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1 AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA VIRTUAL LEARNING ENVIRONMENT AT DISTANCE EDUCATION Ivanda Maria Martins Silva 1 Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)/DEINFO/EAD – Recife-PE Resumo A educação a distância envolve o processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias, no qual professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente, mas permanecem conectados por uma série de recursos tecnológicos (MORAN, 2002). Na educação a distância, os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) ganham destaque especial, garantindo os fluxos de interatividade e comunicação. Ambientes virtuais de aprendizagem agregam interfaces que permitem a produção de conteúdos e canais variados de comunicação. Os AVA podem ser compreendidos como sistemas computacionais destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Tais ambientes permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, bem como propiciam o gerenciamento de banco de dados, ampliam a intercomunicação e a socialização de experiências na construção de aprendizagens colaborativas. Este artigo analisa um ambiente virtual de aprendizagem utilizado em um curso de graduação a distância, considerando-se os eixos de coordenação, documentação e interação. Palavras-chave: Educação a Distância, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Cibercultura. Abstract Distance education involves learning and teaching process mediated for technologies. Teachers and students are separate considering the relationship between space and time, but they remain connected for some technologies (MORAN, 2002). The virtual learning environments (VLE) used at distance education have special role when they involve interactivity and communication. The virtual learning environments associate interfaces toward production of contents and different communication channels. They can be understood as computational systems destined to the support of activities mediated for the information and communication technologies. Such environments allow to integrate medias, languages and resources toward the management of data base. They also extend the intercommunication and socialize experiences toward colaborative learnings. This paper analyzes a virtual learning environment used in a distance education´s course considering some principles such as coordination, documentation and interaction. Key words: Distance Education, Virtual Learning Environments, Ciberculture. 1 [email protected]
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Dec 04, 2018

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AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA

VIRTUAL LEARNING ENVIRONMENT AT DISTANCE EDUCATION

Ivanda Maria Martins Silva1 Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)/DEINFO/EAD – Recife-PE

Resumo A educação a distância envolve o processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias, no qual professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente, mas permanecem conectados por uma série de recursos tecnológicos (MORAN, 2002). Na educação a distância, os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) ganham destaque especial, garantindo os fluxos de interatividade e comunicação. Ambientes virtuais de aprendizagem agregam interfaces que permitem a produção de conteúdos e canais variados de comunicação. Os AVA podem ser compreendidos como sistemas computacionais destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Tais ambientes permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, bem como propiciam o gerenciamento de banco de dados, ampliam a intercomunicação e a socialização de experiências na construção de aprendizagens colaborativas. Este artigo analisa um ambiente virtual de aprendizagem utilizado em um curso de graduação a distância, considerando-se os eixos de coordenação, documentação e interação.

Palavras-chave: Educação a Distância, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Cibercultura.

Abstract

Distance education involves learning and teaching process mediated for technologies. Teachers and students are separate considering the relationship between space and time, but they remain connected for some technologies (MORAN, 2002). The virtual learning environments (VLE) used at distance education have special role when they involve interactivity and communication. The virtual learning environments associate interfaces toward production of contents and different communication channels. They can be understood as computational systems destined to the support of activities mediated for the information and communication technologies. Such environments allow to integrate medias, languages and resources toward the management of data base. They also extend the intercommunication and socialize experiences toward colaborative learnings. This paper analyzes a virtual learning environment used in a distance education´s course considering some principles such as coordination, documentation and interaction.

Key words: Distance Education, Virtual Learning Environments, Ciberculture.

1 [email protected]

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1. Educação a Distância (EAD) na Era da Cibercultura: reflexões e desafios

A educação a distância revela-se como novo paradigma que vem revolucionando as técnicas de ensino-aprendizagem no contexto dinâmico da cibercultura. Conceitos como hipertextualidade, convergência digital, letramento digital, alfabetização digital, e-learning, entre outros, tornam-se amplamente debatidos, em função da mudança de paradigmas ocasionada pela revolução tecnológica. Segundo Lévy (1999, p.17), a cibercultura envolve o “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem

juntamente com o crescimento do ciberespaço.”. Ainda nos termos de Lévy (1999), o mundo da cibercultura é marcado pela interatividade em que três princípios básicos orientam o crescimento do ciberespaço: a interconexão, a criação de comunidades virtuais e a inteligência coletiva. Nesse sentido, o ciberespaço funciona como novo meio de comunicação caracterizado não apenas pela infraestrutura material da comunicação digital, mas também pelo universo oceânico de informações disponibilizadas na web. (LÉVY, 1999). Vivemos a Sociedade da Informação, na qual a interatividade, a rapidez nas trocas comunicativas, o acúmulo no fluxo informacional, entre outros elementos tornam-se aliados no processo de inclusão digital, redirecionando comportamentos, atitudes dos indivíduos, provocando reavaliação de conceitos e práticas educacionais. Retomando Lévy (1999), podemos afirmar que a interconexão assume especial relevância, tornando o ciberespaço o domínio das relações interpessoais múltiplas, em que universalidade e coletividade tornam-se características primordiais na pragmática do mundo digital. É preciso destacar que o ciberespaço rompe fronteiras, promovendo novas formas de acesso à informação, bem como outras maneiras de pensar o conhecimento. Os indivíduos tentam redescobrir estratégias para lidar com as tecnologias intelectuais na Era cibernética. Na perspectiva Lévy (1999, p.167), com o advento do ciberespaço, surgem novos gêneros, critérios de avaliação inéditos para orientar o saber, novos atores na produção e tratamento do conhecimento. A proliferação de comunidades virtuais (orkuts) e as novas formas de interação mediadas eletronicamente (chat, chat vídeo, webconferência, etc.) promovem a ampliação da inteligência coletiva. No campo da educação, a inteligência coletiva consolida-se com a prática da aprendizagem colaborativa (LÉVY, 1999, p.171), na qual novas competências surgem para orientar professores e alunos na construção e reconstrução do conhecimento. Nesse contexto, a educação a distância (EAD) vem assumindo papel de destaque no processo de democratização do ensino mediado pelos suportes e recursos tecnológicos. Diversos autores discutem as características da EAD na cibercultura. Moran (2002), por exemplo, define a EAD como processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias, no qual professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente, no entanto, permanecem conectados por uma série de recursos tecnológicos (correio, telefone, fax, Internet, etc). À medida que a tecnologia avança, esta separação vai diminuindo, uma vez que os encontros virtuais possibilitam maior interatividade entre alunos e professores. Moore e Kearsley (2007, p. 02) abordam a EAD como:“aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas

especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e

disposições organizacionais e administrativas especiais”.

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Somam-se a tais reflexões o enfoque de Lévy (1999, p. 158), segundo o qual a EAD explora certas técnicas de ensino a distância, incluindo as hipermídias, a interatividade das redes de comunicação e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura. Para Lévy (1999), a EAD inaugura um novo estilo de pedagogia que favorece a construção de aprendizagens coletivas nas redes da inteligência coletiva. Nesse processo de aprendizagem em rede, a democratização do ensino por meio do modelo da educação a distância é um aspecto significativo, possibilitando ampliar as oportunidades de acesso aos processos formais de educação.

Por meio da EAD, democratizam-se, assim, as formas de ensino-aprendizagem, já que o uso da tecnologia redimensiona as fronteiras geográficas e espaciais, facilitando a interconexão e a comunicação entre os usuários. Surge a educação sem fronteiras, acessível a uma gama ilimitada de pessoas, ou seja, do ensino presencial passa-se para o modelo a distância, por meio de simulações virtuais, programas de formação continuada no universo on-line, ambientes que investem na realidade virtual e criam escolas virtuais baseadas no e-learning, além de uma infinidade de estratégias que motivam os internautas ao processo colaborativo na aprendizagem. A EAD pode ser compreendida como uma modalidade educacional que faz uso de processos que vão além da superação da distância física. As tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) usadas na educação a distância não servem apenas para diminuir a distância física entre aqueles que aprendem e aqueles que ensinam. Essa abordagem tem como base o conceito de distância transacional que considera a distância educacional não do ponto de vista físico, mas do ponto de vista comunicativo (MOORE e KEARSLEY, 2007). O conceito de distância transacional distingue a distância física da comunicativa. A distância transacional será maior ou menor, dependendo da situação dos alunos: se abandonados à própria sorte, com seus materiais de estudo, ou se estimulados à interatividade com os professores nos ambientes virtuais. Isso significa que se há maior comunicação entre alunos e professores, a distância entre eles torna-se menor, independentemente da distância física. A partir da proposta da distância transacional, a aprendizagem será mais significativa quanto maior for o grau de interação e comunicação entre os participantes, por meio de diferentes técnicas e tecnologias, visando-se obter o máximo de aproximações nas atividades realizadas a distância nos ambientes virtuais de aprendizagem. Desse modo, as TICs, especificamente os recursos disponibilizados nos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) podem diminuir a distância transacional entre alunos e professores, funcionando como instâncias mediadoras do processo educativo. Nesse sentido, os AVA têm papel de destaque nos cursos a distância, visto que promovem a interatividade entre os múltiplos atores envolvidos nos fluxos de comunicação e interação mediados pelas múltiplas potencialidades tecnológicas.

2. Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) no contexto da EAD

As características essenciais da educação a distância são: interatividade, aprendizagem a distância, flexibilidade de espaço⁄tempo, redes colaborativas, maior autonomia dos alunos, integração de mídias e linguagens, além de vários outros fatores que influenciam as interações virtuais. Nessa dinâmica da EAD, os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) são ferramentas essenciais no gerenciamento dos cursos, nos fluxos de interação e comunicação e na aprendizagem colaborativa dos atores envolvidos.

