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de controle...
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AMENDOIMPrincipais doenas, manejo integrado e recomendaes de
controlepor Srgio Almeida de Moraes INTRODUO O amendoim (Arachis
hypogaea L.), leguminosa originria da Amrica do Sul, cultivado nas
mais variadas regies tropicais do mundo, pela sua ampla
adaptabilidade a uma grande diversidade de ambientes. No Brasil, So
Paulo o principal produtor, contribuindo com cerca de 70 a 80 % da
produo nacional estimada em 120-150 mil toneladas anuais. As
principais doenas que ocorrem na cultura podem causar a reduo de
10% a mais de 50% na produo de vagens, quando medidas de controle
no so utilizadas. Os principais problemas podem ocorrer tanto na
fase de plantio, com as doenas de sementes e plntulas, como durante
o desenvolvimento da cultura, com as doenas causadas por fungo do
solo ou da parte area, e aps a colheita, com fungos produtores de
aflatoxina ou de gros armazenados. Entre as vrias doenas descritas
nas diferentes regies do mundo onde se cultiva o amendoim (cerca de
32 so causadas por fungos, 14 por vrus, uma por bactria, alm de 8
nematides parasitas), algumas so de ocorrncia espordica ou podem
aparecer sem contudo causar danos significativos, em nossas
condies. Outras, como o caso das doenas de sementes e plntulas, das
cercosporioses, da verrugose e atualmente da ferrugem, exigem o uso
medidas de controle para que o amendoim possa ser produzido
comercialmente. DOENAS CAUSADAS POR FUNGOS DO SOLO Doenas de
sementes e plntulas. A germinao das sementes e as fases de
pr-emergncia, ps-emergncia esto sujeitas ao de vrios fungos
patognicos levados pelas sementes (espcies de Aspergillus, Rhizopus
e Penicillium) e fungos do solo (Rhizoctonia solani, espcies de
Pythium e Fusarium). Na fase de pr-emergncia, esses acarretam
falhas na germinao por destruio de sementes e embries em
desenvolvimento, resultando em baixo "stand" inicial. Na
ps-emergncia so comuns os sintomas, conhecidos por "tombamento" ou
"damping-off", Aspergillus flavus A. flavus e A. niger
caracterizados por leses escuras e deprimidas que causam
estrangulamento prximo ao colo, tombamento e morte da plntula. Sob
condies de elevada umidade, a regio do colo pode ser recoberta por
um crescimento miceliano do fungo, de cor pardo-amarelado
(Rhizoctonia solani) ou negro (Aspergillus niger). A Rhizoctoniose,
causada por Rhizoctonia solani Kuhn, destaca-se como um dos mais
importantes agentes causadores de doenas de ps-emergncia este fungo
de solo, embora este tipo de doena em amendoim tambm possa ser
atribudo a outros patgenos como A. niger, Fusarium spp., Rhizopus
spp. e Pythium spp. R. solani um fungo polfago, apresentando um
grande nmero de hospedeiros, entre os quais vrias plantas
cultivadas, como alface, algodo, batata, caf, cebola, feijo,
repolho, soja, tomate, entre outras. O fungo pode invadir e
destruir as sementes, que morrem antes da germinao, ou infectar
plntulas causando o tombamento de pr ou ps-emergncia, resultando em
baixo estande inicial da
Penicillium sp.
Rhizopus sp.
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de controle...cultura. No hipoctilo das plntulas, regio mais
comumente atacada, ocorre o desenvolvimento do miclio do fungo e a
penetrao em seus tecidos. Na emergncia das plntulas infectadas o
hipoctilo apresenta leses alongadas marrom-escuro e deprimidas, que
aumentando coalescem, causando a morte das mesmas. O fungo pode
infectar, tambm, folhas, hastes e ginforos, junto ao nvel do solo,
e vagens, que ficam enegrecidas, com sementes enrugadas e de
colorao mais clara que o normal, ficando menos resistentes ao
armazenamento. Pelo fato de ocorrer simultaneamente com outras
doenas de solo e da parte area, torna-se difcil avaliar sua
importncia econmica, embora os danos mais evidentes estejam
relacionados diminuio do estande de plantio. De um modo geral, um
total de 15% de perdas atribudo a estes fungos, como conseqncia de
reduo do estande de germinao, podrido de vagens e morte de plantas.
