua ins-tituio de
ensino? Como avalia a qualidade do curso?O curso est plenamente
inserido nas atividades de ensino, pesquisa e extenso da
universidade. A qualidade do curso muito boa, podendo contar com o
diferencial da inte-grao com o curso de Geologia e a boa
infraestrutura de pesquisa do Instituto de Geocincias.
Qual o perfi l do aluno formado no curso de graduao em Geofsica
oferecido pela universidade?A formao do geofsico na UnB tem forte
caracterstica multidisciplinar, com a base principal nas reas de
Fsi-ca, Matemtica, Geologia e Processamento de Dados. A formao d
nfase s atividades relacionadas geofsi-ca aplicada. No segmento de
geofsica bsica, o foco est na sismologia e suas aplicaes. Para
formar profi ssionais voltados carreira cientfi ca e ao mercado de
trabalho no pas e no exterior, o curso capacita os estudantes em
sete campos de atividade profi ssional. So eles: sismologia b-sica
e aplicaes; geofsica aplicada ao mapeamento geo-lgico e explorao
mineral; explorao de petrleo; ao estudo de gua subterrnea;
engenharia geotcnica; ao monitoramento do meio ambiente; e ao
estudo de rios, lagos e ambiente marinho costeiro.
A instituio oferece tambm curso de ps-graduao em Geofsica?Sim.
Geocincias Aplicadas.
Entrevista Lavoisiane Ferreira de SouzaEstudante de graduao em
Geofsica da UnBIdade: 21 anosPerodo: 8 semestreInteresse atual:
Geofsica aplicadaSituao profi ssional: estudante
O que te motivou a cursar Geofsica?
Sempre gostei de geocincias. Na poca do vestibular vi o novo
curso de Geofsica da UnB e achei interessan-te, pesquisei sobre o
assunto e como eu tambm gosto de Fsica, resolvi tentar e se no
gostasse poderia mudar para a Geologia. Porm, me apaixonei pelo
curso e estou realizada com a minha opo.
O curso tem correspondido as suas expectativas?
Sim, em funo do foco em geofsica aplicada, experin-cia prtica
com aulas de campo, processamento de dados e interpretao. Durante a
graduao pude abrir minha mente para as oportunidades da profi sso e
ter uma viso ampla do quanto a geofsica pode ser aplicada em v-rias
reas e sua importncia. Os professores sempre esto dispostos a nos
orientar em projetos de pesquisa, como o Programa Institucional de
Bolsas de Iniciao Cientfi ca (PIBIC) do CNPq e estgios
supervisionados. Alm disso, o Observatrio Sismolgico da UnB oferece
aos alunos a oportunidade de trabalhar com dados sismolgicos e
fazer pesquisas na rea.
Voc j teve alguma experincia profi ssional na rea?
Sim, embarquei em um navio na campanha de geofsi-ca marinha do
Servio Geolgico do Brasil (CPRM), por intermdio do Instituto de
Geocincias da universidade, onde foram adquiridos dados de
gravimetria, magneto-metria, batimetria multifeixe e de perfi lagem
acstica rasa com sub-bottom. Foi uma experincia muito
interes-sante, pois descobri como trabalhar em navios e gostei
bastante. Tive a oportunidade de conhecer geofsicos de diversas
instituies e conhecer suas experincias acad-micas. Isso me levou a
fi car muito satisfeita com a forma-o que recebo na UnB.
Voc j est desenvolvendo seu trabalho de concluso de curso? Se
sim, qual tema?
Sim. Estou trabalhando com aquisio, processamento e interpretao
de dados de gravimetria, magnetometria e eletromagntico (EM)
aplicados ao estudo do Grben gua Bonita, Provncia Tocantins. Para o
desenvolvi-mento deste trabalho estou sendo orientada por quatro
professores.
Pretende fazer alguma especializao ou investir na carreira profi
ssional?
Tenho inteno de ingressar no mestrado, no programa de Geocincias
Aplicadas da UnB.
Se associou SBGf a partir de qual perodo?
Em 2010, quando estava no segundo semestre do curso. Nesta
ocasio houve patrocnio da CGG.
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Boletim SBGf | nmero 8412
MEMRIA
Histria do Processamento Ssmico no Brasil Parte I
Simplicio Lopes de Freitas (SCF Consultoria) e Renato Lopes
Silveira (ANP)
No fi nal da dcada de 1950 os sinais ssmicos de refrao
eram recebidos pelos geofones, passavam por amplifi cadores
e fi ltros analgicos e eram diretamente gravados em papel
fo-
togrfi co pelos 24 galvanmetros. A partir dos sismogramas
em papel fotogrfi co os tempos de refrao eram plotados em
papel quadriculado, no qual o sismologista fazia a
interpreta-
o. No era possvel fazer a gravao em sistema magntico
porque grande parte dos dados era, na maioria dos casos,
muito superior a 6 segundos. J os sismogramas de refl exo
eram gravados simultaneamente em papel fotogrfi co e em
um sistema magntico de amplitude modulada (AM), o que
permitia a sua reproduo. Os sistemas usados pelas equipes
ainda usavam vlvulas eletrnicas como, por exemplo, o sis-
tema GSI 7000.