Ambientes virtuais de aprendizagem, conforme Almeida (2003), são sistemas computacionais disponíveis na Internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, além disso,

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apresentam informações de maneira organizada, ampliam as interações entre pessoas e objetos do conhecimento, propiciam ainda a socialização de experiências e produções.Os AVA são formados por um conjunto de ferramentas para a construção, disponibilização e manipulação de material instrucional. Este conjunto, além de conter ferramentas para a manipulação de textos e gráficos, contém recursos para organizar dados, gerenciar informações administrativas e conteúdos sobre acompanhamento da aprendizagem do aluno, considerando a participação dos aprendizes em testes, avaliações, processos de comunicação síncrona e assíncrona. Dessa forma, “os AVA consistem em mídias que utilizam o ciberespaço para veicular conteúdos e permitir interação entre os atores do

processo educativo. [...] Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) consiste em uma opção de mídia

que está sendo utilizada para mediar o processo ensino-aprendizagem a distância”. (PEREIRA, SCHMITT, DIAS, In: PEREIRA, 2007, p.05).

Os primeiros projetos de construção de ambientes virtuais de aprendizagem iniciaram-se a partir de uma significativa mudança na Internet, devido a dois acontecimentos: (1) a criação do primeiro navegador para a web; (2) a Internet deixa de ser uma rede acadêmica, incorporando atividades de empresas. Antes da web, era possível usar a rede por meio de telas textuais, sendo que um grande avanço ocorreu com a tecnologia de janelas gráficas, cuja vantagem foi permitir a representação da informação por meio de imagens e trazer uma linguagem icônica para as telas dos computadores. Após o surgimento da web, foi realizado um esforço de criação da infraestrutura necessária para o uso na nova rede de interface gráfica. Entretanto, muitas das funcionalidades da web, como, por exemplo, o correio eletrônico, eram recursos que já existiam na rede anterior e apenas passaram a ser usados por meio de um navegador da web. (FRANCO, CORDEIRO, CATILLO, 2003).

Nesse contexto, algumas universidades e empresas começaram a oferecer sistemas para serem usados como ambientes educacionais. A web tornou-se um espaço, cada vez mais comum, como recurso auxiliar nos cursos de graduação, pós-graduação e aperfeiçoamento profissional, os quais começaram a ser oferecidos mais intensamente na modalidade a distância. Respondendo a essa demanda no âmbito educacional e profissional, começaram a ser construídos, com as tecnologias disponíveis para a web, ambientes virtuais cada vez mais informatizados e interativos, direcionados às atividades de educação e treinamento. A evolução tecnológica e as crescentes demandas em relação ao processo de democratização de ensino e qualificação profissional promoveram o incremento da educação a distância, considerando-se os diferentes recursos disponíveis no ciberespaço.

Com os desafios da EAD, os ambientes virtuais de aprendizagem começaram a ser utilizados com finalidades diversas, visando à ampliação das redes de aprendizagem em diferentes contextos. Dentre algumas das finalidades dos AVA, alguns autores apontam para os diferentes usos de tais ambientes, tendo em vista: 1) acesso à informação, disponibilização de materiais didáticos, bem como armazenamento e divulgação de documentos; 2) processos de interatividade, visando à comunicação síncrona e assíncrona, 3) gerenciamento de processos pedagógicos e administrativos; 4) produção de atividades individuais ou colaborativas (em grupo). (PEREIRA, SCHMITT, DIAS, In: PEREIRA, 2007, p.05).

Conforme Franco, Cordeiro e Catillo (2003), os AVA podem ser modelados para educação com base em quatro estratégias, com relação às suas funcionalidades:

• Incorporar elementos já existentes na web, como correio eletrônico e grupos de discussão. • Agregar elementos para atividades específicas de informática, como gerenciar arquivos e

cópias de segurança.

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• Criar elementos específicos para a atividade educacional, como módulos para o conteúdo e a avaliação.

• Adicionar elementos de administração acadêmica sobre cursos, alunos, avaliações e relatórios.

Assim, por meio dessas estratégias, foram criados os primeiros ambientes virtuais de aprendizagem. Alguns ambientes da primeira geração tentaram representar mimeticamente modelos de aprendizagem ancorados nos moldes presenciais de ensino. Inicialmente, os AVA funcionavam como verdadeiras “salas de aula virtuais'', adaptando-se para o mundo digital a nomenclatura usada nos contextos presenciais de ensino. No entanto, o uso desses ambientes mostrava que eles eram mais do que cópias de estruturas existentes, pois possuíam características e sentidos próprios. (FRANCO, CORDEIRO, CATILLO, 2003).

Ressalta-se que os ambientes virtuais de aprendizagem não são uma mera repetição de processos existentes, ou uma nova forma para a estrutura da educação. Os AVA são produtos de uma transformação dos processos educacionais e, sendo assim, não podem ser concebidos como “cópias” de estruturas já existentes. Pelo caráter dinâmico e interativo, o AVA precisa ser planejado de modo multidisciplinar, congregando profissionais de diferentes áreas, tais como: informática educativa, inteligência artificial, design gráfico, psicologia, pedagogia, etc.

