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sÃO PAULO SINTAXE LATINA SUPERIOR SBD-FFLCH-USP VOLUME I EDITÓRA HERDER 196O JOSE VAN DEN BESSELAAR ( .. '."-'-'" ..,.,.,.,,.., ..... ' .... -~ ... ~"' ..•..•. ,,.,.,.,... .. ~~-,. ',. ,"""'''"''''''''~'''''' Profe88or de Língua e Literatura Latina na Faculdade de F.108ofif>,Ci8ncia8 e Letra8 de A88i. (8. P. S//": 58'f(' u. s. P•. ~«:?t1lv.l. -e.3 FACUlOI\D,: DE nLOSOF!;1"lETRAS E C:ÊN;~iô.S ilUiVlM~AS BIBliOTECA Of L. I;TRAS PROPYLAEUM LATINUM •__~-.J .
230

Besselaar Propylaeum Latinum 1

Jul 26, 2015

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Lucas Lopes
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Page 1: Besselaar Propylaeum Latinum 1

sÃO PAULO

SINTAXE LATINA SUPERIOR

SBD-FFLCH-USP

VOLUME I

EDITÓRA HERDER1 9 6 O

JOSE VAN DEN BESSELAAR( ..'."-'-'" ..,.,.,.,,.., ..... ' .... -~... ~"'..•..•. ,,.,.,.,... ..~~-,.',. ,"""'''"''''''''~''''''

Profe88or de Língua e Literatura Latina na Faculdadede F.108ofif>,Ci8ncia8 e Letra8 de A88i. (8. P.

S//": 58'f('u. s. P•.~«:?t1lv.l. -e.3

FACUlOI\D,: DEnLOSOF!;1"lETRASE C:ÊN;~iô.S ilUiVlM~AS

BIBliOTECA Of L.I;TRAS

PROPYLAEUM LATINUM

• __~-.J .

Page 2: Besselaar Propylaeum Latinum 1

PREFÁCIO •••••. , • , • , , , , . , o , • , , , • , , , , • , , • , , , , • , • , •• , •••• , XlBIBLIOGRAFIA •••••.• , .• , , , , , . , , , , .••. , •• " . XVLISTA DE ABREVIATURAS E SiNAiS •••. , , , , . , , , . , , , ....•. XVH'

CAPiTULO 11

O PARTIC1PIO

§18. Os t~ês particípios Iatinos , ,. , .. , , , , :81§19. Os dIversos empregos do particípio .. " , . , , . . 2ll§20. A trad~~ã? do ~articípio semi-~redicativo, . . . . . . . 2i'i§§21-26. O partlCIplO conjunto e o ablatIvo absoluto ,.. :/;{';

§§27-29. Outros empregos do particípio latino , , , , , :lG

1234I'r

51

40

CAPÍTULO I.

O INFINITIVO

§ 1. Ob~ervações preliminares , . , . , . , . , . , , , . , , .

~ ~.g ~ni~n~to su~je~ivo .§§ 4~14: O ~~~~\Yv~b~~~v~~fi~it~ , ,§§ 15-16. O nominativo com infjnit~"'" . , . , . , , , , .

§17. Outras construções infiniti;d;: ~..,..'," : : : : : : : : : : : : :

CAPÍTULO IV

O S U pOI N O

§36. O supino primeiro .§36. O supino segundo : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

íNDICE

CAPíTULO xvAS CATEGORIAS DO VERBO FINITO

§37. Observações preliminares§§38-41. P , , , .

§42 N~soas , .. , ,.,., , .. ,., ..,.,.. meros .. , , , , . , . , . , , . , . , . , .

CAPÍTULO 111'

O GERÚNDIO E O GERUNDIVO

§30. A natureza do gerúndio e do gerundivo§31. O gerúndio latino .§32. O gerúndio e o gerundivo , . , , : : : : : : : :

§§ 33-34, Outros empregos do gerundivo." ..... , .. , , , , , , , ,

DEDALUS - Acervo - FFLCH-LE

\ \\\\\\ \11\\ 1\\11 11\\\ \\11\\\111\\1\\\\\\\ \\\\\ \\\\\ \\\\\ \\\\ \\\121300051589

no MJ'}iMO AUTOR:

11I1)JI'OHHO nos Estados Unidos do Brasill'ri/lltld 'ir/. tlw United States Df Erazil

!Jirt:ilrm Wlrfllirir/OH pel//'

I'; f) 1 T O H. A II ).:H, ]} Jil R

(~:) II:diU\m Horder, Silo Paulo, Brasil, 1960

Propylaeum latinum I

lnlr(J(/uçiLo //,(m JrJHlud(!8 1/ iN/lÍrico",2." ouiçíl,o rovisLa () amplilldll.

As Interpretaç(Jes da História através dos Séculos(em 2 volumes).

Propylaeum Latinum - Volume"lI:Lei'cüra ·-Exercícios - Vocabulário

475B465pv.1eX.3

Page 3: Besselaar Propylaeum Latinum 1

IXdice geral

CAPÍTULO XIII

A N O T A ç Õ E S..... . . .. .. ... . .. 347

(Notas históricas e filológicas; comentários;particularidades)

íNDICE ANALí'l'ICO DOS ASSUNTOS TRATADOS........ . . . . . . . . • 393íNDICE ANALÍTICo DOS VOCÁBULOS LATINOS. . . . . . . • . . . . . . .• 407

CAPíTULO XII

A ORAÇÃO INDIRETA

§248. Generalidades................................ 327§249. O emprêgo dos pronomes.. ... . . . .. . . ... ... . . . 328

§§250-257. A conversão da oração direta para a indireta.. 329

CAPÍTULO XI

NOTABILIA VARIA

§ 212. Observação preliminar... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281§213. Problemas de concordância.................... 281§ 214. O apÔsto... . . .. . . .. . . .. . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . 283§215. Particularidades do adjetivo...... . . . . . . . . . . . . . 285§ 216. Particularidades do advérbio. . . . . . . . . . . . . . . . . . 288§217. O singular e o plumI........... . .. . .. . .. .. .. . 289§ 218. Os graus de compuraçií.o.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291

§§ 219-227. Os pronomes....... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297§§ 228-247. Algumas figuras estilísticas...... . . . . . . . . . . . . . . 318

CAPíTULO X

AS PARTíCULAS

§ 169~ Semantemas e morfemas..... . . . . . . . . . . . . . . . . . 236§ § 170-200. Partículas adverbiais........ . . . . . . . . . . . . . . . . . . 238§§201-207. As conjunções coord~nativas......... . . . . . . . . . . 262§§208-211. Algumas conjunções subordinativas......... . . . . 272

607180

"Al'i'I'III,O VI

Ji'RAHI':H I N'I'I':IW'oCiATIVAS

§§43-52. Tempos .§§53-57. Modos .§§58-60. Vozes .

A SINTAXE DOS CASOS

CAPÍTULO IX

A SUBORDINAÇÃO EM LATIM

§ôl. ()hHPI'Vll.~"·H'HI'I'I·li"lillll.l"'II...... . . . . . . . . . . . . . . .. 84§ô2. l'orl-':1I1d,II.H1'11. I"'. i:I.i" . . . . . .. 86§G3. 1'(~l'l-':lIl1l.lI.Ht,ot.'lill ... . . . . . . . . . . . . . . 87§64. I'PI'I-':llllt.nllill1lil'd"'"...... . 89§05. I'PI'1!;1I1It.",,,di"jllld.ivlI.H......................... 91§GG • .1''''rtieuInJ'idlldpH.......... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92§67. Respostas.......... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

§68. Sinopse dos casos em indo-europeu.. . . . . . . . . . . 95§§69-75. O acusativo.......... . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . 96§§76-80. O dativo.................................... 111ç. §81-8ô. () nhln.tivo......... .. . .. .. . . .. . .. .. .. .. .... 122§§87-!JO. () genil.ivo....... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139

§Hl. () lllllllillnt.ivo 153§!J2. O vl>ell,l.ivo.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154

CAPiTULO VII

§143. PnJ'ntnxo (\ lllpol.nxp 185§§144-146. CIó,II~1I1nsf1ll1ds.............................. 187§§147-149. Cló.lItntlns el>lIHO('lIt.ivIlS........................ 195

§ 150. CIÓ,IIHIIlll.sellllsnIH.............................. 202§§151-157. CIó,uHuIILHklllpomis.......................... 204§§158-160. Cláusulas pOlldidonais , . . 213§§161-162. CláuHulns pOlle('Hslvus.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214§§163-165. Cláusulas eompnrativl1s....................... 224§§166-168. Cláusulas relativIlH............................ 228

CAT'j'J'ULO VTlJ

AS PREPOSIÇOES LATINAS

§93. Observações preliminares...... . . . . . . . . . . . . . . . . 155"r 94-123. Preposições que admitem apenas o acusativo... 158§i§124-136. Preposições que admitem apenas o ablativo.... 171§§137-139. Preposições que admitem o acusativo e o ablativo 179§§140-142. "Pós-posições"............................... 183

.1I ,Siufaxl: lalil , superior

Page 4: Besselaar Propylaeum Latinum 1

. li'I

.\,

".'..\1.'11

'I

PREFÁCIO

OS ESTUDOS CLÁSSICOS acham-se em franco declínio. Orito técnico e a mentalidade pragmática da época, ben:rcomo, a democratização do ensino são alguns fatôres que tôrncontribuido para o desprestigio da formação humanistica, nomundo moderno. Podemos lamentar essa evolução, mas nOJ;-

sas lágrimas, por mais abundántes que corram, não consegui··rão desfazê-Ia. O que nos parece mais fecundo dô que 1i11'lf:J

atitude meramente negativista, é um exame de consciêlwiacapaz de nos revelar até que ponto somos nós os responsávE,ispela crise atual. O que nós apresentamos à juventude desob o belo nome de formação humanistica, em muitos etiSOS

talvez não passe de uma caricatura, não merecendo o entu··siasmo da geração crescente. Hoje em dia, fala-se com dos-prêzo da gramatiquice e do verbalismo de gerações anteriores,mas a que~tão importante é a de saber seo ensino de latim jásuperou essa fase de primitivismo. E pior ainda: será que osprofessôres de latim, nos estabelecimentos de ensino seCUR"dário, estão imbuidos de cultura clássica, condição imprescin-divel para os alunos receberem os valores humanisticos daliteratura latina como realidades vivas e vividas? Esta ques··tão está estreitn,mente vinculada a outra não menos impor ..tante: até que ponto contribui o curso de latim nas Faculdsrdes de Filosofia para a formação humanistica dos seus alunos?Apesar de haver iniciativas promissoras e tentativasneste sentido, não podemos subtrair-nos à impressão de queos alunos, em numerosos casos, são habituados a identificaro estudo de latim com questões de fonética, de pronú.ncirt"restaurada", de morfologia e sintaxe histórica, conseguindoadquirir, na melhor das hipóteses, uma erudição lingüísticaapreciável, mas correndo o risco de perder de vista o lf,t,im

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FUTURO-- -,--

hortaturus essehaver de exortar

subjetivo) ;objetivo);

FUTUROPRESENTE _

PRESENTE

hortariexortar

- --laudaturus esse

laudare hnver de louvarlouvnr , _-------- laudatum irilaudari haver de ser louvadoser louvado

INFINITIVOo

PERFEITO

hortatus esseter/haver exortado

PERFEITO

laudatus esse dter/haver sido louva o

existe o lnf. da V. P.D verbos depoentes nãoNota. os . ')(a forma seria: hortatum tn ,

Usa-se O Inf." d In/'inito latino.O Emprego o JlI.

latino: '.t de uma frase (Inf.1) como sUJel o, (I fb· +0 de uma frase n.2) como o Je" .

) em proposições infimtas: . m I n f i n i t i v o;3, A satIvus cu ,._.a) no chamado ccu. .~, cum Infillltlvo,h ado N omlnatl vus

b) no c am ,

4) em algumas construções Isoladas. _mos estudar essas quatro funçoesNeste capítulo pretende

do Inf. latino,

b depoente, a saber:2) Três de um ver o,;

i1::=\ V.A,

I Os InfinitosOb8ervaçõe~ prelimi~:~f:te;for~as do Infinito:

jirotin~;: Em latim eXIstem as 13 1" (I.Sto é não depoente),,,'"'" b "norma ,1) Seis de um ver o::l, saber:

r!,~===I V.A.iJ.----I V.P.iili~~.,

Sintaxe latina superior

vivo dos documentos literários. O estudo da literatura latinamuitas vêzes reduzido a informações de segunda-mão,

chegando a perder sua baso indispensável na leitura pessoaldos toxtos clássicos pelo aluno. Os livros sôbre os livros amea-çmn substituir os livraR b:í,Hicos. Todos sabem como sãopoucos os que, nos clinH dn hoje, lêem e relêem seu Vergílio,Cícero, Tácito, /;1I(:r0(:io. /)ian/,o desta situação, não teriasentido pregarmoH outra vnl', n antiga divisa dos humanistas:[te ad jontes? JII1,O H(:ria ur/-':(:n/,nfriNarmos a importância deforrnal' bons latinistas, mn Vül', de mandar' Iingüístas hipertro_fiados para as escolas secundárias? E finalmente: não seráque um dos graves defeitos do sistema atual consiste em exi-

pouco latim das massas, - un latin sans lendemain, _e:m lugar de dar muito latim para uma elite?

Poderíamos, à vontade, multiplicar as perguntas, e con-,formulando respostas e hip6teses, mas o assunto é

muito complexo para SOl'tratado condignamente num Prefáciode uma Sintaxe latina. Hasta <!izormos aqui que o autor dopresente livro acredita nOHvalores eminentemente humanis-ticos dos estudos el:íssieos, embora não os considere como apanaoéia de todos os nossos males educacionais, nem queirareivindicar para êles o monop6lio de humanismo, nem se sintamulto satisfeito por vê-Ias praticados tão frouxamente porimensas multidões.

O livro que agora apresentamos ao público brasileiro, nãoé uma sintaxe hist6rica, nem sequer uma gramática "cientí-fica", e muito menos ainda abre novas perspectivas para espe-cialistas. Sua única pretensão é a de ser um instrumento útil

tr;9,balho nas mãos daqueles que querem apropriar-se dadifícil técnica do 101' o ontonder os autores latinos no textooriginal. Nossa gl'II,JI(/npreocupa~:i\,ofoi a de escrever um bomlivro didático para [u tUI'OSlatinistas.

Tôdas as regl'aH gmmaticais formuladas nesta obra vêmseguidas de exemploH mn latim com a tradução em português,por via de regra, em duas colunas. Os exemplos quase nunca

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3

eomeçar apreferirnão poder(não) snbernão quereresquecer-se decontinuar apodercostumar, soeI'decidir-se aesforçar-se por,dedicar-se a

recear, temerquerer

limere/metueTevelle

pretendo (tenciono) sairtemo a decisão de fugir

inciperemallenequirenescire/scirnnotleobliviscipergereposse/quiTesolére8tatuere81udere

1) Muitos dos verbos assinaladosoutra,s construções, como h:wemos

o Infinitivo

ousarter começado tipretendertentardecidir-se acostumardesejardeverresolver-se '"desistir dedesistir deaprender a(não) hesitar emdesejar

Cato bonus esse quam (bonus) viderimalebal

lIl. Observações.acima admitem tambémde ver mais adiante.

2) Quando esse ou qualquer outro verbo de ligação fun-cionar como lnf. objetivo e vier acompanhado de um nomepredicativo, êste deverá estar no no mi n a ti v o. Exemplos:N emo beatus esse potesl sine virlule Ninguém pode ser feliz sem a

virtudeCatão preferia ser bom a parecê-Io(a parecer bom)

Cf. tnmbém as duas ]ocuçõçs:in animo habeo projiscisciconsilium ineo (capio) jugere

audêrecoepi.sseeogitare/parareconariconBlituereconsuevissecuperedebêredecerneredesineredesisterediscere(non) dubitaregestire

I S 3-]

§3. O Infinito ol,Jjetivo. ~ I. O 1:r~finito objetodireto de uma oração, M,'itos verbos, em h,tim como emportuguês, podem ser combinados com o Inf. "objetivo",isto é, um Inf. que constitui o seu objeto direto. Exemplossão: debeo dicere ("devo dizer"), potes loqui ("podes falar"),cupit mori ("deseja morrer"), clux pergit contendere ("o generalcontinua a marchar"), hôstes desirnmt jugere ("os inimigosdesistem de fugir"), ptteri stuclent legere poetas latinos (" osmeninos esforçam-se por ler os poetas latinos"), etc. Comose vê pelos três últimos exemplos, o português usa em sJgunscasos um lnf. precedido de uma preposição (p. e. "a","de" ou "por"). Ora, tais verbos "preposicionados" nãoexistem em latim; aqui se usa somente o lnf. sem preposição.

n. Reg •.as. O Inf. objetivo encontra-se em com,binaçãocom vcrbot'; que l'xprimnl1 y(mt1,de, intc,nção, csfôrço, possi-bilida(k, Obrigação, início () fim, tais como;

i I

ó costumeé precisovale a penabastaé verdade

cumpreé p8sarosoé preferívelé vergonhosocausa fastio, enfado

I(J) HWlltir é feio, ou: É feio mentir.\ 111,,"t.il'l1é feia

Cumpre ar:tr bemÉ decoroso amar a pátriaO amor à pátria é decoroso

I;; :~gr:J":ivel ser louvado pelo pro-I""""rJ<:w. grandes empresas já é sufi-cwnte ter mostrado boa vontade

Jl/o,'; ('::/

"li/I." ,,',1"/"''(/{' Ill'dilllJl. cst.':111 is ('siN',"UJII, (':;/

oporlelpaenilelpraestatpudellaedel

{~ IH I i 11(' jll'()v:Í,\'(-!j'. ;1,1',/'('djL:í.Vt,1,'c di!'í,,"I~ Li" i I

convémnão convémaprazagradaé lícito

;;;.arrnis /',! ( 1'/11(/1.') i'h'!UI,"';;('('s/

(:nlil'i !urll(' n;/./11 cur/f(('ill /iI IlfI)ii' (: '

forma mais comumente usada é o lnf. Preso da V. A.'?: la1ldar~), mas ocorrem também formas do tipo: lau-,'I, e lr!?!dwnssr, p. e.:

2) COIIl ('881' n nome pl'ndi(~ativo, por ('x(~mplo:

lI. Regms. O Inf. subjetivo é empregado

1) com vários verbos impessoais, tais como:

§2. o l~filiil() ~'18hjdivo .. _- I. o Infinito sujeitonm.11 00"(1/."11:'. Do IlIl':nllO modo que em portue:uês também

8Ln bLlm o Inl. .poli!' flllll'i'li!"ll' como sujeito de~urn'a ora ão.O \i'11')]" 0']"\]1]"11" I I I I ' I' " ,. . ç

. ,,' ;," <0,1.1, ("',: /11,. :moJetlvo" aproxima-se bas-;',':'dte do d(~ 11111 ~'~u',~',I'~'ILi\'() ((IUP em lat]'[l} é d A

. t ) ., ,~-" 1 , o genero, ro , como ~:" p"d,,' \1 I' 1",10;: seguintes exemplos:

'" irlel bene arare\.iare palriam decoTwn eslA,mor patriae decorus esl

'i"· ~el:"'Ial

i,'})/. ('s/1"_,!/snt/UlIl'/I.!1I ,'.';/

l':/I1:I" 1',,1

I'slI's(.

Nola. !VIlIil.:IH,k"L:IH io<clII:ií(,sadmitelll também outras construcõe"('umo haveDloH de ver ollorLlIlIILlllente, ~ "'i

Page 7: Besselaar Propylaeum Latinum 1

5

Diz que o cônsul romano vencerá!há de vencer

Diz que o cônsul romano é!estásendo vencido

Diz que o cônsul romano foi ven-cido

Diz que o cônsul romano será/háde ser vencido

ambígua esta frase latina:Julgo que os romanos vencerãoos inimigos, ou então:

Julgo que os inimigos vencerãoos romanos

o Infinitivo[ § 5 ]

IIl. Ambigilidade. É

Pulo Roman" h"w' oidw'" e",,) 1

Plinius dieit haec animalia callí-dissima esse

Nota. Os dois elementos do Inf. Fut. da V. P. (p. e. laudatumiri) são indeclináveis.

Seio has puellas pigras esse

Nota. Nas duas formas victurum esse e victum esse, o Inf. esseestá muitas vêzes subentendido; a omissão é regra geral com oInf. Fut. da V. A.*

11. Concordilncia. O nome predicativo e o elementodeclinável do Inf. (vietus e vieturus), quando fazem parte doA. c. r. devem concordar em número, gênero e caso com oac., por~uanto êste constitui o sujeito dêle. Exemplos:Credit puellas mentítas (esse) Crê que as meninas mentiramCredit Romanos victuros (esse) Crê que os romanos vencerãoSeio patrem tuum aegrotum esse Sei que teu pai está doenteNeseit matrem meam aegrotam esse Não sabe que minha mãe está

doenteSei que estas meninas são pregui-çosas

Plínio diz que êstes animai qãomuito inteligentes

Já vimos (cf. §4) que o A. C. !., sendo tr~nsitiv:o o verbo,pode trazer consigo outro acusatl':'o (de objeto. dueto): nafrase: Puta amieum meum verum dteere, o Inf. dteere tem porobjeto direto verum. Aí surge, em alguns. casos (p. e.. n.~ frasePuta Romanos hastes V1'cturosesse), o pengo d~ ~mblgUJd~de,já que tanto Romanos como hastes PO?8 ser sUJeIt? ?~ objetodireto do Inf. vieturos esse. Para evItar tal amblgmdade, olatim se serve da construção passiva, dizendo;

Dicit consulem Romanum cietum(esse)

Dicit consulem Romanum victum iri

Dicit consulem Romanum ·cicturum(esse)

Dicit consulem Romanum cinci

,'I

[§ 4 ]

Diz que o cônsul romano vence/está vencendoDiz que o cônsul romano Venceu

Sintaxe latina superior

ACCUSATIVUS CUM INFINITIVO

4

§4. Introdução. -- A frase portuguêsa: "Julgo quemeu amigo fala a verdade", é \lllln proposição complexa, istoé, compõe-se de uma or:H;ií,oprincipal ("julgo") e de umacláusula integrante ("que mell amigo fala a verdade"). Atradução literal de tal frase para o latim seria: Puta quodfquia amieus meus verum dieit. .L;::>tn,eon::>tl'llçãose encontrade fato em latim vulgar, mas não é abonada pelos textosclássicos, em que a dita frase se exprime desta maneira: Putaamieum meum verum dieel'e. É o chamado ACCUSA'.rIVUSCUMINFINITIVO (abreviatura: A. C. 1.), construção freqüentíssi-mamente usada em latim.

Logo se vê que a construção latina é mais sintética doque a portuguêsa; com efeito, o A. C. r. é um dos elementosda sintaxe latina que dá à língua de Lácio seu caráter lapidar.Em estilo mais elevado ocorre também em português, p. e.na frase: "Êle dizia tais coisas serem necessárias para a expe-dição" = "Êle dizia que tais coisas eram necessárias para aexpedição". Em inglês moderno, o A. (:. r. é bastante comumcom alguns verbos, p. e.: I want yon to 1cnow ("Quero quesaibas"); também em grego empregnva-::>e, ao lado da cons-trução analítica, êste tipo de proposiçào infinitiva. Mas nãohá nenhuma língua em que o A. c. r. desempenhe papel tãoimportante como em latim.

As diferenças que exi'stem entre a construção portuguêsae a latina podem ser resumidas desta maneira:

1) Não se traduz a partícula integrante "que".2) O sujeito da cláusula integrante (amieus meus) passa

a ser acusativo (amieum meum).3) O predicado da cláusula integrante ((Heit) vem a ser

Infinito (dieere)*

§5. RegT<U1 elementares. - r. Exemplos. Todos osInfinitos lntinos (n:io Rr) o Inf. Preso d&'V. A.) podem ser usadosno A. C. 1., como R(~ podo verificar pelo esquema seguinte:

Dicit consulem Romanum vicisse

Dicit consulem Romanum vineere

Page 8: Besselaar Propylaeum Latinum 1

7

Pensamento.arbitrari, 1'êri, putare, existimare,judicare, sentire, cogitare, censêre,ete.

credere, opinari, etc.(cog)noscere, (cog)novisse, scire, etc.nescire, ignorare, etc.sentire, intellegere, percipere, etc.ponere, jacere, statuere, atc.sperare, in spe esse, spem habêre,etc.

rccordari, meminisse, etc.oblivisci, ete.

r. Percepção.sentire, animadvertere, observare,·etc.

audire, (auribus) accipere, cognos-cere, comperire, reperire, etc.

vidêre, cemere, perspicere, spectare,etc.

lU. Declaração.dicere, loqui, jari, jabulari, aio, etc.negare, injitiari, ate.jatêri, conjitêri, ete.narrare, rl:]crre, trailere, ete.tradere, mcmoriae p1'Odere,jerre(3),ote.

nuntiare, rejerrc, aJjerre, etc.docere, certiorem jacere, etc.pollicêri, promitterc, spondêre, etc.minari, minitari, ete.jurare, jus jurandum dare, etc.respondêre, etc.ajjirmare, confirmare, ete.

o Intinitivo

lI.

(1) "Esperi1r" = "ter esperança"; quanto à construção de exspectare: lIesperar"

"aguardar", d. §156. lH. "D,'go(2) Negare US'1-se muitas vêzes quando, em port., se prefere udizt:;r que não", p. e.:que meu arnigo não mentiu" = Nego amicum meum menhtum (esse)...

(3) Principalmente na 3.a. pess. pI.: Jerunt = lIdizem, contam" ou "transmite-se"·

Lembrar-se, estar lembradoEsquecer-se

AnunciarInformar, avisarPrometerAmeaçarJurarResponderAfirmar, confirmar

Crer, opinarConhecer, saberNão saber, ignorarCompreender, entenderAdmitir, suporEsperar(l)

Ouvir

Perceber, notar

Ver

Julgar, pensar

dizer, falarNegar(2)ConfessD,rNarrar, rebtarTrmIHlllitir

consideráveis, que existem entre os diversos verbos de slgm-ficado semelhante, porém não idêntico. Assinalamos:

[§ 6]

Julgo que os inimigos serao ven-cidos pelos romanos

Julgo que os romanos serão ven-cidos pelos inimigos

Sintaxe latina superior6

ou então:

Puto hostes ab hostibus victum iri

Puta Romanos ab hostibus victwniri(l)

§6. Os verbos que admitem o A. c. I. - São nume-rosÍssimos os verbos latinos que admitmn o A. c. L; uma listamais ou menos completa dos mesmos oeuparia várias páginas,sendo que sua importáncia prática seria muito exígua para oestudioso da língua latina. É muito mais útil conheeermos osgrupos de v.:erbos que pedem o A. c. L, pois êsse conhecimentonos possibilitará determinarmos com facilidade se um dadoverbo pertence a um dêles ou não. Ora, existem quatro gruposde tais verbos, a saber:

1) Os verbos que exprimem percepção, pensamento emanifestação de um pensamento: são os chamados VERBASENTIENDl ET DECLARANDI(l). - Cf.§7.

2) Os verbos que exprimem afetos ou sentimentos: sãoos VERBA AFFEC~'UUM. - Ci. §8.

3) Os verbos que exprimem voli(;fLo,desejo, coação, etc.:são os VERBA VOLUNTA'l'IS. - Oi. §9.

4) Muitos verbos impessoais (VERBA lMPERSONALIA) elocuções compostas de esse e nome predicativo. - Cf. §10.

Com os verbos do quarto grupo, o A. c. L exerce a funçãode uma cláusula integrante s u b j e-t i v a, ao passo que nostrês primeiros grupos o A. c. L tem papel de uma cláusulaintegran te o b j e t i v a . Ci. êstes dois tipos de frases: "Éevidente que os romanos venceraÍn" = "A vitória (sujeito)dos romanos é evidente", e: "O mensageiro anuncia que osromanos venceram" "O mensageiro anuncia a vitória(objeto) dos romanos". Essa distinçfLo tem, porém, maiorimportância teóriea do que pr:itiea, uma vez que a construçãodo A. c. L é a' mesma nos dois easos.

§7. Vedm senliclldi et dedal'andi. - h;ste grupoabrange dezena::; de verbos; damos aqui apenas alguns exem-plos representativos, fazendo abstração dos matizes, por vêzes(1) Cf. o orácülo f1lnbígllo 1"1:1,(10, eomo se diz, a Fino: Aio tel Aecida, Romanos vincere posse.(1) Sentire significa IIpcrccbcr" c Ilpcnsar, compreende-r", só raras vêzes "sentir".

Page 9: Besselaar Propylaeum Latinum 1

9

não quereresforçar-se porquerer

mandar, ordenar

proibir

nollestudêrevelle

Quero que saias

Alegro-mepor teres vindo*

deixar, permitir, etc.

Desejo ser benévolo

jubêreprohibêre \vetare f

o Infinitivo

acostumarcoagir, forçarensinar

pati e sinere

desejarquerer maispreferir

Mas:

cupere

malle {

Gaudeo te venisse }Gaudeo quod venisti ,

3) os verbos que exprimem uma influência qualquer,exerci da sôbre a vontade de outrem; êstes são seis:

11. Observações. 1) Os cinco verba voluntatis propria-mente ditos podem ser construidos com o simples Inf. ("obje-tivo", cf. §3, II), quando houver identidade de sujeito naoração principal e na cláusula; não sendo iguais os sujeitos,é obrigatório o A. c. r. Exemplos:

2) os verbos que exprimem permissão; êstes são dois:

§9. Verba voluntatis. - As tr~s classes de verbavoluntatis. Os verba voluntatis, no sentido amplo da pala-vra, subdividem-se desta maneira:

1) os verba voluntatis propriamente ditos; êstes são cinco:

II. Outras construções. Quase todos êstes verbos podemser construidos também com a conjunção quod mais Ind.,embora o A. c. I. seja mais comum, cf. §210, II, 2a. Exemplos:

assuejacerecogeredocêre

Volo te abire (A. c. r. obrigatório)

Cupio esse clemens (Inf. obj.) \Cupio me esse clementem (A. c. I.) f

2) Na frase portuguêsa: "Ordeno ao empregado fechar aporta", o verbo principal ("ordeno") é construido com umdativo ("ao empregado"), seguido de um Iuf. ("fechar").Em latim não é lícita tal construção, mas sempre se deve usar

r[§9][§ 8 ]

Os embaixadores voltaram logodepois, (trazendo a notícia de)que o rei dos partas queria con-cluir um tratado com o povoromano

A idéia de que os deuses orientamo gênero humano parece-memuito confortadora

dolêre, maerêre, lugêre, etc.gaudêl'e, laetari, etc.aegre/moleste/graviter jerre, etc.

gravari, vitio vertere/dare, etc.indignari, suscensêre, etc.queri, conqueri, etc.(ad)mirari, etc.

Pretendo sairPenso que isto é impossívelHaníbal sabe vencer, mas não sabeaproveitar a vitória

Haníbal sabia que os romanosnunca se renderiam

, O general decidiu-se a acampar nomorro

O general achou que a melhorcoisa (a fazer) era permanecernesta fortaleza

Sintaxe latina· superior8

Legati paulo posto redierunt: regemParthorumjoedusjacere cum populoRomano velle

Cogitatio deos generi humano prae-esse bonae spei mihi videtur

Dux statuit optimum esse in hocoppido manere

2) O A. c. I. pode depender igualmente de um subst.abstrato, derivado de um verbum senticndi vel declarandi, p. e.:

IV. Observações. 1) Muitas vêzes acontece que o ver-bum sentiendi vel declarandi está oculto, sendo que êste podeser completado pelo contexto, p. e.:

3) Alguns dêstes verbos podem ser construidos com oInf. objetivo (cf. §3, II) e com o A. c. I. Reparem bem nadiferença que existe entre as seguintes construções:

Lastimar, lamentarAlegrar-seAchar desagradável, feio, repug-nante, revoltante, etc.

Levar a malInfignar-seQueixar-seAdminw-se

§8. Verba affectuum. - I. Exemplos de :Verbaaffec-tuum. Os verbos mais importantes dêste grupo são:

Cogito projicisciCogito haec jieri non posse11annibal vincere scit, victoriã utinescit

11annibal sciebat Romanos num-quam se dedituros (esse)

Dux statuit castra ponere in colle

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11

é ilícitoé justoé tempo

interessa, importaé patente, manifestoimporta, interessa

Ensino-te a falar latimInformo (outros) de que falaslatim*

Convém que rezesConvém orar sempreNão convém que sejas preguiçoso

nejas estpar esttempus est

ú1terestpatetrefert

o Infinitivo

é evidente, claroconsta, é certoé útil

corre o boatoé lícitoé jnsto6 llcec8s11rio

[§lO]

Dux oppidum incendi .sivit/passusest

Socrates leges neg[egi vetuit

Doceo te II [atine loquiDoceo [I te [atine [oqui

o general deixou incendiar a for-taleza

Sócrates proibiu menosprezar asleis

6) Os verbos optare ("desejar"), imperare ("mandar, ordenar") ecurare ("mandar, fazer") têm geralmente outra construção, encontrando-seraras vêzes o A. c. L com êles.

7) Todos os verbos assinalados acima (menos Qssuejacere) são muitasvêzes construidos também com ut, ne, qU01ninus, quin, como havemos dever mais adiante.

8) O verbo docere pode ser verbum declarandi ("narrar, expor,informar"), mas também verbum voluntatis ("ensinar a"); dai a diferençaentre:

2) as seguintes locuções compostas de esse e nome. pre-dicativo:

§10. Verba impeJt'iMmalia, ele. - L As duas classesdêste grupo. A êste grupo de verbos pertencem as expressõesque já encontramos no §2, lI; acrescentamos aqui:

1) os seguintes verbos impessoais:

lI. Observações. 1) Quase todos os verbos impessoais elocuções, mencionados nos § §2, II e 10, l, admitem tambémoutras regências, como havemos de ver mais adiante.

2) Quando o Inf. não tem sujeito determinado, usa-secom êste grupo de verbos o simples lnf. subjetivo (cf. §2):se tal Inf. subjetivo vier acompanhado de um nome predica-tivo, êste vai para o acusativo. Exemplos:

apparetconstatexpedit

Oportet te orare (A. c. L)Oportet semper orare (Inf. subj.)Dedecet te pigrum esse (A. C. I.)

fama estjas estjus estncccsse cst

[§ 9]

Proibiu-lhes falar a verdadeEnsinaste (a) teu filho a obedeceràs leis do Estado

Permiti aos meninos que saissemda casa

o professor não permitiu aos me-ninos que (êles) lessem êste livro

Sintaxe latina superior

Sivi p u eT os domq exire

Vetuit/Pl'ohibuit eos verum dicereDocuisti fi l iu m parere legibus reipublicae

AI agister non sivit pueros hunclibrum legere

o A. c. L, de modo que a tradução correta da frase será: Jubeoservum (não: servo) januam claudere. Outros exemplos:

.j

5) A frase portuguêsa: "Ordeno chamar a empregada",não pode ser traduzida: Jubeo servam vocare, porque estafrase latina significaria: "Ordeno que a empregada chame".A tradução corretn será: ,hlbco scrt'am vocari (= "Ordenoque a empregada soja chamada").

Os verbos pati, sinere, jubcre, vetare, prohibere e cogere,quando seguidos de um A. c. L, sem a indicação da pessoa aquem se dá pcrmissfLO,orde m, etc. levam o Inf. para a vozpassiva, porque a ação expressa pelo Inf. tem valor passivo.Outros exemplos:

A mesma regra se [!,plica também, quando em portuguêso dato vem seguido de uma cláusula integrante. Exemplo:

3) A frase latina: Vetuit eos verum dicere, pode ser tra-duzida também: "Proibiu-os de falar a verdade". Muitosverbos portuguêses, tais como "ordenar, mandar", "permitir,deixar", "proibir" e "ensinar" admitem várias construções,sem que essa circunstância tenha a menor importância paraa construção da frase latina. Em latim sempr;e se deve usaro A. C. L, independentemente da construção empregada emportug~lês. .

4) Os verba voluntatis que exprimem permissão, ordem,.proibição, etc. (os que pertencem ~s classes 2 e 3) trazem con-sigo um objeto direto que é sempre idêntico ao sujeito daação expressa pelo Inf.; em português, principalmente emlinguagem coloquial, os dois podem estar explícitos, p. e. "Ogeneral me ordena que (eu) destrua a ponte"; em latim, talrepetição é considerada como redundância, dizendo=se: Duxjubet me ponlem delere. Cf. ainda:

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~'.'

Paulo diz que êste livro lhe(= Pedra) foi dado pelo professor

Paulo diz que seú pai (= o dePedro) faleceu

o lntinitivo

Mas:

[§ 12 ]

Paulus dicit hunc librum ei a magis-tro datum (esse)

Paulus dicit patrem ejus mortuumesse

2) Pode-se omitir o sujeito da proposição infinitiva comos verba voluntatis propriamente ditos (velle, nolle, malle,studere, cupere), cí. §9, lI, 3.*

§12. O tempo da proposição infinitiva. - L Ternpoabsoluto eternpo relativo. Na frase portuguêsa: "Meuamigo disse estar doente", a forma "estar" é, do ponto de vistada morfologia, um rní. do Presente, mas sua função sintática,- pelo menos, nesta frase, - não é a de indicar o momentoatual, o que logo se pode ver, se dissermos: "Meu aI]ligo disseque estava doente". "Estar" indica simultaneidade com a açãoverbal da oração principal "disse", forma essa que exprimesempre o passado.

Em termos gramaticais, isso quer dizer que a forma"disse" designa o tempo absoluto, e a forma "estar" designao tempo relativo.

1) O tempo absoluto (sempre forma do verbo finito)situa uma ação verbal no tempo em relação ao momento atualem que se acha quem fala ou escreve; suas categorias são:o presente, o passado e o futuro; encontra-se sobretudo,embora não exclusivamente, em orações principais.

2) O tem po r oIa t i v o (o único que pode ser designadopelo rnf.) situa uma ação vorbal no tempo em relação a umdos três momentos, ou grupo de momentos, indicado pelotempo absoluto; suas categorias são: a simultaneidade, aanterioridade e a posterioridade; encontra-se sobretudo, emboranão exclusivamente, em cláusulas e em orações reduzidas(participiais e infinitivas).

Por enquanto basta termos dado esta distinção funda-mental; mais adiante havemos de voltar ao mesmo assunto(cf. §44, l, 1-2).

lI. A relatividade do Infinito. O lní., tanto em por-tuguês como em latim, exprime apenas o tempo relativo istoé, indica simultaneidade, posterioridade ou anterioridad~ em

,I

[§ll]

Paulo diz que êle (= Pedro) estádoente

Não convém ser preguiçosoCumpre que sejamos corajososCumpre ser corajoso

Não é lícito ser mentirosoNão te é lícito ser mentiroso

Sintaxe latina superior12

Mas:Paulus dicit eu m esse aegrotum

3) O verbo licet e as locuções opus est e necesse est admitemvárias construções, como se pode ver pelos seguintes exemplos:Non licet rnentiri (Inf. sqbj.) Não é lícito mentir

Non licet tibi mentiri \ (1) Não te é lícito mentirN on licet te mentiri fN on licet mendacern esseN on licet tibi mendacem/mendaciesse

(1) A cQlliitrução ~ormal é; Non licet tilii mentiri (I)at. c. Inf.); o A. c. I. é raro com licet.

§11. O sujeito da proposu;ao infillitiva. - r. oernprêgo do pronorne reflexivo. Em português pode dizer-se"Paulo diz estar doente" = "Paulo diz que êle (= Paulo) estádoente"; sendo iguais o sujeito da oração principal e o da ora-ção infinitiva, o português constrói muitos verbos com o sim-ples rní. sem exprimir o sujeito do mesmo por uma palavraexplícita. Ora, tal omissão não é lícita em latim: semprese deve exprimir o sujeito da proposição infinitiva pelo acusa-tivo. Note-se bem que, havendo identidade de sujeito, sedeve usar se (ou sese) na 3.a pess. (sg. e pl.).-Exemplos:Dico m e esse aegrotum Digo estar doenteDicis te esse aegrotum Dizes estar doentePuer dicit se esse aegrotum O menino diz estar doentePuella dicit s e esse aegrotarn A menina diz estar doentePueri dicunt s e esse aegrotos Os meninos dizem estar doentesPuellae dicunt s e esse aegrotas As meninas dizem estar doentes

Dedecet pigrum esse (Inf. subj.)Oportet nos fortes esse (A. c. L)Oportet fortem esse (Inf. subj.)

lI. Observações. 1) Tôda e qualquer referência na pro-posição infinitiva ao sujeito da oração 'principal, que estejana 3.a pessoa, deve ser expressa pelo pronome reflexivo (pes-soal ou possessivo): sui, sibi, (a) se e suus. Exemplos:,Paulus dicit hunc librum sibi a Pa ulo diz que êste livro lhe

rnagistro datum (esse) (=Paulo) foi dado pelo professorPaulus dicit patrem suurn mortuum Paulo diz que seu pai (= o deesse Paulo) faleceu

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.~"

15

Quero que voltes amanhãO general forçou os inimigos a fugir

Os romanos julgavam que Haníbalseria fàcilmente mantido a certadistância da Itália

Os romanos esperam que todosos bárbaros sejam expulsos daItália

Julgo que nunca me arrependerei.dêste fato

Espero ter demonstrado esta coisaAs testemunhas juram ser cidadãosromanos

o lnfinitivo[§13]

SpeTo me hanc rem pl'obasseTestes jUTant se cives Romanosesse

V010 te CTaSTediTeDux coegit hostes jugeTc

Pu to JOTeut hujus rei numquam mepaeniteat (obrigatório, porquepaeniteTe não tem Inf. Fut.)

Romani putabant JOTeut Hannibaljacile ab !talia aTceTetur (obrig"porque aTcere,não tem Inf. Fut.da V. P.)

Romani spemnt jorc ul mnnes iJaT-baTi e:vllalia IJcllantur (facult., =omues baTbaros ex ltalia pulswnhi)

3) Os verbos veUe, posse e debere exprimem geralmentejá por si uma ação não realizada, portanto posterior; em ora-ções infinitivas, emprega-se muita,s vêzes o Inf. Preso dêstesverbos em substituição .a um Inf. Fut. Os verbos veUe e posse,aliás, não possuem o Inf. Fut, Exemplos:

Nota. Fore e jutuTum esse são o Inf. Fut., não só de esse, mastambém de jieTi ("acontecer, dar-se"); são muito usadas, em latim,expressões dêste tipo: Fit ut baTbaTi pellantur ("Acontece que"osbárbaros são expulsos"), daí a construção: Romani sperant JOTeutbarbaTi pellantuT (cf. §148, T).

lI. Observações. 1) Segundo as regras da lógica rigo-rosa, os verba voluntatis deveriam, sempre reger um Inf. Fut.,visto que a ação verbal expressa pela proposição infinitivasempre se refere a uma ação ainda não realizada, isto é, pos-terior. Com os verbosdêste grupo, porém, o latim admiteapenas o Inf, Preso Exemplos:

2) Por vêzes, o latim usa, em lugar do Inf. Fut., umacircunlocução composta de jore ut (menos freqüentemellte,juturum (esse) ut), seguido do Subj, Preso depois de um verboprincipal qlle não seja um pretérito, e seguido do Subj. Impf.depois de um verbo principal no pretérito. Esta construçàoé obrigatória, quando o verbo da oração infinitiva não possuio Iní. Fut. da V. A. ou da V. P.; também é muito comum como verbo sperare. Exemplos:

'~"

A' ,

I[§13]

o general ameaçou incendiar acidade

As testemunhas juraram falar averdade

Sintaxe latina sujH::rior14

relação ao momento temporal designado pelo verbo da oraçãoregente. São estas as regras:

O Iní. Preso exprime SIMUIll'ANJiJIDADE, o Inf. Pf. exprimeANTERIORI-DADE, e o Inf. }I'ut. exprime POSTERIORIDADE emrelação à ação expressa, pelo verbo regente. Exemplos:

§13. l")recisâodo latim. - I. O emprf!go dos tempos.O latim marca, em geral, com uma precisão muito maior doque as línguas modernas, b tempo relntivo. Em portuguêspode dizer-se: "A menina promet'.l voltar logo" (= "A meninapromete que voltará logo"); em latim, é obrigatório indicar aposterioridade da ação verbal "voltar" em relação à açãoexpressa pelo verbo regente "promete". A tradução corretada dita frase será: PneUa pollicetnr se mox redittlram (esse).Repare-se bem nessa particularidade do latiin, principalmentecom os verbos: sperarc, in spe essif, spem habere e in spemvenire; polliceri, promittere e spondere; jurare; minari em~nitar'i. Exemplos:

Nota. Em português silo possíveis também outras traduções, p. e.:"está voltando" em lugar de "volta""há de voltar" em lugar de "voltará""havia/Linha voltado" em lugar de "voltara"(l)"estava voltando" em lugar de "voltava""havia de voltar" em lugar de "voltaria", etc.(2)

Nota. Alguns dÔR(,(;S verbos podem ser combinados também com oInf. Preso ou Pf., como o mostram os seguintes exemplos:

Dux minatus est se uriwln incen-SUTum (esse)

Testes juraverunt sc verwn dicturos(esse)

Dico regem( rediisse (ant.)

Digo que oI voltou}Romam

{ Tedú'e (siIl1ult.)rei

voltaaRomal Tediturwn esse (post.)l voltará

Dixi

regemfrcdiisse (ant.) Disse que o{ voltaral

Romam

TediTe (simult.)rei

voltava}aRomal Tediturum esse (post.) voltariaJ

(1) Muitas vêzes não se exprime eIn português a anterioridade, dizendo~se: "voltoufl•(2) ]'1uÍtas vêzes não se exprime elU português a posterioridade, dizendo· se: "voltava".

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17

Dizem que Cícero foi um grandeorador

Diz-se que Cícero foi um grandeorador, ou:

Como se diz, foi Cícero um grandeorador(l)

Ordeno-te sairÉs ordenado por mim a sair, oumelhor: Ordeno que saias

Proibiu fechar as portasFoi proibido por êle que se fechas-sem as portas, ou melhor: Proi-biu fechar as portas

o Infinitivo

NOMINATIVUS CUM INFINITIVO

[§15]

(1) Cf. em inglês: Cicero i8 8aid to have ~een a great orator.

lI. Regras elementares. Partindo dêstes exemplos, po-demos fazer as seguintes observações:

1) Em português, são possíveis várias traduções, dasquais registramos aqui apenas algumas. Ora, ao principianterecomenda-se sempre partir de uma cláusula integrante emportuguês, observando-se as seguintes regras:

a) Não se traduz a partícula integrante "que".b) O sujeito da cláusula portuguêsa ("Cícero", "tu", e

"as portas") vem a ser o sujeito da frase latina: Cicero, (tu)e januae, respectivamente.

c) O verbo regente da frase portuguêsa ("diz-se", "orde-na-se" e "foi proibido" ou "proibiu-se") vem a ser o predicadoda frase latina, e deve sempre estar na Voz PASSIVA,porque"se" é partícula apassivadora. Evidentemente, êsse predi-cado deverá concordar com o sujeito da frase: dicitur comCicero, juberis com tu, e vetitae sunt com januae.

§15. Introdução. - L A forma passiva do A. c. I.Além do A. c. L, o latim conhece ainda outro tipo de propo-sição infinitiva, com o verbo regente na V. P.; é o chamadoNOMINATIVUSCUMINFINITIVO(abreviatura: N. c. L), cons-trução essa que se pode considerar como a forma passiva doA. c. L, como se pode ver pelos seguintes esemplos:

Jubeo te abire (A. c. L)(Tu) juberis a me abire (N. c. L)

Dicunt Ciceronem magnum orato-rem fuisse (A. c. L)

Cicero dicitur magnus orator fuisse(N. c. L)

Vetuit januas claudi (A. c. I.)J anuae vetitae sunt ab eo claudi(N. c. I.)

[§ 14 ]

Ordeno ao empregado fechar aporta

Proibiste-me de ler êste livroMeu pai me acostumou a falar averdade

Ontem li os livros de Cícero "Sôbreos Deveres" que, como todossabem, são muito úteis, ou: quetodos sabem serem muito úteis,ou: os quais todos sabem quesão muito úteis, etc.

Admiramos muito Cícero que,(como) dizem, foi morto porMarcos Antônio, ou: que, se-gundo a tradição, foi morto porMarcos Antônio

recomenda-se uma oração infi-

Sintaxe latina superior16

Romani ;perant se omnes barbarosex Italiã pellere posse

Caesar sperabat Gallos in fide po-puli Romani permanere velle

Os romanos esperam poder expul-sar todos os bárbaros da Itália

César esperava que os gaulesesquisessem (= haveriam de que_rer) ficar fiéis ao povo romano*.

§14. Várias maneiras de traduzir o Á. c. I. - r.Orações independentes. Já encontramos algumas maneirasde traduzir um A. c. L para o português. A tradução maiscomum é mediante uma cláusula integrante, p. e.:Dieunt hunc librum utilissimum Dizem que êste livro é muito útilesse

Com os verba voluntatisnitiva, p. e.:J ubeo servum januam claudere

Prohibuisti me hunc librum legerePater meus assuefecit me verumdicere

Em estilo elevado pode usar-se, também em português, oA. c. L, p. e.: .Dicunt hunc librum utilissimum Dizem ser muito útil êste livroesse

lI. Cláusulas relativas. A frase: Dicunt hunc librumutiliss1:mum esse, poderia ser trjtduzida também desta forma:"Como dizem, êste livro é muito útil", ou: "Êste livro, (como)dizem, é muito útil". Recomenda-se esta maneira de traduziro A. c. L, quando faz parte duma cláusula relativa; são pos-síveis também outros tipos de tradução, como o mostram osseguintes exemplos:Ciceronis libros "De Officiis", quosomnes sciunt utilissimos esse, herilegi

Ciceronem, quem ferunt(l) a MarcoAntonio interfeetum esse, magno-pere admiramur

(1) Ferunt = "dizem" (tratando-se de boatos), ou - "transmitem" (tratando-se de tra-dições).

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d) O predicado da cláusula portuguêsa ("foi", "saias" e"se fechassem") vai para o InI.: .f1.iÍsse,abire e claudi, respec-tivamente. Quanto ao emprêgo dos tempos, observem-se asregras já estudadas no A. c. r.

e) Havendo nome predicativo dentro da proposição infi-nitiv3" deverá êsse estar no nominativo, p. e. magnus orator.

2) O agente de uma frase passiva traduz-se em latimpela preposição a(b) mais ablativo, p. e.: a me, e ab eo. Muitasvêzes acontece, porém, que a frase latina não exprime o agente.J~ muito mais comum encontrarmos frases do tipo: Januaevetitae sunt claudi do que: J anuae vetitae sunt claudi ab eo.Nesta última hipótese, o latim prefere a construção ativa:Vetuit jamws claudi (A. c. 1.).

§16. Verbos que admitem o N. c. I. - r. O emprêgodo N. c. I. Nem todos os verbos latinos que são construídoscom o A. c. L, admitem também o N. CC r. Aqui se seguemos principais encontrados em prosa clássica.

1) O verbo vidéri = "parecer". Exemplos:

19

Anuncia-se que os reféns fugiramdo cárcere

Segundo a tradição, foi Rômulo oprimeiro rei dos romanos

Anunciou-se que os reféns haviamfugido do cárcere

Segundo a tradição, fôra Rômulo oprimeiro rei dos romanos*.

o InfínitivoI 8 17 J

lI. Observação. A distinção entre o A. c. L (tempos derivados doPerfectum) e o N. c. L (tempos derivados do Infectum) não é rigorosa:sobretudo os verbos nuntiari e diei, quando acompanhados de um datoou de um adv., regem muitas vêzes o A. C. L, também nos tempos deri-vados do Infectum: nuntiatur Caesari obsides ejjugisse. Por outro lado,encontramos construções do tipo: OIm:des mm.liali 81/nl cjfugisse.

na 3." pessoa (sg. e Pl.), as formas .fertur/traditur e jeruntur/traduntur: "transmite-se que, diz a tradição; corre o boatoque, segundo a tradiçã% boato", etc. Ao contrário dos ver-bos que pertencem às duas outras classes, êstes verba den-tiendi et declarandi admitem o N. c. r. apenas nas formasderivadas do Infectum (isto é, Pres., Impf., e Fut. Sim-pIes); nas formas derivadas do P e ri e c t u m (isto é, Pf.,MsqupI., e Fut. Pi.) prefere-se geralmente o A. c. I. Exemplos:Obsides e carcere eJJugisse nun-tiantur

Traditurjjertur Rornulus primus rexRornanorurn juisse

N untiatum est obsides e carcereejjugisse

Traditurn est Rornulurn prirnumregern Romano1'1tm juisse

[§ 16]

Parecia-me que as meninas haviammentido, ou: As meninas pare-ciam-me ter mentido

Parece-nos que enganaste teus pais

Sintaxe latina superior18

Puellae videbantur rnihi rnentitae(esse)

Videris nobis paTentes tuos decc-pisse

2) Alguns verba voluntatis.Os principais são: cogi, jubél'i, prohibéri, vetari, docéri e

sini. Exemplos:

3) Alguns verba sentiendi et dec1arandi.Os principais s[iu: aucliri, dici, existimari,

cari, negari, nuntiari, putari e reperiri; alémAs cobras caminhavam ràpida-mente rumo ao berço. E eupuxei o berço logo para trás.

Angues pergunt ad eunas citi.Ego cunas recessirn trahere

I. O Infinito histórico. Para tornar mais viva umanarrativa, o latim se serve muitas vêzes do Iuf. Preso em lugardo Ind. de um tempo pretérito (PI. ou Impf.); ao usar o InI.histórico, o autor limita-se a esboçar em linhas gerais a açãoverbal, deixando à imaginpoção dos leitores os pormenoresrelativos ao tempo e à pessoa. O InI. histórico pode variarcom o verbo finito, por vêzes, no mesmo período. A constru-ção encontra-se principalmente nos historü1dores (exceto César)e nos comediógrafos. Exemplos:

OUTRAS CONSTRUÇÕES

§17. Outras construções infinitivas. - MencionamosaqUI o InI. histórico (I) e o InI. exclamativo (II).

invemri, judi-disso, mas só

Os cidadãos ricos foram forçadosa dar dinheiro

Somos ensinados pelas leis (ou:As leis nos ensinam) a refrearas paixões

Não foi dada por Cicero a Cl6dioa oportunidade de arruinar oEstado, ou: Cicero não deixouque Cl6dio arruinasse o Estado

Cives divites eoaeli sunl peeuniamdare

Docemur legibus domare libidines

Clodius a Cicerone silus nun ostperdere rem pulilicam

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20 Sintaxe latina superior [§17l

n. O Infinito exclamativo. O rnf. exclamativo é, nofundo, um caso particular do A. c. 1., com elipsé do verboreg~nte (geralmente: dolere, pudet me, decet me, mirari, indig~nan, etc.), mas a elipse não precisa ser consciente. Usa-sesobretudo em exclamações que exprimem admiração, espantoou vergonha, bem como em perguntas que revelam indignação,etc. A construção encontra-se principalmente na linguagemcoloquial, onde o gesto e o tom podem fàcilmente completara frase. Exemplos:

lJlaximã vi certatur(l). Interea Ca-tilina in primã acie versari, labo-rantibus succurrere, omnia pro-videre, multum ipse pugnare, sae-pe hostem ferire

Te nunc, Terentia, sic vexari! (se.magnopere doleo)

Me inceptum desistere? (se. nonnepudet?)

Lutava-se com grande intensidade.Entrementes, Catilina se deti-nha na primeira fileira, socorriaos que estavam em apuros, to-mava tôdas as providências,combatia valentemente, e feriaamiúde um inimigo

Ó Terência, como acho terrível quetanto sofras!Não seria vergonhoso eu desistirdo meu plano?, ou: Eu desistirdo meu plano ?!*

CAPÍTULO IIo PARTICípIO

§18. Introdução geral. - r.OsParticípios em latim.Em latim histórico havia três particípios: um do Pres., umdo Pf. e um do Fut. Distribuem-se desta maneira entre asvozes do verbo:

1) Verbos normais, isto é, não depoentes:

PERFEITOPRESENTEFUTURO--- V.A. -laudanslaudaturus

(tendo/havendo louvado) louvando/quehavendodelouva

louvar-- ------------------------------V.P. laudatus --(tendo sido) louvado (sendolouvado)(havendo de

ser louvado)

2) Ver b o s de p o e n t e s :

PERFEITOPRESENTEFUTURO

V.A.hortatus hortanshortaturus

(Lulld,,/h:w(mdoexortado) exortando/quehavendodeexorta

exortar•.• ~

(1) Pergunt e certatur são Presentes históricos, cf. §15, n.

n. Observações. 1) De verbos "normais" não existemas formas correspondentes a "tendo/havendo louvado" "sendolouvado" e "havendo de ser louvado"; de verbos d~poentesnão existe nenhum particípio de significado passivo. A regra,embora inexata nesta formulação rigorosa (cf. §24), tem gra-ves conseqüências para a construção de proposições participiais(cf. §22, r).

2) É melhor evitar o têrmo Parto Fut. da V. P. para ogerundivo, visto que êste começa a exercer a função partici-pial só em latim tardio (cf. §30, II, 4).

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23o particípio[§19].

b) O emprêgo predicativo OBJETIVO, p. e. na frase: "Acheiteu amigo muito generoso"; aqui a referência do adj. "gene-roso" ao subst. "amigo" (OBJETO DIRETO DA FRASE), se fazmedianty um verbo transitivo-predicativo (p. e. "achar, nomear,julgar, considerar, ton1ar", etc.).

O que é comum aos dois tipos de predicativos é que cons-tituem um elemento imprescindível do predicado, sem o quala frase estaria incompleta ou ficaria com significado comple-tamente diferente, p. e.: "Teu amigo é", e: "Achei teu amigo." .

3) O emprêgo SEMI-PREDICATIVO é encontradtl p. e. nafrase: "Generoso como sempre, teu amigo me ajudou bas-tante"; aqui a referência do adj. "generoso" ao subst. "amigo"não é direta nem exclusiva, mas "generoso" diz também algumacoisa do predicadq "me ajudou". Mas, ao contrário do emprêgopredicativo pràpriamente dito, o adj. "generobo", no seuemprêgo semi-predicativo, não é elemento imprescindível, esim, acessório do predicado, constituindo um certo elementocircunstancial do mesmo: "generoso" = "devido à sua gene-rosidade", e poderia ser substituído por uma cláusula conjun-cional (= adverbial): « "Como teu amigo é muito generoso, aju-dou-me bastante". Há vários tipos do emprêgo semi-predi-cativo do adj., mas para nossos fins basta termos dado essasnoções elementares, cujo conhecimento tem certa importânciapara a compreensão das diversas funções do parto latino.

11. Aplicações ao Particípio. Globalmente falando, po-demos dizer que o parto latino se enquadra nos moldes daclassifi<:a(>~ã()dada acima. Vejamos agora os pormenores:

I) () CllIPl'tgO aLri1>lltivo. Os três parto latinos po-<lCII)c:l'I' ('lllpl'i'/.';ados de modo aLri!Jutivo; quanto ao Parto1'1'. da V. 1'. lIiLoexisLom dificuldades para o tradutor brasi-loiro, visto que ° seu Parto ,do Passado admite a mesma função.O Parto Preso da V. A. (atributivo) traduz-se, geralmente

por uma cláusula relativa, visto que o chamado "gerúndio'~português só raras vêzes exerce a função atributiva. Puerdorrrl;iens (atributivo; cf. em francês: L'enjant dormant) = "Omemno que dorme", e não: "O menino, dormindo ... " (estatradução seria "semi-predicativa").

O Parto Fut. da V. A. é, de modo atributivo, pouco usadopelo menos, em prosa clássica, exceto as duas formas: ven~turus e, juturus, ambas como o significado de "futuro, vin-douro"; Exemplos do emprêgo atributivo:

[§ 19]Sintaxe latina superior22

3) Do mesmo modo que o rnf. (cf. § 12, lI), também oParto não exprime tempo "absoluto", e sim tempo "relativo"O mesmo acontece em português, .p. e.: "Proferindo o oradorestas palavras, a assembléia rompeu em aplausos" = '~Quandoo orador proferia estas palavras, ". Como se vê, "pro-ferindo" não exprime, neste caso, o "presente", mas a simul-taneidade com uma a(;ão (lne rôe realizou no passado. Cf.âi'i1da: "Terminadas as fériaB, voltarei a São Paulo""Quando as férias est'luerem terminadas, " (anteriori-dade de "terminadas" em relação à ação do verbo principal"voltarei") .

Agora podemos formular as seguintes regras:

O Parto Preso exprime sim ul taneid ade,O Parto Pf. exprime anterioridade,O Parto Fut. exprime posterioridade, - sempre em

relação à ação expressa pelo verbo regente.

§ 19. Os diversos empregos do pal,ticípio. -- I. Osempregos atribu.titlo e predicativo. O Parto é adjetivo e,como tal, tem de referir-se a um substantivo. Ora, há trêsmaneiras de um adj. poder referir-se a um subst.: a atribu-tiva, a predicativa e a semi-predicativa.

1) O emprêgo ATRIBUTIVO é encontrado p. e. em: "Ontemfaleceu ,meu amigo generoso". Nesta frase, a referência doadj. "generoso" ao subst. "amigo" é d i r e t a (isto é, nãoatravés de um verbo de ligação) e, ao mesmo tempo, exclu-s i v a (isto é, o adj. "generoso" refere-se apenas ao subst."v~migo", e não ao predicado "faleceu"). Um adjunto atri-butivo pode ser substituído por uma cláusula relativa (= adje-tiva), p. e.: "Ontem faleceu meu amigo que era muito generoso".E sempre partindo do emprêgo atribu.tivo que um adj. vema ser substantivado, p. e.: "Os (homens) bons sofrem pelos(homens) maus".

2) O emprêgo PREDICA'J'IVO apresenta algumas variantes,das quais .tnencionamos:

a) O emprêgo predicativo SUBJETIVO, p. e. na frase:"Teu amigo é generoso"; nesta frase, a referência do adj."generoso" ao subst. "amigo" (SUJEI'TO DA FRASE), se faz pormeio de um verbo de ligação (p. e. "ser, estar, ficar, parecer,tornar-se", etc.).

•.~1IIIt~~

Page 17: Besselaar Propylaeum Latinum 1

25

Não costumamos acreditar em umhomem mentiroso, nem sequerse fala a verdade

Se defenderes a pátria, seráslouvado por todos os cidadãos

Por vêzes não conseguimos contero riso, embora o desejemos

O ôlho, embora não se veja a sipróprio, enxerga outras coisas

Como o general temesse uma ci-jlada, decidiu-se a permanecerno acampamento

Os atenienses odiavam Alcibíades,porque tinha sido subornadopelo rei dos persas

o pattieípio[§ 20 ]

rário ela é muito mais freqüente ainda. O emprêgo dos partodo Preso e do Pf. é mais comum que o do Fut. Exemplos:Hoc iter jaciens multas epistulas Fazendo esta viagem (ou: Quandoad amicos scripsi (simult.) fazia esta viagem), escrevi mui-

tas cartas aos amigosPretendo enviar-te êste livro, de-pois de o ter lido

Antes que passasse para a Itália(ou: Antes de passar, ou: De-vendo passar), Haníbal fêz umsacrifício aos deuses

Hunc librum lee/um ad te mittere inanimo habeo (ant.)

Transiturus in Italiam H annibalsacrijicavit diis (post.)

M endaci homini ne verum quidemdicenti credere solemus

Patriam dejendens ab omnibus ci-vibus laudaberis

§20. A tradução do parto semi-predicativo. - Nosexemplos dados acima (cf. § 19, lI, 3), traduzimos todos osparticípios latinos mediante uma cláusula conjuncional tem-poral, p. e. "Quando", "Depois que/de", e "Antes que/de".Mas a função temporal não é a única a ser exerci da pelo parti-cípio latino. Mencionamos aqui:

r. A .função condicional. Em português podemos usara conjunção "se';. Exemplos.

lI. A .função concessiva. Em português podemos usaras conjunções "ainda que, embora, mesmo que", etc. Exem-plos:Risum cupicnl/!s lcnerc interdumnequimus

Oculus se non videns alia cernit

IlI. A função causal. Em português podemos usar asconjunções "porque, visto/já/uma vez que, como", etc, Exem-plos:Metuens insidias dux in castrismanere statuit

Athenienses Alcibiadem corruptuma rege Persarum oderant

[§ 19]

o general mandou sepultar os sol-dados mortos (ou: que haviamsido mortos)

É odioso o gênero de homens quefalam mal dos outros

Os tempos futuros são incertos,ou: O futuro é incerto

Dá-nos uma cidade duradoura (ou:destinada a permanecer)

Dirigiu-se a uma cidade suborná-vel e fadad a a perecer cedo

Sintaxe latina superior24

Dux milites occisos sepeliri jussit

Odiosum est genus hominum aliismaledicenti um

Tempora jutura incerta suni

Urbem venalem et mature perituramadiit

Da nobis urbem mansuram!

Notas.1) Como se vê pelos exemplos, o parto empregado atributiva-

mente aproxima-se muito de um adj. prôpriamente dito, e daí ocaminho não é muito longo para a "substantivação". Nas trêsfrases poderíamos omitir os subst. regentes (milites, hominum e tem-pora) sem que se modificasse muito o significado.

2) Em poesia e em latim da época imperial (mas também nasobras de Salústio), é freqüente o emprêgo atributivo do Parto Fut.para exprimir um destino, uma fatalidade. Muitas vêzes, o valoré pràticamente igual ao de um adjetivo. Exemplos:

2) O emprêgo p r e d i c a t i v O. a) É desnecessário co-mentarmos as formas laudatus sum/eram/ero, etc.; sôbre lau-daturus sumlsimleramlessem (a chamada "conjugação perifrás-tica") pretendemos falar no §51; por outro l:;tdo, expressõesdo tipo: laudans sumleram, etc. (cf. em português: Estoulouvando; em inglês: I am praising) são extremamente rarasem latim clássico, limitando-se seu emprêgo a textos vulgarese, geralmente, tardios (talvez influência do grego).

b) O emprêgo predicativo, como adjunto do objeto diretoda frase encontra-se em algumas construções que, às vêzes,são den~minadas "Accusativus cum Participio": o Parto Presocom verba percipiendi, e o Parto Pf. com verba voluntatis.Ver § 27.

3) O emprêgo semi-predicativo. Muito mais. im-portante do que o emprêgo àtributivo é o emprêgo seml-~re-dicativo do parto latino; isto quer dizer que um parto latmosubstitui muito mais freqüentemente uma cláusula conjun-cional (adverbial) do que uma cláusula relativa (adjetiva).Também o português, cQmo as línguas românicas em geral,niJ,oraro emprega a construção participial, mas em latim lite-

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Page 18: Besselaar Propylaeum Latinum 1

§21. Generalidades. - I. Exemplos dos diversoscasos. O emprêgo do parto latino não se limita ao nom., masestende··se também aos casos oblíquos (cf. mendaci hominidicenti, e Alcibiadem corruptum, no §20, I e lU). O seguinteesquema poderá dar aos principiantes uma idéia das diversasocorrências do parto numa frase latina:

27

Enquanto Cícero falava/Depoisque Cícero foi morto, Antônioentrou na cúria

Depois da morte de Bruto e Cássio,os romanos perderam a liberdade

Depois da morte de Cleópatra, o. Egito caíu em poder dos roma.-nos

o particípio[§21]

Nota. A terminação do Parto Preso no abI. abs. é sempre -e,e nunca -i. Assim dizemos: Cicerone loquente, laudante, etc. Masa terminação de particípios completamente adjetivados é -i, porexemplo: virtute praestanti ("pela virtude notável")

Nota. É importante observar-se que a referência na proposiçãoprincipal, seja qual fór o caso em que esteja, não se traduz. Nãodevemos acrescentar à primeira frase a palavra ii ou ei, nem eorum àsegunda, nem iis ou eis à terceira, nem eos à quarta.

1) No primei.ro exemplo, há uma referência (emboraoculta), na oração principal, ao sujeito da cláusula, pois: "08ino·mig.o8 foram derrotados" e "08 inimigos se retiraram";essa referência está no nom., porque exerce a função de sujeitona oração principal. Neste caso, o parto conjunto vai tambémpara o nom. (projligati).

No segundo exemplo, há igualmente na oração principaluma referência ao sujeito da cláusula: "suas armas = as armasdêles" (gen. que exprime posse, que em português é muitasvêzes substituído pelo dato "lhes"). Neste caso, o parto vaipara o gen. (projligatorum).

No terceiro exemplo, a referência está no dato ("lhes");neste caso, o parto vai para o dato (projligahs).

No quarto exemplo, a referência está no ac. ("os"); nestecaso, o parto vai para o ac. (projligatos).

2) No quinto exemplo, porém, não se encontra ,nenhumareferência na oração principal ao sujeito da cláusula "os ini-migos"; ora, não havendo tal referência, o sujeito da cláusulae o seu predicado ("foram derrotados") vão para o ablativo(é o chamado ABLATIVO ABSOLUTO). Ê quase desnecessárioobservarmos que o part., por ser adjetivo, deve concordar, emnúmero e em gênero, com· o substantivo-sujeito da cláusula:participial. Assim dizemos:

Cicerone 10quente/intCJjccto Anto-nius in curiam venit

Bruto et Cassio mortuis Romanilibertatem amiserunt

Cleopatrã mortuã Aegyptus in po-testatem Romanorum venit

[§21]

Depois que os inimigos foram der-rotados, retiraram-se para alémdo Reno

Depois que os inimigos foram der-rotados, pilharam os soldadosromanos suas armas, ou: pilha-ram-lhes as armas os soldadosromanos

Depois que os inimigos foram der-rotados, César exigiu-lhes o pa-gamento de um tributo

Depois que os inimigos foram der-rotados, César expulsou-os paraalém do Reno

Depois que os inimigos foram der-rotados, César voltou à Itália

Sintaxe latina superior

o PARTICÍPIO CONJUNTO E OABLATIVO ABSOLUTO

Nota. Para precisar a função de uma construção participal,os autores, principalmente os da época imperial, acrescentam muitasvêzes um ·advérbio esclarecedor, cf. §25, n.

26

Hostium projligatorum m'ma Ro-mani milites capiunt (gen.)

Hostes projligati trans Rhenum sereceperunt (nom.)

H ostibus projligatis Caesar stipen-dium imperavit (dat.)

Hostes projligatos Caesar transRhenum reppulit (ac.)

Hostibus projligatis Caesar in Ita-liam rediit (abI.)

n. Regras elementares. Nos exemplos acima, tradu-zimos cada uma das construções participiais por uma cláusulaconjuncional, introduzida por "depois que" (posterioridadeexpressa pelo Parto Pf.), embora quase sempre fôsse possíveltambém a tradução "atributiva" (mediante uma cláusula re-lativa). Por motivos de ordem didática parece-nos preferível,porém, partirmos da tradução "conjuncional", porque estanecessita, mais do que aquela, de um comentário. Partindoda nossa tradução, podemos descobrir com facilidade em quecasos o latim se serve do parto conjunto (nom., gen., dato eac.) e quando se pode usar o chamado "ablativo absoluto".Para acharmos a solução dêste problema, devemos tomar porponto de partida o sujeito da cláusula portuguêsa.

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29

César, tendo chegado à Galia,mandou a tôdas as tribos for-necer trigo

o particípio

Quando êste escravo foi atormen-tado, não gritou, ou melhor:Êstc escravo, ao ser atormen-tado, não gritou

Os cidadãos da cidade que é/estásendo cercada, estão atormen-tados pela fome

§23. A falta do Part. Preso de "esse". - I. O par-ticípio "ens, entis". Não existe em latim clássico o PartoPreso do verbo esse ("sendo" ou "estando"); a forma ens(embora, segundo o gramático Prisciano, já usada por Césarnum escrito perdido e criada por analogia com praesens, absens,potens), tornou-se forma viva só na Idade Média. Comopoderemos traduzir, mediante uma construção participial, umafrase dêste tipo: "Aquela guerra se deu, quando nós éramoscrianças"? A tradução será: Illud bellum nobis pueris jactum est.

Cives urbis, quae obsidetur, jamevexantur

Hic servus, cum torqueretur, clamo-rem non edidit

Caesar, cum in Galliam venisset/postquam in Galliam venit, omni-bus civitatibus jrumentum impe-ravit

[§ 23 ]

1) A passagem para a V.P. será possível apenas quandoo verbo da cláusula fôr transitivo e, de fato, trouxer consigoum objeto direto; sem objeto direto na construção ativa,torna-se impossível um sujeito pessoal na construção passiva(cf. §40, I).

2) A frase latina: Caesar exploratã regione lwstem aggres-8US est, significa: "César, depois de explorar a região, agrediuos inimigos~'. Ora, o abl. abs. exploratã regione, em si, poderiater também outro sujeito lógico, mas seu lugar entre o sujeitoe o predicado indica, geralmente, que o sujeito lógico da cons-trução participial é o mesmo do verbo finito. *

IH. A tradução por meio de uma cláusula conjun-donal. -- Não existindo verbo depoente "sinônimo" e nãoocorrendo objeto direto na cláusula, é impossível usar-se umáconstrução participial do tempo passado na V. A. Neste casotemos que empregar o verbo finito com uma conjunção, p. e.postquam (mais Ind. Pf.) ou cum (mais Subj, Impf. ou Msqupf.).Exemplo:

Nota. A tradução mediante um verbo finito numa cláusulaconjuncional ou relativa é a única possível, tratando-se de simulta-neidade na V. P., uma vez que o Parto Preso da V. P. não existeem latim. Exemplos:

[§ 22 ]

populariprojicisci, egredipartiripotiripollicêri(ex/ordiriregredi, reverti(l)verêri

diripereexire, disceâ!3redividereoccuparepromittereincipererediremetuere

Sintaxe latina super;or

Nota. Alguns exemplos de verbos "sinônimos":SaquearSair, partirDividirOcupar, apoderar-se dePrometerComeçarVoltarTemer

28

,_, . §~~. ~omo traduzir o particípio passado da V. A. --,,01Y10 Ja VImos no § 18, H, 1, não ex:iste em latim o Pa .•.t Pf~~' \': A. de verbos "normais", só de v~rbos depoenteso·Per~gllnt~-se agora, como podemos reproduzIr em latim uma frased~ tIpo: "O cônsul romano, depois de obter vinte naviossam do pôrto". '

'0'1. , ~ubstituição por um verbo depoente. A solução,na,,,, facIl oé empregarmos um verbo depoente sinônimo se éque tal eXISte. "Obter", em latim, significa não só: obtine:mas~t~mbém: nancisci. Ora, êste verbo possui o Parto Pf. ~~V. ,,'L nactus, de modo que poderemos traduzir: ConsulR01Jtanus nactu8 vinginti naves e por tu discessit.

_. .I!I. Obst;rvação. Para a consciência lingüística dos romano~ o abltl?s: _nao constIt~ía uma 'proposição avulsa, nem sequer substit~ia um~c:~,usula,.rn.asfazia pa:t~ mtegrante da proposição "regente". Aliás tam-:"'~:~t~~.Id;amas romam?os possueomainda o particípio "absolut~" ou"'~.: 0.0 , ,c o em P?rtugues: . '7ermtnadas as jérias, irei a São Paulo" .J:3azn"doele, eu .nao podereI Ir". Também o inglês sob a influê c· 'de.~rfl:ces (e, na. hn~uagem literária, sob a influênci~ também donl~:im)a.co,;o!~lo I*)artlCíplO"absoluto", p. eo This matter having been' settled l'wenE ?ome. '

~ ... 11. O emprf3gode um verbo "normal". Mas tambémUo,~t)l'bo "norm~l" obtin~re admite a construção participial;_~~:.t.~n,~o.que reJ~ u~ objeto direto, o que acontece em noss~-~,;j,I~~:_(. vmte navIOS ): Se pa~sarmos a cláusula para a V. P.;(,,,~~'POlSde (terem s~do) obtI.d?s vinte navios"), poderemostlud,r o abl.. a?,s.) ,?OIS ao SUJCltOdessa cláusula participial

navIOS ) ~ao há, nenhuma referência na oração prin-C~P2.l:. A traduçao sera: Consul Romanus viginti navibusootem~s e portu discessit.

(1) 'Reverti é semi-depoente o nos tempo dO' d d rltOf} t,empos· derivados do Perfectu'm tem fo B ertlya oSMo n~ectum tem forma passiva;, . rIna a lVR. . as eXISte o Parto :pf. reverSU8.

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31

pretormenino, menina,criança

rainhareitestemunha

reginarextestis

Se o mar estiver tranqüilo, nave-garemos

Quando o céu e~~.va sereno, pas-seávamos

praetorpuer, puella

palavras nas seguintes frases:

Sob o consulado de Cícero e Antô-nio deu-se a conjuração de Ca-tilina

Sob o reinado de Dario/Zenóbiadeu-se aquela guerra

A teu conselho fiz esta viagem .Sob tua direçã%rientação fareIesta viagem

Deus é testemunha de que falo averdade, ou: Falo a verdade, to-mando Deus por testemunha.

o particípio

adolescenteautor, conselheiro

cônsulgeneraljuiz

Cf. O emprêgo destas

I: § 23 ]

2) SUBSTANTIVOS:

M ari tranquillo navigabim us

Caelo sereno ambulabamus

adulescensauctor

Cicerone Antonio(l), consulibusCatilinae conjuratto jacta est

consulduxjudex

Dario rege/Zenobiã reginã illud bel-lum jactum est

Te auctore hoc iter jeci 'Te duce hoc iter jaciam

- 1) A alavras registra das acima não!Ir. Observaçoes. s p .. bl abs mas podem ocor-. , ,'amente estar no a", 1 .prcClsam nOCOSS'lIl·. ., 180função, Exemp os.reI' em todo e qualquer caso com a luesn

César atacou os inimig?s, sem queêstes de nada suspeItassem

Adulas o professor sem êle quererMeu pai me levou;à Itália, quandoainda era memno

Caesar hostes imprudentes adortusest

M agistro invito blandiris(2) .Pater me puerum in Italiam dux~t

- elemento ·negativo na2) Haven~o. ~m8onegaç~~ t~~d~:' a expressão por "sem"

construção partIClpIal, Pdo~em. 'ros exemplos dados acima" que'" cf os aIS prImeIou sem ,.(I!I, 1) e as _seguintes frases:

(1) Nesta expressão sempre se ?mite et.(1) O v.erbo blandiri rege o datlVO.

..Teste Deo verum dicorestantesalvosupérstite, em vidavivo

reliquussalvussuperstesvivus

Sintaxe lâtina superi@r

imprudenteincólumea contragôsto deinsciente

Cf. O emprêgo destas palavras nas seguintes frases:

30

Fizeste isto sem queeu (o)soubesseLi êste livro contra a vontade dosmeus paisJá que só uma pequena parte doverão restava, voltou César àItália

Enquanto a mãe viver, isto nãose dará

O general voltou com o exércitoincólume

Nota. Por êste último exemplo vemos que os limites entre oabJ. abs. e o abl. de modO/de tempo são muito vagos. Cf. ainda:

Muitas vêzes se explica o abl. abs: nabis puerz's comoforma elíptica de: nabis pueris (entibus). Explicação errônea,porque não pode haver elipse de palavras inexistentes. Narealidade temos aqui uma "frase nominal", isto é, uma frasecomposta só de elemontos nominais, cuja conexão não preci-sa ser explicitada por um verbo de ligação. Exemplo é: "Talpai tal filho"; cf. om 1utim; Omnia praeclara rara ('tudoo que é notável é raro"). A construção era bastante Comum emindo-europeu, como continua sendo ainda em russo moderno;também o grego e o latim dela se serviam, embora o latim comcerta moderação, devido à inexistência do artigo nesta língua;magister dactus (sem est) poderia significar: "o douto profes-sor" e "o professor é douto"(l).

No ab1. abs. nabis pueris não temos, a rigor, uma cons-trução participial, visto que aqui não Ocorre partiCípio, nemsequer há Supressão de um particípio. A verdade é que o ab1.abs. não precisa llecessàriamente compor-se de um subst.(= sujeito) e de um parto (= predicado), mas que êste predi-cado pode ser expressado também por adjetivos ou por subs-tantivos, que exprimam Uma certa ação ou indiquem um certoestado. * .n. Outros exemplos: ADJT~TIVOS:

imprudensincolumisinvitusnescius

Me nescio hoc fecisti

Parentibus invitis hunc librum legi

ExigUã parte aestatis reliquã Caesarin ltaliam "ediit

M atre vivã hoc non fiet

Dux exercitu incolumi ·rediit

(1) O russo, que também não possui o artigo, diferencia os dois significados medianteduas formas distintas do adjetivo (a forma atributiva e a forma predicativa).

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33

Farei esta viagem, embora a con-tragôsto

Embaixadores chegaram à cidadepara implorar a paz

Isso não me teria vindo à memória,se não me tivessem lembrado

Assim que chegou, soube a mortedo seu pai

o particípioI S 25 ]

Etsi/Quamquam/Lieet invitus hoeiter jaciam

3) etsi, quamquam, quamvis e ticei em construções participiais devalor concessivo, p. e.:

·5) quasi, tamquam e velut em construções participiais de valor ~on-comparativo condicional (português: "como se"); neste caso, o acréSCImoé necessário, Exemplo:

4) simul em construções participiais de valor temporal, p. e.:

I stud mihi in mentem non venisset,nisi admonito

Simul adveniens eognovit patremsuum mortuum esse

2) quippe e utpote em construções participiais de valor causal, p. e.:

Caesar milites in eastris eontinuit, César reteve os soldados no acam-utpote/quippe veritus insidias hos- pamento, visto que temia umatium cilada dos inimigos

Legati venerunt in urbem oraturipaeem

§25. Particularidades. - I. O Particípio Futuro. OParto Fut. pode, em latim pós-clássico, substituir uma cláusulafinal, construção talvez influenciada pelo grego. Exemplo:

H. Partículas esclarecedoras. Para tornar mais claro oo valor de um parto semi-predicativo, o latim se serve muitasvêzes de partículas ou advérbios; êste emprêgo é relativamenteraro em latim clássico, mas torna-se muito comum na épocaimperial. Mencionamos aqui:

\ 1) nisi em construções participiais de valor condicional (negativo),p. e.:

cenatus tendo cea.doeenarecearjuratus

(tendo) juradojurarejurar

oSus } odiando

odisseodiarperosus/exosus potus

tendo bebidobibérebeberembriagado

(potare, vulgar)pransus

almoçadopranderealmoçar[§ 24 ]

esquecendo-se de

julgandoseguindocostumandousandotemendo

oblitus(l)

ratus (de reri)secutussolitusususveritus

Sem que ninguém me ajudasse,terminei êste trabalho

Os embaixadores voltaram à pátriasem nada terem conseguido

Sem corar cometeu êste crime

Sintaxe latina superior

julgando

ousandoabraçandoconfiandodesconfiandoalegrando-se

32

Re injectã legati domum redierunt

Nullo adjuvante hoe opus perjeci

N on erubescens hoc erimen jeeit

arbitratus

aususcomplexus/amplexusconjisusdijjisusgavisus

Notas.

1) O Parto Preso de solere e de reri não ocorre.2) Osus e perosus (cf. odisse) significam "odiando".

§24. O Particípio Perfeito. - I. Simultaneidadeexpressa pelo Parto Pf. O Parto Pf. de alguns verbos depoen-tes que, conforme o esquema dado no §18 I deveria indicar.anterioridade em relação à ação do verbo' regente, indicaSIMULTANEIDADE. Esta função é muito comum com as se-guintes formas:

11. Significado passivo. O Parto Pf. de vários depoentespode ter, _além do significado ativo, também o significadopassivo. E impossível formular regras exatas a êsse respeitosendo que só o contexto pode decidir esta questão. Aquidamos alguns particípios que possuem duplo significado:adeptus tendo (sido) obtido meditatus tendo (sido) premeditado

adhhorttattus/\tendo (sido) exortado oblitU8 tendo (sido) esquecidoco or a us paetus tendo (sido) estipuladoeommentus tendo (sido) fingido partitus tendo (sido) divididoeonj.essus tendo (sido) confessado populatus tendo (sido) devastado

IH. Sign~ficado ativo. Alguns Parto Pf. de verbos nãodepoentes têm valor ativo, o que acontece também com certosParto Passo em português, p. e.: "almoçado" (em :"Meu amigoveio almoçado"), agradecido, jurado (em: "Os ju.rados se reti-raram"), etc. Os mais importantes em latim são: .(1) Distingam bem oblitU8 (de oblivi8Ci = "esquecer") de ObHtU8 (de oblinllre = besuntarmanchar, sUJar"). •

Page 22: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Divicíaco foi a Roma para pedirauxílio, mas voltou sem nadater conseguido

a teu conselhono início da primaverasob o comando de Césardepois (do fim) desta guerradurante o sonosob o consulado de Cícerona firme convicção de quena expectativa decom a afirmação de

Divitiacus auxilium oratuTus Ro-mam pTojectus re injectã Tediit

É desnecessário acrescentarmos que a arte de t~aduzirnão consiste na aplicação mecânica de reg~as memonza~a.s,e SIm na profunda compreensão do te~to latmo e no dom~~lOperfeito dos recursos da língua vernacula. .Par~ cumpl'll aprimeira condição é indispensáv~l estudar .1nteh~e?tementeas regras dá gramática, fazer mUlto~ ~x~rcícIOs pratICos. (ver-sões e traduções) e adquirir certa famIlIandade COI?-o estIlo e omodo de pensar dos autores clássicos; para cu~pnr a segun~a,é imprescindível a leitura dos bons autores da hteratura nacIO-nal. Há vários caminhos que levam .a R.oma, mas nenhumdêles dispensa esfôrço e constante aphcaçao.

'1) UMSUBSTANTIVO(geralmente ve:?al), precedido de umapreposição. T~mbém de~ta tradução Ja encontramos algunsexemplos. RegIstramos amda:

5) O DESMEMBRAMlmTODA FRASE. Havendo gra?deacúmulo de cOlistruções participiais, pode ser recomendave,ltraduzir uma ou duas delas mediante uma frase coordenada afrase regente. Assim como, em português, a frase: "Pondo

" ,. I' f se' "Pustêrmo à disputa, eu disse que" . . . .. '. e 19ua a ra . I .têrmo à disputa e disse que ..... ", aSSIm, tan:bém em ~tIm,a frase: Pilatus Jesum jlagellatum crucij7'xit, é Igual a: PzlatusJesum jlagellavit et crucijixit. Cf. ainda:

te auctoreineunte vereduce Caesarehoc bello conjectodormientesCicerone consulepeTsuasum sibi habentesexspectansajjinnans

• d l' " " 1 o",legentes = "lendo" = quan o lamos = ao erm s ,metuens = "temendo" = "porque temes" = "por temeres";

, " (( t sprojecturus = "havendo de sair" = "antes que eu salSse = an ede sair"; . .

laudato libro = "tendo sido elogiado o livro" = "depoIs de elogIaro livro".

[§ 26]

o general dos bárbaros estava en-furecido, como se quisessematartodos os cidadãos

Farei esta viagem embora a con-tragosto

Logo depois da tomada da cidade,os inimigos voltaram à sua pá-tria*

Sintaxe latina superior

Dux barbarorum saeviebat quasiltamquamlvelut cupiens omnes ci-ves interjicere

I nvitus tamen hoc itel' jaciam

Urbe captá hostes statim domumrediel'unt

lH. Observações. Muitas vêzes, o valor da construçãoparticipial é frisado por um advérbio na oração principal, p. e.tamen (concessivo) ou statz'm (temporal). Exemplos:

§26. A tradução de construções participiais. -=- Olatim faz uso larguíssimo de construções participiais, outrofator de brevidade e concisão. Alguns autores clássicos, sobre-tudo César, acumulam os particípios conjuntos e os ablativosabsolutos dentro dos seus períodos a tal ponto que se tornaimpossível traduzi-Iosao pé da letra. Ora, existem váriosmétodos de traduzir um particípio. Mencionamos aqui:

1) A TRADUÇÃOLI'l'ERAI,. Muitas vêzes acontece quepodemos conservar o particípio na tradução; o Parto Presovem a ser o gerúndio, o Parto Pf. é traduzido pelo particípiopassado, e o Parto Fut. pela locvção: "havendo de/devendo/estando para", etc. Exemplos: dicens ("dizendo"), videns("vendo"), etc.; hoc opere perjecto ("terminado êste trabalho"),hac oratione habitã ("proferido êste discurso"), etc.; sacriji-caturus ("estando para/devendo sacrificar"), projecturus ("de-vendo partir"), etc.

2) UMA CLÁUSULARELATIVAOU CONJUNCIONAL.Estatradução se recomenda sobretudo quando a construção _par-ticipial em latim abrange objeto (direto e/ou indireto) e algunscomplementos circunstanciais. Não precisamos ilustrar êstemétodo, já que tôdas as páginas anteriores trataram do assunto.

3) UMA PROPOSIÇÃOREDUZIDA. O português tem ummeio muito elegante de abreviar as cláusulas: são as propo-sições infinitivas reduzidas que vêm precedidas de uma pre-"posição. Ê sobretudo o lnf. pessoal que aqui nos pode prestarserviços muito importantes. Exemplos:

Page 23: Besselaar Propylaeum Latinum 1

o A ::I~a.Nesta combinação encontramos também muitas vêzes

III. Com verba volu t . Omente ditos (velle nolle ma~ atlS. ~ v)erba voluntatis prôpria-truídos com o Iní. Pfo da V epe cupere. são muitas vêzes cons-quase sempre falta tem . o, mlas VIsto que o elemenio esse_ ' os gera mente um Ac P t Aconstruçaoencontra-se aI A • c. ar.torna-se freqüente na liter~~masdve:es en: pro~a clássica, masura a epoca Impenal. Exemplos:

37

O crescimento dos frutos (da terra)enche os agricultores de alegria

César vingou a afronta que con-sistia no assassínio do seu em-baixador

Depois da fundação da CidadeAntes/Depois do nascimento deCristó

Trata-se de homicídioÉ necessária uma modificação dasleis

Nossos antepassados quiseram ao

destruição total de CorintoQuero advertí-Ios

o particípio

De homine OCCiBOagiturCommutatis legibus opus est(I)

Ab Urbe conditãAnte/Post Christum natum

Fruges crescentes agricolas gaudioajjiciunt

Caesar injuriam legati necati UltUBest

Nota. A expressão: Monitos eos volo, é mais enérgica do que:M onere eos volo.

(1) A locução opus est pede o abl.

§28. O particípio como substantivo verbal. -. Olatim clássico gosta de expressões concretas, fazendo poucouso de palavras abstratas. O número de substantivos verbais(nomina actionis) em latim é muito menor do que em portu-guês, e mesmo que existam, a prosa clássica se serve dêlesmuito menos do que as línguas modernas.

L Uma construção concre ta. A frase portuguêsa: "Aperda de Sicilia atormentava Ht.mílcar" pode ser traduzida,ao pé da letra, desta forma: Amissio Sicil1'ae vexabat Hamil-carem; mas, por via de regra, a linguagem clássica prefereoutra construção: Sicilia amissa vexabat Hamilcarem (literal-mente: "A Sicilia perdida atormentava a Hamílcar"). O que,em português, é a idéia principal e, portanto, a palavra re-gente ("a perda"), torna-se, em latim, uma idéia secundáriae, portanto, palavra regida, e vice versa; por outras palavras,amissa (que, como adjetivo, é palavra secundária e regida porSicilia, que é substantivo) envolve, do nosso ponto de vista,a idéia principal, vindo a ser, em português, um substantivoverbal de que Sicilia se torna uma idéia complementar.

lI. Outros exemplos. Est'1 construção, muito mais usadacom o Parto Pf. do que com os outros particípios, encontra-senão só no nom., mas também nos casos oblíquos. Damos osseguintes exemplos:

r. § 28 ]

Majores nostri Corinthum exstinc-tam (esse) voluerunt

M onitos eos volo

Osnoou

[§ 27 ]

Vejo que os meninos correram(porque estão suados)

Ouç~ (= Ouvi falar) que naquelanOIte cantaste contra o teu cos-tume

Home~o apresenta o cavalo deAqmles como falando

Platão fa~ Sóc~ates disputar comseus amIgos sobre a imortalidadeda alma

Sintaxe latina superior '-36

Audio te illã nocte insolitumcinisse ce-

Mas:V ideo pueros cucurrisse

lI. Com os verbos qu . :i"verbos jacere inducere . ~ slfJ..Ul;1lCamapresentar.sentido d ,~ e ~mgere sao muitas vêzes usados· e apresentar, mtroduzir fa "COlSanuma obra de ficção l't ,. ' E zer uma pessoaI erana. xemplos:Home;u.s equum Achillis loquentemjactt/tnducit/jingit

Plato Socr:a.tem ~isputantem jacitcum amtcts de tmmortalitate ani-mae

OUTROS EMPREGOS DO PARTICÍPIO LATINO

· §27. Áccusativus curo Pa t' . :damos o parto latino como r.lclplO. --:.Até agora estu-e sobretudo, conjuncionais. :~:t~~~o de clausul~s relativas,outros empregos do part lati p~e v~rmos amda algunstivus cum Partici i . no, .em pnmmro lugar o Accusa-riante do A. C. I.P o, que podena ser considerado como va-

I. Com verba percipiendi O bpercepção (sobretudo' vide •v s ver. os que exprimemP t . re, cernere e aud~re) pedem Aar., quando a percepção ,. d' .. o CoCogeralmente construídos com ~ ~e laItaj Ecaso contrário, são· o Co o xemplos:

Vtdeo pueros currentes '.Audio te canentem VeJo os menmos correndoOuço-te cantando

Page 24: Besselaar Propylaeum Latinum 1

§29. Adjetivação e Substantivação. . Os particípios latinospodem perder seu caráter verbal, isto é, podem cessar de indicar temporelativo e de exercer uma certa regência: neste casa falamos em "adjeti-vação" do particípio. E assim como um adjetivo pode ser substantiva do,assim também um particípio adjetivado pode acabar sendo usado comosubstantivo. O mesmo se deu também com muitos particípios portuguê-ses (p. e.: "correto, extinto, recluso", etc.), principalmente ,com os antigosparticípios ativos do presente (p. e.: "ouvinte, lente, falante", etc.).

I. Adjetivação. 1) Parto Pres.. p. e.:

Nota. Também êstes parto admitem comparativo e superla-tivo, como também formações adverbiais, p. e.: rectus, rectior,rectissimus, ~ecte, etc.

39

prefeitocomédia de argu-mento latino

fora do comumnoivo

o alunoo sábio

praefeetuspraetexta (se.jabula)

plus solitosponsus

discenssapiens

particípioo

2) Parto Pf., p. e.:feitos, ou relatóriofeitos ousadosiniciativastentativas

3) Parto Fut. . "o futuro".Em latim clássico, so: futurum e ventura.

. . . t' a planoineeptum mIClaIV , v "f.. coisas já feitas"f expressão: acta agere = azeIC. a

ausacoeptaconata

acta

adwlescenscontinens

I § 29 ][§ 29 J

poderosopresenteprudente

pretérito, pasadoreto

É preciso agir/deliberar

potenspraesensprovidens /prudens

praeteritusrectus

Os bárbaros, fugindo aos dardosdos romanos, retiraram-se àssuas fortalezas

Os bárbaros são avêssos ao tra-balhoUm rio navegávelUm general que agüenta bem ofrioUm homem incapaz de dominar-se

Sintaxe latina superior

ausentearrogantediligente

2) Parto Pf., p. e.:agudodouto

Notas.

1) Particípios adjetivados admitem os graus comparativo esuperlativo, p. e.: diligens, diligentior, diligentissimus.

2) Muitos dêles têm um advérbio derivado, p. e.: diligens edjligenter; prudens e prudenter, etc.

3) Algumas formas em -ans e -ens podem ser usadas comoadjetivos, sem deixar de exercer a função participial, p. e.: amans,appetens, neglegens, jugiens,. patiens, metuens, etc. Estas palavras,quando adjetivadas, exprimem uma qualidade permanente e regemo gen. (o chamado genitivo de relação, cf. §90, II); quando usadascomo particípios, conservam a regência do verbo. Exemplos:

38

Assim também sem substantivo:Facto/consulto opus est

absensarrogansdiligens

Barbari jugientes tela Romanorumin sua oppida se receperunt

Barbari jugientes laborum sunt

Flumen navium patiensDux patiens jrigoris

Vir impotens sui

acutusdoctus

Page 25: Besselaar Propylaeum Latinum 1

o GERüNDIO E O GERUNDIVO

§30. A natureza do ú d'O GerÚndio. O Iatim usa o1~~::10 e do gerundivo. - l. •e c.omo objeto da frase, respecÚv~~~~tee 0~.a§.,§c~~): sujeitoScnbere utile est (Jnf. subj.) (O) , .Volo scribere (Jnf. obj.) escrever é utllQuero escrever

41

Todos os homens têm de morrerDeves amar a pátria

o gerúndio e o gerundivo

Tinha a esperança de se apoderarda cidade

Por apoderar-se desta cidade sub-jugou tôda a região .

Nota. O gerúndio será estudado no §31.

M oriendum est omnibus hominibusTibi amanda est patria

[§ 30 ]

Potiendo .hac urbe totam regionemsubegit

ÍL O Gerundivo. O gerundivo (tipo: scribendus, 8cri-benda, scrz'bendum) é a d j e t i v o verbal e, como tal, deveconcordar em número, gênero e caso com o substantivo aque se refere, p. e.: vir amandus, viri amandi, femina amanda,jeminae amandae, etc. Quanto às suas funções, poderíamosresumi-Ias desta maneira:

1) A construção "gerundival". A frase latina, construídacom o gerúndio, que há pouco encontramos (cí. l, 2): Arsscribendi epistulas utilis est, pode ser construída também como gerundivo: Ars epistularum scribendarum utilis est. É achamada "construção gerundival", que havemos de estudarno §32.

2) Participium necessitatis. O gerundivo latino exercemuitas vêzes a função de "particípio de necessidade", sempreda V. P.i o têrmo é enganador, porque o gerundivo exprimenão só necessidade (em port.: "ter que/de"), mas tambémobrigação (em port.: "dever"), como se pode ver pelos se-guintes exemplos:

Nota. O agente do participium necessitatis está no dativo(cf. nos exemplos: omnibus hominibus = "por todos os homens" etibi = "por ti").

Tinha a esperança de favorecerseus concidadãos

Por poupares/Poupando a um s6,pouparás a todos

4) Alguns verbos latinos pedem o abl., tais como: uti("usar"), abuti ("abusar"), frui ("desfrutar, gozar"), fungi("cumprir, exercer"), vesci ("alimentar-se de") e potiri ("apo-derar-se de") i o gerúndio dêstes verbos tem a mesma regência,p. e.:Habebat spem potiendi urbe

Parcendo uni omnibus parces

3) Alguns verbos latinos pedem o dat., tais como: blan-diri ("adular"), nocere ("prejudicar"), favere ("favorecer") iparcere ("poupar") i o gerúndio dêstes verbos tem a mesmaregência, p. e.:H abebat spem javendi civibus suis

A al:te de escrever cartas é útilMediante o escrever/Escrevendouma carta, meu amigo me infor-mou da sua chegada

CAPiTULO lU

1) Mas bem cedo deve ter nascido d .lnf. também em frases dêste ti . "A o eseJo de usar oComo exprimir a relação do ~~it' ?ar~ de .escrever é útil".o artigo definido que em g IVO'. latIm não possuíadevia ter escrúpulos e~ usargr~~o, ~e~vIa para exprimi-Ia, etuguês, parafraseando o P posIçoes, .tal como faz o por-sistema flexional Por is;en.,. o que sena contrário ao seu8cribendi ("de es~rever") OsC:blOUdos "casos oblíquos do lnf.:b d (" ' crz en o ( a escrever") (d) .en um para escrever") e 'b d ("o ,a 8Crz-quatro formas das quais o a~crz en o , por escrever"). Estasc.onstituem os' casos oblíquos d~~n~a ~ usa~o sem preposição,tlVado: são as formas do chama~o' res., a y. A. substan-elas podemos exprimir entre o t g e r u n ~ho. Mediante. ' u as, as segumtes relações:Ars. scnbendi utilis est (gen.)Amzcus meus aptus est scribendo ti arte ~e escrever é util(dat.) eu amIgo é apto a escreverAmicus meus domum rediit ad scri- .b~ndum (ac.) , Meu amIgo voltou à casa para

Amzcus meus scribendo t' escrever. cer wrem Meu' .me jeczt de adventu suo (abl) , amIgopor eSCrIto=: (median-

o • te o. ato de escrever/escrevendo)me mformou da sua chegada

2) O gerúndio latino a d .pode, pelo menos no gen ' e pesa~l e ser substantIvo verbal,verbo. Exemplos: . no a ., conservar a regência doArs. scribendi epistulas utilis estAmzc~s meus scribendo epistulamcertwrem me jecit de adventu suo

Page 26: Besselaar Propylaeum Latinum 1

2) ADJETIVOS,que pedem o gen. Damos os seguintesexemplos:

3) Participium possibilitatis. Esta função, muito menos comum doque a anterior, encontra-se, em latim clássico, quase exclusivamente emfrases negativas ou de tendência negativa.

Nota. O gerundivo como parto necessitatis e parto possibilitatisserá estudado nos § § 33-34.

4) Participium Futuri da V. P. Esta função, ao contrário do quemuita,s gramáticas sugerem, é extremamente rara em latim clássico, pas-sando a ser usada correntemente só no século IV d. C., p. e. na frase:Hannibal cum tradendus Romanis esset, venenum bibit = Hannibal, cumin eo esset ut Romanis traderetur, venenum bibit ("Quando Haníbal estavaquase a ponto de ser entregue aos romanos, to'mou veneno"). O escopodêste livro não no~/permite examinarmos de perto esta função do gerundivo.

43

dedicar-se aaplicar-se adespender tempo emnomear superintendente deestar em condições para, sercapaz dechefiar, orientarassistir

o gerúndio e o gerundivo[§31]

Exemplo:Amicusmeus magnopere studet na-tando

Meu amigo se aplica muito à na-. tação

f .. t' mo'2) Com alguns SUBSTANTIVOS que indicam títulos OlClalSb, taISco 't'~. .. . . d . . etc e também com·o su s . com~~

d1lumviri, tnumv~n/tresmn, ecemv~n'b" -es o gerúndio exprime a fina-("assembléia do povo"); nestas com maço ,Iidade do cargo ou da assembléia. Exemplo:

.. . . .. d (1) Foram nomeados dois homens paraDuummn d2ctt sunt sacrij2can o . oferecer um sacrifício

praeesseadesse

1) Com os seguintes VERBOS:

3) Com os ADni'fIvoS: aptus, idoneus e accomm.o~atusdos quais podem ser construidos também com a prepOSlçao amais ac. Exemplos:

Meu amigo tem muita aptidãoAmicus meus valde idoneus est na-

~ ~a~~.Nota. Êste. esqueJ'na relativo ao em:prêgodo dato ~o l?erúndlO

te~ ~a:u~~~o~~~~i~sa~~ ~: fa~t~~c~íá:~~~~,~~~o~t~:~~o~~~l;;:~:cas , . d eguintes expressões: non esse so ven oexclu~Ivamente"n)as duas s'b do ("assistir à redação de uma lei").("ser msolvente e a esse scn un

III. Acusativo. O ac. do ger~n?io empreg~-s_e ex~lusi=vamente combinado com uma prepos1çao: a preposlçao é ",eraldi "1 r"(1) Dicére significa muitas vêzes: "nomear"; creare quer zer: e ege .

dare operamstudereimpendere tempuspràejicereesse

3) As "pós-ppsições" causá e gratiá, que exprimem fina-lidade Ccf. §140); exemplo:

d· Meu amigo veio aqui para nadarAmicus meus huc venit natan ~

causã/gratiã .lI. Dativo. O gerúndio usa-se no dato com certos verbos,

substantivos e adjetivos.

[§31]

não acostumado alembrado deperito emestudioso de

insuetusmemorperitusstudiosus

Meu amigo é muito perito emnadar

Sintaxe latina superior

desejoso de.desejoso deesquecido deimperito em

42

§31. O gerúndio latino. - As quatro formas do ge-rúndio latino são empregadas da seguinte maneira:

r. Genitivo. Usa-se no gen. em combinação com certossubstantivos e adjetivos, e com as palavras causá e gratiá.

1) SUBSTANTIVOS.Estes subst. exprimem uma idéia ge-nérica, a qual vem sendo particularizada pelo gen. (cf. §88,VI). Tais substantivos são entre outros:aI's a arte occasioa ocasiãoconsilium o plano, adecisãopotestaso poderconsuetudo o costumeratioo métododesiderium o desejospesa esperançafacultas a faculdadestudiumo esfôrçometus o mêdotempuso tempomos o costumeveniaa licençanecessitas a necessidadevoluntasa vontade

Exemplo: Arsnatandi utilissimaestA artede nadar é muito útil..•

aviduscupidusimmemorimperitus

Exemplo:Amicus meus peritissimus est na-tandi

Page 27: Besselaar Propylaeum Latinum 1

2) ADJETIVOS,que pedem o gen. Damos os seguintesexemplos:

3) Participium possibilitatis. Esta função, muito menos comum doque a anterior, encontra-se, em latim clássico, quase exclusivamente emfrases negativas ou de tendência negativa.

Nota. O gerundivo como parto necessitatis e parto possibilitatisserá estudado nos §§ 33-34.

43

dedicar-se aaplicar-se adespender tempo emnomear superintendente deestar em condições para, sercapaz dechefiar, orientarassistir

o gerúndio e o gerundivo[§31]

praeesseadesse

dare operamstudere

impendere tempuspraejicereesse

Exemplo:d Meu amigo se aplica muito à na-Amicusmeus magnopere stu et na-

tando tação

2) Com alguns SU~S.TANTIVO~ 9ue indica~~:~o:o:i~i~~b;:isc~~~~~dduumviri, triumviri/tresvtrt, decemvtrt'b~tc. _e tao gerúndio exprime a fina-("assembléia do povo"); nestas com maçoes,lidade do cargo ou da assembléia. Exemplo:

.. . . j' d (11 Foram nomeados dois homens paraDuumvtrt dtctt sunt sacn tcan o , oferecer um sacrifício

3) Com os ADJETIVOS:aptu8, idoneU8 e accomm.0~atu8,COllStruídos também com a prepOSlçao ados quais podem ser

mais ac. Exemplos:

3) As "pós-posições" cau8ã e gratiã, que exprimem fina-lidade (cf. § 140); exemplo:

d· Meu amigo veio aqui para nadarAmicus meus huc venit natan tcausã/gmtiã _lI. Dativo. O gerúndio usa-se no dato com certos verbos,

substantivos e adjetivos.

Meu amigo tem muita aptidãoAmicus meus valde idoneus est na-d para a nataçãotan o

Nota :Êste.esquel'na relativo ao emprêgo do dato ~olerúnd~o

tem ~a:~~~~oport~~~i~~a~~~: fa~f~~c~iá:~~~~,~~~o~t~::ucfo_~~l;;:ds:caso, e . t -es' non esse so ven oexclusivamente nas duas segum es "exp:e~so,' _ d uma lei")("ser insolvente") e adesse scribundo ( assIstIr a redaçao e '

III Acusativo. O ac. do gerúndio empreg~-s_e exclusi-vament~ combinado com uma preposição: a prepOSlçao é geral-

d' 11 1 1'''(1) Dicere significa muitas vêzes: "nomear"; creare q.uer lzer: e ege .

1) Com os seguintes VERBOS:

!

I

[§ 31 ]

a ocasiãoo podero métodoa esperançao esfôrçoo tempoa licençaa vontade

não acostumado alembrado deperito emestudioso de

occasiopotestasmtiospesstudiumtempusveniavoluntas

A arte de nadar é muito útil

insuetusmemorperitusstudiosus

Meu amigo é muito perito emnadar

Sintaxe latina superior

a arteo plano, a decisãoo costumeo desejoa faculdadeo mêdoo costumea necessidade

desejoso de_desejoso deesquecido deimperito em

42

arsconsiliumconsuetudodesideriumfacultasmetusmosnecessitas

4) Participium Futuri da V. P. Esta função, ao contrário do quemuita,s gramáticas sugerem, é extremamente rara em latim clássico, pas-sando a ser usada correntemente só no século IV d. C., p. e. na frase:Hannibal cum tradendus Romanis esset, venenum bibit = Hannibal, cumin eo esset ut Romanis traderetur, venenum bibit ("Quando Haníbalestavaquase a ponto de ser entregue aos romanos, tomou veneno"). O escopodêste livro não nos/permite examinarmos de perto esta função do gerundivo.

§31. O gerúndio latino. - As quatro formas do ge-rúndio latino são empregadas da seguinte maneira:

r. Genitivo. Usa-se no gen. em combinação com certossubstantivos e adjetivos, e com as palavras cau8ã e gratiã.

1) SUBSTANTIVOS.:Êstes subst. exprimem uma idéia ge-nérica, a qual vem sendo particularizada pelo gen. (cf. §88,VI). Tais substantivos são entre outros:

Exemplo:Ars natandi utilissima est

aviduscupidusimmemorimperitus

Exemplo:Amicus meus peritissimus est na-tandi

Page 28: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Nota. As preposições ob e in exercem a mesma função de ad,mas são muito menos usadas (nunca com os adjetivos registrados:s6 com verbos).

2) COM A PREPOSIÇÃO "INTER", o gerúndio é usado, em latimarcaico e da época imperial, para indicar simultaneidade, onde o portuguêsemprega "durante" ou "ao". Exemplo:

IV. Ablativo. O abl. do gerúndio é usado sem e compreposição.

1) SEM PREPOSIÇÃO, o abl. do gerúndio funciona quasesempre como instrumental, raras vêzes como causal. Exemplos:

45

Durante o ato de/Ao nadar, meuamigo foi notado por ladrões

Meus amigos conversavam sôbre anatação

A palavra "natação" deriva de"nadar"

Ars epistularum scribendarum utilisest

Amicus meus peritissimus est epis-tularum scribendarum

o gerúndio e o gerundivo[§ 32 ]

b) Adjetivos:Amicus meus peritissimus est scri-bendi epistulas

Amicus meus in natando animad-versus est a latronibus

A mici mei de natando colloquebantur

(1) Do ponto de vista da gramática histórica, a construção gerundival é anterior 11cons-trução gerundial.

§32. O gerúndio e o gerundivo. - Já vimos que afrase: Ars scribendi epistulas utilis est, pode ser substituídapor: Ars epistularum scribendarum utilis est (cf. §30, II, 1).Traduzindo esta última frase ao pé da letra, teríamos: "Aarte de cartas que estão por escrever é útil", um9 construçãomais concreta do que a primeira, e muito semelhante àquelaoutra que já encontramos (cf. §28): Sicilia amissa vexabatHamncarem. Na construção "gerundival", o latim faz o objetodireto do gerúndio (ep{stulas) depender direamente da paavraregente (ars), pondo-o no gen. (ep2'stularum), caso em que, naoutra construção, estava o gerúndio (scribendi); partindo dogen. epistularum, compreendemos fàcilmente que o gerundivo(que é adjetivo) deve concordar em número, caso e gênerocom seu substantivo, e assim se explica a forma: epistularumscribendarum(l) .

L Exemplos paralelos. Quando, em português, o Inf.(nos casos oblíquos) reger um objeto direto, o latim poderásempre usar a construção gerundival, ao passo que o emprêgodo gerúndio se limita a alguns poucos casos. Damos aquiuma lista de exemplos paralelos, na mesma ordem do §31;na coluna esquerda se encontram os exemplos com o gerúndio,na direita os com o gerundivo.1) GENITIVO.

a) Substantivos:Ars scribendi epistulas utilis est

Natatio e/a natando appellata est

2) COM PREPOSIÇÃO, o abl. do gerúndio é usado nestascombinações: com in (para indicar simultaneidade: "duranteo/ao"); com de ("acêrca de, a respeito de", etc.); com a(b)e e(x) para indicar a origem ("de", etc.). Exemplos:

[§31]

Meu amigo veio aqui para nadarMeu amigo tem muita aptidãopara a natação

Durante o ato de/Ao nadar, meuamigo foi notado por ladrões

Meu amigo salvou nadando a vidade seu pai

Meu amigo deleita-se em nadar

Sintaxe latina superior44

Amicus meus venit huc adnatandumAmicus meus valde idoneus est adnatandum

Nota. Na frase: Amicus meus vitam patris natando servavit, oabJ. natando exprime o meio ou o instrumento ("nadando" = "pornadar"), o que muitas vêzes pode ser traduzido pelo "gerúndio"português. Mas, se êste exerce outra função (p. e. a função condi-cional, causal, ou temporal), não se pode usar o abJ. do gerúndiolatino, mas emprega-se geralmente o Parto Preso ou uma cláusulaconjuncionaJ. Em latim vulgar, porém, era bastante comum usaro abJ. do gerúndio (sem ou com in) no sentido de um abJ. de modo,p. e. na frase: Bellum ambulando (= ambulantes) confecimus ("Ter-minamos a guerra passeando"); d. também a célebre frase deVergílio: Quis talia fando (= fans) temperet a lacrimis? ("Quem,ao narrar tais coisas, poderia abster-se de lágrimas ?"). Daí asconstruções: (en) chantant e (em) cantando, nas línguas rornânicas.

mente ad; às vêzes, in; raramente, ob (em fórmulas jurídicas);em latim da época imperial, inter (para indicar simultaneidade,onde o latim -clássico emprega in mais abl.)

1) COM A PREPOSIÇÃO "AD", o gerúndio é empregado comverbos para exprimir finalidade (d. as palavras causã e gratiã),e também em combinação com os adjetivos aptus, idoneus,accommodatus, jacilis, dijjicilis, paratus (= "pronto, disposto")e necessarius. Exemplos:

Amicus meus inter natandum ani-madversus est a latronibus

Amicus meus vitam patris natandoservavit (instrumental)

Amicus meus gaudet natando (cau-sal)

Page 29: Besselaar Propylaeum Latinum 1

n. Regras. Agora estamos capacitados para formular asseguintes regras:

A esperança de se apoderar dacidade

O costume de se servir de lingua-gem simples

Tomou o plano de matar êsteshomens desonestos

o gerúndio e o gerundivo

Nota. Esta frase poderia, ser traduzida também: Coneiliumeepit interjieere hos viros improbos (rnf. objetivo, cf. §3, lI). -Reparem bem na dupla construção de certas outras locuções, p. e.:Mos est ambulandijambulare (cf. §2, lI, 2), etc.

Spes potiendi urbe \Spes urbis potiendae fMos utendi sermone modesto \Mos sermonis modesti utendi f

4) Há uma diferença entre: Duces collocuti sunt de pontedeleto (cf. §28), e: Duces collocuti sunt de ponte delendo; asduas frases poderiam ser traduzidas: "Os generais conversa-ram sôbre a destruição da ponte", mas, na primeira, a pontejá está destruída, ao passo que, na segunda, ela está pordestruir ainda.

2) Em cláusulas finais de valor negativo não se pode usar ad nonmais gerúndiojgerundivo, mas deve-se empregar a conjunção ne mais Subj.(cf. §144, r).

3) Os verbos latines que pedem o dato (cf. §30, l, 3), nãoadmitem a construção gerundival. A frase já encontrada:Parcendo uni omnibus parces, não pode ser substituída por:Uno parcendo omnibus parces. Mas os verbos qU,epedem o abl.(cf. §30, l, 4), podem ser construídas de duas formas, porqueantigamente eram verbos transitivos. Exemplos:

1) Quando o Jnf. não reger objeto direto, pode-seusar apenas o gerúndio (cL §31); 2) Quando o Jnf.reger objeto direto, sempre se pode usar o gerundivo;3) Quando o Inf. reger objeto direto, pode-se usar ogerúndio só no genitivo (Inas não com "causã" e"gratiã") e no ablativo (m.as não com preposição).

Consilium eepit interjieiendi hosviros improbos (não: horum viro-rum improborum interjiciendo-rum)

lIl. Observações. 1)Também nos casos em que se podeusar o gerúndio, o latim prefere, em geral, o gerundivo, sendoque êste vem a ser evitado por motivos de eufonia (sobretudono gen. pl.), se houver acúmulo da desinência -orum ou -arum,p. e. neste caso:

[ § 33 ]

~,j)

[§ 32 ]

Amieus meus inter epistulas scri-bendas obdormivit ("adormeceu")

Amieus meus epistulã seribendã eer-tiorem me jeeit de adventu suo

Amieus meus gaudet epistulis scri-bendis

Amieus meus in epistulis seribendisobdormivit ("adormeceu")

Amici mei de epistulis seribendiseolloquebantur

Amieus meus venit hue ad epis-tulas seribendas

Amicus meus valde idoneus est adepistulas seribendas

Deeemviri dieti sunt legibus scri-bundis(l)

Amicus meus valde idoneus est epis-tu lis scribendis

Amieus meus magnopere studet epis-tulis seribendis

Amieus meus huc venit epistularumseribendarum causãjgratiã*

Sintaxe latina superior

c) Com causã e gratiã:(não existe)

46

c) Adjetivos:(não existe)

3) ACUSATIV-ü.a) Com ad:(não existe)

b) Com inter:(não existe)

b) Su bstantivos:(não existe)

2) DATIVO.a) Verbos:(não existe)

(não existe)

4) ABLATIVO.a) Sem preposição:

,Amicus meus scribendo epistulamcertiorem me fecit de adventu suo

Amicus meus gaudet seribendo epis-tulas

b) Com preposição:(não existe)

(não existe)

(1) A frase significa: "Dez homens foram nomeados para codificar:::ts leis"· nesta expressãose usa ~empre a forma arcaica 8cribundis. Aliás, em Cícero encontra~os muitas'vêzesgerundlvos em -undu8.

§33. Necessidade e Possibilidade. -. L O emprêgo atri-butivo. É bastante raro, em latim clássico, o emprêgo at:ributivo do

Page 30: Besselaar Propylaeum Latinum 1

gerundivo como parto de necessidade; mencionamos aqui as seguintesformas que podem funcionar comoyerdadeiros adjetivos:(ad)mirandus = mirabilis, mirus laudandus = laudabilisamandus = ama?;~::d metuendus = terribilis

49

constituere e

Meus pais julgaram dev:er fazeresta viagem =Meus pa!s se de-cidiram a fazer esta vIagem

O que julgaisque devo fazer?

o gerúndio e o gerundivo

Quidmihi (esse)jaciendum censetis?

. . lmente com os verbos censere statuere,prmClpa ,,).decernere ("decidir-se a , p. e..Parentes· mei statuerunt hoc iter sibijaciendum (esse)

I ~ 34][§ 34 ]Sintaxe latina superior48

Hoc onus non est jerendum

l' 1) Com os ver-11. Com verbos transitivos-r~ atzvoS. . d deixar. 'f "t gar confIar assumu, ar, ,

bos que Slgm !Cam en re , do ~erundivo para indicarmandar", etc. empr~ga-se o ac. ncordar em caso número efinalidade; o g~runddlYot dev~ cporincipaisverbos q~e admitemgênero com o obJeto ue O. sesta construção são:

. . b 1 t'no só se poderá usar3) Sendo intranslt1vo o ver o aI, d' (f § 40 lIl)'. 1 (- sg neutro) do gerun lVO C. , ,

a forma lmpessoa - t' bém os verbos que pedem o gen.,a êste grupo Pbelrte(nfcem§3;mI3-4). Exemplos:o dato ou o a . c. "

. Os meninos devem sair do temploAbeundum est puens e templo b o· tempoDeves usar emBene tibi est utendum te~~o~e . Devemos esquecer as ofensas rece-Obliviscendum(l) est nob~s ~nJurta- bidasrum accepta:um . 'bus Orei deverá poupar as mulheres da

Parcendum ent a rege multen. cidade tomadaurbis captaed t têm em geral o comple-

Nota. Os verbos que pede~ °araae~itar equívocos. Tibi par-mento de agente no abl. c~m.a :P ificar' "Deverás poupar teucendum erit amico ,tU? Pc~ ~I:r:iIg~ te d~verá poupar"; por is~~amigo", ma~ tam?e~. e du:ft erit amico tuo, ou então: T~b~mesmo se dIZ, ou. .te parc~nparcendum erit ab am~co tuo.

Mais comum é o emprêgo atributivo do gerundivo precedido denon; nesta combinação, o gerundivo adquire afÔrça de um adjetivo queindica impossibilidade, p. e.: dolores non jerendl: ("dÔres insuportáveis"),vir non contemnendus ("um homem não desprezível"), etc. (Cf. também,no emprêgo predicativo: Vix credendum erat ("não era de crer").

11. O empri3go predicativo. Em frases afirmativas, o gerundivonunca pode funcionar como particípio de possibilidade. Hic discipuluscorrigendus est significa apenas: "Êste aluno deve ser corrigido", e nunca:"Êste aluno pode ser corrigido" (seria: Hic discipulus corrigi potest).

Por outro lado, a forma negativa de um gerundivo latino, sobretudocomo predicado, admite várias interpetações:

( Esta carga não deve ser suportada

1Esta carga não pode ser suportada• Esta carga não precisa ser supor-tada

§34. O emprêgo predicativo do parto necessitatis.- Incomparàvelmente mais importante do que emprêgo atri-butivo é o emprêgo predicativo do parto de necessidade emlatim. Distinguimos aqui dois casos: com o verbo esse, ecom certos verbos transitivos-relativos:

I. Com e s se. 1) Para podermos traduzir a frase portu-guêsa: "Devo escrever uma carta" mediante um gerundivolatino, precisamos convertê-Ia primeiro numa construção pas-'siva: "Uma carta deve ser escrita por mim". A tradução será:Epistula 8cribenda est mihi. Como se vê por êste exemplo, ocomplemento circunstancial de agente ("por mim") não vaipara o abl. mais ab, mas sim para o dato (cf. §78, I, 5). Éimportante notar-se também que todos os tempos e modosdo verbo esse podem ser empregados. Exemplos:

accipereconcederecuraredare

aceitar, receberconcedermandar, fazerdar

permitt!!rerelinqueresuscipere

tradere }committere

permitir, deixardeixar (= abandonar)assumir

entregar, confiar

2) Esta construção se encontra também muitas vêzes noA. C. L, dependente de um verbum sentiendi vel declarandi,

(1) o verbo oblivisci pede o genitivo (eí. § 89, I, 1).

O general faz os soldados destruira ponte

Dei-te dois livros para os leres

2) Exemplos:Dux pontem militibus delenduméurat

Dedi tibi duos libros legendos

Devíeis escrever as cartasDeveremos ler êste livroEstas meninas devem enfeitar osaltares

Epistulae scribendae erant vobisHic liber .nobis legendus eritArae his 'puellis ornandae sunt

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Rex barbarorum permisit suis urbemincendendam ( ;;'cipit suos urbemincendere)

Parentes mei hanc puellam educan-dam susceperunt

Senatus Ciceroni Siciliam dejen-dendam tradidit/commisit

Relinquamus aliquid porcis come-dendum!

Êle vem aqui para nadarDepois da ceia foi deitar-sedar em matrimônio (uma filha)

Venit huc natatumCenã jinitã cubitum iítcf. nuptum dare \

nuptum collocare j

CAPiTULO IV

§35. O supino primeiro. - I. A função final doSupino I. O supino primeiro, ou o supino em -tum, (-sum)é no fundo o ac. sg. de um substantivo vBrbal em -us; suafunção sintática era a de indicar direção ou movimento (é ochamado "acusativo de direção", p. e. domum redeo: "voltoà casa", cf. §70), Assim se explica a construção: laudatumvenio ("venho para louvar"). Êste supino, embora formanominal, podia reger um objeto, p. e. LegaM venerunt rogatumauúlium ("vieram embaixadores para pedir auxílio").

O supino primeiro exprime, portanto, finalidade, mas deacôrde com a sua origem histórica pode ser usado apenas comverbos de movimento como: ire, venire, redire, proficisci,mitUire, dimittere, e também com verbos dêste tipo: dare,collocare, etc., pelo menos em algumas expressões. Exemplos:

o SUPINO

Sintaxe latina superior

o rei dos bárbaros permitiu queos seus incendiassem a cidadeou: ... deixou os seus incendia;'a cidade

Meus pais assumiram a educaçãodesta meninaO senado confiou a Cícero a defesade Sicília

Deixemos alguma coisa para osporcos comerem!

. No~a.. Os dativos: militibus, tibi, suis, etc., exprimem oobjeto .m~lret? do_verbo regent~ e,. ao mesmo tempo, o agente dogerundlvo, nao sao elementos mdlspensáveis, p. e.: Dux pontemdelendum curat; Parentes mei hanc puellam educandam suscepe-runt, etc.

50

3) A tradução varia muito: às vêzes recomenda-se oemprêgo de um substantivo verbal (ed1tc~ndam; defenden-~ar:")J . outra vêz, é preferível o emprêgo de uma proposiçãomfI?1tlva, sem ou com preposição (delendum; legendos; co-meaendum),_ ou então o de uma cláusula (incendendam).

4) . A mesma construção ocorre também na V. P. porexemph: Duo libri tibi legendi dati sunt; H aec puella edu~andasuscepta est; Sicilia Ciceroni .defendenda tradita/ commissaest, etc.

Meu amigo foi nomeado duúnviropara fazer um sacrifício

11. Observações. 1) O lnf. Fut. da V. P. (tipo: scriptum iri) con-tém o supirÍo primeiro; a locução: scríptum eo epistulam, significa: "vouescrever uma carta"; assim se originou também a forma impessoal daV. P.: scriptum itur epistulam: "vai-se escrever uma carta" (em francês:on va écrire une lettre), e daí: scriptum iri epistulam.

2) Para indicar a finalidade, o latim dispõe de várias construções:a) causã ou gratiã, mais gerúndio/gerundivo (cf. §32, I, Ic), p. e.

Amicus meus venit huc natandi Meu amigo veio aqui para nadarcausã/gratiã

b) ad, mais ac. do gerúndio/gerundivo (cf. §32, I, 3a), p. e.:Amicus meus venit huc ad natandum Meu amigo veio aqui para nadar

c) o dato do gerúndio/gerundivo, mas sômente depois de certos subs-tantivos (d. §32, I, 2b), p. e.:Amicus meus duumvir creatus estsacrijicando

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. II. Observações. 1) A análise .Faez11leest /I hoe dietu; nesta hipóte certa é. Doe est /I jaeile dietu não'~~t . ~ote,qieere. Cf. em português: s~lIs~ocoónfsátr?-Içad-ola:tina seria: _Faeil~Izer IS o . CI e dIzer", e: "E fácil

b 2) Com os adjetivos Jaeilis d'jj"{' .d ~mndad mais gerúndio/gerundivo e dZezcz zci o Iatlm us~ muitas vêzes tam-zee um (cf. §32, I, 3a). ' mo o que jaczle dietu = Jacile ad

,

AS CATEGORIAS DO VERBO FINITO

Três eram derivados do tema do chamado "Perfectum"(p. e. do verbo stare, a forma: stet-), a saber:PERFEITO: steti, stetisti, stetit, etc.; steterzm, steteris~ steterit,etc.MAIS-QUE-PERFEITO: steteram, steteras, etc.; stetissem, stetisses, etc.FUTUR? PERFEITO: stetero, steteris, steterit, etc.(1) o têrmo llverbo finito" não está em oposição ao uinfinito" ou Uinfinitivo", mas a t8dae

as formas nominais do verbo, grupo êsse que abrange o Inf., Part., Gerúndio.Gerundivo e Supino.

§37. Observações preliminares. - A forma latinalaudavissent pode ser analisada e determinada dêste modo:3.a pess. pl. Msqupf. Subj. da V. A. Em sentido inverso,mediante a denominação: 2.a pess. sg. Fut. lmpf. lnd. daV. P., pode ser construída a forma laudaberis. Esta simplesobservação nos ensina que, em latim, há cinco fatôres quedeterminam uma forma do verbo finito(1). Êstes cinco fatôressão: pessoa, número, tempo, modo e voz.

L Pessoa. Há três pessoas em latim, como também emportuguês: a primeira (quem fala ou escreve); a segunda (aquem se dirige a palavra); a terceira (todos os indivíduosfora dêsses dois grupos). Exemplos escusáveis.

lI. Número. Em latim histórico, havia dois números:o singular e o plural; em indo-europeu existia, além disso, o"dual", usado para exprimir a dualidade. Esta forma sobre-vive em alguns idiomas, p. e. em grego (sobretudo no dialetoático). Em latim subsistem apenas alguns resíduos escassosdo dual (p. e. nas palavras: duo e ambo), sem nenhuma impor-tância para a conjugação do verbó.

llI. Tempo. 1) Em latim histórico, havia seis tempos.Três eram derivados do tema do chamado "lnfectum" (p. e.do verbo stare, a forma: sta-), a saber:PRESENTE: sto, stas, stat, etc.; stem, stes, stet, etc. « sta-e-m, sta-e-s,

sta-e-t, etc.)IMPERFEITO: stabam, stabas, stabat; etc.: starem, stares, staret, etc.FUTURO SIMPLES: staba, stabis, stabit, etc. .

CAPÍTULO V

Iir

\1

[§ 36 ]

Esta coisa é fácil de dizer, masdifícil de fazerAdmira dizer

Ê lícito ouvir ou' Pod ., . e OUVIr-se

Ê i1~cito/ímpio dizer que uma ve-~hlce. desta natureza tenha sidomfelrz

Ê difícil dizer quanto somos d'-dos o Ia.

