A cronologia do circo de Olisipo: a Terra SigillataEURICO
SEPLVEDA ANA VALE VITOR SOUSA VITOR SANTOS NATALINA GUERREIRO
R
E
S
U
M
O
A necessidade de definir cronologias para o circo de Olisipo
conduziu-nos ao estudo de parte do esplio arqueolgico recolhido
durante as intervenes efectuadas entre os anos de 1994 e 1997, por
uma equipa do IPPAR e em colaborao com o Museu da Cidade.
Apresenta-se neste artigo as concluses a que se chegou a partir da
anlise da Terra Sigillata.
A
B
S
T
R
A
C
T
The need to define chronologies for the Roman Circus of Olisipo
(Rossio,
Lisboa) stimulated the study of the terra sigillata recovered
between 1994-1997 by a team from IPPAR in collaboration with the
Museu da Cidade. This article presents the results of our
analyses.
1. Introduo Em Maro de 1994 foram iniciadas as escavaes
arqueolgicas no Rossio, que se efectuaram no quadro de um Protocolo
estabelecido entre o IPPAR e o Metropolitano de Lisboa S.A., no
mbito da rede de transportes urbanos, tendo o Museu da Cidade
colaborado na escavao atravs da participao das Dr.as Ldia Fernandes
e Manuela Leito. As aces ento desencadeadas pela equipa do IPPAR
constituda pelo Dr. Clementino Amaro (director cientfico), Dr. Joo
Marques, Armando Sabrosa, Barros Antnio, Frederico Regala, Jos Lus
Monteiro, Paulo Figueiredo e por trs dos signatrios (A. V., V.
Santos, N. G.) consistiram na abertura de um poo de ventilao de 17
m de dimetro, junto esttua de D. Pedro IV e na sua ligao estao da
Praa da Figueira (Est. I). A obra foi faseada, tendo a nossa
interveno acompanhado o calendrio dos trabalhos de construo civil,
pois a profundidade atingida obrigava a medidas de segurana
excepcionais devido elevada cota do nvel fretico nesta zona da
cidade.
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
245
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
2. Enquadramento da coleco A 1. fase consistiu na escavao das
camadas arqueolgicas superiores do poo de ventilao, tendo-se
encontrado materiais e estruturas contemporneas ou posteriores ao
terramoto de 1755. A necessidade de proceder construo das paredes
moldadas que envolveram o poo, impediu a continuao imediata da
interveno para alm dos 5,50 metros abaixo do actual pavimento da
Praa. Os trabalhos de campo s recomearam em Janeiro de 1995, altura
em que se verificou uma alterao radical das caractersticas do
terreno, com o desaparecimento de entulhos recentes, tornando-se
ento, as camadas maioritariamente argilosas, onde se recolheu pouco
esplio. A cerca de 6,50 m de profundidade, a que corresponde uma
cota absoluta de 4,04 m, detectou-se a barreira de um circo romano
e a respectiva arena. Esta barreira que atravessava a rea de
escavao no sentido Noroeste-Sudeste era, pelo menos parcialmente,
constituda por bacias de gua (euripus), encontrando-se uma outra
estrutura, em pedra seca (estrutura A), paralela a esta, embora
numa cota inferior e que estava quase totalmente coberta pela
arena. A 3. fase da escavao data de Maro de 1997, com a abertura da
ligao do poo estao do metropolitano da Praa da Figueira. Assim como
a anterior, foi previamente delimitada por paredes moldadas. A
metodologia que se adoptou foi condicionada pelos meios e tempo
disponveis, tal como pelas difceis condies do terreno, pouco
favorveis a uma interveno desta natureza, uma vez que as guas
freticas foram uma presena constante. Na escavao do poo, optou-se
pela abertura de trs valas de sondagem, que o atravessavam nos
sentidos Norte-Sul e Este-Oeste, permitindo o conhecimento da
estratigrafia, a que se seguiu a explorao em rea. Recorreu-se a
meios mecnicos para a remoo das camadas argilosas, sem esplio
arqueolgico, e procedeuse a uma escavao manual nas zonas mais
sensveis. Os trabalhos arqueolgicos no tnel de ligao prosseguiram
paralelamente ao escoramento e estabilizao das paredes moldadas, o
que nos permitiu apenas um aprofundamento muito gradual da escavao.
Foi aberta uma vala de sondagem no canto Noroeste, onde se recolheu
algum material e se constatou a similaridade das camadas
relativamente s detectadas durante os trabalhos no poo. Esta situao
alterou-se substancialmente sob a cota onde se deveria localizar a
arena (no nos foi possvel detectar o topo, em 1997, provavelmente
devido instabilidade dos terrenos que a suportavam). Enquanto que
no poo, esta assentava em camadas argilosas muito semelhantes s que
a cobriam, Fig. 1 Localizao da escavao arqueolgica na Praa no tnel,
ela localizava-se sobre um derrube D. Pedro IV (Rossio), em Lisboa,
segundo a Carta Militar e sobre a estrutura C (Est. II). de
Portugal.
246
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A dimenso da rea escavada fazia supor uma quantidade de material
muito superior quela que na realidade foi exumada. Como j referimos
anteriormente, o circo encontrava-se coberto por camadas sem
vestgios de ocupao que correspondiam possivelmente a deposies
argilosas provocadas pelas enxurradas a que esta zona, localizada
nos talvegues das ribeiras de Arroios e So Sebastio localizada nos
talvegues das ribeiras de Arroios e So Sebastio, sempre esteve
sujeita.
Past. Sua
D. Pedro IV
1994/95 1997 SPINA0 10 m
Fig. 2 Localizao da rea intervencionada com indicao da barreira
do Circo.
Fig. 3 Planta das estruturas romanas.
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
247
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
2.1 Camadas de recolha Os vrios fragmentos que exummos durante a
nossa interveno, comearam a aparecer esporadicamente, nos estratos
que cobriam o circo. O nosso trabalho permitiu, assim,
individualizar camadas que nos forneceram o seguinte esplio de
terra sigillata:
60
40
20
0 C. 20 C. 24 C. 25 C. 26 C. 28 MAD. II BAR.
Quadro 1 Nmero de unidades de T. S. por camadas
Na Camada 20, recolheu-se um fragmento de terra sigillata
galo-romana, (MLR/97/63) que se encontrava ainda associada a
materiais indiferenciados e que no constituam um conjunto coerente;
Por sua vez, a Camada 24, tambm argilosa, que cobria a barreira do
circo, forneceu 24 fragmentos, que representam apenas 1% do total
de todos os materiais ali recolhidos. Tratava-se de uma camada de
remeximento onde coexistiam fragmentos de terra sigillata com
diacronias do sculo I d.C. aos sculos IV/V; A Camada 25 corresponde
a um derrube, cuja cota era inferior do topo da arena.
Concentrava-se neste local a grande fatia de esplio recolhido (58
fragmentos de terra sigillata). Situava-se entre os alicerces da
barreira e a estrutura C. Os fragmentos de terra sigillata estavam
associados a contentores cermicos e a cermica comum, igualmente de
poca Romana. Apesar de alguma discrepncia cronolgica dos materiais
estudados, os mais recentes datam dos sculos III d.C. e IV,
apresentando uma situao semelhante da camada anterior. Presa s
argamassas da estrutura C, foi detectado um fragmento de terra
sigillata galo-romana (MLR/97/121), e a camada que lhe estava
associada (Camada 26) forneceu tambm 27 fragmentos para o nosso
estudo. O sculo II d.C. a data mais baixa para estes materiais.
248
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
30TSI TSlt TSH TSGR/TSH TSHt TSA IND.
25
TSGR TSI/TSGR
20
TSlt/TSH
15
10
5
0 C. 24 C. 25 C. 26 C. 28
Quadro 2 Tipos de terra sigillata e seus quantitativos por
camadas.