A Podrido do colo, causada por Aspergillus niger Van Tiegh, tambm
conhecida como "crown rot", "collar rot" ou "Aspergillus blight".
Sua importncia econmica est relacionada com a diminuio na germinao,
na densidade de plantas no campo e na produo da cultura. O fungo A.
niger tpico do solo, vivendo normalmente como saprfita, podendo
causar doenas como a podrido do colo do amendoim, principalmente em
solos com baixa matria orgnica. A podrido do colo pode afetar desde
o estgio de plntulas at plantas de amendoim em qualquer estgio de
desenvolvimento, mas mais comum nas primeiras. Logo aps o plantio,
o fungo pode infectar as sementes, que apodrecem rapidamente,
tornando-se moles e cobertas por uma densa massa escura, constituda
pelos conidiforos e condios do fungo. As plntulas infectadas
apresentam leses na regio do hipoctilo, ao nvel do solo. A podrido
no hipoctilo caracterizada por uma leso amarelo-escura, que se
estende para o interior dos tecidos. Na superfcie de reas afetadas,
usualmente podem ser vistas massas pretas de conidiforos e condios
do fungo. Podrido do colo de A. niger Os danos causados por esses
fungos so favorecidos por vrios fatores, como: utilizao de sementes
de m qualidade e infectadas com fungos; utilizao de sementes com
baixo poder germinativo (abaixo de 80%), baixo vigor, sem
certificao e pureza varietal; utilizao de sementes no tratadas com
fungicidas; plantios profundos (acima de 15 cm), retardando a
emergncia das plntulas e expondo-as a um maior perodo aos fungos de
solo; ausncia de rotao de culturas, especialmente em reas com
antecedentes de problemas de "stand", causada por fungos do solo,
como Rhizoctonia, Pythium e Fusarium. Os fungos de solo, R. solani
e espcies de Fusarium, em condies favorveis, podem tambm causar
danos em plantas adultas com vagens j formadas. Ao final do ciclo,
esses fungos podem ocorrer sobre as vagens, que ficam com a casca
enegrecida, com sementes pequenas, enrugadas e de colorao mais
clara que o normal. Essas vagens destacam-se com facilidade da
planta e resistem muito pouco ao armazenamento. Murcha de
Sclerotium A murcha de Sclerotium (Sclerotium rolfsii Sacc.),
conhecida no exterior por "southern blight", "southern stem blight"
e "white mold", pode ser considerada como a mais importante doena
de solo nas nossas condies. Normalmente as perdas no ultrapassam
25%, mas podem ser superiores a 80%, em condies de monocultivo. S.
rolfsii um patgeno polfago, apresentando uma extensa gama de
hospedeiros em mais de 200 espcies de plantas, sendo mais freqentes
as espcies pertencentes s famlias das Leguminosas e Compostas. Este
fato dificulta a rotao de culturas e exige cuidadoso controle de
ervas daninhas que se apresentam como hospedeiras deste fungo de
solo. Na planta infectada pelo fungo observada uma podrido escura
desde a regio do colo at as razes, que pode se propagar para os
ginforos e vagens. Como resultado dessas leses, toda a parte area
murcha, ocorrendo, por fim, a morte da planta. S. rolfsii produz
grandes quantidades de cido oxlico, uma fitotoxina capaz de causar
a morte das clulas da superfcie da planta, antes da
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de controle...colonizao propriamente pelo fungo, que por isso se
apresenta como um parasita necrotrfico. Em pocas midas,
verificam-se nas partes atacadas, abundante desenvolvimento de
miclio de cor branca e aspecto cotonoso, onde so produzidos os
esclerdios, pequenas formaes arredondadas de 1 a 2 mm de dimetro.
