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A PRESENA DE AFRICANISMOS NA LNGUA PORTUGUESA DO BRASIL
Ana Paula Puzzinato
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Vanderci de Andrade Aguilera2
ResumoEste estudo tem como objetivo conhecer como alguns lingistas tratam a influncia dosfalares africanos no portugus do Brasil. Para isso, selecionaram-se autores comoAmadeu Amaral, Serafim da Silva Neto, Antenor Nascentes e Mrio Marroquim, paraverificar como as palavras oriundas de lnguas africanas foram tratadas em suasrespectivas obras: O dialeto caipira (1920), Histria da lngua portuguesa (1988), Olinguajar carioca (1922) e A lngua do Nordeste (1934). Para dimensionar essaabrangncia, alm das obras mencionadas, foram feitas pesquisas em cartaslingsticas do Atlas Prvio dos Falares Baianos APFB (Rossi: 1964) e no AtlasLingstico de Sergipe ALSE (Ferreira et alii: 1987). Esses Atlas correspondem aosestados em que, de acordo com interesses da economia colonial, houve a maiordistribuio de escravos africanos. Neste trabalho, prope-se levantar os dadoslingsticos presentes em cada uma das cartas pesquisadas e fazer a anlise ediscusso das variantes de timos africanos com base nos estudos acima referidos.Num segundo momento, busca-se verificar se a origem africana dos dados coletados confirmada na obra de PESSOA (2001) e nos verbetes constantes de FERREIRA(1986) e HOUAISS (2004).Palavras-chave: Africanismos, Histria, Atlas Lingsticos, dicionrios.
AbstractDeparting from researches from authors such as Amadeu Amaral, Serafim da SilvaNeto, Antenor Nascentes and Mrio Marroquim, in their respective works O dialetocaipira (1920), Histria da lngua portuguesa (1970), O linguajar carioca (1922) andA lngua do nordeste(1934), this study has as its aim to get to know how some linguiststreat the influence of African speeches in Brazilian Portuguese. For bringing dimensionsto such covering, besides the works mentioned above, researches were done in thelinguistic sheets from the Atlas Prvio dos Falares Baianos (the Previous Atlas ofSpeeches in the state of Bahia) APFB (Rossi: 1964) and from the Atlas Lingstico deSergipe (the Linguistic Atlas in the state of Sergipe) ALSE (Ferreira et alii: 1987).These atlases correspond to the states that, according to interests in the colonial
economy, there was a bigger distribution of African slaves. In this work, we propose toshow linguistic data found in each investigated sheet and do an analysis and discuss thevariants of African etymology based on the studies above referred. In a second moment,we search to verify if the African origin of the collected data is confirmed in the work ofPESSOA (2001) and in the dictionary entries found in FERREIRA (1986) and HOUAISS(2004).
1Bolsista do UEL/Afroatitude, graduanda do curso de Letras.
2Orientadora, doutora em Letras, pfessora do Departamento de Letras Vernculas e Clssicas da UEL.
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Keywords: Africanisms, History, Linguistic Atlases, dictionaries.
Introduo
No incio do sculo XVI, os integrantes da frota portuguesa de explorao ao
Atlntico, ao chegarem costa brasileira se depararam com populaes indgenas de
vrias naes, distribudas ao longo de todo o litoral. Mais tarde, os colonizadores,
ainda na primeira metade do sculo, voltando terra descoberta, necessitavam de mo
de obra para a extrao da madeira, outras atividades agrcolas e para a busca das
sonhadas riquezas minerais. Para isso, buscaram nos ndios o trabalho escravo e aoportunidade de catequiz-los. No entanto, o ndio era considerado mau trabalhador por
ser nmade e ter dificuldades para se adaptar e se fixar na lavoura. Marroquim (1934,
p. 28 e 29) cita que, nas Memrias Histricas da Provncia de Pernambuco, Jos
Bernardo Fernandes Gama d uma amostra do regime de trabalho do ndio:
Em quanto ao resto, os ndios no alugavam jamais os seus braos por tempoilimitado, porm, sim, por vinte dias, por exemplo... Antes mesmo de expirar seucontrato, exigiam os selvagens os seus salrios, temendo no receberem cousaalguma, e quando eram pagos antes, deixavam no poucas vezes o trabalho sem oterminarem. Muitas vezes, tomavam a fuga para se subtrarem a toda espcie de
jugo
Diante dessa dificuldade, os colonizadores europeus recorreram escravido de
negros importados da frica. Com a vinda do negro, o que ocorreu em nosso pas foi a
incorporao de etnias na sociedade branca, principalmente no norte do pas. Basta ver
a descrio das tarefas exercidas pelo negro para perceber quo grande era a
importncia conferida a ele. O jesuta Antonil, citado por Queiroz (1987, p. 26),
expressou essa importncia, no incio do sculo XVIII, referindo-se economia do
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acar:Os escravos so as mos e os ps do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil
no possvel conservar e aumentar fazendas, nem ter engenho corrente.Criou-se, ento, uma comunidade de negros, brancos e ndios, o que acarretou
numerosos fenmenos de aculturao (fatos que decorrem do contato dos homens que
possuem culturas e lnguas diferentes), pela qual cada indivduo acaba absorvendo
elementos culturais de seu meio, e da ocorre, tipicamente, uma aprendizagem
incidental, que pode envolver observao e imitao. A interferncia lingstica um
dos aspectos da aculturao. O ndio, elemento oriundo da terra onde se encontra, foi o
primeiro a aprender o portugus. Mas foi quase simultnea a aprendizagem por eles e
pelos negros, uma vez que este foi logo introduzido no contexto em que o ndio se
encontrava. Segundo Nascentes (1957, p. 132), Joo Ribeiro afirma que isso ocorreu
por volta de 1532. Antes que houvesse esse aprendizado, por causa da necessidade de
se comunicarem, surgiu uma linguagem de gente inculta, denominada crioulo, ou
semicrioulo. Tanto os senhores como os escravos precisavam entender e se fazerem
entendidos e, em razo disso, falavam de um modo deficiente, simplificado. Para Silva
Neto (1988, p. 436), os crioulos so falares de emergncia, com caracteres definidos e
vida prpria, que consistem na deturpao e simplificao extrema de uma lngua,
quando imperfeitamente transmitida e aprendida por gente de civilizao inferior.
Embora concorde que houve o contato vivo entre negros e brancos, Silva Neto
afirma que, graas escola e influncia das altas classes, essa linguagem foi
desaparecendo em benefcio de uma linguagem culta e aperfeioada. Para esse
lingista, a influncia africana, assim como outras, no portugus do Brasil, tem sempre
sido exagerada, talvez pelo desejo de exaltar a riqueza do nosso vocabulrio ou de
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demonstrar a diferena queresultaria no reconhecimento de uma lngua brasileira, uma
vez que esta foi sempre comparada com o portugus de Portugal.
