UNIFMU-CENTRO UNIVERSITÁRIO FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE A OBESIDADE E PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA INDIVÍDUOS OBESOS. AUTOR: DENISE SILVA CARCERONI ORIENTADOR: PROF. DR. LUZIMAR R. TEIXEIRA
68
Embed
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE A OBESIDADE E PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA INDIVÍDUOS OBESOS.
Monografia de conclusão de Pós-graduação em Atividade Física Adaptada e Saúde
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
UNIFMU-CENTRO UNIVERSITÁRIOFACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE A OBESIDADE E PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA INDIVÍDUOS OBESOS.
AUTOR: DENISE SILVA CARCERONIORIENTADOR: PROF. DR. LUZIMAR R. TEIXEIRA
SÃO PAULO2007
DENISE SILVA CARCERONI
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE A OBESIDADE E PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA INDIVÍDUOS OBESOS.
Monografia apresentada ao Centro de Pós-graduação e Pesquisa da UNIFMU - CENTRO UNIVERSITÁRIO, como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Atividade Física Adaptada e Saúde, sob a orientação do Prof. Dr. Luzimar R. Teixeira.
2
Agradecimentos
Gostaria de agradecer aos meus alunos e ex-alunos deficientes e com problemas
de saúde que me motivaram a buscar uma especialização que permitisse atendê-los de
forma adequada e eficaz.
Agradeço ao Professor Dr. Luzimar R. Teixeira pelas importantes palavras que
fizeram mudar minha área de atuação, pelo incentivo acadêmico e pela orientação. E aos
demais professores do curso pela grande contribuição na minha formação.
Ao Bruno e Gabriel, meu filhos queridos, pela paciência e compreensão nas horas
em que abdiquei em lhes dar a atenção devida para dedicar-me ao estudo e à minha mãe e
minha avó pelo apoio incondicional.
Agradeço ao Fabiano, meu namorado, pela paciência, incentivo e apoio na minha
formação profissional e pela compreensão ao abrir mão do nosso precioso tempo de convívio
nos fins de semana, para que eu pudesse realizar o curso, sem jamais reclamar.
Aos profissionais que respondendo ao questionário, tornaram possível a
realização deste trabalho.
3
Resumo
A obesidade é uma doença epidêmica, multifatorial que atinge indivíduos do
mundo inteiro. Seu tratamento necessita de uma equipe multidisciplinar que inclui o educador
físico. Este estudo se propôs a avaliar os quão preparados estão os profissionais atuantes
em academias para atender alunos obesos, pois maior campo de atuação do profissional de
Educação Física é a academia de ginástica. Foram aplicados 33 questionários em
professores de educação física atuantes em academia, com musculação e/ou ginástica,
contendo seis questões sobre identificação do indivíduo obeso, atendimento multidisciplinar e
intervenção do educador físico. Os resultados indicaram que apesar de reconhecer a
importância da multidisciplinaridade no tratamento da obesidade os professores têm
dificuldades em caracterizar o obeso e não são coerentes na prescrição adequada das
atividades.
Palavras-chave: obesidade, obeso, emagrecimento, educação física, prescrição de exercício.
1.REVISÃO DE LITERATURA....................................................................................................111.1.Obesidade..............................................................................................................................111.2.Etiologia da obesidade.......................................................................................................14
1.2.1.Fatores genéticos, ambientais e comportamentais...................................................141.2.2.Fatores Endócrinos.........................................................................................................15
1.3. Fisiopatologia da Obesidade....................................................................................................171.4.Multidisciplinaridade e tratamento da obesidade.......................................................18
1.4.1.Dieta..................................................................................................................................181.4.2.Medicamentos..................................................................................................................191.4.3.Cirurgia..............................................................................................................................201.4.4.Orientação Nutricional e Comportamental..................................................................201.4.5. Exercício e tratamento da obesidade.........................................................................21
1.4.5.1.Características do exercício e sua utilização no tratamento da obesidade. . .231.4.5.2.Atividades de Academia.........................................................................................25
2.MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................................282.1 Amostra...................................................................................................................................282.2.Instrumentos e procedimentos........................................................................................282.3.Análise estatística................................................................................................................29
ARONNE, 2002, NEGRÃO, 2000). Além da classificação do obeso dada pelo IMC, utiliza-se
a relação entre a medida de cintura e do quadril para determinar o risco de desenvolver
diversas doenças (ARONNE, 2002). O quadro 6 mostra a morbidade em pessoas obesas.