O centro de processamento ssmico da Petrobras que era
operado pela United Geophysical, na Avenida Rio Branco 10,
no centro do Rio de Janeiro, no fi nal da dcada de 1950 at
meados da de 1960, funcionava ainda com tecnologia anal-
gica a vlvulas e consistia em dois mdulos: i) o equipamento
de reproduo do sismograma, que era gravado em fi ta AM,
introduo de fi ltros, ganhos, e de uma velocidade constante
atravs de um dispositivo conhecido como camo, que per-
mitia um avano ou atraso em tempo do trao ssmico para
correo de normal moveout (NMO). Atravs de fi ao/cabos
(patch board) era possvel retirar traos mortos ou com muito
rudo. O resultado era uma sada em fi lme de sismogramas
no formato AR (aproximadamente 10 cm) que eram colo-
cados em um estojo para at 100 sismogramas. Aps atingir
essa capacidade, o estojo era levado para o laboratrio de
revelao fotogrfi ca. Aps esta etapa, o operador de AR se-
parava manualmente os sismogramas identifi cando-os com
tinta nanquim; ii) o segundo mdulo era uma mquina fo-
togrfi ca, chamada strata printer, que continha um grande
rolo de fi lme (aproximadamente 75 m). Os sismogramas eram
colocados individualmente na leitura AR que fazia sua trans-
crio para o rolo maior. Deste modo os sismogramas eram
dispostos lado a lado, um a um, formando o que se designou
chamar uma seo AR, que era apresentada como um con-
junto de sismogramas em densidade varivel. Cabia ao ope-
rador do AR, com base nas informaes da equipe, estabele-
cer a direo da linha. Este mdulo permitia opcionalmente
a entrada de correes estticas, tais como as relativas ao
weathering e elevaes, via carto perfurado, para cada trao.
Portanto, as sees ssmicas AR continham correo
esttica, correo fi xa de normal moveout e aplicao de fi l-
tros. Um datum da bacia tambm era aplicado na
plotagem da seo AR fi nal. A capacidade de processamento
destes equipamentos era pequena, tanto que, por exemplo, os
dados obtidos na costa brasileira em 1960 pelo navio Texin
da GSI (equipe ES-22) tiveram que ser enviados para Hous-
ton, EUA.
A chegada da tcnica CDP (common depth point) no
Brasil teve importantes desdobramentos na aquisio e no
processamento. Os equipamentos da United Geophysical
sofreram modifi cao para permitir a soma dos traos que
compem um CDP. Para tanto foi adicionado um tambor que
podia conter uma fi ta magntica com seis vezes o tamanho
da fi ta padro. O limite mximo de CDP era de seis traos.
Atravs de programao manual em patch board os dados
do sismograma de entrada eram enviados para este tambor
maior na sequncia do CDP. A correo esttica obrigatoria-
mente passou a ser feita manualmente pelo operador antes da
soma dos traos. Em suma, os dados oriundos de equipes com
CDP sofriam inicialmente a correo esttica, em sequncia
uma correo de normal moveout, aplicao de fi ltros, retira-
da de traos mortos ou com alto rudo, soma dos traos CDP
e depois gerao dos fi lmes AR. Um controle de qualidade
era feito pelo operador que visualizava o sismograma em um
monitor CRT. O necessrio alinhamento dos tempos de time
break de cada sismograma era feito manualmente com a
ajuda de outro monitor, no caso um osciloscpio.
Aps a plotagem da seo AR estas eram enviadas para
o Setor de Desenho j com as observaes do operador de
AR e os dados de campo (como por exemplo, equipe, linha,
direo, parmetros de tiro etc.). Aps manualmente proces-
sadas pelo desenhista, que completava na prpria seo AR
os dados bsicos (por exemplo, em cima de cada 12 traos o
nmero do ShotPoint), a seo era enviada para o Setor de
Cpias. Eram feitas cpias heliogrfi cas das sees para em
seguida serem enviadas aos intrpretes (que estavam na sede
ou nos distritos, como eram chamadas as atuais UO Unida-
des Operacionais de Explorao).
Do dia do recebimento das fi tas de campo e dos relat-
rios no centro de processamento at a expedio da cpia da
seo ssmica decorriam at 30 dias. Em casos excepcionais
todo o processo poderia ser feito em 3 a 5 dias com a
simpli-
fi cao das tarefas do desenhista. At este momento, meados
da dcada de 1960, um possvel reprocessamento dos dados
seria de muito pouca utilidade.
Em 1967 a Petrobras, tendo frente o Dr. Wagner Freire e
Paulo Novaes, cancelou o contrato com a United Geophysical
e instalou no Edifcio Astria, na Rua Senador Dantas 14,
na capital do Rio de Janeiro, um sistema analgico da SIE
que permitia a operao com fi tas magnticas analgicas
AM e FM. Possibilitava a correo esttica com entrada
em carto perfurado, correo de normal moveout din-
mica, aplicao de fi ltros, soma de CDP, um plotter de
sees ssmicas com vrias modalidades de apresentao
(wiggle, densidade varivel etc.) e um sistema conversor
de analgico para digital.
A primeira equipe ssmica nacional (ES-26) entrou
em operao em 1966 com instrumento SIE PT-100 e
registro AM e logo depois passou a usar as fi tas FM. Este
novo sistema, alm dos avanos tecnolgicos (baseados
em de transistores ao invs de vlvulas eletrnicas), per-
mitia tambm uma maior produtividade com o uso de
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13Boletim SBGf | nmero 84
cartes perfurados para entrada de dados de correes est-
ticas. A programao da soma de CDP continuava, contu-
do, a ser feita atravs de patch boards. A plotagem foi muito
simplifi cada, pois as sees fi nais eram plotadas
diretamente
para o plotter CRT. Este sistema j permitia um reprocessa-
mento dos dados com mudana na aplicao de correo de
NMO, porm no se podia antecipar o resultado fi nal at a
plotagem da seo. Com a eliminao da demorada etapa da
gerao dos sismogramas AR e da plotagem posterior da se-
o fi nal verifi cou-se um ganho no turnaround time entre a
entrada dos dados de campo no CPD e a expedio da seo
fi nal para os intrpretes.
O ano de 1968 trouxe grandes mudanas para a ssmica.
