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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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Aula: 01
Temtica: O movimento histrico como determinante do cenrio
atual
Com vistas compreenso do momento atual e todas as im-plicaes
pedaggicas relacionadas Educao de Jovens e Adultos, torna-se
inevitvel um passeio ao movimento his-
trico que determinou as polticas educacionais colocadas em vigor
por toda a trajetria da EJA - Educao de Jovens e Adultos.
Este passeio, inicial, esperamos que auxilie os envolvidos com a
educao a compreenderem a realidade atual do Brasil, alm de conhecer
os impas-ses, as solues impostas pelos governantes em diferentes
momentos da educao brasileira, conduzindo a prticas equivocadas e
manuteno de uma situao de excluso.
A partir da dcada de 1930, finalmente, comea a se consolidar um
sis-tema pblico de educao. A educao bsica de adultos comea a ter
visibilidade na histria da educao. Todas essas mudanas em termos
educacionais podem ser atribudas ao processo de industrializao que
se intensificou, ampliao do ndice populacional nos centros urbanos,
conduzindo a transformaes no interior da sociedade, o que demandou
uma oferta de ensino bsico gratuito, acolhendo setores sociais cada
vez mais diversos. A expanso da educao elementar, incluindo a
extenso do ensino elementar aos adultos, foi impulsionada pela Unio
que traava diretrizes educacionais para todo o pas, cabendo aos
estados e munic-pios a responsabilidade por este nvel
educacional.
O pas passou a viver um perodo de efervescncia com o fim da
ditadura de Vargas em 1945. Foi o incio do processo de
redemocratizao do Esta-do brasileiro, cabendo educao de adultos,
destaque dentro da preocu-pao geral com a universalizao da educao
elementar, o que pode ser justificado, considerando o incio da
abertura poltica e a necessidade de expandir as bases
eleitorais.
Para garantir a expanso da educao de adultos tem incio uma
campa-nha nacional de massa, a Campanha de Educao de Adultos,
lanada em 1947, a qual previa, no primeiro momento, uma ao efetiva
visando al-fabetizao em trs meses, aps a organizao do curso primrio
em duas etapas de sete meses. Finalizando, aconteceria a ltima ao,
a qual esta-ria voltada para a capacitao profissional. A campanha,
sob a direo do
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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professor Loureno Filho, obteve resultados importantes, pois
articulava e expandia os servios j existentes, criando escolas
supletivas em todo o pas. Os resultados referentes campanha tambm
envolveram mudanas no campo terico pedaggico, orientando para a
discusso sobre o analfa-betismo e a educao de adultos no Brasil.
Nesse momento, o analfabetis-mo era concebido como causa e no
efeito da situao econmica, social e cultural do pas. Essa concepo
legitimava a viso do adulto analfabeto como incapaz, inclusive
comprometido psicologicamente.
A Campanha de Educao de Adultos lanada em 1947 ali-mentou a
reflexo e o debate em torno do analfabetismo no Brasil. As idias
preconceituosas, concebidas inicialmente,
foram alvo de crticas abrindo espao para o reconhecimento dos
saberes. Para tal, contriburam teorias mais modernas da Psicologia.
Estes conheci-mentos foram dados a conhecer no Brasil devido aos
estudos de Loureno Filho em artigo publicado em 1945.
O reconhecimento na capacidade de aprendizagem dos adultos por
oca-sio da Campanha de 1947 influenciou o Ministrio da Educao a
pro-duzir material didtico especfico para o ensino da leitura e da
escrita. Este material destinado s escolas que atendiam a educao de
adultos possibilitava o ensino baseado no mtodo silbico. Tal mtodo
consistia no emprego de palavras chaves, selecionadas a partir das
caractersticas fonticas. As palavras seriam divididas em slabas,
memorizadas, remon-tadas para formar novas palavras. O acmulo de
diferentes palavras con-duzia a pequenas frases. A elaborao de
pequenas frases possibilitava a composio de pequenos textos. O Guia
de Leitura nas lies finais apresentava pequenos textos contendo
orientaes sobre preservao da sade, tcnicas simples de trabalho,
normas de comportamento, de tica e de patriotismo.
O mtodo colocado em vigor a partir do perodo aqui comen-tado
ainda persiste na escola. Voc sabe se alguns profes-sores ainda
exercem sua prtica usando o mtodo fontico? Pesquise.
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Aula: 02
Temtica: Alfabetizar para Conscientizar ou Conscientizar para
Alfabetizar?
A Campanha de Educao de Adultos encerrou-se na d-cada de 1950.
As crticas se concentraram tanto ao car-ter administrativo, quanto
aplicao pedaggica. Neste
aspecto, apontavam a questo da falta de consistncia do
aprendizado, que se efetivava em curto perodo, alm do fato de no
considerar as di-ferenas regionais e nem o ritmo de aprendizagem
das pessoas. Todas essas crticas contriburam para a formulao de uma
nova viso sobre o problema do analfabetismo, o que consolidou a
criao de um novo para-digma pedaggico para a educao de adultos,
cuja principal expresso foi o educador Paulo Freire.
Os principais programas de alfabetizao e educao popular que se
realizaram no pas no incio dos anos 1960 estavam baseados nas idias
pedaggicas do educador pernambu-
cano Paulo Freire. Esses programas foram efetivados por grupos
de dife-rentes segmentos da sociedade como: artistas, intelectuais,
estudantes e catlicos, envolvidos em uma ao poltica junto aos
grupos populares. Foram os educadores do MEB - Movimento de Educao
de Base, ligado CNBB - Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil,
dos CPCs - Centros de Cultura Popular, organizados pela UNE - Unio
Nacional dos Estudantes.
A atuao desses grupos junto s classes populares promoveu presso
em setores do governo federal, buscando apoio e uma coordenao
nacio-nal das iniciativas, o que determinaria a institucionalizao
do Movimento de Base. Tal iniciativa apresentada teve como
conseqncia a aprovao do Plano Nacional de Alfabetizao, em janeiro
de 1964, que previa a dis-seminao por todo Brasil de programas de
alfabetizao, orientados pela proposta de Paulo Freire. A preparao
do plano, com envolvimento dos diferentes segmentos da sociedade
como j foi dito, sofreu interrupo meses depois, devido ao golpe
militar de 1964.
As prticas pedaggicas formuladas por estes movimentos culturais
ti-nham como base o estabelecimento de uma nova relao entre a
questo educacional e a questo social. Se no passado o analfabetismo
era consi-derado como causa da pobreza, na poca em questo, o
analfabetismo era visto como conseqncia de uma diviso injusta de
riquezas, gerando uma estrutura social desigual. Diante de uma
realidade to hostil, o processo educativo assumiria o papel de agir
na estrutura social determinadora do
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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analfabetismo. Na linha de alfabetizao de Freire, a educao de
base de adultos deveria partir de uma anlise crtica da realidade
dos educandos, conhecendo seus problemas na origem destes e
buscando caminhos de superao, alm do reconhecimento da cultura de
cada ser. Ao adotar tal postura os docentes assumiam um compromisso
tico para com os educandos.
O pensamento pedaggico de Freire se ops ao que ele denominou de
educao bancria, a qual considerava o analfabeto como marginais, um
recipiente vazio, que o professor teria a tarefa de encher com
informaes. Os alunos eram dotados de uma conscincia ingnua,
conseqncia de uma sociedade tradicional, agrria, dominadora,
oligrquica.
Conclumos nosso encontro de hoje e solicitamos que seja feita
uma pesquisa sobre a importncia do pensamento de Freire para a
educao de adultos comparando-o com
o pensamento educacional atual. Existem pontos convergentes?
Existem pontos divergentes? Faa registros destas reflexes.
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Aula: 03
Temtica: A leitura do mundo precede a leitura da palavra (Paulo
Freire)
Paulo Freire elaborou uma proposta de alfabetizao de adultos
conscientizadora, cujo princpio bsico pode ser tra-duzido em uma de
suas afirmaes mais clebres: A leitura
do mundo precede a leitura da palavra.
O processo de aprendizagem se iniciava com a linguagem oral, o
estabele-cimento de um dilogo educativo, utilizando materiais de
diferentes proce-dncias. As situaes existenciais eram discutidas
como possibilidades de ampliar o universo dos educandos, alm de se
reconhecerem como produtores de diferentes formas de cultura, como:
a letrada, no-letrada, o trabalho, a arte, a religio. Paralelo a
esta etapa dos trabalhos, o alfabetiza-dor deveria conhecer o
universo vocabular, selecionando as palavras com mais significado
para a comunidade escolar. Na seqncia, organizar de acordo com o
grau de dificuldades, um conjunto de palavras que apresen-tasse
diversos padres da lngua, as quais se constituiriam nas palavras
geradoras. Em torno dessas palavras se desenvolveria o estudo da
escrita e da leitura.
O estudo das palavras geradoras, apresentadas junto com a
utilizao do recurso das imagens, tambm deveria desencadear um
debate em torno do tema e s ento a palavra escrita era analisada em
suas partes compo-nentes: as slabas- estudo das famlias silbicas. A
partir da identificao desses fonemas, o alfabetizando comearia a
formar novas palavras. En-fatizava-se a anlise auditiva para que os
sons fossem separados e feita a correspondncia letrasom. O mtodo
chamado fontico e j utilizado anteriormente, mas com o nico
propsito de que o aluno estabelecesse relao fonema som, por esse
motivo as frases eram vazias de significa-do como: Eva viu a uva.
Eram frases descontextualizadas e sem relao com o mundo real.
O importante para Freire era levar o educando a entender qual
posio ocupa na sociedade. No exemplo aqui citado: Eva viu a uva
preciso compreender qual a posio que Eva ocupa no seu contexto
social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse
trabalho. Estas discus-ses possibilitavam que o alfabetizando
realizasse a leitura do mundo an-tes da leitura da palavra, ou
seja, compreendesse a estrutura da sociedade e as regras do
capitalismo a que estamos submetidos. Este conhecimento estimularia
a busca da transformao.