Também as concepções pedagógicas precisam ser consideradas no processo de implementação dos ambientes virtuais de aprendizagem. Se, por um lado, optam por uma abordagem tradicional da educação, os AVA estarão centrados apenas na postura do professor como “transmissor” de informações pré-programadas, colocando o aprendiz numa posição de mera passividade. Por outro lado, os AVA podem ser elaborados com base em enfoque dialógico da educação, no qual ensinar e aprender fazem parte de um processo indissociável. Como postulou Freire (2002, p.25): “não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro.

Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. Nesse sentido, uma concepção dialógica na construção dos ambientes virtuais de aprendizagem ratifica essa posição de Freire (2002), quando docentes e discentes participam da interatividade que os meios eletrônicos permitem para facilitar o ensino-aprendizagem como via de mão dupla, por meio dos movimentos de construção e reconstrução do aprender e do ensinar como duas faces de um mesmo processo.

Desse modo, a seleção dos AVA a serem utilizados na EAD deve estar atrelada a concepções teórico-metodológicas que considerem a aprendizagem como processo dialógico estabelecido nas interações entre os sujeitos, a partir de abordagens sociointeracionistas (VYGOTSKY, 1998). Nesse sentido, os AVA podem facilitar a mediação entre sujeitos e aprendizagem de forma dinâmica e interativa, proporcionando uma aprendizagem social que considera os processos cognitivos que ocorrem durante a interação. No momento em que os aprendizes são motivados à aprendizagem, as relações interpessoais começam a se formar nas redes digitais dos AVA, propiciando que os alunos socializem suas experiências e construam o conhecimento de forma colaborativa.

Segundo Andrade e Vicari (In: SILVA, 2006, p.263), para que os AVA da EAD se tornem ambientes de aprendizagem colaborativa é preciso se estimular um processo cognitivo socialmente compartilhado entre seus membros. Em outros termos, é fundamental se abordar a coesão entre o grupo de atores envolvidos nos amplos processos de comunicação e interação, visando à ampliação da “inteligência coletiva” (LÉVY, 1999).

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No contexto da EAD, os principais recursos tecnológicos usados nos AVA podem ser agrupados em diferentes eixos:

1. Informação e documentação- permite apresentar informações instrucionais do curso, veicular conteúdos e materiais didáticos, fazer upload e download de arquivos.

2. Comunicação – facilita a comunicação síncrona (chat) assíncrona (fórum). 3. Gerenciamento pedagógico e administrativo – permite acessar avaliações e o

desempenho dos aprendizes, consultar a coordenação virtual do curso, etc. 4. Produção – permite o desenvolvimento de atividades e resoluções de

problemas disponíveis no ambiente.

Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) são caracterizados pela interatividade, hipertextualidade e conectividade. No ambiente virtual, a flexibilidade da navegação e as formas síncronas e assíncronas de comunicação oferecem aos estudantes a oportunidade de definirem seus próprios caminhos de acesso às informações desejadas, afastando-se de modelos massivos de ensino e garantindo aprendizagens personalizadas. Tais ambientes caracterizam-se como espaços em que ocorre a convergência do hipertexto, a fusão de mídias e linguagens, possibilidades de realidade virtuais, jogos interativos e animações que facilitam a aprendizagem. O professor torna-se o “animador da inteligência coletiva”, como postulou Lévy (1999), atuando na “pilotagem dos percursos de aprendizagens dos alunos”. As características tecnológicas dos ambientes virtuais estreitam os laços de aproximação entre homem-máquina. Em outros termos, mesmo que os usuários dos AVA estejam em espaços distantes e acessem o mesmo ambiente em dias e horários diferentes, eles precisam se sentir como se estivessem fisicamente unidos, juntos, trabalhando de forma colaborativa, compartilhando experiências significativas de ensino-aprendizagem. Na EAD essa aproximação entre os usuários é fundamental para a interatividade do curso, evitando problemas, tais como: a evasão e a desmotivação dos alunos, entraves tão frequentes nos cursos a distância.