Essa lngua sofreu modificaes que envolveram no s a criao de expressese termos novos, mas tambm alteraes gramaticais para que uma se diferenciasse da
outra. Podemos ter a comprovao disso ao analisarmos como os portugueses falam, e
como ns, brasileiros, falamos. Alm disso, h uma variedade de vocbulos sem a
menor significao em Portugal. So termos toponmicos, geogrficos, botnicos,
zoolgicos, meteorolgicos, geolgicos, mitolgicos, agrcolas e pecurios, etnolgicos,
de navegao, de indstria, originrios do tupi ou de outras lnguas africanas, europias
e asiticas, e at inventadas pelo povo, o nico fabricante realmente autorizado de
lnguas, dicionrios e gramticas.
Silva Neto defende que a influncia africana se deu principalmente no contexto
rural, que no pde jamais ser grande na cidade, porque a situao econmica do
negro, assim como sua origem e cor no o ligavam s classes mais prestigiadas da
populao. Sempre existiu no Brasil certo preconceito de cor ou de raa. Indivduos de
cor diferente da dos brancos foram sempre considerados inferiores. O que parece no
ter existido, antigamente, era a averso sexual do branco pelo negro ou ndio, o que
ajudou na interpenetrao tnica, no cruzamento da lngua. Essa juno de raas e
meios sociais contribuiu para diversificar e diferenciar a lngua portuguesa do Brasil
daquela trazida pelo colonizador portugus. Outro fator que contribuiu para a nossa
diferenciao dialetal foi a substituio do trabalho escravo pelo assalariado, afastando,
ento, o branco da convivncia com a maioria da populao negra.
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Alm dessa anlise mais abrangente de Silva Neto, verifica-se que Amadeu
Amaral (1920), em seu estudo sobre o falar caipira de So Paulo, parece dar pouca
importncia influncia dos africanos sobre a lngua portuguesa, quando afirma: Acolaborao do negro, por mais estranha que o parea, limitou-se fontica: o que dele
nos resta no vocabulrio rstico so termos correntes no Pas inteiro e at em Portugal
(AMARAL, 1920, p. 64).
No campo fontico, o autor trata de dois fenmenos fonticos, relatando que,
assim como na pronncia dos crioulos de Cabo Verde, da Guin, nas Ilhas do Prncipe
e de So Tom, encontra-se nas reas rurais a iotizao do fonema / /( milho/mio,
mulher/mui), isso porque os aloglotas (aqueles que tm que aprender uma lngua que
no sua e falar do jeito que ouviu, sem a necessria preparao) - mouros, ndios e
negros - se mostraram incapazes de pronunciar o / /. Outro caso a apcope do -s
no final das palavras no plural (as menina, os cachorro), caracterstico do falar rural
brasileiro. Em seus estudos, afirmou que as palavras terminadas em al, el, il..., que
freqentemente apareciam apocopadas: m, s, jorn = mal, sol, jornal, eram uma
pronncia mais comum entre negros.
1. Alguns estudos lexicais da primeira metade do sculo XX
Para este estudo foram analisadas as obras de Amaral (1920), Nascentes (1922)
e Marroquim (1934). No campo da lexicologia, Amaral (1920, p. 64) registra que a maior
parte dos vocbulos africanos existentes no dialeto caipira no so aquisies prprias
e cita alguns exemplos:
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Angu Cacunda Macta Quingengue
Banguela Carimbo Malungo QuisliaBatuque Caximbo Mandinga Samba
Binga Cuxilo Missanga Sanzala
Cachaa Lundu Quilombo Urucungo
O que Amaral quis dizer com aquisio prpria? Que as palavras no foram
transmitidas diretamente dos africanos para os caipiras paulistas? Que esses vocbulosfazem parte dos diversos dialetos falados no Brasil e no s do dialeto caipira?
Na seqncia, o autor cita ainda alguns vocbulos que denomina de provincianismos
brasileiros de origem africana, introduzidos no falar das cidades e na linguagem
literria, principalmente na regio Norte, mas que, segundo Amaral, no penetraram no
dialeto caipira. So eles:
Canger Cacimba Candombl Gil Munguz Quingomb
Paulo Duarte (1976), mais tarde, fez algumas colocaes a respeito do estudo de
Amaral, sobre o que ele chamou de erros de observao. Um deles foi quando Amaral
citou o vocbulo jilcomo um termo africano, e que o autor salienta tratar-se de um
termo corrente em So Paulo, e at fazer parte do folclore brasileiro.
Voltando ao Dialeto Caipira, Amaral dedica boa parte de sua obra ao Lxico incluindo
os vocbulos usados entre os roceiros, ou caipiras, e a muitas dessas lexias atribui
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uma possvel origem africana. A ttulo de ilustrao, citam-se os exemplos abaixo,
salientando-se as observaes de Amaral em itlico:
BANZ(R), v. intr. pensar aparvalhadamente em qualquer caso impressionante.
Pouco usado. / port. Paiva incluiu-o nas Infermid., sem explicar o sentido. Dir-se-ia
simples corrupo africana (ou feita ao jeito do linguajar dos pretos) do verbopensar.
Mas, querem doutos que seja voz proveniente do quimbundo cubanza. Aqui, no
ocorre jamais ouvir-se o subst. banzo.
BATUQUE, s. m. dana de pretos; pndega, folia (em sentido depreciativo): Na sala
grande, o cururu; na salinha de fora, os modistas contadores de faanha; e, no
terreiro, o batuque da negrada e o samba dos cablocos. (Cornlio Pires) Dana de
pretos. Formam roda de sessenta e mais pessoas, que cantam em cro os ltimos
versos do cantador, e ao som dos tambus requebram e saltam homens e mulheres,
dando violentas umbigadas uns contra os outros. (C.P.,Musa Caipira). / Segundo
Monsenhor Sebastio Rodolfo Dalgado, o termo nada tem com bater, mas africano,
provavelmente do ladim batchuque, tambor, baile. Na ndia, para onde o vocbulo
passou, diz o mesmo Mons. Dalg., ele sinnimo de gumate, instrumento de msica.
BINGA, s. f. isqueiro de chifre: Enrola o cigarro, amarra-lhe uma palhinha para que
no desaperte, bate a binga, e acende-o vagarosamente. (Ado Soares) / Na Bahia
significa simplesmente chifre, segundo Visc. de Beaurepaire-Rohan. Atribui-se-lhe o
timo mbinga, chifre, do bundo.
BUZO, bzio, s. m. jogo de azar, em que fazem as vezes de dados, pequenas
conchas ou gros de milho.
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CAULA, s. m. o filho mais novo. / Visc. de Beaurepaire-Rohan registra cassula e
cassul. Citando Capello e Ivens, atribui ao termo origem africana.