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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Isso o que chamamos de politicidade do ato edu-cativo. Freire
afirmava que a educao um ato pol-tico. Esse princpio fundante do
Mtodo (que chamo de pensamento Freiriano) continua atual, porm a
aprendizagem a partir da silabao est hoje supera-da (FEITOSA, 2006,
p.33).
Com um elenco de dez a vinte palavras geradoras, acreditava-se
conseguir alfabetizar um educando em trs meses, ainda que num nvel
rudimentar. Na seqncia do processo de alfabetizao, as palavras
geradoras seriam substitudas por temas geradores, nesta fase os
alfabetizandos j estariam envolvidos em atividades comunitrias ou
associativas.
Diante do que foi aqui discutido podemos dizer que o pen-samento
de Freire tinha como fim, antes mesmo de iniciar o aprendizado da
escrita, levar o educando a assumir-se
como agente de sua aprendizagem, a construir sua prpria viso da
re-alidade e desmistificar a cultura letrada, na qual o educando
estaria se iniciando.
Com base no que estudamos, faa um resumo da aula. Vamos
verificar como o processo de aprendizagem est se efetivando em
relao ao que foi apresentado.
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Aula: 04
Temtica: As prticas pedaggicas e a ditadura militar
Com a chegada dos militares ao poder, os programas de
al-fabetizao e educao popular que haviam se consolidado no regime
anterior, no perodo entre 1961 e 1964 foram vis-
tos como uma grave ameaa ordem e seus promotores foram duramente
reprimidos. Os programas de alfabetizao de adultos que permaneceram
em vigor possuam caractersticas assistencialistas e conservadores.
Em 1967, foi lanado o Mobral - Movimento Brasileiro de Alfabetizao
-, que desencadeou uma campanha massiva de alfabetizao. Foram
instaladas Comisses Municipais, que assumiram a execuo das
atividades, mas a orientao e a superviso pedaggica, bem como, a
produo de materiais didticos eram centralizadas.
Quanto s orientaes metodolgicas, os materiais didticos do Mobral
reproduziram muitos procedimentos consagrados nas experincias
pe-daggicas, mas no abrangiam nenhuma dimenso crtica referente ao
momento poltico e social do pas. Propunha a alfabetizao a partir de
palavras-chave, retiradas do cotidiano das pessoas, sempre
atribuindo ao contexto uma relao harmoniosa, valorizando o esforo
individual dos adultos analfabetos, principalmente, palavras
relacionadas ao trabalho.
Com vistas a dar continuidade ao processo de alfabetizao foi
criado o PEI - Programa de Educao Integrada -, que correspondia a
uma conden-sao do antigo curso primrio. Este programa abria a
possibilidade de continuidade de estudos para os
recm-alfabetizados, assim como para os chamados analfabetos
funcionais, pessoas que dominavam precariamente a leitura e a
escrita. Os estudos realizados sobre o conceito de analfabetis-mo
funcional apontam que se trata de um termo que se refere ao tipo de
instruo em que a pessoa sabe ler e escrever mas incapaz de
interpretar o que l e de usar a leitura e a escrita em atividades
cotidianas. Ou seja, o analfabeto funcional no consegue extrair
sentido das palavras nem co-locar idias no papel por meio do
sistema de escrita, como acontece com quem realmente foi
alfabetizado. No Brasil, o analfabetismo funcional atribudo s
pessoas com mais de 20 anos que no completaram quatro anos de
estudo formal. Mas a noo de analfabetismo funcional varia de acordo
com o pas.
O conceito de analfabetismo funcional foi criado na dcada de
1930, nos Estados Unidos, e posteriormen-te passou a ser utilizado
pela UNESCO para se referir
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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s pessoas que, apesar de saberem ler e escrever formalmente, por
exemplo, no conseguem compor e redigir corretamente uma pequena
carta solicitando um emprego. Segundo a Declarao Mundial sobre
Educao para Todos, mais de 960 milhes de adul-tos so analfabetos,
sendo que mais de um tero dos adultos do mundo no tm acesso ao
conhecimento impresso, s novas habilidades e tecnologias, que
poderiam melhorar a qualidade de vida e ajud-los a perceber e a
adaptar-se s mudanas sociais e cul-turais. Na declarao, o
analfabetismo funcional considerado um problema significativo em
todos os pases industrializados ou em desenvolvimento. Mais de um
tero da populao adulta brasileira conside-rada analfabeta
funcional.
Fonte: http://www.educabrasil.com.br/eb/ acesso em 13/04/08
Aps severas crticas, o Mobral foi extinto em 1985. Seu lugar foi
ocupado pela Fundao Educar, cuja atribuio consistia em apoiar
financeira e tec-nicamente as iniciativas de governos, entidades
civis e demais empresas conveniadas cabendo a parte pedaggica s
entidades pblicas, ou seja, s Secretarias de Educao e aos setores
educacionais das empresas pri-vadas.
Pesquise sobre a metodologia colocada em vigor nesta po-ca e seu
contexto poltico. Registre suas idias.
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Resumo - Unidade I
Na Unidade I buscamos realizar um passeio pelo movimento
histrico com vistas a possibilitar o conhecimento das po-lticas
educacionais de educao de adultos colocadas em
vigor a partir da dcada de 1930. O conhecimento destas polticas
abrange no s os interesses de uma classe social dominante, como as
prticas pedaggicas inicialmente pautadas pelo infantilismo, ou
seja, o modelo de educao a ser oferecida queles que no tiveram
oportunidade de acesso escolaridade em idade prpria, obedecia ao
mesmo que era apresentado s crianas em idade escolar, como: a
utilizao de prticas como memori-zao, repetio, a aprendizagem
totalmente desconectada da realidade.
Durante o desenvolvimento desta unidade buscamos estabelecer uma
relao direta entre o contexto poltico e as prticas docentes,
principal-mente os perodos da nossa histria em que estivemos sob o
domnio das ditaduras do Estado Novo e a Militar.
No final da unidade comentamos sobre o pensamento educacional de
Frei-re, o qual prosseguir na unidade seguinte.
Conclumos a primeira unidade destacando a importncia do
conhecimen-to histrico para a compreenso do cenrio atual em relao
educao, particularmente educao de adultos.
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PRTICAS 25UNIMES VIRTUAL
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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Aula: 05
Temtica: Novas perspectivas na aprendizagem da leitura e da
escrita
Na aula passada, conversamos sobre a educao de adultos oferecida
pelo Mobral. Na aula de hoje, vamos conversar sobre a prtica
pedaggica num contexto em vias de demo-
cratizao, ou seja, a dcada de 1980.
Mesmo durante o golpe militar, alguns educadores e intelectuais
permane-ceram resistindo e mantendo vivo o pensamento pedaggico de
Freire. Es-tes grupos, ao manter as experincias, possibilitaram a
ampliao das mes-mas, construindo canais de troca de experincia,
reflexo e articulao.
A partir da dcada de 1980, estudos e pesquisas so publicados
informan-do como o aluno aprende. Estes estudos difundem o
aprendizado da lngua escrita com base na lingstica e na psicologia,
que lanam novas luzes sobre as prticas de alfabetizao. Estes
estudos apontam que o exerccio pleno das habilidades de leitura e
escrita, vai alm da decodificao de letras e sons, necessrio buscar
os significados.
As pesquisas do mtodo construtivista desenvolvidas pela
psicopedago-ga argentina Emlia Ferreiro esclarecem aos
alfabetizadores sobre a im-portncia de conhecer o processo de
elaborao do conhecimento, alm de informar sobre a limitao do mtodo
silbico.
Apesar de toda a nfase que foi colocada no construtivismo,
observa-se ainda aplicao significativa do mtodo silbico na
alfabetizao de crian-as e at de jovens e adultos. Tal prtica
consiste na montagem e des-montagem de palavras. O mtodo estabelece
a apresentao de padres silbicos que vo sendo acrescentados formando
um quadro. Os textos resultantes desta prtica, so sem significado,
no expressam mensagens de uma realidade.
O que conhecemos como construtivismo nasceu da epistemologia
gentica de Jean Piaget, recebendo redefinio com Vygotsky e seus
continuadores e, especificamente no caso da lngua escrita, a
influn-cia das pesquisas desenvolvidas por Emlia Ferreiro e
colaboradores. O construtivismo uma concepo de conhecimento, um
conjunto de princpios. Supe uma determinada viso do ato de
conhecer. Segun-do Piaget, todo conhecimento consiste em formular
novos problemas medida que resolvemos os pre-
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
PRTICAS 21UNIMES VIRTUAL
cedentes. Para ele, o conhecimento compreendido como atividade
incessante. Em consonncia com a teoria piagetiana, Freire concebe
homens e mulheres como produtores de cultura e sujeitos produtores
do conhecimento, elementos que demonstram a cientifi-cidade dos
pressupostos deste pensador.(FEITOSA, 2005, p.33)
Com base nos estudos de Ferreiro e Teberosky, as propostas
pedaggicas para a alfabetizao comeam a incorporar a viso de que no
necess-rio nem recomendvel montar uma lngua artificial para ensinar
a ler e es-crever. Os adultos analfabetos podem escrever enunciados
significativos baseados em seus conhecimentos da lngua ainda que,
no incio, no pro-duzam uma escrita convencional. com essas produes
que o educador pode realizar uma leitura da realidade.
Os estudos realizados levaram muitos educadores compreenso de
que a alfabetizao no se limita forma como se juntam as letras para
formar palavras. A alfabetizao consiste em um processo permanente,
que se inicia com a introduo dos jovens e adultos no universo da
escrita, atra-vs da apresentao de diferentes tipos de textos que
esto presentes em nossa sociedade.
Vamos refletir sobre as diferentes possibilidades de
conhe-cimento sobre o universo da escrita, fazendo uma pesquisa
sobre alguns tipos de textos que podem promover o incio
do processo de alfabetizao em jovens e adultos. Selecione-os e
organize um banco de textos.
