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Desafios do trabalho escolar: um estudo de caso
Leandro Gaburro Cassaro1
Marcelo de Souza Marques2
Mariangela Lima de Almeida3
Valdinei Jos dos Santos Filho4
Resumo: Inserindo-nos no debate acerca dos desafios do trabalho
escolar,
temos por objetivo refletir sobre o tema a partir de uma
perspectiva democrtica no desenvolvimento de aes conjuntas,
envolvendo pedagogos, professores, comunidade e direo escolar,
sobretudo no que diz respeito ao Projeto Poltico
Pedaggico (PPP). Com isso em mente, realizamos um estudo de caso
numa escola estadual de ensino fundamental e mdio da rede pblica de
ensino,
localizada no municpio de Vila Velha, Esprito Santo. O estudo
apontou para a necessidade do trabalho escolar se constituir
coletiva e democraticamente no dia a dia da escola na busca de uma
nova perspectiva de escola e de ensino.
Palavras-chave: Sociologia da Educao; Trabalho Escolar;
Participao; Ensino
em Multinveis.
Abstract: Inserting ourselves in the debate about the challenges
of school work, we aim to reflect on the theme from a democratic
perspective in the
development of joint actions involving educators, teachers,
community and school administration, particularly regarding to the
Political Pedagogical Project
(PPP). With that in mind, we conducted a case study in a public
elementary and middle classes school, located in the municipality
of Vila Velha, Esprito Santo. The study pointed to the need of
school work to constitute the everyday
collectively and democratically in a search for a new
perspective on school and the education.
Keywords: Sociology of Education; School Work; Participation;
Teaching Multilevel.
1 Graduando em Cincias Sociais pela Universidade do Esprito
Santo (UFES). E-mail:
[email protected] 2 Graduando em Cincias Sociais pela
Universidade do Esprito Santo (UFES). E-mail:
[email protected] 3 Professora Adjunta II do
Departamento de Educao, Poltica e Sociedade do Centro de
Educao da Universidade Federal do Esprito Santo (UFES):
[email protected] 4 Graduando em Cincias Sociais pela
Universidade do Esprito Santo (UFES). E-mail:
[email protected]
mailto:[email protected]
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Introduo
Tudo que no se regenera est condenado.
Edgar Morin
Os desafios do trabalho escolar tm sido cada vez maiores na
contemporaneidade. No se trata apenas de possibilitar aos alunos
o
conhecimento da cincia e da tecnologia, mas tambm possibilitar
que
estes desenvolvam as habilidades para oper-los, rev-los,
transform-
los e redirecion-los em sociedade e as atitudes sociais
cooperao,
solidariedade, tica (Pimenta, 1993, p.79. Grifo da autora).
Nessa perspectiva, a Escola deixa de ser analisada como um
aparelho
determinadamente a servio da ideologia dominante e passa a
ser
percebida como um espao de possibilidades, podendo contribuir
para o
processo de humanizao do aluno-cidado consciente de si no
mundo,
capaz de ler e interpretar o mundo no qual est e nele
insere-se
criticamente para transform-lo (Pimenta, 1993, p.80).
Desafios complexos que necessitam mudanas da e na educao,
exigindo
tanto dos sistemas de ensino quanto das escolas um novo modelo
de
organizao, em que as escolas se percebam e sejam percebidas
enquanto partcipes da realidade social: esse novo precisa ser
construdo
a partir do j existente, pelos atores da Educao os
profissionais, os
alunos, as famlias (Pimenta, 1993, p.79).
Este novo modelo de organizao ao qual a autora se refere
pauta-se em
alguns princpios norteadores j consagrados no campo da
Educao,
como o Projeto Poltico-Pedaggico (PPP), o trabalho coletivo e
o
conhecimento da cincia pedaggica.
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Inserindo-nos no debate acerca dos desafios do trabalho escolar,
temos
por objetivo refletir sobre o tema a partir de uma perspectiva
democrtica
no desenvolvimento de aes conjuntas, envolvendo pedagogos,
professores, comunidade e direo escolar, sobretudo no que diz
respeito
ao Projeto Poltico Pedaggico (PPP).
Para isso, partimos de um estudo de caso. Nosso locus de
observao foi
uma escola estadual de ensino fundamental e mdio, localizada
no
municpio de Vila Velha, Esprito Santo. Trata-se de uma
escola
considerada de referncia da rede pblica de ensino no
referido
municpio. A escolha da escola se justifica pela possibilidade de
se analisar
os limites e as possibilidades do trabalho escolar conjunto em
um caso
que, a princpio, destaca-se na regio.
Para tanto, realizamos visitas escola, lanando mo da
observao
direta e de entrevistas com a pedagoga e com dois professores.