CACUNDA, s. f. costas: ... e ela se ponhou outra vez de cacunda, que como dormiaquase que a noite inteirinha. (Valdomiro Silveira). Para dr de peito que responde na
cacunda, cataplasma de jasmim de cachorro porrete. (Monteiro Lobato). / Origem
africana, como querem alguns, ou simples corrup. de corcunda, passando por
carcunda, como querem outros?
CAPANGA, s. m. indivduo assalariado para guarda e defesa de algum; guarda-
costas. /Em bundo, kapanga uma loc. adv.: no sovaco. Talvez se dissesse, nesse
idioma, do indivduo forte e valente, que tinha cabelo no sovaco, como se diz ainda
hoje, na roa, que tem cablo na ap, isto , na p, que justamente a parte do
ombro correspondente axila.
Paulo Duarte (1976) considera que Amadeu Amaral se enganou ao dizer que ap
seria a parte do ombro correspondente axila, pois ap corresponde omoplata.
CAPENGA, q. cambaio, de perna torta. / Talvez de origem africana. Cp. os
brasileirismos peng, capiangar, caxing.
CARUR, s. m. Nome de vrias espcies de ervas, algumas comestveis. / Na Bahia,
mistura de ervas, quiabos, camares ou peixe, etc. / Tupi? Africano?
CUXIL(R), v. i. cabecear com sono; passar pelo sono, dormir um pouco e de leve;
descuidar-se. /Costuma-se escrever, aportuguesadamente, cochilar e cochilo, mas o
povo desconhece em absoluto essa pronncia. Origem africana? Ou simples
alterao de acutilar, por aluso aos movimentos bruscos de cabea, feitos por quem
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cuxila sentado? Com o mesmo sentido de cabecear com sono que se emprega s
vezes, por graa, pescar.
FUB, s. m. farinha de arroz ou de milho cru, com que se fazem vrias papas, bolos eoutra confeces culinrias. / termo africano. (Visc. de Beaurepaire-Rohan).
GUAND, s. m. usado em aposio com o termo feijo (fejo-guand) para designar
um arbusto da famlia das Leguminosas, que produz uma ervilha apreciada. / Parece
termo africano. No Rio, segundo Visc. de Beaurepaire-Rohan, chama-se guando
vagem e guandeiro planta. Em Pernambuco, segundo Rodolfo Garcia, ao nosso
feijo-guandcorresponde cuand, tambm chamado ervilha de Angola.
GUNGUN(R), v. t. e i. rosnar, resmungar. /Africanismo?
INHAME, s. m. - designa plantas semelhantes taiva, e a prpria taiva. / H quem o
pretenda identificar com caf, mas, em So Paulo, so coisas bem distintas. Encontra-
se na carta de Caminha: ... e que lhes davam de comer daquela vianda que elles
tijnham, saber mujto jnhame, e outras sementes que na terra h, quer eles comem.
Africanismo?
INQUIZIL(R), v. t. encolerizar, aborrecer: Aqule negcio me inquizilde tar geito,
que nem quero que me falem nele. / Dequizilia, ou, melhor, quizila, do africanismo
quigila = repugnncia, antipatia. Em Portugal h quizilar, que absolutamente
desconhecido do nosso povo.
MACTA, q. grande, forte, excelente, importante: Seu coron Tinoco macta aqui
na terra.
Na sala o cururu e, no terreiro,o samba ferver, samba macta,
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entre os sons da viola e do pandeiro.(Cornlio Pires)
Trata-se de termo bundo, com que os pretos designam o conselheiro do soba.
MALUNGO, s. m. amigo, camarada: O preto Tibrcio era malungodos Pereiras. /
Segundo Visc. de Beaurepaire-Rohan, era o nome que os escravos africanos davam
aos que tinham vindo com eles na mesma embarcao.
MANDINGA, s. f. feitiaria: Foi le que bot mandinga na sua casa por orde do
vendro novo da incruziada do Sapupema... (Cornlio Pires). /Mandinga designava a
regio da frica ocidental que compreende os povos da margem do Niger, Senegal e
Gambia. Acha-se em Cames.
MARIA-COND, s. f. designa um brinquedo de crianas. / No Rio Grande do Sul,
Maria-mucumb; no Rio, Maria-mocangu. Em Gois, Hugo de Carvalho Ramos
colheu Maria- longu num estribilho de congado. muito possvel que, se no o
brinquedo, ao menos a palavra tenha ligao com esse brinquedo de pretos.
MUCAMA, s. f. escrava que, antigamente, se empregava em servios domsticos. /
Era vulgar, no pas, a forma mucamba; em Pernambuco, segundo Visc. de
Beaurepaire-Rohan, mumbanda. Do tupi mocambuara= ama de leite? Ou ligado ao
bundo mimbanda=mulher?
MURUND, s. m. monto de coisas. / Alterao do bundo mulundu, monte.
PIRO, s. m. papas de farinha de mandioca. / Do-lhe origem tupi em ypir. Mas,
segundo, Capelo e Ivens, citados por Visc. de Beaurepaire-Rohan, corrente na frica
ocidental.
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POMBE(R), v. t. espiar, espreitar, vigiar de longe. / Usa-se no Rio Grande do Sul e
em Pernambuco sob a forma bombear, e assim tambm corre nas repblicas
espanholas da Amrica do Sul. Talvez do bundo pombe, mensageiro.PUTA, s. f. instrumento msico, constante de um cilindro com uma das bocas
fechada por um couro, em cujo centro est fixada uma vareta, que se puxa e fricciona
com a mo cerrada. / Africanismo.
QUIBBE, s. m. abbora pisada e cozida. / Africanismo.
QUILOMBO, s. m. nome que se dava s habitaes de escravos fugidos, situadas em
lugares ermos e distantes. / O mesmo que mocambo, desusado em So Paulo.
termo bundo, significando acampamento. (Caplo e Ivens, cit. por Visc. de Beaurepaire-
Rohan). Nas repblicas hispnicas da Amrica do Sul, tambm , ou foi j usado
como sinnimo de conventilho.
QUINGENGUE, s. m. espcie de tambor grosseiro, que se usa nas festas e danas. /
Diz Cornlio Pires no glossrio da sua Musa: semelhante ao tambu tendo interia a
metade do volume. Africanismo.
QUITANDA, s. f. designa coletivamente os doces, broas, biscoitos, ou frutas e
legumes expostos venda, geralmente em taboleiros, pelas ruas. / Modernamente, nas
cidades, designa tambm pequenas casas de comrcio de frutas e verduras; mas isto j
no dialeto caipira. O vocbulo bundo, segundo Gonalves Viana, e veio-nos de
Portugal, onde tambm corrente com acepo ligeiramente diversa. curioso
observar que h em port. o termo quintalada, que, em Gil Vicente, parece ter a mesma
significao brasileira de quitanda.
Vendo dessa marmelada,E s vezes gros torrados,
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Isto no releva nada;Entra a minha quilantada.