A Este da estrutura C registou-se um preparado de pedras de
pequena e mdia dimenso que supomos ter servido para a estabilizao
da arena, a que se juntavam ndulos de argamassa solta em diversos
pontos (Camada 28). Neste local recolheu-se um total de 18
exemplares, que se encontrava associado a cermica comum romana. A
sua cronologia aponta para finais do sculo I d.C. a meados do II.
Recolheu-se ainda alguma Terra Sigillata (dois fragmentos) junto a
uma estrutura de madeira (MAD.II incorporada no quadro das camadas,
a fim de facilitar a anlise), com uma cota bastante profunda (entre
as cotas absolutas de -47 cm e 28 cm), mas as circunstncias no nos
permitiram aqui um registo adequado, uma vez que foi destruda pelas
retro-escavadoras que operavam no local. Apontam para uma datao do
sculo III d.C., embora se encontrassem associadas a materiais
medievos. Ao desmontarmos a barreira do circo recolheu-se um nico
fragmento de terra sigillata (MRS/95/102), que representa, alis, a
totalidade do esplio aqui exumado. A sua datao baliza-se entre a 1.
metade do sculo I d.C. e a 1. metade do sculo II.
3. Estudo da Terra Sigillata exumada Todos os fragmentos de
terra sigillata que encontrmos e inventarimos (138) foram
classificados segundo o seu local de origem de fabrico; segundo as
suas formas e segundo as caractersticas das pastas e do
glanztonfilm/verniz. Do conjunto de que partimos, apenas se
conseguiu obter um grupo de 44 unidades passveis de serem
desenhadas. Estes fragmentos constituram o Catlogo no qual fizemos
a descrio de todos eles, optando por apresentar uma cronologia
individual baseando-nos nas que
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
249
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
fazem parte dos manuais da especialidade, mas tendo-se por
princpio de que se trata de materiais de enchimento, o que
significa, portanto, a inexistncia de estratos selados que nos
poderiam levar a apresentar diacronias bem definidas. No entanto,
no deixmos de efectuar um estudo pormenorizado em que todos os
fragmentos foram analisadas de acordo com os padres que
anteriormente definimos e sintetizmos.
3.1 Origens das produes Com o fim de fazermos a anlise das
origens da terra sigillata encontrada nas escavaes do circo romano
de Olisipo, elabormos um quadro (Quadro 3), no qual tivemos em
linha de conta os totais de fragmentos divididos pelas provncias
romanas que tradicionalmente so consideradas como centros
produtores deste tipo de cermica fina, no sem quantificar
percentualmente esses totais de forma a podermos estabelecer
comparaes que facilitam sempre a interpretao de tais quadros.
70 60 50 40 30 20 10 0 TSI TSGR TSH TSA TSGR/TSH TSI/TSGR
Indet.Unidades Percentagens
Quadro 3 Origem da T.S. por nmero de unidades e
percentagens.
Sem dvida que as maiores percentagens correspondem s importaes
efectuadas da Glia (com mais de 45%) e da Hispnia (com cerca de
35%, englobadas que foram as produes bticas e as de Tritium),
enquanto que os produtos itlicos e norte africanos no representam,
no seu conjunto, mais do que 11%. Um dos problemas que nos surgiu
ao analisar o quadro foi o da escassez da terra sigillata
norte-africana, problema esse que pensamos estar resolvido pois a
datao provvel da construo do circo, que ser da 2. metade do sculo
III d.C., o que ir coincidir com a altura em que se inicia o
abastecimento dos mercados, do mundo romano, atravs de uma grande
oferta, a preos reduzidos, de cermica de mesa e de cozinha,
resultando desta poltica de cariz econmico a universalidade dos
produtos com origem na Africa Proconsularis (segundo os autores de
Atlante, entre meados do sculo II d.C. e os meados do III que a
terra sigillata africana Clara A tem o seu ponto mais elevado
enquanto que a sigillata clara C ...ad essere realmente universale,
nel senso che essa domina,..., dalla met del III alla met del V; e,
por sua vez, a D situase entre os meados do IV e os meados do V).;
outro, diz respeito s produes itlicas problema
250
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
que achamos ter como resposta um comrcio menos intenso de
Olisipo em relao a outros centros da Lusitnia sitos no actual
territrio portugus, nos incios da Era, o que leva quase inexistncia
de fragmentos, no entanto, a existncia de factores aleatrios
poderiam dar outras respostas a este problema. Por fim, as altas
percentagens que encontrmos, como j referimos, para as duas produes
que dominam o panorama do quadro, justificam-se plenamente, na
medida em que o comrcio de importao de cermicas em terra sigillata
provenientes da Glia teria obrigatoriamente que passar, a partir da
segunda metade do sculo I d.C, por um porto da costa atlntica
Lisboa, momento em que a cidade se substitui aos entrepostos que at
a detinham, desde a Idade do Ferro, o monoplio das trocas. Por sua
vez, as produes com origem na Btica e na Tarraconense seguiriam as
rotas normais, mas transportadas como carga secundria.
3.2 Anlise de pastas e vernizes 3.2.1 Pastas
4 3% 12 9%
12 9%
109 79%
2.5 YR 5 YR 7.5 YR 10 R
Quadro 4 Pasta: repartio das cores por unidades e
percentagens.
Tornou-se necessrio fazer uma anlise das pastas, com o objectivo
de tentar sintetizar as cores predominantes referentes ao conjunto
das peas estudadas. Com esse propsito elaborouse um grfico em que
se relacionou o total dos fragmentos com as quatro cores dominantes
nas pastas. A interpretao dos dados revelou ser a cor vermelha
(2.5YR de Munsell) com tons alaranjados a que se destaca, atingindo
uma percentagem superior a 3/4 do total da coleco. Apurmos tambm
ser esta a cor comum a todos os tipos de produo estudados. Os
vermelhos mais escuros (10R) e claros (5YR) vm em seguida, no
representando, agregados, mais do que 18%, estando ausentes desta
ltima cor pastas tipicamente norte-africanas. A restante
percentagem atribuda ao laranja-avermelhado (7.5 YR), onde, mais
uma vez, se verifica a ausncia de fragmentos de terra sigillata
africana clara. A fim de no tornarmos demasiado esquemtica esta
anlise, optmos por no apresentar os vrios cromas que nos levariam
criao de subgrupos que consideramos serem de pouco interesse. No
entanto, no pudemos deixar de ter em linha de conta as
caractersticas fsicas das pastas. Para tal, construmos 6 grupos
(designados por um conjunto alfa-numrico que serviu
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
251
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
para definir subgrupos) nos quais considermos as pastas quanto
sua homogeneidade, grau de compacidade, dureza, porosidade e quanto
forma da fractura:
A. compacta, com caulinites, dura a muito dura, porosa, de
fractura rectilnea A1 : idem, de grau de porosidade inferior A2 :
idem, pouco dura; B. no compacta, com caulinites, branda e pouco
porosa, de fractura rectilnea; C. esponjosa, com e.n.p. (micas,
quartzos), dura a muito dura, porosa, de fractura irregular; D.
compacta, homognea, branda a dura, porosa, de fractura vtrea; E.
esponjosa, com caulinites, branda, porosa, com fractura irregular.
E1 : idem, com vacolos, branda/dura; F. compacta, homognea, dura,
porosa, fractura rectilnea. F1 : idem, com fissuras e pouco dura.
F2 : idem, fractura a tender para o irregular.
