A INDISCIPLINA NA SALA DE AULA *Sheila Cristina de Almeida e Silva Machado Primeiro dia de aula. Professor novo. Turma pouco afeita ao estudo. No caminho para seus novos afazeres os corredores da escola não parecem nada animadores para o recém-chegado professor. Na sala de aula todos os alunos estão de pé, circulando despreocupadamente, sem qualquer tipo de compromisso com o trabalho que está apenas começando. Querem falar de outros assuntos, mais próprios e interessantes em sua opinião para pessoas que, como eles, estão em idade para freqüentar o Ensino Médio. Matemática não lhes parece parte integrante dos conhecimentos que necessitam para sobreviver na selva que percebem em seus cotidianos. Jaime, seu novo professor, mal consegue se apresentar, pois é interrompido com menos de 10 minutos em sala de aula pelo acionamento do sinal que faz com que todos os alunos saiam rapidamente da classe. É apenas mais uma entre várias “brincadeiras” promovidas pelos alunos para interromper o trabalho que está sendo desenvolvido. Numa outra aula, quando as primeiras páginas do livro estavam sendo abertas no capítulo sobre frações e porcentagens, surgem dois novos alunos, atrasados, que trazem consigo justificativas que lhes permitem permanecer na aula. Nenhum dos dois tem os materiais apropriados e ainda desrespeitam o professor com gestos obscenos. Ao ser interpelado pelo professor no final da aula um dos estudantes diz que não tem qualquer interesse pelo que está sendo ensinado e, além disso, ameaça o professor. Para desestabilizar ainda mais as aulas de matemática, os jovens amotinados passam a assistir a aula tendo a seu lado outras pessoas que, como eles, não estão dispostos a estudar e que, da mesma forma como os primeiros, querem ameaçar e boicotar os esforços de Jaime. Para piorar ainda mais a situação, entre os outros membros do corpo docente a descrença na capacidade dos estudantes também se faz notar. Nas reuniões pedagógicas ou mesmo nos intervalos (na sala dos professores), fica claro para o novo professor de matemática que entre seus colegas de trabalho não há nenhuma perspectiva positiva quanto ao futuro de seus novos alunos. Nem mesmo entre os pais a educação é vista como uma possibilidade de crescimento, de amadurecimento e de melhores chances no futuro... A seqüência de acontecimentos acima descrita poderia retratar fatos ocorridos em qualquer escola do Brasil. Apresenta o que para muitos que trabalham com educação seriam situações corriqueiras, do cotidiano de seu trabalho. Trata- se, entretanto de um recorte feito a partir do filme “O Preço do Desafio” (Stand and Deliver), do diretor Ramon Menendez, produzido pela Warner Bros em 1988 a partir da história real de Jaime Escalante, um professor de matemática. Quando nos referimos a Instituição Escolar, não podemos deixar de enfocar essa questão que suscita muitas dúvidas a educadores, diretores, pais e até mesmo a alunos: a indisciplina. - O que é uma classe indisciplinada? - O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
A INDISCIPLINA NA SALA DE AULA
*Sheila Cristina de Almeida e Silva Machado
Primeiro dia de aula. Professor novo. Turma pouco afeita ao estudo. No caminho para seus novos afazeres os corredores da escola não parecem nada animadores para o recém-chegado professor. Na sala de aula todos os alunos estão de pé, circulando despreocupadamente, sem qualquer tipo de compromisso com o trabalho que está apenas começando. Querem falar de outros assuntos, mais próprios e interessantes em sua opinião para pessoas que, como eles, estão em idade para freqüentar o Ensino Médio. Matemática não lhes parece parte integrante dos conhecimentos que necessitam para sobreviver na selva que percebem em seus cotidianos. Jaime, seu novo professor, mal consegue se apresentar, pois é interrompido com menos de 10 minutos em sala de aula pelo acionamento do sinal que faz com que todos os alunos saiam rapidamente da classe. É apenas mais uma entre várias “brincadeiras” promovidas pelos alunos para interromper o trabalho que está sendo desenvolvido. Numa outra aula, quando as primeiras páginas do livro estavam sendo abertas no capítulo sobre frações e porcentagens, surgem dois novos alunos, atrasados, que trazem consigo justificativas que lhes permitem permanecer na aula. Nenhum dos dois tem os materiais apropriados e ainda desrespeitam o professor com gestos obscenos. Ao ser interpelado pelo professor no final da aula um dos estudantes diz que não tem qualquer interesse pelo que está sendo ensinado e, além disso, ameaça o professor. Para desestabilizar ainda mais as aulas de matemática, os jovens amotinados passam a assistir a aula tendo a seu lado outras pessoas que, como eles, não estão dispostos a estudar e que, da mesma forma como os primeiros, querem ameaçar e boicotar os esforços de Jaime. Para piorar ainda mais a situação, entre os outros membros do corpo docente a descrença na capacidade dos estudantes também se faz notar. Nas reuniões pedagógicas ou mesmo nos intervalos (na sala dos professores), fica claro para o novo professor de matemática que entre seus colegas de trabalho não há nenhuma perspectiva positiva quanto ao futuro de seus novos alunos. Nem mesmo entre os pais a educação é vista como uma possibilidade de crescimento, de amadurecimento e de melhores chances no futuro...
A seqüência de acontecimentos acima descrita poderia retratar fatos ocorridos em qualquer escola do Brasil. Apresenta o que para muitos que trabalham com educação seriam situações corriqueiras, do cotidiano de seu trabalho. Trata-se, entretanto de um recorte feito a partir do filme “O Preço do Desafio” (Stand and Deliver), do diretor Ramon Menendez, produzido pela Warner Bros em 1988 a partir da história real de Jaime Escalante, um professor de matemática.
Quando nos referimos a Instituição Escolar, não podemos deixar de enfocar essa questão que suscita muitas dúvidas a educadores, diretores, pais e até mesmo a alunos: a indisciplina.
- O que é uma classe indisciplinada?
- O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina?
No ambiente escolar em que trabalho, as principais queixas dos professores relativamente à indisciplina são: falta de limite dos alunos, bagunça, tumulto, mau comportamento, desinteresse e desrespeito às figuras de autoridade da escola e também ao patrimônio; alguns professores apontam que os alunos não aprendem porque são indisciplinados em decorrência da não imposição de limites por seus familiares; o fracasso escolar seria então o resultado de problemas que estão fora da escola e que se manifestam dentro dela pela indisciplina; de acordo com esses professores, nada pode ser feito enquanto a sociedade não se modificar. Condutas como essas são também observadas em outras instituições particulares e em escolas públicas. Podemos afirmar que no mundo atual a maioria das escolas enfrenta estas questões, que perduram há anos, sofrendo obviamente alterações históricas de acordo com as contingências sócio-culturais.
Atualmente a indisciplina tornou-se um “obstáculo” ao trabalho pedagógico e os professores ficam desgastados, tentam várias alternativas, e já não sabendo o que fazer, chegam mesmo em algumas oportunidades a pedir ao aluno indisciplinado que se retire da sala já que ele atrapalha o rendimento do restante do grupo. Nesses casos, os alunos são encaminhados ao Serviço de Orientação Educacional. Muitas vezes há pressões por parte dos professores para que sejam aplicadas punições severas a esses estudantes.