(Auto da Feira)
SANZALA, senzala, s. m. habitao dos escravos nas antigas fazendas. / A forma
popular a primeira; a segunda preferida pela gente que se preza de bem-falante.
Do bundo, onde significa pequena reunio de casas, aldeiola.
SUNGAR(R), v. t. - puxar, suspender: A moa sung o vistido pra riba, e correu. /
Segundo Caplo e Ivens, citados por Visc. de Beaurepaire-Rohan, do bundo cusunga,
puxar.URUCUNGO, s. m. - instrumento msico usado por pretos africanos: consiste num fio
qualquer, esticado num arco, maneira de arco de seta, com uma cabaa numa das
extremidades, servindo de caixa de ressonncia. Sobre esse fio o executante bate a
compasso com uma pequena vara. Termo africano.
Essas trinta e uma palavras selecionadas recebem de Amaral um tratamento
interessante no que se refere etimologia, que se pode resumir no quadro abaixo:
Termo
africano
Bundo Tupi?
Africano?
Portugus Quimbundo
Batuque Binga Caruru Banzar (?) Banzar (?)
Caula Capanga Mucama (?) Cuxilar(?) Quilombo
Cacunda Macota Piro (?)
Capenga Mucama (?)
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Cuxilar (?) Murundu
Fub Pombear (?)
Guandu QuibebeGungunar Quitanda
Inhame Sanzala
Inquizilar Sungar
Malungo
Mandinga
Piro (?)
Puta
Quingengue
Urucungo
Neste quadro, pode-se observar que Amaral prefere considerar genericamente o
termo selecionado como africano ou africanismo uma vez que os estudos sobre a
influncia das lnguas de base africana sobre o portugus ainda eram incipientes no
Brasil, no incio do sculo XX. O segundo grupo, termos procedentes do bundo, traz
duas palavras que o autor coloca sob dvida: mucamaque pode ser tambm de origem
tupi; e pombear que questionada, mas sem referncia a outra possvel etimologia.
Inclui nas etimologias duvidosas cuxilare banzar. A primeira seria, genericamente, de
base africana e a segunda, mais especificamente, seria do quimbundo.
Quanto aos campos semnticos a que pertence cada um dos vocbulos, verifica-
se a predominncia da culinria e alimentao (caruru, inhame, piro, fub, guandu).
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Outros, no entanto, esto contemplados como do campo da msica e dana (puta,
batuque, quingengue, urucungo); convvio e comportamento social (inquizilar,
gungunar, quilombo, cuxilar); corpo humano, doenas, defeitos (capenga, cacunda).A segunda obra analisada, O linguajar carioca, de Antenor Nascentes (1922),
tambm se refere s possveis influncias que esse linguajar recebeu dos negros
oriundos da frica. Segundo o autor, o l palatalizado // constitua uma dificuldade para
a classe inculta por uma questo etnogrfica, porque, por exemplo, o elemento ndio e
o elemento negro no possuam esse fonema em suas lnguas. Essa dificuldade era
evitada com a supresso do elemento vibrante (ou lateral), ficando s a semiconsoante,
que em alguns casos cooperou na palatalizao: navaia/navalha; via/velha, fio/filho,
etc. Outro fenmeno fontico diz respeito apcope da vibrante em final de formas
verbais. No entanto, em Portugal ocorria a apcope nesse mesmo contexto, como em
lav/lavar, trabalh/trabalhar, e no Brasil e na Amrica espanhola isso era atribudo ao
negro. Nascentes, porm, no expressa opinio sobre o assunto.
Acreditava que no era influncia do negro a troca do l pelo r (como acontece em
flor/ fror, etc), porque justamente o negro tinha dificuldade em pronunciar o r brasileiro,
acabando por fazer o processo contrrio: trocar o r pelo l, ou desfazendo o encontro
consonantal, como em flor/folor, claro/calalo. E ainda assim, no h nenhum caso de
alterao de grupos de consoante + l no portugus da frica.
Nascentes afirma que o melhor era que se admitisse logo que as influncias do
negro e do ndio foram gerais, e que os colonizadores, aqui chegando, ganharam um
pouco de nossa brasilidade, acabando por se desfazer de qualquer resqucio da
cadncia lusitana, produzindo, assim, uma cadncia brasileira.
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A terceira obra consultada, diz respeito ao falar de Alagoas e Pernambuco,
coletado e analisado por Marroquim (1934). Para o lingista, a variedade dialetal do
Nordeste tem trs origens: o portugus arcaico, a derivao e a composio dialetais, ea contribuio estrangeira. O tupi e as lnguas africanas, com sua enorme contribuio
em termos que dizem respeito a vrios campos semnticos, ajudam a preencher esse
quadro dialetal. Segundo o autor, a tematologia (parte da morfologia em que se estuda
a constituio das formas especficas ou temas de cada uma das classes gramaticais
que entram no discurso e que foram classificadas pela lexicologia) encontra nessas
lnguas sua grande fonte, uma vez que o elemento indgena brasileiro e o elemento
escravo, este vindo em grandes massas da frica, tenham deixado na lngua da regio
pedaos de seu vocabulrio. a afirmao eterna de sua passagem. A lembrana da
espoliao de uns e do sacrifcio de outros. (MARROQUIM, 1934, p. 113)
Se se considerar o nmero de vocbulos citados, pode-se afirmar que a
influncia indgena parece ter sido maior que a influncia africana. Mas tambm
numerosa a contribuio africana para a lngua do Nordeste. Marroquim diz que, com a
vida presa dependncia do engenho, pela prpria condio social, os negros no
podiam ligar sua lngua nomenclatura geogrfica, mas que, quando o desejo pela
liberdade reuniu os negros na repblica de Palmares, numa demonstrao de posse,
surgiu na regio, em termos geogrficos, a nomenclatura africana denominando
montes, cursos dgua e aldeias.
So topnimos de origem africana:
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Lunga, serra ao noroeste de Anadia, e riacho que nasce na mesma serra, desaguando
na margem esquerda do rio Coruripe.
Cafuchi, serra entre Unio, Murici e Viosa. (Cafuchy dado pelo dr. Joo Severinocomo tupi - caa-fuchy mato feio; o dr. Alfredo Brando trouxe um aspecto novo para o
estudo da guerra dos Palmares, valendo-se de documentos histricos, e atribui, no seu
livro Viosa de Alagoas, o nome da serra ao irmo de Zumbi, o chefe negro de
Cafuche, que ali teve o seu quilombo. Quifuchi, em lngua africana significa reino,
domnioe da pode ter vindo tambm o nome da serra).
Sabalang, povoado junto a Viosa, no caminho da serra de Dois Irmos. (Sabalang
ou Salabang como j se chamou e o povo ainda por vezes chama, /cf. caarola e
caalora, ciroula e ciloura/ composto de Zala- residncia, agrupamento de casas - e
Banga- nome do monte em que estava o quilombo, ltimo reduto dos negros e onde os
combatia, em 1692, Domingos Jorge Velho. Esse monte tudo faz supor que seja a
Serra de Dois Irmos e o povoado de Sabalanga, o prprio reduto de negros).
