-
cleo dos objetos de curiosidade que muda, mas tambm o graude
conhecimento almejado.
2) Em sua vida cotidiana, o homem apenas parcialmente - eousamos
mesmo dizer que somente excepcionalmente - interessa-do na clareza
de seu conhecimento, isto , em uma compreensoplena das relaes entre
os elementos de seu mundo e os princpiosgerais que regem essas
relaes. Ele costuma satisfazer-se com ofato de que h um servio
telefnico que funciona bem a seu dispor,e no se pergunta como todo
esse aparato funciona em detalhe equais leis da fsica tornam seu
funcionamento possveL Ele compramercadorias na loja, sem saber como
so produzidas, e paga com di-nheiro, mesmo que tenha apenas uma
vaga ideia a respeito do que odinheiro realmente . Ele assume como
um dado que seus contem-porneos entendero seu pensamento se ele o
expressar na lingua-gem correta, e iro responder a ele, sem se
perguntar como essa mi-raculosa performance pode ser explicada. Alm
disso, ele no buscapela verdade nem pela certeza. Tudo o que ele
quer informao so-bre as probabilidades e uma viso sobre as chances
ou riscos que asituao em questo representa para o resultado de suas
aes. Queo metr ir funcionar amanh algo que para ele possui
pratica-mente o mesmo elevado grau de probabilidade de que o sol ir
nas-cer amanh. Se em razo de algum interesse especial ele precisar
deum conhecimento mais especfico a respeito de algum tpico
parti-cular, a benevolente civilizao moderna lhe oferece toda uma
redede birs de informao e de bibliotecas de referncia.
3) Finalmente, seu conhecimento no consistente. Ele
podeconsiderar simultaneamente como vlidos argumentos que so
incom-patveis entre si. Enquanto pai, cidado, empregado e como
membrode sua igreja, ele pode possuir as mais diferentes e menos
coerentesopinies a respeito de questes morais, econmicas ou
polticas. Essainconsistncia no origina necessariamente uma falcia
lgica. Opensamento dos homens se estende por assuntos que esto
situadosem diferentes nveis de relevncia, e eles no esto
conscientes dasmodificaes que teriam que fazer ao passar de um nvel
ao outro.
88
IIO quadro cognitivodo mundo da vida
-
3Interpretao social e orientao
individual*
I. A concepo social da comunidade e do indivduo
o mundo social como algo dadoComeamos com um exame do mundo
social sem suas vrias
articulaes e formas de organizao que constituem a realidade
so-cial para os homens que nele vivem. O homem nasce em um mundoque
j existia antes de seu nascimento; e esse mundo no apenasfsico, mas
tambm sociocultural. O ltimo um mundo pr-organizado e pr-constitudo
cuja estrutura particular o resultadode um processo histrico que,
portanto, diferente em cada culturae sociedade.
Contudo, certas caractersticas so comuns a todos os
mundossociais porque esto enraizadas na condio humana. Em todos
oslugares encontramos divises por sexo, por idade, e algumas
divi-ses do trabalho condicionadas por aquelas; e organizaes do
pa-rentesco mais ou menos rgidas que dividem o mundo social em
zo-nas de distncia social varivel, que vo desde a famlia nuclear
atos estrangeiros. Por toda parte encontramos hierarquias de
superio-ridade e subordinao, de lder e seguidores, daqueles que
coman-dam e daqueles que obedecem. Por toda parte tambm
encontramosum modo de vida que aceito e que regulamenta as relaes
com oshomens e com as coisas, com a natureza e com o sobrenatural.
Mais
* Transcrito a partir dos seguintes itens das Referncias: 1957a,
p. 36-38; 1944, p.501-502; 1957a, p. 57~60, 52-54; 1944, p.
502-504, 505-507, 561.
1II
-
cio que isso, em todo lugar h objetos culturais, tais como
ferramen-tas necessrias dominao do mundo exterior, brinquedos para
ascrianas, artigos para decorao, instrumentos musicais de
algumtipo, objetos que servem como smbolos para a adorao. J
certascerimnias que marcam os grandes eventos no ciclo da vida do
indi-vduo (nascimento, iniciao, casamento, morte), ou no ritmo
danatureza (plantio e colheita, solstcios etc.).
Portanto, o mundo social no qual o homem nasce e no qual
eleprecisa encontrar seu caminho experienciado por ele como uma
es-treita rede de relaes sociais, de sistemas de signos e smbolos,
comsua estrutura particular de significados, de formas
institucionalizadasde organizao social, de sistemas de status e
prestgio etc. O signifi-cado de todos esses elementos do mundo
social em toda sua diversi-dade e estratificaes, assim como o padro
de sua prpria tecitura, sempre assumido como algo natural. A soma
total do aspecto relati-vamente natural do mundo social para
aqueles que nele vivem consti-tui - para utilizar a expresso de
William Graham Sumner - os costu-mes internos do grupo, que so
socialmente aceitos como as formasboas e corretas de lidar com os
homens e as coisas. Eles so naturali-zados porque foram testados ao
longo do tempo e, sendo socialmenteaprovados, dispensam explicaes
ou justificaes.