3.2.2 Glanztonfilm/verniz Efectumos o mesmo tipo de anlise sobre
a pelcula que cobre as peas, de modo a poderse tirar concluses
sobre duas outras vertentes: a cor e as caractersticas fsicas do
glanztonfilm/verniz, o que deu lugar constituio de vrios
agrupamentos. Para analisarmos as cores da pelcula que cobre os
nossos fragmentos, elabormos um quadro em que determinmos o nmero
de unidades e as respectivas percentagens, inseridas, por seu turno
em trs grandes grupos (10 R, 2.5 YR e de cor indeterminada devido
ao seu alto grau de eroso). Desta maneira, verifica-se que mais de
metade da coleco apresenta uma tonalidade vermelha que se enquadra
perfeitamente nos vrios cromas definidos por Munsell e pertencentes
cor 10R. As restantes unidades possuem glanztonfilm/verniz de tons
mais alaranjados, exclundo 13 delas que, pelas razes que
apresentmos no pargrafo anterior, no nos foi possvel atribuir-lhes
qualquer cor dentro destes parmetros.
44 32%
13 9%
81 59%
10R 2.5 YR Indet.
Quadro 4 Pasta: repartio das cores por unidades e
percentagens.
252
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
Quanto s caractersticas fsicas, considermos como factores
predominantes a homogeneidade, a espessura e o brilho. Assim, os
fragmentos da coleco foram divididos em dois grupos principais,
tendo como factor individualizador a apresentao, ou no, de
homogeneidade. Com base nas demais caractersticas definimos, por
sua vez, subgrupos.
1. homogneo, espesso e brilhante. 1.1 : idem, pouco brilhante.
1.2 : idem, muito pouco brilhante. 2. pouco homogneo, fino e pouco
brilhante. 2.1 : idem, espesso. 2.2 : idem, brilhante.
3.2 As peas do Catlogo No que respeita aos fragmentos que
escolhemos para constituir o Catlogo, comemos por elaborar um
quadro sobre a representatividade que cada produo possui,
considerados que foram fragmentos decorados e lisos, num total de
44 unidades.Totais de fragmentos em T. S. e suas percentagensOrigem
TSTI TSGR TSH TSHt. TSAf. Indeterminados Total N. de peas 1 26 14 1
1 1 44 % 2,3 59,0 31,8 2,3 2,3 2,3 100,0
Pudemos verificar que so as importaes galo-romanas aquelas que
apresentam uma maioria esmagadora em relao s itlicas, hispnicas e
africanas. de notar a presena de um bordo de origem tardo-itlica
peas que normalmente no so referenciadas nas estaes com diacronias
que abrangem o perodo que decorre desde a segunda metade do sculo I
d.C. at meados do segundo quartel da centria seguinte. Apenas um
fragmento no nos foi possvel identificar (n 44 do catlogo, inv.
MLR/97/99). A pea apresenta uma forma que foi pertena dos
reportrios quer de oleiros glicos e/ou hispnicos, enquanto que a
sua pasta tambm algo ambgua. Embora esta estao arqueolgica oferea
dificuldades quando se pretende fazer anlises comparativas, visto,
como dissemos anteriormente, possuirmos apenas materiais de
revolvimento excluindo o caso do fragmento com o n. de inv.
MLR/97/121 (n. 13 do Catlogo) , de todo o interesse podermos
extrair informaes que possam ajudar a atribuir cronologias ao circo
romano de Olisipo que ter, consequentemente, um terminus ante quem.
Achmos necessrio fazer uma abordagem quanto s peas decoradas,
dissociando-as do total geral do Catlogo, tendo-se verificado,
assim, que representam apenas 15,9%, ou seja, 7 unidades.
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
253
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Totais de fragmentos em T. S. e suas percentagensOrigem TSGR TSH
Total N. de peas 5 2 7 % 71,4 28,6 100,0
Para determinarmos a origem dos fragmentos decorados elabormos o
Quadro N. 7 que nos indica ser a produo rutena a que constitui, no
que diz respeito ao nosso estudo, a fonte principal de
abastecimento deste tipo de cermica fina pois a representao
hispnica apresenta-se, apenas, com uma mera expresso pontual. Os
elementos decorativos aplicados nos fragmentos que classificmos
como sud-glicos provm de punes apresentados por Hermet (1934),
referentes a La Graufesenque os quais nos serviram de paralelo. Ao
fazermos o seu estudo individual, verificmos serem os motivos com
arranjos florais os que esto mais representados, embora nunca
existam, na coleco, repeties. Os rinceaux reflechis/decurrent foram
aplicados no n. 19 do Catlogo, juntamente com vulos e dardos
terminados em estrela, que nos parecem ser idnticos ao n. 19, Pl.35
de Hermet. Encontrmos, ainda, este tipo de puno num fragmento de
Segobriga (Snchez-Lafuente, 1990), apesar de se verificarem punes
semelhantes em outras estaes arqueolgicas. Quanto ao n. 20, podemos
observar metade de um Flabellum tipo H.18 (optmos por indicar desta
forma o paralelismo dos punes, a fim de facilitar a exposio. O H
corresponder a Hermet, e o nmero ser o da referncia de cada puno
dentro do mesmo tipo), PL. 68, e os quartos traseiros de um animal
que nos parece ser um candeo ou felino, ambos aplicados entre o
espao definido por duas cordas horizontais e paralelas. Para
Hermet, estes punes so normalmente aplicados em taas de forma
hemisfrica e raramente em taas carenadas. Na bibliografia
consultada, apenas em Argentorate (Estrasburgo), num exemplar do
Museu de Guidhall (Knorr, 1952, Tafel 16 e Tafel 25), em Belo
(Bourgeois e Mayet, 1991, n.os 270 e 272) e em Tria de Setbal
(indito) conseguimos arranjar paralelos. O pequeno fragmento que
constitui a pea n. 21 tem a decor-lo uma barra horizontal do tipo
grinalda bifoliada (H. 58, com paralelos em Conmbriga, TSSG, n.os
76 e 91, de poca flvia, Belo (Bourgeois e Mayet, 1991, n.os 2601,
2666) Segobriga (Snchez-Lafuente, 1990, 22.43, 30.97, 32.112,
32.114), Rottweil (Knorr, 1912, Tafel XVIII e Tafel XXII), Museu
Britnico e em um fragmento indito de Tria, para alm de uma possvel
ponta final de um puno de tipo sautoir colocado superiormente a
ela. Os dois restantes exemplares levantaram-nos problemas na
medida em que o primeiro (n. 22) se encontra em mau estado de
conservao, apresentando, por sua vez, um puno de difcil leitura;
mostra uma figura humana para a qual pensamos ter encontrado
paralelos em dois fragmentos de Belo (n.os 2594 e 2676), que
Bourgeois interpreta como figuras de lutador. Tambm considermos a
possibilidade de ser a representao de um Amor possivelmente idntico
aos punes de Oswald n.os 428A e 445 (Oswald, 1936-1937). O segundo
(n. 23), que nos parece pertencer a um vaso de forma cilndrica,
apresenta, num espao imediatamente superior a uma corda, os ps, em
posio de ngulo recto (com o p direito voltado para a direita e o
esquerdo para a frente), de uma figura que dever ser feminina, dado
que esta se encontra vestida com tnica comprida em god ou plissada.
