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Apostila de Telefonia Celular

Apr 14, 2018

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    Apostilade

    Telefonia

    Celular

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    1 - Introduo

    Em sistemas de comunicaes tradicionais, o objetivo bsico do engenheiroprojetista sempre foi o de maximizar o alcance e cobertura dos transmissores, de

    forma a minimizar custos de implantao e operao. Esta concepo de sistema

    efetiva no caso de enlaces ponto a ponto, nos quais o uso de antenas altamente

    diretivas constitui-se num fator limitante da interferncia intra e inter sistemas e

    permite, dentro de limites, o reuso de freqncias numa mesma regio geogrfica.

    efetiva ainda no caso de sistemas unidirecionais de rdio difuso, nos quais um

    mesmo canal serve um grande nmero de usurios. J no caso de sistemas ponto-

    rea bidirecionais, a interferncia impede a reutilizao de freqncias dentro da

    rea de cobertura limitando o nmero de canais disponveis e, conseqentemente,

    o nmero de usurios do sistema.

    O conceito de um sistema celular, utilizando a reduo geogrfica do

    alcance para permitir o reuso de espectro de freqncias foi proposto inicialmente

    na dcada de 1950 pelo Bell Labs para aplicao em um sistema de comunicaes

    mveis. Entretanto, a necessidade de interconectar usurios do sistema mvel

    servidos por diferentes transceptores (estaes rdio base) e usurios do sistema

    mvel a usurios do sistema fixo, implicava num sistema de controle que requeria

    grande capacidade de computao, inclusive no terminal mvel (unidade do

    usurio). Assim, embora extremamente bem concebido, o sistema no era

    implementvel com a tecnologia disponvel na poca.

    Foi s na dcada de 1970, que inovaes tecnolgicas como o

    desenvolvimento de circuitos digitais VLSI de baixo custo e circuitos de RF em

    estado slido para as faixas de UHF e microondas, a evoluo das baterias

    recarregveis e o desenvolvimento de redes telefnicas controladas por computadorpermitiu a implantao de sistemas mveis de comunicaes celulares. Estes

    sistemas, inicialmente analgicos e operando nas faixas de freqncia de 450 e 900

    MHz, evoluram na dcada de 1980 para a tecnologia digital e passaram a ocupar

    ainda as faixas de 1800-1900 MHz.

    Estes sistemas caracterizam-se pela operao predominante em regies

    urbanizadas e com terminais do usurio em posio baixa (sem visibilidade) em

    relao estao rdio base, situao tpica de sistemas de rdio difuso

    unidirecionais. Por outro lado, ocupam faixas de freqncia tpicas de sistemas

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    ponto a ponto que operam em condies de visibilidade ou baixa difrao. Os

    mtodos de clculo de propagao e previso de cobertura utilizados tanto em

    sistemas ponto-a-ponto como em sistemas de rdio-difuso tradicionais no se

    aplicavam, portanto, a este novo tipo de sistema. Foram ento desenvolvidos

    diversos mtodos de previso da perda de propagao nas condies caractersticasdestes sistemas. Embora fosse possvel atacar o problema utilizando formulaes

    tericas e mtodos numricos para a soluo da equao de onda, o alto requisito

    computacional associado a este tipo de soluo, devido s complexas condies de

    contorno neste tipo de ambiente, fez predominar a utilizao de mtodos empricos

    e semi-empricos. Estes mtodos desenvolvidos com base em amplas campanhas

    de medidas em regies urbanas, apresentam preciso suficiente para o

    dimensionamento de sistemas com estaes rdio base com antenas a dezenas de

    metros, potncias de transmisso de dezenas de miliwatts e clulas com raios decobertura de quilmetros a poucas dezenas de quilmetros.

    Nos ltimos anos, entretanto, o aumento da densidade de usurios dos

    sistemas celulares tem acarretado uma maior reutilizao do espectro de

    freqncias atravs da reduo do tamanho de clulas. Os sistemas passam a

    operar com estaes rdio base com antenas e potncias de transmisso mais

    baixas e raios de cobertura de centenas de metros (microclulas) ou mesmo metros

    ou poucas dezenas de metros em ambientes fechados (picoclulas).

    Devido s dimenses reduzidas das reas de cobertura, com antenas muitas

    vezes localizadas na altura de postes, a caracterstica do sinal de rdio em

    ambientes microcelulares difere da caracterstica geralmente observada em

    macroclulas e, por esse motivo, modelos empricos consagrados para a predio

    de atenuao de propagao em macroclulas no so mais aplicveis. A

    necessidade de novos modelos ainda mais evidente quando aumenta o interesse

    pela proviso de servios mveis em ambientes interiores, onde o meio confinado

    estabelece outros padres para o comportamento do sinal. Dado o exposto,

    crescente o volume de material de pesquisa na rea de micro e picoclulas,

    gerando uma quantidade significativa de novos modelos, muitos ainda por serem

    validados.

    Modelos empricos apresentam como grande vantagem a praticidade e

    rapidez de uso, porm, por serem derivados de medies realizadas em

    determinadas localidades especficas, podem falhar ao serem aplicados em

    ambientes significativamente diferentes do original. No outro extremo, encontram-se os modelos tericos, baseados no traado de raios pelo ambiente, que tm como

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    mrito o fato de empregarem a teoria eletromagntica diretamente ao ambiente

    analisado e, portanto, gerarem uma predio que considera sempre as

    caractersticas especficas da localidade. Apresentam como desvantagem a menor

    velocidade de execuo quando comparados a modelos empricos, especialmente

    para grandes (e complexas) regies de cobertura. Porm, com a crescentedemanda por modelos de predio em micro e picoclulas, que possuem dimenses

    reduzidas, os modelos de traado de raios passam a ser uma importante alternativa

    predio da propagao nesses ambientes.

    Este primeiro artigo postado no Grupo Celular constitui-se na parte inicial da

    dissertao de Mestrado de Marcio Eduardo da Costa Rodrigues, parte esta que

    abrange, no seu Captulo 2, os conceitos gerais relativos aos sistemas celulares e,

    em seu Captulo 3, uma reviso, tambm genrica, dos conceitos de rdio-

    propagao (em especial no que tange os sistemas celulares) incluindo uma

    coletnea de alguns modelos empricos aplicveis a micro e picoclulas.

    2 - Fundamentos e Conceitos bsicos

    2.1. O Conceito Celular

    O objetivo dos primeiros sistemas mveis era o de obter uma grande rea de

    cobertura atravs do uso de um nico transmissor de alta potncia, com a antena

    situada em um local elevado. Embora essa abordagem gerasse uma cobertura

    muito boa, o nmero de usurios era limitado. Um determinado conjunto de

    freqncias era utilizado por toda a regio e cada freqncia era alocada a um

    nico usurio por vez, para evitar interferncias. Como exemplo da baixa

    capacidade, pode-se citar o sistema mvel da Bell em Nova Iorque, em 1970: o

    sistema suportava um mximo de apenas doze chamadas simultneas em uma

    rea de mais de dois mil quinhentos e oitenta quilmetros quadrados [1]. Dado o

    fato de que as agncias de regulamentao dos governos no poderiam realizar

    alocaes de espectro na mesma proporo do aumento da demanda de servios

    mveis, ficou bvia a necessidade de reestruturao do sistema de telefonia por

    rdio para que se obtivesse maior capacidade com as limitaes de espectro

    disponvel e, ao mesmo tempo, provendo grandes reas de cobertura.

    O conceito celular foi uma grande descoberta na soluo do problema de

    congestionamento espectral e limitao de capacidade de usurios que havia em

    sistemas de comunicaes mveis at ento. Esse conceito permite oferecer grande

    capacidade com limitaes de espectro alocado, sem grandes mudanastecnolgicas. A FCC (Federal Communication Commission rgo americano

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    regulamentador de telecomunicaes), em uma regulamentao de 22 de Junho de

    1981 definiu o sistema celular como : Um sistema mvel terrestre de alta

    capacidade no qual o espectro alocado dividido em canais que so alocados, em

    grupos, a clulas que cobrem determinada rea geogrfica de servio. Os canais

    podem ser reusados em clulas diferentes na rea de servio[2].

    A idia do conceito celular constitui-se basicamente na substituio do transmissor

    nico de alta potncia (responsvel pela cobertura de uma grande rea) por vrios

    transmissores de baixa potncia, cada um provendo cobertura a uma pequena

    regio (clula) da rea total. A cada uma dessas estaes base alocada uma

    poro do nmero de canais disponveis para todo o sistema. s estaes base so

    alocados diferentes grupos de canais, de forma que todos os canais disponveis no

    sistema so alocados a um determinado nmero de estaes vizinhas. A alocao

    de canais a estaes base vizinhas feita de forma que a interferncia entre

    estaes base (e entre usurios mveis) seja minimizada. Atravs do espaamento

    sistemtico das estaes base bem como dos grupos de canais, os canais

    disponveis sero distribudos atravs da regio geogrfica e podero ser reusados

    quantas vezes forem necessrias, desde que a interferncia entre estaes cocanal

    (estaes que possuem grupos de canais em comum) seja mantida a nveis

    aceitveis.[1]

    Essa idia antiga : a primeira proposta de sistema celular foi da Bell, feita

    FCC, em 1971 [2]. Mas o desenvolvimento da idia ainda anterior, no posta em

    prtica pela complexidade do sistema de controle. Sua execuo foi viabilizada pelo

    uso de microprocessadores nos terminais (mveis e fixos) [3] e, em outubro de

    1983, o primeiro sistema celular foi posto em operao, em Chicago, pela AT&T. [2]

    Segue um comparativo listando as diferenas bsicas entre sistemas mveis

    convencionais e sistemas celulares. [3]

    sistemas mveis convencionais sistemas celulares

    - baixa densidade de usurios - alta densidade de usurios- no reutilizam freqncias - fazem reuso de freqncias- alta potncia de transmisso - baixa potncia de transmisso- antenas elevadas - antenas pouco elevadas- grande rea de cobertura - rea de cobertura dividida em

    clulas- sem expanso modular - expanso modular teoricamente

    ilimitada

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    A Figura 2-1 ilustra a mudana no conceito de comunicaes mveis.

    a - cobertura convencional b - cobertura celular

    Figura 2-1 - Conceitos de cobertura para comunicaes mveis

    A clula a rea geogrfica coberta por sinais de RF de determinada estao

    base. Cada clula , em essncia, um centro de rdio-comunicaes onde um

    assinante mvel pode estabelecer uma chamada para um telefone mvel ou fixo

    atravs da Central de Comutao Mvel (MSC, ou CCC - Central de Comutao e

    Controle) e da Rede de Telefonia Pblica Comutada (PSTN). Essa plataforma

    composta permite que usurios comuniquem-se entre si estando em qualquer lugar

    da rea de cobertura, seja essa comunicao entre usurios mveis ou entre

    usurios mveis e fixos. O tamanho e forma da clula dependem de vrios fatores,

    tais como ERP (Effective Radiated Power, potncia efetiva irradiada), diagrama de

    radiao das antenas e ambiente de propagao. Tradicionalmente, embora o

    formato real das clulas seja altamente irregular, para efeito de projeto e gerncia

    dos sistemas assumida uma forma geomtrica (usualmente, um hexgono), comoser melhor explicado adiante.

