21/07/2015 1 BIOQUÍMICA CLÍNICA Profª Regina P. Reiniger UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA Plasma = Fluido extracelular + proteínas Transporta grande quantidade de substâncias dos sítios - absorção ou - produção - de utilização para - excreção - Substâncias essenciais ( concentração) para manter função homeostática (FEC) Considerações: Deve estar no plasma? (albumina, eletrólitos) Esta sendo levada para algum lugar necessário? (glicose, hormônios) Será que é um produto metabólico em vias de ser excretado? (uréia, creatinina, bilirrubina) Está acidentalmente no plasma? (enzimas) De onde exatamente vem esta substância? Para onde está indo? Quais mecanismos responsáveis pela sua adição ou remoção do plasma, em condições normais e anormais, e como são controlados???? Concentrações muito baixas Diminuição da adição ao plasma: - síntese insuficiente - déficit nutricional - má absorção - falta de precursores Remoção acelerada do plasma: - demanda excessiva - excreção aumentada - perdas patológicas Concentrações muito altas Aumento na adição do plasma - produção ou captação aumentada - perda patológica do compartimento celular Remoção do plasma diminuído - utilização diminuída - excreção prejudicada
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BIOQUÍMICA CLÍNICA
Profª Regina P. Reiniger
UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Plasma = Fluido extracelular + proteínas
Transporta grande quantidade de substâncias
dos sítios - absorção ou
- produção
- de utilização
para - excreção
- Substâncias essenciais ( concentração) para manter função homeostática (FEC)
Considerações:
Deve estar no plasma? (albumina, eletrólitos)
Esta sendo levada para algum lugar necessário?
(glicose, hormônios)
Será que é um produto metabólico em vias de ser excretado? (uréia, creatinina, bilirrubina)
Está acidentalmente no plasma? (enzimas)
De onde exatamente vem esta substância?
Para onde está indo?
Quais mecanismos responsáveis pela sua adição ou remoção do plasma, em condições normais e anormais, e como são controlados????
Concentrações muito baixas
Diminuição da adição ao plasma:
- síntese insuficiente
- déficit nutricional
- má absorção
- falta de precursores
Remoção acelerada do plasma:
- demanda excessiva
- excreção aumentada
- perdas patológicas
Concentrações muito altas
Aumento na adição do plasma
- produção ou captação aumentada
- perda patológica do compartimento celular
Remoção do plasma diminuído
- utilização diminuída
- excreção prejudicada
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Plasma ou soro?
Plasma é o sobrenadante obtido quando uma amostra de sangue que foi coletada com anticoagulante é centrifugada; soro é o equivalente de uma amostra que se permitiu coagular. A maioria dos testes bioquímicos pode ser realizada tanto com o plasma de amostras heparinizadas ou com soro – existem poucas exceções com exigências específicas. - O sangue coagulado deve ser deixado a temperatura ambiente até que o coagulo se forme por inteiro (pode levar cerca de 2h) antes de qualquer tentativa de separá-lo.
Avaliação de função e lesão hepática Três categorias de análise: 1. Testes indicativos de lesão de hepatócitos
- ALT – AST e SDH
2. Testes indicativos de obstrução do fluxo biliar (colestase) -Fosfatase Alcalina (FA), Gama-glutamil transferase (GGT);
3. Testes que avaliam a função hepática ou indicam a disfunção hepática: Proteínas (Albumina), Colesterol, Glicose, Uréia e Fatores de coagulação e Bilirrubina.
Função hepática:
A. Provas enzimáticas
Estas enzimas aumentam na circulação à medida que são liberadas pelas células de origem. Esta liberação pelos hepatócitos pode ocorrer por: -Alteração na permeabilidade celular: reações inflamatórias, degeneração celular;
- Necrose celular: ingestão de drogas hepatotóxicas, cirrose crônica (pode possuir valores normais de ALT ou diminuídos).
Função hepática:
Enzimas Hepatocelulares ALT e AST
O aumento destas enzimas irá ocorrer por extravasamento
celular provocado por lesão nos hepatócitos.
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Função hepática:
ALT – Alanina amino transferase (citoplasma)
Cães e gatos – lesão hepática
. Somente é observado na degeneração ou necrose
hepatocelular.
. Aumenta aproximadamente 12 h após a lesão hepática e
atinge o pico cerca de um a dois dias após a lesão aguda.
. Permanece aumentada durante a fase de regeneração dos
hepatócitos.
Função hepática
ALT – Alanina amino transferase
Cães e gatos
. Aumento de corticóide sanguíneo (exógeno ou
hiperadrenocorticismo) – eleva 2 a 5 x a atividade sérica da
ALT.