Gurungumbae Quizanga, riachos que passam perto de Sabalang.
Luango, engenho no municpio de Viosa.
Cafuba, nome de um trecho da serra de Dois Irmos. Cafuba foi um dos cabos de
guerra de Zumbi.
Canisae Cabil, riachos no municpio de Viosa.
Zanzo, charco na serra de Dois Irmos.
Todos esses acidentes geogrficos esto situados na zona onde os negros do
quilombo de Palmares viveram sua liberdade por vrias dcadas.
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Marroquim cita muitas outras palavras africanas que entraram no vocabulrio da
lngua representando desde utenslios a objetos e coisas africanas, e que depois, no
pela vontade do negro, passaram a batizar acidentes geogrficos por qualquer outracircunstncia.
So elas: Macaco, Cacimba, Cacimbinha, Cabao, Bang, Banana, Cachimbo,
Lumbi, Quilombo, Mulungu, Moleque, Mucambo, Bugiganga, Caxambu, Caxito, Jil,
Joo-Congo, Marimbondo, Quiabos, Tapa-Cacimba, Quebra-Bundae muitas outras.
No nvel fontico, o dialetlogo nordestino relata que era atribuda ao negro a
nossa tendncia a assimilar o grupo nd > nn > n, como ocorre nas formas do gerndio:
correno, ficano, quano, em vez de, correndo, ficando e quando. Marroquim, porm, no
acreditava nisso, pois, o negro poderia ter sentido dificuldade na pronncia desse grupo
e assim, como o resto da populao, pela lei do menor esforo, t-lo simplificado. Cita
que, no grupo dialetal aquilano-umbro-romano, d-se o mesmo fenmeno sem que
ningum suspeite que seja influncia africana.
Dentre os nomes prprios, antropnimos, o autor trata do apelido Zumba, que
era muito comum no Nordeste, era um contgio da lngua africana. Era algo como um
hipocorstico (vocbulo familiar de tratamento) de Jos, ao lado de Z, Zezinho, Zeca,
Zez, Zequinha, Ded, e o menos comum, Zequito. Zumba era, entre os negros,
senhor, chefe.
Ganazumbaera o rei preto. Zumbiera o nome de seu sobrinho e grande chefe
tambm, que levou a resistncia at a morte.
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Observa-se um cuidado muito grande de Marroquim ao analisar a influncia dos
falares ou lnguas africanas no nvel do lxico. Para isso faz uma listagem numerosa
dos substantivos comuns, e alguns prprios, num total de cento e dez lexias,apresentando-os como termos freqentes no Nordeste, recebidos dos negros. Dessa
relao, constam tanto nomes da culinria e alimentao (alu, fub, angu, dend,
quiabo, quibebe, inhame), como de outros campos semnticos, como msica e
manifestaes culturais (batuque, berimbau, carimb, ginga, marimba, maxixe),
manifestaes religiosas (Nag, Ogum, capeta), convvio e comportamento social
(banz, cafun, fuzu, muxoxo, mulambo), fauna (calango, camundongo, gong, gorila,
orangotango), entre outros. O autor, entretanto, no arrisca a separao dos vocbulos
pela origem, tratando-os indistintamente como africanismos. Segue a listagem de
Marroquim:
Alu Dend Mucama
Angola Dengue Mucambo
Angu Farrambamba Mulambo
Anguz Fub Mulungu
Bang Fuzu Muganga
Batuque Gaforinha Muxoxo
Bengo Ganga Nag
Banz Ganz Ogum
Birimbau Garapa Orangotango
Budum Ginga Patu
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Bunda Gong (sabi) Pendanga
Cabinda Gorila Pito
Cachaa Guin PituimCachimbo Iaia Quanga
Cau Inganja Quiabo
Cafanga Inhame Quibebe
Cafifa Ioi Quilombo
Cafua Jil Quingomb
Cafun Liamba Quinguingu
Calango Lomba Quisila
Calundu Lundu Quitanda
Calunga Macacoa Quitute
Cambada Maconha Samba
Camondongo Mafumbo Senzala
Candombl Mandinga Soba
Candonga Mangolo Tanga
Canjer Manguz Titica
Canzenze Maracatu Tutu
Capeta Maracaxa Vatap
Carimb Marimba Xang
Caxerenguengue Maxixe Xibute
Caxinguel Missanga Xuxu
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Chicana Moamba Zabumba
Chimpanz Moambique Zagaia
Coringa Moleque ZumbiCubata Mondrongo Zuna
Cuxilo Moxinifada
A listagem apresentada por Marroquim bem mais numerosa do que a de
Amaral (1920), o que permite deduzir que a influncia negra na lngua portuguesa foi
mais significativa no Nordeste do que no interior de So Paulo. Essa hiptese sertestada em estudos posteriores, usando outros Atlas, como o de Minas Gerais e o do
Paran, por no haver ainda um Atlas de So Paulo. Dados do futuro Atlas Lingstico
do Brasil ALiB traro, com certeza, informaes seguras sobre a presena e
vitalidade de formas oriundas das mais diversas lnguas africanas que contriburam
para a formao do portugus falado no Brasil.
Alm dos substantivos relacionados acima, o dialetlogo apresenta uma srie de
adjetivos de base africana, igualmente sem identificar qual lngua africana se refere
cada um.
Aa Cambaio Fulo
Bamba Cangulo Granganz
Banguelo Capiongo Ingangento
Boc Cassange Macambsio
Buzunto Cutuba Mangang (principal, grande)
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Caula Dunga Manzanza
Cafuu Fiota Zor
Outra observao de Marroquim diz respeito prosdia africana dos pronomes
de tratamento, sinhe sinhque passaram a sie si. A forma de tratamento sifez
surgir a forma sa, que era considerada vulgar, ao lado de s. Sa fez surgir, talvez, seu,
por ser o seu correspondente masculino, influenciado pelo possessivo. Segue aqui a
evoluo das duas palavras de acordo com Marroquim (1934, p. 151)
Sinh Sinh
Si Si e Sa
Seu S
Eu seio como ... Si Gabriela no quer graas no!
(Mrio Sette O Vigia da Casa Grande, pg. 87)
Ioi e Iai, que so formas de sinh e sinh, deturpadas pelos africanos,
passaram a ser usadas como apelidos familiares.
Uma vez apresentada esta vista panormica sobre os principais estudos
dialetolgicos da primeira metade do sculo XX, que tratam da influncia africana na
constituio do portugus brasileiro, buscou-se verificar como estavam esses estudos
no final do sculo XX e incio do XXI e para isso selecionou-se a obra de Castro (2001).