Quadro 5: morbidade em indivíduos obesos
Cardiovasculares Hipertensão e AVCDoenças coronarianasVeias VaricosaisTrombose Venosa Profunda
Útero Câncer endometrialCâncer cervical
Respiratórias Falta de arApnéia durante o sonoSíndrome de hipoventilação
Urológico Câncer na próstataIncontinência urinária
Gastrintestinais Hérnia de HiatoCálculo na Vesícula BiliarCirrose e esteatose hepáticaHemorróidaCâncer coloretal
Pele MicosesCelulitesLinfoedemas
Metabólica HiperlipidemiaResistência à insulinaDiabetes MellitusSíndrome do ovário policisticoHiperandrogenizaçãoIrregularidades menstruais
Endócrinas Redução no GHRedução na resposta à prolactinaRespostas hiperdinâmicas do ACTH ao CRHAumento do cortisol livre na urinaAlterações nos hormônios sexuais
de outra especialidade Qual?, nutricionista, esteticista, psicólogo, fisioterapeuta, outro
profissional Qual? e nenhum dos profissionais anteriores, apenas o professor de Educação
Física é suficiente para orientá-lo. 84,8% indicariam o nutricionista, 72,7% o endocrinologista,
66,7% um cardiologista, 30,3% o psicólogo, 12,1% o gastroenterologista e 3% indicariam
outros médicos, esteticista, fisioterapeuta e outros profissionais. Nenhum profissional
indicaria o cirurgião plástico. As respostas foram distribuídas conforme a figura 4.
30
84,8
72,766,7
30,3
12,13,0 3,0 3,0 3,0 0,0
Nutricion
ista
Endoc
rinolog
ista
Cardiol
ogist
a
Psicólo
go
Gastro
enter
ologis
ta
Outro
Méd
ico
Estetic
ista
Fisiot
erap
euta
Outro
Cir. P
lástico
%
Figura 4: Percentuais de respostas à questão 2: Qual (is) profissional(is) abaixo você aconselharia seu aluno obeso a procurar?(Considere que o profissional de Ed. Física é você!).
Nesta questão 58% apontam para a necessidade da atuação de 3 ou mais
profissionais e 30% para dois especialistas, destes 12 % apontou a necessidade apenas
um profissional, caracterizando uma equipe multidisciplinar, conforme mostra a figura 5.
12%
30%58%
1 Especialista2 Especialistas3 ou mais Especialistas
Figura 5: Equipe Multidisciplinar
31
Questão 3: Que tipo de atividade física / exercícios você recomendaria para um
aluno obeso?
O exercício aeróbio foi recomendado por 72,7% dos entrevistados, a musculação
por 60,6%, atividades de baixa intensidade por 18,2%, o alongamento por 20,8%, a
hidroginástica por 15,2 %, o circuito por 15% dos entrevistados, a atividade moderada por
9,1% e 42,4% recomendariam outras atividades. Foram considerados como outros os
critérios que apareceram apenas uma vez: qualquer atividade, atividade sem impacto,
ginástica postural, artes marciais, atividade de baixo impacto, ginástica leve, aeróbia coletiva,
exercícios que mobilizem grandes músculos, exercícios específicos de acordo com a
necessidade, atividades de alto gasto calórico de acordo com o gosto dos alunos, natação,
caminhada, atividade anaeróbia e atividade de alta intensidade, conforme a figura 6.
72,7
60,6
18,2 20,815,2 15,0
9,1
36,4 39,4
Aeróbio
Mus
culaç
ão
Baixa in
tens
idade
Alonga
mento
Hidro
Circuit
o
Ativid.
Mod
erada
Baixo Im
pacto
Outro
s
%
Figura 6: Percentuais de respostas à questão 3: Que tipo de atividade física/exercícios você recomendaria para um aluno obeso?
32
Questão 4: Imagine que na academia onde você trabalha são oferecidas as
atividades abaixo. Qual(is) você indicaria para um obeso, que não tenha restrição médica?
(assinale quantas quiser).
Todos os entrevistados recomendaram a musculação dentre as atividades
oferecidas pela academia para um aluno obeso sem restrições médicas, 84,8%
recomendaram a bicicleta, 78,8% a esteira, 75,8% aulas de alongamento, 57,6% aparelho
elíptico, 36,4% indicaram aulas de CFT (Condicionamento Físico Total), 27,3% aulas de
ginástica localizada, 21,2% aulas de bike indoor, 18,2% aulas de abdominais e aero dance,
12,1% aulas de step, jump e aerolutas e 9,1% aulas de pump, conforme a figura 7.