Depois de consultados vrios autores, optmos por admitir a hiptese
de se tratar de Minerva, na verso do puno de Oswald n. 130 (esplio
de Margidunum num vaso hemisfrico de forma Drag. 37, do perodo
trajnico) ou Hermet Pl.18, 9 e 10 (em vasos cilndricos de forma
Drag. 30, Pl. 75, 1 e 5). Para alm destes que referimos, Bourgeois
apresenta, no seu catlogo, para Belo, trs fragmentos (n.os 2380,
2382 e 2383), a que foram aplicados punes representando figuras
femininas idnticas do Rossio, embora os dois ps das figuras de Belo
se encontrem voltados para a direita. Por seu lado, e para o mesmo
arqueosstio, a figura de Minerva est representada no
254
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
fragmento com o n. 2435, de forma incompleta, visto o mesmo
encontrar-se partido pela zona da bainha da tnica, motivo que nos
leva a no pod-lo indicar como paralelo. No entanto, pensamos poder
igualmente, identific-la com outra figura da mitologia
greco-romana, trata-se de Higia (, Hygieia) deusa da Sade, a qual
foi assimilada por Roma, nos incios do sculo. III a.C., onde foi
tambm conhecida como Valetudo. representada como a figura de uma
jovem que veste tnica longa, cabelos penteados ao alto, trazendo na
mo um oinochoe, ou uma stula, ou uma caixa (confundindo-se neste
caso com Iaso ou com Panaceia), quase sempre acompanhada por
Esculpio (= Asclpios), tendo, como este, sempre por perto a
serpente, smbolo da Prudncia. O puno de Oswald com o n. 909A,
apresenta o mesmo tipo de tnica e a mesma posio dos ps. Os dois
exemplares hispnicos decorados que fazem parte do catlogo
ofereceram-nos graus de dificuldade bem diferentes. O que tem o n.
41 est decorado com crculos concntricos (trs), decorao bastante
vulgar, ou mesmo tpica, dos oleiros hispnicos. No foi difcil
encontrar exemplos em trabalhos de investigao efectuados, quer em
Portugal, quer referentes a outras estaes do mundo romano fora da
Lusitnia. A mero ttulo informativo, podemos indicar os stios de:
Conimbriga, Olisipo (Largo de Santo Antnio da S), Mirbriga, Tria,
Belo, Carteia, Numncia,...Quanto ao fragmento com o n. 42,
levantaram-se muitas dvidas, visto o motivo apresentado nos parecer
pertencer ao repertrio dos oleiros galo-romanos. Optmos, no
entanto, por classific-lo como de origem ibrica, atendendo s
caractersticas fsicas da pasta e do glanztonfilm/verniz. Achmos
poder apontar como possvel paralelo desta composio um conjunto
formado por dois crculos concntricos denteados, decorados no seu
interior, separados por um puno que parece ter como tema um motivo
floral e com um friso de prolas (?) que os limita superiormente um
exemplar do Museu de Soria, (n. 9529, composio aplicada num vaso
carenado Drag. 29) publicado por Franoise Mayet (Mayet, 1984 - Pl.
LXXXIX, 346), embora nos merea algumas reservas. Baseiamse estas no
facto de o fragmento soriano no apresentar a fieira de prolas e ser
um bordo, o que, com relutncia, poderamos considerar como paralelo
para a forma do fragmento de Olisipo. Abaixo apresentamos um estudo
que achamos ser importante e no qual tentmos extrair algumas
concluses sobre as peas, o que constituiu para ns, mais um motivo
de interesse do Catlogo. O Quadro n. 8 d-nos uma viso das formas
que foram exumadas e passveis de desenho, durante a interveno
arqueolgica efectuada no Rossio.Formas de T.S. segundo a origem de
fabrico.Origem Drag. 4/22 TSTI TSGR TSH TSHt TSAf TSGR/TSH Totais 1
5 1 4 3 3 2 3 1 1 1 1 2 3 1 3 1 3 3 1 1 2 1 1 1 19 1 1 Drag. Drag.
Drag. 15/17 18/Rit 2 18/31 Drag. 24/25 Formas Drag. Drag. 27 29/37
Totais Drag 37 Drag. 30 Rit. 8 Consp. 20.4 1 10 7 Ind 1 26 14 1 1 1
44
Dos 44 fragmentos, perto de metade destes (19), so de difcil
atribuio, porque no nos permitiram defini-los como pratos ou taas
com absoluta certeza. No que diz respeito aos pratos (11 unidades),
so os clssicos Drag. 15/17 e Drag. 18/31 os que se apresentam com
mais preponderncia, demonstrando as caractersticas cronolgicas
referen-
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
255
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
tes aos entulhos que serviram para os enchimentos sobre os quais
assentou a arena. O mesmo tipo de raciocnio deve aplicar-se s taas
que constituem, a seguir ao conjunto das formas indeterminadas, o
grupo com mais elementos. Mais uma vez so as formas Drag. 24/25 e
Drag. 27 que se salientam com 6 unidades. Quanto a estas, de realar
a ausncia de produtos originrios da Hispnia, o que nos leva a
pensar existir, no restante da coleco, fragmentos que no pudemos
identificar quanto forma, mas que, na realidade, devem pertencer a
este tipo de taas to populares na produo ibrica. Atendendo s suas
caractersticas morfolgicas, pensamos ser de destacar, em relao a
estes conjuntos, as peas que se encontram referenciadas no Catlogo
com os n.os 6 (inv. MLR/97/119) e 10 (inv. MLR/97/15),
respectivamente. A primeira (n. 6) trata-se de uma pequena taa
cilndrica pode da forma Drag. 4/22, que aparece normalmente em
poucas quantidades em stios arqueolgicos com ocupao romana. Em
Conimbriga apenas trs exemplares foram exumados (Alarco, 1975, Pl.
XII, n.os 117, 118, 119), enquanto que em Belo, este nmero j
ligeiramente mais elevado, mas no ultrapassando os dezoito
elementos, dos quais trs so marmoreados, o que vai atribuir a esta
srie uma cronologia compreendida entre os principados de Cludio e
de Nero. No poderemos considerar como paralelos perfeitos, nenhuma
das peas de Conimbriga, embora o n. 119 apresente um perfil
bastante semelhante, assim como o dimetro do bordo, no possuindo,
no entanto, a ranhura que separa o corpo da base, o que o afasta do
exemplar do circo de Olisipo. A segunda (n. 10), diz respeito a um
prato assimilvel forma Drag. 18, embora o seu bordo esteja munido
de um lbio de perfil bfido pouco habitual em pratos de terra
sigillata de origem gaulesa. No entanto, de salientar as produes
precoces dos ateliers de Lyon La Muette que ao copiarem modelos
aretinos, apresentam pratos do Servio IB de Haltern = a Goudineau
15, de bordos pendentes e pratos de bordo extrovertidos, ambos com
lbios de perfil bfido (Genin e Desbat, 1996, p. 45, Pl. 9, 1-5,
especialmente o n. 1). Pensmos poder tratar-se de uma variante da
forma que indicmos, atendendo ao facto de que at ao momento que
tivemos contacto fsico directo com a pea, nunca nos termos deparado
com qualquer outro exemplar idntico. No entanto, no decorrer da
investigao, que fizemos conseguimos identificar dois paralelos. O
primeiro pertence ao esplio de Hofheim, estudado por Ritterling, e
tem atribudo o nmero de inventrio 09.580. Este investigador
atribuiu-lhe o n. 2, da sua tipologia (Ritt. 2, subtipo A ou B), e
descreve-o (Ritterling, 1913, p. 205, 246) como: Auch der die Lippe
bildende Rundstab wird immer strker und diken, bisweilen zeigt die
Lippe auch bei lteren Stcken auf ihrer oberen Rundung ein Rille, so
z.B. bei einem vollstndigen Teller mit dem Stempel OFIC.SCO (Inv.
09.580) Fomos encontrar o segundo nas necrpoles da cidade de
Amprias (Almagro, 1955, p. 180, 181) na exumao da sepultura de
incinerao Torres 51 foi recolhido um prato de terra sigillata e
identificado da seguinte maneira por Almagro: Plato de sigillata
aretino, forma Ritterling, con una incisin en el centro de su
reborde superior; lleve en su interior un crculo estriado, y en el
centro otro pequeo crculo con la inscripcin SCOTTIOF Se hall
incompleto: de 40 mm de altura por 245 mm de dimetro de boca. Lo
debemos fechar en la poca de Tiberio. A repetio da marca de Scotios
nos dois pratos estes to peculiares demasiadamente convidativa para
no deixarmos de atribuir ao nosso fragmento uma filiao na produo
deste oleiro ruteno, para o qual Oswald determina uma diacronia do
perodo que vai de Tibrio a Nero
256
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
(Oswald, 1931, p. 285) e que se enquadra, em parte, com a
cronologia atribuda por Almagro para o prato Torres 51. Como nota
final, no podemos concordar com a atribuio desta marca a um oleiro
itlico, na medida em que SCOTTIVS no consta da lista elaborada por
Ox e Comfort (1968), mas sim, como j dissemos, da listagem dos
oleiros galo-romanos de Oswald.