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2. Observaes sobre estudos mais recentes da contribuio africana sobre a
lngua portuguesa do Brasil
Yeda Pessoa de Castro, doutora em lnguas africanas, com vrios trabalhos
publicados sobre o assunto, autora de Falares africanos na Bahia: um vocabulrio
afro-brasileiro, considerado o livro mais completo j escrito sobre as influncias das
lnguas africanas no portugus do Brasil. Esta obra o resultado de 40 anos de estudos
na Bahia, na Repblica Democrtica do Congo (ex-Zaire) e na Nigria.
A autora (2002, p. 39) relata que os povos africanos, trazidos para o Brasil ao
longo de quatro sculos, procediam de duas regies subsaarianas: (i) o domnio banto,
englobando, entre outros, Camares, Gabo, Congo, Angola, Nambia, frica do Sul,
Botsuana, Uganda, Moambique, Tanznia, Zimbbue; (ii) a frica Ocidental, que vai
do Senegal Nigria.
Sobre as lnguas do domnio banto, a autora afirma que existem vrias e
complexas classificaes, mas que nesse emaranhado de lnguas, foram relativamente
importantes sobre outras, no Brasil, trs lnguas litorneas umbundo, quimbundo
(Angola) e quicongo (Angola e Congo-Brazzaville) (Castro: 2002, p. 42-43).
Na obra de 2001, Castro apresenta um vocabulrio afro-brasileiro riqussimo,
com palavras que tm origem em idiomas bantos, em lnguas como: quicongo (kikongo,
kikoongo/ lngua falada pelos bacongos); quimbundo (kimbundo/ lngua falada pelos
ambundos); e umbundo (lngua falada pelos ovimbundos).
As investigaes dessa pesquisadora partiram das manifestaes folclricas e
dos falares africanos correntes na regio. Afirma que se encontram aportes lexicais
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tanto antigos - que entraram para o domnio da lngua portuguesa no perodo colonial e
que j esto totalmente integrados ao sistema lingstico do portugus como os
contemporneos - que ainda esto em processo de trnsito contnuo para o portugus.A autora relaciona como antigos, aqueles:
- Associados ao regime de escravido: banzo, mucama, viramundo.
- Introduzidos por elementos novos:
Fauna: acanga, caote, calunga, caranguji.
Flora: andu, dend, moranga, maxixe, jil.
Alimentao (comidas e bebidas): mungunz, moqueca, alu, cachaa.
Casa, habitao, famlia: cafua, cubata, senzala, bab.
Doenas: caxumba, tunga.
Usos e costumes: cafun, cochilo, calundu, dengo.
Religio, candombl: macumba, inquice, orix, Zambi, Oxssi, Exu, peji.
Crenas e supersties: quizila, tutu, zumbi, mandu.
Objetos fabricados: quibando, munzu, muxinga, moringue, caamba.
Instrumentos musicais: timbau, marimba, cuca, berimbau, agog.
Recreao: samba, maxixe, lundu.
Ornamentos e vestes: mianga, balagand, tanga, canga.
Referentes ao corpo e funes de comportamento, equivalentes a grias, porm
considerados chulos e imorais: cabao (hmen), binga (pnis), tabaco (vulva),
languenza (clitris), toba (nus), xibungo (pederasta) e meng (copular).
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Dentre os contemporneos, a maioria diz respeito ao candombl. Podemos
citar como exemplo a palavra ax, que atravessou os limites do terreiro para ser um
termo popular, o qual significa uma saudao equivalente a amm, boa sorte, etambm para denominar um estilo musical ax music.
Castro (2001, p. 120 - 121) defende ainda que a influncia de lnguas negro-
africanas no portugus do Brasil no se limitou aos aportes de vocabulrio, pois a
grande resistncia que se teve no processo de integrao dos diferentes povos
africanos no Brasil durante a escravido decorrente de fatores histricos, sociais e
econmicos, e no devido superioridade de uma determinada cultura sobre outra. A
presena do povo banto foi marcante e constante em todas as regies do Brasil onde
se exigiu mo-de-obra escrava, em conseqncia do que a contribuio banta menos
aparente por estar mais integrada ao processo de sntese pluricultural brasileiro. Para a
autora, o negro banto, mais do que outros, se constitui no principal agente modelador
da lngua portuguesa e seu difusor pelo territrio brasileiro sob o regime colonial e
escravista.
Dada a importncia dos estudos dessa pesquisadora, suas obras vo servir de
fonte de informaes e de comparao de todo trabalho que se desenvolver no
presente projeto.
Castro (2001, p. 47) apresenta, tambm, um esboo de mapa etnolgico
africano, com os grupos banto (B), jeje-mina (J), nag-iorub (N) e hau (H), e onde se
deu sua introduo no pas.
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Sculo de introduo maia
ATIVIDADE PRINCIPAL XVI XVII XVIII XIX
Agricultura B B/J B/J/N B/J/N
Minerao B/J
Servios Urbanos B/J/N/H
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A propsito desse mapa, observa-se que os africanos do grupo banto, alm de
mais numerosos, foram os que se espalharam por todas as regies brasileiras,
enquanto os jeje-mina se concentraram no Cear, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais,ao lado dos banto; e no Rio de Janeiro, ao lado tambm dos nag-iorub. Pode-se
afirmar, portanto, que a contribuio do banto foi mais significativa que a dos trs outros
grupos. Uma vez analisada a obra de Castro (2001), considerou-se interessante buscar
os registros africanos nos Atlas publicados. Para isso, iniciou-se o estudo a partir dos
dois primeiros: o Atlas prvio dos falares baianos APFB - (Rossi: 1963) e do Atlas
lingstico de Sergipe ALSE - (Ferreira et alii:1987). Observa-se que o ALS, apesar
da data de publicao tardia, j estava concludo em incios de 1970, razo pela qual o
consideramos neste estudo como o segundo publicado.
3. Os atlas lingsticos da Bahia e de Sergipe: em busca do lxico de base
africana
A propsito desse estudo, como citado acima, foram pesquisados os atlas da
Bahia - Atlas Prvio dos Falares Baianos-APFB (Rossi: 1963 ) e de Sergipe - Atlas
Lingstico de Sergipe-ALSE - Ferreira et alii: 1987), para verificar a vitalidade de lexias
de base africana e sua distribuio diatpica nas duas reas geogrficas. Silva Neto
(1957, p. 37) define um atlas lingstico como um conjunto de mapas em que se
registram os traos fonticos, lexicais e morfossintticos caractersticos de uma lngua
num determinado mbito geogrfico. Os atlas podem ser fonte de vrios estudos, mas o
objetivo principal apresentar um instantneo dialetal de determinada rea explorada,
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podendo responder a indagao do como um certo conceito se manifesta em
determinado lugar e poca; oferecer vrios cortes sincrnicos, uma vez que a
distribuio geogrfica das variantes registradas proporciona, em conseqncia, areconstituio de reas outrora vivas e hoje desaparecidas, submersas por outras
camadas, e fornecer dados seguros para a descrio das variantes fonticas, lexicais,
prosdicas, morfossintticas e pragmticas de determinado espao geogrfico (SILVA
NETO, p. 37). Seguem as informaes bsicas sobre o APFB e o ALSE.