100,0
84,878,8 75,8
57,6
36,427,3
21,2 18,2 18,212,1 12,1 12,1 9,1
Mus
culaç
ão
Bicicle
ta
Esteira
Alonga
mento
Elíptic
oCFT
Loca
lizad
a
Bike In
door
Abdom
inais
Aero D
ance
Step
Jum
p
Aeroluta
s
Pump
%
Figura 7: Percentuais de respostas à questão 4: Imagine que na academia onde você trabalha são oferecidas as atividades abaixo. Qual(is) você indicaria para um obeso, que não tenha restrição médica? (assinale quantas quiser).
Questão 5: Porque escolheu a(s) atividade(s) da questão anterior (nº 4)?
A adequação foi o motivo pelo qual 33,3% dos entrevistados escolheram as
atividades da questão anterior, 18,2% escolheram por ser de baixo impacto, 15,2% por terem
33
um alto gasto calórico, 12,1% por serem atividades motivantes, 9,1% por serem atividades
sem nenhum impacto, por permitir um melhor controle da atividade e desenvolverem massa
muscular, 6,1% escolheram por tratar-se de aluno sem restrição e por serem atividades que
queimam gordura e 48,5% deram como resposta outros motivos. Sendo que foram
considerados como outros os critérios que apareceram apenas uma vez. Foram eles: utilizo e
tenho resultado, de acordo com o objetivo, não tenho conhecimento, melhoram o
condicionamento, fortalecem, atividade moderada, melhora a lateralidade, trabalha
coordenação, não respondeu, tudo o que o aluno gostar pois o objetivo é gastar calorias,
aumenta o metabolismo basal, prescrição individual, considera o lado hormonal e metabólico,
aumenta o gasto calórico, evitam impacto e o praticante conduz a intensidade, conforme
figura 8.
33,3
18,2 15,2 12,1 9,1 9,1 9,1 6,1 6,1
48,5
Adequ
ação
Baixo Im
pacto
Alto g
asto ca
lórico
Mot
ivaçã
o
Nenhum
Impac
to
Melh
or co
ntro
le da a
tivida
de
Desenv.
Mas
sa m
uscu
lar
Aluno
sem
restr
ição
Queim
am gord
ura
Outro
s
%
Figura 8: Percentuais de respostas à questão 5: Porque escolheu a(s) atividade(s) da questão anterior (nº 4)?
34
Nas questões de três à cinco foram os resultados foram comparados
individualmente e classificados de acordo com a coerência. Em 67% dos questionários havia
algum tipo de incoerência ou contradição na seleção dos exercícios ou atividades, conforme
os dados apresentados na figura 9.
33%
67%
Coerente Incoerente
Figura 9: Coerência na comparação entre as respostas das questões três, quatro e cinco.
Questão 6: Na sua opinião o que é mais importante na escolha da atividade
física/exercício para o aluno obeso?
Permitiu-se optar por uma entre duas opções: 21% responderam que o mais
importante é priorizar a utilização de gordura como substrato energético e 79% afirmam que
o importante é o gasto energético total. A figura 10 demonstra o resultado.
35
21%
79%Priorizar Utilização de GorduraGasto Energético Total
Figura 10: Percentuais de respostas à questão 6: Na sua opinião o que é mais importante na escolha da atividade física/exercício para o aluno obeso?
36
CAPÍTULO 3: CONCLUSÃO
A obesidade tomou proporções epidêmicas, a população de diversos países
independente de posição econômica vem sofrendo com ela. No Brasil projeções da OMS
apontam um aumento de indivíduos com sobrepeso em cerca de 13% para ambos os sexos
e de indivíduos obesos em 12,8% para o sexo feminino e 8,2% para o sexo masculino, em
um período de 10 anos (2005 – 2015). Ela é determinada geneticamente, mas os fatores
ambientais, principalmente as mudanças de comportamento ocorridas com em função dos
confortos tecnológicos, são os responsáveis por esse aumento. Também pode ser causada,
em menor proporção, por distúrbios do sistema endócrino, em função de alterações
hormonais e algumas doenças. Sem dúvida a maior preocupação com a obesidade é sua
associação à outros problemas que comprometem a saúde do indíviduo. Diabetes,
hipertensão, dislipidemias, problemas osteo-articulares são os mais comuns em uma lista
com cerca de 40 co-morbidades que acometem os diversos sistemas do corpo.