Na EAD, as distâncias espaciais e temporais entre os professores e aprendizes precisam ser minimizadas por meio das redes sociais de aprendizagem que podem ser construídas nos ambientes virtuais. Por meio dos AVA, docentes e discentes podem interagir, utilizando as ferramentas tecnológicas para elaborar e socializar suas produções. Desse modo, a construção da aprendizagem revela-se colaborativa e cooperativa, na medida em que os sujeitos produzem, reavaliam, socializam, constroem e reconstroem os diversos caminhos que levam à significação e à ressignificação do conhecimento. Podemos citar algumas ferramentas que dão suporte à aprendizagem digital, tais como: e-mails, fóruns de discussão, salas de bate-papo, salas virtuais, quadro de avisos, quiz, webquests, wikis, jogos educacionais, etc. Para que estas ferramentas possam atingir o objetivo de facilitar a construção de aprendizagens significativas, elas não poderão ser utilizadas de qualquer forma, mas devem seguir alguns critérios de organização, comunicação e coordenação. Como exemplo, a participação dos alunos nas salas de bate-papo precisa ser coordenada pelos tutores virtuais (orientadores dos percursos de aprendizagem dos alunos). Os tutores precisam planejar os encontros virtuais nos ambientes, considerando o quantitativo adequado de alunos para uma participação qualitativa. Não é recomendável, por exemplo, buscar garantir um acompanhamento qualitativo, quando se visualiza a participação de 50 alunos em uma sala de bate-papo virtual. Assim, os tutores precisam gerenciar e organizar as comunidades de aprendizagem, motivando a participação dos

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aprendizes, de forma planejada e coordenada. Os ambientes virtuais de aprendizagem podem ser utilizados como suportes para sistemas de educação a distância, realizados exclusivamente on-line, como também podem apoiar as atividades no ensino presencial. Observa-se que, tanto no ensino presencial quanto na modalidade a distância, a interatividade e os fluxos de comunicação entre docentes e aprendizes devem ser premissas cada vez mais valorizadas. Os AVA revelam-se como ferramentas importantes pautadas na interatividade e intercomunicação, com vistas a dinamizar o processo de ensino-aprendizagem. Nesses ambientes, os fluxos de comunicação podem ser realizados de três maneiras: um para um, um para muitos e muitos para muitos. (ALMEIDA, 2003). Na comunicação um para um, o processo de transmissão da informação limita-se ao envio e recebimento da mensagem. A comunicação um para muitos é caracterizada pela existência de um mediador, o qual estabelecerá regras de conduta, fazendo as intervenções necessárias, como ocorre nos fóruns de discussão. Na comunicação de muitos para muitos ou comunicação estrelar, os participantes agem de forma colaborativa, onde todos participam da criação e desenvolvimento das comunidades de aprendizagem. A aprendizagem mediada pela tecnologia revela-se como novo paradigma no campo da educação, exigindo a reavaliação de concepções sobre: processos de ensino-aprendizagem, critérios de avaliação, novas competências, relações entre professores e alunos, redimensionamento do papel do educador em face das tecnologias da informação e comunicação, novas maneiras de ensinar e outras formas de aprender. Observa-se uma tendência para que a aprendizagem mediada pela tecnologia revele-se como promissora, no sentido de se dinamizarem os processos de ensino-aprendizagem, minimizando problemas enfrentados, tais como: desmotivação dos alunos diante dos conteúdos e das metodologias tradicionais, dificuldades de aprendizagem, evasão escolar, além de vários outros entraves. A aprendizagem mediada pela tecnologia pode ser efetivada de várias formas, dentre as quais serão destacadas: aprendizagem colaborativa e o trabalho cooperativo.

3.Mediação tecnológica: o caso da aprendizagem colaborativa

Segundo Sorensen (1997), a aprendizagem colaborativa é uma coleção de perspectivas baseadas no princípio da interação interpessoal. A aprendizagem colaborativa tem por finalidades conhecer diferentes pontos de vista, encorajar o trabalho em grupo, formar novas comunidades de aprendizes virtuais e socializar informações. No modelo colaborativo, o conhecimento é construído em ambientes de aprendizagem, nos quais o aluno torna-se o foco principal e o professor passa a ser um orientador das atividades a serem executadas. O aluno constrói o conhecimento de maneira investigativa, participando de discussões, reflexões e tomadas de decisão. Nesse processo, o conhecimento é produzido a partir das transformações das informações e não da memorização. Os atores (alunos e professores) assumem papéis dinâmicos na construção e reconstrução do conhecimento de forma dialógica e colaborativa. Existem algumas práticas pedagógicas para criar situações e ambientes apropriados para incentivar e estimular o aprendizado colaborativo, dentre elas, podemos citar: questionamento progressivo, aprendizagem baseada em problemas e aprendizagem baseada em projetos.

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4.Mediação tecnológica: o caso do trabalho cooperativo