3.1 Atlas Prvio dos Falares Baianos
O APFB, coordenado por Nelson Rossi, foi o primeiro atlas lingstico publicado
no Brasil. O corpus foi recolhido, in loco, em 50 localidades do estado da Bahia, das
quais 13 foram sugeridas por Nascentes (1958). Embora possa parecer que o nmero
de pontos de inqurito seja reduzido em relao extenso do territrio pesquisado, o
APFB j permite traar algumas reas lingsticas no Estado da Bahia e coloca em
evidncia traos fonticos, lxicos e semnticos de grande representatividade, tais
como os citados por Mota (2005, p. 36-38).
Este atlas constitui-se de um conjunto de 209 cartas (198 cartas lingsticas, das
quais 44 so resumos de cartas fonticas, e 11 cartas introdutrias que fornecem
dados de carter geral). O questionrio constituiu-se, inicialmente, de 2.965 perguntas,
mas foi aplicado um extrato de 184 questes a todos os informantes, posteriormente.
Os informantes, dois por localidade, perfazem um total de 100, e foram selecionados
aqueles naturais da localidade e filhos de pais da localidade, ligados a atividades rurais,
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que tivessem tido pouco ou nenhum afastamento do local em que nasceram. As
respostas foram distribudas pelas localidades e numeradas de 1 a 50.
3.2 Atlas Lingstico de Sergipe
Se se considerar a poca de realizao, o ALSE foi o segundo atlas elaborado
no Brasil, logo aps o APFB. Estava pronto para a impresso em 1973, mas, por falta
de financiamento, s veio a ser publicado no ano de 1987, isto , catorze anos depois.
Este Atlas, assim como o APFB, foi coordenado por Nelson Rossi, o que no s
garantiu a ambos os atlas uma forma de estruturao semelhante, mas tambm, em
funo disso, permite que se proceda comparao dos dois falares com maior rigor
cientfico. A rede de pontos foi composta por 15 localidades (7 delas sugeridas por
Antenor Nascentes), numeradas de 51 a 65, no sentido sul-norte, em prosseguimento
numerao dos pontos da Bahia. Compe-se de 171 cartas lingsticas, sendo 12
duplas (Bahia-Sergipe). Seus informantes, assim como seus pais, so da prpria
localidade e se dedicavam, principalmente, atividade agrcola.
Considerando que a maior concentrao de negros foi na Bahia, com irradiao
para Sergipe, e que os negros escravos foram distribudos para os campos e
plantaes de cana-de-acar, de fumo e de cacau, para os servios domsticos
urbanos e, posteriormente, para os servios de minerao na zona diamantina, busca-
se verificar nesses atlas a presena do lxico africano. Para tal, apresentam-se duas
cartas lingsticas, uma de cada Atlas estudado, procurando mostrar a influncia das
lnguas africanas no lxico dos dois estados do Nordeste brasileiro. Feiticeiro foi o
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conceito escolhido para anlise porque apresentou na carta 99 do APFB e na 106 do
ALSE um total de sete variantes de base africana: candomblezeiro, cob, macumbeiro,
mandingueiro, mandraqueiro, xangourista e xangozeiro, todos de reconhecido timoafricano.
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A consulta a dois dicionrios levou aos verbetes transcritos abaixo. Indica-se
tambm a colocao dessas variantes nos espaos baiano e sergipano. Os pontos
lingsticos no APFB so indicados de 1 a 50 e os do ALSE vo de 51 a 65.
VARIANTESPARAFEITICEIRO
PONTOS FERREIRA HOUAISS
Candomble-zeiro
4; 6; 24; 28; 29;3751;52;53
Expresso derivada decandombl/Candombl:[de origem africana].Religio dos negrosiorubs na Bahia.Macumba.
Expresso derivada decandombl/ Candombl: [orig.banta controv.; para Yeda Pessoade Castro [fruto de longa evoluoa partir do protobanto].* Religioanimista, original das atuaisNigria e Benim, trazida para oBrasil e aqui estabelecida, talvez
j no incio do sc. XIX, porafricanos apresados pelo trficoescravagista.
Cob 3, 4, 5, 6, 7, 17,18, 19, 20, 21,
22, 23, 19*, 31*,35*, 42*
No consta No consta
Macumbeiro 1; 5; 7; 10; 11;35; 36; 38
51;54;55;56;57;58;60;61;62
Praticante da macumba /Macumba: [doquimbundoPor derivao, magianegra.
Chefe de terreiro de macumba.[macumba+eiro] Macumba:designao genrica dos cultosafro-brasileiros originrios donag e que receberam influnciasde outras religies africanas.[Cacciatore sugere o quimb. maoque assusta + kumba soar(assustadoramente) ou o pref. pl.maku + mba sortilgio; NeiLopes aventa o quicg. Makumba/pref.pl. ma + cumba prodgio;Antenor Nascentes e JacquesRaimundo a ligam ao quimb.makumba, pl. de dikumbacadeado, fechadura, pelascerimnias de fechamento decorpos.
Mandinguei-ro
22; 27 Que faz mandinga /Mandinga: [do top.
Feiticeiro africano. Primitivamentes de origem africana.
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Mandinga (frica)]Pertencente aosmandingas (eram tidospor grandes
feiticeiros). Bruxaria.
[mandinga+eiro] Mandinga: [top.Manding.], por designar terra defeiticeiros. Ato ou efeito demandingar; feitio, feitiaria.
Mandraquei-ro
8; 9; 10; 11; 12;21; 25
De [mandraca+eiro] /Mandraca: [depossvel origemafricana]. Bruxaria.
Mandingueiro. Mandraca + eiro.Mandraca: interveno outrabalho de bruxo; bruxaria,feitiaria, mandinga. [Nascentesv origem africana; Nei Lopessugere o quimb. ndakamaldio]
Xangourista 53 [xang+ rista]Xang: [Do ioruba] Umdos orixs maispoderosos,
relacionado com o raioe o fogo, esincretizadofreqentemente comS. Jernimo, SantaBrbara, S. MiguelArcanjo
[xang+ rista]Xang: [ioruba xgo] -s.m. orixioruba dado como o quarto rei(lendrio) de Oyo, na Nigria, cuja
epifania so os raios e os troves[doze qualidades desse orix soreferidas ns candombls nagsde Salvador].