As visitas
foram realizadas no ms de julho de 2013. Tendo em vista as
especificidades deste estudo, optamos pelo emprego das tcnicas
de
entrevista guiada in locus (Richardson, 2010). O fato das
entrevistas
guiadas serem compostas por perguntas pr-estabelecidas e, por
isso,
basear-se em certo conhecimento prvio acerca do objeto por parte
do
pesquisador, permite o melhor uso do tempo empregado
entrevista.
A opo por esta ferramenta de pesquisa se justifica pelo contexto
de
pesquisa de campo deste trabalho realizado no ambiente escolar,
por
estudantes do curso de licenciatura, durante dias comuns de
aula,
exigindo a otimizao do tempo de entrevista em meio ao
cotidiano
escolar. Por fim, vale ressaltar que as entrevistas com os
profissionais
contatados foram realizadas separadamente. Nosso objetivo foi
ouvir e
traar paralelos das respostas s perguntas que se repetiram para
ambos
os profissionais.
Para melhor exposio, o artigo ser apresentado em duas sees.
Na
primeira seo do artigo, medida que refletirmos sobre alguns
pontos
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concernentes poltica educacional a partir das diretrizes gerais
para as
polticas pblicas no Esprito Santo, sistematizadas no Plano
de
Desenvolvimento Esprito Santo 2025 conhecido como ES-2025
destacaremos as possibilidades e os limites normativos da
construo de
uma nova perspectiva de escola, como pretendida pelo Novo
Currculo da
Escola Estadual no Estado. Na segunda seo, dissertaremos acerca
do
trabalho escolar no estudo de caso em questo, tomando como
base
algumas discusses do campo de conhecimento da Educao. Ao fim
deste, apresentaremos nossas consideraes acerca dos caminhos
possveis para uma maior eficincia da participao no
desenvolvimento
de aes conjuntas no trabalho escolar, envolvendo pedagogos,
professores, comunidade e direo.
Possibilidades e Limites para uma Nova Perspectiva de Escola
Entender a concepo de escola, inscrita no Currculo Bsico
Estadual,
fundamental para comearmos a discutir sobre o processo de
construo
do ensino nas escolas pblicas no Esprito Santo.
Segundo o site da Secretaria de Educao do Governo do Estado
(SEDU)5,
o Currculo da Educao Bsica no Esprito Santo tem como base as
orientaes nacionais presentes nos Parmetros Curriculares
Nacionais
(PCN) para o Ensino Fundamental e nas Orientaes Curriculares
para o
Ensino Mdio. No Esprito Santo, como destaca o prprio Guia de
Implementao para o Novo Currculo (Esprito Santo, 2009), todas
as
diretrizes estratgicas do Estado se baseiam no ES-2025,
inclusive a
poltica educacional.
Ao analisarem os eixos estratgicos do ES-2025, como norteadores
de
planos de polticas pblicas no Esprito Santo, Borges e Marques
(2013)
argumentam que se trata de um plano desenvolvimentista, que
busca
5 Disponvel em http://www.educacao.es.gov.br/default.asp
http://www.educacao.es.gov.br/default.asp
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inserir o estado na perspectiva hegemnica orientada por
preceitos
neoliberias que, em ltima instncia, tendem a focar o
desenvolvimento
econmico.
Seguindo os apontamentos dos autores citados, buscamos
apresentar as
principais metas desse plano. Metas que esto presentes em
diferentes
aes do Governo do Estado: A) Desenvolvimento do capital humano;
B)
Erradicao da pobreza e reduo das desigualdades; C) Reduo da
violncia e da criminalidade; D) Interiorizao do desenvolvimento;
E)
Desenvolvimento da rede de cidades; F) Recuperao e conservao
de
recursos naturais; G) Agregao de valor produo, adensamento
das
cadeias produtivas e diversificao econmica; H) Desenvolvimento
da
logstica; I) Capital social e qualidade das instituies
capixabas; J)
Fortalecimento da identidade capixaba e imagem do Estado e K)
Insero
estratgica regional. So sobre esses eixos que as iniciativas do
Estado
devem ser executas, inseridas em um ou mais desses onze eixos
(Esprito
Santo [ES-2025], 2006).
Como destaca o Currculo Bsico Estadual (Esprito Santo, 2009, p.
14), o
ES-2025, plano que apresenta diretrizes estratgicas de longo
prazo,
prope a organizao da gesto pblica, valorizando a educao como
patrimnio por um desenvolvimento sustentvel. Podemos inferir de
tal
afirmao que a Educao est inscrita no eixo A do ES-2025,
referente
ao desenvolvimento do capital humano.
Essa ideia est diretamente relacionada lgica de
desenvolvimento
socioeconmico e social sustentada pelo neoliberalismo, em que o
Estado
e o Capital ofertam aos cidados as possibilidades para sua
capacitao e de desenvolvimento profissional, ficando a estes
a
responsabilidade por se prepararem para o mercado de
trabalho.