    Todo o processo de comunicao controlado e monitorado pela inteligncia do

    sistema, que reside na MSC. O projeto, implementao e manuteno dessa

    complexa rede exige estudos de propagao de ondas de RF (rdio-freqncia),

    antenas, planejamento de freqncias e engenharia de trfego. [4 ]

    Com o acrscimo da demanda, ou seja, aumento do nmero de canais necessrios

    numa determinada regio, o nmero de estaes base pode ser aumentado (em

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    conjunto com a diminuio da potncia de transmisso), gerando assim um

    aumento na capacidade sem necessidade de ampliar o espectro alocado. Esse

    princpio fundamental a base para todos os sistemas modernos de comunicao

    mvel, pois ele permite que um nmero fixo de canais (dado pela disponibilidade

    de espectro) sirva um grande nmero de assinantes atravs do reuso dos mesmoscanais pela regio total de cobertura. [1]

    A respeito do que foi exposto, pode-se citar como caractersticas tpicas de

    sistemas macro-celulares (clulas maiores que 2 km, aproximadamente): [3]

    - cerca de 650 canais disponveis;

    - potncias de transmisso da base variando de 10 a 45 Watts;

    - alturas de antenas da base variando de 30 a 100 m;

    - raio de cobertura de clula entre 2 e 15 km;

    - cada clula utiliza de 25 a 75 canais.

    2.1.1. Componentes bsicos de um sistema celular

    Os trs elementos principais em uma rede celular so: [5]

    - Estao base

    - Estao mvel

    - Central de Comutao Mvel (MSC)

    Embora no conste entre os componentes da rede celular, pode-se tambm incluir

    a Rede de Telefonia Pblica Comutada (PSTN), devido sua interligao estreita

    com a rede de telefonia celular.

    A Figura 2-2 [4] esquematiza uma rede de comunicao celular, com sua

    interligao PSTN. Desse ponto em diante a representao de clulas ser feita

    atravs de hexgonos. A escolha conveniente, como ser mostrado na sequncia

    do texto.

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    Figura 2-2 - Rede celular e interligao PSTN

    2.1.1.1. Estao base

    As estaes base so responsveis pela realizao das chamadas vindas ou

    destinadas aos mveis localizados em cada uma das clulas. So o elo de conexo

    dos mveis com o restante do sistema. So conectadas Central de Comutao e

    Controle atravs de ligaes terrestres ou via rdio. Consistem de dois elementosbsicos: a parte de rdio e o controle. O rdio engloba todo o conjunto de

    transmisso e recepo, alm de torres e antenas. O controle uma unidade com

    microprocessador responsvel pelo controle, monitorao e superviso das

    chamadas. A alocao e realocao de canais aos mveis tambm feita pela

    estao base. E ainda, a estao base monitora os nveis de sinal dos mveis para

    verificar a necessidade de handoff(explicado adiante). [5]

    Os canais utilizados na comunicao entre mveis e bases so divididos em dois

    grupos: canais de voz e canais de controle. Nos canais de voz ocorre a conversao

    (ou troca de dados) propriamente dita. Pode tambm ser feita alguma forma de

    sinalizao para a manuteno da chamada, como sinalizao de handoff, por

    exemplo. Os canais de controle, que existem em nmero bem menor que os de

    voz, carregam as informaes necessrias ao estabelecimento de uma chamada,

    bem como informaes sobre o estado atual do sistema. Canais de voz podem ser

    analgicos ou digitais, dependendo do sistema. Canais de controle so sempre

    digitais.

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    2.1.1.2. Estao mvel

    A unidade mvel do assinante constitui-se basicamente em um transceptor

    porttil de voz / dados, desenvolvido para comunicar-se com os rdios das estaes

    base em qualquer dos canais alocados. Opera em modo full-duplex, possuindo um

    caminho de ida e um de retorno em relao estao base, que so os links

    reverso (mvel para base) e direto (base para mvel), conforme ilustra a Figura 2-

    3. Alm da comunicao de voz, a estao mvel tambm comunica-se com a

    estao base atravs de suas funes de controle e sinalizao. Alguns exemplos

    de mensagens de controle trocadas entre mvel e base so: [5]

    - pedido do mvel para acessar um canal e efetuar uma chamada;

    - registro do mvel na rea de servio atual (outra MSC);

    - mensagem de alocao de canal para o mvel, oriunda da estao base;

    - mensagem de handoff oriunda da estao base, para que o mvelsintonize outro canal.

    Ressalta-se nesse ponto que o que est sendo chamado de canal constitui-se na

    dupla linkdireto e reverso.

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    Figura 2-3 - Comunicao entre terminal mvel e base

    2.1.1.3. Central de Comutao Mvel (MSC) o centro de comutao celular, que interliga um conjunto de clulas. Tambm

    prov interligao com a rede de telefonia pblica (PSTN). Entre as funes

    desempenhadas por uma MSC esto: gerncia e controle dos equipamentos da

    base e de conexes; suporte a mltiplas tecnologias de acesso; proviso de

    interligao com a PSTN; proviso de registros de assinantes locais; proviso de

    registros de assinantes visitantes; suporte a conexes entre sistemas; suporte de

    funes de processamento de chamadas e funes necessrias tarifao. [4]

    O nmero de clulas conectadas e, portanto, controladas por uma MSC varia de

    acordo com as necessidades. Uma MSC pode ser responsvel por uma grande rea

    metropolitana ou por um pequeno grupo de pequenas cidades vizinhas. A rea

    servida por uma MSC denominada rea de servio e o assinante de uma

    determinada rea de servio chamado assinante local(home). possvel que um

    assinante desloque-se para uma outra rea diferente daquela na qual ele est

    cadastrado. Nesse caso, o assinante denominado visitante (roamer).

    2.1.2. Arquitetura do sistema

    Um sistema rdio mvel pode ser elaborado segundo uma arquitetura centralizada

    ou descentralizada. Em uma arquitetura centralizada, a Central de Comutao

    Mvel em geral controla uma grande quantidade de estaes base, tanto de clulas

    prximas como distantes. Em um sistema descentralizado, as MSCs tm uma

    regio menor de abrangncia, controlando menos estaes base quando comparado

    outra arquitetura. [5]

    Sistemas pequenos tendem a ser centralizados, enquanto que sistemas maiores

    seguem a abordagem descentralizada. H diferentes nveis de descentralizao,

    onde pode ou no haver interconexo entre as MSCs. No primeiro caso (h

    conexo entre MSCs), uma chamada de um mvel passar pela PSTN apenas

    quando o usurio chamado for fixo. Por outro lado, no segundo caso (no h

    conexo entre MSCs), mesmo que o usurio chamado seja mvel, mas pertencente

    a uma outra rea de servio (outra MSC, portanto), a chamada ter que passar

    pela PSTN[5]

    , pois ela que prover o contato entre as duas MSCs.

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    2.1.3. Caractersticas do sistema celular

    2.1.3.1. Mobilidade

    A mobilidade uma das principais caractersticas dos sistemas de comunicao

    celular. Esse conceito significa que uma chamada celular, originada em qualquer

    lugar e em qualquer momento dentro da rea de servio, pode ser mantida sem

    interrupo enquanto o assinante est em movimento. Isso deve-se ao mecanismo

    de handoff, que um processo de troca de freqncia das portadoras alocadas ao

    mvel, conforme este muda da regio de cobertura de uma base para a de outra.

    2.1.3.2. Cobertura da clula

    A cobertura provida por uma clula depende de parmetros pr-definidos como,potncia de transmisso, altura, ganho e localizao de antena. Vrios outros

    fatores como, presena de montanhas, tneis, vegetao e prdios afetam de

    forma considervel a cobertura RF de uma base. Esses ltimos fatores, obviamente,

    no so definidos pelo projetista de sistema e variam de uma regio para outra.

    Devido s caractersticas variveis e complexas das diversas regies a serem

    cobertas por sistemas celulares, vrios modelos de predio de propagao foram e

    tm sido desenvolvidos, com a inteno de fornecer estimativas de atenuao de

    sinal nos diversos ambientes.

    A perda de propagao predita pelos modelos pode ser, de forma geral,

    representada pela seguinte expresso: [4]

    L (dB) = L0 (dB) + 10log(d/d0) (2-1)

    onde:

    d0 - uma distncia de referncia

    d - a distncia total de cobertura

    g - a constante de perda de propagao (funo do ambiente)

    Lo - a perda na distncia de referncia do

    L - a perda de propagao

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    2.1.1.1. Clustere Reuso de freqncia

    Cluster o nome dado ao conjunto de clulas vizinhas que utiliza todo o espectro

    disponvel. Uma configurao muito utilizada a de clusterde sete clulas, como

    exemplificada na Figura 2-4a [4].

    Sistemas celulares baseiam-se em um sistema inteligente de alocao e reuso de

    canais atravs da rea de cobertura. A cada estao base alocado um grupo de

    canais de rdio que sero usados em uma regio geogrfica relativamente

    pequena, a clula. Estaes base de clulas adjacentes possuem grupos de canais

    diferentes de suas clulas vizinhas, para que no haja interferncia. Atravs da

    limitao da rea de cobertura at os limites da clula, um mesmo nmero de

    canais pode ser usado em outra clula desde que as clulas estejam separadas um

    da outra de uma distncia suficientemente grande para que os nveis deinterferncia sejam aceitveis. Dessa forma, usurios em diferentes reas

    geogrficas podem usar um mesmo canal simultaneamente. O conceito de reuso de

    freqncia fundamental para o uso eficiente do espectro. O processo de seleo e

    alocao de grupos de canais para todas as estaes bases faz parte do

    planejamento de freqncia.

    a - exemplo de cluster b - reuso de freqncias

    Figura 2-4 - Cluster e reuso de freqncias

    A Figura 2-4b [4] ilustra o conceito do reuso de freqncia, onde clulas

    com o mesmo nmero utilizam os mesmos grupos de canais. Nessa figura, D a

    distncia de reuso cocanal, que separa duas clulas pertencentes a clusters

    adjacentes que utilizam o mesmo conjunto de freqncias. O plano de reuso de

    freqncias sobreposto a um mapa para mostrar onde sero usados diferentesgrupos de canais. A forma hexagonal das clulas conceitual, sendo um modelo

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    simplista da cobertura provida por cada estao base. A cobertura real de uma

    clula conhecida como planta (footprint) e determinada por medies ou

    estimada por modelos de predio de propagao. A planta real de cobertura

    irregular por natureza, porm um formato regular de clula necessrio para o

    planejamento sistemtico e adaptao a futuro crescimento. Embora parea naturala escolha de um crculo para representar a rea de cobertura de uma estao base,

    a superposio de crculos adjacentes sobre um mapa gera reas descobertas

    (gaps) ou regies de sobreposio. Quando se considera os formatos geomtricos

    que podem cobrir uma regio sem que haja falhas ou sobreposies, as trs

    melhores escolhas recaem em: quadrado, tringulo equiltero e hexgono, como

    apresentado na Figura 2-5. [1], [3]

    triangular quadrado hexagonal

    Figura 2-5 - Padres regulares de geometria de clulas

    Na Figura 2-6 [5] so apresentados os sistemas de coordenadas convenientes para

    a anlise das trs geometrias.