- Como agir nessa situação? De que forma ajudar?
O que é uma Classe Indisciplinada?
Para iniciarmos uma reflexão sobre essas questões, vamos destacar o que significa a palavra indisciplina a partir de algumas definições quanto ao termo.
Indisciplina – procedimento, ato ou dito contrário à disciplina; desobediência, desordem, rebelião. (Dicionário Aurélio).
De acordo com o sociólogo francês François Dubet (1997), “a disciplina é conquistada todos os dias, é preciso sempre lembrar as regras do jogo, cada vez é preciso reinteressá-los, cada vez é preciso ameaçar, cada vez é preciso recompensar”. Isso nos coloca diante de um antônimo de indisciplina, nos lembrando que o respeito às regras dentro de uma instituição é de fundamental importância para o seu funcionamento pleno e que, conseqüentemente, a indisciplina representa a ameaça pela desobediência às regras estabelecidas. Por isso Dubet ressalta a necessidade dos professores relembrarem as regras e estimularem o seu cumprimento no decorrer do ano letivo.
Segundo o professor Júlio Groppa Aquino: ”O conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade.”
Groppa ressalta que a manutenção da disciplina era uma preocupação de muitas épocas como vemos em textos de Platão e nas confissões de Santo Agostinho, de como a sua vida de professor era amargurada pela indisciplina dos jovens que perturbavam “a ordem instituída para seu próprio bem”.
Diante dessa idéia de Júlio Groppa, não podemos deixar de lembrar da forma como as escolas até os anos 1960, conseguiam fazer com que seus alunos se comportassem. A disciplina era imposta de forma autoritária, com ameaças e castigos.
Os educandos temiam as punições e esse medo levava a obediência e a subordinação. Além de submetidos a uma rigorosa fiscalização, não podiam se posicionar utilizando-se de questionamentos e reflexões. Os professores eram considerados modelos e, em virtude do conhecimento que possuíam, agiam como donos do saber.
“A educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante” (Freire, 1998) por isso passa a ser chamada de “educação bancária”. Segundo a educadora Rosana Ap. Argento Ribeiro, “a educação bancária é classificada também como domesticadora, porque leva o aluno a memorização dos conteúdos transmitidos, impedindo o desenvolvimento da criatividade e sua participação ativa no processo educativo, tornando-o submisso perante as ações opressoras de uma sociedade excludente. O papel da disciplina na educação bancária é fundamental para o sucesso da aprendizagem do aluno. Nela, a obediência e o silêncio dos alunos são aspectos importantes para garantir que os conteúdos sejam transmitidos pelos professores”.
Atualmente, nos primeiros anos do século XXI, estamos vivendo num outro contexto. Influenciados por mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais, professores e alunos, e mesmo a própria instituição escolar, assumem um papel diferente na sociedade. Nessa nova realidade a educação bancária já não deveria ser aplicada dentro das escolas.
Acredita-se hoje que os professores devem estar mais preocupados com seu
aperfeiçoamento, permitindo que seus alunos questionem, tirem suas dúvidas, se posicionem. Enquanto os alunos, por sua vez, têm mais acesso à informação, se consideram livres para questionar, criar e participar. Outro aspecto importante quanto à educação no 3° milênio refere-se ao fato de que a instituição escolar deveria estar mais aberta para a participação dos pais e da comunidade em suas atividades e mesmo, nas propostas curriculares.
François Dubet reforça a idéia de que “os professores mais eficientes são, em geral, aqueles que acreditam que os alunos podem progredir, aqueles que têm confiança nos alunos. Os mais eficientes são também os professores que vêem os alunos como eles são e não como eles deveriam ser”.
Quanto às afirmações anteriores percebo em minha realidade que alguns professores se mostram preocupados quanto a sua formação e prática profissional enquanto uma quantidade expressiva ainda demonstra grande resistência à reflexão e ao aperfeiçoamento do seu trabalho por se considerarem experientes e prontos para o exercício do magistério.
No que se refere aos estudantes é possível verificar que há um grande incentivo da família quanto aos estudos e ao mesmo tempo há um maior acesso a recursos que facilitam e promovem o processo de ensino-aprendizagem, como livros, computadores, internet, revistas, jornais, filmes... Essa circunstância realmente os torna mais críticos, questionadores e participativos. Porém, nem todos conseguem utilizar essas ferramentas de forma consciente e produtiva.
Os pais, por sua vez, comparecem a escola para presenciar a apresentação de trabalhos realizados por seus filhos apenas como observadores, sem posicionamentos mais efetivos e críticos. Há, porém baixo índice de comparecimento nas reuniões solicitadas pela escola, especialmente entre os pais cujos filhos freqüentam turmas da sexta série do ensino fundamental ao ensino médio.
O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina?
Sabemos que para obter disciplina em qualquer ambiente em que vivemos não podemos deixar de falar de respeito. Segundo Tardeli (2003), o tema respeito está centralizado na moralidade. Isso quer dizer que cada pessoa tem, junto com sua vida intelectual, afetiva, religiosa ou fantasiosa, uma vida moral. E o primeiro a atribuir um significado a moralização e inserir no conceito de ética foi o filósofo Demócrito.
Sabemos que atualmente o papel do professor dentro da escola é muito mais abrangente, pois ele precisa estar atento às capacidades cognitivas, físicas, afetivas, éticas e para preparação do educando para o exercício de uma cidadania ativa e pensante.
Será que sabemos ouvir nossos alunos? O diálogo envolve o respeito em saber ouvir e entender nossos alunos, mostrando a eles nossa preocupação com suas opiniões e com suas atitudes e o nosso interesse em poder dar a assistência necessária ao aperfeiçoamento do seu processo de aprendizagem.
É também compromisso do educador se preocupar com a disciplina e a responsabilidade de seus alunos. Para Piaget (1996), “o respeito constitui o sentimento fundamental que possibilita a aquisição das noções morais” .Conseguimos atingir a responsabilidade, desenvolvendo a cooperação, a solidariedade, o comprometimento com o grupo, criando contratos e regras claras e que precisarão ser cumpridas com justiça.
O professor passa a se preocupar com a motivação de seus alunos, tendo maior compromisso com seu projeto pedagógico e as questões afetivas, obtendo dessa forma uma relação verdadeira com seus educandos. Sob uma visão Piagetiana, o professor que na sala de aula dialoga com seu aluno, busca decisões conjuntas por meio da cooperação, para que haja um aprendizado através de contratos, que honra com sua palavra e promove relações de reciprocidade, sendo respeitoso com seus alunos, obtendo dessa forma um melhor aproveitamento escolar.
Segundo Tardeli (2003), “Só se estabelece um encontro significativo quando o mestre incorpora o real sentido de sua função, que é orientar e ensinar o caminho para o conhecimento, amparado pela relação de cooperação e respeito mútuos”.
Como agir nessa situação? De que forma ajudar?