Esses costumes constituem a herana social que transmitidas
crianas que nascem e crescem dentro do grupo ...
Isso acontece porque o sistema dos costumes estabelece um pa-dro
em termos do qual o grupo interno "define sua situao". Maisdo que
isso: tendo sido originado em situaes prvias definidaspelo grupo, o
esquema de interpretao resistiu por tanto tempoque se tornou um
elemento da situao real. Tomar o mundo comoalgo acima de qualquer
questionamento implica o pressuposto bas-tante enraizado de que
esse mundo continua a ser, essencialmente,o mesmo que era antes;
aquilo que se provou vlido at o momentoo continuar sendo, e que
qualquer coisa que ns ou outros comons podem realizar com sucesso s
pode ser feita da mesma maneiraque outrora, e trar resultados
substantivos semelhantes.
92
Autointerpretao da comunidade cultural *
O sistema de conhecimento ento adquirido - incoerente,
in-.onsistente e apenas parcialmente claro - assume para os
mem-bros do grupo a aparncia de suficientes coerncia, clareza e
con-istncia, conferindo a todos uma possibilidade razovel de
com-preender e de ser compreendido. Qualquer membro nascido
oucriado no grupo aceita o esquema estandardizado dos padres
cul-turais que lhe transmitido inteiramente pronto por seus
ances-trais, professores e autoridades, como um guia no questionado
einquestionvel para todas as situaes que normalmente ocorremna vida
social. O conhecimento vinculado a um padro culturalcarrega em si
mesmo sua evidncia - ou melhor, tido como certona ausncia de uma
evidncia em contrrio. um conhecimentocom receitas valiosas para
interpretar o mundo social e para lidarcom as coisas e com os
homens de modo a se obter os melhores re-sultados em cada situao
com um mnimo de esforo, evitando-seconsequncias indesejveis. De um
lado, essa receita funcionacomo um preceito para as aes, servindo
como um esquema deexpresso: qualquer um que deseje obter
determinado resultadodever proceder tal como indicado pela receita
indica da para essepropsito. De outro lado, essa receita serve como
um esquema deinterpretao: quem proceder tal como indicado por
determinadareceita dever obter o resultado correlato. Assim, funo
da pa-dronizao cultural eliminar investigaes que acabem sendo
pro-blemticas, oferecendo instrues j prontas para ser
utilizadas,substituindo aquela verdade difcil de ser obtida por
confortveistrusmos, ou impedindo que aquilo que aparece como
autoexpli-cativo seja substitudo pelo questionvel.
Esse "pensar como de costume" , tal como podemos chamar
essaatitude, corresponde ideia de "concepo relativamente natural
do
* Tendo discutido as caractersticas e limitaes do conhecimento
prtico do ho-mem em suas ocupaes cotidianas (c. o tpico "O carter
do conhecimento prti-co", capo 2), Schutz volta-se para a questo a
respeito das fundaes desse conheci-mento individual, tal como
encontrado no sistema cognitivo do "grupo interno", acomunidade
cultural [N.O.].
1.1
-
mundo" (relativ natrliche Weltanschaaung), de Max Scheler';
elainclui os pressupostos "bvios" que so relevantes para um
gruposocial particular, que Robert S. Lynd descreveu de forma
magistraljunto com suas contradies e ambivalncias - como o "esprito
decomunidade'". Pensar de maneira habitual pode ser algo
contnuo,desde que alguns pressupostos continuem a valer: (1) que a
vida,em especial a vida social, continue a ser o que era antes, ou
seja, quos mesmos problemas que requerem as mesmas solues
continua-ro a ocorrer e, portanto, que nossas experincias
anteriores conti-nuaro a valer para lidar com situaes futuras; (2)
enquanto pu-dermos confiar no conhecimento que nos foi transmitido
por nos-sos pais, professores, governantes, tradies, hbitos etc.,
mesmoque no entendamos sua origem e seu real significado; (3) que
nocurso dos afazeres da vida ordinria seja suficiente saber apenas
umpouco a respeito do tipo geral ou do estilo dos acontecimentos
quepodemos encontrar em nosso mundo da vida, demodo que possa-mos
administr-Ios ou control-los; (4) que nem os sistemas de re-ceitas
enquanto esquemas de interpretao e expresso, nem ospressupostos
bsicos que acabamos de mencionar sejam apenasparte de nossa esfera
pessoal, mas que sejam aceitos e aplicados portodos os nossos
contemporneos.
o significado subjetivo do pertencimento ao grupoO significado
subjetivo do grupo, isto , o significado que o gru-
po tem para seus membros, foi frequentemente descrito em
termosde um sentimento de pertencimento, de compartilhamento de
inte-resses comuns. Isso est correto; mas, infelizmente, esses
conceitos
1. SCHELER, M. "Problerne einer Soziologie des Wissens". Die
WissenJonnen unddie GeselschaJt. Leipzig: [s.e.], 1926, p. 58ss.