3.3. Oleiros Da coleco em estudo faz parte um conjunto de quatro
marcas de oleiro, que constituem um grupo homogneo, no respeitante
sua origem, pois os fragmentos onde esto aplicadas foram
classificados como oriundos da Glia La Graufesenque embora uma
dessas marcas esteja de tal forma incompleta que a no pudemos ler.
No deixmos, porm, de classific-la como um produto sud-glico,
atendendo s caractersticas do fragmento/base em que se encontra
aposta. Estas marcas detm no nosso Catlogo com os n.os 24, 25, 26 e
27. A primeira delas (n. 24), apresenta-se completa e est inscrita
numa cartela rectangular, com os lados menores arredondados,
delimitada por dois crculos concntricos, onde se l o nome do oleiro
Crestus na sua forma OF CRESTI. Este oleiro laborou na Glia do Sul
(La Graufesenque) durante o perodo compreendido entre os
principados de Cludio e de Vespasiano, tendo tido uma actividade
muito profcua. A sua produo parece no ter sido diferenciada, pois
fabricou pratos (Drag. 15 e Drag. 18) e taas (Drag. 24/25, Drag. 27
e Ritt. 8) em terra sigillata lisa, no descurando, todavia, a
produo de vasos decorados das formas Drag. 29 e 31. Em um trabalho
recente sobre marcas de terra sigillata galo-romana decorada, da
autoria de Mees (1990), este autor apresenta, tambm, exemplos de
taas decoradas por MODESTVS associadas a punes colocados no fundo
interior por CRESTVS, o que parece demonstrar uma ligao de tipo
produtivo entre estes dois oleiros. A difuso das suas marcas, que
podem apresentar vrios ductus (Oswald, 1931, p. 95, 96, 378),
vasta, e podemos encontr-las em arqueosstios com diacronias que vo
desde os meados do sculo I d.C. ao ano 79. A mero tipo de exemplo
podemos indicar: as regies do limes renano (Alemanha Aisklingen,
Hofheim, Neuss, Rheinzarben, Ristissen, Rottweil, Wiesbaden;
Holanda - Lugdunum; Sua - Augst); Inglaterra (Carlisle, Corbridge,
Silchester, Wroxeter); Espanha (Belo (?), Ibiza, Lleida, Mrida,
Segbriga, Tarragona, Valeria); Frana (La Graufesenque, Glanum);
Arglia; e Marrocos. Para a difuso destas marcas em Portugal,
seguimos de perto o artigo de Seomara da Veiga Ferreira (1969) que,
embora tenha sido publicado nos finais da passada dcada de 60,
consideramos uma obra de sntese sobre este tema, apesar de no
pudermos esquecer os trabalhos de Bairro Oleiro e Dias Diogo.
Assim, os locais que apresentam peas em terra sigillata com a marca
deste oleiro so: Azinhal, Briteiros, Castro de Fies, Vipasca, Balsa
(Nolen, 1994), Lisboa cemitrio romano da Praa da Figueira (Pereira,
2001) e Represas (Lopes, 1994, p. 40-42). A segunda marca (n. 25)
que encontrmos, no est completa, pois apresenta-se fracturada na
parte final. Tem, como a primeira, a forma de rectngulo, com os
cantos menores arredondados e inserta em dois crculos concntricos
de dimetros inferiores ao seu comprimento. Pertence ao oleiro
ruteno Pontus ou Pontius, sendo a leitura PONT feita com a barra
superior do T ligada ao N. Este oleiro deve ter comeado a sua
actividade nos finais do principado de Nero, alongandoa pelo perodo
seguinte, ou seja, o que vai de Vespasiano a Trajano. A sua produo,
individualizada, continuou virada para os tipos de pratos e taas
que se vendiam, altura, no mercado constitudo pelo universo do
Imprio Romano Drag. 15, 15/17, 16, 18, 24/25 (com exemplares
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
257
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
marmoreados), 27, 29, 31, 33 e Ritterling 8 motivo que nos leva
a encontrar fragmentos ou peas com os seus punes quer no limes do
Reno (Alemanha - Bona, Colnia, Mainz, Neuss, Vechten, Wiesbaden;
Sua - Konstanz, Vindonissa), quer na Britnia (Chester, Corbridge,
Leicester, Wroxeter, York), na Glia (Glanum, La Graufesenque,
Narbonne, Paris, Reims), na Hispnia (Amprias, Belo, Mrida,
Tarraco), quer ainda, na Arglia (Cherchel). Tal como verificmos
para Crestos, a marca de Pontos aparece-nos associada, por vezes
(em taas carenadas decoradas), a outros punes, como sejam os casos
dos exemplares da forma Drag. 29 de Aveyron e de Verulamium,
referidas por Mees. Nestas peas, os oleiros que fizeram a decorao,
no deixaram nenhuma marca perceptvel, facto que levou este autor a
classific-los como annimos. Por sua vez, Oswald apresenta uma
associao de Pontos com Crestos (Oswald, 1931, p. 243), o que no
deixa de ser curioso se atendermos existncia de ambos no nosso
esplio. No actual territrio portugus, para alm desta marca,
conhecemos apenas dois punes diferentes deste oleiro exumadas nas
estaes arqueolgicas da Lobeira Grande [(OF PONT) (com o N
retrgrado)], para a qual Seomara da V. Ferreira apresenta dvidas
quanto origem da sua produo, e Represas. A terceira marca (n. 26)
encontra-se partida obliquamente em relao base. Est inscrita numa
cartela de tipo rectangular com os lados menores arredondados e
delimitada por dois crculos que se tocam na ponta final do
cognomen. Reconstituiu-se o nome do oleiro Secundus na sua forma
SECVNDI. Trata-se de um dos oleiros mais conhecidos de todo o mundo
romano, o qual produziu pratos e taas que satisfizeram a procura da
poca, tanto nas variantes lisas como nas decoradas. Mees no
encontrou nenhuma pea em que se notasse a combinao das marcas deste
oleiro com as de qualquer outro de La Graufesenque. Quanto laborao,
o seu perodo de actividade estende-se entre Cludio e Nero. De modo
genrico podemos afirmar ser a difuso das suas diversas marcas
atestada em todas as provncias do Imprio, o que nos levou a no
enumerar todas as estaes romanas que possuem no seu esplio, punes
de Secundus. Para Portugal, podemos indicar os seguintes
arqueosstios: Azeitada (Quinteira, 1998, com reservas), Villa
Cardlio, Conmbriga, Egitnia, Lobeira Grande, Milreu, Represas, Tria
(indita) e Vipasca. A quarta marca (n. 27) encontra-se fracturada
de tal modo que no nos oferece a possibilidade de fazermos a sua
leitura. Numa cartela que nos parece ser do tipo rectangular, com
os lados menores arredondados, consegue-se distinguir dois II que
podero pertencer a vrios oleiros.
4. Concluso O estudo da terra sigillata recolhida na escavao
arqueolgica do Rossio revela-se precioso para a definio das
cronologias do circo. Diversos indicadores conduziram-nos convico
de que este edifcio no seria uma construo alto-imperial, mas sim
uma realizao com uma diacronia posterior ao sculo II d.C., se
atendermos que s conhecemos circos com euripus a partir das
alteraes de Trajano efectuadas no Circus Maximus (informao que se
pode extrair de um numisma cunhado no principado deste imperador).