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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Aula: 06
Temtica: O pensamento educacional como contribuio para a
liberdade
Na aula passada conversamos sobre o perodo da redemo-cratizao e
os novos estudos realizados nos anos 1980 pelas educadoras Ferreiro
e Teberosky acerca do construti-
vismo e de suas prticas em relao alfabetizao.
O perodo de reconstruo democrtica, iniciado a partir da dcada de
1980, deixou fluir muitas experincias de alfabetizao na linha de
cons-cientizao dos anos 1960 que continuaram existindo durante os
anos da ditadura, de forma latente, em grupos de educadores.
Aliados a esta viso de conscientizao ganharam consistncia, tambm,
os estudos realiza-dos pelos educadores atuais, baseados em teorias
piagetianas, conforme j comentado em aulas passadas e que
voltaremos a falar mais detalhada-mente. O pensamento pedaggico de
Freire e o construtivismo de Ferreiro e Teberosky na realidade no
se opem, mas apresentam postos comuns, conduzindo ao enriquecimento
do processo da alfabetizao. Dificuldades encontradas na prtica
geram reflexo e apontam novas pistas. Nas prxi-mas aulas falaremos
com mais detalhes dos pontos comuns e divergentes entre os dois
estudos.
Nesta aula focalizaremos o Mtodo de Freire, que o prprio
educador afir-mava no ser um mtodo, mas, sim um pensamento sobre a
educao.
Mas, o que mtodo?
De acordo com o dicionrio Aurlio, mtodo significa:
1- Caminho pelo qual se atinge um objetivo. 2- Progra-ma que
regula previamente uma srie de operaes que se devem realizar,
apontando erros evitveis, em vista de um resultado determinado. 3-
Processo ou tcnica de ensino. 4- Modo de proceder, maneira de agir,
meio.
O trabalho realizado por Freire em Angicos, onde alfabetizou 300
trabalha-dores, possibilitando o acesso destas pessoas leitura e
escrita, mesmo que de forma rudimentar em curto espao de tempo, nos
permite identi-fic-lo como um mtodo, considerando a conceituao aqui
explicitada. A obra de Freire no se resume a um mtodo, o que seria
limit-la, na realidade trata-se de uma teoria do conhecimento sobre
o processo de
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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ensino e aprendizagem. A sua pretenso, enquanto educador, estava
alm da criao de um mtodo, o que se disps a fazer foi uma reflexo
ampla, abrangendo os aspectos filosficos e polticos presentes na
educao. Para ele, a educao, valendo-se da reflexo e da
conscientizao, teria como fim promover uma prtica que
possibilitasse mudana na estrutura da sociedade.
No perodo que antecedeu aos estudos de Freire, constatavase uma
di-ferente realidade educacional, ou seja, existiam as vozes
assumidas e as suprimidas. Neste contexto, o professor o sujeito
que detm todo o po-der, com voz, com escolhas, enquanto o aluno
ocupa a situao de objeto, colocado na condio de um caixa vazia,
cujo contedo ser preenchido pelo ser que tudo sabe o professor. Ao
aluno cabe ouvir, repetir, obede-cer sem questionar, responder de
acordo com o estabelecido, para que o processo seja considerado um
sucesso. No pode haver questionamen-tos, apenas, dvidas sobre o que
j foi afirmado, para que seja reafirmado. O conhecimento s possui
uma face.
Em entrevista concedida Nilcia Lemos Pelandr, em 1993, Freire
diz o seguinte:
Eu preferiria dizer que no tenho mtodo. O que eu tinha quando
muito jovem era a curiosidade de um lado e o compromisso poltico do
outro, em face dos renegados, dos negados, dos proibidos de ler a
pala-vra, relendo o mundo. O que eu tentei fazer e contnuo hoje,
foi ter uma compreenso que eu chamaria de crtica ou de dialtica da
prtica educativa, dentro da qual, necessariamente, h uma certa
metodologia, um certo mtodo de conhecer e no um mtodo de ensinar.
(PELANDR apud FEITOSA, 1999, p.27)
No h como no concordar com Freire, o que foi proposto no visava
apenas aquisio da habilidade de ler e es-crever e sim alfabetizao
junto com a reflexo sobre o
mundo em que o sujeito vive, sobre a ao que produz sobre este
mundo e a possibilidade de transform-lo.
Faa uma reflexo sobre o que foi discutido aqui. A obra de Freire
pode ser considerada um mtodo ou uma teoria do ensino e da
aprendizagem? Registre suas concluses.
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Aula: 07
Temtica: Etapas do Mtodo Paulo Freire - pensando sobre
educao
Na ltima aula da primeira unidade conversamos sobre o mtodo
Paulo Freire. Iniciamos conceituando mtodo e con-clumos com uma
entrevista concedida por Freire a uma
educadora, onde ele nega que tenha criado um mtodo de ensinar.
Nesta aula continuaremos comentando sobre as etapas do mtodo de
conhecer, segundo Freire.
O educador Paulo Freire hoje uma das personalidades mais
respeitadas em termos de educao. Segue aqui a metodologia criada
por Freire, com base no texto de Feitosa (1999)- Cadernos de EJA-
IPF:
Investigao Temtica: busca do universo vocabu-lar e contexto
social do educando. importante que o prprio educando expresse como
percebe sua rea-lidade, que motivos determinam a situao existente,
para que o educador possa incorporar um conheci-mento amplo da
situao do grupo- classe, com vista criao de um tema gerador geral,
que possibilita a aprendizagem no fragmentada, interligando
diferen-tes reas do conhecimento. a integrao do conheci-mento, como
possibilidade de transformao social. O tema gerador geral poder
originar vrias palavras geradoras.A seleo destas palavras obedecer
trs critrios bsicos:a) Palavras inseridas no contexto social dos
educandos. b) Devem abrigar vrios engajamentos: social, poltico,
cultural.c) Selecionadas de acordo com apresentao dos diferentes
fonemas da lngua, com a finalidade de explorar as dificuldades
fonticas. Ao educador, cabe o papel de graduar tais dificuldades,
pois, como j foi dito o mtodo proposto o silbico. Os fonemas
apresentados devem ser registrados pelo aluno, para que possam
elaborar novas palavras, comparar com as j criadas, descobrindo
semelhanas e/ ou diferen-as entre elas.
Tematizao, escolha dos temas geradores e pa-lavras geradoras.
atravs desta que realizamos a
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codificao (a reduo de uma situao existencial a uma imagem -
gravura, slide, que expresse a pro-blemtica) e a decodificao
(anlise do desenho/ gravura, para perceber o que ali est expresso)
a passagem do abstrato para o concreto. Este debate permite avanar
para alm do que conhecido da sua realidade, para compreend-la e
intervir criticamente.
Cada palavra geradora dever ter a sua ilustrao, com vistas a
produzir novos debates, ou seja, a repre-sentao de aspectos da
realidade, a partir da relao que se estabelece entre os elementos
do grupo.
Problematizao, o ser humano tem pouco conhe-cimento a respeito
dele prprio, medida que vai se conhecendo, passa a ter conscincia,
iniciando o processo de questionamentos sobre si mesmo. a busca da
superao da conscincia ingnua para a conscincia crtica.
Como j foi dito anteriormente, a alfabetizao de adultos, antes
dos estudos de Freire, estava centrada em uma viso simplista e
infantilizante, com adaptaes do uso de carti-
lhas. O educador Paulo Freire pode ser considerado um
vanguardista, pois iniciou o uso da linguagem multimdia na
alfabetizao de adultos, alm de romper com a concepo de que a educao
um ato neutro. A proposta de utilizao da metodologia pautada nas
idias de Freire foi completa-mente inovadora. Desde a sua origem e
aplicao na dcada de 1960, at os dias atuais, vem ocasionando
discusses e continua em evoluo.
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Aula: 08
Temtica: Os princpios do mtodo freireano
Na aula passada, conversamos sobre o mtodo de Freire, comentando
sobre as etapas, de acordo com o texto de Fei-tosa. Na aula de hoje
vamos continuar falando sobre este
notvel educador e sua obra. Com base no texto de Feitosa (1999)
do Instituto Paulo Freire, comentaremos sobre os princpios do Mtodo
Paulo Freire.
Uma prtica originada no passado e que ainda est muito presente
no tra-balho educacional atual o autoritarismo, e a outra faceta do
autoritarismo a negao do contexto social do educando. Esta prtica
denominada por Freire de invaso cultural, ou de depsito de
informaes, pois no surge a partir do saber popular, alm de
ignor-lo.
Para Freire, dois pontos de apoio de sua proposta pedaggica so
impor-tantes: o estudo da realidade do educando e a organizao dos
dados desta realidade, que se constitui em tarefa do educador.
Nessa dinmica surgem os temas geradores, os quais emergem da
reflexo realizada pelo grupo, conforme j comentamos em aulas
anteriores. Quanto aos contedos fo-calizados nas aulas, estes so
frutos de uma metodologia dialgica. Para que estes contedos sejam
significativos necessrio conhecer o aluno dentro do seu contexto
social, o que determinar a temtica a ser traba-lhada. Da explorao
desta realidade, o educador estabelece uma sntese dialtica entre o
saber erudito e o saber popular, o que produzir um novo
conhecimento.
Uma metodologia pautada por tarefas determinadas, estruturadas
em exerccios mecnicos como forma de atingir uma avaliao da
aprendiza-gem, constitui-se em uma educao bancria. Tal prtica visa
domes-ticao e a aceitao da realidade sem refletir. O saber do
professor depositado no aluno. Nesta prtica a educao est
desconectada da re-alidade.
Um dos aspectos inovadores a questo do relacionamento entre
educa-dores e educando, que se estabelece na horizontalidade, pois
ambos so sujeitos do ato do conhecimento. No h uma relao de
autoritarismo, o qual se constitui em impedimento para o exerccio
de uma prtica de conscientizao e de criticidade.