Cf. BECKER, H. & DAHLKE, H.O."Max Scheler's Sociology
ofKnowledge". Philosophy ad Phenomenological Research,2, 1942, p.
310-322, esp. p. 315.
2. A expresso original Middletown-spirit, que se refere ao modo
de vida das pe-quenas cidades americanas, estudadas por Robert
Staughtin Lynd e Helen Lynd. Aprimeira cidade estudada foi Muncie,
em Indiana, onde procuraram apreender oimpacto da religio, o modo
de vida, hbitos de consumo, crenas e expectativas dapopulao, tendo
observado nesta e em outras pequenas cidades a importncia
doengajamento em atividades comunitrias [N.T.l.
94
11II'1l111 analisados apenas de maneira parcial, em termos dos
concei-111'1 de comunidade e associao (Maclver), Gemeinschaft e
Ge-,'lIschaft (Tnnies), grupos primrios e secundrios (Cooley) e
as-111 por diante ...
significado subjetivo que o grupo possui para seus
membrosronsiste em seu conhecimento de uma situao comum com o
de-rorrente sistema de tipificaes e relevncias. Essa situao
possuilia prpria histria, na qual as biografias dos membros tambm
to-rnam parte; e o sistema de tipificao e relevncias que
determinam\ situao formam uma concepo relativamente natural do
mundolue compartilhada. Aqui os membros individuais esto "em
casa",isto , encontram seu caminho sem dificuldade, guiados por
um.onjunto de hbitos mais ou menos institucionalizados,
costumes,normas etc., que o ajudam interagir com os semelhantes que
perten-em mesma situao. O sistema de tipificaes e relevncias
com-partilhado com os outros membros do grupo define os papis
sociais,as posies e o status de cada um. Essa aceitao de um sistema
co-mum de relevncias leva a uma autotipificao homognea por par-te
de todos os membros do grupo.
Nossa descrio vlida tanto para (1) os grupos existenciaiscom o
qual eu partilho uma herana social comum, quanto para (2)os assim
chamados grupos voluntrios, que foram formados pormim ou aos quais
eu aderi. A diferena, contudo, que no primeirocaso o indivduo
encontra-se em um sistema de tipificaes, rele-vncias, papis, posies
que j pr-construdo, que no foi feitopor ele, mas transmitido por
uma herana social. No caso dos gru-pos voluntrios, entretanto, esse
sistema no experienciado peloindivduo como j sendo algo pronto e
acabado; ele deve ser COllS-trudo pelos membros e, sendo assim,
sempre envolve um processode evoluo dinmica. Apenas alguns dos
elementos da situao socomuns; outros precisam ser criados mediante
uma definio co-mum da situao recproca.
Aqui est envolvido um problema bastante importante. Comoum
membro individual de um grupo define sua situao privada nombito do
quadro geral daquelas tipificaes e relevncias comuns,em termos das
quais o grupo define sua situao? Antes de formularuma resposta
preciso tecer algumas ponderaes.
111,
-
Nossa descrio meramente formal, e no se refere nem natu-reza do
vnculo que mantm o grupo unido, nem extenso, duraoou intimidade do
contato social. Portanto, ela igualmente aplicvelao casamento e a
uma empresa, ao pertencimento a um grupo de xa-drez ou a uma nao,
participao em uma conferncia ou na cultu-ra ocidental. Cada um
desses grupos, no entanto, faz referncia a umgrupo mais amplo, do
qual ele apenas um elemento. claro que umcasamento ou uma empresa
existe no contexto geral do grupo cultu-ral mais amplo, cujo modo
de vida (que inclui os costumes, a moral, odireito e assim por
diante) predominante nessa cultura, que dadopreviamente aos atores
individuais enquanto um esquema de orien-tao e de interpretao de
suas aes. Contudo, cabe aos parceirosno casamento ou na empresa
definir e redefinir continuamente suasituao individual (privada)
dentro desse quadro.
Essa obviamente a razo mais profunda. pela qual, segundoMax
Weber, a existncia do casamento ou de um Estado significato somente
a chance (probabilidade) de que as pessoas agem e agi-ro de uma
maneira especfica - ou, na terminologia deste artigo,conforme a
estrutura geral das tipificaes e relevncias aceitas
semquestionamento pelo ambiente sociocultural particular. Tal
estru-tura geral experienciada pelos membros individuais em termos
deinstitucionalizaes a serem interiorizadas, e o indivduo deve
defi-nir sua situao pessoal singular a partir da utilizao de
padresinstitucionalizados para a realizao de seus interesses
particulares.
Aqui temos um aspecto da definio privada da situao
depertencimento ao grupo. Um corolrio disso a atitude individualque
um indivduo escolhe adotar em relao ao papel social queele deve
desempenhar no grupo. Uma coisa o significado do pa-pel social e a
expectativa com relao a ele tal como definidos pelopadro
institucionalizado (por exemplo, o cargo de presidente dosEstados
Unidos); outra coisa o modo particular e subjetivo comque aquele
que incumbido desse papel define sua situao em re-lao a ele (a
interpretao da prpria misso feita por Roosevelt,Truman,
Eisenhower).