Assentava em terrenos ocupados ou adjacentes necrpole da Praa da
Figueira que ter funcionado entre o sculo I d.C. e o III. A
desactivao desta ter permitido uma nova ocupao da zona com uma
funcionalidade completamente diferente. Esta situao no nica no
Imprio, sendo conhecidos diversos circos juntos a necrpoles, como
sejam os casos de Arles e de Sousse (Humphrey, 1986, p. 317 para
Sousse e p. 391 para Arles), entre outros. Estes necessitavam de
uma extensa rea, de preferncia plana, com fceis acessos (Pereira,
2001, p. 41) e no muito longe
258
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
da cidade. Tendo em considerao a topografia de Olisipo, a actual
Praa D. Pedro IV seria a soluo mais fcil e bvia. Saliente-se ainda,
que o euripus consumia, para encher as suas bacias, uma quantidade
considervel de gua, s dispensvel se a cidade dispusesse de um
abastecimento seguro e constante. O aqueduto era, naturalmente, a
opo mais indicada. De acordo com D. Fernando de Almeida, apenas ter
sido construdo no sculo III d. C. (Almeida, 1969). Dois nicos
fragmentos de cermica fina foram recolhidos dentro das estruturas:
um, de pequenas dimenses recolhido aquando da desmontagem da
barreira, de difcil classificao, se atendermos s caractersticas da
pasta, em terra sigillata galo-romana ou hispnica (MRS/95/102), que
se encontrava no interior do enrocamento e onde repousava o fundo
da bacia do euripus, ao qual no foi possvel atribuir uma cronologia
mais precisa (dos Flvios a meados do sculo II d.C.); o outro,
retirado das argamassas da estrutura C (MLR/97/121) que, como j
referimos, se encontrava sob a cota da arena. Este exemplar,
apresenta uma cronologia que se estende entre os finais do sculo I
d.C. e os meados do II, o que nos aponta para uma datao mais baixa
para a construo do circo. Este dado reforado pelo restante esplio
exumado durante a escavao do tnel, de onde provm a maioria das peas
estudadas, como sejam os fragmentos de terra sigillata de origem
norte-africana. Assim, a camada imediatamente sob a arena e
encostada aos alicerces da estrutura permitiu a recolha de
materiais cuja cronologia avana at ao sculo IV d.C. Consiste camada
de remeximento, constituda, possivelmente, com materiais
provenientes da destruio da necrpole sculo II/III d.C. (Heleno,
1965; Moita, 1968) e da prpria construo do edifcio. Uma vez que a
barreira aparenta ser uma construo de raiz, assentando nas argilas
base e sem vestgios de construo anterior, a hiptese da sua edificao
aps o desactivar da necrpole torna-se bastante plausvel, reforada
ainda pelos materiais aqui estudados. Face a este estudo, ressalta
a indicao de que o circo ter sido construdo a partir da segunda
metade do sculo III d.C., ou mesmo nos incios do IV. Apesar de ser
um perodo tradicionalmente pouco propcio s grandes obras pblicas,
no podemos deixar de lembrar que o circo de Mrida foi completamente
restaurado nesta poca, quando lhe foi construdo entre os anos de
337 e 340, o euripus (Humphrey, 1986, p. 362). Foi igualmente nesta
altura que a criao de cavalos para espectculos de circo ter
atingido o apogeu na Lusitnia (Vale e Santos, no prelo). Exclui-se
a probabilidade de este monumento estar associado a um palcio, como
sucede no sculo IV d.C. em diversos circos um pouco por todo o
Imprio, atendendo ao facto de Olisipo no ter sido uma cidade
imperial. Trs outros dados conclusivos podem ser igualmente
adiantados, face anlise em apreo:
No temos qualquer informao em relao data do seu abandono. As
camadas que o sobrepem so de remeximento, no tendo qualquer
coerncia ao nvel dos materiais recolhidos. A utilizao ldica do
circo ter decado com o decrscimo das corridas, quer na Lusitnia,
quer no restante Imprio, o que provocou o declnio da exportao de
cavalos e o interesse por este espectculo, nos anos que se seguiram
queda do Imprio Romano do Ocidente (476 d.C.).
Agradecimentos s Dr.as Lusa Ferrer Dias, Catarina Viegas e
Alexandra Gaspar, pelas sugestes dadas a propsito da pea de Terra
Sigillata sudglica da forma Ritt. 2; ao Dr. lvio Melim de Sousa e
ao Eng. Pereira do Vale pelo trabalho de reviso.
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
259
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Catlogo 1 Terra sigillata tardo-itlica Forma Consp. 20.4
fragmento de bordo de prato. Pasta grupo D; cor 2.5YR
Glanztonfilm/verniz grupo 1; cor 2.5YR Dimetros indeterminado
Cronologia primeiro quartel - terceiro quartel do sculo I d.C. N.
de inventrio MLR/97/14 2 Terra sigillata galo-romana Forma Drag.
24/25 fragmento de bordo de taa. Pasta grupo A; cor 2.5YR
Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R Dimetros indeterminado
Cronologia Flvios N. de inventrio MLR/97/24 3 Terra sigillata
galo-romana Forma Drag. 24/25 - fragmento de bordo de taa. Pasta
grupo A; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R Dimetros
indeterminado Cronologia Flvios N. de inventrio MLR/97/27 4 Terra
sigillata galo-romana Forma Drag. 24/25 - fragmento de fundo de
taa. Pasta grupo A; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor
10R Dimetros 38 mm (base) Cronologia 80-130 d.C. N. de inventrio
MLR/97/113 5 Terra sigillata galo-romana Forma Drag. 27 (?) -
fragmento de bordo de taa. Pasta grupo A; cor 2.5YR
Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R Dimetros 70 mm (bordo)
Cronologia Flvios N. de inventrio MLR/97/29
260
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
6 Terra sigillata galo-romana Forma Drag. 4/22 - fragmento com
perfil completo de taa pode, cilndrica. Pasta grupo F; cor 2.5YR
Glanztonfilm/verniz grupo 1; cor 10R Dimetros 104 mm (bordo) e 98
mm (base) Cronologia 41-68 d.C. N. de inventrio MLR/97/119
1 2
3
4
5
6
0
5
Estampa I
1 TSI tardia Consp. 20.4; 2-5 TSGR Drag. 24/25; 6 TSGR Drag.
4/22.
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
261
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
7
8
9
0
5
10
0
5
Estampa II 7 TSGR Ritt 8; 8-9 TSGR Drag. 15/17; 10 TSGR Drag.
18.
7 Terra sigillata galo-romana Forma Ritt. 8 - fragmento de taa
com bordo e pana (perfil quase completo, faltando-lhe apenas a
base). Pasta grupo A; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 2; cor
2.5YR Dimetros 72 mm (bordo) Cronologia Hofheim (1. ocupao,
claudiana) N. de inventrio MLR/97/120
262
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
8 Terra sigillata galo-romana Forma Drag. 15/17 - fragmento de
prato a que lhe falta a base. Pasta grupo A; cor 2.5YR
Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R Dimetros 182 mm (bordo)
Cronologia Cludio a finais dos Flvios N. de inventrio MLR/97/64 9
Terra sigillata galo-romana Forma Drag. 15/17 - pequeno fragmento
de bordo de prato. Pasta grupo F; cor 10R Glanztonfilm/verniz grupo
1.1; cor 10R Dimetros indeterminado Cronologia 64-130 d.C. N. de
inventrio MLR/97/98 10 Terra sigillata galo-romana Forma Drag. 18/
Ritt. 2 fragmento de bordo de perfil biselado de grande prato.