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    a - geometria triangular b - geometria quadrada

    c - geometria hexagonal

    Figura 2-6 - Sistemas de coordenadas dos padres regulares

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    As reas de um tringulo equiltero, um quadrado e um hexgono so dadas,

    respectivamente, por ,

    2R2 e , onde R o raio das clulas, de mesmo comprimento nas trs

    geometrias, indicado na

    Figura 2-6. Portanto, para um dado raio de clula, o hexgono o que tem a

    maior rea entre as trs geometrias propostas. Assim, atravs do uso da geometria

    hexagonal, a regio em que ser prestado o servio mvel pode ser coberta

    usando-se o menor nmero de clulas possvel. Alm disso, o hexgono maisprximo de um diagrama de radiao circular que seria provisto por uma base com

    antenas omnidirecionais e propagao em espao livre [1]. Deve ficar claro, porm,

    que a planta de cobertura real determinada pelo contorno no qual a base serve os

    mveis de forma satisfatria. A seguir so explicados os sistemas de coordenadas

    usados na Figura 2-6, com nfase na geometria hexagonal.

    A distncia unitria sobre os eixos a distncia entre o centro de clulas

    adjacentes. Assim, para a geometria triangular, a distncia unitria o prprio raio

    da clula, R (Figura 2-6a); para a geometria quadrada, a distncia unitria

    (Figura 2-6b); e, para a geometria hexagonal, a distncia unitria dada por

    (Figura 2-6c). A distncia unitria chamada distncia celular. Tomando como

    exemplo a geometria hexagonal: o ponto (u1,v1) = (1,2) e o ponto (u2,v2) = (3,-1).

    Usando as trs geometrias dadas, possvel mostrar que a distncia d entre duas

    clulas dada por : [5]

    Geometria triangular:(2-2)

    Geometria quadrada :(2-3)

    Geometria hexagonal :(2-4)

    onde :

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    i = (u2 u1) e j = (v2 v1)

    com :

    (u1 , v1) e (u2 , v2) - coordenadas do centro de duas clulas

    quaisquer, no sistema de coordenadasadotado.

    possvel demonstrar que, para a geometria hexagonal, o fato de se desejar

    distncias de reuso isotrpicas (distncias iguais entre todas as clulas cocanal)

    implica em que os clusters sejam hexagonais, como mostrado na Figura 2-7. [3], [5]

    Figura 2-7 - Formato hexagonal dos clusters

    possvel se obter uma expresso para o nmero de clulas por cluster, daseguinte forma. Seja a a rea de uma clula e A a rea de um cluster[3]:

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    Figura 2-8 - Representao de clula e cluster para clculo de rea

    A rea da clula dada por :

    (2-5)

    Como a distncia do centro de um clusterao centro de seu clustervizinho a

    distncia de reuso D, se dividirmos o hexgono que representa o clusterem seis

    tringulos equilteros, a altura de cada tringulo ser D/2, como indicado na Figura

    2-8. Ento :

    (2-6)

    A rea do cluster, ento :

    (2-7)

    Dessa forma, o nmero de clulas que cabem dentro de um cluster dado por:

    (2-8)

    Como, de acordo com a Figura 2-6c, a distncia unitria :

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    (2-9)

    Assim, conforme a expresso (2-4) :

    N = = i2 + ij +j2 (2-10)

    Como i e j so inteiros, pela combinao de seus valores chega-se aos valores de

    N possveis : N = 1, 3, 4, 7, 9, 12, 13, 16, 19, 21, etc.

    Para entender o conceito de reuso de freqncias, considere-se um sistema

    celular que possui um total de S canais (duplas de linkdireto e reverso) disponveis

    para uso. Se a cada clula alocado um grupo de k canais ( k < S), e se os S

    canais so divididos entre N clulas de forma que cada clula possua um grupo

    exclusivo e com o mesmo nmero de canais, o nmero total de canais pode ser

    expresso por: [1]

    S =kN(2-11)

    As N clulas que utilizam o conjunto completo de freqncias disponveisconstituem, como j dito, um cluster. Se um cluster replicado M vezes na regiode interesse, a capacidade do sistema pode ser medida por: [1]

    C = MkN =MS (2-12)

    ou seja, o nmero M de vezes que o conjunto S de canais foi repetido. Se o

    tamanho de clusterN diminudo, mais clusters sero necessrios para cobrir a

    rea desejada, aumentando o valor de M e, por conseqncia, aumentando a

    capacidade de usurios do sistema, segundo a expresso (2-12). Na situao

    oposta (N crescente), a capacidade diminuda.

    O fator de reuso cocanal, q, definido pela relao D/R. A Figura 2-9 [3] ilustra o

    conceito.

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    Figura 2-9 - Fator de reuso cocanal

    A tabela de q criada da seguinte maneira. Sabendo-se que :

    (2-13)

    de acordo com a expresso (2-8) :

    (2-14)

    Atravs de variaes no valor de N, obtem-se os valores de q correspondentes. A

    tabela da ilustra alguns exemplos.

    Um valor grande de N indica que a razo entre a distncia entre clulas cocanal e o

    raio das clulas grande. Por outro lado, um valor pequeno de tamanho de cluster

    indica que as clulas cocanal esto localizadas muito mais prximas entre si,

    comparado ao valor de R. Nesse ltimo caso, Npequeno, fica claro o problema que

    pode haver quanto interferncia entre clulas cocanal. Referindo-se Figura 2-9,

    uma regio coberta com clusters de uma clula apresentar muito mais problemas

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    quanto interferncia cocanal (se nenhuma medida for tomada) do que

    apresentaria se fosse coberta com clusters de doze clulas. Dessa forma, o valor de

    N (ou q) a ser escolhido tambm, alm de uma funo da capacidade desejada,

    funo de quanta interferncia um mvel ou estao base pode suportar mantendo

    uma qualidade aceitvel de comunicao.

    Estabelece-se, dessa maneira, um compromisso entre capacidade e interferncia

    cocanal. A seguir, analisado o problema de interferncia nos sistemas celulares.

    2.1.3.4. Interferncia

    Interferncia o maior fator limitante no desempenho de sistemas celulares.

    Fontes de interferncia incluem outro mvel na mesma clula, uma chamada em

    andamento em uma clula vizinha, outras estaes base operando na mesma faixade freqncias ou algum sistema no-celular que cause interferncia ao sistema

    celular. Interferncia em canais de voz provoca efeitos de cross talkenquanto que

    interferncia em canais de controle pode causar a perda e o bloqueio de chamadas

    devido a erros na sinalizao digital. Os dois principais tipos de interferncia gerada

    no prprio sistema celular so a interferncia cocanale a interferncia de canal

    adjacente.

    2.1.3.4.1. Interferncia cocanal e capacidade de sistema

    O reuso de freqncia implica em que, em uma dada rea de cobertura, existam

    algumas clulas que utilizam um mesmo conjunto de freqncias. A interferncia

    entre essas clulas denominada interferncia cocanal. Ao contrrio do rudo

    trmico, que pode ser combatido atravs do aumento da relao sinal-rudo (SNR),

    o aumento na potncia de transmisso prejudicial nesse caso, pois essa medida

    aumentaria a interferncia em clulas cocanal vizinhas. Para reduzir a interferncia

    cocanal as clulas cocanal devem ser espaadas por uma distncia mnima, de

    forma que seja garantido um isolamento adequado entre elas.[1]

    O clculo de interferncia feito atravs da relao entre o sinal desejado e os

    sinais interferentes, S/I. Para uma geometria hexagonal de clusters o clculo

    baseia-se na Figura 2-10 [3].

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    Figura 2-10 - Interferncia cocanalNa Figura 2-10 esto representadas as seis primeiras clulas cocanal da clula

    central. As clulas so pertencentes aos seis clusters vizinhos ao clustercentral. As

    seis clulas interferentes constituem o que se chama de primeiro anel interferente.Ser apresentado o clculo da relao sinal desejado / interferncia relativa

    interferncia que as bases vizinhas geram em um mvel que se comunica na

    mesma freqncia com a base de sua clula (analogamente, o clculo tambm

    funciona para a interferncia que mveis nas clulas vizinhas causam na base

    central).

    Seja S o nvel de sinal desejado no mvel e I o nvel total de interferncia. O sinal

    S e o sinal Ikoriundo de uma das fontes de interferncia podem ser expressos por:[3 ]

    S = C x d- ; Ik = C x Dk-

    (2-15)

    onde :

    C - constante

    d - distncia do mvel ao transmissor desejado (base de sua clula)

    Dk - distncia do mvel ao k-simo transmissor interferente

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    g - taxa de variao da perda de propagao com a distncia,

    dependente do relevo e construes ( o expoente de atenuao

    do sinal com a distncia)

    As distncias envolvidas podem ser aproximadas por :

    d R (mvel no extremo da clula, pior situao terica para recepo do sinal desejado).

    Dk D (aproximao melhora quando D/R aumenta)

    A relao S/I dada por :

    (2-16)

    A expresso final (2-16) considera interferncia apenas do primeiro anel de clulasinterferentes. Neste ponto, interessante observar que o aumento do grau de

    urbanizao de uma regio, levando ao conseqente aumento do expoente de

    atenuao com a distncia, , leva melhoria da relao S/I, ou seja, regies

    altamente urbanizadas contribuem para o isolamento do sinal entre clulas cocanal.

    Embora as clulas do primeiro anel sejam as que mais contribuam para a

    interferncia, se desejado um clculo de S/I mais realista, as contribuies do

    segundo anel (doze clulas), terceiro (dezoito clulas) e quantos mais forem

    necessrios para a preciso requerida, devem ser computadas. A expresso aseguir, fornece S/I para o nmero desejado de anis interferentes:

    (2-17)

    onde I o nmero de anis interferentes considerados

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    Um pequeno valor de q prov maior capacidade de usurios, uma vez que o

    tamanho de cluster N pequeno (j analisado com auxlio da expresso (2-12));

    por outro lado, um alto valor de q permite melhoria na qualidade de transmisso,devido ao aumento da relao S/I (expresses (2-16) e (2-17)). Um compromisso

    entre ambos os objetivos, capacidade e qualidade, deve ser estabelecido.