.Aumento discreto – congestão e esteatose hepática.
.Aumentos 3 x o normal: hepatites tóxicas ou infecciosas,
necrose celular, congestão hepática, colangites obstrução do
ducto biliar, neoplasias.
Função hepática
ALT – Alanina amino transferase
Cães e gatos – elevação ALT
. Proximidade com pâncreas – pancreatites induz um dano
-Exercício intenso e a necrose muscular – elevam tardiamente
a AST;
- Mitocôndrias e citoplasma – lesão maior para liberação
-OBS: usada para avaliar condicionamento físico em animais
de esporte.
Função hepática
AST – Aspartato amino transferase
-Lesão muscular? – CK (creatina quinase) aumentada;
- ↑ CK e ↓ AST = lesão recente
- ↑ CK e ↑ AST = lesão continuada
- ↓ CK e ↑ AST = processo de recuperação
-Podem estar aumentadas em cardiomiopatias.
Função hepática
SDH – Sorbitol desidrogenase
- Hepatoespecífica na maioria das espécies
- Muito instável – deve ser analisada rapidamente após a
coleta.
Maior estabilidade em equinos e pequenos animais.
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Função hepática
GDH – Glutamato desidrogenase
- Teste de escolha para equinos;
- Estável.
OBS: quanto > concentração plasma > dano hepático
Função hepática
Enzimas indicativas de obstrução biliar - colestase
FA – Fosfatase Alcalina
- Enzima de indução presente nas membranas e organelas.
-Cães
-Felinos
Gama-Glutamil transferase (GGT)
- Felinos e equinos.
Função hepática
B. Testes de função hepática
-Proteínas
-Colesterol
-Tempos de coagulação
-Glicose
-Urinálise
-Bilirrubina
Proteínas plasmáticas
. Albumina, imunoglobulinas, proteínas específicas de transporte
- Síntese
- Função
- Proteínas de fase aguda – marcadores de doença inflamatória aguda:
. Proteína C reativa
. Fibrinogênio
. Colesterol
Origem – exógeno ( ALIMENTOS)
- endógeno (sintetizado a partir do acetil-CoA)
-Circula no plasma ligado as lipoproteínas
-É precursor dos ácidos biliares – bile, hormônios e esteroides;
- Dosar após jejum de 12 horas - monogástricos
. Colesterol
-Aumentados: - Diminuídos:
hipotireoidismo hipertiteoidismo
dieta rica em gordura desnutrição
obstruções biliares anemia crônica
pancreatite corticoterapia
nefroses insuficiência hepática
gestação
disfunção hepática generalizada
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. Fatores de coagulação
I – II – V – IX – X
A obstrução do fluxo biliar pode reduzir a absorção de
vitamina K (fatores dependentes de vit K II -VII-IX-X);
Na insuficiência hepática os distúrbios de coagulação são
comuns em cães, raros em bovinos.
. Glicose
Fígado retém 60% da glicose que entra pelo sistema
porta. A habilidade em produzir glicose (gliconeogênese) é
geralmente a última função a ser perdida em uma falência
hepática.
Ingestão de alimento aumento da glicose circulante Pâncreas libera Insulina aproveitamento da glicose e transformação em glicogênio pelo fígado
Animal em Jejum diminuição da glicose circulante Pâncreas libera Glucagon degradação do glicogênio hepático e liberação de glicose para o sangue.
Pâncreas Fígado
Estimula para insulina Inibição para Glucagon
Estimula para Glucagon Inibição para Insulina
. Bilirrubina
Degradação eritrócitos velhos
Hemoglobina
Globina
Heme Bilirrubina
Ferro
Bilirrubina Albumina
Bilirrubina
indireta
Fígado
Bilirrubina direta
Ác. glicurônico
-Excretada pela Bile -Urobilinogênio (Íleo e cólon)
10 a 15% urobilinogênio retorna ao fígado – re-excretado pela bile e urina
Bilirrubina livre pode não estar ligada a albumina em 3
situações:
1. Níveis baixos de albumina
2. Alta concorrência pelos lugares de união da albumina
(tiroxina, cortisol, digoxina, diazepam)
3. Nível de bilirrubina livre for extremamente alto (>20 mg/dL)
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Aumento das bilirrubinas
Bilirrubina indireta Bilirrubina direta Bilirrubina ind e dir
Hemólise aguda grave Perda da funcionalidade hepato-celular – doença infecciosa
Perda da funcionalidade hepato-celular
Absorção de grande hematoma
Dano tóxico Obstrução do fluxo biliar
Hemorragia intensa massiva
Colestase Hemólise intravascular grave
Transfusão com sangue armazenado inadequado
Diminuição plasmática de bilirrubina:
-Observado em doenças crônicas que cursam com a diminuição
da formação dos eritrócitos anemia;
-O número reduzido de eritrócitos, o sistema RE reduz a
fagocitose diminuindo a bilirrubina no plasma;
-Hipobilirrubinemia anemias hipoproliferativas devido a uma
infecção ou inflamação crônica, neoplasia maligna ou última fase
de doença renal.
