22/08/2015 Ascensão e Queda das Grandes Potências | Cidadania & Cultura https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2010/03/20/ascensaoequedadasgrandespotencias/ 1/24 Contad or de Visitas desde 22/01/2 010 3,843,680 hits Álbum de Fotos Blog do Fernan do Cidadania & Cultura Cidadania (Economia, Política, Sociedade e Comportamentos) & Cultura (Arte, Cinema, Livros, Música, Futebol, Humor e Internet) Início Cursos Dicas e Serviços Estatísticas Favoritos Indicadores Livro “Brasil dos Bancos” Perguntas mais Frequentes Posts Preferidos Sobre Temas do Blog Ascensão e Queda das Grandes Po tências Posted on 20/03/2010 by Fernando Nogueira da Costa O livro de Paul Keynnedy, Ascensão e Queda das Grandes Potências: Transformação Econômica e Conflito Militar de 1500 a 2000 (Rio de Janeiro, Editora Campus, 1989. 675 páginas), tornouse clássico da geopolítica, desde sua publicação, há duas décadas. No fim dos anos 80, depois do crash do mercado de ações, em 1987, quando havia preocupação contínua com os déficits fiscais e em conta corrente dos Estados Unidos, antes da queda do Muro de Berlim, em 1989, Keynnedy chocou o mundo com sua afirmação de que “a única resposta à questão cada vez mais discutida da capacidade dos EUA de preservar ou não sua atual posição é ‘não’”. O país havia se tornado devedor internacional pela primeira Belo Horizo
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Ascensão e Queda Das Grandes Potências _ Cidadania & Cultura
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22/08/2015 Ascensão e Queda das Grandes Potências | Cidadania & Cultura
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Ascensão eQueda das Grandes PotênciasPosted on 20/03/2010 by Fernando Nogueira da Costa
O livro de Paul Keynnedy, Ascensão eQueda das Grandes Potências:Transformação Econômica e ConflitoMilitar de 1500 a 2000 (Rio de Janeiro,Editora Campus, 1989. 675 páginas),tornouse clássico da geopolítica, desdesua publicação, há duas décadas. No
fim dos anos 80, depois do crash do mercado deações, em 1987, quando havia preocupação contínuacom os déficits fiscais e em conta corrente dosEstados Unidos, antes da queda do Muro de Berlim,em 1989, Keynnedy chocou o mundo com suaafirmação de que “a única resposta à questão cadavez mais discutida da capacidade dos EUA depreservar ou não sua atual posição é ‘não’”. O paíshavia se tornado devedor internacional pela primeira
vez e dependia crescentemente da entrada de capitaleuropeu e japonês. O Japão estava em ascensão. Osentimento de decadência chegou perto da histeria nosEUA quando empresas japonesas compraram ativossimbólicos da antiga pujança do capitalismo norteamericano. À primeira vista, a tese do professor inglêsda Yale University parecia certa.
A tese, resumidamente, dizia que a força relativa dasprincipais nações no cenário mundial nuncapermanece constante, principalmente em virtude,primeiro, da taxa de crescimento desigual entre asdiferentes sociedades e, segundo, das inovaçõestecnológicas e organizacionais que proporcionam àdeterminada sociedade maior vantagem do que aoutra. Quando sua capacidade produtiva aumentava,os países tinham, normalmente, maior facilidade dearcar com os ônus dos armamentos em grande escala,em tempo de paz, e manter e abastecer grandesexércitos e armadas durante a guerra.
A riqueza é, geralmente, necessária ao poderio militar.Este, por sua vez, é, geralmente, necessário àaquisição e proteção da riqueza. Se, porém, proporçãodemasiado grande dos recursos do país é desviada dacriação de riqueza e atribuída a fins militares, tornaseentão provável que isso leve ao enfraquecimento dopoderio nacional, em longo prazo.