A diversidade de causas e de problemas associados faz com que a obesidade
seja vista como doença multifatorial, consequentemente existe a necessidade de ser tratada
por uma equipe multidisciplinar. O tratamento da obesidade inclui obrigatoriamente uma
dieta, que será associada à outros tratamentos como cirurgia bariátrica, terapia
medicamentosa, terapia comportamental e exercício. O papel da atividade física / exercício
no tratamento do obeso é, principalmente, de auxiliar na manutenção do balanço energético
negativo e sua maior contribuição está na manutenção da massa magra que é perdida em
função das dietas de restrição calórica. A atividade física / exercício também contribuem para
37
a manutenção geral da saúde do obeso auxiliando na regulação da pressão arterial,
colesterol, glicemia e outros problemas, sendo que a regularidade na prática tem um efeito
melhor do que quando é realizado de forma espontânea, esporadicamente. Ficando clara a
importância do papel do Educador Físico no tratamento da obesidade, apesar de não haver
consenso na literatura acerca do melhor tipo de atividade para o obeso.
As academias de ginástica são os maiores absorvedores da mão de obra de
educadores físicos em função da quantidade de estabelecimentos existentes no Brasil, é
provável que o primeiro contato do obeso com um profissional da área ocorra em academias.
Também é possível que seja o primeiro contato desse indivíduo com um profissional da área
da saúde, uma vez que é de domínio público que exercícios ajudam a emagrecer. Desta
forma é necessário que o profissional de educação física, atuante em academia de ginástica,
tenha conhecimentos básicos na identificação do obeso, de suas necessidade, dos
problemas associados à obesidade e principalmente do tipo de atividade / exercício que irá
prescrever.
O questionário elaborado para essa pesquisa teve como objetivo avaliar o
conhecimento acerca da obesidade e a prescrição de exercícios para o indivíduo obeso por
professores de Educação Física atuantes nas áreas de musculação e ginástica em
academias baseados em três pontos: a identificação do obeso, o reconhecimento da
multidisciplinaridade e a atuação profissional.
A primeira questão se propunha a conhecer como o profissional identifica o aluno
obeso. A resposta esperada era o IMC. Apesar de existirem outros métodos, mais modernos
e mais precisos, o índice de massa corporal é indicado pela OMS por ser fácil de medir e
oferecer um resultado confiável. A questão era aberta o que permitiu diversas combinações.
38
Apenas 42,4% entrevistados afirmam que utilizariam o IMC. 12,1% também utilizaria a
relação cintura/quadril como método para identificar o obeso, o que é interessante pois
conforme citado anteriormente a obesidade pode estar associada à outros problemas de
saúde e a relação cintura/quadril é um indicativo do risco para desenvolvê-las. Os 21,2% que
afirmam que identificariam o obeso visualmente, associam à algum ao outro critério. Trata-se
de uma observação relevante uma vez que a avaliação visual sozinha não pode ser
mensurada e quando associada ao IMC dá maior confiabilidade à medida uma vez que o
indivíduo pode ser pesado por ter massa muscular muito desenvolvida e conseqüentemente
um IMC alto, sem necessariamente ser obeso. Respostas como avaliação física (33,3%),
avaliação médica (9,1%), e composição corporal (27,3%), podem conter o valor do IMC, mas
não indicam diretamente que esse método estaria sendo utilizado. Além disso podem
denotar que a responsabilidade de fazer a identificação do obeso é exclusividade do
avaliador físico ou do médico uma vez que a amostra é composta por professores atuantes
em academias que geralmente recebem resultados de um departamento específico. Com
base nos resultados obtidos nesta questão acredita-se que o profissional possa sentir
dificuldade em caracterizar o aluno obeso e por conseqüência o grau de obesidade,
diferenciando–o do aluno com sobrepeso ou gordura localizada.
A segunda questão se propunha verificar a importância dada pelo Educador Físico
à equipe multidisciplinar. 84,8% indicariam um nutricionista e 72,7% um médico
endocrinologista fato que vai ao encontro do que foi verificado na literatura acerca da
importância da dieta, da identificação de problemas metabólicos e utilização de
medicamentos no tratamento da obesidade. A grande maioria (58%) indicaria três ou mais
39
especialistas para o aluno obeso procurar, denotando que os entrevistados concordam com
a atuação multidisciplinar.