Esse fato encontra-se presente na paradoxa defesa de uma
nova
perspectiva de escola estadual, presente no Guia de Implementao
do
Novo Currculo (Esprito Santo, 2009). Perspectiva esta que sugere
pensar
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para alm da concorrncia para o ingresso no Ensino Superior e
cujo
processo de ensino rompa com a antiquada aprendizagem mecnica e
de
memorizao dos contedos. Nesse sentido, esta nova perspectiva
de
escola para o Esprito Santo:
[] pressupe um novo olhar sobre o cotidiano, sobre o aluno e
suas necessidades. Pressupe mudana de postura, de
deslocamento do lugar do saber para o lugar do
saber-aprender,
de valorizar a permanente atualizao, a construo de sujeitos
coletivos, politicamente envolvidos e comprometidos com a
formao de um cidado (). Tendo sempre como foco a
promoo da aprendizagem, a Sedu estabelece como prioridade: a
valorizao do planejamento e a inovao da gesto; o
desenvolvimento das pessoas; a oferta e eficincia de
infraestrutura e suporte; a efetivao de parcerias com a
sociedade; a construo de um sistema de avaliao das escolas,
gestores, tcnicos e professores; a criao de um eficiente
sistema
de comunicao interna; e a valorizao de inovaes pedaggicas
(). Essas diversas aes, conectadas umas s outras, tendo
sempre como valores o respeito ao ser humano, a igualdade de
oportunidades, o comprometimento com resultados, a atitude
tica, a transparncia, o compromisso com o desenvolvimento
do Esprito Santo e a valorizao da identidade capixaba, com
certeza possibilitaro no somente a melhoria de nossa rede de
ensino, mas a concretizao de uma nova escola no Esprito
Santo,
preparada para enfrentar os desafios e impasses presentes em
nosso mundo contemporneo (ESPRITO SANTO, 2009, p.14. Grifo
nosso).
O paradoxo est nos resultados esperados (destacados na citao
anterior) e no fato de que, como destaca o prprio Currculo
Bsico, a
poltica pblica educacional no Esprito Santo, como as demais
polticas
pblicas, estarem inscritas no ES-2025, que, como argumentam
Borges e
Marques (2013), baseia-se em lgicas desenvolvimentistas
neoliberais,
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como a formao de mo de obra para o mercado e o compromisso com
o
desenvolvimento economicista.
Levantamos aqui uma questo acerca da proposta de uma nova
perspectiva de escola almejada pelo Guia de Implementao do
Novo
Currculo: visto sua insero num panorama geral de polticas
pblicas
estaduais, que tende a valorizar, em ltima instncia, o
desenvolvimento
econmico, quais so os limites dessa nova perspectiva de
escola?
As primeiras linhas do ES 2025 podem ser um indicativo. O
plano:
[...] aponta para um novo ciclo de desenvolvimento do
Esprito Santo, baseado na integrao competitiva, em nvel
nacional e internacional, de uma economia capixaba diversificada
e
de maior valor agregado, sustentada pelo capital humano,
social e institucional de alta qualidade (). Tambm vamos
universalizar o ensino bsico, expandir os ensinos mdio,
superior
e profissional, potencializando o sistema educacional capixaba.
A
meta para o Esprito Santo alcanar em 2025 uma escolaridade
de 12 anos. Escolaridade equivalente da populao adulta da
Finlndia ou da mdia dos pases desenvolvidos nos dias de
hoje.
Vamos promover uma eficaz e massiva atrao de investimentos
produtivos. A economia capixaba aumentar sua insero
competitiva no mercado nacional e internacional, ancorada em
uma agricultura de valor agregado; em um setor tercirio
avanado; na cadeia produtiva do petrleo e gs; em um conjunto
de arranjos produtivos locais e nos grandes empreendimentos
industriais competitivos em escala planetria. O PIB per capita
dos
capixabas em 2025 dever alcanar US$ 20.500, pouco superior
ao da Coria do Sul dos dias de hoje (ESPRITO SANTO 2025,
2006, p. 6. Grifo nosso).
Diante deste cenrio, percebemos que o grande desafio
estrutura
escolar que almeje uma educao democrtica e emancipatria em
face
aos preceitos neoliberais presentes nas diretrizes gerais das
polticas
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pblicas no Esprito Santo buscar alternativas a este cenrio um
tanto
quanto desanimador. Uma boa alternativa, como destaca Veiga
(2008),
pode estar nos PPPs, apresentando-se como possibilidades de
construo
de uma nova perspectiva de escola e de educao, que vise a
superao
contra-senso atual.
Essa possibilidade est inscrita na autonomia relativa das
escolas na
formulao dos PPPs, garantindo-lhe uma identidade prpria, que
deve se
relacionar comunidade a qual pertence. Consideramos a autonomia
das
Escolas relativa porque esta, assim como outras instituies
pblicas, est
sob uma perspectiva macro de polticas pblicas. No caso do
Esprito
Santo, o ES-2025. Todavia, considerando seu grau de autonomia, o
PPP
pode resgatar a escola como espao pblico, lugar de debate, do
dilogo,
fundado na reflexo coletiva (Veiga, 2008, p.14).