Os esclerdios, inicialmente brancos e posteriormente escuros, so
rgos de resistncia do fungo, que podem permanecer viveis no solo
por longo perodo de tempo e espera de condies favorveis para a
germinao. A ocorrncia da murcha de Sclerotium favorecida pelo
acmulo de matria orgnica resultante da desfolha natural ou causada
por doenas foliares durante o ciclo, por plantas com a Murcha de
Sclerotium parte area bem desenvolvida, criando um microclima
favorvel ao desenvolvimento do patgeno junto base das plantas, pela
ampla gama de hospedeiros do S. rolfsii e sobrevivncia dos
esclerdios no solo por 3-4 anos. As condies climticas quentes
(20-30 oC) e midas favorecem a severidade da doena nas plantas. Em
perodos secos os danos so maiores em "pegs" e vagens. O fungo tem
uma alta demanda de oxignio, assim em solos pesados este fator
limita a germinao dos esclerdios, ficando a doena restrita
superfcie do solo. Em solos leves, o fungo pode agir mais
profundamente, causando severa podrido de vagens. Outro fator
importante o baixo nvel de tolerncia murcha do Sclerotium entre os
cultivares. Normalmente, os cultivares de porte ereto apresentam
menos doena que os rasteiros, cujas hastes tm maior contato com o
solo. DOENAS DA PARTE AREA As doenas da parte area, pela sua
localizao ou pela eficincia dos produtos qumicos, tm seu controle
facilitado quando comparadas com as doenas causadas por fungos de
solo. Entretanto, a importncia dessas doenas no deve ser
subestimada, pois, quando a incidncia se d no incio da cultura e no
so tomadas medidas de controle, causam desfolha e seca prematura
das plantas, afetando sensivelmente a produo. As doenas mais
comumente encontradas so: mancha preta, mancha castanha, verrugose,
ferrugem e mancha barrenta. Manchas preta e castanha
(cercosporioses) Entre as vrias doenas da cultura do amendoim, as
manchas foliares conhecidas pelos nomes vulgares de cercosporioses
do amendoim, manchas preta e castanha, "viruela del mani", "early
and late leafspot" so consideradas as mais importantes em todas as
regies produtoras. Embora as duas manchas estejam comumente
presentes em quase todos os campos de cultivo, a intensidade de
cada doena varia com a localidade e as pocas de plantio. No Estado
de So Paulo, maior produtor nacional, a mancha preta tem se
mostrado predominante e a mais severa entre as doenas foliares do
amendoim. Os fungos causadores das duas manchas so particularmente
patognicos ao gnero Arachis, ocorrendo tanto no amendoim cultivado
(A. hypogaea), como em espcies selvagens. Os fatores que favorecem
o desenvolvimento das manchas castanha e preta so: alta umidade
relativa do ar (acima de 90-95%), temperaturas iguais ou superiores
a 19oC, chuvas peridicas (maiores que 2,5 mm) durante o ciclo da
cultura e o molhamento das folhas devido alta umidade
(proporcionado pelo orvalho ou pelas chuvas peridicas). A produo
local de esporos a principal fonte inicial de inculo, visto que a
disseminao ocorre s a pequenas distncias, por isso, os plantios
sucessivos de amendoim na mesma rea (falta de rotao de culturas), a
no eliminao de restos culturais ou de plantas voluntrias de
amendoim e o plantio de cultivares suscetveis so fatores favorveis
para estas doenas. O agente causal da mancha preta, pinta preta ou
"late leafspot" [Cercosporidium personatum (Berk.& Curt.)