A cooperação é a divisão do trabalho entre os participantes, modelo segundo o qual cada sujeito é responsável por uma parte do problema a ser resolvido. Nesse processo, os membros do grupo ajudam e confiam uns nos outros para atingir um objetivo específico. No trabalho cooperativo, as atividades em grupo são mais importantes do que os trabalhos individuais, pois a soma do grupo é maior do que a soma das partes. Quando as pessoas trabalham por si próprias, elas praticam atividades voltadas ao aprendizado como: pensar, ler, escrever, projetar, criar, etc. No trabalho em grupo, os sujeitos realizam todas as atividades, ou seja, compartilham, discutem, planejam e socializam as experiências. As principais características do trabalho cooperativo são: comunicação, coordenação e cooperação, as quais estão estreitamente inter-relacionadas, proporcionando um ambiente propício ao aprendizado cooperativo e servindo de base para criações de softwares como suportes ao trabalho cooperativo. Podemos discutir essas características da seguinte forma: a coordenação é responsável pela divisão das tarefas, bem como a definição das responsabilidades e autoridades no grupo e pelo tratamento dos conflitos que podem surgir. Vale ressaltar que a cooperação corresponde à realização das tarefas de forma eficiente, visando a resolver, da melhor maneira possível, os problemas, a fim de atingir os objetivos propostos. Além disso, a comunicação tem um papel fundamental, pois, sem ela, a eficiência do processo como um todo ficará comprometida. A comunicação será considerada bem sucedida quando o emissor identificar que o receptor recebeu a mensagem. O mais importante é assegurar o entendimento da mensagem, gerando compromissos por parte das pessoas envolvidas no processo. 5.Uma Experiência com Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) na EAD Pretendemos, nesta seção, relatar uma experiência com ambientes virtuais de aprendizagem desenvolvidos pela equipe de educação a distância da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A experiência da UFRPE na oferta de cursos a distância ocorre desde 2006, quando implantou seu primeiro curso a distância, Licenciatura em Física, por meio de um consórcio com a UESB-BA. Desde então, a UFRPE vem se destacando no cenário pernambucano e no âmbito do Norte-Nordeste como uma das instituições pioneiras na oferta de cursos na modalidade a distância. Por meio do planejamento e execução de cursos na modalidade a distância, a UFRPE tem como objetivo expandir a oferta de serviços educacionais, ampliando as oportunidades de acesso ao ensino superior. Sabe-se que a formação profissional de docentes para atuação na educação básica revela-se como um desafio, devido às baixas qualificações dos professores. Tal fator foi decisivo nas propostas apresentadas pela UFRPE para a oferta de cursos na área de licenciatura a distância, tais como: Licenciatura em Física e Licenciatura em Computação. Além desses cursos, a UFRPE apresenta a graduação em Bacharelado em Sistemas de Informação a distância, além de cursos de aperfeiçoamento, tais como: Mídias na Educação, Diversidade e Gênero, além do curso de Educação Ambiental.

Os cursos a distância da UFRPE funcionam com o auxílio do moodle (Modular Object Oriented

Distance Learning), um sistema destinado a auxiliar a criação e o gerenciamento de cursos on line. O moodle é um AVA desenvolvido em código aberto (open source) e possibilita o acompanhamento das atividades realizadas por meio de relatórios de acesso. No moodle, o

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acompanhamento dos alunos é realizado a partir de relatórios de acesso, os quais permitem a visualização das atividades realizadas e o registro do parecer descritivo da avaliação. Podem-se visualizar as mensagens postadas por determinado aluno de forma isolada ou ainda apresentar uma lista de enunciados, citações e acessos de forma agrupada. Além dos aprendizes, os acessos dos demais atores que participam dos fluxos de comunicação a distância também são arquivados, como a participação dos professores, tutores, coordenadores de curso, coordenadores pedagógicos, entre outros.

A seguir, apresenta-se a organização do moodle EAD/UFRPE, focalizando-se prioritariamente os ambientes dos cursos de Licenciatura em Computação e Bacharelado em Sistemas de Informação na modalidade a distância, oferecidos pela UFRPE, em parceria com o Programa do MEC ― UAB (Universidade Aberta do Brasil).

O curso de Licenciatura em Computação a distância propicia uma formação sólida e abrangente de educadores, com base nas áreas de computação e técnicas de informática, enfatizando aspectos científicos, técnicos, pedagógicos e sociais. Esse curso visa à geração de inovações no processo da formação de educadores para a educação básica, preparando-os para o exercício do magistério suportado por tecnologias de informática e fundamentos de computação. Atualmente, o curso de Licenciatura em Computação dispõe da infraestrutura de oito pólos listados a seguir: Ipojuca-PE, Pesqueira-PE, Trindade-PE, Caucaia-CE, Ananás-TO, Camaçari-BA, Piritiba-BA, Itabaiana-PB.

O curso de Bacharelado em Sistemas de Informação visa à formação de profissionais na área de Computação e Informática para atuação em pesquisa, gestão, desenvolvimento, uso e avaliação de tecnologias de informação aplicadas nas organizações. Esse curso funciona atualmente com cinco pólos de atendimentos aos alunos na modalidade a distância (Ipojuca-PE, Pesqueira-PE, Trindade-PE, Camaçari-BA, Itabaiana-PB).

Os cursos em foco são organizados semestralmente com a distribuição das disciplinas por diferentes pólos, conforme desenho a seguir.