Não podemos deixar de ter como foco em nosso trabalho o SER HUMANO. Precisamos valorizar as pessoas. Uma frase de Walt Disney ilustra bem essa idéia: “Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas é necessário TER PESSOAS para transformar seu sonho em realidade”. Estamos envolvidos com pessoas em nosso dia a dia: alunos, professores, pais, coordenadores, orientadores e diretores e, por isso, precisamos aprender a trabalhar em equipe para obter uma instituição forte, competente e coesa. A qualidade é obtida através do esforço de todos os seus integrantes, onde cada profissional é importante e cada aluno também. A escola é uma organização humana em que as pessoas somam esforços para um propósito educativo comum.
*Licenciada em PedagogiaPós-graduada em Psicopedagogia
feita referência à esta página, situada em http://www.orgonizando.psc.br/artigos/sala.htm. Caso sejam citados trechos do artigo, solicitamos cuidado para que o sentido da citação fora do contexto não venha a ser deturpado ou passível de má interpretação.
A bagunça na sala de aula é uma questão que hoje ainda aflige à maioria dos professores. Evitando o jargão técnico de forma a tornar este artigo acessível a pedagogos, professores e pais; este artigo tenta, a partir de conceitos oriundos de áreas distintas – como a psicologia, a psiquiatria, a filosofia, o pensamento funcional e algumas correntes da psicanálise – diagnosticar as disfunções que originam a bagunça, sendo que podemos encontrá-las tanto no aluno, como no ambiente físico/social ou mesmo no próprio professor.
Para tal, apresentamos os conceitos de lei, de limite, de campo e quatro formas de interação; bem como as disfunções mais comuns da lei e do limite. Uma vez identificada a disfunção, trabalhamos com o campo e a forma de interação mais adequada para promover o surgimento de uma nova ordem, evitando recorrer a uma ação repressora.
Conteúdo
Introdução O limite em Winnicott A lei em Lacan O campo em Lewin A inserção social As formas de interação (contato, frustração, separação, castração) Discriminando o limite e a lei O olhar do outro de Si na escola Os distúrbios do limite Os distúrbios da lei As possibilidades de atuação Conclusão Bibliografia
Introdução
Não é fato incomum que um professor se irrite com comportamentos de alunos que venham a prejudicar o aprendizado individual ou da turma: situações de bagunça, dispersão, etc. Pretendemos utilizar os conceitos de limite e de lei não só como ferramentas que desenvolvam uma percepção crítica das disfunções que podem estar ocorrendo, como também para fornecer elementos que norteiem as intervenções do professor no sentido de poder substituir a repressão castradora por uma organização que favoreça o desenvolvimento.
Para tal, vamos recorrer a alguns entendimentos fornecidos pela psicanálise, pela psiquiatria e por psicoterapias corporais para melhor perceber a origem dessas disfunções. Ainda que haja essa variedade de conceitos de diferentes áreas de saber faremos o possível para fugir do jargão dessas áreas, mesmo que isso possa introduzir algumas imprecisões, colocando uma breve explicação quando o termo técnico for imprescindível para manter o texto acessível; pois estes conceitos estão tentando lançar uma nova luz a um problema que aflige bastante professores e pais.
Cabe frisar que o uso dos conceitos de limite e de lei não pressupõe um enquadramento da criança em uma ordem preestabelecida, mas sim a possibilidade de se encontrar ordens úteis à criança e à sua inserção na sociedade. Iremos, portanto, analisar que mecanismos são mais adequados para que o desenvolvimento da criança possa se dar de uma forma saudável e que mecanismos vêm trazer disfunções neste desenvolvimento.
O limite em Winnicott
Freud havia percebido que o bebê não nasce com a sensação de um eu unificado, essa unidade do eu é construída ao longo do desenvolvimento da criança; até mesmo a sensação de ter um corpo contínuo e delimitado pela pele necessita ser apreendida. Originalmente as percepções do bebê são apenas fragmentos dispersos que aos poucos vão se articulando. As percepções das quais ele não pode se afastar vão formar a sensação do Si, as demais vão constituir o outro do Si (entorno).
Winnicott contribui identificando as condições necessárias para uma integração adequada, que permita o surgimento dos limites que vão organizar os espaços e possibilitar a autonomia e o autocontrole(DAVIS). A principal condição para o estabelecimento desses limites seria a segurança oferecida em sucessivas esferas: a mãe, a família, os grupos sociais, o governo.
Segundo Winnicott "as crianças privadas de uma vida no lar ou devem receber alguma provisão, algo de estável e pessoal, quando ainda são suficientemente jovens para fazer uso disto em certa extensão, ou então são obrigadas a nos forçar a oferecer-lhes estabilidade mais tarde, sob a forma de uma escola autorizada ou, como último recurso, quatro paredes sob a forma de uma cela em um cárcere." (DAVIS, p. 169)
O limite fundamental discrimina o Si do não-Si; corresponde, no psiquismo, ao que a pele é para o corpo; os demais limites vão gradativamente orientando a inserção social da criança. O indivíduo anti-social sofre de uma inadequação nos seus limites.
A lei em Lacan
Essa inserção no social pressupõe uma ruptura da relação diádica3 do bebê com a mãe – ela é intermediada pelo pai e constitui a questão central do complexo de Édipo4. Na verdade, Lacan percebeu que, mais que propriamente a mãe e o pai, importam as funções desempenhadas pela mãe, pelo pai, ou por quem os substitua – passa-se a falar em função mãe e função pai.
Para Lacan, o desenvolvimento do complexo de Édipo se dá em três momentos: (BLEICHMAR)
1. o estágio do espelho;2. a identificação do bebê com o desejo da mãe;
3. a identificação simbólica com a lei do pai.
No estágio do espelho, o bebê com um ego ainda fragmentado vê a sua imagem unificada em um espelho; esta imagem passa a servir de referência organizadora da integração desse ego. A mesma função do espelho é prestada pelo olhar da "mãe", que reconhece a criança e assim permite que a criança se reconheça como distinta dela. É a função mãe, que pode ser exercida por qualquer pessoa, atuando pelo reconhecimento, dando continente e cuidado.
O terceiro estágio introduz o elemento simbólico no psiquismo através da interdição edípica5. A aceitação da interdição do incesto propicia a internalização da lei6 e abre as portas para que a criança se inclua no espaço das regras sociais(PELLEGRINO). É a função pai que atua nesse estágio.
Podemos perceber que o conceito de lei em Lacan é um dos casos do conceito de limite em Winnicott. Portanto, recorremos a outros autores para melhor discriminar o uso desses termos.
O campo em Lewin
Para lidar com as disfunções da lei ou do limite, iremos propor o manejo dos campos envolvidos.
O conceito de campo se originou na física e foi transposto por Lewin para a psicologia. A sua teoria de campo busca descrever a situação essencial do aqui-agora da qual uma pessoa participa. Para Lewin, a fonte energética do comportamento deriva das necessidades e intenções do sujeito. Essas fontes geram forças e tensões no par sujeito-ambiente, que vão constituir o campo da situação. As tensões carregam o campo, que busca uma descarga pela satisfação. As tensões podem se alastrar, principalmente através das frustrações, que exercem uma pressão sobre o campo mais amplo. Portanto, um campo envolve uma situação, que engloba um ou mais indivíduos, e comporta energia, forças, tensões e cargas.