Sintaxe latina superior52

Amieus m~us Romam prajeetus estn~doedc~szonemamitteret Caesaris!J1, en z

(f d§)35° ~u)pino ~rimeiro, mas somente depois de bc . " p. e.. ver os de movimento

Amieus meus hue venit natatum M . .eu amIgo velo aqui para nadar

_ "e) ?Iáusula final, introduzid . " .nao maIS o Subj. do Preso ou tfuPJ~uj- ( para que", ou ne: "para queAmieus meus Romam pr ,;" 't p. como em português), p. e.:t t 1 oJzezsez ur Meu' .u emp a deorum visat .. amlgo vaI a Roma para que

VIsIte/para visitar os templos dosdeuses

Me~ amigo foi a Roma para quenao per?esse/para não perder aoportumdade de ver César

§36. .0 supino segúndo. - I O '"11. O supmo lI, ou O supino em -tu emprego do .S~pinomente o dato (ou o abl) de (-s~), era ongmària-Seu emprêgo se limita' um sub.~tantIvo verbal em -usosignificam: "dizer" (p e~u~~et exclusIvamente a verbos queder" e "perceber" ( ~." ~c.u, me.mor~tu, etc.), "compreen-etc.) e f'fazer" (p :: f" tco)~métu,SCÜ'If, mtellectu, auditu visud' t' . .. ac u combmado' ,a Je IVOS,tais como' fa ·Z·' d 1. . . . com certo tipo debilis, jucundus, mirabiZis c:::;ed ~/;~2lzs, turpis, pulcher, terri-jas est e nefas est. O supi~o se ~J ~s,_etc., e com as locuções:mas sim um A c I gun o nao pode reger um objetoExemplos: '.. ou uma pergunta indireta (cf. § 64):

H a~c.~es est jacilis dictu sed d ~;_jzczhs jactu ,ZJM irabile dictu!Fas est auditu

Fas est audire (cf.' §2, II, 2) }Nejas est dietu miseram juissetalem senectutem

Dij~icile est dictu, quanto in adioszmus (cf. §60, III)

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IV. Modo. Em latim histórico, havia três modos, asaber: o Indicativo (p. e. amo, amor), o Imperativo (p. e.ama, amare), e o Subjuntivo ou Conjuntivo (p. e. amem,amer). Também nos modos o latim é mais pobre do que ogrego, porque esta língua conservou ainda um quarto modo,o chamado "Optativo", o qual, em latim, se fundiu como oSubjuntivo. O optativo indo-europeu deixou em latim algunsvestígios morfológi13os,p. e. nas formas ausim, sim, duim, etc.

V. Voz. Em latim histórico, havia duas vozes: a VozAtiva (p. e. laudo, laudabam, etc.) e a Voz Passiva (p. e.laudor,laudabar,etc.). Em indo-europeu existia, além disso, a cha-mada "Voz Média" (conservada pelo grego), cuj a função sin-tática era mais ou menos comparável à da construção refle-xiva nas línguas modernas. A voz média foi, em latim, absor-vida pela voz passiva e; embora não seja uma categoria vivado verbo latino na época literária do povo romano, ainda temcerta importância para a compreensão de várias formas verbais.

2) As formas do Pres., do Impf. e 'CIoFut.' Simples daV. P. são igualmente derivadas do tema do Infectum, p. e.:laudor, lauder; laudabar, laudarer; lalldabor. As formas doPf., Msqupf. e Fut. Pf. são compostas do Parto Pf. e de esse;p. e.: laudatus sum, laudatus sim; laudatus eram, laudatusessem; laudatus ero.

3) O indo-europeu possuía ainda outro tempo, o chamado"aoristo'J (comparável ao pretérito perfeito em português) que,em latim histórico, se havia fundido com o Pf. Mas em gregoainda existe o aoristo.

55

amanhecenevachoveorvalhatroveja

afetos p. e.:aborreço-me deenvergonhocme deenfastio-me de

exprimempiget mepudet me

, taedet me

As categonas do veTbo finito, q () J.1.

n. Certos verbos quemiseret me tenho pena depaenitet me arrependo-me de

. - Alo'unst 'm essoal na voz atIva. b '§39; .A ,or~a 1 p. a enas a forma impessoal (3.averbos latmos atiVOS~d~m~e~es p erúndio e part.; raramente,pess. sg. e rnf. da V. t)·, ~:to é ~iotêm sujeito pràpriamente3.a pes~. sg. da bV, 'h' do~ "impessoais" podem ser clas-dito. Estes ver os, ? ama ,sificados desta maneua:

f A os naturais, p. e.:I. Verbos que exprimem enomenlucescit/luciscit

advesper[fscit entardecerelampeJ'a ning(u)itjulgetljulminatfaisca, cintila pluit

julgurat gela roratgelatgraniza tonatgrandinat

, t - pessoais dêste tipo: Júppi-ter t~~~a(s::id~n~i~~I~~~~) c~~~;~~~Ot~~at (sentido figurado).

l'ater, ego, jmtTes mei pro vobispugnavimus .

ErTastis vehementer tu et collegae tm

dA • Havendo diferença de pessoas entre:rI. Conc?r. ancla., a frase latina, o verbo concorda no

":: diversos sUJei~os de um recedência na ordem das pessoasplural ~on:a pes;"oa qu: tem ~a recedência sôbre a 2.a, e a 2.a"y:"matiCalS, tendo a 1. A pesbs p mesma regra. Exemplos:;;(\bre a 3.a. O portugues o serva a

Meu pai, eu emeus irmãos lutamospor vós

Enganastes-vos muito, tu e os teuscolegas

(

J

[§ 38 ]Sintaxe latina supeTior54

PESSOAS Notas. . (')tà A formas duplas: nnser tum1) No (Pf. encontram?s. s veztes lado de piguit· puditU1nd '. ·t· ptgttum es ao '.

est ao lado e mtser,!t , ' t . 1 do de taedmt.est' ao Jado de pudmt; (per)taesum es . ao a, . t na arrependlmento. etc.,2) Aquêle ou aqUIlo~e que s~ ~m Pj:cti' ("arrependo-me dêsteestá no gen., p. e.: paemtet me UJUS .

ato") cf. §89, l, 2.! b "• " b d . r construídos com o lnf. Sli -3) Todos êstes ver os po e~ s~ §Úl l 1)' também admitem

jetivo (cf. §2, II, 1) E (como A.Jc).c~~~ sujeit~ p. e.: hoc me pudet,.um pronome neutro sg. ou P . ~ 'e: haec me taedent.

Eu te ajudarei, se tu me ajudares(lit.: se tu' me tiveres ajudado)cf. §44, II).

Quem mentiu, não fui eu, mas tu

Ego te adjuvabo, si tu me adjuveris

§38. Generalidades. - 1. O empr~go do pronomepessoal. Assim como em português literário, não se exprimeem latim o pronome pessoal no nom. de sujeito, a não ser queêste tenha certa ênfase ou esteja em oposição a outro sujeito, p.e./

1'1on ego, sed tu mentitus e8

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57As categorias do verbo finitoI § 40]l

H. b sujeito de uma forma passiva. As formas men-cionadas acima têm um sujeito determinado (subst. ou pron.),o qual, mesmo que não esteja explícito ou "claro", se suben-tende com facilidade, p. e.: Rex laudatur = "O rei é louvado",e: (Ille) laudatur = " (Êle) é -louvado". Tais formas cha-mam-se de "pessoais". Mas aqui cumpre fazermos uma dis-tinção entre "sujeito gramatical" e "sujeito lógico".

A frase: Rex laudatur, tem sujeito gramatical (rex) , por-que a ação passiva expressa pelo predicado (laudatur) é atri-buída ao "rei"; o "rei" sofre ou recebe a ação verbal ("lou-var"), e as regras da gramática portuguêsa, bem como as dalatina, exigem que, se o sujeito gramatical desta frase passarpara o plural, também o predicado passe para o plural, p. e.:Reges laudantur ("Os reis são louvados").

Mas a mesma frase não possui sujeito lógico, isto é, nãorevela quem pratica ou exerce a ação verbal, porque, semacréscimo ulterior, não sabemos quem é que louva o rei. Êsseacréscimo chama-se, em termos gramaticais, o complementode agente, p. e.: Rex laudatur a civibus = "O rei é louvadopelos cidadãos". O agente é o "sujeito lógico" de uma frasepassiva, e no caso de uma conversão para a construção ativa,o agente se transforma no "sujeito gramatical", p. e. C1'veslaudant regem (cf. §59, H). Em frases ativas, coincidem o"sujeito lógico" e o "sujeito gramatical", a não ser que overbo seja impessoal; em frases passivas, não coincidem.

IH. A for,ma impessoal. A 3.a pessoa do sg. laudatur,além de ser uma forma pessoal da V. P. (p. e.: rexjreginajtemplum laudatur), pode ser também forma impessoal da V. P.,no sentido de: "é louvado", ou melhor, com a partícula apas-sivadora: "louva-se" (cf. em francês: on loue; em. inglês:one praises; em alemão: man lobt). Nesta frase não há nemsujeito lógico\ nem sujeito gramatical. A construção impessoalde verbos transitivos é relativamente rara em latim clássico,mas muito freqüente a de verbos intransitivos, p. e.: itur("anda-se"), ambulatur ("passeia-se"), etc.

Preterindo alguns pormenores de somenos importânciapara os nossos fins, podemos dizer que os verbos transitivosadmitem as formas pessoais e as formas impessoais da V. P.;os verbos intransitivos admitem apenas as formas impessoais.Estas, bem como aquelas, podem estar em todos os tempos etodos os modos; mas as formas impessoais limitam-se exclu-

[ § 40)

agrada, aprazé lícitocumpreé preferívelimportarestadaí se segue

(nós) somos louvados/-as(vós) sois louvados/-as(êles) são louvados(elas) são louvadas

laudamurlaudamini

laudantur {

Sintaxe latina superior56

veni~~~iaCe::::e:~rdbodsque expri":,,em possibilidade, Con-, a e, aconteclmento t J'~~~%~~v:~i~a~.d~ss~s ~cu9Õds, qua~do e;tu~;;am:S ~ncI~~~'. qUI amos so os segumtes exemplos:

acresce libet/lubetacontece licetconsta, é certo oportet(não) convém praestaté útil refertacontece restatinteressa sequitur

interest

Notas.

1) Verbo transitivo quer d' . bum objeto direto o que não i~Zf!' ver o qu~, na voz ativa, admitetransitivo sempr~ tra a consi : lCa ne~essarr~mente que um verboverbo scribere ("escre;er") é ';;erb~mtobJ~~? dIret? Por ~xemplo, oum objeto direto (p e ep"stul ." ransl IVO.,seja combmado comt . . '. • am uma carta") ou - U bransltIvo, quando não combin~do co ' b" ~ao. :n ver ode modo "absoluto" (em latim' b l~'o Jet~ d~reto, e usado. . . . a so u e, em mgles: absolutely).

2) A defrmção "empfrica" de u b' .rezar assim: verbo que na voz atO mdv,:r o tranSItivo poderiana voz passiva, uma f~rma pessoa~~a,a mlte um objeto direto e,

acceditacciditconstat(de)decetexpeditjit

Notas.

1) Muitos dilstes verbos adm't t bésoa1. Ver o dicionário. 1 em am m a construção pes-

ou c;~ ~~ g~rai'. il~es ver~os sã? construídos com o rnf. subjetivoco~ ut (negação;' ut ~o~)Ct:~itt~:b~tat e se~uit~r são co~binadosabstt ("acontece que mell 'amI' o. táJ·, p. e.. Ftt ut amtcus meus. g es ausente") e' F t'amzcus meus abesset ("acont . . . ac um est utCf. §148 r _ Acced't ' eceulque meu amIgo estava ausente").r d "A t e gera mente construído com d .~ .,,p'. e.: ccedit quod non est civis R "quo maISnao e CIdadão romano"). Cf. §21O, Ir, ~~~nus ( acresce que ille

§40. A forma impessoal na vo .transitivos na Vo p' z paSSIva. - r. Verboslatim como em por~ug~::lV:d ?: verbos transiti.vos, tanto emsoais da voz passiva p , . ml em, em tese, SeISformas pes-, . e ..

laudor (eu) sou louvado/-alaudaris (tu) és louvado/-a,.laudatur f (ille) é louvado

\ (ela) é louvada

Page 35: Besselaar Propylaeum Latinum 1

59

O Senado e o Povo de Roma quise-ram conçluir um tratado comêste rei

A justiça e a injustiça se distin-guem pela natureza

Rômulo e Remo, feridos pelo raio,cairam

Sairam o pai e a mãe

As categorias do verbo finitoI ~ 42]

Bonis corporis utaré, dum adsint;cum absint, ne requiras

Dicas,' crederes

Serve-te dos bens corporais, en-quanto os tiveres; quando falta-rem, não nutras saudades dêles( = Usem-se os bens tempo-rais ... )

Poder-se-ia dizer; ter-se-ia acre-ditado

5) O pronome aliquis ou quis, às vêzes também quispiam (cI. §227,r, 3b), principalmente em objeções e em coustruções hipotéticas. Exemplos:At dicet aliquis/quispiam: "Unde Mas alguém dirá (ou: Mas dir-haec tibi nota sunt?" se-á): "Donde te vêm estas

notícias ?"Si quis hoc putal, magnopere errat Se alguém pensa isto, está muito

errado

Nota. Tratando-se de pessoas, impõe-se quase sempre a idéiade pluralidade, cI. Romulus et Remus, pater materque. Mas as pala-vras Senatus populusqué Romanus constituem uma unidade jurídica,e a combinação de Jus et injuria, no nosso exemplo, é pràticamenteigual a: "O conceito de bem e mal".

§42. Singular e plural. - L Generalidades. Reservando certosproblemas relativos à concordância do predicado com o sujeito para outrosparágrafos, limitamo-nos aqui às seguintes observações.

1) Quando um sujeito composto é concebido como constituindo umaunidade, o predicado está geralmente no sg.; quando é concebido comoconstituindo uma pluralidade, o verbo está geralmente no pI. Exemplos:

4) A 2." pess. sg., quando se dirige a palavra aparentemente a umadeterminada pessoa, mas, na realidade, se tem em mente um grupo inde-i,erminado; esta construção é empregada sobretudo em exortações decaráter genérico (cf. §55, r, 2) e no chamado potencial (cI. §56, lI). Cf.mn inglês Vou. Exemplos:

NÚMEROS

Senatus populusque Romanus voluitfoedus facere cum hoc rege

Jus et injuria naturã dijudicatur

Romulus et Rernus fulgore icti con-ciderunt

Pater materque profecti sunt

[§4I] _

deve/devia andar-se, ete.dever andar-seque se ande/andasse, etc.

que se tenha andado, ete.tel;-se andado*

Dizem (= Diz-se) que aquêle ho-mem praticou furto

fromero foi cego, como se trans-mite/conta (ou: segundo a tra-dição)

eundum est!erateundum esseeatur/iretur,etc.

itum sit, etc.itum esse

anda-seandava-seandar-se-áandou-sehavia-se andadoter-se-á andadoandar-se

Sintaxe latina superior._~----------_.58

ituribatur

. ibituritum estitum eratitum eritiri

sivamente à 3.a pessoa sg. do verbo finito e ao rní.· os ele-mentos nominais daS' formas impessoais estão se~pre none.utro. Damos aqui as formas impessoais existentes do verboire:

'§41. O sujeito indeterminado. - L Diversas maneiras deexprimir indeterminação. Nas frases do tipo "louva-se" não se sabe5luem ex~ree o~ pratica a .ação de "louvar': neste caso, falamos de 'sujeitom<:Ie.termllla~o: J\1as e.xlstem também outros tipos de-frases em que osUJe~toé mais mdetermmado do que nos poderia sugerir sua forma gra-matlCal. Na frase portuguêsa: "A gente não usa mais esta expressão"o sujeito. "a gente" é, .muitas vêzes, pràticamente igual à palavra frances~on; ~m lmguagem malS culta dizemos: "Não se usa,mais esta expressão".Em mglês, o pronome Vou é freqüentemente empregado no mesmo sentido:You never can know: "Nunca se sabe" = "A gente nunca sabe"., .lI.. As jor.,,,,:us.latinas .. Ora, o latim dispõe de v>íriosrec~rsos paraexprmllr .t~l .suJeIto llldet~rmmado, cs,da um dos quais tem o seu própriovalor estllIstlCo e sua aplIcação peculiar. Mencionamos aqui:.. ~) A forma im~essoal -(3.' pess. sg. e rnI.) da V. P., que é a construçãomaIS'mcolor e a mam usada (cI. §40, ru)..2) A 3.a pess. pl., principalmente de certos verba sentiendi et decJa-

ran.dl; esta c~nstruçã<.>é s<.>~retud.ousada para exprimir uma ação verbalmUlto generahzada cUJOS~lJCltOseja pouco identificável. Ocorre principal-n;ente com os verbos: d2cunt, credunt, ferunt, narrant, putant e tradunt.]j,xemplos:

Dicurtt illum virum furtum fecisse

H omerus, ut tradunt, caecus fuit

3) A L" pess. pl., quando quem fala ou escreve quer incluir-se numcerto grupo (cI. em português: "a gente"). Exemplo:

Quod volumus, libenter credimus Acreditamos de boa vo~tade o quedesejamos, ou: A gente acre-dita, ....

2) Quando os elementos de um sujeito composto são ligados entresi pelas partículas correlativas et-et, aut-aut, sive-sive, nec-nec, etc., o pre-dicado está geralmente no sg. Exemplos: -

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61As categorias do verbo tinitoI § 43 ]

IH. Tempus e Actio. Entre as formas "eu escrevia" e "eu escrevi"não existe diferença no que diz respeito ao tempo prôpriamente dito:ambas se referem ao tempo passado. A diferença refere-se apenas à actio,isto é, ao "aspecto" sob o qual se apresenta essa ação verbal no passado.

1) Só as formas do verbo finito podem indicar o tempoabsoluto; as formas nominais (Inf., Part., Ger~ndio/Gerun-divo e o Supino) indicam apenas o tempo relatIvo.

2) O tempo absoluto encontra-se sobretudo, embora nãoexclusivamente, em frases principais; o tempo relativo encon-tra-se sobretudo, embora não exclusivamente, em cláusulas;nas chamadas orações reduzidas (isto é, infinitivas e partici-piais) podemos encontrar apenas o tempo relativo.

3) As formas do verbo finito, além de indicarem o tempoabsoluto podem indicar também o tempo relativo. Cf. emportuguês: "Sei que mentiste" (a ação expressa por "mentiste"é anterior à ação expressa por "sei"), e: "Julgo que virá"(aqui "virá" exprime posterioridade em relação à ação expressapor "julgo"), etc.

4) Contudo, podemos dizer que, globalmente falando, oImpf., o Msqupf. e o Fut. Pf. são principalmente usados paraexprimir a tempo relativo e só raras vêzes para indicar o tempoabsoluto, ao passo que o Pres., o Pf. e I) Fut. Impf. ou Simplessão usados tanto para indicar o tempo relativo como paradesignar o tempo absoluto. - Cf. o esquema do §44, lI.

lI. Tempos primários e secundários. Tôdas as formasdo verbo finito que designam um tempo passado ou pretérito(a saber, o Impf., o Pf. e o Msqupf.) são tempos secundáriosou históricos; tôdas as outras são t~mpos primários ou pri-mordiais (a saber, o Pres., o Fut. Simples e o Fut. Pf.). Estadistinção tem certa importância para a chamada "consecutiotemporum", isto é, para a correlação que deve existir entreo tempo da oração principal e o da cláusula. Cf. em portu-guês: "Sabeis que jalo a verdade" e "Sabíeis que jalava averdade" (a simultaneidade da ação verbal expressa pelacláusula com a ação verbal expressa pela oração principal, éindicada depois de um tempo primário pelo 'presente, masdepois de um tempo secundário pelo imperfeito).

Nota. As formas do Pf. do tipo novi, odi, mernini, etc. nãodesignam tempo passado (cf. §48, lI) e por isso mesmo são temposprimários.

[§ 43 ]

Uma grande multidão atirou pe-dras e dardos

Uma grande parte dos soldadosfoi ferida

o general foi prêso juntamentecom alguns soldados

Também eu fiz alguma coisaSem mêdo posso afirmar que eu emeu irmão fizemosalguma coisa*

Homero e HesÍodo foram grandespoetas

Em breve sairá daqui ou o irmãoou a irmã

Em breve sairão daqui ou osirmãos ou o pai

Sintaxe latina superior

Etiam nos aliquid gessimusSine metu ajjirmare possum nosmeumque jratrem aliquid gessisse

TEMPOS

Magna multitudo lapides et telaconjecerunt/conjecit

Pars magna militum vulnerati sunt/vulnerata est

§43. Noções fundamentais. - r. Tempo absoluto eTempo relativo. Já encontramos a distinção entre o tempoabsoluto e o tempo relativo (cf. §12, I). Aqui preci-samos dar algumas informações complementares a respeitodessa distinção:

11. Empregos especiais.1) O PLURAL DE AUTOR. A L" pess. do pl. é muitas vêzes usada por

autores e oradores, quando êles, por motivos de solidariedade, se incluemno grupo dos seus leitores (pluralis auctoris), p. e. nas expressões: "comojá vimos/dissemos", "logo veremos", etc. Cf. em latim: ut jam vidimus/diximus, brevi post videbimus, etc.

2) O PLURAL DE MODÉSTIA. Ao passo que no plural d~ autor se tratade uma certa identificação do autor com o seu público, o pluralis modestiae,igualmente usado na L" pessoa, sugere, por motivos de modéstia sinceraou pretensa, a absorção total do indivíduo num grupo anônimo; são prin-cipalmente os oradores que o empregam. Por vêzes se encontra no mesmoperíodo o singular ao lado do plural. Exemplos:

3) É relativamente rara em latim, ao contrário da praxe grega, achamada "constructio ad sensum/ad sententiam", isto é, o emprêgo dopredicado no pl., quando o sujeito é nome coletivo. Exemplos:

Et Homerus et Hesiodus magnuspoeta juit (cf. § 201, llI, 2)

Brevi aut frater aut sorar hincproficiscetur

Brevi aut jratres aut pater hincprojiciscetur

Ci. também:Dux cum aliquot militibus captisunt

60

Page 37: Besselaar Propylaeum Latinum 1

63As categorias do verbo finito[§ 44 ]

Quidquid audierat, mihi narrabat(cf. §54, II)

. ,. vam integradas num novo sisteJ?1aantigas actiones mdo-europcras esta latim foi à procura de outros melOS"temporal", criado pelos ro~anos, t o" de uma ação verba1*.para exprimir a acho ou o aspec o

. - I Regras gerais. O latim§44. Precisão do la~n~_. t ~po absoluto e o tempoé muito minucioso em expnmlr o e

relativo. t A é bastante comum1) TEMPOABSOLUTO.Em PIor ugudee~voltarei). O latimh-" (em ugar '"

dizer-se: "Volto am~n a . _ " e diz' Cras redibo. Mas emclássico evita essa "mexa~lda?, enco~tramos muitas vêzes otextos de caráter menos htera~IO proposl'ções independentest' " não so em"Presente prospec lVI~ ' 1 (tl'pO' Cras redeo) ..b' m c ausu as .como tam em e .. ortante ainda é a indicação

2) TEMPORELATIVO.J\;Ials1mp l' sulas principalmenterelatIVO em c au, I t'minuciosa do .t~mp? m orais e causais, em que o a 1m

relativas, COndICIOnaiS,~e_ p nterioridade, ao passo que asmarca com grande preC1sao a a-menos "exatas". Nos se-

d eralmente sao I d' t'línguas mo ernas g de formas do n lca IVO,guintes exemplos ser~im~~~~~:h~~a:presentam al~uns proble-visto que as formas tO _~ queremos abordar amda.e por enquan o, na

mas qu , César matou todos os. desertoresCaesar interjecit omnes tr?nsjugas, que encontrou (lit.: tmh~ encon-quos invenerat in opp~do capto trado) na cidade eonqmstad,a. . . m Se achar (lit.: tiver ::,chado) este

Si invenero hunc librum, ttb~redda livro, devo1ver-to-e! .Depois que voltar (lit.: tIver ":01-tado) a Roma, escrever-te-~I

Tudo quanto ouvia (lit.: ouvua),contava-me

Cum Romam rediero, ad te scribam

P "consecutio tempo-lI. Consecutio .temporum·t';:~ entende-se a relação

rum" no sentido maiS amplo do _ er .' 'pal e o da cláusula.' t da oraçao prmC1 . . fI Aque existe entre o empo . . aI exerce certa m uen-

Ê sabido que o tempo da oraç~~ pnlnCl~ e' "Sabeis que falociâ sôbre o tempo u~~d.o na c j~?~:'a 've~dade", em que asa verdade", e: "Sa leIS que imem simultaneidade com. aformas falo e falava ambas expr_ principal Em latim eXlS-ação expressa pel? verbo da oraç~Zgras que ~m português, s6tem a êsse respeIto, as mesdmas maior precisão (cf. supra,, "d d é marca a com ".que a antenon a e d"l t ar a "consecutio temporum .I, 2). :H;steesquema po era 1us r

Sintaxe latina supeyior--~------------ --~---62

A forma "eu escrevia" exprime a.actio durativa(I), a qual apresenta a açãoverbal como estando sendo realizada, ou então, como ha-bitua1; na pri-meira hipótese, poderíamos usar também a forma perifrástica: "eu estavaescrevendo"; na segunda: "eu -costumava escrever", ou formas congê_neres. Mas a forma "eu escrevi" exprime a mesma ação verbal, emborarealizada também no passado, sob um aspecto diferente: nela se percebea actio aorista, a qual representa uma ação verbal (neste caso, no tempopassado) em estado puro e simples, fazendo abstração de tôda e qualquercircunstância acessória, tal como duração ou repetição, etc.

Do mesmo modo Poderíamos comparar entre si as formas "a cartaé escrita" e "a carta está escrita". As duas indicam o tempo presente,mas com a importante diferença que a primeira significa duração (= "acarta está sendo escrita"), ou então, repetição (= "a carta costumEI.serescrita"), etc., ao passo que a segunda frase nos apresenta a ação verbalcomo terminada ou acabada no momento atual. Esta última actio tem onome de actio perjecta.

Em indo-europeu havia três actiones: a actio durativa, a actio aorúta,e a actio PC7jecta, cada uma das quais apresentava a mesma ação verbalsob "aspectos" diferentes, conforme já expusemos sumàriamente. O gregoé uma das línguas que mais fielmente conservou essa antiga situação: umverbo grego se serve às vêzes, de três raizes diferentes para exprimir astrês actiones diferentes. Mas em latim histórico, as actiones perderam muitoda sua importância, em favor do tempo (absoluto e relativo) que os romanosindicavam cóm uma precisão Superior à de outros povos. Há mais: emlatim se fundiram a actio aorista e a actio perjeCta, isto é, o Pf. latino (tipo:laudavi) é forma sincrética do antigo Pf. indo-europeu e do antigo aoristoindo-europeu. Em alguns casos o Pf. latino exerce ainda' a função doantigo Pf. (actio perjecta), embora quase sempre funcione como o antigoaoristo (actio aori8ta). P. e. odi não significa: "odiei" (aor.), e sim: "odeio"(actio perjecta), literalmente: "(neste momento) estou cheio de ódio, emrazão de um acontecimento passado"*

IV. lnfectum e Perfectum. Um verbo latino tem geralmente trêstemas diferentes, p. e.: veta-re, vetu,-i, e vetit-um; são Oschamados "temposprimitivos", cujo conhecimento é de suma importância para sabermosformar as diversas formas existentes de um dado verbo (cf. §37, lU).O Pres., o Impf. e o Fut. Simples (da V. A. e da V. P.) pertencem aolnjectum (isto é, são derivados do tema veta-); o Pf., o Msqupf. e o Fut.Pf. (da V. A.) pertencem ao Peljectum (isto é, são derivados do tema vetu-);as formas vetitus sum, vetitus eram e vetitus era (derivadas devetit-) perten-cem igualmente ao Perjectum, mas sua formação pouco nos interessa aqui" _porque são inovações criadas pelo latim.

A distinção entre veta-(Infectum) e vetu-(Perfectum) não tem apenasinterêsse para a morfologia, mas muito mais ainda para a sintaxe histórica.O Infectum indicava originàriamente a actio durativa, e O'Perfectum aactio aorista (em alguns casos, devido à fusão entre o aor. e o pf., tambéma actio perjecta). Mas, como já vimos, a categoria de actio cedia, em latimhistórico, seu lugar à categoria de tempus, ou talvez melhor: quando as

(1) Actio dUrativa não tem nada a Ver Com "longa duração". COmoactio aori8ta não é idên-tica a "curta duração" ou "momentaneidade". Cf. estas duas frases: "Era meia-1)oite, quando o trem partiu", e: "Luís XIV ,'einou 72 anos".

Page 38: Besselaar Propylaeum Latinum 1

65

Não farás essa viagemPartirás hoje e voltarás amanhã

A cidade é (era) cingida de altasmuralhas

Êste livro é intitulado ...Estou/sou forçado a sair da cidadeAquela ilha é (era) rodeáda de doismares*

Era noite e estávamos passeandono meio de uma floresta: (derepente) saem dois ladrões doseu esconderijo e nos a~ac~mde improviso; meu companheIrocai morto, apesar de se.defendermuito, mas eu escapeI

As categorias do verbo finitolI, I

; "'I >I t'I~O do "presente histórico" é muito mais freqüente'" I lillll do que em qualquer outra língua. Não raro aconte~e'1'" , li" IIwsmo período, seja alternado com um tempo secunda-

1';\('lllplo:, l!ll ti ambulabamus in mediã

rluo latrones e latebris,n/lln/ a/que incautos nos op-I 11; 111/1; comes meus occidilur

'",",1 Nine magno proelio, egodl'I,'1II cJfugi.

Nota. A conjunção dum ("enquanto") é quase sempre com-binada com o Preso histórico (cf. § 156, I, 1b).

2) O PRESENTE ;RESULTATIVO. Alguns ve:bos la:inos,l'llll<:ipalmente na V. P., indicam no Presente nao a açao no[1I"llIcnto atual, e sim o resultado da mesma no te~p~ atual1"1' em português: "esta rua é calçada:'). Par~ mdICar o,,·::'1I1tadono passado de uma ação antenor o latIm se served" lmpf. Exemplos:Ilrl,s cingitur (cingebatur) altis moe-nüJUs

Ilú; liber inscribitur ...(fol/or ex urbe euedereIlla insula contin~tur (corr.tineba-lur) duobus martbus

§46. O Futuro Imperfeito ou Simples. - Podemosdistinguir:

r. O futuro prospectivo. É êste o f~turo prôpriamen~edito, a respeit~ de cujo emprêgo não preCIsamos falar depOISdaquilo que fOI exposto no §44, I, 1.

II O futuro voluntativo. Assim como em port1!-g~~s,usa-se taill;-búm em' latim o Fut. em ordens (Fut. jussivo) e em prolblçoes (Fut. pro~-'11:livo).Exemplos:Non jacies istud ilerfIodie proficiscêris et cras redibis

lU O futuro potencial. O potencial! cf. §56, II), além de in~i?ar'b'l'd' d se também para tornar mais modesta, menos POSItIvaPOSSl11 a e, usa- . t f - mas o latimfirma ão' também o Fut. pode exercer es as unçoes,

::~:si~o pref~re: por via de re~ra, o potencial propriamente dito. Exemplos;

Fico em casa por~ue estou doente

Fico em casa porque meu pai vol-tou da provincia

Fico em casa porque meu pai háde voltar/voltará da provincia

Pagar-te-ei o dinheiro, quando esti-ver em RomaPagar-te-ei o dinheiro, depois quevoltar (tiver voltado) a Roma

Fiquei em casa porque estavadoenteFiquei em casa porque meu paivoltou (ou: tinha voltado)

Fiquei em casa porque meu paivoltaria/havia de voltar da pro-vincia

Sintaxe latina superior64

Domi maneo quod aege?' sum (si-mult.)Domi maneo quod pater meus eprovinciã rediit (ant.)

~Domi maneo quod pater meus eprovinciã redibit (post.)

Pecuniam tibi solvam, cum Romaeero (simult)

Pecuniam tibi solvam, cum Romamrediero (ant.)

Domo mansi quod aeger eram (si-mult.)Domi. mansi quod pater meus eprovinciã redierat (ant.)

Domi mansi quod pater meus eprovinciã rediturus erat (post.)

Notas.

1) Também aqui nos servimos apenas de formas do Ind.2) O verbo principal (maneo, solvam e mansi) indica tempo

absoluto; o verbo da cláusula (p. e. sum, rediit, redibit) indica temporelativo.

3) As formas maneo e solvam são tempos primários; a formamansi é tempo secundário.

4) A forma mansi (Pf.) poderia ser substituida também porforma de outro tempo secundário (manebam ou manseram), semque êsse fato viesse a influir no emprêgo do tempo na cláusula.

5) A forma perifrástica rediturus erat é pouco usada; se a cla-reza da frase não exigir que se marque com precisão a posterioridade,podemos substitui-Ia por redibat (mais o advérbio mox, brevi, etc.)

§45. O Presente. - r. G.~eneralidades. Em geral, oemprêgo do Preso em latim corresponde ao do português, eexemplos são escusáveis. Só convém lembrar-nos de que olatim literário evita o emprêgo do chamado "Presente Pros-pectivo" (cf. §44, I, 1); também não ocorre, em latim clás-sico, a "conjungação perifrástico" do tipo: amans sum (nemnos outros tempos). Cf. §19, n, 2a.

n. Particularidades.1) O PRESENTE HISTÓRICO. Para tornar mais viva e plás-

tica uma narrativa, os autores latinos usam muitas vêzes oPreso em vez de um tempo secundário, convidando os leitorespor assim dizer, a assistirem pessoalmente aos fatos narrados.

Page 39: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Nota. O Fut. latino remonta, em última análise, ao Subj.;d~starte se explicam as funções secundárias do Fut. (U-VI), fun-çoes que havemos de encontrar outra vez, falando do Subj. latino.

V. Ofuturo optativo. O Fut. optativo, - igualmente de emprêgovulgar, - usa-se principalmente em certas expressões fixas tais como:Di te amabunt = Di te ament ("Que os deuses te amem!"); Di tibi dabuntquae exoptes ("Que os deuses te dêem o que desejares")

VI. Ofuturo genérico. Êste Fut., muito afim ao Fut. potencialusa-se principalmente em orações principais que se seguem a uma cláusul~relativa ou condiconal, para exprimir uma conclusão geral e válida paratôdas as circunstâncias. Exemplos:

67As categorias do verbo finitoI:, I

TIL O Imperfeito conativo. :E;ste. Impf., s6 usado. ~e\l'I'hos que exprimem esfôrço, empenho, mtenção, etc., or~gI-II;I,:-;(~làgicamente das duas outras funções: uma tentatIva(,'()JI,ari = "tentar") é muitas vêzes um ato prolongado ou"<llli:;iste em uma série de atos repetidos. O português acres-,'1'11 ta geralmente um verbo a êste Impf., p. e. "tentar, procurar,prdender, querer", etc. Exemplo:lIâvetii jlumen transibant, id quod Os helvécios tentavam atravessarCacsar prohibuit o rio, o que César impediu

Nota. A função conativa não se limita ao Impf., mas por seruma característica da actio durativa, inerente ao Infectum (cf. §43,IV), estende-se igualmente ao PresoCf. dat/dabat ("oferece/oferecia"),mas dedit ("deu")' impetrat/impetrabat ("esforça-se/esforçava-se porobter") mas imp~travit ("conseguiu, obteve"), etc. Cf. também aspalavra~ da Vulgata: Judas qui eum tradebat ..... ("Judas quepretendia entregá-Io ..... ").

IV. O bnperfectum resultativo. Cf. §45, U, 2.

11. O Imperfeito iterativo. :E;ste Impf. indica repetição,I! 11'11.,) costume no passado; o português pode frisar esta

, "l d' b' "IIIIII::I()pelo verbo "costumar, etc. ou pe os a ver lOS sempre,, "i:t vez", etc. Tais acréscimos se encontram também em1111111, p. e. os verbos: solêre, consuevisse, etc., e os adv. ouI, "'II(:()(~Sadverbiais: semper, saepe, omni tempore, etc. Exemplo:1"'"I/IIi quotannis binos consules Os romanos elegiam (ou: costu-'i<'lIhllnt, ou: creare solebant/con- mavam eleger) cada ano dois'u/I'lIcrant cônsules

§48. O Perfeito. - O Pf. latino é o resultado da fusãodo aor. indo-europeu com o pf. indo-europeu, de modo queeumpre distinguirmos:

L A função aorista: o Pel:feito histórico. Ao .Pf. his-t6rico em latim corresponde, em português, o Preténto Per-feito: laudavi = "louvei". Emprega-se principalmente em nar-rativas, em que se apresenta uma ação verbal, realizada n.opassado, em estado puro e simples, sem se levarem em conSI-deração as circunstâncias acess6rias que eventualmente aacompanham. Por isso é forma indicada para designar o te~poabsoluto apesar de poder designar também o tempo relatIVO

(ef. o esquema no §44, lI). ~ncontran:os. o. tiI;J0. ~~ um P~.hist6rico na célebre frase de Cesar: Vem, md~, v~c~ ( ChegUeI,vi, venci"). São excusáveis outros exemplos.

[§ 47 ]

Esta moça deve/poderia ser aescrava de Antônio

Alguém poderia dizer/diráÊste costume pode ser encontradotambém em outros lugares

Se é crime não servir a pátria,quanto mais feio é trair a pátria!

Quem ousou trair a pátria, (êsse)ousa cometer todoll os crimes

Quando voltei à casa, meus paisjá estavam dorm.indo

Sintmce latina superior66

Dicet aliquisH aec consuetudo aliis quoque locisreperietur

Haec serva Antonii erit

Si scelus est patriae non servire,quanto peius erit patriam pro-derel

Qui patriam prodidit, is audebitomnia scelera jacere.

IV. Ofuturo deliberativo. Êste Fut, é usado para exprimir deli-beração, dúvida, hesitação, etc., principaJmente em perguntas; além dissoem exclamações que revelam indignação, protesto, revolta, etc. (cf. §57, I):Encontra-se muito.pouco em l?rosa clássica, que neste caso prefere o Subj.;alguns exemplos tIrados da lmguagem vulgar e poética:

Quid /abula~or? quid negabo? aut Que direi? que negarei? ou queqmd conjtlebor? confessarei? (ou: Que devo di-

zer? etc.)Ego saltabol sanus non esl Eu dançar?! não estás bom!

§47. O Imperfeito. - O Impf. latino exerce, global-mente falando, as mesmas funções que o Impf. português.Distinguimos:

L O Imperfeito durativo. :E;ste Impf. apresenta a açãoverbal como estando sendo realizada no passado; o portu-guês usa, neste caso, muitas vêzes a forma perifrástica: "Estavafalando" ou "~stava .a falar" (cf. em inglês: I was wrihng),formas essas cUJos eqUIvalentes não existem em latim clássico.Basta darmos um s6 exemplo:Cum domum redii, parentes mei jamqormiebant

Page 40: Besselaar Propylaeum Latinum 1

lI. A função perfecta: o Perfeito presente. O Pf. indo-europeu, bem como o grego, indicava o resultado no presentede .uma ação verbal realizada no passado (cf. §43, llI). Ves-tígIOs desta função subsistem ainda em algumas formas doPf. latino. Mencionamos aqui:

69

Nihil novi habeo neque potui eolloquicum lJ.uoquam amieo

Pretendo descrever a guerra queJugurta travou com o povo ro-mano

Nada preciso temer, já que depoisda morte meu destino é ser feliz

As categorias do verbo finito''''' I

Bellum scripturus sum, quod Ju-gurtha cum populo Romano gessit

Nihil timere mihi opus est, quando-quidem post mortem beatus futu-rus sum

§52. Particularidades. - 1. Os tempos em estilo epistolar.Os romanos usavam nas suas cartas muitas vêzes o lmpf. em lugar do Pres.,e o Msqupf. em lugar do Pf., etc.; também emprega,:a~ freqüentementeeo die em vêz de hodie; pridie em vez deheri; postndw em vez de eras,etc. Isso quer dizer que, ao escreverem uma carta, costumava!? coloc!,r-~ementalmente na situação do destinatário, não na do autor. AlmportanClaque se dá em muitas gramáticas a estas regras par~ce ex~geradAa:podemosverificar que Cícero numa e na mesma carta varIa mUltas vezes o Presoe o Impf., o Pf. e o Msqupf.; Plínio o Moço quase nunca usa os :'temposepistolares". A regra é, porém, estritamente ob~ervada .~m dataçoes, p. e.na expressão: Dabam/Scribebam Romae Kalendts Marttts, que nós pode-mos traduzir simplesmente pelas palavras: "Roma, 1 de março".

A frase: "Não tenho nada de novo, pois não consegui falar comamigo algum", quando faz parte de uma carta, poderia ser traduzida destasduas maneiras:

Nihil novi habebam neque potuemmcolloqui cum quoquam amico

1.:, !i(). O Futuro Perfeito. - r. Anterioridade. Tam.,I ,r,;; Fut. PI. latino é quase sempre tempo relativo, indicando'!lIrl. :I.dio verbal anterior a outra ação que se realizará noIr ill! 1'0,'ao passo que o Fut. lmpI., quando usado como tempo" hl.i\TO, indica simultaneidade com uma ação futura. '1.'ambémI! 111 i () latim marca a anterioridade com grande preCIsão (cf.I I, I).11. Função de um Futuro Imperfeito. Cognovero =

";:aberei"; consuevero = "costumarei", etc. *§51. A conjugação perifrástica. - Além dos tempos

J:í, estudados, o latim possui ainda uma conjugação perifrás-I.i(:n nas formas: laudaturus sum/sim, etc., laudaturus eram//ssem, etc., e laudaturus esse, tôdas elas da V. A. O lnf. lau-r/a{urus esse é muito importante para a construção do A. c. I.(d. §5, I); os Subj. laudaturus sim e laudaturus essem são(:mpregados principalmente em perguntas indiretas (cI. § 64,r lI) . Aqui nos interessa o emprêgo do Ind.

As formas laudaturus sum/eram jndicam uma intenção ouum plano (port.: "estou/estava para louvar"), ou então, maisfreqüentemente, um destino, uma fatalidade. Exemplos:

[ § 49 J

estou lembradoodeiosou vencedor

meminiodivici

Sintaxe latina superior

sei, conheçocostumosei, entendo de

Notas.

1) O Perfeito gn6mico ou empírico, função bastante co-mum do aor. grego, que se encontra em provérbios e sentenças devalor "intemporal" ou "acrônico", está pouco desenvolvido emlatim; encontra-se algumas vêzes na poesia (também na comédia),sem dúvida sob a influência do grego, p. e.: Ludus genuit iram ="O jôgo gera (muitas vêzes) a indignação".

2) Uma das funções secundárias muito comuns da actio aoristaera a de indicar o início de uma ação no passado: é o chamadoaoristo ingressivo. Também esta função ocorre amiúde emlatim, p. e.: risit ("começou a rir"), pertimuit ("amedrontou-se")conticuit ("calou-se"), etc. .,

68

(cog)noviconsuevididici

Notas.

1) Alguns dêstes verbos possuem também o radical do lnfec-tum, p. e. cognovi (cf. cognosco), e consuevi (cf. consuesco).

2) Uma evolução mais avançada desta função encontra-senas expressões: Acta est fabula ("Acabou-se a comédia") FuitIlium ("llio não existe mais"), etc. Cf. também: vixit ("~orreu,está morto") e perii ("estou perdido").

§49. Mais-que-perfeito. r. Anterioridade. OMsqupf. latino é quase sempre tempo relativo isto é suafunção é a de indicar uma ação anterior a outra: ação q~e serealizou no passado (cI. o Msqupf. em português). Devenotar-se que o latim é mais minucioso do que as línguas mo-dernas em marcar a anterioridade (cf. §44, I).

lI. Função de um Imperfeito. As formas menciona-~as no 48, II (cognovi, consuevi, etc.) têm Msqupf. com o sen-tIdo de um lmpf., p. e.: cognoveram = "sabia, conhecia"consueveram = "costumava", etc. Nestas formas encontramo~ainda a função do antigo Msqupf. indo-europeu.

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MODOS

As categorias do verbo finito

~ r;:~. Observações preliminares. - Em indo-europeuiUI'j'l, quatro modos, fielmente conservados pelo grego: o1IIIIi'~:JLivo,o Imperativo, o Subjuntivo e o Optativo; deixa-11111;; de lado o antigo "Injuntivo", que aiRda ocorre na faseIlIi"i:J.1do sânscrito e cuja função sintática era comparável àdI) Imperativo. Para as linguas clássicas o Injuntivo não temIIllportância. ' Deixamos de lado também o Infinito que nãoo modo propriamente dito.

I. Os modos em latim.1) O INDICATIVOé o modo da realidade, maIS ou menos

<:omo em português.2) O IMPERATIVOexprime ordens, mais ou menos como

em português.3) O SUBJUNTIVOlatino é o resultado de uma fusão entre

dois modos indo-europeus: o Subjuntivo propriamente dito,que exprimia VONTADE,e o Optativo, que exprimia DESEJO.OS gramáticos latinos preferiam o têrmo Conjunctz'vus (aindaem uso na Alemanha, Holanda e alguns outros paises) aotêrmo Subjunctivus: ambos dão a entender que o Subj. é omodo de "subordinação" por excelência. Com efeito, o Subj.é muito usado em proposições dependentes ou subordinadas,mas não devemos esquecer que o Subj., antes de se tornarmodo de subordinação, exprimia "vontade" e "desejo" emproposições independentes e que essa é sua função primordial.Neste capitulo estudaremos apenas o emprêgo do Subj. emproposições independentes.

11. Modo e tempo. Em indo-europeu só o modo indi-cativo designava tempo; o Imp., o Opto e o Subj. (comotambém o Inf.) eram "acrônicos" '- isto é, não designavamtempo algum, mas apenas a acl1'o. E outra vez o grego que nosrevela fielmente a situação antiga. O latim com sua predile-ção pelos tempos, passou a enquadrar também os modos não-indicativos no sistema "temporal" do seu verbo, mas em algunscasos podemos perceber ainda o caráter "acrônico" de certossubjuntivos latinos.

lH. Fmses declarativas e desiderativas. Quanto à maneira deapresentar a ação verbal, podemos dividir as frases em duas classes: asÍlases declarativas e as frases desiderativas.

[§ ~

Foi construído por César no foroRomano um templo dedicadoa "Vênus Mãe:'o templo de "Vênus Mãe" estásituado (ou: acha-se) no fororomano

Neste local se encontrou (masagora não se encontra mais) otemplo de "Vênus Mãe"

Sintaxe latina superior70

II. A dupla função do Perfeito da voz passiva. Também as for-mas do Perfectum da V. P. (sempre analíticas) podem exercer a duplafunção das formas sintéticas que lhes correspondem na V. A. Exemplos:Templum Veneris Genetrieis a Cae-sare in foro Romano positum est(actio aorista)

Templum Veneris Genetricis inforoRomano positum est (actio per-fecta)

Hoe loco templ]lm Veneris Gene-tricis posituni fuit (actio per-fecta)

~o~o se vê ~or êste exempl~, usa-se a forma do tipo laudatus fuipara ~ndIC~ruma. sItuação no passado (resultado de uma ação anterior)que nao eXIstemaIs no presente; funções análogas são exercidas pelas for-mas laudatus fuemm e laudatus fuero.

Nota. D~ alguns verbos o Perfectum da V. P. indica quasesempre a actlO perfecta, não aorista. Exemplos: persuasum estmihi ("estou convencido de, tenho a convicção de"), compertum mihiest ("tenho certeza de"), legio constituta est e vetemnis ("a legiãocompõe-se de veteranos"), etc.*

Mas um cicerone, ao descrever o foro romano a turistas, poderiadizer:

IIr. O perfectum da voz ativa. O chamado "Perfeito Presente"(cf. §48, H) podia, já desde tempos remotos, ser substituído por locuçõesc~mpostas do verbo habere (menos freqüentemente tenere) e do Parto Pf.TIpo: Hostes urbem captam habent/tenent: "Os inimigos têm a cidade emseu poder" (lit.: "têm a cidade tomada") .. Esta locução muito impor-tan.te para as línguas românicas, foi aos poucos perdendo' seu caráter deactt.o perfecta para vir a indicar a actio aorisía. Por outras palavras: "têma CIdade tomada" passou a ser: "têm tomado a cidade" ou melhor emfrancês: il~ ~nt la ville prise, passou a ser: ils ont pris la vilze, evolução' essaque se verIfICOuna época das invasões, principalmente na Gália.

Em la.tim clássico, a locução. designa sempre a aetio perfecta. Regis-tramos aqUI alguns exemplos, mUIto usados pelos autores clássicos:

eognitum habere aliquid = cognovi aliquid = "sei alguma coisa"compertum/explomtum habeo aliquid = "tenho certeza de algumacoisa".

persuasum mihi habeo aliquid = "tenho a convicção de"

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73

Sejam quantos fôrem os inimigos,lutaremos

Seja quem fôr, deve ser castigadoSeja quem fôr que fêz isto, deveser castigado

Qualquer que fôsse a situação, êlesàzinho enfrentava todos os pe-rigos

Onde quer que estejas, lembra-tede mim!

As categorias do verbo finitot,1 I

2) Certas locuções, p. e.: longum est ("seria muito longo/demorado"),aequum est ("seria justo"), satis est ("seria suficiente"), melius est ("seriamelhor"), necesse est ("seria necessário"), etc. Exemplo:Longum est omnia scelera istius Demoraria muito enumerar todosviri enumerare os crimes dêsse homem

Nota. Mas se êstes verbos e locuções se encontram na apódose(= oração principal) de uma construção hipotética "irreal" ou"potencial". podem estar no Subj. (cf. §158, n, nota; 159, n, 4).

" ; :\ Ihj. ou se serve de outras circunlocuções modais, ao passo'1'1<" o latim emprega o Ind. Mencionamo:;; aqui:

I. Os verbos e as locuções que exprimem POSSIBILIDADE,"<lNVJ<rNIÊNCIA, OBRIGAÇÃO e NECESSIDADE, estão em português"" IiLas vêzes no chamado "condicional", ou - na linguagem('"Ioquial - no Ind. Impf., mesmo que a ação verbal expressaP"!' êles se refira ao momento atual, p. e.: "Eu poderia/podiadi:;,(~r",e: "Não deverias/devias dizer isso", etc. Na cons-Lrução portuguêsa exprime-se certa modalidade pela qual sed:í a frase inteira um caráter mais modesto, menos positivo(d. §56, lI); o latim, porém, prefere aqui o Ind., porque temmn vista sàmente a realidade da ação verbal em si, sem ligarpara o contexto. A êste grupo de verbos e locuções pertencem:

1) Posse e debere; oportet; deeet e dedeeet; o gerundivo(como particípio de necessidade e de obrigação). Exemplos:Possum dicere Poderia dizerPoteram/potui dicere Poderia ter ditoDebeo jacere Deveria fazerDebebam/debui jacere Deveria ter feito

lI. As cláusulas introduzidas por um pronome/advérbiorelativo indefinido. (p. e. quisquis, quieumque, quotieseum-que, etc.), são sempre construídas com o Ind., ao contráriodo p.ortuguês que, neste caso, sempre emprega o Subj.Exemplos:Quotquot sunt hostes, pugnabimus

Quisquis est, puniendus estQuicumque hoc jeeit, puniendus est

Quoquo modo res se habebat, omniapericula solus sustinebat

Ubicumque eris, memento mei!

[§ 54 ]

Não vás embora!Oxalá meu pai não morra!Não vamos embora!*

de tôdas as frases declarativas em latim é

Ontem não vi meu amigoesse Não gostaria de ser César ( = Im-

perador)Não poderias dizer que eu tenhamentido

Sintaxe latina superior72

Nota. A negaçãonon, p. e.:

H eri non vidi amicum meumNolim (= non velim) Caesar

Non dicas me mentitum (esse)

Ne abieris!

Utinam pater meus ne moriatur!Ne __abeamus!

1) Frases declarativas ou enunciativas exprimem UM Juizo FORMADOPEL9 INTELECTO,relacionando-se com a faculdade cognitiva do homem.Em orações independentes encontramos, globalmente falando duas espé-cies de frases declarativas ou enunciativas: '_

a) FRASEs REAIS: apresentam elas a ação verbal como estando deacô~do c0-?1 a re.alid.ade objetiva. O modo apropriado para exprimir arealIdade e o IndIcatIvo, p. e.: "Ontem vi meu amigo" (Heri vidi amicummeum). - Cf. §54.

b) FRASEs POTENCIAIS: apresentam elas a ação verbal como mera-mente possível,. ~u entã~, atenuam a fôrça original da afirmação, tornan-do-a menos POSItIva, maIS modesta, etc. Seu modo é em latim o Subjun-tivo. Exemplos: "Gostaria de saber" (Velim scire)' ' "Poderias' ter razão"(Recte dicas), etc. - Cf. §56, 11. '

§54. O Indicativo. - De um modo geral coincide oemprêgo do Ind. latino com o do Ind. portuguê~, de formaque não precisamos comentá-Io. Há, porém, alguns casos emque o português, como também outras línguas modernas, usa

. 2) Frases desiderativas exprimem MANIFESTAÇÕESDAVONTADErela-• ?lOnando-se com as faculdades volitiva e apetitiva do homem. Em o~açõesllld~pend~ntes encontramos, globalmente falando, três espécies de frasesdesIdera trvas:

a) FRASES IMPERATIVASOU INJUNTIVAS: apresentam elas a açãoverbal como uma ordem, um mandamento. Seu modo é o Imperativo, p. e.:"Vai embora!" (Abif). - Cf. §55.

b) .FRASESOPTATIVAS:apresentam ~las a ação verbal na forma deum deseJO. Seu modo é o Subjuntivo (originàriamente era o "Optativo"~as êste modo indo-europeu confundiu-se, em latim, com o Subj.), p. e.~Oxalá volte logo!" (Utinam mox redeatl). - Cf. §56, I.

c) FRASEs VOLUNTATIVAS:apresentam elas a ação verbal na formade uma exortação, permissão, etc. Seu modo é o Subjuntivo prà-priamente dito. Exemplo: "Vamos embora!" (Abeamus!). _ Cf. §57.

Nota. A negação de tôdas as frases desiderativas em latim éne, p. e.:

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75

Deverão sepultar os mortos foradas muralhas da Cidade

Volta quanto antes a Roma; emseguida deves escrever-me

Que os cônsules tomem/Os cônsu-les devem tomar as providênciasnecessárias para que o Estadãonão sofra nenhum detrimento

Que todos os cidadãos imitem oexemplo daquele herói!

eia! vamos!, etc.

por favor, por obséquio, etc.

As categorias do verbo finito

,I' <ll'liws sepeliunto extra moenia/I rll'is

',',·d; qnam brevissime Romam; de-ú/de scribito ad me

Caveant consules ne quid res publi-ca detrimenti capiat (jussivo, por-que são as palavras de um sena-tus consultum).

Imitentur omnes cives exemplumillius viri jortis! (exortativo)

amabo (te); quaeso; obsecro,' so-des(I); sis(2); sultis(3)

agedum ou age; agitedum ou agite

5) Em ordens de caráter não geral e não oficial encontra-mos muitas vêzes fórmulas de cortesia e partículas de exorta-ção, tais como:

4) Na 3.a pess., só o Imp. do Fut. tem forma especial;fiO Preso emprega-se o Subj., e muitas vêzes é impossível dizer-mos com certeza absoluta se êste Subj. é um EXORTATIVOou11m JUSSIVO(cf. §57, I); aliás, também em português sãopouco nítidas as fronteiras entre uma "exortação" e uma"ordem" na 3.a pess. Só o contexto poderá decidir esta ques-tão: quando quem fala possui autoridade sôbre outros, temosgeralmente um Subj. jussivo; quando não a possui, temosgeralmente um Subj. exortativo. Exemplos:

1',:111:1. também em ordens não oficiais que se refiram a uma ação\ 1'1'11:1.1 a ser realizada num futuro mais ou menos remoto.1':\t~lIlplos:

lI. Proibições. 1) A partícula de negação é sempre ne,não nono

2) A frase portuguêsa: "Não saias!" pode ser traduzidadas seguintes maneiras:

a) Ne exi! (arcaico; poético; vulgar).b) N e exeas! (tr atando-se de uma proibição de ordem

geral, cf. supra: Post 'prandium deambules).

[§ 55 ]

Faia a verdade!Calai-vos!

Confesso tê-lo feito, quer me elo-gies, quer me censures

Hei de morrEr, quer consulte ummédico, quer não consulte

Faze (melhor: Faça-se) um passeiodepois do almôço

Serve-te dos bens corporais en-quanto os tiveres (= Usem-seos bens corporais .. ,)

Sintaxe latina superior74

Sive me laudas sive me vituperas,certe me id jecisse conjiteor

Seu medicum adhibuero seu nonadhibuero, moriar

Dic verum!Tacete!

rlI. As cláusulas introduzi das por sive/seu - sive/seu:"quer - quer", p. e::

Post prandium deambules

Bonis corporis utare, dum adsint(cf. §41, lI, 4)

2) Uma ORDEMGERAL,isto é, não dirigida a uma pessoadeterminada ou a um grupo de pessoas determinadas, estágeralmente no SUBJUWrIVOJUSSIVO(cf. §57, 1), cuja formaé a 2.a pess. do Subj. do Preso Uma ordem geral tem muitasvêzes mais o valor de uma exortação do que a fôrça de umaordem terminante. Por isso emprega-se o Subj. jussivo empreceitos gerais de ordem moral, em conselhos, em receitas,etc. Exemplos:

Nota. Em todos êstes casos, o português usa o Subj. em razãoda incerteza da afirmação contida na cláusula, considerada na suatotalidade; o latim, atendendo só à realidade da ação verbal, con-siderada em si, emprega o Ind.

§55. O Imperativo. - O latim tem duas formas dormp. do Pres., a saber: jac (sg.) e jacite (p1.); para a 3.a pessoausam-se as formas do Subj. do Pres.: jaciat (sg.) e jaciant(p1.). Além disso, existe em latim o chamado rmp. do Futuro,o qual tem as formas da 2.a e da 3.a pessoa, a saber: jacito e.jaeito (sg.); jaátote e jaciunto (p1.).

r. Ordens. 1) O latim usa o IMPERATIVODOPRESENTEpara dar uma ORDEMDIRETAa uma pessoa determinada ou a. um grupo de pessoas determinadas, p. e.:

3) Em DISPOSIÇÕESLEGAIS,que geralmente não são feitascom o fim exclusivo de regular a vida social no momento atual,mas também para regular o futuro, o latim usa preferivel-mente o IMPERATIVODOFUTURO. A mesma forma é empre-

(1) Sodes = si ode. (vulg.) ••• i audes. Aud~re signifioava originàrbmente "desejar"(cf. avidu.).

(2) Si. = si vi•.(3) Sultis = '1 vulti •.

Page 44: Besselaar Propylaeum Latinum 1

(1) Nem sempre é possível dizer com certeza se um determinado emprêgo do Subj. latinoremonta ao Subj. ou ao Opto indo-europeu; o Subj. "concessivo" é um dêsses casosduvidosos.

(2) Utinam é partícula composti de uti( = ut) e nam. Ut(i) significava originàriamente"Çomo" e era usado em exclam.ações (cL 211, lI, I); nam é partícula de refôrço.

77

(Não) quereria

Poderia dizer/afirmar

Oxalá volte logo!Como desejaria que tivesses ficadoem Roma!

As categorias do verbo finito

Nota. O optB,tivo prôpriamente dito pode ser precedido tam-bém das formas verbais velim ou nolim (em "desejos realizáveis"),e de vellem e nollem (em "desejos irrealizáveis"). Exemplos:

Velim/nolim, e vellem/nollem são subjuntivos potenciais (cf. injra, lI);quanto à regência dêstes verbos, cf. §145, 11.

M()x velim redeat!l!liam vellem Romae mansisses!

Dicam/ajjirmem .\Dixerim/ajjirmaverim fVelim/nolim (cf. §56, I, nota)

11. O Potencial. Como o próprio têrmo indica, o Poten-cial exprime uma possibilidade; além disso serve também paraatenuar uma afirmação, tornando-a menos positiva; encon-tra-se muitas vêzes em frases interrogativas do tipo: "Quempoderia negar isto ?". Os gregos usavam muitíssimo o Poten-cial; os romanos, muito mais positivos e menos sutis, empre-gavam-no muito menos, aplicando-o principalmente em cons-truções hipotéticas (cf. §159, IIl) e em certas expressões fixas.

As línguas modernas, em geral, não possuem um Pot. decaráter bem definido; o português usa, às vêzes, o chamado"cDndicional" para indicar a potencialidade, p. e.: "Gostariade saber", ou (em linguàgem coloquial) o Ind. Impf., p. e.:"Queria saber", ou então o Ind. Fut., p. e.: "Será que êleestá em casa ?". Em inglês se usam os verbos auxiliares maye might, p. e: That may/might be true; em outras línguas seempregam partículas, p. e. schon em alemão; wel em holandês.

A prosa clássica (a situação em latim arcaico e vulgar,como também em poesia é algo diferente) possui dois potenciais:o do tempo atual, indicado pelo Subj. Preso ou Pf., e odopassado, indicado pelo Subj. Impf. No tempo atual, podeusar-se quase indistintamente o Subj. Preso ou o Subj. Pf.,uma reminiscência da regra já vista (cf. §53, lI), segundo aqual os_modos não-indicativos originàriamente designavamapenas a actio. A diferença entre dicam e dixerim, usadoscomo potenciais, era a que existia entre a "actio durativa"(dicam) e a "actio aorista" (dixen'm), mas em latim clássico émuito duvidoso que essa distinção tenha. possuído muito valorprático.

1) LocuçõEs FREQÜENTEMENTE USADOS:

Oxalá veI:\ha logo teu amigo!Oxalá não morra meu pai!Oxalá vivesse ainda meu pai!Oxalá tivesse ainda vivido meupai naquêle tempo!

Sintaxe latina superior76

(Utinam) amicus meus mox veniat!(Utinam) pater meus ne inoriatur!Utinam pater meus adhuc viveret!Utinam pater meus illo temporevixisset!

Não deverão sepult.ar os mortosdentro das muralhas da Cidade

2) N e exieris/exieritis são subjuntivos "acrôniéos" (cf. §53, lI).3) Quanto a cave exeas, ci. §145, IIl, 4.4) Na 3." pess. pode dizer-se sômente: ne exeat/exeant (não os subj.

exierit/exierint).

M ortuos intra Urbem ne speliunto

§56. O Optativo. - Como já vimos (cf. §53, I, 3),o Subjuntivo latino exerce as funções do antigo optativo e doantigo subjuntivo. Vejamos primeiro o emprêgo do Subj.como optativo(l).

I. O optativo propriamente dito. O optativo pràpria-mente dito emprega-se para exprimir um desejo. Conside-rando-se o desejo como realizável, o Subj. está no Presente,e pode ser precedido da partícula utinam(2); externando-seum desejo com sentimentos de pesar ou de saudades, emcontraste com a situação real, o Subj. está no Impf. (para omomento atulJ,I), ou no Msqupf. (para o pretérito); nesteúltimo tipo de optativos, muitas vêzes chamado de "desejosirrealizáveis", o emprêgo da partícula utinam é obrigatório.A negação do optativo é sempre ne. Exemplos:

c) N e exieris! (a forma preferida pela prosa clássica emproibições dirigidas a uma pessoa determinada; no pI. se diz:N e exieritis!).

d) N oli exire! ("não queiras sair!" e Cave exeas! ("tomacuidado de não sair!"); no plural: nolite exire e cavete exeatis!Também éstas circunlocuções são bastante comuns em prosaclássica, principalmente em proibições feítas com cortesia edirigi das a pessoas determinadas.

IIl. Observações. 1) O Imp. do Fut. pode ser usado também emfrases negativas, p. e.:

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Que devo fazer, juizes, para ondeme devo voltar? (ou: Quefarei? para onde me voltarei) ?

As categorias do ve-rbo finito

Que (me) odeiem, contanto que(me) temam!

Bom! Pode ser que êle seja ladrão,mas em todo caso é homemenérgico

Bom! Concedo que êle não tenhafeito aquêle crime, mas em todocaso fói cúmplice

Nota. Como se vê pelos exemplos, corresponde a sane ou aesta muitas vêzes, na segunda frase, a partícula at, ou at certe/saltem,ou certe ("em todo caso").

I I r,'1 I

Quid agam, judices, qua me vertam?

V. O Deliberativo. n:ste subi. é empregado apenas emperguntas para exprimir hesitação ou dúvida: por isso sechama também de Subi. dubitativo. Quem faz uma perguntadeliberativa ou dubitativa, quer - ou finge querer - sabera vontade de outrem. Êste Subi., somente usado na 1.a pes-soa, não deve ser confundido com o potencial, que igualmenteocorre em perguntas (cf. § 56, H).

O dubitativo pode referir-se à situação atual; neste caso,usa-se o Subj. Pres., sempre na l.a pessoa (sg. e pl.); referin-do-se a uma situação no passado, usa-se o Subi. ImpI. (em tôdasas pessoas). Uma variante do subj. deliberativo ou dubita-tivo é o chamado Subj. "exclamativo", usado em preguntasque manifestam indignação, protesto, reclamação, etc. A ne-gação de todos êstes tipos de Subi. deveria ser ne, mas é, narealidade, nan, visto que em perguntas dubitativas a negaçãotem sempre ênfase. Exemplos:

Esta: ne jecerit illud scelus, atcerte/saltem cansci us juit

I V. O Concessivo O cpncessivo deriva lôgicamente doIIIlllIissÍvo como o último exemplo pode demonstrar. Mas, ao1"'::::0 qne ~ permissivo pertence à esfera de ação, o concessivo1"111 (:aráter mais intelectual: êle exprime concessão, muitas\i·~(:s fingida, de uma hipótese considerada de somenos impor-i:·llI('.iaem comparação com outra verdade que se quer real-'~:II'. O concessivo é bastante comum também em prosa clas-IO:ica.Seus tempos são o Preso e o PI. (êste último não é "acrô-Irito", mas indica o passado); a negação é ne; muitas vêzesvê~cs vem precedido da partícula sane, ou da forma verbalesla (porto: "bom"; cI. francês: sait!). Exemplos:

Sit sane jur, at cerle est vir strenuus

()derint, dum metuant!

•I

j

[§ 57 ]

(Não) teria queridoPoder-se-ia dizerPoder-se-ia ter acreditado/visto/dito

Quem pode/poderia/poderá negarq"A eu tenha feito isto?

Só depois de terminada a batalha,poder-se-ia ter visto bem a cora-gem dos soldados

Quem não teria chorado?Quem não choraria?

Sintaxe latina superior78 -

2) EXEMPLOS DE FRASES:Quis neget me hac jecisse?

Canjecta praelia, tum vera cerneresaudaciam militum

Vellem/nallem (d. §56, l, nota)Dicas (cf. §41, II, 4)Crederes/videres/diceres (cf. §41,II, 4)

Quis non jleret?Quis nan jleat?

§57. O Subjuntivo propriamente dito. - O sub-juntivo propriamente dito indica vontade (daí o nome: sub-juntivo voluntativo), distinguindo-se do optativo propriamentedito por apresentar a realização da ação verbal como depen-dente da colaboração do sujeito. Mencionamos aqui os prin-cipais tipos de subi. usados em orações independentes.

r. O Jussivo e o Exortativo. As fronteiras entre o"jussivo" (que dá ordens) e o "exortativo" (que dá conselhos)são pouco nítidas (cf. §55, l, 2 e 4), principalmente na 3.apessoa. Na 1.a pessoa (quase sempre plural) não há dúvida: ésempre "exortativo". Exemplos:Amemus patriam! Amemos a pátria!M eminerimus majarum nostrorum! Lembremo-nos dos nossos ante-

passados!Ne aptemus impossibilia! Não desejemos coisas impossíveis!

Nota. A negação do exortativo é neo

Nota. Como se vê pelos exemplos, a negação é sempre nono

H. O Proibitivo. As formas (sempre negativas) são, na2.a pessoa: ne exas/ne exieris, e ne exeatis/exieritis; na 3.apessoa só: ne exeat e ne exeant (cI. §55, lI-HI).

lH. O Permissivo. O permissivo é usado na 2.a e na 3.apessoa; a forma é quase sempre o Subi oPres., só raras vêzeso Subj. Pf. ("acrônico"). A negação é ne. Seu emprêgo ocorreprincipalmente na linguagem coloquial. Exemplo:H abeas istam pecuniam tibi! Podes ter êsse dinheiro para teu uso!Faciat quad lubet Pode fazer o que lhe aprouver

Page 46: Besselaar Propylaeum Latinum 1

VOZES

81

Esta cidade não será poupada pelo'rei cruel

Não fôste prejudicado por mim

As categorias do verbo finitoI ~ GO ]

Huic urbi a rege crudeli non parce-tur (não: haec urbs)

N on est tibi nocitum a me (não:nocitus es)

Assim se explicam locuções, tais como: persuasum estmihi ("estou convencido/persuadido"), praefectus urbi (nãotlrbis), visto que os verbos persuadere e praejicere em latimpedem o dar. (cf. §77, lI).

§60. Particularidades. - Damos aqui algu~as par-ticularidades relativas ao emprêgo das vozes e1)1latI1)1.

11. Regras elementares. 1) O objeto direto da ativavpm a ser o sujeito da passiva, p. e.: librum > liber; Cic.ero-I/I:m > Cicero: Siciliam > Sicilia. Cf. §40, I, Nota 1.

2) Encontrando-se, na ativa, um complemento predi-(:ativo referente ao objeto direto (no ac.), êsse passa para o110m. na passiva, p. e. consulem > consul.

3) O sujeito da ativa passa a ser o agente da passiva, eêste vai para o abl. precedido de a(b), quando fôr animado ouindicar um grupo de sêres animados, p. e.: Anton1:us > abAntonio; Populus Romanus > a populo Romano. M.as quandoo agente não fôr animado, usa-se o abl. sem preposIção, p. e.:M agni terrae motus > magnis terrae motibus.

4) Naturalmente pode faltar o agente numa frase pas-siva: esta construção da passiva é anterior à- construção "com-pleta" e em latim arcaico, muito mais freqüenje do que aoutra. Assim podemos dizer, em português: "Este livro teserá dado", e em latim: Hic liber tibi dabitur.

5) Construções com o gerundivo no sentido de particípiode necessidade são frases passivas; mas o agente está geral-mente no dativo (cf. §34, I, 1).

lU. Verbos intransitivos. Verbos intransitivos admitemna V. P. s6 a forma impessoal (=3.a pess. sg. e o Inf., cf. §40llI). Assim se pode dizer: itum est (a me) e eundum est (mihi),mas não: itus sum ou eundus sumo Não devemos esquecerque alguns verbos transitivos, em português, sã~ intra,nsitivosem latim (isto é, não admitem na V. A. um objeto dIreto =acusativo), p. e. parcere e nocere (cf. §30, I, 3). Destartedevemos dizer: .

[ § 58 ]

Que devo fazer? suplicar-lhe ounão?Meu amigo indignava-se com aafronta, mas o que podia fazer?

Ceder a êste?! (Nunca!)E nós não nos devemos deixarcomover pela voz dos poetas?

o povo romano elegeu CícerocônsulCícero foi eleito cônsul pelo povoromanoGrandes terremotos flagelam aSicíliaA Sicília é flagelada por grandesterremotos

Sintaxe latina superior80

Quid faciam'l Rogem eum, nonrogem?

Amicus meus indignabatur de inju-riã sed quid jaceret 'I

Huic cedamus?!Nos poetarum voce non moveam ur ?

§?8. Introdução. - A gramática expositiva distingueem. latI.m ~6 duas voze~: . a voz ativa fi a voz passiva. A pri-meIra mdIca que o SUjeIto pratica ou exerce a ação verbal,a segun~a qu~ êle a recebe ou sofre. Do ponto de vista damorfologIa latma na época hist6rica não. há nada contra essab~par~ição. Mas, se nOs colocarmos no terreno da gramáticahIst6nca, podemos verificar que a voz passiva é uma categoriado verbo que s6 relativamente tarde se desenvolveu nas lín-in~o-européias. qircunscrevendo-nos aos limites da língualatma, d~ve~os dIzer que a V. P. tem dupla origem; nasceudo emprego lll?pessoal ,d? ,;erbo (tipo:. itur, cf. §40, lU), eda chamada .voz medIa , . uma antIga voz indo-européia(?o~s~rvada maIS ou menos Ílelmente pelo grego) cuja funçãosmtatIca era comparável à da conjugação reflexiva nos idio-mas românicos. Os "depoentes" latinos são na realidadeant~gos verbos "médios", que ainda traem ~ua origem e~mUltos casos, p. e.: projiciscor ("encaminho-me saio") sequor("associo-me, sigo"), etc. * "

§59. A conversão da ativa para a passiva. - I. Exem-plos paralelos. Vejamos primeiro três pares de exemplos:

ir Antonius tibi dabit hunc librum Antônio te dará êste livro

. (V. A.)Hic liber tibi dabitur ab Antonio Êste livro te será dado por Antônio(V. P.) ,

r Populus Romanus Ciceronemi consulem creavit (v. A.)Cicero consul creatus est a po-pulo Romano (V. P.)

I·.M agni terrae notus vexant SiCi-

liamSicilia vexatur magnis terraemotibus (V. P.)

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r. Na voz ativa. 1) Alguns verbos de forma ativa têmsignificado passivo e por isso mesmo podem ser construÍdoscom ab mais ablativo. Mencionamos:

83

vestirrevestir-sa da couraça, ou:a couraça

cobrimos a cabeçaarranca os cabeloscoroa sua testa

invidiae tibi sum = in invidia su;napud te: "sou invejado por tI"

usui/usu hoc est illis =hoc in/ex,.us~illis est: "isto é usado por eles

As categorzas do verbo tinitoI :: (;0 J

capita velamurscinditur comamredimitur tcmpora

loricam induitur

D t te 1) Alguns verbos latinos,' entrerIL epoen es,. ~ . ossuem a V. P.; muitas vêzes o

o\l~ros os depoâ~t~f~c:~~c~ções para exprimir a passivid~de;latIm se servdet' (f §79 I) ou in (raro ex) mais ablatIvo.ou o duplo a IVO C. ,Exemplos:

admirationi mihi est = apud "fle~nadmiratione est: "é admIra opor mim" .. .odio mihi es = tn odto es apud me."és odiado por mim"

. (" podia ser feita sem perigo"), e jorm?, _in{]en P?teratu~ a gu~rra t ("não se puderam distinguir sua~ felço~stenebns nosC1-non qm a pes t 1 do a I'egra formulada aCImanao'd- ") etc - ar ou 1'0 a , .na eSCUrIao, '. d I utores clássicos e mUlto menosé rigorosamente .aplIca da p~ os aimperial' encontramos tambémainda pelos escrItores a epoca . . . . .

t - do tl'pO' Hoc templum aedijtcan coeptt.cons ruçoes .

l .. f rma perjusus2) Na frase: perfusus genas acnrln~,.a o b h dPf d oz médIa' "tendo an a o

era originària~~mt.e Pa,~~'m~s :is~o que e~ latim histórico asua face. ~o~o a:~~m~~~ categoria viva d~ verbo, perfusus

~m~~~ a ser interpretado como forma pasSIva,.~ ~a~c~g;~.:s~sob a influência do grego, ~asso~st~n~~r c~C::~meem grego:acusativo de parte, construçao b 1" "(cf'§ 73 IV) >" h d nto à sua face, por agnmas . ,ban a o, qua dI'" s" Na poesia latina encontra-"sua fac~ banha at e~s agrdI:atip'o' perjusus genas lacrimis;mos mUltas cons ruçoe .damos aqui os 'seguintes exemplos:

zarparachar-se

partirfalecer

movere (castra)obire (mortem)solvere (ancoram)tenere (locum)

Sou elogiado por todos os cidadãosSou morto pelo tiranoSou criticado pelos inimigosSou espancado pelo professorEsta casa foi vendida por meu pai

Iniciou-se a construção dêste tem-plo por César Augusto

Êstes livros cessaram de ser lidospelos homens modernos

Sintaxe latina superior82

Bene audio ab omnibus civibusIntereo/Pereo a tyrannoM ale audio ab inimicisVapulo a magistroHacc domus veniit a patre meo

Nota. Interire e perire servem de passivos de interimere eperimere ("matar, aniquilar"); venire do verbo vendere ("vender");os três verbos são compostos de ire ("ir"). Existem, porém, tambémformas regulares, tais como; venditus, vendendus, perditus e per-dendus.

Nota. Esta assimilação da voz do verbo finito à voz do Inf. eramuito mais comum em latim arcaico, onde encontramos o mesmofenômeno com possum, (ne)queo e debeo, p. e.; sine periculo bellum

2) Muitos verbos transitivos adquirem significado intran-sitivo pela elipse do objeto direto, com o qual são muitasvêzes combinados, p. e.:agere (vitam) viverconscendere (navem) embarcarducere (exercitum) marcharmereri (stipendia) servir (soldado)

n. Na voz passiva. 1) Muitos verbos de forma passiva'têm ainda significado reflexivo, isto é, "médio" (cf. §58).Mencionamos aqui:augeri aumentar-selavarilavar-secongregari reunir-semoverimover-seirasci indignar-severtivoltar-selaetari alegrar-sevescialimentar-se

2) Os verbos coepisse ("ter começado") e desin'ére ("de-sistir/cessar de"), quando combinados com u,m Inf. objetivona V. P., vão muitas vêzes para o passivo. Exemplos:Hoc templum aedijicari coeptum esta Caesare Augusto

Hi libri ab hominibus hujus aetatislegi desiti sunt

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. 1,11 Frases interrogativas 85

CAPÍTULO VI

FRASES INTERROGATIVAS

d §61. Observações preliminares. - Antes d barmos a constru - d f .' e a 01'-

vermos algumas ~~~tineçõ::s~~~~~~~;t~~~~as em latim, cumpre

I. Perguntas parciais . . )"Quem fêz isto? e' "Ond e wtazs. 1 As frases do tipo:. . '. e mora teu p ''1'' -parClaJ~, porque nelas a dúvida n- f aI,' sao perguntastal, e sim a uma parte da frase ao se re ere ~ ~ropos1ção comofrase; ao complemento de I ' p. e. ao sUJeJto, ,na primeirasão introduzidas 01' r ugar, na ~eg,unda: TalS perguntase.: "Quem fêz isfo'1,p e~n~~es ou adJetJvos mterrogativos (p.nião ?"), ou então ~or ~d p ~~nta~ pessoas. assistiram à reu-mora teu pai?" A tver 10S mterrogatJvos (p. e. "Ondé'. respos a a tal perO' 4- dtantivo/pronome pessoal p '. "J ,:u/.r:uap,? e. ser um subs-adjetivop e' "M'l ' . e... . oao ele fez 1StO", ou um. "" z pessoas asslStuam" t-blO ou uma locução adverbial' .' Ol~ en ao um advér-meu pai". ' p. e.. Aquz/Nesta casa mora

.2) As frases do tipo: "O 81' não f '1"-totalS, visto que a minha dúvid . f u~a, sa? perguntase não só a uma parte da mes~:: re e~e a propos1ção inteira,uma resposta na forma de ". ,; a taJs perguntas se esperaSlm ou "nao".

11. Como marcar urna er ; ,.uma pergunta parcial devido p gunta. E faCll reconheceradvérbio interr '. apresença de um pronome ouvir munidas deogatlVol' quanto a perguntas totais, elas devemum e emento espec' I d'f . Pfrases simplesmente 't' 1a para 1 erenCla-Ias depergunta (na-o so' expo.s1.1vas. Muitas 1fnguas marcam umaas parClalS mas ta b ' .o tom ascendente em que sã~ m. edmas totalS) mediante"O 8 -, pronunC1a as cf em po t Ar. nao fuma' (descendente) 8' "O 8 ' - . ,r ugues:cente); outras 1fnguas caracteriza' r. n,ao fu~a? (ascen-e predicado cf em f A ~-na pela lllversao de sujeito. ,. rances: II vzend a ( . 't d'vzendra-t-il? (predicado-su'eito)' r SUJe1o-~re lCado), e;em alemão e em hola dA J .' en:: algumas lmguas, p. e.uma frase interrogativ~. eta~t~:rsa? élAoindício com~m deo mg es se serve da mver-

'" Illas, além disso, do verbo auxiliar to do, p. e.: You smoke"1"1'8, e: Do you smoke âgars? O francês emprega muitas\ 1':W:-; a locução est-ce-que, locução que pràticamente é igual:I lima partícula interrogativa e permite que o sujeito e o pre-.11 ":1.<10 conservem numa pergunta a ordem das frases exposi-lívaf:i(l), p. e.: Est-ce-qu'il viendra? Poderíamos multiplicar osl'\cmplos, mas basta termos dado essas noções elementares.

O latim e o grego não podiam recorrer à inversão por doisIllotivos: o sujeito, ao contrário do que acontece em francês,Illglês e alemão, estava muitas vêzes oculto; além disso, aordem das palavras nas línguas clássicas era muito livre. Tão-pouco se serviam de verbos auxiliares, como o faz p. e. o inglês.Mas o tom ascendente (principalmente emfrases curtas, e nalinguagem coloquial) marcava a pergunta nas línguas clás-sicas. Ora, êste método tem os seus inconvenientes, sobretudona linguagem escrita e em frases de certo tamanho. Pararemediá-Ios, o latim e o grego usavam pequenas palavras, aschamadl1s "partículas interrogativas".

IIT. Perguntas diretas e indiretas. Na frase: "Per-gunto-te; "Onde mora teu pai ?", temos duas orações indepen-dentes, mas: "Pergunto-te, onde mora teu pai", é uma frasecomplexa composta de uma proposição principal ("pergunto-te") e de uma proposição dependente ("onde mora teu pai") .A segunda frase é uma "pergunta indireta", isto é, uma per-gunta tornada dependente de um verbo principal, vindo ticonstituir o seu objeto direto; uma pergunta indireta é cláu-sula substantiva objetiva, o que podemos verificar se a subs-.tiruirmos pela frase: "Pergunto o enderêço de teu pai".

IV. Perguntas simples e disjuntivas. Uma perguntapode ser simples (tipo: "Teu pai mora no Rio ?"), ou disjun-tivã (tipo: "Teu pai mora no Rio ou em São Paulo ?"). Numapergunta disjuntiva, o português se. serve da partícula "ou"para ligar a segunda pergunta à. primeira.

V. Perguntas reais e retóricas. Finalmente, uma per-gunta pode ser "real", isto é, ser feita com o fim de receberuma resposta (p. e.: "Onde mora teu pai ?"), ou "retóri ca",isto é, ser feita à maneira de uma exclamação sem a expecta-tiva de uma resposta (p. e.: "Onde se viu tal ousadia ?"(1) Usamos o têrmo ·'frase expositiva" aqui em oposição à Hfrase interrogativa"·

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86Sintaxe latina superior [§ 62 ] I ~ (;3 ] Frases interrogativas 87

Quanto vinho bebeste!Como estás longe da Cidade!

Como chegarei lá?A que distância te achas da Cidade?Como acontece (explicar) que nin-guém está contente com a suasorte? (ou: Por que ninguém, .. )

Como estás passando?Por que não vamos embora?(= Vamos embora!)

Como aconteceu isto?Donde partiste?

Tu também estavas presente?Tu não o viste? (espero que sim)

Ut vales '!Quin abimusl

Quomodo/Quo pacto hoc jactum est ?Unde projectus es?

It>wmplos:(jná ill uc perveniam '!(jnam longe abes ab Urbe?(j ai jit ut nemo contentus sit sortesuá?

Quantum vini bibisti!Quam longe abes ab Urbe!

2) Todos os pronomes, adjetivos e advérbios interroga-tivos podem ser reforçados pela partícula enclitica nam, p. e.:Quisnam hoe dixit 7, e: Ubinam habitat pater tuus 7

3) Assim se explica a formação da partícula optativautinamj a palavra ut, nas suas diversas funções, apresentamuitas vêzes a forma uti.

lI. Observações. 1) A transição de perguntas parCIaISpara exclamações é muito freqüente e processo quase impercep-tível: só o tom é diferente, diferença marcada nos textosescritos ou por sinal de interrogação ou por sinal de excla-mação. Damos aqui dois exemplos de frases já vistas comoperguntas:

§63. Perguntas totais. - L Tom ascendente. Emperguntas curtas (principalmente na linguagem 6l0quial), bemcomo, em certo tipo de perguntas retóricas, muitas vêzes s6O tom ascendente indica o caráter interrogativo da frase.Quando a frase contém uma negação, deixa-se entrever quea resposta esperada é "sim" j não havendo negação na per-gunta, a frase interrogativa é formalmente "neutra", masnão raras vêzes revelará admiração, espanto, indignação etc.,conforme o tom em que fôr pronunciada. Cf. em português:"O Sr. f1fma1" (pergunta neutra) e: "O Sr. fuma 1!" (espanto,indignação, etc.). Exemplos:Tu quoqu~ aderas?Tu non vidisti eum?

Quantos livros tem teu pai?Quanto vinho bebeste?De q~e tama?ho é aquela estátua?Que tlpo/especiede casa compraste?

mais importantes são:Quare? \Cur? f Por que?

Ut? 1Qu~ mo~o/pacto? {Como, de queQua mtwne? (modo?Quemadmodum? JQui? 1) Como?

2) Por que?

ADVÉRBIOS OsOnde?Aondé, para onde?Donde?J) Por que caminho?2) Como?Quando?Como? Quão?Por que não ?/CorrÍonão?

Notas.

1) Usa-se quam com ad' d bverbos. J'I a v. e ver os, ut/quomodo, etc. com

32»QQua..nto a ut como adv, interrogativo cf §211 11uan to a qui e' d' I' I'II, 5; §149. qum como a v. mterrogativos, cf. §148,

"Em. nenhuma parte se viu tal ousadia''') O tA"~~~~~I~~"~a~n::~~~Z~~e seu eu;prêgo ~ã~ se ~:~a ;~r~~~i~na ling~agem coloquial é t~:~:~e ac~~~:. gêneros literarios;

. §62. Perguntas parciais. - T. Palavras introd ';.ws. Pergdun~as.pal:ciais são introduzidas por pronomes :dtJ'::lVOSou a verblOS mterrogativos. '

1) PRONOMES E ADJETIV O '.

Quantus 7, Quantum 7 Quot 7 Q~is 7, sQ:~~s Jr;:;~,rt:ntQ~a~~O;qUid)S~gundo as regra~ da gramática normativa, quis (neutro'na re:li~:~:o~e~r~~U~q~~~~ ~u~et; ne~tro: quod) é adjetivo;( .' . ' " til as vezes usado como ad'p. e.: .qu~sm~les hoe feeit?) e qui algumas vêzes como ( J.e.: qu~ hoe feeit?) pron. p.

Qualis refere-se à qualidade ao tipo' é' tQ t f " a esp Cle e cuan us reere-se ao tamanho à import A' ' A •

quan~i~~~:m (neutro substa~ltiv~do de qu:~~~;)a~ef::~:s=t~§88 V 1b) â se~p~e combmado com ? gen. partitivo (cf., " e su .s " g:r~lmente, no smgular.. QduotebPalavra mdechnavel; refere-se à quantidade numé-fIca e su st. no plural.

EQuanto a uter, cf, §227, V.xemplos:Quot .libros habet pater tuus?Quantum vini bibisti?Quanta est illa statua?Qualem domum emisti?

2)Ubi?Quo?Unde?

Quá? }Quando?Quam?Quin?

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('J

n. As partículas. Geralmente, porém, o latim literáriose serve de partículas interrogativas, sobretudo quando apergunta é "real" (não retórica) e tem certa extensão. As trêspartículas mais importantes são: nonne, num e -ne.

Nonne (= non-ne) é usado, quando se espera uma res-posta afirmativa.' Tipo: "Não ouviste falar de Cícero ?";neste caso, espero como resposta: "sim", ou pelo menosinsinuo que só uma resposta afirmativa seria conveniente.

Num deixa entrever uma resposta negativa (em portu-guês: "então/por acaso/por ventura", etc.). Tipo: "Entãoousas negar isso ?"; neste caso insinuo que uma resposta afir-mativa seria o cúmulo de ousadia.

-ne é palavra enclítica, que se prende preferivelmente aoverbo ou ao pronome e, no mais das vêzes, se encontra nocomêço da frase; usa-se em perguntas "neutras". Tipo: "OSr. já visitou a Itália?" Exemplos:

89

Pergunto-te se viste meu amigo

Pergunto-te onde mora teu pai

Pergunto-te se viste meu amigo

Frases interrogativasI ~ G4]

§64. Perguntas indiretas - I. Os c~nectivos. Per-guntas parciais, quando indiretas, são em lat~m e em portu-guês introduzidas pelas mesmas palavras que mtroduzem per-"untas parciais diretas. Cí. "Onde mora teu pai?" e: "Per-~unto onde mora teu pai". Perguntas totais, quando indiretas,são i~troduzidas em português, pela partícula "se" (p. e."Pergunto se viste meu amigo"); em latim, usa-se geralmentea partícula num (sem a nuança negati:,a que esta part~culapossui em perguntas dir~tas), menos frequ~ntement~ a partICulaenclítica -ne, e só depOISdo verbo quaerere a partICula nonne.Exemplos:

I':xcmplo: Ecquod bellum injustum gessimus? ("Já. f~zemos,~lguma~uer:ainjusta?" = "Por acaso já fize~os ,!,ma guerra lllJusta? ).. Ecquzd, as\t,~es, não passa de uma forma CrIstalIzada (= num ou numquzd).

4) Quanto a an, cf. §66, lU-IV.

Notas.1) A construção de rogare é: rogare aliquem aliquidj a de

quaerere é: quaerere aliquid ab/ex aliquo (cf. §75, IV).2) Além das partículas assinaladas, usam-se também ecqu~s

("se alguém"), ecqui ("se alg?-m"), etc. As, formas neutras ecqm~e numquid tornaram-se pràtlcamente parhculas. (= num), I? e..Scire velim numquid/ecquid tibi placeant libri mez =;, "GostarIa desaber se meus livros (em algum ponto) te agradam.

3) Quanto a an, cf. §66, lU-IV.4) A partícula si pode, em latim clássico, se~ us.ado só depoJs

de certos verbos para introduzir uma pergunta mdlreta; os tr~s.principais são exspectare ("aguardar"), conari ("t,entar"~ e expenn("experimentar, tentar"). Exemplo: Hostes conah s!,-nt sz perrumperepossent = (lit.) "Os inimJgos,/iz~;am. r:m~ tentativa, para ver seconseguiam passar pela força > Os mlmlgos te;:ttaram passar pelafórça". Foi partindo dessas cons~ruçõesque. o la~I~ con:;~ço?-a usarsi em perguntas indiretas, p. e. Videamus sz domz szt = VeJaJ?osseestá em casa" (construção vulgar que se tornou comum nas lmguasromânicas).*

lI. O empr~go do Subjuntivo. ,1). O modo e?1pr:gadonas perguntas indiretas é, em prosa classlCa, o SubJuntiVo, o

Rogo te ubi habitet pater tuus

Rogo te num videris amicum I'

meumRogo te viderisne amicummeum ,

Quaero ex/abs te nonne videris ami-cum meum

[§ 63 ]

Julgas tu que devemos jogar foraas armas? (Isso nunca!)

Não devo amar a pátria? (devoamá-Ia, sim) ,

o cão não é parecido com o lóbo?("sim")

Então te dei a permissão de lerêste livro? ("não")

Viste meu:amigo?

Sintaxe latina superior88

Tu arma nobis abjicienda (esse)censes? (perg. retórica)

Patriam meam non diligam? (perg.retórica, com Subj. excl., cf.§57, V)

Nonne canis similis est lupo?

Num tibi permisi hunc librum legen-dum?

Tune v,idisti amicum meum ? }Vidistine amicum meum?Amicumne meum vidisti? .

Notas.

1) O tom da pergunta varia conforme o lugar ocupado por-ne. Exagerando um pouco, podemos dizer que Tune se aproximado valor de: "Fóste tu que viste ?"; Amicumne meum aproxima-sede: "Foi meu amigo que viste ?"; Vidistine é a forma mais neutrae significa: "Viste?"

2) Encontramos também formas abreviadas de--ne, p. e. emviden( = videsne) e vidistin (= vidistine). É a chamada apócope.

lU. Observações. 1) Em vez de num usa-se também numquide ecquid (cf. injra, 3).

2) A partícula neutra -ne tem muitas vêzes a fôrça de nonne (prin-cipalmente na comédia); poucas vêzes, a de num. O contexto é o' critériodecisivo, pois uma partícula "neutra" pode desenvolver-se nos dois sentidos.

3) Encontram-se também as formas ecquis, ecquae/ecqua, ecquid eecquodj aí o elemento -quis, etc. não é pron. interr., e sim pron.indef. (cf. aliquis, etc.). A resposta esperada é geralmente "não".

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qual 'se explica como dubitativo (cf. §57, V) ou, em outroscasos, como potencial (cf. §56, H). A frase complexa: N escioquid agam, origina-se de duas orações primitivamente indBpen-dentes: Nescio. Quid agam? (dubitativo). Na frase complexa:Rogo te quis hoc neget, havia originàriamente também duasorações independentes: Rogo te. Quis hoc neget? (potencial).Foi partindo dêsses casos que, o latim começou a usar o Subj.em tôdas as perguntas indiretas, também nos casos em queêste modo não tinha cabimento, p. e.: Rogo te quis hoc jecerit?(< Rogo te: Quis hoc jecit?). Por outras palavras, o Subj. emperguntas indiretas não passa, em numerosos casos, de Subj.de "subordinação" (cf. §53, I, 3). Mas na linguagem populare em poesia encontram-se muitas perguntas indiretas cons-truídas com o Ind. (tipo: Rogo te quis hoc jecit).

2) As perguntas indiretas podem depender, a rigor, sóde verba interrogandi (rogare, interrogare, quaerere, sciscitari,etc.) e de verba ignorandi et dubitandi (p. e. nescire, ignorare,dubitare, etc.). Mas devido ao processo de analogia, o latimclássico chegou a combinar também nos verba sentiendi etdeclarandi com perguntas indiretas, como se pode ver pelosseguintes exemplos. A frase: Nescio quid agam, possibi-litou a criação análoga de: Scio quid agam, e a frase: Rogote quis hoc jeceri~, originou: Dica tibi quis hoc jecerit. Essascláusulas são, nas línguas modernas; geralmente consideradascomo relativas: "Eu te digo quem fêz isto" = "Eu te digo apessoa que fêz isto". Muitas vêzes acontece que as fronteirasentre clausulas relativas e interrogativas são pouco nítidas, etambém em latim clássico encontramos, ao lado da construção:Dica quid sentiam (interr.), a construção: Dica quod sentia(reL). Mas, em geral, prefere-se em latim a construção dasperguntas indiretas, a não ser que haja um antecedente clarona frase principal, p. e.: Dica id quod sentia, ou: Dica eaquae sentia.

IH. O empr~go dos tempos. O que é essencial, é adistinção entre tempos primários e tempos secundários (cf.§43, H). Quando o verbo regente fôr um tempo primário,o verbo da cláusula irá para o Preso (simultaneidade), ou parao Pf. (anterioridade), ou para a conjugação perifrástica comsim (posterioridade); quando o verbo regente fôr um tempo

secundário, o verbo da cláusula irá para o Impf. (simultan~i-dade), ou para o Msqupf. (anterioridade), ou para a conJU-gação perifrástica com essem (posterioridade). Exemplos:

1) TEMPO PRIMÁRIO:

91

PERGUNTA INDIRETA

PERGUNTA INDIRETA

Seiebam 1 ( faeeres (simult.)

Cognoveram ( quid ~ feeisses (ant.)Seivi J lfaeturus esses (post.)

Frases interrogativas

~s-e-io-----l ( facias (simult.)(tempos Cognovi quid 1feeeris (ant.)absolutos) ( t )Seiam faeturus sis pOS.

(temposabsolutos)

PERGUNTA DIRETA

2) TEMPO SECUNDÁRIO:

PERGUNTA DIRETA

Quid faeis?Quid feeisti?Quid faeies?

Quid faeis?Quid feeisti?Quid faeies?

[§ 65 ]

IV Observações. 1) Cognovi = seio (cf. §48, lI); eognoveram =. b .( f §49 li)· eognovero =« seiam (cL §50, lI).

sele am c. , , " t . .d d ") é2) Uma forma do tipo laudaveram (Msqupf. de an erlOfl a e

tempo secundáIt·io,.md~stnãOp~~q~~c~n~~~~u~~~~tr:~~sAo~~~:r~~is:eg;~J:de uma pergun a lU Ire a, . .dizer-se de laudavero (tempo pflmáflo).

3) As formas da conjugação perifrástica us~m-se emt p~r&udntda~d I 'gir que se expflma a pos erlOrI a e,indiretas apenas quan ? a, c areza eXI . (d ois de um tempo pri-muitas vêzes são substIturdas pelo SubJ. Preso ep dário) acompanhadomário) o~ pe~oSu~j~I~~f. its~o~o~=t~~i~~P~ ~~~~~possí~el com v_erbo~de mo:, reVl, pos e, . Fut ou com verbos na V. P., p. e.: "Nao seIquelnao loss'!-â~ o aP:~;' saqu"~ada'" Neseio quae urbs mox diripiatur.-qua ser a CI a e . .,,' 1) ode ser considerado como

4) Um '.'presente hIstÓriCo (cf. §45, Il, P dário ( elo si nificado),tem~~d~im~~Iod~~lac;~:~~ç~~s c~~op~~~i~~cCaesar r~gat lJ,;i~,obsidest:terfeeerit~nterfeeisset ("César perguntou quem matara os refens ).

§65. Perguntas ~is~untivas. ~ Perguntas disjuntivaspodem ser diretas ou mdIretas.

L Perguntas diretas. 1) O primeiro membro pode sermarcado pela partícula utrum ou por -ne; o segun,do membroé geralmente introduzido por an 'ou (sendo negatIva a frase,

[§ 64 ]Sintaxe latina superior90

Page 52: Besselaar Propylaeum Latinum 1

93

Por que vieste aqui? Para espiar,não é?

Não compreendes o profundo sig-nificado desta lei

Expor-vos-emos os motivos danossa fé

Cada dia me conta seus progressos

Digo que o Estado não pode sobre-viver, quando se tirar a liber-dade. Ou pensais vós de mododiferente? (resp.: "não!")

Os malvados são escravos, porquetemem o castigo. Não é todoe qualquer mêdo uma forma deescravidão? (resp.: "sim!")

Frases interrogativasI :; G6 ]

IV. Incerteza e dúvida. A frase latina: Haud scio anmentitus sit, deve ser traduzida: "Não sei se não mentiu""Talvez tenha êle mentido". Como explicar essa construção?Muito provàvelmente temos aqui a forma elíptica de umapergunta originàriamente disjuntiva: Haud scio (utrum verum

Dico rem publicam libertate sublatãsuperesse non posse. An (vero)vos aliter existimatis?

Cur hoc venisti'l An speculandicausã'l

2) O an elíptico encontra-se muitas vêzes também depoisde uma primeira pergunta (parcial, não total), a que o própriointerrogador dá uma resposta (em forma de uma pergunta)conforme êle mesmo acha provável; nós podemos traduzirmuitas vêzes por: "não é (verdade ?", etc. (an = ± nonne).Exemplo:

llI. Perguntas elípticas. 1) Muitas vêzes el'tá suben-tendido o primeiro membro de uma pergunta disjuntiva, e an(às vêzes, anne) introduz uma pergunta aparentemente sim-ples. Tal acontece sobretudo depois de afirmações em cujofavor se aduz um argumento decisivo em forma de uma inter-rogação. An ou an vero introduz um argumento consideradocomo ab&urdo; an non introduz um argumento que se impõecomo evidente. Exemplos:

Homines scelesti servi sunt, quiapoenas metuunt. An non estomnis metus servitus 'I

Docebimus vos cur credamus

Cotidie mihi narrat quantum pro-fecerit

N on intellegis quanta sit vis hujuslegis

n. Circunlocução de palavras abstratas. Já vimos várias vêzes'1l1e o latim clássico revela uma predileção bem definida por expressõesI:OIlcretas,sendo relativamente pobre em palavras abstratas. Esta circuns-I/mcia se revela também no seu emprêgo de perguntas indiretas que, doponto de vista das línguas modernas, muitas vêzes substituem uma palavra:Lbstrata. Damos os seguintes exemplos:

[§ 66 ]

Ficarás em casa ou sairás?

Ficarás em caSa ou não?

Pergunto-te se ficas em casa ousais

Pergunto-te se ficas em casa ou não

Sintaxe latina superior92

M irum est quantum istud nobisprofuit

Cf. também: mirum quam = mire(' 'extraordinàriamente' ')

por annon); o primeiro membro pode estar também sem par-tícula alguma. Exemplos:

(Utrum) domi manebis an exi- }

bis?M anebisne domi a~ exibis?

(Utrum) domi manebis annon? \M anebisne domi annon? f

Notas.

1) Pode haver. mais de dois membros, p. e. na frase: (Utrum)Caesar an Pompews an Cicero vicit hostes?

'f 2)dUtru.m. é form~, cristalizada do pron. interr. uter. Seu sig- •m I~f ~"orAIgm8;1é: Qual das duas coisas (é verdade)' isto ouaqUIo.. ,OrIgem de an é discutida. ._ . 3) Outras partículas correlativas, mas muito menos usadassao. --ne, -ne; utrumne ..... an° utrum . t. 'an; an seu/sive; si ..... sive/seu; 'etc.* ..... au, an ....

lI. Pe~guntas fndiretas. As partículas são as mesmas'sendo negatIvo o segundo membro, emprega-se preferivelment~necne, em vez de annon. Exemplos:Rogo te (utrum) domi maneas an 1

exeas JRogo te maneasne domi an exeas

Rogo te (utrum) domi maneas }necne

Rogo te maneas(ne) domi necne

§66. Particularidades. - l. Combinações petrifica-d.as.. Ao ~omp~r~rmos. as duas frases: 'N escio quis 1'd jece-r1t, e. Nesc10 qU1S1~ jec1t, podemos verificar que na rimeiratemos uma verdadeIra pergunta indireta ("Não 's . IP ,fêz") .. '. eI I quem oÍ . ,mas que~ na segunda, nescio constitui uma unidade tão, ~tIm~ c~~ qU.1~que ,as duas palavras chegam a ser uma com-Fmaça~, petnfIC~da' ~em influência sôbre a construção dar;tse ( Fe-Io 1I nao seI qu:m" = "Alguém o fêz"); muitasvezes encontramos a graÍla: nescioqu1'S, etc. Encontramos~sta segunda construção não só com o verbo nescio, mas tam-ém em algumas outras combinações. Exemplos:

Nescio qU'~tmodoamicus meus illud Meu amigo soube aquilo de umacompern .maneIra ou outra (ou: não seicomo)

Iss,? nos foi extremamente útilht: Isso nos foi útil é extraor-dinário quanto) ,

nescio ubi = alicubi ("em algumaparte")

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94Sintaxe latina superior [§ 67 ]

que indicava em que lugar (ou, em queação verbal. *

bl' O nom chama-se deII Caso reto e casos o tquos. ,. '. ._. (" O reto")' alguns gramatlCos antIgos conslcasus rectus cas , o reto' todos os outrosd também o voe. como cas , "eravam , bZ' . ("casos oblíquos ). O voe.casos têm o nome de casduso .~qu~ do um elemento indepen-é m caso à parte dos emars, sen _ dde~te do contexto da frase e, por isso mesmo, nao fazen o- *parte da oraçao.

t· I "nome" abrange o subst., o adj. e o pronome.(1) O têrmo grama lCa

A SINTAXE DOS CASOS

. d asos em indo-europeu. - I. Os§58. S~nopse os c O nomeeI) indo-europeu tinhaoito casos tudo-europeus.

oito casos, a saber: .

1) O NOMINATIVO,que indicava o sujeito e o nome pre-

dicativo de uma frase. d'fí. ,. funções bastante 1-2) O GENITIVO que exerCIa varIas . .. 'd . dor comum' basta dIzermos aqUI

ceis·de reduzI~d~au:ta~~~:~~adiversas rel~ções (p. e. de posse,d~eq~a1~:~d~, etc.) entre dois nomes ou entre um verbo e. um

nome. 'a. o obJ'eto indireto e exerCI3) O DATIvo, que .:~primIa

algumas funções secundarIas. ., d.. bJeto dIreto a açãQ4) O ACUSATIVO,que eXprImIa o o _e bal mas também indicava direção, duraçao, etc.v r , d '" cação"5) O VOCATIVO,que era o caso e ll1VO .

" t d'to ou o SEPARATIVO,6) O ABLATIVOproprIamen e I , A •

que indicava separação, origem, descendenCl~, etc.d' a o ll1strumento e 8"7) O INSTRUMENTAL,que eSIgnavcompanhia.

8) O LOCATIVO,tempo) se verifica a

CAPÍTULO VII

Não sei se mentiu > Talvez nãotenha mentidoTalvez eu váa Roma (lit.: Per-gunto-me se não irei a Roma)

Segundo meu amigo, talvez nãoseja indecoroso fazer isto

dixerit) an mentitus sit: "Não sei se (falou a verdade ou)mentiu". Mas nesta alternativa, a segunda hipótese era atal ponto admitida como a mais provável que a primeiraacabou sendo eliminada: "Não sei. (Das duas hipóteses) meparece (a mais) provável (de) que êle tenha mentido". Destartea locução: haud scio an (raro: nescio an) foi-se transformandonuma partícula "potencial", usada para atenuar uma afir-mação (cf. §55, lI); sua forma negativa era haud scio annon = "talvez não". A mesma construção encontra-se tam-bém com dubitare, dubium/incertum est, etc. Exemplos:H aud scio an non mentitus sit

Dubito an Romam projiciscar

Notas.

1) Estando dubitare, no sentido de "duvidar, perguntar-se",com uma negação, geralmente se emprega em lugar de an a con-junção quin (ci. § 187, lI, 4), p. e.; N on dubitabat quin hoc turpeesset: "Não duvidava que isto fôsse feio". Mas dubitare, no sentidode "hesitar em", pede em geral o lnf. objetivo (cf. §3, lI), emborase encontre também non dubitare quin (mais Subj.), p. e.: ConsulRomanus non dubitavit hostem aggredijquin hostem aggrederetur = "Ocônsul romano não hesitou em atacar o inimigo".

2) Do mesmo modo que haud"scio an, explica-se também jor-sitan <jors-sit-an ("talvez"), partícula essa que, em latim arcaico,sempre, e em prosa clássica, no mais das vêzes, é combinada como Subj. Outra forma é jorsan.

3) Quanto a videre ne (non), cI. §145, llI, 3.*

Meus amicus dubitat an turpe nonsit hoc jacere

§67. Respostas. - L Repetição do Verbo. O latim não possuipalavras bem determinadas para exprimir "sim" e "não". Na resposta,geralmente se repete o verbó da pergunta, p. e.: Amicus tuus estne in Urbe?resposta: Est ("Sim"), ou: Non est ("Não").

lI. Partículas. Em respostas afirmativas pode usar-se também:lta (est); Etiam; (lta) vero; Sane (quidem), etc.; em respostas negativas;Minime (vero); Non(est)ita; Non vero; Nihil sane, etc. Mas nenhumadessas loeuções é perfeitamente igual a "sim" ou a "não".

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Enviou embaixadores a DelCosVolto à casa/ao campo

Viajo a Roma/Corinto/Atenas

A sintaxe dos casos

Projieiseor Romam/Corinhum/Athe-nas

Legaios Delphos misitDomum/rus revertor

[§ 70 ]

. h '" 'fi com g :UhaO) I!IOlas "pequena,g" são il4as que têm uma s6 cIdade, geralmente omom. a . .

11 Ob - 1) Nomes de países, ilhas grandes,' tri-servaçoes.. ) 'd 'Ubos, et~., e subst~ntivos apelativos (exceto domu8 e rU8 pc e.

. , objeto coincide por completo~2~~e~~~i~: d:j:~t~om:::b~!,e~~~~t7:~~n~~,~não .o seu resultado" e sim o

seu CONTEUDO.Neste caso, falamos em obJeto mter~oh' I "). I eo ("oercorro um camm o ongo .Na frase: mam ongam. ~ t' do de's"es casos desf':i.vol..d b' to mterno e par m . o "

igualmente um ac. e o Je f l do tipo' duo milia passuum eovem-se muito naturalmente as. undçoes h . ("ando duas nON" ..';".)d d 'lh") e depOIS' uas oras eo <. :,("an o uas ml as , . . d 't'. f Ia em "AC DEEXTEN,'A();Na primeira hipó,~ese,a gramátl~~".e~~sl~~a: construçõ~s já não ,na segunda, em ~c. DEbDIURAÇ. âmbito sua extensão, no e,'pn,çoo conteúdo da açao ver a, e SIm, seu ,

e no tempo. 'd f"l t a S"1' ti" - "d ma ação verbal po e aClmen e l? s,,~.. '.Mas a extensao _e u Na frase' Cetem assentwr (a,ce-adquirir uma certa FUNÇAOADVE~,BIAL.do com' Cícero") o ac. /cete/aroni ("Nos outros pontos/No malS concor .. _ de Cíce;o' aliás p'do •..., t' meU acôrdo com a oplmao '. '"mdlCa ate que pon o ':'al d t' ue possibilitavam o naSClnl;mt'Jtiam também outros tipos e acusa lVOSqdo ac adverbial.

. . r t mbém que vários verbos podem reger LJ1 "1,0ASSImse exp lCa a.. _ d . m diferente. Um ac. ar

ACUSATIVO:os dOISacusa~lvo~sao e ol'lge. Populus Romanusobj. rei ejjeetae, e outro obJ. re~ ajje~ae, p. e.. de objeto direto o oui [') ao.(aH.) consulem (eff.) ereat. U(~'p°d.e )sYto~~m (ac. de direçã~) mitt.'L. Osdireção, p. e.: Dux legato~ o J. Ir. um dos dois objetos é pesso[\. e odois podeill;indicar ~bj. ret ajjeet(ae, )a~in uam latinam (coisa). Acor,toceoutro é COisa,p. e.. Doc~od!e pests'd : o outro uma parte do meRmo,também que um dos ac lU lca o o o, . t "P e· Hostem (todo) os' (parte) jerit: "Fere o inimIgo no .ros o .. .. I t'- do qual

Eis em linhas muito gerais, o esquem~ do .ac. : mo, segunpretender'nos expor suas diversas funções smtátlCas.

. d' - I Com nomes "Ir!§70. O acusatIvo de lreçao. -. ~ .. ,' ,.:.,""

. O im les ac. sem preposIçao ongmana.ii~L ,"-CIdades; e!c. s? '! _ "aonde"?" ou "para onuürespondIa a pergunta. quo., -: . . de(ac de direção)' a prosa classIca emprega, por VIa 'o a'c. recedido de uma preposiçã? yn, ad, etc.), mas . , ( Q el . 1 em prcpOSIçao com nomes de Cldde"~:a~h~s op~;;::eI~:S(~)' : com os dois subst. apelativos: d01nuse rU8. Exemplos:

[§ 69 ]Sintaxe latina superior

Nota. O grego foi mais longe do que o latim em fundir os casos:aqui desapareceu também o abl., cujas funções foram assumidas pelogen.; o dat., além de exercer suas funções originais, fazia tambémas vêzes do instrumental e do locativo. Em virtude dêsse sincre-tism.o, o grego via-se obrigado a recorrer, muito mais do que o.latim, a preposições (cf. §93.)

96

IH. Os casos em latim. Em latim histórico, existiamapenas seis casos: o abl. latino é um caso "sincrético" em quetrês casos indo-europeus se fundiram, a saber: o separativo,o instrumental e o locativo. Dos dois últimos existem s6alguns esporádicos vestígios morfológicos.

o ACUSATIVO

§69. A natureza do acusativo. - I. Sinopse das junções. Afunção primordial do ac., à qual, em última análise, remontam tôdas asdemais (pelo menos, lôgicamente falando), é a de exprimir o TERMOFINALDAAÇÃOEXPRESSAPELOVERBO.Entre os acusativos das duas frases:aedijieo domum e projieiseor domum não existe diferença essencial: emambas, domum designa o têrmo final da ação verbal; na primeira, o de"construir", e na segurida, o de "caminhar". Ma,s a gmmática descritivafaz aqui uma distinção, considerando domum em aedijieo domum comoac. de objeto direto, e em projici8eor domum como ac. de direção.

Quanto ao ac. de objeto direto, cumpre fazermos alguma,s distinçõesque, à primeim vista, poderiam pa,recer destituídas de va,lor prático, masque, na realidade, têm certa importância para a compreensão das funçõessecundárias do acusativo. Na fmse: aedijieo domum, o obj. direto domumvem a ser realizado sob a influência da ação verbal (objeetum rei ejjeetae);na frase: vendo domum, o obj. direto domum já existia antes de se efetuara ação verbal, sendo que vem a ser apenas atingido num dos seus aspectospela mesma (objeetum rei ajjeetae).

Se o obj. dir. domum da frase: aedijieo domum, continua existindotambém depois de terminada a ação verbal como RESULTADOda mesma,tal não acontece com o obj. dir. pugnam da frase: pugno pugnam. Também

IV. A divisão da matéria. As funções exercidas pelos diversoscasos em indo-europeu foram indicadas acima de maneira bastante sumáriae, do ponto de vista da gramática histórica, até discutível. Neste capítulopretendemos tratar detalhadamente das diversas funções dos casos latinos,cujo conhecimento é indispensável para a compreensão dos textos antigos.Começaremos a nossa exposição pelo acusativo; em seguida, veremos odativo, o ablativo e o genitivo; falaremos do nominativo e do vocativos6 à guisa do apêndice, já que êstes dois casos apresentam poucas dificulda-des técnicas ao leitor moderno. Exporemos a construção de nomes decidades já no início, por causa da sua importância intrínseca e tambémcom o fim de evitar repetições incômodas na seqüência da exposição.Às preposições será consagrado um capítulo especial.

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3) Qua"?do a palayra domum, na função de ac. de direção~roulxer cons~go um adJ. que não seja possessivo acrescenta-s~19ua mente 1n, p. e.: '

. 2) Quando o nome de uma cidade ou de uma ilha pequena~stIv~r com s,ubst. apelativo (p. e. urbs, oppidum, 1'nsvla)est.e e constrUIdo com a preposição in(2) e o nome geográfic~VaI para o ac. (não no gen., como em português, cf. §88, VI).Exemplos:

4) Também o Supino primeiro em -tum (-sum) é ac. dedireção (cf. §35).