Figura 1-Estrutura Organizacional do AVA /EAD/UFRPE

Fonte: Manual do Ambiente EAD/UFRPE

A figura anterior descreve a estrutura organizacional do AVA/EAD/UFRPE para os cursos de Licenciatura em Computação e Bacharelado em Sistemas de Informação na modalidade a distância. Os cursos são organizados semestralmente, conforme calendário acadêmico proposto pelas

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coordenações de curso. Os alunos são matriculados como cursistas nas disciplinas listadas para cada semestre letivo, de acordo com a alocação nos diferentes pólos de atendimento. Cada pólo tem seu espaço virtual, no qual são disponibilizados: agenda do curso, materiais didáticos, ferramentas de interação síncrona e assíncrona, além de arquivos de documentos e portfólios com as atividades dos alunos.

Há alguns espaços comuns aos diferentes pólos, tais como: fórum de notícias gerais e fórum das coordenações de curso, nos quais são publicados informes e avisos referentes à dinâmica dos cursos propostos. Ainda como espaço comum, há a sala virtual de cada disciplina, onde coordenação, tutores e professores se encontram por meio de chats e fóruns, no sentido de avaliar continuamente as atividades propostas e as principais dificuldades encontradas durante o curso. Também existe um espaço para a formação profissional de tutores, professores conteudistas (autores de materiais didáticos) e professores formadores (instrutores e mediadores pedagógicos), no qual a coordenação pedagógica do curso propõe materiais e treinamentos contínuos para aprimorar os trabalhos propostos durante o desenvolvimento do curso.

No contexto da EAD/UFRPE, os AVA são utilizados para diferentes funções, conforme os eixos descritos a seguir:

1.Eixo de coordenação: gerenciamento das atividades administrativas do curso. Nesse eixo, estão situadas as ferramentas que apóiam a coordenação no gerenciamento global do curso, considerando gerenciamento de alunos, matrículas, cadastros dos cursistas, controle de acessos, abertura de salas virtuais e espaços interativos, alocação de alunos, professores e tutores nos pólos de atendimento da EAD.

2.Eixo de documentação: pressupõe o armazenamento de documentação e serve de apoio à estruturação dos cursos. Recursos como banco de textos, imagens, materiais didáticos, vídeos, animações e outros são disponibilizados nesse espaço. As ferramentas utilizadas nesse eixo são: quadro de avisos, agenda, midiateca (materiais didáticos, vídeos, animações, quiz, etc.).

3.Eixo de interação: reúne as ferramentas que dão suporte às atividades colaborativas desenvolvidas pelos cursistas, tutores, professores, visando à construção de aprendizagens significativas no ambiente virtual. Nesse eixo, destacam-se os fóruns e chats tira-dúvidas, fóruns e chats temáticos, wikis, e-mails, além de outras ferramentas importantes na interatividade do curso a distância. Além da interação entre docentes e discentes, outras ferramentas podem ser utilizadas para ampliar a interação com as coordenações de curso, tais como: fóruns gerais (fale com a coordenação, quadro de avisos e notícias). Nesse eixo de interação, os alunos ainda dispõem de uma ouvidoria, intitulada canal aberto. Trata-se de uma ferramenta de comunicação assíncrona, por meio da qual os alunos podem emitir suas críticas e sugestões acerca do andamento das atividades do curso.

No eixo da documentação, a agenda do curso é um espaço em que são disponibilizados os materiais didáticos e toda a organização das atividades propostas. Cada disciplina ofertada tem um espaço virtual, como mostra a figura a seguir.

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Figura 2- Agenda do Curso - AVA/ EAD/UFRPE Fonte: Manual do Ambiente EAD/UFRPE

Nesse espaço virtual, os materiais didáticos são publicados em módulos de 15h/aula, priorizando-se softwares educacionais, animações, curta-metragens, tirinhas animadas, quadrinhos, vídeo-aulas, além de diversas outras ferramentas que podem auxiliar os processos de ensino-aprendizagem nos cursos ofertados na modalidade a distância. A seguir, veremos alguns dos recursos utilizados na produção de materiais didáticos da EAD/UFRPE.

Livros Didáticos: os materiais didáticos das disciplinas são publicados em 04 volumes de 15h/aula cada, para as disciplinas de 60 h. Para as disciplinas com carga horária maior, segue-se a produção de mais volumes com 15h/aula cada. Tais materiais são disponibilizados nos AVA de cada disciplina e também são distribuídos em meio impresso para os alunos. Guias de estudo: nos cursos a distância, o aluno precisa ter orientações detalhadas sobre metodologia de estudo, a fim de desenvolver a autonomia para a construção de aprendizagens significativas. Os guias de estudo são produzidos concomitantemente com os materiais didáticos publicados em volumes em meio impresso e divulgados em meio digital nos ambientes moodle que gerenciam os cursos a distância. Os guias de estudo são disponibilizados em PowerPoint no AVA. Vídeo- aula: na EAD, as relações interpessoais são mediadas pelas tecnologias, minimizando as distâncias físicas entre educadores e educandos. Desse modo, a vídeo-aula revela-se como uma importante estratégia de ensino-aprendizagem que assume papel significativo nas interações entre docentes e discentes nos cursos a distância. Curta metragem de animação: pequenos filmes de curta duração são ferramentas importantes nos cursos a distância, visando à motivação para a aprendizagem dos educandos. Para a construção destes produtos, são necessárias competências profissionais nas áreas de comunicação e computação, visando às articulações entre a linguagem cinematográfica e as características para as animações nos ambientes virtuais de aprendizagem. Quadrinhos: os quadrinhos revelam-se como ferramentas lúdicas de ensino-aprendizagem de conteúdos das diversas áreas do conhecimento, persuadindo os educandos à construção de aprendizagens significativas.