Deighton] ocorre comumente nas leses no seu estgio imperfeito,
sendo o estgio ascgeno descrito como Mycosphaerella berkeleyii
Jenkins, raramente encontrados e no tendo sido
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...AMENDOIM - Principais doenas, manejo integrado e recomendaes
de controle...ainda relatado no Brasil. Os sintomas da mancha
preta, na superfcie das folhas, caracterizam-se por leses de
colorao castanho-escura na face superior, arredondadas, de dimetros
variveis, s vezes circundadas por um pequeno halo amarelado. As
frutificaes do fungo se concentram na pgina inferior das folhas,
como pequenos pontos escuros distribudos circularmente nos centros
das leses, que apresentam colorao escura a preta, caracterstica que
a diferencia da mancha castanha em cultivares suscetveis. Nas
hastes, as manchas tomam forma mais alongada. Mancha preta Embora a
mancha preta aparea mais tarde que a mancha castanha, sua curva de
aumento de intensidade mais rpida e severa, causando a desfolha
mais rpida das plantas. O agente causal da mancha castanha ou
"early leafspot" (Cercospora arachidicola Hori) presente nas leses
tambm ocorre no estgio imperfeito e tem seu estgio sexual descrito
como Mycosphaerella arachidis Deighton, no relatado no Brasil. A
mancha castanha se caracteriza por manchas necrticas circulares a
irregulares, tendo, entretanto, colorao mais clara, halo amarelado
mais ntido e dimetro maior, que a mancha preta. As frutificaes do
fungo se concentram na superfcie superior das folhas. A incidncia
dessa doena geralmente observada mais cedo que a da mancha preta.
Por essa razo, os nomes comuns de mancha "inicial" e "tardia" tm
sido aplicados para as duas doenas, respectivamente. Mancha
castanha Verrugose A verrugose do amendoim (Sphaceloma arachidis
Bit. & Jenk.) foi constatada em material coletado no Estado de
So Paulo em 1940 (em seu estgio conidial, no sendo conhecida ou
relatada sua forma sexual). Como caracterstica do gnero, tem sua
patogenicidade restrita ao gnero Arachis, especialmente ao amendoim
cultivado (A. hypogaea). As plantas com verrugose apresentam por
toda parte area, grande nmero de pequenas manchas de cor
pardo-clara, arredondadas ou irregulares, com centro deprimido e
bordos salientes, que so visveis nas duas faces da folha. Essas
manchas localizam-se geralmente em cima ou ao lado das nervuras das
folhas, as quais apresentam deformaes e distores tpicas. As hastes
e pecolos severamente afetados apresentam-se com aspecto sinuoso e
retorcido, devido paralisao no crescimento do tecido infectado,
prejudicando o crescimento das plantas. Nos estgios finais do
desenvolvimento da doena, as leses adquirem o aspecto de cortia,
cobrindo a superfcie desses rgos. Os restos de cultura que
sobrevivem de uma estao de cultivo para outra so a principal fonte
de inculo inicial. A doena pode ocorrer sob condies midas ou secas,
porm para a esporulao do fungo, condies de alta umidade so
Verrugose requeridas. Condies especficas para esta doena ainda no
foram bem determinadas, entretanto sabe-se que os respingos da
chuva so importantes para a disseminao do fungo. A maioria dos
cultivares disponvel (especialmente os de porte ereto, dos grupos
Valncia e Spanish) suscetvel. Ferrugem O fungo causador da
ferrugem, Puccinia arachidis Speg., um parasita obrigatrio de ciclo