. 5) O ac.. ~e ~:lireçãopode depender também de um subst verbalp: e.. Spes redüwms domum = "A esperança de voltar à cas" C t 'çao rara em prosa clássica. a. ons ru-

. 't' 6) .Enco"ntramos o ac. de direção em algumas locuções p e em'2nj~ws ~re (neg "l't ". à ' " .("socorrer a algué:"'). I.: Ir negação") e alicui suppetias (ad)venire

7) Em lat~m arcaico,. o ac. d.e direção tinha aplicação muito maiore os poetas da epoca cláSSIcacontmuam a usá-Io em escala ampla, p. e:

(1) Ae~:::~:r~isi:~Shabitantes; in ao território. Nesta combinação é exígua a diferença

(2) Pode us%r:se também ad, mas s6 no sentido de: "até às proximidades de"(3) Sendo aposto o nome georyráfi ê d' •

~~~i~n:lfn)~endo apôsto o ~ubs~~~P~l:~~, ;opre~o~i;f:~lg~~f:lt~~r(~~~~~.~}~)~~~::

99

maximã

A sintaxe dos casos

Projiciscor a Romã/a Corintho(2)

(1) Ex indica. separação Hdé dentro para fora"; ab indica separação "das proximidadesde"; de indica separação em sentido vertical:" de cima para baixo".

(2) Ab, acrescentado a um nome de cidade, ete., designa sempre uma partida lidas proxi.•midades de II •

(3) A forma mais usada é domo; !lor vêzes, encontramos também domu.

11. Observações. 1) O separativo é, às vêzes, combinado comsubst. verbal, p. e.: discessus Corintho ("a partida de Corinto"), etc.

2) Em latim arcaico e na poesia encontramos muitas vêzes o abl.separativo sem preposição também com outras palavras, onde a prosaclássica usaria uma preposição, p. e.: Galliã procedit = e Galliã procedit;aquae rejunduntur imis vadis = aquae rejunduntur ab imis vadis, etc.

3) Foris, no sentido de "de fora", é separativo petrificado.

I § 71 ]

L Regras. Para indicar a separação, o latim emprega oabl. sem preposição com nomes de cidades e ilhas pequenas, ecom os dois subst. apelativos domus e rus; nomes de países,ilhas grandes, tribos, etc. e substantivos apelativos em geralpedem ab, de' ou ex mais abl.(l). Usa-se a preposição tambémcom nomes de cidades, de., quando êstes vêm acompanhadosde um apôsto ou de um adj. que nã.o seja possessivo. Exemplos:Projiciscor Romã/Corintho/Athenis Perto de Roma/de Corinto/de Ate-

nasParto das proximidades de Roma/de Corinto

Saio de casa/da minha casaSaio do campoSaio da cidade de RomaSaio de Roma, a maior cidade detôda a Itália

Venho da casa novaSaem do temploSaem das proximidades do temploO menino caiu do telhadoCésar partiu da Gália

Exeo domo/domo meã(3)Discedo rureDiscedo ex urbe RomãDiscedo Romã, (ex) urbetotius Italiae

Venio e domo novãExeunt e temploAbeunt a temploPuer de tecto ceciditCaesar e Galliã projectus est

§71. A separação (digressão). - Ao passo que o ac.de direção dá resposta à pergunta quo?, o abl. propriamentedito ou o separativo responde à pergunta unde? = "donde ?".Para indicar a iô'eparação com nomes de cidades, etc., o latimclássico se serve de regras análogas às que vimos no parágrafoanterior.

!taliam venit (poet.) = in !taliam venit (prosa) = cf. a frase de Vergílio:8itientis ibimus Ajros ("iremos ao pais dos africanos sedentos").

8) Foras é ac. de direção do subst. desusado jora = joris ("porta");pràticamente tornou-se um adv. "para fora", p. e.: ire joras.

ou ad

Viajo à Gália/SicíliaCésar marchou sôbre o territóriodos nérvios

O navio chegou ao pôrtoAndamos até às proximidades dopôrto, ou: andamos até ao pôrto

César marchou até às proximi-dades de Genebra

Viajo à cidade de RomaViajo a Roma, a maior cidade detôda a Itália

Voltemos à minha casa!Enviou todos os seus escravos àcasa nova

Sintaxe lati'na superior98

a preposição 7:n (paraaproximação). Exemplos:Projiciscor in Galliam/SiciliamCaesar in/ad Nervios contendit(l)

N avis in portum advenitAmbulavimus ad portum

Caesar contendit ad Genavam

Projiciscor in urbem RomamProjiciscor Romam, (in) urbem ma-ximam totius Italiae(3)

Domum meam revertamur!Omnes servos suosmisit in domumnovam

Page 56: Besselaar Propylaeum Latinum 1

101

de noiteà toa (cf. § 195)a tempo, na horaà tardinha, à noitinha

Meu pai mora na cidade de RomaMeu amigo mora em Roma, amaior cidade de tÓda a Itália

Permaneço em casa/no campoO inimigo está prostrado por terraEm tua casa há uma imagem deCícero

Nesta casa grande há uma imagemde Cícero

lVl:eusamigos estão no templo deJúpiter

Na paz e na guerra veneramos so.deuses

noctutemeretemperi/temporivesperi

IL

A sintaxe dos casos

} colimus deos

de diaforaontemde dia

n. Observações. 1) Encontramos ainda outros antigos 10cativos:nas seguintes formas que, em parte, se tornaram advérbios:

I n hae domo magnã imago Cieero-nis est

Amiei mei in templo Jovis sunt

/ 'aI,,/, '/Iteus in urbe Romã habitatA IIIÚ:/l8meus Romae, (in) maximãurbe totius Italiae, habitat

M aneo domiíruriHostis humi jaeetDomi tuae imago Ciceronis est

Domi militiaequeDomi bellique

2) Em latim arcaico e na poesia usa-se freqüentemente o abl. sem inpara responder à questão ubi, também em casos em que a prosa clássicaexigiria a presença da preposição, p. e.: montibus pinus sunt = in mon-tibus pinus sunt.

3) Quanto aos pormenores relativos ao emprêgo do locativo, cf. §85

§73. O acusativo de objeto direto. - O latim usa oac. para indicar o objeto direto da ação verbal; verbos queadmitem, na V. A., o ac. de objeto direto, admitem a cons-trução pessoal na V. P. (cf. §40, I, Nota 1-2). O número deverbos transitivos em latim é muito grande, do mesmo modoque em português; teria pouco cabimento dar uma lista maisou menos completa dos mesmos. Em geral, pode dizer-se quea um verbo transitivo em português corresponde um verbotransitivo em latim.

r. Discreptincia de regime. Alguns verbos, porém, quesão transitivos em latim, não o são em português. Damos aquios mais importantes.

1) Muitos VERBAAF~;EC'l'UUM;todos êles admitem tam-bém a construção "absoluta" (ef. §40, I, Nota 1); ; à cons-trução transitiva em latim corresponde, em português, geral-mente a construção "preposicional". Exemplos:

diu/interdiujorisheriluei

[ § 72 ]

Meu Daimora em Roma/Corinto/Delos

Meu amigo mora em Cartago/N á-poles

Em Delfos há um oráculo de ApoIoEm Atenas há muitos templosbelos

Sintaxe latina superior100

§72. O locativo (digressão). - r. Regra.s e Exe,?",p~os.Originàriamente, o latim possuía um caso especIal para mdICaro lugar "onde" (ubi?) se verificava certa ação verbal: era olocativo (terminado em -i). O locativo, como caso ~orfoló-gico, não existe mais em latim hist?rico, ten:I0-se fundIdo, nomais das vêzes, com o abl. Mas amda SubsIstem alguns ves-tígios do antigo locativo. Na frase: Haec Romae jacta sunt("Isto aconteceu em Roma") a forma Romae não é gen. sg.,e sim, o locativo (Roma-i> Romae).

1) O LOCATIVOPRÔPRIAMENTEDITO (em -i) encontra-seainda:

a) em nomes de cidades, etc. da l.a e da 2.a declinação(só sg.), p. e. Romae, Corinthi, Deli, etc.; igualmente em ~~mesde cidades da 3.a declinação (só sg.; sempre os temas vocahcos;às vêzes, também os temas consonânticos), p. e. N eapoli(vocálico), e Karthagini (cons.)

b) nos três subst. apelativos domus, rus e humus, a saber:domi, ruri e humi (= "no chão").

c) nas expressões: domi militiaeque e domi bellique (= "napaz e na guerra' ').

2) Nomes de cidades, que sejam pluralia tan~um, vãosempre para o ABLATIVODE LUGARSEM PREPOSIÇAO,p. e.Athenis, Delphis, Syracusi~, etc.; têm ;;eralmente a mes;:raconstrução os nomes de CIdades que sejam temas consonan-ticos da 3.a declinação, p. e. Sulmone (= "em Sulmão"),Karthagine = Karthagini, etc.

3) Todos os subst. apelativos (exceto domus, rus e humus),respondendo à pergunta ubi?, pedem o ABLATIVO~E LUG~RPRECEDIDODA PREPOSIÇÃO"IN", p. e. in templo, ~n foro, ~ncastris, etc.

4) Quanto ao mais, respeitem-se as regras já formuladasnos parágrafos anteriores.

Exemplos:Pater meus Romae/Corinthi/Delihabitat

Amieus meus Karthagini = Kar-thagine, N eapoli habitat

Delphis est oraeulum ApollinisAthenis multa templa pulehra sunt

•c••

-.'lt••')CliC•li11

Page 57: Besselaar Propylaeum Latinum 1

3) Alguns OUTROS VERBOS muito usados são:

Nota. Sôbre as diversas construções dêstes verbos, cf. §39,II, nota 3.

.103

César atravessou o rio Rena

Desculpo-me do atraso da carta

Vingo sua morteVingo os amigosVingo-me dos inimigosVingo-me do inimigo pelo desafôroVingo-me com direito*

O Reno foi atravessado por César

Se queres a paz, prepara-te paraa guerra!

Meu amigo arranjou-me um es-cravo.

Hoje pretendo viajar a Roma

Desculpo-me por causa de doença

Esquivaste-te ao serviço militarDesprezaste a coragem dos ini-migos

A sintaxe dos casosr § 73]

Caesar flumen Rhenum transit (V.A.)

Rhenus a Caesare transitus est(V. P.)

d) Quanto a excusare:

Excuso me de tarditate litterarum 1Excuso me propter tarditatemlitterarum

Excuso tarditatem litterarum JExcnso morbum

Amicus meus servum mihi paravit

H odie Romam proficisci paro

f) Quanto a ulcisci:

Ulciscor mortem ejnsUlciscor amicosUlciscor inimicosUlciscor inimicnm pI'O injuriaJure me ulciscor (forma reflexiva)

e) Quanto a parare:

Si vis pacem, para bellum!

11. Verbos compostos. Muitos verbos que, quando sim-ples, são intransitivos, trnsformam-se em verbos transitivos,quando compostos com um prevérbio. Assinalamos aqui:

1) Os verbos compostos com circum-, praeter,-e trans-,p. e.: árcu(m) ire, circumvenire, circumstare, circumsistere, ár-cumsedere, praeterire, praetergredi, praetervehi, transire e trans-gredi.

também: "curar" (cf. o adágio: Medice, cura te ipsum!) e: "tomar contade cuidar de" (cf. Cicero rem publicam curat). O verbo morari, como verbotr~nsitivo, significa ain4a: "demorar, deter", como verbo intransitivo:"demorar-se" .

b) Quanto a deficere, cf. os seguintes exemplos:Vires me deficiunt As fôrças me falham/abandonamMilites a rege defecerunt Os soldados desertaram do reiBarbari ad Caesarem deficiunt Os bárbaros transfogem paraCésar

c) Quanto a detrectare:Detrectasti militiamDetrectasti virtutem hostium

arrependo-meaborreço-meenvergonho-meesquece-meenfastio-me

estar escondido depreparar-se paraligar paravingar-se de

paenitet mepiget mepudet mepraeterit metaedet me

latérepararemorariulcisci

[§73]

desperant salutem:"desesperam da salvação"

doleo mortem patris:"lamento a morte do pai"

gaudeo adventum tnum:"alegro-me com a tua vinda"

horreo monstrum:"tenho horror ao monstro"

indignor injuriam:"indigno-me com o desafôro"

laetor casnm tnnm:"alegro-me pelo que te aconteceu"

ludo inimicos:"zombo dos inimigos", ou: "ilu-do os inimigos"

queritnr fatnm:"queixa-se do destino"

rideo arrogantiam tuam:"rio-me de tua arrogância"

VERBOS IMPESSOAIS, dos quais mencionamos

(não) me convémpassa-se despercebidoescapa-meapraz-metenho pena de

ligar parafalharI:!squivar-seadesculpar-se de

doer (intrans.)

estar indignado

desesperar

jogar, brincar

arrepiar-se

estar alegre

estar alegre

rire-se)

queixar-se

dolére

horrére'1>,

desperare

gaudére

102

ludere

laetari

queri

ridére

indignari

curaredeficeredetrectareexcusare

Nota. Quase todos llstes verbos podem ser construídos tam-bém com de mais abl., p. e.: desperare de salute; gaudeo de adventntuo; etc.

Todos êstes verbos admitem também outras construções. Regis-tramos aqui:

a) Curare e morari, no sentido de "ligar para", são pràticamente s6usados em frases nel,,'ativas, p. e.: nlud non curo/moror ("Não ligo paraaquilo, Não me interesso por aquilo", etc.). Mas curare pode significar

2) AlgunsaqUI:(de)decet mefallit mefugit mejuvat memiseret me

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104 Sintaxe latina super-ior [§ 73] [§ 74] A sintaxe dos casos 105

IV. O acusativo eliptico. Às vêzes, falta ao ar. de objeto direto overbo, o qual geralmente pode ser completado com muita facilidade pelocontexto. Tal ac. elíptico ocorre sobretudo em certas locuções fixas, p. e.:

2) Também alguns outros prevérbios, tais como ad-, ex-,in-, ob-, per-2 e sub-, podem exercer a mesma influência. For-mular regras exatas a êsse respeito é muito difícil, se nãoimpossível. A única regra prática talvêz seja esta: o latim

, tende a considerar como verbos transitivos os compostos quetêm sentido figurado, mas prefere repetir a preposição (ou,usar preposição congênere) no sentido literal. Exemplos:

IH. Acusativo de parte. Na frase: perfusus genas lacrimis, aforma genas era originàriamente um ac. de objeto direto (cf. §60, IH, 2)dependente da V.M. perfusus. Mas a voz média já não era uma categoriaviva em latim historico, de modo que perfusus começou a ser interpretadocomo Parto Pf. da V.P. Foi então que o ac. genas chegou a ser consideradocomo "ac. de parte", construção muito comum em grego e imitada, pelospoetas latinos (daí se chamar também de "ac. grég\!."), principalmentepara indicar as partes do corpo e a origem biológica. Este ac., verdadeiro"helenismo" na linguagem poética de Roma, é empregado também emcasos, onde não pode remontar a um ac. de objeto direto, e onde a prosausaria o abJ. de relação (cf. §82, V). Exemplos:Qui genus estis'l De que raça sais? (lit.: Quem sais

quanto à raça?)Tremit omnes artus Treme em todos os seus membros

excessi ex urbe: "saí da cidade"

Eis a razão porque estou tristeEis o homem!*

Prestei um juramento conforme àverdade

Os soldados travaram urna batalhaintensa

Êstes homens levam urna vidamiserável

Nota. Sem atributo na antiga fórmula jurídica: servitutemservire = "servir, ser escravo".

Hi viri vitam miseram vivunt

Milites acre proelium pugnaverunt

Juravi verissimum jus jurandum

2) As duas interjeições en e ecce ("eis") são, em latim arcaico evulgar, geralmente construíâas com o ac., ao passo que a prosa clássicaprefere o nom. Exemplos:En causam/causa cur doleamEcce hominem/homo!

§74. Funções secundárias do acusativo. - Fora doac. de objeto direto são importantes estas outras funções:o ac. de objeto interno (I), o ac. de extensão (U), o ac. deduração (lU), e o ac. de relação (IV).

L Objeto interno. 1) Verbos transitivos e intransitivospodem ser construídos com um ac. de um substantivo (emprosa clá.ssica, nunca sem atributo) que exprima a mesmaidéia que a ação verbal. Êste ac. chama-se "ac. de objetointerno" (têrmo gramatical), ou então: "figura etymologica"(têrmo retórico). O subst. no ac. tem muitas vêzes o mesmoradical que o verbo. Exemplos:

Esta frase pode ser explicada como forma abreviada do A. c. r.exclamativo (cf. §17, H): lJ!lemiserum (esse magnopere doleo), mas é muitoduvidoso que os romanos tenham possuído consciência da elipse. Sejacomo fôr, o ac. passou a ser considerado corno caso apropriado para expri-mir indignação, surpresa, decepção, etc., também em exclama,ções sempredicado, p. e.: O fallacem spem hominum! ("Como é falaz a esperançahumana!", etc. Nestas construções encontramos muitas vêzes uma inter-jeição, p. e. o, pro, (menos corretamente escrito: pro(h), heu ou eheu; asduas primeiras são muitas vêzes construídas também com o voe. (cf. §92);as interjeições vae e (h)ei pedem o dato (cf. §78, I). Exemplo:Pro deum (= deorum) fidem! Pelo amor dos deuses!*

V. '0 acusativo exclama·tivo. I) Temos elipse igualmente na se-guinte expressão:Me miserum! Coitado de mim! Ai de mim!

2) Daí se originaram locuções abreviadas dêste tipo:Sanguinem sitiunt (= sitiunt sitim Têm aêde de sangue.sanguinis)

obiit mortem/supremum diem: "fa-leceu"

percurris opera Ciceronis: "per-corres as obras de Cícero"

subimus pericula: "enfrentamos osperigos"

Bobagem!A fortuna favorece os valentes

Em uma palavra (lit.: Por quedirei muitas/mais coisas?)

SENTIDO FIGURADO:

adeo libros sibyllinos: "consultoos livros'sibilinos"

excessisti modum: "excedeste amedida"

ingredior consulatum: "assumo oconsulado"

obit legationem: "encarrega-se deurna deputação"

}

SENTIDO LITERAL:

adeo ad fontem: "vou à fonte"

percurris per mare: "vagueias pelomar"

subimus in montes: "subimos asmontanhas"

ingredior in urbem: "entro nacidade"

obit ad hostium impetus: "vai deencontro aos ataques dos ini-migos"

Quid multa 'I (se. dicam)

Quid plura 'I (se. dicam)Nugas! (se. dicis)Fortes fortuna (se. adjuvat)

Page 59: Besselaar Propylaeum Latinum 1

[§ 74] A sintaxe dos casos 107----------J~---

2) OBSERVAÇÕES: a) Ao ac., que responde à questão:quamdiu?, pode acrescentar-se a preposição per, p. e.: Amieusmeus per tres dias Romae mansit (cf. em inglês: jor three days).

H. O acusativo de extensão. Na frase: AmbulaviZongam viam, o ac. longam viam indica o objeto interno; n::~slongam viam podia fàcilmente ser trocado com dua. mt!tapassuum, e assim nasceu o "ac. de extensão". :Êste ac. mdlCaa distância percorrida, mas usa-se também com os verbosabesse e distare, e com os adjetivos altus, latus e longus.Exemplos:

IH. O acusativo de dupação. 1) Os exemplos dadosacima referem-se ao espaço, mas o mesmo ac. pode ser apli-cado também ao tempo ("ac. de duração"). Usa-seêste ac.para responder à questão quamdiu? ("durante quanto tem-po ?"), ou: quamdudum? ("desde quando ?"), ou: ex quotempore ? ("quanto tempo faz que ?"). Estas duas últimasfunções derivam da primeira. Exemplos:

PRONOMES E ADJETIVOS.multum muitonihil nada, absolutamente

não

quid? a) em que ponto?b) ror que?

id aetatis desta idadeid temporis neste tempo, nesta hora

aetatis e temporis, cf. §88, V, lb.FORMAS NEUTRAS DEum pouco, um tantoquanto ao maisa) neste pontob) ror isso

2) NASaliquantumceterum/ceterahoc/istudjillud, \id, etc. f

b) O adv. abhine (lit.: "daqui a", mas quase sempreusado em relação ao passado: "de... para cá") , pode serconstruído também com o abl., p. e.: Pater meus abhinc tri-ginta annis mortuus est.

e) A frase: "Mau pai faleceu há 30 anos" pede ser tra-duzida também desta maneira: Pater meus ante (hos) trigl:ntaannos mortuus est.

d) Também natus (est) é combinado com o ac. de duração.Talvez se explique esta construção pela influência dos adj.altus, latlls, etc.; talvez pela elipse de uma forma do verbovivere ou verbo semelhante. Exemplo: Pater meus sexagintaannos natus est: "Meu pai tem sessenta anos de idade".

e) Para responder à questão: in quantum tempus ? ("porquanto tempo ?"), o latim serve-se da prep. in mais ac., p.e.:Pax jacta est in triginta annos: "A paz foi feita por trinta anos".

IV. O acusativo de relação. Formalmente, o ac. derelação (p. e.: Cetera assentior Ciceroni = "Nos outros pontosconcordo com Cícero") não se distingue do ac. de parte (p. e.:Tremit omnes artus = "Treme em todos membros"), masquanto ao emprêgo dos dois, as diferenças são consideráveis.O ac. de parte (d. §73, IH) usa-se só em poesia para indicara origem biológica ou uma parte do corpo; o ac. de relação émuito comum também em prosa, mas limita-se quase exclu-sivamente a algumas formas neutras de prQnomes e adjetivos.Ao passo que o ac. de parte é um "helenismo", o ac. de relaçãoé uma construção genuinamente latina, originada pelo ac. deextensão (porque indica "até que ponto" a ação verbal con-segue realizar-se). Finalmente, o ac. de relação aproxima-semuito da função adverbial, o que não se pode dizer do ac.de parte. Damos aqui alguns exemplos de ac. de relaçãomuito usados:

1) NAS LOCUÇÕES:magnam partem em grande parteid genus desta espécie

Nota. Quanto aos gen.

{

\

I

I\,I

i

J

[§74}

Meu amigo ficou três dias emRoma

Já faz três anos que estou guer-reando

Já faz mais de três anos que ....(lit.: já é o quarto ano emque ..... )

Meu pai faleceu há 30 anos

Cheirar a bodeA menina sorri suavemente

o exército avançou três milhas

Os inimigos achavam-se a umadistância de três milhas (ou:distavam três milhas)

A trincheira do acampamentotinha três pés de profundidade,e dez de largura

construí dos também como abl., cf.

Ter o sabor de açafrão

Sintaxe latina superior

Pater meus abhinc triginta annosmortuus est

Tres annos jam gero bellum

Quartum annum jam gero bellum

A micus meus tres dies Romae mansit

Fossa castrorum tres pedes alta etdecem pedes lata erat

Nota. Distare e abesse são§84, IV, 1.

Éxercitus tria milia (passuum) pro-gressus est

Hostes tria milia aberant/distabant

106

Crocum sapere (= sapere saporemcroci)

/ Hircum olere (= olere olorem hirci)Puella dulce ridet (= dulcem risumridet)

Page 60: Besselaar Propylaeum Latinum 1

. Nota. São construidos com êste ac. de relação principalmente osverbos que exprimem afetos (cf. commoveri, .lae~ar~, m~estum ess~),vontade e esfÔrço (cf. projicere e studere), mcnmmaçao e coaçao(p. E..accusare. cogere, etc.), quer sejam transitivos, quer sejamintransitivos (p. e. o verbo studere. que pede normalmente o dat.);mas também outros verbos podem ser combinados com o ac. derelação (cf. venire, eS.oe; dubitrt'Fe, et~.), de modo qu~ é bastantedifícil formular regras E.xatasa respeIto do seu emprego.

Sintaxe latina superior

Notas.

1) O verbo habere significa, na V. P., quase sempre: "ser con-siderado, ser tido por", p. e.: Semper amicus a me habitus es ("Semprefoi considerado amigo por mim"); na V. A., o significado é geral-mente diferente, p. e.: Habeo te amicum ("Possuo em ti um amigo").Para exprimir "ter por, considerar" mediante o verbo habere naV. A., o latim prefere locuções dêste tipo:

Habeo te pro amico }Habeo te loco amid Considero-te (como) amigoHabeo te in numero amicorum

2) Também ducere e putare são muitas vêzes construídos compro, in numero e loco.

3) Acontece que haberi (V. P.) às vêzes significa: "ser tido/possuído", p. e.: Virtus aeterna habetur ("A virtude é possuída parasempre", ou: "A virtude é uma aquisição para sempre").

109

o general tornará mais seguro ocaminhoO caminho será tornado maisseguro pelo general

A sintaxe dos casos[§75]

Dux viam tutiorem reddet (V. A.)

Via tutior reddetur a duce (V. P.)

[§75]

Ficou um pouco impressionadoDe resto, era gregoAlegro-me muitoNão fiz nenhum progresso/Nadaprogredi

Amigo, por que vieste?Meu amigo fêz êste esfÔrçoPor isso minha mãe está tristePor isto viemos/Por causa distoviemos

108

Exemplos:Aliquantum commotus estCeterum Graecus eratM ultum laetorNihil projeci

A mice, quid venisti?Amicus meus hoc studuitI d mater mea maesta estHoc venimus

Todos êstes verbos, convertidos para a construção pas-siva, têm duplo nominativo (cf. § 59, 1). Exemplos:Cicero jecit jiliam heredem (V. A.) Cícero designou sua filha herdeiraFilia a Cicerone heres jacta est A filha foi designada herdeira por(V. P.) Cícero

§75. O duplo acusativo. - Muitas. v~zes . acontec~que um verbo traz consigo mais de um ac. DlStm?~Imos aq~Ios seguintes casos: o duplo ac. com verbos transItIvos-pred~-cativos (1) com verbos compostos (II), com verbos de mOVI-mento (1I!), ac. de pessoa e ac. de coisa (IV-V), ac. do todoe ac. da parte (VI).

L Os verbos transitivos-predicativos. No grupo deverbos transitivos-predicativos (cf. § 19, I, 2b), um dos doisac. indica o objectum re1: ajjectae, o outro indica o obje?tur;"1'ei ejjectae (cf. §69). Os mais importantes são os que sIgm-ficam: "eleger, nomear, considerar, tornar", etc. Em latim:

II. Os verbos compostos. Os verbos compostos comci'lcum-, praeter- e trans- (cf. §73, II, 1), quando o verbosimples já é transitivo, admitem dois acusativos: um é ac. deobjeto direto, o outro depende do prevérbio. Exemplos:

César transportou as tropas parao outro lado do rio

As tropas foram por César trans-portadas para o outro lado do rio

Ensino-te a língua latinaEstudas comigo a língua latina

Caesar copias jlumen traduxit (V.A.)

Copiae a Caesare jlumen traductaesunt (V. P.)

III. Os7verbos de movimento. Os verbos (transitivos)de movimento podem estar igualmente com dois acusativos:um de objeto direto, o outro de direção. Exemplos:Caesar legatos Romam misit (V. A.) CésarenviouembaixadoresaRomaLegati Romam missi sunt a.Caesare Embaixadores foram enviados a(V. P.) Roma por César

IV. Pessoa e coisa. Os verbos docere ("ensinar, infor-mar"), celare ("esconder, ocultar"), rogare ("pedir"), jlagitare= postulare = poscere ("exigir, pedir") podem reger doisacusativos: um indica a pessoa, o outro a coisa. Exemplos:Doceo te sermonemlatinum (V. A.)Discis a me sermonem latinum(V. P.)

"tornar, fazer""eleger""considerar, ter por""nomear""chamar (de)"

jacere, reddere (cf. francês: rendre)creare, eligereducere, habere, putare, existimaredicerevocare, appellare

Page 61: Besselaar Propylaeum Latinum 1

V. Pessoa e coisa (= ac. de relação). Os verbos tran-sitivos, que exprimem afeto, vontade, esfôrço, incriminação,coação, etc. (cf. §74, IV, 2, Nota), podem ser construidQs comdois acusativos: um da pessoa, o outro da coisa (= ac. derelação); na V. P. conserva-seêste ac. de relação. Exemplos:

Notas.1) O verbo rogare admite duplo ac. s6 na expressão: rogare

aliquem sententiam. - Note-se bem que rogare significa: a) "per-guntar" (ci. §64, I, nota 1); b) "pedir".

2) São estas as construções mais usadas de rogare:rogare (interrogare) aliquem de aliqua re ("perguntar");rogare aliquid de aliquo ("pedir");rogare aliquid ab aliquo ("pedir") (constr. rara);rogare aliquid ("pedir")rogare aliquem mais pergunta indireta ("perguntar");rogare aliquem ut mais Subj. (cf. §145, II), ("pedir").rogare legem ("propor uma lei")rogare populum ("consultar o povo a respeito de uma lei")3) S6 poscere - e apenas na linguagem poética - admite a

construção passiva, p. e.: Poscimur carmen: "Pede-se-nos umpoema". Mas poscere, postulare e flagitare admitem, na V. A.,também esta construção: Caesar ab Aeduis frumentum poposcit/,postulavit/flagitavit, de modo que a construção normal na V. P.seria: Frumentum ab Aeduis postulatum est (a Caesare). Evita-se,porém, esta construção na V. P., porque é ambígua, sendo que ésubstituída pela construção ativa.

4) Ao lado de: ceio te aliquid, encontramos também: ceio tede aliquã re; é esta a única construção possível na V. P.

5) Todos êstes .verbos podem ser construídos com dois ac.,quando o ac. de coisa indica relação (cf. §74, IV e §75, V).

Doceo te de adventu meo (V. A.)Doceris a me de adventu meo (V. P.)

111

Fere Látago no rosto

A sintaxe dos casos[ § 76 ]

Obrigo-vos a isto (ou: a fazer isto)Sois ob'tigados por mim a fazeristo

Acus0ue daquiloÉs acusado por mim daquiloDamo-vos muitos conselhosSão-vos dados muitos conselhospor n6s

Perguntou-me certas coisasForam-me feitas certas perguntaspor êle

VI. Todo e parte. Os autores da época arcaica e os poetas usamo duplo ac. na chamada construção in totum et in partem: os dois ac. indi-cam o objeto direto, mas um o designa na sua totalidade, e o outro s6em parte. Exemplo:Latagum occupat os

§76. A natureza do dativo. - Também odat. exprime, emúltima análise, o têrmo final da ação verbal, mas, diferentemente do ac.,não designa o têrmo final efetivo ou real, e sim, o TERMO FINAL IDEAL ouINTENCIONAL da mesma. O dato indica, portanto, a quem ou a que sedirige, se refere, ou interessa a ação expressa pelo verbo. Assim se explicamo dato de objeto direto, bem como o dato de interêsse; assim se explica tam-bém o dato final. A distribuição da matéria será muito simples: ini-ciaremos a nossa exposição pelo dativo de atribuição; em seguida, veremosas principais funções secundárias do dat.: depois, estudaremos o duplo datoe finalmente trataremos do dato combinado com adjetivos.

§77. O dativo de atribuição.. - L Funções elemen-tares. Sob êste denominador resumimos alguns dativos defunções muito semelhantes: o dato de objeto indireto (nosentido "neutro" da palavra), p. e.: dicit mihi aliq1}id ("diz-mealguma coisa"); o dato de cômodo, p. e.: do tibi librum ("dou-teum livro"); o dato de incômodo, p. e.: minor t1'bi poenam("ameaço-te castigo"); o dato de interêsse, p. e.: non scholaediscimus ("não estudamos para a escola"); e o dato de apro-ximação, p. e.: haereo tibi ("apego-me a ti").

1) O DATIVO DE CÔMODO E INCÔMODO, etc. Quanto aodato de objeto indireto e ao dato de cômodo e de incômodo,não precisamos dar um comentário extenso. Basta dizermosque os limites entre os dois tipos são muito vagos, e que só

O DATIVO

Rogavit me quaedam (V. A.)Rogatus sum quaedam ab eo (V. P.)

Illud te accuso (V. A.)Accusaris illud a me (V. P.)Multa vos admonemus (V. A.)Admonemini multa a nobis (V. P.)

Cogo vos hoc (V. A.)Cogimini hoc a me (V. P.)

[§ 75]

Informo-te da minha vindaÉs informado por mim da minhavinda

Não te escondi meu receio(lit.) Não fôste deixado em igno-rância por mim a respeito domeu receio

O cônsul pede ao senador (paraque dê) seu parecer

O senador é convidado pelo cônsula dar seu parecer

César exigiu que os éduos forne-cessem trigo

Sintaxe latina superior

Mas:

110

Consul senatorem sententiam rogat(V. A.)

Senator a consule sententiam rogatur(V. P.)

Caesar Aeduos frumentum poposcit/postulavit (V. A.)

Non celavi te metum meum (V. A.)N on es celatus a me de metu meo(V. P.)

j

Page 62: Besselaar Propylaeum Latinum 1

113

sanar, remediarameaçar

combinar comconversar commisturar comaproximar-se delutar com/contraaliar a

Meu amigo manda-me uma carta.

Teu escravo trouxe-me uma carta

jungereloquijcolloquimiscerepropinquarepugnaresociare

mederiminari/minitari

A sintaxe dos casos

assistir, ajudarauxiliar

igualar aacostumar-se arivalizar comconcordar comdiferir dediscordar de

[§ 77 ]

adesseauxiliari

Muitos dêstes verbos (p. e. consentire, pugnare, jungere, etc.)são, em prosa clássica, preferivelmente combinados com cum maisabl. sociativo (cf. §83, I, 3); outros com ab mais abl. separativo(cf. §82, I, 2a, p. e.: abesse e dijjerre); outros ainda com o abl.instrumental (p. e. assuescere, cf. §84, I, 2a.

II. Discreptincia de regime. Alguns verbos latinos, cujosentido genérico é o de "favorecer" ou de "prejudicar"(l),pedem o dat., ao passo que seus equivalentes em portuguêssão ou transitivos ou relativos (mas de construção diferenteda latina). Os mais importantes são:

o dato de aproximação é mormente usado em combinaçãocom verbos de movimento (tais como: adferre, inferre, immittere,etc.) e podia fàcilmente desenvolver-se no sentido de um datode direção (cí. §79, II, 2). Em prosa clássica, encontrâmo-Iorelativamente poucas vêzes, a não ser com verbos compostosque tenham sentido figurado (cí. infra, III). Mencionamosaqui, além dos verbos mittere e ferre, os seguintes verbos sim-ples: copulare ("ligar a") e haerére ("estar prêso a, ter apêgo a").

Notas.1) A expressão corrente em latim clássico é: scribere litteras/

epistularr; ad aliquem, não: alicui.2) Em poesia e na prosa da época imperial, o dato de aproxi-

mação ganha cada vez mais terreno, vindo a ser combinado comverbos que exprimem a idéia de "misturar, unir", "concordar" (e,por analogia, também a idéia de "discordar", "separar"), "conver-sar", "lutar" e "acostumar", etc. Damos aqui algu~ -'1 exemplos:

aequareassuescerecertareconsentiredijjerredissentire

(1) Mas adjuvare (= "ajudar") pede o ao.

Amicus meus epistulam ad me lmittit

Amicus meus epistulam mihi JmittitServus tuus epistulam ad me tulit \Servus tuus epistulam mihi tuZit f

[§77]

Livros são dados pelo professor(aos alunos)*

Não estudamos para a escola, maspara a vida

Lavramos para nós, como tambémcolheremos para nós

Sintaxe latina superior112

o significado do verbo decide se tal dato é simplesmente datode objeto indireto, ou se deve ser considerado como-dato decômodo ou de incômodo: em última análise, não existe aquiuma diferença gramatical propriamente dita, mas apenas umadistinção lógica.

Para o tradutor, êstes dois tipos de dato não apresentamdificuldades. Só pode ser útil saber que a um verbo "transi-tivo-relativo" em português corresponde, geralmente, um verbolatino que admite o ac. de objeto direto e, ao mesmo tempo,o dato de objeto indireto. Mas isso não quer dizer que, comtais verbos, o dato sempre esteja explícito. Na construçãopassiva, o dato continua dativo. Exemplos:Magister libros dat (discipulis) (V. O professor dá livros (aos alunos)A.)

Libri dantur a magistro (discipulis)(V. P.)

2) O DATIVO DE JNTER:êSSE. A única diferença entre êstedato e os dois dato já vistos é a que, no dato de objeto indireto,etc., a idéia de complemento se impõe à imaginação e fàcil-mente se completa, mesmo que não esteja explícita, ao passoque, no dato de interêsse, essa idéia possui mais fôrça e nãopode faltar sob pena de se alterar o sentido da frase. Em vir-tude dessa ênfase, o português não se pode servir, neste caso,dos pronomes oblíquos ("me, te, lhe", etc.), mas tem que usaruma tradução mais explícita: "para" ou "por causa de".Também o latim poderia empregar, em substituição a êstedat., as palavras causá ou gratiá com o gen. Exemplos:Non scholae, sed vitae discimus (ou:schoZae/vitae grati )

Nobis aramus, nobis metemus (ou:nostrã causã)

3) O DATIVO DE APROXIMAÇÃO. Também se usa o datopara exprimir a idéia de contato ou aproximação, idéia essaque igualmente nasceu do dato de atribuição: "interessar-sepor alguma coisa" resulta muitas vêzes em "entrar em contatocom a mesma". Para vermos bem a relação que existe entreas duas idéias, poderíamos dar êstes exemplos paralelos:

Page 63: Besselaar Propylaeum Latinum 1

3) Nubit alicui ("ela casa com alguém"); no Perfectum pode dizer-se:nupta (est) alicui e cum aliquo.

Nota. Em latim clássico não se diz: lnvideo tibi divitias, mas:Invideo tuis divitiis; assim também: Invideo vicini divitias (não:Invideo vicino divitias).

2) Alguns dêstes verbos admitem também outras construções, p. e.:

115

Convenci-vos de que isto era ver-dade

Persuadi-vos a falar a verdadeAconselhei-vos a não mentir

Estou presenteAjudo o amigoAlguns livros estão faltandoÊste homem descuida o EstadoO vinho é prejudicialA indignação prejudica o discursoCésar tem o comandoCésar comanda o exército

Dois reis ameaçam tôda a ÁsiaA colina domina a cidadeO general ameaçou-Ihes a morte

A sintaxe dos casos

4) Reparem na diferença entre imminere e min(itlari:

r § 77 ]

Persuasi vobis hoc esse verum

Nota. lmminere nunca admite ac. de objetá direto.

7) Todos os verbos assinalados acima, se é que admitem a formaçãoda V. P., admitem apenas a construção impessoal (cf. §40, lU; §59, lU).Só o verbo credére apresenta, às vêzes, formais pessoais, principalmente napoesia: credor = creditur mihi.

llI. Verbos compostos. Verbos compostos (derivadosde verbos transitivos e intransitivos) l'\ãofreqüentemente com-binados com o dat.; também pode ser repetida a preposiçãocontida no verbo composto, ou ser usada preposição congên'ere.Tão pouco corno no §73, lI, 2, é possível formularmos aquiregras exatas. Só podemos dizer que os poetas, em geral,preferem o dato (por motivos estilísticos), e que a prosa clás-sica emprega a preposição, quando o verbo tem sentido literal,mas usa o dat., quando o verbo tem sentido figurado. Masestas regras não têm valor absoluto, indicando apenas umatendência. Exemplos:

6) Os compostos de esse são muitas vêzes empregados de modo"absoluto" (cf. §40, I, nota 1) com ligeira modificação de significado.Exemplos:

(Per)suasi vobis ut verum diceretis(Per)suasi vobis ne mentiremini

AdsumAdsum amicoNonnulli libri desuntH ic vir deest rei publicaeVinum obestIra orationi deestCaesar praeestCaesar praeest exercitui

Duo reges Asiae toti imminentCollis urbi imminetDux mortem eis min(it)atus est

5) Persuadere, construído com o A. c. L, significa "convencer";construí do com ut (afirm.) ou ne (neg.) mais Subj., significa: "induzir a",ou: "aconselhar a, persuadir a", etc.; nesta última acepção pode usar-setambém suad re. Exemplos:

[§ 77 ]

prejudicarcasar (mulher)prejudicardetrairauxiliarpouparconvencer, persuadirchefiarajudarserviresforçar-se porpersuadir, aconselharpedir, rogar

O general confiava na disposiçãonatural do terreno

Congratula-te com a vitória

Terência casou com CíceroCícero casou com Terência

Neste ponto acredito em tiConfio-te minha fortunaO general ameaçou-lhes a morte,ou: O general ameaçou-os demorte "

Aconselha-te todos os crimesCongratula-te com a vitória

nocerenub~reobesseobtrectareopitulariparcérepersuaderepraeesseprodesseservirestuderesuadêresupplicare

r uxorem ducere{ in matrimonium ducérel ducére

Sintaxe latina superior

adularconfiar emcrer emfalar bem/mal denão auxiliardesconfiar defavorecercongratular-se comperdoarameaçartramar contraassistir ainvejar, odiar

"Casar" (o homem) quer dizer:

Dux naturã loci confidebat (assimsempre com confisus)

Gratulatur tibi de victoriã }Gratulatur tibi in victoriã

1) Alguns dêstes verbos são "transitivos-relativos" em latim,admitindo o ac. de objeto direto para exprimir a coisa (= geralmenteac. de relação, cf. § 74, IV) e o dato de objeto indireto para exprimir apessoa. Exemplos:H oc tibi credoCredo tibi jortunam meamDux mortem eis minatus est

(Per)suadet tibi omnia malaGratulatur tibi victoriam

Exemplos:

'!'erentia Ciceroni nupsitCicero Terentiam (uxorem) duxit

blandiriconjidérecredérebene/male dicéredeessedijjidérejaveregratulariignoscéreimminereinsidiariinteresseinvidere

114

OBSERVAÇÕES:

Page 64: Besselaar Propylaeum Latinum 1

116 Sintaxe latina superior [§ 77 ] [§ 77 ] A stntaxe dos casos 117

IV. Duplo regime de alguns verbos. - O significado de alguns'verbos varia, conforme fôrem combinados com o dato ou com o ac.Exemplos:

OBSERVAÇÕES:

1) Aqui não se trata, no fundo, de um novo tipo de dato dependentedo prevérbio; mas o dato de verbos compostos é, em última análise, ou datode cômodo e incômodo, ou dat de aproximação. Quanto à regência dosdiversos verbos compostos, impossível de expor aqui, ver o dicionário.

2) O dato com verbos compostos, que exprimem movimento, eramuito usado pelos poetas, dando origem ao chamado "dat. de direção",p. e.: deos Latia inferre = deos in Latium inferre; alto mari prospieiens =8uper altum mare prospieiens.

Na V. P. temos as mesmas variantes:

doar, dardespir, despojarvestir, cobrir

donareexuereinduere

Meu amigo foi presenteado comum anel de ouro

A cidade foi cercada de uma largatrincheira

O rei cercou a cidade de uma trin-cheira larga

Dou ao amigo um anel de ouro

Provideo magna pericula: "prevejograndes perigos"

temperat rem publicam: "governao Estado"; cf. temperat (a) la-crimis: "abstém-se de lágrimas"

aspergir, borifarcercar, rodearderramar em roda, cercar

Amieus meus anulo aureo dona- }tus est

Anulus aureus amieo meo dona- J.tus est

Urbs fossã latã circumdata est }Urbi fossa lata eireumdatã est

Dono amicum anulum aureum }Dono amieum anulo aureoRex urbi fossam latam cireum- )

dedit (lRex urbem fossã latã circumde-mt J

§78. Funções especiais do dativo. - As funções espe-ciais do dato latino derjvam das suas duas funções básicas, asaber: o dato de atribuição (I), e o dato final (II).

Notas.

1) Os abJ. são "instrTímentais", salvo com o verbo exuere,onde é abJ. de separação, cf. §82, l, 2b.

2) Na expressão: "conceder a cidadania a alguém" não sediz: civitatem danare alieui, mas apenas: eivitate donarealiquem.

3) O verbo exuere, no sentido literal, -tem o dat., p. e.: ex~opuero vestem, mas o abl. no sentido figurado: exuo patrem peeumã.

Exemplos:

a(d)spergerecircumdarecircumfundere

V. Dupla construção de alguns verbos. Podem serconstruidos com o dato e com oac. (alicui aliquid) como tam-bém com o ac. e o abl. (aliquid aliquã re) os seguintes verbos:

providet Deus hominibus,' "Deuscuida dos homens"

tempero mihi,' "domino-me"; cf.tempero illi viro: "trato-o comconsideração"

OBJETO DIRETO:

antecedit reginam: "vai à frenteda rainha", ou: "precede arainha" (tempo e espaço)

cave canem/a cane: "precave-te docão!", ou: "cuidado com o cão!"

consulo oraeulum: "consulto ooráculo"

metuo/timeo insidias: "temo umacilada"

convenio amieum: "tenho um en-contro com o amigo"

praestitit egregium facinus: "pra-ticou um ato notável"; cf. praes-tat se virum bonum: "mostra-sehomem honesto"

SENTIDO FIGURADO:

hoc mihi aceidit: "isto me acon-teceu"

adsum amico: "ajudo o amigo"

sueeessit patri: "sucedeu ao pai"

confero parva magnis: "comparocoisas pequenas com grandes"

detulit nomen meum praetori: "de-nunciou-me ao pretor"

injieio terrorem hostibus: "incutoterror aos inimigos"

intersum ludis: "assisto aos jogos"

consulo valetudini: "cuido da mi-nha saúde"

metuo/timeo valetudini patris: "temopela saúde do pai"

convenit mihi tecum haee res: "con-cordo contigo neste assunto"

praestas ceteris: "és superior aosdemais"

OBJETO INDIRETO:

anteeedit omnibus soeiis: "sobre-puja todos os seus companhei-ros"

caveo matri: "cuido da mãe"

SENTIDO LITERAL:

accido ad terram: "caio ao chão"

adsum ad portam: "estou junto àporta"

conferunt arma in unum: "levamas armas para um só lugar"

defero epistulam ad Cieeronem,'"levo a carta a Cícero"

injieio me in medios hostes,' "lan~ço-me no meio dos inimigos"

templum inter collem et f'uviuminterest: "o templo fica entreo morro e o rio"

suceedit. sub um.bras,' "desceu aoinferno/às sombras"

Page 65: Besselaar Propylaeum Latinum 1

L Funções derivadas do dativo de atrib":;ição.1) O DATIVOEXCLAMATIVO.1tste dato é empregado com

as interjeições vae e (h)ei: "ai!". Exemplos:

Notas.1) O dato posso é muito comum em expressões dêstes tipo:

Mihi est nomen Antonius/Antonio ("chamo-me Antônio"); comose vê pelo exemplo, o nome próprio pode concordar commihi (atra-

119A sintaxe dos casos[§ 78 ]

ção) ou com nomen (apôsto). Assim se diz também: Nomen tibido/indo Antonium/Antonio.

2) Tratando-se de qualidades morais ou intelectuais não sepode usar o da~. posso A frase: "Êle tem muita prudên~ia" não<;levese.r traduzJda: Multa prudentia ei est, mas: Multa prudentiam eo (m)est, ou: Magnã prudentiã praeditus est, etc.

.5) O D~TIVODEAGENTE.Já conhecemos o dato de agente(latIm: datwus auctoris) em combinação com o gerundivo(cf. §34, I). A frase: Epistula mihi est scribenda significa aopé da letra: "Para mim existe a obrigação de ~screver ~macarta" .

O dato de agente emprega-se também, embora menosfregüentem~n~e, c?m oste~pos do. Perfectum na V. P.; tipo:JIp1stula m1h1 scr1pta est: 'Por mIm foi escrita uma carta".Este emprêgo foi originado pelo Pf. Presente (cf. §48, II) e atradução literal seria: "Para mim existe a carta (já) escrita"·com o tempo, o dato foi sendo empregado também onde ~Perfectum já não indicava actio perfecta, mas actid aoristade modo que Epistula mihi scripta est passou a significar~"Escrevi uma carta"., Muito menos comum e limitado à linguagem poética e à

prosa pós-clássica é o emprêgo do dato de agente com os tem-pos do Infec~um; tipo: epistula mihi scribitur: "a carta éescrita por mim". Esta construção é uma inovação analógica.

3) O DATIVO ÉTICO. O dato ético, só usado com as formas de L" ed.a 2.~pessoa do pron. pessoal (mihi, tibi, nobis, vobis), exprime viva parti-clpa~ao de certa(s) pe.ssoa(s)na ação verbal, encontrando-se principalmentena lmguagem coloqUIal e em apóstrofes retóricas. Exemplos:,Eeee mihi laerimare ineipit! Eis que êle (me) começa a chorar!Eeee Cato tibi advolat ad rostra! Eis que Catão (te) vem correndo

à tribuna!

Nota. Reparem 1;:Jemna locução: Quid sibi hoe vult? ("Quesignifica/quer dizer isto ?")4) O DATIVO DE REFERÊNCIA. Êste dato (em latim: dativus relalionis

ou judiea"';tis) é relativamente raro em latim; sua função é a de designara pes~?a, a ,~ual a frase co~o todo se refere. Em português se diz: "paraquem ou de ponto de vIsta de quem", etc. Exemplos:

H oe opp~durr: primum .Thessaliae Esta cidade é a primeira da Tes-est vemenl1bus ab Ep1ro sália para quem vem de Epiro

Suum euique pulehrum est Cada um acha bonito o que temMihi lauta sum A meu ver, sou moça elegante

I',

I\.

[ § 78]

Tenho um livro

Ai do solitário!Ai dos vencidos!Coitado de mim, que farei?

Sintãxe latina superior118

A diferença 'entre as duas construções é que, em Mihiest liber (dat. possessivo), se salienta a posse e que, em L1'brumhabeo, se chama a atenção para o direito de propriedade (cf.§88, I, 1).

M ihi est liber = Librum habeo

Cf. §73, V.

2) O DATIVOPOSSESSIVO.A frase da Bíblia: "Ela tepisará a cabeça" é pràticamente igual a: "Ela pisará tuacabeça". Entretanto, há uma ligeira diferença entre as duasconstruções: na primeira, frisa-se que a ação verbal afeta,embora indiretamente, uma pessoa: na segunda, averigua-sesimplesmente que a cabeça pertence a uma pessoa. O datoé, portanto, mais vivo e plástico do que o adj. possessivo(ou gen.), e por isso mesmo chama-se muitas vêzes de "dativosimpatético". O português emprega freqüentemente o datosimpatético como recurso estilístico para evitar repetiçõesincômodas do adj. posS., etc.; apesar de ter perdido muitoda sua frescura original, continua a ser um meio elegante,p. e.: "Ao indagar a natureza desta instituição, faz-se misterque lhe conheçamos as raízes históridas, as peripécias atravésdos séculos, e as sucessivas transformações", em lugar de:"suas raízes, suas peripécias, e suas transformações".

Também o latim se serve do dato simpatético, p. e. nafrase: Versatur mihi ante oculos = Versatur ante oculos meos("está diante de meus olhos"), mas geralmente limita seuemprêgo a algumas construções bem definidas, sobretudo como verbo esse. Exemplo:

Vae soli!Vae 'VÍetis!Ei mihi, quid faciam?

Page 66: Besselaar Propylaeum Latinum 1

120' Sintaxe latina superior [§ 79 ][§ 80 ] A sintaxe dos casos 121

a/para

(des)iguaIvizinho

p. e.:hostil ainfesto ahostil aodioso apernicioso a/parafavorável aútil a/para

e.:

(dis) par }(dis)similisvicinus

Notas.

lI. Dativo de aproximação, p.afim acoerentemente comde acôrdo com

lIr. Dativo final, p. e.:aptus;idoneus apto, idôneo a accommodatus apropriado

Êstes adj. admitem também ad mais ac., cf. §31, IlI, 1.

ajjiniscongruenterconvenienter

§80. O dativo combinado com adjet.ivos: - S~diversas as funções exercidas pelo dato ~m combmaç?,o com uad'etivo ou com um advérbio. MenclOna~os a,9Ul apenas odaL de cômodo e incômodo (I), de aprOXlmaçao (lI), e definalidade (rlI).

r. Dativo de ctJmodo e de inctJmodo,I hostilis

acceptus agradáve a injensus \adversarius contrário a fI injestusam"cus amigáve para com

, b é I inimicusbenignus benigno, en vo o cominvisus

carus caro a perniciosusdiJ.jicilis difícil paraf '1 propitius

jacilis áCl para l'uti 2Sgratus grato a

~~. .1) Alguns dêstes adj., tais como amicus e inimicus, .Sã~mUltas

vêzes substantivados; neste caso,. são le~a~~eu:ea::~ll~::e~:. como gen. (ou adj. poss.), p. e.: am2CUS no n, . .d' ue ex rimem antipatia ou sImpatIa, podem ser

~) Os a J., b<J,mco~ uma das três preposições: in, erga (esta;~:~I~t~~~at~~a;ões amistosas) e adversus/adversum (as três pedem

o ac.). 'A' b' "ão3) O d' que exprimem utilidade, convemenCla, o l'lgay ,s a J"A • 'ão muitas vêzes combinados também cometc., e s~u_sandt(ommaml'soasc')sp e utilis jacilis, dijjicilis, perniciosus, etc.a prepOSIçaoa ., .. ,

. . o en' em prosa1) (Dis)similis pedia, em latIm arcaIco, g:. .clássica usa-se o dato para indicar semelh~nç~ :Pl~rCl(~lp'rOeváove1~~)'. ' . Ih t t I p e' ven S2m2~s ,para mdlCar a seme 8,nça o.a, .;. f I t' mo") mas:e tui similis semper juisti ("sempre f?Jte le a I~b~~) ,canis lupo similis est ("o cão é pareCI o com o o o .

2) Os adv. congruenter e convenienter oc~rremmormefnter:edstdas. . = "VIver em con orml a eexpressõest: con~~n(2aendátegrion~~~a:s~~r~~~)e: sibi constanter loqui =com a na ureza . _ " ,"falar coerentemente consIgo ).

marcar"o dia para um encontroescolher um lugar para o acampa-mento*

César foi em socorro de LabienoO professor dá um livro de pre-sente ao alunoIsto me é motivo de alegria/detristeza/de preocupação

Levo-te isto a malPara quem foi essa coisa provei-tosa?Reputo isto vergonhoso para tiÊste cônsul considerou o Estadocomo uma fonte de renda parasi e seus amigos

lI. O dativo final.

1) O DATIVO FINAL :PRàPRIAMENTE DITO. Já encontramosêste dat" falando do gerúndio/gerundivo (cf. §31, lI, 2); emgeral, a prosa clássica prefere ad mais ac. Encontrâmo-Ioainda em algumas expressões isoladas, p. e. canere receptui("dar sinal para a reti~ada") e cui rei? ("para quê ?"), sobre-tudo em latim arcaico; além disso, em expressões dêste tipo:diem colloquio dicerelocum castris deligere

2) O DATIVODEDIREÇÃO.O dato final indica finalidade ou intenção(jinis in ordine intentionis); mas o mesmo dato pode indicar também ofim corno têrmo final (jinis in ordine executionis). Esta função é muitorara, limitando-se à linguagem poética, p. e.: lt caelo clamor: "O clamorse eleva ao céu". Talvez tenha sido originado pelo emprêgo do dato comverbos compostos que exprimem movimento (cf. §77, IIl, 2).

Quanto a odio tibi sum, etc., cf. §60, lU.

§79. O duplo dativo. - T. Combinações importan-tes. O duplo dato consiste na combinação de um dato deatribuição com um dato final. Emprega-se principalmente comos seguintes verbos:

1) dare, mittere, venire, arcessere ("mandar vir");2) esse (no sentido de: "servir de, ser motivo de");3) habere, dudire (no sentido de: "considerar, ter por");4) vertere, dare (no sentido de: "atribuir, imputar").

Caesqr Labieno auxilio venitM agister librum dono dat discipulo

lI. Exemplos:

II oc mihi gaudio/dolori/curae = cor-di est

II oc tibi vitio verto/doCui bono juit ea res 'I

II abeo tibi hoc probrolIic consul rem publicam sibi etamicis quaestui habuit

'1

Page 67: Besselaar Propylaeum Latinum 1

A. sintaxe dos casos

o "hl. de que preço é o instrumento (o'i"'" "c t50mpm um", p. e.: ITunc librurn emi viginti 8estertÍ'i8"n,j êste livro por vinte sestércios").' .

3) O abl. de causa, que indica a causa eficiente da ação verbal:" c'LUsaeficiente tem em comum com o instrumento o poder efetuar alguma<'<lisa. Exemplo: fame interiit ("pereceu de fome"). .

4) O abl. de medida que indica o grau de diferença entre duas coisascomparadas, p. e.: Haec f~ssa tri~,us P!!dibu8 altio~ e.st quam ill?, ("e~ta;\v~,j,a(, :3 pés mais alta do que aquela ). Este abl. ongma-se, mUlto Plo.Vúl6I-Illcnte, do abl. de causa, porque o complemento tribus _pedibu8 desIgna acausa da profundidade maior desta vala em comparaçao com aquela.

lIr. O Locativo. 1) O abl. de lugar prôpriamente dito respondequestão: ubi? Geralmente p;ecedido de uma prepo~ição (~n, sub, ~rO,~li;~!..emprega-se ainda sem acréscImo algum em expressoes, taIs como. Ddp •..~8habito ("moro em Delfos").

2) Os têrmos relativos ao espaço vêm.f~cilmente a ser apl~c~do~,t:".~1-bém ao tempo: é um fenômeno que se verIfICaem numerosos IdlO~M,."cIem português: "Aí compreendi que estava enganado", e: "Daqu~ _ nrnsanos". Em latim está bem conservado o abl. de tempo, p. e.: llla("naquela noite").

IV. Observações. 1) As origens históricas de algumas fUliçõessintáticas do abl. latino são.discutidas. Segundo alguns, o abl. de compD-ração seria um abl. sociativo ("compara~o com"); seg~u~~ooutro,;" umseparativo (cL supra, I, 3). Tambem dl.verge~ as opmlOes quan,:} , ,raÍzes históricas do abl. de relação (separatlvo ou mstrumental ?), ~e (!Bousa(séparativo ou instrumenta.! ?), etc; peixamos de lado essas questoes, quepara nós são de somenos ImportânCIa.

2) Não há dúvida de que, em latim histórico, o caráter. comple~o eheterogêneo do abl. possibilitava várias interpenetrações dos_dlversos.tJ,p.~sde abl. Só em alguns casos isolados, chamaremos a atençao dos leltclE.Spara êsse fato.

§82. O Separativo latino. - Podemos di~tinguir,oabl. separativo propriamente dito (1), o abl. de OrIgem (Ilj,o abl. de comparação (lU), o abl. de agente (IV) e o abL derelação (V).

L O Separativo propriamente dito. 1) Usa-se eomnomes de cidades" etc., cí. §71.

2) Muitos verbos exprimem, cada u~ à suá n:an~ira, aidéia de separação. Teria muito pouca utlhdade reglstra·]os atodos êles e comentar-lhes as diversas construções: a língualatina é neste ponto, muito caprichosa, e ó aluno tirari~ POllCOproveit~ do estudo de regras casuisticas. ~ara o leItor detextos clássicos basta ter em mente as segumtes regras que,sem dúvida, simplificam a realidade complexa, mas. ao. I?-enosconstituem um sólido ponto de referência para o prInCIpIante.

[§81]

o ABLATIVO

Sintaxe latina superior122

§81. A natureza do ahlativo latino. - O abl. latino é um casosincrético, em que se fundiram três casos indo-europeus: o abl. separativoou o abl. prôpriamente dito; o instrumental; e o locativo. Ao estudarmosas diversas funções do abl. latino, é conveniente que sempre tenhamosem mente essa origem trÍplice. Segue-se aqui o esquema dos emprêgas doabl. latino.

L O Separativo. Podemos distinguir:1) O abl. separativo prôpriamente dito, com as suas subdivisões:

abl. de procedência, de privação, etc. (tipos: exeo domo; arceo eum. reditu;caret sensu).

2) O abl. de origem, que indica descendência biológica (tipo: natu8e8t Jove = "é filho de JÚpiter").

3) O abl. de comparação, que se usa em combinação com compara-tivos, p. e.: Petru8 Antonio major est = Petrus major est quam Antonius:"Pedro é maior do que Antônio" (lit.: "partindo de Antônio/tomandoAntônio como ponto de partida, Pedro é maior").

4) O abl. de agente, que indica o ponto de partida de uma açãoverbal na V. P., por exemplo: Laudatur a patre ("é louvado pelo pai").

5) O abl. de relação, que indica um ponto de vista, partindo do qualse considera uma pessoa ou uma coisa, p. e.: natione M edus est ("quantoà sua nacionalidade é medo" = "é medo de raça").

lI. O Instrumental. O têrmo não é muito feliz, porque a funçãoprimordial dêste caso não era a de indicar o instrumento ou o meio; antesdesignava compp,nhia, acompanhamento. "co-existência" (SOCIATIVO),e aidéia de "cooperar" (INSTRUMENTAL)nasceu da idéia de "co-existir". Oportuguês ainda emprega em numerosos casos a mesma preposição ("com")para exprimir essas duas idéias cognatas (cf. em francês: avec; em inglês:with).

A. O SOCIATIVO.

1) O abl. sociativo prôpriamente dito. p. e. Caesar omnibus copiis inGalliam profectu8 est ("César marchou com tôdas as suas tropas à Gália").Geralmente, porém, se emprega a preposição cum (mais abl.)

2) Oabl. de modo, que indica as circunstâncias que acompanham aação verbal, p. e.: Aequo animo mortem patris tulit ("com resignação = re-signadamente suportou a morte do pai").

3) O abl. de qualidade, que indica certas qualidades inerentes auma pessoa ou coisa, p. e.: vir sumrno ingenio est ("é homem muito talen-toso"); o grande talento "acompanha", por assim dizer, o homem.B. O INSTRUMENTAL.

1) O abl. de instrumento prôpriamente dito, com várias subdivisões.Exemplo elementar: Gladio hostern necavit ("matou o inimigo com aespada").

Page 68: Besselaar Propylaeum Latinum 1

(1) As preposições são ab, de e e;ç; quanto à diferença ~ntre as três, cf. §71, l,

b) Os verbos que exprImem a idéia de despojamento,roubo, etc. (p. e.: nudare, orbare, privare, spoliare, exuere,etc.) são construídos com o abl. sem preposição; assim tam-bém os verbos que exprimem a idéia de carência (p. e. carere,indigere e cgere). Exemplos:

a) Os verbos que exprimem a idéia de afastamento, se-paração, remoção, etc. (p. e.: arcere, prohibere, cedere e compos-tos, pellere e compostos, movere e compostos, intercludere, (se)abstinere, liberare, etc.), levam o abl. separativo sem ou compreposição(l). Há uma tendência de omitir a preposição,quando o abl. designa uma coisa abstrata, e de exprimi-Ia,quando o abl. designa uma coisa concreta, principalmente umapessoa. Os poetas preferem, em geral, o abl. sem preposição(cf. §71, lI, 2). Sendo o verbo composto com ab-, de- ou ex-,repete-se geralmente a mesma preposição, no caso de ela virexplícita, mas com pessoas usa-se apenas ab. Exemplos:

125

Estou livre de tôda e qualquerpreocupação

Nada de humano é-me alheio

A sintaxe dos casosI § 82 ]

Notas.

1) Carere significa simplesmente: "não ter"; ~gere/indigere;'"ter necessidade de", etc. Cf. os exemplos dados aCIma.

2) Quanto a exuere, cf. §77, V.3) Egere e indigere admitem também o gen., cf. §89, 4.

lI. O Ablativo de origem. 1) Vejamos primeiro osexemplos para, depois, formular as regras:

Êle é de uma família ilustreHércules foi filho de Júpiinl'Êste menino é=meu filhoOs etruscosdescendem dos [;dí08

2) REGI1AS:Nunca se usa a prepos~ção co~ a~ p~]:ivrasloco e genere que, combinadas com nasc~ ou onn, ~lg~lfL:am:"família, classe (social)". Tratando-se de descendenCladiata (patre matre parentibus, etc.), o abl. está geralrnente, , .sem a preposição; é lícito, porém, usar-se ex, cUJOé obrigatório com os pronomes (p., e.: ex me; ex illo/ilüi.quà/quã; etc.). Para indicar a descendência remota,usar-se ab.

Nota. Os poetas empregam também outros particípios, p. e.:prognatus, genitus, satus (de screre: "semear"), editus e crei,,;), (decrescere). O adj. oriundus, usado por prosadores e poetas, obc(!Cceàs mesmas regras.

llI. O Ablativo de comparação.1) EM GERAL. Depois de um adj. ou adv. no grau C:Yffi-

narativo o latim pode omitir quam ("do que") e colc)(:ar o:,egundo 'têrmo da comparação no abl.; êsse processo é legitimo;;ó quando os dois têrmos comparados estão no nomo: C. A prosa clássica evita, em geral, o abl. de'H!l prnuOlnes pessm,is. Exemplos:

c) Os adjetivos alienus, liber, vacuus, orbus, nu:dus,inanis() egenus seguem, em geral, as regras formuladas aClma satl a).Exemplos:Humani nihil a me alienum estest (concr.)

Liber sum omni curã (abstr.)

Loco/genere nobili natus estHercules (ex) Jove natus estHic puer ex me natus estEtrusci a Lydiis orti sunt

Impeço Cícero de voltarMantenho os inimigos a certadistância da cidade ",

Abstém-se de crimesAtirou os inimigos do cimo damuralha

Tira a vida ao inimigoExpulso os inimigos da cidadeLivro o mar do terrorLivro o mar de piratas

Dem6crito privou-se dos olhosÊstes homens têm necessidade detudo

Os animais são destituídos de/nãotêm inteligência

. Sintaxe latina superior124

Arceo Ciceronem reditu (abstr.)Prohibeo hostes ab urbe (concr.)

Abstinet se sceleribus (abstr.)Dejecit hostes de muro (concr.)

Expellit inimicum vitã (abstr.)Expello hostes ex urbe (concr.)Libero mare metu (abstr.)Libero mare a praedonibus (concr.)

Notas.

1) O verbo abesse está sempre com ab, como também os com-postos com dis- e se-, p. e.: dijjerre, distinguere, sejungere, secer-nere, distare, etc. Mas alguns dêstes verbos, principalmente quandousados em sentido figurado, são construídos com o dato na épocaimperial e na poesia (cf. §77, I, 3, nota 2).

2) A expressão: aquã et igni interdicele alicui ("banir alguém",Jit.: "proibir água e fogo a alguém") explica-se pela contaminaçãode: interdicere alicui aquam et ignem, e de: intercludere aliquemaqu ã et igni.

Democritus oculis se privavitHi viri omnibus rc/JUscgcnt/indigcnt

Animalia sensu carent

Page 69: Besselaar Propylaeum Latinum 1

12'7A sintaxe dos casosI ' '.0<) ]l) •.....•

I':::Lelivro que li, é muito bonito". Em latim deve dizer-se1/ /(. I:st liber quo numquam pulchriore;.,mlegi (cf. §88, V, 2e),II:,:a~ cuj o significado literal seria: "Este é um livro em com·I>:I,raçãocom o qual nunca li mais bonito" ..

IV. O Ablativo de agente. Já conhecemos êste abI.,(IIII~se encontra em frases passivas para indicar o agente,d. §59, 11. - Cf. também o abI. de causa, §84, lU.

V. O Ablativo de relação. 1) Êste abI. tem vários outrosIlomes: abl. relativo, abl. de parte, abl. de ponte de vista,alJl. de limitação, etc.; êle responde à questão: "em que:ponto? até que ponto? sob que aspecto?", etc. Em portu··guês, pode ser traduzido por: "no que diz respeito ai quantoa; concernente ai relativamente a", etc., ou também -muito melhor ainda - por uma preposição (p. e. "de", "em"',de.). Não existem regras lingüísticas mecânicamente apli-(~áveis. O abI. de relação pode, em tese, ser combinado comLodos os tipos de verbos, com adjetivos, com substantivos,eom frases inteiras. Exemplos: .

[§ 82 ]

Quem foi mais eloqüente dCícero? o queNu~ea lemos orador mais elo-.que~te do que Cícero

Nmguem é mais eloqüente doque tu

A ningué~ dei mais dinheiro doque a tI

A cidade não distava maI'smilhas de 3

Sintaxe latina superio'r126

Quis eloquentior juit Cicerone?

Nu?lum ora,torem legimus eloquen-twrem Ctcerone

Nemo eloquentior est quam tu (me-no~ usado em prosa c!. seria' te)

NU(llt p'lus_pecuniae dedi quam' tibiaqUl nao se pode usar o abl.)

2) PARTI CULARIDADES.

a) Depois de l .d . pus, mtnus ampliu (" ."po e usar-se a construção ' s maIS) e longius

ção, ou então omitir 'ua::om quam, ou o. abl. de compara-construção, d~ modo qq ;- sem a, m~nor mfluência sôbre aue sao pOSSlvelSestas três traduç- .U b I . oes.

r s non ongtus quam tria milia IaberatUrbs non longius tribus milibusaberat

Urbs non longius tria m;l' Jaberat • ta

conjerre compararcongruere concordardijjerre, discrepare divergirantecedere, praestare, \ superar,antecellere superare J sobrepujar

êle é velho/mais velh% mais velhe:êle é moço/mais moç% mais moçcaparentemente , mas na ren"lidade

a meu verum general ehamado Antônioem todos os pontos/absolutamentenão/em grande parte

Agesilau coxeava de um péJYIeupai é forte de constituição,Este homem é persa de raça, istoé, de raça persa

Na minha opinião, êste meninoestá mentindo

avaliarmedir, pesarestimar, julgardefinir

aestimare, putaremetiri, penderejudicarejinire

meo jlUdicio/meã sententiãdux nomine Antoniusomni parte/nullã partejmagnã parte

grandis/maior/maximus natu estparvus/minor/minimus natu estspecie (quidem) ... , re (verã) autem

2) PARTICD:LARIDADES.

a) Reparem-se nas seguintes expressões:

M eã opinione hic puer mentitur

.Âgesilaus altero pede claudicabatPater meus validus corpore est]{ic vir natione Persa est

b) O abI. de relação é usado principalmente com osverbos:

mais

o inverno é excepcionalmente se-vero.:J?ei-te além do justoEs-me mais caro do que a vidaChegou mais depressa do que seesperavajpensa va

Não permaneceremos ali mais tenpo do que fôr necessário '

Branco como neve (lit.:branco do que neve)

Doce como melClaro como o diaPreto como piche

b) Nas seguintes exp -paração: ressoes usa-se apenas o abl. de com-Hiems solito gravior est

Pl.u~ aeq?;tojjusto tibi dediVtta .cartor mihi es

Celedrtus. spejopinionejexspectationea ventt

Lobn?ius necessario illic non mane-tmus

t c) Nas seguintes expressões "hiperb6Iicas"a-se da praxe portuguêsa: o latim afas-Nive candidior

M elle dulciorLuce clariorPice nigrior

d) Em português uma I' I .de :um antecedente no'grau s: aUf~.a relatIva p~de dependermaIS bonito que já li". esta fel' alvo, p. ~.: "Este é o livropara o latim: Hic est zib l xase~ traduzIda ao pé da letraer pu c ernmus quem legi, significaria:

Page 70: Besselaar Propylaeum Latinum 1

129

Sob que condigão compraste essacasa?

Como/De que modo fêz isto?

lmpiamente cometeu êste crime

Terminei êste trabalho com dili-gência/diligentemente

Terminei êste trabalho com muitadiligência/muito diligentemente

D~scuti com meu amigoNão êi!l$\cordocom Cícero

suo more

viã et rationesilentioconsiliovi/fraude = dolomore institutoque

A sintaxe-dos casos

com direito,merecidamente

sem razão,imerecidamente

por ordemde propósito.espontâneamente

:n J

I )isputavi cum amicoNon consentio cum Cicerone

2) PARTICULARIDADES.

a) Não se usa cum nas seguintes locuções:

rI. o Ablativo de modo, 1) 1tste abl. indica o modo,a maneira, o método, as circunstâncias, etc., em que se realizaa ação verbal. Não havendo atributo, usa-se cum; havendoatributo, emprega-se geralmente o abl. sem outro acréscimo.Exemplos: .

metôdicamenteem silêncioprudentementecom fÔrça/doloconforme antigocostume

à sua maneira,conforme seucostume

b) Também alguns substantivos, tais como modus, pac-tum, raMo; mens, animus; lex, condit1'o,etc., nunca são com-binados com cum. Exemplos:Quo modolQuo pacto/Quã rationehoc jecit?

Impiã mente/lmpio animo hoc sce-lus fecit

Quã legelconditione istam domumemisti?

ordineconsultomeã/tuã/suã/sponte

,<111), de acôrdo (p. e: congruere, convenire, consenMre), etc., eoI"í Lambém, por analogia, com verbos que exprimem a idéia01,' dcsacôrdo (p. e. dissentire, discrepare, dijjerre), etc. Todos.;:I('s verbos podem ser combinados com o sociativo (mais111m), e alguns dêles.., dmitem também o dato de aproximação,cO\lstrução que se torna cada vez mais normal na época impe-lial (cL §77, r, 3 Nota 2). Exemplos:

c) Alguns autores, sobretudo Salústio, empregam também per (maisac.) em substitui<;ão ao abl. de modo, p. e.: per vim = vi.* .

inJuria

Summã (cum) diligentiã hoc opusperfeci

Cum diligentiã hoc opus perjeci

jure/meritoCésar marchou com tÔdatropas à Gália s as suas

CéG~~i~archou com o exército àO pai passeiajardim com sua filha no

Jl.'Ieuamigo está com Uma lança/uma espada

Me~ .flilhovoltou, vestido de togaVIrI

Sintaxe latina superior128

Exemplos:

Be?gae! A.qu~tani, Celtae linguã ettnstttutts lnter se dij j erunt

Magnos homines virtute metimurnon jortunã '

Osd?elgas,-os aquitanos e os celtasIVIergem entre si pela língua epe os costumes '

Me~imodsos grandes homens pelaVIl:tUe, não pela fortuna

(rar c) Às vêzes, encontramos com o abl d _b' ~ ab), p. ~. nas locuções: omni ex . e !elaçao a preposição exs:~~ufteme!;luscclarus juit ex doctrinã:P~;~~::::ra r Plarte, etc. Cf. tam-ura. omo se vê por ê t - 1}0 01 I ustre por causa do abl. de relação e o de causa :r::. :remplo,. sao vagos os limites entr:

d) Quanto ' guns casos.cf. §74, IV.* ao ac. de parte,_ cf. §73, LI!; quanto ao ac. de relação

. ~83. O Sociativo latino D'sOClatlV? prôpriamente dito (r)' - lstinguimos aqui o ablde quahdade (rIl). ' o abI. de modo (lI) e o abl:

r. o Sociativopropriament d'~bI. sem preposição é ouc e.. l~O, 1) O emprêgo dêstehmitando-se àqueles cas~ o frequel1Le em latim histórico~ento. militar (p. e.: exerci~:: c~u~.se trata de um acompanha~ha atnbuto explícito. Em t~d/ ts, manu, etc.), e só quandocum mais abL Exemplos: s os outros casos, emprega-seCaesar (cum) omnibus c" .. G ll' opns SUlStn a tam contendit

Caesar cum exercitu in GaZZ'contendit lam

Pater cum jiliã in horto ambulat

2) A "companhia" podemado, p. e.: ser também um objêto inani-

Amicus meus CU1n t l ! lae og dio est

Filius meus cum togã virili rediit

. ~) O sociativo é usado também coa IdeIa de comparação ( m verbos que exprimem(p e ( ) . v p. e. comparare conj ) d .. . con Jungere committV ) d ,erre, e umãoloqui, agere, disputare), de e;:~art~ ~~nt(ato huma~~ (p. e. (col)ç p. e. parhn, communi_

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§84. O ahlativo instrumental. - Podemos distinguiro abl. instrumental propriamente dito (I), o abI. de prêço (II),o abl. de causa (IlI) e o abl. de medida (IV).

1) Não se pode usar o abl. de qualidade sem atributo; assimnão se deve dizer: vir prudentiã est, e sim: vir prudens est.

2) Ao passo que um abl. de qualidade substitui um adj. (summãprudentiã = prudentissimus), o abl. de modo faz as vêzes de umadv. (summã diligentiã = diligentissime).

131

apoderar-se deusar (de)alimentar-se de

Os gaules acostumaram-se ao Im-pério Romano .

Deus encheu o universo de.colsasboas A • tidoMeu pai quis que eu fossems ruem tôdas as artes

Matou seu inimigo com a espadaCatilina matava (manda~a mata~)seus inimigos por melO de SI-cários

Catilina tomou a fortaleza como seu exército

Informou-me da sua vinda me-diante uma carta

depoentes:potiriutivesci

A sintaxe dos casos

abusar dedesfrutar decumprir (com)

b) com os seguintesabutijruijungi

Exemplos:Galli assuejacti 8unt imperio Ro-rrianorum

Deus bonis explevit mundum

Pater meus omnibus artibus erudirime voluit

"acostumar", etc."exercer", etc."instruir", etc."ab~ndar", etc."confiar em", etc."apoiar-se em", etc.

Notas. . . ("assenhorear-se dopressão' pottrt rerum f t d1) O gen. rerum na ex d . êrno") explica-se pelo a o e

mundo" ou: "apoderar-se o gov h") Em Plauto encon-, . . j' . ("tornar-se sen or . ."potiri ser .lgual a potts ter~ . otire aliquem alicujus ret: tornartramos amda a forma atlv~. ,ralguém dono de alguma COIsa. ( b) t' jrui jungi e vesci eram

2) Em latim a:rcaico,os verbos da ~bj~to direto; a prosa clás-muitas vêzes combmados com o ac. e

(1) Mas doeere pede o ac., cf. §75, IV. II-A b dml'tem também o dat., cf. §77, •(2) ",stes ver os a

(3) Segundo outros, teríamos aqui abl. de lugar.

"encher, saciar", etc.

\, Wl J

( '"ülina exercitu suo oppidum cepit)(ou abl. sociativo? cf. ~4, _/'1:/' epistulam (melhor: Eptstula)certiorem me jecit de adventu suo

_ Usa-se o instrumental também:2) PARTICULARIDADES.

a) com os verbos que significam:complere, .impl~re, exp!ere, etc.,satiare, tmbuere, etc.

. assuejacere, assuescere, etc.exercere, exercitare, etc.erudire instituere, etc. (1)abund:re, redundare, ajjluere, etc.conjidere, jidere, dijjidere, etc.(2)niti, subniti, stare, etc.(3)

illillriwm suum necavit gladio('",ifina inimicos 8UOS necabatI"'r sicarios

Meu amigo é homem muito pru-dente

Meu amigo é muito prudente

Sintaxe latina130

Notas.

Amicus meus est II vir summ'l pru-dentiã (atributivo)

A micus meus II est summã pruden-tiã (predicativo)

lI1. O Ablativo de qualidade. 1) O abl. de qualidadedesigna uma característica permanente, bem como uma dis-posição passageira, de uma pessoa ou de uma coisa; ocorreno emprêgo atributivo e no emprêgo predicativo, e semprevem acompanhado de um atributo. Nunca está com a pre··posição cum. Exemplos:

2) Não há grande diferença entre o abl. e o gen. de qua-lidade (cf. §88, IV), e as distinções entre os dois são muitoprecárias. Só se pode dizer que a forma modo (de modu8)nunca é usada como abl. de qualidade, mas só como abl. demodo; para indicar a qualidade, o latim emprega o gen. dequalidade: modi. Exemplos: Amicu8 meU8 eo/hoc modo loCUtU8e8t: "Meu amigo falou desta maneira". mas: Vir eju8modi/huju8modi laudandu8 e8t: "Um homem desta categoria/Talhomem deve ser louvado".

L O Instrumental propriamente dito.1) EM GERAL. - O instrumental indica o instrumento

ou o moio pelo qual se realiza a ação verbal. O portuguêsusa geralmente "com", "mediante", "por meio de", ou outraspreposições e locuções para exprimir a mesma idéia. Em latim,o instrumental está sempre sem preposição; existe tambéma forma parafraseada do instrumental mediante a preposiçãoper mais ac., paráfrase muito usada quando o instrumento épessoa, (não subst. coletivo), mas encontrada raras vêzes emlatim cllissico com nomes de objetos. Exemplos:

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(1) Em prosa clássica. plenus rege quase sempre o gea. (cf. §90, II, 4e); Ave Maria, l/1'ati{lplena, seria· portanto: Ave, Maria, gratiae plena.(2) Dignu8 < dee--no-8, cf. o verbo: deciire.

Notas.

1) Construções do tipo: Opus est mihi servus ("Preciso de umescravo"), são raras em prosa clássica; os tipos: Opus est mihiservi/servum, encontram-se apenas em latim arcaico e p6s-clássico.

2) Menos usado do qué opus est é usus est, locução equivalenteque admite, geralmente, as mesmas construções.

133

baratomuito carocaríssimo

§85, n, 5.

parvopermagnoplurimo

Isso é de graça

Meu pai vendeu a casa muito caro

Comprei êste livro por 20 ses-tércios .

Esta imagem vale 400 denános

A sintaxe dos casos

caromuito baratode graça

Pater meus domum permagno ven-didit

H oc gratis statTconstat

(1) Segundo outros, proelio seria abl. de lugar, cf.

magnominimonihilo

Exemplos:Hunc librum viginti sestertiis emi

H oc signum qUÇ1dringentisdenariisest

I :~H4 ]

"custar"

"vender""alugar" (a alguém)"alugar" (de alguém)"estar à venda""pôr à venda': ""estimar, avallar

2) PARTICULARID~DES.- Preços indeterminados podemser indicados também pelas seguintes formas:

Nestes abl. está subenten?ido a. sub~t. p~etio; . só nihHoé formação analógica (= gratns/gratts:. ~ratls,de ~r~ç~ ;.O latim clássico prefere, porém, pa~a lI~dl.ca: p~e~o ~noea~l-minado o gen. de preço (p. ~. magm, mtmmt, e c. , v .•nesta função, nunca é usado com os verbos esse, facere, educere. Exemplos:

"comprar"

11. O Ablativo de preço.1) EM GERAL. - O abl. de preço indica, em geral, o

I)reço determinado, em oposição ao gen. de IJAreçod'que semtpre. d t . d (cf §89 II) suas cons ru-indica o preço m e ermma o . , '. t'.ções encontram-se com os verbos das segumtes ca egonas.

emere, coemere, parare, comparare,

etc. f §60 Ivendere; na V. P. venire, c . ,.locare, collocare, etc.conducere, etc.prostare, licere, etc.prostituere, ver;-u:ndare, etc.aestimare, exzsttmare, putare, ja-cere, ducere, etc.

esse, constare, stare, etc.

bem nas seguintes expressões idiomáticas:g) Repare-se

I d jogar o dado pedibus projicisci viajar a pé lh,,11'11 u ere tocar a flauta proelio contendere(l) combater na bata aliI,iã canere

elogiar/premiar/honrar alguém

(fazer) matar/supliciar alguémalegrar/entristecer alguéminjuriar/afrontar alguém

Preciso de teu auxílioTenho necessidade demuitas coisasDe que necessitas?

plenus(l), conjertus, rejertus, onus-tus, etc.

(con)jisus, dijjisus, jretus, etc.nisus/nixus, subnixus, etc,praeditus, etc.dignus, indignus, etc.(2)dives, locuples, etc.ajjectus, etc.

Sintaxe latina

sica prefere o instrumental, mas a construção "pessoal" comverbos é ainda bastante comum no gerundivo, cf. §32, III,cf. também §34, l, 3.

132

c) com o verbo afHeere ("afetar, dispor, tratar"), usadoem inúmeras expressões, p. e.:ajjicere aliquem laude/praemiis/ho-noreajjicere aliquem morte/supplicioajjicere aliquem laetitiã/tristitiãajjicere aliquem injuriis/opprobriis

d) com a locução opus est: "faz-se mister, é preciso";se a coisa de que se precise fôr pron. ou adj. neutro, ela vaipara o nam. Exemplos:Opus mihi es tuo auxilioMulta miM opus suntQuid tibi opus est?

e) com os verbos que exprimem a idéia de "caminhar,viajar", etc., usa-se o instrumental para indicar o caminho,p. e.: Viã Appiã profieiseitur: "Viaja pela Via Ápia"; Hocuno itinere ad Deum pervenire possumus: "Só por êste caminhopodemos chegar até Deus". É melhor iuterpretar êste abl.como instrumental do que como locativo.

f) com certos adjetivos, relacionados com um dos verbosregistrados acima, (muitas vêzes, são particípios passados).Exemplos:"cheio de"

"confiante em", etc."apoiado em""munido de""(in)digno de, (i)merecedor de""'rico em""atingido, afetado por"

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Nota. Em geral o latim prefere, com verbos transitivos, apreposição ob/propter 'mais ac. portanto: propter/ob quandam sus-pieionem expulerunt. '

135

cima

por leviandadepor mêdo

f por dedicação,\ por interêssepor receio

Por causa das lágrimas não pôdefalar

Fiz isto no vosso interêsse e nodo Estado

por exemplo

sobrepujar, superar, etc.

mais para baixo/paraantes, mais cedodepois, mais tardedistvr

timore pàterritus

studio ineensus

levitate duetusmetu eoaetus

A sintaxe dos casosI § 84 ]

Prae laerimis loqui non potuit

amore induetus por amorjurore injlamma- \ .tus/aeeensus f por raIvamiserieordiã eom- \motus f por compaixão

exempli gratiã Ci. §31, l, 3

Vestrã rei publieaeque eausã hoe jeei

b) Causas impedientes são geralmente indicadas por praemais abl., p. e.:

Pf. da V. P., ao passo que, em português, se diz simplesmente(sem part.) p. e.: "por amor à pátria vendeu todos os seushaveres". Exemplos:

c) A causa final é geralmente indicada pela "pós-posição"causã ou gratiã mais gen. Exemplos:

IV. O Ablativo de medida. 1) O abl. de medida designao grau de diferença que existe entre duas pessoas ou coisascomparadas; pode ser usado apenas com comparativos (adj.e adv.), ou com verbos e adv. que exprimam a idéia de com-paração, p. e.:

anteeedere/anteeellere(l) }praestare( 2)superare(3)injra/wpraante(a)post(ea)abesse/distare

é empregado:mas preferivelmente

Por concórdia crescem' coisas in-significantes, por discórdia cor-rompem-se as maiores

Muitos cidadãos pereceram defome "Os romanos expulsaram Colatinoda cidade por causa' de certasuspeita

alegrar-se com

gabar-se dealegrar-se com

lastimar

} Alegro-me com a tua vinda

Sintaxe latina superior134

II!. O Ablativo de causa.1) EM GERAL. - O abl. de causaa) com todos os tipos de verbos

com verbos intransitivos. Exemplos: 'Concordiã parvae res crescunt dis-cordiã maximae dilabuntu; (in-trans.) ,

M ulti cives jame perierunt (intrans.)

Romani Collatinum suspieione qua-dam ex urbe expulerunt (trans)

b) com algunsêles também outras verba affectuum; geralmente admitem

construções, p. e.:del:etari (também in mais abl.) deleitar-se emdolere (também trans. e de mais lastimarabl.)

gaudêre (também trans. e de/inmais abl.)

gloria~i (também de mais abl.)laetan (também trans. e de maisabl.)

mam'êre (também trans.)

Exemplos:Gaudeo adventu tuoGaudeo de/in adventu tuoGaudeo adventum tuum

c) nas seguintes expressões:eã/quã reinjussu patrisjussu eonsulismandatu regis

por isso/porquesem permissão do paià ordem do cônsulà ordem do rei

monitu matrisnaturã loei

rogatu Caesaris

a conselho da mãepela constituiçãofísica do locala pedido de César

2)Formasmuitousadasdo abl. demedidasão:multo

muito eo/tantotantopaulo

um poucoquo/quantoquanto, comonihilo

nada aliquantoum tanto, meio,algo

2) PARTICULARIDADES.

. a! lYfotivos internos ou psicológicos são, em latim clás-SICO, mdlCados pelo abl. de causa, acompanhado de um Parto

(1) Antecederelantecelll!re alicui (dat., ef. §77, IIl) aliquâ re (ef. §82, V): "sobrepujaralguém em alguma coisa". Cf. também §77, IV.

(2) Praestare alicui aliquã Te: user superior a alguém em alguma coisa", cf. §77~ IV (ondeestão registradas também outras construções). Praestat("é preferível',') é muitasvêzes combinado com Iuf. subjetivo (cf. §2, lI, 1) ou com o A. c. 1. (cf. § 10, I, 1).

(3) Superare aliquem aliquâ re: "sobrepujar alguém em alguma coisa".

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I. O Locativo propriamente dito. Usa-se o loco pro-priamente dito com nomes de cidades etc., cf. §72.

§85. O Locativo latino. - Podemos distinguir o abl.locativo propriamente dito (I), e o abl. de lugar com ou sempreposição (lI-lII).

137

Em que lugar es~ás?Em alguns lugares o rio pode seratravessado

A sintaxe dos casos

guardar na memóriareceber em casaesconder nas florestasandar a cavalo/viajar num carrocombater numa batalhapassar o inverno em três acam-pamentos

Nota. Várias destas expressões poderiam ser interpretadastambém como abl. de instrumento, p. e. silvis occultare (a florestaé um "meio" para esconder alguma coisa).

[§ 85 ]

Quo .loco es?N onnullis locis flumen transiripotest

2) nas expressões: primo libro, alio libro, initio orationi8meae, e semelhantes.

3) na expressão: terrã marique: "por terra e mar".4) com o adj. totus, para indicar espalhamento, p. e.:

totã Italiã = per totam Italiam; totã urbe = per totam urbem, etc.5) com alguns verbos cujo significado genérico é: "man-

ter em, receber em, conter em", etc. Exemplos:memoriã teneretecto reciperesilvis occultareequo/curru vehiproelio contendere (cf. §84, I, 2g)trinis hibernis hiemare

Nota. A locução: loco esse alicujus, quer dizer: "fazer as vêzesde alguém", e está sempre sem preposição, p. e.: Semper patrisloco,mihi fuisti: "Sempre fizeste as vêzes de pai para mim". = "Sem-pre fôste um pai para mim".

11. O Ablativo sem preposição. Em prosa clássica,emprega-se o abl. de lugar sem in:

1) com a palavra locus, quando acompanhada de umatributo. Exemplos:'

6) com o adj. contentus (originàriamente, Parto Pf. decontinere: "mantendo-se dentro dos limites"), p. e.: Suã qUi8-que sorte contentus vivit: "Cada qual vive contente com suaprópria sorte".

IlI. O Ablativo com prepOSlçao. Em todos os outroscasos, o latim emprega, para responder à questão ubi? umapreposição, quase sempre in, às vêzes,sub, super, pro, prae,(tôdas essas preposições pedem o abl.), ou ante, post, circumetc. (míüs ac~). Aqui pretendemos falar apenas de in, devendofalar das outras preposições no capitulo seguinte.I

[§ 85 ]

depois da minha volta,amigo viajou a Roma

Meu amigo voltou depois de doisdias

Meu amigo voltou dois dias depois

Esta têlrre é'ZO pés mais alta doque aquela

Esta torre é um pouco mais altado que aquela

Em prudência és muito superior amim '

Quanto sobrepujaste todos!Meu amigo chegou um poucoantes/depois

Quanto mais raro, tanto mais caroNão obstante, contudo (cf. emi~glês: ' nevertheless)

Sintaxe latina superior

3) Exemplos:

136

Amicus meus duobus post diebusrediit (adv.; os dois elementosdo abl. são separados por post)

Amicus meus post duos dies rediit(prep. logo seguida do ac.)

Amicus meus duobus diebus post )

reditum meum profectus est RomamAmicus meus post reditum meumduobus diebus profectus est Ro-mam

H aecturris viginti pedibus altiorest quam illa

Haec turris aliquanto altior estquam illa

Antecedis/antecellis mihi multoprudentiã (cf. §82, V)

Quanto omnibus praestitisti!Amicus meus paulo ante/post adve-nit

Quo/Quanto rarius, eo/tanto cariusNihilo minus

4) OBSERVAÇÕES.

a) Com verbos é mais comum usar-se o adv. longe(=multo), p. e.: Antecedis miM longe prudentiã.

b) Em prosa clássica prefere-se, de um modo geral, oabl. de medida; mas fora dela, encontramos muitas vêzestambém o ac. adverbial, sobretudo em combinação com ver-bos, p. e.: aliquantum = aliquanto; multum = multo; tantum= tanto; quantum = quanto (cf. §74, IV).

c) Reparem bem na colocação do abl. de medida, quandocombinado com post ou ante, duas palavras que, além deadvérbios, podem ser também preposições, e nessas duasfunções são muitas vêzes combinadas com o abl. de medida.Exemplos:

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139

Meu pai julga que morrerá dentrode 1 ano

No(s) tempo(s) de Áugusto

Em tempo oportunoNaquele dia/tempoAo amanhecerDe noiteDe dia

Terminarei êste trabalho dentrode 2 dias

À tardinhaNa primei;ra guerra púnicaÀ tua chegada/À chegada de CésarNa extrema velhice

Naquela situaçãoNaquelas circunstânciasDurante o consuladoDurante a guerraDuas vêzes por diaNa velhice dimin~i a fôrça dossentidos

A sintaxe dos casos[§ 87 )

Hoc anno J .I n anno .. pater meus se mor~-Intra annum - turum (esse) arbz-Inter annum tratur

Augusti tempore/aetate \Augusti temporibus/aetatibus fSuo tempore!llo die/temporePrimã luceNocte/Noctu (cf. §72, II, 1)Luce = Luci/Die/(Inter)diu (cf.§72, II, 1)

Vesperi = Vespere (ci. §72, II, 1)Primo bello PunicoTuo/Caesaris adventuSummã senectute

Duobus diebus hoc opus perficiam

II. Com preposição. Em todos os outros casos usa-seuma preposição, no mais das vêzes, in mais abl. Exemplos:

O 'GENITIVO

2) O latim usa igualmente o abl. de tempo sem preposi-ção para responder à questão: "dentro de que prazo ?", quandohouver atributo (muitas vêzes, na forma de um pron. demonstr.,ou de um numeral); sem atributo, deve usar-se in mais abl.Mas sempre pode ser empregada uma construção mais enfá-tica, com inter ou intra r:nais ac. Exemplos:

In illo/eo temporeIn illis temporibusI n consulatuIn belloBis in dieI n senectute s~n8US hebetantur

§87. A natureza do genitivo latino. - O gen: é o caso maisproblemático e complicado de todos, não só em ls,tim, como também nas~ut~as línguas indo-européias: os problemas inerentes ao gen. não selnmtam apenas às suas funções sintáticas, mas se estendem igualmente à

[§ 86 ]

No início da noiteÀ quinta hora' do diaNa pr~mavera/no verão/no outono/no lllvernoNas calendas de marçoNo ano de 1959 da Encarnação

Ponho o copo na mesaOs cidadãos ergueram uma estátuano foro

Sentamo-nos no gramadoOs soldados colocam-se na fileira*

Meu amigo mora na cidadeMeu amigo passeia no jardimMeu amigo entra no jardim

Sintaxe latina superior138

Kalendis martiisAnno millesimo nongentesimo quin-quagesimo nono Incarnationis

I nitio noctisQuintã horã dieiVere/aestate/autumno/hieme

In pratulo consedimusMilites in acie consistunt

§86. O Ablativo de tempo. - O abl. de tempo, funçãoderivada do abl. de lugar, pode estar com ou sem preposição(I-II).

7'

r. Sem preposlçao. 1) O Ir .... ,li usa o abl. de temposem preposição para responder iiiAí'J.estão quando f, tratan-do,.se de indicações de hora, de 'e'stações do ano, de datas,etc.; fora dêste grupo, dispensa-se a preposição somentequando o abl. estiver com atributo. Exemplos:

Pono/(col)loco poculum in mensãCives statuam in foro posuerunt

2) Em geral, o latim clássico é muito meticuloso em dis-tinguir a idéia de movimento concebida como têrmo final daação verbal, e a idéia de movimento concebida como processoa efetuar-se dentro dos limites indicados. Mas com os verbosque exprimem a idéia de "pôr, colocar" e "colocar-se, sentar-se,levantar-se", etc., usa-se in mais abl., onde deveríamos esperaro ac. É que o latim, em tais casos, frisa o resultado dessasações verbais. Exemplos:

1) In mais abl. não se usa apenas com verbos que expri-mem a idéia de repouso, permanência, estado duradouro, etc.,mas também com verbos que indicam movimento; neste caso,porém, o abl. dá a entender que o movimento se efetua dentrodos limites indicados, ao passo que in mais ac. indica o têrmofinal em que o movimento resulta 'ou deve resultar. Cf. eminglês: into (= in mais ac.), e in (= in mais abl.). Exemplos:Amicus meus in urbe habitatAmicus meus in horto ambulatAmicus meus in hortum intrat

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morfologia. Sem estudos comparativos com outros idiomas, sem inda-gações históricas, é muito difícil, se não impossível,. dar uma exposiçãosistemática do gen., - mas tudo isso não se compadece com o escÔpodidático dêste livro. Devemos limitar-nos, portanto, a duas ou três palavrasde ordem essencialmente prática.

A função primordial do gen. indo-europeu parece ter sido a deestabelecer uma certa relação entre a ação verbal e um nome, ou entredois nomes. Esta idéia, porém, é tão vaga que pode servir para explicartudo e exatamente por explicar tudo, acaba por não explicar nada.

'Nos seguintes parágrafos seguiremos um plano muito tradicional,sem nos Preocuparmos com a sua justificaçã~ teórica: trat~remos primeirodo gen. latino em combinação com substantIvos; em seg~llda: do gen. ~mcombinação com verbos; e finalmente, do gen. em comblpaçao com adJe-tivos. Mas mesmo aSSImfazendo, nem sempre consegmremos demarcarnitidamente as fronteiras (p. e. §88, l, 2).

§88. -O genitivo comhinado com substantivos. -Podemos distinguir o gen. de posse (I), o gen. subjetivo (lI),o gen. objetivo (III), o gen. de qualidade (IV), o gen. parti-tivo (V), o gen. explicativo (VI) e o gen. da, matéria (VII).

I. O Genitivo eleposse. O têrmo, apesar de ser univer-salmente usado é pouco feliz: . o gen. de posse não designa, .apenas "o possuidor" (tipo: domus patris mei), mas mUltomais ainda "pertença, autoria, atribuição, relação", etc., nosentido mais amplo dessas palavras (p. e. tectum templi; poe-mata Vergilii; dijjicultates belli, etc.). É desnecessário dar~osaqui uma especificação pormenorizada, porque a prepOSIçãoportuguêsa "de", na suá função "possessiva", tem - glo-balmente falando - o mesmo âmbito do gen. de posse emlatim, de modo que êste não ap;" .>ifta difi~uldades especiaisao leitor brasileiro. Basta faZe;lÓS os segumtes reparos:

:,' ,/

1) O genitivo e o dativo d'~ posse. A diferença entre as.duas construções (cf. §78, I, 2) poderia ser ilustrado pelosseguintes exemplos:Patri meo libri sunt, non statuae Meu pai tem livros, não imagensPatris mei haec domus est, non Esta casa é de meu pai, não depatrui mei meu tio

Mihi est equus Tenho um cavaloEquus meus est O cavalo é meu

Nota. Como se vê, pelo último exemplo, não se pode usar meicomo gen. de posse; tão-pouco são usados nesta função, as formastui sui nostri vestri mas elas são como em português, substituídaspelas f~rmas ~orrespondentes do ~dj. 'possebsivo: meus, t1(US.nostere vester. Só na 3." pessoa, onde êste adj. não ~xiste, deve usar-se:ejus, etc. Exemplos: Ific liber eorum est: "Este livro é dêles";llic équus e;jus erat: "Este cavalo era dêle/dela", etc.

3) Causá e gratiá com o genitivo. As "pós-posições"causá e gratiã ("por causa de, em vista de", etc.) são tambémcombinadas com o gen. de posse; por isso mesmo, o gen. dopron. pessoal é substituído pelo adj. possessivo. Exemplo:

141

Fêz isto no nosso interêsse e nodo Estado

É tarefa/dever do cônsul defendera pátria

É próprio do sábio não temer amorte

Não é meu/teu/seu costume tirarvingança dos inimigos

É tarefa das mulheres/delas orien-tar os serviços domésticos

A sintaxe dos casos[§ 88 ]

N ostrã reique p'lblicae causã hocfecit

11. O Genitivo subjetivo. O gen. subjetivo designa osujeito da ação verbal expressa pelo substantivo regente;êste subst. tem que ser, portanto, um subst. verbal (nomenactionis), tais como: amor, odium, desiderium, con}uratio, juga,memoria, benejicium, etc. O gen. subjetivo é, em última aná-lise, um caso particular do gen. de posse, pois na frase: odiuminimici ("o ódio do inimigo") o inimigo tanto é o sujeito daação verbal expressa por odium, como O "possuidor" do sen-

2) Esse combinado com o gen. de posse. É muito comuma combinação do gen. de posse com esse, para indicar um dever,uma tarefa, uma qualidade característica, um costume, etc.de certa pessoa; para maior clareza acrescenta-se, às vêzes,um subst. (p. e. munuslojjicium = "dever, obrigação, tarefa"),ou um adj. (proprium). Também aqui não se empregam asformas mei, tUt', etc., mas as formas correspondentes do adj.possessivo meum, tuum, etc. no neutro sg. Exemplos:

4) Elipses (reais e aparentes). Nas expressões: ad Castoris (se.aedem), ad Vestae (se. templum) temos elipse real (cf. em inglês: at Mr.Smith's),- mas nas locuções: Andromache Hectoris ("Andrômaca, a viúvade Heitor"), Caecilia M eteUi ("Cecília, a espôsa de Metelo"), HasdrubalGisgonis ("Hasdrubal, o filho de Gisgão"), Lutetia Parisiorum ("Lutécia,no território dos parísios" = "Paris"). etc., a elipse é apenas aparente:os gen. dependem diretamente do subst. Éste último tipo de construção,influenciado pelo grego, é relativamente raro em prosa clássica, salvo comnomes geográficos (tipo: Lutetia Parisiorum).

5) Notem-se bem as seguintes locuções com o gen. de posse: pridieiUius diei ("no dia anterior"); postridie ejus diei ("no dia seguinte"), etc.*

Consulis (munus/officium) est pa-triam defendere

Sapientis est (proprium) mortemnon timere

M eum/tuum/ejus non est hostes ul-cisci

Mulierum/earum est operibus do-mesticis praeesse

[§ 88 ]Sintaxe latina superior140

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143

Meu amigo é homem muito pru-dente

Meu amigo é muito prudente

Fêz-se uma vala de 20 pésUm menino de 10 anos já sabe issoÊste livro tem grande valorÊ um homem da minha categoriasocial e de descendência romana

Não gosto de livros desta espécie/dêstetipo

A sintaxe dos casos

Amieus meus II est magnae pruden-tiae (pred.)

A micus meus est II vir magnae pru-dentiae (atr.)

2) Na mesma frase ocorrem, às vêzes, o gen. e o abl.de qualidade, p. e.: Vir magni ingeni1' summãque prudentiã:"um homem muito talentoso e muito prudente". Só devemoslembrar que nunca se usa o abl. de qualidade do subst. modus,e que o latim clássico prefere o gen. para indicar medidas,idade, valor, raça e classe social. Mas esta preferência nãopossui o rigor de uma regra absoluta. Exemplos:

:','"11., p. e.: Helvetiorum inJuriae populi Romani: "As ofensas1,"iLas pelos helvécios ao povo romano", mas tais casos sãoI:II'()S, porque a frase - num contexto menos claro - poderia::<'1' interpretada também: "As ofensas feitas pelo povo romano:I,()S helvécios". Havendo perigo de ambigüidade, o latim ser-I'(~-Semuitas vêzes das preposições erga, in e adversus para"\:llrimir o objeto direto da ação verbal, principalmente, quando:-;(~trata de pessoas, p. e.: .Pietas erga deos; Amor in parentes;Odium adversus omne genus humanum, etc. .

IV. O Genitivo de qualidade. 1) Perfeitamente com-parável ao abl. de qualidade (cf. §83, lU), é o gen. de qua-lidade; em latim clássico, nunca está sem atributo; podeocorrer no emprêgo atributivo e no emprêgo predicativo.Exemplos:

Fossa viginti pedum est faetaPuer deeem annorum haee jam seitHie liber magni pretii estEst vir mei ordinis generisque Ro-mani

Libro's ejus/hujus modi non amo

V. O Genitivo partitivo.1) EM GERAL. - O gen. partitivo indica o todo do qual

se toma uma parte (no sentido literal e figurado); não indicaa parte tomada de um todol Em indo-europeu, o gen.partitivo era muito mais usado do que em latim, onde seuemprêgo se limita a alguns casos bem determinados. Mas, na"sua forma parafraseada (mediante a preposição de), a idéiapartitiva tornou-se extremamente popular no Baixo-Império

[§ 88J

O ódio contra os inimigos

A tomada (de assalto) da cidadeA admiração pelo orador

Meu/Teu amor-próprioA recordação do benefício

Sintaxe .latina superior142

timento de ódio. Mas nem todo e qualquer gen. de posse (p.e. domus patris) é gen. subjetivo, sendo que para tal a palavraregente precisa ser um subst. verbal. Também no gen. subje-tivo não se usam as formas méi, tui, etc., mas sempre as formascorrespondentes do adj. possessivo meus, tuus, etc. Exemplos:Amor matris (mater amat) O amor da mãeFuga hostium (hostes fugiunt) A fuga dos inimigosOdium tuum (tu odisti) Teu ódioBeneficium ejus (is bene feeit) Seu favorPost hominum memoriam (ex quo Quanto os homens se lembram,homines meminerunt) ou: Desde tempos imemoriais

lU. O Genitivo objetivo. 1) O gen. objetivo designao objeto direto da ação verbal expressa pela palavra regenteo qual tem de ser um subst. verbal. Neste caso, o portuguêsusa, conforme fór a regência do subst., a preposição "de"",ou "a", ou "por", ou "para com", etc. Do gen. objetivo empre-gam-se as formas: mei, tui, nostri, vestri e sui. Exemplos:Amor matris (mater amatur) O amor à mãeDesiderium patriae (patria desi- As saudades da pátriaderatur)

Expugnatio urbis (urbs expugnatur)Admiratio oratoris (orator in admi-ratione est)

Odium inimieorum (inimiei in odiosunt)

Amor mei/tuiM emoria benefieii (benefieium inmemoriã est)

2) O gen. de posse, bem como o gen. subjetivo, podem ser substi-tuídos por adjetivos: amor maternus = "o amor maternaljo amor damãe". A diferença entre as duas construções é que o gen. frisa mais opossuidor concreto, ao passo que o adj. indica mais uma qualidade gené-rica. Contudo, nem sempre é possível manter essa distinção,' p. e.: Cam-pus M artius ("o campo de Marte"); filius herilis ("o filho do dono")metu8 hostilis ("o mêdo dos inimigos"), etc. O latim arcaico e vulgar te~certa predileção pelo adj., bem como a linguagem poética.

2) A construção amor matris, etc. tem, portanto, dois sig-nificados, conforme o exigir o contexto: "o amor da mãe" (gen.subj.) ou: o amor à mãe" (gen. obj.). Entretanto, podemosdizer que o emprêgo do gen. subj. é muito mais freqüente queo do gen. obj. Por vêzes, encontramos na mesma frase os dois

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c) Com alguns advérbios de lugar~ e de tempo, princi-pal~ente em expressões fixas, das qUaIS se seguem aqui asmaIS usadas: .

145

Meu avô perdeu um dos três filhos

Nenhuma das tuas virtudes é maisadmirável do que a tua mise-ricórdia

De tôdas as batalhas de Pompeuesta me parece a mais dura

O p~imeiro de todos a falar foiCésar

Muitíssimos cidadãos pereceramde fome

A maior parte dos cidadãos pere-ceu de fome

Cada um dos dois falou a verdadeCada um dos dois meninos faloua verdade

A maior parte de nós/vós é pobre

A sintaxe dos casosI 8 88 ]

b) Depois de uterque ("cada um dos dois") e plerique ("amaior parte") usa-se o gen. partitivo de pron. pessoais, masas duas palavras são consideradas como adj., quando seguidasde um subst. Plerique pode significar também "muitíssimos"(= plurimi, forma muito mais usada): nesta acepção, a pala-vra é considerada como adjetivo; no sentido de "a maiorparte", pode sempre ser combinado com o gen. Exemplos:

~) PARTICULARIDADES:

a) Numerais cardinl;1is estão quase sempre com a pre-posição de ou ex mais abl.; esta construção é muito comumtambém com as palavras multus, nullus, nemo e solus, e comos superlativos. Números ordinais pedem o gen. partitivo.Exemplos:

Plerique nostrum/vestrum pauperessunt

Plurimi/Plerique (raro) cives fameperierunt

Plerique cives/civium fame perie-runt

c) Mille, embora originàriamente um subst., é geral-mente considerado, em latim clássico, como adj. (por analogiacom centum, etc.; (o plural milia é sempre subst. e pede o gen.Portanto: mille homines (raro: mille hominum), mas: duo/tria milia hominum, etc.

d) O gen. partitivo pode ser também um adj. p. e. nihilnovi ("nada de novo") e quid novi? ("que de novo 1"), mas asforma!? nihil novum e quid/quod novum são iguahnente usadas,

Avus meus ex/de tribus filiis unumamisit

Nulla de tuis virtutibus admirábi-lior est misericordiã

Ex omnibus pugnis Pompeji haecmihi acerrima videtur

Primus omnium dixit Caesar

Uterque eorum verum dixitUterque puer verum dixit

[§ 88]

Meu amigo bebeu mais/menos vi-nho do que eu

gue tens de novo?Este homem tem um excesso deseveridade, ou: é severo demais

Em nenhum lugar do mundo vitemplo mais bani to

Em que lugar (do mundo) estás?Para que lugar (da terra) preten-des ir?Chegou a tal grau de raiva/deamorNaquêle tempo/momento

Sintaxe latina superior144

(tipo: bibi de vino), sobretudo na Gália' daí em fran A. ., •bu du' E I t' I" '.. ces. J a'/,. mn. m a 1m c asslCO,emprega-se o gen. partitivo nossegumtes casos:

I t' a» Com subst. e a~j. (~stes últimos sobretudo no super-d~ I:V~ e pro~omes <{ueImplIcam a idéia de número, quantiaIVIsao, medIda, etc. Exemplos: . ,(Magna) pars militum caesa est

Horum omnium jortissimi suntBelgae

Poculum vini bibitM ulti civium reginam viderunt

Uma (grande) parte dos soldadosfoi assassinada

De t?dos êstes os belgas são osmaIS valentes

Bebeu um cálice de vinhoMuitos dos cidadãos viram a rai-nha

Quis nostrum hoc nescit? Quem de nós não sabe isto?Nemo vestrum/eorum sensit h t Nadesse os es enhum de vós/?êles percebeu que

M estavam prÓXImosos inimigosantes auri polliceri (cf. injra, VI) Prometer montes de ouro

. Nota. Co.m os adj. multi, pauci, etc. é muito mais comumdIzer-se: multt/pauci cives, do que: multi/pauci civium.

b) Com adj. e pron. no nom. ou ac. neutro ag., que nãovenham. acompanhados de preposição. Exemplos: multum'f!lus, mmus, tantum, quantum, aliquid, quid,nihil, quidquam;'/,~,q~od, etc.; ess~s ~ormas são, no fundo, adj. substantivados'cf: ~md.a ?S adverblOs "substantivados": satis ("bastante")' .nzm'/,sjnzm'/,um("demasiado!') e parum ("muito pouco") Ex ~pIos: . emAmicus meus pl.us/minus vini bibitquam ego

Quid novi habes?Hic vir nimis severitatis habet

Nusquam terrarum/gentium tem-o plum pulchrius vidiUbi terrarum es?Quo terrarum. projecturus es?

Eo juroris/amoris venit

Tum temporis/ld temporis

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2) PARTICULARIDADES.

a) Nomes geográfico - , .siderados como apostos s sao,. em prosa classlCa, sempre con-insula Delus; oppidum 'rl:e'r~;e uts ~oma; jlumen Rhenus;urbs Romae, flumen Rheni t e c. t a ~oesIa enco~tramos:vàvelmente tA . ' e c., Cons ~u.çoes que mUlto pro-. em sua orIgem na persolllflCação mitológica de

147A sintaxe dos casosI :~89 ]

I:oma, do Reno, etc. ("a cidade da deusa Roma", "o rio do(bIS Reno"); êste gen. se tornou popular, como é provadopda praxe das línguas românicas.

b) Também o gen. explicativo pode ser substituído por um adj.,p. e.: npmen senatorium = nomen senatoris,. dignitas regia = dignitasr"gis (cf. supra, II, 2).

c) O gen. do gerúndio/gerundivo, dependente de um subst. (cf. §31,I, 1). é muitas vêzes um gen. explicativq.

d) Às vllzes, torna-se difícil uma distinção entre o gen. partitivo eo gen. explicativo, p. e. em frases dllste tipo: sebi ac picis glebae: "bolinhasde talco e de piche", e: montes auri: "montes de ouro". Qual é a idéiamais genérica: bolinha ou talco, monte ou ouro? A lógica não é feita pararesolver problemas desta natureza, e a gramática pouco ganha em prestarmuita atenção para tais distinções demasiadamente sutis.

VII. O Genitivo de matéria. Êste gen., que indica a matériaconcreta de que uma coisa é feita (tipo: "um anel de ouro"), está muitomal representado em latim clássico, que geralmente usa um adj. de ma-téria (p. e. aureus, argenteus, jerreus, aeneus, etc.), ou então, uma circun-locução com ex (menos freqüentemente, com de), p. e.: vas ex/de auro(jactum).

Nota. Nas expressões: libra argenti ("uma libra de prata") epondo auri ("um arrátel de ouro"), os gen. poderiam ser conside-rados como gen. explicativos ("que consiste em ouro") ou comogen. partitivos.

§ 89. O genitivo combinado com verbos. - Podemosdistinguir o gen. de relação (I), e o gen. de prêço (lI).

I. O Genitivo de relação. O gen. de relação exprime oque é da esfera de uma ação verbal: em indo-europeu eramuito usado, podendo ser combinado não só com verbos, mastambém com subst. e adj. Em latim arcaico, encontramosmuitas vêzes ainda o gen. de relação, também depeÍ1dente desubst., p. e.: Fidem ei non habu~'argenti = "Não tive confiançanêle em questões de dinheiro", mas a prosa clássica prefereoutras construções para exprimir essa idéia. No parágrafoanterior não mencionamos o gen. de relação, já que êste,combinado com subst., não possui muita vida própria, ouentão se confunde com alguns empregos bem definidos quea gramática tradicional costuma denominar com outros nomes.Ao falarmos do gen. combinado com verbos (o chamado gen."adverbal"), é impossível passá-Io em silêncio, porque aquise impõe aos estudiosos da língua latina. Não é legítimo, porexemplo, considerarmos o gen. na locução: pudet me hujus jacti,

Não,p.ossui a virtude de auto-do-mImo

A mor~e da filha tirou-lhe o nomede sogro

A p:ópria palavra "carecer" já étrIste '

Que significa esta palavra "pra-zer" ?

Da:--Ihe-ei um prêmio (que con-SIste) em dinheiro

Sintaxe latina superior'146

Esta. última construção é ,. 1dI. ,a ~lllca egítima com adj. da 3."ec mação, portanto: mhtl uttle (não: nihil utilis).

e) É obrigatório A db . o emprego o gen. partitivo (às veAzessu stItuído por ex/de) depOIS de u ' ,pende uma cláusula relativa Amf superlatIvo, do qual de-I· é' . rase portuguêsa' "Ê tIvro o maIS bonito que já li" d .' s elatim conforme a regra estudada' noeve8~er traduZlda para odesta maneira: Hz'c liber est l h . § " II~, 2d, ou entãoquos legi. pu c errzmus omntum/ex omnibus,

f) .o gen. partitivo do prOn. pessoal é tpor motIVOS evidentes, usa-se muito pouc:o; rum, vestrum, eorum, earum;sg. Nos casos, em que êste é usado gen: pa:-L de pronomes nopars mei martem nan videbit: "Gra~J.:ppre1a-~e me!. tuz_ou sui, p. e. Multaar e e mIm nao verá a morte".*

VI. O Genitivo explicativo. 1) Ê toutros nomes: gen, "epexegético" (lit. ,~e gen; tem tam~émç~o ulterior"),_ e gen. 'idefinitivo" (rt·. ,~ue dda,uma expl~c~-çao") AI.. que a uma deÍllll-genérica ât~~~~ue 1gen. partitivo exprime uma idéia maiso gen. explicativo a:s:~~~l~:g:nte, t:mos aqu.i ~ contrário:expressa pela palavra regente IreClsla uma IdéIa genéricatra??zir êste gen. pela preposi~ão~de~,guns casos, podem~sammde que devemos traduzi 10 ' ~as acontece maISent- . - por um sImples apôsto oE ao, por uma Clrcunlocução com o verbo" . t' ,,' uxemplos: .conSISIr , etc.

Virtutem continentiae non habet

M ors jiliae ademit ei nomen soceri

Triste est nomen ipsum carendi

Quid sibi vult haec vox voluptatis?

Praemium pecuniae ei dabo

Page 80: Besselaar Propylaeum Latinum 1

149

também no abl. precedido

condenar alguém a trabalhos for-çados nas minas/à morte/ a su-plícios/a ser devorado pelas feras

acusar alguem de assassínio pago

acusar alguém de ato(s) de vio-, lência/de venefício/de peculato

accusare, incusare, arguere, crimi-nari, etc.

arguere, convincere, etc.damnare, condemnare, etc.multareabsolvere, etc.

A sintaxe dos casos

A pena ou a multa vai para o ~bl. instrumental. Exemplos:Todos os cidadãos acusam o cÔnsulde ganância

O juiz absolveu o réu de atos con-tra a justiça.

Milcíades foi condenado a pagaruma multa

O cruel tirano condenou todos osseus adversários ao exílio

b) A pena está muitas vêzes também no ao. precedidoda preposição ad ou in, p. e.:condemnare aliquem in/ad metalla/ad mortem/ad supplicia/ad bestias

accusare aliquem inter sicarios

OBSERVAÇÕES:

a) O crime está muitas vêzesda preposição de, p. e.:accusare aliquem de vi/de venejiciis/de pecuniis repetundis(l)

Também encontramos outros tipos de construção, p. e.:

(1) Res repetere = Hexigir uma indenização";. pecunia8 rep~tere = "reivindic9.r (judicial-mente) 0, dinheiro (extorquido ou desvij~do por 21m maglStr~~o no exercíCIo do.s suasfunções);" dai: pecuniae repetundae = concussoo, peculato , ate,

Miltiades pecuniã multatus/con-demnatus est

Tyrannus crudelis omnes adve.rsa-rios exsilio multavit/damnavzt

2) O verbo misereri tem construção pessoal, e é combinado como gen. objetivo, p. e.: misereor hujus viri/tui ("tenho I;ena dêstehomem/de ti"); em latim tardi~, enco~tramos tambem outrasconstruções do tipo: miserere nobzs! e mzsereor super turbam.

3) O GENITIVO DE CRIM~. .~.st~ ~e~. se emprega paraIlIdicar o crime com os "verba JudIClaha ,IstO é, com os verbosque significam:

Omnes cives consulem avaritiaeaccusant

Judex absolvit reum injuriarum

"acusar, incriminar"

"convencer de""condenar""multar, castigar""absolver"

[§ 89 ]

Lembro-me do teu amigoNão te esqueciLembro-me/esqueço-me de tuasofensas

Lembro-te do teu dever

Envergonho-me dêsse atoEstou farto de trabalhar

Sintaxe latina superior148

M emini/reminiscor amici tuiN on sum oblitus tuiM emini/obliviscúr injurias tuas/in-juriarum tuarum

Admoneo te ojjicii tui/de ojjicio tuoNotas.

2) Em latim arcaico, alguns outros verbos pediam o gen.objetivo, p. e. cupere e jastidire ("ter fastio"). Cf. ainda §84, I"2b, nota (potiri rerum).

Notas.

1) Pudet me civium meorum pode significar: "envergonho-medos meus concidadãos", e: "Envergonho-me perante os meus con-cidadãos".

como gen: objetivo em pé de igualdade com memento mei; ogen. mei poderia ser interpretado como gen. objetivo, mas ogen. hujus jacti não indica o obj. dir., e sim, a causa da ver-gonha; o mesmo podemos dizer do gen. "criminis" avaritiaeem: avaritiae eum accusant. Na realidade, temos aqui nastrês frases um gen. de relação, uma idéia tão vaga que fàcil-mente podia especializar-se numa idéia bem definida, taiscomo: gen. objetivo, gen. de causa,. gen. de crime, etc.

1) O GENITIVO OBJETIVO. Emprega-se o gen. objetivocom os verbos memini, reminisci e oblivisci, sobretudo quandoo objeto é uma pessoa; nomes de coisas estão geralmente noac. M emini e reminisci podem ser construídos. também comde mais abl.; os verbos admonere, commonere e commonejacereadmitem o gen. objetivo, mas preferem de mais abl. Exemplos:

Permulta/Haec mihi in mentem ve-nerunt

1) A expressão venit mihi in mentem pede geralmente o gen.;sendo a coisa lembrada um pron. ou adj. neutro, pode usar-se tam-bém a construção pessoal no nom. Exemplos:

Venit mihi in mentem pietatis ejus Ocorreu-me a lembrança da suamemóriaMuitas/Estas coisas me vieram àmemória

2) O GENITIVO DE CAUSA. Com os verbos impessoaismise1'et, paenitet, piget, pudet e taedet (cf. §39, II) pode sercombinado o gen. para exprimir a causa da pena, do remorso,etc. Exemplos:Pudet mé hujus jactiTaedet me laboris

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5) A~ FORMAAS"ANIMI" E "MENTIS". Na comédia e na poesia encon-trAamos.mUltas vezes o gen. das palavras animus, mens, etc. em locuçõesdeste tIPO:

c) Condemnare aliquem capitis (= rei capitalis) quer dizer:"condenar alguém por crime capital" (gen. de crime)' .on-dem.nare, aliquerr;, capite. quer dizer: "condenar alguém à penacapItal/a morte (abl. mstr.). No fundo, as duas construçõestêm o mesmo significado.

~) OS VERBA COPIAE ET INOPIAE. OS verbos latinos queexpnmem a idéia de abundância (p. e. abundare, obsaturare~tc.), ~e provirr:-e?to e abastecimento (p. e. implere, explere;1mpert1re e part1c1pare), e de falta, privação, necessidade, etc.(p; e: ege~e, in~igere, car~re, opus est, etc.) são, no período pré-claSSICQ,as vezes combmados com o gen.; a prosa clássicaprefere o abl. (instrumental ou separativo)' só os verbosegere e indigere (cf. § 82, I, 2b. Nota 3) rege~ em latim clás-sico, muitas vêzes o gen. Exemplo: '

151

Êste escravo éearoTodos os perigos devem ser con-siderados de pouca importância

Tanto te estimo quanto a meu pai

A sintaxe dos casos[ § 89 ]

2) PARTICULARIDADES. - Os dois verbos impessoais re-fert e interest ("importa, interessa', etc.) podem ser combina-dos com estas quatro formas do gen. de preço: magni, parm',tanti e quanti. A pessoa a quem importa ou interessa algumacoisa, vai igualmente para o gen., mas, sendo pron. pessoal,êste gen. é substituído pelo abl. sg. fem. do adj. possessivo(meã, tu , nostrã, vestr ). A coisa que importa pode ser um adj.ou pron. neutro (p. e. hoc, quid, multum, etc.), mas geralmenteé expressa por um Inf. subjetivo ou por um A. c.!., ou entãopor uma pergunta indireta. Exemplos:

b) O gen. de prêço é, no fundo, um gen. de qualidade, tendo suaorigem em expressões dês te tipo: res est magni pretii ("a coisa é de grandevalor").

c) Hane rem jloeei non jacio quer dizer: "Não dou nenhum valora esta coisa, faço pouco de" (ao pé da letra: "considero esta coisa comotendo nem mesmo o valor de um floco").

d) Também pode ser usado o abl. de preço para indicar um preçoindeterminado, pelo menos em algumas locuções, cf. §84, lI, 2.

Hie servus magni estOmnia pericula parvi sunt aesti·manda

Tanti te jacio quanti patrem meum

[§ 89 ]

de coração confianteafligir-se (no coração)

Tenho necessidade de teu conselho

jidens animiangi animi

Sintaxe latina superior

estar indecisonão estar são deespírito

Egeo/lndigeo consilii tui

pendêre animidesipete mentis

. Nestas exp.ress~es temos belos exemplos do gen. de relação; os pró-prlOS .ro!llan~s,.Já nao .entendendo bem esta função do gen., passaram aS~bstltUlr a1}zmt por ammo, e mentis por mente (loc.), p. e. mente reputare,(m/cum) ammo volvere, etc. O emprêgo dêste gen. de relação é extremamenteraro em prosa clássica.

II. O Genitivo de preço.1) EM GERAL. - Com os verbos já assinalados no §84

II, 1, o gen. é empregado para indicar um preço indetermi~nado ("caro, barato", etc.), nas seguintes formas:

Isto é de grande interêsse/impor-tância

Interessa a todos que isto sejafeito

Ê importante para todos os cida-dãos que os inimigos sejam ex-pulsos

Que interêsse tem dizer isso?Interessa-te/Interessa-me fazer estaviagem

Dizem que lhes interessa destronaro rei

É de suma importância de quemodo os livros são lidos

Dicunt suã interesse regem regnospoliari

M axime rêjert quemadmodum librilegantur

Quid rêjert hoe dicere?Tuã/Meã interest hoe iter jaeere

Interest omnium hoe jieri

Hoc magni interest/rêjert

Omnium eivium rêjert hostes expelli

Notas.1) Menos usada é a construção com ut (cf. § 148, I), p. e.:

Magni interest ut te videam: "Para mim é muito importante ver-te";a construção com o A. c. 1.: M agni interest me te videre, seria ambígua.

2) O Pf. de rêjert (impessoal) é rêtulit, não rettulit (esta forma éde rejero: "relatar, narrar", etc.)*

Comprei êste escravo por 10 minas/caro

caro, mais caro, muito caromuitíssimo caro, caríssimobarato, mais barato, muito baratotão caro/barato comode graça, por nada

Exemplos:Hune servum decem minis/magniemi

'magni, pluris, plurimipermagni e maximiparvi, minoris, minimitanti ... , quantinihili

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153

destituído departicipante deassociado a

Escuta, 6 povo de Alba!*

Exemplos são:exsulparticepssocws

A sintaxe dos casos

O NOMINATrVO

Genitivo partitivo.participante dedestituído deprivado de

Também em f6rmulas arcaicas:Audi tu, populus Albanus!

lIl.consorsexperseXSOfS

[§ 91 ]

Quanto a en e ecce com o nom., cf. § 73, V, 2.II O Nominativo em vez do VocatilJo. O nom. pode estar pelo

voe. (n~ comédia e na poesia), principalmente em apostos, p. e.:Mi Libane ocellus meus! Meu Libano, menina dos meus

, olhos!

§91 Particularidades. - Sôbre o emprêgo do nom: podemos .serbreves 'á' ue êste apresenta poucas dificuldades a;o estudlO~Ode. latIm:Cham~~os ~ atenção dos leitores para as duas segumtes partICularIdades.

L O Nominativo exclama~ivo.. ~~te nom., .aliás pouco usado,encontra-se principalmente com a mterJeIçao o, p. e..O j t d·, Que dia de alegria!es us ~es.

4) Muitos outros adj. latinos são igualmente combinadoscom o gen. 9.e relação, a que a gramática tradicional costumadar nomes especiais, p. e.:

a) avidus, cup1'dus, (im)memor, nescius, etc. (gen. objetivo);b) reus (gen. de crime e de pena), p. e. reus av~rit~ae(crime)

e reus est mortis (pena); o crime é muitas. ,:"~zesmdlCado pelapreposição de mais abl., p. e. reus de avantw. .

c) plenus dives' inanis, inops e egenus (gen. coplae etinopiae); êste~ adj.' podem ser combinados também com oabl. (cf. §84, r, 2c).

3) Os poetas (e os prosa~or~s da épo?a imperial) usam o gen. derelação também com outros adJetIvoS, p. e... . t v,;tae homem de vida laetus laborum alegre pelos

mr 2n eger • trabalhosíntegraesgotados pelos timidus deorum temente aosacontecimentos deuses

jessi rerum

[§ 90 ]

pr6prio deJ consagrado a,\ dedicado a

incerto, indecisonão acostumado aimperito emperito emestudioso de, cuidadoso

propriu88acer

incertu8insuetu8imperitusperitusstudiosus

Sintaxe latina superior

podendo caber,suscetível adono dea par denão a par de

152

1. Genitivo de posse. Exemplos são:communi8 comum a

(dis'7par } d . I(di8)8imili8 (es)Igua a

Notas.

1) Quase todos êstes adj. admitem também o dato de aproxi-mação (mas propriu8 nunca), cf. §SO, lI.

2) Quanto a similis, d. §SO, lI, nota 1.

§ 90. O g-enitivo combinado com adjetivos. - Refe-rindo-nos aos tipos de gen. já estudados, podemos classificaros diversos gen. em combinação com adj. da seguinte maneira:o gen. de posse (1), o gell.de relação (lI) e o gen. partitivo (III).

lI. Genitivo de relação. Aqui se torna difícil umaclassificação exata por diversos motivos, um dos quais é queo têrmo "gen. de relação" pode ser interpretado no sentidoamplo (cf. §89, 1), abrangendo o gen. "objetivo", "de causa","de crime", etc., ou então, no sentido estrito, tal como ocorrep. e. na expressão: desipiebam mentis (cf. §89, 1, 5). Tambémsão pouco nítidas as fronteiras entre o gen. partitivo e o gen.de relação: qual das duas funções é primordial? Existemmuitos outros problemas ainda, impossíveis de expor aqui.Trataremos aqui do gen. de relação no sentido amplo, excluindo,porém, o gen. partitivo, embora nem sempre seja fácil umadistinção exata entre os dois.

1) Exemplos de adj., que pedem o gen. de "relação";

2) Os Parto Preso em -ans e -ens, enquanto adjetivados,cf. §29, r, 1, Nota 3.

capax

composgnarusignarus

Reparem bem nas seguintes expressões:Compos mentis (non) est (Não) está em seu juizoVoti comp08 est Conseguiu o que desejava

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, 154 Sintaxe latina superior [§ 92 ]CAPÍTULO VIII

o VOCATIVO

§92. Pa:.:ticularidades. - O voe. latino, ao contrário do. voe.grego, não preClsa ser co_mbinado.com a interjeição o. As interjeições o(h),pro~h), h~us, eho, ~tc. sao usadas e~ frases que revelam muita ternura,mdlgnaçao, decepçao, etc. O voe. latmo geralmente não ocupa o primeirolugar numa frase... Às.vêzes, encontramos o voe. em apóstrofes e em exclamações, p. e.:

d~ ~mmortales! e o jortunate adulescens!

AS PREPOSIÇÕES LATINAS

§93. Observações preliminares. - r. A origem e anatureza das preposições. A expressão: "Tal preposiçãorege o acusativo ou o ablativo" é, do ponto de vista da gra-mática histórica, pouco correta, porque originàriamente era o.caso que indicava a função sintática de uma palavra dentrode uma frase e a preposição não passava de um elemento aces-sório para lhe realçar ou precisar essa função. Para um povomais avançado a flexão nominal, sem outros acréscimos, tor-na-se cada vez mais insuficiente para exprimir adequadamentea riqueza infinitamente nuançada do pensamento humano. Ainsuficiência do sistema meramente flexional deve ter aumen-tado juntamente com o sincretismo de diversos casos em latim:dos oito casos indo-europeus sobreviveram apenas seis nalingua de Lácio, e também êstes seis possuíam muitas vêzesdesinências iguais (p.e. -is/ibus, no dato e no abl. pl.). Doisfatôres contribuiram, portanto, para os romanos adotarem eelaborarem um sistema mais analitico: o sincretismo do,'l casos,e a necessidade crescente de se exprimir com maior clareza eprecisão. Coisa semelhante deu-se também em grego que,com seus cinco casos, devia sentir mais falta ainda ·de prepo-sições e, levado pela necessidade, criou um sistema de prepo-sizões capaz de expressar os matizes mais sutis do pensamento.

A frase: Eo templum, significava primitivamente: "Vouao templo". Mas bem cedo os romanos devem ter sentido anecessidade de fazer uma distinção explícita entre: "ir aotemplo, entrando nêle"· e: "ir ao templo, ficando nas proxi-midades do mesmo". Para exprimir essa diferença, foramacrescentando, na primeira hipótese, o advérbio in ("dentro");na segunda, ad ("até"). Devido ao seu emprêgo constante emcombinação com o ac. de direção, os advérbios in e ad foramperdendo sua autonomia, acabando por ser interpretados como"preposições" que "regiam" o ac. Tal coisa deve ter-se dadotambém' com ab e de e ex, e com outras palavras que, de origemadverbial, com o tempo se transformaram em preposições.

Page 84: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Uma vez nascidas as preposições; os casos ganharam muitoem clareza, mas, ao mesmo tempo, não tardaram em desvalo-rizar-se, visto que a preposição por si já exprimia a funçãosintática e a terminação da palavra "regida" se tornava umelemento acessório, quase supérfluo. O têrmo final da evoluçãolingüística, iniciada com o nascimento das preposições, deveser o de uma estrutura completamente analítica, mas essa fasenão foi atingida pelo latim senão nos primeiros séculos daIdade Média, quando nasciam os idiomas românicos. Váriosfatôres impediram o desaparecimento total do sistema flexional,p. e. o fato de, em latim, só o ac. e o abl. poderem ser combi-nados com uma preposição; a influência conservadora e regu-ladora da linguagem literária, etc. Assim mesmo, encontramosjá em inscrições de Pompéiaa tendência "analítica" da lin-guagem popular, p. e. na forma: cum discentes suos = cumdiscentibus suis.

Os dois únicos casos latinos que admitem preposições, sãoo ac. e o abl.; são os dois casos "concretos" (ou "locais"), aopasso que o gen. e o dato têm caráter mais abstrato. Dasdiversas funções "locais" nasceram as outras funções: pri-meiro, a função temporal; em seguida, as várias funçõesderivadas de caráter mais abstrato ainda. Cí. a função de exnestas três frases: Exit e templo ("Sai do templo"); Ex illotempore ("Desde aquêle tempo"); Ex ifenatus cons~dto ("Emvirtude de um decreto do senado"). O ac. de movimento (d.§70) podia ser especificado pelos advérbios ad e in; o locativopor in e pro; o separativo por ab, de e ex; o sociativo por cum,etc. Quase todos êsses advérbios foram adquirindo, com otempo, também a função temporal e outras funções figuradas.

Preposições são, portanto, advérbios que, pelo desgaste epela combinação freqüente com certos casos, perderam seusignificado original concreto (quase sempre local!), passandoa indicar relações mais ou menos abstratas entre os diversoselementos constitutivos de uma frase. A passagem de advérbiopara preposição é, em tôdas as línguas indo-européias, umprocesso contínuo e nunca completamente acabado. Assim seexplica que, em latim, ao lado das preposições "puras" (p. e.:ab, de, cum, in, etc.), ainda encontremos preposições "adver-biais" (p. e.: juxta, supra, etc.). Em plena época literáriapodemos verificar que cortas palavras, até então usadas exclu-sivamente como advérbios, se foram transformando em pre-posições, p. e. procul e simul, .

157As preposições latinas[ § 93 J

O têrmo "preposição" é enganador, porque nem semPIre a. - alavra "regida". Por ser uma pa avrapreposlçao prec~d~ a p .da própria a preposição sempresem acenl~o proPersltOr'el'~~~e~~ea outra palavra, e essa ligaçãoprocura Igar-se .. t "pró---êl fetuar-se de três maneiras dIferen~es: _eXIS~ a .

~l~~~'(P·"~::ó~~::.~u~~ :.te~:aZ::;'o~~~~,aq~tga~~oc:~s)~o:x;~~XIS~é~ a "ênclise" (p. e. mecum). Algu~~s palavras temam ou quase sempre a colocação enchtlCa, p. e. ergo esempre, '" ó . - "tenus; poderíamos chamar-Ihes p S-poslçoes .

,. N §§ 94-123 pretendemos11. A divisão da matena,. os, .' §§ 124-136. - ue admItem so o ac., nos ,

falar das preposlçoes q bl' nos §§ 137-139, das que podemdas que admItem só .0 a ., §. § 140-142 das chamadas "pós-eger o ac e o abl., nos, .rposições" .Devemos limitar-nos às linhas. ~estras; d:u~na,s~n-- . retensão de SubstItmr um lClOnano.taxe n:1:0podet tetr adopstextos antigos e a contínua consultaSó a leItura a en a . d' d I t'mde bons dicionários poderão fam~ianzar o ~s!us IOS~os:a ap~e_com os diversíssimos empregos .as Iprepos?oe .: s não a decípua preocupação será a de assm~ ar" as unçoe, sultardar "significados" ou "traduções feJtas . Quem;, ~o ~fn d s"m dicionário francês encontrasse aí apenas os slgm Ica ou . _ f '''à'' em português (p. e.: a, em, com,da preposlç~~) r~~:s;icar informado acêrca das suas funçõesp'0r,,p'ara, e .h' 'to pouca coisa com a consulta. MassmtatlCas, gfan ana mm m nenhum outro ponto talvez, oscumpre con essar que, e _. t nte como emidiomatismos desempenham pap;l ta? ~I~PO{aanão dar nada

matéria dasI preposiçõef~'c'Dlma:n~~~ :~sr;~ leu~ão ver a florest~Porque o a uno corre a I .d ' ores N a nossa exposição, refenr-nos-emos,por causa as arv. . , d d d quena medida do possível, aos assuntos Ja trata os, e mo dO _êste capítulo terá muitas .v~zes o carát~r ~e d~~ad~~~~o:çs~~Em cada uma das preposlçoes a serem ra a , . C::s a;u~~~~~e~~o~~i:~te~Ob~is a::~~~~~s (:::l~~al:fgu~a~~ o~derivado).*

[§ 93 ]Sintaxe latina superior156

Page 85: Besselaar Propylaeum Latinum 1

C. 1) Com números, 'nd' . /"cêrca de" etc I lCa quantIa valor aproximativo:, .

159

Homero viveu antes de HesíodoMeu pai faleceu há três anos

estar diante dos olhosassentar-se diante da cidade

falar contra (os interêsses) doEstado

contra a leios deveres de amizade para comos amigos

Havia uma porta em frente aoacampamento

viver a seu bel-prazercomo, de que modo

"para", etc.. deu dinheiro para (a construção

de) o templo

As preposições latinas

H omerus ante H esiodum vixitante (hos) tres annos pater meusmortuus est (d. §74, IIl, dc)

ante oculos esseante oppidum considere

adversum legemofficia amoris adversus amicos(cf. §88, lU, 2)

adversum rem publicam loqui

Porta adversum castra erat

5) Indica norma, modo, etc.: "conforme", etc.

C. Indica a que pessoa ou coisa se dirigem os sentimentosde simpatia e de antipatia: "para com, contr:a, a, por", etc.Cf. §80, I, Nota 2.

B. Indica anterioridade: "antes de", etc.

§96. Ante (antônimo de post; cf. também < pro, no sen-tido local).

A. Indica uma posição "perante" uma coisa ou pessoa,tendo-a diante dos olhós: "diante de".

C. Indica superioridade: "mais (do) que", etc. - Emprosa clássica prefere-se, porém, praeter alios/alia a ante alios/alia, etc.

§95. Adversum ou adversus (arcaico: advorsum).A. No sentido local, esta palavra significa: "em frente

a", etc.

ad suum arbitrium vivered. quemadmodum (cf. §62, I, 2)

4) IEdica finalidade, intenção:ad templum (aedificandum) pe-cuniam dedit (cf. §31, IIl, 1)

[§ 95 ]

3) Indica ponto de vista: "quanto a, no que diz respeito a", etc.ad cetera vir egregius est (cf. §74, quanto ao mais, é excelenteIV)

[ § 94 ]

matar cêrca de 300 cidadãost~dos sem exceção pereceram(ht.: "até um só, até o último")

"comparado com", etc.

de repouso: "junto a, ao pé de", etc.estar deitado aos pés de alguémestar nas proximidades da cidadepermanecer junto ao pai

Sintaxe latina superior

PREPOSIÇÕES QUE ADMITEMAPENAS O ACUSATIVO

158

2) com verbosad pedes alicuJus Jaceread urbem essead patrem manere

§94. Ad.

A. 1) Com verbos de movimento: "até a" t (1)dG ' , e c.a enavam pervenire (cf §70 U 1)(usque) ad urbem venir; " ?heg~r .ao~ arredores de Genebra'ad .Ca.esarem legatos mittere Ir a.te a Clda:de(sem entrar nela)SC~2l!S2.epistulam ad te \ (cL§77 envIar. embaIxadores a CésarmZS2ep2stulam ad teJtibi f I 3)' escr.e~I-te uma carta, enVIeI-te uma carta

B. 1) Indica r 't tUlll e emporal: "até, a", etc.(l)(usque) ad summa:m senectutem ' .(usque) ad hunc diem ate a e::,:tremavelhiceaté o dIa de hoje

2) Indicação aproximativa de tempo: "por volta de a" tad noctem domum redire ' , e c.voltar a casa ao anoitecer

etc. 3) Indicá acompanhamento musical: "ao som de, acompanhado de"ad tibiam canere 'cantar ao som da flauta

4) Reparem bem na dupla significação de:

ad tempus venire { a) vir a tempo na hora'b) vir por cert~ tempo, ~or ora.

a terra é muito pequena em com-paração com o universo

(I) Acrescenta-se a ad muita v'de limite (espacial e te;'po~~1). uêJte ~~97~m francês: iusqu'à) para realçar a idéia

ad trecentos cives trucidareomnes ad unum interierunt \ad unum omnes interierunt f

2) Indica ponto de referência:

terra ad caelum universum exiguumest

Page 86: Besselaar Propylaeum Latinum 1

2) Com certos verbos de movimento exprime a idéia decirculação:

B. Indicação aproximativa de tempo: "por volta de",etc. (emprêgo não clássico).

161

mandou um escravo que fÔsseter,sucessivamente, com todos osseus amigos

visita tÔdas as tabernas, uma ap6soutra

há muitos templos em redor do foromuitos homens o rodeiampassarei algum tempo na vizi-nhança de Cápua

morar aquém dos Alpes .Gália Cisalpina = onorte da Itálla

"em relação a" (emprêgo não clássico).a negligência em relação às artesliberais

As preposições latinas

'.:)Iadica relação, referência:, ," J ill circa bonas artes

§ 102. Citra. - Em latim clássico, esta prep. se usaapenas no sentido local.

A. Significa: "para aquém" (sempre com verbos demovimento),

* !)9. Circiter (pouco usado em prosa clássica).11. Indica proximidade (muito raro): "perto de", etc.

,1I,·ila haec loca na vizinhà dêstes lugares

B. Indicação aproximativa de tempo: "por volta de" (mais freqüente)., 1I'I"il,crmeridiem por volta de meio-dia

eis Alpes habitaereci. Gallia Cisalpina

B. Significa: "daqui a, dentro de", etc. (muito raro).cis duos dies projicisear partirei dentro de dois dias

servum dimis',it circum omnes ami-cus suos

§ 100. Circum. - Esta prep. usa-se só em sentido local(d. cirea).

A ) I d' . .d de etc' "em redor de, perto. 1 n lCa proxlml a, ..de", etc.

2) Com certos verbos de movimento, exprime a idéiade circulação.

§ 101. Cis. - Esta preposição é pouco usada em latimclássico.

A. Significa: "aquém de, dêste lado de": etc.

coneursat cireum tabernas

'/Imita templa circum jorum sunt'/Imlti viri éircum illum suntcircum Capuam aliquantum commo-rabor

amo meu filho mais que a mimmesmoo mais criminoso de todos

passei algum tempo em casa deCíceroentre os helvécios/romanos/gregoslemos em Cícero

há uma muralha em redor dacidade

está sempre cercado de seus filhosperto de Hena há grandes lagos

enviou embaixadores a tôdas astribos da Gália sucessivamente

meu amigo chegou por volta daquinta hora

César tomou mais ou menos 10cidades

quantia aproximativa: "cêrca de"

Sintaxe latina superior

§98. Circa. - Os autores clássicos preferem eireum.

A. Indica rodeio, proximidade: "em redor de, perto de",

160

jilium meum ante me amo

scelestior ante alios

apud Ciceronem aliquantum commo-ratus sum(l)

apud H elvetios/Romanos/Graecosapud Ciceronem legimus

etc.

§97. Ápud. - Esta prep. se usa apenas em sentido local.A. 1) Em prosa clássica, principalmente com nomes de

indivíduos ("em casa de", cf. ehez ~m francês), de povos("entre"), e de autores ("em").

jilios sempre circa se habetcirca H ennam lacus magni sunt

2) Os autores da época imperial (principalmente Tácito) usam apudcom nomes geográficos no sentido locativo:

apud Asiam/Rhodum/R~mam na Ásia/em Rodes/em Roma

circa urbem moenia sunt

legatos misit circa civitates Galliae

amicus meus advenit circa quintamhoram

, C. 1) Com números, indica(emprêgo não clássico).Caesar circa decem oppida cepit

(1) A palavra francesa chez deriva de casa.

Page 87: Besselaar Propylaeum Latinum 1

2) Exprime a idéia de transgressão (antônimo: pro):"contra, longe de", etc.

163

"para com, por, a",

abaixo da lua acha-se a terra

cultivei menos de duas jeirasos uros são pouco menores do queos elefantes

ultrapassar os limites

estar fora do propósito/da questão

todos pereceram, exceto ,o general

fora do território dos éduos

a bondade para com· todos oshomens

o ódio contra Fábiopreocupados em relação a Sejano

As preposições latinas

I njra lunam terra est

2) Exprime a idéia de "ser alheio a": "fora de, alheio a",