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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Vale destacar que o professor, ao exercer uma relao de igualdade
com seu aluno, no perde a sua autoridade, pois esta pautada pelo
conheci-mento, pelo respeito, pela confiana, pela tica que com ele
se apresenta no exerccio do seu cotidiano.
O grande educador Paulo Freire, entendia que o ato de educar
inclui o ato de recriar e de re-significar, assim como tinha como
fio condutor da alfa-betizao, a libertao. A libertao acontece tanto
no campo cognitivo, como no social e poltico.
A adoo do mtodo requer o entendimento deste, o que s acontece a
partir do entendimento dos princpios que o regem. Nas prximas aulas
falaremos sobre estes princpios.
A pedagogia do dilogo que praticava fundamenta-se numa filosofia
pluralista. O pluralismo no signi-fica ecletismo ou posies
adocicadas, como ele costumava dizer. Significa ter um ponto de
vista e, a partir dele, dialogar com os demais. o que mantinha a
coerncia da sua prtica e da sua teoria. Paulo era acima de tudo um
humanista. Seria a nica forma de classific-lo hoje. No h dvida de
que Paulo Freire foi um grande humanista. (GADOTTI, 2005, p.15)
Deixamos como reflexo, a seguinte questo: que princpios
fundamentam o mtodo de Freire?
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Aula: 09
Temtica: A politicidade do ato educativo
Nos encontros seguintes continuaremos conversando so-bre cada um
dos princpios de Paulo Freire. Nesta aula exa-minaremos o primeiro
princpio do Mtodo Paulo Freire a
politicidade do ato educativo. Usaremos como base o texto de
Feitosa (1999) do Instituto Paulo Freire.
A educao no neutra, esta uma afirmao presente na proposta
educacional de Freire. A transformao ocorre em decorrncia da ao do
homem sobre uma determinada realidade. Assim, a educao vai se
cons-truindo e reconstruindo de forma contnua. Tal entendimento no
voz cor-rente entre os homens e mulheres, prevalece na sociedade a
viso ingnua de que no lhes cabe possibilidade de transformao, o que
os leva a uma condio de submisso. Tal viso reforada atravs do uso
de cartilhas e livros organizados, de acordo com uma concepo
domesticalizadora, nos quais os seres so colocados em uma situao de
observadores e no como sujeitos dessa realidade.
Para Freire, o processo de aprendizagem da leitura e da escrita
indissocivel do processo de politizao. O educando incentivado a
refletir sobre sua histria como indivduo, como pertencente a um
grupo social e sobre o lugar que ocupa nesta sociedade, enquanto
tem acesso ao desenvolvimento da habilidade de ler e escrever. Esta
ao promove a passagem da conscincia ingnua para conscincia
crtica.
Na experincia de Angicos, assim com em outros lu-gares onde foi
adotado o mtodo, as salas de aula transformaram-se em fruns de
debates, denomina-dos Crculos de Cultura. Neles, os alfabetizandos
aprendiam a ler as letras e o mundo, a escrever a pa-lavra e tambm
sua prpria histria.Atravs de slides contendo cenas de seu
cotidiano, esses trabalhadores- educandos discutiam sobre o
desenrolar de suas vidas reconstruindo sua histria, sendo
desafiados a perceberemse enquanto sujeitos dessa histria. Nesse
contexto, era apresentada uma palavra aos educandos ligada a esse
cotidiano e previamente escolhida coletivamente e atravs do estudo
das famlias silbicas que a compunham, o educando apropriava-se do
conhecimento do cdigo escrito ao mesmo tempo em que refletia sobre
sua histria de vida.
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O professor na condio de parceiro mais forte,tem o papel de
coordenar o debate, problematizar as discus-ses para que opine e
relatos surjam.Cabe tambm ao educador conhecer o universo
vo-cabular dos educandos, o seu saber traduzido atravs de sua
oralidade, partindo de sua bagagem cultural repleta de
conhecimentos vividos que se manifestam atravs de suas histrias.Os
alfabetizandos, ao dialogar com seus pares e com o educador sobre o
seu meio e sua realidade desve-lam aspectos dessa realidade at ento
no percept-veis conscientemente. Essa percepo se d em de-corrncia
da anlise das condies reais observadas. (FEITOSA,1999, p. 25)
As discusses realizadas em torno de sua realidade tendem a se
aprofun-dar, o que conduz a uma viso mais concreta e mais ampla. O
educando ir desenvolver um entendimento crtico, constituindo- se
ento em instru-mento de interveno na realidade com possibilidade de
transformao.
O Mtodo Paulo Freire possibilita um exerccio de ao- reflexo- ao,
o que anuncia tratar-se de uma metodologia carregada de aspecto
poltico.
Deixamos como reflexo: atualmente a prtica docente pos-sibilita
que o educando estabelea um dilogo com seus pa-res e com o educador
na busca de conhecer sua realidade?
Registre suas concluses.
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Aula: 10
Temtica: Dialogicidade do ato educativo
No encontro de hoje vamos conversar sobre o segundo prin-cpio a
dialogicidade do ato educativo. As idias aqui pos-tas esto de
acordo com o texto de Feitosa (1999) - IPF.
A pedagogia proposta por Freire fundamentada numa antropologia
filo-sfica dialtica e tem como objetivo as transformaes sociais, a
partir do envolvimento do homem e da mulher, como sujeitos desse
processo, tendo como base o dilogo. A relao dialgica um dos
aspectos es-senciais para que a prtica pedaggica acontea e se
materialize nas situ-aes de interao educador / educando, natureza /
cultura.
Segundo Freire, dentre todos os papis desempenhados pela educao,
um dos mais importantes a busca do humanismo entre toda a
sociedade, o que s possvel em uma relao pautada pelo dilogo, pois
permite a ampliao da percepo que permite
promover a ampliao da viso de mundo e isso s acontece quando
essa relao mediatizada pelo di-logo. No no monlogo daquele que,
achando-se sa-ber mais, deposita o conhecimento, como algo
quan-tificvel, mensurvel naquele que pensa saber menos ou nada
saber. A atitude dialgica , antes de tudo, uma atitude de amor,
humildade e f nos homens, no seu poder de fazer e de refazer, de
criar e de recriar( FREITAS, apud FEITOSA, p. 26)
A dialogicidade est apoiada nos eixos: educador educando -
objeto do conhecimento. A juno dessas trs categorias gnosiolgicas
est pre-sente no mtodo e constituise em um contedo programtico, ou
seja, em instrumento para que a reflexo sobre uma dada realidade
social se concretize. O dilogo antecede a ao pedaggica, na
realidade, constitui-se em base para a efetivao do pedaggico. Uma
das etapas de efetiva-o do mtodo a pesquisa do universo vocabular
que envolve o educan-do, assim como sua realidade poltica, social,
cultural e econmica. Este estreitamento relacional constitui-se em
um veculo facilitador para que educador educando - objeto do
conhecimento estabeleam uma relao democrtica, conscientizadora,
libertadora, caracterizando-se ento como dialgica.
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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Segundo Freire, homens e mulheres so produtores de cultura. Tal
compre-enso est presente no mtodo Paulo Freire. Para despertar a
curiosidade dos educandos sobre o conceito de cultura, Freire optou
por trabalhar si-tuaes existenciais codificadas: [...] processo
pelo qual uma situao existencial se reduz a uma linguagem
visual-desenho, slides, que contm toda a problemtica. (GADOTTI,apud
FEITOSA, p. 26)
A utilizao da linguagem visual conduz ao estudo da realidade ali
repre-sentada, tratase da decodificao (processo de anlise do cdigo:
o de-senho, slide) para capturar os elementos existenciais que ali
esto conti-dos. a passagem do abstrato para o concreto, das partes
ao todo e um retorno do todo s partes. (GADOTTI apud FEITOSA,
p.26).
O processo educacional efetivado a partir da relao entre educao
e arte aponta a condio de vanguardista que podemos atribuir a
Freire. A refor-ma educacional prevista a partir dos anos 1990, com
a nova LDB 9394/96 e todas as demais orientaes pedaggicas
institudas, estimulam uma prtica pedaggica baseada na
interdisciplinaridade, na abordagem das temticas por reas do
conhecimento.
Deixamos como reflexo a questo: as gravuras apresen-tando cenas
do cotidiano dos alfabetizandos, como recorte das realidades
vividas por eles, podem produzir efeitos no
processo de ensino e aprendizagem? Registre.
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Aula: 11
Temtica: Discutindo os pontos bsicos do Mtodo Paulo Freire: o
estudo da realidade e o tema gerador
Na apresentao dos princpios do Mtodo Paulo Freire, destacamos a
importncia do estudo da realidade e do tema gerador. Com base no
texto de Nascimento (1999) do IPF,
nas prximas aulas estaremos conversando com mais profundidade
sobre estes dois pontos de apoio ao mtodo aqui estudado, que so: o
estudo da realidade e do tema gerador.
Na aula de hoje vamos comentar sobre dados recentes em relao
edu-cao de jovens e adultos. Apesar da atual LDB 9394/96 expressar
como dever do Estado a garantia do atendimento ao ensino
fundamental e o sistema oficial de ensino afirmar todo o seu
empenho, os resultados no tm sido satisfatrios, haja vista os dados
de elevados ndices do analfa-betismo no pas.
O Brasil tem, atualmente, cerca de 16 milhes de analfabetos,
incapa-zes de escrever pelo menos um bilhete simples.
Considerandose aqui o conceito de analfabeto funcional (que inclui
as pessoas com menos de quatro sries de estudos concludos), o nmero
aumenta para 33 milhes e metade deste nmero est concentrada em
menos de 10% dos munic-pios do pas, conforme os dados do MEC. O
estudo, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (INEP), indica que ,aproxi-madamente, oito milhes de
analfabetos do pas se concentram em 586 cidades brasileiras, com as
maiores taxas aparecendo nas capitais. S na cidade de So Paulo,
campe em nmeros absolutos, so mais de 383 mil pessoas. No Rio de
Janeiro so quase 200 mil.