incompleto, pois o estgio uredial, que constitui a repetio das
ferrugens, o predominante e responsvel pela disseminao do fungo,
embora em poucas ocasies possa ser observada a ocorrncia de
telisporos. O patgeno ocorre especialmente no amendoim cultivado e
em espcies
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de controle...selvagens de Arachis spp. A ferrugem aparece
inicialmente como pequenos pontos amarelados visveis na superfcie
dos fololos, que caracterizam o incio da formao de pstulas
(uredossoros). Posteriormente, com a ruptura da cutcula e exposio
das massas de esporos (uredosporos) na face inferior dos fololos,
as pstulas passam a apresentar a colorao caracterstica
marrom-avermelhada, com 0,3 a 1 mm de dimetro, que d o aspecto
pulverulento e ferruginoso s folhas severamente infectadas. Com o
desenvolvimento, os esporos podem ser observados na Ferrugem do
amendoim face superior dos fololos, na posio oposta s existentes na
face inferior, especialmente nos gentipos mais suscetveis. As
pstulas em raras ocasies podem ser observadas em outras partes
areas das plantas, exceto em flores e ginforos. De forma diferente
das manchas preta e castanha, no ocorre desfolha nas severas
infeces pela ferrugem, as folhas permanecem atadas s plantas e os
fololos secam ficando presos aos pecolos e com aspecto de
queimados. O ciclo da ferrugem (perodo entre a infeco e a formao de
novos esporos) bem mais rpido (5-7 dias temperatura de 25 oC) que o
das manchas preta e castanha (10-12 dias), por isso, o aumento da
severidade, sob condies favorveis, ocorre Resistncia e
suscetibilidade rapidamente, exigindo maior ateno no controle e a
diminuio ferrugem dos intervalos de aplicao de fungicidas. A
temperatura na faixa de 20-25 oC, alta umidade relativa do ar e gua
livre na superfcie da folha favorecem a germinao dos uredosporos e
a penetrao via estmatos, com os primeiros sintomas aparecendo em
8-10 dias. A luz inibe a germinao dos esporos, indicando que as
infeces no campo ocorrem com maior sucesso no perodo noturno. A
ferrugem no sobrevive de um a ciclo para outro, pois os uredosporos
perdem a sua viabilidade em restos de cultura em torno de 4
semanas. Sendo um fungo parasita obrigatrio o cultivo contnuo ou a
existncia de plantas voluntrias de amendoim durante o ano um
importante fator de perpetuao do patgeno no campo. Os esporos so
transportados com facilidade pelo ar, assim o vento tem papel
importante na disseminao a mdias e longas distncias, A maior
disseminao dos esporos pelo ar ocorre durante o perodo diurno (10 s
14 horas) e est relacionada s condies de umidade relativa do ar
(entre 75 e 85%) e temperatura (29-31 oC). A disseminao cai a
temperaturas abaixo de 26 oC e acima de 32 o C. Nos ltimos anos a
ferrugem vem se manifestando de forma severa em algumas regies,
especialmente em cultivares suscetveis do tipo "runner", podendo
tornar-se mais problemtica que as demais doenas foliares. Mancha
barrenta Esta doena causada por Phoma arachidicola Marasas, Pauer
& Boerema, sendo o amendoim considerado como o nico hospedeiro
deste patgeno, embora 6 gneros de plantas tenham sido infectados
atravs de inoculaes artificiais. A forma sexual de P. arachidicola
no apresenta sua posio taxonmica claramente definida, sendo
comumente descrita como Dydimella arachidicola (Conch) Comb. Nov.