2) Exprime a idéia de posteridade: "depois de", etc. (raro).Homerus non injra Lyeurgum juit Homero não foiposterior a Licurgo

§ 106. Infra.A. Significa: "abaixo/em baixo/por baixo de", etc.

,"I Ipalia (só em autores pós-clássicos):I, CL §80,INota2.

'" 'U i/a.': erga omnes homines (c!.)

3) Exprime a idéia de exceção: "exceto, salvo", etc.

C. 1) Exprime a idéia de inferioridade: "menos de,inferior a", etc.

C. 1) Exprime a idéia de transgressão: "fora de, con-tra", etc.

§ 105. Extra.A. 1) Significa: "fora de", etc.

,',eira jincs Aeduorum

injra duo jugera coluiuri sunt magnitudine paulo (cf.§84, IV, 2) injra elephantos

Extra ducem omnes perierunt

extra rem/causam esse

etc.

,,,11/1/1/, erga Fabium (pós-c!.),I L:I,mbém: anxii erga SejanumIl'clH-Cl.)

"xtra cancellos/jines egredi

"do

[§ 103 ]

César transporto~ o exército paraêste lado do Reno

isto ainda não é crimesua raiva não chegou a matá-Io

viver contra a natureza

limite não foi atingido: "sem chegar a,

ou situação diferente, oposta:

Sintaxe latina superior162

Caesar exercitum citra Rhenum du-xit

C. 1) Indica que certoabaixo de, inferior a", etc.hoc citra scelus estira ejus citra necem constituit

§103. Contra.A. Indica posição

lado opôsto de", etc.Britannia contra Galliam est A Bretanha fica do lado oposto

da Gália

C. 1) Exprime a idéia de hostilidade: "contra", tce.pro patriã contra hostes pugnare lutar pela pátria contra os inimigos(cf. §77, I, 3)

2) Indica anterioridade: "antes de", etc. (muito raro).citra tempora Troiana antes dos tempos troianos

3) Indica que se faz abstração de certa coisa: "sem falar de feitaabstração de", etc., ou designa privação: "(mesmo) sem", etc. 'hoc mare citra magnitudinem Ponto êste mar é muito parecido com osimile est Ponto, exceto no tamanho

citra auctoritatem patris abiit foi-se embora sem 'a autorizaçãodo pai ,

virtus citra honores pulchra est a virtude é bela, sem falar das hon-rarias que a acostumam acom-panhar (ou: mesmo sem honra-rias)

contra natúram vivere (d. §80, lI,nota 2)

contra leges/morcs agcrecontra spem/opinionem convaluit

agir contra as leis/os costumesrecuperou-se ao contrário do quese esperava/pensava

§ 104. Erga. - O sentido local não ocorre mais em latimclássico.

. C,. Indica a que pessoa se dirigem os sentimentos deSImpatIa (é esta a sua única função em latim clássico) ou de

Page 88: Besselaar Propylaeum Latinum 1

2) Exprime a idéia de interrelações, intercâmbio: "entre",etc.

3) Indica as circunstâncias: "entre, em meio a", etc.(cf. B 3).

165

voltará dentro de breves dias

dentro das paredes da minha casa

o mais honrado de todos os ci-dadãos

uma batalha extremamente no-tável

ser acusado de homicídio pago

menos de 200 cavaleiros

fiz isto dentro das disposições le-gais

viveu de acôrdo com a sua condi-ção (social ou econômica)

conforme as instruções do rei

ainda está diante dos meus olhosconduziu o exército às portas deRoma

ao lado da Via Ápia há sepulcros

de" (raro); com verbos de movi-

As! preposições latinasI 3 108 ]

/tonestissimus inter omnes cives (cf.§88, V, 2a)

jl'ugna inter paucas/omnes/cunctasnobilis

inter sicarios accusari (cf. §89,I, 3a)

§ 108. Intra.A. Significa: "dentro de", etc.

intra parietes meos

redibit intra paucos dies

intra legem hoc jeci

B. Significa: "dentro de/em", etc.

2) Com números, significa: "menos de", etc.

intra jortunam vixit

C. 1) Indica limitação: "dentro de", etc.

C. Indica conformidade, norma: "segundo, conforme", etc. (emprêgopós-clássico).

§ 109. Juxta. - Esta palavra nunca é usada por Cícero(nem como adv., nem como prep.).

A. Indica proximidade imediata: "junto a, perto de, aolado de", etc. -

intra ducentos equites

§110. Ob.A. Significa: "diante

mento e de repouso.adhuc mihi ob oculos versaturexercitum ob Romam duxit

juxta praecepta regis

juxta viam Appiam sepulcra sunt

[§ 107 ]

o monte Jura acha-se entre osSéquanos e Helvécios

estar entre amigos

dentro de três horas/em menos detrês horas aconteceu tudo isto

entre todos há unanimidade

em meio às queixas/aos gemidos

entre nós ("entre nous") podefaler-se abertamente (= confi-dencialmente)

diferença: "entre", etc.Qual a diferença entre um amigoe um' inimigo?

Sintaxe latina superior164

mons Jura est inter Sequanos etHelvetios

inter amicos esse

2) Indica o prazo dentro do qual se realiza alguma coisa:"durante, dentro de", etc.inter tres horas haec omnia jactasunt

§107. Inter.A .. Significa "entre, no meio de", etc. (usa-se de pessoas

e de COIsas).

B. 1) Indica os dois limites de um certo prazo: "entre",etc.inter horam tertiam et quartam entre a 3.a e a 4.a hora

3) Indica um momento qualquer dentro de um certo prazo: "durante,no decurso de, a", etc. (autores pós-clássicos).inter cenandum (cf. §31, IV, 2) ao cear/durante a ceia

C. 1) Exprime a idéia deQuid interest inter amicum et ini-micum?

inter omnes constat

inter querelas/gemitus

4) Indica reciprocidade: "entre", etc.inter nos/vos/se (cf. §222) entre nós/vós/si (= uns a outros)

5) Idiomatismos:inter nos dicere licet aperte

Page 89: Besselaar Propylaeum Latinum 1

C. 1) Indica o meio, principalmente com pessoas: "me-diante, através de".

B. 1) Exprime a idéia de causalidade: "por, por 'Causade", etc. (cf. propter):

167

(o rio) Eurotas corre ao longo deEsparta'

desde tempos imemoriais

depois de Mercúrio (isto é, emgrau menor) veneram os outrosdeuses

depois do nascimento de Cristo

suas mãos estavam amarradasatrás das costas

devido à sua idade, pareciam serinúteis

ob ou propter: "por causa de",

As preposições latinas

§115. Praeter.A. Significa: "ao longo de".

§ 114. Posto

1I :\

Eurotas praeter Spartam .jluit

A. Significa: "atrás de", etc.post me erat Aegina atrás de mim ficava Egina (nome

de ilha)

B. Exprime a idéia de posterioridade e de ordem: "depoisde", etc.post Christum natum (cf. §28, II)

post homines natos (cf. § 28, II) }post hominum memoriam (cf. §88,lI, 1)

post M ercurium alios deos colunt

;l) Indica restrição: "quanto a", etc. (sobretudo comI'rI,';81: e licet).

/"'/ //te vobis licet/potestis ire por mim/quanto a mim, podeis ir

(1) Nesta função, p.r é muitas vêzesseparado da palavra "reg\da", p. e.: p.r .uo V08 dtosimrrwrtal.8 oro.

§113. Pone.Esta prep. encontra-se muito pouco em prosa clássica; sua função

e a mesma de post, sempre no sentido local.

5) Indica causa (raro)

pone tergum manus vinctae erant

de.per aetatem inutiles videbantur

4) Usa-se em obsecrações: "por", etc.1"''' deos immortales vos oro(l) imploro-vos pelos deuses imortais

~) Indica o modo, a maneira de que se faz alguma coisaI :,IIi'I:;Lio e Tác.).

/'íll/. = vi (cf. §83, II, 2c) violentamente, com violência

[§111]

por isso/pelo que

o poder está nas mãos de um s6

em tôdas as partes da cidadeouvia-se o gemido dos prisio-neiros

os homens viviam dispersas peloscampos

meu amigo ficou aqui três dias

matar seus inimigos mediante pa-gamento

mediante uma carta informou-meda sua vinda

Sintaxe latina superior166

ob eam rem/quam ob rem

penes unum omnis potestas est

Arar per jines Aeduorum jluit o Saône corre pelo territ6rio doséduos

2) Exprime a idéia de espalhamento: "por, em todo .... ",etc.

§111. Penes.Esta prep., de emprêgo muito limitado, quer dizer: "em

poder de, com", etc.; ocorre exclusivamente em combinaçãocom pessoas.

§112. Per.A. 1) Significa: "através de", etc.

2) Exprime a idéia de finalidade (raro: pràticamentes6· em f6r-mulas arcaicas, combinado com o gerúndio/gerimdivo, cf. §31, rII, 1).ob rem judicandam pecuniam acci- receber dinheiro para julgar umapere causa

per(totam)urbem gemitus captivorumaudiebatur (cf. §85, II, 4)

B. 1) Significa: "durante" (cf. em inglês: for), acres-centando-se às vêzes a um aC.de duração (cf. §74, IIr, 2a).

homines jusi per agros vagabantur

amicus meus per tres dies hic mansit

per sicarios necare inimicos

per epistulam certiorem me jecit deadventu suo (cf. §84, r, 1)

Page 90: Besselaar Propylaeum Latinum 1

169

viver de acôrdo com a natureza

viajar logo depois da vindima

depois de ti, nada me é mais carodo que a solidão

César conduziu as tropas ao longodo rio

meu amigo veio logo atrás de mim

ao lado da Via Ápia/junto aocampo

deixar a Itália por causa do ódiodos inimgos

ficar em casa por causa da mãe

por um pouco chegava-se a umasedição

quase

As preposições latinas

C. Significa: "quase, por um pouco", etc.

~iI 17 ]

secundum naturam vivere (cf. §80,II, nota 2)

secundum te nihil mihi carius estsolitudine

secundum vindemiam projiciscar

Caesar copias secundum jlumenduxit

amicus meus secundum me venit

propter odium inimicorum ex Italiãdiscedere

propter matrem domi manere

C. Exprime a idéia de hierarquia, ordem, etc.: "depoisde", etc.

B. Indica sucessão imediata: "logo depois de", etc.

2) Exprime a idéia de norma, regra, etc.: "segundo, con-forme", etc.

§118. Secundum (relaciona-se com o verbo sequi).

A. Significa: "ao longo de, seguindo", etc.

propter viam Appiam/agrum

C. Indica causalidade: "por, por causa de, devido a",etc. Cf. ob.

§117. Propter.A. Exprime a idéia de proximidade: "perto de, junto,

ao lado de", etc.

jll'opemodum

1'l'IIpeseditionem veittum est

[§ 116]

minha casa fica perto do templode Júpiter

perto/mais perto/muito perto daterra

além do cÔnsul, muitos magistra-dos estavam presentes no foro

exceto o cÔnsul/fora o cÔnsul, ne-nhum dos magistrados estavapresente

longe do que se esperava/pensavacontra o costume

esta ilha fica mais próxima do oestequer ficar nas proximidades daItália

sobremaneirao mais nobre de todosantes de mais nada, sobretudo

Sintaxe latina superior168

praeter consulem multi magistratusaderant in joro

praeter consulem nemo aderat ma-gistratuum

2) Indica superioridade, excelência, preferência: "alémde", etc.

3) Combinado com ab mais abl.

§116. Prope.A. 1) Significa: "perto de, junto a", etc.

3) Como muitos outros idiomas, o latim não faz umadistinção muito nítida entre a idéia de exclusão ("exceto")e a de adição ("além de"); praeter ocorre nas duas acepções.

C. 1) Indica transgressão, contrariedade, etc.: "além de,contra", etc.praeter spem/opinionempraeter consuetudinem

2) Também ocorrem propius e proxime, igualmente com-binados com o ac.

praeter modumpraeter ceteros/alios nobilispraeter cetera/alia

haec insula est propius occasumvult proxime Italiam manere

prope templum Jovis est domus mea

prope/proprius/proxime a terra

B. Significa: "cêrca de, quase,-no ponto de", etc. (tam-bém propius e proxime).

"junto a, perto de", etc. (= prope, juxta).estava sentado ao lado do caminho

prope lucem eratproxime solis occasum eratcf. propediem

estava para amanhecerera muito perto do pÔr do soldentro em breve

§119. Secus (ocorre, como prep., só em latim vulgar, sobretudo emtextos tardios).

A. Significa:secus viam sedebat

Page 91: Besselaar Propylaeum Latinum 1

B. Exprime a idéia de anterioridade: "antes de", etc.

C. 1) Com números, significa: "mais de", etc.

171

morar além das montanhas/atrásdas montanhas

lançar os inimigos para além dasmontanhas

parto das proximidades de Romapartem das proximidades do tem- .pIo

isto ultrapassa o que se pode crertransgredir os limites .

viveu aqui mais de dois anos

As preposições latinas

altra montes hostes ejicere

/lUra montes habitare

ultra 'biennium hic vixit

PREPOSIÇÕES QUE ADMITEMAPENAS O ABLATIVO

(1) Ab antes de vogais e h-i a antes de consoantes; ab8 antes de 0-, qu- e 1-. principal-mente na .combinação abs te: Hpor ti".

projiciscor a Romã (cf. §71, I)abeunt a templo (cf. §71, I)

A. Indica separação das proximidades de: "de, por paÚede, do lado de", etc.

§ 124. Ah(l). *

hoc est ultra jidemultra modum progredi

C. Exprime a idéia de superioridade, mas também detransgressão: "além de".

§ 122. Ultra.

A. No sentido local, tem as mesmas funções da prep.Irans.

B. Significa: "mais de", etc.

§123. Versus (deu a palavra francesa vers).

Esta palavra, que apresenta as variantes versum e vorsum (arc.),nunca chegou a ser uma preposição no sentido próprio do têrmo; fazparte dos advérbios (e preposições): adversus; retrorsum ("para trás"),sursum ("para cima"), rursum/rursus ("de volta, de novo"), prorsus ("parafrente, completamente"), deorsum ("para baixo"), etc.

Versus/versum, combinado com o ac. de nomes geográficos, significa:"rumo a", p. e. Romam versus: "rumo a Roma" (lit.: "tendo-se voltadoa Roma"); mas geralmente a palavra vem reforçada da preposição adou in, p. e.: ad Oceanum versus: "em direção ao Qceano".

acima da lua tudo é eternoestar iminentenavegar por cima da seara

mais de 4.000 homens

esta cidade fica do outro lado deAlexandria/é mais longe do queAlexandria

antes da nossa época

acima das fôrças/acima da (justa)medida

fora do costumemais do que o mêdo (que tinham)da guerra latina, amedronta-va-os a conjuração dos trintapovos

os germanos moram do outro ladodo Reno

César lançou os germanos paraalém do Reno

Sintaxe latina superior170

supra hanc memoriam (cf. §88,lI, 1)

supra lunam sunt aeterna omniasupra caput essesupra segetes navigare

supra Alexandriam hoc oppidum est

supra quattuor milia hominum

2) Exprime a. idéia de preferência, excelência, superiori-dade: "além de, acima de", etc.; também a de transgressão,ultrapassamento: "fora de", etc.

§ 120. Supra (cf. super).A. 1) Significa: "em cima de/acima dê" (com verbos de

movimento e de repouso).

2) Significa: "além de, do outro lado de", etc.

§121. Trans (deu a palavra francesa (tres).Esta palavra tem sempre sentido local; usa-se com verbos

de movimento e de repouso, e significa: "(para) além de, (para)o outro lado de", etc. Seus antônimos são eitra e eis.

supra moremsupra metum belli Latini terrebateos conjuratio triginta populorum

supra vires/modum

Caesar trans Rhenum Germano8ejecit

Germani trans Rhenum incolunt

Page 92: Besselaar Propylaeum Latinum 1

173

fugiu sem vós saberdes

considerar, reputar

exercer o comando

sempre está em companhia do seuamigo

estar com a espada, estar armado

falaste isto na presença de teupai.

saúda o general com alegria/ale-gremente

saúda o general commuita alegria/muito alegremente

As preposições latinas

§128. Cum.

:'i 126]

dam vobis jugit (cláss.) }dam vos fugit (comédia)

§127. Coram (>co-õr-am; -õr-'" os (= "boca") cf. emfrancês: vis-à-vis.

Também esta palavra é, no mais das vêzes, adv., p. e.:coram adesse: "estar presente pessoalmente"; às vêzes, ocorretambém combinada com o abl., p. e.:

B. Significa: "(juntamente) com logo ao", etc. (raro).

§126. Clam (relaciona-se com celare, cf. §75, IV).Esta palavra é quase sempre adv.: "às escondidas",etc.;

como prep., rege o abl. em latim clássico,mas (geralmente)o ac. em latim arcaico. Exemplos:

Coram patre hoc dixisti

cum gladio esse (cf. §83, I, 2)

2) Idiomatismos:

semper (unã) cum amico est

A. 1) Indica companhia: "com"; muitas vêzes acom-panhado de un.ã ("juntamente com"); emprega-se em relaçãoa pessoas e COIsas.

cum luce/primo mane logo ao amanhecer

reputare cum animo/secum (cf. }§89, I, 5)

cogitare cum animo/secumesse cum imperio

B. Indica o modo, a maneira (cf. §83, II): "cOm" (oumediante um adv.)cum gaudio salutat ducem

magno (cum) gaudio salutat ducem

[§ 125 ]

todos os reis descendentes de Belo

nada lhe falta, nem em dons natu-rais, nem em formação cultural

amadurecer sob a influência do solpor raiva/por ódio

de vista, etc.: "quanto a, no

Sintaxe latina superior

2) Idiomatismos:

4) Indica causa, motivo, etc. de uma ação ativa: "por",

172

a jronte/tergo alicujusa dextrã/sinistrãstare a senatuminister ab epistulis/a rationibus/libellis

castra munita non erant a portãdecumanã

o acampamento não era fortale-cido do lado da porta decumana(= principal)

na frente/nas costas de alguémdo lado direito/esqUerdoseguir o ·partido senatorialo secretári% tesoureir% ministroencarregado de receber é deexpedir as petições

B. Significa: "(logo) depois", etc.a pueritiã/puero/pueris desde a infânciaab eo/illo tempore a partir daquele tempoab initio desde o inícioatuo discessu pater meus rediit logo depois da tua saída voltou

meu pai

3) Indica relação, pontoque diz respeito a".nihil ei deest neque a naturã nequedoctrinã (cL §82, V, 2c)

etc.omnes reges a Belo (cL §82, lI)

2) Indica o agente de uma ação passiva: "por" (só sêresanimados)laudari a magistro (cL §82, IV) ser louvado pelo professor

C. 1) Indica origem: "de, provindo de, descendente de,"

etc.mitescere a soleab irã/ab odio (só em autores pós-clássicos; cf. §84, IlI, 2a)

§ 125. Absque (extremamente raro em prosa clássica).• Na comédia, esta prep. tem a função de si s1:ne,principalmente emcombinação com pron. pessoais, p. e. em frases dêste tipo: absque te esset,hodie non viverem: "não fÔsse teu (auxílio)/sem ti, não viveria mais".

Na linguagem jurídica, coloquial, em latim da época imperial e emtextos tardios, encontramos absque muitas vêzes como sinÔnimo de sine,principalmente em combinação com palavras abstratas, p, e,: absquepericulo =; sine periculo: "sem perigo",

Page 93: Besselaar Propylaeum Latinum 1

C. 1) Significa: "a respeito de, acêrca de, sôbre", etc.

2) Significa: "ainda durante", etc.

175

logo depois de terminado seu con-sulado, foi à província

a partir daquele tempodesde que partiu, jamais voltou

lutar na muralha/a cavalode viagem/durante a fugade todos os lados/dos dois lados

sair da cidade/do templo

de novoinesperadamente

a meu vera/seguindo teu exemplo

por êste motivo/por esta razãopor que?alegro-me com a tua vinda

As preposições latinas

4) Indica causa, motivo, etc.: "por", etc.

:i 1:10]

ex eo/illo temporeex quo proJectus est, numquamrediit

ex consulatu in provinciam pro-Jectus est

(1) Sempre se pode usar a forma ex. também antes de consoantes; esta forma é obrigatóriaantes de vogais.

C. 1) Indica descendência biológica imediata (cf. §82,II) e proveniência geográfica (comnomes de países): "de", etc.ex Jove natus est é filho de Júpiternegotiator ex AJricã est é um negociante, natural da África

5) Indica norma, medida: "conforme, de acôrdo a", etc.

2) Idiomatismos:e muro/ex equo pugnareex itinere/e jugãex omni/utrãque parte (também ab)

B. Significa: "(logo) depois", etc. (muitas vêzes, paraindicar sucessão imediata).

§ 130. Ex(l).A. Indica separação de dentro para fora: "de", etc.

(cf. §71, I). .ex urbe/templo discedere

6) Idiomatismos:de integro (também ab/ex integro)de improviso/transverso

de meã sententiãde tuo exemplo

,Il/hac de re'1,,1i de causã 1rlrtlldeode adventu tuo (cf. §71, l,3, nota)

[§ 129 ]

uma estátua feita de mármore

faz-se um cárcere do templo

um homem da plebeum dos nossos

conversar sôbre a conjuraçãoos livros sôbre os deveres, ou:"Os Deveres"

quando ainda era dia/noitenavegar ainda em dezembro

não é bom dormir logo depois doalmôço

aguardar um diaap6s outro

esta guerra foi feita para grandecalamidade dos nossos cidadãos

tirar o anel do dedolançou-se da mural ha/do telhado

Sintaxe latiná supe'rior

2) Indica conseqüência: "para", etc.

signum de marmore Jactum (cf. §88,VII)

carcer de templo Jit

homo de plebealiquis de nostris

de conjuratione colloquilibri de OJjiciis

de die/noctede mensIJ decembri navigare

non est bonus somnus de prandio

3) Indica a matéria concreta de que foi feita uma coisacomo também, a situação existente antes de uma transfor~mação: "de", etc.

B. 1) Indica sucessão (muitas vêzes, imediata) e poste-rioridade: "depois de".

2) Exprime a idéia partitiva, vindo a substituir o gen.partitivo (cf. §88, 4); "de", etc.

diem de die prospectare

174

anulum de digito detraheredejecit se de muro/de tecto

§129. De.A .. Indica separação de duas coisas estreitamente ligadas

entre SI, ou então, separação no sentido vertical; "de, abaixo",etc.

hoc bellum Jactum est cum magnãclade civitatis nostrae

Page 94: Besselaar Propylaeum Latinum 1

2) Exprime a idéia partitiva (cf. §88, V):(cf. de).

177As preposições latinas:i 133 ]

Nota. Prae se jerre tem quase sempre o sentido figurad? ~e"mostrar ostentivamente, exibir, alardear':, etc.; praejerre ahqu~dalicui rei quer dizer: "preferir alguma COIsaa outra".

[§ 131 ]

"de", etc.

dois dos soldados

Sintaxe latina superior176

duo e militibus

4) Indica causa, motivo, etc.: "por", etc. - Maiscomum é de.

3) Indica a matéria concreta de que foi feita uma coisa,como também, a situação existente antes de uma transfor-mação: "de", etc. (cf. de).

como se

falar em nome do/pelo amigoÍàz as vêzes de pai para num, ou:êle é um pai para mim.

considero-te como pai

não pôde falar por causa das lá-grimas

em comparação com aquêle homemsou rico

em comparação com aquilo quevou dizer, isto é insignificante

é mais feliz do que todos os demaismais criminoso do que todos osoutros

causa ou motivo impediente:

loqui pro amico ,mihi pro patre est (cf. §85, lI, 1,nota)

pro paire te habeo (cf. §75, I,nota 1)

pro. eo ac si . } (cf. §164, IV)prmnde ac s~

etc.

assentar-se diante do acampamen-to (para fins de defesa)

assentar-se diante do acampamen-to (como inimigo, para atacá-Io)

C. 1) Exprime a idéia de defesa: "por, em.defesa de", etc.pugnare pro patriã lutar pela pátria

ante castra considere

pro castris considere

C. 1) Exprime a idéia de comparação: "comparado com",

2) Exprime a idéia de substituição: "por, em lugar de",

3) Exprime a idéia de uma"por causa de", etc.prae lacrimis loqui non potuit (cf.§ 84, m, 2b)§133. Pro.A. Diferentemente de ante (cf. §96, A), pro indica uma

posição "perante" uma coisa, mas tendo-a. pelas costas.

2) Exprime a idéia de superioridade, excelência, etc.:"mais (do) que", etc.prae ceteris beatus estscelestior prae omnibus/aliis (cf.ante. §96 C)

prae ut/quam dicam, hoc nihil est

pLe.

l/me illo viro dives sum

uma estátua feita de mármorede senador tornou-se mendigo

conforme minha honesta opinião,ou: honestamente, sinceramente

conforme o desejo, ou: felizmentede todo o coração, ou: cordial-mente

conforme as circunstâncias (cf.supra, B 2)

ser proveitosoé no meu/teu interêssefalar de acôrdo com os interêssesdo Estado

levou diante de si um punhalimpelir o rebanho

por êste motivo/pelo mesmo mo-tivo

em virtude do edito/do senatus-consulto

5) Indica conformidade, norma, etc.: "conforme", etc.Cf. de.

signum e marmore jactumea; sooatore mendicus jactus est

ea; edicto/senatus consulto

ea; eã/eãdem causã

ea; animi (mei) sententiã

ea; sententiãea; animo

ea; tempore

ea; usu essee meã/tuã re este re publicã loqui

§131. Palam.. IEsta palavra nunca é usada em prosa clássica como prep.,

mas apenas como adv. Na poesia e nos autores pós-clássicosencontramos: palam populo/me: "na presença do povo/naminha presença", etc.

§132. Prae.A. Significa: "adiante, para a frente" (com verbos de

movimento), e menos freqüentemente: "em frente, adiante"(com verbos de repouso).

. pugionem prae se tulitarmentum prae se agere

Page 95: Besselaar Propylaeum Latinum 1

5) Exprime a idéia distributiva: "por", etc.

§136. Sine Esta prep. usa-se em relação a pessoas ea coisas: "sem". - Cf. também §149, n.

"em,

179

Gália, vista na sua totalidade,divide-se em três partes

conforme as circunstâncias;por ora, por enquanto.cada dia;de um dia para outro;por enquanto, para o dia dehoje

de um dia para outro;por enquantocada dia

ir à cidade (de Roma)/ao templo

{a)b)

f a)b)

1 c)

{a)b)

_.- ..,~-Aspreposiçqes latinas

f t . "'para"-, etc.2) Indica um momento ou prazo no u uro.adiei isto para o dia seguintepara sempre

C. 1) Exprime a idéia de divisão, distribuição:"entre", etc.Gallia est omnis divisa in partes tres

3) Idiomatismos:

in dies

in (singulos) dies

in diem

in tempus

PREPOSIÇÕES QUE ADMITEM O ACUSATIVOE O ABLATIVO

2) Exprime a idéia de destinação, finalidade: "para",etc.mittere copias in praesidium (cf. ma~d~r tropas para fins de guar·§79 II) mçao .

ali uid in exemplum intueri/assu- ter alguma COIsapor/tomar comoq exemplomere

§137. In.

distuli hoc in posterum diemin omne tempus/in aeternum/in per-petuum (cf. §74, IIl, 2d)

in multam noctem colloquia sole orto in multum diei (cf. §88,V, lb)

I. Combinado com o acusativo.

A. Exprime a idéia de penetração: "para (dentro de),a, em", etc.in urbem (Romam)/tem.,plum ire (cf.§70, II)

B. 1) Indica que certo limite está atingido: "até", etc;conversar até alta noite ..desde o levantar do sol até plenodia

ira à Gália sem a espôsasem dúvida (alguma)vens com teu irmão ou sem?não sem alguma dúvidasem nenhum mérito meu

longe do marsem dúvida/slôlmperigo

cada um por si (isto é, sem repararno que faziam os outros) fugia

para o grande número de habitan-tes ocupam um território pe-queno

na medida das fÔrçasproporcionalmentea batalha foi mais violenta do queera de esperar pelo número doscombatentes

na medida em quedada a tua prudência, levada emconsideração a tua prudência

sou-lhe (devidamente) grato pelosfavores recebidos

/Sintaxe latina supertor178

sine uxore in Galliam proficiscisine dubio/sine ullã dubitationevenisne cum fratre an sine 'f

non sine aliquo dubio (cf. §227, I)Mas; nullo meo merito

pro se quisque fugiebat

§134. Procul. Em latim clássico, esta palavra nlio éprep., mas vem sempre seguida de ab, p. e. procul a mari:"longe do mar". A partir de Tito Lfvio encontramo-Ia comopreposição ("longe de", étc.)A. procul mariC. procul dubio/periculo

4) Exprime a idéia de proporção, medida, etc.: "para, emproporção a", etc. ou a de motivo; "dado, levado em consi·deração", etc.

§135. Simulo :Êste adv., em latim clássico, é sempre combinadocom cum, p. e. simul/unã vobiscum; além disso, pode ser empregado comoconjunção, d. §154.

Os autores pós-clássicos empregam simul também como prep., p. e.simul vobis: "juntamente convosco".

pro virili partepro ratã parteproelium atrocius quam pro numeropugnantium fuit (cf. § 147, lU,2)

pro ut/prout (cf. §21l, I, le, nota)pro tuã prudentiã (cf. §225, IV, 3)

pro multitudine hominum angustosfines habent

3) Exprime a idéia de troca e de permutação: "por, emtroca de", etc.pro meritis gratiam refero tibi

Page 96: Besselaar Propylaeum Latinum 1

180 [§ 137]I ~ 138 ] As preposições latinas 181

3) Exprime a idéia de transformação, mudança: "em,para", etc.

6) Inüica a que pessoa ou coisa se dirigem sentimentosde simpatia ou de antipatia (cf. adversus, erga): "para com,contra, a, por", etc.

a despeito das suas grandes dívi-das tinham grandes posses

em tais circunstânciasa coisa chegou a tal ponto que ...ser odiadotratando-se de salvar a comuni-dade, preferiu apontar os pe-rigos a ocultá-Ios

circunstância explicativa: "dado,

dado seu estado de saúde muitoprecário, meu pai não quis fazer,esta viagem

3) Exprime a idéia de circunstânciá impediente: "a des-peito de", etc.

C. 1) Exprime a idéia de circunstância, situação, etc.:"(~[n",etc.

2) Exprime a idéia deem vista de", etc.in injirmissimã valetudine patermeus hoc iter jacere noluit

in magno aere alieno magnas posses-siones habebant

tI/. talibus temporibus (cf. §86, lI)u:s in eo est ut ....in odio esse (cf. §60, IlI, 1)tn salute communi maluit periculamonstrare quam celare

transformar homens em animais

uma coisa aparentemente bela

à maneira de um inimigode um modo geral, geralmentealternadamentereciprocamente, mutuamente(época imperial){a)

b)

5) Exprime a idéia de relação, ponto de vista: "quantoetc.

mutare viros in animalia

4) Exprime omodo, método, etc.: "de, à maneira de", etc.hostilem in modumin universum

a",

in vicem/vices (cf. §222)

res pulchra in speciem = specie(cf. §82, V)

sobretudo; sobremaneira

§138. Suh*

4) Exprime a idéia de pertencer a certo número, grupo:"em, entre", etc.in numero amicorum te habeo (cf. considero-te (como) amigo§75, I, nota 1)

I. Combinado com o acusativo.A. 1) Comverbos demovimento: "para baixo,abaixo", etc.

librum sub mensam jacere atirar o livro abaixo da mesa

in primis = imprimis (adv.)

o amor para com os amigoso ódio contra os inimigos da pátria

morar na cidade/em Sicília

duas v~zes ao diatr~s v~zes por/ao ano

dentro do qual se situa um

amor in amicosodium in hostes patriae

Combinado com o ablativo.A. Significa: "em", etc. (cf. §85, lU).

in urbe/in Siciliã habitare

11.

B. 1) Indica um períodoacontecimento: "a, por".bis in die (cf. §86, lI)ter in anno

durante o consulado de Cícerodurante/na infância/na velhicedurante a guerraem tempo oportunoao ler (~ste livro)

B. 1) Significa: "pouco antes de, para", etc.sub noetem advenit chegou pouco antes da noite

2) Exprime a idéia de se aproximar de uma coisa maisalta: "a, de", etc.sub murum accedere aproximar-se da muralha

. 2) Indica, de.um modo geral, a época durante a qual seSltu~ u~ a~?nteClmento, sem precisar o momento da' suareahzaçao:. durante, no decurso de", etc.in consulatu Ciceronisin pueritiã/senectute (cf. §86, lI)in belloin tempore (idiomatismo)in (hoc libro) legendo (cf. §31,IV, 2)

2) Significa: "pouco/logosub eas litteras statim sunt recitataetuae

depois", etc.logo depois dessa carta foi reci-tada a tua

Page 97: Besselaar Propylaeum Latinum 1

180I§ 138 ] As preposições latinas 181

3) Exprime a idéia de transformação, mudançl'J,: "em,para", etc.

6) Inélica a que pessoa ou coisa se dirigem sentimentosde simpatia ou de antipatia (cf. adversus, erga): "para com,contra, a, por", etc.

a despeito das suas grandes dívi-das tinham grandes posses

em tais circunstânciasa coisa chegou a tal ponto que. ooser odiadotratando-se de salvar a comuni-dade, preferiu apontar os pe-rigos a ocultá-Ios

de circunstância, situação, etc.:

circunstância explicativa: "dado,

dado seu estado de saúde muitoprecário, meu pai não quis fazer•esta viagem

3) Exprime a idéia de circunstância impediente: "a des-peito de", etc.

2) Exprime a idéia deem vista de", etc.in injirmissimã valetudine patermeus hoc iter jacere noluit

in magno aere alieno magnas posses-siones habebant

C. 1) Exprime a idéia"em", etc.7:ntalibus temporibus (cf. §86, lI)res in eo est ut ....in odio esse (cf. §60, IlI, 1)in salute communi maluit periculamonstrare quam celare

transformar homens em animais

uma coisa aparentemente bela

à maneira de um inimigode um modo geral, geralmentealternadamenterecIprocamente, mutuamente(época imperial){a)

b)

5) Exprime a idéia de relação, ponto de vista: "quantoetc.

mutare viros in animalia

4) Exprime omodo, método, etc.: "de, à maneira de", etc.hostilem in modumin universum

a",

in vicem/vices (cf. §222)

res pulchra in speciem = specie(cf. §82, V)

lI. Combinado com o ablativo.A. Significa: "em", etc. (cf. §85, III).

in urbe/in Siciliã habitare morar na cidade/em Sicília

4) Exprime a idéia de pertencer a certo número, grupo:"em, entre", etc.in numero amicorum te habeo (cfo considero-te (como) amigo§75, I, nota 1)

r. Combinado com o acusativo.A. 1) Comverbos demovimento: "para baixo,abaixo", etc.

librum sub mensam jacere atirar o livro abaixo da mesa

sobretudo; sobremaneira

§138. Sub*

in primis = imprimis (adv.)

o amor para com os amigoso ódio contra os inimigos da pátria

duas vêzes ao diatrês vêzes por/ao ano

dentro do qual se situa um

amor in amicosodium in hostes patriae

B. 1) Indica um períodoacontecimento: "a, por".bis in die (cf. §86, lI)ter in anno

. 2) Indica, de.um modo geral, a época durante a qual sesItua um aconteCImento, sem precisar o momento da' suarealização:. "durante, no decurso de", etc.

2) Exprime a idéia de se aproximar de uma coisa maISalta: "a, de", etc.Bub murum accedere aproximar-se da muralha

B. 1) Significa: "pouco antes de, para", etc.Bub noetem advenit chegou pouco antes da noite

in consulatu Ciceronisin pueritiã/senectute (cf. §86, lI)in belloin tempore (idiomatismo)in (hoc libro) legendo (cf. §31,IV, 2)

durante o consulado de Cícerodurante/na infância/na velhicedurante a guerraem tempo oportunoao ler (êste livro) 2) Significa: "pouco/logo

sub eas litteras statim sunt recitataetuae

depois", etc.logo depois dessa carta foi reci-tada a tua

Page 98: Besselaar Propylaeum Latinum 1

C. Exprime a idéia de chegar à condição de inferioridade:"a, sob, em", etc.redegit incolas sub imperiurn reduziu os habitantes à submissão

183As preposições latinasI§ 140 ]2) Em descrições geográficas: "para lá de, além de", etc.

.~uper Bosporum habitare morar do outro lado do B6sforo

[§ 139 ]Sintaxe latina superior182

B. Indica o período durante o qual se situa certo acon-tecimento: "durante".

2) Exprime a idéia de estar próximo de uma coisa maisalta: "sob, ao pé de", etc.

a respeito dêste assunto escre-ver-te-ei

és mais feliz do que todos osdemais

antes de mais nada

durante a ceia

C. Significa: "a respeito de, acêrca de", etc. - Emprêgo vulgar ep6s-clássico.super hac re ad te scribam

"P O S P O S I ç Õ E S"§ 140. Causã e Gratiã. - Cf. §31, I, 3; §84, III, 2c.

Autores pós-clássicos colocam as duas palavras também em"próclise" .

§ 141. Ergo. - Esta palav~a, mais ou me,n0s sinônima de causãe gratiã, mas muito menos usada: e ~a~bém .com!:nnadac~~ o gen., p. e.victoriae ergo: "por causa da vIt6rIa , e v~rtutts ergo: por causa davirtude".

B. Significa: "durante" (só em autores pós-clássicos).

B. Significa: "durante" (extremamente raro).super cenã durante a ceia

Nota. Em latim clássico, é mais comum dizer-se: praeteromnia, etc.

2) Significa: "além de".super anulum vas pretiosum accepit

C. 1) Exprime a idéia de superioridade, etc.: "mais (do)que", etc.

além de um anel, recebeu um vasoprecioso

11. Combinado com o ablativo. Nesta combinação, o emprêgode super é bastante raro em latim clássico.

A. Com verbos de movimento e de repouso:ensis super cervice pendet a espada pend~ sôbre a sua nucaaves super arboribus considunt as aves empole1ram-senas árvores

super cenam

super ornnia

super omnes beatus eso livro está debaixo da mésapassear na sombra das árvores

morar ao pé da montanha

de dia/durante o invernodurante a chegada dos romanossob (o reinado de) Vespasiano

"sob, a, em", etc. (só em

sob pena de morteà condição/a esta condição

liber sub mensã jacetsub umbrã arborum deambulare

sub monte habitare

2) Indica as circunstâncias:latim pós-clássico).

II. Combinado com o ablativo.

A. 1) Significa: "abaixo de, por/em baixo de", etc., comverbos de repouso ou estado, mas também com verbos demovimento quando a ação verbal não ultrapassa os limitesindicados (cf. in mais abl.§85, III).

sub luce/sub brumãsub adventu Romanorumcf. sub Vespasiano

C. Exprime a idéia de submissão (estado): "sob, abaixode", etc.sub irnperio/potestate esse Caesaris estar sob o poder de César

sub poenã rnortissub (hac) conditione

§139. Super_(cf. supra).

I. Combinado com o acusativo.

A. 1) Significa: "em cima de", etc., respondendo à ques-tão quo?, como também, à questão: ubi? (nesta última função,em poesia e em latim pós-clássico).super aspidem assidere sentar-se em cima de uma cobravestis super genua erqt O vestido nem chegava aos joelhos

Page 99: Besselaar Propylaeum Latinum 1

184 Sintaxe latina superior

§142. Tenus.

[§ 142 ]CAPÍTULO IX

L Combinado com o genitivo.Esta regência encontra-se só na poesia e na prosa da época impe-

rial: lenus significa: "até" (= ± usque ad), p. e.: labrorum lenus: "atéos l;ibios"; Corcyrae lenus: "até Corcira", etc.n. Combinado com o ablativo.

A. Significa: "até".

até a guerra cantábrica

Tauro lenus regnare

HIPOTAXE

Perguntei-lhe onde morava seu pai

M eine Eltern schliejen schon, daich nach Hause kam

Rogo te, ubi habitesEr sagte, er sei niemals in Romgewesen

Wer' dort singt, (das) ist meinBruder

I see the man that robbed me

A SUBORDINAÇÃO EM LATIM

Partindo dêstes exemplos, podemos verificar alguns fatos interessantes:a) O ritmo e o acento da frase são diferentes na parataxee na hipo-

taxe: ler em voz alta as frases correspondentes!b) Em alguns casos, certas palavras mudam de função gramatical,

p. e. Wer (interrogativo > relativo); Thal (demonstrativo> relativo); Da(adverbial> conjuncional).

c) Em algumas línguas (p. e. em alemão e em holandês) a ordem daspalavras varia (cf. os exemplos 2 e 4).

n. Passagem de parataxe para a hipotaxe. A hipotaxe não éapenas posterior à para taxe, mas dela também se origina. Alguns exem-plos, tirados de vários idiomas, podem ilustrar esta evolução.

§143. Parataxe e Hipotaxe. - r. Anterioridade da parataxe.A para taxe (coordenação) é anterior à hipotaxe (subordinação). Esta últimapressupõe um grau bem mais alto de reflexão, de abstração e de capaci-dade lógica do que aquela, - fatÔres pouco desenvolvidos entre povosprimitivos e crianças. Sem dúvida, a antiga língua indo-européia possuíaalguns pronomes e advérbios relativos (em geral, pouco distinguíveis dosdemonstrativos), bem como algumas partículas "conjuncionais". Mas, deum modo geral, devemos imaginar que os indo-europeus não diziam p. e.:"Êste homem deve ser castigado,_porque roubou uma vaca", mas se expri-miam, à maneira de crianças: "Este homem deve ser castigado. Roubouuma vaca".

PARATAXE

1) Perguntei-lhe: "Onde mora teupai ?"

2) W er singt dor/? Das isl meinBruder(l)

3) I see lhe mano That (man) ..rob-bed me!

4) M eine Eltern schliejen schon.Da kam ich nach Hause(2)

5) Rogo te: "Ubi habitas f"6) Er sagte: "Ich bin niemals in

Rom gewesen" (3)

(1) Quem canta lá? 11lsseé meu irmão. - Quem canta lá, (êsse) é meu irmão.(2) Meus pais já dormiam. Então cheguei à casa. - Meus pais já dormiam, quando

cheguei à casa.(3) Disse: "Nunca estive em Roma". - Disse que nunca tinha estado/esteve em Roma. '

etc.

etc. (só

reinar até o Tauro

até,. só,'não além:de",só de'nomeaté êsse/êste pontoabsolutamente não

{a) à medida quebt visto que, já que,[".,época imperial)

quãlenus

C. Significa: "sónomine lenuseã/haclenus (adv.)nullã lenus (adv.)

B. Significa: "até".Canlabrico lenus bello

Page 100: Besselaar Propylaeum Latinum 1

d) Em alguns casos, varia o tempo (cf. mora e morava, no exemplo1), ou o modo (cf. habitas e habites, no exemplo 5; bin e sei, no exemplo6), etc.

IH. Carateristico da hipotaxe. Nasce a hipotaxe quando, para aconsciência lingüístiba de um da.dopovo, duas proposições, originàriamenteuma independente da outra, chegam a constituir uma unidade orgânica einseparável, tornando-se uma delas subalterna em relação à outra. A hipo-taxe, uma vez nascida, estende-se, por um processo analógico, também atipos de frases, onde a para taxe originàriamente não tinha cabimento,p. e.: I don't see the man that robbed me ("Não vejo o homem que me roubou").

De tôdas as modificações assinaladas -acima a mais importante parao latim é a variação de tempos e de modos: fazemos abstração do ritmo edo acento, fatôres muito difíceis de averiguar numa língua morta. A ma-téria principal dêste capítulo será, portanto, o estudo metódico do emprêgodos tempos e dos modos em proposições subordinadas. Sobretudo é impor-tante o estudo dos modos: já vimos que o Subjuntivo em latim se tornouo modo de "subordinação" por excelência (cf. §53, I, 3).

IV. Diversas espécies de cláusulas. Preterindo inúmeras distin-ções e subdivisões que são de somenos importância para o nosso assunto,podemos dividir as proposições subordinadas ou cláusulas nestas categorias:

1) CLÁUSULAS SUBSTANTIVAS, das quais já estudamos a construçãoem capítulos anteriores: o A. c. L, o N. c. L e as perguntas indiretas.Neste capítulo havemos de encontrar alguns outros tipos.

2) CLÁUSULAS ADJETIVAS, que apresentam, em geral, poucas dificulda-des para o leitor brasileiro, porque têm a mesma estrutura do português;algumas particularidades serão expostas nos §§ 166-167; em seguida(§ 168), estudaremos as CLÁUSULAS RELATIVAS COM VALOR ADVERBIAL,construção que existe também em português, mas em latim é muito maisfreqüente. Na frase: "Vejo o homem que me assaltou", a cláusula relativa"que me assaltou" é simplesmente adjetiva (= "vejo o homem assaltante");mas, na frase: "Enviou homens que me assaltassem", a cláusula ,relativa,além de se referir ao entecedente "homens", possui também valor circuns-tancial ou adverbial, porque é equivalente à cláusula: "para que (êsses)me assaltassem".

3) CLÁUSULAS ADVERBIAIS, que vêm introduzidas por uma conjunçãosubordinativa, p. e.: "quando, depois que; como; ainda que; a fim deque", etc. São sobretudo estas cláusulas que precisam de um estudo apro-fundado e, por isso mesmo, constituirão o assunto principal dêste capítulo(nos §§ 144-165).

V. Cláusulas declarativas e desiderativas. Já vimos no §53, IHa divisão das orações independentes em frases declarativas e frases desi-derativas. A mesma divisão se aplica, em tese, também às cláusulas, sóque aqui houve numerosas "deslocações" que acabaram por alterar pro-fundamente o esquema primitivo. Preterindo distinções de valor mera-mente teórico, podemos distribuir as cláusulas latinas entre as duas classesde frases da seguinte mt1lieira:

1) CLÁUSULA!, DECLARATIVAS OU ENUNCIATIVAS. De um modo geral,pertencem a esta classe:

a) as cláusulas causais-(cL §150);

CLÃUSULAS FINAIS

A) CLÁUSULAS CONJUNCIONAIS

187A subordinação em latimr § 144 ]

§144. Cláusulas finais livres. - I. Generalidades.As conjunções mais usadas em latim são ut e uti ("para que")e ne ("para que não"); o português sub~titui. m.ui.t~s vêzes acláusula "conjuncional" por uma proposIção .1~fImtlva prece-dida de "para", p. e.: "Foi a Roma para VIsitar os t:~plosdos deuses" em lugar de: "Foi a Roma para que VISItasseos templos dos deuses". O modo empre~ado. em cláusulasfinais é, como em português, sempre o SubJuntlVo; o~ temposusados são, como em português, o Subj. Preso (depOls de um

Notas.1) Tôdas as cláusulas desiderativas são construídas com o

Subj.; o modo normal das cláusulas .declarativas é o Ind.,. masmuitas vêzes encontramos nelas o SubJ., o qual deve ser explIcadoou como Pot. (que é também uma frase declarativa>"ou então, comoSubj. de "subordinação". Ver as explicações nos dJversos parágra-fos'que tratam dêsses assuntos (p. e. § 66, II; § 147, III, 3; § 152, II).

2) Encontramos a partícula de negação ne nas cláusulas finaise em cláusulas temporais com valor fi~a! (du:m/dummod? ne); nasdemais, usa-se nono Em cláusulas condlClOnals,a negaçao normalé nisi. - Cí. também § 170.

b) as cláusulas temporais (cí. §§ 151-156);c) as cláusulas condicionais, construídas com o Real (cf. §158, I);d) as cláusulas concessivas, introduzidas por etsi, quamquam, etc.

(ef. § 161; § 162, I);e) as cláusulas comparativas simples (cí. § 164);j) as cláusulas relativas adjetivas (cf. § 166).2) CLÁUSULAS DESIDERATIVAS: De um modo geral, pertencem a

esta classe:a) as cláusulas finais (cf. §§ 144-145);b) as cláusulas temporais com valor final (dum, cL § 156, II);c) as cláusulas condicionais, construídas com o Irreal (cL § 158, H);d) as cláusulas condicionais com valor final (dum, cí. § 160, III);e) as cláusulas concessivas, construídas com o Irreal (cf. § 162, H);f) as cláusulas comparativas condicionais (cL § 165);g) muitas cláusulas relativas adverbiais (p. e. com valor final, cL

§ 168, I).

Sintaxe latina superior186

Page 101: Besselaar Propylaeum Latinum 1

188 Sintaxe latina superior [§ 144 ] I ~ 145 ] A subordinação em latim 189

tempo primário na ora~ão principal) e o Subj. Impf. (depoisde um tempo secundárIo na oração principal). Exemplos:

lIr; Obse~vações. 1) Na oração principal regente deuma cla:usula fm!1l encontramos muitas vêzes advérbios taiscomo: tdeo, eo, tdcirco, etc, ("por isso, com o fim de",' etc,)

Notas.

1) A negação numa cláusula final sempre deve ser expressada~ela conjunção ne, não por pron. ou adv. negativo, p. e.: ne quistgnoraret = "para que ninguém ignorasse", cf. § 147, IlI,1.. 2) O em]'lr~go de neve/neu é obrigatório depois de ne na pri-

meira cláusula fmal; depois de ut, pode usar-se também neque.Cf. §203, lI, 1.

Por isso César levantou o acam-pamento para que os inimigosnão lhe (ou: aos seus soldados)interceptassem a água

3) Quanto a outras construções finais, cf. §35, II, 2.§145. Clausulas completivas. - r. A diferença entre

cláusulas livres e completivas. Cláusulas finais são chama-das "livres", quando o significado do verbo regente não exigenecessàriamente o complemento de uma frase final; nestahipótese, o português usa a conjunção "para (que)", etc. Nafrase: "Comemos para viver, não vivemos para comer",temos dois exemplos de cláusulas livres: o verbo "comer" nãoexige necessàriamente o complemento final: "para viver", nem"viver" o complemento final: "para comer". Tôdas as cláu-sulas finais encontradas no parágrafo anterior eram cláusulaslivres.

Cláusulas finais são chamadas "completivas" ou "com-plementares", quando exprimem o complement.o necessário deum verbo regente, cuja idéia básica seja a de indicar esfôrço,intenção, desejo, vontade, etc. Em português, tais cláusulasnão são consideradas como "finais", mas como "integrantes",p. e.: "Quero/desejo que saias". Muitas vêzes acontece queo português aqui se serve de "proposições reduzidas" do tipo:"Exortou-me a jàlar a verdade", ou: "Esforcei-me por conso-lá-lo". Em todos êsses tipos de frases encontramos, em latim,uma construção que, formalmente, nada ou pouco se distingueda construção de cláusulas finais livres.

A cláusula final completiva é anterior à cláusula final livre, e o Subj.empregado ali explica-se diretamente como Subj. optativo (cL §56, I)ou como Subj. voluntativo (cf. §57). Na frase: Cupio, ut mox redeas("Desejo que voltes logo"), temos originàriamente duas frases coordenadas;Cupio. (UI) mox redeas! = "Desejo. (Oxalá) voltes logo!"; cL Jubeo utmox redeas < Jubeo. (Ut) mox redeas; na primeira frase, temos um Subj.optativo; na segunda, um subj. voluntativo. Com o tempo, porém, ut/utifoi perdendo seu caráter de advérbio exclamativo (cL §211) para se trans-formar numa conjunção (= "que"), devido ao seu emprêgo freqüente emtais combinações. Por outras palavras, as duas orações originàriamente inde-

(jaesar ideo/idcirco castra movit nehostes se (ou: milites suos) aquãintercluderent

2) Ocorrendo na cláusula final uma referência ao sujeitoda oração principal, na forma de um pron. pessoal ou adj.possessivo (3.a pess.), usam-se sempre se, etc. e suus, etc. (não(:um, etc. ou ejus). A cláusula final constitui uma intima uni-dade com a oração principal. Exemplos:

Êle vai à Roma para ver os tem-plos dos deuses

Êle foi a Roma para ver os templosdos deuses

Falei isto para que ninguém igno-rasse quanto te amava

Enviou s?ldados ao rio para queos habItantes desta região pu-dessem prover-se de água commais liberdade

César levantou o acampamentopara que os inimigos fôssemlogrados e não interceptassema água aos romanos

César levantou o acampamentopara que os inimigos não fizes-sem um ataque e não intercep-tassem a água aos romanos

Romam proJiciscitur ut videat tem-pia deorum .

Romam profectus est ut videret tem-pia deorum

Ir. As conjunções. Além de ut/uti e ne encontramos:1) ut ne = ne, principalmente em latim arcaico. A forma

u~ ne é sobretudo usada em combinação com o pron. indefi-mdo qui(s), qua, quid e quod.

2) quo =. ut; usa-se em cláusulas com adj. ou adv. nograu comparatIvo; quo é abl. de medida (cf. §84, IV).

3) neve e neu (negativos) usam-se no segundo membro deuma cláusula final negativa.

4) quanto a quominus e quin, cf. §146. Exemplos:H oc dixi (ut) ne quis ignoraretquantopere te diligerem

Milites ad flumen misit quo incolaehujus regionis liberius aquarentur

Caesar castra movit ut hostes deci-perentur .neve/n~u (ou: neque)Romanos aquã tntercluderent

Caesar castra movit ne hostes impe-tum facerent neve/neu Romanosaquã intercluderent

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190 Sintaxe latina superiOt' [§ 145 ) [§ 145] A subordinação em latim 191

lIl. Observações. 1) Com êstes verbos pode faltar utem cláusulas positivas; em cláusulas negativas, o emprêgode ne é obrigatório. Exemplos:

adhortari/admonere exortaroperam dareesforçar-se porid agere esforçar-se poroptaredesejarcapere consilium tomar o planoorarerogar, pedircavere precaver-sepati/sinere\permitir, deixarcontendere desempenhar-sepermiUereIcupere

desejarpersuadereinduzir, levar acurarecuidarpeterepedir, solicitar

ejjicere/jaeere fazer com queposcere}pedir, exigirjlagitare exigir, pedirpostularehortari exortarprecaripe,dir, suplicarimperare ordenar, maIldarprospieere}providenciarimpetrare/mandare conseguirproviderejubere ordenar, mandarrogarepedir

laborare esforçar-se porvellequerer, malle preferirvetareproibirnolle não quererviderecuidarobsecrare implorarcogereforçar, obrigar

pendentes: Cupio. Ut mox redeas!, passaram a constituir uma unidadeintima, chegando a ser lidas e interpretadas assim: Cupio, ut mox redeas.Nascera a hipotaxe em vez da antigaparataxe. Mas a nova interpretaçãode ut como "conjunção" possibilitava também sua aplicação àqueles casosem que o verbo regente não exprimia desejo ou vontade, mas indicavatôda e qualquer atividade, p. e.: "viver" e "comer"; destarte se originara.,.mas cláusulas finais "livres" do tipo: N on vivimus ut edamus, sed edimus utvivamus, em que ut se traduz, não por "que", mas por "para que". Nestetipo de frases, o Subj. era cada vez mais considerado como exigido ou"regido" pela conjunção ut,. na realidade, também êste subj. de "subor-dinação" remonta a um subj. optativo ou jussivo, usado em para taxe:ut edamus exprime e intento do sujeito da oração principal; ora, umintento envolve a idéia de desejo ou de vontade.

Devido a essa origem histórica, não se usa em cláusulas finais a ne-gação non, mas ne, porque esta forma é a única admitida com o subj. opta-tivo e o subj. voluntativo.

lI. Os verba optandi, curandi, etc. Os verbos latinosque admitem uma cláusula final completiva, são muito nume-rosos. Um dos grupos mais importantes poderia ser rubricadocomo os VERBA OPTANDI, CURANDI ET POS1'ULANDI, isto é, osverbos que exprimem a idéia de "desejo, cuidado e solicita-ção". Os mais importantes são:

Videte ne non sit neeesse jugere

Videte ne honestius sit jugere quamhie manere (cf. §66, IV)

''') ("su2) As formas quaeso ("suplIco, peço e quaesumus -1· os pedimos") sobretudo usadas em preces e em frasesp lCam " l 5) -' 1 tde cortesia (= "por obséquio", cí. §55, , ,sao IgU~me~ ecombinadas com utjne p. e.: Deos quaesumus (ut) nobts adswt= "Oramos aos deus~s que nos ajudem", e: Ja.n~~m, quaeso,ne claudas! = "Não feches a porta, por obséq~no! - Mas overbo quaerere tem raramente essa construçao; geralme~tesignifica: "perguntar" (.cor;n pergunta indireta), ou entao:"procurar" (mais Iní. obJetlVo).

3) Videre ut significa: "providenciar para que".' p .. e.:Tibi videndum ert't ut servi adsint: "T~ dev?r~s provIdencIarpara que os escravos estejam presentes ,e m0ere ne l?ode. sera negação dessa frase (p. e.: Tibi videndum ertt ne serm des~n!).Mas videre ne significa também: "considerar se não", e mderene non: "considerar se"). Exemplos:

Considerai se não é mais honrosofugir do que permanecer (=:Tal-vez seja mais honroso fugIr doque permanecer)

Examinai se é necessário fugir(= Talvez não seja necessáriofugir)

4) Cavere admite várias construções: com ne, ut ne maisSubj., ou com o simples Subj., :qJ.asnunca c~m ut. Est~slocuções, muitas vêzes ref~rçados com quaeso, StS, etc., expn-mem uma proibição enérgIca (cí. §55, lIl, 3). Exemplos:

Cave mentiaris} ,Cave (ut) ne mentiaris Não mintas, por favor.Cave, quaeso/sis, mentiaris .

5) As formas fae e cura são usada~ e:n ordens e em proi~bições enérgicas, geralmente com a omlSsao de ut. Exemplos.Fae/Cura taeeas! Cala-te IFae/Cura ne loquaris! Não fales!

6) Muitos dos verbos registra~os acima admitem tar;nb~~o A.· c. 1., sem que haja grande dIferença, quanto ao slgmÍlcado entre as duas construções. Exemplos:,Volo (ut) exeas } Quero que saiasV olo te exire

M alo ne abeas } Prefiro que não saiasM alo te non abire

Rogo-te insistentemente (que) meajudes

Exortou os soldados a não fugir

Te rogo atque oro (ut) me adjuves

H ortatus est milites ne jugerent

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192 Sintaxe latiná superior [ § 145 ][§ 145 ] A subordinação em latim 193

7) Mas alguns verbos mudam de significado, conformefôr usado ut ou o A. c. r. Exemplos:

~ota. Como se vê pelos exemplos, o A. c. 1. é a construçãoprópfla dos verbos que exprimem uma atividade mental ou inte-lectual; ut mais Subj., a dos verbos que exprimem uma atividadepertencente à esfera moral (cf. jacere, persuadere, contendere, etc.).

é oecessáriocumpre

Temo que a nossa cidade sejatomada pelos inimigos

Temo que não consigamos expulsaros germanos da Itália

Cumpre que fales a verdade

Cumpre que não mintas

r. Alguns verbos impessoais, p. e.:é útil necesse esté lícito oportet

Timeo ne urbs nostra ab hostibuscapiatur

Timeo ut/ne non repellere possimusGermanos ex I taliã

Oportet verum dicas }Oportet te verum dicereOportet ne mentia ris \Oportet te non mentiri f

expeditlicet

Com êstes verbos o Subj. é o chamado voluntativo; nocaso de licet temos mais especificamente o Subj. permissivo(cf. §57, rlI). Sempre falta ut; também se pode usar o A. c. r.Exemplos:

lI. Os verba timendi. 1) Os verba timendi (timere,metuere, vereri, etc.; também locuções do tipo: periculum est,etc.), quando levarem consigo uma cláusula positiva, pedemne mais Subj.; levando consigo uma cláusula negativa, pedemut ou ne non mais Subj. Exemplos:

2) OBSERVAÇÕES.

a) Também esta construção se explica pela parataxe: Timeo. };(eurbs nostra ab hostibus capiatur! = "Estou com mêdo. Oxalá não sejatomada a nossa cidade pelos inimigos!", e: Timeo. Ut( = Utinam) possimu8repellere Germanos! = "Estou com mêdo. Oxalá consigamos expulsar os,germanos!" A conjunção original em cláusulas positivas era, portantq, ut;

§146. Outros tipos de cláusulas finais completivas.Também outros verbos latinos, fora do grupo de verbos

já estudados no parágrafo anterior, admitem cláusulas inte~grantes. que, quanto à sua construção, são perfeitamenteiguais a cláusulas finais. Mencionamos aqui alguns verbosimpessoais (r), os verbos timendi (lI) e os verbos impe-diendi (r lI) .

9) Os verbos imperare e mandare pedem sempre ut/ne; assim tambémoptare; jubere regé, geralmente, o A. c. I., exceto em fórmulas jurídicas,p. e.:

Populus Romanus jubet (ut) Cicero relegetur: "O povo romano ordenaque Cícero seja relegado".Julgo-o varão forte

Aconselho-te a desistir de teusplanos

Julgo dever partir (cí. §34, I, 2)Concedo que isto seja verdadePermito-te ir ,a RomaNão lhe interessa ver Roma

Admite que isto seja verdadeFaze tudo para educar bem teusfilhos

Convenceu-me de que tinha faladoa verdade

Persuadiu-me a falar a verdadeLembro-te de que te disse aquilojá faz muito tempo

Previno-te que não traias a pátriaÊste homem afirma que os inimi-gos estão muito próximos

Êste homem empenha-se em gran-jear o favor do povo romano

Adeus! Passe bemI

o general faz os soldados destruira ponte

Digo que a empregada fechou aporta

Digo (= ordeno) que a empregadafeche a porta

Censeo eum virum jortem esseCenseo desistas a consiliis tuis

Censeo mihi esse projiciscendumConcedo hoc esse verumConcedo ut Romam projiciscarisNon curat Romam videre (cf. §73,I,3a)Cura/jac valeas! (cf. supra 5)

f (ut) milites pontemdeleant

Dux curat militibus pontem de-l lendum (cí. §34,II, 2)Fac/statue hoc verum esseFac liberos tuos bene educes

Persua~it mihi se verum dixisse

Persuasit mihi ut verum diceremM oneo te jamdiu m~ illud dixisse

M oneo te ne patriam prodasHix vir contendit hostes proximosesse

Hic vir contendit ut a populo Ro-mano sibi javeatur

8) Muitos verba sentiendi et declarandi podem ser cons-truídos co~ ut/nr:, mais Subj:, quando exprimem ordem, desejo,vontade, mtençao, etc., taIs como: dicere nuntiare negarecensere, statuere, etc. Exemplos: ' , ,Dico ancillam januam clausisse

Dico (ut) ancilla januam claudat

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c) Os verba timendi são combinados com o Inf. objetivo,quando significam: "hesitar em, duvidar", etc., p. e.:

d) Os verbos timendi admitem também o Subj. Impf. eMsqupf., quando o motivo do receio se refere ao tempo ante-rior. Exemplos:

195

Os soldados marcharam com ta-manha rapidez (ou: tão depressa)que fàcilmente passaram nafrente dos inimigos

Tuas palavras são de tal natur~zaque não posso crer que sejastu quem fala

Estava gravemente ferido de m?doque não podia suster-se maIS

Oomprou tantos livros que não hálugar para êles

Êle ficou tão furioso que aindaagora estou horrorizado .

Êle estava tão furioso que logofugI

A subordinação em latim

tal,de tal naturezaassim.a tal pontotão'

147 ]

'l'alia/ea verba tua 1sunt ut credere

Verba tua ejusmodi }non possim te1 loqui

CLÁUSULAS CONSECUTIVAS

Exemplos:Graviter vulneratus erat, ut jam sesustinere non posset

Tot libros emit ut locus eis desit

Tantopere/Tantum iratus est, utnunc etiam horream

Tantopere irascebatur, ut statim ju-gerim . . .

Tanta celeritate mü~tes ~erunt, uthastes facile assecuti sint

§147. CI~usulas c~nsecutiva~ livres. - r. Generali-dades. As conjunções maIS usadas sao ut e ut nono c: modo ésempre o Subj.; quanto ao emprêg~ dos ~empos, cf. znj~a lI.Há dois tipos de cláusulas consecutIvas bv~es: na ora~ao. re-gente pode ocorrer uma palavra (pron., adJ. ou adv) mdlCa-tiva de grau ou de intensidade, p. e.: "Bebeu tar:to vmho quese embriagou"; neste caso, a conjunç~o consecutIva usada emportuguês é "que". Tal palavra, porem, pode ~altar, e a co~~junção em português será: "de modo/sorte/maneIr~/for~a que ,um exemplo dêste segundo tipo é: "Bebeu mUlto vmho, de

modo que se embriagou". . .. _ .As palavras mais usadas para indicar grau ou mtensIdade sao.tantus (adj.) tamanhotot (adj.) tantostantum \ adv. tantotantopere fea conditione a esta condição

2) OBSERVAÇÕES. .a) Também esta construção se explica pela para taxe:. Impedw t::.:

:1,' cxeas! = "Impeço-te. Não sai:>~!";.!(on ~mpedw te. Qu~n exeas? -..N fio te impeço. Por que não samas? .

b) Quanto ao significado de quin, cf. § 148, II, 5; quanto a quom~-""s, cf. § 181, I, 1.

c) Prohibêre rege geralmente o A. c. L; vetare semp:e, na prosal'l:íssica; mas em poesia encontra-se também vetare ne/quommus, etc.

is }ejusmoditalisita/sicadeo/(usque )eotam

[§ 146 ]

Não preciso temer que Verres nãoseja condenado

Temo que, fazendo assim, te alheiesnão s6 de mim, mas de todos osamigos

Oésar hesitava em atravessar o rio

Receio ter perdido o livroReceava ter perdido o livro

Impeço-te que saias, ou: Impe-ço-te de sairNão te impeço que saias, ou: Nãote impeço de sair

Sintaxe latina superior194

Timere non debeo, ne non damneturVerres

Timeo ne hocjaciens non me solum,sed omnes amicos abs te alienes

Caesar verebatur jlmnen transgredi

Timeo ne librum amiserimTimebam ne librum amississem

s6 depois se criou ne,non, formação anal6gica feita sôbre o modêlo de ne.Of. em francês: Je crains que notre ville ne soit prise, e: Je crains que nousne puissions pas expulser les Germains.

_. b) A prosa clássica prefere ne non a ut, quando a oração principal énegativa ou tem tendência negativa; o emprêgo de ne non é obrigat6rio,quando a negação na cláusula se refere a uma s6 palavra. Exemplos:

IlI. Os verba impediendi. 1) O significado básico é ode "contrapor sua vontade à de outrem". Os verbos maisimportantes dêste grupo são;deterrêre atemorizar, intimidarprohibêreimpedirimpedire impedir resistereresistir,opor-seinterdicere proibir recusarerecusarobsistere resistir repugnareOpor-seobstare obstar retinerereter, deter

Todos êstes verbos pedem ne ou quominus mais Subj.,quando se encontram numa oração regente com valor afir-mativo; sendo negativa a oração regente, a conjunção é quo-minus ou quin, igualmente mais Subj. O português empregacom êstes verbos muitas vêzes uma proposição infinitiva, intro-duzida por uma preposição. Exemplos:Impedio te ne/quominus exeas

N on impedio te quominus/quin exeas

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2) A frase portuguêsa: "Êste serviço é muito pesado parauma mulher poder fazê-Io", tem, em latim, também a cons-trução das cláusulas consecutivas: Hoc opus molestius est

IH. Observações. 1) Em cláusulas finais negativas, aconjunção .tem que apresentar-se na forma de ne (cf. § 144,H, 4, Nota 1); em cláusulas consecutivas negativas, a con-junção tem que apresentar-se na forma de ut, seguido de nonou de qualquer outra palavra negativa (nemo; nihil; num-quam; etc.) .. Usa-se portanto:

11. O emprêgo dos tempos. As cláusulas consecutivasnão constituem uma unidade tão íntima com a oração regentecomo p. e. as cláusulas finais. Por isso têm, geralmente, otempo absoluto, e não o tempo relativo (cf. § 12, I), em latimbem como em português. Os exemplos dados acima demons-tram bem que o emprêgo dos tempos em cláusulas consecuti-vas é bastante livre, não obedecendo a um esquema rigoroso.

O mesmo fato explica também que uma referência dentroda cláusula ao sujeito da oração principal (3.a pessoas) nãose faz por meio de suus ou se, etc. mas por e}us e eum, etc.Exemplos:

197

resta que

(não) é possí-vel que

é lei quehá oportuni-dade de

é costume quenada resta se-não

lex est utloeus est ut

mos est utnihil relinquiturnisi ut

relinquitur ut }reliquum est utrestat ut .

Acontece/Sucede que bons paistêm péssimos filhos

Aqui se nos apresenta a oportu-nidade de falar sôbre Cícero

Nada nos resta a não ser umamorte gloriosa

acontece queacontece queacontece queacontece quefazer com queacontece que(daí) se segueque

A subordinação em latimI ~.148 ]

Exemplos:Fit/Accidit/Evenit ut patres bonijilios pessimos habeant

H ie loeus est ut de Cieerone loqua-mur

N ihil relinquitUl'jrestat nisi ut pul-chre moriamur

'/lIam ut mulier fac~re possü. Em lugar de quam ut, usa-seIllllitas vêzes quam qui, etc. (cf. § 168, IV, 3).

Nota. A frase: "Éste serviço émuito pesado para uma ~ulher'" .deve ser traduzida: Hoe opus molestius est quam pro muhere (cf·§ 133, C 4).3) O emprêgo do Subj. em cláusulas ?onsecutivas, também naquelas

que indicam uma conseqüência real ou efetIva, tem algo de s~rpre~n~entee não se encontra nas línguas ~omânicas. J:- praxe deve ter sld,? 02gmadapelo emprêgo do Subj. potencIal (d. §56, II) numa co~struçao" p~ratá-tica" dêste tipo: N on sum tam demens. Ut ~ise~ eS~,evehm? = Nao ~outão tolo. Como (= ut) poderia eu querer ser mfehz? .. Também o e~p~egodo Subj. voluntativo ou optativo em cláusulas consecut~va~que eXprimIam,ao mesmo tempo, intenção, desejo, etc., deve ter contrlbmdo par~ se gene-ralizar o Subj., p. e. Magnã voee loeutus sum, ut omnes ,f[!e aud~re possent("Falei claro, de modo que todos me ~ntendessem be:n ). E fmalme~te,a construção de ut final deve ter influenCladoa cons~ruçao_deut consecutlv~.No mais das vêzes, o Subj. em cláusulas consecutIvas nao passa de SubJ.de "subordinação".

§148. Cláusulas consecuti~as co~pletivas. - r. Ge-neralidades. Alguns tipos de clausulas mtegrantes em por-tuguês são consideradas como cláusulas consec?tiv~s (comple-tivas) em latim p. e.: "Aconteceu que numa so nOIte todos o~romanos em Éfeso foram assassinados": Fact~m est ut ~nanocte omnes Romani Ephesi occiderentur. O latIm usa aqUI utconsecutivo por lürar ao verbo principal "aconteceu" o valorde "aconteceu de tal modo que". }I;ste tipo de cláusulas con-secutivas encontra-se com os seguintes verbos:longe/multum abest ut falta muito para jieri(non) potest utaeeedit ut (cf. §210, acresce queII, ld)

aceidit utcontingit utest utevenit utjaeere utjit utsequitur ut

Comprou tantos livros que suacasa não tem lugar para êles

É homem tão notável que todosnós o admiramos

EM CLÁUSULAS FINAIS:

ne quis: "para que ninguém" (cf.§227, I, 3)

ne quid: "para que nada" (cf.§227, I, 3)

ne umquam: "para que tlunca"ne usquam: "para que em nenhumaparte"

Fazemos um apêlo para que nin-guém abandone a fileira

Todos combateram tão valente-mente que ninguém abandonoua fileira

Sintaxe latina superior196

Tot libros emit ut domus ejus eoscapere non possit

Vir tam pmeclarus est ut omnesnos eum admirernur

EM CLÁUSULAs CONSECUTIVAS:

ut nemo: "de modo que ninguém"

Exemplos:

ut nihil: "de modo que nada'

ut numquam: "de modo que nunca"ut nusquam: "de modo que em ne-nhuma parte"

Hortamur ne quis aciem deserat

Omnes tam aeriter pugnaverunt, utnemo aeiem deseruerit

Page 106: Besselaar Propylaeum Latinum 1

2) Na expressão: Longe/Mtdtum abest ut miM faveat("Falta muito para êle me ser favorável"), a palavra longeou multum pode ser substituída por tantum ("tanto"); nestecaso, podem seguir-se duas cláusulas consecutivas, uma depen-dente de abest, a outra de tantum, p. e.:

n. Observações. - 1) É muito comum a locução: Qui fitut? = "Como/Por que acontece que ?". :H;ste qui não énom., mas abl. instrumental, e encontra-se também em outrasexpressões, p. e. Qui potest ? = "Como é possível ?"; o mesmoqui faz parte da palavra composta quin = qui non ("como/porque não ?"), que já encontramos no §146, III e de que torna-remos a falar no §149. Exemplo Com qui fit:

199

A isto acresce que êle é poucoeloqüente

Seu grande mérito é o de ter salvoa pátria

Fazes mui~o bem em amar omenino

Fizeste bem em me lembrarInfelizmente para mim, nunca o vi

Ê o lugar indicado para conheceros costumes dos germanos

Seu costume é carregar armasDaí se seO"ueque os deuses existeme cuid~m do gênero humano

Sucedeu-me ver a rainha

A subordinação em latimI :>i 149]

lI"ne fecisti quod me admonuistiII/nle mihi accidit quod nunquam<,um vidi

II nc accedit quod parum eloquensest

Magna laus ejus est quod patriamservavit

l'raeclare facis cum puerum diligis

. . d 'tem também outras4) Muitas das. locuções a~smaladas aCIma a mIconstruções. Mencionamos aqUI:Locus est cognoscere/cognoscendimores GermanO'f'um

Mos ejus est gerere/gerendi telaSequitur deM ess~ et generi humanoprovidere (A. c. I).

Contigit mihi reginam videre

encontramos muitas vêzes: moris est (gen.5) Em lugar de mos est,

partitivo, cf. §88, V). . _ t é final' facere6) Fa.cer~ ut,. quando i~dica fe~:~r~o~or;:st::t~~o.e~~tem a diferençaut, quando mdrca sImplesmen e o e er ,

entre:

Rerum obscuritas facit ut non facileintellegatur oratio (consec.)

Fecisti ne quis e templo exiret (fin.)

A obscuridade dos assuntos te!Upor efeito a difícil compreensaodo discurso

Impediste que alguém saísse dotemplo

149 O emprêgo de "quin" e a tradução. de "sem,~ - I' O em r~gode "quin". A conjunção qu~n pode se~que.. P E IS DE ORAÇÕES PRINCIPAIS NEGATIVAS,

empregada apenas Dt PO_ s do tipo' non dubito quz'n hoc verumjá encontramos cons ruçoe· . . (f § 146. (f § 66 IV Nota 1) e: N on z'mpcdio qum exeas c'. 's~t c. '" êgo de qutn con-lIl). Neste parágr:afo devemos ver o emprsecutivo. DistingUImos: . ..

1) Usa-se" quin com locuções negativas q~e slg_mf~a.m:'" . 'I - osso deixar não falta mUIto, nao eIXOe lmpOSSlve, ntao'dPade" etc 'Em todos êsses casos, quinescapar a opor um ,. I .pode ser substituído por ut nono Exemp os.

d Ê impossível que não odiemos osFieri non potest quin/ut non o e- inimigos da pátriarimus hostes patriae Não posso deixar de te mandar

Facere non possum quin/ut non cada dia uma cartamittam ad te cotidie litteras

[§ 148]

Como acontece/explicar que nin-guém viva contente com suasorte?

Sintaxe latina superior

Nota. Neste tipo de frases, encontramos geralmente umaconexão Íntima entre o tempo do verbo regente e o tempo da c1áu-vula, de modo que as regras da "consecutio temporum" (CI. §64, lU)são observadas.

198

Qui fit ut nemo contentus sorte suávivat ?-

Tantum abest ut mihi far'eat, ut(etiam) in vulgus me diffamet Falta tanto para êle me ser favo-

rável que (até) chega a difa-mar-me publicamente, ou me-lhor: Está tão longe de me serfavorável que (até) chega a ....

Para maior clareza, a segunda cláusula leva muitas vêzesconsigo um advérbio que indica clímax (etiam/quoque) ouoposição (contra) .

Cícero omite freqüentemente o segundo ut, e inicia umaoutra frase, completamente independente da construção ini-ciada, p. e.:Tantum abfuit ut inflammares nos-tros animos: somnum vix tene-bamus

Faltou tanto para nos entusias-mares que ma,] dominávamos osono, ou melhor: Estavas tãolonge de nos entusiasmar quemaL ...

3) Quando uma das expressões registradas acima (sob o item 1), vieracompanhada de um elemento qualificativo (p. e. bene jit; male factumest; accidit commode; illud/hoc evenit; huc accedit; magna laus est, etc.),a cláusula é geralmente introduzida por quod mais Ind. (cf. §21O, U);em latim arcaico, mas raramente em latim clássico, emprega-se tambémcum mais Ind. (cf. § 152, I, 4). Exemplos:

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201

Não há nada que não possa serdescoberto por meio de umainvestigação

Não há nenhuma confiança quenão tenha perdido

Não houve nenhum dia em queos siracusanos não vissem o soldurante algum tempo

Nunca o vejo sem me recordar dosserviços que êle me prestou

Se caires, não cairás sem que eucaia contigo

Suportou tôdas as dôres sem quei-xar-se

Voltou à casa sem (ter recebido)um prêmio

Sem ter nenhuma culpa, êste me-nino foi castigado

Fui louvado sem o merecer

A subordinação em latimI ~ 149 ]

Nihil est quin (= quod non) inves-tigando inveniri possit

N ulla est confidentia quin (= quamnon) amiserim

N ullus dies fuit quin (= quo non)Syracusani solem aliquo temporeviderint

2) Mediante nullus (no abl.) mais subst., p. e.:

n. A tradução de "sem que". A locução "sem (que)" pode sertraduzida das seguintes maneiras:

1) Mediante sine mais abl. de um subst. verbal, p. e.:

Nota. Também aqui quin tem valor consecutivo, porque sesubentende fàcilmente p. e.: Nihil est (tam arduum) ut non investi-gando inveniri non possit, etc.

5) No último exemplo, quin poderia ser traduzido tam-bém por "sem que": "Não houve nenhum dia, sem que .ossiracusanos vissem o sol". É partindo dêsses casos que quincomeçou a ser empregado também em casos onde não 'ocorriauma referência de quin a um antecedente na oração principal.A negação, na oração principal, pode apresentar-se sob. formasdiferentes: non, nullus, nemo, nusquam, numquam, nihil, etc.Exemplos:

Nota. O valor consecutivo dêste quin (= "sem que") apre-senta-se muito enfraquecido, embora não falte por completo, p. e.:"Se caires, cairás de tal modo que eu também caia", etc.

Numquam illum aspicio quin ejusin me merita recorder

Si cades, tu non cades quin egocadam tecum

Nullã culpã hic puer punitus est

N ullo meo merito laudatus sum

Sine praemio domum rediit

Omnes dolores tulit sine querelã

3) Mediante parto ou adj. negativo, ou então positivo que se tornounegativo por non, nullus, etc. (Cf. §23, lU, 2) Exemplos:

[§ 149 ]

Não faltou muito para que todosos reféns fôssem mortos pelo rei

Não deixei escapar nenhuma opor-tunidade para me reconciliarcom César

Ninguém era tão desumano quenão chorasse

Não havia ninguém que.não cho-rasseHouve, por ventura, alguém quenão chorasse?

Sintaxe latina superior200

N on multum afuit quin/ut nonomnes obsides occiderentur a rege

Nihil praetermisi quin mihi Caesa-rem reconciliarem

Nemo erat tam durus quin/ut nonfleret

Nota. Quin = Ut non tem aqui valor consecutivo, porque olatim interpreta a frase: 'fieri non potest quin, etc., como: "nãopode acontecer de tal maneira que", cf.. §148, L

. 2) U~a-se quin. c~m locuções negativas que exprimem grauou mtensIdade, prmCIpalmente com os dois advérbios tam eadeo. Também êste quin pode ser substituído por ut nonoExemplo:

Nota. Também êste quin (= qui non) tem valor consecutivoo que se nos torna claro, quando compararmos~ Nemo erat qui~f~eret, e:. Nemo e~at tam,.durus quin fleret. Com efeito, o pron. rela-tIVOqm tem mUItas vezes valor consecutivo, cf. §168, IV.

Nota. O e~pr~l?o de quin nos dois casos assinalados explica-sepela para taxe prrmItlva, em que quin significava: "Como/Por quenão ?'.' (ci. §148, 11, 5), p. e.: Quin non oderimus hostes patriae 'I(I d) fze,!,znon ?ote,~t: "Por .que não odiaríamos os inimigos da pátria?Isso é Imposslvel , e: Qum non fleret? Nemo erat tam durus: "Porque (alguém) não teria chorado? Ninguém era tão desumano"Como se vê, o Subj. usado aqui é o chs,mado potencial, ci. §56, n:

. ~)' Usa-se .quin em correlação com certos pronomes ea.dJetIvos negatIvos (p. e. nemo, nullus) ou de tendência nega-tIva ~P.,e. ecquis, numquis); neste caso, quin não pode sersubstItmdo por ut non e, muito provàvelmente não é formacomposta do abl. instrumental qui, mas do no~. qui, sendosubstituível por qui non: "que não". Exemplos:Nemo erat quin/qui non fleret

Ecquis fuit quin/qui non fleret I'

4) O emprêgo de quin( = qui non) foi-se estendendo ana-logicamente àqueles casos em que quin não substituía o nom.sg. masco do pro. relativo, mas todo e qualquer outro casodos três gêneros. Exemplos:

D..(f.)::;)""'":rc.J-JLL..LI...--CCD(I)

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203

Não'porque eu esteja zangado con-tigo, mas porque mentiste, seráscastigado

Não veio, porque estava doenteNão veio, porque dizia estar doente

A subordinação em latimI r;()

llI. "Vt" explicativo. Vt explicativo usa-se em combinação compalavras ou locuções que indicam qualidade (adj. ou ab!'/gen. de quali-dade) para explicar o conteúdo da oração regente. Exemplo:Jugurtha, ut erat impiger/impigro Enérgico como era, Jugurta logoanimo, statim in magnam cla- se tornou muito afamado*ritudinem venil

2) Cf. também §165, IlI, 3b.

Nota. Quoniam e quando(quidem) distinguem-se de quod e!fllia, porque dão a entender (muitas v~zes, pretensamente) que omotivo alegado é conhecido ou 'pode ser suposto como conhecido(cf. puisque, em franc~s; since, em ingl~s).

Notas.1) Em lugar de 11,011, eo quod, ocorre também 11,011, quo (atração

do relativo, cf. §225, VI, 3); em lugar de 11,011, eo quod 11,011" ocorre:11,011, quin, po eo: Pater meus Ramam ire noluit, 11,011, quin monumentaveterum admiraretur, sed quia a molestiis langi itineris abharrebat ="Meu pai não quis ir a Roma, não que não admirasse os monumentosdos antigos, mas porque tinha m~do dos incômodos de uma longaviagem". .

Nota. Também em latim pode dizer-se: Non venit quia, utdicebat/dixit, aegrotabat, mas essa construção é rara. Encontramos,porém, várias v~zes ~ste tipo de construção: Non venit quia diceretse esse aegrotum, em que há contaminação de: quia dicebat, e de:quia esset.

11. O Subjuntivo em cláusulas causais. Feita abstra-'::1.0 de cum causal, que sempre rege o Subj., as conjunçõescausais pedem normalmente o Indo Mas em dois casos encon-t.ramos o Subj. com quia(quod (raramente com quoniam; nunca(~()mquando ou quandoquidem):

1) Quando o autor apr€senta um motivo sem endossá-Io,deixando-o por conta do sujeito da oração principal. Reparembem na diferença entre:

2) Quando o autor quer salientar que o motivo alegadonão é o verdadeiro, sobretudo na correlação: non (eo(ideo)quod(quia ... o .. o, sed quod/quia, p. e.

N 011, venit, quia/quod aegrotus eratN 011, venit, quia!quod aegrotus esset

N 011, eo quod tibi suscenseam, sedquia mentitus es, punieris

[§ 150 ]

oração principal negativa, comquanto a antequam e priusquam,

(tamen), p. eo:Perdeu a filha sem (porém) chorar

Como mentiste, serás castigadoJá que não queres obedecer, seráscastigado

Foi castigado porque tinha men-tido

Sintaxe latina superior202

Nihil jeci 11,011, diu consideratum

Nesciis/lnvitis parentibus istud iterjecisti (cf, §23, lI)

Re injectã legati domum redierunt

Nada fiz sem que examinassemuito tempo a questão

Fizeste essa viagem sem que teuspais soubessem/quisessem

Os embaixadores voltaram a casasem nada terem conseguido

4) Mediante nisi, depois de uma oração, principal negativa, p. e.:lstud mihi in mentem 11,011, venisset, Isso não me teria vindo à memórianisi abs te admonito (cf. §24, sem que tu me tivesses lembrad~IlI, 1)

5) Mediante quin, depois de umaligeiro valor consecutivo, cf. supra, I, 5;cf. § 157, IlI, 2,

6) Mediante coordenação: nequeFiliam amisit neque (tamen) lacri-mavit

CLÁUSULAS CAUSAIS

§ 150. Ás construções mais freqüentes. - I. Asconjunções. Em latim clássico, uma cláusula causal pode serintroduzida por uma das seguintes conjunções:quod/quia porquequoniam/quando(quidem) uma vez que, já que, visto que, etc.cum porque, comout (explicativo) que, como

De tôdas essas conjunções só cum (causal) pede o Subj.·as demais regem, por via de regra, o Indo, construção apro~priada para uma, cláusula caufjal, que quase sempre é frasede?la~ativa ou enunciativa, e não desiderativa(l). Na oraçãoprInCIpal encontramos muitas vêzes advérbios que anunciam erealçam a idéia expressa pela cláusula causal, tais como: eo,ideo, propterea, idcirco, etc. Sobretudo é freqüente a correla-ção propt:rea quod. Quanto ao emprêgo dos tempos, note-seque o latIm marca com grande precisão o tempo relativo (cí.§44). Exemplos:

Punitus est (propterea) quod men-titus erat

Cum mentitus sis, punierisQuoniam eboedire non vis, punieris

(1) Ci. § 144, V. Ia.

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Nota. As palavras postquam, posteaquam, priusquam, ante-quam podem ser separadas por outras palavras, p. e. posto ... quam,etc.*

11. Modos e Tempos. O modo normal das cláusulastemporais é o' Ind., construção apropriada para frases enun-ciativas; às vêzes, porém, encontramos cláusulas temporaiscom o Subj., o qual se explica - em alguns casos - como Subj.optativo, voluntativo ou potencial, mas em outros casos nãopassa de Subj. de subordinação.

Algumas conjunções temporais indicam com grande pre-cisão o tempo relativo, mas no mais das vêzes encontramoso tempo absoluto, reminiscência da antiga parataxe.

N os seguintes parágrafos (152-156) trataremos da cons-trução das diversas conjunções temporais, devendo limitar-nos às linhas mestras. Dar e explicar tôdas-as' construções seriaincompatível com o escôpo dêste livro, visto que o emprêgodos rnodos e dos tempos em cláusulas temporais sofreu sobre-maneira a influência da analogia. O estudioso de latim poderá,convencer-se dêsse fato, ao consultar um bom dicionário.

205

Estava passeando na floresta,quando (de repente) apareceramdois ladrões

Mal cheguei à casa, escrevi-te estacarta

Na noite em que morreu minhamãe/N a)loite da morte deminhamãe, nossa cidade foi tomadapelos inimigos

Agora que sou pobre, todos osamigos me abandonam

Quando estiver em casa, escre-ver-te-ei

Quando tiver voltado/Quando vol-tar à casa, escrever-te-ei

A subordinação em latim

-Ambulabam in si/vã, eum (repente)duo latrones apparuerunt/appa-rent

Vixdum domum redieram, eum haslitteras ad te scripsi

I ~ 152 ]

Cum domum rediero, ad te seribam

2) Um caso particular de cum temporal é CUMINVERSO,que se caracteriza pelo fato de introduzir a parte mais impor-tante da comunicação: ao passo que a parte principal de umacomunicação geralmente está na oração principal e os ele-mentos secundários estão na cláusula, temos aqui o contrário:daí o nome cum "inverso". Na cláusula encontramos muitasvêzes o advérbio repente ou subito; na oração principal, fre-qüentemente vix/vixdum ("apenas, mal"), ou jam ("já"). Otempo da oração principal é quase sempre o Impf. ou o Msqupf.,eventualmente o Preso histórico (cf. §45, II); o da cláusula,o Pf. ouo Preso histórico. Exemplos:

3) Outro caso particular de cum temporal é CUMITERA-TIVO, empregado para indicar açõeS repetidas ou habituais.

N une, eum pauper sum, omnesamiei me deserunt

Cum domi ero, ad te seribam

Eã nocte, eum mater mea mortua est,urbs nostra ab hostibus capta est

§152. Cum. -' O latim emprega cum em cláusulas tem-porais com o Ind. e com o Subj. Em última análise, não háuma distinção muito nítida entre as duas construções.

I. Com o indicativo. Podemos distinguir:

1) CUM TEMPORAL,que estabelece unia relação pura-mente temporal entre duas proposições. Quase sempre encon'"tramos na oração principal um advérbio de tempo (p. e. nunc,tunc, ol1'm,aliquando, etc.) ou outra indicação de tempo (p. e.eo die, eo tempore, ill nocte, etc.). A anterioridade é marcadacom grande precisão só no Fut., sendo que em outros casosquase sempre se usa o tempo absoluto. Exemplos:

[§ 151 ]Sintaxe latina superior

CLÁUSULAS TEMPORAIS

204

§151. Observa-;ões preliminares. - L As principaisconjunções. As relações temporais que existem entre a açãoverbal da cláusula e a da oração principal, são muito variadas;destarte se explica que existam várias conjunções temporais.Podemos dividi-Ias da seguinte maneira:

1) Cum (indica simultaneidade e anterioridade): "quandodepois que", etc. '

2) Postquam/posteaquam (indica anterioridade): "depoisque", etc.

3) Ubi/Ut (p;imum) } (indica anterioridade)' "logo que"Cum (pnmum) t . ,Simul (ac/atque) e c.

4) Antequam/priusquam (indica posterioridade): "antesque", etc.

5) Dum/quoad/donec (indica simultaneidade): "enquanto",etc.

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207

Depois que cheguei/de chegar aRoma, visitei o templo de ApoIo

Depois que se viu a sós com Cati-lina, tramou com·êle o plano deassassinar o cônsul

Três horas depois da minha voltaà casa, chegou meu amigo

César, depois de tomar a forta-leza dos bárbaros, continuou amarcha

A subordinação em latim

Postquam Romam adveni, templumA pollinis visi

Postquam se relictum videl (pres.hist.) uno cum Catilinã, cum eoconsilium cepit/capit (pres. hist.)consulis interjiciendi

Tribus horis (cf. §84 IV) post-j

quam domum redieram, amicusmeus advenit, ou: Post horam

tertiam quam domum redieram, - "amicus meu.~ advenit

I ~ 153 ]

Caesa1', cum oppidum barbarorum 1cepisset, ire perrexit

Caesar, oppido' barbarorum capto, ~ire perrexit J

Nota. O emprêgo do Pi. com postquam pode parecer estranho,visto que esta conjunção indica anterioridade e o latim é muitominucioso em marcar a anterioridade. Explica-se esta particulari-dade pelo fato de que postquam originàriamente coordenava duas

§ 153. Postquam. - L A junção principal. As con-junções poslquam e posteaquam indicam, geralmente, uma açãonão repetida no passado, anterior a outra ação no passado("depois que/de"). O modo é o Ind.; o tempo é o Pf. ou,eventualmente, "o Preso histórico. Só quando a diferença emtempo entre a ação principal e a da cláusula é indicada comexatidão, usa-se preferivelmente o Msqupf. Exemplos:

Os limites entre cum histórico e cum temporal são poucodefinidos: os próprios autores clássicos usam, às vêzes, as(luas construções em frases da mesma estrutura, p. e.: Fuitnntea tempus, cum Germanos Galli virtute superarent ("Houveum tempo em que os gauleses sobrepujaram os germanos emvalentia"), e: Fuit quoddam tempus, cum in agris hominespassim best1"arummodo vagabantur ("Houve uma época em queos homens vaguearam pelos campos à maneira de brutos").Por outro lado, nem sempre é fácil distinguir com exatidãoentre cum histórico e cum causal.

Cum histórico tende a estender-se em detrimento de cumtemporal, principalmente em latim pós-clássico, passando a serusado também nos outros tempos que não sejam o Impf. eo Msqupf. Muitas vêzes poderia ser substituído por um abl.abs. sem grande diferença de significado, p. e.:

[§ 152 ]

Calando-se, berram (isto é: Seusilêncio é eloqüente)

Camilo salvou a pátria por proibir.que os romanos emigrassem dacidade

Sintaxe latina superior206

Nota. Em vez de cum iterativo, pode usar-se também quo-tie(n)s; os autores da época imperial constróeI):lcum/quot?:ens preferi--velmente com o Subj., construção rara em prosa clássica. É o Subj.de subordinação.

lI. Corn o Subjuntivo. Cum, combinado com o Subj.,chama-se curn histórico ou narrativo. Em prosa clássica,encontra-se só com o Impf. (simult.) ou o Msqupf. (ant.)sendo de emprêgo muito freqüente. Distingue-se de cum tem-poral, por não se limitar a indicar exclusivamente o tempo,mas por designar também a situação em que certo fato serealizou no passado; esta "situação" não é concebida comocompletamente isolada da ação principal, mas prende-se aela estreitamente, explicando-a, pelo menos, até certo ponto.Cum históricQ é, portanto, o meio-têrmo entre cum causal ecum temporal; o subjuntivo que traz consigo, é o subj. de"subordinação" .

Nota. Êste cum é muitas vêzes chamado também cum expli-cativo, porque explica de que modo se efetua a ação verbal daoração regente. - Os autores da época imperial constróem-no muitasvêzes com o Subj.

Camillus patriam servavit, cum Ro-manos ex urbe migrare vetuit

4) Finalmente, há CUM IDÊNTICO, empregado para indi-car que a ação verbal da cláusula coincide por completo coma da oração principal e que as duas são permutáveis entre" si.O português usa, geralmente, o gerúndio (muitas vêzes, pre-cedido de "em"), ou I'por" mais Inf.; naturalmente, o tempoempregado na cláusula é igual ao que se encontra na oraçãoprincipal. Exemplos:Cum tacent, clamant

Cum ruri eram, ambulare solebam

Na oração principal, encontramos o Preso ou o Msqupf.; nacláusula, geralmente os mesmos tempos; mas note-se que aanterioridade é indicada com precisão. Exemplos:Cum ruri sum, ambulare soleo Quando estou no campo, costumo

fazer passeiosQuando estava no campo, costu-mava fazer passeios

Cada vez que se iniciava a pI'ima-vera, Verres fazia passeios pelaSicília

Cum ver esse coeperat, Verres iti-nera per Siciliam jaciebat

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208 Sintaxe latina superior [§ 154 ] I :~ 155] A subordinação em latim 209

ações verbais, consideradas como de igual importância: a partículaquam oomparava simplesmente dois fatos no passado (tempoabsoluto!).

Logo que ouve o canto do galo,levanta-se/costuma levantar-seda cama

Logo que ouvia o canto do galo,saia da cama

Suplicarei, cada vez que vir umamigo

Notas.1) Só simul e ubi são usados para indicar o futuro.2) Simul ae/atque mostra claramente a ~u:: oI:i~em"paratática,

p. e.: Simul Romam veni a? .te~plum Apollmts vtSt~, Ao mesmotempo cheguei a Roma e VISIteIo templo de ApoIo .

3) Ao lado de ubi, ut e simul p.odeusar-se também eum primum,

Ut galli eantum audivit, e leeto sur-git/surgere solet

Ut galli eantum audierat, e leetosurgebat

Supplieabo ut quemque amieumvidero

Notas.1) Ut nesta acepção, encontra-se apenas em combinação com

quisque: ,icada vez que alguém/(alg)um" (cf. §227, lI, 1b).2) Estas conjunções, quando indicam ação repetida, regem qu.ase

sempre o Subj., na época imperial, construção rara em prosa cláSSICa.

n. Ação repetida. Quando ubi, ut e simul indicam umaação repetida ou habitual (cum primum nã? ~e usa neste caso),marcam o tempó relativo com grande preCIsao. Cf. o esquemadado no §44, IH. Exemplos:

§155. Autequam e priusquam. - ~qui deve~os dis-tinguir entre clhusulas mer<1mente. t~mporals (I) e clausul~scom o matiz de finalidade, potenCIahdade, etc. (lI); ?a PrI-meira hipótese, o modo é o Ind.; na segunda, o SubJ.

r. Cláusulas meramente temporais. O modo é o Ind.;a um tempo secundário, na oração principal, corresponde ge-ralmente na cláusula o Pf. (tempo absoluto, cf. §154, I);a um t~mpo primári~ (sem negação), na oração principal,corresponde geralmente, na cláusula, o Preso (te~P? absoluto);mas a um Fut. Simples com negação na oração prInCIpal, co:res-ponde, na cláusula, geralmente o Fu~. Pf. (tempo rel~t!vo).Sendo habitual a ação verbal, exprIme-se com preCIsao otempo relativo (cf. § 154, lI). Exemplos:Priusquam litteras tuas aceepi, valde Antes de ter lido/Antes. de lersollieitus eram (tempo absoluto) a tua carta, estava mUlto pre-

" ocupadoN on aequieseam priusquam tuas Não reposarei antes de ter rece.litteras aeeepero (oração princi- bido a tua cartapaI no Fut., com negação)

fazermos aquiações repetidas

Quando o general via que 'os sol-dados não podiam "sustentar oataque dos inimigos, mandoudar o sinal da retirada

Agora que mora em Roma, visitatodos os dias o templo de ApoIo

Logo depois da minha chegada aRoma, visitei o templo de ApoIo

Logo que ouvir (Iit.: tiver ouvido)alguma coisa, escrever-te-ei umacarta

Logo que viu os escravos"do seuamigo, chamou um diJles

n. Emprêgo secundário. Menos freq üente é o emprêgode postquam em combinação com o Ind. Impf. ou Pres., paraindicar. pão uma ação anterior, e sim, uma situação existenteno momento de se iniciar a ação principal. Esta função, rela-tivamente rara em prosa clássica, tornou-se mais comum naépoca imperial, adquirindo, aos poucos, o matiz de causali-dade (cf. "pois que", em português; PU2'sque, em francês).Exemplos:.Postquam videbat milites impetumsustinere non posse, dux reeeptuieani jussit

Postquam Romae habitat, eotidietemplum Apollinis visit

Notas.

1) Também ut e ubi, embora raramente, podem ser usados damesma forma.2) Sob a influiJncia de eum histórico, sempre combinado com

o Subj., também postquam (nas duas funções) chegou a ser construidocom o Subj. (Imp. e Msqupf.) na época imperial.

Ubi servos amici videt (pres. hist.),voeat unum ex eis

§154. Ubi, ut e simul. - Cumpreuma distinção entre ações não repetidas (I) eou habituais (lI).

r. Ação não repetida. O modo é o Ind.; o tempo é oPf. (eventualmente, o Preso histórico) para exprimir uma açãoanterior a outra ação realizada no passado (tempo absoluto,cf. postquam, §153, I), ou o Fut. Pf. para exprimir 1l:maaçãoanterior a outra ação que se deve realizar no futuro (temporelativo). Ubi e ut podem ser reforçados com o elementoprimum; simul com ac ou atque. A tradução normal é: "logoque, assim que", às vêzes: "depois que, quando", etc.Exemplos:Ut Romam veni, templum Apollinisvisi

Simul (ae/atque) aliquid audiero,scribam epistulam ad te

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3) Muitas vêzes, porém, acontece que antequam e prius-quam, já em prosa clássica, são construidos com o Subj. ("desubordinação"), também onde não existe o matiz de potencia-

lI. Cláusulas com o Subjuntivo. O Subj: em cláusu-las, introduzidas por antequam ou priusquam, tem cabimento,quando elas exprimem mera possibilidade (potencial!) ou fina-lidade (optativo e voluntativo!). Neste caso, o português usamuitas vêzes o verbo "poder" para exprimir a irrealidade daação. Exemplos:' .

211

Enquanto isto acontecia/se dava,César foi à Gália

Quando eu estiver em Roma, visi-ta-me, por favor!

A subordinação em latimere

Enquanto pôde, resistiu commuitacoragem

Enquanto fôres feliz, contarás nu-merosos amigos

Enquanto estou contigo, sinto-me forte

Nota. Neste sentido pode ser empregado também quamdiu.

I :~ 156]

b) Dum (não quaad, danee ou quamdiu) pode indicartambém coincidência não completa com' a ação verbal daoração regente: "enquanto" uma coisa está se realizando,inicia-se a outra (a da oração principal). Neste caso, a prosaclássica usa quase sempre o Ind. Preso (histórico) na cláusula.Exemplos:Haee dum aguntur, Caesar in Gal-liam profeetus est

Dum Romae ,sum, fae me videas!

Donee eris felix, multos numerabisamieos (poético)

Dum tee~m sum, fortis sum

Quoad potuit, fortissime restitit

Illi:t,deou de finalidade; o Subj. tornou-se a construção normal11:1, época imperial, principalmente em latim tardio, e perpe-I.llou-se nas línguas românicas (com "antes que", em portu-/',lIês; com "avant que", em francês, etc.). Já em prosa clássical'llcontramos as duas construções uma ao lado da outra sem!,;rande diferença, em frases dêste tipo: Hastes nan destiteruntIngerem priusquam ad jlumen Rhenum perveneruntjpervenirent,~"Os inimigos não desistiram de fugir, antes de chegarem aorio Reno".

§156. Dum, quoad e donec. - Também aqui devemosfazer uma distinção entre cláusulas meramente temporais (I)ü cláusulas temporais com o matiz de finalidade (II).

L Cláusulas meramente temporais. As três conjun-ções podem ser usadas em duas acepções diferentes: na de"enquanto", e na de "até que".

1) ENQUANTO.

a) Dum, quaaa e danee (esta última palavra não se usaem prosa clássica neste sentido) podem indicar que a açãoverbal expressa pela cláusula coincide por completo com aação verbal expressa pela oração principal: "enquanto" umadelas se realiza, realiza-se a outra também, durante o mesmoprazo. O modo é o Ind.; os tempos das duas proposições sãoos mesmos (simultaneidade perfeita). Exemplos:

[§ 155]

Antes de ter recebido uma cartade ti, andava preocupado

Antes .de escrevér a carta, voutomar banho

Em virtude desta lei as terras delavoura são vendidas, sem queum s6 torrão seja comprado

Sem que eu pudesse falar umaúnica palavra, levantou-se dacadeira e foi-se embora

Sintaxe latina superior

Em virtude desta lei as terras delavoura são vendidas, antes queum s6 torrão seja comprado

Antes que os cidadãos pudessempegar as armas, a cidade foiconquistada pelos inimigos

Não ousou travar combate antesque as tropas auxiliares tives-sem vindo

Nota. O tempo do Subj. é o Preso (correspondente a um tempoprimário na oração principal) ou o Impf. (correspondente a 'umtempo secundário).

210

Priusquam scribo litteras, lavatumibo (oração principal no Fut.sem negação)

Priusquam litteras tuas acceperam,solebam sollicitus esse (ação re-petida)

Hac lege agri veneunt antequam unagleba ematur (potencial)

Priusquam eives arma eaperent,urbs ab hostibus expugnata est(final)

N on ante ausus est pugnare quamauxilia venirent (final)

llI. Observações. 1) Antequam e priusquam são muitasvêzes separadas por outras palavras, p. e.: N an prius aequies-eam quam tuas Wteras aeeepera, e: Agri ante veneunt quamuna gleba ematur, etc.

2) Antequam e priusquam, construidos com o Subj., podemser traduzidos também por: "sem que", etc., visto que expri-mem a mera intencionalidade ou a possibilidade, não a reali-dade, da ação verbal. Exemplos:

Antequam unum verbum faeerem,de sellã surrexit atque abiit

H ac lege agri veneunt antequamgleba una ematur

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lI. O empr~go do Subjuntivo •. Dum, quoad e donec(esta última palavra é rara em prosa clássica) podem indicar,além de um limite temporal, também finalidade. O modo éo Subj. (voluntativo); os tempos são o Preso e o Impf. (cf.as frases finais). Êste dum final usa-se muito com o verboexspectare ("esperar, aguardar"). Exemplos:

2) ATÉ QUE.

Dum, quad e donec (esta última palavra só raramente emprosa clássica) podem indicar um limite meramente temporal(cf. "até que", em português). O modo é o Ind.; os tempossão o Preso ou o Pf., correspondentes ao Preso ou o Pf. naoração principal (tempo absoluto); ou então, o Fut. Pf., cor-respondente ao Ftit. Simples na oração principal (tempo rela-tivo). Cf. § 154, r. Exemplos:

llI. -Observúções. O verbo exspeetare não admite, em prosa clás-sica, o A. c. L, mas pode ser construído com:

1) dum mais Subj., cf. supra, lI.2) si mais Subj., cf. §54, I, nota 4.3) ut (final) mais Subj., principalmente quando se salienta a ansie-

dade, p. e.: Os ut tuum videam exspeeto: "Estou muito ansioso por verteu semblante".

4) uma pergunta indireta, principalmente quam mox, para indicarimpaciência, p. e.:

213

Aguardava que espécie de inicia-tiva os inimigos tomariam

Por que esperas até eu finalmentefalar?

A suboTdinação em latim

Antes de mais nada, devemos frisar que, do ponto de vistagramatical, a questão importante não é ~ de sab~r ~e a con-dição está de acôrdo, ou não, com.a realIdade ObJetI;ra: ave-riguar se o autor de uma frase mentm ou se enganou, e assuntopróprio do filólogo ou do histor~ador. A~ g~amá~ic~ c~~o. talinteressa apenas conhecer os meIOS formaIS, ISto e, lmgmstlCosde que' se serve um autor para exprimir (ou para. ~sc0J?-der!)seu pensamento. N o caso das construções condIcI~ma~s ouhipotéticas, isto quer dizer que deven:os saber quaIs sao osmeios lingüísticos que o latim p.õ~ ao dIspor de. um Aautor raraêle poder apresentar uma condIçao. EstabeleCIdo esse prmcí-pio, podemos dizer agora:

1) O REAL (o têrmo é tradicional, mas en~anador) ~azabstração da realidade ou da irrealidade .da ?OndIção, contIdana cláusula (a chamada prótase), mas dIZ sImp'lesmente que,cumprida a condição, com tôda a certeza se dá um segundo

CLÁUSULAS CONDICIONAIS

§157. Como se pode apresentar uma condiç~~.Existem várias maneiras de se apresentar uma condIçao ouhipótese. Vej~mos primeiro os exemplos.

1) "Se tenho dinheiro, compro livros" (REAL).2) a) "Se tivesse dinheiro, compraria aquêle livro"

(IRREAL DO PRESENTE).

b) "Se tivesse tido dinheiro, teria comprado aquêlelivro" (IRREAL DO PRETÉRITO).

3) "Caso tenha dinheiro, compro talvez)

aquêle livro" }"Se tiver dinheiro, pode ser que comp.re (POTENCIAL)aquêle livro" .

"Se tivesse dinheiro, poderia comprar/compraria aquêle livro"

I :i 157 ]

I,I,,{,Zhostes eonsiZii eaperent, ex-"/icctabat

(,)nid exspectas quam mox ego di-cam? (cf. §218, V, 1)

.'

[§ 156.]

Cocles sustentou o ataque dosinimigos, até que os outros ti-vessem atravessado o rio

Não quer esperar até os embai-xadores voltarem

Sintaxe latina supeTior

Fiquei em casa, até que voltoumeu amigo

Ficarei em casa até meu amigovoltar

Fico em casa ::tté. compreenderaquilo

Nota. Pouco importa se a frase por si exprime finalidade ounão; o único fator decisivo é saber se o limite temporal é apresen-tado como meramente temporal, ou então, com certo matiz definalidade. No terceiro exemplo, o que é indicado é apenas o limitetemporal: (Sairei do caso só quando entender o assunto"), não oesfôrço para entendê-Io; fôsse assim, o latim diria: Domi manebo,dum illa eognoseam (Subj .). Mas compreende-se fàcilmente que,por serem pouco distintos tais casos, os dois modos eram freqüen-temente trocados.*

212

Domi mansi, dum rediit amieusmeus

Domi manebo dum redierit amieu8meus ,

Domi maneo, dum illa eognoseo

CoeZes impetum hostium sustinuit,dumjquoad eeteri jZumen transi-rent

Exspeetare non vult dum Zegati re-deant

Page 114: Besselaar Propylaeum Latinum 1

fato, contido nll,oração principal (a chamada apódose). A frase:"Se tenho dinheiro, compro livros", não significa necessària-mente que eu tenha, de fato, dinheiro; admite-se apenas, pro-visàriamente, esta hipótese, mas se se der o fato de eu ter dinheiro,dar-se,·á com certeza também o"fato de eu comprar livros.

2) O IRREAL apresenta a condição como estando emdesacôrdo com a realidade; o português usa, na prótase, oSubj. do ImpL (Irreal do Pres.) ou o Subj. do MsqupL (Irrealdo Passado); na apódose, o Condicional simples (Irreal doPresente), ou o Condicional Composto (Irreal do Pretérito).A frase: "Se tivesse dinheiro, compraria aquêle livro", podefàcilmente ser completada desta maneira: "Mas não tenhodinheiro, e por isso não compro livros"; a frase: "Se tivesse'tido dinheiro, teria comprado aquêle livro" pode ser comple-tada: "Mas não tinha dinheiro, e por isso não comprei aquêlelivro". Por êsses dois exemplos vê-se claramente que minhaintenção nas duas frases é a de apresentar a condição "de terdinheiro" como contrária aos fatos reais, e que a primeira,apesar do emprêgo do ImpL, se refere a uma situação atual,ao passo que a segunda se refere a uma situação no pretérito.

3) O POTENCIALapresenta 8~ôndição como mera pos-sibilidade ou "hipótese"; ao passo que, no Real e no Irreal,existia uma relação certíssima entre a afirmação da prótaseea da apódose, essa relação se torna precária no Potencial.Na frase: "Se tiver dinheiro, pode ser que eu compre aquêlelivro", quase tudo é incerto: não sei se terei o dinheiro ou não;. e mesmo que o tenha, não sei ainda se comprarei aquêle livroou não. O português, ao contrário do grego e do latim, nãopossui uma forma bem definida para exprimir o Potencial(cL §56, lI), podendo servir-se de vários meios, nenhum dosquais, é o exato equivalente do Potencial nos idiomas clássicos.Algumas traduções Se aproximam bastante do Irreal (p. e.:"Se tivesse dinheiro, poderia comprar/compraria aquêle livro"),e outras se aproximam do Real ~(p. e.: "Se tiver dinheiro,comprarei talvez aquêle livro"). E impossível formular regrasexatas: só a plena compreensão do texto e o perfeito domínioda língua vernácula poderão dar uma segura orientação aotradutor.

§158. As três construções em latim. - Vejamosagora como o latim exprime essas três maneiras de apresentaruma condição.

215

Se fôsses mais respeitoso, deveriasvenerá-Io (ou: deverias tê-Iovenerado) como um pai

Se tenho dinheiro, compro livros·Se tiver dinheiro, comprarei livrosSe tinha dinheiro, comprava livros

A subordinação em latim

Se tivesse dinheiro, comprariaaquêle livro

Se tivesse tido dinheiro, teria com-prado aquêle livro

Se não tivesse perdido meu di-nheiro, compraria aquêle livro

Se fôsse rico, teria comprado maislivros

Nota. Os verbos e as locuções que exprimem possibilidade,conveniência ou obrigação (cf. §54, 1), quando ocorrem na apódosede uma construção condicional, podem ir para o Subj., mas muitasvêzes estão também no Ind. (Impf. ou Msqupf.), p. e.: .

Se ouvir (lit.: tiver ouvido) umanotícia, contar-te-ei

Se ouvia (lit: tinha ouvido) algumanotícia, contava-ma

Nota. Encontrando-se na apódose um Subj. êste deve serinterpretado como optativo ·ou voluntativo, p. e.: Si amicus tuushic manere non vult, abeatl = "Se teu amigo não quer ficar aqui,que vá embora!"

Si magis piUR esses, eum patris lococolere debebas/debueras

Si quid novi audierat, mihi narrabat

III. O Potencial. O modo do Potencial é o Subj.; ostempos usados são o Preso e o Pf. na prótase e na ap6dose,

Si pecuniam habeo, libros emoSi pecuniam habebo, libros emamSi pecuniam habebam, libros eme-bam

Si quid novi audiero, tibi narrabo

L O Real. O modo do Real é o Ind., na prótase e na:tpódose. Os tempos correspondem, globalmente falando, aos~IILC são usados em português, mas note-se que o latim marca~:()mmaior precisão do que as línguas modernas a anteriori-dade (sobretudo pelo Msqupf. e pelo Fut. PL) e que, por outrolado, não possui uma forma equivalente ao Subj. Fut. doportuguês. Exemplos:

lI. O Irreal. O modo do Irreal é o Subj. na prótase ena apódose; o tempo do Irreal do Presente é o ImpL, o doIrreal do Passado é o Msqupf. na prótase e na apódose. Comoem português, pode haver desigualdade de· tempo nas duasproposições. Exemplos:Si pecuniam haberem, illwn librumemerem

Si pecuniam habuissem, illum li-brum emissem

Nisi pecuniam amisissem, illumlibrum emerem

Si dives essem, plures libros emissem

[§ 158 ]Sintaxe latina superior214

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Se tiver dinheiro, pode ser que eucompre aquêle livro

Sintaxe latina superior [ § 159 ] 217

Se não me tivesse segurado, tinhaescorregado muito mais

Se Lépido não tivesse acolhidoAntônio, tínhamos alcançadouma bela vitória

A subordinação em latim[§ 160 ]

Praeclare viceramus, nisi LepidusAntonium recepisset

Labebar longius, nisi me retinuissempelo§56, II),(cf.

216

sem nenhuma diferença entre os doismenos em prosa clássica. Exemplo:Si pecuniam habeam/habuedm illumlibrum emam/emerim '

Notas.

. §159. ~articularidades. - r. A construção perijrás-t~C? O SubJ. do Msqupf. na apódose de uma construção con-?lclOr:,al no .Ir~ea!, pode ser substituído pelas formas da con-Jugaçao penfrastlCa do tipo: empturus fui. Exemplo:

Sem amizade, a vida seria triste(= Se não houvesse amigos, avida seria triste)

Meu amigo nunca te teria ofendido(= Se a pessoa em aprêço fôssemeu amigo, nunca te teria ofen-dido)

Estás bêbedo; pois, (estando) só-brio, nunca farias isto (= "seestivesses sóbrio, nunca fariasisto")

Contudo; se êle acusar seu pai,poderia eu perdoá-lo

Se tu não tivesses estado presente,êsse homem quase que me teriaenganado

Ebrius es; neque enim umquamhoc sobrius jaceres

Amicus meus numquam te ojjen-disset

Sine amietiã vita tristis esset

Tamen ei, si patrem accuset, pos-simlpossum ignoscere

3) Nas frases do tipo: Labébar longius, nisi me retinuissem, temosuma espécie de elipse: "Eu já estava escorregando (e teria escorregado)muito mais ainda, se não me tivesse segurado". Com o tempo, não se tinhamais a consciência da elipse (originada pelo desejo de se exprimir complasticidade), e o Ind. se tornou o concorrente do Subj. na apódose.

4) Quanto a posse, debere, etc. na apódose, ci. §158, lI, nota. Oque foi dito lá a respeito do Irreal, refere-se também ao Potencial, só queo tempo é o Pres., p. e.'

§ 160. As conjunçoes condicionais. - As conjunçõescondicionais apresentam algumas particularidades, das quaisestudaremos as mais importantes neste parágrafo.

r. "Nisi" e "Si non". 1) - A negação expressa pelaconjunção nisi, ,afeta a prótase na sua totalidade; si nonrefere.se a uma única palavra dentro daprótase.Exemplos:

III .. O Irreal incompleto. Muitas vêzes acontece- que uma cons-trução "irreal" não vem sendo completada por uma cláusula (prótase).Neste caso, subentende-se com facilidade a prótase, ou então, se usa umalocução restritiva (geralmente' a preposição sine ou absque, ci. §125).Exemplos:

Paene vir iste me decepit (menosusado: deceperat), nisi tu adjuis-ses

2) Em prosa clássica, o emprêgo do Ind. do Pf. (não do Impf.) éregra geral com paene ("quase") na apódose do Irreal, p. e.:

O sábio não hesita em renunciar àvida, se isso fôr melhor

A memória diminui, a não ser queseja exercida

Se êle disser isso, engana-se (ou:enganar-se-á)

Se tivesse tido dinheiro, eu poderiater comprado aquêle livro*

Se tivesse tido dinheiro, teria com-prado aquêle livro

1) O Pot.encia,1latino, ao contrário do Potencial grego, não éum mo~o mUlto VlVOna época clássica; por isso mesmo tende aconf.undlr:se com um certo tipo do Real: a apódose está no Ind(mUl~asvezes, Ind. do Fut.lmpf.), e a prótase no Subj. Esta cons~truçao é bastante comum com nisi. Exemplos:

Sap,iens non dubitat, si ita meliuss~t, migrare de vitã

M emoria minuitm', nisi eam exer-ceas (cf. §41, lI, 4)

Si hoc. dicat/dixerit, errat (ou:errabtt, cf. §46, III)

2) Al~m do Poten.cial do Presente, que já vimos, o latim possuitambem o Pot!1nClaldo Passado (cf. §56, lI), muito pouco usado:lJ.ll prosa clásslCa. Quanto à forma, o Potencial do Passado não sedlstm)gue do Irreal do Preso (Subj. do Impf. na prótase e na apó-ose, p. e.:

Si pecuniam haberem, illum librumemerem

Si pecuniam habuissem, illum li-brum empturus jui

Esta construção é muito importante para a oração indi-reta, cf. §257, VI, 2.

. lI., O Indicati!'o p,elo ~ubjuntivo. 1) Em português, sobretudona lmguagem ,col09Ulal, e mUlto comum dizer-se: "Se tivesse dinh .comr;rav,! a~uele hvro", e: "Se tivesse tido dinheiro tinha com ~~J~aquele !lvro . Esta substituição do Condicional pelo Ind 'no Irreal é p 'tex~resslva, po~que. f!isa enfàticamente a realidade da' conseqüênc:u~~~po~ose, s.et condlç,aoexpress~ pela prótase se tivesse realizado. A cons-ruçao e~ls e tambem em latlm. A prosa clássica usa-a relativamente~áU?:s,)vezes,e semr:re como recurs? estilístico; na época imperial (SênecaClO. , aconstruçao se torna mUlto freqüente. Exemplos: '

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Nota. Na apódose correspondente a uma prótase iniciada porsi non, encontra-se muitas vêzes: at certe/saltem: "em todo o caso,ao menos", etc.

4) "NIsr" COMOADVÉRBIO.- Depois de frases negativase perguntas com tendência negativa, nisi passa a significar:"exceto": a mesma -evolução se deu, em português, com aspalavras "a não ser" e "senão". Muito freqüente é o em-prêgo de non nisi, ou nonnisi, no sentido -de "sàmente,apenas". Mais tarde, nisi (principalmente em combinaçãocom a conjunção quod ou ut), encontra-se também em frasespositivas, com o significado de: "exceto, salvo", etc. Exem-plos:

2) "NI". - Ni não-é forma contrata de nisi, como anti-gamente se supunha, mas forma composta da antiga negaçãone, reforçada com -i (o mesmo -i encontra-se também nadeclinação de certos pronomes, p. e.: haec < ha-i-ce). Sódevido ao seu emprêgo freqüente em oposição a si, adquiriuo significado de "se não" = nisi (cf. em português: "não fôsseassim" = "se não fôsse assim", em latim: ni ita esset). Aprosa clássica prefere, em geral, nisi, menos em algumasexpressões fixas, p. e.: ni ita est/sit/esset, e: m' ita se res haberet(:"não fôsse assim").

3) "N ISI VERO/FORTE".- Esta locução é usada em pró-tases negativas que exprimem sentimentos de ironia, "Sarcasmo,etc. O modo é sempre o Ind. Exemplos:

219

Todos foram ambora, exceto oscidadãos romanos

De todos os meus livros deixei s6poucos na minha chácara

Esta chácara me agrada ~u;ito,só que me encheu de dIVIdas

A subordinação em latim

Ex urbe discessit, sive potius fugit

Postulo, sive aequum est, oro te

Notas. 1. •. f §25 II1) Quanto a nisi com partIcIpIO, c . '. '. . d'd d lavra ms~ era composta e2) Os romanos esqueCI os e que a pa . .... " -o"- -. ' A _b' ão pleonástIca ms~ s~. se na ,

si, u~~van: mUltasuve~~es(p~i~~rpa:~~~tena comédia e na linguagemou: a nao ser qvulgar).5) "QUOD SI" OU "QUODSI". - Cí. §210, I, 1.

AS - Cf §64 I nota 4.6) "SI" EM PERGUNTAS INDIRET. ..,

NotaIs).Encontram-se também correlaçõ~s dos segui~te~ tipos: sive. s'"ve' seu ..... aut; swe ..... an, s~ ..... sivi-...... swe ..... • ,

Cf, §65, I, nota 3. unta indireta ou numa cláusub2) Sive ocorrendo numa perg. d S b' p e' CaesCiT'd bum conandl pe e o u J., ." "dependente e um ver. ..~ edimenta eorum capere poss,,,t

conatus est sive castra hoshum swe ~ P . to ou da bagagem dW:J== "César tentou apoderar-se do acampameninimigos",

d d" - Estas três con··III "Dum d-ummo o, mo o • r'-'junções' introdu;em uma cláusula condi~io~~~ .deov:~~o l~H~;"contanto que, desde que, .sempre que, '! almenteSubj. (optativo ou voluntatlVo); os temr:os :ao, g~xemplos'o Preso e o lmpf, (cf. § 144, I); a negaçao ne. .

§57, IV) Que êles odeiem, contanto (1'JOOderint, dum metuant (cí. temam! ~•.

TI "S' / u". - Cf. §54, lIl, onde se fala da. corr:--l • tve se . " uer") , mas swe nao

lação sive/seu. .. swe/se,u. (= quer .... , q laçã~ significandoprecisa ocorrer necessaname~te em. cor~eica' :'ou se" (= velsimplesmente, conforme sua ongem etlmolor ou' aut (= "ou").si).; ~ afinal, pode est~r t~mb.ém ~~~s v~ "ou antes/melhor" ~prmClpalmente na combmaçao s~~ePd lnd Exemplo;:;:Em todos êsses casos, é combma o com o .

Peço-te, ou - se é conveniente .---.suplico-te ,

Saiu da cidade, ou melhor, fugiU

[§ 16~]

Omnes abierunt nisi qui cives Ro-mani erant

Ex omnibus libris meis. no,!misipaucos in villã meã rel~qu~ ..

Haec villa valde me delecta~, ms~quod me aere alieno obru~t

[§ 160 ]

Quase ninguém, estando -sóbrio,dança, a não ser que esteja louco

Todos concordam que é criminosomanter afastado da Cidade umcidadão romano. Ou crêdes tal-vez que Cícero não seja cidadão?

Ninguém foi embora, exceto osque tinham recebido ordem

Que é isso senão parricídio?

Seremos surpreendidos pelo ini-migo, a não ser que partamos/se não partirmos logo

Senós mesmos não fôrmos, permitiao menos que meu filho sejamandado a Roma

Sintaxe latina superior218

Nulli abierunt, nisi quibus manda-tum erat

Ea res quid est aliud nisi parrici-dium? (== nihil est aliud nisi)

Nemo fere saltat sobrius, nisi forteinsanit

Omnes consentiunt scelus esse civemRomanum ab Urbe prohibere.Nisi vero existimatis Ciceronemcivem non esse

Opprimemur cib hoste, nisi moxabibimus

Se non ipsi abibimus, at certe!sal-tem permittite filium meum Ro-mam mitti

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CLÁUSULAS CONCESSIVAS§161. Ás conjunçõ

sulas eondieiona:s es compostas com si. - I Cl'd . • e eoneess' CI' . au-a qUlre~, às vêzes, 'o matiz d:vas. ~usulas condicionais~dversatrva, em Português bem uma clau~ula concessiva ouülo tempore de consulatu petendo como er,nlatIm, p. e.: S~·tecumnon dedbe?de conjuratione repri~:~~:!8~, n~nSctecum consentireconc.or eI contigo acêrca da can . a e naquele tempoprecIso (por isso) concordar t' dIdatura ao consulado nãoa repressão da conjuração" con IgO ag?ra no que diz re~peitoesta frase: "Embora te h' o que eqUIvale mais ou menos anão preciso concordar a~o:a .c.a.~c.~;.dadonaquele tempo ... '.,

221

Estou sendo castigado por minhatemeridade. Mas, afinal/Aliás,que foi essa temeridade?*

Apesar de ser pobre, é homem ho-nesto

Forçá-lo-ei a sair, mesmo que nãoqueira

Mesmo que o general tivesse obe-decido aos agouros, aquela ca-tástrofe se teria dado

Embora tenhamos certa culpa, emtodo o caso estamos isentos decrime '

A subordinação em latimI§ 162 ]

Et8i aliquã culpã tenemur, a 8celerecerte liberati sumU8 (Real)

Para realçar maIS o caráter concessivo ou adversativode uma cláusula, introduzida por si, o latim emprega geral-mente etsi, tametsi « tamen ets~')e etiamsi. Com essas trêsconjunções são possíveis as três construções de cláusulas con-dicionais: o Real, o Irreal e o Potencial. Entretanto podemosverificar que, em prosa clássica, etsi e tametsi pedem geral-mente o Real (= Ind.) e só poucas vêzes admitem o Potencial(= Subj. Preso ou pf.) e raramente o Irreal (c= Subj. do Impf.ou Msqupf.); por outro lado, etiamsi pede quase sempre oPotencial ou o Irreal, admitindo só raras vêzes o Real. Naoração principal, encontramos freqüentemente uma partículaadversativa, p. e. tamen, attamen, nihilominus (cf. §84,IV), (at) eerte/saltem: "contudo, todavia, não obstante, emtodo o caso", etc. Exemplos: .Et8i/Tametsi pauper est, tamen virprobu8 e8t (Real)

Cogam eum abire, etiam8i nolit(Pot).

Etiam8i dux obtemperas8et aU8pi-cii8, illa clade8 eveni88et (Irreal)

Do poena8 temeritati8 meae. Etsiquae fuit temeritas flla?

11. Observação. Etsi e tametsi podem ser usados também paraintroduzir um novo período: neste caso, corrigem o conteúdo do períodoanterior, ou lhe restringem o vallor: "aliás, contudo, porém", etc. Exemplo:

§162. Outras conjunçoes. - Outras conjunções con-cessivas são quamquam (I), quamvis (II), lieet (III) , ut (IV) eeum (V).

L Quamquam. Esta conjunção, originàriamente o advér-bio relativo indefinido de quam (cf. § 166, I, 3), rege em geralo Ind. em prosa clássica; conforme sua origem deveria indicargrau ou intensidade ("por mais/menos .... que") de adj. e deadv.; no entanto, usa-se quase sempre em sentido meramenteconcessivo ("ainda que, embora, apesar de que", etc.), refe-rindo-se ao predicado. O emprêgo do Ind. se explica pela

[§ 161 ]

Vem depress~ a Roma, contanto5/ue,~sta vIagem não seja reJUdIcIal para tua saúde p-

Ci~eJtquis que sua espôsa fôsseestaom?" com a condição de que

vIagem não lhe preJ'udicasse a saúde -Notas.

220

V "Ab ". sque • - Cf. §125.

Sintaxe latina superior

Veni celeriter Romam du dh 't ' mmo o neoc 2 er valetudini tuae obsit

Cicero uxore:n Romam ire voluitmodo hoc 2ter valetudini' 'obesset eJus ne

A 1), Modo é advérbio e quer d' "rezes e combinado também Izer: apenas, somente"· mu'tmodo!, e Fac modo videas! com o Imp. em expressões do t;p~~~S' .

2 modo qUer dizer: "se é u"Si modo . q e , p. e. na frase'

sap2t, tecum non abibit NT., .ao Irá contigo é .3) M od. ' se que tem Juizohum _ ~Inon quer dIzer: "quase" .

anum - quase todo o gênero hu~' e;; modo non omne genusano.

IV. "Sin", ele. - Umas~ndo positiva, vem muitas v' seg.unda pr6tase condicionals~,! ou sin autem,' sendo ela n:zes. mtroduzida pela partícul~mmus/aliter, sobretudo em 6tgatIva, us~-se geralmente si(n)Si manebimus' . pr ases elfptlCas. Exemplos:

. , oppnmemur ab hoste' S·'~:r (~utem~. abibimus, increpabi~ ee~~?'drmosalqu.i,.se;emos surpre-SOC228 1 os pe o IlllmIgO' ( )partir ' mas seI m?s, seremos censuradospe os ahados

Se/ôrmos, todos nós iremos' senãocaso contrário, ninguém: irá

Si a.bibiml!8, omnes abibimu8' 8immu8/8m aliter, nemo abibit

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Notas.

3) Quamvis, quamquam etsi e !icet - . A

com um particípio, cf. §25, lI, 3. sao mUltas vezes combinados

223

Mas por que estou falando?Aliás por que te ensinaria?

Embora S6crates pudesse fàcil-mente fugir, preferiu ficar nocárcere

Pôsto que as fôrças sejam insufi-. cientes, a boa vontade é louvável

Ainda que/Mesmo que todos pro-testem, direi o que penso

A subordinação em latim

VI. Observação. Também quamquam é muitas vêzes usado paraintroduzir um novo período, corrigindo o conteúdo do período anteriorou restringindo-lhe o valor (cf. § 161, lI): "8Jiás. contudo, porém", etc.Exemplos:Quamquam quid loquor?Quamquam quid te doceam?

Socrates, cum jacile jugere posset,tamen in carcere manere maluit

Nota. Quamquam é sobretudo empregado assim para intro-duzir uma objeção às palavras anteriores ditas pela mesma pessoa.

V) Cum. Cum concessivo, em prosa clássica semprecombinado com o Subj. (de subordinação), explica-se pelafunção temporal de cum. A frase portuguêsa: "Enquanto ospais trabalhavam, os filhos gastavam" = "Ao passo que ospais trabalhavam, os filhos gastavam", possui certo valoradversativo, o qual não deriva diretamente da conjunção"enquanto" ou "ao passo que" (pelo menos, não inicialmente),mas da oposição que existe entre "trabalhar" (= "ganhardinheiro") e "gastar". Daí se originar o valor concessivo:"Ao passo que eu fiz tudo para convencê-Io, êle não me quiscompreender" "Embora eu fizesse tudo , não me quiscompreender". A ut concessivo corresponde, na frase prin-cipal, quase sempre tamen ou outra partícula adversativa, paradistinguir esta função de cum das demais. Exemplo:

Notá. Quanto ao emprêgo de ut .... ita com valor adver-sativo. cf. §211. I, 1b.

Ut desint vires, tamen est laudandavoluntas

I § 162 ]

IV. Ut. Ao Subj. permissivo ou concessivo (cf. § 57,II-III) pode acrescentar-se a partícula ut (d. a anotação his-tórica, pag.388); com o tempo, esta partícula começou a serconsiderada como conjunção concessiva: "pôsto que". Exemplo:

Licet omnes jremant, dicam quodsentia

lI!. Licet. Esta conjunção, sempre combinada com oSubj., é no fundo a forma cristalizada de licet ("é lícito") queadmite o Subj. permissivo sem ut (cf. § 146, I). Exemplo:

Apesar de ser pobre, (contudo) éhomem honestoEmbora soubesse que os I'D' .t • . lmlgoses a:vam proxlmos, dormiu sos-segadamente

Comet~u o crime mais perversoposslVel

Sintaxe latina superior222

regra formulada no· §54 n T b'mUI'ta A , . am em aqui en t. . s vezes uma partícula ad t' con ramosprInCIpalmente tamen. Exemplo~ersa Iva na oração principal,Quamquam pauper est tamen virprobus est '

Quamquam sciebat hostes adessetamen tranquille dormivit '

1) Quamquam, como também .combinados com o Subj d b d' etsz_e tametsi, vieram a

2) Em prosa clássic~ : ;~n o~olUaç~,ona é~oca imperial.é geralmente exercida não . ç de por maIs/menos. . .. que", por quamquam, mas por quainvis.

n. Quamvis. Esta conjunção (" .refere-se quase sempre a um ad' por maIs/menos ... que")car o grau mais alto ossível. J. ou a um ad;v. para lhe indi-predicado ("ainda que Pe b ' "s6 poucas vezes refere-se ao. h' , m ora etc - )meHa Ip6tese, quamvis pede o S~b' (. - qu~mquam . Na pri-oAlnd. (cf. quamquam). Na ora _ J .. ~~ncesslVo); na segunda,vezes um advérbio adv t' çao prInCIpal encontra-se muitas

. ersa IVo, sobretudo tamen. Exem I .QuamvZ8 dives sit, jelix non est p.. p os.Qua,mvis p~udenter jeceris, multi por maI.srICOque seja, não é felizcwes te vztuperant or maIS pru?entemente que te-nhas procedIdo, muitos cidadãos

te censuramMi~cíades era rei, embora nãotivesse o título de rei

M iltia~es rex .erat, quamvis carebatnormne regzo

Notas.

1) Mas quamvis pede o S b' .v~rbos que admitem vários grau~ ~. ~~ Co.mbIllaçãocom aquêlescere, probare, etc. Exemplo: e lU ensldade, p. e. jlorere, pla-

Quamvis mihi res non placeat ta-men non repugno ' Embora a ~oisa me agrade muito

pouco, nao faço oposição2) Ao lado de quamvis ocorre t b'

senwre adv.) com o sentido' de'" .am e:n quantumvis (quasemaIs .... possível". tamb' . quanto for que queiras" > "omesmo sentido. Ex~mplos: em se encontra quamvis/vultis com o

C "ommzszt sce~us.quamvis/quamvultis/quantumvzs zmprobum (cf §227lI, 3) . ,

Page 119: Besselaar Propylaeum Latinum 1

225

É (assim) como dizes. .Assim como semeares (ht.: tIveressemeado), assim colherás

Encontrou tudo como o pai disse(lit.: tinha dito)

A subordinação em latim[§ 164 ]

Tantum vini' bibit quantum potu~tFilius non est tam sollers quam jUttpater

Tot libros emit quot portare potuit

Notas. f1) À locução adverbial eodem modo corresponde flUO,cf. in ra,

IV, nota. d §211 I 12) Algumas funções especiais de ut serão estuda as no ".

- d t'dade etc Ao passo que,11. Comparaçao e qudan l p'artí~ula "como" paratA sempre se po e usar a Iem por ugues, . re a as palavras corre a-

introduzi~ tal cláusula, .0 latIm em~ot ~:'tantos ... quantos");tivas (adJ. e adv.), p'"e~. tot .. d" q orno")' tam quamtantus. . . .. quantu~)~ taol.gran e . 'q'~a~s ("taÍ qual");("t- como ta tS ..... .ao ..... '" _ 't como") totzens ....quantum ( tao mUl o ....

tantum .... A ") etc O modo é o lnd.; repa-quotiens ("tôdas aSAgvoezâ~i~~p~ relativo. Exemplos:rem bem no empre

Comprou tantos livros quantospôde carregar ABebeu tanto vinho quanto pode

O filho não é tão inteligente comofoi o pai

Nota Precedendo a cláusula rebtiva à 0traçãof:i)ncpiP~,.gQ:~;'. d str"tivo (tot tantwn, am, e ., . .. 'b'mente se omIte o emon ~. Q 't m vini poluit (tantum) b~ ü;libros portare potuit, (tot) em~l; uan u ,

etc.

Comparação de superioridade. A parti_cula ~:~~~' lU: também se pode usar o abl. de comparaçao, q (fe quam, _o estiverem no nom. ou no ac. c.os têrmos da comparaça I é I d' depois de potius qztam§82,AIIl). O. modo nor;n):egue~seno ·Subj. (Potencial). Exem-(às vezes, pottUS quam u .' .nlos:

Esi (ita) ut dicisUt/Sicut sementem jeceris, ita metes

Omnia comperit, sicut pater dixerat

, . lutam uam. A tradução port~g~êsaem prosa classlCa, é ve ut od q" tc Na oração prinClpalé: "como, do m:smo :n0 o ~ueadv~rbio (cf. em português:encontramos mUltas veze~ u d't m eum in modum,"assim"), tais somor: dit~,StCi ~r::~roc:' c~:u 'grande precisãodc. O modo e o n., o aa anterioridade. Exemplos:

Sintaxe latina superior

CI~AuSULAS COMPARATIVAS

224

§163. Os diversos tipos de cl4usulas comparativas.As cláusulas comparativas podem ser divididas em cláu-

sulas simples (I) e cláusulas comparativas condicionais (U).I. Clállsulas simples. Temos quatro espécies:1) COMPARAÇÃODE IGUALDADE,p. e.: "Contínua

(= do mesmo modo que) começaste!"

2) COMPARAÇÃODE QUANTIDADE,GRAUE DE QUALIDADE,p. e. : "Nunca vi tantos livros quantos/como há em tua casa"(quantidade); "Não é tão inteligente quanto/como parece"(grau ou intensidade); "Ê tal qual/como seu pai" (qualidade).

3) COMPARAÇÃODE SUPERIORIDADEE DE INFERIORIDADE,p. e.: "~le é mais alto do que seu pai" (superioridade); "~leé menos alto do que seu pai" (inferioridade).

4) COMPARAÇÃODE IDENTIDADEE DE DU'ERENÇA,p. e.:"Agora êle diz a mesma coisa que eu sempre disse" (identidade);"Diz agora outra coisa que não a que costuma dizer", ou melhor:"Diz agora coisa diferente do que costuma dizer" (diferença).

U. Cláusulas comparativas condicionais. Cláusulascomparativas condicionais são, em português, introduzidas pelaconjunção composta: "como ,'e", p. e. "~le se comportacomo se fôsse dono da casa", e: "Ele se comportou como setivesse matado o cônsul". Como se vê por êsses exemplos, omodo é o Subj., o que se explica pelo fato de têrmos aqui oIrreal: "~le se comporta (de tal forma) como (seria natural)se fôsse dono da casa".

lU. Observação. A maior parte das cláusulas registra dasacima não são cláw1Ulas "conj uncionais", e Rim, "relativas",p. e. : "Nunca vi tantos livros quantos há em tua casa";âpesar de êste tipo de cláusulas fugir do nosso assunto, que éo estudo das cláusulas conjuncionais, trataremos delas no §164.

§ 164. Cláusu.las simples. - Na mesma ordem doparágrafo ânterior, podemos estudar agora as diversas cons-truções Iatinas.

I. Comparação de igualdade. As particulas mais usadassão ut e sicut)· também Ocorre quemadmodum)' menos freqüente,

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Petrus major est quam Antonius'Petrus Antonio major est f Pedro é mais alto do que AntônioConsul omnia ferre vult/voluit potius O cônsul prefere/preferiu suportarquam (ut) patriam prodat/proderet tudo a trair a pátria

Nota. Potius quam admite também a construção com o lnf.p. e.: Cons1!l omni~ ferre voluit potius quam patriam prodere. E~vez de volutl poderramos usar também maluit ("ploonasmo").

227

Êsse homem me odeia, como seeu fôsse traidor à pátria

Êste homem me odeia, como seeu tivesse traído a patria

Êsse homem me odiava, como seeu fôsse traidor à pátria

Êsse homem me odiava, como setivesse traído a pátria

Êsse homem me odeia, como seeu fôsse um traidor à pátria

Êsse homem me odiava, como seeu tivesse traído a patria.

A subordinação em latim1(;5 ]

I i I iste me odit velut si proditor1"llriae essem (Irreal do Pres.)

I I I' 'Í81e me oderal velul si patriamI'rodidissem (Irreal do Pretérito)

lU. Observações. 1) A distinção formulada acima não tem ocaráter de uma regra rigorosa: na realidade, as du~s construções infl~en-ciam-se mutuamente de modo que nos textos clásSICOSse encontram mú-meras exceções, impossíveis de reduzir a um esquema simplificador.

2) Quasi vero usa-se muitas vêzes no comêço de frases independentesde intenção irônica ou sarcástica, p. e.: oHie vir legem rogare (§ 74, IV, nota Êste h0n;tem atre:veu-se a propor2) ausus est ul eum Carlhagi- uma lei no sentIdo de nos ahar-nzensibus foedus faeeremus. Quasi mos aos cartagineses. Como severo neseiamus Poenis nullam ignorássemos que os púnicos nãofidem inesse! têm nenhuma lealdade!

3) Tamquam e quasi são empregados também em certas outrasfunções:

a) para introduzir uma cláusula integrante depois de alguns tiposde verbos tais como: dieere, respondere, aeeusare, vituperare, laudare,simulare, Íimere, etc. Neste caso, a partícula salienta o caráter subjetivodo conteúdo da cláusula (latim arcaico e pós-clássico). Exemplos:Simulabo quasi non videam eum Farei de conta que não o vejoRespondit tamquam uxor sponte Re~pondeu. ~ue sua mulher semartem sibi sumpsisset tmha SUICIdado(mas o autor

não endossa a verdade dessaresposta)

11. A consecutio temporum. Mas com as outras con-Illllções, p. e. tamquam, quas'i, etc., o latim segue geralmenteli;; regras da "consecutio temporum", regras que já encontra-IIIOSno capítulo relativo às perguntas indiretas (cf. §64, III) .Ilepois de um tempo primário na oração principal, emprega-seo Subj. do Preso para exprimir simultaneidade, e o Subj. doI'f. para exprimir anterioridade; depois de um tempo secun-dário na oração principal, emprega-se o Subj. do Impf. paraexprimir simultaneidade, e o Subj. do Msqupf. para exprimiranterioridade. Exemplos:Vir iste me odit, quasi proditorpatriae sim (simult.)

Vir iste me odit, quasi patriamprodiderim (ant.)

Vir iste me oderat, quasi proditorpatriae essem (simult.)

Vir iste me oderal, quasi patriamprodidúsem (ant.)

Li o mesmo livro que tu (lêste)

Continua:ei do mesmo modo quecomeceITerminou a obra de modo dife-rente do que a começou (lit.:começara)

Não quis dizer nenhuma outrac?isa senão isto, ou: Não quisdIzer nada senão isto

. Nota. Idem pode ser combinado também com o prol!: reI.qu~, etc. (= atque/ae) p. e. Eundem librum legi quem tu; Eodemmodo pergam quo ineepi, etc.

. IV .. Comparação de identidade, etc. Em comparaçõesde IdentIdade, as. partículas mais usadas são et, ac e atque(cf. §201), p. e.: zdem et/ac/atque ("o mesmo que"); do mesmomo~o pode~ ser construídos também os advérbios aequeparzter, perznde, proinde e similiter ("do mesmo modo que")A.tque/ac/et podem ser usados também em comparações dedIferença, p. e.: com o adj. alius e com os adv. alitrr e secus(= setius), mas, neste caso, atque/acé muitas vêzes substituídopor q'}tar:" (sob a influência ~a construção de comparações desupe:lOn~ad:); sendo negatIva ou de tendência negativa aoraçao prmcIpal, a partícula é geralmente nisi (cf. § 160, I 4).Exemplos: '

Eundem librum legi et/atque/ae tu(legisti)

Eo~em .modo pergam et/atque/ae~neepz

Ses;us/Aliter perfeeit opus atque/quam ineeperat

226

Nihil aliud quam/nisi hoe dieerevolui

. §165. A_comparação condicional. - As conjunçõesma~s usadas .sao: tamquam (raro: tamquam si), qua.si, perinde/proznde ac sz, (vel)ut ou (veC)ut si ("como se").

~'. A ~onstrução do Irreal. Em cláusulas comparativascOndIClOnaISa const~ução normal deve ser a. do Irreal (cf.§ 163, lI). Com. efeIto, encontramo-Ia, principalmente comaqu~las em que sz aparece isolado: o modo será, portanto, oSubJ-, e os tempos serão o Impf. e o Msqupf. Exemplos;

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B) CLÁUSULAS RELATIVAS

229

Sócrates foi forçado por seus con-cidadãos a tomar veneno, o queconstitui grande p'esonra paraos atenienses

A casa em que moras, é bonitaA casa que compraste, é muitobonita

César matou todos os desertoresque encontrou (lit.: tinha en-contrado) na cidade conquistada

Qualquer coisa que ouça/ouvir (lit.:tiver ouvido), escrever-te-ei