Os dados apresentados foram oficializados por rgos do Governo
Federal, o que demonstra que tm conhecimento do elevado nmero de
jovens e adultos analfabetos e que as
polticas que esto sendo implementadas, de acordo com o discurso
ofi-cial, no esto dando conta do srio problema que se constituiu na
questo do analfabetismo no Brasil. Atualmente est em andamento o
Programa Brasil Alfabetizado.
Os governos brasileiros, ao longo de sua histria, afirmavam que
estimu-lavam polticas nacionais com vistas erradicao do
analfabetismo, mas os resultados no se apresentaram satisfatrios, o
que pode demonstrar que o poder pblico necessita de parceiros para
atender demanda de jovens e adultos analfabetos.
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No incio da dcada de 1990, atravs do programa Comunidade
Solid-ria, algumas parcerias com empresas e universidades foram
institudas em 52 municpios, atendendo a duzentos e setenta e cinco
mil jovens e adultos, em um universo de 20 milhes de analfabetos,
na poca. O pro-grama Comunidade Solidria foi extinto em dezembro de
1998.
Diante de um cenrio, em que o poder pblico apresenta aspectos de
im-potncia para resolver a questo aqui discutida: o analfabetismo,
no h como no concordar com o estabelecimento de parcerias com a
iniciativa privada e demais instituies de ensino, mas necessrio que
o governo disponha de uma participao mais efetiva frente resoluo do
proble-ma. A participao para auxiliar a resoluo de tal problema
prev o imple-mento de outros programas com maior investimento, alm
da utilizao de metodologias que possibilitem o acesso e a
permanncia desta parcela da populao, ou seja, a presena do Estado
como planejador, organizador, implementador das polticas, visando
erradicao do analfabetismo no Brasil.
Freire, preocupado com o emprego de metodologias que no atendiam
aos interesses dos jovens e adultos e no promoviam a mudana de uma
reali-dade de opresso, cria uma metodologia. J naquela poca, o
vanguardis-ta Freire tinha a concepo que s o prprio homem capaz de
promover sua libertao e, neste sentido, a educao poderia ser um
instrumento de libertao. Como caminho para comprovar sua viso sobre
a educao, construiu uma metodologia polmica, mas que se tornou
conhecida mun-dialmente. Aps quase 50 anos de sua primeira
experincia, em Angicos, em Pernambuco, esta metodologia continua se
recriando, mantendo os seus principais eixos: a leitura da
realidade dos educandos e a escolha de temas geradoras. sobre estes
dois eixos que passaremos a comentar nas prximas aulas.
Estamos concluindo o nosso encontro de hoje e deixamos como
reflexo a seguinte questo: com base em uma sociedade do
conhecimento, que metodologias podemos
construir, a partir de uma vivncia do aluno, para consolidar a
erradicao do analfabetismo? Registre sua resposta.
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Aula: 12
Temtica: A educao bancria e a prtica tradicional
Na aula de hoje vamos conversar sobre a prtica predomi-nante em
salas de aula. Estes comentrios tm como base o texto de Nascimento
(1999) do IPF .
A literatura atual sobre educao aponta uma direo progressista,
em que o aluno sujeito do seu processo de ensino-aprendizagem, mas
a prtica pedaggica da maioria das nossas salas de aula ainda
pautada por uma prtica tradicional, ou seja, o professor quem sabe
tudo e, por isso mesmo, cabe a ele a tarefa de transmitir os seus
conhecimentos aos alunos. Esta viso educacional est presente tambm
nas salas de aulas de jovens e adultos, mesmo sendo estes educandos
portadores de um conhecimento de mundo, j que se relacionam no
mundo do trabalho e j desenvolveram algumas habilidades importantes
para a sua formao, mas estas no so consideradas no espao
escolar.
Freire, em sua anlise sobre a concepo de educao que adota esta
postura, denominou-a de bancria. Nesta prtica h uma relao entre o
sujeito (educador) e do lado oposto encontra-se o objeto (o
educando). O educando tido como uma caixa vazia que ser preenchida
pelo educador ao ministrar os contedos da disciplina, alm de ser
considerado como detentor de todo o conhecimento.
O educador, que aliena a ignorncia, se mantm em posies fixas,
invariveis. Ser sempre o que sabe, enquanto os educandos sero
sempre os que no sa-bem. A rigidez destas posies nega a educao e o
conhecimento como processos de busca. (FREIRE apud NASCIMENTO, p.
39).
Na concepo bancria, segundo anlise de Freire e o texto de
Nascimen-to (1999) IPF.
a educao o ato de depositar, de transferir, de transmitir
valores e conhecimentos e, refletindo a sociedade opressora, ela
mantm e estimula a con-tradio. Da, ento, que nela :
a) O educador o que educa; os educandos, os que so educados;b) O
educador o que sabe; os educandos os que no sabem.
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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c) O educador o que pensa; os educandos, os pen-sados:d) O
educador o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam
docilmente;e) O educador o que disciplina; os educandos os
disciplinados;f) O educador o que opta e prescreve sua opo; os
educandos, os que seguem a prescrio;g) O educador o que atua; os
educandos, os que tm a iluso de que atuam, na atuao do educador,h)
O educador escolhe o contedo programtico; os educandos jamais
ouvidos nesta escolha se acomo-dam a ele;i) O educador identifica a
autoridade do saber com sua autoridade funcional, que ope
antagonicamente liberdade dos educandos; estes devem adaptar-se s
determinaes daquele;j) O educador, finalmente, o sujeito do
processo; os educandos meros objetos.
Estamos concluindo nosso encontro de hoje. Durante nos-sa
conversa afirmamos que em muitas de nossas salas de aulas, a prtica
do cotidiano pautada no modelo que Frei-
re denomina educao bancria. Assim, procure verificar em sua
cidade como est sendo efetivada a educao de adultos dentro da sala
de aula. Registre os pontos comuns com a prtica em questo, aqui
exposta.
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Resumo - Unidade II
Nesta unidade conversamos sobre o educador Paulo Freire e sua
concepo sobre educao. Para alguns autores tal concepo denominada de
mtodo de Paulo Freire. Para
Freire, mtodo presumia etapas determinadas, da o motivo da no
acei-tao de tal denominao, pois o que Freire proclamava era
justamente o contrrio, ou seja, uma ampla discusso sobre a
realidade do educando, levandoo a conhecer as causas da situao
econmica e social na qual se encontrava - a leitura do mundo
antecede a leitura da palavra. A partir destas discusses so
estabelecidos os temas geradores, os quais possibilitam o incio do
processo de escolarizao.
No decorrer desta unidade foram apresentados aspectos da concepo
educacional de Freire como a realizao da ao- reflexo ao,
tra-tandose de um movimento constante de criao e re-criao. Assim,
atravs da adoo do seu pensar sobre educao promovemos a liberta-o,
e, para tal, utilizamos aspectos como a dialogicidade discusso e
compreenso de uma realidade.
Tambm abordamos aspectos relacionados educao tradicional,os
quais Freire chamou de educao bancria. Na educao bancria, segundo
afirmava Freire, a formao do indivduo acontece como um recipiente a
ser preenchido com as informaes produzidas universalmente e que
devem ser reproduzidas, sem o exerccio da reflexo, o que
possibilitaria a compreenso da realidade e a alterao da mesma.
Conclumos esta unidade afirmando que a metodologia desenvolvida
por Frei-re, permite a libertao do indivduo, tanto no campo
cognitivo como no social e poltico, e que suas idias ainda esto em
processo de consolidao.
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Mdio na Cidade de Santos, 1995 - 2004. Dissertao de Mestrado PUC/SP
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FREIRE, Paulo: Pedagogia da Esperana. Um reencontro com a
Pedago-gia do Oprimido. So Paulo. Paz e Terra. 2000.
____________Pedagogia da Autonomia. Saberes necessrios prtica
educativa,Paz e Terra. So Paulo, 1996.
FUSARI. Jos C. O planejamento do trabalho Pedaggico: algumas
in-dagaes e tentativas de respostas. Editora Cortez, So Paulo,
1988.
SAVIANI, Demerval. Educao: do senso comum conscincia filosfi-ca.
So Paulo, Cortez/autores associados, 1987.
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
PRTICAS42UNIMES VIRTUAL
Aula: 13
Temtica: Como educar para a libertao?
No encontro anterior conversamos sobre a educao ban-cria,
denominao criada por Freire. Esta concepo de educao define uma
prtica em que o aluno recebe os de-
psitos, ou seja, os conhecimentos, valores que refletem os
princpios de uma sociedade opressora, alm de no participar do seu
processo de construo ensino e aprendizagem.
No encontro de hoje, trataremos da concepo de educao pensada por
Freire, que prev o estudo da realidade.
A metodologia do Estudo da Realidade constitui-se na forma como
Freire pensou a educao e que denominou de libertadora. A educao
libertado-ra mantm caractersticas opostas educao bancria.
Nossa aula est fundamentado no texto de Nascimento (1999) do
IPF. Para melhor compreender o pensamento de Freire, vamos refletir
a partir da seguinte citao:
Se na experincia da minha formao, que deve ser permanente, comeo
por aceitar que o formador o sujeito em relao a quem me considero o
objeto, que ele o sujeito que me forma e eu, o objeto por ele
formado, me considero como um paciente que rece-be os conhecimentos
contedos acumulados pelo sujeito que sabe e que so a mim
transferidos. Nesta forma de compreender e de viver o processo
forma-dor eu, objeto, agora terei a possibilidade, amanh, de me
tornar o falso sujeito da formao do futu-ro objeto do meu ato
formador. preciso que, pelo contrrio, desde os comeos do processo,
v ficando cada vez mais claro que embora diferentes entre si, quem
forma se forma e reforma ao formar e quem formado forma-se e forma
ao ser formado. nesse sentido que ensinar no transferir
conhecimento, contedos, nem formar ao pela qual um sujeito criador
d forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado [...]Quem
ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.