Aps a germinao a penetrao na folha direta com o crescimento
sub-cuticular, antes da penetrao da epiderme foliar e
desenvolvimento intercelular. A superfcie superior da folha mais
suscetvel penetrao, com os primeiros sintomas sendo observados 4
dias aps a infeco. Na fase inicial da doena, so freqentemente
observadas manchas escuras semelhantes a uma "teia", de formas e
tamanhos pouco definidos, visveis somente na
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de controle...pgina superior das folhas. Com a evoluo da doena,
essas leses crescem e coalescem, abrangendo grande rea dos fololos,
sendo ento visveis tambm na superfcie inferior das folhas, com os
tecidos necrosados no se mostrando totalmente coincidentes com a
face superior; na fase mais avanada da doena as folhas parecem ter
sido salpicadas de barro. A mancha barrenta ocorre geralmente do
meio para Sintomas da mancha barrenta o final do ciclo das plantas,
sendo responsvel pela diminuio da rea fotossinttica das folhas
infectadas, embora com menor intensidade que as manchas castanha e
preta, pois os fololos no caem at que sejam completamente cobertos
pelas manchas. A mancha barrenta mais severa sob temperaturas mais
amenas (15-21 0C) e sob perodos prolongados de molhamento das
folhas, sendo mais comum em culturas irrigadas, que sob chuva
normal, embora perodos chuvosos bem distribudos com menor evaporao
favoream a doena. A produo de condios do fungo maior a 20 oC e de
pseudotcios entre 15 e 20 oC (no ocorrendo acima de 25 oC). citado
que a mancha castanha aparecendo mais cedo pode proporcionar algum
controle da mancha barrenta (em funo da produo de fitoalexinas nas
folhas). Os cultivares de porte ereto, dos grupos Valncia e
Spanish, so mais suscetveis que os do tipo Virginia. OUTRAS DOENAS
Alm das doenas relatadas anteriormente outros patgenos do amendoim
podem ocorrer esporadicamente, como: A queima das folhas de
Leptosphaerulina crassiasca (mais comum em cultivares rasteiros do
grupo Virgnia, em ocorrncias sazonais durante os meses quentes e
chuvosos de vero); o mofo cinzento ou queima de Botrytis cinerea
(mais comum com temperaturas mais baixas, de 15-20 C, e umidade
relativa superior a 80%); as podrides de vagens e razes de Fusarium
spp.(fungos comuns nos solos, cuja importncia est mais
correlacionada com a ao conjunta com outros patgenos de solo, que
individualmente); a mancha anular ("Tomato spotted wilt virus -
TSWV" vrus tambm conhecido por do vira-cabea do tomateiro, causando
o subdesenvolvimento das plantas, a formao de rosetas na
extremidade das hastes, a necrose do parte apical e folhas com reas
clorticas irregulares ou em forma de anel, cujo principal vetor o
tripes).
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Queima de Leptosphaerulina Podrido de Fusarium na raiz e vagens
De um modo geral, no existem medidas especficas de controle para
esses problemas, sendo o manejo recomendado para as doenas da parte
area, mais prevalentes, suficiente para minimizar os danos causados
pelas mesmas. MANEJO INTEGRADO DAS DOENAS DO AMENDOIM As medidas de
manejo integrado das doenas do amendoim devem ser formuladas para
cada rea e condio de cultivo, devendo ser suficientemente flexveis,
para levar em considerao as variaes na severidade e prevalncia das
doenas, as condies econmicas e capacidade de pratic-
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de controle...las em cada propriedade. No manejo das doenas, sempre
que possvel, devem ser utilizadas todas as medidas de controle das
doenas disponveis (como ilustrado no esquema de manejo integrado, a
seguir), devendo-se considerar a possibilidade de combinar o uso de
cultivares com resistncia parcial e aplicaes de fungicidas. As
caractersticas de resistncia parcial e produtividade do IAC - Caiap
permitem indic-lo, principalmente para regies onde as condies
climticas so favorveis maior severidade da mancha preta e outras
doenas foliares.
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RECOMENDAES PARA O CONTROLE DAS DOENAS DO AMENDOIM Controle de
doenas de pr e ps-emergncia (tombamento) As medidas de controle
recomendadas so o uso de sementes sadias e de boa qualidade
(certificadas, com germinao e vigor altos), plantio em
profundidades adequadas e rotao de culturas. Para as doenas
causadas por Rhizoctonia deve-se promover a rotao de culturas com
cereais, como milho, sorgo ou gramneas forrageiras, visando reduzir
a populao do patgeno e os nveis crticos da doena so necessrios 3 a
5 anos de rotao. Recomenda-se, tambm, a modificao de prticas
culturais, como fazer arao profunda (para incorporao dos restos de
cultura ou sua eliminao), evitar ou minimizar danos na vegetao (nas
operaes com mquinas), manter nveis adequados de clcio, na regio de
formao dos "pegs" (a aplicao de gesso pode reduzir as podrides de
"pegs" e vagens). O tratamento qumico das sementes com fungicidas
uma prtica obrigatria para o amendoim, especialmente para o
controle das doenas de pr e ps-emergncia (tombamento das plntulas),
visando manter um "stand" ideal de plantas na cultura.