~~~~~c:nque } aonde quer que seja

ubicurnque } .ubiubi (raro) onde quer que seja

A subordinação em latim

} seja' quem fôr

} sejam quantos fôrem

I ~ 167]

Socrates a civibus suis ut venenurnbiberet coactus est, id quod A the-niensibus surnrno dedecori est

Dornus in quã habitas, pulchra estDornus quarn emisti, pulcherrima est

§167. A conexão relativa. - O latim literário gostamuito' de ligar estreitamente dois períodos entre si medianteum pronome/adjetivo ou advérbio relativo (definido): é a

(1) Quisquis ocorre quase exclusivamente nas formas: quisquis, quemquem (raro) equidquid (= quicquid); usado como relativo, principalmente nas formas quoquo equãquã (p. e. quoquo tempore; quãquã hOj·ã, etc.). - Quicumqul! (subst. e adj.) podeocorrer em tôdas as formas (sing. e pl.). •

IlI. O empr~go de "id quod". O latim emprega idquod, quando o antecedente não é uma única palavra, masuma frase ou cláusula inteira, p. e.:

Caesar interjeci/. ornnes transjugas,quos invenerat in opido capto(cL §44, 1,2)

Quidquid audiero, ad te scribarn

lfuisquis(l)quicurnquequotquutquotcurnque

lI. Modos e tempos. O modo de cláusulas relativaspuramente adjetivas é o Ind. que o é também das cláusulasintroduzidas por um pronome ou advérbio indefinido (cf. §51,lI). O emprêgo dos tempos coincide, geralmente, com o doportuguês, só que o latim marca com maior precisão a ante-rioridade, principalmente pelo Msqupf. e pelo Fut. Pf. Exem-plos:

2) INDEFINIDOS. Quase todos os pronomes/adjetivos e:I,dvérbios relativos possuem, além da forma definida, também:I. forma indefinida: esta é formada, ou pelo acréscimo do::tLl"ixoinvariável -cumque ao relativo definido, ou então pelaI'(~petição do mesmo; em geral, o latim prefere a primeirarormação. Exemplos:

[§ 166]

quanto, como(2)quantos(2)aonde, para ondedondecomo(3)

quantusqiMquoundeut

Sintaxe latina superior

que, o qual, quemqual, como(2)quanto, como(2)ondepor onde, aonde,de que modo, como

228

. . §166. Cláusulas àdjetivas. - S6bre as cláusulas rela-tIVas puramente .a?jetivas poden:os ser breves; visto que apre-sen~am poucas dIfICuldades ao leItor de textos clássicos- nesteparagrafo trataremos ràpidamente dos conectivos rei ativosdos modos ~ dos. tempos, e do emprêgo de id quod. deixand~cert~s partIculandades para outro capítulo; no' parágrafosegumte, estudaremos a chamada conexão relativa; final-mente, prete~demos falar das cláusulas relativas com certovalor adverbIal.

r. Os cone~ti,,:,os. Cláusulas relativas são introduzidaspor pr~nomes/adJetIv?s ou por advérbios relativos; as duaspateg.o~Ias de conectIvos podem ser relativos definidos oumdefImdos.

:) D~FI~IDO~. Quanto à forma, os pronomes e advérbiosrelatIvos sao IgUaISaos seus correspondentes interrogativos(l)como também em português. Damos aqui os seguintes exem~pIos: .

b) para intro~uzir uma cláusula causal cujo conteúdo não é endos-sado como verdadeIro pelo autor: "sob o pretexto de, alegando que",etc. (latim pós-clássico). CL §150, lI, 2, nota 2. Exemplos:In exsiliurn agitur quasi principi Êle foi banido sob o pretexto deinsidiaretur armar uma cilada ao Imperador"

c) para realçar o valor comparativo condicional de um: particípio,cL §25, lI, 5.

4) Às :rêzes, encontra-se quasi si (d. nisi si § 160 I 4 nota 2)etarnquarn s~, etc ' '"

quiqualisquanturnubiquã

(1) Só o relativo qui diferencia-se do interrogativo quis, mas ci. §6 r(2) Ci. § 164, lI. 2, ,1.(3) Ci. §211, I, 1.

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Nota .. Sendo "neutra" a conexão relativa, isto é, sendo pos-sível o desmembramento em et e demonstrativo (o que, no maisdas vêzes, acontece), dispensa-se na tradução a conjunção "e"Cí. o primeiro exemplo.

r. Exemplos de conexao simples. Os seguintes exem-plos poderão dar uma idéia do emprêgo da conexão simpleslatim, bem como da maneira como é traduzida para o por-tuguês:

231

Ontem participei a meu amigo quesua mãe tinha falecido de re-pente: (e)logo que êle ouviu istoa dor esmagou-o

Os livros de PIatão são muitoúteis para todos: portanto, qu~mos lêr, tirará grande prov81todêles

Prefiro errar com Platão (e seiquanto tu o aprecias) a ter aopinião certa com êsses homens

Sempre me esforcei por .cultivar aamizade, pois não seIo que sepode encontrar no mundo queseja mais agradável (do. que ela)

Sendo (essas coisas) assim(E) depois de chegar aí(E) depois que (êle) chegou(E) quando eu estava lá(E) depois que (êle) disse isso

Admiro muito Alexandre. Pois seêle tivesse vivido mais tempo,ter-lhe-ia obedecido tóda a terra

A subordinação em latimI ~ ] 68 ]

Alexandrum magnopere admiror.Cui si (= N am si ei) vita longiorjuisset, omni.~ orbis terrarum pa-ruisset

H eri amico meo matrem repentemortuam esse nuntiavi; quod ubi(= et ubi id) audivit, dolore frae-tus est

Platonis libri omnibus perutilessunt: quos qui (= igitur qui eos)legent, magnopere projicient

Errare malo cum Platone, quem tuquanti (= et quanti eum) jacir:sseio, quam eum istis vera sentzre

Amicitiam semper solere studui:quã quid (= nam quid eã) du!-cius in terra inveniri possit neSC20

Cf. Quae eum ita sintQuo cum pervenitQui cum venissetUbi cum essemQuod postquam dixit

§168. Cláusulas-relativas com valor .ad.verbial: -Ao lado das cláusulas relativas meramente adJetIvas, eXIstemalgumas outras com valor adv:rbia~ (cf. § 143, IV, ~):" tam-bém em português se encontra este tIpO, p. e. na frase. .Man-dou embaixadores que dissessem ..... ". M.as, em la:lm, ovalor adverbial estende-se a certos outros tIPOSAde clausulasrelativas fora do grupo encontrado em portugues.

lI. A conexão complexa. Muitas vêzes acontece .que:L um pron.jadj. ou adv. relativo, usad? e~ conexão r~latlva,c;c segue outro relativo, ou uma conJunçao~ ou er:tao, um<:onectivo i.nterrogativo: é a chamada conexao relatlva. co~-plexa. Neste caso, o primeiro relativo est.abelec~ a hg~çaocom o período anterior, e o segundo conectlVo (~eJa relatIVO,ou conjunção, ou interroga!ivo) introduz um,a clausula ~ubor-dinada à oração principal do segundo penodo. ~s ,h.nguasmodernas são incapazes de imitar esta construção smtetlCa dolatim, e têm que desmembrar o relativo conforme as regrasjá indicadas acima. Exemplos:

Os helvécios se resolveram a deixaro seu território e a emigar paraa Gália. (E) quando os éduossouberam isto, mandaram em-baixadores junto a César

Os centuriões começaram a pro-vocar os inimigos com seus ges-tos e suas palavras. Mas ne-.nhum dêstes se atreveu a avan-çar

A ninguém admiro mais do que aSócrates, êsse grande sábio. Poisêle, no limiar da morte, discutiutranqüilamente com seus amigossÓbre a imortalidade da alma

Os livros de Platão são muitoúteis para todos: lêde-os, pois,com grande afinco!

E depois de feito isso (ou: Mas,ou: Pois) .

E/Mas, etc. depois de ter ditoisso (ou: essas palavras)

E/Mas/Pois por isso

Sintaxe latina230

H elvetii fines suos relinquere sta-tuerunt et in Galliam projicisci.Quã re (=Et eã re) cognitã H aedui'legatos ad Caesarem miserunt

Centuriones nu tu vocibusque hGJies.vocare coeperunt. Quorum (== Sed eorum) nerno progredi estausus

chamada "conexão relativa", elemento estilístico que dá umcaráter monumental a tantas páginas na obra de César, Cíceroe Tito Lívio. As línguas modernas podem imitar esta cons-trução só até certo ponto (geralmente, podem empregar apenasa conexão "simples", e também esta em escala bem menordo que o latim), mas preferem, por via de regra, "desmem-brar" o relativo numá conjunção coordenativa e num demons-trativo. A conjunção (sempre oculta) poderá ser, conformefôr o caso, aproximativa (et), ou adversativa (sed), ou causal-explicativa (nam), ou então conclusiva (igitur), de modo quequi, em conexão, relativa, pode ser igual a: et is, sed is, nam isou igitur is.

Quibus (verbis) dictis

Neminem magis admiror quam So-cratem illum virum sapientissi-mum. Qui (= Nam is) mortivicinus cum amicis de immorta-litate animae placide disputavit

Libri Platonis omm:bus perutilessunt: quos (= eos igitur) legitestudiose!

Cí. Quo jacto

Quare' = Quã de causã = Quam-obrem

Page 123: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Nota. Quanto a quippc, cf. §188; quanto a utpote, cf. §198.

r. Valor final. :E;ste tipo, bastante comum também emportuguês, é construído com o Subj. (optativo ou voluntativo),os tempos empregados são o Preso e o Impf. (cf. § 144 I):Exemplos: '

. !I. Va,lorcausal. :B;stetipo não existe em português: orelatIvo qu~, etc. = cum (causal) is, etc. Para marcar bem ovalor causal de tal cláusula, o latim faz o relativo muitasvêzes ser pr;c~dido pela partícula quippe, ou ut ou utpote(estas duas ultImas são menos usadas em prosa clássica). Omodo .é, em .latim clássico, o Subjuntivo de subordinação;em. latIm. arcal~o e em latim da época imperial, ut (pote)/quippequ~ é mUltas vezes construído com o Ind. Os tempos são os daconsecutio temporum (cf. § 64, IH). Exemplos:

233

Dem6stenes é orador perfeito aoponto de absolutamente nadalhe faltar

Comprei uma bela casa, (que) não(é) inferior a nenhuma das mi-nhas habitações rurais

A subordinação em latimI§ 168 ]

2) A cláusula relativa tem muitas vêzes valor con-secutivo depois de um adjetivo, ao qual está ligada por meiode et, atque, etc. Neste caso, é fácil completar um demonstra-tivo subentendido, p. e.: talis ou is, etc. Exemplos:Demosthenes perjectus orator est etcui( = talis ut ei) nihiladmodumdesit

Pulchram domum emi et quae(= talem ut ea) nulli mearumvillarum cedat

3) A frase: "~ste serviço é muito pesado para umamulher poder fazê-Ia", pode ser construída, como já vimos(cf. § 147, lU, 2), com quam ut; muitas vêzes, porém, encon-tramos quam qui, etc., de modo que podemos dizer:

IV. Va;lorconsecutivo. Alguns dos casos a serem regis-trados existem também em português: o relativo qui = ut(consecutivo) is.O modo é o Subj. (potencial, cf. § 147, HI,3);no mais das vêzes, o Subj. é simplesmente modo de subordi-nação. O emprêgo dos tempos é o mesmo das cláusulas con-.secutivas (cf. § 147, H). Distinguimos aqui:

1) A cláu:mla relativa tem valor consecutivo depois deum oração principal em que ocorrem os demonstrativos talis,tam, tantus, tot, etc. e is no sentido de talis.· Exemplos:Talis est qui (= ut is) ab omnibus ~le é tal (tão bom, simpático, no-civibus laudetur bre, etc.) que é louvado por

todos os cidadãosNon is sum qui talia temere dicam Não sou homem para dizer tais

coisas sem motivo

[§ 168 ]

~le manda embaixadores que di-gam (= para dizerem) que o reifaleceu

A natureza acrescentou ao homema razão, pela qual se regessemos instintos

Ó afortunado Aquiles, (visto) queencontraste em Homero tão ex-celente arauto da tua virtude!

Cícero perseguia Clódio com umterrível ódio, porque êste visavaà perturbação da ordem política

Poupa êste homem, que/porque teserá de grande proveito

Sintaxe latina superior232

Legatos mittit qui (= ut ii) dieant. regem mortuum esse

N atura homini addidit rationemq!"ã (= -ut eã) regerentur appe~tttus

o jortunate Aehillcs, qui tar;tumpraeeonem virtutis tuae H omerUT'"f.inveneris!

Cieero Clodium odio magno per-sequebatur quippe qui rebus novisstuderet

Parce huie viro, quippe/ut qui mag-nopere tibi projuturus sit

(1) "Sou demasiadamente grande para que a Fortuna me possa prejudicar"

II oe opus molestius est quam quod(= ut id) mulier jaeere possit

Major sum quam cui (= ut mihi)Fortuna nocere possit

Hoe opus molestius est quam utmulier (id) jacere possit

Major sum quam ut' Fortuna mihinocere possit(l)

4) Depois das locuções: est/sunt/inveniuntur qui ("háquem"), etc.; sendo elas negativas, pode usar-se quin em vezde qui, non quod non, quae non, quem non e quam non (cf. § 149,l, 4-5); em latim clássico, quin (= "que não") pode substituirapenas o nom. e o ac. do pron. relativo. Exemplos:

lH. Valor concessivo. Também êste tipo não existe emportuguês. Ao relativo qui, etc. (= cum concessivo + is, etc.)corresponde, na oração principal, muitas vêzes tamen ou outrapartícula adv:ersativa. O .modo é, em latim clássico, geral-mente o SubJ. (de subordmação). Exemplos:Sap,iens posteritatem, eujus (= eum O sábio julga que a posteridade,eJus) sensum habiturus non sit embora dela nãó tenha noção,tamen ad se putat pertinere' está em certa relação com êle

Cur contumeliis ajjeeisti eum virum Por que ofendeste aquêle homemqui (= cum is) totiens te adju~ que, no entanto, tantas vêzesverit? te ajudou?

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5) Depois dos adjetivos: dignus, indignus, aptus e ido-neus, o latim clássico evita ut consecutivo, mas emprega pre-ferivelmente qui. Exemplos:

Nota. Mas o povo dizia ut, cL as palavras da Vulgata: Domine,non sum dignus ut intres sub tectum meum; o latim clássico aoservir-se da mesma expressão (aliás, pouco clássica), diria: Do~ine,non sum dignus, sub cujus tectum intres.

235

De todos os or~dores aticos, dosquais a~nda existem os escritos,são Pérlcles e Alcibíades os maisantigos

Quem vir estas coisas, não severá obrigado a conceder queos deuses existem?

(Quem) tivesse visto a dor dos ci-dadãos, poderia ter acreditadoque a cidade estivesse tomada

Ninguém que pudesse compraroutro escravo, suportaria êste

'A subordinação em latim[ § 168 ]

Ex oratoribus Atticis antiquissimisunt, quorum (quidem) scriptaconstant/ccnstent, Pericles et Al-cibiades

VI. Valor restritivo. Encontramos o Potencial de modéstia prin-cipalmente nestas duas, expressões: quod sciam ("que eu saiba"), e: quodmeminerim ("que me lembre"); muitas vêzes acrescenta-se ao relativoquod a partícula restritiva quidem (cL §188). Mas o latim emprega geral-mente o Ind. em cláusulas relativas de valor restritivo, sobretudo hasexpressões muito usadas: quod/quantum in me est ("enquanto dependerde mim"), e: quod/quantum potes (ou: poteris) ("na medida em que podes/puderes"). Outro exemplo: .

V. Valor condicional. Êste tipo é muito menos comum do queos outros já estudados: qui = si qui(s) mais Pot~ncial (Pres. e PL do Subj.),ou mais Irreal (Impf. ou MsqupL do Subj.). As vêzes encontramos tam-bém o Potencial do Pretérito (Impf. do Subj.).liaec qui videat, nonne cogaturconjiteri deos esse? (Pot. doPresente)

Qui videret dolorem civium, urbemcaptam esse diceret (Pot. do Pre-térito)

Qui posset alium servum emere,nem o est qui hunc perpeteretur(Irreal)

[§ 168 ]

Há quem diga .Quem é que duvida? Quem háque duvide?

Não há ninguém que não compre-enda isto

Não havia nenhum vaso em Sicíliaque Verres não roubasse

:Êste livro é digno de (merece) serlido por todos

Julguei-o idÔneo/apto para exercero comando

Tf abeo quod ("tenho motivopara"), etc. Cf. §210, I, 2.

Sintaxe latina superior

Tens motivo para te alegrarNão sabia o que devia responderNão tenho nenhum motivo paracensurar a velhice

Que há para temeres? Que tenspara temer?

Nota. Como se vê pela tradução dos exemplos dados acima,o português emprega muitas vêzes construções bem diferentes. Oque é comum a muitos dos casos assinalados. é o fato de o Subi. seroriginàriamente um potencial, p. e.: Major sum quam cui Fo;tunapossit nqcere = Major sumo Quomodo Fortuna mihi nocere possit 1;Domum emi quae nulli mearum villarum cedat = "Comprei uma casaque, a meu ver (pot. de modéstia!), não é inferior a nenhuma dasminhas ha):>itaçõesru.rais"), etc. O Subj. depois de dignus sum,etc. podena ser _explIcado melhor como voluntativo: Dignus estqui imperet = "Ele é digno. Que êle comande!" No mais dasvêzes, po'rém, o Subj. empregado nestes tipos de cláusulas relativas.não passa de subj. de subordinação. A influência das cláusulas con-secutivas sÔbre os diversos tipos de cláusulas relativas foi só indi-'reta; muito mais importante, do ponto de vista'da gramática his-rótica, foi o emprêgo do Subj. em orações independentes.

234

6) Depois das locuções:para"), Est quod ("há motivoExemplos:

Nemo est quin/qui non intellegat hoc

Nullum vas in Sicilia erat, quin(= quod non) abstulerit Verres(tempo absoluto)

Hic liber dignus est qui ab omnibuslegatur

Idoneum/aptum eum judicavi quiimperaret

Suntllnveniuntur qui dicant }Est qui dicatQuis est qui dubitet?

Habes quod laetm·isN on habebat quod responderetNihil habeo quod accusem senec-tutem

Quid est quod metuas?

Page 125: Besselaar Propylaeum Latinum 1

autônomo mas s6 exercem função subalterna: seu oposto é"semante~a" (subst., adj., pron., verbos, adv. etc.). Morfe-mas são p. e. as termInações de nomes e verbos, a ordem daspalavras numa frase, o tom (ascendente ou descendent~) deuma frase, etc.; morfema pode ser também uma palavra lllva-riável: é o caso das partículas.

n. Os diversos grupos de partículas. Ora, há váriosgrupos de partículas, e os fil610gos estão longe de concordarentre si no que se refere à sua classificação. Não queremosentrar aqui em especulações te6ricas que nos afastariam muitodo nosso assunto e que, para nossos fins, seriam d~ somenosimportância. Basta dizermos que as partículas latmas, con-forme normas essencialmente práticas, poderiam ser subdi-vididas em partículas adverbiais, partículas conjuncionais,preposições e interjeições. Das prepo.sições já falamos nos ....§§ 93-142; as interjeições não necessItam de um longo co-mentário numa sintaxe, visto que os problemas levantados porelas são de ordem quase exclusivamente lexicol6gica e mOT-foI6~ica(1). O assunto principal d~~te capítul.o se~ão, portanto,as partículas adverbiais e as partlCulas conJunClOnars.

1) PARTICULASADVERBIAIS.Partículas adverbiais refe-rem-se a uma s6 idéia, afirmando-a, negando-a, enfraque-cendo-a, reforçando-a, realçando-a, apresentandQ-a como pe~-gunta, etc. Estas partículas, além de. exerc:rem uma ,determI-nada função' sintática, possuem mUltas vezes tambem valorafetiva: todos os afetos do coração humano podem ser expres-sados por meio de partículas: dúvida, ironia, esperança, segu-rança etc. e algumas línguas, tais como o grego clássico e o..alemão moderno possuem muitas partículas afetivas, cujo con-teúdo l6gico é ~lUito exíguo, mas que estão cheias de vida:quase nunca podem ser traduzidas ao pé da letra para outrasidiomas. Quem traduzirá adequadamente para o francês oupara o inglês as partículas portuguêsas nestas duas frases:"Sei lá!", ou "Espera ai!"?

As partículas afetivas em latim são pouco numerosas,predominando, em geral, a função sintática: o caráter racio-nal e pouco sutil dos romanos é, no fundo, a razão l?orque alíngua latina é tão pobre em certas partículas afetIvas 9.ueformigam num texto grego< O latim pqssui uma beleza peculIar:(1) Nesta sintaxe falamos de o, pro(h), heu, n~ §73, V, 1;. de en e ecce, no §73, V, 2; de

vae e (h)ei, no § 78, I; de 8i8, agedum, ete., no § 55, I, 5.

CAPÍTULO X

AS PARTÍCULAS

§169. Semantemas emorfemas. - L As dificuldadesapresentadas,pelas partículas. Ao ouvirmos a frase portu-guêsa: "Bem sei que teu amigo generoso me ajudará", sur-gem-nos à mente certas idéias, relativamente fáceis de obje-tivar: essas idéias são representadas pelos verbos ("sei" e"ajudará"), pelo substantivo ("amigo"), pelos adjetivos ("teu"e "generoso"), pelo pronome ("me") e pelo advérbio ("bem").Mas a palavra "que"? Qual o significado dessa palavrinhaonipresente e aparentemente inocente? É difícil dizer-se oque pensamos ou concebemos, ao ouvirmos e pronunciarmos"que". O mesmo poderia dizer,-se de tantas outras palavri-nhas, tais como: "ora", "se", "já", etc. São as chamadas"partículas", palavras que, além de terem um significadopouco palpável, constituem uma categoria gramatical bas-tante difícil de definir. Definições gramaticais são quasesempre precárias e devem ser manejadas com muito cuidado:a riqueza infinitamente variada da realidade lingüística re-cusa-se obstinadamente a ser reduzida a um conceito abstratoou a um esquema simplificador dos fatos concretos. Assimmesmo, é legítima a pergunta: "Que é uma partícula?"Embora não tenhamos a pretensão de dar dela uma definiçãoexaustiva, precisamos de uma certa descrição empírica parareconhecermos uma partícula quando a encontramos. Assimfaz também a polícia, ao organizar um fichário de indivíduossuspeitos.

Uma partícula é palavra invariável que não possui sig-nificado autônomo, mas' exerce uma função auxiliar em de-pendência dos elementos nominais e verbais de uma frase.Função e não significado. A palavra "que" na dita frase nãotem significado autônomo, mas tem a função de subordinaruma cláusula integrante (neste caso, objetiva) a uma oraçãoprincipal. Uma partícula é o instrumento de um instrumento,assim como o é o cabo de um martelo.

A lingüística moderna forjou o têrmo "morfema" paraindicar os elementos gramaticais que não possuem significado,

I: § 169 ] As partículas 237

Page 126: Besselaar Propylaeum Latinum 1

239

Não vim/não venho/não virei

Não poderia dizerComo não tivesse obtido o consu-lado, retirou-se para o campo

O que devo fazer ?Suplicar-Iheou não? (cr. §57, V)

As partículas

N on veni/non venio/non veniam(Frase declarativa independente)

N on dicam/dixerim (Potencial)Cum consulatum non adeptus esset,rus se recepit (Subj. de subord.)

Quid faciam? Rogem eum, nonrogem? (negação de uma sópalavra numa frase voluntativa)

Notas.1) Mais fôrça do que non possui nihil, ac. de relação, cL §74,

IV, 2.2) O latim evita o emprêgo de non sem verbo no final de uma

frase, mas ou repete o verbo, ou então, usa non item, p. e.:Hercules id facere potuit, nos non Hércules pôde fazer isto, (mas)possumus/nos non item nós não (o podemos)

3) Na época imperial, non alarg9, sua influência em detrimentode nê, p. e. dummodo non faciat = dummodo ne faciat (cL §160, III)e nonfacias =nêfacias (cL §55, lI) .

2) Ne. Né relaciona-se com ne, partícula negativa que,às vêzes, ainda se encontra em latim arcaico, também em fra-ses enunciativas; ne era a mais antiga negação latina que,com o tempo, foi sendo suplantada por non < ne unurn (cf.supra, 1), mas que deixou vestígios em inúmeras palavrascompostas, tais comá: nejas, nescire, neque, nurnquarn, nus-quarn, etc.

Né é negação subjetiva, sendo a partícula usada em frasesoptativas e voluntativas (independentes e subalternas). Resu-mindo, poderíamos especificar o seu emprêgo desta maneira.

A. EM ORAÇÕES INDEPENDENTES:

1) com o optativo pràpriamente dito, cf. §56, T.2) com ° subjuntivo exortativo, cL §57, L

[ § 170 ]

é negação objetiva, em oposição a né que possui caráter sub-jetivo. Por isso mesmo, non usa-se em frases enunciativas oudeclarativas, isto é, em frases construídas com o Ind., o Subj.Potencial e o Subj. de subordinação (cL §143, V). Essa regra,porém, se refere apenas àquêles casos em que a negação afetaa frase ou a cláusula na sua totalidade; quando a negaçãoafeta uma só palavra, - quer seja nome, quer seja verbo,- usa-se sempre non, também em frases optativas e volun-tativas. Exemplos:

,,

"

[ § 170 ]Sintaxe latina superior238

PARTÍCULAS ADVERBIAIS

§170. Pa]"tícul~s de negação. - O latim possui trêspartículas negativas: non, ne e haud. Deixaremos aqui delado as partículas negativas compostas, tais como: nequa-quarn, numquarn, nusquarn, etc. (cL §179).

a de monumentalidade, a de estrutura lógica, a de concisãoexpressiva.

Nos §§170-200 trataremos de algumas partículas adver-biais latinas, cujo conhecimento aprofundado pode ser útilpara o leitor de textos clássicos; não pretendemos dar umcatálogo completo, limitando':nos a uma seleção daquelas par-tículas que, por um motivo ou outro apresentam certa di-!iculdade ao leitor moderno. Deixamo~ de lado as partículasmterrogativas, visto que já as estudamos nos §§ 63-66.

2) PARTICULAS CONJUNCIONAIS. As partículas conjuncio-n~is possuem em latim, como em tôdas línguas, caráter predo-mmantemente funcionaJ, isto é, sintático, embora algumas delasrevelem certo grau de afetividade e quase tôdas elas possuamgrande valor estilístico. As partículas conjuncionais dividem-seem dois grupos: as conjunçõe" coordenativas (p. e.: "e, mas,ora," etc.), e as conjunções subordinativas (p. e.: "que, por-que, depois, que, quando", etc.). Nos § § 201-207 examina-remos as conjunções coordenativas; já encontramos as con-junções subordinativas, ao estudarmos a subordinati~l1 no ca-pítulo anterior. Entretanto parece-nos útil dar uma tabelasinóptica de algumas conjunções importantes, ordenando ecompletando aquilo que já foi exposto: portanto trataremos,nos §§ 208-211, de cum, durn, quia, quod e ut. .

Nota. Nem sempre é possível marcar com exatidão os limitesentre partículas adverbiais e partículas conjuncionais. Quin podeser advérbio e conjunção; et é geralmente conjunção (coordenativa). mas pode funcionar tambêm como advérbio. Neste capítulo dei:xar-nos-emos guiar por critérios de ordem essencialmente práticanão de ordem teórica. '

L As trt3s negações latinas.

1) ~~n:.Non < ne-01'nom (= ne-unurn), e significa por-tanto ongmanamente: "nenhum". Em latim histórico non,

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Notas.

o mesmo pode. dizer-se de uma negação simples, seguidade um verbo ou adJ./adv. com sentido negativo, p. e.:

241

Não ignoro = Bem seiNão é inútil = É muito útil

Ninguém é incapaz de compreen-der isto = Todo mundo com-preende isto

Muita gente compreende isto, ou:Não são poucos os que compre-endem isto

Fêz tudoFêz alguma coisasempre, e às vêzespor tôda a parte, e em algumaparte

e também

Nada me é mais caro ou mais agra-dável do que aquêlé amigo

Aspa r t í c u I a sI ~ 170 ]

Niln ignoro/Haud nescioNiln est inutilis

Nihil est illo amico mihi nec cariusnec jucundiu8

necnon (desde Vergílio)

N emo non intellegit hoc

N on nemo/N onnemo hoc intellegit

Nota. Quanto a nec .... nec, e neu .... neu, etc., cf. §203, l~.

2) Havendo duas negações, uma simples, a outra com·posta (sobretudo, nihil, nemo, numquam fi nusquam), devemosdistinguir entre êstes dois casos: se a negação composta pre-eeder a negação simples, esta última se refere à frase inteira,dando-lhe caráter afirmativo; se a negação simples precedera negação composta, aquela torna negativa só esta última,com a qual constitui uma unidade intima. Reparem bem nadiferença entre as seguintes expressões:

Nihil non fecitNon nihil/Nonnihil fecitCf. numquam non, e nonnumquam

nusquam non, e nonnusquam

Nota. Éste emprêgo de dupla negação chama-se "lítotes",figura estilística também usada em português: é a negação enfáticado contrárió daquilo que se quer afirmar.

3) As regras dadas acima referem-se sobretudo ao latim clássico;no perí0do arcaico e na linguagem vulgar de tôdas as épocas, duas negaçõesna mesma frase muitas vêzes não se anulam, mas se reforçam mutuamente.Assim encontramos expressões dêste tipo: haud nolo ("não quero"); necnumquam ("e nunca"); haud impiger ("não enérgico"), etc. Cf. em por-tuguês: "Não o vi nunca" = "Nunca o vi".

4) Quando uma negação simples ou composto vier seguida de neclneque .... neclneque, ou de ne ... , quidem (cf. §186, l, 2d), não há anula-ção: neste caso, uma idéia genérica negativa, expressa pela primeira nega-ção, vem a ser particularizada ou desenvolvida pela segunda. Exemplo:

·[§170]

pôs.to que não tenha fôrças sufi-CIentes, é louvável sua boa von-tade

Não posso deixar de admirar Ale-xandre, ou: Tenho de admirarAlexandre

proibitivo, cf. § 57, H.permissivo/concessivo, cf. §57,

Sintaxe latina superior

3) com o subjuntivo4) com'o subjuntivoHI-IV.

240

1) Quanto a ne .... quidem, cf. § 186, l, 2d..2) Distingam bem a partícula negativa ne da partícula afir-matIva ne, cf. §182.3! E~bora o Subj. concessivo/permissivo tenha a negação ne

a conJunçao ut - com valor concessivo cf § 162 l 4 - • I'm t b' d ,. " e gera-,en e com ll~a o com non, porque a negação afeta no mais dasvezes, uma so palavra, p. e.: 'Ut non habeat satis virium, tamenest laudanda voluntas

B. EM ORAÇÕES SUBALTERNAS:

1) em cláusulas condicionais com valor final, cf. § 160,IH, 8: dum ne, dummodo ne, modo ne.

2) em cláusulas finais, cf. § 144, H: ut ne.

C. COMO CONJUNÇÃO:

1) em cláusulas finais (livres e completivas), cf.§§ 144-145.2) depo~s de certos verbos impessoais, cf. §146, L3) depoIs de verba timendi, cf. § 146, 11.4) depois de verba impediendi, cf. § 146, IH.

3) Ha~d (me~os corret~mente, haut). - O emprêgo dehaud .é m~uto re~tnto em latIm clássico, limitando-se a certascombmaçoes, tal.s como: h~ud scio (cf. §66, IV), haud quis-quam, haud dub~to, haud dtu, haud jacile, etc.,

f lI. Dupla negação. 1) Duas negações simples na mesmarase anulam-se mutuamente, p. e.:Non possum non admirari Alexan-drum

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243

Pode ser que isto nos seja des~-gradável, em todo o caso naaé falso

Sem -dúvidá- és deusaA menina foi sem dúvida raptadaÉ êle ou não? ---:Éle mesmo

Não tenho dinheiro algumAbsolutamente nada lhe falta.

Os escritores de tempos muitoremotos

Naquele tempo era eu muito pe-queno

Isto me agrada sumamente

As partículas

2) Certe restritivo, muitas vêzes combinado comat, tamen,sed ou quidem, p. e.:Haec sint sane ingrata nobis, certefalsa non sunt (cf. §57, IV)

Certe dea esPuella certe rapta estEstne ipse annon est? - Certe isest

2) Admodum, com negações, quer dizer: "absolutamentenão", etc., p. e.:N ullam pecuniam admodum habeoNihil admodum ei deest

, 173 Certe e certo. I. - Certe. Certe é partícula afi~-

mati!a ("~em dúvida, certamente", etc.), que pode se~~~mz~nado com todos os tipos de palavras, e se usa ~am .respostas' mas em prosa e poseia clássica, a partlCula POSS~lmais freqUentemente valor restritivo ("em todo caso, ao r;;en~s ,etc) encontrando-se sobretudo na apódose correspon en e a

um:a' prótase introduzida por si non (cL §16.0, 1(,P§ ~~1P1)routra conjunção condicional com valor concesslVO c. ,.

" d"d " etc. Exemplos:1) Certe = sem UVl a ,

N octu turres admodum viginti ex-structae sunt

lI. Particularidades. 1) Admodum, com números, querdizer: "não menos de"; exemplo:

Durante a noite foram erguidasnão menos de vinte tôrres

Hoe mihi placet admodum

Eo tempore puer admodum eramf

§172. Admodum. - I. Partícula de/~tensidade. Estapartícula indica grau ou intensidade: "mUlto,. su~amentebemalto grau", etc., e pode ser combinada com adJ., a v. e ver os.Exemplos:Admodum antiqui seriptores

[§ 172][§171]

Estive em perigo até o momentoem que meu amigo chegou

Estava tão longe de dominar a iraque disse publicamente ir ar-mado ao senado

De tal forma suas palavras nãoimpressionaram ninguém que osembaixadores quase foram mo-lestados

Dentro das muralhas da cidade,e até no senado conspira contrao Estado

Quem disse foi tuFoi isto que dissesteÉ agora que; Já; Se (chegar a talponto)

Apressa-tel

Sintaxe latina superior

OUTRAS PARTÍCULAS ADVERBIAIS

242

Usque adeo in periculo fui, quoadamicus meus advenit

Nota. Na época imperial, é freqüente o emprêgo de adeonon ut: "tão pouco. " que" ou: "tão longe de", etc. (cf. tantumabest ut, §148, II, 6), p. e.:

Adeo non tenuit iram ut cum gladioin senatum se venturum (esse)palam diceret

Ejus 'dieta adeo nihil moveruntquemquam, ut legati prope violatisint

Intra moenia, atque adeo in senatuconjurat contra rem publicam

IH. Partícula de clímax. Indica clímax, principalmentena expressão: atque adeo: "e o que é mais/melhor/pior", etc.Exemplo:

IV. Partícula de realce. Adeo é simplesmente partículade realce, dando maior ênfase à palavra precedente que, geral-mente, é pron. pessoal, ou adv., ou conjunção, ou Imperativodo verbo .. Exemplos:

11. Partícula de intensidade. Indica hmbém grau ouintensidade, muitas vêzes em cO!pbinação com ut consecutivo:"a tal ponto que", etc. (ci. §147, I), p. e.:Adeo iratus est ut omnes fugerint Tanto se indignou que todos fu-

giram

Tu adeo dixistiH aec adeo dixistiNunc adeo,' Jam adeo; Si adeo .. , .

propera adeo/

§171. Adeo.

I. Partícula de limite. Esta partícula indica limite,'raras vêzes no espaço, geralmente no tempo; muitas vêzes. vem acompanhada de usque, e seguida de dum, quoad (ci.§156, I, 2), p. e.:

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c) Denique aproxima-se de demumcom pron. ou adv. de tempo, p. e.: ' quando combinado

n. Certo. Certo tusado do que certe exerem /ptenas valor afirmativo; menosção, p. e.; , ce es a partícula só a primeira fun-

245

Êste problema não foi resolvidoainda, ou: Isto ficou indeCisoainda

Nunca o tinha visto aindaDurante quanto tempo ainda noshá de iludir êsse teu furor? .

Também tu, Bruto, meu filho!}

As partículas

Hunc ego numquam vider.am etiamQuamdiu etiam juror iste tuus noseludet?

I'I'! ambiguo est etiam haec res

§176. Fere ou Ferme. - L Generalidades. Exprime aidéia de valor aproximativo, geralmente combinado com nú-meros: "mais ou menos, cêrca de", etc. Exemplos:

Notas.1) Mas também se usa quoque, em expressões dêste tipo:

hodie quoque, nunc quoque, tum quoque, etc.2) Quoque é advérbio (particula); quõque é o abl. de quisque

(cf. §227, lI).

11. Particularidades de "etiam". 1) Devido à suafunção original de indicar clímax, et1'am é usado na locuçãocorrelativa: rlOn solumjtantum ..... , sedjverum etiam: ~"nãosó ..... , mas (como) também"; com a partícula quhl (cf.§ 187, r, 4); com comparativos: hic multo etiam melius dixit:"êste falou muito melhor ainda"; na expressão: etiam atqueetiam: "mais e mais", etc. Nestes casos, o latim clássico nãousa quoque.

2) Etiam usa-se também em respostas afirmativas: "sim",cf. §67, 11. -

3) Etiam usa-se também no sentido temporal: "ainda",principalmente nas combinações: etiamdum ("até agora"),etiamnum = etiamnunc ("até agora, ainda agora"), etiamtum =etiamtunc ("até então, então ainda"). Exemplos:

[§ 175 ]

Tu quoque, Brute, mi jili!Etiam/Et tu, Brute, mi jili!

Será então que/Só então compre-enderás

Voltou à casa quando o dia já iabem avançado

§175. Etiam e quoque. - L Generalidades. As duaspalavras signifi~am geralmente: "também". Et1'am (às vêzes,também: et) exprime mais a idéia de clímax, quoque a deadição; etiamjet vêm colocados antes da palavra, quoque vemdepois. Exemplos:

Multo denique die domum rediit

Tum denique tntelleges

[§ 174 ]

em uma"em suma ,

Êle vend~u as terras de lavoura,as habItações rurais, e final-mente todos os escravos

Sempre te vemos cavando ou la-vrando ou, .em suma, fazendoqualquer COIsana tua terra

Ontem afinal recebi tua carta

"atéque enfim, finalmente, por

Sintaxe latina superior

(1~ Denique introduz o último elemento de- postremo): "finalmente, afinal", etc.

244

Certo seio eum hoc dixisseSei com certeza que êle disse istoou: Ten~o certeza de que. êl~falou aSSIm

§174. Demum e Denique r D .partícula (enclítica) de realce- n~ -.. em~m. Demum énado com pron. ou com adv d' t malSEdas vezes, é combi-. e empo. xemplos:Idem velle. atque idem nolle eademum jzrma amicitia est ' Querer, as mesmas coisas e não

quere-Ias, essa é a firme ami-zade~ ou ~elhor: Estar unidona ~I.mpatIae na antipatia, eisa sohda amizadeF'01 então que se poderia ter vistoSó agora compreendi

Nota. Os autores d é . " .sentido de "sômente ap:na~?ca tIm~~Ial usam demum também noPt~n;,~tc·)'lhP. e.: SJiis demurr: ;c~Íis -;r:d;~m'}:,odod' "tdumótaxat,tan-oprlOSo os". . cre 1 as· em seus

Tumdemum cemeres (cf. §56,II,l)Nunc demum intellexi

n. Denique.uma enumeraçãoExemplo: .

Agros, villas, denique/postremo om-nes servos vendidit

2) Particularidades.

I a) Denique resume brevemente'pa avra", etc. Exemplo: .Semper te jodientem, aut arantemdaut. ah'qu~d in agro jacienter/"emque mdemus

. "b) Dem'que = tandem:fIm, etc. Exemplo:H eri denique accepi litteras tuas

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2) Significa: '''quase, por pouco", etc.; neste sentido, émuitas vêzes combinado com palavras negativas: "quase nada,quase ninguém, por um nada", etc. Exemplos:

lI. Particularidades. Exprime a idéia de hábito, cos-tume, generalização, etc.: "quase sempre, por via de regra,geralmente", etc. Exemplo:

H oe fere fit Isto costuma acontecer

247As partículas[§ 179 ]

, la negativa. 1) Êste compa-§179. Minus. - Id·Partwu forma modesta de negação:rativo é por vêzes usa o como

"não", p. e.: .Não compreendi muito bem ISSO

Istud minus inteUexi d' t Ás vêzes não se cumprem as pro-N onnumquam ea .quae prae tC a feciassunt minus evemunt . d..' - de uominus, palavra composta; e

2) Assim se exp}ic~ a. forf~~~4 II q2) e de minus = non,. quommusquo (usado em cl~usulas fInaJS'i~' edienc'u é= ne), cf. §146, lI!.emprega-se depOIS de verba p . .

E tu acreditas?!Itane eredis? . Teu desprêzo por mim chega aSicine me desperms? êsse ponto?

b'nados com esse ou se habere,3) Ita e sfc p.odem ser. cO~alest S1'C est, Ita se res ha,bet:

de modo predlCatlvo, p. e.. b" . ni ita esset: "não fosse"É assim (mesmo)", etc.; cL tam em.

assim" (cL §160, r, 2).. '. ados em frases optativas,4) Ita e sic são mUltas ;ezes ~: afirmações fortes (sobre-

que fazem parte de jurame~a o)~ ~i O' Ita me di áment: non-tudo: ita ut, cL §211, I, , p. ml Tenho um pou.90 denihil timeo: "Que os ?e\lses m: asx;:eexplica assim: "E tãomêdo" construção ehptlCa qu d ses me amem como é' d J' o que os eu ,verdadeiro o meu ese d 'do" etc.t h m pouco e me ,verdadeiro que en ou. de um imperativo, em pre?es:

5) Sic usa-se, depOIS, ... . ti _ "Poupa-me! Se fIze-Parce mihi: sic dii tibi prop~tn s:t· s~ te sejam propicios".res isso façc votos por que o,s. edu elipse' s'fc = eã condi-

' . t suma espeCle e '. tTambém aqu~ e~? etc Êste emprêgo se encon ratione, ou = s~ m~h~ pa,!,ces, .

Principalmente na poesIa. . m" . 'toa sem maIS ne6 Sie tem às vêzes o valor de tere~e: aSSIm, a ,

menos, como era/estava", etc. Exemp OS. . o. Não os quiseram atIrar nus, comNoluerunt eos sie nudos tn jlumen estavam, ao rio . , .dejicere ., Dei-te minha irmã em matrlmOlllO

Dedi tibi sororem meam ste sme assim, sem dotedote

. . . 1) Ita e sic são empregados em res-n. ldwmattsmo~. f §67 nf· t' aS' "sIm" c. " .postas a lrma IV. , t arcásticas ou irômcasjem pergun as s . .. 2) Itane usa-se . . ) em perguntas repreenslvas.sicine (menos corretamente, s~cc~neExemplos:

[§ 177 ]

Meu pai faleceu há cêrca de dezanos

Faleceu mais ou menos no décimosexto ano daquela guerra

Pràticamente nada compreendeudaquilo que falei

Quase ninguém dança estando só-brioJá prestes a morrer, êle me chama

A causa, portanto, não é boa?Ela é até muito boa!

Arrancou as imagens dos deuses,- não, pior ainda, os própriosdeuses

Êste homem é leviano? Pelo con-trário, muito perseverante

Sintaxe latina superior246

Pater meus abhine deeem fermeannos mortuus est (cf. §74, lU)

Sexto deeimo fere anno illius bellimortuus est

Nihil fere intellegit earum rerumquas dixi

Nemo fere saltat sobrius (cf. § 160,I, 3)Jam ferme moriens me vocat

Causa igitur non est bona ? - I mmooptima! (clímax)

Simulaera deorum, deos immo ipsosabstulit (clímax)

§ 177. Immo (menos corretamente imo). - Esta par-tícula, muitas vêzes combinada com etiam, quin, vero, potius,etc. ou com interjeições, tais como hercle, ecastor, edepol, etc.,tem geralmente a função de corrigir as palavras precedentes("não, ao contrário, antes", etc.), ou a de indicar um clímaxem relação a elas. Encontra-se muitas vêzes numa resposta.Exemplos:

Hie vir levis est? Immo eonstan-tissimus! (correção)

§ 178. !ta e sic. - r. Generalidades. Estas duas par-tículas são geralmente combinadas com verbos e exprimemmodalidade: "assim"; quando combinadas com adj. e adv.(emprêgo raro em latim clássico), indicam grau ou intensidade:"tão". Muitas vêzes corresponde-Ihes a partícula ut (cf. § 164,r), não só em cláusulas comparativas como também em cláu-sulas consecutivas ("assim como", e "de tal modo que", res-pectivamente). Exemplos são desnecessários; quanto à corre-lação: ita/sic .... ut, cf. §211, r, 1.

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Nota. Em vez de vix .... cum, encontramos também vix ....et/atque.

3) Assim se explica também a forma: si minus =si non, cf. §160, IV.4) Nihilominus significa: "não obstante isso apesar disso" etc.'

outra forma congênere é nihilosetius (setius é com'parativo de sedus cf:§164, IV); nestas combinações, nihilo é abl. de medida (cf. §84, nh.

Fui realmente um homem infeliz

As partículàs[§ 181 ]

Ne ego homo infeZix fui

§181. Né (menos corretamente: nae). ~ Esta par-tícula que deve ser bem distingüida de nê negatIVO (d. § 170,II) tem válor afirmativo, e usa-se apenas em combinaçãoco~ pronomes (ego, tu, ille, etc.) e com interjeições (eeastor,edepol, hercle, etc.). Exemplos:

modo , modo, ou: modo , nune, ou: modo ,t (" . ~ . , , A es outrastune, e c. ora .... ", ora; Ja ..... , Ja; as vez ..... ,

vêzes", etc.).IlI. Modo é advérbio; modõ é o abl. de modus (cf. §83, lI, 2b).

§ 182. Nédum. - I. Em latim clássico. Esta par-tícula é composta de nê negativo (cf. § 170, H) e de dum (cf.§209): introduz um argumento a jortiori, depois de umafrase negativa ou um advérbio semelhante (aegre e vix): "muitomenos ainda". Exemplo:

['§ 180 ]

Não agiu muito prudentementeou: Agiu pouco prudentement~

Sem estas coisas quase não/malpodemos viverMal cheguei a casa, recebi tuacarta

Sintaxe latina superior248

Parum prudenter egit

Sine his rebus vix vivere possumus

Vix(dum) domum l"edieram, cumlitteras tuas accepi

_ lI. Outra~ negações fracas. Outras negações modestass~o: pa:um e AV2X. P~rum usa-se como "pouco" em português,v~x (mUltas vezes: VIxdum e vix aegreque) significa: "apenasmal"; vix (vixdum) é também adverbio de tempo sendo usad~freqüentemente em combinação com eum inversd (cf. § 152, I,2). Exemplos:

§183. OmnÍno. - I. Com numerais. Esta par-tícula, combinada com numerais, quer dizer: "ao todo", etc.

Não/Mal se podia suportar o frionas casas, muito menos no mar

Isto amedrontava até mesmo osaliados, muito mais ainda osinimigos

Ao todo estavam presentes cincosenadores

Frigus in tectis ferendum non/vixerat, nedum in mari

11. Com negação. Combinado com uma negação,omnino significa quase sempre: "absolutamente não", só rarasvêzes: "não inteüamente". Exemplos:Nemo omnino potest esse beatus Absolutamente ninguém pode sersine virtute feliz sem (possuir) a virtude

N on omnino jam perii Ainda não estou arruinado porcompleto/totalmente

lH. Função generalizadora. 1) Em frases positivas,omnino significa geralmente: "de um modo geral", ~tc. (cLem alemão: überhaupt), mas também: "inteiramente" etc.Exemplo:

lI. Em latim p6s-clássico. Em latim pós-clássico, a partícula éusada também depois de afirmações positivas: "muito mais ainda", etc.Exemplo:I d veZsocios, nedum hostes terrebat

Quinque omnino senatores aderant

.§ 180.. ~odo. -. I. Generalidades. Esta partículaexpn~e a IdéIa de restrIção ("sàmente, apenas", etc.), e usa-sepnnCIpalmente nestas combinações:

1) non modo , sedjverum etiam: "não só , mas(como) também".

2) I modo, e Fae modo videas!, cf. § 160, llI, Nota 1.3) Modo = Dum = Dummodo: "contanto que" (con-junção), ci. § 160, llI.4) Modo non = propemodum: "quase" (cf. § 160, IH,nota 3).

5) Si modo: "se é que" (cf. ibidem, nota 2).

lI. Particularidades. Modo tem Úmbém função tem-poral: "há pouco", etc., e usa-se muitas vê,zes em correlação:

llI. Negações fortes. Minime porém é negação forte'"b 1 ',.a so utamente não"; a palavra usa-se também em respostasci. §67, lI. '

Outras neg.açõesfortes ("absolutamente não") são haudquaquam (ne-quaquam) e neuttquam. Cf. também non omnino, nihiZ, admodum non, etc.

Nota. Mas nequiquam (= frustra) significa: "em vão, debalde",etc.

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lI. Particularidades. 1) H aud perinde: "não muito"(expressão elíptica), p. e.:

, 2) No mais das vêzes, as duas partículas são combinadas?on: atque/ae si, quasi, (vel)ut si ou tamquam (mais Subj.) paramdIcar comparação condicional (cL § 165); nesta função, nãoraramente falta o elemento si. Exemplos:

251

Posso-te prometer pelo menos umacoisa

Não tenho nenhuma novidade,pelo menos neste momento

Pobre foi para a Itália: fêz-senegociante, ganhou muito di-nheiro, casou com uma mulherriquíssima, possui muitíssimasterras: em uma palavra, tudolhe correu bem

Os ladrões não poupam absoluta-mente ninguém

Estou completamente arruinadoEsta coisa foi muito favorávelpara Catilina

As partículas

Unum quidem tibi promittere pos-sum

Nil novi habeo, hoc quidem tempo-pore

I n Italiam profectus est pauper;mercator jactus est, pecunias con-ciliavit, uxorem ditissimam duxit,agros plurimos habet: prorsusomnia bene evenerunt

Prorsus perii!Ea res prorsus opportuna Catilinaejuit

Praedones prorsum parcunt nemini

[§ 185 ]

§186. Quidem e equidem. - I. Quidem. Quidem(palavra enclítica) é usada como partícula restritiva e comopartícula de realce.

1) Como PARTICULA RESTRITIVA, significa: "ao/pelo me-nos", etc., p. e.:

2) Prorsus é usado também, no fim de uma enumeração,para fins de recapitulação: "em suma, em uma palavra",etc. Exemplo:

Usa-se especialmente:a) em cláusulas' relativas restritivas, cf. § 168, VI.b) em combinação com si; siquidem = "se é que, se

deveras", etc.; mas a combinação tem muitas valor cau sal =quandoquidem, cL §150, L

§185. Prorsus e prorsum (cf. §123).- L O emprí3go não clás-sico. As duas palavras têm originàriamente sentido local: "para a frente,adiante", etc., muitas vêzes com a idéia secundária: "sem rodeios, semafastar-se do caminho" (cf. prosa oratio = soluta oratio, em oposição àpoesia). Nesta acepção, seu emprêgo limita-se ao latim pré-clássico e pós-clássico.

lI. O Emprêgo clássico. Geralmente, as duas p"alavrassão partículas (sobretudo a forma prorsus), usando-se nas se-guintes funções:

1) "Inteiramente, totalmente"; com negações: "absolu-tamente não"; só raras vêzes indica grau ou intensidade:"muito, sumamente", etc. ~xemplos:

[§ 184 ]

Falo da espécie humana, ou - deum modo geral, - da espécieanimal

Sempre devemos ser cixcunspectosmas principalmente quando s~trata de eleger um comandante

Nada precisas temer. Por issodize francamente o que sabes

Embaixadores suplicantes foramter com César, como se quises-sem restituir as coisas roubadas

Interrogou-meastuciosamente,comose nada soubesse

Por isso sua chegada não foi muitoagradável (Et.: não foi tão agra-dável como era de esperar)

Sintaxe latina superior250

De hominum genere, aut omnino deanimalium loquor

. §184.. Perinde e Proinde. - I. Generalidades. Pe-r~nde e prmn:de ('proin) são duas partículas que indicam moda-lIdade (cf. üa/s~e); quase sempre estão em correlação compartículas comparativas.

1~ Con: ut, atque/ae, et e -que (mais Ind.), indicam com-paraçao de Igualdade e de identidade "assim como do mesmomodo que", etc. (cf. § 163, I e IV). Exemplos: 'Res evenit perinde aclatque putaram A coisa sucedeu exatamente como

eu havia pensadoFaciam proinde ut dixi Farei exatamente como disse

. 2) Seguido de sed, at ou autem, a partícula omnino apro-xIma-~e ~ valor de semper, etc.: "sempre/em tôdas as cir-cunstanClas ..... , mas", etc. Exemplo:Omnino prudentes esse debemus sedmaxime in duce eligendo '

Qua,re adventus eju:s haudlnon pe- '-nnde gratus ju~t (se. ac jacileexspectares)

2) Proinde é muitas vêzes usado em ordens, probições eexortações: "então, portanto, por isso", etc. Exemplo:Nihil tibi timendum es. Proindeaperte dic quid scias

Legatisupplices ad Caesarem vene-runt perinde ac (si) jraudata res-tituere vellent

Callide me interrogavit proinde quasinihil nosset

Page 133: Besselaar Propylaeum Latinum 1

e) o realce pode ser uma espécie de oposição: "porém". p. e.:

b) qui, etc. quidem, na conexão relativa (cf. § 167), p. e.:

Trouxeste-o? - Não há dúvida,(digo), está dentro

Vamos montar os cavalos!Vai embora!

Eu por mim sempre desejei serchamado soldado de César

As partículas

Adduxistine eum? - Quin, in-quam, intus est

Quin conscendamus equos!Quin abi!

Quin expergiscimini?

1ft' O' "sim com ce"··3) Numa resposta, quin pode. ter vatrOardaolnrmaaco%édia)' e~ta função. " ( mprêgo raro so encon '"teza, ISSOme~~o e" '. ?" > "naturalmente certamente , etc.deriva da ongmal: por que nao . ,

I Advérbio. 1) Partícula interrogatiya: "Po~ que/Como·0 ?,; combinada com o Ind. Preso para mtroduzlr uma perna . , . t. p e'gunta que encerra um convite ou uma exor aça o , . ..

Por que não montamos os cavalos?(= Montemos os cavalos!)

Por que não despertais? (= Des-pertail)

2) Visto que o emprêgo de qU1'npràticamente se limitav~;,a êsse tipo de perguntas exortativas, foi-se ,perdendo seu ~ai~lori inal e quin transformou-se n~ma partlCula de exort. ~ 'co;binada com o Subj. exortatlvo ou com o ImperatIVO.Exemplos:

4) Daí se originar o emprêgo de quin para indicar clímbax1 d tes geralmente em com }.ou correção das pa avras prece en , ..nações' qU2'n etiam indica, por via de regra, clímad~;t' qU:1,", . t § 177) mas a lS lnçauimmo correção (cf. 1mmo vero, e c., ,não t~m caráter rigoroso. Exemplos:

Quin conscendimus equos?

18187]

I'Jquidem me Caesaris militem dicisemper volui ,

§ 187. Quiu. - Como já vimos (cf .• § 1~8, II, 5), qui',~6 alavra composta do instr. qui e da negaçao ne; só em algun.,c~os isolados poderia ser considerado como composto do nom.~. v ( f '§ 149 I 4) A partícula é usada como adv. eq1l1 e ne c. .".como conjunção.

'd ') mas também a 2." e a 3."pess. podemJ ," pessoa (p. e.: q.u.odequ.~ em sC~~itas vêzes vem acompanhada de outralI<:orrer(p. e..: sc~f~~~qu~de~). mo' certe edepol hercle, etc. Os romanos,partícula ou mterJelçao, taIS ~~. ,u 'dem 'amiúde como forma abre-porém, ao que pa.rece, jdáconslderavam e~ '~em várias vêzes se encontraviada de ego qu~dem, e mo o que eq ~. " .

t'do de' "eu por mim quanto a mIm , etc., p. e..110 sen 1. ,

[§ 186 ]

Êste homem é (sem dúvida) rico,mas infelizO espírito está pronto, a carne,porém, é fraca

Os germanos ultrapassaram nesseano pela segunda· vez o Rena; .e/mas logo que César o soube,marchou àquela região

Nem sequer Júpiter agrada a todosNem sequer dando dinheiro, pode-rás conseguir isto

Aparentemente é nosso amigo, masna realidade arma uma ciladacontra nós

Sintaxe latina superior252

Hic vir dives quidem est, sed injelix

8piritus quidem promptus est, caroautem injirma

Germani eo anno iterum Rhenumtransierunt. Quod quidem ubiCaesar audivit, in eam regionemcontendit

2) No mais das vêzes, porém, qut'dem é PARTICULA DEREALCE, geralmente não admitindo' uma tradução explícita,mas dando maior relêvo à palavra precedente; em algunscasos, podemos traduzi-Io por: "é que, quanto a", etc. Nestafunção registramos aqui de modo especial:

a) as combinações et/atque. . . . quidem, nec/neque. . .. qU2'-dem, etc., cuja função é a de salientar o segundo membro deuma ligação coordenativa (aproximativa) Exemplo:

Promitto me id jacturum (esse), Prometo fazê-Ia, e (até/isso) comatque libenter quidem muito prazer

c) em correlação com sed, at, verum, etc.; neste caso,há um certo equilíbrio entre os dois membros da oposição, dosquais o primeiro é marcado pela partícula quidem, e o segundopela conjunção sed, at, ou verum. Exemplos:

c) quandoqu1'dem, cf. § 150, Ld) a combinação: ne .... quidem = "nem sequer" ou:

"nem mesmo": a palavra frisada está entre os dois elementosda combinação. Exemplos:.

Specie (cf. §82, V, 2) amicus est,re quidem verã nobis insidiatur

n. Equidem. A partícula equidem, igualmente enclítica, não derivade ego e quidem, mas de e- (cf. e-nim) e -quidem. Muito menos usado doque quidem, encontra-se geralmente em combinação com um verbo na

Ne Juppiter quidem omnibus placet, Ne pecuniã quidem datã hoc impe.

trare poteris

Page 134: Besselaar Propylaeum Latinum 1

255

O gênero de homens que fa~ammal de outrem é deveras OdIOSONão queres receber um (bom) con-selho 7 - Claro que quero

Bom! Pode ser que êle seja ladrão,mas em todo caso é homem enér-gico

A s p a r t íc u L a s

si non homi-

• •. N é oca imperial saltem é muitas11. Ernpr13go pos-c!ass(lco. a fidem)' "nem ~equer". Exemplo,c"mbinado com negaçoes = ne ... q l •

'v c' IC'(I Saltem. - r. Em.pr~go clássico. Esta partícEulay ~ "',I. . ." os em todo ocaso", etc. 'm' m I':l-I,,!"rcstntIVO: ao men. I A es isolada. . t relatIvamente poucas vez ,OH:I-,'I:','iHlca,encon ra-se lt t' ("ouem combinação com aut a erna IVO ,,aH '111:t.H(~sempre ou_ 'dose de uma construção con-10 1IIl'IIOS"),ou e~tao, na apo r 1 e §161 r). É muitascioll:d ou conceSSlVa (ef. § 160, , , I",'Z(':; "lllllbinado com at ou sed. Exemp os.

'Livra-me desta dÔr, ou pelo me-nos, diminui-a!

Se nós mesmos não fÔrmos, :per-miti ao menos que meu fIlhoseja mandado a Roma

t § 189 ]

~il){' /li i/ri hunc dolorem aut minueY8ail"III!

". 111111 ipsi abibimus, at saltemel'/IIilite jiliummeum Romamil/i

Não estava lembrado dos homens:nem sequer dos deuses (ou:Não estava lembrado. dos deu-ses, muito menos alUda doshomens)

190 Sane. - Esta partícula éQ adv; regularm~nte. (" - sadl'o") mas usa-se so poucas vezesde sanus sao, ,sentido; geralmente é partícula.

r Partícula afirmativa .. Geral.ment~i sane é c~mbina~~. d artícula afIrmatIva: de fato, everas,com verb~s, sen o p ."." (cf §67 II); freqüente-usa-se mUlto em resPosbt.asa·çãoSI-:m o· Subi', concessivo (cf.mente ocorre em com lU§57, IV). Exemplos:

Sit sane jur, at certe est vir strenuus

Odiosum est sane genus hominumaliis maledicentium

Te moneri num vis 'I - Sane volo

, i , . ser empregado como conjunçãoI lI. (;OIlJII"~'i'í()•. DaI qz/.tppe pa~~~r:ão em prosa clássica). Exemplos:~lJ.usalelJxJlli{',:d,iva(!atImarcaIco,poesI I _I . , . Compreendo que todos lhes saolntellell': .IIm/II'" 1'1. javer~. qUtpP~ favoráveis, porque os serviços': benl'jl/'III ':JII" tet pubhcae pro que êle prestou foram de grande, juerlllll utilidade para o Estado

I

, I

Muito escrevo de dia, até mes';,de noite

Feliz o ventre que te carrego"- Antes felizes aquêles q".ouvem esta palavra ~'

Não lhe foi indecoroso fazer istoporque seus concidadãos tinhamo mesmo costume

conjunção, quin usa-se apena,e é sempre combinado com,

Sintaxe Latina superior254

Multum scribo dz'e, quin etiam noc-tibus (clímax)

Beatus venter qui te portavit, Quin-immo beati qui audiunt verbumhoc (correção)

Ir. Conjunção. Comodepois de orações negativas,Subj. Distinguimos:

1) com verba impediendi (= quominus), cf. § 146, IIrt2) em cláusulas com valor consecutivo (= ut non/qui noetc.), cf. § 149.

3) em cláusulas causais: non quin (= non eo quod), sequia, cf. § 150, Ir, 2, Nota 1.

4) em cláusulas ccmpletivas depois de non dubito quin, c§66, IV, Nota 1.

§ 188. Quippe. - r. Advérbio. 1) Como adv., quippé partícula de evidência: "naturalmente"; quippe < quid-pe= "por que (digo isto) ?"; nest8 função, assemelha-se bas'tante a nempe < nam-pe. Muitas vêzes possui valor irônico: •Ao contrário de nempe, que é usado em respostas formai("sem dúvida, certamente", etc.), quippe emprega-se mais:;para confirmar ou corroborar, não as palavras de outrem, mas!;as de quem está falando. Exemplos: iCum 'Romae essem, templum Apol- Quando estava em Roma, visitei';'linis visi. Quippe: quid enim evidentemente o templo de ApoIo, tpulchrius in urbe cogitari potest'/ pois o que se pode imaginar de .

mais belo na cidade 7 (lit.: visi-tei o templo. Claro (que fizisto), pois o que .... 7)

O destino me proibe (de fazer isto),note bem, a mim, Juno!

Quippe egoJuno vetor jatisl (ironia)

2) Muitas vêzes quippe reforça a idéia explicativa oucausal expressa pelas conjunções nam, enim, etenim, etc. (cf.o primeiro exemplo sob 1), ou por cum causal, p. e.:Non juit turpe eum hoc jacere,quippe cum cives ejus eodeminstituto uterentur

3) Sobretudo é freqüente com o pron. relativo, cf. §168,Ir; e com o particípio, cf. §25, Ir, 2.

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11. Partícula de evid~ncia. No mais das vêzes,scil1"cet é partícula de evidência ("naturalmente,mente", etc.), p. e.:

257

Sem razão era malvado e cruel,naturalmente, para impedir quesuas mãos se tolhessem pelo ócio

Qllando o Estado era dominadopelo ditador, a literatura, "hé-Ias", emudeceul

Em nome de outras pessoas, asaber dos netos, da espôsa e dairmã, escreveu isto

Atreveu-se a pedir-me (imagine!)que traísse a pátria.

Vieram ao acampamento não sopara pedir desculpas, mas tam-bém para solicitar a paz

As partículas

I) Ironia; exemplo:

A usus est me rogare scilicet utpatriam. proderem

(,'n1f! res publica a ditatore oppri-meretur, bonae scilicet lüterae con-licuerunt

Sub nomine alieno, nepotum scili-cet et uxoris sororisque, hoc scrip-sit

3) Indica espanto, indignação, etc.: "note bem!, imagine!,ISSO é o cúmulo!" etc., p. e.:

2) Exclamação de dor e de decepção (cL em francês: hélas),'"xcmplo:

':n,'nüo malus aique crudelis erat,::rüicet ne per otz'um torpescerentJIIanus

IV. Em,prêgo p6s-clássico. Em latim pós-clássico, scilicet podeser também partícula explicativa: "a saber, isto é", etc. (= nempe, vide-licet, etc.) Exemplo:

§192. Simul (d. as palavras: semel, s1:milis e singuli).L Advérbio.' Simul significa: "juntamente", etc., p. e.

na frase: Omnes simul abierunt = "Todos foram embora jun-toas"; às vêzes, é combinado com uma construção participialpara salientar a simultaneidade (cf. §25, H, 4); também seencontra a correlação: simul..... simul: "em parte ..... , •em parte também; não só ..... como também". Exemplo:

11. Preposição. Só em latim pós-clássico, cf. §135.IH. Conjunção. As formas encontradas são: simul ac/

atque/et, ou simplesmente: simul: "logo que", etc. Cf. §154.§193. Tamen. - Tamen é partícula restritiva e adver-

sativa, encontrando-se principalmente:L Partícula restritiva. Na oração principal correspon-

dente a uma cláusula introduzida por si, si non (cf. § 160,

Venerunt in castra, simul sui pur-gandi causã, simul ut pacemorarent

[§ 191

Abalou-me um fantasma, sem dú-vida, vão, mas em todo o caso,abalou-me

Pode saber-se que farei isto,Naturalmente farei isto

Sintaxe latina superior

Bruto beijou a terra, peloevidentemente deu aque ela é mãe comum de tonosos mortais

Obedecerá ao pai? -mente

Nota. Não raras vêzes, scilicet está em correlação com sed/at,etc.: "sem dúvida , mas ", p. e.:

í"le species quaedam commovit, ina-nis scilicet, sed commovit tamen

Brutus terram osculatus est, Bci-ltcei quod ea communis mateI'omnium mortalium esset (cf. 150,lI)

nle patri oboedtei? - Sctlicet

IH. Partícula afetiva. Geralmente, sGil1'cet como par~j'ilcula de eviência encerra grande valor afetivo. Mencionamosgqui:

Scilicet me hoc jacturum esse

§191. Scilicet.I, A origem da partícula. Esta palavra é forma

copada de scire licet: "é lícito/pode-se saber", e aindatra-se combinada com o A. c. I. (comédia e Salústio), p.

IV. Combinado com negaçoes. Combinado com negações, sane pode ter o valor de: "absolutamente não", etcmas também o de: "não inteiramente", etc. Exemplos:Nihil sane tntellexisti Não compreendeste absolutament

nadaNon sane credo quae dixisti Não creio muito no que dissest

256

II. Partícula intensiva. As vêzes, principalmente emcombinação com adj. e adv., sane indica grau ou intensidadC= valde): "muito", etc. Exemplos:Haec vüla sane bene culta est Esta habitação (rural) está muit

bem cuidadaOrationem sane longam fecit Fêz um discurso muito comprid

IH. Partícula permissiva. Com o imperativo,exprime permissão CcL §57, III), p. e.:Sequere sane! Pode seguir!

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Nota. Em latim clássico, tamen é raras vêzes conjunção pro-priamente dita: "mas, porém", função que se torna freqüente naépoca imperial.

§ 195. Temere. - Temere é o antigo locativo de umsubst. desusado em latim histórico: temus, temeris ("a escuri-dão"), e significa portanto: "na escuridão, às cegas", daí:

259

Não fàcilmentechegaráaqui alguém

As pedras jazem sem ordem/de-sordenadas

A fortaleza não está bem guarne-cida

Não é sem motivo que hoje meprocura

As partículas

Notas.1) Muitas vêzes temere é reforçado por partículas de ~ignifi-

cado semelhante, tais como: forte, fortu~to, ~mprudenter, s~c, etc.2) Non/Haud temere quer dizer muitas vêzes: "não fàcilmente",

etc., p. e.:

§ 196. Tum (tunc) e Nunc. - L Tu.m• l)A Tum (tune)é partícula de tempo, encontrando-se mUltas vezes em cor-relação com eum temporal (cf. § 152, r, 1) ou com um~ cons-trução partici pial de valor temporal (d;, §~5, r~r); sa~ fr:-qüentes estas combinações: tum _vero (!Ol ~nta~ que , cL§ 199 II 1b) etiamtum ("até entao, entao amda , cL § 175,II, 3) e tum demumjdenique ("só ent~~", d. §174). Ta~bémocorre combinado com o gen. partItIvo: tum tempons (cL§88, V, 1c).

2) Tum (tune) indica também ordem.e suc~ssãO, p. e.:Quid tum? = "E então ?". Encontra-se mUlt~s }e~es ~m cor-relação: primum , (demde) , tum. pnmeIro.: .. ,(em seguida) , depois", etc. Tum..... tum quer dIz~r;"ora. . . .. ora". Quanto à correlação eum .... tl~m (naotemporal), cL §208, l, 3.

tí I d t "agora" .II. Nunc. 1) N une é par cu a e empo:Combinações freqüentes são: n;une.ipsl~m,,("neste momento");nune primum ("agora pela pnme~ra ,;ez );. nune demum:lde-niquejtandem ("só agora, agora afmal ); etwmnum ou etwm-nune ("até agora, agora ainda"), etc. A correlação: ~u~e ....nune ("ora .... , ora") não se"encontra em prosa classlCa.

2) Nune adquire, às vêzes, o val,?r de uma partículalógica, principalmente nestas duas funçoes:

N on temere adibit huc quisquam

I; I !)6 ]

J/aud . temere est quod hodie mequaerit

J,Ir"ent saxa temere

(I}/pidum temere munitum est

. d à toa",":10 acaso, sem reflexão, sem motIvo, sem or em,,Ic. (d. §72, II, 1). Exemplos:

[§ 194 ]

Até quando ainda abusarás danossa paciência?

Êste homem, acusado de crimecapital, foi absolvido; contudofoi multado

O próprio general não quis aban-donar as fileiras; contudo deuaos demais licença de fugir

Sintaxe latina superior258

Quousque tandem abutere patientiãnostrã?

§194. Tandem. - L Emprêgo clássico. Tandem é adv.de tempo ("afinal, finalmente, enfim", etc.); muitas vêzes éreforçado por partículas de significado semelhante, tais como:vix, aliquando, saltem, etc. É freqüente seu emprêgo em per-guntas que exprimem impaciência, p. e.:

Hic vir accusatus capitis absolvitur;[absolutus] multatur tamen (Pres.hist.)

Dux ipse aciem deserere noluit; sed[id nolens] reliquis tamen jugaefacultatem dedit

l, 1), etsi, tametsi, etiamsi, quamquam, quamvis, etc. (cf.§§ 161-162); muitas vêzes emprega-se: at tamen (attamen) ounihilominus tamen.

2) Com uma construção participial, cujo valor seja con-cessivo, cL §25, rII; também nas combinações: si tamen ("seé que") e nisi tamen ("a não ser que").

II. Partícula adversativa. Muitas vêzes a idéia con-cessiva pode fàcilmente ser completada pelo contexto, caso emque tamen (freqüentemente acompanhado de sed ou verum),adquire a fôrça de uma partícula adversativa: "contudo",etc. Exemplos:

lI. Emprêgo pós-clássico. Na época imperial, tandem passa a serempregado no sentido de denique (cf. §174, lI, 2): "em suma, em umapalavra", ou no de: "afinal das contas", p. e.:Est vir magno ingenio, summis É um homem de grande talento,artibus deditus, peritissimus re- que se dedicou à cultura maisrum humanarum, dignissimus elevada, com grande experiênciatandem qui a nobis recipiatur das coisas humanas; em suma,

merece irrestritamente ser bemrecebido por nós

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261

Sua voz é deveras magníficaDesejo mesmo/na verdade que ve-nhas ter comigo

Escutai, 6 cidadãos romanos!

Nesse local se reunia o povo, fácilde contar ainda, por causa deseu pequeno número

Foi bem recebido por êles, vistoque era da mesma famüia

As partículas

Audite vero, cives Romani!

Magnijica vero vox ejus estEgo vero cupio te ad me venire

Bene receptus est ab iis, utpote gentisejusdem

§ 199. Vere e vero. - I. Vere. ,? advérbio v~r.e s~gni-fica geralmente: "conforme a verdade , p. e.: loqu~/J~ld%carevere' = "falar/julgar conforme a verdade", etc. Daí se origi~artambém o sentido de: "sinceramente, honestamente,. sfm~-mente", etc., p. e.: egit vere = "procedeu com tôda a SIncerI-dade/seriedade", etc.

II. Vero. Pode ser usado corno advérbio e como conjunção.1) ADVÉRBIO. a) Vero é partícula afirmativa ("deveras,

na verdade, de fato, mesmo", etc.), empregando-se tambémem respostas (Ita vero; minime vero, etc., ef.. §6?, II) e emexortações. Às vêzes, encontra-se na combmaçao: vero etserio = "em tôda a seriedade". Exemplos:

b) Muitas vêzes, vero é partícula de ~ealce, sobret",:do emcombinação com outras partículas. Registramos aqm: tu:n.vero ("foi então que"); immo vero ("antes"; cf. § 177); ms~

d· Ii '§198. Utpote. - Esta palavra quer lzer: como eI)()ssível" = "como pode acontecer" > "como costuma acon-" "t I t"tecer, ou: > como é natural que a:co~teça > na ura m.en e••lí; partícula explicativa, usada prmCJpalment.e em combmaçaocom cláusulas relativas com valor causal (cf. §168, II), comeonstruções participiais (cf. §25, II, 2), e com cum causal(cf. § 150, I). As vêzes, utpote é combinado também com subst.ou com adj., p. e.:Eo loco populus numerabilis, utpoteparvus, coibat

In. Função intensiva. Do mesmo modo que a locuç~oI"11'1.11p;uêsa:"até êsse ponto" chegou a ~xercer uma funçao",j(~llsiva, assim também usque eo em latlm, p. e.II,w/IW eo pervenit ut bona patris Chegou ao ponto de vender osI'enderet (d. §147, I) bens do pai

Preciso de um mensageiro. Vaentão e dize-lhe que logo ire

Todos êstes crimes foram cometidos por Antíoco: diante dissoo que julgais dever fazer, senho-res senadores?

Os fil6sofos deviam ter compreen-dido que êste assunto era desuma importância para os ho-mens; na realidade, porém, pa-"rece-meque preferem palrar

Sintaxe latina superior260

Opus est mihi nuntio. I nunc etdic ei me mox venturum esse

Haec omnia scelera Antiochus com-misit; nunc quid vobis jacien-dum esse decernitis, patres cons-cripti?

Philosophi debuerunt intellegere hancrem maxime rejerre hominum.N une autem/vero blaterare mallemihi videntur

b) Nunc, geralmente reforçado por vero ou autem, segue-semuitas vêzes a uma hipótese ou afirmação não confirmadapelos fatos; neste caso, podemos traduzir a partícula: "(mas)na realidade". Exemplo:

a) Nune = Quae eum ita sint ("Sendo assim; destarteentão", etc.), sobretudo numa exortação ou conclusão quessegue a uma exposição dos fatos, p. e.:

§ 197. Usque. - Esta partícuht ("a fio, seguidamente",etc.) emprega-se no sentido local e no sentido temporal; emcertas combinações tem também valor intensivo.

I. Sentido local. São freqüentes combinações com ad,p. e. usque ad N umantiam e ad jundum usque ("até o fundo");cf. em francês: jusqu' à (§ 94, A, 1); combinado com o ac. dedireção de nomes de cidades, etc., usque é só aparentementepreposição p. e.: Romam usque ("até Roma"). A partículaé combinada também, embora menos freqüentemente, com abou ex mais abl., p. e.: usque ex Syriã ("do fundo da Síria").Reparem bem na combinação: usquequique = "em tôda aparte, em todo e qualquer lugar".

11. Sentido temporal. Também nesta função, usque éfreqüentemente combinado com ad (cf. §94, B, 1), p. e.:11sque ad extremum diem vitae = "até o último dia da (sua)vida"; às vêzes, encontramos: usque ab/de/ex mais abl., p. e.:usque a Romulo ("desde os dias de RÔinulo). Sem preposição:Juvat nos usque hie morari = "Apraz-nos ficar aqui sempre".A palavra composta usquequ que, além de ter significado local,pode ter também sentido temporal: "sempre, continuamente,sem interrupção", etc. Usque eo, muitas vêzes seguido de dum,quoad, donee (cf. § 156, I, 2), significa: "até êsse ponto", etc.

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262 Sintaxe latina superior [§ 200] ~~()I As partículas 263

AS CONJUNÇÕES COORDENATIVAS

III. Partícula explicativa. Às vêzes, usa-se videUeetcomo partícula explicativa: "a saber, isto é" (cf. seilieet enempe). Exemplo:

Saíu da cidade, ou melhor, fugiuOs inimigos não puderam susten-tar o ataque, mas puseram-seem fuga

Não veio a tempo, pois que o mêdoimpedia a coisa/isso

Ad tempus non venit, metusque remimpediebat

Ex urbe discessit ac potius jugitH ostes im petum j erre non potuerunt,ac terga verterunt

Nota. Et pode ser usado também como advérbio = etiam,cf. §176. Em lugar de Etiam tu Brute, poderíamos dizer também:Et tu Brute! /'

Nota. Nestes casos não se pode falar em funções secundáriasde et, -que e atque/ac, visto que a função disjuntiva, adversativa oucausal depende exclusivamente do contexto.

2) -que é palavra enclítica e liga principalmente palavrasou idéias cognatas, p. e.: pater materque; se suaque; terrãmarique' uno eodemque tem pore; longe lateque; amavi dile-xigue, etc. Menos freqüente é o seu emprêgo para ligar cláu-sulas e frases.

3) Atgue < ad-que ("e acrescenta-se"); atgue > ate> ae.Em prosa clássica, emprega-se geralmente atgue (não ae) antesde vogais e e, g e qu (guturais). Originàriamente, atquefaetinha mais fôrça do que as duas outras partículas aproxima-tivas, servindo para acrescentar uma palavra ou idéia con-siderada de suma importância para a narrativa ou para aargumentação (neste caso, usa-se muitas vêzes a combinaçãoatque adeofetiamfvero, etc.). Mas em latim clássico, atquefaepouco se distingue de et e -qtle, não passando de um recursoestilístico para variar a ligação aproximativa.

11. Observações. 1) Et e atquefae são usados tambémem cláusulas comparativas de identidade e de diferença, cf.§ 164, IV.

2) Na expressão hodieque (não encontrada em prosa clás-sica), a partícula -que equivale, ao que parece, a quoque:"ainda hoje" (cf. etiam, §175, II).

3) As três partículas aproximativas são usadas também,onde nós preferiríamos uma partícula disjuntiva, adversativaou causal-explicativa, p. e.:

1) Et é a conjunção mais comum, bem como, a maisi11 (:olor: "e". A partícula serve para ligar palavras, cláusulas(: frases. Comentário desnecessário.

I•

Julgava ter vindo o momento detirarem vingança os que tinhamvivido em temor, isto é, os con-jurados

Pode-se ver/É claro que êle, quan-do jovem, foi perdulário

Meu pai pretende vir aqui. Semdúvida soube dos meus planos

O que êle teme? - Claro, o cas-tigo!

Sem dúvida, o teu consulado foisalutar, mas o meu pernicioso!

Putabat .venisse tempus iis qui intimore juissent, conjuratos vide-licet dicebat, ulciscendi se (cf.§71, r, 3f)

§201. As eonjunc;õ.es aproximativas - I. Generali-dades. As conjunções aproximativas em latim são: et, -que,atquefae.

III. Quanto a "verum", cf. 205, I, 2.

§200. Videlieet (cf. seilieet). - I. A origem da pala-vra. Vt'delieet < m'dere lieet, combina-se ainda com o A. c. 1.(cf. §191, I), p. e.:

Tuus videlicet consulatus salutarisjuit, at meus perniciosus! (ironia)

II. Partícula de evid~ncia. Daí se originar seu emprêgocomo partícula de evidência: "claro que, evidentemente", etc.Usa-se também em respostas e, muitas vêzes, - embora menosfreqüentemente do que seilieet - tem valor irônico. Exemplos:Pater meus huc adventurus est.Videlicet de meis inceptis audivit

Quid metuit? - Poenam scilicet

vero (cf. §160, I, 3); an vero (cf. §66, III); etc. Nas combina-ções et vero e negue vero temos partículas aproximativas quesalientam a importância daquilo que se segue; a idéia de clímaxé muitas vêzes inerente à partícula vero. Reparem também nacombinação: (verum) enimvero = "(mas) o fato é que, .(mas) averdade é que", etc.

2) CONJUNÇÃO.- É partícula adversativa (cf. §205, I, 3).

Videlicet illum juisse adulescentemprodigum

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264 Sintaxe latina superior [§ 201 ] [§ 202 ] As partículas 265

2) Muitas vêzes encontra-se a correlação: et .... et, pelaqual duas idéias ou frases são estreitamente ligadas entre si;a tradução portuguêsa: "não s6 ..... , como (mas) t9mbém",ficaria, no mais das vêzes, muito prolixa e pesada; melhor énão traduzirmos o primeiro et, e dizermos: "bem como; etambém", ou simplesmente: "e", conforme fôr o contexto.Em lugar de et et, encontramos também: -que .... et;et .... -que; et ae/atque; ae et; atque .... et; -que ...ae/atque, etc. A correlação -que -que encontra-se s6 empoesia. Exemplos:

Os suevos não estão acostumadosa (respeitar) nenhuma obrigaçãoe nenhuma disciplina

Pergunto se êle fêz isso injusta ecriminosamente (ou com diretto)

Temos que vencer, ou então mor-rer

Cala-te, ou pelo menos, fala averdade!

Ficou aqui três ou quatro horas

Ficou aqui três ou quatro horasTres veZ quattu01' horas hic per-mansit

2) VeZ (originàriamente o lmp. de velle) indica indiferençade escolha, p. e. na frase:

Nobis (aut) vincendum aut morien-dum est (alternativa)

Tace, aut saltem verum dic! (aler-nat.)

Tres aut quattuor horas hic per-mansit (indiferença de escolha)

Suebi nullo ojjicio aut discipZinãassuejacti sunt (continuação deuma expressão negativa)

Quaero num id injuste aut improbejecerit (uma pergunta disjuntivaseria: injuste an juste)

§202. As conjunções disjuntivas. - L Generali-dades. As mais importantes são: aut, veZ e -ve.

1) A partícula aut é a mais enfática das três, principal-mente na correlação alternativa: aut..... aut = "ou ..... ,ou então"; neste caso, o segundo aut vem muitas vêzes seguidode potius, saltem, eerte, etiam, vero, etc. ("ou melhor; ou pelomenos; ou então", etc.). Mas acontece também que aut seemprega no sentido enfraquecido de veZ, não indicando alter-nativa, mas simplesmente indiferença de escolha; êste emprêgoé sobretudo freqüente quando continua uma negação. anterior,e em perguntas, onde aut, em oposição a an (cf. §65), acres-centa um detalhe ou uma explicação ulterior ao primeiromembro. Exemplos:

Trmbém ocorre a correlação: veZ..... veZ ("ou .ou"); s6 raras vêzes veZ exprime alternativa; é freqüente oemprêgo da combinação: veZ pOt1'US ("ou melhor" = sivepotius, cf. § 160, H).

3) -ve está para veZ como -que para et; palavra enclitica,é a mais fraca das três partículas disjuntivas. Nunca exprimealternativa, mas sempre indiferença de escolha, p. e. Tresquattuorve horas hie permansit. Reparem também na expres-são: pZus minusve = "mais ou menos".

o pai e (também) a mãe sabem istoPois sempre me respeitou e (tam-bém) se dedicou comigo aosmesmos estudos

Admoestar, bem como ser admoes-tado, é próprio da verdadeiraamizade

Devemos mostrar nossa gratidãoaos pais, aos deuses imortais eaos cidadãos

Et pater et mater hoc sciuntN am et semper me observavit· etnobiscum eadem studia exercuit

Et monere et moneri est propriumverae amicitiae

3) Ao passo que as correlações anteriores se compõemde dois ou mais elementos considerados, em geral, de impor-tância igual, a correlação: non modo/soZum/tantum .... , sedetiam/verum etiam, etc. dá maior relêvo ao segundo membro:"não s6 ..... , mas (como) também", etc. No segundo mem-bro encontramos também: sed .... ne .... quidem ("mas nemsequer"). Essas correleções são milito freqüentes em prosa,mas devido ao seu caráter demasiadamente enfático e quasepedante, são evitadas em poesia. Exemplos desnecessários.

4) Quanto às correleções negativas neque/nee e neve/neu,cf. §203.

lH. Correlações. 1) Três ou mais palavras juxtapostassão ou unidas entre si pela conjunção et (é o chamado "polis-síndeto"), ou então, falta por completo a conjunção (é o cha-mado "assíndeto"); s6 a partícula -que pode ocorrer combi-nado com a última palavra de uma construção assindética.Exemplos:

Parentibus et diis immor-ltaZibt;s et c~1(ib1;ls ratias

Parenttbus, dns zmmor- g jtaZibus, civibus ( ~erre

Parentibus, diis immor- J e emustaZibus civibusque

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266 Sintaxe latina superior [§ 203 ] I ~ 203 ] As par,tículas 267

n. Observações.1) Também se usa, às vi\zes, sive no sentido de vel, cf. §160, 11.2) Quanto às funções adverbiais de vel, d. §218, IV, 2.3) Encontram-se também as seguintes correlações: aut .... vel (em

poesia); aut .... aut .... -ve; vel. ... vel .... aut; -ve .... -ve (em poe-sia); seu.... ald; -ve.... aut (em poesia), etc.

4) Vel em latim tardio (às vi\zes também em textos da época dosprimeiros imperadores) significa muitas vi\zes: "e" ("" et).

contudo~nãomas não

neque tamenneque vero

pois que nãoportanto não

César levantou o acampamentopara que os inimigos fôssemlogrados e não interceptassema água aos romanos

César levantou o acampamentopara que os inimigos não fizes-sem um ataque e não intercep-tassem a água aos romanos

Nota. Em vez de: ne .... neve, encontra-se também: neaut. . . .. aut, ou: ut neve.... neve (raramente: ut negue .....negue).

neque enimneque igitur

2) Em orações independentes com o Subj. optativo ouvoluntativo, ou com o Imp. do Fut., mas só depois de umaprimeira frase negativa. Exemplos:Tu vero ne quid dixeris neve ab Tu, porém, não digas nada nemaliis quaesie1is faças perguntas a outros

Dona ne capiunto neve danto Não deverão receber nem dar pre-sentes

Nota. Mas a uma frase positiva segue-se negue, p. e.: Pergenec exspectaris ("Continua e não aguardes!"); tamhém não se encon-tra em orações independentes a correlação: neve.... neve, massempre: negue .... negue, p. e.: Utinam negue pater negue matermea mortua e8set! ("Oxalá não tivesse morrido nem meu pai nemminha mãe!")

3) Nas frases negativas, introduzidas por enim, igitur, tamen, vero,etc., o latim emprega preferivelmente negue(nec, onde seria suficiente, doponto de vista do portugui\s, a negação nono Portanto:

Caesar castra movit ut hastes decipe-rentur neve(neque, Romanos aquiJ.intercluderent

11. Neve/neu. Neve é composto de né e -ve, e equivale aet ne; sua forma contrata é neu. As duas partículas são usadas:

1) Em cláusulas finais, obrigatoriamente depois de né, efacultativamente depois de ut; neste último caso, pode usar-setambém neque (cf. § 144, 11, 3). Exemplos:

Caesar castra movit ne hastes impe-tum jacerent neve Romanos aquãintercluderent

4) Em latim arcaico e na linguagem poética encontramos, às vi\zes,nec = non, p. e. na frase: quod nec vortat bene ("oxalá não lhe suceda bem!").

5) Assim como as partículas aproximativas, às vi\zes, possuem valoradversativo, disjuntivo ou causal-explicativo, assim também nequ'e(nec, p. e.:Plurimos annos in philosophi" con- Gastei vários anos em estudos fi-sumpsi nec jerre possum dolorem losóficos,mas assim mesmo não

posso suportar 'k dor

.'

iri'

Não liga nem para os homens neIl!para os deuses

Deixamo-nos guiar pelas opiniõesda massa e não enxergarmos averdade

Não é imprudente nem incauto

Epicarmo foi um homem inteli-gente e não destituído de graça.

Viam que muitas fortalezas foramtomadas e percebiam que os ini-migos não podiam fàcilmenteser expulsos

e ninguéme nadae nuncae em parte alguma

Cf. também:nec quisquam = et nemonec quidquam = et nihitnec umquam = et numquamnec usquam = et nusquam

2) Neque(nec refere-se muitas vêzes não à frase inteira, mas a umaúnica palavra, principalmente quando combinado com certos adjetivos,pronomes e advérbios, p. e.:Epicharmus vir acutus nec insulsusjuit

Plurima oppida capta esse videbantnec jacile hastes repelli posse ani-madvertebant (= et animadverte-bant hastes non j acite repelliposse)

N on est imprudens neque incon-sultus

N eque homines neque deos curat

§203. Ás correlativas negativas. - Distinguimos entrenequelnec, (I) e néve/neu (11).

I. Neque/nee. Neque é composto da antiga negação ne(cf. § 170, I, 2); nec é forma apocopada de neque; as duaspartículas podem ser empregadas indistintamente, mas pre-fere-se geralmente neque ante" de vogais.

1) Neqtlelnec = et non (não = et nef) , e pode seguir-se auma frase. positiva bem como a uma frase negativa; muitofreqüente é o emprêgo da correlação: neque neque, nec .nec, etc., mas também das seguintes: et- neque, neque .et, etc. Exemplos:Opinionibus vulgi rapimur in er-rarem nec vera cernimus

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268 Sintaxe latina superior [ § 204 ] I S 205 ] A s p a r t í c u l â's

2) Em vez de enim encontramos muitas vêzes etenim(no inicio de uma frase); em lugar de nam a palavra namque(esta palavra é relativamente rara ainda em latim clássico).

II. Observações. 1) N am e en1:m ainda têm valor adver-bial, principalmente em respostas:" sem dúvida, com certeza,sim", etc. Exemplos:

Em que país do mundo estamos?

Esta lei não está escrita, mas (sim)faz parte da natureza

A obra que tentamos fazer é (semdúvida) grande e árdua, maenada é difícil para quem ama

Ubinam gentiurn sumus? (prosa 1cláss.) lNarn ubi gentiurn surnus? (pré-fcláss. e poesia)

Magnurn (quidern) opus et arduúrnconarnur: sed nihil arnanti dij-jicile est

2) VERUM. Verum, em prosa clássica muito menosusado do que sed, tem tôdas as funções desta palavra, encon-trando-se principalmente na correlação: non modo ..... verumetiam, e na combinação: verum enimvero. Originàriamentesignificava: (m~s) verdade (é que)"

Nota. Slid < sed, palavra antiga que ainda se encontra empalavras compostas, tais como: sed-itio ("sedição") e se-cedere("sair"); seu significado original era e de "separação" (cf. sondernem alemão, e zonder (= sem), em holandês).

Est haec lex non scripta, sed nata

3) Quanto a enimvero, ("é um fato que, é verdade que",etc.), cL § 199, II, lb; quanto a sed/at enim, cL §205, II, 5;quanto a utinam, cL §211, II, 2.

§205. As conjunções adversatÍvas. - L Generali-dades. Em latim há grande diversidade de conjunções adver-sativas. Mencionamos aqui:

1) SED. Sed é a particula adversativa mais comum emlatim, e pode seguir-se, igualmente, a uma frase negativa oupositiva; na primeira hipótese, sed anula e substitui o que foidito anterIormente (em alemão: sondem); na segunda hipó,.tese, sed restringe ou corrige as palavras precedentes (em ale-mão: aber); neste caso, estas pálavras possuem muitas vêzesvalor concessivo e podem vir acompanhadas de quidem, equi-dem, sane ou de outras partículas. Exemplos:

2) Nam encontra-se muitas vêzes numa pergunta (diretaou indireta) para lhe comunicar maior vivacidade ou paramostrar impaciência e outros afetos; em latim clássico, -naminterrogativo acrescenta-se geralmente, como palavra enclí-tica, ao pron. ou adv. irrterrogativo, ou à partícula interro-gativa. Exemplos:

Tua espôsa me disse que me cha-mavas. - Sim, mandei cha-mar-te

Não nos preocupemos com as con-versas dos homens. - Pois' é,façamos assim

Nihil rumores horninum curemus.- Narn sic a(/arnus (coloquial)

Tua uxor dixit te me vocare. - Egoenirn te vocari jussi

Ecquid sirnilius insaniae est quamira? Quid A chille H ornerico j oe-di us? N arn Ajacern quidern iraad jurorem rnorternque duxit

§204. As conjunções causais-explicativas. - Ao ladodas conjunções causais subordinativas, tais como quod e qU1'a(cf. § 150), existem também conjunções causais coordenativasem latim (cL em francês: car; em inglês: for; em alemão:denn). Estas particulas coordenativas indicam, em geral, menosa causa, do que a explicação ou o esclarecimento daquilo queprecedeu As mais importantes são enim e nam; a traduçãonormal destas partículas é "pois (que)" ou "porque"; àsvêzes, porém, nam e enim não admitem uma tradução explí-cita em português.

L As partículas mais usadas: 1) Em'm e nam eram,originàriamente, particulas afirmativas ("com efeito; na ver-dnde; verdadeiramente", etc.) As duas palavras podem serusadas indistintamente em latim clássico. A única diferença éque enim, como palavra enclítica, nunca ocupa o primeirolugar dentro da frase. As duas palavras encontram-se muitasvêzes em parêntese; freqüentemente está subentendida aidéia que vem a ser esclarecida por nam ou enim. Exemplos:Initium jugae jactum est a Durn- O início da fuga foi dado pelosnorigis equitibus (narn Dumno- cavaleiros de Dumnorige (êsserix, ou: Durnnorix enirn equita- Dumnorige comandava a cava-tui praeerat), eorurnque jugã cete- laria), e pela fuga dêles foramri hostes perterriti sunt amedrontados os demais ini-

migosExiste alguma coisa mais seme-lhante à loucura do que a ira?Que é mais repugnante do queAquiles tal como foi retratadopor Homero? (Sôbre Ajax nãopreciso falar) poil3a êle levou-osua ira à loucura e à morte

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270 Sintaxe latina superior [§ 205 ]I\

[§ 206 ] As partículas

I

271

6) ATQUI (menos corretamente: atquin). Atqui empre-ga-se principalmente no diálogo para introduzir uma objeçãoàs palavras anteriores; também se usa na premissa menor deum silogismo. Exemplos:

Ora, nesse tempo os homens co-meçaram a vangloriar-se

Os bárblj,fosnão podiam sustentaro ataque dos nossos. Destartese renderam com todos os seushaveres a César

Ê uma coisa difícil e impossívelde explicar. - Mas tem queser explicada

Se existem altares, existem os deu-ses também. Ora, existem alta-res. Logo exisüJm os deuses

Barbari impetum nostrorum susti-nere non poterant. Itaque sesuaque omnia Caesari dediderunt

7) MAGIS(cf. §218, lU, 2). De magis derivam as palavras "mais"(em porto e francês) e "mas" (em espanhOl), etc. Em latim clássico, aindanão se encontra nesta função, mas o poeta Propércio usa magis numa fraseque já indica a evolução posterior: Quem non lucra, magis Pero jormosacoegit = "Não o forçou a ganância, (mas) antes a formosa Pero" (Pero erairmã de Nestor).

lI. Observações. 1) Sed é empregado, principalmente pelos histo-riadores (Salústio, Tito Lívio, etc.), como partícula de transição, perdendoquase tôda a sua fôrça original: "ora, e" etc. Exemplo:

§206. As conjunções conclusivas. - L Generalida-des. As mais importantes são itaque, igitur e ergo.

1) ITAQUE. Esta partícula ocupa, em prosa clássica, sem-pre o primeiro lugar de uma frase; indica menos uma conclu-são intelectual do que uma conseqüência factual. Exemplo:

Res dijicilis est et inexplicabilis.- Atqui explicanda est

Nota. Também verum e at são, embora menos freqüentemente,usados da mesma forma.2) At, muitas vêzes reforçado por ta'men, saltem, certe, etc. usa-se

também na apódose de uma construção condicional e concessiva, cf. § 160,l, 1; §§ 161-162.

3) Muito provàvelmente ast chegou a ser confundido com at só naépoca clássica; em latim arcaico, ast quer dizer: "mas/e se" e "por outrolado"; são mormente os poetas da idade de Augusto que, também pormotivos de ordem métrica, começaram a igualar ast a ato - A forma atquinfoi criada por analogia com quin (advérbio de clímax e de correção).

4) Quanto a tamen, cf. § 193.5) Sed/At enim é uma combinação com valor adversativo reforçado;

nela temos muito provàvelmente uma espécie de elipse. Tipo: Pater qui-dam duos jilios habebat. Sed/At (non educavit similiter), alterum enim secumhabebat, alterum rus dimisit = "Um certo pai tinha dois filhos. Mas (nãoos educava do mesmo modo), pois tinha consigo um dêles, e mandou ooutro para o campo". Segundo outros, enim nesta combinação teria valoradverbial. Seja como fôr, sed/at enim marca uma oposição forte e viva.

Sed eã tempestate homines extollerese coeperunt

Si sunt arae, sunt dii quoque.Atqui sunt arae. Ergo dii sunt

,~I

Giges não era visto por ninguém,mas êle mesmo via tudo

Tudo o que acontece é devido aodestino. (E) chamo de destinoa série ordenada das causas

Vendo um dos escravos do seuamigo, disse: "Davo!" (Davoera o nome do escravo) "ondeestá teu senhor?"

Mas alguém dirá .Êle foi covarde. - Mas tu lhedeste uma coroa por causa dasua valentia!

A fôrça,do corpo logo se desvanece;mas as grandes realizações doespírito são imortais

Gyges a nullo videbatur, ipse autemomnia videbat

Omnia jato jiunt. Fatum autemappello ordinem seriemque cau-sarum

Videns unum e servis amici sui:"Dave", inquit, (Davus autemerat nomen servi) "ubinam estherus tuus 1"

At dicet quispiam .Ignavus juit. - At eum, tu obvir tu tem coronã eum donas ti!

Vis corporis brevi dilabitur; at in-genii egregia jacinora immortaliasunt

3) VERO. Vero, originàriamente uma partícula afirma-tiva (cf. § 199, II), é palavra enclitica; sua função própria éa de acrescentar uma segunda idéia, considerada de maiorimportância, à outra, pelo que se estabelece uma forte oposiçãoentre as duas. Mas com o tempo, ver o foi perdendo muito dasua fôrça original, e sobretudo os historiadores (também César)usam a palavra freqüentemente no sentido enfraquecido deautem (cf. infra, 5).

4) AT (na comédia e na poesia também ast). At é a máisviva de tódas as conjunções adversativas em latim, usan-do-se principalmente no diálogo (para fazer objeções), nodiscurso e na argumentação (para introduzir uma objeçãofingida), e finalmente em tôda e qualquer espécie de frasespara opor com vivacidade uma idéia a outra. Exemplos:

5) AUTEM. Autem é a partícula mais fraca e vaga detódas as adversativas, ocupando um lugar intermediário entreet aproximativo e sed adversativo: podemos traduzi-Ia, con-forme fór o caso, por "luas, porém" ou por "e". Ás vêzes,emprega-se (sobretudo em parênteses) para explicar as palavrasanteriores. Exemplos:

\

~

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ALGUMAS CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS

2) IGITUR. Esta partícula, em latim clásisco sempreenclítica, tinha originàriamente valor temporal: "então, emseguida" (assim ainda na comédia); em prosa clássica, indicano mais das vêzes urna conclusão: "logo, portanto, por conse-guinte", etc. sendo usada também em silogismos formais;menos freqüente é seu emprêgo no sentido de itaque: "destarte".Encontra-se várias vêzes também depois de urna digressão oU:urna parêntese para retomar o fio da narrativa ou da argumen-tação. Exemplos:

273

Logo depois da minha chegada aRoma, visitei o templo de Apoio

As partículas[§ 208 ]

1) Cum primum: "logo que"; esta combinação é bas-tante parecida com ubi, ut, simul (cf. § 154, I, 1). Exemplo:Cum primum Romam veni. tem-plum Appollinis visi '

2) Cum maxime: "exatamente no momento em que", p. e.:Tum, c.u,,!,ma:;;imeja~lunt, id agunt Exatamente quando enganam, es-ut vtrt bom esse vtdeantur forçam-se por parecer homens

honestos. r;Jummaxime (elíptico) = "sobretudo agora/então", ou = "sobretudo"

(prInClpalmente em latim pós-clássico).

3) Cum... tum (em latim pré-clássico sempre com o Ind .em latim clássico e. pós-clássico, às vêzes com o Subj., mo;~ment~ q~ando C1!m mdica ação anterior). Esta correlação ligaduas IdéIas estreItamente entre si: cum introduz urna afirma-ção g~nérica; tum, muitas vêzes reforçado por maxime etiamp'raec'tpue, certe, eximie, etc., introduz o caso específi~o con~sIderado de maior importância. Cum.... tum encontra-seportanto, e~ fr.ases que il).dicam clímax ou contêm um argu~mento a fortwn. A tradução em português varia: "Se é ver-dade que ..... ; muito mais ..... ", ou: "por um lado ..... ,por outro lado " ou "de um modo ..... geraL .... ; mas~,o~retudo", etc. Muitas vêzes recomenda-setambém a tradução:nao so ..... , corno/mas também". Exemplos:

cun:- omnium rerun:-.s.imulatio vi- Se é verdade que a simulação detMsa. est, tum am~ctttae repugnat tÔda e qualquer coisa (ou me•max~me Ihor: sentimento) é condenável,

ela é a pior inimiga da amizadeTÔda essa história não é sàmenteficção infantil, mas nem sequersurte o efeito desejado

Ali tramou planos nefastos não sóp.ara ~p~tria comotambém paraSI proprlO

Cum ea res tota jicta sit puerilitertum ne ejjicit quidem quod vuzt

Ibi consilia cum patriae tum sibiinimica cepit

1I

I[§ 207 ]

Depois/Então ficou indignadoQue se pode imaginar de mais bemordenado do que êste universo?Ora, não pode haver ordenaçãosem criador. Logo temos de ad-mitir a existência de Deus

Os suévos, a tribo mais ferozdos germanos, moram além doReno (o Reno é o rio que se-para os gauleses dos germanos);(como dizia), os suévos .....

usa-se em conclusões formaistambém se emprega depois de

Sintaxe latina superior272

I gitur deinde/tum iratus est (coméd.)Quid ordinatius cogitari potest hocmundo? Ordo autem sine auctoreesse non potest. Deum igitur essenecesse est jateamu;r

Suebi, .gens jerocissima Germano-rum, ultra Rhenum habitant (Rhe-nus autem jlumen est, quoGalliGermanique dividuntur). Suebiigitur ....

3) ERGO. Esta partícula(cf. o exemplo no §205, I, 6);parêntese (cL igitur).

n. Observações. 1) Segundo os antigos gramáticos, havia umadiferença de acento entre itaque (conclusivo) e itáque (= et ita: "e assim"),mas o fato é negado por vários filólogos modernos.

2) A origem de igitur é obscura; talvez derive de agitur ("trata-se",. cf. em francês: il s'agit) em posição enclítica, p. e.: postigitur, quidigitur,hocigit1ir. f

3) Ergo < e-rego: "em frente a", dai chegou a significar: "direto"e "direito"; a palavra encontra-se na comédia ainda no sentido de "deve-ras, de fato", etc., e empregada também como "pós-posição" (ef. §141).

§207. CUID. - A forma original deste palavra é quom> quum (pron. relativo de tum; cf. num nunc). Cum écombinado com o Ind. e com o Subj.

r. Com o Indicativo. Já estudamos suas funções no§152, I. Aqui assinalamos apenas algumas combinações ee correlações:

lI. Com o Sub,juntivo.1) Cumhistórico ou narrativo, cf. § 152, lI.2) Cum causal, cf. § 150.3) Cum concessivo, cf. § 162, I, 5.

§208. Dum. - Esta partícula, além de ser usada comoconjunção, tem também valor adverbial.

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274 Sintaxe latina superior [§ 209 ] t§210] As partículas 275

§209. Quia. - Esta palavra é o nom./ac. pl. neutro dequi-s; usa-se como interrogativo(I) e como conjunção (lI).

I. Advérbio. 1) O significado primitivo de dum adverbialé, ao que parece: "durante algum tempo", ou: "enquantoisso". Encontramo-Io ainda, nesta acepção, p. e. nas frases:

L Interrogativo. Nesta função ocorre apenas em latim arcaicoe (poucas vêzes) em poesia, principalmente nas combinações: quianam?= "por que?" (cf. §204,II, 2). Quanto ao significado, cf. quid'l = "porque?" (§ 74, IV, 2).

É esta a razão por que viemosEsclarecer-te-ei por que vimNão tenho nada a dizerNão tenho nenhum motivo paracensurar a velhice

Há motivo para te alegrares

(111 as) talvez não consiga a For-tuna exercer tanta influêncianeste ponto

Quod utinam ..... , OxaláQuod si/Quodsi. . . . . (Mas/E) se .Quod quia/quoniam. . . . . . (Mas/E) porque .Quod cum. . . . . (Mas/E) quando .Quod nisi. . . .. (Mas/E) a não ser que .

Nota. Em tôdas essas combinações perdeu-se quase totalmenteo valor original de quod = "em relação a êsse fato", sendo sua únicafunção a de ligar estreitamente uma frase a outra. A combinaçãomais freqüentemente usada é quodsi, cf. em francês clássico: Que' si.

Cf.

11. Conjunção. 1) Quia causal, cf. § 150, I; § 210, lI, 2.2) Quia integrante: "que", muito usado em latim tardio

para substituir o A. c. 1., cf. §4.§210. Quod. - Esta partícula é o ac. sg. neutro do

pron. reI. qui, que se usa em várias funções derivadas.

I. Pronome relativo.1) EM CONEXÃO RELATIVA. Neste caso, quod é ac. de

relação (d. §74, IV) e quer dizer: "em relação a que fato",significado êsse que, em razão do seu emprêgo na conexãorelativa, evolve no sentido de: "(e/mas) em relação a êssefato" (cf. § 167), ou: "nesse ponto", etc. Quod ocorre, nestafunção, muito poucas vêzes, isolado, mas freqüentemente oencontramos combinado com outras partículas. Exemplos:

2) A frase: Hoc venimus, significa: "Por causa distoviemos", ou: viemos", ou: "Eis o motivo da nossa vinda"(cf. §74, IV); assim se tornam possíveis construções tambémdêste tipo:

Quod haud seio an For/'una tantumvalere non possit (cf. § 66, IV)

H oc est quod venimusQuod veni, eloquar tibiNihil habeo quod dicamNihil habeo quod accusem senectu-tem (cf. § 168, IV, 6)

Est quod laeteris

lI. Conjunção.1) FUNÇÃO EXPLICATIVA. Quod pode introduzir cláusulas

substantivas (geralmente, subjetivas; às vêzes, também obje-

Com as suas construções tanto seendividaram que desesperam dasua situação

Com a sua mania de se tornarsemelhante a Alexandre, tor-nou-se muito dessemelhante deCrasso

Abi modo, ego dum hoc curabo reete

Sic virgo dum (conj.) intacta manet,dum (adv.) cara suis ets

Podes ir embora, eu entretantotratarei bem dêste assunto

Assimuma virgem por tanto tempopermanece cara aos seus, quantonão perde a pureza, ou melhor:Assim uma virgem permanececara aos seus, enquanto nãoperde a pureza.

2) Muitas vêzes, /êste dum é combinado com palavrasnegativas, p. e.: nondum ("ainda não"); nihildum ("aindanada"); nullusdum ("ainda nenhum/ninguém"); vixdum ("mal/apenas ainda"); nedum (d. §182), etc.

3) Dum usa-se também em combinação com imperativos,p. e.: agedum, agiledum (cf. §55, I, 5), árcumspice dum"olha em redor!"), etc. Nestas combinações, dum perdeu suafôrça original de advérbio de tempo, transformando-se numapartícula de ênfase.

Hi dum aedijicant, in tantum aesalienum inciderunt ut de rebussuis desperent

Dum Alexandri similis esse voluit,Crassi inventus est dissimillimus

lI. Conjunção.1) Dum temporal, cf. § 156.2) Dum condicional- final, cf. § 160, III.3) Dum causal, que indica uma causa involuntária: em

português, podemos usar o gerúndio, ou melhor, um substan-tivo verbal; o modo é o Indicativo. Esta função é relativa-mente rara em latim clássico, mas torna-se freqüente na épocaimperial. Exemplo:

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276 Sintaxe latina superior [§ 210 ][§ 210 ] As partículas 277

b) ou um subst. sem pronome demonstrativo, p. e.:

congratular-seporque

repreendercensurarr~'E,rehenderemfúperare

gratulari

Alegro-me por teres vindo

Louvo-te porque viesteAgradeço-te porque falaste

acusar, incriminarcondenaragradecer

Gaudeo quod venisti }Gaudeo te venisse

accusarecondemnare

gratias f agjere\ re erre

3) A FUNÇÃO CAUSAL. Cf. § 150.4) A FUNÇÃO RESTRITIVA. Cf., § 168, VI.

Exemplos:Laudo te quod venistiGratias ago tibi quod dixisti

Notas.

. 1) Com _todos êstes verbos qttod introduz uma cláusula expli-?at~va da a~ao expre~sa pelo verbo regente, mas, assim fazendo,mdlCa tambem a razao, a causa da mesma. Destarte se originoua função causal de quod.

2) Ao lado de quod, pode usar-se também quia (nos casos a e b).3) As cláusulas (dos tipos a e b) levam o Subj., quando tra-

duzem o pensamento do sujeito da oração principal, p. e.:

Pater laudat jilium, quod/quia bene O pai louva o filho por ter falado,locutus sit bem_(no pensamento do pai)

2) PASSAGEM PARA A FUNÇÃO CAUSAL. a) Com os verbaa ffectuum encontramos geralmente o A. c. r. (cf. §8), mastambém ocorre quod mais Ind. Exemplo:

b) Usa-se quod (não o A. c. 1.) com os seguintes verbos:

. f) .na expressão: Quid quod .... ?, locução elíptica de:Qu~d d~cam de eo quod .... ? = "Que devo dizer do fato deque ..... ?", ou simplesmente: "O que dizer de ..... ?"

. .Nota. Na linguagem coloquial, usa-se muitas vêzes quod nomíClo de uma frase com o sentido de: "quanto ao fato de que'"na oração principal podemos intercalar: "deves saber" ou: "fic~saber", ou: "fica sabendo", ou expressão semelhante. É~te emprêgode quod, no fundo, um caso especial de quod explicativo encontra-setambém nas obras de César. Exemplo: '

Quod cum Clodio colloqui vis, potes Quanto ao teu desejo de falar comper me id jacere Clódio, [deves saber que] por

mim podes fazê-IoÉ uma grande injustiça que osromanos tenham molestado oséduos

Acresce que já antes era amigo deCatilina

Omito que já antes era amigo deCatilina

Magna injuria est quod RomaniAeduos vexarunt

tivas) que expliquem uma palavra genérica contida na oraçãoprincipal. Registramos aqui:

a) Quod explicita e explica um pron. demonstrativo, p. e.:Illud jundavit imperium, quod Ro- O que fundou o Império foi o fatomulus docuit hostes debere recipi de Rômulo (nos) ter ensinadoin hanc civitatem que os inimigos devem ser admi-

tidos nesta comunidade de cida-dãos

És infeliz exatamente por não sa-beres como és infeliz

Hoc ipso miser es quod non sentis,quam miser sis

c) depois de cer-tos advérbios e locuções adverbiais, taiscomo: ex eo quod/hinc quod = "devido ao fato de que"; cf.também praeterquam quod e nisi quod = "feita exceção aofato de que" > "s6 que" (cf. § 160, I, 4).

d) depois de jacere, jieri, accidere, evenire, etc., quandoêstes verbos trazem consigo um qualquer elemento qualifica-tivo (cf. § 148, lI, 1); sem êsse elemento, usa-se geralmenteut (consecutivo) mais Subj. Mas quod é a construção normalcom accedit ("acresce que"), e com praetereo e mitto: "deixode lado que, omito, não quero falar sôbre o fato de que", etc.Exemplos:Accedit quod jam antea amicus Ca-tilinae erat

Praetereo/ M itto quod jam antea ami-cus Catilinae erat

e) depois de esse e nome predicativo (em algumas locuções)e depois de certos verbos; geralmente usa-se aqui o A. c. 1.,mas a construção com quod é também legítima em latim clás-sico. Mencionamos aqui os seguintes casos:bonum/optimum est é bom/ótimo que paenitet me arrependo-me de quenon est jerendúm é insuportável que parum est é pouca coisa quejucundum est é agradável piget me aborrece-me quemolestum est é desagradável pudet me envergonho-me de que

Nota. A diferença entre o A. c. r. e quod com êstes verbosconsiste no fato de que a segunda construção exprime um julgamento,ao passo que o A. c. r. (ou o simples Inf. subjetivo) registra mera-mente um fato.