Da mesma maneira, se o país excedeestrategicamente, por exemplo, pela conquista deterritórios extensos ou em guerras onerosas, corre orisco de ver as vantagens potenciais da expansãoexterna superadas pelas grandes despesas exigidas.Este dilema se torna agudo se o país em questão tiverentrado em período de declínio econômico relativo. Ahistória da ascensão e queda dos países líderes do
sistema de grandes potências, desde o avanço daEuropa ocidental no século XVI, isto é, de naçõescomo Espanha, Holanda, França, Império Britânico e,atualmente, Estados Unidos, mostra correlação muitosignificativa, em prazo mais longo, entre suacapacidade de produzir e gerar receitas, de um lado, ea força militar, do outro.
Examinando os registros históricos da “ascensão equeda das grandes potências”, no decorrer dos últimos500 anos, Kennedy chegou a algumas conclusões devalidade geral, embora reconhecendo, obviamente, apossibilidade de exceções individuais. Há, porexemplo, relação causal concreta entre as variaçõesocorridas ao longo do tempo nos equilíbrios geraiseconômicos e produtivos e a posição ocupada pelaspotências individuais no sistema internacional. Asmudanças econômicas pronunciadas anunciavam aascensão de novas grandes potências que algum diateriam certo impacto decisivo na ordem militar outerritorial.
Igualmente, a história sugere a existência de ligaçãomuito clara, em longo prazo, entre a ascensão e quedaeconômicas de grande potência militar ou impériomundial. Isso flui de dois fatos correlatos. O primeiro éque os recursos econômicos são necessários paraapoiar a estrutura militar em grande escala. O segundoé que, no que concerne ao sistema internacional, tantoa riqueza como o poder são sempre relativos, e comotal devem ser vistos. Se alguma nação é atualmentepoderosa e rica, não depende, absolutamente, daabundância ou segurança de seu poder e riqueza, masprincipalmente de terem os seus rivais menos dessepoder e riqueza.
Isso não significa, porém, que o poder econômico e
militar relativo de alguma nação subirá ou decairáparalelamente ao de outra. Há claro intervalo temporalentre a trajetória da força econômica relativa dedeterminado Estado e a trajetória de sua influênciamilitar ou territorial. A potência em expansãoeconômica bem pode preferir ser mais rica do queinvestir, pesadamente, em armas. Meio século depois,as prioridades podem terse modificado. A expansãoeconômica trouxe consigo obrigações alémmargem,isto é, dependência de mercados e matérias primasestrangeiros, alianças militares, talvez bases ecolônias. Outras potências rivais estão entãoexpandindose em ritmo mais rápido. Logo, querem,por sua vez, estender sua influência ao exterior. Omundo tornase espaço mais disputado, competindose arduamente por fatias de mercado.
Nessas circunstâncias perturbadas, a grande potênciapode verse gastando mais com a defesa do queantes. O mundo se tornou mais hostil simplesmenteporque outras potências cresceram mais depressa ese estão tornando mais fortes. A grande potência emdeclínio relativo reage, instintivamente, gastando aindamais com a “segurança”e, com isso, afastando do“investimento produtivo” recursos potenciais. Agravaainda mais seu dilema em longo prazo.
Kennedy faz tais generalizações, porém, sem cair naarmadilha do determinismo econômico. Ele não estáargumentando que a economia determina todos osfatos, ou constitui a única razão do sucesso oufracasso das nações. Simplesmente, há provasdemais, indicando outros elementos: geografia,organização militar, moral nacional, sistema dealianças e muitos outros fatores que podem afetar opoder relativo dos membros dos sistemas de Estado.O que lhe parece incontestável, porém, é que, em
longa e arrastada guerra de grandes potências,geralmente, em coalizão, a vitória coube repetidasvezes ao lado com base produtiva mais florescente. Aposição de poder de nações importantes acompanhoude perto sua posição econômica relativa nos últimoscinco séculos. Isso não é negar que “os homens fazema sua própria história”, mas a fazem dentro decircunstância históricas que podem limitar, assim comoampliar, as possibilidades.