Se as necessidades do sujeito afetam os campos onde ele se insere, as suas próprias percepções derivam desses campos.
Em Freud, todo o ser humano tem impulsos7 destrutivos que precisam ser controlados para permitir o convívio social – toda cultura decorre deste controle(FREUD, 1931).
Por outro lado, Reich vai questionar essa posição, pois ele percebe três camadas no psiquismo(BOADELLA): uma superficial, que constitui as aparências; uma segunda que equivale ao inferno do inconsciente freudiano contendo as ameaças sociais como o sadismo; e uma terceira que seria um núcleo biológico pulsante, onde os impulsos não são distorcidos ou patológicos, mas que, de forma espontânea, permitem a socialização sem a necessidade de um controle imposto. A destrutividade presente no inconsciente é vista como um conceito de origem secundária, manifestação reativa à impedimentos da pulsação vital.
A construção adequada de um ego não constrange a pulsação biológica e permite que os impulsos encontrem uma forma de expressão espontânea e organizada, voltada à interação social. Para que isso ocorra, é necessário haver um contato real com as necessidades da criança de forma a poder lhe propiciar a segurança e a proteção na medida adequada ao seu desenvolvimento.
As formas de interação
Além do contato, que é uma relação predominantemente funcional, há três outros tipos de interação, que são predominantemente disfuncionais(FERRI): a separação, a frustração, e a castração.
O contato leva a uma percepção do Si e do outro de Si, e o acompanha em um movimento interinfluenciado.
A separação é um movimento do distanciamento (progressivo ou repentino) entre o Si e o outro de Si, que envolve a sensação de perda. Um processo de crescimento compreende quatro grandes separações funcionais: o nascimento, o desmame, a saída edípica e a adolescência. Estas separações correspondem a ampliações gradativas no campo de atuação da criança, do fusional8 ao social. Elas implicam em alterações em seus limites, que vão se tornando mais flexíveis para acomodar uma maior variedade do outro de Si.
Mas a separação é um grande entrave ao desenvolvimento se ela vem romper a segurança da criança antes que esta possa conquistar uma autonomia. A própria ameaça de separação, mesmo sem se consumar, já mina a segurança necessária à construção dos limites. Estas são as separações disfuncionais.
A frustração envolve uma barreira, com nuanças que variam do flexível ao rígido, sobre o qual o Si vai definir-se. É um impedimento do movimento expressivo do Si pelo outro do Si, quando este movimento não é direcionado de volta ao Si. Está ligada à renúncia, ao reconhecer-se impedido por uma força externa. Pode ser disfuncional (quando restringe a pulsação), mas nem sempre o é, como no caso de uma interdição edípica apropriada. Esta permite que a criança desloque a sua libido9 do progenitor para o mundo sem inibir o impulso, mas o seu objeto; restam alternativas à criança que não o retraimento. Esse tipo de frustração implica em um deslocamento do campo, uma vez que há um deslocamento do objeto. É a própria agressividade gerada pela frustração que traz a energia necessária para empreender este deslocamento.
Apesar da castração assumir conotações distintas para ambos os sexos, em ambos os casos está associada a uma proibição e a uma perda relativa ao complexo edípico. Proibição que transborda para além da interdição do incesto e se volta contra a criança restringindo a sua pulsação e a sua potência. Um exemplo disto se dá quando não apenas se interdita o incesto, mas se passa também a reprimir a sensação e a atividade genital infantil; ela não atua sobre o objeto, mas sobre o sujeito do desejo. Mais que uma barreira que delimita, ela impede ou nega a expressividade, a expansão do núcleo e do campo energético, vital e pulsante do Si. Em termos do movimento, ela não só impede, mas volta o movimento do Si contra o próprio Si, promovendo uma contração. A opressão é uma forma mais disfarçada de castração. Toda interdição que impede a expressividade do impulso em outros termos (escolhidos pelo sujeito, e não impostos pelo interditor) é castradora. A castração é sempre disfuncional, e implica em um retraimento do campo de ação.
Quando o outro de Si estabelece um contato real com o Si, ele pode perceber a necessidade de uma separação ou frustração adequadas; sem este contato, esses movimentos vão levar a uma restrição da pulsação do Si, a menos que este Si já esteja em condições de se autoproteger.
Discriminando o limite e a lei
O outro do Si fornece duas operações básicas para o desenvolvimento do Si: conter o Si e modelar o Si.
"Conter o Si é definir-lhe o campo de ação, o espaço, a expansão, é marcar a sua delimitação, limitar a sua tendência entrópica10. Modelar o Si, momento sucessivo, é propor-lhe uma estruturação e uma organização, uma ordem e uma adaptação, é oferecer uma resistência, uma mudança-investimento, é o esquema sobre o qual tender, a estrada a percorrer." (FERRI)
Podemos perceber que o conter o Si está vinculado à função mãe, é ele que funda o ego 11 . Está relacionado ao estabelecimento dos limites, se dá através da pele (para Freud o ego é um ego corporal) e do campo diádico, que vem ajudar o campo pessoal a delimitar-se.
Vamos passar a usar o termo limite dentro deste escopo mais restrito, que não inclui o modelar e a lei.
Já o modelar o Si procede da função pai, que funda o superego 12 através da internalização da interdição13. Ele abre a relação diádica, introduz o terceiro e a lei, se dando através dos campos familiar e social.
O olhar do outro de Si na escola
Podemos olhar para a escola a partir das necessidades da criança e também através das necessidades da cultura.
Em termos da necessidade da criança, tanto o ego quanto o superego ainda estão se formando, ela precisa prosseguir na construção destes. A escola é um espaço de socialização proeminente, onde o seu superego vai organizar relações mais amplas que as familiares. O ego deve se fortalecer para mediar as exigências deste superego e com as dos seus impulsos14 encontrando novas formas para a expressão destes.
Em termos das necessidades culturais, a escola se institucionalizou a partir de um novo modo de produção calcado na maximização da eficiência, onde o espaço e o tempo precisavam ser controlados nas suas minúcias através da disciplina. (FOUCAULT) A escola assume o papel de um aparelho inculcador da disciplina - um adestramento que vem substituir a organização da pulsação biológica por um condicionamento controlador da atividade infantil que sufoca a sua pulsação criativa.(NEILL) Passa-se a um desenvolvimento restrito à reprodução de uma forma de estar no mundo que não se contraponha às exigências socio-econômicas(ALTHUSSER).
Como reprodutora das relações sociais, a escola, nas suas funções implícitas, adquire uma inércia em que continua reproduzindo, muitas vezes desapercebidamente, até mesmo condicionamentos que se tornaram desnecessários ao modo de produção pós-moderno. A disciplina tornou-se menos rígida, mas persiste na sua essência adestrante e se manifesta na densidade que ainda está presente no inconsciente dos adultos. Ela surgiu numa época onde caos era sinônimo de destruição. Nesta última metade do século, surgiram novas teorias capazes de representar a complexidade da natureza em oposição a enquadrá-la em um modelo linear – as teorias do caos e da complexidade.(GLEIK, PRIGOGINE) Através delas, percebemos a ordem simplista como estéril e o caos como a origem última de toda a criação, revertendo os conceitos anteriores.