O levantamento digital da plataforma continental brasileira
comeou em 1967 e o processamento dos dados foi inicial-
mente realizado em Houston (EUA) com acompanhamento
de intrpretes da Petrobras. Deste modo para processar os
dados digitais da plataforma, foi
adquirido um computador IBM 360/44 com 256 KB de memria e um
convolver com software de
processamento ssmico aberto da
Western Geophysical Co. Pouco
tempo depois esse convolver foi
substitudo por um array pro-
cessor IBM 2938 que funcionou
at 1978, quando foi substitudo
pelo novo array processor IBM
3838. O IBM PS 360/44, quando foi instalado, no centro do
Rio de Janeiro, era considerado o maior e mais potente
siste-
ma computacional da Amrica Latina. A memria principal
era 256 KB (KB=103), enquanto as unidades de disco totali-
zavam 29,6 MB (MB=106). Era um computador muito caro,
alguns milhes de dlares na poca, ocupava mais de 200 m,
tinha refrigerao e instalaes eltricas especiais.
Hoje um PC de uso domstico pode ter 6 GB de memria
(grosseiramente 20.000 vezes maior que o PS44) e HD de 1
TB (mais de 30.000 vezes). A sequncia bsica dos programas
ssmicos utilizados eram o Edit (fazia a edio do formato do
instrumento de gravao no campo para um formato apro-
priado ao processamento); Decon; Velan; Nmo-Stk; Migra-
o; Filtro e Reformat. O PS44 usava um sistema operacional
monoprogramao. Basicamente os dados ssmicos de campo
eram lidos em fi ta magntica, ao passo que os parmetros dos
programas eram lidos atravs de uma leitora de cartes IBM
2501 e aps o processamento a sada era tambm colocada
em uma ou mais fi tas magnticas. O controle da execuo do
programa era feito atravs de uma impressora (IBM 1403). Para
visualizar os dados ssmicos era necessrio reformatar
a fi ta para que esta pudesse
ser lida no conversor digital/
analgico de onde era ento
plotada em papel ou fi lme
fotogrfi co. Uma equipe
de geofsicos da Petrobras,
alm de processar dados,
desenvolvia programas
que eram incorporados
ao fl uxo do processamen-
to. So desta poca, por exemplo,
os programas conhecidos como
P1010 (Migrao) e P1030
(Conversor Tempo-Profundi-
dade), a aplicao da holos-
ssmica na determinao de velocidade intervalar e eliminao
de refl exes mltiplas por meio do empilhamento horizontal
ponderado, dentre outros.
Em 1975 entrou em
operao o IBM 360/65 com 1 MB de memria
com o antigo array pro-
cessor IBM 2938, que
operava com um sistema
operacional MVT em regi-
me de multiprogramao,
no qual eram executados
concorrentemente at trs
programas. Este sistema
aumentou a capacidade de
processamento e permitiu
executar muitos outros
aplicativos. A rotina operacional, no entanto, era a mesma:
cada programa lia parmetros da leitora de cartes, os dados
de fi ta e os resultados do programa na impressora e os
dados
ssmicos em fi ta magntica. Ainda era necessrio o uso de um
programa de reformat para que os dados ssmicos pudessem
ser plotados. No fi nal de 1978 a capacidade de processamen-
to foi aumentada com a instalao de um IBM 370/158AP
acoplado em um array processor IBM 3838, mais tarde, em
1984 um IBM 3083B16 e em 1987 um IBM 3090 com dois VF
(vector facility), unidade especial que fazia clculos sobre
ve-
tores muito mais rpidos e que substituram os array proces-
sors. Estes ltimos sistemas usavam sistema operacional em
multiprogramao com memria virtual (MVS). O aumento
da capacidade de processamento era rapidamente absorvido
pelos novos aplicativos e novas tecnologias de aquisio.
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: A
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Foto
: A
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Foto: Arquivo IBM
Rua Visconde de Piraj, 250 / 6 andar | Ipanema | Rio de Janeiro
| Brasil | Tel/fax (55 21) 3202-6500
www.georadar.com.br
GEORXT. Explorando cada vez mais fundo,
para levar o Brasil cada vez mais longe.
Aliando conhecimento, experincia e alta tecnologia, a GEORXT
navega por guas rasas e profundas, levando solues
especializadas para reservatrios e aquisies de dados
ssmicos multicomponentes no leito ocenico (OBC).
Especializada em OBC-4C, a GEORXT trabalha com modelos
de negcios diferenciados, visando impulsionar o mercado de
dados ssmicos multicomponentes em campos produtores e
aplicaes para reas obstrudas.
Esses so alguns dos resultados de uma atuao baseada
na qualidade e compromisso com o cliente, alm de fortes
investimentos em novas tecnologias e produtos voltados
indstria petrolfera.
Conhea a GEORXT, primeira empresa brasileira de geofsica
martima e a mais nova integrante do Grupo Georadar.
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Boletim SBGf | nmero 8414
NOTAS
SRIES DE GEOFSICA 2
GEOFSICA NA PROSPECO MINERAL:GUIA PARA APLICAO
Jos Gouva Luiz
Inpe
Esto abertas as inscries para os cursos de ps-graduao do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nas se-guintes
reas: astrofsica, engenharia e tecnologias espaciais, geofsica
espacial, computao aplicada, cincia do sistema terrestre,
meteorologia e sensoriamento remoto. A seleo ser realizada em
dezembro para incio das atividades em maro de 2014. A documentao
exigida e mais informaes podem ser acessadas na internet atravs do
link www.inpe.br/pos_gradu-acao/inscricoes.php.
