ADRIANA LINDA ABDO Efeitos do treinamento com cicloergômetro na força muscular de quadríceps de pacientes em hemodiálise SÃO PAULO 2016 Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestra em Ciências da Saúde.
61
Embed
ADRIANA LINDA ABDO - fcmscsp.edu.br · fibrose e hipertensão pulmonar(22), assim é comum o achado de obstrução na prova de função pulmonar justificando a queixa recorrente de
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
ADRIANA LINDA ABDO
Efeitos do treinamento com cicloergômetro na força muscular de quadríceps
de pacientes em hemodiálise
SÃO PAULO
2016
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestra em Ciências da Saúde.
ADRIANA LINDA ABDO
Efeitos do treinamento com cicloergômetro na força muscular de quadríceps
de pacientes em hemodiálise
SÃO PAULO
2016
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestra em Ciências da Saúde. Área de concentração: Ciências da Saúde Orientadora: Profa. Dra. Yvoty Alves dos Santos Sens Coorientadora: Profa. Dra. Vera Lúcia dos Santos Alves
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Abdo, Adriana Linda
Efeitos do treinamento com cicloergômetro na força muscular de quadríceps de pacientes com hemodiálise./ Adriana Linda Abdo. São Paulo, 2016.
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.
Área de Concentração: Ciências da Saúde
Orientadora: Yvoty Alves dos Santos Sens
Coorientadora: Vera Lúcia dos Santos Alves
1. Força muscular 2. Dinamômetro de Força Muscular 3.
A avaliação e reavaliação de todos os pacientes seguiram ficha padrão
(Anexo 2), havendo a coleta de dados demográficos na avaliação, tais como,
idade (anos), altura (m) e peso (kg), com a altura e peso sendo utilizados para
cálculo do índice de massa corporal (IMC, kg/m2), valores de hemoglobina
(g/dL), albumina sérica (g/dL), creatinina (mg/dL), ureia (mg/dL), Kt/V e o tempo
(anos) que estes pacientes estavam sob tratamento hemodialítico.
O Kt/V é usado para quantificar a adequação do tratamento
hemodialítico. É mensurado utilizando fórmulas onde o (K) é a depuração de
ureia do dialisador multiplicada pelo tempo de tratamento (t) e dividido pelo
volume de distribuição de ureia do paciente (V)(36).
Toda avaliação foi realizada antes do início da sessão de HD, nunca
sendo feita na primeira sessão semanal de diálise para que não houvesse mais
de dois dias interdialíticos.
A altura e o peso foram colhidos por meio de medida realizada em uma
balança mecânica com régua antropométrica da marca Welmy®. Todos, no
momento das avaliações, estavam sem sapatos, trajando roupas leves,
posicionados com os dois pés sobre a balança, distribuindo seu peso
igualmente sobre as duas pernas e com o olhar no horizonte.
Os exames laboratoriais, como o hemoglobina, albumina, creatinina e
ureia, foram anotados a partir do prontuário dos pacientes, assim como o valor
de Kt/V.
15
Quanto à avaliação do lado dominante, era solicitado que o paciente
estivesse de pé, com apoio bipodal e que ele mostrasse ao examinador qual
era a perna que ele chutaria uma bola. O lado utilizado para o gesto era o
anotado como dominante na ficha de avaliação.
Todos os pacientes foram avaliados e reavaliados com a dinamometria
por um mesmo examinador e este era cego quanto ao objetivo da pesquisa,
mas seguia a padronização do teste e possuía experiência para a execução da
técnica descrita a seguir:
3.1 Dinamometria
A avaliação da força muscular foi realizada em uma sala de avaliação
clínica. Foi utilizado um dinamômetro manual, uma maca para exame, um
cinto de fixação e uma ventosa dupla de sucção.
O dinamômetro manual (MICROFET 2, Draper® - USA) foi fixado ao
membro testado por meio de um cinto rígido preso por uma ventosa no chão
de acordo com o grupo muscular avaliado (quadríceps) (Fig. 2).
16
FIGURA 2. Figura ilustrativa do posicionamento do dinamômetro e dos
pacientes para os testes de extensão de quadríceps realizado com a
dinamometria na avaliação e reavaliação de todos os pacientes incluídos no
estudo.
Fonte: Arquivo da Fisioterapia Cardiorrespiratória - Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Após a fixação do dinamômetro, o avaliador explicava o procedimento e
orientava a sua execução demonstrando ao paciente o gesto a ser realizado.