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...AMENDOIM - Principais doenas, manejo integrado e recomendaes
de controle...Devido ao complexo de agentes patognicos, apenas os
fungicidas de espectro mais amplo ou combinaes de fungicidas podem
proporcionar uma proteo adequada. Entre os fungicidas testados em
sementes de amendoim, os produtos a base de thiram, captan,
carboxin, difenoconazole e combinao carboxin + thiram, protegem as
sementes e plntulas contra fungos do solo, no afetam a germinao e
no causam sintomas de fitotoxicidade. Deve-se salientar que o
melhor tratamento no melhora a qualidade de uma semente ruim,
somente a proteger do ataque dos agentes patognicos, e que, mesmo
utilizando sementes de alta qualidade, se elas no forem tratadas
com fungicidas, o stand de plantas pode ser reduzido em 50%.
Controle da murcha de Sclerotium As prticas recomendadas so medidas
preventivas, como: rotao de cultura; tratamento contra doenas da
parte area, evitando assim a queda de folhas e o acmulo de matria
orgnica no solo; arao profunda, visando ao enterrio dos restos da
cultura anterior; e calagem. O controle qumico atravs do tratamento
do solo com fungicidas no economicamente recomendado. Controle das
doenas da parte area O amendoim cultivado em reas do estado e do
pas sob condies agrcolas variveis. A ocorrncia e o nvel de
severidade das doenas na cultura so extremamente influenciados
pelas condies climticas da regio. Deste modo, o nvel de severidade
das doenas foliares pode variar de regio para regio. No Estado de
So Paulo, alm do tratamento das sementes com fungicidas, o controle
qumico dirigido para as principais doenas da parte area, como as
manchas preta e castanha, a verrugose e nos ltimos anos a ferrugem.
Como o uso de fungicidas necessrio, a escolha do produto a ser
utilizado deve levar em considerao a sua capacidade de controlar o
maior nmero de doenas prevalentes na cultura, alm de sua
compatibilidade com os inseticidas que controlam as pragas mais
prejudiciais. Quatro fatores so importantssimos para o manejo das
doenas com fungicidas: Escolha do fungicida: utilizar fungicidas
mais eficientes, protetores, como o clorotalonil ou sistmicos
(triazis e a base de Pyraclostrobin). recomendvel a alternncia de
fungicidas protetores e sistmicos, visando ampliar o espectro de
controle das doenas e evitar o aparecimento de tolerncia aos
fungicidas entre os fungos patognicos cultura. O efeito da aplicao
do inseticida thiamethoxam para controle do tripes (uma das mais
importantes pregas da cultura) contribuindo com a reduo da
severidade da verrugose do amendoim uma das medidas a ser explorada
no manejo integrado de doenas e pragas. Pulverize na dosagem
correta: no se aconselha aplicar dosagens diferentes que as
recomendadas, em nenhum momento do ciclo. Com dosagens menores a
pulverizao desperdiada, pois no controlam as doenas; dosagens
maiores, alm de aumentar o custo da pulverizao, podem causar
fitotoxidez nas plantas. Procure dar boa cobertura das folhas com o
fungicida: em qualquer circunstncia a qualidade da aplicao dos
principais aspectos para se obter um bom controle das doenas
foliares. fundamental se obter uma cobertura completa da rea
foliar, usando preferencialmente bicos de cone vazio. Com presso
adequada e quantidade de gua suficiente obtm-se bons resultados,
principalmente quando se trabalha com fungicidas sistmicos. Aplique
o fungicida na poca certa: os fungicidas no erradicam a doena j
instalada, mas protegem os tecidos no infectados da planta,