ONA Coordenao de Geofsica do Observatrio Nacional (ON) oferece
curso de mestrado e doutorado com as seguintes li-nhas de pesquisa:
Geofsica da Terra Slida (Geodinmica, Geomagnetismo, Geotermia,
Gravimetria, Instrumentao, Sismologia, Tectonofsica) e Geofsica
Aplicada (gua Sub-terrnea, Meio Ambiente, Petrleo, Recursos
Minerais). As inscries estaro abertas de 1 de outubro a 29 de
novembro. Veja mais informaes no site www.on.br.
UFFO Instituto de Geocincias da Universidade Federal Fluminense
(IGEO-UFF) abriu inscries para o processo de seleo de can-didatos
para o Programa de Ps-graduao em Dinmica dos Oceanos e da Terra -
DOT (antes chamado Geologia e Geofsica Marinha), no nvel de
doutorado. A documentao deve ser entregue no Departamento de
Geologia (Lagemar), no Campus da Praia Vermelha, no bairro de
Gragoat, em Niteri, Rio de Janeiro. A inscrio pode ser efetuada at
setembro de 2013. O pblico-alvo abrange graduados em Geofsica,
Geologia, Geografi a, Oceanografi a e reas afi ns. Informaes
adicionais podem ser obtidas no site
www.proppi.uff.br/pos-lagemar.
UERJ O Programa de Ps-graduao em Anlise de Bacias e Faixas Mveis
da Faculdade de Geologia da Universidade do Esta-do do Rio de
Janeiro (UERJ) oferece curso de doutorado nas reas de concentrao em
Anlise de Bacias e em Tectnica, Petrologia e Recursos Minerais. As
inscries esto abertas at 5 de setembro. Mais informaes em
www.fgel.uerj.br/ingres-so_pos2013.htm.
UFRNA Coordenadoria do Programa de Ps-Graduao em Geodi-nmica e
Geofsica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGG/UFRN)
oferece 10 vagas anuais para o curso de doutorado, distribudas nas
reas de concentrao do progra-ma. As inscries para o processo
seletivo para ingresso em 2014 esto abertas at o dia 30 de
setembro. Outros detalhes podem ser obtidos em
www.posgraduacao.ufrn.br/PPGG.
IAG-USPAs inscries para o processo seletivo do curso de
doutorado do Programa de Ps-Graduao em Geofsica do Instituto de
Astronomia, Geofsica e Cincias Atmosfricas da Universida-de de So
Paulo (IAG-USP) podem ser realizadas durante todo o ano letivo (fl
uxo contnuo). As informaes esto no site www.iag.usp.br/pos.
IGc-USPO Instituto de Geocincias da Universidade de So Paulo
(IGC--USP) oferece cursos de doutorado nos programas de Geo-qumica
e Geotectnica; Mineralogia e Petrologia; e Recursos Minerais e
Hidrogeologia. As inscries podem ser feitas ao longo do ano. Outras
informaes no site www.igc.usp.br.
Ps-Graduao em Geocincias
Dando continuao coleo S-ries de Geofsica que a SBGf vem
publicando, no intuito de ampliar a bibliografi a em portugus na
rea da geofsica, foi lanado o livro Geofsica na Prospeco
Mineral:
Guia para Aplicao (90 pg.), da autoria do professor Jos Gouva
Luiz.
O autor comeou sua vida pro-fi ssional em 1971, como gelogo de
poo da Petrobras. Entretanto,
logo depois voltou sua ateno academia. Desde 1974, como
professor da Universidade Federal do Par (UFPA), lecionou nos
cursos de graduao e ps-graduao da Geofsica e da Geologia. Durante
sua vida acadmica, participou de diversos projetos de pesquisa com
nfase em Geofsica Aplicada, alm de atividades de extenso para
companhias de minerao e agncias do governo, voltadas principalmente
para prospeco mineral e de gua subterrnea. O livro rene informaes
sobre alguns destes projetos.
Jos Gouva Luiz afi rma que a obra, que conta com o apoio da
Vale, foi inspirada na publicao Mining Geophysics, v. 1, editada
pela Society of Exploration Geophysicists (SEG). No livro fao a
descrio de processos geolgicos que contribuem para a formao de
depsitos de minrio e como eles infl uen-ciam a escolha dos mtodos
geofsicos de prospeco. Assim, espero que possa auxiliar no s os
geofsicos, mas tambm os gelogos.
Dividido em nove captulos, alm da introduo prospec-o, o livro
analisa os sulfetos macios e os disseminados, mi-nrios de ferro,
diamantes, bauxita, cassiterita, ouro e plceres. Ainda na
Apresentao, o geofsico Renato Silveira comenta: No estudo de cada
um dos captulos discute-se com critrio as caractersticas do minrio,
sua concentrao, gnese, am-biente, condio geoqumica, tipo de depsito
e, o que mais interessante, quais so os mtodos geofsicos mais
adequados para sua pesquisa exploratria. Magnifi camente ilustrado,
com exemplos de ocorrncias de acumulaes minerais no Brasil e no
exterior, o livro traz uma rica pesquisa bibliogrfi ca associa-da a
cada um dos captulos e outra de todo o contedo da obra.
O Diretor Global de Explorao Mineral e Desenvolvimento de
Projetos da Vale, Marcio Godoy, escreveu um texto intro-dutrio que
acompanha a obra: A Geofsica parte funda-mental do trabalho de
prospeco mineral, ela a base para a conduo da maioria dos programas
de explorao, contribui para reduzir os riscos e encurta o caminho
para a descoberta de depsitos minerais... registro e valorizo aqui
o alto nvel de qualidade, seriedade e comprometimento da SBGf, que,
com iniciativas como esta, vem desempenhando um importante pa-pel
para o desenvolvimento e a promoo da Geofsica no pas.