O elemento mais importante na definio da situao privada ,no
entanto, o fato de que o indivduo sempre simultaneamente um
96
membro de numerosos grupos sociais. Tal como demonstrou Sim-mel,
cada indivduo est situado na interseco de diversos crculossociais,
e o nmero destes ser tanto maior quanto mais diferencia-Ia for sua
personalidade individual. Isso ocorre porque aquilo quetorna uma
personalidade nica justamente aquilo que no pode..er partilhado com
outros.
De acordo com Simmel, o grupo formado por um processo noqual
muitos indivduos unem partes de suas personalidades - impul-os,
interesses e foras especficos - enquanto aquilo que cada
per-onalidade realmente permanece de fora dessa rea comum. Osgrupos
so caracteristicamente diferentes conforme as personalida-des
totais de seus membros e daquelas partes de suas personalidadescom
a qual eles tomam parte no grupo. Na definio que o prprioindivduo
faz de sua situao privada, os vrios papis sociais queresultam de
sua mltipla participao em diferentes grupos so ex-perienciados como
um conjunto de autotipificaes que, por suavez, so organizadas
segundo uma ordem particular de domnios derelevncia que,
evidentemente, esto em um fluxo contnuo. pos-svel que essas
caractersticas da personalidade do indivduo, quepara ele possuem um
grau de relevncia mais elevado, sejam irrele-vantes do ponto de
vista de qualquer sistema de relevncias que dado no grupo ao qual
ele pertence. Isso pode levar a conflitos emsua personalidade, que
se originam principalmente na tentativa deviver de acordo com as
vrias e frequentemente inconsistentes ex-pectativas em relao a seus
papis, algo que inerente ao prpriofato de que o indivduo pertence a
diversos grupos sociais. Como jvimos, somente no grupo voluntrio, e
no no grupo existencial,que o indivduo livre para determinar de
qual grupo ele quer sermembro e qual papel ele quer desempenhar.
Contudo, esse pelomenos um aspecto da liberdade do indivduo, na
medida em que elepode escolher por si mesmo qual parte de sua
personalidade desejaque tome parte em cada grupo; ali ele pode
definir sua situao emrelao ao papel que lhe compete; e tambm ali
que ele pode esta-belecer sua prpria ordem privada de relevncias,
na qual cadamembro dos vrios grupos ocupa uma posio.
111
-
n. Perspectivas internas e externas
Viso exterior ao grupo e viso interior ao grupo
Os membros de um grupo externo no compartilham as 111('mas
verdades autoevidentes partilhadas pelo grupo interno. N('nhurn
artigo de f ou tradio histrica os compromete a aceuucomo corretos e
bons os costumes de outro grupo que no o seuprprio. No apenas o seu
mito central que diferente, mas tarnbrn os processos de
racionalizao e de institucionalizao. Deusesdiferentes revelam
outros cdigos sobre o direito e a boa vida; ou-tras coisas so
sagradas, so tabus, e outras proposies sobre o di.reito e a
natureza so estabelecdas'. Aquele que de fora avalia opadres
predominantes no grupo que est sob considerao dacordo com o sistema
de relevncias que prevalece como aspectonatural no mundo ao qual
ele pertence. Enquanto no existir umafrmula que traduza os sistemas
de relevncias e tipificaes predo-minantes no grupo considerado para
os sistemas ao qual pertence oavaliador, aqueles permanecero
incompreendidos; mas frequente-mente eles so considerados como
inferiores e de menor valor.
Esse princpio se mantm vlido, mesmo que em menor grau,inclusive
nas relaes entre dois grupos que possuem muitas coisasem comum,
isto , em que os dois sistemas coincidem em uma ex-tenso
considervel. Por exemplo, os imigrantes judeus que vieramdo Iraque
tiveram dificuldade em entender que suas prticas de po-ligamia e de
casamento de crianas no so permitidas pelas leis deIsrael, a ptria
dos judeus. Outro exemplo aparece nas discusses daAssembleia
Nacional Francesa de 1789, aps Lafayette ter submeti-do primeira
verso da Declarao dos Direitos Humanos moldadaconforme os padres
americanos. Vrios oradores se referiram sdiferenas bsicas entre a
sociedade francesa e a americana: a situa-o de um novo pas, de uma
colnia que rompeu relaes com amatriz, no pode ser comparada com
aquela de um pas que teveuma vida constitucional prpria por mais de
quatorze sculos. O
3. T.V. Smith (The American Philosophy ofEquality. Chicago:
[s.e.], ] 927) apontouque Locke utilizou as ideias de estado de
natureza e de igualdade para destronar ti-ranos, enquanto Hobbes as
utilizou para entronar o "deus mortal".
98
1
-
u~~duos, mas a relaes de escala mais ampla - isto , s relaes
entreos grupos.