    2.1.3.4.2. Interferncia de canal adjacenteInterferncias que resultam de sinais que esto numa faixa de freqncias

    adjacente faixa do sinal desejado so chamadas interferncias de canal

    adjacente. Essa forma de interferncia resulta de imperfeies no filtro do receptor,

    que permite que freqncias em faixas prximas da faixa desejada sejam

    recebidas. O problema pode ser particularmente srio se um usurio em um canal

    adjacente estiver transmitindo muito prximo ao receptor de um outro usurio,

    enquanto o receptor dete ltimo tenta receber sinal de uma estao base no canal

    desejado. Esse problema conhecido como efeito perto-distante (near-far effect),

    onde um transmissor prximo (podendo inclusive no fazer parte do sistema

    celular) causa forte interferncia de canal adjacente em outro receptor. De outra

    maneira, o efeito perto-distante tambm ocorre quando um mvel prximo

    estao base transmite em um canal prximo ao canal sendo usado por um mvel

    cujo sinal est fraco (certamente um mvel que esteja mais distante da estao

    base em questo). Nesse caso, a estao base pode ter dificuldade em discriminar

    o usurio cujo sinal est mais fraco. [1]

    A interferncia de canal adjacente pode ser minimizada atravs de filtragem

    adequada e uma correta alocao de canais entre clulas. Como para cada clula

    alocada apenas uma frao dos canais disponveis, deve ser evitada a alocao,

    para uma mesma clula, de canais que so adjacentes em freqncia. Atravs da

    alocao de canais na clula de forma que eles sejam o mais afastados possvel em

    freqncia, a interferncia de canal adjacente pode ser consideravelmentereduzida. Dessa forma, dado o tamanho N de cluster, possvel que se crie vrios

    esquemas de alocao de canal entre as clulas de forma a maximizar a separao

    entre canais em uma mesma clula. Esquemas de alocao de canal devem

    tambm prevenir uma outra fonte de interferncia de canal adjacente, que o uso

    de canais adjacentes em clulas vizinhas. Esse um problema de soluo ainda

    mais complexa.

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    2.1.3.5. Controle de potncia

    Em sistemas celulares digitais, os nveis de potncia transmitidos por cada unidade

    mvel esto sob constante controle das estaes base. Isso feito para assegurarque cada terminal mvel transmita com um nvel de potncia apenas suficiente

    para manter um bom nvel de qualidade no linkreverso. O controle de potncia no

    apenas permite economia de bateria no terminal do usurio como tambm permite

    uma reduo considervel na relao S/I de link reverso no sistema. [1] Em

    sistemas CDMA (Code Division Multiple Access), como ser visto, um eficiente

    controle de potncia passa a ser fundamental para o desempenho do sistema.

    2.1.3.6.

    Estratgias de alocao de canal

    Para um uso eficiente do espectro rdio disponvel, requerido um esquema de

    reuso de freqncias que seja consistente com os objetivos de aumento de

    capacidade e reduo de interferncia. Com o intuito de aumentar a eficincia na

    utilizao do espectro, uma variedade de estratgias de alocao de canais foi

    ento desenvolvida. Tais estratgias podem ser classificadas como fixas ou

    dinmicas. A escolha da estratgia impacta no desempenho do sistema,

    particularmente em como uma chamada gerenciada quando um mvel desloca-se

    de uma clula para outra.

    Numa estratgia de alocao fixa de canais, alocado um determinado conjunto

    de canais de voz a cada clula. Qualquer tentativa de chamada dentro da clula s

    poder ser servida pelos canais desocupados pertencentes quela clula. H

    algumas variantes da estratgia de alocao fixa de canais. Em uma delas,

    chamada de estratgia de emprstimo (borrowing strategy), uma clula pode pedir

    canais emprestados de uma clula vizinha se todos os seus canais estiverem

    ocupados. A Central de Comutao Mvel supervisiona os procedimentos deemprstimo e garante que o emprstimo do canal no interfere em nenhuma

    chamada que esteja em progresso na clula de origem do canal. [1]

    Na estratgia de alocao dinmica de canais, os canais de voz no so alocados s

    clulas permanentemente. Ao invs disso, cada vez que h uma tentativa de

    chamada, a estao base requisita canal para a MSC. A Central ento aloca um

    canal para a clula que o requisitou. [1]

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    A MSC apenas aloca uma determinada freqncia se essa freqncia no est em

    uso na clula nem em nenhuma outra clula que esteja a uma distncia menor que

    a distncia de reuso, para evitar interferncia. A alocao dinmica de canais

    diminui a probabilidade de bloqueio de chamadas, aumentando a capacidade de

    troncalizao do sistema, pois todos os canais disponveis esto acessveis a todasas clulas. Esse tipo de estratgia requer que a MSC colete dados em tempo real de

    ocupao de canais, distribuio de trfego, e de indicaes de intensidade de sinal

    de rdio (RSSI- Radio Signal Strength Indications) de todos os canais,

    continuamente. Isso sobrecarrega o sistema em termos de capacidade de

    armazenamento de informaes e carga computacional, mas prov vantagem de

    aumento de utilizao dos canais e diminuio da probabilidade de bloqueio. [1]

    2.1.3.7. Estratgias de handoff

    Quando um mvel desloca-se entre clulas enquanto uma conversao est em

    andamento, a MSC automaticamente transfere a chamada para um novo canal

    pertencente nova estao base. Esse procedimento de handoff no apenas

    involve a identificao de uma nova estao base, mas tambm requer que os

    sinais de voz e de controle sejam transferidos para canais associados nova clula.

    O processamento de handoffs uma tarefa muito importante em qualquer sistema

    celular. Muitas estratgias de handoffpriorizam os pedidos de handoffem relao apedidos de inicializao de novas chamadas, quando da alocao de canais livres

    em uma clula. Handoffs devem ser realizados com sucesso (e o menor nmero de

    vezes possvel) e deveriam ser imperceptveis aos usurios. Projetistas de sistemas

    devem especificar um nvel timo de sinal que iniciar o processo de handoff. Uma

    vez que um nvel particular de potncia de sinal tenha sido estabelecido como

    sendo o nvel que oferece a qualidade de voz mnima aceitvel no receptor da

    estao base (normalmente entre 90 dBm e 100 dBm) [1] , um nvel de sinal

    ligeiramente superior usado como limiar no qual o handoff feito. Essa margem,dada por = Pr handoff - Pr mnimo usvel , onde Pr a potncia recebida na base, no

    pode ser muito grande nem muito pequena. Se muito grande, podem ocorrer

    handoffs desnecessrios, que sobrecarregam a MSC e, se muito pequena, o

    tempo pode ser insuficiente para que o handoffse complete, e ento a chamada

    ser perdida devido ao enfraquecimento do sinal. Dessa forma, escolhida

    cuidadosamente para atender a esses requisitos conflitantes.

    Para se decidir se um handoff necessrio ou no, importante garantir que aqueda no nvel do sinal medido no devida a um desvanecimento momentneo e

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    que o mvel est realmente afastando-se da estao base que o serve. Para se

    certificar disso, a estao base monitora o nvel de sinal por um certo tempo antes

    do handoff ser iniciado. Esse procedimento deve ser otimizado de forma que

    handoffs desnecessrios no ocorram e que handoffs necessrios sejam realizados

    antes da chamada ser interrompida.

    Em sistemas celulares analgicos de primeira gerao, a medio dos nveis de

    sinal feita pelas estaes base e supervisionada pela MSC. Cada estao base

    constantemente monitora a intensidade de sinal de todos os seus links de voz

    reversos (mvel para base) para determinar a posio relativa de todos os usurios

    em relao torre da base. Alm de medir a RSSI de chamadas em progresso

    dentro da clula, um receptor adicional em cada estao base, chamado de locator

    receiver, usado para determinar o nvel de sinal de usurios que esto em clulas

    vizinhas. Esse receptor comandado pela MSC e usado para monitorar a

    intensidade de sinal de usurios em clulas vizinhas que possam ser candidatos a

    handoffe reportar os valores de RSSI medidos MSC. Baseada na informao de

    nvel de sinal fornecida pelo locator receiverde cada estao base, a MSC decide se

    o handoff necessrio ou no e, caso seja, para que clula ele dever ser feito. [1]

    Em sistemas celulares de segunda gerao que utilizam tecnologia TDMA ( Time

    Division Multiple Access), as decises de handoff so assistidas pelo mvel. No

    handoff assistido pelo mvel(MAHO), cada estao mvel monitora o nvel de sinal

    recebido de estaes vizinhas e continuamente reporta essas medies para a

    estao base que a serve no momento. Um handoff iniciado quando a potncia

    recebida de uma estao base vizinha comea a exceder a potncia recebida da

    estao base que serve o mvel de um determinado valor ou por um certo perodo

    de tempo. Esse mtodo permite que a chamada seja transferida entre estaes

    base muito mais rapidamente do que o mtodo da primeira gerao permite, j que

    as medies so feitas por cada mvel e a MSC no precisa mais da constante

    monitorao de nveis de sinal. O esquema MAHO particularmente bem adaptadoa ambientes de microclulas, onde handoffs so mais frequentes. [1]

    Sistemas diferentes possuem diferentes polticas e mtodos para gerenciar os

    pedidos de handoff. Alguns sistemas tratam pedidos de handoffda mesma forma

    que os pedidos de inicializao de novas chamadas. Nesses sistemas, a

    probabilidade de que um pedido de handoff no seja atendido por uma nova

    estao base igual probabilidade de bloqueio de novas chamadas. Entretanto,

    do ponto de vista do usurio, ter sua chamada abruptamente interrompida nodecorrer da ligao parece ser muito mais incmodo do que ser bloqueado

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    eventualmente na tentativa de fazer uma nova chamada. Para melhorar a

    qualidade dos servios sob esse aspecto, vrios mtodos foram desenvolvidos para

    priorizar os pedidos de handoff sobre os pedidos de inicializao de novas

    chamadas quando da alocao de canais de voz. [1 ]

    2.1.3.7.1. Priorizando handoffs

    Um mtodo para dar prioridade a handoffs descrito pelo conceito de reserva de

    canal (guard channel), onde uma frao dos canais da clula reservada

    exclusivamente para pedidos de handofforiundos de clulas vizinhas. Esse mtodo

    possui a desvantagem de reduzir o trfego total permitido a chamadas originadas

    na prpria clula. Entretanto, esse mtodo pode oferecer um uso eficiente do

    espectro se for utilizado em conjunto com uma estratgia de alocao dinmica de

    canais, que minimizar o nmero de canais reservados requeridos atravs de uma

    alocao por demanda eficiente. [1]