Jos Gouva Luiz j est com outra publicao agendada. Eu e minha
colega Lcia Maria da Costa e Silva estamos quase fi nalizando mais
um volume do livro Geofsica de Prospeco, que dedicado aos mtodos
eltricos e eletromagnticos, mas que talvez aborde tambm os mtodos
ssmicos.
Geofsica na Prospeco Mineral: Guia para Aplicao pode ser
adquirido por R$ 50, na sede da SBGf no Rio de Janeiro, e estar,
juntamente com outros ttulos da sociedade, no 13 Congresso
Internacional da SBGf, em agosto. Informaes so-bre envio pelos
Correios podem ser obtidas atravs do email [email protected].
Livro - Geofsica na Prospeco Mineral: Guia Para Aplicao
-
IN MEMORIAM
15Boletim SBGf | nmero 84
Foto
: Arq
uivo
SB
Gf
In Memoriam - Roberto Hermann Plastino, Antonio Saldanha de
Sousa Neves e Geraldo de OliveiraNesta edio, o Boletim SBGf presta
homenagem a geofsicos que contriburam de forma inestimvel para o
avano da cincia no Brasil e que, infelizmente, faleceram. Roberto
Hermann Plastino, Antonio Saldanha de Sousa Neves e Geraldo de
Oliveira, nosso pesar.
Foto: Mem
ria Petrobras
Roberto Hermann PlastinoNascido em 21 de abril de 1940, Roberto
Hermann Plastino faleceu em 14 de agosto de 2012. Graduou-se em
1962 em Engenharia Eletrnica pelo Instituto Tecnolgico de
Aero-nutica (ITA) e ingressou no mesmo ano na Petrleo Brasilei-ro
S.A. Considerado muito criativo, desenvolveu juntamente com Fausto
Alberto Lira de Aguiar, tcnico do ITA e W.F. Lotz, geofsico que
tambm era funcionrio da Petrobras, um resistivmetro utilizado em
prospeco geofsica nas ativida-des de eletrorresistividade. Em 1963
foi criada pela Petrobras a Equipe Eltrica 3 (EE-3) com a fi
nalidade, inicialmente, de realizar prospeco geofsica na Bacia do
Recncavo. Ro-berto Hermann Plastino esteve presente em todo o
perodo de atividades da equipe, tendo ocupado a chefi a da mesma
durante muitos anos. Alm do Recncavo, a EE-3 tambm fez prospeces
nas Bacias de Almada, Jequitinhonha e Es-prito Santo, tendo bases
em Cat (BA), Mata de So Joo (BA), Ilhus (BA), Canavieiras (BA), So
Mateus (ES) e Linha-res (ES), onde a EE-3 concluiu suas
atividades.
Aps o trmino da EE-3, Plastino foi transferido para o
Departamento de Explorao da Petrobras (DEPEX) no Rio de Janeiro,
onde passou a dar manuteno em equipamen-tos eletrnicos das equipes
ssmicas. Quando aposentado, foi trabalhar no Departamento de
Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em um
projeto de pesquisa ligado aplicao de Radar Penetrao no Solo (GPR)
em poos de petrleo. Tambm se dedicou ao magistrio, tendo ministrado
aulas de Matemtica, Fsica e Mtodos Geofsi-cos na UFRJ e em outras
instituies de ensino e pesquisa, obtendo o Mestrado em Geologia na
UFRJ em 2006.Contribuio: Renato Silveira
Antonio Saldanha de Sousa Neves com pesar que a SBGf informa o
fa-lecimento do geofsico Antonio Sal-danha de Sousa Neves, no dia
21 de outubro de 2012, no Rio de Janeiro.
Nascido em Portugal, iniciou sua carreira no continente
africano, mais precisamente em Moambique e na frica do Sul, depois
de conseguir os ttulos de graduao e doutorado em Geofsica pelo
Mas-sachusetts Institute of Technology (MIT/EUA), no fi nal dos
anos 50. No Brasil, atuou em algumas das principais em-presas de
servios, a maioria delas especializadas em aero-geofsica, como a
LASA e ENCAL, entre 1976 e 1989. Na academia foi professor
visitante do Observatrio Nacional e da UFRJ e, nos ltimos 10 anos,
vinha trabalhando como consultor, exceto pelo perodo em que foi
designado para chefi a da Superintendncia de Defi nio de Blocos
(SDB) da ANP, em 2005.
Segundo o parceiro de profi sso e amigo, Jorge Dago-berto
Hildenbrand, durante sua carreira profi ssional, An-tonio Sousa
Neves se destacou como geofsico especialista nos mtodos potenciais
(magnetometria e gravimetria), e considerado um dos pais do mtodo
magnetotelrico, que
foi o tema de sua tese de doutoramento no MIT, alm de ter
publicado artigos cientfi cos relacionados ao assunto.
Tive o privilgio de conviver e trabalhar com o Sousa desde o fi
nal dos anos 70, quando ambos atuvamos em empresas concorrentes,
mas mantnhamos uma relao cor-dial e de respeito mtuo. Foi a partir
da metade da dcada de 80 que nossa relao profi ssional esteve mais
prxima e que perdurou at seus ltimos dias. Ao longo de sua vida
profi ssional trabalhou com praticamente todos os mtodos geofsicos:
mtodos ssmicos, eltrico-eletromagnticos e os mtodos potenciais, aos
quais esteve mais ligado nos ltimos anos. Com seu esprito
empreendedor trouxe para o Brasil os primeiros levantamentos
magnetotelricos (MT), construiu magnetmetros com sensores de prtons
para fu-gir das difi culdades de importao nos anos 80 e esteve
frente da iniciativa que viabilizou a entrada da LASA nos
levantamentos ssmicos na Amaznia (LASA-SDU), na mesma dcada. Enfi
m, mais um mestre da geofsica se foi, mas sua imagem ser sempre
lembrada pela sua elegncia, inteligncia, carter exemplar e pelo seu
bom humor quase inabalvel, comenta Jorge Hildenbrand.Contribuio:
Jorge Dagoberto Hildebrand
Geraldo de OliveiraEm 26 de novembro de 2012, fale-ceu o
geofsico aposentado Geraldo de Oliveira, aos 94 anos, no Rio de
Janeiro. Foi na Petrobras que Geral-do de Oliveira desenvolveu uma
pr-diga carreira, sendo gerente da rea de produo da regio Norte, em
Be-lm, na poca da descoberta de Nova Olinda, mdio Amazonas, e
inventor de um mtodo de re-frao. Como o mtodo no foi patenteado ou
publicado em uma revista de grande circulao, poucos tomaram
co-nhecimento do mesmo. Consta que o mtodo acabou sendo registrado,
posteriormente, por uma companhia americana.