As perguntas de três a cinco questionavam o professor, de maneiras diferentes,
quais as atividades indicaria para o aluno obeso. Os resultados foram comparados
individualmente e classificados de acordo com a coerência. Em 67% dos questionários havia
algum tipo de incoerência ou contradição na seleção dos exercícios ou atividades. O fato que
mais chama a atenção é que na questão quatro, onde são listadas as atividades oferecidas
pela academia e os professores deveriam assinalar quais indicariam, 100% marcaram
musculação. A resposta isolada está de acordo com a literatura que aponta que o principal
benefício da atividade física para o obeso é minimizar a perda de massa muscular acarretada
pela dieta de restrição calórica, contudo quando comparamos com as respostas das
questões três e cinco há incoerência. Por exemplo na questão três, que é aberta, onde é
perguntado o tipo de atividade que indicaria ao aluno obeso, exercícios resistidos aparecem
em apenas 60,6% das respostas ou seja 39,4% dos entrevistados não consideraram indicar
esse tipo de exercício, mas na questão seguinte optam por musculação como atividade para
o obeso na academia.
Na questão três, 36,4% indicariam uma atividade de baixo impacto. O raciocínio
está de acordo com a literatura uma vez que o impacto se refere, como foi visto, à FRS que é
diretamente proporcional ao peso corporal e que o obeso pode desenvolver diversos
problemas osteo-articulares. Contudo na questão cinco apenas 18,2% justificaram a escolha
da atividade, na questão anterior, ao baixo impacto, havendo assim incoerência nas
respostas. Ainda relacionando à justificativa baixo impacto (questão 5) 12,1% haviam
40
escolhido como atividade aulas de Jump (questão 4). Sem dúvida uma atividade de baixo
impacto para um indivíduo com peso normal, mas que oferece uma sobrecarga alta para o
aparelho locomotor do obeso, conforme foi visto.
Apenas 12,1% optaram pelas aulas de step. Desde que respeitadas as
recomendações com relação à altutra da plataforma e o BPM da música, vistos
anteriormente, essas aulas poderiam ser indicadas para o indivíduo obeso.
27,3% indicariam aulas de ginástica localizada e 9,1% aulas de pump, com a
justificativa que na maioria das vezes, se refere à adequação. Apesar das aulas de ginástica
localizada e pump melhorarem a massa muscular do indivíduo e, como já citado
anteriormente, o trabalho de fortalecimento ser interessante para o obeso é necessário
cautela no que se refere à adequação. Nos cabe questionar: estaria um aluno com este perfil
preparado para executar movimentos neste tipo de aula de forma segura e eficaz? Não seria
preferível optar pela musculação cujo controle da execução é melhor?
Outras questões também devem ser consideradas no momento de prescrever o
exercício para o obeso. 84,8% optaram pela bicicleta ergométrica e 21,2% pelas aulas de
bike indoor. Inicialmente tratam-se de atividades adequadas uma vez que é possível
controlar sua intensidade, contudo há de se observar se é possível realizá-la do ponto de
vista ergonômico. A região glútea do indivíduo pode ser tão grande que impossibilite-o de
permanecer sentado no selim da bicicleta, gerando inclusive uma situação de risco de queda.
41
78,8% escolheram realizar exercícios na esteira e 57,6% no equipamento elíptico
(transport). A segunda opção talvez seja a melhor para iniciar o condicionamento físico
aeróbio com o aluno obeso em função de suas características biomecânicas.
Na questão cinco 15,2% justificam a escolha das atividades da questão quatro por
serem atividades de alto gasto calórico. As atividades escolhidas são em sua maioria esteira,
bicicleta e elíptico e realmente podem gerar um alto dispêndio de energia, contudo como
vimos, o indivíduo obeso não consegue realizar exercícios por períodos longos em função da
própria condição física.
Como observamos a maioria das respostas às questões três, quatro e cinco
isoladamente corroboram com a literatura, contudo quando analisadas de forma conjunta
apresentam resultados discrepantes e incoerência no raciocínio dos profissionais, levando a
supor a existência de um déficit conceitual que pode prejudicar a escolha adequada e segura
das atividades e exercícios.
A última questão se referia à prioridade na escolha do exercício. 79% das
respostas afirmam que o gasto energético total é mais importante do que priorizar a gordura
como substrato energético, corroborando com as pesquisas mais recentes.
Concluiu-se que conhecimento acerca da obesidade e principalmente sobre a
prescrição de exercícios para o obeso por professores de Educação Física atuantes em
academias é insuficiente e deficitário para uma prescrição adequada e segura de atividades
e exercícios físicos. Sugere-se que estudos mais específicos e com uma amostra maior
sejam realizados a fim de obterem-se dados que auxiliem na elaboração de programas
42
voltados à atuação do profissional que esclareçam as necessidades do aluno obeso e a
adequação das atividades oferecidas pelas academias de ginástica para essa população.