Dizer que necessria a construo coletiva de Projetos Polticos
Pedaggicos (PPP) que apresentem a possibilidade da criao de
uma
nova perspectiva de escola e de educao, no o mesmo que dizer
que
tal esforo no exista, mesmo que normativamente, nas diretrizes
do
Novo Currculo Bsico para Educao no Esprito Santo.
Na seo Roteiro bsico para proposio do PPP que se articule com
o
novo currculo, do Guia de Implementao do Novo Currculo
(Esprito
Santo, 2009), so apresentados os caminhos para a construo
coletiva
de PPPs, indicando que:
As reflexes acerca da prtica pedaggica procuram evidenciar
que
no basta que a escola tenha profissionais com conhecimento
em
sua rea de atuao. preciso que esses conhecimentos estejam
inseridos criticamente na realidade socioeconmica e poltica
de
nossa sociedade. Devem estar articulados a uma prtica
comprometida com o direito de aprender de todos e de cada um
(ESPRITO SANTO, 2009, p.33).
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Ademais, lista uma srie de itens do PPP (Esprito Santo, 2009,
p.33-34)
que so fundamentais para se pensar em uma ao educativa que
considere as especificidades dos alunos, o contexto social, a
participao
do alunato nas aes das escolas, dentre outros.
Alm da proposta pedaggica da escola, o planejamento escolar e
a
formao dos profissionais, que envolve formao continuada e a
percepo poltica, social e cultural dos atores sociais envolvidos
na
educao, podem fazer a diferena na busca de um novo cenrio para
a
educao.
Nesse sentido, a escola deixa de ser caracterizada como um
espao
estruturado a servio da ideologia do Capital e passa a ser vista
como um
possvel espao aberto de lutas discursivas por mudana social,
como
defendido pela Teoria Crtica da Educao (Saviani, 1984).
Comungamos com o pensamento de Saviani, entre outros pontos, no
que
se refere ao ato de produzir intencionalmente o indivduo na
coletividade,
uma vez que a educao parte de um processo imaterial que traz
concepes e valores, e como tal, uma prtica mediadora do
ambiente
social. Sendo assim, acreditamos que a escola tem papel
fundamental no
sentido de introduzir ao aluno disciplinas de forma a propiciar
um saber
conjunto, construdo de maneira menos vertical, garantindo que
uma
relao se estabelea entre o professor e o aluno, para que o
mesmo
assimile de maneira efetiva o conhecimento e o leve para alm
do
ambiente escolar.
Acreditamos que tal catarse d-se de maneira individual e
tambm
coletiva, uma vez que o mtodo venha a admitir a insero de
elementos
por parte dos alunos, havendo uma problematizao do prprio
ensino,
sendo o mesmo reconhecido como prtica social, no como um fardo
ou
momento transitrio.
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Nesta perspectiva, que permite deslocarmos de certo
pessimismo
sentimental (SAHLINS, 1997) em relao s possibilidades de
mudana,
podemos afirmar que os limites e as possibilidades para uma
nova
perspectiva de escola, como pretendido pelo Guia de Implementao
do
Novo Currculo (Esprito Santo, 2009), so to limitadas quanto
possveis.
Isso porque por um lado o discurso hegemnico neoliberal presente
nas
diretrizes gerais para as polticas pblicas no Esprito Santo
apresenta-se
como um grande desafio a ser superado em prol do desenvolvimento
de
uma escola democrtica e emancipatria. Por outro, os Projetos
Poltico-
Pedaggicos bem como o esforo do trabalho coletivo envolvendo
profissionais, alunos e sociedade, podem se apresentar como uma
fora
no sentido de buscar alternativas ao atual quadro local de
formulao de
polticas pblicas voltadas educao. Ou seja, a Escola tambm um
espao de luta e qualquer mudana sensvel no sentido do
processo
educacional depender de articulaes das foras polticas em cena
de
forma contrria hegemonia constituda.
Desta forma, uma vez que coletivos dos mais diversos obtenham
a
conscincia necessria e apliquem suas foras em conjunto,
acreditamos
que a Escola enquanto uma dimenso dos espaos de luta na
sociedade
possa ser um espao de contra-reproduo da dominao social que
tende a ser perpetuada no prprio ambiente educacional
(BOURDIEU;
PASSERON, 1975).
Estudo de Caso: Conhecendo o Trabalho Escolar
A elaborao do PPP, entendido como a prpria organizao do
trabalho
pedaggico da escola como um todo (Veiga, 2008, p.11), uma
funo
que compete escola, como consta no artigo 12, inciso I, da Lei
de
Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei 9394/94) que prev
tanto
a participao dos profissionais da educao do projeto pedaggico
da
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escola (artigo 14, inciso I), quanto participao da comunidade
(inciso
II).