No Centro de Processamento da Petrobras, Geraldo de Oliveira
colaborou com diversos projetos. Em 1975 demons-trou que, para um
meio isotrpico e homogneo, a migrao 3D dos dados de refl exo ssmica
pode ser realizada atravs da aplicao de duas migraes, em cascata,
uma perpendi-cular outra. Novamente, como a descoberta no foi
publi-cada, o mtodo acabou sendo reinventado por Ken Larner e
anunciado em um congresso da SEG, nos Estados Unidos.Produziu
inmeros resultados, muito dos quais tiveram am-pla utilizao, tais
como o Mtodo Hales, no qual utili-zava o grfi co da interpretao de
dados de refrao para apresentar de pronto a soluo. Ainda, a partir
do grfi co que representava o perfi l de um poo, a partir do WVS,
de-senvolveu uma soluo grfi ca de grande importncia para todos os
intrpretes que, na poca, procuravam conhecer a funo velocidade
pertinente quela rea.Contribuio: Osvaldo de Oliveira Duarte e Joo
Victor Campos
-
16
ESPECIAL
Em decorrncia da evoluo tecnolgica e da necessi-dade de
constante aperfeioamento da explorao nas camadas mais profundas do
oceano, a caracterizao de reservatrios hoje uma ferramenta
essencial para a perfurao de novos poos, monitoramento destes
reser-vatrios e implantao de projetos de recuperao adi-cional de
petrleo.
Fuso de atividades e multi-disciplinaridade so as bases do
sucesso em processos de caracteri-zao de reservatrios. De acordo
com Abelardo S, engenheiro de petrleo e consultor na rea de
en-genharia de reservatrios da empre-sa Barra Energia, a
especializao em caracterizao de reservatrios
pertence rea da geoengenharia. Essa rea resulta da integrao das
reas de geofsica, geologia de desenvol-vimento e engenharia de
reservatrios. A equipe deve ser composta ainda por perfi s de profi
ssionais que traba-lham em laboratrios de centros de pesquisa e em
com-panhias prestadoras de servios para produo de dados. Na
caracterizao de reservatrios trabalhamos inicial-mente com o modelo
esttico do reservatrio e posterior-mente com o modelo dinmico. O
modelo esttico onde h uma participao expressiva das reas de
geofsica e geologia, j no modelo dinmico feita a simulao do fl uxo
no reservatrio onde h uma participao expres-siva da rea de
engenharia de reservatrios. Como um modelo depende do outro, os
profi ssionais precisam estar bem integrados e participando de
todas as fases para que o melhor resultado seja obtido.
Dois ingredientes so necess-rios para a caracterizao de
reser-vatrios: informao e know-how. A afi rmao de Julio Gontijo,
ge-rente de servios de monitoramento de reservatrios da PGS-Brasil.
Em geral as empresas bem estruturadas possuem um bom conhecimento
ou tem como ter acesso ao mesmo, atravs de consultorias,
treinamen-
to etc. Os dados precisam ser adquiridos e, a depender do tipo
de ambiente, sua obteno pode ter um custo muito elevado ou pode ser
at mesmo invivel. Nesse caso, a experincia e o conhecimento ajudam
muito para inferir valores, utilizar correlaes, anlogos, entre
outros re-cursos. Um fator que pode infl uenciar na caracterizao de
reservatrios o tempo. No raro o profi ssional dispor de pouco tempo
para realizar os estudos de ca-racterizao, o que pode ser agravado
com a escassez de dados ou informaes da rea em estudo.
Para Bartolomeu Ansaloni, con-sultor para as reas de explorao e
desenvolvimento da produo da empresa Ecopetrol, todo o proces-so de
caracterizao deve estar em sintonia. Nada se aproveita de uma
cobertura ssmica 3D ou de um mo-nitoramento 4D, caso algum elo da
cadeia dos sucessivos processos ps-
-ssmica falhar ou for mal conduzido. Como j aconteceu e,
acredito, voltar a acontecer. O principal responsvel pela integrao
o gerente do negcio, que deve prover treinamentos, orientaes e
mecanismos de modo a ga-rantir a integrao entre os diversos atores
envolvidos, cuidando inclusive das questes da estrutura funcional
da empresa.
O monitoramento dos reservatrios uma atividade permanente da rea
de caracterizao, na qual os mode-los so ajustados medida que novas
informaes so apuradas, logo aps o incio da produo nos
reservat-rios. Esses ajustes promovem a melhoria da qualidade dos
modelos. Por exemplo, quando aplicvel, a ssmica 4D um dos elementos
considerados valiosos para ava-liar a movimentao de fl uidos no
reservatrio e fun-damental para o modelo dinmico. O monitoramento e
a caracterizao dos reservatrios demandam pela aquisi-o e pelo
processamento de volumes em maior quanti-dade dos dados ssmicos do
que da ssmica exploratria (3D). A tecnologia de aquisio do prprio
dado ssmico tem evoludo desde a aquisio convencional com a
uti-lizao de cabos rasos (streammers) at a aquisio de dados no
fundo do mar, que apresentam melhor qualida-de, afi rma Abelardo
S.