O posicionamento do paciente e do dinamômetro utilizado nesta
pesquisa foi descrito por Thorborg et al em 2010(20) (Tab. 1).
17
TABELA 1. Local para posicionamento do dinamômetro de acordo com
superfície anatômica em cada paciente testado no grupo intervenção e
controle na avaliação e reavaliação.
Movimento solicitado Posicionamento do dinamômetro
Extensão em posição sentada Cinco cm acima da articulaçao do tornozelo
Legenda: cm = centímetros
3.2 Acompanhamento do Grupo Controle
O grupo controle (n= 20) foi avaliado seguindo a ficha padrão (Anexo 2)
e permaneceu com as orientações de rotina da equipe da Unidade de Diálise
até a reavaliação que ocorreu após dois meses.
No serviço de Diálise os pacientes recebem orientação de médicos e
enfermeiros quanto à alimentação, cuidados com a fístula, higiene pessoal e
medidas de prevenção de infecções, sendo encorajados desde o princípio do
acompanhamento no serviço a manter uma rotina de atividades diárias dentro
da normalidade. Ou seja, os pacientes podem trabalhar, estudar e realizar
atividades rotineiras de vida diária com essas indicações podendo mudar a
cada avaliação que acontece em todos os dias que o paciente comparece à
diálise.
Os pacientes ainda são orientados a caminhar observando a falta de ar
e cansaço, não havendo, porém, um manual fixo de orientações quanto à
rotina de atividades físicas.
18
3.3 Protocolo para o Grupo de Intervenção
O protocolo de exercício físico foi executado em 22 pacientes, com
todas as sessões sendo inciadas após uma hora do início da HD com os
pacientes apresentando estabilidade clínica.
As sessões de treinamento eram realizadas durante a HD e duravam
50 minutos sendo realizadas três vezes por semana, durante oito semanas
consecutivas, totalizando 24 sessões.
Antes de iniciarem o protocolo de exercício físico foram mensurados
A DRC possuí caráter evolutivo e afeta o sistema musculoesquelético,
seja pela alteração do equílibrio metabólico sistêmico, seja pelo processo de
inatividade associado a pacientes com doenças crônicas(1-5).
Com a evolução da DRC a tendência é que o paciente permaneça por
longo período com indicação da terapia substitutiva que pode ser dada pela
HD(6,9). Isso acarreta tipicamente na evolução do processo degenerativo de
diversos sistemas orgânicos, incluindo o cardiorrespiratório e o muscular(1,2,38).
No tempo em que o paciente permanece sob a HD, muitas vezes
aguardando o transplante renal, a perda da força muscular pode impedi-lo de
executar atividades de vida diária e profissional(10,17,27). Sendo assim, o
acompanhamento dessa população e indicação para a reabilitação(4,19,22) passa
a ser um item que não pode ser ignorado pela equipe que assiste esses
pacientes.
Em nossa linha de pesquisa com doentes renais crônicos sob tratamento
em HD, já observamos que protocolos de reabilitação fisioterápica pode ter
impacto positivo na capacidade funcional e espirometria de pacientes que
realizam atividade física no período intradiálitico avaliada respectivamente pelo
teste da caminhada dos seis minutos e por espirometria(23,28).
Apesar de não termos dados que comprovem a manutenção desses
achados a longo prazo, observamos que os pacientes ganham força muscular
após a execução de em média dois meses de fisioterapia(23,28).
Isso porque quando avaliamos em nosso grupo a força muscular pela
técnica de uma repetição máxima observamos incremento de força pós-período
de treinamento(28) porém essa técnica é questionada na literatura e encontra
limitação quanto a sua reprodutibilidade(20).
38
Assim buscamos a evolução de nossa avaliação e passamos a utilizar o
teste de avaliação de força dado pelo dinamômetro com a padronização de
pontos fixos de posicionamento do paciente, do dinamômetro e dos cintos que
fixam esse equipamento ao paciente no momento do teste, seguindo uma
técnica já evidenciada pela literaura(20).
Obtivemos assim uma evidência mais acurada do incremento de força
de quadríceps após o programa de reabilitação proposto neste estudo.
Essa evolução da técnica poderá nos auxiliar no desenvolvimento de
nossa linha de pesquisa e posssibilitará que mostremos com mais
fidedignidade a resposta de nossos pacientes aos protocolos propostos durante
o tratamento hemodiálitico investigando inclusive diferenças entre gêneros,
individualizando assim os protocolos.