    2.1.3.7.2. Consideraes prticas sobre handoff

    Na prtica, problemas podem surgir pelo fato dos mveis trafegarem nas mais

    diferentes velocidades. Veculos a altas velocidades passam pela regio de

    cobertura em questo de segundos enquanto que pedestres podem no precisar de

    nenhum handoffno decorrer de uma chamada. Particularmente, com a adio de

    microclulas (clulas de algumas centenas de metros de raio) para prover

    capacidade, a MSC pode rapidamente ficar sobrecarregada se usurios a altas

    velocidades esto constantemente sendo transferidos entre clulas muito

    pequenas. Muitos esquemas foram e esto sendo desenvolvidos para lidar com o

    trfego simultneo de mveis a altas e baixas velocidades, ao mesmo tempo em

    que minimizam a interveno da MSC para o handoff. [1]

    Embora o conceito celular oferea claramente um aumento de capacidade atravs

    da adio de clulas, na prtica difcil para provedores de servios celularesencontrar novas localidades para instalar estaes base, especialmente em reas

    urbanas. Devido s dificuldades encontradas, fica mais atraente para os provedores

    instalar canais adicionais e novas estaes base na mesma localidade de uma clula

    j existente, ao invs de procurar novas localidades. Atravs do uso de diferentes

    alturas de antenas (frequentemente no mesmo prdio ou torre) e de diferentes

    nveis de potncia, possvel se prover clulas maiores e menores localizadas

    numa mesma regio. Essa abordagem conhecida como clula guarda-chuva

    (umbrella cell approach) e usada para prover grandes reas de cobertura ausurios em alta velocidade e pequenas reas de cobertura para usurios a mais

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    baixas velocidades. A mostra o conceito. Essa abordagem garante que o nmero de

    handoffs ser minimizado para usurios a altas velocidades. A velocidade de cada

    mvel pode ser estimada pela estao base ou pela MSC atravs, por exemplo, da

    medio de quo rapidamente a intensidade mdia em pequena escala (short-term)

    do sinal varia no tempo. Se um mvel, deslocando-se a grande velocidade na clulamaior est aproximando-se da estao base e sua velocidade est decrescendo

    rapidamente, a estao base poder decidir transferir o mvel para uma clula

    menor, sem interveno da MSC. [1]

    Figura 2-11 - Conceito de clula guarda-chuva

    (algumas bases no esto representadas, para facilitar a leitura da figura)

    2.1.3.8. Roaming

    Numa situao prtica, pode haver mais de um operador de servios celulares em

    uma mesma cidade e, certamente, dentro de um mesmo pas/continente. Porm, o

    usurio assinante de uma operadora apenas. Dessa forma, necessrio que haja

    interligaes entre as diversas operadoras, no sentido de que o assinante de uma

    operadora possa utilizar os servios de outra, como visitante (roamer).

    Durante o curso de uma chamada, se o mvel desloca-se da rea de servio de

    uma MSC para a de outra, necessrio um roaming. Portanto, o roaming pode

    inclusive ocorrer na rea de prestao de servio de uma mesma operadora. H

    vrios aspectos a serem considerados na implementao do roaming. Por exemplo,

    uma chamada local pode transformar-se numa chamada a longa distncia quando a

    MSC visitada est em outro estado. Da mesma forma, deve ser dada ateno

    compatibilidade de sistemas entre as MSCs envolvidas. [1]

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    2.1.1. Troncalizao e Grau de Servio

    Sistemas celulares baseiam-se em troncalizao para acomodar um grande

    nmero de usurios em um espectro limitado. O conceito de troncalizao permiteque um grande nmero de assinantes compartilhe um nmero consideravelmente

    menor de canais numa clula permitindo acesso de cada usurio, por demanda, ao

    conjunto de canais disponveis. Num sistema troncalizado, um canal alocado ao

    usurio apenas durante sua chamada. Aps o trmino da chamada, o canal volta a

    fazer parte do conjunto de canais disponveis.

    O conceito de troncalizao baseia-se no comportamento estatstico das conexes,

    de forma que um nmero fixo de canais possa acomodar uma grande comunidade

    de usurios. Em um sistema troncalizado, quando um usurio requisita servio e

    todos os canais esto ocupados, a tentativa de chamada bloqueada ( negado

    acesso ao sistema).

    Os fundamentos da teoria de troncalizao foram desenvolvidos por um

    pesquisador chamado Erlang, no final do sculo XIX, e por esse motivo a medida de

    trfego telefnico leva o seu nome. Um Erlang representa a quantidade de trfego

    cursada por um canal ocupado por um perodo de tempo completo, ou seja, uma

    chamada de uma hora de durao, em uma hora ter um trfego de 1 Erl; uma

    chamada de um minuto, em um minuto ter um trfego de 1 Erl. Por exemplo, um

    canal rdio que ficou ocupado por trinta minutos em uma hora, cursou 0,5 Erl. [1]

    O Grau de Servio (GOS) uma medida da probabilidade de um usurio acessar

    um sistema troncalizado, ou seja, que o usurio encontre um canal disponvel para

    efetuar sua chamada, na hora de maior movimento. funo do projetista do

    sistema estimar a capacidade mxima requerida e alocar o nmero apropriado de

    canais de forma a obter o grau de servio desejado.

    A intensidade de trfego oferecida por cada usurio dada pelo produto do

    nmero de requisies de chamada pelo tempo de reteno de cada chamada. Ou

    seja, cada usurio gera uma intensidade de trfego Au, em Erlangs (Erl) dada por:[1]

    Au =H(2-18)

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    onde :

    H - durao mdia de uma chamada

    l - nmero mdio de requisies de chamada por unidade de tempo

    Para um sistema contendo U usurios, a intensidade total de trfego oferecido, A,

    dada por: [1]

    (2-19)

    Deve ser observado que o trfego oferecido no necessariamente igual ao

    trfego cursado pelo sistema. Quando o trfego oferecido excede a capacidade

    mxima do sistema, o trfego cursado fica limitado, devido limitao no nmero

    de canais.

    Como um exemplo prtico do conceito de troncalizao e GOS, pode-se considerar

    o sistema AMPS americano. Esse sistema de primeira gerao est designado para

    um grau de servio de 2% de bloqueio, que tpico em sistemas celulares. Isso

    implica que a alocao de canais s clulas feita de forma que apenas duas em

    cem tentativas de chamada sero bloqueadas por falta de canal, na hora de maior

    movimento. Apenas para comparao, o grau de servio em dois sistemas mveis

    convencionais (no celulares), MK e MJ, que operavam em Nova Iorque, em 1976,

    era de 30% e 50%, respectivamente. [6] Ou seja, neste ltimo, metade das

    tentativas de chamada eram bloqueadas e os usurios no conseguiam conexo.

    Existem dois tipos de sistemas troncalizados comumente usados. No primeiro tipo,

    assumido que no h tempo de setup (tempo requerido para alocar um canal a

    um usurio que o requisita), sendo que um canal imediatamente alocado ao

    usurio, desde que haja pelo menos um canal livre. Se no h canais livres, o

    usurio bloqueado, ficando sem acesso ao sistema e livre para tentar novamente

    posteriormente. Esse tipo de troncalizao denominado chamadas bloqueadas

    liberadas (blocked calls cleared) e assume que as chamadas chegam de forma

    determinada por uma distribuio de Poisson. E ainda, assumido que h um

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    nmero infinito de usurios, bem como: (a) qualquer usurio, incluindo usurios

    bloqueados, pode requerer um canal a qualquer momento; (b) a probabilidade de

    ocupao de canal por um usurio distribuda exponencialmente, de forma que

    chamadas mais longas so menos provveis de ocorrer; e (c) h um nmero finito

    de canais disponveis no sistema de troncalizao. Essas propriedades levam frmula conhecida por Erlang B. [1]

    A frmula Erlang B dada por: [1]

    (2-20)

    ou, de outra forma, [3]

    (2-21)

    onde :

    C - nmero de canais oferecidos pelo sistema troncalizado

    A - trfego total oferecido

    Embora seja possvel que se modele sistemas com nmero finito de usurios, as

    expresses resultantes so muito mais complexas que a obtida. O uso das

    expresses mais complexas no compensa, especialmente em sistemas onde o

    nmero de assinantes supera em vrias ordens de grandeza o nmero de canaisdisponveis. Sendo assim, a frmula Erlang B prov uma estimativa conservadora

    da GOS, pois como o nmero real de usurios finito, a probabilidade de bloqueio

    acaba por ser um pouco inferior calculada. [1]

    A expresso erlang-B tabelada (Tabela erlang-B), de maneira que fica mais

    prtico de se analisar as combinaes de GOS desejada, trfego e nmero de

    canais necessrios.

    No segundo tipo de sistema troncalizado prevista uma fila para as chamadas queforam bloqueadas. No caso de no haver um canal disponvel imediatamente, a

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    requisio da chamada pode esperar algum tempo na fila at que um canal seja

    liberado. Essa forma de troncalizao chamada de chamadas bloqueadas

    retardadas (blocked calls delayed), e sua medida de GOS definida pela

    probabilidade de que uma chamada seja bloqueada aps aguardar determinado

    tempo na fila.[1] Esse mtodo d origem outra formulao e, consequentemente, outra tabela, a erlang-C. Usualmente, os clculos de troncalizao so feitos

    utilizando-se a tabela erlang-B.

    A eficincia de troncalizao uma medida do nmero de usurios para os quais

    pode-se oferecer um determinado GOS com uma determinada configurao de

    canais. A forma pela qual os canais so agrupados pode alterar substancialmente o

    nmero de usurios que podem ser suportados pelo sistema. Por exemplo, dez

    canais a uma GOS de 0,01 (1%) podem suportar 4,46 Erlangs de trfego, enquanto

    que dois grupos de cinco canais cada podem suportar 2 x 1,36 = 2,72 Erlangs de

    trfego, onde 1,36 erl o trfego suportado por cinco canais para oferecer uma

    GOS de 0,01. Ou seja, no caso de se troncalizar os canais conjuntamente (um

    grupo de dez canais), conseguiu-se 60% a mais de trfego do que se consegue

    com dois grupos de cinco canais. Fica claro dessa forma que a alocao de canais

    em um sistema troncalizado tem um grande impacto na capacidade final do

    sistema. [1]

    Essa diferena de eficincia conforme a distribuio de canais deve-se no

    linearidade da expresso erlang-B, explicitada na [4]. A eficincia de troncalizao

    calculada por: [4]

    (2-22)

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    Figura 2-12 Eficincia de troncalizao

    Para um nmero de canais inferior a quinze, o agrupamento fica ineficiente,tornando-se desfavorvel operadora de telefonia celular. [4]

    2.1.2. Aumentando a capacidade em Sistemas Celulares

    Com o aumento da demanda por servios celulares, o nmero de canais alocados a

    determinada (ou a vrias) clula(s) pode tornar-se insuficiente para suportar o

    nmero crescente de usurios, ou seja, para suportar o aumento de trfego. Emsituaes como essa, algumas tcnicas devem ser utilizadas para prover mais

    canais por unidade de rea de cobertura. Tcnicas como diviso celular e

    setorizao so duas das tcnicas usadas na prtica para aumentar a capacidade

    dos sistemas. [1]

    2.1.5.1. Diviso celular

    Diviso celular o processo de se subdividir clulas congestionadas em clulas

    menores, cada uma com sua nova estao base e correspondente reduo de alturade base e potncia de transmisso. Atravs da criao de novas clulas, menores

    que as originais, entre as clulas existentes, a capacidade aumenta devido ao

    acrscimo no nmero de canais por unidade de rea. A Figura 2-13 [5] ilustra um

    exemplo de diviso celular.