Alguma ordem em um ambiente social é um fator necessário ao estabelecimento das relações interpessoais, mas perguntamos: que ordem? A ordem deve ser extraída da situação em questão, a partir de um contato com esta situação; ela é decorrente de uma postura ética que considera a realidade presente (BRANDÃO, 1997) – ela forma um conceito, em oposição a uma postura predeterminada (o preconceito). Em uma sala de aula, ela deve levar em conta os recursos do ambiente, do professor e dos alunos. À medida que esses recursos são limitados, se torna necessário abdicar de uma ordem idealizada e tentar a administrar uma certa dose de caos decorrente destas imperfeições e nela buscar a dose certa, necessária à criatividade transformadora.
Uma condição necessária para que o professor possa fazer contato com esta realidade é a de primeiramente fazer contato consigo e perceber os papéis reprodutores nos quais ainda está enganchado. Só então poderá perceber até que ponto a atividade infantil incômoda é uma manifestação da pulsação vital que não é tolerada por uma necessidade socio-econômica ou se é uma falha na construção dos limites ou na internalização da lei no aluno. Só com este discernimento poderá assumir uma ação de contenção (do Si da criança), de modelação deste Si, ou de transformação da lei externa castradora.
Para que haja esse discernimento é interessante entender melhor os distúrbios na formação do limite e da lei.
Um limite adequado integra o ego em uma unidade, sem impedir o seu movimento, mas organizando-o em uma forma de expressão socialmente enriquecedora. Ele tem uma permeabilidade que permite que o Si perceba os sentimentos de Si e do outro de Si e que estes sentimentos se interinfluenciem sem que haja uma perda da discriminação.
Distúrbios do limite envolvem15:
1. O vazamento, onde o limite está incompleto, não tem a continuidade de uma membrana fechada que consolida o ego em uma unidade . Há uma hipersensibilidade aos estímulos, mesmo quando, por defesa extrema, isso não possa ser expresso e passe a impressão oposta. de que nada atinge o indivíduo. Transposto para um campo relacional, o vazamento do limite desse campo16 leva à dispersão, o indivíduo não consegue se concentrar naquela relação e reage facilmente aos estímulos externos a ela.
2. A difusão, onde não há uma discriminação completa entre o Si e o outro de Si. O indivíduo busca relações fusionais e projeta no outro questões que não suporta como sendo suas.
3. A rigidez, que oprime o movimento dos impulsos dentro de um espaço preestabelecido e independente da realidade externa. Sua reação é definida a priori, com base em regras fixas, sem considerar a situação de fato.
4. A introversão 17 , onde a permeabilidade é perdida, a libido é retirada do outro de Si. O Si se fecha em Si mesmo, fica às voltas com o próprio umbigo, sem estabelecer contato com sentimento do outro, em uma posição egoísta.
5. A extroversão, onde é perdido o contato consigo, o indivíduo vive fora de si, apenas através do outro.
6. A hipnose, onde o limite é estreitado excluindo parte do entorno como se este não existisse. O problema não está em poder fixar a atenção, o que é extremamente desejável, mas em não poder ampliá-la. A passagem de uma vida agrícola para uma vida urbana pós-moderna levou gradativamente a um aumento neste tipo de disfunção; deixamos de nos relacionar com o entorno e nos voltamos hipnotizados para aquilo que nos é apresentado – pelo computador, pela televisão, ou pela aula predefinida(STOLKINER). Paulo Freire nos mostrou como aprender com aquilo que nos cerca, ele fazia do entorno o assunto do interesse: "a leitura do mundo sempre precede a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele."(FREIRE)
Para melhor se perceber o limite de cada criança, há que considerar os campos envolvidos, que ilustramos a seguir com alguns exemplos:
1. o campo do ambiente físico. Um espaço apertado impede o movimento dos impulsos que se manifesta na necessidade de espaço da criança, invadindo o seu limite de forma opressiva;
2. o seu campo pessoal. Observável na sua capacidade de estar e criar sozinho;
3. o campo relacional diádico. Os vínculos formados nas relações a dois, quer professor-aluno, quer aluno-colega;
4. o campo social. A coesão dos grupos que se formam, a capacidade da turma funcionar como uma unidade.
Uma disputa de espaço, quando este é adequado (deficiência do 4º caso), tem conotações distintas de quando este é insuficiente (deficiência do 1º caso).
Os distúrbios da lei
A lei quando resulta de uma identificação funcional com a lei do pai, é internalizada, rege as relações sociais, portanto se dá no espaço do entre. Se manifesta de forma crítica e ativa, de acordo com a situação; implica em uma autonomia moral, que transcende a dinâmica punição/recompensa (KAMII). Caso contrário:
1. Se a lei é introjetada 18 , passa a reger as relações de forma rígida, gerando a obediência cega. Seu espaço é o dentro; é uma lei rígida que não considera as peculiaridades da realidade em questão.
2. Se a identificação com a lei não é aceita, e volta projetada 19 para fora, deixa de concernir ao Si a não ser como uma ameaça externa. O mecanismo de lidar com a lei passa a ser a burla. Em um ambiente
opressivo, pode haver uma burla da lei externa, sem que haja uma perda da lei interna; como a criança que faz bagunça quando o professor sai da sala, mas não se excede no recreio.
3. Se a própria lei é rejeitada, o Si passa a ser a lei, funcionando através do desafio. O indivíduo se torna prepotente.
4. Se o ego ainda está muito fragmentado, não há como se identificar com a lei, ela está em todo o lugar e muda a todo momento. (BRANDAO; SILVA) A pessoa fica confusa porque, para ela, a própria lei é instável.
As possibilidades de atuação
A percepção de uma atitude adequada a ser tomada em momentos onde a ordem da sala sofre perturbações20 que venham a dificultar o desenvolvimento da turma, vai depender da consciência que o professor desenvolva das disfunções do limite e da lei em três esferas: no aluno, em si próprio, e no ambiente. Vejamos alguns exemplos:
Podemos esperar toda uma gama de deficiências no que se refere à formação de seus limites, dentre as crianças que chegam à escola oriundas de diversas famílias com as suas diferentes inserções sociais. Winnicott via uma dificuldade em se oferecer um tipo universal de escola, em função das diferenças de segurança no lar.(DAVIS, p.170) Se o professor toma para si a responsabilidade de suprir essa deficiência em todas as suas manifestações de diversidade, não está se apercebendo dos próprios limites nem aceitando as limitações do ambiente; o resultado pode ser uma ênfase compensatória na disciplina de forma a poder controlar a situação, redundando em uma frustração para si e em uma castração da turma.