No se trata apenas de uma legislao que determina s escolas a
elaborao de uma proposta pedaggica, tampouco de uma forma
para
atender s necessidades de sua clientela (Andr, 2001). Ao delegar
tal
funo s escolas, evidencia a fundamental importncia da
administrao
escolar refletir sobre sua intencionalidade junto ao alunato
e
comunidade da qual faz parte, bem como diz respeito aos
instrumentos
terico-metodolgicos da organizao escolar.
Por isso, exige profunda reflexo quanto s finalidades da escola,
seu
papel social e os caminhos pelos quais trilhar para
operacionalizar suas
aes, e como envolver todos os responsveis no processo
educativo.
Para Veiga (1998),
Seu processo de construo aglutinar crenas, convices,
conhecimentos da comunidade escolar, do contexto social e
cientfico, constituindo-se em compromisso poltico e
pedaggico
coletivo. Ele precisa ser concebido com bases nas diferenas
existentes entre seus autores, sejam eles professores,
equipe
tcnico-administrativa, pais, alunos, e representantes da
comunidade local. , portanto, fruto de reflexo e investigao
(VEIGA, 1998. p.9).
Todo projeto pedaggico, portanto, um projeto poltico, pois se
encontra
articulado ao compromisso sociopoltico com os interesses reais
e
coletivos da populao majoritria. poltico no sentido de
compromisso
com a formao do cidado para um tipo de sociedade (Veiga,
2008,
p.13). Percebe-se, assim, a importncia dos PPPs na organizao
do
trabalho escolar.
Segundo a pedagoga entrevistada, desde 2010 a escola visitada
possui
PPP; seguindo a determinao da SEDU. Elaborado a partir do
Roteiro
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bsico para proposio do PPP, do Guia de Implementao do Novo
Currculo (Esprito Santo, 2009), o PPP da escola reavaliado
anualmente
pela coordenao escolar, com o acompanhamento da direo:
A escola possui sim um projeto pedaggico desde 2010, foi um
projeto institudo pela SEDU de carter obrigatrio para toda a
rede Estadual de ensino Esse PPP reavaliado todos os anos
pela
coordenao como um todo, com o acompanhamento da diretora
escolar (Entrevista com a pedagoga abordada).6
Essas reavaliaes anuais como apontam Pimenta (1993) e Veiga
(1998;
2008), so um ponto positivo, pois permitem melhor contextualizao
e
adequao dos instrumentos terico-metodolgicos ao processo de
transformao social.
J no que se refere participao dos professores e da
comunidade
escolar, esta se limita Jornada Pedaggica Poltica (JPP) e ao
planejamento escolar, que feito a partir do PPP. Ou seja, a
elaborao
do PPP em si no a partir de um trabalho coletivo envolvendo
todos os
sujeitos sociais no processo educacional, isto , professores,
alunos,
direo escolar e comunidade, apenas sua execuo o .
A no-participao na elaborao ou avaliao do PPP, ou a
participao
no efetiva (isto , participao que no chega aos nveis de
deciso
poltica da escola, expressos no PPP), impacta negativamente
na
construo coletiva e democrtica sobre as finalidades da escola
e,
conseqentemente, na definio dos caminhos, formas operacionais
e
aes a serem empreendidas por todos os envolvidos com o
processo
educativo elementos destacados por Veiga (1998; 2008) como
fundamentais ao PPP.
6 Entrevista cedida em 11 de julho de 2013.
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Outro ponto positivo da escola visitada o atendimento individual
e
coletivo (por reas de conhecimento) aos professores por parte
da
coordenao pedaggica. Trata-se de um importante aspecto do
trabalho
coletivo destacado por Pimenta (1993) para a organizao do
trabalho
Escolar.
O atendimento individual ao professor ocorre somente
mediante
solicitao prvia por parte do mesmo:
H um planejamento coletivo? Sim h, se resume a equipe
pedaggica onde a diretora tambm membro efetivo durante
esse planejamento. O planejamento com o professor, por sua
vez,
no feito de forma individual. Porm, se houver uma
necessidade
de um atendimento individual, isso tratado com a devida
ateno, ou seja, o professor que sentir necessidade desse
atendimento sim ouvido pelo pedagogo (Entrevista com a
pedagoga abordada).7
Ainda segundo a pedagoga, essa metodologia visa melhor utilizao
do
tempo e, quando necessrio, o atendimento personalizado
realizado
como forma para se discutir a fundo as problemticas apresentadas
pelo
professor requisitante.