43
Referências Bibliográficas
ABESO. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica disponível em: <www.abeso.org.br>
AMADIO, A. C. Fundamentos Biomecânicos para a análise do movimento humano. São Paulo: Laboratório de Biomecânica, EEFEUSP, 1996.
ARONNE, L. J. Classification of Obesity and Assessment of Obesity-Related Health Risks. Obesity Research, Vol. 10, Suppl. 2, dec. 2002
COMUZZIE, A. G., ALLISON, D. B. The search of human obesity genes. Science. 280, Mai 1998.
CONTALDO, F., PASANISI F. Obesity epidemics: simple or simpliscistic answers? Clinical Nutritions. 24, 1 – 4, 2005
DA COSTA, L. (org) Academias de Ginástica e Condicionamento Físico Sindicatos e Associações, Atlas do Esporte no Brasil, CONFEF 2006.
DAMASO, A., GUERRA, L. R. F. A atividade Física Espontânea no tratamento da obesidade. Revista ABESO, ano III, num. 7, abr 2002. disponível em: <http://www.abeso.org.br/revista/revista7/educ_fis.htm> acesso 23/02/2007
DAO H. H. et al. Effects of a multidisciplinary weight loss intervention on body composition in obese adolescents. International Journal of Obesity. 28, 290-299, 2004.
DAO H. H. et al, Effects of a multidisciplinary weight loss intervention on anaerobic and aerobic aptitudes in severely obese adolescents. International Journal of Obesity 28, 870 – 878, 01 Jul 2004.
DeWALD T. et al. Revision Respecto Del Tratamiento para la Obesidad. AmericanHeart Journal. 151(3):604-624, mar 2006.
DOUKETIS J. DDetection, prevention and treatment of obesity. Canadian Medical Association, Periodic Health Examination 1999 update: 1.160 (4), feb 1999
Educação Física versus Mal do Século Revista do CONFEF nº 16- ano V - Junho de 2005
ELIA, M. Obesity in elderly. Obesity Research. 9: 244S-248S, 2001
FERNANDEZ A. C. et al. Influência do treinamento aeróbio e anaeróbio na massa de gordura corporal de adolescentes obesos Revista Brasileira de Medicina do Esporte Vol. 10, Nº 3 – Mai/Jun, 2004
FLASO Federation Latino Americana de Sociedades de Obesidad <http://www.iotf.org/flaso/>
FONSECA, V. M., SICHIERI. R, VEIGA, G. V. Fatores associados à obesidade em adolescentes. Revista de Saúde Pública 32(6): 541-9, 1998.
FRANCISCHI, R. P.P. et al. Obesidade: atualização sobre sua etiologia, morbidade e tratamento. Revista Nutrição Campinas: 13(1) 17-28, jan/abr 2000.
FRANCISCHINI, R. P. P. , PEREIRA, L. O., LANCHA JUNIOR, A. H. Exercício, Comportamento Alimentar e Obesidade: revisão dos efeitos sobre a composição corporal e parâmetros metabólicos. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, 15(2): 117-40, jul./dez. 2001.
HALPERN, A. et al Experiência Clínica com o uso conjunto de Sibutramina e Orlistat em Pacientes Obesos. Arquivo Brasileiro de Edocrinologia e Metabolismo vol 44 nº 1 fevereiro, 2000.
HAWKES, C. et al. Diet Quality, Poverty and Food Policy: a new research agenda for obesity prevention in developing countries. In: Overweight and Obesity: a new nutrition emergency? SCN News. United Nations System. Standing Committee on Nutrition. (29), 2004 – 2005
HILL. J. O. PETERS J. C. Environmental Contribuitions to the Obesity Epidemic. Science. (280), Mai 1998
HIRATA, R. Análise Biomecânica do Agachamento. Escola de Educação Física e Esporte da USP, 2002. Monografia (Bacharelado em Educação Física) Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo.
IASO. International Association for the Study of Obesity. <www.iaso.org>
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2002analise/defaulttab.shtm> acesso em: 02/05/2007
ILSI. Internacional Life Sciences Institute. Obesidade: Prevenindo a Epidemia. ILSE Brasil Notícias, I Encontro de Especialistas ILSE Brasil ano 14 nº 4 out-dez 2006
KOKKORIS, P., Pi-SUNYER, F. X. Obesity and endocrine disease. Endocrinology Metabolism Clinics of North America 32, 895–914, 2003.