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279

Muitos povos, (tais) como os gau-leses e os espanhóis, for.am sub-metidos pelos romanos

À medida que um ato é maisfeio, deve ser castigado maisseveramente

Na medida em que uma coisa émais rara, torna-se mais cara

ser usados para aduzir um

As partículas[§211 ]

Ut quidque est turpissimum, ita/siemaxime vindicandum est

Ut quidque rarissimum est,ita estearissimum (cf. §84, IV, 3)

d) Ut, sicut e velut podemexemplo, p. e.:Multae gentes, ut/velut/sicut Galliet H ispani, a Romanis subactaesunt

Êle reuniu o maior número possí-vel de soldadospara um homem romano (cf.

Quinto Fábio possuía muita cultu-ra para um homem romano (cf.§214, lU, 2b)

2) "UT" TEMPORAL.Cf. §154. Em português podería-mos comparar "assim que" = "logo que", p. e.Ut Romam advenit, templum Apol- Assim/Logo que chegou a Roma,linis visit visitou o templo de ApoIo

Na medida em que fôr necessário,ajudar-te-ei

f) Ut possui ·também valor restritivo, principalmentequando combinado com um superlativo, na combinação: utpotest/potuit, etc., e em certos outros tipos de cláusulas (geral-mente, elípticas). Exemplos:

Prout erit neeessarium, te adjuvabo

Nota. Sem superlativo, emprega-se prout = "ã medida que",p. e.:

3) "UT" EXPLICATIVO-CAUSAL.CI. § 150, lU. - Só emlatim tardio, ut (mais Subj.) passa a exercer a função franca-mente causal.

11. A função interrogativa.1) EM PERGUNTASE EXCLAMAÇÕES.Em latim arcaico e

na linguagem coloquial usa-se ut no sentido de "como ?",

e) Ut, seguido de quisque mais superlativo, e estando emcorrelação com ita ou sic (igualmente seguido de superlativo),significa: "à medida que .... , (tanto) mais" (ut proporcional),p. e.:

Maximum numerum militum utpotuit eoegit

M ultae litterae in Quinto Fabio, utin homine Romano, erant

[§ 211 ]

Que os deuses me co~servem!Êste homem é verdadeiramentenosso pai (lit.: Desejo tão arden-temente que os deuses me con-servem como é verdadeiro queêste h;mem é nosso pai)

Que eu morra, se não é verdadeque tenho grandes despesa~!.(outalvez melhor, menos enfatiCa-mente: Ê verdade incontestávelque tenho grandes despesas)

Sintaxe latina superior

Ut est dives, ita est avarusUt quies certaminum erat,. i.ta abapparatu munitionum mh~l ces-satum est

Nota. Êste ut ... 'Úa equivale a quidem ... , sed (cf. § 188, I,lc) ou a: ut .. , .. tamen (cf. § 162, I, 4).

b) Na é oca imperial, ut..... ita emprega-s~ muitas vêz~~ para.marcar os doisPmembros de uma oposição: "(sem dúvida) ..... mas , p. e..

(Sem dúvida) é rico, mas avarentoEmbora houvesse uma interrupçãodos combates, não se deixo~.deabastecer (a praça) de mUlllçoes

[ta vivam, ut maximos sumptusjacio!

I ta me di servent, ut hic homo nos terpater est

c) Ut se usa muitas vêzes em parênteses, mormente comos verba putandi et dicendi, co.mo tamb~m com os verbosjieri, solere, etc., p. e.: ut(jam) dix1; utjerej~t; utjieri solet, etc.

§211. Ut e uti. - As d~as f~nções fundamentais s_ãOa interrogativa e a relativa; alem dIsso, ha algumas funçoessecundárias.

I. A junção relativa.1) "UT" COMPARATIVO.Êiste ut pode ser e.qu.iva~ente a:

eo modo quo, e a: eodem modo quo; não fare;nos dI~tmça? entreas duas funções que, também em portug~es, mUlt~s ~ezes s"econfundem e sempre podem ser traduzIdas 'p0~' co~o.Ao ut comparativo corresponde, na oração prmcIpal! mUltasvêzes ita ou sic (cf. § 180); com talis, tot, tantus, etc. nao se u~aut mas qualis quot, quantus, etc. (cI. § 164, lI). Exemr}os .eu/ comparativ'o encontram-se no. § 164,. I; no ~ 165, I Ja aSSI-nalamos o emprêgo de ut si (maIs SubJ.) em clausulas .c~mpa-rativas condicionais. Aqui registr~mo~ apenas alguns IdlOma-tismos de tit, principalmente de ~tals1c ut.

f· - a se muitasa) Em juramentos e solenes a Irmaçoes us -

vêzes: ita .... ut (cI. § 178, lI, 4). Exemplos:

278

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em perguntas diretas e indiretas, caso em que a prosa clássicaprefere circunlocuções do tipo: quomodO? quemadmodum?,etc. Na poesia, ut é relativamente freqüente em perguntasindiretas. Emprega-se ut interrogativo também em exclama-ções (independentes e dependentes), cf. §62, lI, 1. Exemplos:

280 Sintaxe latina superior [§ 211 ]

CAPÍTULO XI

NOTABILIA VARIA

2) PARTíCULAOPTATIVA. Ut interrogativo-exclamativopode ser usado também em combinação com o optativo pro-priamente dito: Ut mox redeas! = "Como (desejo que) voltes!"= "Oxalá voltes logo!". 1!;steemprêgo de ut encontra-se aindaem latim arcaico e na linguagem coloquial, mas a prosa clás-sica prefere geralmente utinam (cf. §56, I). É sabido que apartícula enclítica -nam podia ser a"crescentada a um pronomeou advérbio interrogativo (cf. §204, lI, 2).

3) CONJUNÇÃO(mais Subjuntivo). a) É partindo da suacombinação freqüente com o optativo que ut exclamativochegou a ser conjunção final, cf. § 145, r.

b) Ut consecutivo originou-se, no mais das vêzes, damesma partícula combinada com o potencial, cf. §147,IlI, 3.

e) Ut concessivo originou-se igualmente de ut exclama-tivo, neste caso, combinado com o Subj. permissivo ou con-cessivo (cf. §162, I, 4). Exemplo:

O pai e a mãe partiram (cf. §42,I, 1)

§212. Observação preliminar. - Neste capítulo pre-tendemos tratar de alguns assuntos que ainda não. tivemosoportunidade de estudar mais detalhadamen~e! t~lS. como,questões de concordância, certos e~pregos ldIOmatlCos dosubstantivo, do' adjetivo e do advérbIO, os graus ?e compa-ração, os diversos pronomes, etc. Longe de nós ? mtento dedar um catálogo mais ou menos completo de todas as par-ticularidades que o latim apresenta e~ re.lação a ê~s~s assun-tos: limitar-nos-emos a dar algumas l.ndlCações rapld~s. qu~podem ter importância prática para o leItor de textos classlCos.

§213. Problemas de concordância. De um modo ge:a!,a concordância em latim não apresenta problemas eSpeCIaISao leitor brasileiro; só poucos casos merecem menção .explí-cita sendo que podem ser estudados melhor pela análIse deexe~plos esquemáticos do que pela formulação de regrascomplicadas. .

r. Sujeitos de g~neros diferentes.1) PESSOAS.

Pater et mater projecti sunt }Pater projectus est et materPater et mater projecta est

Como vais?Pergunto-te como vaisComo desprezou seus inimigos!Vê como êle desprezou seusini-migos!

Pôsto que sejam insuficientes asfôrças, a boa vontade é louvável

Ut vales 'I (coloquial)Rogo te ut valeasUt hastes contempsit!Vide ut hastes contempserit!

Ut desint vires, tamen est laudandavoluntas

M ea bona ut dem Bacchidi dono?Non jaciam! (exclamativo)

Te ut ulla res jrangat? Tu utumquam te corrigas? (potencial)

lI. Sujeitos de pessoas diferentes. § Cf. 38, lI.IlI. A constructio ad sensum.

Pars magna militum vulnerati sunt/ Uma grande parte dos soldadosvulnerata est (cf. §42, I, 3) ~oi ferida

Dux cum aliquot militibus captus FOI preso o general com algunsest/capti sunt (cf. §42, I, 3) s?lda~os

Duo milia militum capti sunt/(raro) DOISmIl soldados foram presoscapta sunt (cf. §88, 4, 2c)

Foram traz idas uma espada e umalança

2) COISAS.

et hasta allata sunt }allatus est et hastaet hasta allata est

GladiusGladiusGladiusEu dar (de alguma maneira) meus

haveres a Báquide? Nunca!Poderia (de alguma maneira) aba-lar-te coisa alguma? Poderias(de alguma maneira) jamais cor-rigir-te?

Nota. Evidentemente não se pode traduzir êste ut indefinidoao pé da letra: "de alguma maneira"; seria uma tradução muitoenfática e pesada. Do ponto de vista do tradutor brasileiro, ut épartícula "expletiva".*

lIl. A função indefinida. Ut, nesta função, significa: "de algumamaneira"; segundo muitos lingüístas modernos ut exerceria esta funçãonos seguintes tipos de perguntas, construídas com o Subj. exclamativo(cf. §57, V) e com o Potencial (cf. §56, lI):

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283

S6crates de AtenasEpaminondas de Tebas

Lemos esta fábula em Her6doto,o pai da hist6ria

Atenas, a inventadora de tôdasas disciplinas/a cabeça da Gré-cia, foi conquistada por Sila

Ontem vimos Quinto e Túlio, osfilhos de Cícero

Os prazeres, (êsses) tiranos lison-jeiros, arrancam o coraçã~ davirtude

Túlia, minha delícia, faleceu!Admiramos sobremaneira a Natu-reza, (êsse) guia/Cessa) mestrada Arte

Vesôncio, que é a maior cidade dosséquanos, foi conquistado porOésar

O amor da sabedoria, a que damoso nome de filosofia, é muitoútil para todos

Notabilia varza'~11 ]

Socrates AtheniensisEpaminondas Thebanus

Apud Herodotum, patrem historiae,hanc jabulam legimus

Athenae, omnium doctl"inarum in-ventrices/caput Graeciae, a Sullãcaptae sunt -

H eri vidimus Quintum et Tulliam,jilios Ciceronis

Voluptates, dominae blandissimae,animum a virtute detorquent

Tullia, deliciae meae, mortua est!Naturam, ducem/magistram artis,imprimis admiramur

lI. Apostos de nomes próprios. 1) A natura,lidade depessoas"é indicada por meio de adjetivos, p. e.:

Nota. As palavras dux, artijex, heres, comes, testis, parens,adulescens, sacerdos, custos, injans, etc., podem indicar pessoas deambos os sexos (sãoos chamados substantiva communia); as palavrasdeus, dominus, magister, minister, nuntius, rex, victor, adjutor, etc.,têm forma especial, quando se referem a indivíduos do sexo feminino:dea, domina, magistra, ministra, nunlia, regina, victrix, adjutrix, etc.(são os chamados substantiva mobilia).

2) Nomes próprios, tanto geográficos como de pessoas,não costumam vir acompanhados de um qualificativo apre-ciativo ou depreciativo sem outro acréscimo, mas prefere-se

§214. O apôsto. - I. A concordância quanto ao{.fênero. O apôsto concorda sempre em caso com o subst. aque se refere; sendo possível, também em número e emgênero. Exempl.?s:

'·('sontio, quod est oppidum maxi-Jlmm Sequanorum, a Caesarempta/captum est

Slnrlium sapientiae, quam philo-80phiam dicimus, omnibllS peru-tile est

:\) O PRONOMERELATIVO. Encontrando-se na cláusulaI' I:iliva um predicado-substantivo, o pron. relativo concorda, 111 gênero não com o antecedente, mas com o predicado da"I:íwmla, p. e.

[§ 213 ]

Nem todo e qualquer êrro mereceo nome de estultícia

Aquelas legiões constituíam o nú-cleo do exército romano

o que tu chamas de virtude, con-sIdero eu como loucura

Isto/Tal coisa não é generosidade

Que coisa é a verdade ?/o homem?

Tu pareces ser alguma coisa (= tercerta importância), eu nada sou

O que eu sou hoje, tu o serásamanhã

Sintaxe latina superior

A mulher é sempre um ser incons-tante e caprichoso

Um soldado velho é coisa tristeNota. Usa-se esta <Íont -

(cf. §23 I) P d' s ruçao mormente em "frases nominais", ,. o erIamos comparar em po t A "O ;e bom para a saúde". ,r ugues: erveJa não

282

Turpe senex miles

IV. O predicado no gênero neutro.Varium et mutabile semper jemina

V. O predicado-substantivo.N on omnis errar stultitia dicenda estlN on omnis errar dicendus est stultitia f

VII. Pronomes.

1) O PRONOMESUJEITO OS dsujeito de uma fra d . pron., quan o usados comodicado-substantivo~e, evem co~c~rdar em gênero com o pre-de "tal coisa") d' em prosa classlCa, hoc (no sentido genéricopo e ocorrer só em frases negativas. Exemplos:Haec .(não: Hoc) est causa doloris Esta/Isto é d'mez a causa a mmha dorQuae est causa doloris tui'l Q l'Hic est pater meus/Haec est mater E-uta ea caus.a da tua dor?mea s e é meu paI/Esta é minha mãe

Quam. tu dicis virtutem eandemego jurorem existimo '

Hoc non estliberalitas

VI. Números diferentes.

Illae ~egiones totius exercitus Ro-lmam robur erat. Erant illae leu.iones/Illae legiones (erant robur toh us exercitus Romani J

2) O PRONOMEPREDICAD M~~:~f~:~J~'cO:n~orrod:~m~~estãoO'I?~it:: ;~:e~d~o u~~~~~o,con~~mente nos seguintes tipo~ d~ :~~~~~~õe;~to ocorre principal-Quid est veritas 'I/homo 'I (defini-ções)

Tu aliquid esse videris, ego nihilsum

Quod hodie ego sum, tu id cras eris

Page 149: Besselaar Propylaeum Latinum 1

282 Sintaxe latina superior [§ 213 ] [§ 214 ] Notabilia vana 283

Sócrates de AtenasEpaminondas de Tebas

Lemos esta fábula em Heródoto,o pai da história

Atenas, a inventadora de tôdasas disciplinasja cabeça da Gré-cia, foi conquistada por SiIa

Ontem vimos Quinto e Túlio, osfilhos de Cícero

Os prazeres, (êsses) tiranos lison-jeiros, arrancam o coraçã~ davirtude

Túlia, minha delícia, faleceu!Admiramos sobremaneira a Natu-reza, (êsse) guiaj(essa) mestrada Arte

VesÔncio,que é a maior cidade dosséquanos, foi conquistado porCésar

O amor da sabedoria, a que damoso nome de filosofia, é muitoútil para todos

Socrates AtheniensisEpaminondas Thebanus

Tullia, deliciae meae, mortua esttN aturam, ducemjmagistram artis,imprimis admiramur

Apud Herodotum, patrem historiae,hanc fabulam legimus

Athenae, omnium doctrinarum in-ventriccsjcaput Graeciae, a SullCicaptae sunt .

Heri vidimus Quintum et Tulliam,filios Ciceronis

Voluptates, dominae blandissimae,animum a virtute detorquent

lI. Apostos de nomes próprios. 1) A natura,lidade depessoas"'é indicada por meio de adjetivos, p. e.:

2) Nomes próprios, tanto geográficos como de pessoas,não costumam vir acompanhados de um qualificativo apre-ciativo ou depreciativo sem outro acréscimo, mas prefere-se

Nota. As palavras dux, artifex, heres, comes, testis, parens,adulescens, sacerdos, custos, infans, etc., podem indicar pessoas deambos os sexos (sãoos chamados substantiva communia); as palavrasdeus, dominus, magister, minister, nunlius, rex, victor, adjutor, etc.,têm forma especial, quando se referem a indivíduos do sexo feminino:dea, domina, magistra, ministra, TI,unlia, regina, victrix, adjutrix, etc.(são os chamados substantiva mobilia).

§214. O apôsto. - I. A concordância quanto aogênero. O apôsto concorda sempre em caso com o subst. aque se refere; sendo possível, também em número e emgênero. Exempl.?s:

3) O PRONOME RELATIVO. Encontrando-se na cláusularelativa um predicado-substantivo, o pron. relativo concordaem gênero não com o antecedente, mas com o predicado dacláusula, p. e.Vesontio, quod est oppidum maxi-mu.m Sequanorum, a Caesarecaptajcaptum est

Studium sapientiae, quam philo-sophiam dicimus, omnibus peru-tile est

Nem todo e qualquer êrro mereceo nome de estultícia

Aquelas legiões constituíam o nú-cleo do exército romano

O que tu chamas de virtude, con-SIdero eu como loucura

Isto/Tal coisa não é generosidade

Que coisa é a verdade ?/o homem?

Tu pare?es ser ~Iguma coisa (= tercerta Importancia), eu nada souO que eu sou hoje, tu o serásamanhã

A mulher é sempre um ser incons-tante e caprichoso

Um soldado velho é coisa triste

(cf. N§~~a'I)Uspa-sdee~ta construção mormente em "frases nominais", . o erramos comparar em po t A "C .é bom para a saúde". ,r ugues: erveJa não

Turpe senex miles

IV. O predicado no gênero neutro.Varium et mutabile semper femina

V. O predicado-substantivo.N on omnis error stultitia dicenda est \N on omnis error dicendus est stultitia f

VI. Números diferentes.

Illae ~egiones totius exercitus Ro-lmant robur eratErant illae leu.iones/Illae legiones (erant robur totws exercitus Romani J

VII. Pronomes.1) O PRONOME SUJEITO O

sujeito de Ulha f d" s pron., quando usados Calhadicado-subst . ra~e, evem cOI;c~rdar em gênero com o pre-de "tal cOisa~)ltlVâ' em prosa classIca, hoc (no sentido genéricopo e ocorrer só em frases negativas. Exemplos:

H~~/não: Hoc) est causa doloris Esta/Isto é a causa da minha dorQuae est causa doloris tui P Q I'Hic est pater meus/Haec e;t mater Ê~a éea caus.a da tua ?or?mea s e meu paI/Esta é mmha mãe

Quam. tu dicis virtutem eandemego furorem existimo '

Hoc non estliberalitas

~) O PRONOME PREDICADO. Mas quandod d usados comopre ;ca os, os pronomes estão muitas vêzes no neutro -precIsando concordar com o sUJoeito I t ' naoment. . s o ocorre principal-e nos segumtes tipos de expressões:Quid est veritas ?/homo? (defini-ções)

Tu aliquid esse videris, ego nihilsum

Quod hodie ego sum, tu id cras eris

Page 150: Besselaar Propylaeum Latinum 1

285

Pelópidas era bastante eloqüentepara um tebano

Notabilia varza

Notas. . )1) Aqui se poderia usar também utpote (cf. §A198 d t como

A A d t originou-se o emprego eu ..2) Deste empre~o .e u( f §211 I 3): Achaej" ut erant socnconjunção causal-exphc~tlva c. "

Romanorum, auxilia m~serunt.

Ex vitã discedo tamquam/velut exhospitio

d' t' - r Atributo§215. Particularidades do a Je IVod· d m'odo atribu~O d' t' s podem ser usa os e

e predicado. s a .Je IV; t' (f § 19 r) da mesma formativo e de modo ~eml-pre lCa IVO c. em~rêgo do adj. nesciusque os substantlvos. Compare-se o

nas duas seguintes frases: .. . ') Êle despreza os homens Ign~rantes

Contemnit hom~nes nescws. (atrIb. . Sem os pais saberem, fIz estaNesciis parentibus hoc ~ter jec~ viagem(semi-pred.)

.. . tais como' invitus, imprudens, nesciu~/Alguns adJe~lvos, f 23 II 1) são quase exclUSI-

inscius, salvus, mvus, e~c. (c .. § edicahv; mas em tese todovamente usado~ ~e mo o seml-~~ re ado' da mesma forma.e qualqu:r adJetIvlo pod: ;eremp~g: predicativo, no sentidoNã~ preClsamos fa ar aqm o. homo nesdus est; Puto eumestnto da ~alavra A(P. e~ H2C enta nenhuma dificuldade aonescium), cUJOemprel?o nao apresleitor de textos classlCos.· A .

... d' . O emprego seml-lI. Outro emprêgo seml-pre ~~~~~:o~er qualificado de

predicativo, estudado até agora'b ~ u adj ou parto empre-"circunstancial", visto que um su s . o. ,

Futura nobis cecinit ut vates

Parentem veretur ut deum

[§215]

b) quando o apôsto tem valor restritivo (cf. §211, r, lf),p. e.:Pelopidas, ut Thebanus, satis elo-quens erat

c) quando o apôsto não indica reali~:~:~ ~~~:;l~~~u~idéia de compara~ão; neste ~a~is P~~~~ga-se: "como (que),tamquam ou quaS2; em portf gt b 'm §25 II 5). Exemplos:como se", etc. (cf. § 165; c. am e "

Predisse-nos o futuro como sefôsse adivinho AÊle venera seu pai como se fosseum deus

Parto da vida como de uma hos-pedaria

1) A frase se-

o eloqüente CíceroO erudito VarrãoO divino PIatãoO criminoso VerresA próspera Corinto

Vimos o cônsul CíceroVimos Cícero, quando era cônsul(mas nunca mais depois)

O que tu farias, se fôsses cônsul?Catão começou a escrever suahistória, quando já estava velho

Os aqueus, como aliados dos roma-nos, enviaram tropas auxiliares

Sintaxe latina superior284

usar um apôsto em forma de um subst., ou então, um adj.acompanhado do pron. demonstrativo ille ou iste. Exemplos:Cicero, vir eloquentissimusVarro, vir doctissimusDivinus ille PlatoS celestus iste VerresCorinthus, urbs opulentissima

llI. Atributivo e semi-predicativo.guinte admite duas traduções:

Ciceronem consulem vidimU8 {

Notas. 1) Fazem exceção a esta regra os apelidos, tais como:Alexander Magnus, Sulla Felix, etc.

2) Reparem bem no emprêgo do superlativo pelo positivo emquase todos os exemplos dados acima.

Na primeira hipótese (cuja tradução literal seria: "VimosCícero, o cônsul"), consulem é apôsto atributivo, isto é, estapalavra refere-se direta e exclusivamente ao objeto diretoCiceronem; na segunda hipótese, consulem é empregado demodo semi-predicativo, isto é, esta palavra diz alguma coisatambém sôbre as circunstâncias em que vimos Cícero; talapôsto semi-predicativo pode ser substituído por uma cláusulaadverbial (cf. § 19, r). Muitas vêzes acontece, principalmentena linguagem poética, que um subst., usado como apôsto,exerce essa função semi-predicativa; não só os subst. que jáencontramos no §23, lI, 2, mas todo e qualquer subst. podeser empregado da mesma forma. Outros exemplos:Quid tu consul jaceres?Cato senex historiam scribere insti-tuit

2) OBSERVAÇÕES:

Em três casos acrescenta-se a partícula ut a tal apôstosem-predicativo:

a) quando o apôsto tem valor causal ou explicativo, p. e.:Achaei, ut 80cii Romanorum, auxi-lia miserunt

Page 151: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Notas.1) Prior e posterior usam-se, quando se trata de ,duas pessoas

ou coisas (cf. §218, II, 1); primus e postremus/novissimus/ultimus,quando se trata de mais pessoas ou coisas.

2) Na linguagem poética e, de um modo geral, na época impe-rial, êste emprêgo do adj. é muito freqüente, cf. nocturnus deam-bulat ("de noite vagueia"), e: serus venisti ("chegaste muito tarde"),etc.

lU. O emprêgo limitativo. A expressão: summus monsqller dizer, em geral, não: "a mais alta montanha", e sim:"o cume da montanha". Êste idiomatismo do latim clássicomuitas vêzes denominado o emprêgo "predicativo" do adj.

8ummus, ao que nos parece, menos corretamente. Melhorseria o têrmo: "limitativo", porquanto summus não se refereà montanha na sua totalidade, mas a referência se limita auma parte da mesma "a montanha onde ela é mais alta" >!Ia parte mais alta da montanha". Vários adjetivos latinos,

gado dessa forma, faz as vêzes de um complemento circunstan-cial, substituível por uma cláusula adverbial ou conjuncional.Na frase portuguêsa: "Êle voltou alegre do seu trabalho" 11 oadj. alegre tem igualmente função semi-predicativa, mas decnráter um pouco diferente: aqui o adj. aproxima-se muito dovalor adverbial: "alegremente", caso em que poderíamos falardo emprêgo modal do adjetivo. Êste emprêgo é muito comumem latim, bem como em português; em tese, todo e qualquer

. pode ser usado dessa forma, mas são principalmente osseguintes adjetivos que admitem tal aplicação:

287

o acampamentohiberna!

a mão esquerdaa pátria

o fim/final dea parte traseira deo início deo ponto mais alto dea última parte de

laeva (man us)patria (terra)

hiberna (castra)

No fundo da lágoaNo centro da cidadeNo início da luz (do dia) = Aoamanhecer

No fim do verãoA vanguarda/A retroguarda doexército

novissimus \postremus fprimussummusultimus

Notabilia varza

as cãsa (mão) direita

o amigo

a extremidade deo fundo deo interior deo centro de

amicus (homo/vir)

cani (capilli)dextra (manus)

Nota. Geralmente, o adj. no emprêgo restritivo precede. ~subst,: in medio colle, mas também se encontra, n:, mesma acepçao:in colle medio. A distinção que muitas gram~tIC~s fa~~m entre.in medio colle (restritivo) e: in colle medio (atnbutlvO: no morro. central"), não tem muito cabimento.

Extremã aestatePrimum agmen/Novissimum agmen

IV. A substantivação. 1) Alguns adjetivos passarama ser verdadeiros substantivos (cf. §29, 11), p. e.:

2) Em geral, porém, o latim evi~a a substantivação deadj. no masco e fem. sg., feit~ exceção aqu?las palavras ~ue setransformaram em verdadeuos substantlVos (cf. S?ipl a, 1).Destarte é preferível dizer: vir doctus a doctus; homo Rom~nus/Romanus aliquis/Romanus quidam a Romanus, etc. N o gen~roneutro, a substantivação é mais comum, p. e.: bonum, uttle,verum, jalsum, etc.

3) No plural a substantivação é muito freqüente no nom.e , • (" 'b''')e no ac., p. e.: nostri ("os nossos"), saptentes os ,,~a l~S ,

bona ("os bens"), omnia ("tudo"), haec/ista/il!a/ea. ( lSt~/lSSO/aquilo") etc. Nos outros casos, a substantlVl),çao aphca-sepreferiv~lmente ao gênero masculino, não ao gênero ,~eut:o:bononim, em geral, quer ,dizer; "dos (~o~ens) bons,,' n~o:"dos bens"; omnium/ommbus, em geral. de/a todos, nao.

Exemplos:ln imo lacu/ln infimo lacuI n mediã urbePrimã,luce

I· adml'tem eAste emprêgo restritlvo.na maioria super atlvos,Mencionamos aqui:extremusimus \infimus fintimusmedius

[§215][§ 215 ]

primeira(mente)rara(mente)sô(mente), sozinhotodo, totalmentepor último

priorrarussolustotusultimus

S6crates tomou o veneno volun-tàriamente

César foi o primeiro a tomar estacidade

Esta foi a primeira cidade a sertomada por César

Primeiro chegou meu amigo, poucodepois eu

Sintaxe latina superior

voluntària (mente)por últimomais tardepor últimoprimeiro

286

libensnovissimusposteriorpostremuspl'imus

Exemplos:

Prior amicus advenit, paulo post ego

Hanc urbem Caesar primus cepit

,";ocrates venenum libens bibit

.1ianc urbem primam Caesar cepit

Page 152: Besselaar Propylaeum Latinum 1

. Mas também se encontram expressões dêste tipo, sem quenos seja possível reconhecê-Ias pela colocação das palavras:

Nota. Os advérbios numerais em -um (primum, iterum, ter-tium, etc.) querem dizer: "pela primeira/segunda/terceira, etc. vez");os advérbios em -o, (primo, secundo, tertio, etc.) indicam, em geral,a ordem cronológica, ao passo que os em -um podem, além dosignificado já registrado, indicam também a ordem lógica. Masessa distinção nem sempre é observada pelos autores clássicos.

2) Mais freqüente é o emprêgo atributivo de um subst.precedido de uma preposição (= adv.); aqui a colocação daspalavras pode ajudar a compreensão do texto. Exemplos:Caesaris in Hispaniã res secundae Os sucessos de César em EspanhaMeus in te amor Meu amor para contigoNostra apud Tenedum pugna na- Nossa batalha naval perto devalis Tênedo

Ciceronis de Fato libri Os livros de Cícero sôbre o Destino

289

a) imagens de bronze;b) moedas de bronze (cf. "cobres")

tábuas recobertas de cera (parafazer anotações): canhenho

chuvas de pedra, saraivadasnevadasfacécias, chistes

grandinesnivessales

cerae

aera

Notabilia varta

granizanevesal

cera

bronze

grandonixsal

cera

aes

M iles seditionem facit

§217. O singular e o plural: -. L O singu.'a;rcoletivo •.O singular serve muitas vêzes para mdICar a coletivIdade, p. e.

Chegou o inimigo = Chegaram osinimigos

Os soldados amotinam-se

Hostis adest = H ostes adsunt

II. O Plural. 1) Substantivos nom.As . de matéria sãofreqüentGmente usados no plural para mdICar objetos con-cretos, p. e.:

2) Na linguagem poética, o plural de subst. coletivos temmuita,s vêzes valor individualizante, p. e.:

Nota Mesmo assim o emprêgo atributivo de preposições comseu regim; é menos freqü~nte em latin:: d? que ~as línguasl moder~s,limitando-se a certos tipos, dos qUaIS Já_ reglstramo~ 2: guns. ~geral o latim clássico prefere eonstruçoes com adJetIvos, IA. ; ..Bell;'m Parthicum, poculum aureum (cf. §88,. VII), Soc;ate~ t~-. . (f §214 II) ou com cláusulas relatIvas, p. e .. Czceromsnzensts c. " od t P th s factum

libri qui de Fato inscribuntur; Bellum qu con ra ar oest, etc.

11. O emprêgo predicativo. à emp~~go pre~lica~iv? dosadvérbios latinos (com "verbos de, ligação ) é mUlto hmIt~d~em latim; mencionamos aqui apenas,:, bene est.= bene_~~ha et."está bem"; frustra est inceptum: a tentativa é va

IIl. Os pronomes adverbiais. Os pronomes c~am~dos"adverbiais" (tais como quo, ubi, unde, etc.) podem, as v1zes,referir-se a pessoas; em prosa clássica, usa-se sobretu o apalavra unde nesta função, p. e.:

Apoio é o deus, a quem todosApollo est deus, unde omnes con- ]hsilium expetunt (unde = a quo) pedem conse o

. Admiro muito os atenienses, dosAthenienses unde omnis doctnna I

' d' ( d quais deriva tôda a cu turaorta est, magnopere a mzror un e= a quibus)

1~217][§216]

Meu amor para contigoUm homem desesperadoUma vida elegante, requintadaUm cálice de ouroA guerra contra os partos

Nos outros dias seguidosUm homem no sentido verdadeiroda palavra, ou: Um homem deverdade '

A perdição/ruina quase totalMário durante seu primeiro/se-gundo consulado

Sintaxe latina superior288

Amor meus in teH oino sine speVita cum eleganti{J,Poculum ex auroBellum contra Parthos

Paene funusMarius primum/iterumconsul

"dela tudo", etc. No gênero neutro, o latim cOstuma acres-centar a palavra res (no sg. e no pI.): hujus rei = "disto";omnium ,rerum = "de tudo"; nullius rei = "de nada", etc.Mas esta regra não deve ser interpretada com rigor demasiado:encontramos em prosa clássica também expressões do tipo:his dictis = "depois de ditas estas coisas"; quibus completis= "(e) depois de terminadas estas coisas", etc.

§216. Particularidades do advérbio. - L O emprêgoatributivo. O advérbio latino pode ser empregado à maneirade um adjetivo atributivo; êste emprêgo é, porém, muitomenos freqüente do que em grego, devido à inexistência doartigo em latim. Também em português a construção ocorres6 esporàdicamente, p. e. na expressão: "O então governador".Exemplos:Reliquis deinceps diebusPlane vir

Page 153: Besselaar Propylaeum Latinum 1

290 Sintaxelatinasuperior [§ 217 ]

silva

a florestasilvaeas árvoresclassis

a frota classesos navioslitus

a praia litoraos grãos de areiapopulus

o povo populios homens

3) Na linguagem poética, usa-se muitíssimas vêzes o plu-ral pelo singular; êste plural tem o nome tradicional de "in.,.tensivo", mas sem razão, porque só incidentalmente serve parasalientar a grandeza ou a excelencia de uma coisa. N o maisdas vêzes, é um plural poético, devendo-se seu emprêgo auma necessidade ou conveniência métrica da versificação la-tina. Um poeta latino não podia servir-se, num hexâmetro,das palavras: v'inü1n Mbünt, ao menos, nesta ordem. Ora,para remediar êsse inconveniente, podia escrever: v'in Mbünt,combinação que quadrava perfeitamente com o esquema dohexâmetro. Na célebre frase de Ovídio:

encontramos o plural "poético": êrêctõs (vültüs). porque osg. êrêctum (vültum) não se ajustaria ao hexâmetro (-tum fariaelisão com ad).

Mas o plural "poético", introduzido na linguagem poé-tica como solução de emergência, tornou-se um elemento tãoinseparável da mesma que, com o tempo, foi sendo empregadotambém, onde o metro do verso não o exigia, transformando-senum plural "intensivo"; seu emprêgo passou a estender-seà prosa da época imperial, onde encontramos: templa paraindicar "um grande templo", Priami regna: "o Império dePriamo", etc,

4) Substantivos concretos e abstratos, quando se referema mais pessoas ou coisas, vão geralmente para o plural, aopasso que as línguas modernas preferem o singular. Exemplos:

291

maneiras de morrergêneros de ódio

mortesodia

Êste menino é bastante atrevidoÊste menino é atrevido demais/muito atrevido

Esta tôrre é a mais alta de tôdas

Esta torre é altaEsta torre é mais alta do queaquela

1) Esta torre é muito alta/altís-sima;

2) Esta torre é a mais alta (detôdas)

illã \f

(

Notabilia varza

espécies de audáciatipos de inveja

Hie puer audax est (= satis audax)Hie puer audaeior est (= nimisaudax)

H aee turris omnium al~issima ~st }Haec turris ex/de ommbus alt2s-sima est (cí. §88, V, 230)

Nota. Esta última função do comp. latino encontra-se tambémem combinação com quam ut/qui, cf, §147, lU, 3, e §168, IV, 3.

OBSEHVAÇÕES:

1) Quanto ao abl. de comparação, cf. §82, IIl; quantoao abl. de medida, muitas vêzes acrescentado a um compa-rativo, cf. §84, IV.

2) O superlativo latino (altiss1'mus), além de indicar, comoem português, um grau muito alto s~m comparaçã~ (é o cha-mado sup. "absoluto"), indica tambem o grau maIS alto emrelacão a outras coisas (é o chamado sup. "relativo"), Ao~ 'tsuperlativo relativo (= "o mais alt?") acrescentt:t-se mUl asvêzes um gen. partitivo, ou a preposIção de/ex maIS abl. paradistingui-l o do absoluto (cf. §88, V Ia), p. e.:

3) O comparativo latino, quando não seguido de outrotêrmo de comparação, pode indicar também l~m grau "bas-tante" elevado, ou então, excesso de certa qualIdade (em por-tuguês: "demasiadamente/demais", etc.; freq:üe~ten:ente seusa também "muito"; ('f. em francês: trop; em mgles: toa).Exemplos:

Haee turris alta estHaee turris altior est quamHaee turris altior est illã

Haee turris altissima est

§218. Os graus de comparação. - r. Regras e exem-plos. Vejamos primeiro os exemplos:

5) Substantivos abstratos, quando usados no plural, têmmuitas vêzes o significado de: "espécies/tipos, etc. de", p. e.:

r § 218 ]

audaciaeinvidiqe

(Prometeu) deu ao homem umrosto voltado para cima, e orde-nou-lhe contemplar o céu e le-vantar o olhar erguido para osastros

Os germanos têm corpo muitogrande

Os pitagóricos costumam desviar~ua atenção das coisas corpóreaes

Germani ingenti magnitudine eor-porum sunt

Pythagoraei mentes suas a rebusçorporeis avertere solent

Os hõm'ini sübtrme dedU eaelümquetuer'i

Jüss'ít et ereetõs ãd s'iderã tõllerevültüs

Page 154: Besselaar Propylaeum Latinum 1

. Nota: _As~i~ se expliq,am expressões, tais como: Asia Minar~emA 0poSlçao a Grande Asia"); Germania inferior, etc. Cf. emmgles: Greater London.

4) As regras formuladas aqui aplicam-se também aosgraus de comparação dos advérbios; igualmente as regras aserem expostas nas seguintes páginas. Exemplos:

293

Os belgas são de longe/incontes-tàvelmente os mais valentes detodos os gauleses

Cícero tem de longe/indubitàvel-mente o maior valor de todos osoradores romanos

É piedosoÉ mais piedosoÉ muito piedosoÉ o mais piedoso (de todos)

Bebeu muitíssimo vinhoBebeu a maior quantidade devinho (de todos)

Tem muitíssimos livrosTem o maior número de livros (detodos)

Notabilia varza[§218]

Cicero longe/multo plurimum valetomnium oratorum Romanorum

Belgae longe/multo jortissimi suntomnium Gallorum

H abet plurimos librasH abet plerosque libras Cí. §88,V, 2b

Bibit plurimum vinumBibit plurimum vini (gen. parto)

3) Em vez de valde pode usar-se também admodun (cf.§ 171), prorsus (cf. § 187, lI), sane (cf. §190), etc. Comverbos também: multum, magnopere, etc.

IV. Partículas com o superlativo. O superlativo (rela-tivo) em latim pode vir acompanhado de várias partículas,como o demonstram os seguintes exemplos:

IlI. As .formas analíticas. 1) O latim possui tambémas formas analiticas dos graus de comparação:

Nota. Os superlativos correspondentes a plus são plurimus,plurimi (adjo) e plerique (subst. e adjo). Exemplos:

Pius est (positivo)Magis pius est (comp.)Valde pius est (sup. absoluto)Maxime pius est (sup. relativo)

Esta construção é, porém, relativamente rara em latimclássico, feita exceção ao caso já registrado supra (lI, 2) eaos adjetivos que terminam em -i1lS, -eus e -uus (e. aosadvérbios derivados), p. e. pius, idoneus e arduus. Mas adje-tivos, tais como antiquus e iniquus, têm geralmente as formassintéticas, porque o primeiro -u destas palavras não tem ovalor de vogal.

2) Magis não pode ser combinado com subst.; a fraseportuguêsa: "1.tle bebeu mais vinho", deve ser traduzida porplus mais gen. partitivo (cf. §88, V, 1b) : Bibit plus vini;estando o subst. no plural, deve-se usar plures (adj.), p. e.:Habet plures libros quam ego: "Êle tem mais livros do que eu".

[§218]

Falaste mais atrevidamente do queteu irmãoFalaste com bastante atrevimentoFalaste com demasiado atrevi-mento

Falaste muito atrevidamenteFalaste com o maior atrevimentoFalaste com o maior atrevimentode todos

Quem dos dois é o maior?A maior parte dos homens ....

Éle é mais rico que feliz

Éles lutaram com maior valentiado que felicidade

o latim não usa o sup., masde comparar duas pessoas ou

Sintaxe latina superior292

Audacius locutus es quam jrater/jratre

Audacius locutus es [lA udacissime locutus es {

Audacissime omnium/praeter omnes{(cf. § 115, C) locutus es

lI. Particularidades. 1)sim o comp., quando se tratacoisas entre si, p. e.:Uter eorum major est?Major para hominum ....

. 2) Comparando-se duas qualidades de uma só pessoalcOIsa, ou. ação, emprega-se a forma analítica do comparativoc0I?- mag~s, ou então, as duas qualidades levam a forma sin-tétlCa do comparativo. Exemplos:Magis dives est quam jelix \Divitior est quam jelicior f

Magis jortiter quam jeliciter PUg-}

naveruntFortius quam jelicius pugnaverunt

3) Para indicar uma proporção, o latim pode servir-sede: quolquant? o • o ••• eoltanto (mais comp.), ou então de: utqu~squeoo ••• ",ta (maIS sup.). Exemplos:'

Quo quid est rarius, eo est rariusl

Quanto quid est rarius, tanto estrariu.s (cf. §84, IV, 3) À medida· que uma coisa é mais

Ut qmdque est rarissimum ita rara, torna-se mais caraest carissimum (cf. §211, Í, le»)

Nota. Com quo/quanto usa-se quis quid, etc., no sentido dealiquis, aliquid, etc. (ci. §227, I, 3a). '

Page 155: Besselaar Propylaeum Latinum 1

2) A partícula veZ (cL §202, I, 2), combinado com o sup.,geralmente enfraq~ec~ o valor do mesmo ("talvez"), pelomenos, em prosa classlca; quando vem acompanhado de unusf ('" t t' I 't" ) ,re orça-o mcon es ave men e , etc.; mas às vêzes veZ sem

oyt.r0 acr~scimo, funciona também como partícula d~ refôrço.E lmposslvel formular regras exatas a êsse respeito. Só ocontexto pode decidir a questão. Exemplos:

Notas.

1) Vel, empregado como adv., pode ser combinado tambémcom verbos, subst. e pronomes, com o significado de: "até mesmo",p. e.:

Gloriae expetendae carsã homines Os homens suportam até mesmovel jarr em et sitim' peljerunt fome e sêdE' para granjear glória

Per me vel stertas licet Por mim podes até mesmo roncar2) Além disso,. vel pode ser usado no sentido de velut = "por

exemplo":

Sintaxe latina superior 295

Êle é tão feliz como valenteNão é tão rico como seu paiNão combateu com tanta valentiacomo felicidade

Quanto tempo ainda falta paraentmrmos na luta?

Espera que se lute sem demora

Como é avarento!Como procedeu prudentemente!Como/Quanto deseja ser louvado!Vê como êle é avaro!

Assim como ut, também aquamde) é advérbio interro-

Visitamos justamente os templosmais bonitos de Roma

Jugurta armou o maior númeropossível úe tropas

Lê o mais possível!

Justamente os melhores cidadãosforam mortos pelo tirano

Notabilia varza

3) Reparem bem nas seguintes construções:

Tam jelix est quam jortisN on est tam dives quam pater ejusN on tam jortiter quam jeliciterpugnavit

Quam mox dimicandum sit, ex-spectat (cf. §156, IlI, 4)

Quam mox dimicandum est nobis?

Quam avarus est!Quam prudenter egit!Quam cupit laudari!V ide quam sit avarus!

Nota. Menos usado do que quam é, nesta combinação, ut, masesta partícula tem que ser combinada com uma forma do verboposse, cf. §21l, I, lf. '

Reparem bem no idiomatismo quam mox:

2) RELATIVO. a) em correlação com o demonstrativotam = "tão ..... como"; na comédia e na poesia encontram-setambém as correlações: tantus.... quam; sic/ita.... quametc. Exemplos:

V. A partícula "quarn".partícula quam (forma arcaica:gativo e relativo (ef. §211).

1) lN'rERROGATIVO.Quam ("quão, como") refere-se emgeral a adj. e a adv., menos freqüentemente a verbos; seuemprêgo em perguntas diretas é extremamente raro, mas muitocomum em exclamações e em perguntas indiretas. Exemplos:

[§ 218 ]

Optimus qlfisq,e civis a crudelityranno necatus est (cf. §227,lI, lb)

Optimum quodque templum Romaevisimus (cf. §227, lI, lb)

Jugurlha quam maximas (potuit)copias armavit (cf. injra, V, 2b)

Quam plurima (potes) lege! (cf.infra, V, 2b)

Protágora~ foi talvez o maior detodos os sofistas

Sua família era talvez a mais dis-tinta, em todo o caso, a maisconhecid'1 de tôda a Sicília

Pro,tágoras foi de longe/incontes-tavelmente o maior de todos' ossofistas

Sempre incomodas. Por exemplo,ontem nos estragaste o ban-quete

Notas.

1) As partículas longe e multo querem dizer que é grande a dis-Mncia entre a valentia dos belgas e a dos outros gauleses entre aeloq~ência de Cícero e a dos demais romanos, etc. Cf. e~ inglês:H e ~s,by far the most eloquent of ali the Romans, e de beaucoup, emfrances.

.. 2{ !lIulto é, El.múlti~a análise, abl. de medida(cf. §84, IV);ongmanamente so combmado com o comparativo passou a serusado também para reforçar o superlativo; longe pod~ ser combinadotambém com verbos que exprimem a idéia de superioridade p. e.:lor;ge pra;estare (= "ser mu~to superior") e, na poesia e n~ prosapos~clásslCa, com comparatIvos, p. e.: longe melior est (= "êle émUlto melhor").

3) Também se emprega muit~s vêzes unus para reforçar o sup.(sem ou com longe/multo), p. e.: C~cero unus plurimum valet omniumoratorum Romanorum.

294

Protagoras omnium sophistarum velmaximus fuit

Domus ejus vel optima, certe notis-sima toti us Siciliae erat

Protagoras omnium wphistarumunus vel maximus juit

Semper incommodus es. Vel herinob'is perturbasti conviviurr

Page 156: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Também com verbos e advérbios que exprimem com-paração:

d) em combinação com o comparativo: "do que" (cf.§82, lU), p. e.:

e) em combinação com alius, aliter, secus, etc. (compa-rações de diferença, cf. § 164, IV), onde o latim pode usartambém: atque/ae/et. Exemplo:

297

depois que/antes queno dia seguinte a/anterior a

Amo meus paisVejo meu amigoVejo teu amigoAprecio bastante teus pais

Notabilia varza

OS PRONOMES

g) em combinação com partículas de tempo:

t§219]

Me '/ uni us operã res publica salvaest .

Tua ipsius imprudentia te perdidit

lU. O apôsto de um pronome possessivo. O ap6stode um pron. posso vai para o gen. possessivo, p. e.:

O Estado está salvo unicamentedevido ao meu esfôrço

Tua própria imprudência te arrui-nou

Vossa própria imprudência vosarruinou

postquam/antequam = priusquampostridie/pridie quam

§219. O pronome pessoal. - As formas: mei, tui,sui nostri e vestri são usa.das como gen. objetivos (cf. §88,III' 1)' as formas' mei tui sui, nostrum e vestrum são usadas, , o" ,

como gen. partitivos (cf. §88, V, 2f). Nenhuma dessas formaspode ser usada como gen. possessivo, cf. §88, I, 1, Nota; emlugar delas se emprega o pron. possessivo.

Quanto à supressão do pron. pessoal como sujeito, cf.§38, I.

Não existe em latim o pron. pessoal da 3.a pessoa (comexceção das formas reflexivas); para suprir essa lacuna, em-prega-se, havendo certa ênfase, hie/iste/ille (pron. demonstra-tivo), e principalmente is.

§220. O pronome possessivo. - I. Generalidades.Não existe em latim o pron. posso da 3.a pessoa (com exceçãodas formas reflexivas); para suprir essa lacuna, emprega-se ogen. de hie/iste/ille, mas principalmente o de is.

lI. Omissão do pronome possessivo. Omite-se geral-mente o pron. posso reflexivo, quando êste não tem ênfase, p. e.:

Nota. Em lugar de: noster/vester omnium pater, etc. diz-segeralmente: omnium nostrum pater, omnium vestrum pater, etc.

Vestra ipsorum imprudentia vosperdidit

Amo parentesV ideo amicumMas: Video amicum tuum

M agni facio parenteí; tuos

[§218]

César marchou o mais depressapossível

quanto antes

Antônio é maior do que Pedro

Era-nos extremamente hostil

Regozijei-me extraordinàriamente

Preferia ser bom a parecê-Iomais do quemais longe do que

Agiu diferentemente do que dissera

Devolvi a metade do que recebera

Os judeus preferem sepultar osmortos a cremá-Ios

o superlativo, muitas vêzes com"o mais ... possível", etc. (cf.

Sintaxe latina superior

b) em combinação comuma forma do verbo posse:supra, IV, 2). Exemplos:

296

Caesar quam celerrime (potuit) con-tendit

Cf. quamprimum

Mirum quam/quantum nobis ini-micus erat

Valde/Sane quam laetatus sum

M alebat bonus esse quam videriCf. supra quam

ultra quam

c) nas locuções: mirum quam/quantum = "extraordinà-riamente", etc. (cf. § 66, I); valde/sane/admodum/mmis/nimiumquam: "sumamente, bastante", etc. Exemplos:

Nota. Ao que parece, o abl. de comparação é a construçãooriginal; quam indicava a princípio só comparação de igualdade(cf. tam ... quam), chegando a ser usado com o tempo também emcomparações de superioridade e de inferioridade (cf. wie = aisem alemão).

Aliter fecit quam/atque dixerat

.Antonius major est quam Petrus

j) Idiomatismos;Dimidium quam quod acceperamreddidi

Judaei corpora condere quam cre-mare~.volunt (= malunt)

Page 157: Besselaar Propylaeum Latinum 1

§221. O pronome réflexivo. - r. Generalidades. Olatim possui só na 3.a pessoa formas especiais para exprimir a"reflexividade": sui, sibi, se, (a) se (pron. pess.) e suus, sua,suum (pron. poss.). Estas formas são usadas, de um modogeral, quando houver uma referência direta ao sujeito da frase.Note-se bem que, em latim, proposições infinitvas (cf. § 11,I-lI) e construções participias (cf. §21, TIl) são consideradascomo elementos integrantes da oração regente, de modo que,nelas sempre se usam as formas reflexivas. Exemplos:

lI. O reflexivo indireto. Em "cláusulas intrinsecamentedependentes" (isto é, em cláusulas que não exprimem o pen-samento do relatar da frase, mas sim, o do sujeito da oraçãoregente) usam-se as formas reflexivas para referir-se, não aosujeito da cláusula, mas sim, ao da oração regente. A "depen-dência intrínseca" nesta classe de cláusulas é marcada não s6pelos pron. reflexivos, mas também pelo Subj.: ambas asformas têm a finalidade de frisar a Íntima conexão entre acláusula e a oração regente. Cláusulas intrinsecamente de-pendentes são: perguntas diretas; cláusulas finais e cláusulasrelativas com valor final; cláusulas temporais com valor final(introduzi das por prúlsquam e dum); cláusulas condicionaiscom valor final (introduzidas por dum); cláusulas causais queindiquem motivo subjetivo ou falso; e finalmente, tôdas ascláusulas dependentes de uma proposição infinitiva (na cha-mada '''oração indireta", d. §249). Damos aqui um exemplode cada um dêsses casos, acrescentando-lhe uma referência aoparágrafo, onde o leitor poderá encontrar mais informaçõessôbre cada uma dessas cláusulas:

Sintaxe latina superior299varza

César perguntou aos soldados, por-que desesperavam da sua pró-pria (= dos soldados) valentiaou da diligência dêle (= deCésar)

Dívico, o embaixador dos helvé-cios, disse a César que por essarazão nem superestimasse suaprópria (= de César) bravuranem os desprezasse a êles (= 0!l4elvécios) .

Jugurta enviou embaixadores queimplorassem a paz para êle(= Jugurta)

Antes de lhe serem restituídos osseus haveres, não sairá

Ficará aqui até lhe serem resti-tuídos os seus haveres

Pode fazer esta viagem, contantoque não prejudique sua saúde

Acusa-me de não lhe ter resti-tuído os seus haveres

Diz que serei 'castigado, porquenão lhe restituí os seus haveres

Perguntei-lhe o que levava consigoDisse que ninguém ainda haviafeito guerra sem causar a suaprópria ruína

Notabilia[ § 221 ]

Divico, legatus H elvetiorum, dixitCaesari ne ob eam rem aut suaemagnopere virtuti tribueret autipsos despiceret

Ariovisto disse que ainda ninguémhavia lutado com êle (= Ario-vi.sto) sem causar a sua (= nin-guém) própria ruína

3) Havendo perigo de ambigüidade, o latim usa ipse parareferir-se ao sujeito da oração regente, ou então, para referir-seao grupo a que pertence o sujeito da mesma. Exemplos:

Rogavi eum quid secum ferretDixit neminem adhuc sine suã per-nicie bellum fecisse (suã refe-re-se a neminem, não ao sujeitode dixit)

Caesar milites rogavit cur de suãvirtute aut de ipsius diligentiãdesperarent

Ariovistus dixit neminem adhucsecum contendisse sine suã per-nicie

llI. O reflexivo direto e indireto. - 1) Em tôdas asespécies de cláusulas mencionadas acima, as formas reflexivaspodem ocorrer também para referir-se ao sujeito da cláusula(reflexivo direto), não ao da oração regente (reflexivo indireto).Exemplos: .

, 2) É s6 O contexto que pode decidir se o pronome refle-xivo é usado de modo direto ou indireto; às vêzes, encontra-sena mesma frase se ou S~lUS com duas funções diferentes, p. e.:

PriusquamlAntequam sua sibi red-dantur, non abibit (cf. § 157, II)

H ic manebit, dum sua sibi red-dantur (cL § 158, II)

Faciat hoc iter, dummodo valetu-dini suae ne noceat (cf. § 160,III)

Me accusat, quod"sua sibi non red-dirlerim (cL 210, II, nota 3)

Dicit me punitum iri, qu,od suasibi non reddiderim (cL §249)

Legatos misit Jugurtha qui sibipacem peterent (cL §168, I)

[§ 221 ]

Osbárbaros entregam-se com todosos seus haveres a César

Paulo diz estar doenteContra a vontade dos seus conci-dadãos obteve o comando

Alexandre traspassou com a espadaum soldado que com grande au-dácia se arremessava a êle

'Não sabe o que os cidadãos falamdêle .

César levantou o acampamentopara que os inimigos não lheinterceptassem a água

298

Barbari se suaque omnia Caesaridedunt

Paulus dicit se esse aegrotumInvitis suis civibus imperium nactusest

Alexander militem audacter in seruentem hastã transfixit

N escit quid cives de se dicant (per-gunta indireta, cf. § 64)

Caesar castra movit ne hostes seaquã intercluderent (cf. § 144,III, 2)

Page 158: Besselaar Propylaeum Latinum 1

300 Sintaxe latina superior [§ 222 ][§ 223 ] Notabilia varza 301

O mêdo de tal coisaO desespêro daquela situação

Vi-o(s)Vi-a(s)Dei-Ihe(s) um livro

Êsse Verres saqueou tÔda a Sicília

O célebre Homero disse .....Aquêle célebre dito de Homero ...

"is". As principais funções de is são:nos casos oblíquos, o pron. pessoal da

L O pronome1) I s substitui,

3.a pessoa, p. e.:Vidi eum/eosVidi eam/easDedi ei/eis librum

2) Em geral, a expressão: Dixit hoc/haec, refere-se àquilo que sesegue: dixit illud/illa, àquilo que precede, mas essa distinção não possuio rigor de uma regra absoluta. Ille usa-se muitas vêzes para anunciar aquiloque se segue, tendo por função a de marcar com certa ênfase uma qualqueroposição àquilo que precede.

§224. Os pronomes determinativos. - Sob êste de-nominador comum pretendemos falar de três pronomes: is,ipse e idem.

IlI. Correlações. Na correlação: hic ..... üle, ou:ille. . . .. hic, o pron. hic refere-se ao que foi mencionado porúltimo; ille, ao que foi mencionado primeiro, p. e.:Admiramur magnopere Alexandrum Admiramos muito Alexandre MagnoM agnum et Ju.lium Caesarem: e Júlio César: êste conquistouhic Galliam omnem cepit, ille re- a Gália inteira, aquêle venceu ogem Persarum vicit (ou: ille.... rei dos persasvicit, hic.... cepit)

§223. Os pronomes demonstrativos. - L Funçõeselementares. Hic refere-se à 1." pessoa (= "êste", iste à 2.apessoa (= "êsse"), e ille à 3.a pessoa (= "aquêle"); essa refe-rência não se limita ao sentido local, mas se estende igualmenteà esfera temporal e até mental. Êste emprêgo dos pron. de-monstrativos está mais ou menos de acôrdo com a praxeportuguêsa, de modo que exemplos são desnecessários.

lI. Conotações afetivas. I ste tem muitas vêzes valordepreciativo; ille, valor apreciativo, p. e.:l ste Verres totam Siciliam exspo-liavit

Ille H omerus dixit ....Illud Homeri/Homericum .....

IV. Observações. 1) Os pron. demonstrativos são muitas vêzesusados em combinação com subst. verbais, em lugar de um gen. objetivo(cf. §88, lII), p. e.:Hic metus = Metus hujus rei."llla desperatio =Desperatio illius rei

Cada qual é atormentado por(pela consciência do) seu pró-prio crime

Os romanos restituiram aos ini-migos vencidos os seus (= dosinimigos) haveres

Envergonha-se de se louvar a sipróprio diante de todos os ci-dadãos

Haníbal foi expulso da cidade porseus próprios cidadãos

Os (dois) irmãos se amam mutua-mente

Os soldados exortaram-se uns aoutros

Os soldados devem ajudar-se mu-tuamente

Uma mão lava a outraÊstes irmãos se amam mutuamente

Êstesirmãos se amam mutuamente

Milites militibus adesse debent

Hi jratres inter se diligunt (cf.§107, C 4)

Alter jrater alterum diligit

IV. O sujeito lógico. 1) Na frase: Pudet eum patriamprodere ("Envergonha-se de trair a pátria") não há sujeitogramatical (cf. §40, lI), mas o sujeito lógico da mesma é"êle" (= eum, o objeto direto, do ponto ae vista gramatical).Se em tal construção houver uma referência ao sujeito lógico,usa-se o pron. reflexivo, p. e.:Pudet eum se laudare coram omni-bus civibus

H ostibus victis sua reddiderunt Ro-mani

Assim se explicam também construções dos seguintes tipos:Sua cuique gloria est = Unusquis- Cada qual tem seu título de glóriaque suam gloriam habet

Suum quemquescelusvexat = Unus-quisque vex~tur suo scelere

§222. O pronome recíproco. - O latim não possuiuma forma bem definida do pron. recíproco (cf. em alemão:einander; em holandês: elkaar, ou elkander), mas é obrigado aservir-se de circunlocuções. As mais importantes são: internós/vos/se; alter ... alterius, etc. (de duas pessoas); alius, ....alii, etc. (de mais pessoas); também pode repetir-se o subst.Na época imperial torna-se cada vez mais freqüente a locução:invicem.

Milites alii alium cohortati sunt

Manus manum lavatHi jratres invicem diligunt (latimpós-clássico),

2) Até mesmo acontece que se usa suus, quando estapalavra tem muita ênfase (= seu próprio"), referindo-se, nãoao sujeito da frase, mas a um têrmo qualquer na proximidadeimediata, p. e.:Hannibalem sui cives ex urbe eje-cerunt

Page 159: Besselaar Propylaeum Latinum 1

302 Sintaxe latina superior [ § 224]""'l~í;''Il';~.. :/~'f~, o_.-_,.

.,

[§ 224 ] Notabilia varza 303

Nota. No nom. não se usa o pron. pessoal, a não ser que êstetenha certa ênfase (cf. §38, r), caso em que se emprega hic/iste/ille,ou - de modo anafórico (cf. injra, 3), - is. .

vanas outras funções que nem sémpre coincidem com o em-prêgo dêssas palavras em português. Damos aqui uma sériede exemplos:

}

3) Is tem função "anafórica", isto é, refere-se a umapessoa ou coisa que acaba de ser mencionada, p. e.:

2) O gen. ejv.s/eorv.m/earv.1n substitui O pron./adv. pos-sessivo (não reflexivo) da 3.a pessoa, p. e.:Vidi patrem ejus Vi seu pai(= o pai dêle/dela)Vidi patrem eory,m Vi seu pai( = o pai dêles)Vidi patrem earum Vi seu pai(= o pai delas)

Caesar Noviodunum adortus est (idest oppidum Aeduorum), sed ex-pugnare non potuit

Caesar Labieno auxilio venit. 1serat legatus exercitus ejus

César atacou Novioduno (é essauma cidade dos éduos), mas nãoconseguiu conquistá-la

César veio em auxílio a Labieno.Êsse era subcomandante do seuexército

1pse opus perjiciam

Valvae ipsae se aperuerunt

1pso terrore hostes jugati sunt

Eo ipso die Romam rediit

Post ipsum proelium castra movit

Ante ipsam portam substitit

1psa virtus a multis contemnitur

Divitiae ipsae neminem beatum red-dere possunt

Eu mesmo/pessoalmente farei o ser-viço

Os batentes abriram-~e por simesmos

Só pelo pânico foram afugentadosos inimigos

Exatamente nêsse dia voltou aRoma

Logo depois da batalha levantou oacampamento

Parou (prêcisamente) em frente àporta

Até mesmo a virtude é menosca-bada por muitos

A riqueza sozinha (ou: por simesma) não pode tornar nin-guém feliz

Notas.

1) Assim se explica também o emprêgo de atque is (ou isque)e de neque is em construções dêste tipo:

2) Reparem bem na diferença entre as seguintes cons-truções:

Nuper librum legi, atque eum pul-charimum .

Consul sero advenit, neque id omni-bus copiis suis

Li há pouco um livro, e por sinalera muito bonito

O cônsul chegou muito tarde, ealém disso sem (trazer) tôdas assuas tropas, ou: e nem sequertrouxe .....

Me ipsum laudo (= non alius me)

laudatMe ipsum laudo (= non aliumlaudo) .

Veritas se ipsa dejendetN olite me, sed vos ipsos consolMil

Louvo-me a mim mesmo

A verdade se defenderá a si mesma. Não me consoleis a mim, mas a

vós próprios!2) Quanto à omissão do pronome anafórico em frases compa-

rativas, cf. §231, r, 6.

4) I s é usado (como pron. e como adj.) em antecedentespara relacioná-Ias mais estreitamente com os pronomes rela-tivos, p. e.:

5) I s = talis ("de tal natureza") em combinação com utconsecutivo (cf. § 147, I) ou com cláusulas relativas, cujovalor seja consecutivo (cL §168, IV, 1).

lI. O pronome "ipse". 1) Ipse quer dizer, em geral:"mesmo, mesma; o próprio/a própria", mas exerce, além disso,

Li o mesmo livro que tu (lêste)

2) Usa-se idem também quando a uma qualidade jámencionada de uma pessoa ou coisa se acrescenta uma segunda;neste caso, 1'dem (geralmente: idem que) pode simplesmentecontinuar a descrição: "e também, e igualmente, ao mesmotempo", etc., ou então, a segunda qualidade pode estar emcerto contraste com a primeira, caso em que devemos traduzirpor: "mas, contudo, e apesar disso", etc. Exemplos:

IlI. O pronome "idem". 1) Idem indica identidade,e pode vir seguido de atque/ae/et ou o pron. relativo (cf. § 164,IV), p. e.:

.Eundem librum legi atque/ac/et tu)

(legisti) }Eundem librum legi quem tu (legisti) JAquêle (homem) que fizer isto,será castigado

1s (vir). qui hoc jecerit, punietur

Page 160: Besselaar Propylaeum Latinum 1

304 Sintaxe latina s'uperior[§·225] Notabilia varza 305

3) Quando, porém, de outra pessoa ou coisa se diz algoque já foi mencionado em relação a outra pessoa ou coisa,usa-se item, ou ipse quoque, ou et ipse, p. e.:

lH. O emprêgo do subjuntivo. Já sabemos que omodo normal empregado em cláu:mlas é o Ind., também emcláusulas introduzidas por pronomes (e advérbios) relativosindefinidos (cf. §54, H). Usa-se, porém, o Subj. em cláusulasrelativas com valor adverbial (cf. § 168); êste modo encon-tra-se também em três outros tipos de cláusulas relativas, asaber:

H. O antecedente e o relativo. Já vimos que o ante-cedente muitas vêzes vem reforçado de is, cf. §224, I, 4. Masacontece também que não ocorre nenhuma referência ao rela-tivo na oração regente, caso em que qui = is qui. Se o antece-dente fôr, não uma determinada palavra, mas um frase inteira,usa-se quod ou, preferivelmente, id quod (cf. §166, IH).Exemplos:

S6crates costumava dizer: "Todossão bastante eloqüentes naquiloq~e sabem"

ORAÇÃO INDIRETA:

Caesar dicit Arvernos qui semperRomanis jidelissimi juerunt, adbellum consurrexisse

César diz que os arvernos, quesempre foram aliados fidelíssi-mos, se insurgiram para fazer aguerra

Cf. ainda:Socrates dicere solebat: "Omnes ineo quod sciunt satis eloquentes8un,t"

ORAÇÃO DIRETA:

Caesar dicit: "Arverni (qui sem-per Romanis jidelissimi juerunt)ad bellum consurrexerunt"

Mas se fizermos depender as palavras citadas do verbodicit, na chamada "oração indireta", a frase passará a ter aseguinte forma:Caesar dicit Arvernos, qui sempersocii jidelissimi juerint, ad bel-lum consurrexisse

Como se vê, a proposição independente da "oração direta":Arverni ..... consurrexerunt, vai para o A. c. r. na "oraçãoindireta": Arvernos ..... consurreússe; a cláusula relativa, na"oração direta" construida com o Ind. (qui .... juerunt), levao Subj. na "oração indireta" (qui .... juerint). E esta a cons-trução normal de cláusulas relativas ocorrentes na "oraçãoindireta" .

Mas existe também outra possibilidade. César pode terdito apenas: Arverni ad bellum consurrexerunt, e um autor,ao relatar essas palavras de César, pode achar convenienteacrescentar uma informação a respeito dos arvernos na formade uma cláusula relativa, p. e.: qui semper Romanis jidelis-simi juerunt. Se passarmos esta frase para a "oração indireta",a comunicação feita por César, irá para o A. c. 1., mas a cláu-sula - acréscimoposterior - continuará no Ind., de modo que:

1) em cláusulas relativas dependentes de um A. c. 1.,contanto que façam parte integrante das palavras citadas enão constituam um acréscimo posterior feito pelo autor. Paraelucidar esta construção, podemos partir do seguinte exemplo,em que as palavras comunicadas por César não dependem doverbo dicit (no A. c. 1.), mas são citadas tais quais foram ditaspor êle (é a chamada "oração direta"):Caesar dicit: "Arverni, qui semper César diz: "Os arvernos,. quesocii jidelissimi juerunt, ad bel- sempre foram nossos aliadoslum consurrexerunt" fidelíssimos, insurgiram-se para

fazer a guerra"

Crasso foi eloqüente e, ao mesmotempo, jurisconsulto

Crasso foi rico, mas (apesar disso)não orgulhoso

Todos desejam atingir a velhice,mas, quando a atingiram, cen-suram-na

Aquêle (homem) que fizer isto,será castigado

Quem fizer isto, será castigadoS6crates foi forçado por seus con-cidadãos a tomar veneno, o queconstitui grande desonra paraos atenienses

Crassus eloquens juit idemque jurisconsultus

Crassus dives juit idem que nonsuperbus

Omnes optant ut senectutem adipis-cantur, eandem accusant adepti

Frater meus Romam projectus est;nos item propediem Romam pro-jiciscemur I

Cum Hannibal aciem instrueret,Scipio et ipse/ipse quoque copiase castris eduxit

Meu ir,mão foi a Roma; n6s tam-bém/igualmente iremos a Romaum dêstes dias

Como Haníbal estivesse dispondoas fileiras, também Cipião con-duziu suas tropas fora do ácam-pamento

§225. Os pronomes relativos. - r. Generalidades.O leitor poderá encontrar os principais pronomes (e advérbios)relativos no §166, li as regras relativas à conexão relativa,no §167.

Is (vir) qui hoc jecerit, punietur

Qui hoc jecerit, punieturSocrates a civibus suis ut venenumbiberet coactus est, (id) quod Athe-niensibus summo dedecori est

Cf. também §242, lU

Page 161: Besselaar Propylaeum Latinum 1

IV. O antecedente na cláusula. A frase:

2) em cláusulas relativas dependentes de uma cláusulaconstruída com o Subj., igualmente à condição de fazeremparte integrante da construção com o Subj., p. e.:

Nota. Assim se explica que os parênteses: ut dixi, ut vidimus,quod cognovimus, etc. fiquem inalterados na "oração indireta", bemcomo as cláusulas relativas que contêm a paráfrase de um únicoconceito, p. e.:

307

nihil te fugiet

quã es prudent1"ã e quae estés", p. e.:Prudente como és, nada te esca-pará .

Sensível como sou, nunca terIa;resistido às suas lágrimas

Enviei-te o mais belo livro quetenho

Notabilia varza

Vt es prudens (cf. §150, lU) \Pro tuã prudentiã (cf. § 133, C4) J

Quã mollitiã sum, numquam illiuslacrimis restitissem

Nota. Nestas expressões poderíamos usar também:

3) nas expressões do tipo:tua prudentia: "prudente comoQuã prudentiã es, nihil te jugiet

Amicus meus Corinthum projectusest, in quã urbe templa pulchrasunt

O latim pode sempre colocar o antecedente ~a cláusularelativa, mas usa esta construção mormente nos segumtes casos:

1) quando o antecedente contém um superlativo (rela-tivo), p. e.:Misi ad te de/ex libris quem pul-cherrimum habeo

Nota. Mas são possíveis também as duas seguintes construções:

M isi ad te ~x omnibus libris/ 1omnium librorum quos habeo Enviei-te o mais belo livro quepulcherrimum (cf. §88, V, 2.e) tenho

M isi ad te librum quo pulchrw-rem non habeo (cf. §82, lU, 2d) J

Nunca,'porém, pode o relativo referir-se diretamente a um superlativoque não seja "absoluto", cf. § 218, I, 2.

2) quando o antecedente traz consigo um ap6sto, p. e.:Meu amigo foi a Corinto, cidade(essa) em que há templos boni-tos

Nesta segunda construçã~, o antecede~te femina (dapri-meira construção) foi transfenda para a ?lausula, chega~do aconcordar em caso com o pronome relatIvo: qu.am femmam.N as duas construçõeH pode ocorrer o pronome tS (ou, menosfreqüentemente: hie/iste/ille). Outro exemplo:Quae cupiditates a naturã proficis- Os desej<:sque. derivam d~ ~atu-cuntur, (eae) facile explentur reza, sao fàcrlmente saCia os

pode ser construída também desta maneIra:'d t' () t A mulher que vêdes, (essa) éQuam jeminam Vt e tS, ea es

mater mea minha mãe

[ § 225 ][§ 225 ]

Quem pode negar que todo êstemundo visível seja governadopélos deuses imortais?

(Aquela) mulher, que vêdes, éminha mã,e

S6crates costumava dizer que to-dos eram bastante eloqüentesnaquilo que sabia,m

Arist6teles diz: "Perto do rioHípanis (que, provindo do ladoeuropeu, desemboca no MarNegro), nascem certos pequenosbichos que vivem um s6 dia"

Arist6teles diz que perto do rio.HÍpanis que, provindo do ladoeuropeu, desemboca no MarNegro, nascem certos pequenosbichos que vivem um s6 dia

Sintaxe latina superior306

Quis negare potest haec omnia quaevidemus a dis immortalibus admi-nistrari?

Aristoteles .dicit: "Apud Hypanimjluvium (qui ab Europae parte inPontum injluit) bestiolae quae-dam nascuntur, quae unum diemvivunt"

Aristoteles dicit apud Hypanim jlu-vium, qui ab Europae parte inPontum injluit, bestiolas quas-dam nasci, quae unum diemvivant

(Ea) jemina, quam videtis, matermea est

Socrates dicere solebat omnes in eoquod scirent satis esse eloquentes

o cônsul exortou o povo a infligira pena de mort.e aos cidadãosque haviam conjurado contrao Estado

Esta frase seria na "oração direta":Consul populum sic adhortatus est: O cônsul exortou o povo desta"Cives, qui contra rem publicam maneira: "Infligi a pena deconjuraverunt, morte ajjicitel" morte aos cidadãos que cons-. piraram contra o Estado!"

Consul cives adhortatus est ut cives,qui contra rem publicam conju-rassent, morte ajjicerent

3) em cláusulas relativas que não exprimem o pensamentodo autor, mas o do sujeito da oração regente ("dependênciaintrínseca", (cf. §221, II), p. e.:Socrates exsecrari eum solebat, qui S6crates costumava amaldiçoatprimus utilitatem a jure sejun- aquêle que fôra o primeiro axisset (conforme a opinião de separar a utilidade do direitoS6crates)

Page 162: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Nota. Sôbre a repetição do antecedente na cláusula relativa,cf. §242, lH.

3) Muito raro acontece em latim clássico (ao contrárioda praxe grega) que o relativo adota o caso em que está oantecedente, contra as regras da análise lógica. Exemplos:

Aliquid) agis eo:um quorum (= Estás fazendo uma daquelas coisasquae eons'U;eshagere que costumas fazerCí. non quo. . . . sed quod = non eo quod ..... , sed quod (§ 150,

lI, 2, Nota 1).

A VI. ea.sos de atração. 1) Quanto à concordância emgenero r~latIvo, n~o com o antecedente, mas com o predicado-substantIvo da clausula, cL § 213, VII, 2.

2) Na linguagem popular, o antecedente adota às vêzeso caso em que está o relativo; esta construção muito' contrári~~s r~g::as da análise lógica, é extremamente :ara na linguagemhterana. Exemplos:

309

E se me dirigir a êle?

E se me dirigisse a êle?

o que vistê?Qual/Quaiso(s) templo(s) que viste?

Que soldado fêz isto?

Quem fêz isto?Que homem/mulher fêz isto?

Notabilia varza

Quid si eum adibo? (= Quid [diees]si eum adibo?)

Quid si eum adeam 'I (= Quid[dicas] si eum adeam?

Quid vidisti?Quod templum/Quae templa vidisti?

Quis miles hoe feeit?

III. O emprêgo de "quid" e "quod". No gêneroneutro, é rígida a distinção entrequid 7 (pron.) e quod? (adj.),p. e.:

1) Quid? vem muitas vêzes seguido de um gen. parti-tivo (cf. §88, V, 1b); também se usa muitas vêzes no sentidode: "por que? para que?" (ac. de relação, cf. §74, IV, 2).Quid ? é empregado quando se pergunta pela definição de umapessoa ou coisa (cf. §213, VII, 2). Reparem também noemprêgo de Quid quod .... 7 (cL §21O, lI, lf). Outra locuçãoeliptica com quid 7 é quid si .~.... ?, p. e.:

Também quis 7 pode funcionar como adj., caso em quese distingue de qui 7 por perguntar pelo nome de uma pessoaou coisa, ao passo que qui 7 pergunta mais pelas qualidades(= ± qualis?), p. e.:Quis miles hoe feeit? Quem é o soldado que fêz isto?Qui miles hoe feeit? Que (espécie de) soldado fêz isto?

Nota. Esta distinção, porém, nem sempre é observada, equis? encontra-se às vêzes simplesmente nO sentido de qui?, demodo que:

Quis hoe jeeit?Qui vir/Quae jemina hoe feeit?

[§ 226 ]

podem, em tese, ser usados, não só em perguntas diretas, mastambém em perguntas indiretas e em exclamações.

lI. O emprêgo de "quis" e "qui". Quis 7 é geral-mente pron. (= subst.); qui 7 é geralmente adj., p. e.:

[§ 226 ]

Na guerra, César venceu os gau-leses, os quais o povo romanoreduziu a estado de.dependência(= província) e aos quais impôsum tributo

Náucrates, com quem quis ter umencontro, não estava no navio

A cidade, que estou fundando, évossa

Sintaxe latina superior308

Naueratem quem eonvenire volui innavi non erat (= N auerates q~em.... )

Urbem quam statuo, vestra est (=Urbs quam statuo ..... )

V. A omissão do segundo relativo. Quando duas cláu-sulas. relativas coordenadas se referem ao mesmo antecedenteú latIm po~e usar d~as vê~es o relativo, caso em que se prefer~a forma qu~queet .qu~; mUlto .freqüe?te é, porém, a substituiçãodo segundo ~elat1Vo por et ~s ou ~sque; às vêzes, omite-se osegundo rel~tIV?, me~mo que seu caso seja diferente do empre-gado na pnmeIra clausula. Exemplo:

caesa.r Gallos bello superavit, qUOS\

populus Romanus in provinciamredegit quibusque stipendium im-p08uit

ou: ... redegit iisque stipendium ...

<;m: .. :. redegit stipendiumque 1~mposuzt

§226. Os pronomes interrogativos. - 1. Generalida-des. Qua~to ~ forma e ~o significado dos diversos pronomes(e advérbIOS) mterrogatIvos em latim, cf. § 62. Todos êles

2) Quidni 7 (cf. § 160, III, 2) quer dizer: "Por que não?"> "Naturalmente"; às vêzes encontramos também: quid ....ni 7, p. e.:

Page 163: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Em cláusulas (relativas e interrogativas) encontramostambém quicum = quocum, qu cum ou quibuscum, p. e.

t,311

Como são poucos os que hojeainda lêem êste livro!

Notabilia varza[§ 227 ]

Quanto ao emprêgo dessas palavras, podemos fazer asseguintes observações:

a) Aliquis, etc. emprega-se em frases afirmativas (cf.somebody, some, something, em inglês); quisquam, etc. empre-ga-se em frases negativas ou em frases cuja tendência é ne-gativa (cf. anybody, anything, any, em inglês); quis, etc. em-prega-se depois das partículas: si, nisi, ne (cL §147, III, 1)e num, e depois de pron. e adv. relativos. Quis (indef.) éaforma enclítica de quis? (interrogativo), cL em inglês: Whatdidhe tell you? e: I'll tell you what. Exemplos:

§227. Os pronomes indefinidos. - I. Tr~s séries deindefinidos. O latim possui três séries de palavras paraexprimir: "alguém, algum, alguma coisa, algo", a saber:

f Aliquis, aliquid ("alguém, alguma coisa"), só pron.= subst. .

1) \ Aliqui, aliqua, aliqtwd ("algum"), adj. (sg. e pI.)lN onnulli, nonnullae, nonnulla("alguns"), subst. eadj.

{ Quisquam, quidquam (".alguém, alguma coisa"), pron.2) = subst.

Ullus, ulla, ullum ("algum"), adj. (sg. e pI.)

) f Quis, quid ("alguém, alguma ?oisa"), pron. = subst.3 \ Qui, qua, quod ("algum"), adJ. (sg. e pI.)

2) Em combinação com quisque: "quão poucos?" (só emperguntas diretas; em perguntas indiretas, usa-se quam pauci),p. e.:Quotusquisque invenitur qui hodiehunc librum legat?

[§ 226 ]

Dá-me alguém, com quem possater tudo em comum

Qual dos dois cônsules venceu osbárbaros?

Qual de vós dois mentiuu?

Por que não pensaria assim?

Como acontece que êle fica indig-nado contra mim?

Como pôde acontecer isso?Como foi isso possível?

Tu o louvas? - Claro que o louvo!

Sintaxe latina superior310

Mihi da quicum omnia communi-cem

V. A diferença entre "quis?" e "uter?" Usa-sequis/qui?, quando se trata de mais de duas pessoas ou coisas;usa-se uter, utra, utrum?, quando se trata de duas pessoas ocoisas. Uter é considerado como adj., quando combinado comsubst.; como subst., quando combinado com pron. pessoal,caso em que vem acompanhado do gen. partitivo (cf. uterque,§88, V, 2b).Uter consul barbaros vivit?

Nota. Palavras correspondentes com uter? são: uterque ("cadaum dos dois"), neuter ("nenhum dos dois") e alter ("um dos dois"),cf. §227, V.

Uter vestrum mentitus est?

Qui id fieri potuit?

Qui fit ut mihi irascatur?

IV. O empr~go da partícula "qui?" O abI. instru-mental qui? (cf. § 148, lI, 5) é pouco usado em perguntasindiretas, mas geralmente em perguntas diretas dêste tipo:

Quidni ita censeam? (perguntas}retóricss)

Quid ita ni censeam?Laudas hunc? - Quidni laudem?

VI. O empr~go de "quotus"? 1). O interrogativo quo-tus? pressupõe uma resposta na forma de um número ordinal,p. e.:Quotus I mperator N ero fuit? -Sextus

Assim se diz também:Quota hora est? - Tertia

Qual o lugar ocupado por Neroentre os imperadores? - O sexto

Que horas são? - É a terceirahora (São três horas)

Aliquis id mihi dixitAliqui vir/Aliqua femina id mihidixit

N eque te neque quemquam sinamhinc abire

Recusabat cum quoquam colloqui

Recusabat cum ullo cive colloqui

Hoc quisquam negare audebit?

Alguém mo disse(Alg)um homem/(Alg)uma mulhermo disse

Não te deixarei sair, nem a ti,nem a ninguém

Recusava-se a conversar comquemquer que fôsse

Recusava-se a conversar com todoe qUi\lquer cidadão

Haverá alguém que se atreva anegar isto? (resposta: "Claroque ninguém se atreverá")

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312 Sintaxe latina superior [§ 227 ] [§ 227 ] Notabilia varza 313

g) A palavra quidam (pron. e adj.) indica uma pessoa oucoisa que o autor não pode ou não quer especificar: "(um)certo", etc., p. e.:

Si quis hue venerit, dic ei .....Si quem videris, dic mihiNum quod monstrum vidisti?

Quo quid est rarius, eo est earius(cf. §218, lI, 2)

Se alguém vier aqui, dil!e-Ihe.....Se vires alguém, dize-moPor ventura, viste (alg)um mons-tro ?'

Quanto mais raro, tanto mais caro H omo quidam me invitavitQuodam die me invitavit

Certo homem me convidouCerto dia/Um ,belo, dia me con-vidou

c) A mesma diferença que existe entre aliquis e quis,existe também entre:

d) A mesma diferença que existe entre aliquis e quisquam,existe também entre êstes dois grupos de advérbios:

Houve entre êles uma conversa,por assim dizer, sem palavras,ou: uma espécie de conversasilenciosa

O Senado é, por assim dizer/comoque, o reduto da liberdade ro-mana

A morte é, por assim dizer, umamodificação da vida

Apoderou-se de todos nós um pra-zer completamente incrível

Introduziu um estilo literário to-talmente novo

Mors est quaedam quasi eommutatiovitae

Ineredibilis quaedam voluptas nosomnes eepit

N ovum quoddam genus dicendi in-duxit

Senatus propugnaeulum quoddamlibertatis Romanae est

Combinado com subst. e adj., quidam torna mais vaga,mais indefinida a expressão, principalmente quando acompa-nhado de quasi, tamquam ou velut: "uma espécie de, porassim dizer, como que", etc. Com certos adjetivos, porém,que exprimem grau elevado de certa qualidade, quidam reforçaa expressão: "extraordinàriamente, sumamente, totalmente",etc. (p. e. magnus, eximius, praeclarus, mirabilis, novus, incre-dibilis, ingens, etc.). Exemplos:Tacitus quidam sermo faetus estinter eos

si quando: "se (alg)uma vez, umdia", etc.

sieubi: "se em algum lugar", etc.sicunde: "se de alguma parte", etc.si qu -: "se por algum caminho"(cf. §62, I, 2)

si quo: "se para algum lugar", etc.

Se é que alguém foi generoso, êleo foi

Élste rei foi mais generoso do quequalquer um dos anteriores

aliquo: "para algum lugar" e

alicubi: "em algum lugar" ealieunde: "de alguma parte" ealiquã: "por algum caminho" e

aliquando: "alguma vez" e

b) Quisquam e uUus são empregados também depois daspartículas si (condicional) e quam (comparativo) em constru-ções dêste tipo em que está implicita a idéia de negação:

Si quisquam, ille fuit liberalis(= N emo fuit illo liberalior)

Hic rex liberalior fuit quam quis-quam superiorum (= N emo rexfuit liberalior quam hic)

e) Quanto ao emprêgo de nec quisquam = .et nemo, etc.cf. §202, I, 2.

f) Aliquis quer dizer; "alguém", indicando indiferençano que diz respeito à especificação; assim se usa tambémaliqui, etc. As duas palavras podem ser substituídas pelaslocuções: nescio quis/qui (cf. §66, I).

h) Quispiam (subst. e adj.) = aliquis, usando-se mormenteem objeções (reais ou fingidas), muitas vêzes com o significadode um sujeito indeterminado (d. §41, II, 5), p. e.:

Mas alguém dirá .At dieet quispiam/aliquis .....

i) Reparem bem nestas expressões (cf. §213, VII, 2):Et ego aliquid sum Também eu tenho certa importân-ciaEgo nihil sum Eu não tenho nenhuma importân-cia

lI. Quisque, eLe. 1) Unusquisque (subst. e adj.) signi-fica: "cada um, cada qual", e tem valor distributivo (ef. eminglês: each); quisque (subst. e adj.) tem o mesmo significado,mas, como palavra enclítica, tem menos fôrça e nunca qcupa

alieubi e usquam: "em algumaparte", p. e.:

Era uma vez um rei rico .....Houve jamais uma coisa maiscruel do que esta?

Perdi meu anel e não conseguiencontrá-Io em parte alguma

Perdi meu anel em algum lugar

aliquando e umquam: "algumavez"

Erat aliquando rex dives .....Quid hae re crudelius umquam fae-tum est?

Anulum meum amisi neque usquaminvenire potui

Alicubi anulum meum amisi

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f)nas expressões idiomáticas:

e) a números ordinais, p. e.:

d) ao superlativo (de adj.), p. e.:

315

Ninguém ousará fazer istoNenhum homem/Nenhuma mulherdirá .

Não vi ninguémNão disse isso a ninguémSem que ninguém resistisse, en-traram os inimigos na cidad!'l

Todo e qualquer homem é mortalTodos os homens são mortaisO amor vence tudoA Gália., vista na sua totalidade,divide-se em três partes

Em tôda a cidade (= Na cidadeinteira) houve um clamor

Preferiu sofrer o que quer quefôsse de penoso a mentir

Qualquer um pode, por mim, fazeristo

Notabilia varza[§ 227 ]

Totã urbe clamor jactus est (cf.§85, lI, 4)

N eminern vidiNemini/Nulli dixi istudNullo resistente hostes in urbemingressi sunt

2) Omnis (cL em inglês: every) não tem o sentido distri-butivo de quisque, mas significa: "todo (e qualquer)". Sãomuito usadas as formas do plural: omnes (masc.-fem.) ="todos" (cf. em inglês: all), e omnis (neutro) = "tudo", ou"tôdas as coisas" (cL em inglês: everything e all). Omnis podesignificar também: "inteiro", significado específico de totus,palavra eSSa que, em latim nunca ocorre, com o significadode: "todo (e qualquer)". Exemplos:Ornnis horno rnortalis estOrnnes homines mortales suntAmor vincit omniaGallia omnis divisa est in partes tres

3) Quivis e quilibet (subst. e adj.) significam: "quem querque seja", p. e.:

Nota. Tratando-se de duas pessoas ou coisas, pode usar-seutervis e uterlibet.

Nemo hoc jacere audebitNullus vir/nulla rnulier dicet ...

Quodvis/Quodlibet malurn perpetivoluit quam mentiri

Quivis/Quilibet per me hoc jacerepotest

4) Quicumque e quisquis, etc. são pron. relativos indefi-nidos e podem, em latim clássico, ser usados s6 com o verbofinito, sempre no Ind. (cL §54, lI).

IlI. Nemo e nullus, ele. 1) Nemo < ne-hemo (hemo =homo; nullus < ne-ullus). Quanto às negações combinadascom estas duas palavras, cf. § 170, lI, 2. Nullus é adj., ("ne-nhum"), mas é empregado no gen. (nullius), e no abl. (nullo,nullã) em substituição às formas correspondentes de nemo ques6 possui o ac. neminem; ao lado de nulli encontramos tam-bém o çlat. nemini. Exemplos:

[§ 227 ]

Cada um cuide de si próprio!Cada qual tem seu título de glória

Dize-me o que disseste a cada umComo são poucos os que hojeainda lêem êste livro!

Estou bem lembrado do que cadaum me disse

Cada coisa, na medida em que émais rara, torna-se mais cara,ou melhor: Na medida em queum~ coisa é mais rara, torna-semaIS cara

Suplicarei, cada vez que vir umamigo

Justamente os melhores cidadãosforam mortos pelo tirano

Cada décimo soldado foi morto,ou: De cada dez soldados umfoi morto

De quatro em quatro anosDe dois em dois anoscada anocada dia

quanto antes (cf. §218, V, 2b)

expliquemos uma coisa após outra

sibi, se, suus, etc. (cL §221,

ligando-se principalmente às

Sintaxe latina superior314

o primeiro lugar numa frase,seguintes formas:

a) ao pron. reflexivo sui,IV), p. e.:Sibi quisque consulat!Sua cuique gloria est

Quod quis que rnihi dixit, rnernoriãteneo

Ut quidque est rarius, ita est ca-rius (cf. §211, I, 1e)

Supplicabo ut quernque arnicurn vi-dero (cf. § 154, lI, nota 1)

Dic rnihi quid cuique dixerisQuotusquisque invenitur/est qui hodiehunc librurn legat? (cf. §226, VI)

b) ao pron. (ou adv.) relativo, p. e.:

c) ao pron. (ou adv.) interrogativo, p. e.:

Optirnus quisque a crudeli tyrannonecatus es( (cf. §218, IV, 2)

Decirnus quisque rniles necatus est

Quinto quoque anno(l)Tertio quoque anno(l)Mas: singulis annis/quotannis

sl:ngulis diebus/quotidie

prirno quoque ternpore = quarn pri-rnurn

prirnurn quidque explicernus

(1) Quinto/Tertio. não: Quarto/Secundo, devido a um costume peculiar dos romanos de'Cluir nas suas contagens o têrmo inicial e o têrmo final~

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316 Sintaxe latina superior [§ 227 ][ § 227 ] Notabilia vana 317

Qual dos dois grupos/exércitosocupou primeiro o morro?

César conduziu as tropas de ambosos acampamentosCaesar copias eduxit ex utrisque

castris

Utri montem prius occuparunt?

Os dois cônsules venceram (namesma batalha, ao mesmotempo)

Cada um dos dois cônsules venceu(em batalhas e tempos dife-rentes)

2) Palavras correspondentes com uterque são: neuter("nenhum dos dois") uter? ("qual dos dois" ?, alter ("um dosdois"), uter? ("qual' dos dois ?"), alter ("um dos dois"); cf.também utervis e uterlibet (cf. §227, rI, 3, Nota). Tambémestas palavras são normalmente usadas apenas no sg. Exemplos:Uter vestrum hoe dixit? Quem de vós dois disse isto?Neuter nostrum hoc dixit Nenhum de nós dois disse istoAlter vestrum hoc dixit Um de vós dois disse isto

Uterque consul vicit (singular!)

Ambo eonsules vicerunt (plural!)

4) Quanto ao emprêgo do gen. partitivo com estas pala-vras, cf. § 88, V, 2b.

3) Tôdas essas palavras podem estar no plural, quandose referem a dois grupos cada um dos quais é considerado nasua individualidade, ou quando são combinados com pluraliatantum. Exemplos:

3) Reparem bem nas seguintes expressões:Alius aliud amat Um gosta disto, outro daquiloAlius aliter judicat Um julga assim, outro assim

Nota. Estas expressões são formas elípticas de: alius aliud amat,alius aliud amat.

4) Quanto ao emprêgo de alius... alium, e alter ...alterum, etc. como pronomes recíprocos, cf. § 222.

5) Não existe o gen. sg. de alius, pelo qual se usa: alterius.

V. Uterque, ete. 1) Esta palavra refere-se a duas pes-soas ou coisas ("cada um dos dois"); distingue-se de ambo porser pronome (ou adj.) distributivo, visando, portanto, a cadauma das duas pessoas ou coisas na sua individualidade, aopasso que ambo se refere a duas pessoas ou coisas como coleti-vidades, ou como individualidades inseparáveis uma da outra.Exemplos:

Um«Alg)uns admira(m) mais Ale-xandre Magno, outro(s) JúlioCésar

Tenho dois amigos: um é médico,o ()lltro é jllrista

Nec quisquam poeta/civis \Neque ullus poeta/civis f

. IV; Alius e alter, ete. 1) Alius, alia, aliud refere-se amaIS de duas pessoas ou coisas; alter, altera, alterum refere-sea Ul~a de duas pessoas ou coisas, estando sempre no sg. (mascf. mfra, V, 3). Ceteri e reliqui significam: "os outros osdemais". Exemplos: 'Legi librum alium atque/ae tu (cf. Li um livro difere~te do que tu§164, IV) (lêste)

Hodie librum alterum legi Hoje li o outro (=0 segundo) livroUnum hunc librum attuli: ceteros/ Trouxe só êste livro: os demaisreliquos domi reliqui deixei em casa

2) Assim se explica a diferença entre as duas seguintescorrelações:Alius/AliiAlexandrummagis admi-fatur/admirantur, alius/alii Ju-lium Caesarem

Duos amicos habeo: alter est medi.cus, alter jurisconsultus

2) Nihil < ne-~ilurr:: (hilum, talvez = "fiozinho"); aforma contrata é ml (nao se encontra em prosa clássica); apalavra usa-se apenas no nom. e no ac. (neste caso encontra-setambém nihilum em certas locuções). O gen. nihili é empre-g~do apenas como ge~. de preço (cf. § 89, II, 1); o abL nihiloso como abl. de medIda, em expressões do tipo: nihüominuse nihiloset1"us(ef. § 181, I, 4), ou como abl. de preço (cf. § 84II, 2): ?U ~m combi~~ção. com pro em expressões do tipo;pro mh~lo ~d puto= consIdero-o como de nenhuma impor-t~ncia" (cf. § 75, I, Nota 3). A forma nihilum (ac.) usa-seso:ne~te ,;m al?umas expre~sões, p. e.: ad nihilum redigereal~qu~d: reduzIr alguma COIsaa nada". Em tôdas as outrasconstruções usa-se: nullius rei (gen.), nulli rei (dat.), nullãre (abl.) e nihil (nom. e ac.).

3) JY emo deve ser usado em combinação com adjetivossubstantlvados, p. e.: nemo mortalis (não: nullus mortalis) ="h t 1" f .nen um mor a ; c. nemo sap~ens (não: nullus sapiens).

N emo pode ser usado :~ combinação com nomes de pes-soas, p. e.: nemo/nullus c~ms; nemo/nullus poeta, etc.

Quisquam segue as mesmas regras, portanto:Nec quisquam mortalis/sapiens E nenhum mortal/sábio (cf. §203,

I, 2)E nenhum poeta/cidadão

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319

Nós costumamos receber reféns,[mas] não dá-los

Sob o consulado de Cícero e Antô-nio deu-se a conjuração de Ca-tilina

Das paixões nascem (todos) osgêneros de ódio, de divisão, dediscórdia, as sedições, as guerras,os homicídios

Queira (ou) não queiraOs cidadãos mostraram-se-lhe gra-tos: [pois] foi-lhe erguida umaestátua no foro

Ê noite: ide, [pois,] a vossas casas!

Enquanto isto (assim) acontecia,o rei Juba, tendo sido infor-mado das dificuldades em queCésar se achava, resólveu, nãolhe dar o tempo para recupe-rar-se

Notabilia varia

N ox est: [ergo1 jam in tecta vestradisceditel

Obsides accipere, [sed] non dareconsuevimus

Cicerone Antonio consulibus Cati-linae conjuratio Jacta est (cf. §23,II, 2)

E cupiditatibus odia, discidia, dis-cordiae, seditiones, bella, homi-cidia nascuntur (cf. § 201, III, 1;§217, III, 5)

Velim nolimGrata erga eum civitas Juit: [namlstatua ei in J oro posita est

§230. O assindeto. - O assíndeto consiste na omissãode conjunções coordenativas (geralmente: et; mas pode sertambém: sed, nam ou ergo, ete.). o que é sobretudo freqüenteem longas enumerações (às vêzes, com clímax). Também emportuguês não é raro o emprêgo de assíndeto, p. e.: "Traiu ospais, a pátria, os deuses". Exemplos em latim:

Nota. A construção "certa" seria: rex Juba decrevit,ou então: regi Jubae ..... ' visum est.

§231. A braquilogia. - r. A braquiologia propria-mente dito. Êste têrmo grego, traduzido para o latim comO nome de breviloquentia, significa uma maneira concisa de se

[ § 230 ]

Cum haec ita jierent, rex Juba,cognitis Caesaris dijjicultatibus,non est visum dari spatium con-valescendi

Na linguagem coloquial, o anacoluto é muito comum, em todosos· idiomas, sendo um dos elementos que dão naturalidade euma certa "negligência graciosa" à conversação. Mas tambémum autor, embora não improvisando, pode dêle servir-se. Issoacontece sobretudo depois de um parêntese mais ou menoscomprido que faz com que o autor perca de vista a estruturainicial da frase, ou então, no caso em que quer dar às suaspalavras a aparência de uma negligência graciosa ("anacolutoretórico"). Exemplo de um anacoluto depois de uma cons-trução participial.

[§ 228 ]Sintaxe latina superior

ALGUMAS FIGURAS SINTÁTICAS

318

§228. Observação preliminar. Os gregos e seus discí-pulos, os romanos, elaboraram uma vasta nomenclatura detropos e figuras, cujo conhecimento consideravam como umelemento imprescindível na formação literária de futuros poetase oradores. A retórica ocupava, já desde a atuação dos pri-meiros sofistas no século V. a .. C., um lugar muito importantena. vida cultural dos antigos, gozando de um prestígio quehOJetalvez seja comparável apenas ao da formação tecnológica.Os literatos clássicos, devido aos seus intensos estudos retóri-cos, escreviam suas obras em geral muito menos "espontânea-mente" do que os nossos contemporâneos costumam fazê~loe tinham um conceito muito diferente de "originalidade": a~escreverem um discurso ou um poema, tinham sempre em menteas regras da ars rhetoriea, e lembravam-se constantemente dosexemplos encontrados nas obras dos seus precursores.

O Romantismo muito concorreu para a retórica clássicaperder seu crédito aos olhos dos modernos. Sem dúvida aestilística dos antigos parece-nos muito técnica, árida e a~ti-ficial; sua mania de classificar, definir, sistematizar subdividire sutilizar tem algo de desconcertante .para Ul~ leitor doséculo XX. Mas, por outro lado, devemos reconhecer que, nasobras dos grandes mestres (em latim, principalmente Cícero eQuintiliano), encontramos uma porção de finas observações,provas de um gôsto literário muito requintado e frutos madurosde uma longa e viva tradição.

Não podemos entrar aqui nos méritos da estilística clás-sica, nem tampouco confrontar os seus métodos e princípioscom os da estilística moderna. Queremos registrar somentealgumas figuras sintáticas que têm certa importância para acompreensão e a tradução de textos latinos. Propositalmenteeliminamos da nossa sinopse os "tropos", não porque êstesnão merecem a atenção dos estudiosos, mas porque seu estudopouco se compadece com a finalidade de um livro consagradoà sintaxe. Muitas vêzes poderemos referir-nos a fenômenoslingüísticas já encontrados em capítulos anteriores.

§229.0 anacoluto ou a anacolutia.··- O anacoluto(a palavra quer dizer: "sem seqüência") é uma figura sintá-tica pela qual uma frase muda inesperadamente de construção.

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A Nota. No~ três caso? registrados, os filólogos falam muitasvezes do emprego apo komou ("em comum").

321

Na cidade fomenta-se o luxo, aconseqüência necessária do luxoé a ganância, a da ganância éa audácia

Sou homem (fraco, mortal, comtôdas as boas e más qualidadesinerentes à espécie humana),acho que nada do que é humanome é alheio

é verdadeiro varão (forte, corajoso,firme)

a'-beleza/formosonão sejas covarde!fazer a guerra, provocando pertur-bações

faze bem o que fazes!

Notabilia varza[§ 232 ]

jorma/jormosusnoli mulier esse!bellum conturbare = bellum tur-~is concitandis efficere

age quod agis!

Homo sum, humani nil a me alie-num esse puto

cf. vir est

In urbe luxuria creatur, ex luxuriãexsistat avaritia necesse est, exavaritiã audacia

§232. O clímax. - O climax, ou a gradação, é a pro-gressão ascendente de idéias ou palavras: a progressão des-cendente chama-se anticlímax. O climax é figura muito fre-qüente na linguagem cotidiana e no estilo oratório; a correla-ção: non modo ..... sed/verum etiam, indica clímax (cí. §201IIl, 3); também já encontramos partículas ad:rerbiais queexprimem clímax, p. e.: adeo (cí. § 171, lII); quzn (cí. § 187,I,' 4). Outro exemplo:

lI. Outro empr~go da braquiologia. Alguns consi-deram também certo emprêgo expressivo e significativo deverbos, subst. eadj. com9 uma espécie de br&quilogia: é ochamado usus praegnans (em inglês: pregnant use; em alemão:pragnanter Gebrauch) de palavras e de expressões em que estáimplicito mais do que parece à primeira vista. Exemplos:

§233. A elipse. - I. A elipse propriamente dita.A elipse é a omissão de uma ou mais palavras que, para aconsciência lingüistica de quem fala ou ouve, são dispensáveis,mas que são necessárias para a construção lógica da frase (emoposição ao assindeto)e não podem ser completadas pelapresença de palavras idênticas ou congêneres no contextoimediato (em oposição à braquilogia). Já encontramos algunstipos de elipses, dos quais mencionamos aqui: a omissã~ deum verbo sentiendi vel declarandi antes de uma proposIçãoinfinitiva (cí. §7, IV, 2); o Iní. exclamativo (cf. §17, lI);O acusativo eliptico (cí. §73, IV); o emprêgo intransitivo deverbos transitivos (cf. §60, I, 2); o emprêgo de Quid si?

[ § 231 ]

Os discursos de Demóstenes sãomais bonitos que os de Cícero

Quem poderia (cf. §54, I) compa-rar a vida de Trebônio com a deDolabela?

Sintaxe latina superior320

Caesar cepit N oviodunum multaquealia oppida Gallorum César tomou Novioduno e (tomou)

muitas outras cidades dos gau-leses

3) Um advérbio pode referir-se a dois verbos (muito co-mum), p. e.:

Haec puella bene cantat et saltat Esta moça canta (bem) e dançabem

exp~im~. Há várias ~spécies de braquilogias, algumas dasqUaIS sao usadas tambem em português.

1) Um adj. pode referir-se a dois objetos (muito comum)p. e.: '

Multas damos agrosque possidet Êle possui muitas casas e (muitas)terras

2) Um verbo pode referir-se a dois objetos (muito comum),p. e.:

4) Às vêzes,. um verbo qu~, segundo as regras da sintaxe,devena ser repetIdo por se aplIcar a pessoas diferentes é em-preg~do só uma v~z; a êste tipo de braquilogia muita~ vêzesse da o nome de szlepse (em grego-latim: syllepsis). Exemplo:Beate vivere al~i. in alio, vos in Alguns assentam a felicidadevoluptate ponttzs nisto, outros naquilo, vós (a

assentais) no prazer

5) Quanto à omissão de um segundo ou terceiro relativocf. §225, V. '

_ 6). Na f:ase portuguêsa: "Os discursos de Demóstenessao ~alS bom~os que os de Oicero", a segunda palavra os temfunpao anafónca (ef. ~224, I, 3); em latim, não se pode usar,nes~e caso, o pr~no~e zs, mas deve repetir-se o subst., ou então,om~te-se a referenCla ao subst. no segundo membro da compa-raça~. ~sta segun~a construção (a chamada: comparatio com-per:dwrw) é a m~Is usada, também quando os dois subst.estao em casos dIferentes, p. e.:Demosthenis orationes pulchrioressunt quam Ciceronis

Quis potest conjerre vitam Treboniicum (vitã) Dolabellae?

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§234. O eufemismo. O eufemismo é uma palavraou expressão usada para evitar o emprêgo de uma palavraou expressão desagradável, feia, impolida, etc.; em certosidiomas não fica bem dizer: "tuberculose", porque esta pala-vra é considerada de mau agouro, mas usa-se a locução eufê-mica: "t. b. c.". Assim Cícero diz:

323

Morramos e lancemo-nos no meioda batalha!

Tamanho é o cuidado de conser-vação de si próprio que a natu-reza criou em todos os sêresvivos

Pedirei suplicantementeOs presentes suspeitos e insidiososA série ordenada

Notabilia varza

M oriamur et in media arma ruam us!

[§ 236]

Tantam ingenuit animantibus con-servandi 8ui natura custodiam

II. Expressões enfáticas. O hendiadis'é, portanto, coor-denação (gramatical) em vez de subordinação (lógica); nemtôda e qualquer juxtaposição de subst., adj. ou verbos é hen-diadis. Muitas vêzes acontece que em latim clássico, princi-palmente nas obras de Cícero, se encontram duas palavrasmais ou menos sinônimas, simplesmente ligadas uma à outrapara reforçar a expressão, p. e.: eniti et contendere ("esforçar~semuito"), partiri ac dividere ("repartir e dividir"), extremumatque ult1:mum ("pela última vez), etc. Não havendo subordi-nação lógica, não se pode falar em hendiadis.

§236. O hipérbaton. - O hipérbato(n) é uma figuraretórica pela qual palavras ou grupos de palavras são transpos-tas do seu lugar natural para lhes dar maior ênfase ou paraobter qualquer outro efeito. Não falamos aqui do emprêgodo hipérbaton na linguagem poética, onde é muito usado pormotivos de ordem métrica. Na prosa assinalamos um exemplo,pelo qual se pode ver que o primeiro e o último lugar de umafrase (ou cláusula) são os que dão maior realce a uma idéia:

§237. A hipérbole. - A hipérbole é uma figura retóricaque engrandece ou diminui com exagêro consciente a verdadedas coisas; é muito comum na linguagem coloquial, cL emportuguês: "Morri de rir". Assinàlamos aqui as expressõeshiperbólicas já encontradas: luce clarz'us, nive candidius, etc.(cL §82, lU, 2c); cL também a célebre frase de Horácio:sidera tangam vertice (= "Com minha cabeça tocarei o céu").

§238. O histeron próteron. - O hísteron próteron(hysteron = "mais tarde", e próteron = "primeiro") é umafigura que coloca uma idéia ou palavra na frente de outraque, cronológica ou logicamente, lhe é anterior. Encontramosum exemplo neste verso de Vergílio:

Rogabo atque supplicaboDona suspecta insidiaequeOrdo seriesque (ef. §205, l, 5)

[§ 233 ]

Seu pudor inatoA gravitaçãoO cumprimento consciencioso/reli-gioso dos devêres

A ira de um leão fulvoAndavam sôzinhospela noite escura

Sintaxe latina superior322

Fulva leonis ira = Ira leonis julviIbant obscuri solã sub nocte = Ibantsoli sub noete obscurã

Se me suceder algo de humano =Se morrer

O juiz pronunciou uma sentençabastante grave = proferiu a sen-tença de morte

§235. O hendiadis. - r. Justaposição em vez desubordinação. O hendiadis (lit: "uma só coisa por meio deduas palavras") é a juxtaposição de duas palavras (geralmentesubst., às vêzes, também verbos), uma das quais está logica-mente subordinada à outra. Exemplos:N atura pudorque ejusGravitas et ponduslleligio et jides

(cL §226, III, 1); etc. Poderíamos acrescentar expressõesdêste tipo: lta mehercle = lta me, Hercules, juves, etc.

lI. A omissão de "esse". A omissão de esse no A. c. I.não é elipse propriamente dita (cL §5, I, Nota), nem a doparticípio presente de esse em construções participiais (cL §23I): aqui temos "frases nominais", construção bastante comum:principalmente em provérbios, p. e.: Quot capitajhomines tot

. ( "Q j. . 'sententwe = uantas cabeças homens, tantas sentenças)".CL também §213, IV.

§233. A enálage. - A enálage ou hipálage (em grego-latim: hypallage) quer dizer, ao pé da letra: "troca", e comotal é têrmo genérico. Em latim, porém, entende-se por ená-lage ou hipálage geralmente a hypallage adjectivi: um adjetivorefere-se, do ponto de vista da gramática, a um certo subst.,mas logicamente modifica outro sllbst. A figura é poucoencontrada em prosa; mas muito freqüente na linguagempoética (principalmente na época imperial). Exemplos:

Si quid mihi humanitus acciderit =Si moriar

Judex graviorem sententiam dixit =poenam mortis

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(1) A forma oximoro parece-nos mais correta do que a forma oxímoro (mÕ1'08. em grego).

§239. A ironia. - A ironia é uma maneira de falarque consiste em dizer o contrário do que se está pensando ousentindo, mas de tal modo que o ouvinte inteligente não podeequivocar-se quanto ao seu verdadeiro significado; a ironiapode ter por origem certo pudor (em relação a si próprio),ou sentimentos de escárneo (em relação a outrem); quando ainsinuação ou tom forem violentos, fala-se em sarcasmo. JáencontraJ!los algumas partículas que têm significado irônico,tais como: scilicet (cI. § 191, lII, 1), quippe (cI. §188, I, 1),nisi vero/forte (cI. §160, I, 3), etc. Registramos ainda oemprêgo irônico de credo, (parentético), p. e.:

§240. A lÍtotes. - A lítotes (é esta a forma correta)é uma figura retórica, muito usada também na linguagem colo-quial, pela qual se nega o contrário daquilo que se quer afir-mar enfàticamente, p. e.: haud ignoro = bene scio ("bem sei");non invitus = libentú/simus ("de muito boa vontade"); nonsine candidã puellã = cum candidã puellã ("com uma meninaesplêndida"), etc. CI. § 170, II, 1, Nota.

§241. O oximoro. (1) - O oximoro (ao pé da letra:"tolice" = moria; "arguta" = oxys) é a combinação de duasidéias que se excluem (cI. "paradoxo"). Ê célebre o oximoroencontrado num texto litúrgico latino: O felix culpa! (falandoda culpa de Adão, porque esta ocasionou a Redenção, ele-vando o gênero humano a um grau mais elevado do que oexistente no Paraíso Terrestre). CI. também a frase de Cícero:Cumtacent, clamant (já encontrada no §152, I, 4).

§242. O pleonasmo. - L Generalidades. O pleonasmoé o contrário da elipse, e consiste no emprêgo de uma ou maispalavras que, do ponto da vista meramente gramatical, são su-pérfluas. O pleonasmo é sobretudo peculiar à linguagem coloquial:mas também a linguagem jurídica e administrativa, devido àsua preocupação de se exprimir com tôda a clareza e de nãoomitir nada, serve-se muitas vêzes dêle. Registramos aqui:Sic ore locuta est Assim ela falou coma bÔcaInitio coepit cogitare A princípio começou a pensarHoc jerme jieri solet Isto costuma acontecer geralmentePostridie ejus diei( cf. §88, I, 5) No dia seguinte (a êsse dia)

325

Das paixões nascem todos os gê-neros de ódio, de divisão, dediscórdia, as sedições, as guerrase os homicídios

Vêde como o homem é benígno!

Resta que falemos da escolha docomandante

N O t a bi l i a v a r z a[§ 243 ]

II. A prolepse predicativa. Outro tipo de prolepse gra-matical, sobretudo encontrado na linguagem poética, consisteem atribuir-se a um substantivo certo qualificativo, o qualchega a existir apenas como resultado da ação verbal, p. e.:Abdita texit ora jrutex (cf. §26, V) A folhagem encobre(-Ihes) os ros-

tos, de modo que êstes se vãoescondendo, ou melhor: enco-bre e esconde-Ihes os rostos

Montes umbrantur opaci As montanhas são assombreadas,tornando-se escuras

§245. O quiasmo. Generalidades. O quiasmo (éesta a forma correta da palavra, não: quiasma) é a colocação

E cupiditatibus et odia et discidiaet discordiae et seditiones et bellaet homicidia nascuntur (cf. §217,IIl, 5)

Videte hominem, quam sit clemens }Videte, quam sit clemens homo!

§244. A prolepse. - L No antecedente. A prolepse(em latim: anticipatio) tem várias acepções. A prolepse gra-matical - a única espécie que nos interessa aqui, - consistena colo'cação antecipada (dentro da oração principal) do su-jeito de uma pergunta (ou exclamação) indireta. Exemplo:

§243. O polissíndeto. O polissíndeto é O contráriodo assíndeto (cI. §230). A frase assindética encontrada alipoderia ser transformada num polissíndetodesta maneira:

II. O emprêgo do verbo "videri" Cícero faz muitasvêzes uso pleonástico do verbo videri nas suas orações e t::a-tados, só com o fim de poder terminar o período de maneIrarítmica, p. e.:

lH. Em cláusulas relativas. Uma influência da lin-guagem jurídica é a repetição do antecedente na cláusularelativa, pleonasmo muito comum em tôda a prosa latina, p. e.:Erant omnino itinera duo, quibus Havia ao todo dois caminhos pelositineribus domo exire possent quais podiam sair da sua pátria

Restat ut de imperatore deligeridodicendum esse videatur

[§ 239 J

Se eu ordenar tua execução, Catili-na, terei de temer, acho, que to-dos os bons (cidadãos) julguemêste ato demasiadamente cruel

Sintaxe latina superior324

Si te jam, Catlina, interjici jussero,credo, erit verendum mihi neomnes bani hoc crudelius jactumesse

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O) A letra grega qui ou chi (X) tinha a forma da "cruz" de S",nto André.

. §246. A reticência. - A reticência ou a aposiopese éa mterrupção brusca, mas intencional, no meio de uma frase,p. e.:

. §.247. O zeugma. - O zeugma é uma espécie de bra-qUllogIa (cf. §231), mas sua peculiaridade consiste no fato deu~a s6 palavra referir-se a duas outras, co"m dois sentidosdIferentes. Exemplos:

Meu amigo disse: "Amanhã vol-tarei a Roma"

Meu amigo disse que amanhã vol-taria a Roma

A ORAÇÃO INDIRETA

CAPÍTULO XII

§248. Generalidades. - r. A natureza da oraçaoindireta. Já encontramos (no §225, IlI, l)a "oração indi-reta" . Neste capítulo pretendemos alguns pormenores a res-peito desta construção importante.

Amicus meus dixit: "Cras Romamredibo"

as palavras: eras se Romam rediturum (esse) trazem o mesmoconteúdo que: Cras Romam redibo, mas sob forma diferente:a comunicação feita por meu amigo não é citada textualmente,mas tornou-se dependente do verbo dixit, dependência essapela qual se explicam certas modificações (p. e. o emprêgo dese; a substituição do verbo finito redibo pelo Inf. rediturumesse). A reprodução das palavras (ou dos pensamentos) deuma pessoa em dependência de um verbum sentiéndi ·veldeclarandi é denominada a "oração indireta" (em latim:ora tio indireeta, ou oratio obliqua).

lI. A oração indireta prolongada. No exemplo dadoacima, a oração indireta era bastante curta, limitando-se a um-

as palavras: "Cras Romam red?'bo" reproduzem, - ou, pelomenos, têm a pretensão de reproduzir,' - textualmenteuma comunicação tal qual foi feita por meu amigo. Esta repro-dução textual, em livros modernos geralmente indicada pordois pontos e aspas; é denominada a "oração direta" (em latim:oratio direeta, ou oratio reeta).

Na frase:

Na frase:Amicus meus dixit eras se Romamrediturum (esse)

[§ 246]

PARALELISMO:

Ratio consentit

I Ioratio repugnat

Como pão e (bebo) vinhoFazendo paz ou guerra

Ger~ãnico (reservou) para si pr6-prlO o que era difícil; o restoconfiou aos comandantes subal-ternos

Sintaxe latina superior

QUIASMO;

Ratio consentit"'-//"'-

repugnat oratio

326

Si perjeceritis quodagitis, me' advos venire oportet; sin autem ... ;sed nihil opus est reliqua scibere

"cruzada"(l) de palavras em antíteses pouco extensas: nosegundo membro da oposiÇão, os elementos antitéticos sãocolocados em ordem inversa à do primeiro membro. Exemplos:Fragile ,corpus animus sempiternus O corpo frágil é movido pelomovet espírito eterno

Ratio consentit, repugnat oratio A razão concorda, (mas) resiste apalavra

lI. Quiasmo e paralelismo. Quando os elementos anti-téticos do segundo membro são colocados na mesma ordem doprimeiro, fala-se em paralelismo. Exemplos:

Se conse.guirdes o que pretendeis,devo Ir ter convosco; se não,...... ; mas não preciso escre-ver o resto

Cf. a célebre aposi?pese de Vergílio;

Quos ego 1 Eu os ! ((castigarei)

Panem edo et vinumPacem vel bellum gerens (em latimnão sepode dizer; pacem gerere)

Germanicus, quod arduum, sibi;cetera legatis permisit

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329A oração indireta[§ 250 ]

Notas.

1) Em lugar de ille usa-se, às vêzes, também is para fazerreferência à 2." pessoa da oração direta.

2) Quanto a outro emprêgo de ipse, cf. §251, lI.

§250. A conversão da oração direta para a indireta.- r. O discuso de um régulo gaul~s. Tomemos por pontode partida algumas frases tiradas de um discurso que umrégulo gaulês poderia ter proferido, ao se aproximarem aslegiões de César. O nosso régulo poderia dizer entre muitasoutras coisas o seguinte:

1) "Convoquei-vos parà deliberar juntamente convosco.sôbre ,um assunto de suma importância".

2) "Já naquele dia em que fui escolhido vosso chefe,bem sabia que os romanos com exército ameaçador estavamprestes a atacar-nos, já que não cessavam de importunar osnossos vizinhos".

3) "Há pouco êles atravessaram o Loire e, depois deincidiar inúmeras fortalezas dos gauleses, marcham agorarumo ao Reno; dentro em breve, ocuparão a Gália inteira".

4) "Se a situação não fôsse muito perigosa, eu não vosteria afastado dos vossos afazeres e dos vossos lares".

5) "O que julgais dever fazer? Cada um de vós profirafrancamente a sua opinião!"

6) "Eu por mim julgo que, por enquanto, devemosabster-nos de combates; logo que conseguir reunir grandestropas, persegui-los-ei sem cessar, enquanto me fôr dada avida".

7) "Não enviemos embaixadores a César!"8) "Alguém poderia dizer que César é benévolo, mas eu

não penso assim".9) "O que é mais indecoroso do que render-se com todos

os seus haveres ao poder do vencedor?"10) Servi-vos de mim ou como general, ou então, como

simples soldado!"11) "Peçamos socorro aos séquanos que sempre foram os

nossos aliados mais leais".12) "Confiante na sua ajuda, espero poder libertar a

pátria dos inimigos".

[§ 249 ]

Ariovisto responde a César: ~'Senão saires destas regiões, eute considerarei como inimigo.Quase tôdas as tribos me sãomuitissimo amigas; confiante nasua ajuda, lutarei contra ti pelasalvação da Gália inteira"

sese ou se, cf. § 11illum( = te da oração direta)ipsi, reflexivo indireto, cf. §221,IIse, cf. § 11earum (= earum da oração direta)illum (= te da oração direta)

Sintaxe latina superior328

Ariovistus Caesari respondet: "Nisideeedes ex his regionibus, te prohoste habebo, Fere omnes eivi-tates mihi amicissimae sunt;earum jretus ope contra te prosalute totius Galliae pugnabo"

Ariovistus Caesari respondet: nisideeedat ex his regionibus, seseillum pro hoste habiturum; jereomnes eivitates ipsi amicissimasesse; earum jretum ope se contraillum pro salute totius Galliaepugnaturum

Na oração indireta, esta frase vem a ser:

simples A. c. r. Mas acontece também que do A. c. r. depen-dem cláusulas (no §225, lU, 1 já estudamos a construção decláusulas relativas na oração indireta), e que a oração indiretase prolonga através de vários períodos sucessivos. Nas obrasdos historiadores latinos (César, Tito Lívio, Tácito) não sãoraras páginas inteiras escritas em "estilo indireto". A origemdesta praxe remonta à antiga linguagem administrativa ejurídica dos romanos, mas a oração indireta, uma vez adotadae aperfeiçoada pelos grandes prosadores, transformou-se numrecurso estilístico de suma importância que não pouco contri-buía para dar à língua de Lácio essa nota de monumentalidadee concisão que lhe é peculiar.

A oração indireta torna necessárias certas modificaçõesem relação à oração direta. Mencionamos aqui: o emprêgodos pronomes, o d.os modos e o dos tempos. Serão êstes osassuntos estudados no presente capítulo.

§249. O emprêgo dos pronomes. - Quando o verbode que depende a oração indireta, estiver na 3." pessoa, trans-forma-se a l.u pessoa da oração direta no pronome reflexivo(se, suus, etc.), na oração indireta. Havendo perigo de ambi-güidade, o pronome reflexivo pode ser substituído por 1'pse eipsius (cf. §221, lU, 3); usa-se ille, na oração indireta, parareferrir-se à 2." pessoa da oração direta; a 3." pessoa da oraçãodireta é, na oração indireta, geralmente indicada por is.Exemplo:

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Sintaxe latina superior

11. A tradução nas duas construções.

§251. Os pronomes. - Analisando o emprêgo dospronomes nos dois textos paralelos, podemos fazer os seguintesreparos:

331

non ignorabam > se non ignoras-se(2)

ego quidem > se quidem(6)mihi suppeditabit > sibi suppedi-tet(6)

A oração indiretar § 251 ]

nobis imminere > ipsis imminere(2)Notas.

1) O emprêgo de sibi (na frase 2; cf. 11) seria ambíguo,visto que a referência se aplicaria apenas ao régulo que está falando,não ao grupo a que êle pertence.

2) Na frase 10, poderíamos usar também: aut duce aut militeipso utantur, cf. §221, lII, 3; cf. também §249.

ego advocavi > se advocasse(l)

Nota. Na frase 12, a construção lógica ~xigiria: se sperare sepatriam liberare posse, mas o latim, evitando o acúmulo de pronomesque pouco ou nada contribuam para a 'clareza da frase, prefereusar se s6 uma vez.

me (abl.) utimini > se (abl.) utan-tur(lO)

Nos parágrafos seguintes estudaremos detalhadamente asmodificações havidas na passagem da oração direta para aindireta, no que diz respeito ao emprêgo dos pronomes, dosmodos e dos tempos.

I. O pronome reflexivo. Referências diretas ao sujéitoda proposição principal são feitas mediante as palavras se,suus, etc. (cf. § 11), p. e.:

11. O pronome "ipse". Referências a"o grupo a que osujeito da proposição principal pertence (expressas, na oraçãodireta, por nos, n~bis, etc.), fazem-se, na oração indireta, pelas -formas correspondentes de ipse (cf. §221, 111, 3), p. e.:

111. Particularidades. O pron. reflexivo pode referir-setambém ao sujeito da cláusula regente: é êste o caso de: quidsibi censeant jaciend1lm(5), em que sibt' se refere ao sujeito decen seant, não ao suj eito da proposição principal dicit (cf. §221,111, 1). O caso de: se quidem €ensere Upsis) abarmis abl'iti-

[§ 250 ]

2) jam eo die, curn dux illorurncreatus sit, se non ignorasseRomanos ipsis infesto exercituirnminere, propterea quod fini-timos vexare non desinerent;

3) paulo ante eos transisse Lige-rern atque, incensis permultisoppidis Gallorurn, nunc ad Rhe-num ire contendere; brevi (eos)Galliarn omnern occupaturos;

4) nisi res rnagni periculi esset,illos se non avocatururn fuisseab operibus domibusque (illo-rum);

5) quid sibi censeant esse facien-durn? unusquisque illorum pla-ne dicat quod sentiat/quid sen-tiat;

6) se quidem censere (ipsis) abarrnis ad ternpus abstinendurn;sirnul ac magnas copias cogerepotuerit (Subj. Pf.) finern seinsequendi non factururn, quoadvila sibi suppeditet

7) ne mittant i~gatos ad Caesarem;

ORAÇÃO INDIRETA

Dux barbarorurn dicit:

1) se illos advocasse, ut unã curnillis de summis rebus deliberarei;

8) dicere posse quempiarn Caesa-rem mitis ingenii esse, se autemnon consentire;

9) quid esse turpius quarn se sua-que omnia potestati victorispermittere ?

10) aut duce aut milite se utantur;

11) auxilium petant a Sequanis,qui semper ipsis socii fidissimijuerint;

12) quorumope jretum se sperare(se) patriam liberare posse.

330

ORAÇÃO DIRETA

Dux barbarorum dicit:

1) "Ego vos advocavi, ut unã vobis-cum de summis rebus delibe-rarem".

2) "Jam eo die, cum dux vestercreatus sum, non ignorabam Ro-manos nobis infesto exercituimminere, propterea quod finiti-mos vexare non desinebant".

3) "Paulo ante (Romani) Ligeremtransierunt atque, incensis per-multis oppidis Gallorum, nuncad Rhenum ire contendunt; breviGalliam' omnem occupabunt"

4) "Nisi res magni periculi esset,vos non avocavissem ab operibusdomibusque vestris".

5) "Quid vobis censetis esse facien-dum? Unusquisque vestrum pla-ne dicat quod sentit/quid sentiat!"(cf. §64, II, 2)

6) "Ego quidem censeo nobis abarmis ad tempus abstinendum;simul ac magnas copias cogerepotuero, finem insequendi nonfaciam, quoad vita mihi suppe-ditabit."

7) "N e rnittarnus legatos ad Cae-sareem!"

8) "Dixerit quispiarn Caesarernrnitis ingeniis esse, ego auternnon consentio"

9) "Quid est turpius quam se sua-que ornnia potestati victorisperrnittere ?

10) "Aut duce aut rnilite rne uti-rnini!"

11) "Auxiliurn petamus a Sequa-nis, qui sernper socii nobis fi-dissimi fuerunt".

12) "Quorurn ope fretus spero mepatriam liberare posse".

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333A oração indireta[§ 253 ]

lI. Passam a ser construídas com o Subjuntivo:1) TÔDAS AS FRASES INDEPENDENTES DESIDERATIvAS (cf.

§53, IlI, 2) p. e.:

3) TÔDAS as CL.{USULAS (cf. §144, IlI), p. e:tu deliberarem (final) > ut deliberarem(l)cum creatus sum (temporal) > cum creatus sit(2)propterea quod non desinebant (causal) > propterea quod non desinerent(2)nisi esset (condicional) > nisi esset(4)quod sentiat (relativa) > quod sentiat(5)simul ac potuero (temporal) > simul ac potuerit(6)quoad suppeditabit (temporal) > quoad suppeditet(6)qui juerunt (relativa) > qui juerint(ll)quid sentiat (pergunta indireta) > quid sentiat(5)

Cí. também §257, IH.

3) TÔDAS AS FRASES LIGADAS A PERIODOS ANTERIORESMEDIANTE A CONEXÃO RELATIVA (cf. § 167), p. e.:Quorum ope jretus spero> Quorum ope jretum se sperare(12)

2) TÔDAS AS PERGUNTAS REAIS (cf. §61, V), p. e.:Quid censetis > quid censeant ?(5)

2) TÔDAS AS PERGUNTAS RETÓRICAS (cf. §61, V), p. e.:

Quid est turpius ... ? = Nihil est turpius o o o o o > Nihil esse turpius(9)

utimini (Imp.) > utantur(lO)ne mittamus (exortativo negativo) > ne mittant(7)petamus (exortativo) > petant(ll)

Nota. Se na nossa passagem ocorresse um Opto propriamentedito, obedeceria às mesmas regras, p. e.: Utinam Romani ne venis-senti > Utinam ii/isti ne venissentl

lI. Os tempos nas cláusulas. Quando o verbo da pro-posição regente é um tempo primário, como é o caso na nossa

§253. Os tempos. - L Tempo relativo da proposiçãoinjinitiva. O emprêgo dos tempos nas orações infinitivasobedece às regras já estudadas enteriormente (cf. § 12, lI), p. e.:advocavi > se advocasse (anterioridade)censeo > se censere (simultaneidade)occupabunt > occupaturos (posterioridade)

[§ 252 ]

unã vobiscum > cum illis(l)vestrum > illorum(5)

non ignorabam > se non igno-rasse(2)

occupabunt > occupaturos(3), etc.

Sintaxe latina superior332

vos advocavi > illos advocasse(l)dux vester > dux illorum(2)

ego advocavi > se advocasse(l)

transierunt > eos transiisse(3)Notas.

1) O potencial da oração direta passa a ser construída com overbo posse na oração indireta, p. e. dixerit quispiam > dicere possequempiam(8). - Cí. também § 257, VI, 3.

2) A ap6dose do Irreal vai, na oração indireta, também parao A. c. 1., mas sempre provido do Iní. juisse, p. e.: vos non avoca-vissoem ;> illos se non avocaturum juisse. - Cí. também § 257, VI, ~.

Nota. Na frase 4, illorum poderia faltar sem prejuizo para aclareza.