Essa situao pode levar a vrias atitudes do grupo interno emrelao
ao grupo externo: o grupo interno pode aderir ainda maisfortemente
a seu modo de vida e tentar mudar a atitude do grupoexterno
mediante um processo educacional de difuso de informa-oes, ou por
persuaso, ou por propaganda. Ou ento o grupo inter-no pode tentar
ajustar seu modo de pensar quele do grupo externo,aceitando o padro
de relevncias deste, ao menos parcialmente. Ouainda pode ser
instaurada uma poltica de cortina de ferro ou de pa-cificao e,
finalmente, a ltima forma de romper esse crculo vicio-so com uma
guerra em qualquer um dos nveis possveis. Umaconsequncia secundria
pode ser a de que os membros do grupointerno que buscam uma poltica
de entendimento mtuo sejamconsiderados pelo porta-voz do
etnocentrismo mais radical comodesleais, traidores etc., um fato
que por sua vez tambm leva a umamudana na autointerpretao do grupo
social.
o estrangeiro na comunidadeO estrangeiro torna-se essencialmente
o homem que questiona
quase tudo o que parece ser inquestionvel aos membros do grupodo
qual se aproxima.
Para ele, as caractersticas culturais desse grupo no possuema
autoridade de um sistema de preceitos j testado, e isso
simples-mente porque ele no partilha a mesma vvida tradio
histricapela qual esse sistema foi formado. claro que tambm do
pontode vista do estrangeiro esse grupo possui uma histria
peculiar,uma histria que acessvel para ele. Mas ela nunca se torna
partede sua prpria biografia, tal como o a histria do grupo ao
qualele originalmente pertence. Apenas o modo como seus pais e
bisa-vs viveram se torna um elemento de seu prprio modo de
vida.Tmulos e reminiscncias no podem ser transferidos nem
con-quistados. Assim, o estrangeiro aproxima-se do outro grupo
comoum recm-chegado, no sentido mais verdadeiro do termo. Na
me-lhor das hipteses ele pode estar disposto e capacitado a
tomarparte no presente e no futuro desse novo grupo, em uma
experin-
100
I'm vvida e imediata; no entanto, ele sempre permanecer
exclu-10das experincias de seu passado. Do ponto de vista desse
grupo,Ic um homem sem histria.
Para o estrangeiro o padro cultural de seu grupo natal continuaI
ser o resultado de um ininterrupto desenvolvimento histrico e11m
elemento de sua biografia pessoal, que por essa mesma razo foi"
continua a ser um esquema referencial inquestionvel para
sua"concepo de mundo relativamente natural". Portanto, evidenteque
o estrangeiro comea a interpretar seu novo ambiente social emlermos
de seu pensamento usual. No interior do esquema de refe-rncia que
ele trouxe de seu prprio grupo, no entanto, ele encontraima ideia j
pronta a respeito dos padres que so supostamente v-lidos no novo
grupo - uma ideia que necessariamente logo se prova-r inadequada
...
Primeiramente, a ideia de um padro cultural do novo grupoque o
estrangeiro encontra em seu prprio esquema interpretativofoi
originada a partir da atitude de um observador desinteressado.No
entanto, esse estrangeiro est em vias de deixar de ser um
obser-vador desinteressado para se transformar em um futuro membro
dogrupo. Assim, o padro cultural desse grupo no apenas um dosmuitos
assuntos que ocupam seu pensamento, mas um segmentodo mundo que
deve ser dominado a partir de aes. Consequente-mente, sua posio
dentro do sistema de relevncias estrangeiro modificada
decisivamente, e isso significa, conforme j vimos, queoutro tipo de
conhecimento ento exigido para sua interpretao.Passando da pla teia
para o palco, por assim dizer, o antigo especta-dor se torna um
membro do elenco, passa a atuar como um coleganas relaes sociais
com os outros atores, e toma parte na ao quest acontecendo.
Em segundo lugar, o novo padro cultural assume o carter deum
meio. A distncia convertida em proximidade; suas moldurasvazias so
ocupadas por experincias vvidas; os contedos anni-mos so
transformados em situaes sociais bem definidas; suas ti-pologias se
desintegram. Em outros termos, o nvel da experinciaque ele tem com
os objetos sociais do meio incongruente com o n-vel da mera crena
que ele tem em relao aos objetos dos quais nose aproxima; ao passar
do ltimo ao primeiro, qualquer conceito
101
-
torna-se inadequado se aplicado ao novo nvel se no tiver sido
l'('configurado a partir desses novos termos.
Em terceiro lugar, a imagem que se tinha em seu grupo de orlgem
em relao ao novo grupo se mostra completamente inadequada para o
estrangeiro que dele se aproxima, em virtude do mero fatode que
essa imagem no foi construiria com o intuito de provocaruma
resposta ou uma reao por parte dos membros desse grupo.conhecimento
que essa imagem oferece, serve apenas como inter-pretao do grupo
estrangeiro, no corno um guia de interao en-tre os dois grupos. Sua
validade tem como base, primariamente, oconsenso entre os membros
do grupo que no pretendem estabele-cer uma relao social direta com
os membros do grupo estrangeiro.(Aqueles que pretendem faz-Io esto
em uma situao anlogaquela do estrangeiro que est iniciando um
contato). Consequen-temente, o esquema de interpretao refere-se aos
membros do gru-po estrangeiro meramente como a objetos de sua
interpretao, enada alm disso, como destinatrios de possveis atos
que emanamdo procedimento interpretativo e no como sujeitos de quem
j seantecipa as reaes. Assim, esse tipo de conhecimento , por
assimdizer, insulado; ele no pode ser nem verificado, nem
falsificado pe-las respostas dos membros do grupo estrangeiro.