LU, T. W., CHIEN, H. L. Dynamic analysis of the lower extremities during elliptical exercise Journal of Biomechanics, Volume 39, Supplement 1, Page S193, 2006.
MACKNIGHT, J. M. Exercise Considerations in Hypertension, Obesity and Dyslipidemia. Clin Sports Med 22, 101– 121, 2003.
MARQUES-LOPES, I. et al. Aspectos Genéticos da Obesidade. Revista de Nutrição, volume 17,, número 3, Campinas: jul/set. 2004
McARDLE, W. D., KATCH, F. I., KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício. Energia, Nutrição e Desempenho Físico. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998
MEIRELES, C. M., GOMES, P. S. C. Efeitos agudos da atividade contra-resistência sobre o gasto energético: revisitando o impacto das principais variáveis. Revista Brasileira de Medicina do Esporte vol.10 no.2 Niterói: Mar./Apr. 2004.
MESSIER, S. P. et al. Obesity: effects on gait in a osteoarthritic population. Journal of Applied Biomechanics, 12, 161 – 172, 1996.
MOTA G. R. , ZANESCO A. Leptina, Ghrelina e Exercício Físico. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia Metabologia, 51/1, 2007.
NEGRÃO C. E. et al. O papel do Sedentarismo na Obesidade. Revista Brasileira de Hipertensão 2:149-55, 2000.
NHLBI. National Heart Lung and Blood Institute disponível em: <http://www.nhlbi.nih.gov/guidelines/obesity/ob_home.htm>
NIH. National Institutes of Health. The Pratical Guide Identification, evaluation and treatment of overweigth and obesity in adults. 2000.
OKURA T. et al. Effects of aerobic exercise and obesity phenotype onabdominal fat reduction in response to weight loss. International Journal of Obesity. 29, 1259–1266, 2005.
OLIVEIRA, C. L., FISBERG, M. Obesidade na infância e adolescência: uma verdadeira epidemia. Arquivo Brasileiro Endocrinologia Metabologia. vol.47, no.2, p.107-108, apr. 2003.
OMS. Organização Mundial da Saúde <http://www.who.int/en/>__________. <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/> acesso em 26/02/2007__________. Distribuição mundial da prevalência de sobrepeso em mulheres com mais de 30 anos. Disponível em: <http://www.who.int/ncd_surveillance/infobase/web/InfoBasePolicyMaker/reports/Reporter.aspx?id=1> acesso em: 02/05/2007
ORZANO, A. J., SCOTT, J. G. Diagnosisand treatment of obesity in adults: An Applied Evidence-Based Review. Journal of the American Board of Family Pratice (17) 5 sep.-oct. 2004.
RANDOMINSKI, S. C. Obesidade e doenças músculo-esqueléticas. Revista Brasileira de Reumatologia – Vol. 38 – Nº 5 – Set/Out, 1998.
REPETO G., RIZZOLLI J., CASAGRANDE D. Cirurgia Bariatrica: um tratamento cirúrgico ou clínico. A importância da equipe multidisciplinar. Revista ABESO Edição 11Ano III - Nº 11 - Dez/2002. disponível em: <http://www.abeso.org.br/revista/revista11/bariatrica.htm> acesso: 23/02/2007
SABIA, R. V., SANTOS, J. E., RIBEIRO, R. P. P. Efeito da atividade física associada à orientação alimentar em adolescentes obesos: comparação entre o exercício aeróbio e anaeróbio. Revista Brasileira de Medicina do Esporte vol.10 no.5 Niterói: Sept./Oct. 2004.
SANTOS C. F. et al. Efeito de 10 semanas de treinamento com pesos sobre indicadores da composição corporal. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília v. 10 n. 2 p. 79-84, abril 2002.
SCHIEHLL P. E., LOSS J. F. Impacto no Jump Fit. Anais X Congresso Brasileiro de Biomecânica, v. 1, pp. 307-310, 2003.
SCHMIDHUBER, J. PRAKASH, S. Nutrition Transition, Obesity & Noncommunicable diseases: drivers, outlook and concerns. In: Overweight and Obesity: a new nutrition emergency? SCN News. United Nations System. Standing Committee on Nutrition. (29) 2004 – 2005.
SILVA, R.A. S. , OLIVEIRA, H. B. Prevenção de lesões no ciclismo indoor- uma proposta Metodológica Revista Brasileira Ciência e Movimento. Brasília v. 10 n. 4 p. 07-18 outubro 2002.