(FREITAS, apud NASCIMENTO, p. 41)
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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A concepo educacional pensada por Freire, inspira ao educador a
adoo de uma postura tambm com caractersticas contrrias postura do
edu-cador investido de uma postura de educao bancria. Uma prtica
com caractersticas libertadora dever apontar as seguintes
caractersticas:
O respeito identidade cultural do educando.
A apropriao e produo de conhecimentos relevantes e
significati-vos, de forma crtica, para a compreenso e transformao
da reali-dade social.
A compreenso do que ensinar e aprender.
O estmulo curiosidade e criatividade do educando e do
educador;
O desenvolvimento do trabalho coletivo na escola.
A democratizao das relaes na escola.
A recuperao do papel do educador.
A interao comunidade - escola como espao de valorizao da
cul-tura popular.
A prtica pedaggica, investida de uma postura como a explicitada
acima, tem como alvo determinar uma relao entre sujeitos que tm
como fim o estabelecimento de uma sociedade integrada, onde as
pessoas possam conviver em um espao livre. Enfim, a transformao da
sociedade.
Com a finalidade de constatar na prtica as caractersticas de uma
educao libertadora, pesquise e registre modelos de prticas
libertadoras existentes em sua comunidade.
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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Aula: 14
Temtica: O Estudo da Realidade: uma metodologia emancipadora
Na aula anterior conversamos sobre educao libertadora e sobre a
metodologia estudo da realidade. Na aula de hoje continuaremos
conversando sobre este tema.
Conforme vimos em outros encontros, a educao de jovens e
adultos, ao longo da histria da educao, j esteve vinculada a
diferentes concep-es, o que implicava em diferentes prticas que
tinham como finalidade tornar a prtica de sala de aula mais
interessante e prazerosa. Conside-rando que, quando o aluno escolhe
retornar s aulas, possivelmente, en-contra-se esperanoso em
realizar o seu processo de aprendizagem. A prtica, sobre a qual
estaremos aqui conversando tambm a busca de um caminho.
O Estudo da Realidade constitui-se uma prtica pedaggica moderna,
pois permite o estabelecimento de novas relaes entre os envolvidos
no pro-cesso ensino e aprendizagem. Assim, educadores e educandos
se envol-vem no que denominado de pesquisa participante, ou seja, a
investiga-o do contexto em que vivem. Tal metodologia permite a
confirmao de outro princpio freiriano: a leitura da realidade
antecede a leitura da pala-vra. Podemos afirmar assim, que Estudo
da Realidade [...] visa transfor-mar o espao escolar em um centro
de produo, recriao e irradiao de culturas (Revista MOVA-SP apud
NASCIMENTO, 1999, p.41)
De acordo com o texto de Nascimento, uma proposta pedaggica que
tenha como alvo a liberdade, deve pautar a sua prtica no dilogo.
Deste dilogo deve emergir o entendimento e o sentimento que o
indivduo tem em relao a esta realidade. Para a materializao do
estudo dessa reali-dade deve obedecer a seqncia de alguns passos,
de acordo com o texto de Nascimento:
Organizao da sada a campo, para que os participantes saibam o
que vo fazer, como fazer, e o tempo de que precisaro para
investigar a rea.
Coleta de dados atravs do estudo do meio e de conversas com
edu-candos e pessoas da comunidade, utilizandose mquinas
fotogrfi-cas, fitas de vdeo, questionrios, entrevistas, filmes,
livros, documen-tos, jornais, revistas;
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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Levantamento dos diferentes interesses dos educandos indo da
apa-rncia essncia.
O Estudo da Realidade se constitui em uma teoria importante, mas
para que seja legitimada fundamental que seja transformada em uma
ativida-de prtica, que pode ser chamada de mtodo experimental, como
condi-o para superar a via terica:
A via terica capaz de oferecer nada mais do que desdobramentos
lgicos. A via experimental neste ponto portadora de maiores
possibilidades de en-riquecer a formulao. Como ela no pura teoria,
por maior que seja o controle exercido na experin-cia, sempre h uma
brecha para que um elemento no esperado, ou fora de controle, se
manifeste, interfira indiretamente, desde que a experincia
construda[...]O conhecimento sempre aperfeio-amento de um
conhecimento anterior, que se pe em dvida, que se nega. No sobre a
escurido que se trabalha, mas sobre reas iluminadas, quan-do se
considera precria essa iluminao passada. O conhecimento se faz ao
custo de muitas tentati-vas, multiplicando as incidncias de
diferentes raios de luz diferente, a partir de pontos de vistas
tam-bm diferentes... Uma nica incidncia de um nico feixe luminoso
no suficiente para iluminar todo um objeto[...] A utilizao de
outras fontes lumino-sas poder formar um objeto inteiramente
diverso ou indicar dimenses inteiramente novas do objeto (CARDOSO
apud NASCIMENTO, 1999, p. 41-42).
As verdades coletadas em um processo de investigao no devem ser
consideradas como imutveis, pois o processo de investigao de uma
realidade sofre a interferncia de diversas maneiras, a forma como
os dados foram selecionados, a ao desenvolvida pelos sujeitos que
esto realizando a pesquisa e pelos que esto sendo alvos destas.
Porm a mul-tiplicidade de informaes proporcionar uma ampliao do
conhecimento em torno da realidade estudada.
Estamos concluindo nosso encontro de hoje, quando comen-tamos
sobre a prtica pedaggica Estudo da Realidade. Co-mente sobre os
aspectos relevantes de tal prtica. Registre.
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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Para melhor explicitar estas afirmaes, escolhemos a citao de
Marli Andr (1999, p.42)
fato bastante conhecido que a mente humana al-tamente seletiva.
muito provvel que, ao olhar para um mesmo objeto ou situao, duas
pessoas enxer-guem diferentes coisas. O que cada pessoa seleciona
para ver depende muito de sua histria pessoal e principalmente de
sua bagagem cultural. Assim, o tipo de formao de cada pessoa, o
grupo social a que pertence, suas aptides e predilees fazem com que
sua ateno se concentre em determinados as-pectos da realidade,
desviandose de outros. Do mes-mo modo, as observaes que cada um de
ns faz na nossa vivncia diria so muito influenciadas pela nossa
histria pessoal, o que nos leva a privilegiar certos aspectos da
realidade e negligenciar outros...
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Aula: 15
Temtica: O que o Tema Gerador?
O mtodo Paulo Freire tem como uma das suas fases a es-colha do
tema gerador. Para explicitar sobre este preciso defini-lo e, para
tal, adotaremos a definio constante na
Apostila Mova - EP-IPF
O que tema gerador? o assunto que conduz o processo pedaggico, a
partir de um contexto sig-nificativo para os alunos e que visa
ampliar o hori-zonte de investigaes, aprendizagem e perspectiva
transformadora. O desenvolvimento de um tema pode gerar novos temas
e/ou subtemas e dessa forma possvel construir, organizar e ampliar
os contedos significativos a partir de grupos temticos
interliga-dos, evitando, assim, a justaposio e acumulao linear de
contedos soltos e fragmentados [...] Por que tema gerador? [...]
contribui para a formao de sujeitos conscientes de sua realidade,
tanto individu-al quanto coletiva. Sujeitos que tenham condies de
intervir no processo social, poltico e econmico de forma coerente e
conseqente, contribuindo para a construo de uma sociedade onde as
desigualda-des, em existindo, no signifiquem a submisso da maioria
da populao a uma minoria. Isso possvel porque o desenvolvimento de
um tema gerador exige uma articulao entre os contedos curriculares
e a realidade scio-cultural do aluno. Um outro aspecto a ser
considerado que via tema gerador, os conte-dos so coletivamente
construdos respeitando os interesses individuais e coletivos, bem
como o ritmo diversificado dos alunos, ocorre tambm a estimula-o da
cooperao entre todos os sujeitos do proces-so escolar, na medida em
que o conhecimento fruto de construo coletiva.
O educador, ao adotar como prtica o trabalho com o tema gerador,
est fazendo uma escolha poltica, pois no podemos esquecer que, como
afirmava Freire, todos os atos educacionais so polticos. A aplicao
do trabalho com o tema gerador exige do educador uma postura
compro-metida com a libertao de seus alunos atravs da
conscientizao. A forma como se envolve com os contedos programticos
possibilita uma abrangncia de significados, contribuindo para uma
aprendizagem com
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significados. Outro aspecto a ser considerado quanto escolha dos
contedos. Enquanto na prtica tradicional cabe ao educador a tarefa
de selecionar todos os temas, na prtica pensada por Freire, a
escolha dos contedos que sero desenvolvidos em sala de aula
constitui-se em uma prtica coletiva, envolvendo educando e
educadores. A definio destes contedos programticos tem como
referncia a realidade.
Ao iniciarmos a investigao sobre o tema gerador, temos como
objetivo conhecer a percepo que o homem tem da realidade, a sua
viso de mun-do. Para compreender o tema gerador preciso entender
sobre as relaes do ser humano com o mundo. Para que seja possvel
aplicar tal metodolo-gia necessrio conhecer, refletir e saber da
importncia desta. As etapas aqui citadas esto de acordo com o texto
de Nascimento(1999) IPF:
Elaborao coletiva do planejamentoDeciso coletiva pela realizao
do Estudo da Realidade localDelimitao do espao a ser investigado e
elaborao de um roteiro Observao de alguns aspectos relevantes no
espao Definio das pessoas a serem entrevistadas e elaborao do
ques-tionrioOrganizao do material a ser utilizado na sada a campo
Diviso em subgrupos para a sada a campo, com definio de
fun-es.Delimitao do tempo para a sada a campoSistematizao dos dados
coletados Exposio dos dados coletados por cada um dos subgrupos,
coment-rios gerais sobre a sadaProblematizao dos dados coletados
Formao de blocos de assuntos e discussoSeleo de possveis Temas
GeradoresRelao de sub-temasVotao do tema geradorA
interdisciplinaridade e o tema geradorAs reas do conhecimento e o
tema geradorOs contedos a serem desenvolvidos em cada rea do
conhecimento Processo avaliativo
Faa uma reflexo sobre as fases para aplicao desta me-todologia.