O ensino realizado de forma coletiva, onde so reunidos o
pedagogo e as demais matrias da rea (Humanas). O contedo
orientado pela SEDU, em parceria com a escola. Durante as
reunies realizadas entre as reas so analisadas as
possibilidades
de juno de contedos semelhantes que poderiam ser utilizadas
entre professores de matrias diferentes Dificuldades? As
dificuldades surgem, mas no com frequncia, mas quando essas
surgem so resolvidas de forma coletiva ou individualmente com
o
7 Entrevista cedida em 11 de julho de 2013.
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pedagogo que faz toda a orientao necessria para super-las
(Entrevista com o professor de Histria)8.
[] os contedos da matria de sociologia so pensados juntos
com outras disciplinas para que no seja visto como um esforo
nico e exclusivo da mesma. A escola, assim como alguns
professores e tambm parte da direo pedaggica, se preocupa
com a insero da comunidade no ambiente escola atravs de
oficinas ministradas durante os fins de semana (Entrevista com
o
professor de Sociologia).9
Como destacado pelos professores entrevistados e pela pedagoga,
os
temas tratados coletivamente geralmente so temas relacionados
ao
ambiente de sala de aula que, muitas das vezes, ultrapassam
a
especializao do professor. Assim, medida que temas
transversais
surgem no contexto de sala de aula (como o bullying, ressaltado
pela
pedagoga), os professores buscam desenvolver temticas criativas
para o
debate, sempre em parceria com a coordenao escolar.
A contextualizao das demandas e o trabalho realizado em parceria
entre
os professores e a coordenao escolar sobre os temas surgidos
no
contexto de sala de aula temas estes presentes no mundo vivido
dos
alunos e que tendem a serem reproduzidos no ambiente escolar,
como os
preconceitos, as violncias, dentre outros so mais pontos
positivos na
escola visitada.
Trata-se de uma proposta pedaggica baseada na educao
dialogada
de Paulo Freire (2010). Essa proposta pedaggica se baseia na
vivncia
dos sujeitos da educao, isto , do educando e do educador, no ato
de
ensino-aprendizagem, levando em considerao as relaes homens-
mundo, homens-homens e os temas geradores que formam o
contedo
8 Entrevista realizada em 12 de julho de 2013 com um dos
professores de Histria da
escola. 9 Entrevista realizada em 12 de julho de 2013 com um dos
professores de Sociologia da
escola.
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programtico da educao, um contedo que deve ser crtico e
concreto,
possibilitando uma leitura do mundo e sua posterior
modificao.
Os temas geradores so situaes existenciais do dia a dia dos
indivduos que os desafiam no apenas intelectualmente, mas tambm
no
grau da ao social. Os temas geradores surgem de situaes
limites,
como o racismo, a intolerncia religiosa, dentre outros, que
devem ser
problematizadas numa relao dialgica entre educando-educador
e
educandos-educandos, o que exige uma leitura crtica para que
possam
ser tematizados e trabalhos em grupo. nesse sentido que Freire
(2010)
argumenta que:
[] a investigao do tema gerador, que se encontra contido no
universo temtico mnimo (os temas geradores em interao), se
realiza por meio de uma metodologia conscientizadora, alm de
nos
possibilitar sua apreenso, insere ou comea a inserir os
homens
numa forma crtica de pensar o seu mundo (FREIRE, 2010,
p.112).
Neste mesmo sentido de cooperao, o professor de Sociologia
entrevistado destacou que os planos de ensino geralmente so
discutidos
com a pedagoga, mas que depende da forma de trabalho de cada
professor. Especificamente quanto ao ensino de Sociologia, as
reunies
realizadas entre as reas de conhecimento comuns, como a Histria
e a
Filosofia, momento em que so analisadas as possibilidades de
juno de
contedos semelhantes, que poderiam ser utilizados por
diferentes
disciplinas, outro fator positivo.
Todavia, essa ao conjunta no representa uma ao pedaggica
orientada pela coordenao escolar, mas, da forma de trabalho de
cada
professor o que percebemos como diretamente ligado ao processo
de
formao inicial do professor e que deve ser trabalhado na
formao
continuada, visando maior cooperao no trabalho escolar sem a
perda
da autonomia profissional.
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Outro ponto positivo na escola visitada so as reunies semanais
entre a
coordenao escolar e os professores, por rea de conhecimento,
para
reavaliaes peridicas dos contedos discutidos durante as aulas.
A
escola visitada possui trs professores de Sociologia. Esse
trabalho
coletivo, ao abrir espaos para discusso sobre contedos e formas
como
sero apresentados aos alunos, contribui na troca de experincias
entre os
professores e pode aperfeioar suas aulas, aumentando o
rendimento
escolar. Como argumenta Sanches:
[] se bem organizado e gerido, o trabalho em pares pode
ajudar
no s no processo de ensino e compreenso do conhecimento,
mas tambm no desenvolvimento de atitudes e valores, tais
como,
solidariedade, respeito, acolhimento e investimento no outro
(SANCHES apud ALMEIDA, 2012, p.74).