Um caso comum devido às diferenças sociais, familiares e individuais entre as crianças é o que ocorre quando lhes é dada uma tarefa longa – algumas terminam muito mais rapidamente que as outras. Ao terminar a sua tarefa, a criança abre o seu campo buscando inicialmente relações a dois e posteriormente relações grupais. Se no ambiente há normalmente uma recriminação a este comportamento, com um objetivo de "não atrapalhar os colegas", sem que lhe seja oferecida uma alternativa aceitável, o que observamos é que o próprio movimento se torna mais agressivo e vem aumentar a perturbação desta ordem esperada na sala. Em contraste, observamos os alunos em sala antes da chegada da professora – eles se organizaram espontaneamente em pequenos grupos desenvolvendo atividades de interesse próprio, em um clima de relativa harmonia. Os diversos campos grupais eram flexíveis e não conflitivos, havia uma pequena troca entre os grupos que enriquecia as experiências individuais.
Se a disfunção é do ambiente, onde englobamos não só o físico, mas também demandas culturais e socio-econômicas; insistir numa ordem introduzida de fora para dentro(PATTO) é participar de um delírio21 social (disfunção no professor) que muitas vezes não atende nem mesmo à evolução destas demandas. Além da ação transformadora do ambiente – indispensável, mas que muitos vezes tem um tempo de retorno muito remoto – há o recurso do professor buscar uma ação através do campo grupal focado em si, que venha a dar o continente que o ambiente não propicia ou possibilita. Por exemplo, observamos uma professora contar uma história, em uma turma de CA, assim propiciando um campo social que pôde conter a dispersão.
Se o problema estiver nos limites de um aluno, o estabelecimento de um campo relacional através de uma breve relação diádica com o professor ou com um colega poderia ser indicado; mas se o aluno está repetidamente chamando atenção da professora para si sem se satisfazer, a disfunção é da lei e não do limite, portanto pede a sua inserção em um campo grupal, onde ele poderá elaborar a frustração dessa demanda oriunda de sua fixação edípica, em um espaço alternativo.
Conclusão
A partir da percepção de que tanto o limite quanto a lei de um indivíduo se estabelecem a partir dos diversos campos (pessoal, interpessoal, familiar, social) onde ele se insere, propomos que estes possam ser usados na sala de aula para lidar com as disfunções que possam surgir, geralmente denunciadas por um sintoma de desordem.
Para tal, cabe primeiramente diagnosticar a situação: perceber se a disfunção é do limite ou da lei, e se ela se dá no aluno, no próprio professor ou no tecido social; para então fazer uso de um campo adequado que permita (re)constituição deste limite ou lei.
Necessário se faz que o professor, esteja ciente do papel que exerce e da sua importância no favorecimento de construção de atitudes que levam a uma passagem da assimilação de conceitos cristalizados à propostas de enfrentamento do mundo. Que se deixe atravessar pelas teorias, juntando a isso uma animação que surja de sua implicação22, tentando estabelecer dinâmicas cuja prática se adeqüe ao contexto da relação ambiente-professor-aluno e do quão mutante essa relação é; que se oriente por uma prática que relativize os vários pontos de vista aí envolvidos; que se esmere num engajamento com o maior desejo possível de experimentar suas limitações e possibilidades de êxitos, avaliando sempre os riscos das rotulações das partes: tanto a sua própria, quanto a proposta pelo sistema e a reproduzida por seus alunos.
Notas
3 Relação fechada a dois, formando uma díade.
4 Como é sabido, trata-se do conjunto de conflitos que ocorre na 1ª fase de desenvolvimento da sexualidade, por volta dos 3-5 anos. A criança vive uma rivalidade com um dos progenitores ao tentar viver uma relação a dois com o outro (na tragédia grega, Édipo mata o pai e se casa com a mãe).
5 Na interdição edípica, a criança é levada a abdicar de sua fixação na relação diádica com um dos progenitores (seu "amor").
6 Lei (cf. Aurélio): [……..] 3. Obrigação imposta pela consciência e pela sociedade. [……..] 5. Norma, preceito, princípio, regra. [……..]
7 Em termos mais técnicos, as pulsões.
8 fusional: relativo à não discriminação entre o embrião (feto, ou bebê) e a mãe.
9 A libido é a energia que move o indivíduo em função dos seus desejos.
10 Tendência entrópica: tendência à desorganização
11 O ego (eu) é fundado através do surgimento do ego ideal (uma imagem onipotente de si), é imaginário.
12 O Superego é uma parte da mente responsável pela organização do indivíduo perante o social, ele envolve a censura do que não é tolerado socialmente.
13 Pelo surgimento do ideal de ego (um modelo a ser alcançado), é simbólico.
14 O id – uma parte da mente com conteúdos inconscientes, por onde os impulsos aparecem no psiquismo. (FREUD,1923)
15 Aqui, não pretendemos ser exaustivos.
16 Da mesma forma que os indivíduos, os campos também tem seus limites, que fornecem o continente para a relação.
17 Na introversão a libido é retirada do objeto exterior e investida no mundo interior simbólico do sujeito.
18 Na introjeção a libido é retirada do objeto exterior e investida em um imaginário interior.
19 Na projeção, se atribui ao outro o que não se aceita em Si.
20 Por perturbações da ordem entendemos não só a bagunça, como também a retração e a disciplina exacerbada - estas são ordens por demais simples para favorecer a criação e o crescimento.
21 Delírio: um pensamento sem contato com a realidade.
22 Implicação: comprometimento com a realidade na qual se dá o seu trabalho.
ALTHUSSER. Sobre a reprodução das relações de produção. In: IDEOLOGIA E APARELHOS IDEOLÓGICOS DE ESTADO. Lisboa: Presença, s.d.: 53-68.
BLEICHMAR, Norberto. M.; BLEICHMAR, Celia. L. (1989) Narcisismo. Papel do outro(a) na constituição do sujeito. In: A PSICANÁLISE DEPOIS DE FREUD. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. p.143-147.
BOADELLA, David. (1973) Nos Caminhos de Reich. São Paulo: Summus, 1985.
BRANDÃO, Frinéa. (1997) Ética e terapia reichiana. Rio de Janeiro: imprimido de ORGONizando, http://www.orgonizando.psc.br/artigos/etica.htm em set/1998.
BRANDÃO, Frinéa. Anotações de aula da disciplina "Teoria da Análise do Caráter" do curso de formação em psicoterapia reichiana do "Centro Reichiano de Estudos Terapêuticos". Rio de Janeiro: 1997-98.
BRANDÃO, Frinéa. SILVA, (1997) João Paulo L. Linguagem encouraçada e linguagem desencouraçada. Rio de Janeiro: imprimido de ORGONizando, http://www.orgonizando.psc.br/artigos/ling-enc.htm , em set/1998.
DAVIS, Madeleine; WALLBRIDGE, David. (1981) Limite e Espaço: uma introdução à obra de D. W. Winnicott. Rio de Janeiro: Imago, 1982.
FERREIRA, Aurélio B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 2ª edição.
FERRI, Genovino; CIMINI, Giuseppe. - Psicologia e caráter, uma leitura reichiana. Apostila resumida e traduzida por Maria Elisa Araujo. Rio de Janeiro: edição da tradutora, 1997.