THOMAS, J.R., NELSON, J. K. Métodos de Pesquisa em Educação Física. Porto Alegre: Atmed, 2002.
VALVERDEM. A. et al. Outcomes of obese children and adolescents enrolled in a multidisciplinary health program. International Journal of Obesity 22, 513 – 519, 27 May 1998.
VANSANT G. et al A Multidisciplinary Approach to the Treatment of Obesity. International Journal of Obesity. 23, s65 - s68, 17 Feb 1999.
WIEKZOREK, S. A. DUARTE, M., AMADIO, A.C. Estudo da Força de Reação do Solo no Movimento Básico de “Step”. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, 11(2):103-15, jul./dez. 1997.
WITTIG, D. S. et al Adaptações da Geometria da Coluna Vertebral na Prática do Jump Fit e do Pular Corda. Revista brasileira de biomecânica, v. 10, p. 11-17, 2005 disponível em: <http://paginas.terra.com.br/saude/wittig/artigoHomePage.pdf> acesso em: 29/03/2007
YANOVSKI, S.Z., YANOVSKI, J. A. Drug Teraphy. New England Journal of Medicine 346 (8) fev, 2002. disponível em: <www.nejm.org> acesso: 13/06/2005.
Faculdade de Educação FísicaCentro de Pós-graduação e Pesquisa
Área: Atividade Física Adaptada e Saúde
Questionário de PesquisaAs questões abaixo referem-se à uma pesquisa para realização de trabalho de conclusão de curso de Pós-graduação. O objetivo da pesquisa é investigar os procedimentos utilizados por profissionais de Educação Física, atuantes em academias, perante o aluno obeso. As informações constantes nesse questionário são confidenciais e serão utilizadas estritamente para fins acadêmicos.
Dados Pessoais:1. Nome:2. CREF:3. Data de nascimento: ____/____/____4. Sexo: F M5. Endereço6. Bairro7. Cidade/Estado8. Fone9. e-mail
Formação:1. Curso de Graduação:□ Educação Física □ Esporte □ Outro. Qual? _________□ Bacharelado □ Licenciatura □ Bacharelado e LicenciaturaNome da Instituição: _________________________________□ Pública □ Privada Ano de conclusão:
2. Curso de Pós-graduaçãoSe realizou mais de um, coloque aquele mais relevante para sua atuação profissional.□ Especialização (Lato senso) □ Mestrado (Stricto Senso) □ Doutorado (Stricto Senso)Nome da Instituição:□ Pública □ Privada
Qual a área? Ano de conclusão:
Área de Atuação:1. Quantos alunos freqüentam a academia aproximadamente□ Até 500 alunos □ De 501 a 1000 alunos □ De 1001 a 2000 alunos □ Mais de 2000 alunos
2. Qual área você atua?□ Musculação □ Ginástica □ Musculação e Ginástica
49
Questões:
1. Qual (is) o(s) critério(s) que você utilizaria para identificar um aluno obeso?
2. Qual (is) profissional(is) abaixo você aconselharia seu aluno obeso a procurar?(Considere que o profissional de Ed. Física é você!)
□ Médico endocrinologista □ Médico cardiologista □ Médico gastroenterologista □ Médico de outra especialidade Qual? _________ □ Nutricionista □ Esteticista □ Cirurgião Plástico □ Psicólogo □ Fisioterapeuta □ Outro profissional Qual?_____□ Nenhum dos profissionais anteriores, apenas o professor de Educação Física é suficiente para orientá-lo.
3. Que tipo de atividade física/exercícios você recomendaria para um aluno obeso?
4. Imagine que na academia onde você trabalha são oferecidas as atividades abaixo. Qual(is) você indicaria para um obeso, que não tenha restrição médica? (assinale quantas quiser)
□ Musculação □ Esteira □ Bicicleta □ Elíptico (Transport) □ Aula de Step □ Aula de Jump □ Aula de Abdominais □ Aula de alongamento □ Aula de Aerodance □ Aula de Pump □ Aula de Aerolutas □ Aula de Localizada □ Aula de Bike Indoor (Spinning) □ Aula de CFT (circuito) 5. Porque escolheu a(s) atividade(s) da questão anterior (nº 4)?
6. Na sua opinião o que é mais importante na escolha da atividade física/exercício para o aluno obeso?
□ Priorizar a utilização de gordura como substrato energético □ Gasto energético total