Este, portanto,considera esse conhecimento - em virtude do efeito
de "espelho'v.,como sendo no responsivo e improcedente, e cheio de
preconcei-tos, enviesamentos e mal-entendidos. O estrangeiro que se
aproxi-ma, no entanto, torna-se consciente do fato de que um
importanteelemento de seu "pensamento usual", isto , suas ideias
sobre o gru-po estrangeiro, sobre seu padro cultural e seu modo de
vida, noresiste ao teste da experincia vvida e da interao
social.
A descoberta de que as coisas em seu novo meio parecem
dife-rentes daquilo que ele esperava que fossem frequentemente o
pri-meiro choque na confiana que o estrangeiro possui em relao
validade de seu pensamento habitual. No apenas a imagem que
oestrangeiro possua desse grupo que invalidada, mas todo o
esque-
6. Ao utilizar esse termo fazemos aluso teoria bastante
conhecida de Cooley arespeito do self refletido ou espelhado
(COOLEY, C.H. Human Nature al1d lhe Soci-alOrder. Ed. rev. Nova
York: [s.e.], 1922, p. 184.
102
11111 de interpretao corrente em seu grupo de origem. Ele no
podeIIIIIls ser usado como um esquema de interpretao em seu
novo111('10 social. Para os membros do novo grupo seus padres
culturaisdl'Hcmpenham as funes de tal cdigo. Mas o estrangeiro no
podeullliz-lo tal como ele , e nem estabelecer uma frmula geral deI
nnverso entre ambos os padres culturais, de modo a transformarIt
idas as coordenadas de um em coordenadas vlidas para o ou tro -"
Isso pelas seguintes razes.
Em primeiro lugar, qualquer esquema de orientao pressupeque
todos os que o utilizam olham para o mundo sua volta como! este
fosse organizado a seu redor, como se o indivduo em ques-
to fosse o centro de tudo. Quem desejar utilizar esse mapa de
for-mabem-sucedida deve, antes de qualquer outra coisa, conhecer
sualocalizao, em dois sentidos: sua localizao no terreno e sua
re-presentao no mapa. Se aplicarmos esse argumento ao mundo
so-.ial, isso passa a significar que somente os membros do grupo
inter-no, na medida em que possuem um status definido em sua
hierar-quia e que so conscientes disso, que podem usar seu padro
natu-ral como um esquema de orientao vlido e natural. O
estrangeiro,no entanto, deve lidar com o fato de que ele carece de
um statuscomo membro do grupo social ao qual ele est prestes a
aderir, demodo que ele no tem um ponto de referncia a partir do
qual possaorientar-se. Ele se encontra fora do territrio coberto
pelo atual es-quema de orientao que vigora no grupo. Assim, ele no
pode con-siderar a si mesmo como o centro de seu meio social, e
esse fato cau-sa um deslocamento do contorno de suas
relevncias.
Em segundo lugar, o padro cultural e suas frmulas represen-tam
uma unidade de esquemas de interpretao e de expresso co-incidentes
apenas para os membros do grupo. Para o estrangeiro talunidade no
existe. Ele deve "traduzi-lo" em termos do padro cul-tural de seu
grupo natal, desde que neste existam elementos equiva-lentes. Caso
existam, os termos traduzidos podem ser entendidos erecordados;
eles podem ser organizados por recorrncia e, dessemodo, eles esto
mo, mas no em mos. Mas, mesmo assim, b-vio que o estrangeiro no
pode assumir que sua interpretao donovo padro cultural coincide com
aquele que corrente entre osmembros do grupo interno. Muito pelo
contrrio, ele deve conside-
10:\
-
rar essa discrepncia fundamental ao olhar para as coisas e ao
IIdcom as situaes.