FOUCAULT, Michel (1975) Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1987.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE LEITURA. Campinas: 1981.
FREUD, Sigmund (1923) O ego e o id. In: EDIÇÃO STANDARD BRASILEIRA DAS OBRAS PSICOLÓGICAS COMPLETAS DE SIGMUND FREUD. Rio de Janeiro: Imago. Vol. XIX. p.13-86
FREUD, Sigmund (1931) O mal-estar da civilização. In: EDIÇÃO STANDARD BRASILEIRA DAS OBRAS PSICOLÓGICAS COMPLETAS DE SIGMUND FREUD. Rio de Janeiro: Imago. Vol. XXI. p. 75-174.
GLEICK, James. (1987) Caos - a criação de uma nova ciência. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
KAMII, Constance. A autonomia como finalidade da educação: implicações da teoria de Piaget. In: A CRIANÇA E O NÚMERO. Campinas: Papirus, 1994. p.103-124.
LAPLANCHE; PONTALIS Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1982.
NEILL, A. S. (1960) Liberdade sem medo. Summerhill. São Paulo: IBRASA, 1973.
PATTO, Maria Helena S. Da psicologia do "desprivilegiado" à psicologia do oprimido. In: INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA ESCOLAR. São Paulo: T. A. Queiroz, 1983. Cap. 8, p.208-228.
PELLEGRINO, Hélio (1984) Psicanálise na criminalidade brasileira: ricos e pobres. Folha de São Paulo. São Paulo: 7 abr. 1984. Folhetim. Fotocopiado.
PRIGOGINE, Ilya.; STENGERS, Isabelle. (1988) Entre o Tempo e a Eternidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
RIVERA, Joseph. Field theory as Human Science: contributions of Lewin's Berlin group. Nova York, Gardner, 1976.
SILVA, João Paulo L. Anotações de aula da disciplina Psicopatologia do Curso de Formação em Psicoterapia Reichiana do Centro Reichiano de Estudos Terapêuticos. Rio de Janeiro: 1997.
STOLKINER, Jorge. Segundo seminário do ciclo Clínica Orgonômica. Rio de Janeiro: 1998. Vídeo.
Sheila Cristina de Almeida e Silva Machado Graduada em Pedagogia; Especializada em Orientação Educacional; Pós-Graduada em Psicopedagogia; Atua como Orientadora Educacional no Colégio Poliedro de São José dos Campos – SP.
A Indisciplina na sala de aulaSheila Cristina de Almeida e Silva Machado
Primeiro dia de aula. Professor novo. Turma pouco afeita ao estudo. No caminho para seus novos afazeres os corredores da escola não parecem nada animadores para o recém-chegado professor. Na sala de aula todos os alunos estão de pé, circulando despreocupadamente, sem qualquer tipo de compromisso com o trabalho que está apenas começando.
Querem falar de outros assuntos, mais próprios e interessantes em sua opinião para pessoas que, como eles, estão em idade para freqüentar o Ensino Médio. Matemática não lhes parece parte integrante dos conhecimentos que necessitam para sobreviver na selva que percebem em seus cotidianos. Jaime, seu novo professor, mal consegue se apresentar, pois é interrompido com menos de 10 minutos em sala de aula pelo acionamento do sinal que faz com que todos os alunos saiam rapidamente da classe.
É apenas mais uma entre várias “brincadeiras” promovidas pelos alunos para interromper o trabalho que está sendo desenvolvido. Numa outra aula, quando as primeiras páginas do livro estavam sendo abertas no capítulo sobre frações e porcentagens, surgem dois novos alunos, atrasados, que trazem consigo justificativas que lhes permitem permanecer na aula.
Nenhum dos dois tem os materiais apropriados e ainda desrespeitam o professor com gestos obscenos. Ao ser interpelado pelo professor no final da aula um dos estudantes diz que não tem qualquer interesse pelo que está sendo ensinado e, além disso, ameaça o professor.
Para desestabilizar ainda mais as aulas de matemática, os jovens amotinados passam a assistir a aula tendo a seu lado outras pessoas que, como eles, não estão dispostos a estudar e que, da mesma forma como os primeiros, querem ameaçar e boicotar os esforços de Jaime. Para piorar ainda mais a situação, entre os outros membros do corpo docente a descrença na capacidade dos estudantes também se faz notar.
Nas reuniões pedagógicas ou mesmo nos intervalos (na sala dos professores), fica claro para o novo professor de matemática que entre seus colegas de trabalho não há nenhuma perspectiva positiva quanto ao futuro de seus novos alunos. Nem mesmo entre os pais a educação é vista como uma possibilidade de crescimento, de amadurecimento e de melhores chances no futuro...
A seqüência de acontecimentos acima descrita poderia retratar fatos ocorridos em qualquer escola do Brasil. Apresenta o que para muitos que trabalham com educação seriam situações corriqueiras, do cotidiano de seu trabalho.
Trata-se, entretanto de um recorte feito a partir do filme “O Preço do Desafio” (Stand and Deliver), do diretor Ramon Menendez, produzido pela Warner Bros em 1988 a partir da história real de Jaime Escalante, um professor de matemática.
Quando nos referimos a Instituição Escolar, não podemos deixar de enfocar essa questão que suscita muitas dúvidas a educadores, diretores, pais e até mesmo a alunos: a indisciplina.
- O que é uma classe indisciplinada?
- O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina?
No ambiente escolar em que trabalho, as principais queixas dos professores relativamente à indisciplina são: falta de limite dos alunos, bagunça, tumulto, mau comportamento, desinteresse e desrespeito às figuras de autoridade da escola e também ao patrimônio; alguns professores apontam que os alunos não aprendem porque são indisciplinados em decorrência da não imposição de limites por seus familiares; o fracasso escolar seria então o resultado de problemas que estão fora da escola e que se manifestam dentro dela pela indisciplina; de acordo com esses professores, nada pode ser feito enquanto a sociedade não se modificar. Condutas como essas são também observadas em outras instituições particulares e em escolas públicas. Podemos afirmar que no mundo atual a maioria das escolas enfrenta estas questões, que perduram há anos, sofrendo obviamente alterações históricas de acordo com as contingências sócio-culturais.
Atualmente a indisciplina tornou-se um “obstáculo” ao trabalho pedagógico e os professores ficam desgastados, tentam várias alternativas, e já não sabendo o que fazer, chegam mesmo em algumas oportunidades a pedir ao aluno indisciplinado que se retire da sala já que ele atrapalha o rendimento do restante do grupo. Nesses casos, os alunos são encaminhados ao Serviço de Orientação Educacional. Muitas vezes há pressões por parte dos professores para que sejam aplicadas punições severas a esses estudantes.
- Como agir nessa situação? De que forma ajudar?
O que é uma Classe Indisciplinada?
Para iniciarmos uma reflexão sobre essas questões, vamos destacar o que significa a palavra indisciplina a partir de algumas definições quanto ao termo.
Indisciplina – procedimento, ato ou dito contrário à disciplina; desobediência, desordem, rebelião. (Dicionário Aurélio).