V. O empr~go de "is". Referindo-se a terceiros, usa-se,na oração indireta, is; tratando-se de inimigos, poder-se-iausar também iste (cf. §223, lI), p. e.:(Romani) > eos(3)

§252. Os Modos. - Os modos na oração indireta sãoo infinito (I) e o subjuntivo (lI), conforme o esquema seguinte:

I. Passam a ser proposições injinitivas:1) TÔDAS AS FRASES INDEPENDENTES ENUNCIATIVAS (cf.

§53, IlI, I), p. e.:

nendum(6) é um tanto diferente, porque aqui st'bi se refeririaexclusivamente ao sujeito da cláusula regente (se), ao passoque o régulo quer referir-se explicitamente à coletividade aque pertence. Mas ipsis poderia faltar sem prejuízo paraa clareza da frase.

Também se suaque(9), usado aqui em referência ao sujeitoindeterminadó da frase ("O que é mais indecoroso do que umapessoa se render ao vencedor ?"), não se refere ao sujeito daproposição regente.

IV. O pronome "ilJe". Algumas vêzes o régulo sedirige aos seus conselheiros, destacando-os como um grupo emcerto contraste com a sua própria personalidade; tais refe-rências são, na oração indireta, feitas pelo pronome ille (cf.

o §249); poder-se-ia usar também is, mas êste pron. é geral-mente reservado para indicar a 3.a pessoa. Exemplos:

Page 175: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Nota. Estas cláusulas, qus,ndo construídas com o Subj. (cf.§ 150, 11) conservam· geralmente os mesmos tempos.

b) CLÁUSULAS TEMPORAIS, contanto que indiquem açãorepetida, ou estejam subordinadas a uma ação futura expressapelo verbo regente. Pode ser êste o caso das seguintes con-junções:

eum temporal, cf. § 152, I, lieum iterativo, ef. § 152, I, 3;antequam/prtusquam, cf. § 155, I;ubi, ut, simul ae, cf. § 154, 11.

c) CLÁUSULAS CONDICIONAIS, contanto que sejam cons-truidas com o Real, cf. § 158, I.

d) CLÁUSULAS CONCESSIVAS, introduzidas por ets1'/tametsi(cf. § 161), e quamquam (cf. § 162, I, 1).

e) CLÁUSULAS RELATIVAS, contanto que sejam adjetivas(cf. § 166). Há, porém, também outros tipos de cláusulasrelativas adjetivas, como havemos de ver mais adiante.

h) CLÁUSULAS COMPARATIVAS SIMPLES, cf. § 164.

335

Meu amigo procurava (por tôda aparte) os livros de todos osautores que escreveram sôbre aimortalidade da alma

Meu amigo tinha os livros de todosos autores, que escreveram sôbrea imortalidade da alma

A oração indireta[§ 254]

Amicus meus omnium scriptorum,qui de immortalitate animae scrip-serant, libros indagabat

Evidentemente meu amigo não podia possuir êsses livros,a não ser que já estivessem redigidos, por outras palavras: aação de "escrever" é anterior à de "ter, possuir", e o temponormal para indicar a anterioridade a uma ação realizada nopassado, seria o Msqupf. scripserant. Entretanto, usa-se o Pf.scn:pserunt. Por que? Porque a ação verbal expressa pelacláusula não é concebida do ponto de vista do meu amigo quepossuia êstes livros, e sim, do ponto de vista de quem estárelatando o fato no momento atual. Mas- a mesma frase,modificada só ligeiramente, deveria exprimir a anterioridade,como se pode ver por êste exemplo:

Amicus meus omnium scriptorum,qui deimmortalitate animae scrip-serunt, libros habebat

eum temporal, cf. § 152, I, 1;postquam, cf. § 153, liubi, ut, simul ac, e eum primum cf. §154, liantequam/priusquam, cf. § 155, licum inverso, ef. § 151, I, 2.

Nota. Dum, quando indica simultaneidade não completa, ésempre construí da com o Ind. Preso (cf. § 156, I, 1, b)i quanto adum, quoad e donee, indicando simultaneidade perfeita, cf. infra, 3.

2) São construidos como o tempo absoluto, isto é, como tempo que seria usado numa proposição independente, osseguintes tipos de cláusulas:

a) CLÁUSULAS TEMPORAIS, que não indiquem nem açãorepetida nem estejam subordinadas a uma ação futura expressapelo verbo regente. Pode ser êste o caso das seguintes con-junções:

b) CER'IAS CLÁUSULAS RELATIVAS, contanto que conte-nham uma averiguação feita do ponto de vista do relator dafrase, não do ponto de vista do sujeito da oração regente. Osseguintes exemplos podem talvez esclarecer essa diferença sutilque, aliás, existe também em português:

[§ 254 ]Sintaxe latina superior334

passagem, os tempos dos subjuntivos empregados na oraçãoindireta correspondem geralmente aos que foram usados naoração direta. Mas há várias regras especiais que cumpreestudarmos agora.

§254. A consecutio temporum na oração direta. -Já encontramos neste livro dois esquemas concernentes àconsecutio temporum: no §44, I, 2 vimos o emprêgo do lnd.como tempo relativ9 em orações subordinadas; no §64, lU,o emprêgo do Subj. como tempo relativo em orações subordi-nadas. Nenhum dos dois tem valor universal: há várias cláu-sulas tanto indicativas quanto subjuntivas que seguem regrasespeciais. Neste parágrafo pretendemos dar uma sinopse daconsecutio temporum nos diversos tipos de cláusulas da oraçãodireta, podendo referir-nos, no mais das vêzes, a regras jáformuladas em capitulos anteriores.

I. Cláusulas indicativas. 1) O esquema dadono §44,I, 2, aplica~se màrmente aos seguintes tipos de cláusulasindicativas:

a) CLÁUSULAS CAUSAIS, introduzidas por quod/quia, e quo-niam/quandoquidem (cf. §150, I).

Page 176: Besselaar Propylaeum Latinum 1

N este exemplo, o relatar da frase não pode fazer abstraçãodo fato de já estarem redigidos os livros, quando meu amigoos procurava.

Nota. O tempo absoluto, quando empregado numa cláusularelativa, é quase sempre o Preso ou o Pi. - Cf. também §225,lII, 1-2.

337

Foi càstigado por ter mentido

Êle foi tão gravemente ferido quenão pôde (podia) suster-se

A oração indireta[§ 254 ]

Cum mentitus sit (não; esset),punitus est

Tam graviter vulneratus est, ut se 1

sustinere non posset (tempo re-lativo)

Tam graviter vulneratus est, ut sesustinere non potuerit (tempoabsoluto .

Nota. O tempo r~lativo é normal em cláusulas consecutivascompletivas, cf. §148, l, nota.

c) CLÁUSULAS CONDICIONAIS; quanto ao emprêgo dostempos no Irreal e no Potencial, cf. § 158, H-Hr.

d) CLÁUSULASCONCESSIVAS;introduzidas por etiamsi, se-guem a construção do Irreal ou do Potencial (cf. § 151, I);quando introduzidas por quamvis, obedecem geralmente àconsecutio temporum.

e) CLÁUSULASCOMPARATIVAS-CONDICIONAIS;podem seguira construção do Irreal (cf. § 155, I); admitem também aconstrução segundo as normas da consecutio temporum (cf.§155, H).

j) CLÁUSULASCAUSAIS,introduzidas por cum; geralmentetêm o tempo absoluto, como mostra êste exemplo:

Notas.1) Os verba timendi admitem também o Subj. Pf. e Msqupf.,

cf. §146, II, 2d.2) As cláusulas introduzidas por antequam/priusquam (cf. § 157,

II) e dum/dummodo (cf. § 160, lII, 8) podem ter valor final, casoem que o tempo é o das cláusulas finais.

b) CLÁUSULAS CONSFCUTIVAS; não constituem uma uni-dade tão intima com a oração principal como cláusulas finais,admitindo, portanto, o tempo absoluto~ nes~e ?aso, averigua-seo resultado da ação expressa pela oraçao prmClpal do ponto devista do momento atual (cf. os exemplos dados no § 147, I-H).Mas acontece também que o resultado é considerado em intimaconexão com a ação verbal expressa pela principal; neste caso,temos a consecutio temporum. Cf. os dois seguintes exemplos:

frásticas em geral (cf. §44, H, Nota 5; §54, IH, 3), evitan-do-as em cláusulas finais. Aliás, o Subj. Preso tem intimaafinidade morfológica com o Ind. Fut. Simples, e o Subj.Impf. é a transposição do mesmo para o pretérito.

[§ 254]

RELATIVAS, do tipo:Quem foge (= O desertor) trai apátria

Sintaxe latina superior336

3) Além dos dois tipos de cláusulas indicativas já mencio-nadas, existe ainda o grupo de "cláusulas coincidentes", istoé, cláusulas, cuja ação verbal coincide completamente no tempocom a da oração principal. As mais importantes são:

a) CLÁUSULASTEMPORAIS INTRODUZIDASPOR "DUM" (cf.§ 155, I, Ia);

b) CLÁUSULASTEMPORAISINTRODUZIDASPOR "CUM" IDJTIN-TICO (cf. § 152, I, 4);

c) CLÁUSULAS EXPLICATIVAS INTRODUZIDASPOR "QUOD"(cf. §21O, H, 1);

d) CERTAS CLÁUSULAS

Qui jugit, patriam prodit

Nestas cláusulas, o tempo é sempre idêntico ao da oraçãoprincipal.

H. Cláusulas subjuntivas. 1) O esquema dado no §54,IIl, aplica-se principalmente aos seguintes tipos de verbos:

a) PERGUNTAS INDIRETAS, cf. §54;b) CLÁUSULASCOMPARATIVASCONDICIONAIS,introduzidas

por tamquam, quasi, etc. (cf. § 155, H).2) Mas a consecutio temporum. em quase tôdas as demais

cláusulas subjuntivas está sujeita a certas modificações. Men-. .Clonamos aqUI:

a) CLÁUSULAS FINAIS: são sempre construidas com oSubj. Preso (depois de um tempo primário na oração principal)ou com o Subj. Impf. (depois de um tempo secundário naoração principal), cf. § 144, r. O emprêgo das formas peri-frásticas (-urus simlessem) seria mais lógico, do ponto de vistado esquema relativo às perguntas indiretas, porque a finali-dade sempre é úma ação (ou situação) posterior, e não simul-tânea; mas o latim faz uso muito moderado das formas peri-

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H. Na oração indireta. O esquema dado no §64, IH,relativo à consecutio temporum em perguntas indiretas é,até certo ponto, modelar para a consecutio temporum naoração indireta. Isso não é de estranhar, porque uma perguntaindireta é uma forma muito elementar da oração indireta (cL§252, H, 2), vindo a ser construída com o Subj., que é o modonormal das cláusulas na oração indireta. Há, porém, algumaspeculiaridades que serão expostas mais adiante.

Daremos aqui dois esquemas: um relativo ao emprêgodos tempos numa oração indireta dependente de um, tempo

339

redie~o > redierim (anterioridade)

TEMPO SECUNDÁRIO:

Dixi/ Dicebam/ Dixeram1) me domi manere quod aeger

sim/essem2) me domi manere quod pater-

meus e provinciã redierit/rediis-set·

3) m: domi manere quod patermeus. e provinciã rediturus sit/esset;

4) me tibi pecuniam soluturum,cum Romae sim/essem;

5) me tibi pecuniam soluturum,cum Romam redieTim/redifssem;

6) me domi mansisse quod aegeressem;

7) me domi mansisse quod patermeus e provinciã rediisset;

8) me domi mansisse quod patermeus e provinciã rediturus esset

A oração indireta

ero > sim (simultaneidade)

[§ 255 ]

4) me tibi pecuniam soluturum,cum Romae sim;

5) me tibi pecuniam soluturum,cum Romam rdierim;

6) me domi mansisse quod aegeressem;

7) _me domi mansisse quod patermeus e provinciã rediisset;

8) me domi mansisse quod patermeus e provinciã rediturus esset

c) Nas frases 6-8, as cláusulas causais, intr?duzidas porquod, dependem diretamente, não de dico, mas SIm, de man-

IH. Observações.1) TEMPOPRIMÁRIO.a) Nas frases 1-3, o Ind. da oração

direta é simplesmente substituído pelo Subj., conservando-seos mesmos tempos.sum > sim (simultaneidade) redibit > redj,turus sit (posteridade)rediit > redierit (anterioridade)

Nota. A forma rediturus sit é relativamente pouco usada naoração indireta; quando a clareza da frase o per~itir, vem sendosubstituida por redeat, acompanhado de mox, brev~, etc. (cf. §44,lI, nota 5; §64, llI, 3)b) _Nas frases 4-5, a simultaneidade é expressa pelo Subj.

do Pres.; a anterioridade pelo Subj. do Pf.:

3) me domi manere quod patermeus e provinciã rediturus sit;

TEMPO PRIMÁRIO:Dico1) me domi manere quod aeger sim!

2) me domi manere ([Uod patermeus e provinciã redierit;

primário, o outro relativo ao emprêgo dos t~~pos numa ora-ção indireta dependente de um tempo secundano (cf. §43, H).Quanto aos tempos primários, cumpre fazermos observar quepràticamente só se usa o Preso (tipo: dl:CO) na proposiçãoprincipal, ou então, um Pf. Presente (tipo: novi), sendo extre-mamente raro o emprêgo do Fut. Simples edo Fut. Pf.

[§ 255]

Fico em casa, porque meu paivoltou da província

Fico em casa, porque meu paivoltará/há de voltar da pro-vincia

Pagar-te-ei o dinheiro, quando esti-ver em Roma

Pagar-te-ei o dinheiro, quando vol-tar a Roma (lit.: tiver voltadoa Roma)

Fiquei em casa, porque estavadoente -

Fiquei em casa, porque meu paivoltou (lit.: voltara) da pro-vincia

Fiquei em casa, porque meu paivoltaria/havia de voltar da pro---vincia

Sintaxe latina superior338

g) CLÁUSULASTEMPORAIS,introduzidas por cum histórico,são em latim clássico, sempre construídas com o lmpf. paraexprimir simultaneidade, e com o Msqupf. para exprimiraanterioridade; a oração principal tem sempre um pretérito,ou então, um Presente histórico (cf. § 152, H).

h) CLÁUSULASRELATIVASADVERBIAIS(cf. § 168); seguemas regras das cláusulas conjuncionais correspondentes.

§255. A consecutio temporum na oração indireta.- L O esquema dos tempos relativos. Para adquirirmosuma noção concreta das diversas modificações que os tempossofrem na oração indireta, poderíamos partir do esquema jádado no §44, l, 2, o qual exemplifica as regras reIativas àconsecutio temporum em grande número de cláusulas indica-tivas na oração direta. Reproduzímo-Ia nesta página:1) Domi maneo quod aeger sum Fico em casa, porque estou doente(simult.)

2) Domi maneo quod pater meuse provinciã rediit (an t.)

3) Domi maneo quod pater meuse provinciã redibit (post.)

4) Pecuniam tibi solvam, cum Romaeero (simult.)

5) Pecuniam tibi solvam, cumRomam rediero (ant.)_

6) Domi mansi quod aeger eram(simult)

7) Domi mansi quod pater meuse provinciã redierat (an.t)

8) Domi mansi quod pater meus eprovinciã rediturus erat (post.)

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sisse, Inf. êsse que, na oração indireta, substitui o temposecundário mansi da oração direta. Nas três cláusulas o Ind.é simplesmente substituído pelo Subj., conservando-se osmesmos tempos:

erar;t>essem (simultaneidade) redierat > rediisset (anterioridade)red~turus eram > rediturus esset (posterioridade)

Nota. A forma rediturus esset é pouco usada, sendo geralmentesubstituída por rediret (mais mox, brevi, etc.).

341

9) não há modificação;

10) aut duce aut milite se uterentur;11) auxilium peterent a Sequanis,

qui semper ipsis socii jidissimijuerint/juissent;

12) não há modificação

5) quid sibi censerent esse jacien-dum 7 unusquisque illorum pla-ne diceret quod sentiret/quid sen-tiret;

6) se quidem censere ipsis ab armisad tempus abstinendum; simulac magnas copias cogere potue-rit/potuisset, jinem se insequendinon jacturum, quoad sibi vitasuppeditet;

7) ne mitterent legatos ad Caesarem;8) não há modificação;

4) não há modificação;

3) não há modificação;

A oração indireta[ § 256 ]

n. Observações.1) Proposições infinitivas não sofrem nenhuma modifica-

ção (cI. as frases 3; 8; 9; 12).2) O Irreal não sofre nenhuma modificação (cI. frase 4).3) Proposições independentes na oração direta, construí-

das com o Imp., ou o Subj. optativo ou voluntativo, quandodependem de um tempo secundário, obedecem às regras daconsecutio temporum e vão para õ pretérito; igualmente, asperguntas reais:

\quid 'sibi censeant 7 > quid sibi censerent 7(5)dicat > diceret( 5)ne mittant > ne mitterent(7)utantur > uterentur(lO)auxilium petant > auxilium peterent(ll).

3) paulo ante eos transíisse Lige-rem atque, incensis permultisoppidis Gallorum, nunc ad Rhe-num ire contendere; brevi (eos)Galliam omnem occupaturos;

4) nisi res magni periculi esset,illosse non avocaturum juisse aboperibus domibusque illorum;

5) quid sibi censeant esse jacien-dum 7 unusquisque illorum pla-ne dicat quod sentiat/quid sen-tiat;

6) se quidem censere ipsis ab armisad tempus abstinendum; simulac magnas copias cogere potue-rit, jinem se insequendi non jac-turum, quoad sibi vita suppe-ditet;

7) ne mittant legatos ad Caesarem;8) dicere posse quempiam Caesa-

rem mitis ingenii esse, se autemnon consentire; .

9) quid esse turpius quam se suaqueomnia potestati victoris permit-tere 7

10) aut duce aut milite se utantur;11) auxilium petant a Sequanis,

qui semper ipsis socii jidissimijuerint;

12) quorum ope jretum se sperare(se) patriam liberare posse

[§ 256 ]

TEMPO SECUNDÁRIODux barbarorum dixit1) não há modificação;

2) jam eo die, cum dux illorumcreatus sit/(esset), se non igno-rasse Romanos ipsis injesto exer-citu imminere, propterea quodjinitimos vexare non desinerent;

Sintaxe latina superior34Q

2) TEMPO SECUNDÁRIO. a) Nas frases 1-5 os temposusados na cláusula podem ser os' mesmos que os' empregadosnuma cláusula depndente de um tempo primário. Neste caso,o tempo da cláusula não depende diretamente de dixijdieebamjdixeram (tempos secundários), mas dos InI. manere e soluturum(esse), formas essas que, na oração indireta, substituem ostempos primários maneo e solvam, usados na oração direta.Mas o latim pode considerar estas cláusulas também comodiretamente dependentes de dixijdieebamjdixeram, caso em queos tempos são transportados para o pretérito:

sim. >: essem ~~imultaneidade) sim> essem (simultaneidade)red~ent > red~~sset (ant.) redierim > rediissem (ant.)rediturus sit > rediturus esset (post.)

b) Nas frases 6-8, temos que usar os tempos passadosdo Subj., porque a cláusula depende sempre de um temposecundário (ou de dixi, ou então, de mansisse), de modo queaqui não pode haver variação ..

§256. Mais uma vez o discurso do régulo. - r.Tempo primário e tempo secundário. As palavras ditaspelo régulo gaulês e relatadas na oração indireta, dependiamno §250, n, de dieit, tempo primário. Agora precisâmos vera~ modificações no emprêgo dos tempos, quandó êsse discursofor transportado para o pretérito.TEMPO PRIMÁRIO.Dux barbarorum dicit1) se illos advocasse ut unã cum

illis de summis rebus deliberaret;2) jam eo die, cum dux illorum

creatus sit, se non ignorasseRomanos ipsis injesto exercituimminere, proplerea quod jini-limos vexare non desinerent;

Page 179: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Nota. Também depois de um tempo secundário, conserva-segeralmente o Pf., sendo raro o emprêgo de: creatus esset (cf. §257, V),forma essa que fica reservada para cum histórico (como tambémcrearetur). - A regra que formulamos aqui em relação a cum tem-poral, aplica-se a todos os casos mencionados no §254, I, 2.

j) Na décima primeira frase, a cláusula relativa faz parteintegrante das palavras citadas: por isso vai para o Subj.(cf. § 225, III, 1), respeitando-se as regras da Iconsecutio tem-porum (cf. §254, I, 1e), de modo que juerunt > juerint. Estaúltima forma pode ser substituída por juissent, depois de umtempo secundário.

§ 257. Particularidades. - Encerrando a nossa expo-sição dos problemas relativos à consecutio temporum e à

i

4) Quanto às cláusulas, podemos fazer os seguintes reparos:a) Na primeira frase, utdeliberaret depende nem de dicit

nem de dixit, mas de advocasse (= advocavi, na oração direta);por isso se usa o Subj. do Impf. na:s duas dependências (cf.§ 255, III, 2).

b) Na segunda frase, conserva-se, na oração indireta, otempo absoluto empregado na oração direta (cum é temporal,cf. §257, V), de modo que: creatus um (oração direta) >creatus sit (oração indireta).

343A oração indireta[§ 257 ]

oração indireta, - os dois assuntos mais complicados e ingratosda gramática latina, - devemos acrescentar-lhe ainda algumasobservações complementares, devendo preterir numerosos por-menores que para nós são de somenos importância.

I. O presente histórico. O Preso histórico (cf. § 45, II,1) pode ser considerado como tempo primário (pela forma), ouentão, como tempo secundário (pela função). A construçãoda oração indireta dependente de tal Preso histórico variaconforme o critério que fôr adotado.

11. Variação dos tempos. Num discurso indireto decerta extensão e dependente de um tempo seCUndário, acon-tece muitas vêzes que, a certa altura, os tempos secundáriosdo Subj. passam a ser substituídos pelos tempos primários domesmo. Neste caso pode tratar-se de uma espécie de anacoluto(cf.229), sendo que o autor se esqueceu de como iniciou odiscurso indireto. Mas 'pode ser também que o autor varieconscientemente os tempos, servindo-se da variação como re-curso estilístico.

III. O Subjuntivo oblíquo. O Subj. usado em cláu-sulas que {azem parte integrante das palavras citadas, é ochamado subjunctivus obliquus, ou "subjuntivo de subordi-nação" (cf. § 143, III). Em latim arcaico, o Subj. de subor-dinação é muito menos freqüente do que em latim clássico,para não falarmos da época imperial em que o Subj., tambémfora da oração indireta, invade vários tipos de cláusulas, emdetrimento do Ind. (cf. p. e. § 152, I, 3, Nota).

O Ind. encontra-se ainda mais de 40 vêzes no De BelloGallico em cláusulas da oração indireta, mas a partir de TitoLívio o "subjuntivo oblíquo" se torna cada vez mais a cons-trução normal.

Em prosa clássica, o emprêgo do Ind. pelo Subj .de subor-dinação é regra normal nos seguintes casos:

1) Em cláusulas que não fazem parte integrante daspalavras, mas constituem um acréscimo posterior feito peloautor; êste caso ~e dá principalmente com as cláusulas rela-tivas, cf. § 225, III, 1.

2) Em cláusulas (também, geralmente, relativas) que con-têm a paráfrase deum único conceito; ao exemplo já dado no§225, lU, 1, Nota, poderíamos acrescentar um exemplo do

[§ 257 ]Sintaxe latina superior342

c) Na segunda frase, usa-se quod non desinerent nas duasdependências, cf. § 254, III, 1c; § 254, III, 2b.

d) Na quinta frase, poderíamos usar, depois de um temposecundário, também: quod/quid sentiat (cf. § 2M, III, 2a), masdevido à proximidade do Subj. Impf. d1'ceret (obrigatório, por-que substitui uma frase independente da oração direta), olatim evitará a discrepância de tempos, preferindo: quod/quid sentiret.

e) Na sexta frase, simul ac potuerit (Subj. Pf.) substitui:simul ac potuero (Fut. Pf.) da oração direta (cf. §2M, III, 1b);a forma quoadsuppeditabit (Fut. Simples) vem a ser substi-tuido pelo Subj. Preso quoad suppeditet (Subj. Pres.). A formapotuerit, dependendo de um tempo secundário, pode ser subs-tituída por potuisset; mas não se transforma suppeditet emsuppeditaret, visto que a cláusula introduzi da por quoad é"coincidente" (cf. §257, IV).

Nota. Mas potuerit pode ficar inalterado (cf. §257, V).

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345A oraçâo indireta[§ 257 ][§ 257]Sintaxe latina superior344

tipo de clausulas relativas que substituem um particípio subs-tantivado (cL §29, lI, 1, Nota).

3) Em cláusulas que possuem caráter de fórmulas fixas,tais como: ut dixi, ut vidimus, quod cognovimus, etc., e: dumhaec aguntur (cf. §158, I, 1b), p. e.:

o general disse: "Ataquei os ini-migos, depoi,sque atravessaramo rio"

O general disse que havia atacadoos inimigos, depois que atra-vessaram o rio

Disse-lhe: "Antes de ter lido/Antes de ler a tua carta, estavamuito preocupado"

Disse-lhe que antes de ler a suacarta, estava (lit.: tinha estado)muito preocupado

Dux dixit: "H ostes aggressus sum,postquam jlumen transierunt"

Dux dixit se hostes aggressum esse,postquam jlumen transierint

Dixi ei: "Priusquam litteras tuasaccepi, valde sollicitus eram" (cf.§ 155, I) .

Dixi ei me, priusguam litteras illiusacceperim, valde sollicitum juisse

VI. As cláusulas condicionais. Aqui se nos apresen-tam alguns casos especiais que podem ser esclarecidos melhormediante exemplos paralelos do que por meio de regras abs-tratas:

I, 2a), conservam na oração indireta o PL para indicar a ante-rioridade a outra ação que se realizou no passado. Exemplosparalelos:

Enquanto isto acontecia, Césarfoi à Gália

Meu amigo diz/disse que, enquantoisto acontecia, César foi à Gália

Digo que quem lêr êste livr%leitor dêste livro gozará umimenso prazer

Nota. Também a cláusula relativa quod sentit, na frase 5 dodiscurso do régulo gaulês, poderia passar sem alteração para aoração indireta, porque quod sentit = sententiam suam.

Haec dum aguntur, Caesar in Gal-liam projectus est

Amicus meus dicit/dixit Caesarem,dum haec aguntur, in Galliamprojectum esse

Nota. É de notar que, neste caso, não só se conserva o Ind.da oração indireta, mas também o Preso histórico.

Dico hunc librum qui leget magnamvoluptatem percepturum

V. As conJunções temporais. As conjunções tempo-rais: ubi, ut, simul ac, cum (prúnum), postquam, e~c., que naoração direta muitas vêzes têm o tempo absoluto (cL §254,

IV. Cláusulas coincidentes. Cláusulas coincidentes, ouperfeitamente simultâneas com a ação expressa pelo verbo daoração regente (cL § 254, I, 3), quando dependem de um temposecundário, nunca vão para os tempos secundários do Subj.,mas sempre estão no Preso ou no Pf. do Subj. Exemplosparalelos:

a) TEMPO PRIMÁRIO.

ORAÇÃO INDIRETA:

Pu to eum, si hoc dicat, errarePuto eum, si hoc dicat, erraturum(esse)

Pu to eum, si hoc dix.erit, erravisse

2) IRREAL.

a) dependente de um verbum sentiendi vel declarandi:

b) TEMPO SECUNDÁRIO.

Putabam eum, si hoc dicat/diceret, errarePutabam eum, si hoc dicat/diceret, erraturum (esse)Putabam eum, si hoc dixerit/dixisset, erravisse

Notas.1) Com um tempo secundário, preferem'-se as formas diceret e

dixisset, a dicat e dixerit.2) Se a construção hipotética depender de um verbum rogandi

vel dubitandi (como pergunta indireta), apliquem-se as regras do§64, III. Portanto:

Rogo guid dicas, si erretRogavi quid diceres, si erraret, etc.

ORAÇÃO DIRETA:

Si hoc dicit, erratSi hoc dicet, errabit

Si hoc dixit, erravit

1) REAL.

Cícero disse ter defendido a pá-tria, enquanto viveu

Por saires, ofendeste teu amigo

Já disse que fizeste (lit.: fizeras)bem em lembrãr-me

Julgava que, por saires, tivessesofendido teu amigo

Fizeste bem em lembrar-me

Enquanto viveu, defendeu a pátriaDum vixit, patriam dejendit (cf.§ 156, I, Ia)

Dixit Cicero se patriam dejendisse,dum vixerit (não: vixisset)

Amicum ojjendisti, cum abiisti(d. § 152, I, 4)

Putabam te amicum ojjendisse, cumabieris (não: abiisses)

Bene jedsti quod me admonuisti(cf. § 148, lI, 1)

Jam dixi bene te jecisse quod meadmonueris (não: admonuisses)

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346 Sintaxe latina superior [§ 257 ] CAPÍTULO XIII

b) dependente de um verbum rogandi vel dubitandi:

o INFINITIVO(Sinopse histórica)

ANOTAÇOES

Os gregos indicavam o Inf. com a palavra i] àr.apÉ)J.cparos(se. €)'K:>WTLS), têrmo êsse que designava a ação verbal em estadopuro e simples, sem o acréscimo de "significados- acessórios"(r.ap€)J.cpá(j€LS). Os gramáticos lãtinos forjaram o têrmo Infi-nitivus (se. modus), ideo dicttlS ..... quod parum definitas habetpersonas et numeros (Diomedes).

Dos seis infinitos existentes em latim histórico, dois(laudare e laudavisse) são antigos locativos (originàriamente em-i) de um substantivo verbal cujo tema terminava em -a:laudare < lauda-s-i, e laudavis-s-i. As três formas: laudatusesse, laudaturus esse e laudatum iri, são evidentemente criaçõesposteriores, originadas pelo desejo tipicamente latino (ef. §43,IV) de exprimir com exatidão as relações temporais. Aorigemmorfológica de laudari é questão discutida: segundo alguns,esta forma derivaria do dato (primitivamente em -ei) dosubstantivo verbal, e laudari remontaria a lauda-s-ei; se-gundo outros, ao que parece, com maior probabilidade, laudariseria formação analógica, feita sôbre o modêlo laudare e mu-nida do sufixo -i, elemento que encontramos também naforma passiva laudam1:ni < lauda-men-i. A diferença mor-fológica que existe entre os infinitos do tipo laudari, deleri eaudiri, e os do tipo legi, ainda não está devidamente esclarecida.

O locativo exprimia não somente o lugar onde se verificacerta ação verbal, mas podia indicar também para onde sedirige a mesma; esta função "final" do loco laudare deu origemao chamado Inf. final (cf. ad §17, IIl), cujo tipo é: venisMlaudare. O emprêgo da forma laudare foi-se estendendo tam-bém a verbos que designavam vontade, esfôrço, intenção, obri-gação, iniciativa, etc., p. e. em expressões dêste tipo: cupiolaudare, statuo laudare, debeo laudare, incipio laudare, etc.,mas devido a essas combinações muito freqüentes, laudare

Dico eum, si hoc dicat, erraturumesse

Dico eum, si hoc dicat, erra,_eposseDixi eum, si hoc dicat/diceret, erra-turum esse

Dixi eum, si hoc dicat/diceret, errareposse

Rogo/Rogavi te quid jacturus fueris,si consul esses

Rogo/Rogavi te quid jacturus fuerissi consul juisses

Se César não fizesse/tivesse feitoisto, seu exército seria/teria sidoderrotado

Digo/Disse que, se César não fi-zesse/tivE;ssefeito isto, seu exér-cito seria/teria sido derrotado

}

1J

ORAÇÃO DIRETA: ORAÇÃO INDIRETA:

r Puto eum, si hoc diceret, erraturumJ juisse

1 Putabam eum, si hoc diceret, erra-l turum juisser Puto eum, si hoc dixisset, erraturum

1 juissePutabam eum, si hoc dixisset, erra-turum juisse

Nota. Na V. P. esta construção é impossível, tornando-senecessária uma circunlocução com futuru'm fuisse, p. e.:

com tempo secundário:

Si hoc dicat, erretSi hoc dixerit, erraverit

Notas.1) Também aqui se prefere a forma diceret a dicat.2) O Subj. do Pf., usado na oração direta, ê quase sempre

substituída, na oração indireta, pelo Subj. Preso

3) POTENCIAL.

Falamos aqui somente do Potencial do Presente, vistoque o emprêgo do Potencial do Passado na oração indiretaestá mal abonado.

A construção do Pot. na oração indireta é igual à do Real,ou então, emprega-se, na apódose, a circunlocução com o verboposse (só nesta forma, cf. §252, I, 1, Nota 1), p. e.:

Quid faceres, si consul esses? = "Oque farias, se fôsses cônsul?

Quid fecisses, si consul juisses? ="O que terias feito, se tivessessido cônsul?"

Nisi Caesar hocfaceret/fecisset, exer-citus ejus profligaretur/profliga-tus esset (oração direta)

Dico/Dixi futurum juisse ut exerci·tus ejus profligaretur, nisi Caesarhoc jaceret/fecisset (oração indi-reta)

Si hoc dixissei, erra(vi)sset

Si hoc diceret, erraret

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348 Sintaxe latina superior

*Ad §4.

O latim "cristão" dá preferência à construção analítica,não só por causa da sua afinidade com o sermo vulgaris, mastambém sob a influência do grego bíblico.

A construção analítica em latim vulgar.- Damosaqui. alguns exemplos do emprêgo "vulgar" de quod/quia/quonwm:

*Ad §5, I, Nota.Na frase: D'icit consulem Romanum victum, não temos a

rigor, .uma elipse do verbo esse, mas, ao contrário na fr~se:Dicit consulem Romanum victum esse, temos um' acréscimo

349

Nega que Jesus seja o Cristo

Os embaixadores responderam quetinham Pompeu no seu poder

Porque vosso Pai sabe que neces-sitais de tôdas estas coisas

Sabes que dei um banquete

Anotações - O infinitivo

Legati renuntiaverunt, quod Pom-peium in potestate haberent (Ps.-César, Bellum Hisp. 36, 1)

Seis quod epulum dedi (Petr., Sat.71, 9)

Seit enim Pater vester quia hisomnibus indigetis (Ev. Mt. 6, 32(Vulg.)

N egat quoniam Jesus non est Chris-tus (Ep. João I, 2, 22 (Vulg.)

dois outros tipos, a saber: Certum est hostes abire, e depois:Apparet hostes abire. Nos três últimos exemplos, o A. c. r.já não faz as vêzes de uma cláusula substantiva objetiva, mas- ao contrário da sua função original - as de uma cláusulasubstantiva subjetiva. .

Dada a inexistência do artigo definido em latim, a formalaudare, ao invés da forma grega (70) f7raLVeLV, não tinha muitapossibilidade de se desenvolver no sentido de um verdadeirosubstantivo; o latim supriu esta lacuna pela criação do cha-mado "gerúndio" (cI. §30, I, 1). Em latim clássico, é extre-mamente raro o emprêgo do Inf. substantivado; só na épocaimperial torna-se mais freqüente, sem dúvida sob a influênciado grego (cI. ad § 17, IIl). A substantivação do lnf. latinoé, do ponto de vista da gramática histórica, uma evoluçãoretrógrada. Em latim clássico, encontramos só a fase inicialdessa evolução, nos chamados Inf. subjetivo e objetivo (cf.§ §2-3).

foi aos poucos perdendo seu caráter de locativo final para setransformar em simples objeto direto de cupio, statuo, etc.(Iuf. objetivo, cf. §3). Uma evolução paralela podemos veri-ficar no emprêgo das partículas finais to (em inglês) e zu (emalemão) e te (em holandês). Destarte laudare passou a ser umver.dadeiro Tnf., exprimindo a idéia abstrata da ação verbal;aSSIm se tornou possível também sua aplicação como sujeitoda frase, em construções dêstA tipo: Laudare jucundum est(cf. em inglês: To be or not to be, that's the question).

Uma vez atingida essa fase de evolução, não tardou queo InI. se integrasse no sistema das categorias verbais: laudarechegou a reger os mesmos casos que as formas do verbo finito(p .. e.: ~audare consulem);. veio a ser qualificado, não por umadJ., e SIm por um advérbIO (p. e.: bene laudare); e finalmenteo seu significado, originàriamente muito genérico foi-se ao~poucos especializando no sentido particular de Idf. Preso daVoz ativa, o que ocasionou a criação dos outros InI.: laudavisse,laudari, etc.

O latim faz uso larguíssimo do lnf., sobretudo no cha-mado "Accu~ativus cum lnfinitivo". Também esta construçãodeve sua ongem a casos em que o InI. tinha valor nitida-mente final, p. e.: Cogo hostes abire = Cogo hostes ut abeant.Com o enfraquecimento da função final do lnf. tais frasespodiam fàcilmente ser concebidas como tendo dois objetosdiretos: Cogo hostes ("forço os inimigos") e: Cogo abire ("forçoa retirada"); poderíamos comparar ainda estas duas expres-sões: Doceo te sermonem latinum, e: Doceo te latine loqui. Aíse tornou possível uma construção dêste tipo: Sentio hostesabire, em que o verbo regente já não era verbum voluntatismas um verbum sentiendi ver declarandi, e em que o Inlabir:e já não era InI. final, mas um dos dois objetos diretosregIdos por sentio: sentio hostes ("percebo os inimigos") e:sentio abire ("percebo a retirada"). Ora, a frase: Sentio hostes" abire passou com o tempo a ser analisada de maneira dife-rent~: Sentio 1I hostes abire, isto é, o ac. hostes começou a serconsIderado como formando uma unidade íntima com o lnf.abire, chegando a constituir o sujeito dêle. Foi então que nas~ceu o A. C. I., construção essa que, depois de adquirida suaf?r~~ fixa e d~fin~tiva, in~adiu outros terrenos, em que ori-gmanamente nao tmha cabImento, p. e. na. expressão: Dictumest eum abire. Esta última expressão originou, por sua vez,

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4) Os historiadores (principalmente Tito Lívio) omitemmuitas vêzes o ac. subjetivo da proposição infinitiva, quando

Cf. também §210, lI, 2, nota 2.2) O verbo mirari pode ser construído também com si, p. e.:

*Ad §8, lI.1) Quod pode ser construído com o Subj. oblíquo ou de

subordinação (cf. §257, III), p. e.:

351

Não sabes que és a espôsa do inven-cível Júpiter

Dissera ir para láÊle prometeu (fazer) tudo quantoprecisasses: acho que o fará

Ameaçavam arrombar o cárcere

}

Disse que teria vindo a Roma, seseu pai não (lho) tivesse proi-bido

Digo que terei ganho o bastante,se nada perder (lit.: tiver per-dido)

diferença entre estas construções:

Anotàções - O infinitivo

Lembro-me de que Sócrates disse(assim pode falar um aluno deSócrates)

Lembro-me de que Sócrates disse(assim pode falar quem leu algu-ma coisa sôbre Sócrates)

Nota. Em latim arcaico não existe esta distinção, mas semprese diz: Memini Socratem dicere. A forma dicere exprimia originària-mente a noção verbal em estado puro e simples, sem nenhumaconotação de tempo (cf. supra, Sinopse histórica). M emini, prin-cipalmente nas suas duas formas do rmp.: memento e mementote,é muitas vêzes combinado com o rnf. objetivo, p. e. na célebreexpressão: M emento mori!

5) Reparem bem na

*Ad §13, lI.

Uxor invicti Jovis esse nescis

5) Muito diferente é a construção: Ait esse paratus =Ait se esse paratltm ("Diz estar pronto"): aqui temos umaconstrução diretamente influenciada pelo grego: ÀÉ'yH ÉTOLfJ.O~

elvaL. Em latim, encontra-se apenas na linguagem poética,desde Catulo. Outro exemplo:

4) O tipo laudaturum fuisse exprime, dentro de uma pro-posição infinitiva, a idéia do Irreal (cf. § 159, I); o tipo lau-daturum fore substitui o Fut. Pf. Exemplos:Dixit se Romam venturum juisse,nisi pater vetuisset

êsse fàcilmente pode ser completado pelo contexto. Essaomissão, também muito comum na comédia mas pouco fre-qüente nas obras de Cícero, não impede que o predicado daproposição infinitiva vá para o ac. Exemplos:

M emini Socratem dicereMemini cum Socrates diceretM emini Socratem dixisse

Eo ire (me) dixeram[s omnia pollicitus est quae tibiopus essent: (eum) jacturum puto

Rejracturos (se) carcerem minaban-tur

Dico me satis adeptum jore, si nihilamisero

Catão dizia admirar-se de que nãorisse um harúspice ao ver outroharúspice

Admiro-me de que Tarquínio, comseu grande orgulho (cf. §137,lI, C 2), tenha conseguido, quemquer que fôsse, por amigo

Sintaxe latina superior350

Cato mirari se aiebat quod nonrideret haruspex, cum haruspicemvidisset

*Ad §11, lI.3) Omite-se o acusativo subjetivo quando o pronome já

ocorre explícito na mesma frase, p. e.:Pudet me dicere (me) hoc non intel- Causa-me vergonha dizer que nãolexisse compreendi isto

Cf. também §253, r, nota

Miror si Tarquinius in tantã su-perbiã quemquam amicumhaberepotuit

*Ad §9, lI.

posterior, feito para maior clareza da expressão. Assim como:Dico Paulum fortem significa: "Declaro Paulo valente", assim:Dico Paulum victum significa: "Declaro Paulo vencido". Soba influência do Inf. em expressões do tipo: Dico Paulum vin-cere/vicisse, tornou-se possível o acréscimo do elemento essea frases do tipo: Dico Paulurh fortem/victum.

9) O Inf. combinado com pati, smere, cogere, assuefacere,jubere, vetare, etc. (os grupos 2 e 3 dos verba volu~tatis), éInf. final (cf. a Sinopse histórica), e o ac. é simplesmenteobjeto direto do verbum voluntatis, objeto direto que, porém,coincide com o sujeito da ação verbal expressa pelo Inf. For-malmente, não há diferença entre a construção dêste grupode verbos e o A. c. r. usado com os verba sentiendi et decla-randi, etc., apesar de ser diferente a origem dos dois tipos.

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*Ad §17.

353

Êste homem perdeu tôda a ver-gonha

É exatamente êste "doIce farniente" que me agrada

Não há nenhuma diferença entreuma excelente saúde e umagrave doença

Estas operações devem ser feitas:·cavem-se ou lavrem-se as vinhasFaze os companheiros participardo sacrifício

Que (o escravo) nada compre semseu senhor o saberl

Anotações - O infinitivo

Inter optime valere et gravissimeaegrotare nihil interest

Hic vir vereri (= verecundiam) omni-no perdidit

Hoc ipsum nihil agere me delectat

muito menos freqüente em latim do que em grego: em geral,prefere-se uma construção participal (cf. §28, I), ou um subs-tantivo verbal autêntico (p. e. laudatio, reditus, etc.), ou então,nos casos oblíquos, o gerúndio/gerundivo (cf. §30, I).

Já o Inf. subjetivo e o Inf. objetivo podem ser consi-derados, até certo ponto, como substantivos, mas seu emprêgose limita a alguns casos bem definidos (cf. §§2-3). Damosaqui três exemplos de Inf. substantivados: no primeiro, oInf. tem valor nitidamente substantivo, fazendo as vêzes deobjeto direto (fora do grupo de verbos assinalados no §3, II);no segundo, vem acompanhado de um adjetivo (ao passo queo Inf. normalmente é modificado por um advérbio); no ter-ceiro, vem precedido de uma preposição:

Nota. Inter valendum et aegrotandum significaria: "ao ter boasaúde e estar doente" (cf. 31, lU, 2).

VII. O Infinito do Perfeito. - Em latim arcaico(Catão) encontramos esta frase:

H aec debent jieri: vineas novellasjodere aut arare (Catão)

Tu socios .adhibere sacris (poesia)

Ne quid emisse (= emere) velitinsciente domino

VI. O Infinito jussivo. - Em grego é bastante comum p lnf.jussivo (em ordens e em proibições, p. e.: ápXECr/JaL = "começa!", e p,-q

À€"(€LlI = "não digas!"); em latim literário há pouquíssimos exemplosbem abonados dêste emprêgo. Em latim vulgar e em latim cristão (aquisob a dupla influência do sermo vulgaris e da língua grega), o lnf.·jussivo encontra-se várias vêzes; a construção sobreviveu p. e.: emfrancês, em frases negativas dêste tipo: Ne pas toucher les objets! =Ne touchez pas les objets! Exemplos em latim:

Ia ver as ferasNáo viemos (aqui) para destruiros lares da Líbia

Ganimedes dava a beber a Júpiter

Objetos secos e fáceis de pegar

Peritos em cantar

Veloz em seguir

Sintaxe latina superior352

*Ad §16, I, 3.

Ibat videre jeras (poesia)Non venimus populare penates Li-bycos (poesia)

Ganymedes Jovi bibere dabat/mi-nistrabat (prosa)

V. O Infinitivo substantivado. O Inf., orIgmarIa-mente (o loco final de um) substantivo verbal, tornou a sersubstantivado em latim histórico. A substantivação do Inf. é

Nota. Em latim da época imperial e, sobretudo, em latim tar-dio, aumenta consideràvelmente o número de verba sentiendi etdeclarandi que admitem o N. c. I. Globalmente pode dizer-se que,em latim pós-clássico, todo e qualquer verbum sentiendi vel decla-randi pode ser construído com o N. c. L, nos tempos derivados. dolnfectum, bem como, nos tempos derivados do Perfectum (comexceção dos verbos depoentes).

IH. O Infinito final. - O Inf. final é a função pri-mordial do Inf. (cf. supra, Sinopse histórica). Em prosa clás-sica, tem aplicação muito limitada, encontrando-se quaseexclusivamente em combinação com os verbos ire, miltere,venire, dare, ministrare, etc. que, em latim clássico, são geral-mente construidos com o Supino I, ou com o gerúndio e ge-rundivo (com causã ou gratiã, no gen.; com ad, no ac.), oucom ut final (cf. §35, lI, 2). O Inf. final usa-se, quase exclusi-vamente, só em latim arcaico e em poesia. Exemplos:

IV. O Infinito limitativo. - Também este Inf. encon-tra-se quase exclusivamente na linguagem poética, sendo suafunção a de restringir uma enunciação genérica, expressa porum adjetivo, indicando até que ponto ela é válida. A prosaclássica prefere aqui o Supino II (cf. §36), ou o abl. de limi-tação (cf. §82, V), ou o gerúndio/gerundivo precidido, ou nãode uma preposição (cf. §31, III, 1; §31, IV, 2). Exemplos:

Celer sequi = Celer in sequendo

Arida et corripi jacilia = Arida }et jacilia correptu = Arida etet jacilia ad corripiendum

Cantare periti = Cantandi periti

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354 Sintaxe latina superiorAnotações - O particípio 355

(~) A forma exclttéré déum não se enquadra no hexâmetro.

(Sinopse histórica)o PARTICÍPIO

*Ad §21:

a noção expressa pelo verbo ineria, como qualidade perma-nente ou passageira, a um substantivo; de início não exprimia

"'"nem tempo passado (como se pode ver pela forma tacitus)~~!' ,nem passividade (como se pode ver pela forma potus, cf. §25,III). Mas com o tempo, laudatus foi sendo considerado comoParto Pf. da V. P., evolução essa que não tem dada de sur-preendente, se levarmos em consideração que uma qualidadeinerente a um substantivo é geralmente o efeito de uma açãoanterior, e que o substantivo possuidor de tal qualidade égeralmente o objeto diretamente atingido por uma ação verbal.

A integração dos particípios latinos (não só do antigoadjetivo verbal) no sistema verbal foi processo lento e demo-rado, do qual podemos traçar algumas fases ainda no períodohistórico. Assinalamos aqui os seguintes fatos:

1) Em latim arcaico, é relativamente rara a combinaçãode um particípio com o seu regime (tipos: imitans consulem;imitatus consulem; imitaturus consulem).

2) Alguns particípios do Preso de valor "ativo", conformea gramática tradicional, revelam ainda indiferença quanto àvoz gramatical, mostrando uma função medio-passiva, p. e.em: gignentia = ea quae gignuntur; anni vertentes = anni quivertuntur, etc. Ou então, têm uma função nitidamente passiva,p. e. nas formas: evidens = quod (facile) videtur; neglegentioramictus = amictus habitus cum negligenti , etc.

3) Alguns particípios do Pf. de valor "passivo", conformea gramática tradicional, têm ainda função ativa, p. e.: potus,juratus, cenatus, pransus, etc. (d. §25, III). Outros aindase referem a uma ação concomitante ou simultânea (Pres.),tais como, ratus, solitus (d. §24, I), tacitus e scitus. E final-mente, alguns particípios "passivos" são derivados de verbosintransitivos, p. e.: adultus (adolescere) e cretus (crescere).

IV. O têrmo "ablativo absoluto" não era usado pelosgramáticos antigos, mas foi forjado só por volta de 1200 d. C.,com o fim de indicar uma construção participial completamente"sôlta" da proposição principal. Do ponto de vista de certosidiomas modernos, tal como o alemão que pouco usa a cons-trução participial, essa explicação pode ter certo cabimento,

Que não hesitem em colocar ....

A sacerdotisa agita-se, procurandosacudir de si o grande deus

Baeehatur vates magnum si peetorepossit êxeüss sse deum (cf. §64, I,Nota 4)(1)

Posuisse haud dubitent .

Nesta frase temos a transposição do Subj. "acrônico":ne emeris (= "não compres!") para o Inf. (cf. §53, II). Mas,sob a influência do grego, cujo Inf. do aoristo era igualmente"acrônico", os poetas latinos e os prosadores da época imperialcomeçaram a usar o Inf. Pf. pelo Inf. Pres., também em casosem que o Inf. não substituía um Subj. proibitivo ou potencial.N a linguagem poética, o esquema métrico de alguns Inf. Preso(tais como, cõnt~nere e parere) nada ou mal se enquadravadentro de um hexilmetro, ao passo que as formas do Inf. Pf.cõnt~nu'isse e peper'isse eram mais manejáveis. Como se vê,mais de um fator concorreu para os latinos usarem o Inf. Pf.pelo Inf. Preso Exemplos:

A palavra latina participium é tradução da palavra grega~ fJ.fTOX'f]; ambos os têrmos dão a entender que o particípioé forma que "participa" da natureza do nome, bem como,do verbo. Diz Diomedes: Participium est pars orationis, dictaquod duarum partium, quae sunt eximiae in toto sermone, verbiet norr(,inis, vim participat. O particípio é, portanto, formanominal do verbo, como o é também o Inf., mas ao passo queêste é substantivo, o particípio é adjetivo. Como adjetivo, oparticípio refere-se a um substantivo e tem a flexão nominal,mas enquanto é forma verbal, indica também Voz e Tempo,e admite os regimes das formas do verbo finito.

Dos três particípios existentes em latim histórico, um(laudans) é de origem indo-européia; um (laudatus) é o antigoadjetivo verbal; e um (laudaturus) é forma criada pelo latim.Só a respeito de laudatus cumpre darmos aqui um brevecomentário.

O antigo adjetivo verbal em -to-s (cf. em grego: OHKTÓSe em latim: dictus < deik-to-s) indicava originàriamente que

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356 Sintaxe latina superior Anotações - O particípio 357

*Ad §22, II:3) Acontece também que o sujeito do verbo finito se

refere ao abl. abs. como objeto indireto, p. e. na frase:

Em geral, pode dizer-se que o latim, fazendo questão deser conciso, omite todos os elementos cuja presença não sejaabsolutamente indispensável para a boa compreensão da frase.Hannibal nuntiatio ei hostium adventu castra movit diz-seapenas quando houver perigo de ambigüidade.

tornam-se mais freqüentesde um Parto Pf. e seguidosindireta ou de outro tipo de

Depois de ouvir que o inimigoestava próximo, o general for-mou o exército em linha debatalha

Depois de saber quem era, dei-xou-o entrar no acampamento

Depois que foi dada a ordem deninguém travar a luta sem per-missão dos cônsules, os sol-dados atravessaram o rio

*Ad §23, I:

V. A partir de Tito Lívioabl. abs., compostos unicamentede um A. c. L, de uma perguntacláusula integrante. Exemplos:

(Sinopse histórica)

Os gramáticos antigos não faziam uma distinção nítidaentre o gerúndio, o gerundivo e o supino, mas, considerandoas três categorias como um grupo especial de formas nominais

o GERÚNDIO E Ó GERUNDIVO

Nota. Diz Prisciano: Graeci autem participio utuntur substantivo'A7foÀÀwpwS WP&OáUKfLS, Tpúcpwp WPpapf}áPEL';. Quo nosquoque secundum analogiam possemus uti, nisi usus deficeret parti-cipii frequens. Quamvis Caesar non incongrue protulit "ens", a verbo"sum, es, est", quomodo a verbo "possum, potes": "potens". - Cf.também Quintiliano (VIII 3, 33): Multa ex Graeco formata novaac plurima a Sergio Flavio (= Lúcio Sérgio Plauto, filósofo doséc, L d. C.), quorum dura quaedam admodum videntur, ut "ens"et "essentia" (lição duvidosa).

*Ad §25:IV. É raro em prosa clássica o emprêgo do Parto no abl.

sem substantivo ou pronome; neste caso, o abl. do Parto PLequivale a uma locução adverbial. Mencionamos aqui:auspicato com bons auspícios, consulto de propósito

auspiciosamente optato conforme o desejobipartito em duas partes sortito por sorteio

Cognito quis esset, sivit intrare incastra

Edicto ne quis inJussu pugnaretconsulum, milites flumen trans-gressi sunt

A udito hostem adesse, dux acieminstruxit

•I

Depois que a Haníbal fôra anun-ciada a vinda dos inimigos, le-vantou o acampamento

mas, histàricamente falando, o abl. abs. originou-se de certasfunções normais do abl., principalmente do instrumental, domodal, do temporal e do causal (cí. §84; §83, II; §86). ."

N a frase: Manibus trementibus portam aperuit (= "Com '"as mãos trementes abriu a porta"), temos um instrumental;o parto trementibus tinha, de início, valor nitidamente atribu-tivo, como se vê pela tradução "trementes". Mas já noperíodo itálico, foi-se atribuindo tamanha importância ao par-ticípio trementibus que êste passou a ser considerado como opredicado do subst.-sujeito que estava no abl. (instrumental).Foi então que a frase chegou a ser interpretada desta maneira:"Enquanto as mãos tremiam, abriu a porta".

Ineunte vere era primitivamente um abl. de tempo: "naprimavera incipiente"; conturbato animo (na frase: contur-bato animo hoc mihi dixit) um abl. de modo; jiliis visis(na frase: jiliis visis gavisus est) um abl. de causa. Mas umavez nascida a interpretação "predicativa" do particípio, olatim começou a usar o abl. abs. também em frases em que oabl. não exercia nem a função instrumental, nem a temporal,nem a modal, nem a causal, p. e. na frase:' Cicerone mortuoRomani libertatem amiserunt = "Depois da morte de Cicero,os romanos perderam a liberdade".

Assim se explica que, em latim, o abl. abs. não é origi-nàriamente uma construção "sôlta", nem sequer "substitui"uma cláusula relativa ou conjuncional, mas constitui umaparte integrante da proposição "regente", sendo um comple-mento circunstancial da mesma.

Hannibal nuntiato hostium adventucastra movit

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358 Sintaxe latina superior A notações - O gerúndio e o gerundivo 359

*Ad §32, l, lc:

2) Os gen. "objetivos": mei, tui, sui, nostri e vestri, mesmoque se refiram a uma mulher ou a um grupo de indivíduos, sãosempre combinados com a forma do gerundivo em -ndi (nuncaem -ndae, -ndorum ou -ndarum), p. e.:

Notas.1) Causã e gratiã são só raríssimas vêzes construídos com o

gerúndio mais objeto direto, e sempre por motivos de eufonia (cf.§32, lU, 1), p. e.:

As outras diposições das Leis dasDoze Tábuas têm por finalidadea de diminuir o luto

Germânico viaja ao Egito com ofim de conhecer a Antigüidade

A mulher fugia a fim de se pôra salvo

Os inimigos fugiram para se pôra salvo

Enviou embaixadores para con-sultar os oráculos da Grécia

Cetera in legibus duodecim Tabu-larum minuendi luctus sunt (Cí-cero)

Germanicus Aegyptum proficisciturcognoscendàe antiquitatis (Tá-cito)

M ulier sui servandi causã aufugit

II ostes sui servandi causã aufuge-runt

3) Os historiadores da época imperial (principalmente Tácito)usam muitas vêzes o gen. do gerundivo (sem causã ou gratiã)paraindicar uma finalidade. Nesta construção não se trata de umaelipse de uma dessas "pós-posições", nem de um helenismo prô-priamente dito (embora a construção grega tenha contribuído paracertos autores latinos usarem dêsse gen.), e sim, de um antigogenitivo de relação, autênticamente latino (cf. §89, l), assim comoo provam os exemplos em latim arcaico e em prosa clássica (aquiprincipalmente em combinação com esse = "servir para, ter afinalidade de", etc.). Exemplos:

Legatos misit oracula con,oulendicausã/gratiã (oraculorum consulen-dorum causã!gratiã, teria acúmu-10 da desinência -orum)

O gerúndio, embora geralmente considerado como subs-tantivo verbal (nos casos oblíquos) só da V. A., era a prin-cípio alheio a essa especificação, podendo indicar indistinta-mente a V. A., bem como, a V. P. e a Voz Média. Aindaencontramos em textos clássicos alguns vestígios desta inde-terminação original. Ao lado de: studium videndi (V. A.),encontramos: signum recipiendi dare = "dar o sinal de seretirar" (V. M.), e: cantando rumpitur anguis = anguis rum-pitur dum cantatur (V. P.).

~:

ldeo dicitur gerundi, quod nos aliquid gerere significat, utputa: legendi causa veni, legendo mihi contigit valetudo, legendummihi erit, lectum venio, nimio lectu fessus sumo

do verbo, indicavam-nos com um dêstes têrmos genéricos:participialis modus, ou: gerundi modus (esta palavra originou,mais tarde, a forma gerundium, por analogia com a palavraparticipium), ou: gerundivtts modus, ou éntão: supinum. Sódepois distinguiu-se o gerundi modus (= gerúndio e gerundivo)do supinum (= supino); mais tarde ainda se fêz uma distin-ção entre o gerúndio e o gerundivo. Diz o gramático Cledônio,comentador da Ars Donati:

o gerundivo existia também em outros dialetos itálicos,mas o gerúndio é criação do latim; o gerúndio deriva dogerundivo, sendo dêle a forma neutra substantivada. A cons-trução "gerundival": studium regis videndi, deu origem àforma impessoal:, stud1'um videndi (cf. rex videtur: "vê-se orei", e videtur: "vê-se").

O gerundivo era originàriamente um Parto Preso da V. P.(ou melhor, da Voz Média), como podemos verificar pelasformas: secundus (rv segui), oriundus (rv oriri), etc., como tam-bém pelas expressões: volvenda dies = dies (tempus) guae vol-vitur; adulescendum corpus humanum = corpus humanum guodadolescit, etc. Desta função original, ainda bastante comumna chamada "construção gerundival" (tipo: stud1'um regisvidendi), originaram-se as outras funções: necessidade, possi-bilidade e futuro. Para melhor compreensão das diversasfunções exercidas pelo gerundivo latino, talvez seja conve-niente partirmos de frases negativas, onde a evolução se nosapresenta com maior clareza. A. frase: Hoc non est jaciendum,significava originàriamente: "Isso não se faz", mas êssesignificado pôde fàcilmente adquirir a conotação de: "Issonão se deve fazer", e a de: "Isto não se pode fazer" (cf. emportuguês: "Tu não deves fumar", e: "Tu não podes fumar").Mas a categoria gramatical que exprime a idéia de obrigação,apresenta em várias línguas indo-européias a tendência deevoluir no sentido do "futuro", pois o que se deve fazer, estápor fazer ainda. Cf. em inglês: I "shall" come = "virei";Em holandês: Ilc "zal" komen = "virei"; cf. também emlatim tardio a forma analítica: venire habeo = "tenho de vir"> "virei", à qual remontam as formas românicas: je viendrai,"virei", etc.

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360 Sintaxe latina superior Anotações - O supino 361

*Ad §34, l, 3, Nota:

o SUPINO

2) A construção impessoal (sg. neutro) do gerundivo, como parto denecessidade combinado com o ac. de objeto direto, - construção bas-

, , , , , '\.,tante comum em grego, p. e.: "Ypa7r7€OIJ fJ.OL €Cf7LIJ €1rLCf70I\'fJIJ =mihi scribendum est epistolam, - empregava-se ainda em latim arcaico;Lucrécio e Catulo apresentam alguns exemplos dêste emprêgo; em prosaclássica, a construção é extremamente rara. Exemplos:

Hanc viam nobis ingrediendum estPoenam non est tibi metuendum

Devemos tomar êste caminhoNão deves/precisas temer o castigo

memoratui em lugar de memoratu, forma essa que prova serêste Supino um dato Mas em numerosas combinações pode-riamos interpretar o Supino em -tu (-su) também como abl.de relação (cf. §82, 4); a frase: Hoc est jacíle memoratu, seddíjjícíle jactu, poderia remontar a: "Isto é fácil quanto ànarração, mas difícil no que diz respeito à execução" > "Istoé fácil de fazer, mas difícil de fazer". Em latim arcaico encon-tramos o mesmo Supino também como abl. de separação(cf. §82, I), p. e. na frase: opsonatu redire = "volto de fazercompras" > "volto da feira"; e como abl. instrumental (d.§84, I), p. e. em expressões ainda usads por Vergilio, TitoLivio e certos autores pós-clássicos: memoratu dígnus = "dignode .ser narrado".

(Sinopse histórica)

Os gramáticos antigos usavam a palavra supínum origi-nàriamente como têrmo genérico que abrangia o gerúndio, ogerundivo e o supino (d. a Sinopse histórica do Gerúndio e doGerundivo); só aos poucos foram distinguindo as três ca:te-gorias e indicando cada uma delas com um nome especIal.,Diz Prisciano: Supína vero nominatur, quia a passívís particí-píís, quae quídam supína nomínaverunt, nascunt.ur. Com efei-ro a palavra supínum parece ser a tradução latma da palavragr~ga V1r7LM, têrmo emprestado do atletismo para indicar aVoz Passiva, em oposição à palavra opfJós, que indicava a VozAtiva: quem está "derribado" (supínus), não está em con-dições para atacar "ativamente" seu adversário, restando-lheapenas sofrer "passivamente" o que ao outro aprouver.

As duas formas do Supi,po latinô (laudatum e laudatu)são respectivamente o ac. e o dat .. ~g. do substanti.v? verb~lem -us; em textos arcaicos é, às vezes, bastante dIfICIl deCI-dirmos com certeza se as formas em -um e -u são casos dosubstantivo verbal, ou supinos propriamente ditos.

O Supino em -tum(-sum) é o ac. de direção (d. §70),"V " > "V "p. e.: Eo venatum = ou para a caça ou caçar ,

chegando a substituir o antigo Inf. final depois de verbos demovimento (cf. ad § 17, lU). O Supino em -tu(-su) é o datofinal combinado com certos adjetivos (cf. §80, lU), p. e.:Hoc est jacíle memoratui = "Isto é fácil para a narração" >"Isto é fácil de narrar"; às vêzes encontramos ainda a forma

AS CATEGORIAS DO VERBO FINITO

Os gramáticos antigos distinguiam maior número de cate-gorias verbais do que os modernos. Ouçamos p. e. Diomedes:

Admittit quoque verbum, praetel' personas et tempora, numerum,jiguram, qualitatem, signijicationem sive genus. Personas quidem,quibus sermo exercetur. Numerus vero, cum quis quive sint quiloquantur. Tempus, cum quando quid jactum aut dictum sit,quaeritur. Figuram, cum quaeritur, simplex sit verbum an com-positum. Qualitatem, cum cujus sit speciei vel qualitatis verbumexploratur. Signijicationem, cum cujus sit generis et signijicationisverbum ostenditur.

Alguns dêstes têrmos precisam de um breve comentário.Para Diomedes e muitos outros gramáticos antigos, a jigurade um verbo pode ser dúplice: simples (p. e. scríbere e velle),ou composta (p. e. ínscríbere e malle). Segundo alguns, a

l· . d . f t "d" "f "qua ttas conSIste em OlS a ores: os mo os e as ormas.Geralmente admitia-se a existência de cinco modos em latim(Ind. = Fin'itivo = Prônunciativo; Imp.; Opt.; Subj.; Inf.);mas o número de modos é bem maior de acôrdo com a teoriade certos gramáticos que não cessam de fazer subdivisões (p.e.: promissivo, percontativo, adhortativo, etc.). Há quatrojormae verbi: absoluta, quae semel vel absolute nos aliquid facereíndícat ut "caleo", "curro", "ferveo" , "horreo",. inchoativa (p.e. mís;resco); üeratíva sive jrequentativa (p. e. exerâto); desi-deratíva sive medítatíva (p. e. parturío); transgressíva (= semi-de-poente, p. e.audeo, aUSU8 sum); defectiva (p. e. odi, memíní);

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*Ad §42:

363As categorias do verbo finito

Nota. O Perfectum latino é, em alguns casos, o antigo Pf.indo-europeu, do ponto de vista da morfologia, p. e. te-tig-i, spo-(s)pond-i, etc.; outros Perfecta latinos mostram ainda a antigaformação "sigmática", p. e. seripsi < serib-s-i, e dixi < deik-s-i,etc. Mas muitas vêzes acontece que o latim envereda por um ca-minho próprio, por exemplo nos Perfecta em -ui e -vi, tais como,erevi, pavi, alui, eolui, etc. Para a sintaxe, essas origens diferentesnão têm a menor importância, porque todo e qualquer Pf. latino,qualquer que seja sua origem morfológica, pode exercer a duplafunção de Pf. e de Aor.

O latim, uma vez quebrado o antigo sistema de aetiones, desen-volveu bastante a categoria de verbos incoativos para indicar oinício de uma ação verbal (p. e. langueseere e projieisei); a de verbositerativos para indicar repetição (e intensidade), p. e. dormitare epensare (rv pendere); a de desiderativos para indicar desejo, p. e.esurire (rv edere) e parturire (rv parere). Sobretudo foi-se servindo de"prevérbios", cuja única função é, às vêzes, a de indicar a actioperjeeta e a actio aorista, cf. por exemplo: jugere e ejjugere; jaeeree eonjieere; bellare e debellare; eaedere e oecIdere, etc.

Nota. Em grego é muito comum que um verbo possua trêsradicais diferentes para exprimir as três actiones diferentes, p. e.hor- em ópáw (Pres.), w(e)id- em €Ioov (Aor.), e op- em órrw71'a(pf.). Cf. em latim os tempos primitivos "anômalos" de: sum-jui,jero - tuli, etc. Mais comum é, porém, em grego que uma únicaraiz se apresente sob três formas diferentes para exprimir as trêsaetiones, p. e. leip- em À€Í71'W (Pres.), lip- fÀL71'OV (Aor.) e loip-em ÀÉÀoL71'a (Pf.). Cf. em latim: ru-m-p-o e rup-i, leg-o e lêg-i.

Originàriamente, a actio durativa era expressa pelo radical dopresente, do qual se derivavam o Preso e o Impf.; a aetio aoristaera expressa pelo radical do aor. (do qual se derivava o aor. = opretérito passado do português); a aetio perjeeta era expressa peloradical do Pf. (do qual se derivavam o Pf., o Msqupf. e o Fut. pf.).

Nota. A êste tipo de expressões remontam em português:"Vossa Majestade/Excelência/Reverência", etc. Cf. em francês:vous, e em inglês: you (em lugar do sg. thou), que são evoluçõessemelhantes à do latim tardio.

*Ad §45, H:3) O Presente atual. - Neste Presente, o momento

atual é conscientemente oposto a um momento ou época ante-

*Ad §43, IV:

*Ad §43, IH.

Vossa: PiedadeVossa Serenidade

Amamos, senhores senadores, asexcelsas dignidades que nascemda Nossa benevolência

Sintaxe latina superior362

IV. O plural de reverência. - Ao plural de majestade,sempre usado na primeira pessoa, corresponde, na segundapessoa, o plural de reverência, em expressões dêste tipo:Dignamini, Domine mi, sublevare Digna i-vos, meu Senhor, de le-meam miseriam (ao dirigir-se ao vantar minha misériaImperador) .

Cf. também: Pietas VestraSerenitas Vestra

Amamus, Patres conseripti, dig-nitates eximias de nostrã benig-nitate nascentes (quem fala, é orei Teodorico)

IIl. O plural de majestade. - O plural de majestade,ainda hoje empregado por monarcas, papas e prelados, re-monta à época do Baixo Império, quando o Imperador usavao plural, querendo dar a entender que nesse plural estavamincluídos também os seus conselheiros e, principalmente, desdeos dias de Diocleciano, os seus colegas na dignidade imperial.Assim lemos em Cassiodoro:

*Ad §40, IH:Nota. Ao que parece, a forma impessoal da 3." pessoa sg. da

V. P. (tipo: itur) deu, juntamente com as formas da Voz Média(cf. ad §58), origem à criação da V. P. latina. O elemento -r,nas formas passivas, é' característico dos idiomas itálicos e célticos.

etc. Quanto ao têrmo significatio, êsse indicava em parte oque, hoje em dia, entendemos por "Voz" (os antigos usavamtambém os têrmos: genus, species e vox; em grego: (5Lá(J€(TLs)

distinguiam-se, geralmente, cinco signijicationes 'ou species:activa (p. e. lego); passiva (p. e. legor); neutra (p. e. curro;segundo a terminologia moderna = verbo intransitivo); depo-nens (p. e. suspicor); communis (p. e. consolor eum, e consolorab eo).

Mas a terminologia gramatical variava muito entre osautores antigos (nil no vi sub soleI); relatar tôdas essas dife-renças levar-nos-ia muito longe. Muitos admitiam outra ca-tegoria verbal ainda: a conjugação.

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364 Sintaxe latina superior As categorias do verbo finito 365

riar, ou a um momento ou época que ainda pertence' ao futuro.Exemplos:

4) O Presente genérico. - Usa-se em enunciados neu-tros quanto à sua validade temporal, p. e.:

5) O Presente registador. - Usa-se em tabelas crono-lógicas, registros, inscrições, etc., também em referência afatos do passado, cf. em português: "1492: Cristóvão Colombodescobre a América". Exemplo:

Se todos os cidadãos fÔrem con-cordes e seguirem a minha orien-tação, verificarão que é muitofácil afugentar o inimigo

Si omnes cives concordes juerint etme ducem secuti erunt/juerint,videbunt perjacile esse impetumhostium propulsare

*Ad §53, II, Nota:

(e daí também: Janua clausa juerat/juerit, no sentido de:"A porta tinha/terá sido fechada"). Vários fatôres contribui-ram para essa modificação popular do sistema de tempos'mencionamos aqui o fato de que o Parto Pf. originàriament~era adjetivo verbal, sendo indiferente em relação ao "tempo"(cf. a Sinopse histórica do Particípio): ainda encontramos,também na época literária, o Parto "Pf." como Parto "Pres."da V. P., p. e. em Névio: a laudato viro = "pelo homem queestá sendo elogiado", e em Tito Lívio: servum eaeS'Ummedioegerat Circo = "afugentara o escravo do meio do circo, en-quanto nêle batia", etc. Destarte a combinação: laudatusest podia significar a princípio: "êle está sendo elogiado".

Além disso, o povo deve ter sido chocado pela anomaliaque existia entre o tempo de: bonus est (Pres.) e o de: laudatusest (Pf.). E finalmente, o Msqupf. e o Fut. Pf. eram quaseexclusivamente empregados para indicar a anterioridade, enessas formas jueram e juero, quando ligados com um adje-tivo, -eram as formas comuns. Também outros fatôres con-correram para a dita evolução, mas uma exposição detalhadaocuparia muito lugar. Basta darmos êste exemplo:

IV. A natureza dos modos. - Os gregos usavam otêrmo f] E'YKÀuns ("inclinação"), os romanos a palavra moduspara i~dicar a categoria verbal que, ainda hoje em dia, éconheClda sob o nome de "modo". Prisciano define o mododesta maneira: Modi sunt diversae 1'nclinationes (cf. o têrmogrego!) animi, varios ejus ajjeetus demonstrantes. '

O "modo" é a categoria verbal mais sutil e a menos fácilde definir: sua importância é muito grande, principalmentenas línguas antigas (em grego é mais importante ainda do queem latim).- Atrevendo-nos a dar uma definição moderna domodo, poderíamos defini-Io talvez destá forma: o modoexprime até que ponto uma ação verbal tem validade obje-tiva, isto é, cOlTesponde de fato à realidade, ou então, nãopassa de uma representação subjetiva de quem fala, tudo

,'I

Pega aquela vassoura! - Pegarei.- Varre aqui! - Farei

Êste templo foi consagrado peloSenado e povo de Roma aJúpiter muito bom e muitogrande

Antigamente foi rico, mas agoraé muito pobre

Amanhã irei ao campo; hoje ficoem casa

o homem é animal racional

Cape illas scopas! - Capiam. -Tu hoc converre! - Ego jecero

*Ad §50:

*Ad §52, II, Nota:2) As regras formuladas acima a respeito de laudatus sum

e laudatus jui, etc. são as da gramática normativa, eviden-ciando-se um tanto precárias na prática. A linguagem popularpouco se incomodava com elas, usando formas do tipo: J anuaclausa est, no sentido de: "A porta está fechada", e formas dotipo: Janua clausa juit, no sentido de: "A porta foi fechada"

Hoc templum Senatus PopulusqueRomanus Jovi Optimo Maximodedicat

IH. Em latim arcaico encontram-se muitos casos em queo Fut. Pf. é pràticamente equivalente ao Fut. Simples (osexemplos em latim clássico são raros): não há diferença detempo, e sim de actio. O Fut. Simples indicava originària-mente a aeMo durativa, e o Fut. Pf. a actio aorista, mas essadiferença deixou muito cedo de ser percebida pelos romanos,de modo que os dois tempos eram usados quase indistinta-mente. Cf. os potenciais: dieat/dixerit aliquis, e os proibi-tivos: ne dieas/dixeris. Exemplo:

H omo est animal rationale

Olim dives juit, nunc autem estpauperrimus

Cras rus projiciscar; hodie domimaneo

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366 Sintaxe latina superiOY As categorias do verbo finito 367

isso, evidentemente, do ponto de vista (sempre subjetivo) dequem fala. Ao dizer: "Pedro corre", apresento a ação verbalde "correr" como estando de acôrdo com a realidade objetiva(evidentemente, posso mentir ou enganar-me):. é o Indicativo.Ao dar a ordem: "Pedro, corre!", a ação verbal de "correr"existe apenas como representação subjetiva na minha mente:a representação reveste-se, neste caso, de um caráter especial,visto que se trata de uma ordem: é o Imperativo. Minharepresentação da ação verbal poderia ser também um desejo:"Oxalá Pedro corra!" (é o Optativo), ou indicar um desacôrdoevidente com a realidade: "Pedro correria, se não tivessemachucado as pernas" (Irreal), ou uma possibilidade: "Pedropoderia correr muito mais ràpidamente" (Potencial), etc.

Como já vimos pelo último exemplo, nem sempre existeuma forma especial para indicar uma certa modalidade sin-tática: com efeito, muitas vêzes devemos servir-nos de cir-cunlocuções (p. e. "poderia correr") para traduzir adequada-mente o que, numa outra língua, se exprime por meio de umaúnica forma. Isto quer dizer: "modo", em morfologia, éuma coisa, mas "modo", em matéria de sintaxe, é outra. Oinglês não possui o subj untivo "morfológico" do português,nem o "condicional"; mas sintàticamente pode exprimir asmodalidades do português mediante verbos auxiliares, p. e.I may write; I might write; I should write; May I write, etc.

*Ad §56, lI, 3. Nota:2) Discutem os lingüistas sôbre a questão se o optativo

pràpriamente dito, ou então, o potencial é a função primordialdo Opto A nosso ver, o optativo pràpriamente dito, por expri-mir uma "representação" mais concreta e menos complicadado que o Potencial, é a função primordial do Opto

*Ad §58:11. Os verbos depoentes. - Os gramáticos antigos expli-

cavam o têrmo deponens de duas maneiras diferentes: segundoalguns, seria "depoente" um verbo que, tendo a forma passiva,"depôs" o significado passivo para exprimir apenas a "ativi-

!~

dade"; outros dão uma explicação maIS rebuscada ainda edizem, como p. e. Carísio:

Deponens per antiphrasin dicitur, id est, e contrario, quodverbum "r" litterã jinitum, "deponere" eam non potest et, cumsit passiva specie, activum non habebit, ut "nascor". N on enimdicimus "nasco".

Na realidade, os verbos depoentes em latim são resíduosda antigá Voz Média, ou talvez melhor: os depoentes são"media tantum" que continuavam sendo empregados assimdepois do desaparecimento da V. M. como categoria viva emlatim. Em vários casos estamos capacitados para averiguar aorigem "média" dos depoentes latinos, p. e.: irasci = "indig-nar-se" laetari = "alegrar-se", etc. (função reflexiva); emoutros casos, o depoente exerce qualquer outra função inerenteà V. M. (cf. injra, IIl); mas não raro acontece que nos escapequase por completo porque um verbo latino é depoente (p. e.hortari, ao lado de monere), ou então, a sua função "média"é muito fraca (p. e. populari, loqui, etc.).

Freqüentemente em latim arcaico, mas relativamentepoucas vêzes em prosa clássica, encontramos a forma ativaao lado da passiva, sem grande diferença no significado, p. e.mereo e mereor. O povo ia mais longe, e criava várias formasativas, p. e.: loquere, arbitrare, populare, etc., formas essasqUB tinham a vantagem de ser mais "regulares". Por outrolado, levado pelo desejo excessivo de falar bem e de acôrdocom as normas da linguagem "culta", o povo criava tambémformas completamente errôneas, p. e.: vetari = vetare, rideri

ridere, etc. (são denominados "hiperurbanismos").

IIl. As funções da Voz Média. - De modo geral; aVoz Média indica que há uma íntima conexão entre o sujeitoe a ação verbal, e essa conexão pode ser múltipla. Não é cor-reto dizer-se que a V. M. exerça apenas a função da atualconstrução "reflexiva". Damos aqui uma breve sinopse dassuas diversas funções.

1) A FUNÇÃO REFLEXIVA. Nesta função, a ação verbalrecai direta ou indiretamente sóbre o sujeito; recaindo dire-tamente, o sujeito = objeto direto, p. e.: lavor = "lavo-me";projisciscor = "encaminho-me"; vehor = "transporto-me",etc.; recaindo indiretamente, o sujeito = objeto indireto,

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368 Sintaxe latina superiorAs categorias do verbo/ finito 369

p. e.: adipiscor = "adquiro para mim", induor vestem = "euponho roupa sôbre mim, visto(-me de) uma roupa", etc. Cf.em grego: ÀovofJ.aL = "lavo-me", e à7rooioofJ.aL = "eu cedoalguma coisa em meu favor" > "eu vendo".

2) A FUNÇÃ CAUSATIVA. Nesta função, o sujeito manda(ou, pelo menos, deixa) outrem fazer a ação verbal, mas detal modo que esta recaia sôbre o próprio sujeito (direta ouindiretamente). Ainda existem resíduos desta função da V.M. em alguns depoentes e passivos latinos, p. e.: Ne rapiamurin errorem = "Não nos deixemos levar ao êrro" (sujeito =objeto direto), e: pignoror = "faço com que outrem me dêum penhor" > "recebo em penhor" (sujeito = objeto indi-reto), mas pignoro (V. A.) = "dou em penhor". Cí. em gregouUfJ.{3ovÀevw = "aconselho"; UVfJ.{3ovÀevofJ.aL = "faço-me acon-selhar" > "consulto".

3) A FUNÇÃO RECIPROCA. Nesta função, a V. M. setraduz por: "entre si, mutuamente, reciprocamente", etc.(cf. §222). Exemplos em latim: Copulantur dextras = 'itlesse apertam as mãos (reciprocamente)", e: Illae nationes con-junguntur = "Aquelas tribos se unem entre si", etc. Cí. emgrego: oLaKeÀevovraL = "êles se exortam mutuamente.".

4) A FUNÇÃO DINÂMICA OU INTENSIVA. Nesta função, aV. M. dá a entender que o sujeito pratica a ação verbal porsi mesmo, por conta própria, ou então, que a pratica comenergia e fôrça. Exemplos: meditor = "eu me esforço porpensar" > "medito, cogito"; reor = "penso por mim" >"julgo", etc. Cí. em grego: 7fOÀLT€VW ~ "ser cidadão", mas7fOÀLT€VofJ.aL = "participar (ativamente) da vida civil".

5) A FUNÇÃO INTRANSITIVA. -Esta função deriva làgi-camente da reflexiva: a ação verbal não se refere a nenhumobjeto exterior, mas limita-se exclusivamente ao sujeito, oqual, porém, vai perdendo cada vez mais seu caráter de"agente" para se transformar no "receptor" da ação verbal.Por outras palavras: 1'.0 passo que, na· função reflexiva, háidentidade do objeto direto e do sujeito da ação verbal (p. elavor = "eu me lavo"), a atividade do sujeito, na funçãointransitiva desaparece totalmente: o sujeito não exerce aação verbal, mas é apenas atingido por ela. Exemplos: Vinumcorrumpitur = "O vinho está-se estragando"; Gloria eju8

minuitur = "Sua glória está descrescendo"; Morior = "Morro= estou morrendo"; etc. Cf. em grego: cpalvw = "mostrar",e cpalvof-laL = "aparecer, parecer".

Nota. - Em latim, são escassos os exemplos das diversasfunções da V.M., visto que subsistem apenas "resíduos";em grego, onde a V. M. é uma categoria viva, seria fácildar dezenas de exemplos para ilustrar cada uma dasfunções "médias".

IV. Da Voz Média à Voz Passiva. - O têrmo VozM cdia insinua que esta Voz é algo de intermediário entreV. A. e a V.P. Na realidade, porém, a Voz Média é anterior àV. P., sendo que a função passiva, em grande parte, derivada função média.

Nota. As raízes MORFOLÓGICAS da V. P. latina são duplas.Por um lado, foram as formas impessoais (tipo: itur) que ocasio-naram a flexão passiva com o seu elemento característico -r. Poroutro lado, subsistem em latim histórico ainda alguns resíduos daantiga flexão média, dos quais mencionamos aqui o elemento -men-(cf. em grego: Àov-6-fJ.ev-os), p. e.: laudamini < lauda-men-i;alumnus < a[u-men-os; (= "o que é alimentado, nutrido"); jemina<je-men-a (= "a que é amamentada"), ci. je--tus, e em grego:t'Jf]ÀVS e {}TJ-fJ.Év-TJ

Do ponto de vista da sintaxe histórica, a evoluçãoda V. M. para a V. P. é um processo lingüística que podemosverificar em diversos idiomas indo-europeus, mormente naslínguas românicas (cí. "vende-se a casa" > "a casa é ven-dida"). A passagem da V. M. para a V. P. efetua-se atravésda função intransitiva (cí. supra, lU, 5): a a.tividade do su-jeito = objeto, vem sendo suplantada pela receptividade domesmo. Vários fatôres contribuiram para se efetuar essaevolução, dos quais mencionamos aqui os que têm maiorimportância sintática.

1) A forma "média" não exprimia muito claramente anatureza específica da reflexividade: direta ou indireta. Emtêrmos mais concretos: a forma sintética lavar (V. M.) podiasignificar: "eu me lavo" (refI. direto), bem como: "eu lavopara mim" (ref1.indireto). Ora, para frisar a diferença entreas duas funções, tinha de recorrer-se às formas analíticas:lavo me, e lavo mihi, mas tal recurso não pôde deixar de resul-tar na desvalorização da forma sintética.

Page 193: Besselaar Propylaeum Latinum 1

370 Sintaxe latina superior Anotações - A síntaxe dos casos 371

*Ad §64, I, Nota:5) Em latim cristão, o emprêgo de si interrogativo torna-se cada

vez mais freqüente, chegando a ocorrer. também em perguntas diretas(influência do hebraico e da Bíblia grega), p. e.:

4) Ao passo que as formas analíticas eram cada vez maisusadas para exprimir a reflexividade, a forma sintética foisendo empregada cada vez mais para indicar a "intransivi-dade". A tal forma intransitiva podia ser acrescentada apreposição ab mais abl. para indicar o "sujeito lógico" (cf.§40, II), p. e.: amaris ab amicis = "recebes amor por partedos teus amigos" > "és amado por teus amigos". Uma vezconstituída e consolidada esta construção, - o que não severificou sem a influência das formas impessoais (tipo: itur) ,- a V. P. tornou-se uma categoria verbal autônoma.

2) A forma lavor não ,podia exprimir com ênfase o objetodireto ou o objeto indireto da ação verbal; para dizer enfà-ticamente: "eu me lavo a mim mesmo", o latim devia usara forma analítica: lavo me (ipsum); para dizer: "eu lavopara mim mesmo", devia usar: lavo miM (ipsi), tudo isso emdetrimento da forma sintética.

3) A forma ostenditur (V. M. = "êle se mostra") eraempregada não só em relação a sujeitos animados, capazesde praticar uma atividade reflexiva (p. e.: Amicus meusostenditur = "Meu amigo mostra-se"), mas também em rela-ção a sujeitos inanimados, p. e.: Bona opportunitas ostenditur= "Mostra~se uma boa oportunidade". Ora, neste tipo decombinações a "atividade" do sujeito é exígua, para nãodizermos, nula: ostenditur perdeu pràticamente seu valor re-flexivo para adquirir o valor intransitivo, função essa que éimediatamente anterior à função passiva.

Nota. Exemplos da "conjunção reflexiva" em latim históricopoderiam ilustrar a evolução da V. M. para a V. P., que se verificouem tempos pre-hist6ricos:

A SINTAXE DOS CASOS

Duvido que tenha conseguidoalguma coisa

Não sei se conseguirei alguma coisa

Pergunto-te se êle teve uma espada

Perguntavam-lhe dizendo: "Se-nhor, restituirás agora o reinode Israel?"

dubito an = dubito an non (cf. ad §65,haud seio an = haud seio an non, etc.

*Ad §68, I:Nota. Cinco dos têrmos latinos são traduções de palavras

gregas:nominativus (easus) = 6popaO'nKiJ ;genetivus (easus) = 'Y€PLKiJ ;dativus (easus) = oonKiJ ;aeeusativus (easus) = aLTLaTLKiJ ;voeativus (easus) = KÀ'YJTLKiJ .

*Ad §66, IV, Nota:

o têrmo ablativus (cL ablatusrvaujerre) foi forjado pelos gramá-ticos latinos (em grego existiam s6 cinco casos); os têrmos separa-tivus, instrumentalis e loeativus foram criados s6 nos tempos moder-

4) A partir de Tito Lívio,I, 1, Nota 4); assim também:Exemplos:Neseio an projeeturus sim (de pro-jieere, não de projieisei)

Dubito an quidquam projeeerim (emlatim clássico: dubito an seriaexpressão positiva, exigindo ali-quid)

Quaero ex te, an jerrum habuerit

*Ad §65, I, 1. Nota:4) A origem de an continua uma questão discutida:

segundo alguns, an derivaria de anne < at~ne (a partículaadversativa at, mais a partícula ilÍte~rogativa -ne); outro~ oidentificam, ao que parece, com mmor razão, com a antIgapartícula indo-européia an, encontrada em grego (áp) e emgótico. An, a partir de Tito Lívio, é usado também em sim-ples perguntas indiretas (= num), p. e.:

Interrogabant eum dieentes: "Do-mine, si in tempore hoe restituesregnum Israel?"

,..... 1

.:.',..'

'1

Revelo-me homem corajoso (su-jeito animado e ativo)

A paciência revela-se constante(sujeito inanimado, mas cujaação está intimamente ligada auma pessoa)

Faz-sejInicia-se a quinta hora (in-transitivo)

Praebeo me virum fortem (cl.)

Patientia se aequabilem praestat(cl.)

Faeit se hora quinta = Fit horaquinta (latim tardio)

Page 194: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Sintaxe latina superior Anotações - A sintaxe dos casos 373

*Ad §73, I:4) Em alguns casos, aliás muito raros, o latim constrói

também um subst. ou um adj. com o ac. de objeto direto;neste caso, o subst. é um nomen actionis e o adj. é consideradocomo particípio. Exemplos:

atravessadas pelo acusativo latino, antes é uma tentativa decriar certa ordem numa multidão de fatCís que, à primeiravista, poderiam parecer caóticos e sem nexo. O nosso esquematem, portanto, mais valor lógico do que histórico, emborauma separação total dos dois aspectos seja 'impossível, porquenenhuma evolução sintática se efetua sem a participação doespírito, isto é, sem uma certa lógica.

O que queremos frisar antes de mais nada é que a procurada função "primordial" do acusativo, e de todo e qualqueroutro caso, é vã e ilusória: é uma ilusão acreditar na função"primordial" de um caso, em estado puro e simples: desdeque o homem começou a falar, a analogia, êsse fator onipre-sente, fêz com que as diversas funções sintáticas se interin-fluenciassem, se misturassem, se dilatassem e se restringissem.A única coisa que o gramático pode fazer é buscar uma fór-mula geral (p. e.: "O acusativo indica o têrmo final da açãoverbal") que abranja os fenômenos observados, mas esta nãopode ser confundida com a função "primordial" que, muitoprovàvelmente, nunca existiu. É escusado acresentar que cadaum dos fenômenos, por si, pode (e deve) ser acompanhadona sua evolução histórica, bem como, comparado com fenô-menos congêneres em outros idiomas.

nos; os gramáticos latinos não tinham a menor noção do caráterHincrético do seu "ablativo", embora soubessem que êste têrmoexprimia apenas uma pequena parcela das numerosas funções quepodimn ser exercidas pelo "ablativo".

O genetivus (não: genitivus, em latim!) é tradução pouco corretado "y€//Lf(1}; melhor seria o têrmo generalis ou "genérico" (a pa-lavra grega 'Y€//Lf(1} sugere que o gen. indica o "gênero" a quepertence uma palavra).

O accusativus é tradução errônea de ainanf(1}; a palavra grega~ alTía significa: "a causa" e "a acusação"; o têrmo alTLaTLK1}dcveria ser traduzido por causativus em latim, palavra que, de fato,se encontra nas obras de vários gramáticos latinos e que indica"a coisa causada" pela ação verbal (= objectum rei ejjectae, ci. §69).

*Ad §68, lI.Nota. O têrmo casus ("" cadére) é tradução latina da palavra

1I:J'(~g:L~ 7fTWIHS. Prisciano, resumindo as diversas opiniões dos1I:l'l1,llllUi<:OHlntinoR, dá esta explicação do têrmo: Casus eiJt decli-'/10/;11 '/IlIlIlilli", veZ aliarum casualium dictionum, quae fit maxime/11 J;III',

NOIII;noli'l!IINlmnen sive reclus, velut quibusdam placet, quod1i 1/1'1/1'1'1/1; 11.11111.;1/,0 in spcâalia cadat, casus appellatur, ut stylum quoque'/111111.11. I'ollt,n/mn, rectum cecidisse possumus dicere. Vel abusive diciturca8118, Ijuod ex ipso nascuntur omnes alii; vel quod cadens a suãtcrminatione in alias, jaât obliquos casus.

A palavra grega 7rTWCHS encontra-se já em Arist6teles, emboranum sentido mais genérico de "flexão"; casus rectus é traduçãode 7fTWlnS €v'Jú,a ou opiJía; casus obliquus, a de 7fTWCHS7rÀa'Yía. Sôbre o casus rectus diz ainda Prisciano: Est autemrectus, qui et nominativus dicitur. Per ipsum enim nominatio jit, utnominetur iste Homerus, ille Virgilius. Rectus autem dicitur, quodipse primus naturã nascitur vel positione, et ab eo, jactã jlexione,nascuntur obliqui casus.

Quid tibi hanc rem curatio est? =Quid curas hanc rem?

Vitabundus castra hostium' = Vi-tans castra hostium

Assim também com subst.,Quid mihi auctor est? = Quid mihisuades?

O que tens a ver com êste neg6cio?

Mantendo-se à distância do acam-pamento dos inimigos

nomina agentis, p. e.:O que me aconselhas?

*Ad §69:11. Sôbre afunc;ão "original" dos casos. - O leitor

deve entender bem o escôpo da exposição dada acima. Nãotem ela a pretensão de reconstruir as fases sucessivamente

*Ad §73, V, 1:A interjeição pro é, sem dúvida alguma, a mesma palavra

que a preposição pro (originàriamente, advérbio: "adiante!")

Page 195: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Pro era mais tarde usado também em combinação com ovocativo (cf. §92), principalmente nas expressões:

empregada em fórmulas que imploravam auxílio. Quem neces-sita de auxílio, está numa situação difícil; dai pro passar asignificar: "hélas" (francês),· "leider" (alemão), ou "alas!"(inglês) .

A combinação de pro com o ac. exclamativo remontamuito provàvelmente, a uma "tmese" em expressões dêste tipo:

Sintaxe latina superior 375Anotações- A sintaxe dos casos

*Ad §82, V, 2:d) A forma pondo é abl. (de relação) de um nom. desu-

sado: pondus, pondi, substituido-.em latim clássico por pondusponderis (ambas as palavras se relacionam com o verbo pen~derrf = "pesar, dependurar"). Encontramos a forma pondoem expressões dêste tipo:

o:iginària~ente c.ombinado com um adj., p. e.: bonae, em expres-soes do tIPO: Hw ager bonae jrugi est = "Esta terra serve para(~ar) bom fruto" > "Esta terra é de bom rendimento/de boa qua-lIdade", etc. Depois também, com elipse de bonae; Hic ager jrugiest; e finalmente, no sentido figurado: Hic homo jrugi est: "Êstehomem é de boa qualidade/sério/honesto", etc. - Às vêzes, jrugié usado também no sentido de "parcimonioso" (cf. o adj. jrugalis).

ó, santo Júpiter!ah, deuses imortais!

imploro a proteção dos deuses

374

pro sancte Juppiter!pro dii immortales!

pro deum jidem clamo = proclamodeum (= deorum) jidem

N a época imperial, pro é empregado como simples inter-jeição (cf. "hélas!") sem se ligar ao ac. ou ao voe., mas refe-rindo-se à frase inteira, p. e.:

Exercitus dicatori coronam aureamlibram pondo decrevit

O exército decretou conferir aoditador uma cora de ouro quepesava (Iit.: quanto ao pêso)uma libra

*Ad §77, l, 1:Nota. O dat., embora raras vêzes, é combinado com substan-

tivos verbais, p. e.: obtemperatio legibus = "a obediêndia às leis".

*Ad §73, V, 2:En < em < eme (do verbo emere que originàriamente

significava: "tomar", cf. ad1'mere, redimere, etc.), e quer dizerportanto: "toma!" (cf. francês: tiens!).

Eeee < em-ee, é forma reforçada de en; -ee é sufixo"dêictico" que encontramos também em: sie < sei-ee; nune< num-ee; tune < tum-ee; haee < hai-ee, etc. - "Dêictico"(cf. em grego: oHwnKó';) quer dizer: "demonstrativo".

A construção de en e eeee com o ac. é, portanto, a cons-. trução original.

Depois a forma pondo, combinada com numerais. trans-formou-se numa palavra invariável como significado de"libra", p. e.:

Levou consigo cinco libras de ouroUm colar de ouro de duas libras

Mas as duas cobras escapam ras-tejando (e chegam) ao santuáriosito em alto

Êles se dirigem num caminharcerto/decididamente a Laocoonte

correndosubindo

e) Os poetas usam muitas vêzes o abl. de substantivosverbais (principalmente os em -us) para indicar modalidade;neste caso, o abl. de modo poderia ser substituido por um PartoPreso Exemplos:

cf. cursu = currensascensu = ascendens

A uri quinque pondo abstulitTorques aureus duo pondo

At gemini dracones lapsu (= laben-tes) ad summa delubra ejjugiunt

fUi agmine certo Laocoontem petunt

*Ad §83, lI, 2:

tanto degeneramos, "hélas!", dosnossos antepassados!

tantum, prol, degeneramus a patri-bus nostris!

*Ad §78, II, 1: *Ad §85, lIl:Nota. O "adjetivo" invariável jrugi ("sério, honesto", etc.)

é, em última análise, um dato final (do nom. sg. jrJ:lx: "fruto",forma não usada no sg., cf. porém o pl.: jruges). Este dato era

3) Por outro lado, usa-se às vêzes in mais ac., onde nósesperariamos o abl., construção essa que se explica pelo fato

Page 196: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Nulll. I<:H/,aHexpressões são, portanto, casos especiais de "bra-'1l1ii"p;ia", d. §231.

dc' 1':iI,al"irJ(~lilíd:l.no verbo de repouso a idéia do têrmo final~'1l1'1111' I'l'NlliLao verbo de movimento. Exemplos:

377

no entantodepois/mais tardepara semprea parte tardia do dia, a tardinha_no momento do maior movimentono foro

seguimos-te, ó santo deus!

A notações - A sintaxe dos casos

sequimur te, sanete deorum!

Notas.1) Os autores da época imperial usam muitas vêzes a forma'

ad instar. - .2) Instar, sem gen., é empregado no sentido de pondus mo-

mentum, gravitas ou dignitas, nestas palavras de Vergílio: 'Quantum instar in ipso! Que homem impressionante! (lit,:

Quanta dignidade (há) nêle!)

*Ad §88, V, 2:g) A função partitiva do gen., em prosa clássica sofria

muito a influência competidora das construções an'alíticas(com de/ex mais abl.), achando-se em plena retrocessãO' emindo-europeu e em grego, o gen. partitivo desempe~havapapel muito mais importante, bem como, em latim arcaico.Os poetas e alguns prosadores arcaizantes tentaram insuflarnova vida ao gen. partitivo, usando-se de expressões dêste tipo:ad id. loéorum (sentido temporal até agorade loeus)

interea loeipostea loeisemper annorumserum dieieeleberrimo fori

comparecer no senadoser do agrado do povo (lit.: seraprovado de modo a penetrarentre o povo)

estar no poder de César

Sintaxe latina superior

+;\d *~K, I:n) A palavra instar significaria, segundo alguns: "con~

trllpt~No", daí: "equilíbrio" (cL em grego ()rari)p); segundocIIILroN,HPria o rnL éristalizado de ?'nstare, sendo seu signifi-C'll,doOl'ig;inal o de indicar que a lingüeta da balança "estácil'lltro", (k modo a não pender para nenhum dos dois lados:"1'!lIlilíhrio". Neja isso como fôr, instar (usado só no nom. e110W!. :11':.) t' IIllli(,:l.Hvêzes combinado com o gen. Registra-1111111a'lIli Idj!;IIIlHciOHNellSemprêgos mais importantes:.

o) ~'III I:Olllllill:l.I,i1,O(:om esse, habere, obtinere ("ser iguala, i,';wdlll" li, (,c:raill\]lIJrttwcia de", etc.), p. e.:

,!!!II' ( .. 1','lIi",,"') 111 IIII/tslall:'III.Cae-mll'1:1

:\7Ij

HIII'.'!:r,' .;/1 .'it'IIU/'UU

lJ/o/Jflri 'Ín t"tI!//I.,'{

b) usado como apôsto: "igual a, como", etc.

(.) (~()mbinado com números, significa: "mais ou menos",p. t',:

*Ad §89, II, 2.h) Quanto à origem dos ablativos meã, tuã, suã, etc.,

combinados com refert e ?·nterest, não há unânimidade entreos glotólogos. Segundo alguns, a construção original seria:

as ruas calçadas, os caminhos cal-çados

o caminho verdadeiroo céu serenoos supremos chefestodos os homens

h) Mas acontece também que o gen. é acrescentado a umadj. neutro substantiva do sem a idéia partitiva caso em queo adj. regente faz as vêzes de um atributo do gen. Êsteemprêgo idiomático do gen. encontra-se não raramente nasobras de Salústio e Tácito, mas mormente na linguagem poética(sobretudo Lucrécio). Exemplos:strata viarum = stratae vitae

vera viai = vera via (Lucrécio)caeli serena = caelum serenumsumma dueum = 8ummi dueeshominum cunctos = cuneti homines

Tem :maisou menos setenta cartas

Constróem um cavalo tão grandecomo um monte

O teu semblante, (radiante) comoa primavera, brilhou aos olhosdo povo

Platão sozinho tem, a meu ver,importância igual à de todos osfilósofos em conjunto

Esta coisa não tem a menor impor-tância (lit.: não tem o equiva-lente da menor importância)

1/((/11'1 ;"111'11' III'IIIII,II(/lntaepistula-1'11I11

JnNtar montis equum aedificant .

In"tnr veris vultus tuus affulsit/lo/lulo

1/ ((1'1' 1'I:S vix minimi momenti instar!talu;t

1'1111" mih; 111111" 'in"lar cst omnium1,/Ú/'IS'ljl/I.III'Wn

Page 197: Besselaar Propylaeum Latinum 1

AS PREPOSIÇÕES LATINAS

*Ad §91:

pelos arvernos e séquanosno combate e na fuganão só por mim, mas também pelosenado

}

ambigere = duvidar (cf. ambiguus)ambire = "ir em volta de"diseedere = "sair"diseernere = "separar, distinguir"pollieêri = "prometer"porrigere = "estender"redire = "voltar, retornar"reseribere = "escrever de novo",etc.

respieere = "olhar para trás"seeédere = "sair"sedueere = "desviar (do caminhoreto)"

Nota. Vê-("demais" ou "de menos") pode ser combinado apenascom adj. e subst., p. e. vêgrandis = "muito grande (demais)",vêsanus = "vesano, delirante",· etc.

ab Arvernis Sequanisqueab Arvernis etlatque Sequanisin proelio et fugauon solum a me, sed etiam a senatu

sed -Ise - (indica separação)

por - ("adiante")

re(d) - (indica volta ou repetição)

Anotações - As preposições latinas 379

amb - ("para os dois lados, paracá e lá", cf. áfJ.cpí)

dis - (indica separação)

V. A repetição das preposições. - Quando uma e amesma preposrção se refere a dois ou mais substantivos, podevir expressa uma só vez, ou então, pode ser repetida. É muitodifícil formular regras exatas a êsse respeito. Basta dizermosque substantivos, ligados entre si pela simples conjunção et,atque/ae, -que, veZ, aut ou -ve, geralmente não repetem a pre-posição; também em apostas usa-se uma só vez a preposição.Mas em ligações correlativas (p. e. et .... et; aut .... aut;rlOn modo ... , sed eMam) e adversativas (sed, verum, etc.) arepetição é regra geral. Em enumerações assindéticas encon-tramos as duas construções (cf. §230). Exemplos:

tur aZiis partibus, veZ appositione, veZ eompositione. Na termi-nologia moderna, uma preposição usada em combinação comverbos, chama-se geralmente "prevérbio" (praeverbium é pala-vra já empregada por Varrão).

IV. Alguns provérbios. - Alguns provérbios latinosque não podem ocorrer isolados, mas ocorrem apenas comoprefixos de verbos (praeverbia inseparabiZia), são: amb-, dis-,por- (",pro-, prae- e per-), re(d)-, sed- ou se-, e ve-.Exemplos:

em terra vermelha .... " aí darábons resultados o tremoço

Sintaxe latina superior

lU. O nominativo pendente. Êste -nom. encontra-se nocomêço de uma frase que, depois, por qualquer motivo, muda de construção(anacoluto, cf. §229); encontra-se principalmente na linguagem popular.Exemplo:ager rubrieosus .. ',. ibi lupinumbonum fiet

378

IV. O nominativo caso-zero. - O nom. era para osromanos a forma do subst. que, fora de uma frase, lhes -vinhaespontâneamente ao espírito: era o caso que dava "o nome"às coisas; daí ser chamado "nominativo" (cf. ad §68, lI,Nota). Destarte se explica que o nom. é empregado em títulose em enumerações, fora da construção de uma frase; tambémo encontramos em expressões dêste tipo:M areus nomen habet Êle se chama MarcosVia laotea nomen habet Chama-se "Via Láctea"

*Ad §93:IlI. Origem do têrmo. - A palavra latina praepo-

sitio é tradução do têrmo grego 7f'p6f1e(J'Ls. Diz Prisciano: Estigitur praepositio pars orationis 1'ndeeZinabiZis, quae praeponi-

omnium nostrã res fert = "o interêsse de todos nós traz con-sigo/implica", etc.; com o tempo, res fert > refert, desgasteêsse que tinha por conseqüência que re- em refert foi sendoconsiderado como abl., ocasionando a combinação com nostrã,em lugar de nostra; segundo outros, nostrã na combinação:nostrã refert, seria originàriamente um abl. sociativo, e fertteria significado intransitivo (cf. a expressão: Via fert adurbem = "O caminho leva para a cidade"); destarte a expres-são: Id nostrã re fert, significaria: "a coisa vai de acôrdo como meu interêsse"; quando esta construção já não era com-preendida, foi-se estendendo também a interest, combinaçãoem que não tinha cabimento. A segunda explicação parecea mais provável. Em todo caso, é indubitável que devemospartir de refert para explicar a construção e que o abl. cominterest foi originado pelo abl. com refert.

Page 198: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Nota. Também não se repete a preposição antes de um pron.relativo ou interrogativo, que se refere a um subst. com o qual apreposição já foi usada. Exemplos:

A Jove incipiendum putat. Quo Êle pensa dever começar por Jú-Jove? piter. Que Júpiter?

In ista sententiã sum, quã tu semper Sou de uma opinião que semprefuisti foi a tua

Sintaxe latina superior Anotações - A subordinação em latim 381

Deixa-o na miséria, porque issolhe dá prazer'

Já que esta casa estava nestacondição, comprou sem demoraoutra casa

Postquam haec aedes ita erant, con-tinuo est mercatus alias aedes

Jubeas miserum eum esse, quatenusid libenter facit

emprêgo já estudado no §153, II, sendo usado principal-mente na linguagem vulgar. Exemplo:

2) QUATENUS. Quãtenus (cf. § 142) quer dizer: "namedida em que"; Lucrécio usa esta palavra às vêzes comvalor causal: "visto que", etc.; na época imperial torna-semais freqüente êste emprêgo. Exemplo:

da cidade, bem como, dos camposou da cidade, ou então, dos cam-pos

Lutamos com Antíoco, (com) Fe-lipe, (com) os etolos, (com) oscartagineses

Lutamos com dois reis, Antíoco eFelipe

380

Pugnavimus cum Antiocho, (cum)Philippo, (cum) Aetolis, (cum)Poenis

Pugnavimus cum duobus regibus,Antiocho et Philippo

et ex urbe et ex agrisaut ex urbe aut ex agris

antes e depois do combate

3) SIQUIDEM. Siquidem tem relativamente poucas vêzesvalor nitidamente condicional (cf. § 188, I, lb), mas quasesempre se aproxima bastante do valor causal, p. e.:

A palavra quando, bastante comum em latim arcaico evulgar como conjunção temporal, emprega-se na linguagemclássica quase sempre com valor causal (quando ou quando-quidem, cf. § 150, I). Em Plautô encontramos:

Uma vez que devo dançar, dai jájá a beber ao flautista

Deves levar- contigo o manto,quando saires

Auferto (pallam) tecum, quandoabibis

Si quidem mihi saltandum est., jamdate vos bibere tibicini

*Ad 151:

Nota. Máa é legítima a construção: in urbe et extra ("dentro- e fora da cidade"), porque extra pode ser também advérbio.

*Ad §124:Abs < ab-se; se- é partícula de separação (ef. ad § 93, IV).

VI. Um só substantivo combinado com duas pre-posições. - Um e o mesmo substantivo não pode dependerde duas preposições: ou se deve repetir o subst., ou então, sedeve substituir o subst. por uma forma de is com a segundapreposição. Exemplos:

ante proelium et post proelium }ante proelium et post id(não: ante postque proelium) .

*Ad §156, I, 2. Nota:2) Com êste dum relaciona-se a palavra dumtaxat (muito

usada em latim pós-clássico; raramente, em prosa clássica)"até o ponto em que possa tocar" (taxo é desiderativo detango: "tocar"). Dumtaxat quer dizer, ou: "somente" « "só-até êsse pqnto"), ou então: "pelo menos, em todo caso "( <"até êsse ponto, se não mais longe"). Exemplos:

*Ad §138:Na linguagem poética encontra-se às vêzes a forma subter.

(cf. in-ter).

A SUBORDINAÇÃO EM LATIM

*Ad §150:IV. Outras conjunções.1) POSTQUAM.O valor causal de postquam (cf. em por-

tuguês: "pois que"; em francês: puisque) deriva do sell

Consules potestatem habent dumta-xat annuam

Exspecto te dumtaxat ad Kalendasmartias

Os cônsules exercem o poder du-rante um só anoEspero-te em todo o caso para odia primeiro de março

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382 Sintaxe latina superior Anotações - A subordinação em latim 383

4) Originàriamente não havia distinção entre o Irreal eo Potencial, sendo que o Subj. Preso era usado para exprimir

Mesmo se eu tivesse cem línguas,não seria capaz de dar os nomesde todos os castigos

A memória diminui, a não ser queseja exercitada

Teu patrimônio será comido poroutros, a não ser que tu mesmoestejas presente

Nota. Embora a origem morfológica do Subj. Impf. latino nãoseja muito clara, podemos dizer com tôda a certeza que a prin-cípio exprimia apenas actio, não "tempo". Seu emprêgo em latimarcaico para indicar o pretérito é, sem dúvida, uma inovação.

5) A diferença entre sis e jueris, no Potencial, referia-seoriginàriamente só à adio, não ao "tempo"; já que em latimhistórico a adio era uma categoria de somenos importância,as duas formas podiam ser usadas indistintamente, mas é denotar que, ainda em prosa clássica, se prefere o Subj. Presopara indicar um sujeito indeterminado, o que está completa-mente de acôrdo com a função "genérica" dêste Subj., aopasso que o Subj. Pf. (= Aor.) se refere a um sujeito deter-minado (cf. §55). Assim se explica a diferença entre:

N on, miM si linguae centum sint;omnia poenarum percurrere no-mina possim (ci. §233)

6) O latim clássico, principalmente a poesIa, empregaainda o Subj.Pres. com o valor de um Irreal (cf. supra, 4),p. e. na célebre frase de Vergílio:

M emoria minuitur, nisi eam e:cer-ceas (genérico)

Tua res familiaris ab aliis com-edetur, nisi tu ipse adjueris (in-dividual)

o Irreal e o Potencial do Presente, e o Subj. Impf. para expri-mir o Irreal e o Potencial do Passado; as duas construçõesse explicam pela parataxe original, como já vimos.

A parataxe: Si diligens sis! Praemio ajjiciart's, queriadizer: "Oxalá fôsses/sejas aplicado I (Neste caso) serias/pode-rás ser premiado".

A parataxe: Si diligens esses! Praemio ajjicereris, queriadizer: "Oxalá tivesses sido aplicado! (Neste caso) poderias/terias sido premiado".

Com o tempo, as duas frases começaram a ser conside-radas como constituindo uma unidade inseparável, chegandoa ser uma construção hipotática: "Se fôres/fôsses aplicado,poderás ser/serias premiado", e: "Se tivesses sido aplicado,terias sido/poderias ter sido premiado".

Poderias perguntar-me: talvez eunada responderia (> Se meperguntares, talvez eu nada res-ponda)

Seja proveitoso, seja prejudicial,nada vêem senão o que lhesagrada (> Se é proveitoso ouprejudicial, pouco lhes importa),nada vêem se não o que lhesagrada

*§Ad §158:IV. Anotações históricas. - 1) A partícula condicional

si "-' sic (sic é composto de si < sei, e do sufixo dêictico -ce,cf. ad §73, V, 2): o significado original de si é: "assim"(menos enfático do que sic). Também a construção hipoté-tica deriva da parataxe original, como se pode ver por ês.teexemplo: Quiesce, si sapis! < Quiesce! Sic sapis = "Ficaquieto! Assim (= É só assim que) és sensato" > "Fica quieto,se és sensato!". Também a partícula condicional em gregoei., embora de origem diferente, significava originàriamente:"assim". Em holandês, a partícula enfática: zo quer dizer:"assim"; a mesma partícula, usada como enclítica, pode serconjunção condicional: "se". Quiesce! Si sapis = "Houdje kalml Zo ben je wijs"; Quiesce, si sapis = "Houd jekalm, zo je wijs bent".

2) Já vimos que sic pode ser usado em votos e desej os(cf. § 180, lI, 4), p. e. na frase: Sic te diva potens Cypri ....regat ("Oxalá te reja a divina senhora de Chipres"); tam-bém si podia ser combinado com o optativo pràpriamentedito, p. e. na expressão: Si te di ament! (= "Oxalá te amemos deuses!"), frase essa que depois foi sendo consideradacomo: "Se os deuses te amam/amarem" (hipotaxe).

Nota. Também em grego, a partícula €i. (geralmente reforçada:eZIJe ou ei. ",áp servia para introduzir desejos.

Prosit obsit, nil vident nisi quodlibet (Concessivo)

3) Támbém outros tipos de subjuntivos podiam ser empre-gados na prótase de uma construção hipotética, p. e. o poten-cial e o permissivo/concessivo, - sem ou com a partícula si.Exemplos:Roges me: nihil fortasse respon-deam (Potencial)

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Em Cícero encontramos estas duas construções, cujo valor(Irreal) é pràticamente o mesmo:

7) Em Plauto encontramos várias vêzes um Subj. Impf.para exprimir o Irreal do Passado (cf. supra, 4), p. e.:

Falaria (com êle), se não tivessemêdo

Se eu o tivesse desejado, êle teriaficado talvez mais dias

Se falasse a verdade, eu o louvaria

Oxalá venha êle!Oxalá soubesses os dons de Deus!

Nota. As formas "românicas" do Subj. Impf. derivam doSubj. Msqupf. em latim: laudavissem > que eu louvasse (port.),e > que je louasse (francês).

Compellarem, ni metuam (Flauto)

Si ego cuperem, ille vel plures diesrnansisset (Cícero)

Si dixisset verum, laudavissem eurn

quando a prótase vem introduzida de nisi (ci. supra, lU Nota1); já vimos também duas frases de Cícero (ci. supra, 6) d~valor pràticamente idêntico, uma construí da como Irreal, e aoutra como Irreal: é qU(3uma possibilidade remota não diferemuito de um caso irreal. Portanto a frase ciceroniana: Haecsi tecum patria loquatur, nonne impetrare debeat?, pode serexplicada como um "resíduo" da situação original em que oPotencial e o Irreal do Presente se confundiam, ou então,como um caso "limítrofe" entre _as duas construções (possi-bilidade remota> irrealidade). E difícil, se não impossível,decidir esta questão de modo irrefutável.

10) Uma conseqüência das diversas "deslocações tem-porais" (alemão: Tempusverschiebungen) em latim é que mui-tas vêzes, ainda em prosa clássica, podemos verificar umacerta oscilação no emprêgo dos tempos. Damos aqui algunsexemplos:

11) Em latim tardio, o Subj. Msqupf. começou a suplan-tar o Subj. lmpf.:

Anotações - A subordinação em latim

L'

*Ad § 161:

12) Às vêzes, encontramos ainda a partícula si (maisSubj.) como partícula optativa (= utinam),. o emprêgo limi-ta-se quase exclusivamente à linguagem poética e à épocaimperial. N o fundo, trata-se aqui de uma evolução "retró-grada" (cf. supra, 2). Exemplos:(O) si veniat!(O) si seires dona Dei!

lU. Anotação histórica. - Etsi é composto de etadverbial ( = "mesmo", cf. §201, l, 1, Nota) e de s?;

Se a pátria falasse assim contigo,não deveria conseguir o quepede?

Se tôda a Sicília de uma s6 vozfalasse, diria isto

Creio que os deuses o quiseram:pois se não o tivessem querido,não teria acontecido

Sintaxe latina superior384

Haec si tecum patria loquatur,nonne impetrare debeat?

Sieilia tota si unã voce loqueretur,haec diceret

Deos credo voluisse: nam ni vel-lent, non jieret

8) Mas o latim, com a sua predileção pelo "tempo",não podia deixar de regular o emprêgo dos tempos do Subj.em construções hipotéticas pelas normas que eram de praxeem frases independentes. As formas do Ind. indicavam commuita precisão os três tempos: laudo (pres.), laudabo (fut.), elaudavi/laudabam (Pf./lmpf. = pretérito); sentindo a mesmanecessidade para exprimir o "tempo" pelas formas do Subj.,o latim criou o Subj. do Msqupf. (laudavissem) para exprimiro pretérito. Esta forma foi sendo usada para exprimir "dese-jos irrealizáveis" no passado, p. e.: Si diligens juisses! Prae-mio ajjectus esses = "Oxalá tivesses sido aplicado! (Nestecaso) terias sido premiado". Assim se possibilitou o emprêgodo Subj. Impf. (Si diligens esses) para indicar um "desejoirrealizável" no presente, e o emprêgo do Subj. Preso (Sidiligens sis) para indicar um "desejo realizável", que neces-sàriamente sempre se refere ao futuro. Uma vez estabelecidaesta distinção entre os três tempos em frases independentes,foi ela invadindo também o terreno das construções hipoté-ticas. Só rio Potencial do Passado, construção muito poucousada em latim, continuava a existir a ambigüidade da cons-trução: Si diligens esses, praemio ajjicereris (= Pot. do Passado,e Irreal do Presente).

9) As distinções entre o Potencial e o Real, de um lado,e as entre o Potencial e o Irreal, por outro lado, são menosnítidas do que esquema dado (supra, lI-lII) poderia sugerirà primeira vista. Já vimos que na apódose de um Potencialse usa muitas vêzes o Ind. (mormente o Ind. Fut.), sobretudo

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386 Sintaxe latina superiorAnotações - As partículas 387

AS PARTíCULAS

(= "assim"), e seu significado original é, portanto: "mesmoassim". Em Plauto encontramos ainda:

Também aqui a parataxe foi sendo suplantada pelahipotase: ".... embora tenha sido homem livre na minhaterra".

Também em latim podemos verificar a mesma variação,p. e.:

Quem veio aqui? (cf. §227, I)Se alguém vier aqui, .

o que te disse êle?

Eu te direi alguma coisa

Quis huc venit? (quis enfático)Si quis huc venerit (quis = aliquis,enclítico), .

Cf. ainda em inglês:What did he teU you? (forma enfá-tica)

TU teU you what (forma enclítica)

Tanto sou escravo quanto tu;mesmo assim, fui homem livrena minha terra

Tam sum servus quam tu, etsi egodomi liber jui

Se alguém fizer de outra maneira,que seja entregue à ira de Júpiter

Ad §211:IV. Anotação histórica. - 1) Os motivos para os

lingüistas modernos acreditarem na função indefinida de utlatino são sobretudo êstes dois:

a) O gramático Festo (século III d. C. ?) traz a notícia:"aliuta" antiqui dicebant pro "aliter", exemplificando êsse sig-nificado com uma frase tirada de uma lei que a tradição atri-buía a Numa Pompílio:Sei quisquam aliuta jaxit, ipsosJovi sacer esto = Si quis(quam)aliter jecerit, ipse, J ovi sacer esto

Nesta frase, aliuta quer dizer, portanto: "de outra ma-neira", sendo palavra composta de ali- (~alt'us = "outro")e -utà ("de alguma maneira, de algum modo"). Cf. aliubi= alibi ("em (algum) outro lugar"), e aliunde ("de (algum)outro lugar"), etc.

b) Ao que parece, é uta a forma mais antiga de ut (d.injra, 2); uta, como enclítico, seria adv. indefinido correspon-dente a uta enfático = acentuado, forma essa que era empre-gada como adv. interrogativo. Essa variação entre palavrasenfáticas, usadas como interrogativas, e palavras enclíticas,usadas como indefinidas, é fenômeno bastante comum emdiversos idiomas indo-europeus. Poderíamos comparar, emgrego, por exemplo os seguintes pares de palavras:

7TWS; "como ?", e 7TWS "de alguma maneira";7TOV; "onde?", e 7TOV "em alguma parte";Tis; "quem ?", e TLS "alguém", etc.

. ~s~im é bem. possível. que ,uta/ut tenha exercido a funçãomdeÍlmda em latIm pré-hIStónco; mas convém salientarmosque êsse emprêgo está mal abonado em textos chegados aosnossos dias.

2) A origem histórica de ut continua obscura, apesar demuitas tentativas feitas para indagar-lhe a etimologia Éprovável (mas longe de certo) que a forma primitiva em latimtenha sido uta (cf. supra, Ia), forma correspondente com ita.

Uta podia ser reforçado pelo elemento -1, (d. em grego:oVrou~ < OV70S-~; em latim: haec < ha-1,-ce); ora, utai > utei(forma abonada) > ut'i. A forma ut'i > ut1" em virtude da leifonética segundo a qual se abrevia a vogal final de palavrasdissilábicas, cujo esquema métrico seja trocaico, p. e.: Mine>bene; male> male, etc. (em alemão: Jambenkürzungsgesetz).

A forma ut deriva de uta (apócope da vogal final, cf.neque > nec; atque > ac, etc.).. A forma utinam < uta-nam (cf. accipere < ad-capere;

ajl/'cere < ad-jacere, etc.).3) Quase todos os glotólogos modernos derivam a con-

junção ut (final, concessivo e consecutivo) de ut indefinido,função mal ou não abonada pelos textos antigos (d. supra, 1).Mas nada obsta a derivá-Ia de ut interrogativo-exclamativo(d. supra, lI, 3); podemos aduzir os seguintes argumentosem favor desta tese:

a) as partículas exclamativas ws e 07l'WS em grego trans-formaram-se igualmente em conjunções finais;

b) -nam é sufixo muito comumente acrescentado a inter-rogativos (d. §204, lI, 2), mas não a indefinidos. Ora, utinam

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389

Penetrará no território remoto doshindus, onde a praia é batidapelas ondas orientais que aolonge ressoam

Anotações - As partículas

In extremos penetrabit Indos, litusut longe resonante Eoã tundituraquã (Catulo)

ros filólogos que a história de palávras pequenas e corriqueiraspode ser obscura e complicada.

V. O significado local. - Êste emprêgo é extremamente raro,limitando-se a alguns poucos casos encontrados na linguagem poética.Muito provàvelmente trata-se aqui de uma imitação direta do gregoWS. Exemplo:

Como?! Queres que eu dê meushaveres a Báquide? (subj. excla-mativo)

Como pOderia abalar-te coisaalguma?

Concedo como sejam insuficientesas fôrças. Contudo é louvável aboa vontade

Pôsto que sejam insuficientes asfôrças, a boa vontade é louvável(subj. permiss.)

Desejo/Rogo. Como desejo quesaias! (opt.)

Desejo/Rogo que saias

Não sou tão louco. Como poderianegar isto? (pot.)

Não sou tão louco que negue isto

Sintaxe latina superior

A função consecutiva:

A função concessiva:

desint vires, tamen est laudandavoluntas

388

Ut desint v'ires. Tamen est laudandavoluntas (cf. §162, l, 4)

Mea bona ut dem Bacchido dono?

Te ut ulla res jrangat?

é forma reforçada de ut (uta), partícula "optativo", aindaencontrada em latim arcaico, p. e.: Ut illum di perdant :;<

Utinarn illurn di perdant (linguagem clássica).c) a função indefinida de ut é muito precária, mas

mesmo admitindo-a em virtude do que ficou exposto acima,podemos explicar a origem histórica de ut "conjuncional"pela função interrogativo-exclamativa; esta explicação nosparece até menos rebuscada do que aquela.

Discutir mais detalhadamente o nosso ponto de vistanão se compadeceria com o escôpo do presente livro. Estabreve exposição teve apenas a finalidade de mostrar aos futu-

Também as duas frases, dadas supra, lIl, poderiam fàcil~mente ser explicadas pela função interrogativo-exclamativade ut, sem recorrer à função mal documentada de ut indefi-nido:

N on sum tam demens. Ut hocnegem? (cf. §147, lH, 3)

N on sum tam demens, ut hoc negem

A função final:

Opto/Rogo. Ut abeas! (cf. § 145, l)

Opto/Rogo, ut abeas

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,>

,INDICES

.1. DOS ASSUNTOS TRATADOSlI. ANALÍTICO DOS VOCÁBULOS LATINOS

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íNDICE DOS ASSUNTOS TRATADOS

I

o primeiro algarismo arábico, quando não precedido da· abreviaturapago (= página), remete o leitor ao número do parágrafo correspondente(no livro marcado com o sinal §); os algarismos romanos, às divisõesprimárias do mesmo; o segundo algarismo e as letras minúsculas, àssubdivisões; o asterisco(*) precedente a um algarismo arábico, a umaanotação no capítulo final do livro.