portanto as aplicaes devem comear quando se observam os primeiros
sintomas da doena (normalmente entre 40 e 50 dias do plantio). O
intervalo entre as aplicaes, dependendo das condies climticas e do
fungicida usado, pode variar entre 10 a 14, ou mais, sendo menor
quando se utilizam fungicidas protetores ou em condies de alta
umidade e temperaturas favorveis ocorrncia das doenas. Alm disso,
alguns pontos do controle das doenas foliares devem ser observados:
Em condies climticas adversas para as manchas castanha e preta
(baixa umidade do ar,
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...AMENDOIM - Principais doenas, manejo integrado e recomendaes
de controle...temperaturas mnimas abaixo de 19 oC), a primeira
pulverizao com fungicida pode ser feita mais tarde, principalmente
se o nvel da doena estiver baixo, ou seja, com menos de 5% dos
fololos infectados. Aplique os fungicidas recomendados no sistema
de calendrio (pulverizaes programadas) ou de acordo com um sistema
de aviso (com os quais possvel reduzir 1 a 3 pulverizaes durante o
ciclo), com a assistncia de pesquisadores ou extensionistas da
regio. Considerar que, sistemas de aviso para as manchas castanha e
preta podem no proporcionar o controle adequado outras doenas, como
a ferrugem, e vice-versa. Se um sistema de aviso for usado, aplique
o fungicida recomendado dentro de 24 a 48 horas do aviso, mas nunca
antes de 10 dias da ltima aplicao de fungicida. Os dados climticos,
usados para informar a necessidade de pulverizaes com fungicidas,
devem ser obtidos de estaes meteorolgicas localizadas o mais prximo
possvel do campo a ser pulverizado. Monitore com amostragens os
campos regularmente para as doenas foliares e reverta ao sistema de
calendrio se qualquer rea do campo mostrar nveis de incidncia acima
de 5 a 15 % ou se a verrugose ou a mancha barrenta se tornarem
predominantes. Em regies produtoras sujeitas ocorrncia da ferrugem,
maiores cuidados devero ser tomados em reas onde o amendoim foi
plantado tardiamente, pois os plantios feitos mais cedo serviro de
focos de disseminao do patgeno. Convm monitorar o aparecimento da
ferrugem e, caso algum foco seja notado, deve-se iniciar
imediatamente o controle qumico com fungicidas e repetir a
intervalos de 7-10 (com fungicidas protetores) a, no mximo 14 dias
(com fungicidas sistmicos). REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BARRETO, M..
Doenas do amendoim (Arachis hypogaea L.). In: Kimati, H.; Amorim,
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http://www.infobibos.com/Artigos/2006_2/Amendoim/index.htm
11/7/2006
...AMENDOIM - Principais doenas, manejo integrado e recomendaes
de controle...Srgio Almeida de Moraes - Pesquisador Cientfico
(PqC-VI, desde 1991) do Centro P.D. de Fitossanidade do Instituto
Agronmico IAC, desde 1972 Diplomou-se em Engenharia Agronmica
(1972), Mestre em Fitopatologia (1977) e Doutor em Agronomia-rea de
concentrao: Fitopatologia (1981), pela ESALQ-USP; Bolsista do CNPq
desde 1976; trabalha com pesquisa de doenas da cultura do amendoim
desde 1976, tendo vrios artigos cientficos, captulos de livros e
boletins na especialidade. Contato: [email protected]
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Reproduo autorizada desde que citado o autor e a fonte Dados
para citao bibliogrfica(ABNT): Moraes de, S. A.. Amendoim:
Principais doenas, manejo integrado e recomendaes de controle.
2006. Artigo em Hypertexto. Disponvel em: . Acesso em:
11/7/2006
Publicado no InfoBibos em 11/07/2006imprimir Arquivo em PDF
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11/7/2006