Somente depois de ter coletado um dado montante de conhemento
sobre a funo interpretativa do novo padro cultural C/LIestrangeiro
pode adota-lo como esquema de sua prpria expressA diferena entre os
dois estgios de conhecimento familiar a ququer estudante de lngua
estrangeira e recebeu grande ateno pparte dos psiclogos que lidam
com teorias da aprendizagem. a dferena entre o entendimento passivo
de uma lngua e seu domfnlativo como meio de realizao de seus
prprios atos e pensamento",
A viso interna e a orientao do estrangeiro
Podemos afirmar que o membro do grupo interno olha de ums
relance para as situaes normais que ocorrem a seu redor e apre-ende
imediatamente a receita mais apropriada para lidar com elas.Nessas
situaes sua ao apresenta todas as marcas distintivas dohbito, do
automatismo, da conscincia parcial. Isso possvel por-que o padro
cultural lhe fornece receitas tpicas para a soluo deproblemas
tpicos enfrentados por atores tpicos. Em outros termos,a chance de
obter o resultado padro desejado com a utilizao dareceita bastante
objetiva; isso vlido para todos que se compor-tam tal qual o tipo
annimo que requerido pela receita. Portanto, oator que segue a
receita no precisa verificar se Sua chance objetivacoincide com sua
chance subjetiva, qual seja, aquela chance que seabre diante dele,
o indivduo, em razo de suas circunstncias pes-soais e de suas
faculdades que subsistem independentemente de sa-ber se as outras
pessoas, em diferentes situaes, agiriam ou no domesmo modo e com a
mesma probabilidade. Mais do que isso,pode-se ainda afirmar que as
chances objetivas de eficcia de umareceita so tanto maiores quanto
menores forem os desvios em rela-o ao comportamento tpico, e isso
especialmente vlido para asreceitas que se referem s interaes
sociais. Para funcionar, essetipo de receita pressupe que cada
parceiro espere que o outro ajaou reaja de forma tpica, desde que o
prprio ator aja tipicamente.Aquele que deseja andar de trem deve
comportar-se daquele modotpico que permita ao "agente ferrovirio"
ter uma expectativa ra-zovel de que ele tenha uma conduta tpica do
tipo "passageiro", e
l'I'SIl. Dado que esse esquema foi desenhado para um uso ge-I I
li' no precisa ser testado para cada indivduo particular que
ir1111\ 1o.
111I1't1 aqueles que cresceram dentro do padro cultural, no
ape-1I'II'Cceitase a probabilidade de sua eficincia precisam ser
con-
hhrndas como uma "questo de fato" inquestionvel que lhes
con-h'll' Ycgurana e certeza, mas isso se aplica tambm s atitudes
tpi-
''li I' annimas dos atores. Ou seja, em virtude de seu carter
anni-Itllll' tpico, essas atitudes no so colocadas naquele setor de
rele-nelas que demanda seu conhecimento explcito, mas naquela
re-
II\() elamera "familiaridade", na qual basta que se confie. Essa
in-trr-relao entre chance objetiva, carter tpico e relevncia
parece,'I' algo bastante importante.
No entanto, para o visitante que se aproxima, o padro estabele-I
Ido no grupo no garante uma chance objetiva de sucesso, masuma
probabilidade meramente subjetiva que deve ser verificadapasso a
passo, ou seja, preciso que ele esteja certo de que as solu--es
sugeridas pelo novo esquema tambm produziro o efeito de-scjado por
ele em sua nova posio como algum de fora e re-.m-chegado, que ainda
no possui todo o sistema de padro cultu-ral ao seu alcance e que,
ao contrrio disso; ainda est bastante con-fuso com sua
inconsistncia, incoerncia e falta de clareza. preci-o, antes de
tudo, para usar uma expresso de W.I. Thomas, que eledefina a
situao. Portanto, ele no pode ficar limitado a essa primei-ra
aproximao do novo padro,confiando apenas em seu vago co-nhecimento
sobre seu estilo e estrutura gerais, mas preciso que te-nha um
conhecimento explcito de seus elementos, indagando noapenas sobre
seu o qu, mas tambm sobre seu por qu. Consequen-temente, as formas
das linhas que circunscrevem sua relevncia ne-cessariamente diferem
radicalmente daquelas de um membro internodo grupo no que se refere
a situaes, receitas, meios, fins, parceirossociais ete. Tendo em
mente a discusso prvia sobre a relao entrerelevncia, de um lado, e
tipicidade e anonimato, de outro, segue-seque ele utiliza outro
padro de medida para o anonimato e tipicida-de dos atos sociais,
diferente daquele usado pelos membros inter-nos. Isso porque para o
estrangeiro os atores observados no grupodo qual ele se aproxima no
possuem - assim como para os outros
104
106
-
atores - aquele suposto carter de anonimato, de quem apenas
real!za funes tpicas, mas so indivduos. Por outro lado, ele est
inclinado a tomar traos que so individuais como se fossem traos
tpi-cos. Assim ele constri um mundo social de pseudoanonimato,
depseudointimidade e de pseudotipicidade. Portanto, ele no
conse-gue integrar os tipos pessoais construdos por ele em um
quadro co-erente sobre o grupo e no pode confiar em sua expectativa
de rea-o por parte deles. E tanto menos pode adotar aquelas
atitudes tpi-cas e annimas que um membro do grup pode esperar de
seus par-ceiros de interao em uma situao tpica. Disso resulta a
ausnciade um sentimento de distanciamento por parte do estrangeiro,
umaoscilao entre o carter remoto e a intimidade, sua hesitao e
in-certeza, e sua desconfiana em relao a todos os assuntos que
pare-cem simples e descomplicados para aqueles que confiam na
eficin-cia das receitas no questionadas que precisam apenas ser
seguidassem que tenham que ser compreendidas.