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    Figura 2-13 - Diviso celular

    Como desvantagens do processo, pode-se citar: 1) aumento no nmero deestaes rdio-base, gerando aumento de custo. Uma reduo do raio da clula por

    um fator kaumenta o nmero de ERBs (estaes rdio-base) por um fator k2 ; 2)

    aumento do nmero de handoffs, gerando aumento de overhead (sobrecarga de

    controle) para a MSC. Uma reduo no raio por um fator 4 aumenta o nmero de

    handoffs por um fator 10. [3]

    Na prtica, no so todas as clulas que so subdivididas. Dessa forma, diferentes

    tamanhos de clula existem simultaneamente. Nesse tipo de situao, deve-se ter

    um cuidado especial para que seja mantida a distncia mnima requerida entre

    clulas cocanal. A alocao de canais entre as clulas pode tornar-se mais

    complicada.

    Para exemplificar esse problema, considere a [5], onde foi realizada diviso celular.

    A distncia entre coclulas (clulas cocanal) grandes mantida, D = 4,6R, onde R

    o raio das clulas grandes. Da mesma forma, pelo fato da diviso seguir o mesmo

    arranjo de clusters original, a distncia entre duas coclulas pequenas de 4,6r,

    onde r o raio de clulas pequenas (foi escolhido r = R/2).

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    Figura 2-14 - Diviso celular. Novas distncias de reuso de freqncia

    O nvel de interferncia , portanto, igual entre clulas cocanal de mesmo

    tamanho, e igual ao nvel de projeto. Pelo exemplo da , uma ligao em andamento

    em uma clula pequena no interferir em uma clula cocanal grande pois, sendo

    atendida a distncia de reuso D entre as clulas menores, ao mesmo tempo essa

    distncia atendida (e a mesma: 2,3R = 4,6r) entre clulas grandes e pequenas.

    Porm, uma chamada em andamento em uma clula grande interferir numa clula

    pequena cocanal, pois a distncia de reuso entre clulas grandes maior que a

    distncia de reuso entre clulas grandes e pequenas (4,6R > 2,3R). [5]

    O aumento de interferncia, expresso pela diminuio na relao S/I calculado a

    seguir.

    O fator de reuso q entre clulas de mesmo tamanho , aproximadamente, 4,6

    (N=7). Entre clulas de tamanhos diferente, q = 2,3. Ento, atravs da

    expresso ), a relao S/I entre clulas de tamanhos diferentes, para o exemplo

    dado :

    (2-23)

    o que, em dB, representa uma perda de 3 na relao S/I original (sem diviso

    celular).

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    Embora a seja um exemplo especfico, pois a diviso celular pode ocorrer de outras

    formas, ela ilustra o problema da interferncia cocanal que pode ser causada pelo

    fato de clulas cocanal estarem mais prximas do que deveriam, segundo o projeto

    original.

    Uma soluo possvel a apresentada na . As clulas grandes so divididas em

    duas camadas concntricas. Na camada mais externa no poder haver canais em

    comum entre clulas grandes e pequenas, evitando, assim, interferncia cocanal. [5]

    Figura 2-15 - Soluo para o aumento de interferncia cocanal na diviso celular

    Tcnica de overlay

    A camada mais externa da clula maior s possui canais que no esto presentes

    na clula menor (grupo B de canais). Assim, possvel que se aumente o

    isolamento entre as clulas grandes e pequenas cocanal.

    2.1.5.2. Setorizao

    Outra forma de se conseguir aumento de capacidade manter o raio das clulas

    inalterado, e procurar formas de diminuir a relao D/R. Nessa abordagem, o

    aumento de capacidade obtido atravs da reduo do nmero de clulas em um

    clustere, dessa forma, aumentando-se o reuso de freqncia. Entretanto, deve-se

    buscar uma soluo para o aumento de interferncia cocanal gerado pela

    diminuio do tamanho de cluster.

    A interferncia cocanal pode ser reduzida atravs da substituio de uma nica

    antena omni-direcional na estao base por algumas antenas direcionais, cada uma

    irradiando em determinado setor. Essa tcnica de decrscimo da interfernciacocanal, permitindo um aumento na capacidade do sistema, usando antenas

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    direcionais, conhecida por setorizao. O fator pelo qual a interferncia cocanal

    reduzida depende do nmero de setores usados. Usualmente, uma clula

    particionada em trs setores de 1200 ou seis setores de 600, conforme ilustrado na[3]. A figura tambm mostra como reduzida a interferncia cocanal.

    a - trs setores b - seis setores

    Figura 2-16 - Setorizao

    Se a distribuio de canais idntica entre os setores de todas as clulas, pela

    prpria geometria criada pela setorizao, verifica-se que : com trs setores

    haver duas clulas interferentes e, com seis setores, h apenas uma clula

    cocanal (no primeiro anel de clulas interferentes). As novas relaes S/I obtidas,

    seguindo o mesmo desenvolvimento da expresso (2-16 ), so :

    Para trs setores

    (2-24)

    ou seja, um ganho de fator 3 em relao a soluo omnidirecional. Em dB:

    aproximadamente 4,8 dB de ganho na relao S/I.

    Para seis setores

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    (2-25)

    ou seja, um ganho de fator 6 em relao a soluo omnidirecional. Em dB:

    aproximadamente 7,8 dB de ganho na relao S/I.

    A reduo de interferncia obtida pela setorizao permite que os projetistas

    aumentem a capacidade de usurios atravs da reduo do tamanho de clusterN,

    como j dito. A setorizao pode ser usada tambm apenas para reduzir um nvel

    de interferncia que esteja acima do aceitvel, sem que se altere o valor de N para

    aumento de capacidade.

    Como desvantagens da setorizao podem ser citados o aumento do nmero de

    antenas em cada estao base, e o decrscimo de eficincia de troncalizao devido

    repartio de canais entre os setores. Esse ltimo problema pode ser ilustrado da

    seguinte maneira. Considere o sistema analgico AMPS, com 395 canais de voz em

    uma das bandas (A ou B). Usando-se um esquema N=7 omni (antenas

    omnidirecionais), portanto sem setorizao, temos :

    395 canais de voz / 7 clulas = 56,4 56 canais de voz por clula

    Consultando a tabela erlang-B para um GOS = 2%, o trfego suportado de 45,9

    erl por clula.

    Se, por outro lado, parte-se para o uso de setorizao, com 3 setores por

    exemplo :

    3 x 7 = 21 setores por cluster

    395 / 21 = 18,8 18 canais de voz por setor

    Pela tabela erlang-B, com GOS = 2% :

    trfego por setor = 11,5 erl

    trafgo por clula = 3 setores x 11,5 = 34,5 erl por clula.

    Ou seja, foi perdida capacidade de trfego (34,5 < 45,9) devido setorizao.

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    Portanto, quando se pensa em setorizao para o aumento de capacidade de um

    sistema, projetistas devem observar o aumento real de capacidade que ser obtido

    na reduo de Nj que, como mostrado, a setorizao apresenta perda de

    capacidade embutida em seu processo.

    Ainda, como a setorizao reduz a rea de cobertura de um grupo particular de

    canais, o nmero de handoffs aumentado. Porm, muitas estaes rdio base

    permitem que os mveis faam handoffentre setores de uma mesma clula sem

    interveno da MSC, ou seja, no h sobrecarga na MSC devido ao excesso de

    handoff. a perda de capacidade de trfego o maior motivo pelo qual alguns

    operadores evitam a soluo de setorizao. [1 ]

    2.2. Tcnicas de Modulao

    A modulao o processo atravs do qual a informao a ser transmitida

    convertida em uma forma conveniente sua transmisso. Geralmente, esse

    processo envolve a translao da banda bsica de informao em bandas muito

    mais altas, nas quais efetivamente ocorrer a transmisso. O sinal original, ou seja,

    a informao propriamente dita, chamado sinal modulante. O sinal resultante do

    processo de modulao chamado sinal modulado. No receptor, ocorre o processo

    inverso, no qual se extrai a informao do sinal modulado. Esse processo

    conhecido por demodulao.

    Dado o ambiente hostil em termos de condies de propagao encontrado em um

    ambiente celular, a implementao de um esquema de modulao eficiente e

    resistente aos problemas apresentados pelo canal mvel no uma tarefa simples.

    Os sistemas celulares de Primeira Gerao utilizam modulao analgica para voz,

    constituindo os sistemas analgicos. Os primeiros sistemas utilizavam AM

    (Modulao em Amplitude), mas rapidamente adotaram o FM (Modulao em

    Freqncia), to logo essa tecnologia mostrou-se de realizao vivel. Hoje, todos

    os sistemas de Primeira Gerao utilizam o FM para a modulao de voz. [5]

    Os sistemas conhecidos como sendo de Segunda Gerao utilizam modulao

    digital de voz. Esses sistemas so denominados de sistemas digitais. Existe

    atualmente um nmero significativo de tcnicas de modulao digital.

    O texto que se segue apresenta um sumrio das tcnicas de modulao

    empregadas em sistemas celulares, enfatizando os esquemas de modulao digital.

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    2.2.1. Sistemas Analgicos

    A tcnica de modulao utilizada nos canais de voz o FM.

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    2.2.1.1. FM

    O FM faz parte de uma classe de esquemas de modulao conhecidos por

    modulao angular. Um sinal modulante senoidal de freqncia fm e amplitudemximaAm , modula uma portadora FM gerando o seguinte sinal modulado :

    (2-26)

    onde :

    Ac - amplitude mxima da portadora

    wc - freqncia angular da portadora

    kf - constante relativa ao modulador

    A relao entre a amplitude mxima da mensagem e a banda (W, usualmente sua

    freqncia mxima) do sinal modulante (que, no caso geral, no senoidal) dada

    pelo ndice de modulao, f:[1]

    (2-27)

    onde f o mximo desvio de freqncia do sinal modulado em torno da

    freqncia da portadora.

    A banda de transmisso dada, aproximadamente, por :

    B = 2(f+1).W (2- 28)

    De ) surgem duas possibilidades : [7]

    - se f> 1 B 2f chamado FM faixa larga

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    No FM faixa larga, mais bandas laterais (em relao portadora) so necessrias

    para compor o sinal modulado. O FM faixa estreita especialmente interessante em

    comunicaes mveis (se comparado ao FM faixa larga), onde crtica a limitao

    de espectro.