Se voc trabalha com a E.J.A. experimente colo-car em prtica as
fases para a escolha de um tema gerador.
Registre os resultados.
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Aula: 16
Temtica: O Tema Gerador como possibilidade de um trabalho
interdisciplinar
Nesta aula conversaremos sobre o tema gerador como a
pos-sibilidade para a realizao de um trabalho interdisciplinar.
De acordo com o texto de Nascimento IPF:
O Estudo da Realidade e a organizao do trabalho via tema gerador
permitem a realizao de um trabalho interdisciplinar, contribuindo
de maneira decisiva para um maior envolvimento da comunidade no
processo de ensino-aprendizagem, proporcionando uma abor-dagem mais
rica dos contedos a serem desenvol-vidos dentro da sala de aula,
bem como informaes imprescindveis para a transformao da realidade.
(FREIRE apud NASCIMENTO,1999, p.44)
O estudo de uma dada realidade permite que o homem conhea o meio
em que vive, assim como a si mesmo. Afinal, o homem produto deste
meio, mas tambm atua sobre este meio. Assim, podemos afirmar que
por essa interao homem / meio e do meio com o homem ocorre uma
transforma-o no espao e uma transformao tambm no homem.
Diante de uma observao na qual a realidade est em constante
modifica-o, alm do fato de estar pautada pela interligao entre
todas as formas de conhecimento, torna-se necessrio que as
atividades pedaggicas que visam aquisio do conhecimento, adotem
como princpio uma aborda-gem no fragmentada, exercida com base no
dilogo, tendo como alvo uma prxis, ao reflexo - ao.
Com vistas adoo de abordagens que contribuam para a realizao de
prticas de natureza interdisciplinar, segundo Nascimento, as etapas
po-dem ser assim seguidas:
a) Estudo preliminar da realidade local
O lanamento de um primeiro olhar em direo a uma realidade aponta
a inteno do educador em buscar conhecimentos construdos a partir de
comprovao cientfica.
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Os estudos desenvolvidos a partir da explorao da realidade local
condu-zem :
Favorecer o processo de autoconhecimento da comunidade escolar
no desvinculada da comunidade local;
Perceber o que significativo, o que caracteriza e preocupa esta
co-munidade escola- regio;
Proporcionar uma relao dialtica entre os conhecimentos do senso
comum e os conhecimentos sistematizados pela humanidade;
Reconhecer a escola como espao de construo de conhecimentos
significativos para todos os envolvidos.
b) Escolha dos temas geradores
A escolha do tema gerador se concretiza aps coleta e discusso
sobre as informaes obtidas na pesquisa de campo, alm da
problematizao des-tas. Tratase de um espao democrtico, onde a
discusso culmina com a definio do tema gerador, o qual se constitui
em temticas que sero exploradas sob diversas faces do conhecimento
por um perodo de tempo definido de acordo com o interesse que
promove no grupo.
Conclumos o encontro de hoje destacando o tema gerador para a
realizao de uma prtica interdisciplinar. A adoo de tal prtica
constitui-se na promoo de uma relao de-
mocrtica no espao da sala de aula, alm da construo do
conhecimen-to no fragmentado.
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Aula: 17
Temtica: Aprofundando os estudos sobre o tema gerador
escolhido
Nas aulas anteriores falamos sobre o estudo da realidade e a
escolha dos temas geradores. No encontro de hoje, vamos con-tinuar
conversando sobre o tema gerador e o trabalho interdisci-
plinar. Nossa conversa tem como base o texto de Nascimento(1999)
IPF.
Realizadas as fases de estudo da realidade e escolha dos temas
geradores, os educadores e educadoras devem organizar um plano que
permita dar continuidade s investigaes. [...]Nesse momento ser
necessria a cla-reza sobre as concepes das reas do conhecimento e
dos contedos que permitiro aprofundar os estudos sobre o tema
gerador escolhido. (p.45)
O texto de Nascimento aponta alguns princpios fundamentais da
prtica interdisciplinar, via tema gerador:
O trabalho com o tema gerador possibilita a necessria articulao
entre teoria e prtica;Esse trabalho coloca prxis, que compreende o
movimento de ao - reflexo - ao;Esse trabalho demonstra a importncia
do Estudo da Realidade para, s depois, escolher o tema gerador;
imprescindvel que tenhamos uma viso da totalidade;Essa prtica
pedaggica pressupe uma relao dialgica entre os su-jeitos e o objeto
do conhecimento;Educador e o educando alm de investigarem a
realidade, precisam desenvolver uma viso crtica diante da
mesma;Esse trabalho s ter xito se contar com a participao de todos
os envolvidos no processo de ensinoaprendizagem, pois o coletivo de
fundamental importncia;O tema gerador possibilita o trabalho
interdisciplinar e uma melhor compreenso da realidade;Trabalho com
o tema gerador exige que educador(a) e educando(a) atuem como
pesquisadores;A realidade obra dos seres humanos e que, por isso,
passvel de mudanas;Sendo a realidade mutvel, a verdade sempre
relativa e ser sempre uma verdade aproximada.
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Em uma concepo pedaggica que promove reflexes como as aqui
pro-postas, a programao de educao de jovens e adultos deve ser
construda considerando o estudo da realidade e o tema gerador
escolhido pelo grupo.
A escola, para ter significado aos alunos, deve permitir a estes
jovens e adultos que retornam a este espao conhe-am a condio
desumana a que parte da populao est
submetida e que tenha condies de super-la. Afinal, s a
conscientiza-o promove a libertao e a escola deve cumprir este
papel. O trabalho pedaggico que busque a libertao s possvel com
educadores que incorporam uma prtica educacional emancipadora.
[...]s com muito amor possvel construir uma socie-dade na qual
os valores da solidariedade, da coopera-o entre as pessoas, da
democracia e da liberdade, numa palavra humanizao constituam sua
razo de ser e de vir a ser. a utopia no sentido do ainda no, mas
pode ser, como resultado do nosso esforo, do nosso trabalho.
(NASCIMENTO,1999, p. 46)
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Aula: 18
Temtica: O Construtivismo no pensamento freireano
Na aula de hoje vamos conversar sobre as caractersticas
construtivistas no pensamento freiriano. A nossa conversa tem como
base o texto de Feitosa(1999) IPF. Iniciaremos,
conversando sobre o pensamento de Emilia Ferreiro - O
Construtivismo.
A teoria Construtivista nasceu da Epistemologia Gentica de Jean
Piaget, aprofundada em conseqncia dos estudos realizados por seus
seguido-res, dentre os quais destacamos Emilia Ferreiro e Ana
Teberosky. Podemos reconhecer a concepo gnosiolgica de Piaget,
quando afirma:
[...] O conhecimento no uma cpia do objeto, nem uma tomada de
conscincia de formas a priori, que sejam predeterminadas no
individuo; uma constru-o perptua, por permutas, entre o organismo e
o meio, do ponto de vista biolgico, entre o pensamen-to e o objeto,
do ponto de vista cognitivo. (BRINGUIER apud FEITOSA,1999,p.
29)
A partir dos anos 1980, surgem os estudos de Ferreiro e
Teberosky. Os ensinamentos das duas educadoras esto presentes no
livro Psicognese da Lngua Escrita, no qual descreve os diferentes
estgios vividos pelas crianas at a aquisio do processo da leitura e
da escrita. Dentre suas muitas idias, est a que aponta a importncia
da criana, mesmo ainda analfabeta, ter contato com diferentes tipos
de textos, como: jornais, re-vistas, livros de literatura,
dicionrios, enciclopdias. O educador que tra-balha a alfabetizao
utilizando-se de textos variados prepara melhor seu aluno para o
uso de diferentes tipos de linguagem. Ao contrrio, o trabalho de
alfabetizao com a apresentao de letrinhas isoladas dificulta, por
exemplo, o uso do computador e da Internet, preciso enfrentar todo
o alfabeto ao mesmo tempo. As educadoras tambm criticam o uso da
car-tilha e o mtodo fnico de alfabetizao. Para elas, tal mtodo
consiste em exerccios para treinar a correspondncia entre grafemas
e fonemas. Os estudos realizados por Freire na dcada de 1950, no
envolviam o campo da Psicognese, mas percebemos caractersticas do
construtivismo em seu trabalho.
Para Freire, o homem um ser histrico, crtico, o que pode ser
ampliado atravs da educao, ou seja, diante de uma prtica que
permita o des-vendamento de uma realidade, distanciandose dela para
compreend-la
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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melhor. a superao da conscincia ingnua e a construo juntamente
com os outros membros do grupo, da conscincia crtica. A construo
juntamente com os demais membros do grupo com uma diferente viso de
mundo permitir um novo fazer histrico.
Na concepo construtivista, a aprendizagem da escrita ocorre a
partir do estudo do objeto e a realizao de tal estudo consiste em
pensar, com-preender e voltar a agir sobre o objeto do
conhecimento. Assim, o co-nhecimento que produzido pelo sujeito
transformado por ele. O objeto do conhecimento ser modificado de
acordo com a compreenso que o sujeito tem sobre a escrita, a
modificao acontece sobre o sujeito e sobre o objeto, pois ao
produzir um novo conhecimento o homem se transforma e transforma o
conhecimento anterior.