Tecnologias como OBC, NODES e novas tcnicas que fazem a aquisio
permanente dos dados - como sen-sores no fundo do mar utilizando fi
bra tica - segun-do Abelardo S, j esto sendo aplicadas no Brasil.
As tcnicas de imageamento de reservatrios tm evoludo bastante
nestes ltimos anos no apenas em termos de hardware, mas tambm em
termos de softwares utilizan-do algoritimos, cada vez mais
complexos, para extrair informaes dos dados que at ento no eram
utiliza-das. Existem incertezas na caracterizao que precisam ser
trabalhadas atravs da aquisio de um bom volume de informaes e com
qualidade. A questo do contro-le de qualidade dessas informaes
fundamental para assegurar um bom nvel fi nal do produto. necessrio
que o executor da tarefa de caracterizao seja capaz de mapear essas
incertezas e transmiti-las de maneira adequada.
De acordo com Julio Gontijo, o monitoramento de reservatrios at
recentemente era feito somente atravs
Caracterizao de Reservatrios
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: A
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A multidisciplinariedade a base dos processos de caracterizao de
reservatrios, nos
quais os profissionais de geofsica, geologia e engenharia de
reservatrios aplicam seus
conhecimentos, de forma integrada, para alcanar os melhores
resultados.
Boletim SBGf | nmero 84
-
17Boletim SBGf | nmero 84
da obteno de informaes dos poos, pois estes so os
nicos pontos de acesso ao reservatrio. As medies
mais comuns so as presses de fl uxo e esttica, os per-
fi s (a poo aberto e de produo), os testemunhos e a
medio dos efl uentes dos poos (tipo de fl uidos, vazes
etc.). Atualmente est surgindo, de forma cada vez mais
frequente, o monitoramento do reservatrio com o uso da
ssmica denominada 4D. Novas ferramentas de aquisio
tm surgido, bem como novas tcnicas de processamento
e de interpretao. De uma forma geral, um ponto consi-
derado crtico o longo tempo decorrido entre a aquisi-
o do dado e a disponibilizao dos resultados processa-
dos e interpretados para os tomadores de deciso. Outro
desafi o a realizao de operaes de aquisio ssmica
em reas bastante congestionadas pelos equipamentos
de produo, sejam plataformas, FPSOs ou instalaes
submarinas. Em alguns casos, o acesso a essas reas
extremamente complicado.
Segundo Bartolomeu Ansaloni, as principais tecnolo-
gias e mtodos utilizados hoje na caracterizao de reser-
vatrios so a ssmica (2D, 3D e 4D), a coleta de amostras
de rochas e fl uidos nos poos para posterior anlise, os
esquemas de controle e automao na coleta de dados
(presso, corte de gua, RGO) de forma continuada, ou
no, em poos (cabos de fi bra tica, sensores, teleco-
municao) e os perfi s convencionais ou especiais. Da
ssmica 3D, espera-se obter a geometria externa das acu-
mulaes e dos reservatrios, defi nir heterogeneidades
estruturais, estratigrfi cas, faciolgicas, integrao com
dados petrofsicos (perfi s e rocha), estabelecer contato
entre fl uidos etc. Da ssmica 4D, espera-se suporte essen-
cialmente no acompanhamento do modelo dinmico do
campo, de forma contnua (sensores nos poos) ou, even-
tualmente, de forma programada ou no. A metodologia
de interpretao dos dados 3D e 4D parece-me a mesma,
mudando-se as fi nalidades, enquanto a metodologia da
aquisio e do processamento orientados para a carac-
terizao de reservatrios que sofre mudanas em cada
situao especfi ca.
Julio Gontijo explica que algumas tecnologias uti-
lizadas na caracterizao de reservatrios no so liga-
das geofsica, como a obteno de dados de medio
em poos de forma remota, via satlite. As tcnicas de
perfi lagem durante a perfurao e a de transmisso on--line das
informaes tambm tm sido bastante utili-zadas. Na rea da geofsica
tem-se conseguido realizar
aquisies numa faixa de frequncias bem maior do que
anteriormente, broadband, j se eliminando os rudos e as ondas
indesejveis na fase de aquisio. A PGS possui
a tecnologia Geostreamer GS, que vem sendo utilizada
com sucesso h mais de quatro anos. Novas tcnicas de
processamento tambm esto em desenvolvimento e, em
breve, podero estar no mercado. Outras tcnicas como o
eletromagnetismo tambm esto sendo pesquisadas.
Na rea de monitoramento permanente de reser-
vatrios, a PGS desenvolveu uma tecnologia de cabos
de fundo de fi bra tica, que segundo Julio Gontijo est
sendo testada com sucesso em guas profundas e que
poder ser futuramente uma ferramenta usual no geren-
ciamento dos campos de petrleo. J existem alguns
projetos no mundo, cujo processo de caracterizao de
reservatrio feito com o uso de sistemas permanentes
de monitoramento. A tendncia que, dentro de pou-
cos anos, todos os campos de petrleo, com reservas e
produo relevantes, sejam completamente monitorados
com a instalao de sistemas permanentes. Em outras
palavras, o sistema permanente de monitoramento j
dever fazer parte do plano de desenvolvimento inicial,
no qual o desenho dos sistemas de produo, seja das
plataformas ou dos sistemas submarinos, j dever con-
templar a instalao dos sensores para aquisio ssmica
ao longo da vida produtiva do campo. Tem-se buscado
tambm obter uma melhor cobertura dos reservatrios
utilizando-se vrias geometrias de aquisio: multi-azi-muth,
wide-azimuth e rich-azimuth. Novas ideias ainda esto por
surgir.