Como destacado pelos entrevistados, para obter melhores
resultados no
desenvolvimento escolar, a escola desenvolve a Jornada
Pedaggica
Poltica. Para a realizao deste evento so reunidos todos os
coordenadores, pedagogos, professores e profissionais
terceirizados que
atuam na escola, para que, assim, todas as opinies sejam ouvidas
e
discutidas em comum acordo, fazendo com que todos os envolvidos
no
contexto escolar sintam-se membros efetivos. No entanto, pelo
fato da
pesquisa no ter sido realizada durante a preparao da Jornada
Pedaggica Poltica, no foi possivel perceber se de fato estamos a
falar
de um trabalho coletivo ou de um processo de fragmentao do
trabalho,
como uma espcie de linha de montagem, modelo fortemente
criticado
por autores como Pimenta (1993) e Veiga (2008).
Tambm foi ressaltado de forma positiva pelos entrevistados o
incentivo
formao continuada por parte da Direo escolar, que, por meio de
notas
expedidas regularmente, repassa informaes aos professores
sobre
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cursos de formao continuada oferecidos pela SEDU e outros
rgos
estaduais.
Alm da dimenso interna, que diz respeito organizao escolar,
tanto a
pedagoga quanto os professores destacaram as ofertas de
atividades
extras aos alunos, como simulados preparatrios para o Exame
Nacional
do Ensino Mdio (ENEM), a partir dos quais so identificados
aqueles
alunos que tm maiores dificuldades. Os entrevistados ressaltaram
tais
testes como uma preocupao a mais da escola no processo de
formao dos alunos.
Nos finais de semana so oferecidas aulas de reforo ministradas
por
professores voluntrios aos alunos que tiveram dificuldades nos
testes.
Tambm visando integrao escola-comunidade, so oferecidas, nos
finais de semana, oficinas de aulas prticas de esportes e aulas
de dana.
Estas atividades so entendidas como parte integrante do currculo
escolar
da escola visitada.
Uma importante ressalva deve ser feita sobre as aulas de reforo
aos
finais de semana para os alunos que no conseguiram bons
resultados nos
simulados preparatrios para o ENEM. Aumentar o nmero de
aulas
resolver o problema?
Entendemos como ponto positivo as atividades extra sala de
aulas
realizadas pela escola, mas no sem ressalvas. Como vimos, a
escola
busca maior envolvimento da comunidade, oferecendo oficinas
de
esportes. Vimos tambm que a escola realiza simulados
preparatrios
para o Enem e, para os alunos que apresentam dificuldades
nos
simulados, a escola oferece aulas de reforo.
As aulas de reforo de fato se configuram como uma boa
alternativa. No
entanto, ao partirmos da perspectiva do ensino em multinveis
em
Almeida (2012), podemos argumentar que a prtica adotada pela
escola
em questo uma prtica hegemnica na educao brasileira. Prtica
que
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est nas pautas de discusso visando a sua superao, pois se
baseia
numa prtica pedaggica conservadora, na qual, ao organizar as
aulas,
objetivos, metodologias e avaliaes nicas para toda a turma,
tende a
conceber as dificuldades do aluno no processo de
ensino-aprendizagem
como uma necessidade de maior nmero de aulas.
A partir dessa percepo, a ltima questo que levantamos neste
trabalho
que se o processo de ensino-aprendizagem for o mesmo nas aulas
de
reforo, possvel que estes alunos venham a apresentar as
mesmas
dificuldades. O que fazer ento?
Responder essa indagao no uma tarefa fcil. Podemos apontar o
ensino em multinveis como uma boa alternativa para buscarmos
uma
resposta satisfatria.
Como argumenta Almeida (2012), antes de tudo preciso reconhecer
as
diferenas de todos os alunos no processo de ensino-aprendizagem
j
seria um grande avano em comparao com o processo de ensino
aprendizagem conservador, que tende a homogeneizar as salas de
aulas,
desconsiderando as especificadades dos alunos. Processo esse que
s
vezes sozinho o professor no consegue identificar; da a
importncia de
um trabalho coletivo que envolva professores, pedagogos e
pais.
Conhecendo as diferenas nos nveis de ensino-aprendizagem dos
alunos,
o que envolve o conhecimento do contexto geral da turma, o
professor
ter condies de trabalhar um currculo comum, sem desconsiderar
os
diferentes nveis dos alunos. A esse respeito, a autora faz
algumas
consideraes sobre o ensino em multinveis:
Uma aula em multinveis deve sempre partir do contexto geral
da
turma, considerando todos os alunos em seu coletivo, de forma
a
garantir-se um currculo comum a todos;
Os momentos de atividades em nveis diferenciados podem ser
realizados de diferentes formas de acordo com os objetivos
do
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professor: alunos de um mesmo nvel em grupo realizando cada
um sua tarefa; alunos de um mesmo nvel realizando uma s
tarefa; realizao de tarefas individualmente; alunos de
diferentes
nveis reunidos em grupo, etc.;
Investigao didtica dos nveis de aprendizagem dos alunos, bem
como, o acompanhamento sistemtico destes nveis, pois os
alunos passam de um nvel para outro rapidamente (ALMEIDA,
2012, p.78).