Icterícia
A icterícia pode ser detectada no exame físico ou quando o plasma ou soro é
examinado no laboratório, e nestas condições há um valor de bilirrubina total
acima de 1mg/dL.
A hiperbilirrubinemia sempre indica doença hepatobiliar ou hematopoiética.
Entretanto, há doenças hepáticas e hematopoiéticas não relacionadas com a
icterícia, e as doenças nestes sistemas podem ser ainda secundárias a outras
doenças. A presença ou ausência de icterícia não pode ser avaliada com
sentido diagnóstico ou prognóstico. Septicemia, ruptura vesical e enterites
algumas vezes podem causar disfunção hepática secundária, podendo
ocorrer icterícia.
Icterícia
O aumento de bilirrubina, caracterizado pela icterícia, pode ser
classificado quanto à sua origem de três formas.
Liberação de bilirrubina em grande quantidade na circulação:
pré-hepática;
Falha de conjugação: hepática
Deficiência na secreção: pós-hepática.
Icterícia
Pré-Hepática
Os sinais clínicos mais observados são urina e fezes escuras. O principal
cuidado neste caso é retirar a causa hemolítica e deter bastante atenção ao
quadro hematológico do animal.
A causa principal é a hemólise intravascular, que leva à hemoglobinemia
(plasma avermelhado), gerando :
- ↑↑↑ bilirrubina não conjugada - ↓ hematócrito ou volume globular
- ↑ urobilinogênio sanguíneo e urinário
- ↑ ou não da bilirrubina conjugada
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Icterícia
Hepática
Causada pela disfunção hepática, com conjugação parcial da bilirrubina. Esta lesão acaba obstruindo os canalículos biliares, levando secundariamente à colestase. A causa principal é a lesão tóxica ou infecciosa, que leva ao comprometimento da função hepática, gerando:
-↑↑ bilirrubina não conjugada devido a disfunção
- ↑↑↑ bilirrubina conjugada
- ↑ urobilinogênio sanguíneo e urinário
Icterícia
Pós-Hepática
Ocorre por obstrução das vias biliares gerando uma colestase, isto é, um acúmulo de bilirrubina conjugada. Os sinais observados são esteatorréia, fezes claras e bilirrubinúria acentuada. A causa principal é a lesão dos canais biliares, que leva ao aumento acentuado da
-↑↑↑ bilirrubina conjugada devido a obstrução
- ↑ ou não da bilirrubina não conjugada
- Urobilinogênio ausente na obstrução total.
Indicação de Provas Enzimáticas
Lesão hepatocelular aguda
Colestase Lesão hepatocelular crônica
ALT – cão e gato Bilirrubinas Proteínas séricas
AST – Grandes animais FA – cão e gato
SDH GGT – bovino e equino
Fonte: LOPES; BIONDO (2009)
Função Renal
Fonte: Junqueira e Carneiro, 2003
Fonte: LOPES; BIONDO (2009)
Indicadores sanguíneos do funcionamento renal
Metabólito Comentário
Ureia Excretado quase totalmente pelos rins, ↑ filtração renal insuficiente
Creatinina + específico para diagnóstico de FR alterada. Excretado pelos rins.
Albumina Perda pelos rins – glomerulonefrite e doenças glomerulares. Hipoalbuminemia.
Relação Alb/Glob Diminui pela perda de albumina em doenças glomerulares
Cálcio Hipocalcemia – hiperparatireoidismo secundário de origem renal
Potássio ↑ níveis no plasma em problemas de fç glomerular. ↓ níveis em problemas nos túbulos renais e nefrite crônica
1. Canino, macho, 3 meses, Boxer. Há uma semana não quer comer. Está inquieto. Tem vômitos e diarreia. O proprietário ainda não começou a fazer as vacinas. Há 3 semanas apresentava muitos carrapatos e houve tratamento prolongado com imizol, ferro e antibiótico (tratamento indicado pelo atendente da agropecuária).