Inteligncia de MercadosTecnologia de e&PDados
Histricos>
>>
WORKFLOWS
INTELIGENTES
UMA NOVA DIRETRIZ EM SOLUES INTEGRADAS DE INTERPRETAO E
MODELAGEM GEOFSICA E GEOLGICA
Equipe tcnica de
Caracterizao de
Reservatrios
Geofsico
Gelogo Engenheiro
Especializao emReservatrios
-
Boletim SBGf | nmero 8418
ESPECIAL
Geofsica de reservatrios e ssmica de poos
A geofsica de reservatrios um recurso fundamental
na busca pelo aumento no fator de recuperao. Essa
ferramenta ainda tem sido pouco utilizada. Ao mesmo
tempo, existe um sentimento entre os profi ssionais de
reservatrio que os nossos fatores de recuperao esto
muito aqum daqueles verifi cados em outras regies,
como no Mar do Norte, por exemplo. A rea de proces-
samento ssmico uma das que mais apresenta desafi os
para a caracterizao de reservatrios. No entanto,
uma das mais ricas na gerao de novas ideias e que
tem evoludo drasticamente no ltimos anos, medida
que a capacidade e velocidade dos computadores vm
aumentando. A iluminao que se tem alcanado dos re-
servatrios atualmente, seria impensvel h pouco mais
de 10 anos. Entre outras tecnologias que se tem estudado
muito ultimamente, destaca-se a tentativa de se apro-
veitar as ondas mltiplas, alm das primrias, de forma
a ampliar a intensidade e a qualidade do sinal ssmico,
afi rma Julio Gontijo.
Dentro da rea de caracterizao de reservatrios,
Abelardo S comenta que o papel da geofsica cada
vez maior e est bastante atrelada s grandes inovaes
tecnolgicas. Esta integrao ocorre em todos os sen-
tidos, tornando a contribuio do geofsico no s es-
sencial para a construo do modelo esttico do reser-
vatrio (tradicionalmente, era essa a sua contribuio)
como tambm agora para o modelo dinmico. Esse um
contexto de grandes desafi os. O papel da geofsica de re-
servatrios de suma importncia para o incremento de
novas reservas atravs de uma modelagem do reserva-
trio mais precisa, que poder trazer a possibilidade de
perfurao de novos poos e de implantao de projetos
de recuperao suplementar de petrleo.
Para Bartolomeu Ansaloni, o gelogo de reservat-
rio deve ter em mente, por ocasio da aquisio ou do
reprocessamento ssmico, os pontos crticos a serem es-
clarecidos com a interpretao ssmica. Tais como de-
talhar compartimentaes estruturais, defi nir unidades
faciolgicas ou estratigrfi cas e estabelecer esquemas
para acompanhamento da operao de injeo de fl uidos
atravs de ssmica 4D. Deste modo, ao seguir as melhores
prticas, desde a aquisio ssmica, possvel garantir um
adequado resultado fi nal.
Mercado nacional e formao profi ssional
Com a 11a Rodada de Licitaes da ANP, ocorrida em maio
de 2013, o mercado brasileiro oferece uma boa demanda
para novas pesquisas e servios na indstria de petrleo
e gs. O mercado potencial no Brasil muito grande.
Existem vrios campos de grande porte j em produo
e outros em desenvolvimento, especialmente, na rea do
pr-sal. A demanda tende a ser crescente medida que
novas tecnologias de aquisio e processamento sejam
disponibilizadas e, principalmente, quando obtivermos
um melhor imageamento dos reservatrios, conseguindo
identifi car as mudanas de presso e saturao. Em geral,
os preos no so to exorbitantes quando comparados
com os custos das demais operaes, como a perfurao
e completao de poos ou com custo das instalaes
de produo. A ampliao das atividades, bem como a
reduo de custos, podem ser obtidos, a mdio prazo,
medida que sejam criadas condies de construir os equi-
pamentos de aquisio ssmica no Brasil. Nessas circuns-
tncias haveria a tendncia de crescimento da atividade
de caracterizao dos reservatrios, seguida da diminui-
o de preos, comenta Julio Gontijo.
Sobre a formao e oferta de profi ssionais de geo-
fsica de reservatrios, o gerente de servios de monito-
ramento de reservatrios da PGS-Brasil acredita que o
Brasil conta com boas escolas de formao de profi ssio-
nais em geofsica, geologia e engenharia de petrleo, em
nvel de graduao, mestrado e doutorado. Nos ltimos
anos a Petrobras tem absorvido boa parte desses profi s-
sionais e os demais so contratados por outras empre-
sas operadoras ou de servios. De uma forma geral no
fcil encontrar profi ssionais de petrleo experientes no
Brasil, principalmente quando se busca especialistas em
caracterizao de reservatrios. A soluo adotada pelas
empresas contratar pessoal recm-formado e promover
o seu treinamento, que na maioria dos casos feito no
local de trabalho.
Para Abelardo S, difcil avaliar a demanda por ser-
vios de caracterizao no Brasil, j que grandes opera-
doras como a Petrobras, que tem mais de 80% dos assets em
desenvolvimento/produo, fazem isto internamente.
A demanda por servios de terceiros depende basicamen-
te de dois fatores: da disposio destas grandes operado-
ras em terceirizar esse servio, parcial ou integralmente,
e do sucesso dos produtores independentes, que est atre-
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ObliQ * uma tcnica de aquisio e imageamento de dados ssmicos
martimos com alto
custo-benefcio, sua caracte