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No tocante ao eixo de informação e documentação, ressaltam-se os seguintes componentes:1.Hipermídias de conteúdo em HTML, flash ou similar; 2.Quadro de avisos; 3.Catálogo de cursos e listagem de novos cursos;4.Agenda de cursos para controle de atividades;5.Servidor de arquivos para inserção (pdf, jpg, doc);Portfólio para armazenar arquivos do aluno; 6. Envio de Atividades; 7.Controle de notas

Considerando o eixo de interação, o AVA em tela prioriza os processos de comunicação síncrona e assíncrona. Como exemplos de interação síncrona, podemos visualizar os chats que se transformam em ferramentas importantes nas simulações de interações virtuais que representam as conversas cotidianas. As trocas simultâneas de mensagens por meio dos chats possibilitam uma interatividade imensa e promove uma aprendizagem colaborativa e compartilhada, por meio das contribuições dos vários sujeitos que participam da sessão de chat.

A interação assíncrona pode ser observada nos fóruns de discussão, em que as mensagens são postadas por meio de tópicos de discussão e os participantes vão sugerindo novos tópicos e fornecendo respostas às mensagens já postadas. A interatividade não ocorre de modo simultâneo, como no chat. O fórum de discussão revela-se como uma ferramenta muito importante nos modelos de EAD para trocas de informações e permite aos tutores avaliar a participação efetiva do aluno, tanto em termos quantitativos quanto em termos qualitativos.

Nos cursos a distância da UFRPE, observa-se a utilização de chats e fóruns permanentes, nos quais os tutores virtuais dão plantões de atendimento aos alunos, a fim de tirar dúvidas ou dar informações solicitadas sobre a organização das disciplinas. Assim, os chats e fóruns funcionam como tira-dúvidas, orientando os cursistas sobre as atividades a serem realizadas, de acordo com a supervisão dos professores formadores, os quais gerenciam as atividades dos tutores. Além dos chats e fóruns permanentes, os alunos podem utilizar os chats e fóruns temáticos no ambiente da agenda de curso, conforme orientações dos professores formadores e tutores virtuais que acompanham os percursos de aprendizagem dos cursistas. A seguir, apresenta-se a interface de um fórum temático de discussão.

Figura3- Interface de um fórum de discussão no ambiente moodle-EAD/UAB/UFRPE

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Como se pode observar, o ambiente virtual de aprendizagem da EAD/UFRPE revela as principais ferramentas para auxiliar os cursistas no aprendizado a distância, tais como: documentação, informação, comunicação, interação, entre outras. De modo geral, o AVA da EAD/UFRPE apresenta uma arquitetura bastante simples, priorizando a interatividade entre usuário e máquina, de forma dialógica e dinâmica. O moodle é bastante intuitivo, visto que direciona facilmente os usuários para as múltiplas possibilidades de utilização, seja no aspecto administrativo/organizacional, seja no âmbito pedagógico. Nesse sentido, não há muitas dificuldades de navegação, devido à presença de diversos ícones que vão orientando os passos do usuário, garantindo rapidez e velocidade nas trocas interativas de comunicação e nas atividades de gerenciamento do próprio curso.

6.Considerações Finais

Na educação a distância, os ambientes virtuais de aprendizagem têm papel especial na mediação pedagógica entre alunos e professores que se encontram separados espacial e temporalmente, mas unidos por meio dos recursos tecnológicos. Os ambientes virtuais precisam ser redimensionados para o contexto dinâmico da EAD, visando garantir a interatividade, minimizando o sentimento aparente de solidão dos alunos que estudam “sozinhos”, mas que participam virtualmente das redes de conexões da inteligência coletiva. Nesse sentido, os AVA podem estimular a comunicação síncrona e assíncrona entre os aprendizes, além de motivar o trabalho cooperativo, a autoria compartilhada, a pesquisa baseada nos materiais e recursos didáticos disponíveis, visando que os educandos conquistem a autonomia em seus percursos de aprendizagem. O ambiente virtual da EAD/UFRPE tenta estimular a autonomia dos aprendizes, por meio de atividades baseadas na interação e no armazenamento de informações importantes para o acompanhamento das aprendizagens dos educandos. Por meio dos relatórios de acesso, o moodle permite avaliações constantes acerca dos percursos de aprendizagem dos educandos, proporcionado que os professores formadores e os tutores virtuais consigam rever estratégias didáticas e metodológicas para motivar a aprendizagem nos AVA.

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