1 O Livro Negro do Yoga Bhagwan Bhava
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O Livro Negro do Yoga
Bhagwan Bhava
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Uma Iniciação ao Tantra Yoga
Gayatri Mantra
Om bhur bhuvaha svaha
Tat savitur varenyam
Bhargo devasya dhimahi
Dhiyo yonah prachodayat
"Que nós possamos meditar no ardor desejável do
Deus Sol que me ilumina a noite. Que ele possa
sempre extrair os nossos pensamentos"
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TANTRIK EDITORA
Camaçari Bahia 2013
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Copyright © 2011 by Mestre Bhava
Direitos em Língua Portuguesa reservados
ao autor através da
TANTRIKA EDITORA
Editoria Sannyas Editora
Revisão
Ma Prem Kaliní Puri (Silvana Mara de
Castro)
TANTRIKA EDITORA
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Brasil – EUA - Chile
“Dedico este livro a querida Maha com
quem divido a minha existência “
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Prefácio
Este livro surgiu de um sonho, isto mesmo, eu
sonhei que as pessoas haviam compreendido o que elas
são e o que elas podiam fazer por elas mesmas, e ao
acordar percebi a distância ainda a percorrer na
divulgação desta busca de si mesmo e logo eu imaginei
um meio simples, direto, de comunicar uma mensagem
que pudesse ter algum tipo de efeito revitalizador sobre
cada um. Conheço e ensino o Tantra, como uma
Semiologia surgida na Índia, o produto mais refinado do
Yoga. Mas os nomes e os contextos dificilmente podem
ser levados para a pessoa comum, o que dificulta
qualquer comunicação desta filosofia. O sonho foi uma
resposta a esta dificuldade, aqui como um texto, fácil, a
ser estudado, comparado, revisto, sem o hermetismo
desta filosofia.
Todas as nações do mundo desejam o
enriquecimento para dar as pessoas o acesso a uma vida
com saúde, educação e segurança. E a lógica comum no
ditado é: “Que mundo nós deixaremos para nossos
filhos?”, quando deveria ser: “Que filhos nós deixaremos
para o mundo?” Educação é o eixo, o ponto principal
como Cultura que da a cada pessoa uma sensação de
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existir, de ser alguém para ele mesmo - e para o mundo.
A novidade é que o Tantra Yoga como filosofia entra
como uma educação superior, após a educação formal, e
tal proposta é “Como ser alguém para si mesmo” ao
mesmo tempo em que somos alguém para o mundo. O
mundo nos diz quem somos pela intermediação do
capital e dos valores morais e culturais. O capital resume-
se a ter acesso aos bens e serviços e de ter uma vida
digna, com Saúde e Segurança, e é o trabalho o que
gera esta riqueza. Os valores éticos e morais estão
formalizados nas leis que regulam a nossa vida social,
mas falta uma parte, designada de Espiritual ou
Religiosa, esta perspectiva teria que dar um suporte
espiritual além da Lei, e ao mesmo tempo responder as
questões mais comuns a todos, independente do Capital
e da Cultura de cada indivíduo.
O que somos nós? De onde viemos? Porque
vivemos? Como aprendemos a Ser alguém? Quem é
este “Alguém” que somos? Porque sentimos angústia?
Porque a felicidade vem e logo desaparece? E a morte,
como nós lidamos com nossa extinção?
O mundo todo sempre buscou uma resposta
racional, lógica, sensata, para estas questões, e desde
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que surgiu a palavra Yoga, ela parece oferecer ali a
resposta, e está ali, sim, mas de uma forma que você
jamais imaginou - como Tantra.
Tantra é a forma e Yoga é o conteúdo.
Como os termos utilizados vêm de outra cultura,
as palavras chave foram grifadas em Itálico, elas são de
uma língua morta, o Sânscrito, que se prestou
admiravelmente para a filosofia. Perdoem-me os
estudiosos desta magnífica língua, pois eu preferi
simplificá-las e depois o leitor poderá buscar, se desejar,
a sua exata grafia.
Mestre Bhava
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Examinando Yogas
Este livro surgiu como um esclarecimento ao
enorme o número de pessoas praticantes e interessadas
em Yoga e até mesmo pelo fato de que seja um
consenso que Yoga seja uma prática, onde se executam
Asanas, as Posições físicas; os Pranayamas - os
exercícios Respiratórios; Yoga Nidrá - Relaxamento e
Dhyánam a Meditação. A partir dos últimos anos se
comprovou pelas pesquisas históricas realizadas na Índia
de que os Asanas, que são as conhecidas “posturas” ou
“posições” feitas com o corpo, eles não faziam parte do
Yoga original, o termo simplesmente significa “assento” e
pode ser uma cadeira, ou almofada, um divã, ou seja,
qualquer coisa estável para o corpo e para a mente, e me
perdoem em utilizar a palavra “mente”, entretanto depois
irei reparar esta expressão inadequada. Os Asanas
surgiram somente nos últimos 150 anos, primeiro eram
duas posições, Padmasana e Sidhasana e depois se
multiplicaram em 84 posições e hoje temos mais de mil
posições. Eu mesmo fui instrutor “deste tipo de Yoga” por
mais de 15 anos, e deixei de praticar e ensinar estes
“tipos” de Yoga, por não ver nada além de um mero
exercício, ainda assim, muito bom para criar uma
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estabilidade e fazer do seu corpo o seu lugar, embora
qualquer atividade física pode fazê-lo. Ainda não se
conheciam no mundo, e particularmente no Brasil as
bases do Yoga Real, até pelo motivo de que não
tínhamos ninguém que pudesse traduzir os textos sobre
Yoga diretamente do Sânscrito para o Português, o que
tínhamos eram as versões do Inglês, e também na língua
Francesa, destes textos. Então o Yoga que aprendemos
foi uma versão de alguém, o mesmo ocorreu na Índia, na
terra do Yoga, cada região, grupo, seita, dá ao Yoga uma
versão, não existindo até hoje nenhuma unanimidade a
respeito.