Quanto ao planejamento das prticas do ensino em multinveis,
Almeida
(2012) destaca que o processo de reconhecimento dos diferentes
nveis
dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, e a identificao
dos
nveis de potencialidade dos alunos, deve ser seguido por um
constante
acompanhamento dos nveis da turma por meio de diagnsticos e
formas
de avaliao contnua dos percursos de aprendizagem, e no apenas
com
provas e avaliaes no final de cada perodo letivo, ou em
simulados s
vsperas das avaliaes.
Se existem resultados muito destoantes, um indcio de que as
dificuldades individuais j existiam durante o processo. Nesse
sentido, o
professor deve preparar as aulas a partir de um currculo comum a
todos
e promover mudanas estratgicas no percurso de acordo com a
especificidade de cada aluno. Assim, cada aluno compreender que
a aula
que est sendo ministrada tambm para ele. No se trata de
trabalhar
no nvel do aluno, mas sim interferir na zona de desenvolvimento
proximal
dos mesmos.
No entanto, para que o ensino em multinveis obtenha sucesso
(quanto
proposta ser uma realidade na escola e no apenas de um
determinado
professor), faz-se necessrio um conhecimento prvio, a formao
inicial,
bem como um processo de formao continuada do ensino em
multinveis.
A proposta deve ser previamente analisada e avaliada pela escola
e
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professores, no sentido de promover uma prtica educativa
contextualizada com a realidade local (Almeida, 2012, p.78).
Como percebemos, os desafios ao trabalho escolar, sobretudo s
aes
que visam o trabalho coletivo, democrtico e emancipador, so
muitos.
Embora seja um espao de possibilidades, em que um sonhador pode
se
juntar a outro para lutarem pela reduo da distncia entre o sonho
e a
vida sonhada (Freire, Nogueira, 1989), a Escola, sozinha,
encontra uma
srie de limitaes estruturais e certo pessimismo sentimental
(SAHLINS,
1997) com relao s possibilidades de transformao do seu
prprio
ambiente para levar a cabo uma nova perspectiva de escola, o que
exige
profundas reflexes e debates entre sociedade e esfera poltica
sobre as
polticas pblicas educacionais e os sistemas de ensino a
Escola
apenas a ponta das polticas educacionais.
Consideraes Finais
Ao longo deste artigo analisamos o trabalho escolar a partir de
uma
perspectiva participativa e democrtica no desenvolvimento de
aes
envolvendo pedagogos, professores, comunidade e direo escolar,
com a
certeza de que a busca por uma nova perspectiva de escola,
como
pretendido pelo Novo Currculo da Escola Estadual no Esprito
Santo, no
deve se pautar apenas nas diretrizes normativas, mas ser
executada no
dia a dia do trabalho escolar. Para isso, devemos
necessariamente
construir uma escola democrtica e inovadora, que se abra a
novas
tentativas sem o receio de errar, sem perder de vistas a dimenso
poltica
mais ampla que envolve a Educao.
Embora reconheamos os limites de um estudo de caso, seja pela
pouca
participao e frequncia no dia a dia da escola, da sala de aula e
do
universo mais abrangente, foi possvel perceber pontos positivos
na escola
visitada que podem servir de exemplos de aes de sucesso na
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organizao do trabalho escolar. J os pontos negativos, os
quais
acreditamos serem comuns realidade de muitas escolas
brasileiras,
podem ser resolvidos se pensados a partir de uma ao conjunta
que
envolva efetivamente professores, pedagogos, direo escolar,
alunos e
comunidade em geral no processo de deciso do trabalho escolar,
sem
perder o foco nos desafios de um contexto marcado por
diferentes
relaes conflituosas que tambm caracterizam a Escola.
Como destaca Veiga (2008, p.15), a escola no tem mais
possibilidade
de ser dirigida de cima para baixo e na tica do poder
centralizador que
dita as normas e exerce o controle burocrtico. Para um projeto
de
gesto democrtica necessrio conscientizar-se de que a dominao
na
organizao escolar
[] efetiva-se por meio das relaes de poder que se expressam
nas prticas autoritrias e conservadoras dos diferentes
profissionais, distribudos hierarquicamente, bem como por
meio
das formas de controle existentes no interior da organizao
escolar (VEIGA, 2008, p.21).
Tendo como horizonte desejvel o aprofundamento democrtico e
o
controle social sob os aparelhos de estado como a Escola
avanaremos pouco sem uma ao conjunta entre estes atores sociais
que
no propicie uma participao efetiva, isto , que chegue s
instncias de
deciso poltica da escola.
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