    A modulao em freqncia oferece muitas vantagens sobre a modulao em

    amplitude, o que a torna a melhor escolha para sistemas celulares analgicos. O FM

    apresenta maior imunidade a rudo se comparado ao AM. Como os sinais so

    representados por variaes de freqncia, e no de amplitude, os sinais FM so

    menos susceptveis a rudos tanto gaussianos como impulsivos, que tendem a

    causar flutuaes na amplitude do sinal. Essa caracterstica da modulao FM

    tambm pode explicar sua vantagem no que se refere a desvanecimentos por

    multipercurso, que causam flutuaes rpidas no sinal, gerando efeitos mais srios

    em sinais AM.

    Em sinais FM possvel se estabelecer um compromisso entre banda ocupada e

    desempenho quanto a rudo. O ndice de modulao, que possui ligao direta com

    a banda que ser ocupada pelo sinal modulado, pode ser alterado para que se

    obtenha uma melhor relao sinal-rudo na sada do receptor. Sob certas condies,

    a relao sinal-rudo pode aumentar em 6 dB a cada duplicao da banda ocupada

    pelo sinal FM. Essa talvez a maior vantagem da modulao FM sobre a AM. [1]

    Por ser um sinal de envelope constante (pois a variao est na freqncia, e no

    na amplitude), a potncia transmitida em um sinal FM constante independente do

    nvel do sinal modulante. Essa caracterstica permite o uso de amplificadores

    eficientes para a amplificao de potncia dos sinais de RF, uma grande vantagem

    quando se pensa em economia de bateria no terminal mvel. [1]

    A modulao FM tambm apresenta o chamado efeito de captura (capture effect).

    Se dois sinais na mesma faixa de freqncias so recebidos, apenas o que possuir

    maior nvel de recepo ser aceito e demodulado. Essa caracterstica torna

    sistemas FM muito robustos quanto a interferncia cocanal. [1]

    Entre as desvantagens esto : maior banda necessria para se obter as vantagens

    de melhoria na relao sinal-rudo na sada do receptor e de efeito de captura; os

    equipamentos de transmisso e recepo FM so mais complexos que os de AM;

    em algumas situaes, o AM pode superar o desempenho do FM em condies de

    baixos nveis de recepo, uma vez que, no FM, os sinais devem chegar ao receptor

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    com um nvel acima de um nvel mnimo (limiar) de recepo, determinado pela

    qualidade desejada.

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    2.1.1. Sistemas Digitais

    Os sistemas celulares de Segunda Gerao possuem como caracterstica

    comum o fato de empregarem esquemas de modulao digital tambm nos canaisde voz, e no apenas nos canais de controle como j era feito nos sistemas de

    Primeira Gerao.

    A modulao digital oferece muitas vantagens quando comparada modulao

    analgica. Entre elas, pode-se citar: maior imunidade a rudo e a outros efeitos

    nocivos do canal; maior facilidade e praticidade de se multiplexar vrias formas de

    informao, como voz, dados e vdeo, por exemplo; e maior segurana nas

    informaes. Alm disso, esquemas de modulao digital podem comportar cdigos

    de deteo e/ou eliminao de erros e ainda cdigos complexos de codificao e

    equalizao, entre outros, para melhorar o desempenho geral do sistema. [1]

    Muitos fatores devem se considerados quando da escolha do esquema de

    modulao, incluindo: largura de banda requerida, minimizao de interferncias

    intersimblica e de canal adjacente, e desempenho quanto taxa de erros. [5]

    Um esquema de modulao ideal prov baixas taxas de erro de bit (BER) com

    baixos nveis de relao sinal-rudo na recepo, tem bom desempenho em

    situaes de propagao com multipercursos (e, portanto, sujeito a

    desvanecimentos), ocupa uma banda mnima, e ainda fcil e econmico de ser

    implementado. Nenhum esquema de modulao atual satisfaz a todos esses

    requisitos simultaneamente. Alguns esquemas possuem melhor desempenho em

    termos de taxa de erro de bit, enquanto que outros utilizam melhor o espectro

    alocado. Portanto, um compromisso deve ser estabelecido na escolha do esquema

    de modulao, dependendo das demandas da aplicao. [1]

    O desempenho de um esquema de modulao usualmente medido em termos de

    eficincia de potncia e eficincia de uso da banda. Eficincia de potncia est

    relacionada com a habilidade do esquema de modulao em preservar a fidelidade

    da mensagem original com baixos nveis de potncia. Em um sistema de

    comunicao, para que se obtenha maior imunidade a rudo necessrio que se

    aumente o nvel de potncia do sinal. Entretanto, o quanto o nvel do sinal deve ser

    aumentado para que se obtenha determinada qualidade (ou seja, uma taxa de erro

    de bit aceitvel) em um sistema digital depende da tcnica de modulaoempregada. A eficincia de potncia (tambm chamada eficincia de energia)

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    uma medida do quo bom o compromisso entre qualidade e potncia do sinal, e

    frequentemente expressa como a razo entre a energia por bit e a densidade

    espectral de rudo (Eb / N0) necessria na entrada do receptor para que se obtenha

    uma dada probabilidade de erro mxima. [1]

    Eficincia de uso da banda refere-se capacidade do esquema de modulao de

    acomodar dados (bits) em uma banda limitada. De maneira geral, quando

    aumenta-se a taxa de transmisso, a largura de pulsos diminui, aumentando a

    faixa de freqncias ocupada pelo sinal. Dessa forma, h uma relao intrnseca

    entre taxa de transmisso de dados e banda ocupada. A eficincia de uso da banda

    definida como a razo bits por segundo por hertz, ou seja, taxa de transmisso

    por banda. Chamando de R a taxa de transmisso em bits por segundo, e de B a

    banda ocupada pelo sinal de RF modulado, a eficincia de uso da banda dada por:[1]

    (2-29)

    A capacidade do sistema grandemente influenciada pela eficincia de uso da

    banda, uma vez que um valor mais elevado de B significa que mais dados podero

    ser transmitidos em um mesmo espectro alocado. Porm, h um limite para o

    aumento da eficincia de uso da banda. O Teorema de Shannon mostra que, para

    uma determinada probabilidade de erro muito pequena, a mxima eficincia de uso

    da banda possvel est limitada pelo rudo do canal, e dada pela frmula : [1]

    (2-30)

    onde :

    C - capacidade mxima do canal, em bits por segundo

    B - banda de RF

    S / N - relao sinal-rudo.

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    Ou seja, dado um valor mximo de S/N que pode ser obtido na comunicao, h

    um limite para a mxima taxa de transmisso, C, atravs de uma banda limitada,

    B.

    Modulaes binrias, como FSK (frequency shift keying) e PSK (phase shift keying),so relativamente robustas e de implementao simples, mas so ineficientes em

    termos de uso da banda. Nesse sentido, modulaes multinvel so preferidas,

    apesar de seu desempenho inferior no que diz respeito taxa de erro de bit. Como

    exemplo, considere-se uma taxa de B kbits/s atravs de um canal. Se agora

    unirmos os bits em pares 00, 01, 10 e 11, e a eles denominarmos de smbolo 0, 1,

    2 e 3, respectivamente, a taxa de smbolos ser dividida por um fator 2 (antes

    smbolos eram bits, agora so pares de bits), com uma correspondente diminuio,

    pelo mesmo fator, da banda ocupada. Por outro lado, se nada for feito, a BER ser

    degradada, pois agora existem mais nveis a serem distinguidos na recepo (e

    mais prximos uns aos outros), aumentando a probabilidade de erro. [5]

    A partir do que foi exposto no pargrafo anterior, pode-se entender o compromisso

    frequente que se faz entre eficincia de potncia e eficincia de uso da banda.

    Exemplificando, ao se acrescentar cdigos de deteo e/ou correo de erros,

    aumentada a banda ocupada (reduzindo a eficincia de uso da banda); porm, o

    nvel de sinal requerido na recepo, para uma mesma taxa de erro, diminudo

    (pois agora tem-se os cdigos, que tornam a comunicao mais robusta). Ento, foi

    trocada eficincia de uso da banda por eficincia de potncia. Por outro lado,

    esquemas de modulao multinvel diminuem a banda ocupada, mas aumentam o

    nvel de recepo necessrio (para manter uma mesma taxa de erro de bit). Dessa

    forma, trocada eficincia de potncia por eficincia de uso da banda. [1]

    Uma observao a ser feita que, embora a taxa de erro de bit d uma boa

    informao a respeito do desempenho de determinado esquema de modulao, ela

    no d informao a respeito do tipo de erro, por exemplo erros em rajada. Emcomunicaes mveis, esse um fator importante, pois os desvanecimentos

    acentuados podem gerar perda completa do sinal. Uma outra forma de se medir o

    desempenho do esquema de modulao quanto a erros atravs da probabilidade

    de falha (outage), onde uma falha dada por uma determinada quantidade de bits

    errados em uma transmisso. [1]

    Para uma ampla penetrao de sistemas celulares, a complexidade e, portanto, o

    custo dos terminais devem ser minimizados. Para tanto, um esquema que seja de

    simples deteo o mais atraente. O desempenho do esquema de modulao em

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    condies de desvanecimento rpido e de disperso temporal por multipercursos

    outro fator importante. E, por fim, em sistemas celulares, onde interferncia um

    tpico fundamental, o desempenho da tcnica de modulao sob esse aspecto de

    extrema importncia. [1]

    2.1.1.1. Tcnicas de modulao digital

    Quando se transmite um feixe digital, o sinal original convertido em uma forma

    analgica A(t) cos (wt + ). As caractersticas desse sinal so amplitude, freqncia

    e fase; dessa forma, pode-se alterar qualquer uma dessas trs caractersticas para

    se formular um esquema de modulao (como nas modulaes analgicas). As trs

    formas bsicas de modulao usadas na transmisso de sinais digitais so :

    - Chaveamento de amplitude (amplitude shift keying) ASK;- Chaveamento de freqncia (frequency shift keying) FSK;- Chaveamento de fase (phase shift keying) PSK.