De acordo com o sociólogo francês François Dubet (1997), “a disciplina é conquistada todos os dias, é preciso sempre lembrar as regras do jogo, cada vez é preciso reinteressá-los, cada vez é preciso ameaçar, cada vez é preciso recompensar”. Isso nos coloca diante de um antônimo de indisciplina, nos lembrando que o respeito às regras dentro de uma instituição é de fundamental importância para o seu funcionamento pleno e que, conseqüentemente, a indisciplina representa a ameaça pela desobediência às regras estabelecidas. Por isso Dubet ressalta a necessidade dos professores relembrarem as regras e estimularem o seu cumprimento no decorrer do ano letivo.
Segundo o professor Júlio Groppa Aquino: ”O conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade.”
Groppa ressalta que a manutenção da disciplina era uma preocupação de muitas épocas como vemos em textos de Platão e nas confissões de Santo Agostinho, de como a sua vida de professor era amargurada pela indisciplina dos jovens que perturbavam “a ordem instituída para seu próprio bem”.
Diante dessa idéia de Júlio Groppa, não podemos deixar de lembrar da forma como as escolas até os anos 1960, conseguiam fazer com que seus alunos se comportassem. A disciplina era imposta de forma autoritária, com ameaças e castigos.
Os educandos temiam as punições e esse medo levava a obediência e a subordinação. Além de submetidos a uma rigorosa fiscalização, não podiam se posicionar utilizando-se de questionamentos e reflexões. Os professores eram considerados modelos e, em virtude do conhecimento que possuíam, agiam como donos do saber.
“A educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante” (Freire, 1998) por isso passa a ser chamada de “educação bancária”. Segundo a educadora Rosana Ap. Argento Ribeiro, “a educação bancária é classificada também como domesticadora, porque leva o aluno a memorização dos conteúdos transmitidos, impedindo o desenvolvimento da criatividade e sua participação ativa no processo educativo, tornando-o submisso perante as ações opressoras de uma sociedade excludente. O papel da disciplina na educação bancária é fundamental para o sucesso da aprendizagem do aluno. Nela, a obediência e o silêncio dos alunos são aspectos importantes para garantir que os conteúdos sejam transmitidos pelos professores”.
Atualmente, nos primeiros anos do século XXI, estamos vivendo num outro contexto. Influenciados por mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais, professores e alunos, e mesmo a própria instituição escolar, assumem um papel diferente na sociedade. Nessa nova realidade a educação bancária já não deveria ser aplicada dentro das escolas.
Acredita-se hoje que os professores devem estar mais preocupados com seu aperfeiçoamento, permitindo que seus alunos questionem, tirem suas dúvidas, se posicionem. Enquanto os alunos, por sua vez, têm mais acesso à informação, se consideram livres para questionar, criar e participar. Outro aspecto importante quanto à educação no 3° milênio refere-se ao fato de que a instituição escolar deveria estar mais aberta para a participação dos pais e da comunidade em suas atividades e mesmo, nas propostas curriculares.
François Dubet reforça a idéia de que “os professores mais eficientes são, em geral, aqueles que acreditam que os alunos podem progredir, aqueles que têm confiança nos alunos. Os mais eficientes são também os professores que vêem os alunos como eles são e não como eles deveriam ser”.
Quanto às afirmações anteriores percebo em minha realidade que alguns professores se mostram preocupados quanto a sua formação e prática profissional enquanto uma quantidade expressiva ainda demonstra grande resistência à reflexão e ao aperfeiçoamento do seu trabalho por se considerarem experientes e prontos para o exercício do magistério.
No que se refere aos estudantes é possível verificar que há um grande incentivo da família quanto aos estudos e ao mesmo tempo há um maior acesso a recursos que facilitam e promovem o processo de ensino-aprendizagem, como livros, computadores, internet, revistas, jornais, filmes... Essa circunstância realmente os torna mais críticos, questionadores e participativos. Porém, nem todos conseguem utilizar essas ferramentas de forma consciente e produtiva.
Os pais, por sua vez, comparecem a escola para presenciar a apresentação de trabalhos realizados por seus filhos apenas como observadores, sem posicionamentos mais efetivos e críticos. Há, porém baixo índice de comparecimento nas reuniões solicitadas pela escola, especialmente entre os pais cujos filhos freqüentam turmas da sexta série do ensino fundamental ao ensino médio.
O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina?
Sabemos que para obter disciplina em qualquer ambiente em que vivemos não podemos deixar de falar de respeito. Segundo Tardeli (2003), o tema respeito está centralizado na moralidade. Isso quer dizer que cada pessoa tem, junto com sua vida intelectual, afetiva, religiosa ou fantasiosa, uma vida moral. E o primeiro a atribuir um significado a moralização e inserir no conceito de ética foi o filósofo Demócrito.
Sabemos que atualmente o papel do professor dentro da escola é muito mais abrangente, pois ele precisa estar atento às capacidades cognitivas, físicas, afetivas, éticas e para preparação do educando para o exercício de uma cidadania ativa e pensante.
Será que sabemos ouvir nossos alunos? O diálogo envolve o respeito em saber ouvir e entender nossos alunos, mostrando a eles nossa preocupação com suas opiniões e com suas atitudes e o nosso interesse em poder dar a assistência necessária ao aperfeiçoamento do seu processo de aprendizagem.
É também compromisso do educador se preocupar com a disciplina e a responsabilidade de seus alunos. Para Piaget (1996), “o respeito constitui o sentimento fundamental que possibilita a aquisição das noções morais” .Conseguimos atingir a responsabilidade, desenvolvendo a cooperação, a solidariedade, o comprometimento com o grupo, criando contratos e regras claras e que precisarão ser cumpridas com justiça.
O professor passa a se preocupar com a motivação de seus alunos, tendo maior compromisso com seu projeto pedagógico e as questões afetivas, obtendo dessa forma uma relação verdadeira com seus educandos. Sob uma visão Piagetiana, o professor que na sala de aula dialoga com seu aluno, busca decisões conjuntas por meio da cooperação, para que haja um aprendizado através de contratos, que honra com sua palavra e promove relações de reciprocidade, sendo respeitoso com seus alunos, obtendo dessa forma um melhor aproveitamento escolar.
Segundo Tardeli (2003), “Só se estabelece um encontro significativo quando o mestre incorpora o real sentido de sua função, que é orientar e ensinar o caminho para o conhecimento, amparado pela relação de cooperação e respeito mútuos”.
Como agir nessa situação? De que forma ajudar?
Não podemos deixar de ter como foco em nosso trabalho o SER HUMANO. Precisamos valorizar as pessoas. Uma frase de Walt Disney ilustra bem essa idéia: “Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas é necessário TER PESSOAS para transformar seu sonho em realidade”. Estamos envolvidos com pessoas em nosso dia a dia: alunos, professores, pais, coordenadores, orientadores e diretores e, por isso, precisamos aprender a trabalhar em equipe para obter uma instituição forte, competente e coesa. A qualidade é obtida através do esforço de todos os seus integrantes, onde cada profissional é importante e cada aluno também. A escola é uma organização humana em que as pessoas somam esforços para um propósito educativo comum.