Realizamos a análise de subgrupo nesse estudo considerando a divisão
entre o gênero feminino e masculino já que há diferenças de constituição de
fibra muscular quando estratificamos os pacientes(8,12,27). Em nossa amostra
porém, não houve diferença quando comparamos o ganho de força após a
intervenção entre homens e mulheres.
O teste de força também poderá ser utilizado no acompanhamento a
longo prazo dos efeitos dos programas, já que com uma técnica padrão,
podemos avaliar todos os pacientes periodicamente incluindo esse teste na
rotina de avaliações de nossos pacientes.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
40
1. Prezant DJ. Effect of uremia and its treatment on pulmonary function. Lung 1990; 168(1):1-14. 2. Magalhães HG. Análise do atendimento fisioterapêutico em pacientes com doença renal crônica em hemodiálise. Anais do II Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. Disponível em: http//:www.ufmg.br/congrext/saúde/saude19.p df. Acesso em: 10 fev. 2008. 3. Siafakas NM, Argyrakopoulos T, Andreopoulos K, Tsoukalas G, Tzanakis N, Bouros D. Respiratory muscle strength during continuous ambulatory peritoneal dialysis (CAPD). Eur Respir J 1995; 8(1):109-13. 4. Pierson DJ. Respiratory considerations in patients with renal failure. Respir Care 2006; 51(4):413-22. 5. Gómez-Fernández P, Sánchez Agudo L, Calatrava JM, Escuin F, Selgas R, Martínez ME et al. Respiratory muscle weakness in uremic patients under continuous ambulatory peritoneal dialysis. Nephron 1984; 36(4):219-23. 6. Paul K, Mavridis G, Bronzel KE, Shärer K. Pulmonary function in children with chronic renal failure. Eur J Pediatr 1991; 150(11):808-12. 7. Weiner P, Zidan F, Zonder HB. Hemodialysis treatment may improve inspiratory muscle strength and endurance. Isr J Med Sci 1997; 33(2):134-8. 8. Sala E, Noyszewski EA, Campistol JM, Marrades RM, Dreha S, Torregrossa JV et al. Impaired muscle oxygen transfer in patients with chronic renal failure. Am J Physiol Regulatory Integrative Comp Physiol 2001; 280(4):R1240-8. 9. Sostena Neto JR, Figueiredo e Castro LM, Oliveira FS, Silva AM, Reis LM, Quirino APA et al. Comparison between two physiotherapy protocols for patients with chronic kidney disease on dialysis. J Phys Ther Sci 2016; 28(5): 1644–1650. 10. Segura-Ortí E. Ejercicio en pacientes en hemodiálisis: revisión sistemática de la literatura. Revista Nefrologiá 2010; 30(2):336-46. 11. Viana J, Kosmadakis GC, Watson EL, Bevington A, Feehally J, Bishop NC et al. Evidence for Anti-Inflammatory Effects of Exercise in CKD. J Am Soc Nephrol 2014; 25(9):1-10. 12. Marcus RL, LaStayo PC, Ikizler TA, Wei G, Giri A, Chen X et al. Low physical function in maintenance hemodialysis patients is independent of muscle mass and comorbidity. Journal of Renal Nutrition 2015; 25(4):371-75. 13. Quittan M, Sochor A, Wiesinger GF, Kollmitzer J, Sturm B, Pacher R et al. Strength Improvement of Knee Extensor Muscle in Patients with Chronic Heart Failure by Neuromuscular Electrical Stimulation. Artif Organs 1999; 23(5):432-5. 14. Bastos MG, Bregman R, Kirsztajn. Doença renal crônica: frequente e grave,
mas também prevenível e tratável. Rev Assoc Med Bras. 2010; 56(2):248-53. 15. Bastos MG, Carmo WB, Abrita RR, Almeida EC, Mafra D, Costa DMN et al. Doença Renal Crônica: Problemas e Soluções. J Bras Nefrol 2004; 26(4):202-15. 16. Cury JL, Brunetto AF, Aydos RD. Efeitos negativos da insuficiência renal crônica sobre a função pulmonar e a capacidade funcional. Rev Bras Fisioter 2010; 14(2):91-8. 17. K/DOQI Clinical practice guidelines for chronic kidney disease: evaluation, classification and stratification. Am J Kidney Dis 2002; 39(2 Suppl 1):S1-S246. 18. Moreira PR, Barros E. Atualização em fisiologia e fisiopatologia renal: bases fisiopatológicas da miopatia na insuficiência renal crônica. J Bras Nefrol 2000; 22(1):34-8. 19. Adams GR, Vaziri ND. Skeletal muscle dysfunction in chronic renal failure: effects of exercise. Am J Physiol Renal Physiol 2006; 290(4):F753-61. 20. Thorborg K, Bandholm T, Holmich P. Hip-and knee-strength assessments using a hand-held dynamometer with external belt-fixation are inter-tester reliable. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc 2013; 21(3):550-5. 21. Pereira CAC, Barreto SP, Simões JG, Pereira FWL, Gerstler JG, Nakatani J. Valores de referência para a espirometria em uma amostra da população brasileira adulta. J Pneumol 1992; 18(1):10-22. 22. Heiwe S, Jacobson SH. Exercise training in adults with CKD: a systematic review and meta-analysis. Am J Kidney Dis 2014; 64(3):383-93.