Pasta grupo A1; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1; cor 2.5YR
Dimetros 350 mm, aproximadamente (bordo) Cronologia Hofheim (1.
ocupao, claudiana); Amprias (Tibrio a Cludio) N. de inventrio
MLR/97/15 11 Terra sigillata galo-romana Forma Drag. 18/31 -
fragmento de bordo de prato. Pasta grupo E1; cor 2.5YR
Glanztonfilm/verniz grupo 2; cor 10R Dimetros 173 mm (bordo)
Cronologia Cludio N. de inventrio MLR/97/73 12 Terra sigillata
galo-romana Forma Drag. 18/31 - fragmento de bordo de prato. Pasta
grupo A; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1.2; cor 10R Dimetros
182 mm (bordo) Cronologia Domiciano a Trajano N. de inventrio
MLR/97/70
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
263
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
11
12
15
0
5
14
13
016
5
Estampa III 11-13 TSGR Drag. 18/31; 15/16 TSGR formas
indeterminadas.
13 Terra sigillata galo-romana Forma Drag. 18/31 - pequeno
fragmento de bordo de prato. Pasta grupo A; cor 2.5YR
Glanztonfilm/verniz grupo 2.2; cor 10R Dimetros indeterminado
Cronologia Domiciano a Trajano N. de inventrio MLR/97/121
264
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
14 Terra sigillata galo-romana Forma Indeterminada - pequeno
fragmento de bordo. Pasta grupo F1; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz
grupo 1.1; cor 10R Dimetros 91 mm (bordo) Cronologia Cludio ao
primeiro quartel do sculo II d.C. N. de inventrio MLR/97/68 15
Terra sigillata galo-romana Forma indeterminada - pequeno fragmento
de bordo. Pasta grupo E1; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 2;
cor 10R Dimetros 177 mm (bordo) Cronologia Cludio ao primeiro
quartel do sculo II d.C. N. de inventrio MLR/97/69 16 Terra
sigillata galo-romana Forma indeterminada (Drag 18/31,
possivelmente) fragmento de bordo e inflexo da parede inferior de
possvel prato. Pasta grupo A2; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo
2.2; cor 2.5YR Dimetros indeterminado Cronologia Flvios ao primeiro
quartel do sculo II d.C. N. de inventrio MLR/97/6 17 Terra
sigillata galo-romana Forma indeterminada (Drag. 15/17,
possivelmente) fragmento de p de possvel prato. Pasta grupo A; cor
2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R Dimetros indeterminado
Cronologia Tibrio/Cludio ao primeiro tero do sculo II d.C. N. de
inventrio MLR/97/2 18 Terra sigillata galo-romana Forma
indeterminada (Drag. 15/17, possivelmente) - fragmento de base com
p de prato. Pasta grupo A1; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo
1.1; cor 10R Dimetros 119 mm (base) Cronologia segunda metade a
finais do sculo I d.C. N. de inventrio MLR/97/23
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
265
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
19 Terra sigillata galo-romana Forma Drag. 30 - fragmento de
parede de taa de perfil cilndrico. Pasta grupo A; cor 2.5YR
Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R Cronologia Cludio a meados
do sculo II d.C. N. de inventrio MLR/97/71
17
18
1920
21
22
23
0
5
24
Estampa IV 17, 18, 24 TSGR formas indeterminadas; 19-23 TSGR
formas decoradas.
266
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
20 Terra sigillata galo-romana Forma Drag. 37 ou 29 - fragmento
de parede de taa de perfil hemisfrico ou carenado. Pasta grupo A;
cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R Cronologia Cludio
a meados do sculo II d.C. N. de inventrio MLR/97/72 21 Terra
sigillata galo-romana Forma indeterminada pequeno fragmento de
pana. Pasta grupo A; cor 10R Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R
Cronologia Cludio a meados do sculo II d.C. N. de inventrio
MLR/97/48 22 Terra sigillata galo-romana Forma indeterminada (Drag.
29 ou 37, possivelmente) - fragmento de parede de taa. Pasta grupo
A1; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1; cor 10R Cronologia
Cludio a meados do sculo II d.C. N. de inventrio MLR/97/55 23 Terra
sigillata galo-romana Forma indeterminada (Drag. 30, possivelmente)
fragmento de pana de taa de perfil cilndrico. Pasta grupo A; cor
2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1; cor 10R Cronologia Cladio a
meados do sculo II d.C. N. de inventrio MLR/97/114 24 Terra
sigillata galo-romana Forma indeterminada base de taa. Pasta grupo
A2; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 2.2; cor 10R Dimetros 50 mm
(base) Cronologia Cludio a Vespasiano N. de inventrio MLR/97/109
Nota apresenta marca do oleiro CRESTOS
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
267
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
25 Terra sigillata galo-romana Forma indeterminada (Drag. 27,
provavelmente) - fragmento de base de taa. Pasta grupo A1; cor
2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R Dimetros 36 mm (base)
Cronologia de finais de Nero a Trajano N. de inventrio MLR/97/11
Nota apresenta marca do oleiro PONTIUS 26 Terra sigillata
galo-romana Forma indeterminada (Drag. 24/25 ou 27, provavelmente)
- base de taa. Pasta grupo A; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo
2; cor 10R Dimetros 55 mm (base) Cronologia Cludio a Vespasiano N.
de inventrio MLR/97/78 Nota apresenta marca do oleiro SECUNDOS 27
Terra sigillata galo-romana Forma indeterminada (Drag. 27,
provavelmente) - fragmento de base de taa. Pasta grupo F1; cor
2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R Dimetros 54 mm (base)
Cronologia Cludio aos Flvios N. de inventrio MLR/97/103 Nota
apresenta marca de oleiro ilegvel 28 Terra sigillata hispnica
(Tricio) Forma Drag. 15/17 - fragmento de bordo e inflexo de prato.
Pasta grupo A2; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1.2; cor 10R
Dimetros 164 mm (bordo) Cronologia Cludio a meados do sculo II d.C.
N. de inventrio MLR/97/65 29 Terra sigillata hispnica (Tricio)
Forma Drag. 15/17 - fragmento do bordo e da parede inferior de
prato. Pasta grupo A; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1; cor
10R Dimetros 176 mm (bordo) Cronologia Domiciano a meados do sculo
II d.C. N. de inventrio MLR/97/1
268
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
25
26
27
28
29
0
5
Estampa V 25-27 TSGR formas indeterminadas; 28, 29 TSH Drag.
15/17.
30 Terra sigillata hispnica (Tricio) Forma Drag. 15/17 - pequeno
fragmento de bordo. Pasta grupo E1; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz
grupo 1.1; cor 10R Dimetros indeterminado Cronologia Domiciano a
meados do sculo II d.C. N. de inventrio MLR/97/50
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
269
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
31 Terra sigillata hispnica (Tricio) Forma Drag. 18/31
(provavelmente) pequeno fragmento de bordo. Pasta grupo E1; cor
2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1; cor 10R Dimetros 117 mm (bordo)
Cronologia meados do sculo I d.C. a finais do II N. de inventrio
MLR/97/122 32 Terra sigillata hispnica (Andjar) Forma Drag. 37 (?)
pequeno fragmento de bordo de possvel taa hemisfrica. Pasta grupo
E; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1; cor 10R Dimetros
indeterminado Cronologia finais sculo I d.C. N. de inventrio
MLR/97/83 33 Terra sigillata hispnica-tardia (Tricio) Forma Drag.
37t pequeno fragmento de bordo de taa hemisfrica. Pasta grupo E2;
cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 2; cor 2.5YR Dimetros 141 mm
(bordo) Cronologia sculo III d.C. N. de inventrio MLR/97/67 34
Terra sigillata hispnica Forma indeterminada (Drag. 15/17,
possivelmente) base de prato. Pasta grupo A2; cor 5YR
Glanztonfilm/verniz grupo 2.1; cor 2.5YR Dimetros 95 mm (base)
Cronologia meados a finais do sculo I d.C. N. de inventrio
MLR/97/74 35 Terra sigillata hispnica Forma indeterminada (Drag.