Todos nós que dávamos aulas de Yoga ficávamos
com a pulga atrás da orelha, bem, pelo menos aqueles
que buscavam algo ali que fizesse algum sentido, e que
não fosse pelo mero mercantilismo ou pela crença
sempre presente nas linhagens de Yoga. Muitos
instrutores de Yoga no Brasil, e no mundo, e eu conheço
centenas deles, eles sabem que “aquilo que se chama de
Yôga, Ióga, etc” passa bem longe do que se denominou
de Yoga, mas tais professores balançam a cabeça, como
se não pudessem e muitos não podem mesmo, mais
voltar atrás. Eles se tornaram reféns daquilo que praticam
como uma verdade que lhes deveria libertar, não o faz, e
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eles passam adiante este “embaraço”, dando um tapinha
nas costas de seus alunos e falando algumas palavras
complicadas em Sânscrito. Como ninguém entende
Sânscrito, fica o crédito de que aquilo seja verídico ou
que tenha sido um dia.
Yoga parece com aquela frase de Caetano
Veloso, “Quanto mais se conhece (de perto) pior fica
(ninguém é normal)”
Em 1995 terminei as minhas pesquisas e viagens
para ver, ouvir, e estudar os grandes mestres do Yoga, e
cheguei à conclusão que se tratava de uma coisa do tipo,
“Nós ganhamos nosso dinheiro, e as pessoas ficam
felizes, portanto está tudo ok, para que vamos mudar
alguma coisa?” Nada contra com ganhar a vida
ministrando esta maravilhosa filosofia, mas alguns pontos
devem ser esclarecidas.
Quando lancei meu primeiro livro sobre Tantra,
em 1996, o Tantra; Sexo, Amor e Meditação, e neste
livro eu expus como fiz nas palestras da época, a minha
opinião sobre Yoga, fiquei sendo “o amaldiçoado no
meio do Yoga”, e agora venho dar as devidas
explicações, aqui no Livro Negro do Yoga. Não é uma
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reparação ou a busca de um desagravo, e sim expor o
Yoga fora de seu ambiente, sem as tendências.
Sabemos que Yoga como um protocolo filosófico
é o que descreveu o Sábio Patanjali em seu Yoga Sutras.
Então tenho três motivos de estar aqui lhes dizendo algo
sobre Yoga: O primeiro é para confirmar aquilo que eu
disse sobre Yoga em 1996 e o segundo é para provar
aqui, que Yoga existe e é uma filosofia maravilhosa,
perfeita, se for assimilada como filosofia, e não como
crença ou ideologia mítica sem o Tantra. E vocês podem
ficar tranquilos, pois isto eu vou fazer neste livro. O
terceiro motivo é apresentar em linhas gerais o que é
Yoga, e Tantra Yoga, que ensino e inicio as pessoas
nele.
O título é O Livro Negro do Yoga e o sub título
deste livro poderia ser Yoga para não idiotas, e ele nem
seria provocativo, é fato, idiota vem do grego idiotes, que
era atribuído ao sujeito que imaginava que tinha alguma
vida privativa, somente dele. E o que é uma vida
privativa? Não vem da cultura? Quem tem uma vida que
não venha da cultura? Então somente um idiotes pode
imaginar que esteja fazendo algo que seja privativo, só
dele! Somos seres sociais, formados pela cultura,
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detentores de uma linguagem que dá conta, bem, como
veremos, pelo menos a linguagem tenta dar conta de
quem somos. Se o caro leitor pensa que possui uma vida
privada, somente dele, eu respeito, como uma
imaginação, ou como a crença em um futuro, ou ainda
como na criação divina do mundo. Mas nada disto tem a
ver com Yoga. E aí surgiu o título atual, O Livro Negro do
Yoga, pois quem vive uma vida privada vive sem luz, sem
perspectiva sobre si mesmo, sem contradição. Sem
futuro.
O que seria uma vida privada que não tenha vindo
da cultura? Está certo que defendamos algum tipo de
vida espiritual privada, mas o que ela nos diz? Como ela
nos responde? Que leis ela segue? Nada sabemos dela,
pois tudo que fazemos é através de um discurso, e este,
vem da cultura, dos demais, e da nossa relação com
tudo.
Yoga é este desafio - o de buscar a melhor versão
de você mesmo através do Outro (de tudo que veio dos
outros).
Será que ela existe? Ou teremos que inventá-lo?
Sempre se usou de motivos e necessidades para a
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prática do Yoga, como um chamariz, pois geralmente se
promete:
Um corpo bonito e saudável
Grande capacidade de concentração
Ideias flexíveis (exceto quanto ao que seja
Yoga)
Melhor qualidade de vida
Felicidade
Bem, nesta busca pela melhor versão de você
mesmo, um masoquista gostaria mais ainda de sofrer e
um perverso gostaria mais ainda de fazer os demais
sofrerem, não é mesmo? Ou será que Yoga muda a
Psique de alguém ao ponto de curar? Creio que não,
Yoga cura tanto como uma caminhada diária, ou uma
corrida diária. Nos meus profícuos anos de Mestre de
Yoga, na modalidade para pessoas que imaginam que
possuem uma vida privativa, e assim são quase todos os
Yogas que você encontra por aí; Bem, nestes anos
percebi que uma pessoa desmaiada fica flexível, até
além do ponto onde impediam as suas tensões
psíquicas, mas o aumento da flexibilidade por
alongamentos, pelos Asanas do Yoga, eles não
alteravam as tensões que a Psique exercia sobre o