23. Xavier VB, Roxo RS, Miorin LA, Dos Santos Alves VL, Dos Santos Sens YA. Impact of continuous positive airway pressure (CPAP) on the respiratory capacity of chronic kidney disease patients under hemodialysis treatment. Int Urol Nephrol 2015; 47(6):1011-6.
24. Reboredo MM, Henrique DM, Faria RS, Bergamini BC, Bastos MG, Paula RB. Correlação entre a distância obtida no teste de caminhada de seis minutos e o pico de consumo de oxigênio em pacientes portadores de doença renal crônica em hemodiálise. J Bras Nefrol 2007; 29(2):85-9. 25. American Thoracic Society. ATS Statement: guidelines for the six-minute walk test. Am J Respr Crit Care Med 2002; 166(1):111-7. 26. Enright PL, McBurnie MA, Bitter V, Tracy RP, McNamara, Arnold A et al. The 6-min walk test. Chest 2003; 123(2):387-98. 27. Diesel W, Noakes TD, Swanepoel C, Lambert M. Isokinetic muscle strength predicts maximum exercise tolerance in renal patients on chronic hemodialysis. Am J Kidney Dis 1990; 16(2):109-14.
28. Roxo R, Xavier VB, Guimaraes A, Miorin A, Santos YA, Santos VLS. Impact of neuromuscular electrical stimulation on functional capacity of patients with chronic kidney disease on hemodialysis. J Bras Nefrol. 2016; 38(3):14-20.
29. Howden EJ, Leano R, Petchey W, Coombes JS, Isbel NM, Marwick TH. Effects of exercise and lifestyle intervention on cardiovascular function in CKD. Clin J Am Soc Nephrol 2013; 8(9):1494-501. 30. Guimarães RM, Batista LA, Pereira JS, Scianni CA. Dinamômetro manual adaptado: medição de força muscular do membro inferior. Fitness e Performance Journal 2005; 4(3):145-149. 31. Lamontagne A, Malouin F, Richards CL, Dumas F. Evaluation of reflex- and nonreflex-induced muscle resistance to stretch in adults with spinal cord injury using hand-held and isokinetic dynamometry. Phys Ther 1998; 78(9):964-75. 32. Kim CM, Janice JE. The Relationship of Lower-Extremity Muscle Torque to Locomotor Performance in People With Stroke. Phys Ther 2003; 83(1):49-57. 33. Taylor NF, Dodd KJ, Graham HK. Test-retest reliability of handheld dynamometric strength testing in young people with cerebral palsy. Arch Phys Med Rehabil 2004; 85(1):77–80. 34. Bohannon RW. Hand-held dynamometry: factors influencing reliability and validity. Clin Rehabil 1997; 11(3):263–264. 35. Schulz KF, Altman DG, Moher D for the CONSORT Group. CONSORT 2010 Statement: updated guidelines for reporting parallel group randomised trials. Trials 2010;11:32-39. 36. Daugirdas JT, Blake PG, Todd S. Prescrição de hemodiálise crônica: uma abordagem da cinética da ureia. In: Daugirdas JT, Ing TS. Manual de diálise. 3a ed. Rio de Janeiro: Medsi; 2003. Cap. 9. 37. Karvonen JJ, Kentala E, Mustala O. The effects os training on heart rate: a longitudinal study. Ann Med Exp Biol Fenn 1957; 35(8):307-15. 38. Sheng K, Zhang P, Chen L, Cheng J, Wu C, Chen J. Intradialytic exercise in hemodialysis patients: a systematic review and meta-analysis. Am J Nephrol 2014; 40(5):478-90.