ABLATIVO: triplice origem do abl. latino, 81funções do abl. latino, 81-86Cf.SEPARATIVO, INSTRUMEN'I'ALe LOCATIVO

ABLATIVOABSOLUTO:emprêgo e funções, 21-26anotação histórica, * 21 (IV)sem sujeito determinado, * 25 (III)com sujeito em forma de um A. C. L, perguntaindireta, etc., * 25 (IV)

o sujeito lógico do abl. abs., 22, II, 2; cf. * 22, II, 3ACRÔNICO: caráter "acrônico" dos modos não indicativos, 53, II

do potencial, 56, IIdo proibitivo, 55, II, 2c; cf. 57, IIdo Inf., * 17 (VII)

ACTW: as três actiones em indo-europeu e em latim, 43, III; cf. * 43,III (nota)

ACUSATIVO:natureza do ac., 69, I; cf. * 69, IIsuas diversas funções, 69-70; 73-75ac. de direção, 70; cf. 75, IIIac. de objeto direto (em geral), 73ac. de parte, 73, III; cf. 60, III, 2ac. eliptico, 73, IVac. exclamativo, 73, Vac. de objeto interno, 74, Iac. de extensão, 74, IIac. de duração, 74, IIIac. de relação, 74, IV; cf. 75, Vo duplo ac. (em geral), 75

ACUSATIVOCOMGERUNDIVO: emprêgo, 34, II

ACUSATIVOCOMINFINITO: emprêgo e funções, 4-14origem histórica, págs. 348-349substituído pela constr. analitica emvulgar* 4 (nota)

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394 Sintaxe latina superiorlndice dos assuntos tratados 395

ACUSATIVO'COMPARTICíPIO: emprêgo e funções, 27, IIADJETIVAÇÃO:do parto latino, 29, I

do gerundivo latino, 33, Ido adv. latino, 216, I

ADJETIVO: emprêgo atributivo, predicativo e semi-predicativo, 19, I; 215, Iemprêgo modal, 215, Hemprêgo restritivo, 215, HIsubstantivação de adj., 215, IV;-formas neutras do adj, (sg.) usadas como ac. de relação, 74, IV, 2seguidas do gen, partitivo, 88, V, lb; - 'adj. combinados com o dat., 80com o ab1. separativo, 82, I, 2ccom o ab1. de origem, 82, H (nota)com o ab1. instr., 84, I, 2fcom o ab1. loc., 85, H, 6com o gen., 90;-certos adj. usados como ab1. de preço, 84, H, 2como ab1. de medida, 84, IV, 2como gen. de preço, 89, H; -o ab1. de qualidade faz as vêzes de um adj., 83, IH, 1 (nota)também o gen. de qualidade, 88, IV;o gen. de posse e o gen. subj. podem ser substituídos por umadj., 88, H, 2; -o pa,rt. é, no fundo, um adj., 19, I;problemas de concordância, 213; -adj. interrogativos, 62, I, 1; -cL CLÁUSULAS(relativas adjetivas)

ADVÉRBIOS:emprêgo atributivo, 216, Iemprêgo predicativo, 216, H; -adv. relativos definidos e indefinidos, 166, I, 2; cf. 217, lUadv. interrogativos, 62, I, 2adv. numerais em -um e-o, 216, I (nota); -adv. de lugar e de tempo, com o gen. partitivo, 88, V, 1c

ANACOLUTOou ANACOLUTIA:229

ANAF6RICO: o emprêgo anaf6rico do pron, is, 224, I, 2ANTECEDENTE: reforçado por is, 225, H, 1

colocado na cláusula relativa, 225, IVrepetido na cláusula relativa, 242, IH;adota o caso do pron. relativo, 225, VI, 2o pron. relativo adota o caso do antecedente, 225, VI, 3;problemas de concordância, 213, VH, 3

ANTECIPATIO: cL PROLEPSEANTICLíMAX: cf. CLíMAX

ApÔSTO: problemas de concordância, 214, I-Hapôsto atributivo e semi-predicativo, 214, IHapôsto de um pron. possessivo, 220, IH; - ci. CIDADES

AssíNDETO: 201, IH; cf. 230

I'

ATRAÇÃO: casos de atração entre o antecedente e o pron. reI., 225, VIATRIBUTIVO: o emprêgo atributivo do adj., 19, I, 1; ci. 215, I

do part., 19, H, 1do gerundivo, 33, Ido adv., 216, I

BRAQUILOGIA:231

BREVILOQUENTIA:cf. BRAQUILOGIA

CASOS: os casos em indo-europeu, 68, Io caso reto e os casos oblíquos, 68, Hos casos em latim, 68, IH; -origem do têrmo, * 68, H (nota)nomenclatura dos diversos casos, * 68, I (nota); -as funções dos seis casos latinos, 68-92;cL NOMINATIVO. GENITIVO, DATIVO, ACUSATIVO, VOCATIVO eABLATIVO

CIDADES: construção de nomes de cidades e ilhas pequenas em latim:direção, 70, Iseparação ou procedência, 71, Ilocalização, 72, I; -nomes de cidades, quando acompanhados de um subst. apela-tivo, são considerados como apostos, 88, VI, 2a

CLÁUSULASou PROPOSIÇÕESSUBORDINADAS:divisões em geral, 143. IV, V; cf. 254; -c1. adjetivas puras, 143, IV, 2; cf. 166-168c1. adverbiais, 143, IV, 2c1. causais, 150; cL *150, IVc1. coincidentes, 254, H, 3; cf. 257, IV (na oração indireta)c1. comparativas, em geral, 163-165c1. comparativas simples, 164c1. comparativas condicionais, 165c1. concessivas, 161-162c1. condicionais, 157-160; cL 257, VI (na oração indireta)c1. consecutivas, 147-149 (em geral)c1. consecutivas livres, 147c1. consecutivas completivas, 148-149c1. declarativas (enunciativas, 143, V, 1c1. desiderativas, 143, V, 2c1. finais, 144-146 (em geral)c1. finais livres, 144; cf. 35, II, 2c1. finais completivas, 145-146c1. integrantes: A. C. I., 4-14

N. C. 1., 15-16com ut(ne: 145-146com ut(ut non, 148-149com quod, 210, H, 1

c1. relativas, 166-168 (em geral)c1. reI. puramente adjetivas, 166-167cl, reI. indefinidasl 54, H; cf. 166, I, 2

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c1. relativas construídas com o Ao CO I, 14, Hc1. reI. dependentes de um antecedente no superlativo, 82, HI, 2d;cf. 88, V, 2e; 225, IV, 1

cl. reI. "adverbiais", 168; cfo 143, IV, 2c1. substantivas, 143, IV, 1cl. temporais, 151-157 (em geral); cf. 257, V (na oração indireta);cláusulas na oração indireta, 252, H, 3; 255, H-HI; 256, H, 4; 257,IV-VI; -cfotambém PERGUNTAS(indiretas); PROPOSIÇÕES(infinitivas e participiais)

CLÍMAX: 232

COMPARAÇÃO:em geral, 163-165de inferioridade e de superioridade, 218; cfo 82, H~

COMPARATIOCOMPENDIÁRIA:231, I, 4COMPARATIVO:o grau comparativo, 218 (em geral)

funções secundárias, 218. I, 3-4usado para comparar duas coisas ou pessoas, 218, H, 1circunlocuções e formas analíticas 218, IH; cio 218, H, 2; -

'/ o abl. comparativo, 82, HICONCORDJdwIA: problemas de concordância, 213; cf. 42, I; 217, H, 4CONEXÃORELATIVA: 167 (em geral)

simples, 167, Icomplexa, 167, Hcom quod (quodsi), etco, 210, I, 1

CONJUGAÇÃOPERIFRÁSTICA:51 (em geral)no Irreal, 160, I; 252, I, 1 (nota 2)na pergunta indireta, 64, IH-IV

CONJUNÇÕES:coordenativas, 201-206aproximativas, 201disjuntivas, 202correlativas, 203; 201, IH; 202, I; 202, H, 3causais-explicativas, 204adversativas, 205conclusivas, 206; -subordinativas, 207-211finais, 144, H; 146, IHconsecutivas, 147, I; 149causais, 150. I; cf. *150, IV (1-3)temporais, 151, cio *151 (nota)condicionais, 157-160concessivas, 161-162comparativas-condicionais, 165, Iexplicativas, 210, H

CONSECUTIOTEMPORUM:no Indicativo, 44, Hno Subjuntivo (perguntas indo), 64, lUna oração indireta, 254-255;cfo as diversas CLÁUSULAS

Ç)QI'/STRUCTIOAD SENSUM:213, IH

CORRELAÇÃOe CORRELATIVOS:de comparação, -164; cfo 218, H, 3; 84,IV, 3

de conjunções aproximativas, 201, HIde conjunções disjuntivas, 202, I; 202,H, 3

de conjunções negativas, 203de pronomes e adj. pronominais, 223,HI; cio 227, IV, 2

DATIVO: natureza do dativo, 76suas diversas funções, 76-80dato de atribuição, 77 (em geral)dato de objeto indireto. 77. I, 1dato de cômodo e de incômodo, 77, I, 1; cfo 80, Idato de interêsse, 77, I, 2dato de aproximação, 77, I, 3; cf. 80, Hdato exclamativo, 78, I, 1dato possessivo, 78, I, 2dato ético, 78, I, 3dato de referência, 78, I, 4dato de agente, 78, I, 5; cL 3":1,Idato final, 78, H, 1; 79, I; cL 80, HIdato de direção, 78, lI, 2; cf. 78, I, 3duplo dat., 79 (em geral)dato com adjetivos, 80 (em geral)

Er,IPsE: 233. (em geral); real e aparente, 88, I, 3elipse aparente de esse, 23, I; cL 213, IV; 233, H; *5, I (nota)locuções elípticas, 73, IV; 210, H, li; 226, IIl, 1elipse de um verbum sentiendi vel declarandi, 7, IV, 22Inf. exclama tivo, 17, IIelipse do objeto direto, 60, I, 2

ENÁLAGE: 233

EpÍSTOLAS: os tempos em estilo epistolar, 52, IEUE'EMISMO:234

FIGURAS SINTÁTICAS:228 (observações preliminares)diversos tipos, 229-248

FRASES: esquemas, 53, III (proposições independentes); 143, V, 1 (cláusulas)frases declarativas (enunciativas), 53, IIl, 1frases desideraloivas, 53, IIl, 2; 143, V, 2frases imperativas ou injuntivas, 53, IIl, 2afrases nominais, 23, I; cf. 233, U; 213, IVfrases optativas, 53, lU, 2bfrases potenciais, 53, lU, 1bfrases reais, 53, lU, Iafrases voluntativas, 53, lU, 2c

FUTURO PERFEITO: 50 (em geral)exprime geralmente tempo relativo, 43. I, 4; ci. 50, Ié tempo primário, 43, U (nota)exprime, às vêzes, tempo absoluto, 50, Uequivale ao Fut. Sunples, *50, lU

397lndice dos assuntos tratadosSintaxe latina superior396

Page 207: Besselaar Propylaeum Latinum 1

398 Sintaxe latina superior lndice dos assuntos tratados 399

FUTUROSIMPLES:46 (em geral)exprime tempo absoluto e relativo, 43, Ié tempo primário, 43, lI; -suas funções:

fut. prospectivo, 46, Ifut. potencial, 46, IIIfut. voluntativo, 46, IIfut. deliberativo, 40, IVfut. optativo, 46, Vfut. genérico, 46, VI

GENITIVO:a natureza do genitivo, 87suas diversas funções, 87-90gen. de posse, 88, I; cf. 90, Igen. subjetivo, 88. IIgen. objetivo, 88, III; d. 89, I, 1; 90, lI, 2; ibidem, 4agen. de qualidade, 88, IVgen. copiae et inopiae, 89, I, 4; cf. 90, lI, 4cgen. partitivo, 88, V; cf. 90, III; *88, V, 2 (g)gen. explicativo, epexegético ou definitivo, 88, VIgen. de matéria, 88, VIIgen. de relação, 89, I (em geral); cf. 90, II; *32, I, lc (nota 3)gen. de causa, 89, I, 2gen. de crime, 89, I, 3; cf. 90, lI, 4bgen. de preço, 89, 11

GERúNDIO:natureza, 30, I; anotação histórica, págs. 357-359o emprêgo do gerúndio, 31gerúndio e gerundivo, 32; M. *32, I, lc (notas)

GERUNDIVO:natureza, 30, lI; anotação histórica, pags. 357-359suas funções, 32-34 (em geral)a construção "gerundival", 32; cf. *32, I, lc (notas)parto necessita tis et possibilitatis, 33-34com o verbo esse, 34, Icom verbos transitivos-relativos, 34, IIconstrução impessoal, *34, I, 3 (nota 2)

HENDIADIS:235HIPÁLAGE:cf. ENÁLAGEHIPÉRBATON:236HIPÉRBOLE:237; cf. 82, III, 2cHIPOTAXE:143 (origem e natureza);

deriva da parataxe:cláusulas finais, 145, I; 146, I; 146, lI, 1; 146, IIl, 2a

cláusulas consecutivas, 147. III, 3; 149, I, 2 (nota)cláusulas condicionais, *158 (IV)cláusulas concessivas, *161 (III)

HfsTERONPRÓTERON:238IMPERATIVO:55 (em geral)

J

J"

IMPERFEITO:exprime, geralmente, tempo relativo, 43, 4, Ié tempo secundário, 43, lI;suas funções:

Impf. durativo, 47, IImpf. iterativo, 47, IIImpf. conativo, 47, IIIImpf. resultativo, 47, IV

IMPESSOAL:verbos impessoais, 39 (três categorias)formas impessoais da V. P., 40; cf. *58, IV

INCERTEZAe DÚVIDA:fórmulas, 66, IVINDICATIVO:54 (em geral); cf. 160, IIINFECTUM:43, IVINFINITO:1-17 (em geral); sinopse histórica, págs. 347-349

os seis Infinitos Iatinos, 1o Inf. exprime sempre tempo relativo, 12, I; -o Inf. subjetivo, 2o Inf. objetivo, 3; cf. ACUSA'l'IVOCOMINFINITOe NOMINATIYOCOMINFINITO

o Inf. histórico, 17, Io Inf. exclamativo, 17, IIo Inf. final, *17, IIIo Inf. limitativo, *17, IVo Inf. substantiva do *17, Vo Inf. jussivo, *17. VIo Inf. do Pf. "acrônico", *17, VII

INJUNTIVO:53 (modo do indo-europeu)INSTRUMENTAL:antigo caso que se fundiu com o abl., 81, lI; 83-84

divide-se no Sociativo (83)e no Instr. propriamente dito (84)I. Sociativo; suas funções:abl. de companhia, ou Socopropriamente dito, 83, Iabl. de modo, 83, IIabl. de qualidade, 83, III

11. Instr. propriamente dito: suas funções:abl. de meio ou instrumental, 84, Iabl. de preço, 84, IIabl. de causa, 84, IIIabI. de medida, 84, IV

IRONIA:239 (em garal); cf. 191, III, 1; 188, I, 1; 160, III, 3IRREAL:158-159 (em cl. cond.); 161-162 (em cI. conc.); 165, II (em cI.

comp. cond.); 257, VI, 2 (na oração indireta)LfTOTES:240 (em geral); cf. 170, lI, 1 (nota)LOCATIVO:antigo caso que se fundiu com o abI., 81, IIl; 85-86

divide-se no loco (85) e no abl. de tempo (86)L Locativo; suas funções:

locativo propriamente dito, 85, I; 72abl. de lugar, 85, 1I-III

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400 ; .. Sintaxe latina superiorlndice dos assuntos tratados 401

lI. Ablativo de tempo; seu emprêgo:sem preposição, 86, Icom preposição, 86, II

MODOS: 53-57 (em geral); 37, IV (formação)a natureza dos modos, *53, IIInúmero dos modos em latim, 53, Imodos e tempos, 53, lI; -o emprêgo dos modos na oração indireta, 252; -o emprêgo dos modos em proposições subordinadas, cf. CLÁu-SULAS; -

cf. INDICATIVO,IMPERATIVO,SUBJUNTIVO,OPTATIVOMORFEMA: 169

MAIS-QUE-PERFEITO: 49 (em geral)exprime, geralmente, tempo relativo, 43, I, 4; cf. 49, Ié tempo secundário, 43, IIequivale a um Imperfeito, 19, II

NEGAÇÃO: 170 (em geral); dupla negação, 170, IINOMINATIVO: 91 (em geral)

nom. exclamativo, 91, Inom. pelo vocativo, 91, IInom. caso-zero, *91, IVnom. pendente, *91, III

NOMINATIVOCOMINFINITO: 15-16 (em geral)extensão de N. c. I. em latim tardio, *16 (I, 3)

NÚMERO: cf. SINGULARe PLURALproblemas de concordância, 42, I; cf. 213, VI

OPTATIVO: fundiu-se com o SubjuI\tivo, 53, lI, 3opt. prôpriamente dito, 56, Iopt. potencial, 56, lI; - cf. SUBJUNTIVO

ORAÇÃO: cf. FRASE:ORAÇÃOINDIRETA (e DIRETA): 248 (natureza)

a construção da oração indireta, 248-257 (em geral)OXIMORO: 241

PARALELISMO:245, IIPARATAXE: 143; - cf: HIPOTAXEPARTICÍPIO: 18-29 (em geral); anotação histórica, págs. 354-355

sinopse dos três part. latinos, 18, I; -tempo relativo do part., 18, lI; -o emprêgo atributivo do part., 19, r. 1; 19. lI, 1o emprêgo predicativodo part., 19, I, 2; 19, 1I,2o emprêgo semi-predicativo do part., 19, I, 3; 19, lI.proposições participiais. 20; 21-26particípio conjunto, 21-26; cf. ABLATIVOABSOLUTO;Acusativo com Particípio, 27, lI; -falta do parto preso de esse, 23; -

3; 20

o part. do Pf. de verbos depoentes, 24, I-lIo part. do Pf. com significado ativo, 24, III;o part. do Fut., 19, lI, 1-2; cf. 25, I (função final);o gerundivo como part. Fut. V. P., 30, lI, 4; -o gerundivo como parto necessitatis et possibiltatis, 33-34; -o part. usado com o significado de um subst. verbal, 28;adjetivação do part., 29, Isubstantivação do part., 29, II

PARTÍCULAS:natureza das partículas, 169; -diversas classes e funções, 170-211partículas adverbiais, 169, lI, 1; cf. 170--200partículas conjuncionais, 169, lI, 2; cfo 201-211partículas negativas, 170; cfo 181; 183partículas esclarecedoras, 25, 1I-III; cf. 161, I; 162partículas interrogativas, 63, IIpartículas usadas em respostas, 67, IIpartículas para parafrasear o supo e o compo, 218, IIIpartículas para enfraquecer o superlativo, 218, IV, 2partículas para reforçar o superlativo, 218, IV, 1; -cf. CONJUNÇÕES;ADVÉRBIOS

PERFECTUM: 43, IVPERFEITO: 48 (em geral)

exprime, geralmente. tempo absoluto. 43, I, 4é tempo primário ou secundário, 43, lI; -suas funções:

Pf. histórico, 48, IPf. gnômico ou empírico, 48, I (nota)Pf. presente, 48, lI; -Pf. da V. P., 52, lI; *52, II (nota 2)Pf. da V. A., 52, III (paráfrase)

PERGUNTAS:observações preliminares, 61; 62-66 (em geral)perguntas diretas, 61, III; cf. 62-63; 65, Iperguntas disjuntivas, 61, IV; cf. 65perguntas elípticas, 66, IIIperguntas indiretas, 61, III; cf. 64; 65, IIperguntas parciais, 61, I; cf. 62perguntas reais, 61, Vperguntas retóricas. 61. Vperguntas simples 61, IVperguntas totais, 61, I; cf. 63

PESSOA: 28-41 (em geral); 37, I (formação)PLEONASMO:242

PLURAL: 42; cf. 217, IIplural de autor, 42, lI, 1plural de modéstia, 42, lI, 2plural de majestade, *42. (III)plural de respeito, *42 (IV); -rI. de subst. que indicam matéria, 217, lI, l

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402 Sintaxe latina superior fndice dos assuntos tratados 403

plural "individualizante", 217, lI, 2phlral "poético", 217, lI, 3plural de subst. abstratos, 217, lI, 5iprobJemas de concordância, 213

POLIssfNDETO: 201, IIl; cf. 243P6S-POSIÇÕES: 140-142POTENCIAL: 56, II; - cf. 158-159 (em cI. condicionais)i 161-162 (em cI.

concessivas)

PRAEVERBIAINSEPARABILIA: *93 (IV); - cf. PREVÉRBIOSPRECISÃODO LATIM: no emprêgo dos tempos, 44, li - cf. 13PREDICADO: problemas de concordância, 213PREPOSIÇÕES:natureza e origem, 93i 94-139 (sinopse)

origem da palavra, *93 (IIl)referindo-se a dois ou mais subst., *93 (V);prep. que "regem" o ac., 94-123prep. que "regem" o abI., 124-136prep. que "regem" o ac. ou o abI., 137-139

PRESENTE: 45 (em geral)é tempo primário, 43, IIexprime, geralmente, tempo absoluto, 43, I, 4i -suas funções:

preso histórico, 45, lI, li cf. 158, r. 1b (com dum); 257, I(na oração indireta)preso resultativo, 45, lI, 2preso atual, *45, lI, 3preso genérico, *45, lI, 4preso registador, *45, lI, 5

PREVÉRBIOS: exprimem muitas vêzes actio, *43, IV (nota)influem na regência do verbo, 73, IIi cf. 75, II; 77, IIl-IV

PROLEPSE: 244

PRONOMES: 219-227 (em geral); -pron. adverbiais, 216, IIIpron. demonstrativos, 223pron. determinativos, 224pron. indefinidos, 227pron. interrogativos, 62, I, 1; cf. 226pron. pessoais, 219; d. 249 e 251 (na oração indireta)pron. possessivos, 220i cf. 249 e 251 (na oração indireta)pron. recíprocos, 222pron. reflexivos, 221; cf. 11, Ipron. relativos definidos, 225; cf. 166, I, 1; cf. ATRAÇÃO;ANTECEDENTE

pron. relativos indefinidos, 166, I, 2i -problemas de concordância, 213, VII; -formas neutras (sg.) usadas como ac. de relação, 74, IV, 2combinadas com o gen. partitivo, 88, V, tb

PROPOSIÇÃO:cf. FRASE; CLÁUSULA,etc.proposições infinitivas, 4-16proposições participiais, 20i 21-26.

QUIASMO: 245REAL: cf. FRASES (reais)

em construções condicionais, 158-159em cláusulas concessivas, 161-162

REFLEXIVOS: verbos reflexivos, 60, lI, 1; cf. *58, IIl, 1; -cf. PRONOMES(reflexivos)

RESPOSTAS:67 (formas de responder)RESTRITIVO: o emprêgo restritivo do adj., 215, IIIRETICl1:NCIA: 246SEMANTEMA:169

SEMI-PREDICATIVO:o emprêgo semi-predicativo de adj. e part., 19, I, 3;19, lI, 3; cf. 215, I

outro emprêgo (= modal), 215, III

SEPARATIVO: antigo caso que se fundiu com o abI. 81, I; 82suas funções:abI. de procedência, 71; 82, I, 1abI. de separação, 82, I, 2abI. de origem, 82, IIabI. de comparação, 82, IIIabI. de agente, 82, IVabI. de relação, 82, V

SILEPSE: 231, I, 4SINGULAR: cf. PLURAL; NÚMERO

O sg. coletivo, 217, ISOCIATIVO: cf. INSTRUMENTAL

SUBJUNTIVO: o Subj. latino é modo "sincrético" do Subjuntivo prô-priamente dito e do Optativo, 53, I, 3; - cf. OPTATIVO;-

o Subj. prôpriamente dito subdivide-se em:subj. exortativo, 57, I; cf. 55, I, 4subj. proibitivo, 57, lI; d. 55, lI, 2a-bsubj. permissivo, 57, IIl; cf. 146, I, 1; 162, I, 3subj. concessivo, 57, IVsubj. deliberativo, 57, V; -o emprêgo do subj. em proposições subordinadas, cf. osdiversos tipos de CLÁUSULAS

subj. oblíquo, 257, IIl; 225, IIl, li 252, lI, 2; 210, lI, 2(nota 3)

SUBORDINAÇÃO:143-168 (em geral); cf. HIPOTAXE; CLÁUSULASSUBSTANTIVAÇÃO:do particípio, 29, II

do adjetivo, 215, IVdo Inf., *17, V

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SUBSTANTIVOS:subst. mobilia et comniunia, 214, I (nota); -subst. verbal muitas vêzes expresso por um part., 28;ou por gerundivo, 32 (em geral); cf. 32, Hr. 4; -subst. verbal combinado com o ac., *73, I (4)subt. verbal combinado com o dat., *77, I, 1 (nota);-o abl. de um subst. verbal (em -u) usado como equivalentede um part., *83, H, 2 (d); -o gerúndio é um subst., 30, Itambém os supinos I e H, 35-36; cf. págs. 360-361.também o Inf., pág. 347

SUJEITO:o sujeito gramatical, 40, H (na V. P.)o sujeito indeterminado, 41o sujeito lógico, 40, H (na V. P.); cf. 220, IV (pron. reflexivos);-problemas de concordância, 213; -o sujeito do A. c. L vem, geralmente, expresso, 11mas há casos de omissão, *11, H (3-4)

SUPERLATIVO:o sup. absoluto e o sup. relativo, 218, I, 2; -parafraseado por formas analíticas, 218, IH; _.partículas usadas em combinação com o sup. 218, IV, 1;218, IV, 2

SUPINO:35-36 (em geral); anotação histórica, págs. 360-361o supino I, 35; cf. 70, H, 4 (= ac. de direção)o supino H, 36

TEMPOS:43-52 (em geral)tempo e actio, 43, IH; cf. *43, III (nota); *43, IV (nota); -tempo relativo e tempo absoluto, 12, I; cf. 43, Itempo primário e tempo secundário, 43, H; cf. 64, IH (emrelação a perguntas indiretas); - na oração indireta, 255, IlI,1; cf. 256; 257, VI, Ia; 253; -

tempos em estilo epistolar, 52, Iformações secundárias, 52, H-lII;- -o emprêgo dos tempos em proposições subordinadas, cf. asdiversas espécies de CLÁUSULAS;cf. também CONSECUTIO

TEMPORUM;-quanto aos diversos tempos em latim, cf. PRJlJSENTE,IMPERFEITO,FUTUROSIMPLES,PERFEITO,MAIS-QUE-PERFEITOe PERFEITOFUTURO

TOM: o tom da frase, 63, I; cf. 143, I-lIUsus PRAEGNANS:231, IIVERBO:as formas nominais do verbo latino, 1-36

as categorias do verbo finito, 37-60; anotação histórica,pags.361-362

quanto ao significado:verbos de afastamento, separação, etc., 82, I, 2averba 'affectum, 8 (+ A. c. L); cf. 73, I, 1 (+ ac.); 84, IH, 1d(+ de e/ou abl.)

verba copiae et inopiae, 89, I, 4; cf. 84, I, 2a; 84, I, 2bverbos de "crime" (= verba judicialia), 89, I, 3

405lndice dos assuntos tratados

ZEUGMA:247.

verbos de despojamento, roubo, etc., 82, I, 2a (+ abl. sep.)verbos de favorecer e prejudicar, 77, H (+ dat.)verba impediendi, etc., 146, IIIverbos de movimento, 75 IH (+ duplo ac.); ci. 35 (+ Supino I)verba optandi, curandi, etc., 145, Hverba percipiendi, 27, I (+ Ac. c. Part.); 7, I (+ A. c. L)verba sentiendi et declarandi, 7 (+ A. c. L); 145, IH, 8(+ ut/ne)

verba timendi, 146, Hverba voluntatis, 27, IH (+ Ac. c. Part.); 9 (+ A. c. L); -:-

quanto à forma e à função:verbos ativos (com significado passivo), 60, Iverbos causativos, *58, IH, 2verbos compostos, 73, H, 1; cf. 75, lI; 73, H, 2; cf. 77, IIIverbos depoentes, *58, H (origem e natureza); - o parto Pf.de verbos depoentes, 24, I-lI

verbos impessoais, 39 (as três categorias na V. A.); - cons-truídos com o Inf. subjetivo, 2, lI, 1; com o A. C. L, 10, lI;com ut/ne, 146, I; com o ac. de pessoa, 73, I, 2; com o gen.de causa, 89, I, 2

verbos incoativos, *43, IV (nota)verbos intransitivos, 40, I (nota); admitem na V. P. s6 asformas impessoais, 59, III; - cf. também *58, III, 5

verbos iterativos, *43, IV (nota)verbos transitivos, 40. I (nota)verbos transitivos-predicativos, 75, I; cf. 59, H,' 2verbos transitivos-relativos, 77, I, 1; cf. 34, II

VOCATIVO:92VOZESDOVERBO:58-60 (em geral); cf. 37, VVOZATIVA:a conversão da V. A. para a V. P., 59; - significado passivo

de formas ativas, 60, I, 1Voz MÉDIA:as funções da V. M., *58, IH; -

a passagem da V. M. para a V. P., *58, IV; -fundiu-se, em latim, com a V. P., 58, I; ci. 60, lI, 1; 60, III, 2

VOZPASSIVA:a origem da V. P., *58, IV; -formas pessoais e impessoais da V. P., 40; -às vêzes, exprime ainda reflexividade, 60, H, 1; -com alguns verbos a passividade é duas vêzes expr~ssa, 60,lI, 2; circunlocuções da V. P., 60, IH, 1;

a V. P. combinada com o ac. de relação, 60, III, 2

Sintaxe latina superior404

Page 211: Besselaar Propylaeum Latinum 1

IIÍNDICE ANALÍTICO DOS VOCÁBULOS LATINOS

A

ab: 124 (sinopse); 82, I, 2c (+ abl. sep.); 31, IV (+ gerúndio/gerundivo)abesse: 74, II (+ ac. de extensão); 84, IV, 1 (+ abl. de medida); 82, I,

2a (nota 1) (+ ab); - longe/multum abest ut, 148, I; tantum abestut .... ut (etiam/contra), 148, lI, 6; non multum abest quin, 149, I

abhinc: 74, III, 2b (+ ac. ou abl.)absens: 29, I, 1a7Jsolvere: 89, I, 3 (+ gen. de crime)absque: 125abstinere (se): 82, 1, 2a (+ ab e/ou abl. sep.)abundare: 84, I, 2c (+ abl. instr.); 89, I, 4 (+ gen.)abuti: 84, I, 2b (+ abl. instr.); ibidem (nota 2) (+ ac.); cf. 30, I, 4;

construção "gerundivaJ", 32, III, 3; construção do gerundivo deabuti como parto de necessidade, 34, I, 3

ac: 201, I, 3 (sinopse); cf. 164, IV (partícula de comparação)accedit: 39, III (imp.); accedit ut, 148, I; (huc) accedit quod, 21q, lI, 1d;cf. 148, lI, 1acceptus: 80,' I (+ dat.)acctdit: 39, III (imp.); accidere (lit. e fig.), 77, III; accidit ut, 148, I;

bene/male accidit quod, 210, lI, 1d; cf. 148, lI, 1; aliquid humanitusmihi accidit, 234

accipere: 34, lI, 1 (+ ac. cum gerundivo); accipere (auribus) = "ouvir"(+ A. C. L), 7, I; - cf. acceptus

accommodatus: 80, III (+ dat.); 31, lI, 3 (+ dat, do ger,); 31, III, 1(+ad)

accusare: 74, IV, 2 (+ ac. de relação); 89, T, 3 (+ gen, de crime); accusarequod. 210, lI, 2b

acutus: 29, I, 2 (paxt. adjetivado)ad: 94 (sinopse geral); 70, lI. 1 (aproximação); 89, I, 3b (indica a pena);

31, III, 1 (+ gerúndio e gerundivo)ad-: 72, lI, 2adeo: 171 (sinopse); 147, I (+ ut consec.); adeo non, p.I71, II (nota)adeptus: 24, II (significado passivo)adesse.: 77, II (+ dat.); ef. 31, lI, 1 (+ dato do gerúndio); 77, III (lit.

, e fig.);adjetre/ajjerre: 77, I, 3 (+ dat.); 7, III (+ A. C. I) (= "anunciar")

Page 212: Besselaar Propylaeum Latinum 1

408 Sintaxe latina superior fndice analítico dos vocábulos latinos 409

adhortari: 145, II (+ ut/ne)j adhortatus, 24, II (significado passivo)adire: 73, II, 2 (lit. e fig.)admiratio: 60, III, 1 (hoc apud me in admiratione est, ou: hoc mihi admira-

tioni est)admodum: 172 (sinopse); admodum quam, 218, V, 2cadjuvare, 77, II (nota)admonere: 145, II (+ ut/ne)j 89, 1,1 (+ gen. objetivo ou de)adolescens/adulescens: 29, II, 1 (part. substantiva do); 23, II, 2 (construção

"participial")adversarius: 80, I (+ dat.)adversum/adversus: 95 (sinopse); cf. 80, I, 2advesperascit: 39, I (imp.)aegre: 183, I (= vix); aegre jerre (+ A. c. L), 8, Iaequare: 77, I, 3 (nota 2) (+ dat.)aeque: 164, IV (+ ac/atque)aequum est: 54, I, 2 (geralm. no Ind.)aes (sg.) - aera (pl.): 217, II, 1aestate: 86, II, 1 (abl. de tempo)aestimare: 89, II, 1 (+ gen. de preço); 84, II, 1 (+ abl. de preço); 82,

V, 2b (+ abl. de relação)aetas: id aetatis, 74, IV, 1; aetate/aetatibus, 86, I, 1 (abl. de tempo)ajjectus: 84, I, 2f (+ abl.)ajjicere: 84, I, 2c (+ abl. instrumental); cf. ajjectusajjinis: 80, II (+ dat.)ajjirmare: 7, III (+ A. c. L)ajjluel'e: 84, I, 2c (+ abl. instr.)agere: 83. I, 3 (+ dato ou cum)j id agere ut/ne, 145, II; acta agere, 29, II, 2;

acta est jabula, 48, II (nota 2); agere (vitam), 60, I, 2; - cf. as par-tículas de exortação: age(dum) e agite(dum), 55, I, 5; 209, I, 3

aio: 7. III (+ A. c. L)alicubi: 227, I, 3c-dalicunde: 227, I, 3calienus: 82, i, 2c (+ ab e/ou abl.)aliquã (adv.): 227, I, 3caliquando: 227, I, 3c-d; cf. 152, I, 1 (em correlação com cum temporal)aliquanto: 84, IV, 2 (abl. de medida)aliquantum: 74, IV, 2 (ac. de relação); = aliquanto, 84, IV, 2baliqui: 227, I, 1 (adj.)aliquid: 227, I, 1 (pron. ou subst.); 88, V, lb (+ gen. part.)aliquis: 227, I, 1; ibidem (observações a, c, d); = on (francês), 41"II, 5aliquo (adv.): 227, I, 3caliter: combinado com ac/atque ou quam, 164, IV; 218, V, 2e; cf. alius

I

alius: 227, IV; combinado com ac/atque ou quam, 164, IV; 218, V, 2e;alius. .. alius, e alii .... alii, 227, IV, 2; alius aliter judicat, e aliusaliud amat, 227, IV, 3; alius .... alii, etc. (emprêgo recíproco), 222

alter: 227, IV; d. 226, V (nota) 227, V, 2; -alter .... alter, 227, IV, 2;alter. .. alterius, etc .. 222 (emprêgo recíproco)

altus: 74, II (+ac. de extensão)amabo (te): 55, I, 5 (fórmula de cortesia); amans (+ gen.), 29, I, 1, nota 3amb-: *93 (IV)ambo: 227, V, 1amicus: 215, IV, 1 (adj. e subst.); regência, 80, I, 1 (dat. ou gen.)amplexus: 24, I (simultaneidade)amplius: 82, III, 2a (éom ou sem quam)an: *65, I, 1 (nota 4); 65, I-II (emprêgo em perguntas disjuntivas); an

elíptico, ou anne, 66, III; an vero, ibidem; annon, 65, I; correlações,ibidem (nota 3) '.

animadvertere: 7, I (+ A. c. L)animus: animi, 89, I, 5 (gen. de relação); in animo habere (+ Inf. objetivo),

3, II; animo (abl. de modo), 83, II, 2banno: 86, II, 1 (abl. de tempo)ante: 96 (sinopse); cf. 85, III (sentido local); ante/antea (+ abl. de medida),

84, IV, 1antecedere: 77, IV (+ ac. ou dat.); cf. 84, IV, 1 (+ abl. de medida)antecellere: 84, IV, 1 (+ abl. de medida)antequam/anteaquam: 155 (sinopse); cf. 151, I, 4appãret: 10, I, 1 (+ A. c. L)appellare: 75, I, 1 (+ duplo ac.)aptus: 80, III (+ dat.); cf. 31, II, 3 (+ dato do gerúndio e gerundivo);

31, III, 1 (+ ad); aptus qui, 168, IV, 5apud: 97 (sinopse)arbitrari: 7, II (+ A. c. L); arbitratus (simultaneidade), 24, Iarcere: 82, I, 2a (+ ab e/ou abl.)arcessere: 79, I, 1 (+ duplo dat.)arguere: 89, I, 3 (+ gen. de crime)arrogans: 29, I, 1 (part. adjetivado)ars: 31, I, 1 (+ gen.)aspergere: 77, V (dupla construção)assuejacere: 9, I, 3 (+ A. C. L); cf. *9, II (9), anotação histórica; 84,

I, I, 2c (+ abl. instr.)assuescere: 77, I, 3 (nota 2) (+ dato de aproximação); 84, I, 2c (+ abl.

instr.)at: 206, I, 4 (sinopse); combinações at tamen, at saltem, at certe (cf. 206,

II, 2), usadas em apódose, 57, IV; cf. 160, I, 1 (nota); combinação atenim, 204, II, 3; cf. 206, II, 5

atque: 201, I, 3 (sinopse); partícula de comparação, 164, IV; combina-ções: atque adeo, 171, III; atque is, 224, I, 3 (nota)

Page 213: Besselaar Propylaeum Latinum 1

B

c

indice analítico dos vocábulos latinos 411

cemere: 7, I (+ A. c. 1.);27, I (+ Ac. c. Part.)certare: 77, I, 3 (nota 2) (+ dat.)certe: 173, I (sinopse); 57, IV (em apódose); cf. 160, I, 1certo: 173, II (sinopse)certus: certiorem facere, 7, III (+ A. c. 1.). cetera/ceterum: 74, IV, 2 (ac. de relação)cingi: 45, lI, 2 (pres. resulta tivo)circa: 98 (sinopse)circiter: 99 (sinopse)circum: 100 (sinopse); cf. 85, II (sentido local)circum-: 73, lI, 1 (+ ac.); 75, II (+ duplo ac.)circumdare: 77, V (dupla construção)circumfundere: 77, V (dupla construção)cis: 101 (sinopse)citra: 102 (sinopse)clam: 126 (sinopse)classis (sg.) - classes (pl.): 217, lI, 2coemere: 84, lI, 1 (+ abl. de preço); 89, lI, 1 (+ gen. de preço)coepisse: 3, II (+ Inf. objetivo); pons coeptus est deleri, 60, lI, 2; coepta,

29, lI, 2 (part. substantiva do)cogere: 9, I, 3; cf. 9, lI, 6 (+ A. c. 1.); cogere ut/ne, 145, lI; cogi (+ N.

c. 1.), 16, r. 2; cogi (pres. resultativo). 45, lI, 2; cogere (+ ac. derelação), 74, IV, 2; anotação histórica, *9, 1I(9)

cogitare: 3, II (+Inf. objetivo); 7, II (+A. c. 1.); cf. 7, IVcogn'ítum: cf. cognoscerecognoscere: 7, I-lI (+ A. c. 1.); cognovisse (actio perfecta), 48, lI; 49,

49, lI; 50, lI; cogn'ítum habere, 52, IIIcognovisse: cf. cognoscerecohortatus.· 24, II (significado passivo). collocare: 35, I (+ sup. I); 84, lI, 1 (+ abl. de preço); 89, lI, 1 (+ gen.

de preço); 89, lI, 1 (+ gen. de preço); colloco in mensã, 85, III, 2colloqui: 77, I, 3 (nota 2) (+ dat.); 83, I, 3 (+ cum)commentus: 24, II (significado passivo)committiíre: 34, lI, 1 (+ ac. do gerundivo); 83, I, 3 (+ cum ou dat.)commonefacere: 89, I, 1 (+ de ou gen.)commonere: 89, I, 1 (+ de ou gen.)commoveri: 75, IV, 2 (nota) (+ ac. de relação)comm~micare: 83, I, 3 (+ cum ou dat.)communis: 90, I (+ gen.)comparare (= com-parare): 84, lI, 1 (+ abl. de preço); 89, lI, 1 (+ gen.

de preço)comparare ('" compar): 83, I, 3 (+ cum ou dat.)comperire.· 7, I (A. c. 1.); compertum, mihi est, e compertum, habeo, 52, lU

Sintaxe latina superior410

atqui, 206, I, 6attamen, 193, I; cf. atauctor: 23, lI, 2 (em construções "participiais")audêre: 3, II (+ Inf. objetivo); ausus, 24, I (simultaneidade); ausa, 29,

29, lI, 2audire: 7, I (+ A. c. 1.); audiri (+ N. c. O, 16, I, 3; audire (+ Ac. c.

Part.), 27, I; bene/male audire ab aliquo, 60, I, 1auspicato: *25 (III)aut: 202, I, (sinopse); aut .... aut, ibidem; cf. 42, I, 2; outras correlações,

202, lI, 3)autem: 206, I, 5 (sinopse)autumno: 86, lI, 1 (abl. de tempo)auxiliari: 77, II (+ dat.)avidus: 90, lI, 4a (+ gen.); cf. 31, I, 2 (+ gen. do gerúndio e do gerun-

divo)

belli: cf. domibene: bene facio quod, 210, lI, ld; bene fit quod, ibidem; bene est/se habet,

216, IIbenignus: 80, I (+ dat.)bipartito: *25 (III)blandiri: 77, II (+ dat.); cf. 30. I, 3; construção imp. do gerundivo, &1,

lI, 3bonum est: 2, lI, 1 (+ Inf. subjetivo); bonum est quod, 210, lI, e

canere: canere tibiã, 84, I, 2g; canere receptui, 78, lI, 1cani (capilli): 215, IV, 1capax: 90, lI, 1 (+ gen.)carêre: 82, I, 2b (também nota 1) (+ abl.); 89, I, 4 (+ gen.)carus: 80, I (+ dat.)causã: 140 (pós-posição); combinado com o gen., 88, I, 2; cf. 31, I, 3

(gerúndio e gerundivo); cf. também* 32, I, lc (notas); exprimefinalidade, 84. III, 2c; d. gratiã .

cavêre: 145, II (+ ut/ne); cavêre (ut) ne, 145, IIl, 4; cavere (+ subj.),55, III, 3; cavere (+ ac. e dat.), 77, IV; cavere ab (ibidem)

cedére: 82, I, 2a (+ ab e/ou abl.)celare: 75, IV (+ duplo ac.); outras construções, ibidem (nota 4)cenatus: 24, III (significado ativo)censêre: 7, II (+ A. c. 1.); 34, I, 2 (+ A. c. r. do gerundivo); censere

ut/ne, 145, III, 8cera (sg.) - cerae (pl.): 217, lI, 1

Page 214: Besselaar Propylaeum Latinum 1

complecti: complexus, 24 I (simultaneidade)complere: 84, I, 2110(+ abI. instro)compos: 90, lI, 1 (+ geno)conari: 3, II (+ lnfo objetivo); conari si, 64, I (nota 4); conata (parto

substantiva do), 29, II 2concedere: 34, lI, 1 (+ ac. do gerundivo)condemnare: 210, lI, 2b (+ quod); 89, I, 3 (+ gen. de crime)conditione: 83, lI, 2b (abI. de modo); seguido de ut, 147, Iconducere: 84, lI, 1 (+ abI. de preço); 89, lI, 1 (+ gen. de preço)conferre: 77, III (lit. e fig.); 82, V, 2b (+ abI. de relação); 83, I, 3 (+ cum,

ou dat.)confidere: 77, II (+ dato); cfo ibidem(2); 84, I, 2c (+ abI. instr.); conji-

sus, 24, I (simultaneidade)confirmare: 7, III (+ A. c.!.)conf sus: cf. confidereconfitéri: 7, III (+ A. c.!.); confessus, 24, II (significado passivo)congregari: 60, lI, 1 (intransitivo)congruenter: 80, 1I(2) (+ dato)congruere.· 82, V, 2b (+ abI. de relação); 83, I, 3 (+ cum, ou dat.)conjungere: 83, I, 3 (+ cum, ou dato)conqueri: 8, I (+ A. c.!.)conscendere (navem): 60, I, 2consentaneum est: 2, II, 2 (+ lnf. subjetivo)consentire: 77, I, 3 (nota 2) (+ dato); 83, I, 3 (+ cum)consilium: 31, I, 1 (+gen. do gerúndio ou gerundivo); consilium capere

(ut/ne), 145, II; consilium capere/inire (+ Inf. objetivo) 3lI; consilio (abI. de modo), 83, lI, 2110 ' ,

consors: 90, III (+ gen.)constanter.· 80, lI, 2 (+ dat.)constare: 84, lI, 1 (+ abI. de preço); 89, lI, 1 (+ gen. de preço); -

cónstat (impo), 39, III; constat (+ A. c.!.), 10, I, 1constituere: 3, II (+ Inf. objetivo); 34, lI, 2 (+ A. c. 1. do gerundivo);

. legio constituta est e veteranis, 52, Iconsuetudo: 31, I, 1 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo)consuevisse: 48, lI; 49, lI; 50, II (actio perfecta); 3, II (+ Inf. objetivo;)

47, II (circunlocução da ação durativa)consul: 23, lI, 2 (construção "participial")consulere: 77, IV (dupla construção)consulto: 83, lI, 2a (abI. de modo); cf. *25 (III)contendere: 145, II (+ ut/ne); contendere pedibus, 84, I, 2gcontentus: 85, lI, 6 (+ abI.)continens: 29, lI, 1 (part. substantivado)contineri: 45, lI, 2 (pres. resultativo)

Ddamnare: 89, I, 3 (+ gen. de crime)dare: 35, I (+ supo 1); dare bibere,* 17 (III); 34, lI, 1 (+ ac. do gerun-

divo); dare = "oferecer", 47, III; em datações, 52, I; dare vitioalicui, 79, I, 1; cf. 8, I (+ Aoc.!.); dare operam (+ dato do gerún-divo), 31, lI, 1; dare operam ut/ne, 145, II

de.' 130 (sinopse); 82, I, 2110(separação); 31, IV, 2 (+ abI. do gerúndio oudo gerundivo); 89, I, 3a (pelo gen. de crime); 88, V, 2a (pelo gen.partitivo); cf. 218, I, 1; cf. também *88, V, 2 (g); 88, VII (matéria)

debére: 3, II (+ Inf. objetivo); indica posterioridade, 13, lI, 3; geral-mente usado no Ind., 54, I, 1; cf. 160, lI, 4; dupla V. P., 60, lI, 2

deeemviri: 31, lI, 2 (+ dat. do gerúndio e do gerundivo)decernere: 3, lI, 2'(+ Inf. objetivo); 34, I, 2 (+A. C. 1. do gerundivo)deeet.· 39, III (verbo imp., mas nem sempre); 2, lI, 1 (+ Inf. subjetivo);

54, I, 1 (geralmente usado no Ind.); 73, I, 2 (+ ac.)dedeeet: cf. decetdeesse: 77, II (+ dato); 77, lI, 6 (absoluto, ou + dat.).deferre.· 77, III (lito e fig.)defieere: 73, I, 3 (+ ac.); 73, I, 3a (dejieere ab e defieere ad)delectaTi: 84, III, 1b (+ in e/ou abI.); - deleetat, 2, lI, 1 (+ Inf. sub-

jetivo)

413fndice analítico dos vocábulos latinos

contingit: 148, I (+ ut); ibidem(2), (+ Inf.)contra: 103 (sinopse); cf. §148, lI, 2 (adv.)convenienter: 80, II (2) (+ dat.)convenire: 83, I, 3 (+ cum, ou dat.); 77, IV (+ ac. ou dato)convincere: 89, I, 3 (+ gen. de crime)'copulare: 77, I, 3 (+ dato)coram: 127 (sinopse)criminari: 89, I, 3 (+ gen.)creare: 75, I, 1 (+ duplo aco)cum (preposição): 129 (sinopse); cf. 83, I-lIcum/quum (conjunção): 207 (sinopse geral); 152 temporal); - combina-

ções: eum maxime, 207, I, 2; eumo ooo tum, 207,I, 3; cum primum, 154, I, 1; cf. 207, I, 1

cupere: 3, II (+ Inf. objetivo); 9, I (+ A. c.!.); cf. 9, lI, 3; 11, lI, 2;cupere (+ Ac. CoParto), 27, III; eupere ut/ne, 145, lI; cupere(+ gen.), 89, I, 1 (nota 2)

eupidus: 90, lI, 4110(+ gen.); efo31, I, 2 (+ geno do gerúndio e do gerun-divo)

cur: 62, I, 2 (adv. interr.)curare.' 34, lI, 1 (+ ac. do gerundivo); 73, I, 3 (+ ac.); 73, I, 3110(diversos

significados); curare ut/ne, 145, II

Sintaxe latina superior412

Page 215: Besselaar Propylaeum Latinum 1

demum: 174 (sinopse)denique: 175 (sinopse)deorsum: 123

desiderium: 31, r, 1 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo)• desinere: 3, II (+ Inf. objetivo); - desitus sum + Inf. V. P., 60, lI, 2desistere: 3, II (+ Inf. objetivo)desperare: 73, I, 1 (+ ac.)deterrere: 146, IlI, 1 (+ ne/quominus)detrectare: 73, I, 3 (+ ac.); cf. 73, I, 3cdextra (manus): 215, IV, 1 (adjetivação)dicere: 7, III (+ A. c. L); dici, 16, I, 3 (+ N. c. L); dicere + duplo ac.,

75, I, 1; bene/male dicere, 77, II (+ dat.); dicere ut/ne, 145, IlI, 8didici: cf. discere

dies: eo die =hodie (em estilo epistolar), 52. I; eo die (em correla.ção comcum temporal), 152, I, 1; die/diu (abI. de tempo/loc.), 86, lI, 1; cf.72, lI, 1; de die, 130, B2; in diem/dies, 137, I, A3

dijjerre: 77, I, 3 (nota 2) (+ dat.); 82, I, Ia (nota 1) (+ ab); 82, V, 2b(+ abI. de relação)dijjicilis: 80, I (dat.); 36, I (+ sup. lI); 31, IlI, 1 (+ ad); - dijjicile

est, 2, lI, 2 (+ Inf. subjetivo)dijjidere: 77, II (+ dat.); 84, I, 2c (+ abI. instr.); - dijjisus 24 I (si-

multaneidade); dijjisus, 84, I, 2f (+ abI. instr.) , '.dijj'isus: cf. dijjideredignus: 84, I, 2f (+ abI. instrumental); dignus q1â, 168, IV, 5dimittere: 35, I (+ sup. I)dis-: *93 (IV); cf. 82, I, 2a (nota 1)discere: 3, II (+ Inf. objetivo); - didici, 48, lI; 49, lI; 50, II (actio

perfecta); discens, 29, lI, 1 (part. substantivado)discrepare: 82, V, 2b (+ abI. de relação)dispar: 80, II (+ dat.); 90, I (+ gen.)disputare: 83, I, 3 (+ cum, ou dat.)dissentire: 77, I, 3 (nota 2) (+ dat.)dissimilis: 80, lI, 1 (+ dat.); 90, I (+ gen.)distare: 74, II (+ ac. de extensão); 84, IV, 1 (+ abI. de medida); 82, I,

2a (nota 1) (+ ab, ou dat.)distinguere: 82, I, 2a (nota 1) (+ ab, ou dat.)diu: cf. dies

dives: 90, lI, 4c (+ gen., ou abI. instr.)docere: 7, III (+ A. c. L, = "participar"); 9, I, 3 (+ A. c. L, = "ensi-

nar"); cf. 9, lI, 2; - doceri, 16, I, 2 (+ N. c. L); - docere + duploac. 75, IV; - doctus, 29. I (part. adjetivado)

dolere: 8, I (+ A. c. L); dolere + ac. 73, I, 1; dolere + de e/ou abl. 84lII, lb ' ,

dolo: 83, lI, 2a (abl. de modo)

415lndice analítico dos vocábulos latinos

domus: domum, 70, I (ac. de direção); domo, 71, r (abI. de separação);domi, 72, I (Iocativo); domi militiaeque, e domi bellique, 72, I (Ioc.)

donare: 77, V (dupla construção); cf. 77, V (nota 2)donec: 156 (sinopse)dubitare: 3, II (+ Inf. objetivo); 74, IV, 2 (+ ac. de relação); - dubito

an, 66, IV; non dubito quin, 66, IV (nota 2); - dubito an (épocaimperial), *66, IV (nota 4)

dulJium est an (non): 66, IVducere: 75, 1,1 (+ duplo ac.); ducere pro/loco/in numero, 75, I, 1 (nota 2);

ducere + duplo dat., 79, I, 3; ducere (exercitum), 60, I, 2; ducere(+ gen. de preço), 89, lI, 1; ducere (4- abI. de preço), 84, lI, 1

dum: 208 (sinopse geral); cf. 156 (sinopse do emprêgo temporal); dumna oração indireta, 257, IlI, 3; 257, IV; ...:..-cf. dummodo

dummodo: 160, III (= dum ou modo)dumtaxat: *158, I, 2 (nota 2)duumviri: 31, lI, 2 (+ dato do gerúndio e do gerundivo)dux: 23, lI, 2 (construção "participial")

Eeãtenus, 142, lI, 6eece: 73, V, 2 (+ ac. ou nom.); origem da palavra, * 73, V, 2 (nota)ecquid: 63, IlI, 3 (= numquid ou num 7)ecquis: 63, lII. 3 (em perguntas diretas); 64, I (nota 2) (em perguntas

indiretas)editus: 82, II (nota) (+ abI. de origem)egenus: 90, lI, 4c (+ gen., ou abI.)egere: 82,' I, 2b (+ abI.); cf. também ibidem (nota 1); 89, I, 4 (+ gen.)ejjicere: 145, II (+ ut/ne)eho: 92 (+ voc.)ejus/earum/eorum: 224,1, 2 (estão pelo pron. poss.); - cf. isejusmodi: 88, IV, 2 (gen. de qualidade); 147, I (seguido de ut)eligere: 75, I, 1 (+ duplo ac.)emere: 84, lI, 1 (+ abl. de preço); 89, lI, 1 (+ gen. de preço); - signi-

ficado original, *73, V, 2 (nota)en: 73, V, 2; cf. também *73, V 2 (nota)enim:204, I (sinopse)enimvero: 204, lI, 3eniti et eontendere: 235, II (refÔrço)ens: *23, I (nota) (anotação histórica)eo (adv.): 88, V, lc (+ gen. partitivo); em correlação com ut final, 144,

IlI, 1; em correlação com ut consec., 147, I; - cf. eo (pron.)eá (pron.): 84, IlI, lc (abI. de causa); 84, IV, 2 (abl. de medida); - em

correlação com quod, 150, I; com ut final, 144, IlI, 1

Sintaxe latina superior414

Page 216: Besselaar Propylaeum Latinum 1

equidem: 186, II (sinopse)erga: 104 (sinopse); d. 80, I, 2ergo (conj.): 207, I, 2 (sinopse)ergo (pós-posição): 141erudire: 84, I, 2c (+ abl. instr.)esse: 31, II, 1 (+ dato do gerúndio); 88, I, 1 (+ gen. de posse); 89, II, 1

(+ gen. de preço); 84, lI, 1 (+ abl. de preço); 78, I, 2 (+ dato deposse); 79, I, 2 (+ duplo dat.); - compostos de esse, 77, H, 6;- elipse aparente de esse. 233, lI; cf. 23; - esse + parto pres./pf.,19, lI, 2a; esse + parto fut., 51; - est/sunt qui, 168, IV, 1; estquod, 168. IV, 6; est ut, 148, I; esto (partícula concessiva), 57, IV;- juit Ilium, 48, H; - esse in potestatem, *85, IH, 3

et: 201, I, 1 (sinopse); cf. 224, IH, 3 (et ipse); 42, I, 2 (et .... et)etenim: 204, I, 2etiam: 176 (sinopse); 67, II (em respostas)etiamdum: 176, H, 3etiamnum/etiamnunc: 176, lI, 3etiamsi: 161

etiam/etiamtunc: 176, lI, 3etsi: 161 (sinopse); *161 (III) (anotação histórica); 25, lI, 3 (em corre-

lação (em construção participial)evenit: 148, I (+ ut); illud/hoc evenit quod, 148, lI, 1; bene evenit quod,

210, lI, ldex: 131 (sinopse); 82, I, 2a (indica separação); 88, VII (indica matéria);

88, V, 2g (está pelo gen. partitivo); d. 88, V, 2a; 218, I, 2 (combinadocom superlativo); 31, IV (+ abl. do gerúndio e do gerundivo)

ex-: 73, lI, 2excedere: 73, lI, 2 (Jit. e fig.)excusare: 73, I, 3 (+ ac.); outras construções, 73, I, 3dexercêre: 84, 1, 2c (+ abl. instr.)exercitare: 84, I 2c (+ abl. instr.)existimare: 7, II (+ A. C. 1.); existimari, 16, I, 3 (+ N. c. L); existimare

+ duplo ac., 75, I, 1; 89, lI, 1 (+ gen. de preço); 84, lI, 1(+abl. de preço)

exosus: 24, III (significado ativo)expedit: 10, I, 1 (+ A. C. I.); 39, III (imp.); 146, I, 1 (+ ut/ne)experiri: 64, I (nota 4) (+ si)expers: 90, III (+ gen.)explêre: 84, I, 2c (+ abl. instr.); 89, I, 4 (+ gen.)exploratum habeo: 52, III (actio perfecta)exsors: 90, III (+ gen.)exspectare: 158, II (sinopse); d. 64, I (nota 4)exsul: 90, III (+ gen)extra: 105 (sinopse)

F

extremum atque ultimum: 235, II (refôrço)extremus: 215, III (emprêgo restritivo)exuere: 77, V (dupla construção); cf. também ibidem (notas 1 e 3); cf.

82, I, 2b (+ abl. sep.)

417fndice analítico dos vocábulos latinos

jabulari: 7, III (+ A. C. L)jacere: 7, II (+ A. C. 1., = "supor"); 27, II (+ A. C. Part., = "introduzir,

fazer"); 145, II (+ ut/ne, = "fazer com que"); 148, I (+ ut con-sec.); 75, I, 1 (+ duplo ac., = "tornar"); 89, lI, 1 (+ gen. depreço, = "avaliar"); - cf. jac (ut)/ne, 145, III, 5

jacilis: 80, I (+ dat.); 36, I (+ sup. lI); 31, III, 1 (+ ad); - jacile est,2, lI, 2 (+ Inf. subjetivo)

jacultas: 31, I, 1 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo)jallit: 73, I, 2 (+ ac.)jama est: 10, I, 2 (+ A. C. L)jari: 7, III (+ A. c. L)jas est: 10, I, 2 (+ A. C. L); 36, II (+ sup. II)jastidire: 89, I, 1 (+ gen.)jatêri: 7, III (+ A. c. 1.)javêre: 77, II (+ dat.)jer(m)e: 177 (sinopse)jerre: 77, I, 3 (+ dat.); aegre/graviter/moleste jerre, 8, I (+ A. C. 1.); non

est jerendum quod, 210, II le; - jerunt, 7, III (+ A. C. 1.); jertur/jerunl1.r, 16, I, 3 (+ N. C. 1.)

jessus: 90, lI, 3 (+ gen.)jidere: 84, I, 2c (+ abl. instr.)jieri: jieri non potest ut, 148, I; jieri non potest quin, 149, I, 1; male jit/

jactum est quod, 148, lI, 1; - cf. jore ut; jit ut, 148, I; cf. 39, IIIjingere: 27, II (+ Ac. C. Part.)jinire: 82, V, 2b (+ abl. de relação)jisus: 84, I, 2f (+ abl. instr.)jlagitare: 75, IV (+ duplo ac.); 145, II (+ ut/ne)jlocci: 89, lI, 1 (gen. de preço)jlumen: 88, VI, 2a (apôsto)foras: 70, lI, 8 (ac. de direção)jore ut: 13, lI, 2 (fut. de jit ut)joris: 71, lI. 4 (abl. separativo); 72, II, 1 (locativo)jorsitan/jorsan: 66, IV (nota 2)jraude: 83, lI, 2a (abl. de modo)jrugi: *78, lI, 1 (nota) (palavra indecl.)frui: 84, I, 2b (+ abl. instr.); regia, originàriamente. o ac., 84, I, 2b (nota

2); suas construções no gerúndio e gerundivo, 30, I, 4; cf. 31, lI, 3;32, III 3

Sintaxe latina superior416

Page 217: Besselaar Propylaeum Latinum 1

H

G

419lndice analítico dos vocábulos latinos

Iid: 74, IV, 2 (ac. de relação); 88, 4, lb (+ gen. partitivo); - id quod,

167, IIIidcirco: 144, III, 1 (em correlação com ut/ne); 150, I (em correlação com

quod)idem: 224, III (sinopse); idem ac/atque/et, 164, IV; idem qui, 164, IVidemque: 224, III, 2 . .ideo: 144, III, 1 (em correlação com ut/ne); 150. I (em correlação comquod)idoneus: 80, III (+ dat.); cf. 31, II, 3 (gerúndio e gerundivo); 31, III, 1

(+ ad); idoneus qui, 168, IV, 5igitur: 207, I, 2 (sinopse)ignarus: 90, II, 1 (+ gen.)ille: 223 (sinopse); illud, 74, IV, 2 (ac. de relação); 249 (emprêgo na oração

indireta); cf. 251, IVimbuere: 84, I, 2c (+ abI. instr.)immemor: 90, II, 4a (+ gen.); cf. 31, I, 2 (+ gen. do gerúndio e do gerun-

divo)imminére: 77. II (+ dat.); cf. ibidem(4)immit'ére: 77, I, 3 (+ dat.)immo: 179 (sinopse); combinações immo/etiam/potius vero 179, quin immo,

187, I, 4impedire: 146, III, 1 (+ neJquominus)impendere: 31, II, 1 (+ dato do gerúndio e do gerundivo)imperare: 145, II (+ ut/ne); cf. 145, IH, 9

haud/haut: 170, I, 3 (sinopse); - haud ignoro, 240 (lítotes); haud impiger,170, lI, 3 (significado positivo); haud nolo, 170, II, 3 (signifi-cado negativo); haud perinde, 186, II, 2; haud seio an (non),66, IV; cf. *66, IV (nota 4) (significado na época imperial);haud temere, 195, II

haudquãquam: 179, III(h)ei: 78, I, 1 (+ dat.)heri: 72, II, 1 (loc.)heus: 92 (+ voc.)hiberna (castra): 215, IV, 1 (adj. substantivado)hic (pron.): 223 (sinopse); cf. hoc/istud/illud/idhieme: 86, II, 1 (abl. de tempo)hoc/istud/illud/id: 74, IV, 2 (ac. de relação)hodieque: 201, II, 2horrére: 73, I, 1 (+ ac.)hortari: 145, II (+ ut/ne)hostilis: 80, I (+ dat.)humus: humi, 72, I (loc.)

Sintaxe latina superior418

habére: 75, I, 1 (+ duplo ac.); habére pro/loco/in numero, 75, I (nota);79, I, 3 (+ duplo dat.); - urbem captam habeo, 52, lI; - habeoquod, 168, IV, 6

hactenus, 142, lIC~aerére: 77, I, 3 (+ dat.)

gaudére: 8, I (+ A. c. L); gaudere quod, 210, lI, 2a; gaudere + ac., 73,I, 1; gaudere + de/in, ou + simples abI. de causa, 84, IlI, lb;- gav'isus, 24, I (simultaneidade)

gelat: 39, I (imp.)gen'ítus: 82, II (+ abl. de origem)genus: id genus, 74, IV, 1 (ac. de relação); - genere (abl. de origem), 82, IIgestire: 3, II (+ Inf. objetivo)gloriari: 84, IlI, lb (+ de, e/ou abl.)gnarus: 90, lI, 1 (+ gen.)grandinat: 39, I (imp.)grando (Eg.) - grandines (pI.): 217, lI, 1gratiã: 140 (pós-posição); combinado com o gen., 88, I, 2; cf. 31, I, 3

(gerúndio e gerundivo); cf. também* 32, I, lc (notas); exprimefinalidade, 84, IlI, 2c; - cf. causã

gratias ag'ére/referre: 210, II 2b (+ quod)grati(i)s: 84, lI, 2 (abl. de preço)gratulari: 77, II (+ dat.); outras construções, 77, lI, 1-2; gratulari quod,

210, lI, 2bgratus: 80, I (+ dat.)gravari: 8, I (+ A. c. I.)graviter ferre: cf. ferre

frustra: 178, II (predicativo); cf. 179, III (notas)fugit: 73, I, 2 (+ ac.)fuit Ilium: cf. essefulget: 39, I (imp.)fulgurat: 39, I (imp.)fulminat: 39, I (imp.)fungi: 84, I, 2b (+ abI. instr.); regia, originàriamente, o ac., 84, I, 2b

(nota 2); suas construções no gerundivo, e no gerúndio, 30, I, 4;cf. 31, lI, 3; 32, IlI, 3

futurum esse ut: cf. fore utfuturum: 29, lI, 3 (part. substantiva do); - futurus, 29, I, 3 (part. adje-

tivado)

Page 218: Besselaar Propylaeum Latinum 1

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419indice analítico dos vocábulos latinos

haud/haut: 170, I, 3 (sinopse); - haud ignoro, 240 (lítotes); haud impiger,170, lI, 3 (significado positivo); haud nolo, 170, II, 3 (signifi-cado negativo); haud perinde, 186, lI, 2; haud scio an (non),66, IV; cf. *66, IV (nota 4) (significado na época imperial);haud temere, 195, II

haudquáquam: 179, IH(h)ei: 78, I, 1 (+ dat.)heri: 72, lI, 1 (loc.)heus: 92 (+ voc.)hiberna (castra): 215, IV, 1 (adj. substantivado)hic (pron.): 223 (sinopse); cf. hoc/istud/illud/idhieme: 86, lI, 1 (abl. de tempo)hoc/istud/illud/id: 74, IV, 2 (ac. de relação)hodieque: 201, lI, 2horrere: 73, I, 1 (+ ac.)hortari: 145, H (+ ut/ne)hostilis: 80, I (+ dat.)humus: humi, 72, I (loc.)

id: 74, IV, 2 (ac. de relação); 88, 4, lb (+ gen. partitivo); - id quod,167, IH

idcirco: 144, IH, 1 (em correlação com ut/ne); 150, I (em correlação comquod)

idem: 224, III (sinopse); idem ac/atque/et, 164, IV; idem qui, 164, IVidemque: 224, III, 2 ' .ideo: 144, III, 1 (em correlação com ut/ne); 150. I (em correlação comquod)idoneus: 80, HI (+ dat.); cf. 31, H, 3 (gerúndio e gerundivo); 31, IH, 1

(+ ad); idoneus qui, 168, IV, 5igitur: 207, I, 2 (sinopse)ignarus: 90, H, 1 (+ gen.)ille: 223 (sinopse); illud, 74, IV, 2 (ac. de relação); 249 (emprêgo na oração

indireta); cf. 251, IVimbuere: 84, I, 2c (+ abl. instl'.)immemor: 90, II, 4a (+ gen.); cf. 31, I, 2 (+ gen. do gerúndio e do gerun-

divo)imminere: 77, H (+ dat.); cf. ibidem(4)immitere: 77, I, 3 (+ dat.)immo: 179 (sinopse); combinações immo/etiam/potius vero 179, quin immo,

187, I, 4impedire: 146, IH, 1 (+ ne/quominus)impendere: 31, II, 1 (+ dat. do gerúndio e do gerundivo)imperare: 145, II (+ ut/ne);. cf. 145, IH, 9

I

Sintaxe latina superior418

gaudere: 8, I (+ A. c. 1.); gaudere quod, 210, lI, 2a; gaudere + ac., 73,I, 1; gaudere + de/in, ou + simples abl. de causa, 84, IlI, 1b;- gavisus, 24, I (simultaneidade)

gelat: 39, I (imp.)genttus: 82, II (+ abl. de origem)genus: id genus, 74, IV, 1 (ac. de relação); - genere (abl. de origem), 82, IIgestire: 3, II (+Inf. objetivo)gloriari: 84, III, 1b (+ de, e/ou abl.)gnarus: 90, lI, 1 (+ gen.)grandinat: 39, I (imp.)grando (sg.) - grandines (pl.); 217, II, 1gratiá: 140 (pós-posição); combinado com o gen., 88, I, 2; cf. 31, ~, 3

(gerúndio e gerundivo); cf. também* 32, I, 1c (notas); exprrmefinalidade, 84, III, 2c; - cf. causá

gratias agere/rejerre: 210, II 2b (+ quod)grati(i)s: 84, II, 2 (abl. de preço)gratulari: 77, II (+ dat.); outras construções, 77, II, 1-2; gratulari quod,

210, lI, 2bgratus: 80, I (+ dat.)gravari: 8, I (+ A. c. 1.)graviter jerre: cf. jerre

frustra: 178, II (predicativo); cf. 179, III (notas)jugit: 73, I, 2 (+ ac.)juit Ilium: cf. essejulget: 39, I (imp.)julgurat: 39, I (imp.)julminat: 39, I (imp.)jungi: 84, I, 2b (+ abl. instr.); regia, originàriamente, o ac., 84, I, 2b

(nota 2); suas construções no gerundivo, e no gerúndio, 30, I, 4;cf. 31, lI, 3; 32, IlI, 3

juturum esse ut: cf. jore utjuturum: 29, lI, 3 (part. substantiva do); - juturus, 29, I, 3 (part. adje-

tivado)

habere: 75, I, 1 (+ duplo ac.); habere pro/loco/in numero, 75, I (nota);79, I, 3 (+ duplo dat.); - urbem captam habeo, 52, II; - habeoquod, 168, IV, 6

hactenus, 142, HC~aerere: 77, I, 3 ~+ dat.)

Page 219: Besselaar Propylaeum Latinum 1

420 Sintaxe latina superior indice analítico dos vocábulos latinos 421

imperitus: 90, lI, 1 (+ gen.); cf. 31, I, 2 (+ gen. do gerúndio e do gerun-divo)

impertire: 89, I, 4 (+ gen.)impetrare: 145, II (+ ut/ne); 47, III (= "esforçar-se por obter")impUre: 84, I, 2a (+ abJ. instr.); 89, I, 4 (+ gen.)imprimis (in primis): 137, lI, C4imprudens: 23, lI, 1 (construção "participial")imus: 215, III (emprêgo restritivo)in: 137 (sinopse); combinado com o ac.: 70, lI, 1 (idéia d.e p.enetração);

80, I, 2 (relações de amizade ou de inimizade); 89,~, 3b (mdICa.apena);cf. *85, III (3) (ac. pelo abJ.); 31, IIr, 1 (gerúndlOe gerundlvo);combinado com o abJ.: 85, III (loc.); d. 85, III, 1-2; 86, I, 2 (tempo);cf. 86, lI; 31, IV, 2 (+ abJ. do gerúndio e do gerundivo)

in-: 72, lI, 2inanis: 90, lI, 4c (+ gen., ou abl.)inceptum: cf. incipereincertum est an (non): 66, IV; cf. *66, IV (nota)incertus: 90, lI, 1 (+ gen.)incipere: 3, II (+ Inf. objetivo); inceptum, 29, lI, 2 (part. substantivado)incolumis: 23, lI, 1 (construção "participial")incredibilis: 36, Ir (+ sup. lI)incusare: 89, I, 3 (+ gen. de crime)indig ere: 89, I, 4 (+ gen.); 82, I, 2b (+ abl.); d. ibidem, nota 1indignari: 8, I (+ A. c. L); 73, I, 1 (+ ac.)indignus: 84, I, 2f (+ abl. instr.); indignus qui, 168, IV, 5inducere: 27, II (+ Ac. c. Part.)induere: 60, IIr, 2 (dupla construção); indui, 60, III, 2 (V. M.)injensus: 80, I (+ dat.)injerre: 77, I, 3 (+ dat.)injestus: 80, I (+ dat.)injimus: 215, III (emprêgo restritivo)injitiari: 7, III (+ A. c. L)injitias ire: 70, lI, 5 (ac. de direção)injra: 106 (sinopse); 84, IV, 1 (+ abl. de medida)ingredi: 73, lI, 2 (lit. e fig.)inimicus: 80, I (+ dat.); 80, I, 1 (adj. e subst.)initio: 86, lI, 1 (abl. de tempo)injicere: 77, IrI (fig. e lit.)injuriá: 83, Ir, 2a (abl. de modo)injussu: 84, IIr, lc (abJ. de causa)inops: 90, lI, 4c (+ gen., ou abJ.)inscribi: 45, Ir, 2 (pres. resulta tivo)instar: *88, 1(6) (sinopse)

{'

instituere: 84, I, 2c (+ abl. instr.)insuetus: 90. lI, 1 (+ gen.); 31, I, 2 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo)insula: 88, VI, 2a (+ apôsto)integer: 90, lI, 3 (+ gen.)intellegere: 7, lI. (+ A. c. L)inter: 107 (sinopse); 86, I, 2 (temporal); 31, IH, 2 (+ gerúndio e gerun-divo)intercludere: 82, I, 2a (+ ab, e/ou abl.)interdicere: 146, IH, 1 (+ne/quominus); 82, I, 2a (nota 2) (+ abl. sep.)interdiu: 72, lI, 1 (loc.); cf. 86, H,1interesse: 77, H (+ dat.); 77, IH (lit. e fig.); - interest, imp., 39, IH;

interest (+ A. c. L), 10; I, 1; interest (+ gen. de preço), 89, H,2; - anotação hist6rica, *89, lI, 2 (nota 3)

interire: 60, I (ab aliquo)inter nos/vos/se: 222 (função recíproca)intimus: 215, IrI (emprêgo restritivo)intra: ,108 (sinopse); cf. 86, I, 2 (temporal)invenire: inveniuntur qui, 168, IV, 1; inveniri, 16, I, 3 (+ N. c. L)invicem: 222 (função recíproca)invidia: 60, IH, 1 (hoc apud me invidiae est, ou: hoc mihi invidiae est)invidere: 77, II (+ dat.); d. 77, H, 1 (nota)invisus: 80, II (+ dat.)invitus: 23, H, 1 (construção "participial")ipse: 229, H (sinopse); 249 (na oração indireta); cf. 251, I; - ipse quo-

que, et ipse, 224, III, 3irasci: 60, H, 1 (V. M.)ire: 35, I (+sup. I); *17 (IH) (+Inf.)is: 224, I (sinopse); 249, nota 1 (na oração indireta); cf. 251, IV-V;

(is) qui (+ Ind.), 225, lI; is qui (+ Subj.), 168, IV, 1; is .... ut,147, Iiste: 223 (sinopse);. istud, 74, IV, 2 (ac. de relação)ita: 178 (sinopse); ita (vero), 67, H (em respostas); - ita mehercle, 233,

I (elipse); ita me di ament, 180, lI, 4 (em votos e afirmações); itaest/se res habet, 180. H, 3; - correlações: ita .... ut (+ Ind.), 164,I (comparação); ita .... ut (em votos e afirmações), 211, I, Ia; ita ....ut (+Subj.), 147, I; ita ..... quam (comparação), 218, V, 2a

itane: 178, H, 2 (em perguntas)itaque: 207, I, 1 (sinopse); cf. itáque, 207, H, 1item: 224, IH, 3; item .... ut (comparação), 164, I; non item, 170, I, 1

(nota 2)iterum: 216, I :(nota)

Page 220: Besselaar Propylaeum Latinum 1

422 Sin.taxe latina superior lndice analítico dos vocábulos latinos 423

Jjam, 152, I, 2 (com cum inverso)jub ére: 9, I, 3 (+ A. c. L); cf. 9, H, 6; - juberi, 16, I, 2 (+ N. c. L);

jubere ut/ne, 145, H; cf. 145, IH, 9jucundum est quod: 210: H, 1e·jucundus: 36, H (+ sup. H)judex: 23, H, 2 (construção "participial")judicare: 7, H (+ A. c. L); judicari, 16, I, 3 (+ N. c. L); judicare (+ abl.

de relação), 82, V, 2bjudicium: meo jttdicio, 82, IV, 2a (abl. de relação)jungere: 77, I, 3 (nota 2) (+ dat.); 83, I, 3 (+ cum) .jurare: 7, IH (+ A. c. I.); cf. 13,1; - juratus, 24, IH (significado ativo)jure: 83, H, 2a (abl. de modo)jus est: 10, I, 2 (+ A. c. L)jus jurandum (dare): 7, IH (+ A. c. L)jussu: 84, IH, 1c (abl. de causa)juvat: 73, I, 2 (+ ac.)juxta: 109 (sinopse)

KKalendis: 86, H, 1 (abl. de tempo)

Llaborare: 145, H (+ ut/ne)laetari: 8, I (+ A. c. L); 60, H, 1 (V. M.); 73, I, 1 (+ ac.); 74, IV, 2

(nota) (+ ac. de relação); 84, HI, lb (+ de, e/ou abl.)laetus: 90, H, 3 (+ gen.)laeva (manus): 215, IV, 1 (adj. substantiva da)latére: 73, I, 3 (+ ac.)lãtus: 74, H (+ac. de extensão)laudatus sum/jui: *52, I (nota 2)laus: magna .laus est quod, 148, H, 1lavari: 60, H, 1 (V. M.)lex est ut: 148, I; - lege, 83, H, 2b (abl. de modo)libens: 215, HI (semi-predicativo)liber: 82, I, 2c (+ ab e/ou abl)liberare: 82, I, 2a (+ ab e/ou abl.)libet/lubet: 39, HI (imp.); 2, H, 1 (+ Inf. subjetivo)licére (= "estar à venda"): 84, H, 1 (+ abl. de preço); 89, H, 1 (+ gen.

de preço)

. ,

licet: 39, HI (imp.); 2, H, 1 (+ Inf. subjetivo); 10, H, 3 (várias constru-ções); 146, I, 1 (+ Subj.); - licet (coFfjunção),162, I, 3; cf. 25, H,3 (em correlação com particípio)

litus (sg.) - litora (pl.): 217, H, 2locare: 89, H, 1 (+ gen. de preço); 84, H, 1 (+ abl. de preço)locus: locus est ut, 148, I; locus est (+ Inf.), 148, !l, 2; - loco (abl. de

origem), 82, H; loco (abl. de lugar), 85, H, 1; loco (sentido figurado),85, H, 1; cf. 75, I (nota 1)

longe: 218, IV, 1 (+ superlativo); 84, IV, 4a (+ comparativo); - cf.abesse; - longius (com ou sem quam), 82, HI, 2a

longus: 74, H (+ ac. de extensão); - longum est, 54, I, 2loqui: 7, IH (+ A. c. L); 83, I, 3 (+ cum, ou dat.); cf. 77, I, 3 (nota 2)luce/luci: 72, H, 1 (loc.); 86, H, 1 (abl. de tempo); primã luce, 86, H, 1lucescit/luciscit: 39, I (imp.)ludere: 73, I, 1 (+ ac.); - ludere aleã, 84, I, 2glugére: 8, I (+ A. c. L)

Mmaerére: 8, I (+ A. c. L); 84, IH, lb (+ abl. de causa)maestum esse: 74, IV, 2 (+ ac. de relação)magis: 206, I, 7 (conj. adversativa); - 218, H, 2 (está pela forma sinté-

tica do grau comparativo); cf. 218, IH, 1magni: 89, H, 1 (gen. ,de preço)magno: 84, H, 1 (abl. de preço)magnopere: 218, HI, 3malle: 3, H (+ Inf. objetivo); 9, I (+ A. c, L); cf. 9, H, 1; cf. também

11, H, 2; - 27, IH (+ Ac. c. Part.); - 145, H (+ ut/ne)mandare: 145, IH, 9 (+ ut/ne)mandatu: 84, IH, lc (abl. de causa)maxime: 218, HI, 1; cum maxime, cf. cummaximi: 89, H, 1 (gen. de preço)medéri: 77, H (+ dat.)meditatus: 24, H (significado passivo)medius: 215, HI (emprêgo restritivo)mei: 219, I (gen. objetivo); 219, I (gen. partitivo); cf. 88, IH, 1; cf.

também 88, V, 2fmelius est: 54, I, 2 (geralmente no Ind.)meminisse: 48, H (actio perfecta); cf. 49, H; cf. também 50, H; - 7,

H (+ A. c. L), *13, n, 5 (diversas construções); - 89, I,1 (+ gen., ou de)

memor: 90, n, 4a (+ gen.); 31, I, 2 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo)mens: venit mihi in mentem, 89, I, 1 (nota 1); - mente (abl. de modo),

83, n, 2b; - mentis (gen. de relação), 89, I, 5meréri (stipendia): 60, I, 2

Page 221: Besselaar Propylaeum Latinum 1

merito: 83, H, 2a (abl. de modo)metiri: 82, V, 2b (+ abl. dê relação)metuere: 3, H (+ InL objetivo); 77, IV (+ ac., ou dat.); 146, H, 1

(+ ne); - metuens (+ gen.), 29, I, 1, nota 3metus: 31, I, 1 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo)mihi: 78, I, 3 (dat. ético)militiae: cf. domimille: 88, 4, 2c (adj. no sg. subst. no pl.); - cL 213, IH (constructio ad

sensum)minari.· 7, IH (+ A. c. L); cf. 13, I; - 77, H (+ dat.); cf. ibidem, 1 e 4mmzme: 179, HI; - minime (vero), 67, H (em respostas)minimi: 89, H, 1 (gen. de preço)minimo: 84, H, 1 (abl. de preço)minitari: cL minariministrare: *17 (IH) (+ InL final)minoris: 89, H, 1(gen. de preço)minus (adv.): 179, I (sinopse); 82, IH, 2a (com ou sem quam)minus (sg. neutro de minor): 88, V, Ib (+ gen. partitivo)mirabilis: 36, H (+ sup. H)mirum quam/quantum: 66, I; cf. 218, V, 2cmiscere: 77, I, 3 (nota 2) (+ dat.)misereri: 89, I, 2 (+ gen.); outras construções, ibidem, nota 2miseret: 73, I, 2 (+ ac. de pessoa); 89, I, 2 (+ gen. de causa)mittere: 35, I (+ Sup. I); *17 (IH) (+ Inf. final); - 77, I, 3 (+ dat.);

79, I, 1 (+ duplo dat.); - mittere quod, 210, H, 1dmodõ (adv.): 180 (sinopse); - modo non, 180, I, 4; - modo (conj.), 160,HImodus: ejusmodi. 88, IV, 2 (gen. de qualidade); - eodem modõ ....

quõ, 164, T (nota 1); cL eo modõ .. ' quo, 211, I, 1; - eum znmodum, 164, I; - cf. quomodo; quemadmodum, etc.

moleste ferre: cL ferremolestum est quod: 210, H, 1emonitu: 84, IH, 1c (abl. de causa)morari: 73, I, 3 (+ ac.); diversos significados, 73, I, 3amos: mos est, 2, H, 2 (+Inf. subjetivo); mos est ut, 148, I; moris est,E" 148, H, 3; - mos, 31, I, 1 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo);

more institutoque, 83, H, 2a (abl. de modo); suo more, 83, H, 2a(abl. de modo)

movere: movere (castra), 60, I, 2; - 82, I, 2a (+ ab e/ou abl.); moveri,60, H, 1 (V. M.)

multare: 89, I, 3 (+ gen. de crime)multi (nom. pl.): 88, V, Ia (nota) (+ gen. partitivo); 88, V, 2a (+ de/ex)multo: 84, IV, 2 (abl. de medida); 218, IV, 1 (+ superlativo)multum: 74, IV, 2 (ac. de relação); 84, IV, 2b (= multo); cf. 218, IH, 3;

- 88, V, 1b (+ gen. partitivo); - cL abesse

nam: 204, I (sinopse); 62, H, 2 (em perguntas)namque: 204, I, 2narrare: 7, HI (+ A. c. L)nasci: 82, H (+ abl. de origem); - natus est (+ac. de duração), 74, HI, 2cnaturã loci: 84, HI, 1cnatus (subst.): natu, abl. de relação, 82, V, 2ane/nae: 181 (sinopse)ne (negação): 170, I, 2; cf. 203, Ine (negação): 170, I, 2 (sinopse); 55, H, 1 (em proibições); 56, I (em

frases.optativas); 57, I (com o subj. jussivo e exortativo);57, IH (com o subj. permissivo); 57, IV (com o subj. con-cessivo); - ne .... quidem, 188, I, 1d; - conjunção final(negativa), 144, I; - usada depois de verba timendi, 146,H, 1; depois de verba impediendi, 146, IH, 1; - ne non =ut (depois de verba timendi), 146, H, 3; - cL ne quid;ne quis; 'etc.

-ne (partícula interr.): 63, H; 64, I (em perguntas indiretas); -ne .... an,65, I

ne quid: 147, HI, 1 (final)ne quis: 147, HI, 1 (final)ne umquam: 147, HI, 1 (final)ne usquam: 147, HI, 1 (final)nec/neque: 203, I; nec .... nec, 42, I, 2 (emprêgo do sg.); nec numquam,

170, H, 3 (significado positivo); cL neque is; neque tamen.necessarius.· 31, IH, 1 (+ ad e ac. do gerúndio e do gerundivo)necesse est: 54, I, 2 (geralmente usado no Ind.); 10, I, 1 (+ A. c. L);

cL 10, H, 3 (diversas construções); necesse est ut/ne, 146, Inecne: 65, Hnecnon: 170, H, 2nedum: 182 (sinopse)nefas est: 10, I, 2 (+ A. c. L); 36, H (+ sup. H)negare: 7, IH (+ A. c. L); negari, 16, I, 3 (+ N. c. L); negare ut/ne,

145, IH, 8nemo: 227, IH, 1 e 3; 88, V, 2a (+ gen. partitivo, ou deles); nemo non,

170, H, 2nempe: 188, I, 1; cL 200, IHnequãquam: 179, IIIneque is: 224, I, 3 (nota)neque tamen: 149, n, 4nequiquam: 179, In (nota)nequire: 3, II (+ Inf. objetivo); 60, lI, (dupla V. P.)

424 Sintaxe latina superiorlndice analítico dos vocábulos latinos

N

425

Page 222: Besselaar Propylaeum Latinum 1

nescire: 3, II (+ InL objetivo); 7, II (+ A. c. L); - nescio quis fec,it/fecerit, 66, I; nescio an (11,011,), 66, IV. cf. *.66, IV (nota) (latImimperial); nescio quomodo, 66, I; nescw ub~, 66. I

nescius: 90, lI, 4a (+ gen.); 23, lI, 1 (em construções "participais");cL 215, II

neuter: 226, V (nota); cf. 227, V, 2neutiquam: 179, III (negação forte)neve/neu: 203, lI; cf. 144, lI, 3ni: 160, I, 2nihil: 227 III 2' 88 V lb (+ gen. partitivo); cf. 88, V. 2d; nihilsane, 67,

II (em ~e~postas); nihil 11,011" 170, lI, 2; nihil aliud quam/nisi, .164,IV; nihil relinquitur nisi ut, 148, I; - cf. as palavras segumtes

nihildum; 209, I, 2nihili: 89, lI, 1 (gen. de preço)nihilo: 84, lI, 1 (abJ. de preço)nihilominus: 179, I, 4; cf. 84, IV, 2nihilosetius: 179, I, 4nimis/nimium: 218, I, 3; 88, V, lb (+ gen. partitivo); nimis quam, 218,

V,2cning(u)it: 39, I (imp.)nisi: 160 I 1 (conjunção); 160, I, 4 (adv.); nisi vero/forte, 160, I, 3

(+ 'Ind.); nisi quod, 160, I, 4; cf. 210, lI, 1c; nisi = "sem", 149Ir, 4; 25, lI, 1 (em correlação com particípio); nisi si, 160, I, 4(nota 2)

nisus: 84, I, 2f (+ abJ. instr.)nili: 84, I, 2c (+ abl. instr.); ef. nisus e nixusnix(sg.) - nives (pJ.): 217, lI, 1nixus: 84, I, 2f (+ abJ. instr.)nobis: 78, I, 3 (dat. ético)nocere: 77, II (+ dat.); cL 30, I, 3 (gerúndio e gerundivo); 32, III, 3

(construção imp. do gerundivo); cL 34, lI, 3nocte/noctu: 72, lI, 1 (Ioc.); 86, lI, 1 (abJ. de tempo)nocturnus: 215, II (nota 2) (emprêgo modal)nolle: 3, II (+ InL objetivo); 9, I (+ A. c. L); cL 9, lI, 1; cL também

11 II 2; 27, III (+ Ac. c. Part.); 145, II (+ ut/ne); - noli(te),55: lI; 2d (em proibições); - formas do potencial: nolim e nollem,56, I (nota)

nomen: nomine, 82, V, 2a (abJ. de relação); - nomen est mihi Antonius/Antonio, 78, I, 2 (nota 2); nomine tenus, 142, IIO

non: 170, I, 1 (sinopse); 56, II (com o potencial); 57, V' (com o subj.dubitativo)

non invitus: 240 (lítotes)non ita/vero: 67, II (em respostas)non item: 170, I, 1 (nota 2)11,011, modo/solum/tantum .... sed/verumetiam: 181, I, 1; 201, III, 3

426 Sintaxe latina superior

., ''}

indice analítico dos vocábulos latinos 427

11,011, nemo: 170, lI, 2non quin sed quia/quod: 150, lI, 2 (nota 1)11,011, quo sed/quod/quia: 150, lI, 2 (nota 1)11,011, quod/quia .... , sed quod/quia: 150, lI, 211,011, temere: 195 (nota 2)nondum: 209, I, 2nonne: 63, II (em perguntas diretas); 64, I (em perguntas indiretas)nonnihil: 170, lI, 2nonnisi: 160, I, 4nonnulli: 227, I, 1nonnumquam: 170, lI, 2nonnusquam: 170, lI, 2nostri: 88, III, 1 (gen. objetivo); cf. 219, Inostrum: 88, V, 2f (gen. partitivo); cf. 219, Inovissimus: 215, II (emprêgo modal); cL também ibidem, nota 1; 215,

III (emprêgo restritivo)nox: illã nocte (em correlação com cum temporal), 152, I; cf. nocte/noctu

de nocte, 130, B2nubBre: 77, II (+ dat.); cf. ibidem(3)nudare: 82, I, 2b (+ ab e/ou abJ.)nudus: 82, I, 2c (+ ab e/ou abJ.)nullãtenus; 142, IIOnullus: 227, III, 1 e 3; cL 149, lI, 2 e 3; 88, V, 2a (+ gen. partitivo, ou

de/ex)num: 63, II (em perguntas diretas); 64, I (em perguntas indiretas)numerus: in numero", 75, I, nota 1numquam 11,011,: 170,' lI, 2numquid; 63, II (= num)nunc.· 196, II (sinopse); em correlação com cum temporal, 152, I, 1nuntiare: 7, III (+ A. c. L); nuntiari, 16, I, 3 (+ N. c. L); 145, III, 8

(+ ut/ne)nusquam: 88, V, 1b (+ gen. partitivo)nusquam non: 170, lI, 2

oo: 73, V, 1 (+ ac.); 91, I (+ nom.); 92 (+ voc.)ob: 110 (sinopse); cf. 84, III, Ia (nota); cL 31, III, 1 (+ ac. do gerúndio

e do gerundivo)ob-: 72, lI, 2obesse: 77, II (+ dat.); cf. ibidem, 6obire: 73, lI, 2 (lit. e fig.); obire (mortem), 60, I, 2oblivisci: 7, II (+ A. c. L); 89, I, 1 (+ gen.); - oblitus, 24, I (simulta-

neidade); oblitus, fl4, II (significado passivo)

Page 223: Besselaar Propylaeum Latinum 1

428 Sintaxe latina superiorfndice analítico dos vocábulos latinos 429

obsaturare: 89, I, 4 (+ gen.)obseerare: 145, II (+ ut/ne); - obsecro, 55, I, 5 (fórmula de cortesia)observare: 7, I (+ A. c. L)obisistere: 146, III, 1 (+ ne/quominus)obstare: 146, III, 1 (+ ne/quominus)obtreetare: 77, II (+ dat.)oceasio: 31, I, 1 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo)odisse: 48, II (aetio perfecta); cf. 49, II; cf. também 50, IIodium: 60, III, 1 (odio mihi est, ou in odio apud me est)olim: 152, I, 1 (em correlação com cum temporal)omnino: 183 (sinopse)omms: 227, lI, 2; omnes ad unum, 94, 01onustus: 84, I, 2f (+ abI. instr.)opera: operam dare, 145, II (+ ut/ne); - operae pretium est, 2, lI, 2

(+ Inf. subjetivo)opinari: 7, II (+ A. c. L)opitulari: 77, II (+ dat.)oportet: 2k lI, 1 (+ Inf. subjetivo); 39, III (imp.); 54, I, 1 (geralmente

usado no Ind.); 146, I (+ subj.) "oppidum: 88, VI, 2a (+ apôsto)optare: 145, II (+ ut/ne); - optato, * 25 (III)optimum est quod: 210, lI, leopus est: 2, lI, 2 (+ Inf. ~ubjetivo); 10, lI, 3 (diversas const.ruções); -

opus est (+ abI. mstr.), 84, 1, 2d; 89, I, 4 (+ gen.), 84, I, 2d(nota 1) (+ nom.)

orare: 145, II (+ ut/ne)orbare: 82, I, 2b (+ abI. sep.)orbus: 82, I, 2c (+ ab e/ou abI.)ordine:83, lI, 2a (abI. de modo)oriri: 82, II (+ abI. de origem)osus: 24, III (significado ativo)oriundus: 82, II (nota) (+ abI. de origem)

p

pactus: 24, II (significado passivo)paene: 160, lI, 2 (+ Ind.)paenitet: 39, II (imp.); 2, lI, 1 (+ Inf. subjetivo); 73, I, 2 (+ ac. de pes-

• soa); 89, I, 2 (+ gen. de causa); - paenitet me quod, 210, lI, lepalam: 132 (sinopse)par: 90, I (+ gen.); 80, I (+ dat.); - par est, 10, I, 2 (+ A. c. L)parare: 73, I, 3 (+ ac.); 73, I, 3e (+ Inf. objetivo); cf. 3, II; - 89.

lI, 1 (+ gen. de preço); 84, II, 1 (+abI. de preço)

J

•.li

pareere: 77, II (+ dat.); cf. 30, I, 3 (+ dato do gerúndio e do gerundivo);32, III, 3 (construção impessoal do gerundivo); cf. 34, II, 3

pariter ae/atque: 164, IVpars: omni/nullã/magnã parte, 82, V, 2a (abI. de relação); ex omni parte,

82, V, 2c; - magnam partem, 74, IV, 1 (ac. de relação)partieeps: 90, lU (+ gen.) .participare: 89, I, 4 (+ gen.)partiri: 83, I, 3 (+ cum, ou dat.); partiri ac dividere, 235, II (refôrço); -

partitus, 24, II (significado passivo)parum: 179, II; 88, V, lb (+ gen. partitivo); parum est quod, 210, lI, le.parvi: 89, lI, 1 (gen. de preço)parvo: 84, lI, 1 (abI. de preço)pati: 9, I, 2 (+ A. c. L); cí. 9, lI, 6; - anotação histórica, *9, II (9);

- pati ut/ne, 145, II; - patiens (+ gen.), 2q, I, 1, nota 3patria (terra): 215, IV, 1 (adj. substantiva do)pauci: 88, V, Ia (nota) (+ gen. partititvo); 88, V, 2c (+ de/ex)paulo: 84, IV, 2 (abI. de medida)pellere: 82, I, 2a. (+ ab e/ou abI.)pendere: 82, V, 2b (+ abI. de relação)penes: 111 (sinopse)per: 112 (sinopse); 83, lI, 2a (= abI. de modo); 84, I, 1 (= abI. instr.)per-: 72, II, 2pereipere: 7, II (+ A. c. L)percun'ere: 73, lI, 2 ,(lit. e fig.)perjundi: 60, III, 2 (V. M.)pergere: 3, II (+ Iní. objetivo)periculum est ne, 146, lI, 1perire: 60, I, 1 (ab aliquo); perii (actio perfecta), 48, II (nota 2)perinde: 184 (sinopse); perinde ac/atque/ut/-que, 164, IV; cí. 186, I, 1;

perinde ae si/quasi/(vel)ut ac si/lamquam, 165, I-lI; cf. 186, I,'2; d. proinde

peritus: 90, lI, 1 (+ gen.); cf. 31, I, 2 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo)permagni: 89, lI, 1 (gen. de preço)permagno: 84, lI, 1 (abI. de preço)permitlere: 34, lI, 1 (+ ac. do gerundivo); 145, II (+ ut/ne)perniciosus: 80, I (+ dat.)perosus: 24, III (significado ativo)perspieere: 7, I (+ A. C. L)persuadêre: 77, lI, 5 (+ A. c. L); 145, II (+ ut/ne); - 77, II (+ iat.);

- persuasum est mihi, 52, III; d. 59, III; - persuasum(mihi) habeo, 52, III

petere: 145, II (+ ut/ne)piget: 39, II (imp.); 73, I, 2 (+ ac. de pessoa); 89, I, 2 (+-gen. de causa);

piget me quod, 210, I, le

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430 Sintaxe latina su.,perior lndice analítico dos vocábulos latinos 431

'\nus: 84, I, 2f (+ abl. instr.); 90, lI, 4c (+ gen.)plerique: 88, V, 2b (+ gen. partitivo); cL 218, IlI, 2 (nota)pluit: 39, I (imp.)plures: 278, IlI, 2plurimi (nom. pl.): 218, IlI, 2; cf. 88, V, 2bplurimi (gen. sg.): 89, lI, 1 (gen. de preço)plurimo: 84, lI, 1 (abl. de preço)plurimus: 218, IlI, 2 (nota)pluris: 89, lI, 1 (gen. de preço)plus: 218, IlI, 2; 88, V, lb (+ gen. partitivo); 82, IlI, 2a (com ou sem

quam)plus minusve: 202, I, 3pollieeri: 7, III (+ A. c. L); cf. 13, Ipondo: 82, V, 2a (abl. de relação)pone: 113 (= post)ponere: 7, II (= "supor") (+ A. c. L); ponere in joro/mensã, 85, IlI, 2populatus: 24, II (significado passivo)populus (sg.) - populi (pl.): 217, lI, 2por-: *93 (IV)poseere: 75, IV (+ duplo ac.); 145, II (+ ut/ne)posse: 3, II (+ InL objetivo); 13, lI. 3 (falta do InL Fut.); 54, I, 1

(geralmente no Ind.); d. 160, lI, 4; - 60, lI, 2 (dupla V. P.)post: 114 (sinopse); 85, III (sentido local); postea (sentido temporal),

84, IV, 1 (+ abl. de medida)post(ea): cf. postpost(ea)quam: 153 (sinopse); 257, V (na oração indireta); *150 (IV, 1)

(causal)posterior: 215, lI; cf. ibidem, nota 1postquam: cL post(ea)quampostremus: 215, II (modaI); cf. ibidem, nota 1; - 215, III (emprêgo res-

tritivo)postridie: 88, I, 4 (+ gen.); postridie quam, 218, 4, 2g; - 52, I (= eras,

no estilo epistolar)postulare: 75, IV (+ duplo ac.); 145, II (+ ut/ne)potens: 29, I, 1 (part. adjetivado)potestas: 31, I, 1 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo)potiri: 84, I, 2b (+ abI. instr.); cL 30, I, 4; - 31, lI, 3 (construção pes-

soal e impessoal do gerundivo); - potiri rerum, 84, I, 2b (nota 2);- potire (inf.), ibidem

potiuff quam ut: 164, IlI; - sive potius, 160, I, 7; vel potius, 201, I, 2potus: 24, III (significado ativo)prae: 133 (sinopse); 85, III (sentido local); 84, IlI, 2b (motivo impediente)praebere: se praebere, 77, IVpraeditus: 84, I, 2f (+ abI. instr.)

.\,

praeesse: 77, II (+ dat.); cf. ibidem (6); 31, lI, 1 (+ dato do gerúndio edo gerundivo)

praejeetus: 29, lI, 2 (part. substantiva do; - praejeetus urbi, 559 IIIpraejieere: 31, lI, 1 (+ dato do gerúndio e do gerundivo); cL praejeetuspraesens: 29, I, 1 (part. adjetivado)praestare: 77, IV (+ ac. ou dat.); se praestare, 77, IV; 84, IV, 1 (+ abl.

de medida); 84, ,IV, 1 (nota) (+ ábl. de relação); - praestat,39, III (imp.); 2, lI, 1 (+ Inf. subjetivo)

praeter: 115 (sinopse)praeter-: 73, n, 1 (+ ac.); 75, lI. (+ duplo ac.)praeterire: 73, I, 2 (+ ac.); praeterire quod, 210, lI, 1 d; - praeteritus,

29, I, 2 (part. adjetivado)praeterquam quod: 210, lI, 1cpraetexta (toga/jabula); 29, lI, 2 (part. substantivado)praetor: 23, lI, 2 (em construções "participiais")pransus: 24, III (significado ativo)preeari: 145, II (+ ut/ne)pridie: 88, I, 4 (+ gen.); pridie quam, 218, V, 2g; - 52, ( = heri, em estilo

epistolar)primo (adv.): 216, I (nota)primum (av.): 216, I (nota); 154, I (ut/ubi/cum primum ;" "logo que");

cf. 207, I, 1primus: 215, II (emprêgo semi-predicativo); cL ibidem, nota 1; - 215,

III (emprêgo restritivo)prior: 215, lI; cL ibidem, nota 1priusquam: 155 (sinopse)privare: 82, I, 2b (+ abl.)pro: 134 (sinopse); pro (loc.), 85, IlI; - f3, I, 1 (nota 1) (idéia de subs-

tituição)probari in vulgus: *85, IlI, 3proeul: 135 (sinopse)prodere memoriae: 7, III (+ A. C. L)projieere: 74, IV, 2 (nota) (+ ac. de relação)projicisci: 35, I (+ sup. I); - pedibus projicisei, 84, I, 2g; viã Appiã

projieisei, 84, I, 2eprognatus: 82, II (nota) (+ abI. de origem)pro(h): 73, V, 1 (+ ac.); 92 (+ voe.); - anotação hist6rica, *73, V, 1prohib ere: 9. I, 3 (+ A. C. L); d. 9, lI, 6; - 82, I, 2a (+ ab e/ou abI.);

- 146, IlI, 1 (+ ne/quominus)proinde: 184 (sinopse); - proinde ae/atque/ut/-que, 164, IV; cf. 186, '1,

1; proinde ae si/quasi/(vel)ut si/tamquam, 186, I, 2; - cf. perindepromittere: 7, III (+ A. C. L); cL 13, Iprope: 116 (sinopse):

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432 Sintaxe latina supeTior lndice analítico dos vocábulos latinos 433

propediem: 116Bpropemodum: 181, I, 4; cf. 116Gprodesse: 77, H (+ dat.)propitius: 80, I (+ dat.)propinquare: 77, I, 3 (nota 2) (+ dat.)propws: 116A, 2proprius: 90, I (+ gen.); cf. 88, I, 1 (proprium est + gen. de posse)propter: 117 (sinopse); cf. 84, IIl, Ia (indica causa)propterea: 150, I (em correlação com quod)prorsum/prorsus: 185 (sinopse)prospicere: 145, H (+ ut/ne)prostare: 89, H, 1 (+ gen. de preço); 84, H, 1 (+ abJ. de preço)prostituere: 89, H, 1 (+ gen. de preço); 84, H, 1 (+ abJ. de preço)prout: 211, I, le (nota)providens: cf. providereprovidere: 77, IV (+ dato ou ac.); 145, H (+ ut/ne); - providens, 29, I,

(part. adjetivado)proxime: 116A, 2prudens: 29, I, 1 (part. adjetivado)pudet: 39, H (imp.); 2, H, 1 (+Inf. subjetivo); 73, I, 2 (+ ac. de pes-

soa); 89, I, 2 (+ gen. de causa); - pudet me quod 210 H lepuella: 23, H, 2 (em construções "participiais") " ,puer: 23, H, 2 (em construções "participiais")pugnare: 77, I, 3 (nota 2) (+ dat.)pulcher: 36, H (+ sup. H)putare: 7, H (+ A. C. L); putari (+ N. C. L), 16, I, 3; - 75, I, 1 (+ duplo

ac.); cf. putare pro/loco/in numero, 75, I, 1 (nota 2); - pu,tare(+ abJ. de preço), 84, H, 1; 89, H, 1 (+ gen. de preço)' 82 V2b (+ abJ. de relação) , , ,

Qquã (reI.): 166, I, 1quã (interr.): 62, I, 2quã ratione: 62, I, 2; cf. 83. H, 2b (abJ. de modo)quaerere: 64, I (nota 1) (construção)' - 145 IH 2 (+ ut/ne)quaeso/quaesumus: 55, I, 5 (fórmula: de cort~sia);' 145, IH, 2 (+ ut/ne)qualis (reJ.); 166, I, 1; cf. 164, H, ialisqualis (interr.): 62, I, 1quam: 218 V (sinopse geral); cf. também 218, IV, 3 (comp.); 164, IH

(corr:P.); 82, IH, 1 (comp.); - 62, I, 2 (interr.); - cf. as palavrassegumtes e tam

quam mox: 158, H, 4; cf. 218, V, 1quam pauci: 226, VI

qMm pro (+ abJ.): 147, IH, 2 (nota)quam qu'i (+ subj.): 168, IV, 1; cf. 147, IH, 2quam ut (+ subj.): 147, IH, 2quamdiu: 156, I (nota)qu'amprimum: 218, V, 2bquamquam: 162, I, 1; - em correlação com part., 25, H, 3qu'amvis: 162, I, 2; - em. correlação com part., 25, H, 3quamvultis: 162, I, 2 (nota 2)quando (interr.): 62, r, 2quando (conj.): 150, r (cf. quandoquidem, função causal); - função tem-

poral, *151 (nota)quandoquidem: 150, Iquanti: 89, H, 1 (gen. de preço)quanto: 84, IV, 2 (abI. de medida); - quanto .... tanto, 218, I, I 3qu'antum (reI.): 166, I, 1; 88, V, lb (+ gen. partitivo); 168, VI (restri-

tivo); cf. tantumquantum (interr.): 62, I, 1; 88, V, Ib (+ gen. partitivo)quamtumvis: 162, I, 2 (nota 2)qu'antus (reJ.): 166, r, 1; cf. 164, H, e tantu,squantus (interr.): 62, I, 1quãre: 62, r, 2quasi: 165. I-H (conjunção); 165, IH, 3 (outras funções); 25, H, 5 (em

correlação com part.); - quasi vero, 165, IH, 4; quasi si, 165, IH, 4quãtenus:* 150, IV (2); cf. 141, ire-que: 201, I, 2 (sinopse)quemadmodum (reI.) (reJ.): 164, Iqu'emadmodum (interr.): 62, I, 2queri: 8, I (+ A. C. L); 73, I, 1 (+ ac.)qui (reJ.): 166, I, 1; 225 (sinopse das funções do relativo)qui = aliqui: 227, I, 3aqui (interr.): 62, I, 1qui (interr. = "como ?"): 62, I, 2; - qui fit ut?, 148, H, 5; cf. 226, IV;

- qui potest?, 148, H, 5quia: 210 (sinopse); 150, I (+ Ind.); 150, H (+ Subj.); *4 (nota) (cláu-

sula integrante)quicumque: 166, I, 2; cf. 54. H (+ Ind.); cf. também 227, H. 4quid (interr.): 62, I, 1; 226, IH (a diferença entre quid e quod); - 88, V,

lb (+ gen. partitivo); - quid multa?, 73, IV; quid plura?,73, IV; - quid (ac. de relação), 74, IV, .2

quid = aliquid: 227, I, 3aquid quod?: 226, IH, 1; 210, H, lequid si?: 226, IH, 1

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434 Sintaxe latina superior indice analítico dos vocábulos latinos 435

quidam: 227, I, 3gquidem: 186, I; - ne ... quidem, 186, I, 2dquidni ?: 22g, III, 2quidquam: 88, V, lb (+ gen. partitivo); cf. 227, I, 2quilt1Jet: 227, lI, 3quin: 187 (sinopse geral); 149 (sinopse das funções consecutivas); 62, I,

2 (interr.); 146, III (depois de verba impediendi); non est/suntquin, 168, IV, 4; non dubito quin, 66, IV (nota 1); quin etiam/immo,187, I, 4

quin etiam: 187, I, 4quin immQ: 187, I, 4quippe: 188 (sinopse); - em correlação com part., 25, lI, 2quippe qui: 168. IIquire: 3, lI, (+ Inf. objetivo); 60, lI, 2 (nota) (dupla V. P.)quis (interr.): 62, I, 1; 226, I (quis e qui)quis = aliquis: 227, I, 3; quis = on (francês), 41, lI, 5quispiam: 227, I, 3h; quispiam = on (francês), 41, lI, 5quisquam: 227, I, 2; usado como adj., 227, III, 3quisque: 227, lI; 218, IV, 3 (+ superlativo)quisquis: 224, lI, 4; cf. 54, II (+ Ind.); cf. também '166, I, 2quivis: 227, lI, 3quoad: 156 (sinopse)quo (rel.): 84, IV, 2 (abl. de medida); quo .... eo (correlação), 84, IV, 3quo (adv. interr.): I 62, 2; 88, V, 1c (+ gen. partitivo)quo (adv. rel.): 216, III (usado com pessoas); - 144, lI, 2 (= ut); - cf.

166, I, 1quo pacto? (interr.): 83, lI, 2b (abl. de modo); 62, I, 2quocumque: 166, I, 2 (reI.)quod (rel.): 88, .4, 1b (+ gen. partitivo); 168, VI (restritivo); quod cog-

nommus, 225, III (nota); ef. 257, III, 3 (oração indireta)quod (conj.): 210 (sinopse geral); 150 (causal); 257, IV (explicativo na

oração indireta); - quod (integrante), *4 (nota)' quod(causal, +subj.), *8, II (1); cf. também 219, lI, 2, 'nota 2

quodsi: 210, I, 1quominus: 181, I, 1; - 146, III, 1 (com verba impediendi)quomodo (interr.): 83, lI, 2b (abl. de modo); - cf. 62, I, 2quoniam: 150, I (causal); -*4 (nota) (integrante)quoque: 176 (sinopse)quoquo: 166, I, 2quot (interr.): 62, I, 1quot (reI): 166, I, 1; cf. 164, II, ~qúotcumque: 166, I, :?

quotie(n)s: 152, I, 3 (nota); cf. 164, lI, e totie(n)squotie(n)scumque: 54, II (+ Ind.)quotquot: 166, I, 2quotus (interr.): 226, VIquotus quisque: 226, VI

Rrarus: 215, II (emprêgo modal)ratio: 31, I, 1 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo); ratione, 83, II (abl.

de modo)ratus: 24, I (simultaneidade)receptui: cf. canererecordari: 7, II (+ A. c. L)rectus: 29, I, 2 (part. adjetivado)recusare: 146, III, 1 (+ ne/quominus)red-: *93 (IV)reddere: 75, I, 1 (+ duplo ac.)redimiri: 60, III, 2 (V. M.)redire: 35, I (+ sup. I)redundare: 84, I, 2c (+ abl. instr.)rejerre (= "narrar, anunciar"): 7, III (+ A. c. L)rejert: 31, III (imp.); origem da palavra, *89, lI, 2 (nota 3); 10, I, 1 (+ A.

c. L); 89, lI, 2 (+ gen. de preço)rejertus: 84, I, 2f (+ abl. instr.)regina: 23, lI, 2 (em construções "participiais")relinquere: 34, lI, 1 (+ ac. do gerundivo); cf. nihilreliquus: 23, lI, 1 (em construções "participiais"); - reliqu1~m est ut,

148, Ireminisci: 89, I, 1 (+ gen., ou de)repente: 152, I, 2 (combinado com cum inverso)reperire: 7, I (+ A. c. L); - reperin:, 16, I, 3 (+ N. c. L)reprehendere: 210, lI, 2b (+ quod)repugnare: 146, III, 1 (+ ne/quominus)reri: 7, II (+ A. c. L); - ef. Tatusres: re (verã), 82, V, 2a (abl. de relação); - cui rei?, 78, lI, 1 (dat. final);eã/quã re (abl. de causa), 84, III, 1c; - res in eo est ut, 137, IIOl

resistere: 146, III, 1 (+ ne/quominus)respondere: 7, III (+ A. c. L)restat: 39, III (imp.); 148, I (+ ut)retinere: 146, III' 1 (+ ne/quominus)retrorsum: 123reus: 90, lI, 4b (+ gen. de crime e de pena, ou de)rex.· 23, lI, 2 (em construções "participiais")

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436 Sintaxe latina superior lndice analítico dos vocâb'ulos .iatínos 437

-1'

ridere: 73, I, 1 (+ ac.)

\ rogare: 75; IV (nota 2) (sinopse); - 145, II (+ ut/ne); cf. 64, I (nota 1)) rogatu: 84, III, lc (abl. de causa)rorat: 39, I (impo)rursum/rursus: 123rus: 70, I (aco de direção); rure, 71, I (abl. sep.); ruri, 72, I (loc.)

ssacer: 90, I (+ gen.)sal (sg.) - sales (pl.): 217, lI, 1saltem: 189 (sinopse); cf. at; non saltem, 189, IIsalvus: 23, lIo 1 (em construções "participiais")sane: 190 (sinopse); cf. 57, IV; - sane quam, 218, V, 2c; - sane (qui-

dem), 67, II (em respostas)sapiens: 29, lI, 1 (parto adjetivado)satiare: 84, I, 2c (+ abl. instro)satis: 218; I, 3 (= "bastante"); 88, V, Ib (+ geno partitivo); - satis

est, 2, lI, 2 (+ Inf. subjetivo); - satis est, 54, I, 2 (geralmente noInd.)

satus: 82, II (nota) (+ abl. de origem)scilicet: 191 (sinopse)scindi: 60, III, 2 (VoM.)scire: 3, II (+Inf. objetivo); 7, II (+A. c. L); cfo 7, IVse-: 82, I, 2a (nota 1);*93 (IV)secernere: 82, I, 2a (nota 1)secundo: 216, I (nota)secundum: 118 (sinopse)secus: 119 (sinopse); secus ac/atque/quam, 164, IV; cfo 218, V, 2e setiussecutus; 24, I (simultaneidade)sed-:*93 (IV)sed: 206, I, 1; cf. 206, lI, 1 (conjo adversativa)sed enim: 204, lI, 3; cf. 206, lI, 5sejungere: 82, I, 2a (+ ab)sententiã: meã sententiã, 82, V, 2a (abl. de relaçào); aliquem sententiam

rogare, 75, IV (nota 1)sentire: 7, I-lI (+ A. c. L)sequi: secutus; - sequitur ut, 148, I; sequitur (+ Inf. subjetivo), 148,

lI, 2; sequitur, 39, III (imp.)serere: cf. satusserus: 215, II (nota 2) (emprêgo modal)servire: 77, II (+ dat.)seu: cf. sive

si: 158' origem e evolução, *159 (IV); com o verbo mirari, *8, II (2);COI~ exspectare, tentare e experiri, 64, I (nota 3); função interrogativa,

. *63, I (nota 4)si modo: 160, III (nota 2); cf. 181, I, 5si non: 160, Isi quã: 227, I, 3csi quando: 227, I, 3csi quidem: *150, IV (3); cf. 188, I, lbsi quo: 227, I, 3csic: 178 (sinopse); sico. oout (comparação), 164, I; sico ooo. ut (consecuti-

vo), 147. I; sico ooo. quam. 218, V, 2a; cf. sicut; ita; utsicine: 178, lI, 2 (em perguntas)sicubi: 227, I, 3csicunde: 227, I, 3csicut: 164, Isilentio: 83, lI, 2a (abl. de modo)silva (sgo)- silvae (pl.): 217, lI, 2similis: 90, I (+ gen.); 80, II (+ dato); cf. ibidem(l)similiter ac/atque: 164, IVsimul: 136 (preposição); 192 (advérbio); - 25, lI, 4 (em correlação com

particípio); - simul (conjunção), cf. simul ac/atquesimul ac/atque: 154; - cf. 257, V (na oração indireta)sin (autem/aliter): 160, IVsine: 137 (sinopse); cf. 149, lI, 1sinere: 9, I, 2 (+ A. c. L); cf. 9, lI, 6; - sini, 16, I, 2 (+ N. CO L);

sinere ut/ne, 145, lI; - anotação histórica, *9, 1I(9)sis (= si vis): 55, I, 5 (fórmula de cortesia)sive/seu: 160, II (sinopse); - 54, III (o emprêgo do Indo); - 42, I, 2

(o emprêgo do sgo); - sive/seu oooo sive/seu, e outras correlações,160, II (nota 1); - sive potius, 160, II

sociare: 77, I, 3 (nota 2) (+ dato)sodes (= si odes/audes): 55, I, 5 (fórmula de cortesia)solere: 3, 1I(+ Inf. objetivo); 47, II (circunlocução de uma ação repetida

ou habitual); - solitus, 24, I (simultaneidade); solitum, 29, lI,2 (part. substantiva do); cf. 82, III, 2b (plus solito)

solitum/solitus: cfo soleresolus: 215, lI; 88, V, 2a (+ gen. partitivo, ou de/ex)solvere (ancoram): 60, I, 2sortito: *25 (III)specie (quidem): 82, V, 2a (abl. de relação)spectare: 7, I (+ A. c, L)sperare: 7. II (+ A. c. L); cf. 13, I (+« iore ut, etc.)spes: 31, I, 1 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo); - in spe esse, spem

habere, in spem venire, 7, lI; cf. 13, I

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talis: 164, lI; - talis .... quaZis, 164, lI; taZis.... ut (consec.) 147, I;talis qui (+ Subj.), 168, IV, 1 '

tam: 164, lI; - tam ... quam, 164, lI; cf. 218, V, 2a; - tam .... ut(consec.), 147, I; tam ... qui (+ Subj.), 168, IV, 1

tamen: 193 (sinopse); - em correlação com part., 25, III; - em corre-lação com etsijetiamsi, 161, I; com quamquam, 162, I, 1; com cumconcessivo, 162, I, 5; com qui (valor concessivo), 168, III

tametsi: 161tamquam: 165, I-lI (conjunção); 165, III, 3 (outras funções); - cf. 164,

I (comparação simples); - em correlação com parto 25 II5; - tamquam si, 165, (início) , , ,

tandem: 194tanti: 89, lI, 1 (gen. de preço)tanto: 84, IV, 2 (abl. de medida); cf. quantotantopere: 147, Itantum: (ac. de relação, = "tanto"); - 88, V, Ib (+ gen. partitivo);

84, IV, 2b (= tanto); tantum .... quantum, 164, lI; tantum ....ut, 147, I; - cf. abesse

tantum (= "sômente"): cf. non modojsoZum(tantum ....tantus: 164, lI; - tantus .... quantus, 164, lI; tantus quam, 218, V, 2a;

tantus ... ut, 147, I; tantus .... qui (+ Subj.), 168, IV, 1temere: 195 (sinopse); 72, lI, 1 (Ioc.)temperare: 77, IV (+ ac. ou dat.); temperare (a) Zacrimis, 77, IVtemperi: cf. tempustempus: tempus est, 10, I, 2 (+ A. c. L); 31, I, 1 (+ gen. do gerúndio ou

do gerundivo); id temp?ris, 74, IV, 1; temperijtempori, 72, lI,1 (Ioc.); temyorejtemportbus, 86, lI, 1; - eo tempore, 152, I, 1(em correlaçao com cum temporal); ex tempore 130 C5' in tem-pus, 137, I; in tempore, 137, II B2 ' ,

tenere: tenere (locum), 60, I, 2; - urbem captam tenent, 52, IIItenus: 142 (sinopse)terrã marique: 85, lI, 3 (abl. de lugar)terribilis: 3.6, II (+ Sup. lI)tertio: 216, I (nota)tertium: 216, I (nota)testis: 23, lI, 2 (em construções "participiais")tibi: 78, I, 3 (dat. ético)timere: 3, II (+ Inf. objetivo); 146, lI, 1 (+ ne); -77, IV (+ ac. ou dat.)timidus: 90, lI, 3 (+ gen.)tonat: 39, I (imp.)tot: 164, 1I;- tot .... quot, 164, lI; tot ..... ut (consec.), 147, I; tot ...

qui. (+ Subj .), 168, IV, 1totie(n)s. . .. quotie(n)s: 164, II

totus: 227, lI, 2; - 215, II (emprêgo semi-predicativo); - tota urbe,85, lI, 4 (abl. de lugar)

Sintaxe latina superior

spoliare: 82, I, 2b (+ abl. de sep.)spondere: 7, III (+ A. c. L); cf. 13, I; - sponsus, 29, lI, 2 (part. subs-

tantivado)sponsus: cf. sponderesponte: meãjtuã, etc. sponte, 83, lI, 2a (abI. de modo)stare: 84. I, 2c (+ abI. instr.); 84, lI. 1 (+ abI. de preço); 89, lI, 1 (+ gen.

de preço)statim: 25, III (em correlação com particípio)statuere: 3, II (+Inf. objetivo); 7, II (+A. c. L); cf. 7, IV; 34, I, 2

(+ A. c. L do gerundivo); - 145, III, 8 (+ utjne)studere: 3, II (+ Inf. objetivo); 9, I (+ A. c. L); ef. 9, lI, 2; cf. também

11, lI, 2; - 77, II (+ dat.); cf. 31, lI, 1 (+ dato do gerúndio edo gerundivo); - 74, IV, 2 (nota) (+ ac. de relação)

studiosus: 90, lI, 1 (+ gen.); ef. 31, I, 2 (+ gen. do gerúndio e do gerun-divo)

studium: 31, I, 1 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo)suadere: 77, II (+ dat.); cf. ibidem, 2sub: 138 (sinopse); ef. 85, III (local)sub-: 72, lI, 2subire: 73, lI, 2 (lit. e fig.)subito: 152, I, 2 (em combinação com cum inverso)subniti: 84, I, 2c (+ abI. instr.); - subnixus, 84, I, 2f (+ abI. instr.)subnixus: cf. subnitisubter: *138 (nota)succedere: 77, III (lit. e fig.)sui, sibi, etc.: 221; 249 (em oração indireta); cf. 251, I e IIIsui: 88, III, 1 (gen. objetivo); 88, V, 2f (gen.partitivo); cf. §219, Isuus, sua, suum: 221; cf. 251, I e III (na oração indireta)sultis (= si vultis): 55, I, 5 (fórmula de cortesia)summus: 215, III (emprêgo restritivo)super: 139 (sinopse); 85, III (sentido local)superare: 84, IV, 1 (+ abI. de medida)superstes: 23, lI, 1 (em construções "participiais")suppetias (ad)venire: 70, lI, 6 (ac. de direção)supplicare: 77, II (+ dat.)supra: 120 (sinopse); cf. 84, IV, 1 (o adv. supra + abl. de medida)sursum, 123suscipere: 34, lI, 1 (+ ac. do gerundivo)suscensere: 8, I (+ A. C. L)

Ttaedet: 39, II (imp.); - 2, lI, 1 (+ Inf. subjetivo); - 73, I, 2 (+ ac. de

pessoa); 89, I, 2 (+ gen. de causa)

lndice analítico dos vocábulos latinos 439

Page 229: Besselaar Propylaeum Latinum 1

u

tradere: 34, lI, 1 (+ac. do gerundivo); 47, III (conativo); - tradere(memoriae), 7, III (+ A. c. L); traditur/traduntur. 16, I, 3(+N. c. L)

trans: 121 (sinopse)

J..trans-: 73, lI, 1 (+ ac.); 75, II (+ duplo ac.)tresviri: 31, lI, 2 (+ dato do gerúndio e do gerundiv:o)triumviri: 31, lI, 2 (+ dato do gerúndio e do gerundivo)fui: 88, III, 1 (gen. objetivo); 88, V, 2f (gen. partitivo); cf. 219, Itum/tunc: 196, I; - 88, V, lc (+ gen. partitivo); - 151, I, 1 (em cor-

relação com cum temporal); - d. etiamtum/etiamtuncturpis: 36, II (+ sup. lI)

ubi (reI.): 166, I, 2; 88, V, lb (+ gen. partitivo); - 216, III (antecedentepessoa)

ubi (interr.): 62, I, 2; - 88, V, lb (+ gen. partitivo)ubi (temporal): 154 (sinopse); -257, V (na oração indireta); - ubi

(primum) 151, I, 3ubicumque: 166, I, 2ubiubi: 166, I, 2ulcisci: 73, I, 3; outras construções, 73, I, 3fullus: 227, I, 2ultimus: 215, II (emprêgo modal); cf. ibidem (nota 1); - 215, III (em-

prêgo restritivo)ultra: 122 (sinopse)umquam: 227, I, 3dunde (reI.) 166, I, 1; - 216, III (antecedente pessoa)unde (interr.): 62, I, 2unus: 218, IV, 1(+ superlativo); 218, IV, 2 (+ vel)unusquisque: 227, lI, 1 .urbs: 88, VI, 2a (+âpôsto)usquam: 227, I, 3dusque: 197 (sinopse); usque ad, 94Ausus, cf. utiusus est: 84, I, 2d (nota 2) (+ abI. instr.); usui, ou in/ex usu est, 60, III,

1, cf. 130, C5ut: 211 (sinopse geral): origem e evolução, *211 (IV); - cf. 164, I e 166,

I (relativo); 214, III, 2 (com apôsto semi-predicativo); - 62, I, 2(interr.); - 144, I (final); cL 35, H, 2e; - 147, I (consecutivo); -162, I, 4 (consecutivo; - 154 (temporal); cL 257, V (na oração indi-reta); - 150, I e III (explicativo-causal); - *211 (V) (local)

ut dixi: 225, III, 1 (nota); cL 257, III, 3 (na oração indireta)~tto.... ita: 211, I, lb (adversativo)ut ne: 144, lI, 1 (= ne)

441fndice analítico dos vocábulos latinos

vacuus: 82, I, 2c (+ ab e/ou abl.)vae: 78, I, 1 (+ dato)valde: 218, III, 1; - valde quam, 218, V 2cvapulare: 60, I 1 (ab aliquo)ve-: *93 (IV)-ve: 202, I, 3vel: 202, I, 2 (sinopse da conjunção); 218, IV, 2 (sinopse do advérbio); -

vel potius, cL potiusvelari: 60, III, 2 (V. Mo)velle: 3, II (+ Inf. objetivo); 9, I (+ AoC. L); cL 9, lI, 1; cL também 11,

lI, 2; - 13, lI, 3 (falta do InL Futo); - 27, IH (+ Ac. C. Part.);- quid sibi vult f, 78, I, 3; - velle (+ ut/ne), 145, H; - velim evellem, 56, I (nota) (potencbis)

velut: 164, I; cL 211, I, 1d; 25, H, 5 (em correlação com part.); - velut(si), 65, I-H

vendere: 84, lI, 1 (+ abI. de preço); 89, lI, 1 (+ gen. de preço)venia: 31, I, 1 (+ gen. do gerúndio e do gerundivo)venire (+ "vir"): 74, IV, 2 (+ ac. de relação); 35, I (+ Sup. I); *17

(III) (+ lriL); 79, I, 1 (+ duplo dat.); cf. ventura e venturusvenire (= "ser vendido"): 89, lI, 1 (+ gen. de preço); 84, lI, 1 (+ abI.

de preço); 60, I, 1 (ab aliquo)

ut nemo: 147, III, 1 (consec.)ut nihil: 147, III, 1 (consec.)uf non: 147, I (consec.)ut numquam: 147, III, 1 (consec.)ut nusquam: 147, III, 1 (consec.)ut pctest/potuit: 211, I, 1f (restritivo)ut (primum): 151, I, 3 (temporal, = "logo que")ut qui: 168, II (valor causal)ut quisqueo oo. ita: 218, lI, 3; cL 211, I, leut vidimus: 225, llI, 1 (nota); cf. 257, III, 3 (na oração indireta)utcumque: 54, II (+ Ind.)uter: 227, V, 2; cL 226, V; cL também 62, I, 1uterlibet: 227, lI, 3 (nota)utervis: 227, lI, 3 (nota)"uti: 84, I, 2b (+ abl. instr.); cL 30, l, 4 (gerúndio); 31, lI, 3 (construção

pessoal e impessoal do gerundivo); - usus, 24, I (simultaneidade)utilis: 80, I (+ cat.)utinam: 56, l; *211, IV 2 (anotação histórica)utpote: 198 (sinopse); - utpote qui, 168, II (valor causal); 25, lI, 2 (em

correlação com particípio)utrum 00 o. an: 65, I

v

Sintaxe latina superior440

Page 230: Besselaar Propylaeum Latinum 1

Sintaxe latina superior ~,·,'--------~----------------------Iventura: 29, II, 3 (part. substantiva do)venturus: 29, I, 3 (part. adjetivado)venum dare: 89, II, 1 (+ gen. de preço); 84, II, 1 (abI. de preço)vere: 86, II, 1 (abI. de tempo)vere: 199, I (adv.)vereTÍ: 146, II, 1 (+ ne); 146, II, 2c (+ Inf.); - veritus, 24, I (simultanei-

dade)vero: 199, II (adv.); 206, I, 3 (~onjunção)versum/versus: 123vertere: 79, I, 3 (+ duplo dat.); - vitio vertere (+ A. c.!.), 8, I; - verti

(V. M.), 60, lI, 1" verum (adj.): verum est, 2, lI, 2 (+ Inf. subjetivo)~p, verum (conj.): 206, I, 2'bL. ~vesci: 60, lI, 1 (V. M.); - 84, I, 2b (+ abI. instr.); - cí. 30, I, 4 (not)} , gerúndio); 31, lI, 3 (no gerundivo)

I vespere: 86, lI, 1I __ vesperi: 72, II, 1 (loc.); cf. 86, II, 1i ''''''FS vestri: 88, IlI, 1 (gen. objetivo); cf. 219, I

11.' tq,'·, vestrum: 88, V, 2f (gen. partitivo); cf. 219, I'.-.1 vetare: 88, V, 2f (gen. partitivo); cL 219, IiJ- '\vetare: 9, I, 3 (+ A. c.!.); cL 9, II, 6; cf. também *9, II (9); - vetariiJ.., (+ N. c.!.), 16, I, 2; - vetare (+ ne), 145, II_ !vi: 83, II, 2a (abI. de modo)C Iviã et ratüme: 83, lI, 2a (abI. de modo)m Ivici: cf. vincere

. vicinus: 80, II (+ dat.)~ videlicet: 200 (sinopse)viden = videsne: 63, II (nota 2)videre: 7, I (+ A. c. I.); 27, I (+ Ac. c. Part.); - videre si, 64, I, nota 4;

videre ut/ne, 145, lI; videre ne (non), 145, lII, 3videri: 16, I, 1 (+ N. c.!.); - 242, II (uso pleonástico)vincere: vici (actio perfecta), 48, lI; cf. também 49, lI; 50, IIvituperare: 210, lI, 2b (+ quod)vivus: 23, II, 1 (em construções "participiais")vivere: vixit (= "morreu"), 48, II (nota 2)vix/vixdum: 181, II; cf. 208, I, 2; - vix ... cum, 152, I, 2; - vix ....

et/atque, 181, II (nota); vix aegreque, 179, IIvixit: cf. viverevobis: 78, I, 3 (dat. ético)voluntas: 3a. 1. (+ gen. do gerúndio e do gerundivo)vocare: 76, I, 1 (+ duplo ac.)vorsum: cf. versum/versus

Outros Livros s6bre Temas Clássicos:(Extrato do Catálogo)

R. AUBRETON,Introdução a Hesíodo. 1956, 109 pp. com 2 gravuras e2 mapas.

R. AUBRETON,Introdução a Homero. 1956, 313 pp. com 19 gravuras e2 mapas.

H. PENTEADODE BARROS,Curso de Propedêutica de Grego.Com um prefácio do Prof. A. Aubreton. Em preparação.

J. VANDENBEssELAAR,Introdução aos Estudos Históricos. 2." ed. rev.e ampliada. 1958, 315 pp.

J. VANDENBEssELAAR,As Interpretações da Hist6ria Através dos Séculos.VoI. I: De Homero ao Evolucionismo Moderno. 1957, 288 pp.Vol. II: Temores e Esperanças. 1958, 296 pp.

Boletim de Estudos Clássicos. Publicado sob os auspícios da Associaçãode Estudos Clássicos do Brasil, sob a direção do Prof. R. Aubreton.

M. da Eucaristia Daniellou. Curso de Grego. vol. II: Exercícios Gra-maticais e Antologia. Ed. especial sob licença do Instituto Nacionaldo Livro. 1960, 184 pp.

J. HIRSCHBERGER,História da Filosofia na Antiguidade. Trad. e pre-fácio do ProL Alexandre Correia. 1957, 279 pp.

J. HIRSCHBERGER,História da Filosofia na Idade Média. Trad. e pre-fií,~iodo 1'1'Of. Alexandre Correia. 1959, 211 pp.

J. IIIHKl:llIllmmm,ll-isl6ria da Filosofia Moderna. Trad. e prefácio doProl'. AInx:l.lld1'(\ COI'I'nill. IHGO, 107 pp.

,I. IIIHH"""I"WII':",l/i.,l6rin ria Ji'-il<mofiaConlempodlnea. Trad. doProl'. AlnXlLlldrn(:oJ'J'l,ill. COIll1I1llAp(\ndi,:odo ProL G, PinheiroM lL(~IIII,do:A FiloHofiano BrllHiI. ]';m propamção.

W .. JAII,m:lt,I'wirlâa. ().~ lIli;wiNda Cultura Grega. Trad. do Prof. Ale-xandre Corrcia. 3 vols., em preparação.

H. 1. MARRou,Hislória da Educação na Anliguidade. Trad. de M. L.Casanova. Em preparação.

E. RAGON,J. A. DE FOUCAULT,P. POULAIN,Gramática da LínguaGrega. Versão portuguêsa de G. M. Reale 8tarzynski; Prefáciodo Prof. A. Aubreton. 1960, 2 vols. (Gramática e Exercícios). Empreparação.