    Se w e permanecem inalterados, tem-se ASK. Quando A(t) e no so

    modificados, tem-se o FSK binrio, ou M-rio. Finalmente, quando A(t) e w no so

    alterados, obtido o PSK binrio, ou M-rio. H ainda os esquemas hbridos, onde

    duas caractersticas so alteradas a cada novo smbolo. O mtodo hbrido mais

    comum obtido fixando-se w e fazendo variar A(t) e . O esquema assim produzido conhecido por Modulao de Amplitude em Quadratura (Quadrature Amplitude

    Modulation) QAM. Cada um dos esquemas de modulao obtidos resultam em

    diferentes mecanismos de transmisso e recepo (mais ou menos sofisticados),

    diferentes larguras de banda ocupada e diferentes taxas de erro. [8]

    2.1.1.1.1. ASK

    Na tcnica ASK, a modulao ocorre atravs de mudanas na amplitude da

    portadora. transmitido um de dois sinais: s0(t) = 0, para o binrio 0 e s1(t) =A cos (w0t), para o binrio 1.

    possvel agrupar-se bits em smbolos, de forma a se obter esquemas ASK M-

    rios, porm esses esquemas no so muito usados pelo fato de outros esquemas

    apresentarem melhor desempenho quanto taxa de erros. [8] As altas variaes de

    amplitude devido a desvanecimentos rpidos presentes nas comunicaes mveis,

    fazem com que esse tipo de esquema no tenha utilidade prtica [9].

    2.1.1.1.2. PSK

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    Esse esquema baseia-se na alterao da fase da portadora, de acordo com a

    informao a ser transmitida.

    O esquema de modulao PSK oferece boa flexibilidade em termos de compromisso

    entre banda necessria e taxa de erro, gerando assim uma grande variedade deesquemas de modulao com base no PSK original.

    No PSK binrio, a representao dos bits se d da seguinte forma: s 0(t) = A cos

    (wt), para o bit 0 e s1(t) = A cos (wt + ), para o bit 1. Em um esquema de

    modulao PSK M-rio, so necessrias M diferentes fases, sendo que a cada log2M

    bits gerado um smbolo, transmitido atravs de um sinal da forma A cos (wt +

    j ), j = 1, ..., M. [8]

    A seguir so apresentadas algumas tcnicas que se usam do conceito PSK.

    BPSK

    Esse o esquema PSK binrio j citado. Apresenta o mesmo desempenho quanto

    taxa de erros obtido pelo esquema ASK. Isso pode ser explicado pelo fato de que,

    representando-se os sinais BPSK da seguinte maneira: s0(t) = A cos (wt) e s1(t)

    = -A cos (wt) , nota-se que o BPSK constitudo de sinais ASK com amplitudeA e

    A.[8]

    QPSK

    Esquema PSK em quadratura. criado atravs da definio de quatro sinais,

    defasados de 900. Cada uma das quatro fases possveis representa dois bits de

    informao (22 = 4), ou seja, h dois bits por smbolo. A representao geral de um

    conjunto de sinais com modulao QPSK da forma : [5]

    si (t) = A cos [ wt + (i-1)/2 +] (2-31)

    onde :

    i = 1, 2, 3, 4

    l - fase inicial.

    So gerados, dessa forma, sinais com fases , +/2, + e +3/2.

    Definindo i como sendo a fase instantnea :

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    (2-32)

    Assim,

    si (t) = A cos (wt +i) (2-33)

    e expandindo o cosseno da equao, tem-se

    si (t) = Ii A cos (wt) Qi A sen(wt) (2-34)

    onde :

    (2-35)

    O sinal pode ser visto ento como duas portadoras em quadratura, com amplitudes

    A cos i e A sen i . [5]

    A probabilidade de erro no esquema QPSK a mesma do esquema BPSK. Ento, secomparado ao BPSK, o QPSK prov o dobro de eficincia de uso da banda (insere

    dois bits em um smbolo) e a mesma eficincia de energia (mesma probabilidade de

    erro). [5]

    Esquemas QPSK melhoram a eficincia de uso da banda, porm, requerem deteo

    coerente (recuperao de informao de freqncia e fase da portadora [1]). Em

    ambientes sujeitos a desvanecimentos multipercurso (tpico dos ambientes de

    comunicao celular), o uso de demodulao coerente resulta, em geral, em um

    pobre desempenho se comparado a demodulao no-coerente. [8]

    Atravs da simples rotao da constelao, pode-se obter diferentes conjuntos de

    sinais QPSK.

    OQPSK

    Tcnica QPSK com offset. Essa tcnica surge devido necessidade de que os sinais

    QPSK sejam amplificados apenas por amplificadores lineares, caso contrrio h a

    gerao de lobos laterais, levando ao alargamento do espectro ocupado. Porm,

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    amplificadores lineares so menos eficientes. Da o surgimento da tcnica OQPSK,

    que menos susceptvel aos efeitos de alargamento espectral, permitindo

    amplificao mais eficiente, atravs de amplificadores no-lineares. [1]

    O offsetvem do fato de que, diferentemente do QPSK, onde os bits dos feixes quesero modulados em fase e em quadratura possuem transio no mesmo instante

    de tempo, no OQPSK os bits relativos ao feixe em quadratura sofrem um

    deslocamento no tempo em relao aos bits do feixe em fase, de meio perodo

    (metade da durao de um smbolo). [1]

    No esquema OQPSK o sinal ocupa a mesma banda ocupada no esquema QPSK,

    possuindo, inclusive, o mesmo espectro. A vantagem que o esquema OQPSK

    mantm sua natureza de limitao em banda mesmo aps amplificao no-linear,

    sendo muito atraente para comunicaes mveis, onde limitaes de banda e uso

    de amplificadores no-lineares eficientes, para o baixo consumo de energia, so

    crticos. [1]

    p/4 QPSK

    Esse esquema apresenta a mesma caracterstica de preservar o envelope constante

    apresentada pelo QPSK, porm o faz de forma melhorada. Uma qualidade muito

    importante desse esquema que seus sinais podem ser detectados de forma no-coerente, simplificando o projeto do receptor. Alm disso, observa-se que na

    presena de espalhamento temporal e desvanecimento por multipercurso, o /4

    QPSK tem melhor desempenho que o OQPSK. [1]

    Nesse esquema, os pontos que representam smbolos, so escolhidos de duas

    constelaes QPSK deslocadas de /4 entre si. Atravs de um esquema de

    alternncia na escolha das constelaes, o receptor realiza recuperao de relgio e

    sincronizao. Pela forma particular como feita a modulao nesse esquema, a

    informao est completamente contida na diferena de fase entre dois smbolos

    adjacentes. Devido a essa caracterstica, possvel que se realize deteo

    diferencial mesmo que no se use codificao diferencial na modulao. Em canais

    com baixa taxa de transmisso e sujeitos a desvanecimentos rpidos, a deteo

    diferencial prov patamares de erro mais baixos. comum o uso desse esquema na

    sua forma diferencial (/4 DQPSK), para facilitar a implementao de deteo

    diferencial. [1]

    DPSK

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    um esquema PSK no-coerente, ou seja, evita a necessidade de informao

    coerente de portadora na recepo. Possui a vantagem de que receptores no-

    coerentes so mais baratos e simples sendo, portanto, amplamente usados em

    comunicaes mveis. Porm, o esquema DPSK possui a desvantagem de que sua

    eficincia de potncia cerca de 3 dB abaixo da eficincia do PSK [1], ou seja, parauma mesma taxa de erro, necessita de nvel 3 dB acima do PSK no-diferencial.

    lDQPSK

    Na modulao DQPSK os smbolos so transmitidos atravs de variaes na fase

    (caracterstica dos esquemas PSK diferenciais) e no atravs de valores absolutos

    de fase. Pode ser vista como uma verso no-coerente do QPSK que, conforme

    dito, necessita de demodulao coerente.

    Para a compreenso do esquema DQPSK, primeiro ser explicado o

    funcionamento do BPSK diferencial, DBPSK. Nesse esquema, de maneira geral, um

    bit 0 enviado atravs do deslocamento da fase de (por exemplo, 0) radianos.

    Para o envio do bit 1, a fase deslocada de + (seguindo o mesmo exemplo,

    ) radianos. Em um esquema DQPSK, os deslocamentos de fase relativos so ,

    + /2, + e + 3/2, onde usualmente 0 ou /4. [5]

    As tcnicas baseadas em PSK descritas tm a caracterstica de requererem alta

    linearidade na modulao e amplificao do sinal de RF antes da transmisso (so

    tambm conhecidas por tcnicas de modulao linear). Tm a vantagem de

    apresentar maior eficincia de uso da banda se comparadas s tcnicas descritas a

    seguir. [9]

    Os esquemas que sero agora apresentados, conhecidos por tcnicas de modulao

    de fase contnua, evitam a necessidade de linearidade de amplificao, permitindo

    o uso de amplificadores mais eficientes.[1],[9]

    O sinal modulado ocupa uma faixaestreita (a irradiao fora da banda da ordem de 70 dB a 60 dB [1] ) embora,

    por outro lado, essas tcnicas apresentem menor eficincia de uso da banda. [9] Se

    eficincia de banda mas importante que eficincia de potncia, esses esquemas

    de modulao no so indicados. [1]

    2.1.1.1.3. BFSK

    Nesse esquema de modulao, a freqncia do sinal transmitido alterada

    conforme o sinal modulante da seguinte maneira: s0(t) = A cos (w + w)t, para obit 0 e s1(t) = A cos (w - w)t, para o bit 1.

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    O esquema BFSK tem o mesmo desempenho que o ASK em termos de E b / N0 . A

    probabilidade de erro de bit em ambos os esquemas de modulao dependente

    apenas da relao Eb / N0, de forma que o BFSK tem, ento, o mesmo desempenho

    que o ASK quanto probabilidade de erro de bit. Permite deteo no-coerente. [8]

    2.1.1.1.4. MSK e GMSK

    MSK (Minimum shift keying) e GMSK (Gaussian Minimum shift keying) so dois

    casos especiais da tcnica FSK, nos quais a informao de fase do sinal recebido

    explorada de tal forma que h um aumento considervel no desempenho quanto a

    rudo. Em ambos os casos, cada smbolo identificado por uma freqncia de

    portadora. [5]

    MSK

    MSK uma tcnica FSK com ndice de modulao 0,5. O ndice de modulao FSK

    tem definio semelhante do ndice de modulao de FM: kFSK = (2f) / Rb , onde

    f o desvio mximo de freqncia e Rb a taxa de bit. [1]

    A Figura 2-17 [1] mostra que o espectro MSK tem lobos laterais mais baixos que o

    QPSK e o OQPSK. No QPSK e no OQPSK, 99% da energia est contida em umafaixa de freqncias cerca de sete vezes maior que a ocupada pelo MSK (para a

    mesma percentagem), ou seja, o MSK possui maior eficincia na ocupao do

    espectro (espectro mais estreito). A figura tambm mostra que o lobo principal do

    MSK mais largo que o dos outros dois esquemas e, portanto, se comparados em

    termos de banda at primeiro nulo, o MSK menos eficiente que as tcnicas PSK.[1]

    Sinais MSK podem ser amplificados usando-se amplificadores no-lineares de alta

    eficincia. Uma outra vantagem reside no fato de que o MSK tem circuitos simples

    de sincronizao e demodulao. Quanto probabilidade de erro, a tcnica MSK

    tem desempenho igual tcnica QPSK. [5]

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    Figura 2-17 - Espectro MSK, QPSK e