Xangozeiro 55;59 [xang+zeiro] [xang+zeiro]
Comparando-se as informaes dadas nos verbetes dos dicionrios acima
(Ferreira e Houaiss) com os relacionados por Castro (2001), verifica-se que esta autora
apresenta uma descrio bem mais detalhada das variantes selecionadas, indicando a
regio lingstica de maior produtividade, as vrias acepes, as variantes fonticas de
que se reveste cada uma delas, as formas paronmicas e, o que mais importante, a
lngua de origem e a correspondncia em outras lnguas africanas:
COB: (banto) (BA) adj. (precedido de feiticeiro) curandeiro, feiticeiro temvel,implacvel. Var. coub. Kik. Kbi.
CANDOMBL: (banto)/(portugus do Brasil) local de adorao e de prticas
religiosas afro-brasileiras da Bahia; o culto ou o conjunto de crenas religiosas
dedicadas a divindades africanas (santos); a cerimnia pblica festiva; (pejorativo)
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cerimnia de magia negra, de feitiaria, macumba. Var. canomb. Cf. candombe,
candombel, canzu, il-orix.
Kik./Kimb./Umb. kandombele < kulombela < lomba, rezar, invocar, pedir pelaintercesso dos deuses e local onde se realiza o culto.
CANDOMBLEZEIRO (a): (FB formao brasileira): 1. (BA falar corrente, regional e
familiar da Bahia): sacerdote ou seguidor de candombl + port. zeira. Cf. pai-de-santo.
MACUMBEIRO (FB) (BA) feiticeiro, adepto de macumba. Em macumba, Castro informa
tratar-se de palavra originria do banto, citando makubaem kikongo e kimbundo com o
mesmo significado.
MANDINGUEIRO: (FB) (BR) s.f. mandinguento, que faz ou pratica mandinga + Port. -
eiro, -ento. No verbete mandinga, a autora indica a origem banta, citando mazingano
kikongo e kimbundo com o significado de complicar, de impedir tambm por feitio.
MANDRAQUEIRO: (FB). Castro remete a mandraque, informando tratar-se de palavra
do banto com a correspondente mandkido kikongo.
XANGOZEIRO/XANGOURISTA: Derivados da palavra xang./XANG: (kwa) (povo-de-
santo, comunidade religiosa afro-brasileira) s. orix dos raios e do trovo, rei-heri do
povo iorub, geralmente correspondente a So Jernimo, venerado nos meteoritos e
machados de pedra que so colocados em um pilo de madeira esculpida (od) a ele
consagrado.
Analisando-se a distribuio diatpica das variantes acima relacionadas,
associadas aos mesmos verbetes em Ferreira e Houaiss e comparando-os aos de
Castro (2001), pode-se afirmar que:
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Dentre as designaes obtidas para feiticeiro, cob aparece apenas no APFB,
sendo a forma mais produtiva, ocorrendo em dezesseis dos 50 pontos, portanto em
32% do total das localidades. As formas com asterisco referem-se a cobaqueiro,provavelmente derivada de cob, ao qual se acrescentou o sufixo eiro indicativo de
profisso. Cob no est lexicalizado em Ferreira nem em Houaiss. Buscando em
Castro (2002), encontra-se a lexia e a informao de tratar-se de palavra de origem
banta, que encontra formas semelhantes no kikongo, kimbundo e umbundo.
A denominao candomblezeiro apresenta-se, nos Atlas, sob as variantes
fonticas: cadomblezero (ponto 24), candrbezeiro (ponto 4), calombezeiro (ponto 6),
candombrezeiro(ponto 6), cnombezeiro(ponto 29) e codobrezeiro(ponto 37) e, como
se pode verificar, distribui-se, sobretudo, pelo litoral, em seis localidades, ou seja, em
12% do total de pontos da Bahia e em trs pontos de Sergipe: candrbezeiro (ponto
51), calombrezeiro(ponto 52) e cadombenzeira(ponto 53), ou seja, em 20% do total de
pontos da regio. Ferreira atribui a candomblezeiro, genericamente, origem africana ao
nome; Houaiss busca em Castro o respaldo para a atribuio da origem banta ao
vocbulo e Castro, alm da origem banta, registra formas semelhantes no kikongo,
kimbundo e umbundo.
Para macumbeiro, segunda forma mais produtiva, presente em oito localidades
baianas e nove sergipanas, Houaiss mais detalhista que Ferreira, ao apresentar as
acepes e abonaes; ambos, no entanto, remetem origem quimbunda, no que so
confirmados por Castro (2001) que, por sua vez, complementa citando makuba em
kikongo e kimbundo com o mesmo significado.
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Quanto a mandingueiro, registrado em duas localidades apenas do APFB,
Ferreira e Houaiss registram que se trata de palavra derivada do topnimo Mandinga
(frica) qual se acrescentou o sufixo designativo de profisso eiro. Castro, noverbete mandinga, mais especfica e indica a origem banta, citando mazinga no
kikongo e kimbundo com o significado de complicar, de impedir tambm por feitio.
Para mandraqueiro, Ferreira atribui uma possvel origem africana e Houaiss
recorre a Nascentes (origem africana) e a Nei Lopes que sugere o quimbundo ndaka.
Castro, no entanto, afirma tratar-se de palavra do banto com a correspondente mandki
do kikongo.
Comparando-se em Ferreira e Houaiss, os verbetes do APFB e do ALSE,
correspondentes a variantes para o conceito de feiticeiro (candomblezeiro, cob,
macumbeiro, mandingueiro, mandraqueiro, xangourista e xangozeiro), verifica-se que
raramente se faz referncia lngua africana que deu origem forma vigente no
portugus brasileiro. Castro, ao contrrio, especialista em estudos africanos, mais
precisa, indicando a fonte de cada uma das palavras e suas correspondentes em outras
lnguas da frica.
Em busca de uma concluso, esta pesquisa teve como propsito verificar como
dialetlogos, lexicgrafos e uma especialista em falares africanos tratam da influncia
dessas lnguas no portugus do Brasil. Para tal, fez-se a leitura de Amaral (1920),
Nascentes (1922) e Marroquim (1934) e constatou-se que a influncia africana maior
nos falares nordestinos do que no carioca e paulista, segundo dados registrados nos
vocabulrios das respectivas obras. Constatou-se, igualmente, que a maioria das
palavras tratada por esses autores como africanismo, de forma genrica, sem
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referncia ao grupo de que provm este ou aquele vocbulo. Num segundo momento,
buscou-se a leitura de cartas dos Atlas da Bahia (APFB) e de Sergipe (ALSE),
sobretudo aquelas que poderiam trazer variantes de base africana e, neste particular,verificou-se que ambos os atlas so prdigos em vocbulos do banto, quimbundo e
quicongo. Selecionada uma carta semelhante a ambos os Atlas, sua anlise indicou a
produtividade de cada uma das variantes e o tratamento dado pelos lexicgrafos
estudados. Os verbetes indicaram um tratamento genrico para a etimologia das
palavras, principalmente em Ferreira. Castro (2001) demonstrou ser uma obra segura e
adequada para o estudo do lxico do portugus do Brasil no que se refere a palavras
procedentes das vrias lnguas africanas.
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