15/17 ou 18/31, possivelmente) fragmento de base de prato. Pasta
grupo E1; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R Dimetros
87 mm (base) Cronologia meados a finais do sculo I d.C. N. de
inventrio MLR/97/44
270
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
30
31
32
33
34
0
5
Estampa VI 30 TSH Drag. 15/17; 31 TSH Drag. 18/31; 32 TSH Drag.
37; 33 TSHt Drag. 37t; 34 TSH forma
indeterminada.
36 Terra sigillata hispnica (Andjar) Forma indeterminada -
fragmento de base de prato. Pasta grupo E; cor 7.5YR
Glanztonfilm/verniz grupo 2; cor 10R Dimetros 72 mm (base)
Cronologia meados a finais do sculo I d.C. N. de inventrio
MLR/97/19
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
271
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
35
37 36
38 40 39
42 41
43
44
0
5
Estampa VII 35-40 TSH formas indeterminadas; 41 TSH Drag. 29/37
decorada; 42 TSH Drag. 37 decorada; 43 TSA
clara A indeterminada; 44 TSGR/TSH forma indeterminada.
272
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
37 Terra sigillata hispnica (Andjar) Forma indeterminada pequeno
fragmento de bordo. Pasta grupo E1; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz
grupo 1; cor 2.5 YR Dimetros indeterminado Cronologia meados a
finais do sculo I d.C. N. de inventrio MLR/97/13 38 Terra sigillata
hispnica Forma indeterminada pequeno fragmento de bordo. Pasta
grupo E1; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R Dimetros
indeterminado Cronologia meados a finais do sculo I d.C. N. de
inventrio MLR/97/38 39 Terra sigillata hispnica Forma indeterminada
(Drag. 18/31, possivelmente) pequeno fragmento de bordo. Pasta
grupo E1; cor 10R Glanztonfilm/verniz grupo 1.1; cor 10R Dimetros
indeterminado Cronologia Flvios a Trajano N. de inventrio MLR/97/51
40 Terra sigillata hispnica (Andjar) Forma indeterminada - pequeno
fragmento de bordo. Pasta grupo E; cor 2.5YR Glanztonfilm/verniz
grupo 1.1; cor 10R Dimetros indeterminado Cronologia meados a
finais do sculo I d.C. N. de inventrio MLR/97/106 41 Terra
sigillata hispnica (Tricio) Forma Drag. 29 ou Drag. 37 pequeno
fragmento de pana de taa carenada ou hemisfrica. Pasta grupo E; cor
2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 1; cor 2.5YR Cronologia meados a
finais do sculo I d.C. N. de inventrio MLR/97/22
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
273
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
42 Terra sigillata hispnica Forma Drag. 37 (possivelmente) -
pequeno fragmento de pana de taa hemisfrica. Pasta grupo E; cor
2.5YR Glanztonfilm/verniz grupo 2; cor 10R Cronologia meados a
finais do sculo I d.C. N. de inventrio MLR/97/96 43 Terra sigillata
Africana (clara A) Forma indeterminada - fragmento de base com
arranque da parede. Pasta grupo C; cor 2.5YR Verniz/engobe grupo 2;
cor 2.5YR Dimetros 70 mm (base) Cronologia segunda metade do sculo
II d.C. ao III N. de inventrio MLR/97/111 44 Terra sigillata
galo-romana ou hispnica (indeterminada) Forma indeterminada
fragmento de base com arranque da parede. Pasta grupo F1; cor 5YR
Glanztonfilm/verniz grupo 1.2; cor 10R Dimetros 65 mm (base)
Cronologia meados do sculo I d.C. a meados do sculo II N. de
inventrio MLR/97/99
A
B
C
D
Estampa VIII Marcas de oleiro: A Crestus; B Pontus ou Pontius; C
Secundus; D leitura indeterminada
274
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
A cronologia do circo de Olisipo:a Terra Sigillata
Eurico Seplveda,Ana Vale,Vitor Sousa,Vitor Santos e Natalina
Guerreiro
BIBLIOGRAFIAALMAGRO, M. (1955) - Necrpolis de Amprias.
Barcelona. II, p. 180-181. ALMEIDA, F. de (1969) - Sobre a Barragem
de Olisipo e o seu aqueduto. Separata de O Archelogo Portugus.
Lisboa. S. 3, 3. BOURGEOIS, A.; MAYET, F. (1991) - Les Sigilles. In
Fouilles de Belo. VI. Paris: E. de Boccard. FERREIRA, S. (1969) -
Marcas de oleiro em territrio portugus. O Arquelogo Portugus.
Lisboa. Srie III, vol. III, p. 131-177. GENIN ; DESBAT, A. [et al.]
(1997) - Les productions de latelier de la Muette. Gallia. Paris.
53, p. 41-212. GOUDINEAU = GOUDINEAU, Chr. (1968) - La Cramique
Aretine Lisse. Paris: E. de Boccard. HELENO, M. (1965) - Estao
lusitano-romana da Praa da Figueira. Ethnos. Lisboa. 4, p. 305-308.
HERMET, F. (1934) - La Garufesenque (Condatomago). Paris: Librairie
Ernest Leroux. HUMPHREY, J. (1986) - Roman Circuses. Arenas for
Chariot Racing. Somerset: University of California Press. KNORR, R.
(1912) - Sdgallisch Terra-sigillata-Gefsse von Rottweil. Stuttgart.
KNORR, R. (1952) - Terra-sigillata-Gefsse des ersten Jahrhunderts
mit Tpfernamen. Stuttgart. LOPES, M. C. (1994) - A Sigillata de
Represas: tratamento informtico. Coimbra: Universidade de Coimbra.
MAYET, F. (1984) - Les Cramiques Sigilles Hispaniques. I/II. Paris:
E. de Boccard. MEES, A. (1990) - Modelsignierte Dekorationen auf
sdgallischer Terra Sigillata. Estugarda: Konrad Theiss Verlag.
MOITA, I. (1968) - Achados da poca Romana no Subsolo de Lisboa.
Revista Municipal. Lisboa. 116-117, p. 33-34. NOLEN, J. (1994) -
Cermicas e Vidros de Torre de Ares. Balsa. Lisboa: I.P.M. OSWALD,
F. (1931) - Index of Potters Stamps on Terra Sigillata. Margidunum:
edio de autor. OSWALD, F. (1936-1937) - Index of figure types on
Terra Sigillata (Samian Ware). Edinburgh: University Press. OX, A.;
COMFORT, H. (1968) - Corpus Vasorum Arretinorum. Bonn: Rudolf
Habelt Verlag. PEREIRA, C. (2001) - A terra sigillata das escavaes
da Praa da Figueira. Campanhas de Irisalva Moita e F. Bandeira
Ferreira. Prova de Avaliao de Licenciatura U.N.L. (policopiada).
QUINTEIRA, A. (1998) - A Estao Arqueolgica da Azeitada (Almeirim).
Conimbriga. Coimbra. 37, p. 151-183. RITTERLING, E. (1913) - Das
frhrmische Lager bei Hofeim im Taunus. Wiesbaden. SNCHEZ-LAFUENTE
PREZ, J. (1990) - Terra Sigillata de Segbriga y ciudades del
entorno: Valeria, Complutum y Ercavica. In Coleccin Tesis
Doctorales, 210/90. Madrid: Universidad Complutense. VALE, A.;
SANTOS, V. (no prelo) - A Barreira do Circo de Olisipo. In Actas do
4. Encontro de Arqueologia Urbana. Amadora.
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 5.nmero
2.2002,p.245-275
275