[...] Na perspectiva construtivista, todo conhecimen-to novo
parte de um conhecimento anterior, portanto, o ponto de partida do
trabalho escolar o momento em que se encontra o aluno, seu
conhecimento e seu nvel atual de conhecimento. Para superar o j
estru-turado, o j estabelecido e alcanar o nvel seguinte mais
complexo do desenvolvimento, necessrio perpassar e ultrapassar
momentos de desestabiliza-o, de dvida, de perturbao, de
reestruturao e modificao do j escolhido. o momento do conflito em
busca de equilbrio. Essa ultrapassagem s ser possvel pala ao do
sujeito que conhece. Esse, por sua vez constri- reconstri, cria-
recria, modifica, produz o novo conhecimento. Esta concepo difere
daquelas concepes reducionistas, que meramente expem o sujeito a
atitudes reprodutivistas diante de um pronto saber. (FEITOSA, 2006,
p.31)
Estamos concluindo nosso encontro de hoje, quando inicia-mos uma
reflexo sobre a teoria educacional de Emilia Fer-reiro e o
pensamento educacional de Freire.
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Aula: 19
Temtica: Um dia de aula: alfabetizando em uma comunidade
pesqueira
Na aula anterior conversamos sobre o pensamento de Emlia
Ferreiro - O Construtivismo. Na aula de hoje vamos apresentar uma
atividade prtica, a operacionalizao desta
forma de aprendizagem em uma comunidade pesqueira, considerando
o pensamento de Freire.
A prtica educacional pautada pelas idias de Freire apresenta
como princpio a explorao de uma realidade da comunidade onde se
realiza o processo de alfabetizao. O que diferencia esta prtica das
demais a discusso sobre as dificuldades sociais, econmicas e
polticas em que vivem os educandos. Assim, no h um modelo a seguir
e sim uma crena por parte de educadores e educandos de que possvel
mudar a realidade de um povo a partir do ato de educar. O educador
precisa acreditar e esti-mular os educandos tambm a
acreditarem.
A adoo dessa prtica aponta a necessidade de dispor o espao
escolar de forma diferente, ou seja, as cadeiras so dispostas em
crculo, o que possibilita que todas possam se ver, sintam que esto
no mesmo nvel, a conversa acontece com todos interagindo, o que
facilita a integrao. Em uma prtica tradicional, as cadeiras so
postas em fileiras, onde os mais tmidos, os mais constrangidos se
escondem no fundo da sala e, provavel-mente, em breve abandonam a
escola. H um sentimento de inferioridade no jovem e adulto
analfabeto, que deve ser afastado para garantir apren-dizagem dos
educandos. O sentimento de inferioridade se constitui no maior
impedimento para o resgate destas pessoas e pode se ocultar sob
diferentes formas, como, agressividade, silncio, abandono da escola
novamente. O educador precisa estar atento.
Outra ao importante a exposio de cartazes na parede, assim como
dos trabalhos realizados pelos alunos e a explorao destes, dentro
das atividades do cotidiano. Na atividade cotidiana aqui apontada,
h uma recepo feita diariamente pelos alunos entre si, o que se
revela como uma possibilidade de integrao, de boas vindas. As
atividades escola-res comeam com a observao por todos os alunos
sobre as gravuras existentes e a descoberta que sua atividade
profissional como uma ati-vidade econmica importante para as demais
pessoas e para a prpria comunidade.
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
PRTICAS 63UNIMES VIRTUAL
[...] Debate sobre o desenho, enfocando o contexto vivenciado
pelo grupo: as dificuldades que o pesca-dor artesanal enfrenta, a
falta de apoio financeiro, o desrespeito ao perodo de entressafra,
a falta de equi-pamentos adequados para o pescador, o baixo preo do
pescado, o alto custo do material necessrio para a confeco e
manuteno dos equipamentos de pes-ca, a interferncia do
atravessador, as precrias con-dies de armazenamento do pescado e as
possveis alternativas de soluo. (SOUSA, 2003,p.77)
A sntese das discusses conduziu para a escolha dos temas
geradores, sendo no caso aqui apresentada a palavra pesca, dentre
outras. Na seq-ncia, a palavra passa a ser analisada quanto ao som
e grafia.
O processo de avaliao se desenvolve de forma informal atravs de
uma dinmica, apresentao de uma msica, relacionada com o tema: minha
jangada vai sair pro mar, vou trabalhar...
Estamos concluindo o encontro de hoje, quando apresenta-mos
passo a passo a realizao de uma prtica progressis-ta. A partir
desta elabore outras atividades.
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
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Aula: 20
Temtica: Quem somos?
Na aula anterior, apresentamos a realizao de uma prtica
progressista, a partir da atividade econmica desenvolvida pela
comunidade - a pesca. Nesta aula, destacaremos o in-
cio do processo de alfabetizao a partir de um contedo
significativo - o nome do aluno.
O nome do aluno representa histria de vida de cada um: uma
palavra carregada de significado e tem um importante papel quanto
ao incio do processo de aprendizagem da leitura e da escrita.
A prtica aqui abordada consiste na anlise da composio silbica e
das letras usadas para escrev-las. Muitos dos jovens que esto na
E.J.A., mas que nunca passaram pela escola, sabem assinar o nome, o
que sig-nifica que aprenderam o desenho das letras e decoraram a
seqncia destas na construo do nome, mas no o reconhecem, assim como
no identificam os sons que cada letra representa.
Para que a anlise se efetive preciso que o educador faa orientao
aos educandos. Esta orientao consiste na utilizao de materiais,
como: letras mveis, letras escritas em cartes, o que permite
mov-las, levando a exploraes necessrias para a formao de slabas e
palavras.
Nesta fase da prtica docente, as situaes de explorao so
desenvol-vidas de forma oral, alimentadas por meio de perguntas e
pelo estmulo do professor. O professor deve solicitar e auxiliar os
alunos a explicitarem e justificarem suas respostas, assim, como
compar-las com respostas diferentes que podero surgir na classe.
Esta abordagem prtica permite o levantamento dos conhecimentos que
os alunos j tm, assim, como o despertar, no aluno, da conscincia da
importncia do registro. Alm do registro, mesmo que seja sob forma
de riscos ou marcas, o aluno deve explicitar qual a relao existente
entre o que pensa, fala e registra. A pro-duo e anlise desses
registros ser uma ponte para a compreenso da escrita convencional.
Tambm importante que o professor deixe dispon-vel na classe
materiais, como: letras, slabas, palavras, gravuras, jornais,
revistas. O acesso a diferentes materiais permite que o jovem ou o
adulto possa vencer os desafios que lhes so impostos no incio do
seu retorno escola, conhecer sua potencialidade, habilidade e
capacidade de aprender, utilizando-se de uma nova abordagem.
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
PRTICAS 65UNIMES VIRTUAL
Sugestes para o desenvolvimento de Atividades
Jogo dos Crachs
uma atividade para ser realizada logo no incio do ano letivo.
Permite a criao de uma situao descontrada para que as pessoas se
conheam, e, tambm, primeiro contato com a escrita dos nomes.
O professor deve organizar pedaos de cartolina com o nome dos
alunos, individualmente, arrum-los sobre a mesa e pedir que cada
aluno localize o prprio nome. Antes da atividade informe-os
sobre:
O que um crach; Onde um utilizado; Quais os motivos de tal
identificao e sob quais circunstncias so utilizados.
Aps todos terem encontrado seu crach tem incio a apresentao,
con-siderando:
Quem ? De onde veio? O que faz? O que espera da escola? Que
expectativa mantm em relao escola?
Na seqncia da atividade, observe se os alunos sabem identificar
o pr-prio nome, o nome de outros colegas, se conseguem identificar
letras e partes que compem os nomes. Pea aos alunos que registrem
as suas descobertas, considerando o desenvolvimento da
linguagem.
A atividade aqui proposta, assim como a que ser apresen-tada na
prxima aula, foi organizada a partir da coleo de materiais didticos
para a Educao de Jovens e Adultos
Viver e Aprender, financiada pelo Ministrio de Educao e do
desporto MEC - e elaborado pela Ao Educativa. O MEC pretende que
este mate-rial seja colocado disposio das Secretarias Estaduais e
Municipais de Educao, ONGs e demais instituies que atendam a esse
alunado, como instrumento de apoio ao trabalho dos professores em
sala de aula.
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PROPOSTAS METODOLGICAS NA ALFABETIZAO DE JOVENS E ADULTOS E
PRTICAS66UNIMES VIRTUAL
Aula: 21
Temtica: Como eu me vejo, como eu vejo os outros?
Na aula anterior conversamos sobre uma atividade prtica em
classe de alfabetizao de E.J.A. a partir da identidade do prprio
ser humano - o seu nome. Na aula de hoje conti-
nuaremos falando sobre as prticas que tm como finalidade
promover a insero desta parcela da populao no mundo da cultura
letrada, a partir da construo da prpria aprendizagem.
Esta atividade proposta na aula de hoje permite que o aluno da
E.J.A. fale sobre si mesmo, suas caractersticas e tambm para que
percebam como os outros o vem. Com vistas a sensibilizar a classe,
o professor deve apresentar aspectos da vida e obra de uma
personalidade ligada ao mundo da cultura. No exemplo, apresentamos
a artista plstica brasileira Tarsila do Amaral, uma das promotoras
da Semana de Arte Moderna de 1922, acontecimento que impulsionou o
olhar de toda a sociedade da poca, para a importncia e a grandeza
da cultura nacional.
A atividade consiste inicialmente na apresentao de dados
biogrficos de Tarsila junto com uma foto. Na seqncia, apresenta-se
o quadro Abaporu e um texto escrito por ela, alm da anlise da obra
de tal personalidade Fi-nalmente os alunos devem emitir opinio
sobre tal personalidade. A partir deste exerccio, os alunos so
convidados a falar sobre si mesmos e ouvir opinies das colegas
sobre a sua personalidade.
importante que, no decorrer de tal atividade, o educador
enfatize a capacida-de dos educandos em relao aos aspectos de
solidariedade, capacidade de trabalhar em grupo, ateno e respeito
para com as demais pessoas etc.
Nesta fase so ressaltados aspectos como: aparncia fsi-ca, a
for