Em outros termos, o padro cultural do grupo de aproximaono
aparece ao estrangeiro como um abrigo, mas como um campode
aventura, no como algo evidente, mas como um tpico questio-nvel que
deve ser investigado, no como um instrumento para re-solver situaes
problemticas, mas como uma situao problem-tica em si mesma,
bastante difcil de lidar.
Esses fatos explicam duas caractersticas bsicas da atitude
doestrangeiro em relao ao grupo que foram discutidas por quase
to-dos os socilogos que concederam particular ateno a esse
assun-to, quais sejam, (1) a objetividade do estrangeiro e (2) o
carter du-vidoso de sua lealdade.
1) A objetividade do estrangeiro no pode ser
suficientementeexplicada por sua atitude crtica. verdade que ele no
obrigado aadorar os "dolos da tribo" e possui um vvido sentimento
em relao incoerncia e inconsistncia de seu padro cultural. No
entanto,essa atitude no resulta tanto de sua propenso a julgar o
novo grupoa partir dos padres que ele trouxe consigo, mas
especialmente emvirtude de sua necessidade de obter um pleno
conhecimento dos ele-mentos constitutivos desse novo padro cultural
e de examinar comcuidado e preciso aquilo que para o grupo parece
ser autoexplicati-vo. A razo mais profunda para essa objetividade,
entretanto, reside
106
1'111 sua prpria amarga experincia sobre os limites do "pensar
como1 I" costume", que o ensinou que um homem pode perder seu
status,II[\S diretrizes e at mesmo sua histria, e que o modo de
vida normalI' sempre muito menos garantido do que parece. Portanto,
frequente-mente o estrangeiro pode prever com acuidade o surgimento
de umacrise que pode vir a ameaar todo o fundamento dessa "concepo
deInundo relativamente natural", enquanto esses sintomas passam
de-~percebidos pelos membros nativos, que confiam na continuidadeIc
seu modo de vida costumeiro.
2) O carter duvidoso da lealdade do estrangeiro infelizmentemais
do que um simples preconceito por parte do grupo do qual elee
aproxima. Isso particularmente verdadeiro nos casos em que
oestrangeiro prova-se pouco disposto ou incapaz de substituir
inte-gralmente seu antigo padro cultural por aquele do novo
grupo.Nesse caso o estrangeiro continua a ser aquilo a que Park e
Stone-quist corretamente chamaram de um "homem marginal" , um
hbri-do cultural que mistura dois padres culturais diferentes, sem
saberao certo a qual dos dois ele pertence. Mas frequentemente a
dvidaquanto lealdade surge da perplexidade por parte dos membros
dogrupo ao descobrir que o estrangeiro no aceita a totalidade de
seupadro cultural como o modo de vida natural e mais apropriado
ecomo a melhor dentre todas as solues possveis para
qualquerproblema. O estrangeiro considerado ingrato porque ele se
recusaa reconhecer que o padrO cultural que lhe oferecido lhe
garanteabrigo e proteo. Contudo, essas pessoas no compreendem que
oestrangeiro que est em fase de transio no considera esse padrocomo
um abrigo protetor, mas como um labirinto no qual ele per-deu a
percepo das coisas a seu redor.
o significado objetivo do pertencimento ao grupoO significado
objetivo do pertencimento ao grupo aquilo que
o grupo possui quando aqueles que so de fora se referem a
seusmembros como "eles". Nessa interpretao objetiva a noo de gru-po
uma construo conceitual daquele que est de fora. A partir deseu
sistema de tipificaes e relevncias ele subsume os indivduos
107
-
L\ ...
~ A os sociais de otientaao
~,C\ ... *c \ntcf\lfctaao
io, compreens-ncias passadasipectada a ele.
mostrando certos traos e caractersticas particulares que aicomo
uma categoria social homognea somente de seu prpr,to de vista.
claro que possvel que a categoria social construda \],trangeiro
corresponda realidade social, ou seja, que os prinque regem essa
tipificao sejam considerados pelos indivdpificados como elementos
de sua prpria situao, tal como d un-do por eles, sendo relevante de
seu ponto de vista. Mesmo ass dal ,tO sobre o 11\ rteinterpretao do
grupo por parte do estrangeiro nunca ir coin heci11\entO 50
conhecl11\en 1 A.11\aiorV
a .5con el 11\eU 550'0.. 5Val ,plenamente com a autointerpretao
do grupo. " onage11\ e narte o rincia Ve '005, 11\eU -O
,ln,,- C\Uenar 'a e){.Ve USa11\lb "Eu,naNo entanto, tambm
possvel que pessoas que se considc -nasu11\aVe '-n"'anrVIl ."" nOr
11\e roteSSores. tni-, "'l"e.. 11\h'~'; '0.11\1'>'; U,SV '
ticas;
diferentes entre si sejam colocadas pelo estrangeiro em uma me!'
rioe11\e11\. el" chega reS ele 11\e c"racterlS "" nOe11\o b el l-Va
"" t 550 ' as .. lece,,categoria social, sendo tratadas como se
fossem uma unidade . l11\ente er eloS Vro e eio (istO e, elo