Evidentemente, ao examinar as “perspectivas”de cadauma das grandes potências, hoje, é a tentação deafastarse do ofício de historiador para se aproximar domundo incerto da especulação sobre o futuro. Mas osanalistas da imprensa não se furtam a essa futurologia.Afirmam que, com a China, a Índia e os outrosmercados emergentes alcançando o mundodesenvolvido, os Estados Unidos deverão sofrerdeclínio econômico relativo, na forma de produziremparcela menor do PIB mundial, mesmo com o paíscrescendo mais do que a maioria das grandeseconomias desenvolvidas e ainda sendo a maioreconomia do mundo em termos absolutos.
A globalização e a liberalização doméstica estão dandoa esses países em desenvolvimento a chance de obterparticipação no PIB mundial proporcional ao seutamanho na história. O desempenho econômico daChina, entre 1820 e 1978, era, afinal de contas,exceção, se visto a partir da perspectiva de séculos.Esse “hiato na história” estaria sendo corrigido, pois,pela previsão do Goldman Sachs, a China terá, em2050, superado os Estados Unidos, com PIB de US$45 trilhões, contra os US$ 35 trilhões dos EUA.
Em estudo sobre as maiores economias, AngusMaddison, da Universidade de Groningen, em
“Chinese Economic Performance In The Long Run”,calcula que a participação da China no PIB mundial,em 1820, antes de a Revolução Industrial na Europase expandir, era de mais de 30%, o que é bem maiordo que a participação atual dos EUA. Assim, de acordocom essa visão de longa onda histórica, a China estásimplesmente retornando a posto já alcançado nopassado.
A China, embora vista por muitos como a principalbeneficiária da potencial exaustão dos EUA, já passoupor experiência própria de declínio. Até a metade domilênio anterior, ela era tecnologicamente maisavançada que a Europa, com agricultura maiseficiente, e a classe dos mandarins não tinha rivais emseu profissionalismo. Mesmo depois que o Ocidente asuperou, econômica e tecnologicamente, entre osséculos XVI e XVIII, a economia da China ainda era amaior do mundo, quando a revolução industrial inglesacomeçou.
No entanto, entre 1820 e 1952, quando a Europaexperimentou taxas de crescimento econômico semprecedentes na história, a produtividade per capita daChina caiu, enquanto sua participação no PIB mundialdespencou de um terço para um vigésimo. A renda percapital caiu de nível igual ao mundial, para um quartoda média mundial, no período, de acordo com AngusMaddison. Esse desempenho declinante tem sidoatribuído a várias causas, incluindo a intervençãocolonial estrangeira, os distúrbios internos e ainflexibilidade da burocracia diante dos desafiosapresentados pelo renascimento do Ocidente.
Quando a “tese” de Kennedy foi publicada, para muitosanalistas da geopolítica mundial, ela parecia errada aosugerir que os EUA talvez tivessem ampliado demais o
seu império, ao ponto de não conseguirem maisadministrálo, como aconteceu com a Espanha noséculo XVII e o Reino Unido no século XX. Narealidade, quem primeiro demonstrou incapacidade deadministração, na década de 80, foi a União Soviética,que entrou em colapso, enquanto os EUA foram bemsucedidos, logo depois, no restabelecimento de seuequilíbrio orçamentário, durante o governo Clinton,sem haver recuo substancial em seus compromissosinternacionais. A partir de 2001, o governo Bush põetudo a perder na área fiscal, com crescentes gastosbélicos.
Em paralelo, o desafio econômico japonês perdeu opasso com o estouro das bolhas imobiliária eacionária, e o país se viu ameaçado pela deflação. Opânico da mídia americana com a invasão japonesa semostrou vazio.
A questão em debate agora, nessa imprensa, é se atese da incapacidade de administração do Impérioestava errada ou era simplesmente prematura. Preveros períodos de ascensão e queda de nações eeconomias é futurologia notoriamente difícil. O livro dePaul Kennedy, “The Rise And Fall Of The GreatPowers”, preencheu lacuna crítica na história daascensão e queda das grande potências com raraerudição e profundidade. As deduções do futuro dosEstados Unidos, realizadas a partir de sua leitura porcríticos de lá, espelham mais a mania norteamericanada decadência. Os norteamericanos estão curtindo adecadência sem elegância.