UNIR FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA PREVENÇÃO TERAPÊUTICA DA OBESIDADE Ji-Paraná 2007
UNIR
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
NÚCLEO DE SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA
PREVENÇÃO TERAPÊUTICA DA OBESIDADE
Ji-Paraná 2007
1
EDI CARLOS DA CRUZ
SUEIDE PEREIRA DOS SANTOS
VALDECIR ALBERTO
A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA
PREVENÇÃO TERAPÊUTICA DA OBESIDADE
Monografia de Graduação apresentada ao Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia (RO), como requisito parcial para obtenção do grau de LICENCIADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA.
Ji-Paraná
2007
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
NÚCLEO DE SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA
PREVENÇÃO TERAPÊUTICA DA OBESIDADE
COMISSÃO EXAMINADORA
Professor. Ms. Luis Gonzaga de O. Gonçalves - Orientador
Ji-Paraná
2007
3
Dedicamos primeiramente a Deus, pela
sua luz divina sobre nós, as nossas
famílias pelo apoio, pela compreensão e
por suportar nossas ausências durante
todo este período. E especialmente aos
nossos pais pelo carinho e nos auxiliaram
até aqui.
4
A Deus onde buscamos força, paciência e
sabedoria para realizar este trabalho.
Aos nossos familiares que nos
estimularam a prosseguir mesmo quando
tudo parecia impossível.
Aos amigos que conquistamos ao longo
desta jornada.
A todos nossos professores e em especial
ao nosso orientador Professor Ms. Luis
Gonzaga de O. Gonçalves
5
RESUMO
A obesidade vem sendo objeto de estudos com muita freqüência atualmente. Frente
a necessidade de realizar um trabalho de pesquisa para conclusão do curso de
Educação Física, suscitou em nós o desejo de fazer uma investigação qualitativa,
tendo como metodologia pesquisa bibliográfica. É preocupante a presença da
obesidade já na infância. Iniciamos o nosso estudo buscando dados que
justificassem a importância de abordar a obesidade em nosso país. Partimos das
definições sobre o que é obesidade, que é o aumento de gordura corporal em
comparação a massa magra e que deve ser tratada como uma enfermidade crônica
que acompanha muitas complicações para a saúde. Buscamos citar as causas e as
conseqüências da obesidade, dando atenção especial a obesidade infantil, tema de
nossa pesquisa e buscando apoio na literatura utilizada para falarmos sobre a
prevenção e o tratamento da Obesidade Infantil, levando em consideração o
desenvolvimento físico da criança para a utilização da atividade física e seus
benefícios nesta etapa de prevenção e tratamento. Outro ponto que consideramos
importante é a inclusão do profissional de Educação Física na melhoria da qualidade
de vida, visando a saúde.
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ABSTRACT
The obesity is being now object of studies with a lot of frequency. Front the need to
accomplish a research work for conclusion of the course of Physical education,
raised in us want him/it of doing a qualitative investigation, tends as methodology
researches bibliographical. It is already preoccupying the presence of the obesity in
the childhood. We began our study looking for data to justify the importance of
approaching the obesity in our country. We left of the definitions on what is obesity,
that is the increase of corporal fat in comparison with thin mass and that it should be
treated as a chronic illness that accompanies a lot of complications for the health. We
looked for to mention the causes and the consequences of the obesity, giving special
attention the infantile obesity, fear of our research and looking for support in the
literature used for us to talk about the prevention and the treatment of the Infantile
Obesity, taking into account the child's physical development for the use of the
physical activity and their benefits in this prevention stage and treatment. Another
point that we considered important it is the professional's of Physical education
inclusion in the improvement of the life quality, seeking the health.
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9
1.1 Contextualização do problema ................................................................................... 9
2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 11
3. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 13
3.1 Geral .............................................................................................................................. 13
3.2 Específicos ................................................................................................................... 13
4. METODOLOGIA ................................................................................................................ 14
5. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 15
5.1 Um país cada vez mais obeso .................................................................................. 15
5.1.1 O que é obesidade? ............................................................................................ 18
5.1.2 As causas da obesidade ..................................................................................... 20
5.1.3 As conseqüências da obesidade ....................................................................... 20
5.1.4 Aspectos epidemiológicos da obesidade ......................................................... 22
5.1.5 Prevenção da obesidade .................................................................................... 24
5.2 Obesidade infantil ....................................................................................................... 25
5.2.1 As causas da obesidade infantil ........................................................................ 28
5.2.2 Conseqüências da obesidade infantil ............................................................... 28
5.2.3 O tratamento da obesidade infantil ................................................................... 30
5.2.4 Prevenção da obesidade infantil ....................................................................... 34
5.3 Desenvolvimento físico da criança ........................................................................... 35
5.3.1 Desenvolvimento fisiológico ............................................................................... 36
5.3.2 Fase pré-escolar .................................................................................................. 36
5.3.3 Fase escolar ......................................................................................................... 37
5.4 Atividade física na infância ........................................................................................ 37
5.5 Objetivos da Educação Física como Educação para a Saúde ............................ 40
5.6 Inserção do professor de Educação Física no programa de saúde da família . 43
5.7 A Educação Física e sua relação histórica com a saúde e a qualidade de vida .............................................................................................................................................. 45
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 48
8
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 51
9
1. INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização do problema
A obesidade é considerada atualmente como um problema de saúde pública
tanto na população jovem como na adulta. Os dados referentes às crianças
brasileiras, levantados em 1989 pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição
(INAN) e pelo Programa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), apontam que cerca
de um milhão e meio de crianças são obesas, com maior prevalência nas meninas e
nas áreas de maior desenvolvimento. No entanto, esse perfil está mudando, e a
obesidade vem aumentando no sexo masculino e nas classes menos favorecidas.
A obesidade pode iniciar em qualquer idade, desencadeada por fatores
como o desmame precoce, a introdução inadequada de alimentos, distúrbios de o
comportamento alimentar e da relação familiar, especialmente nos períodos de
aceleração do crescimento. Rodolfo Giugliano & Elizabeth C. Carneiro (apud
WHITAKER & CUTTING) relatam à necessidade da identificação precoce do
excesso de peso em crianças para diminuir o risco de se tornarem adultos obeso. Os
autores enfatizam dois fatores que podem contribuir para dobrar o risco da
obesidade em adultos jovens: obesidade em um dos pais ou sua presença na
infância. Ambos os fatores não devem ser considerados isoladamente, mas em
interação. Sabendo que o modelo de comportamento tendendo à inatividade e
inadequação da dieta familiar é um fator que pode levar à obesidade precoce.
10
Nas últimas décadas, as crianças tornaram-se menos ativas, incentivadas
pelos avanços tecnológicos. Uma relação positiva entre a inatividade, como o tempo
gasto assistindo televisão, e o aumento da adiposidade em escolares vem sendo
observada. A atividade física, por outro lado, diminui o risco de obesidade, atuando
na regulação do balanço energético e preservando ou mantendo a massa magra em
detrimento da massa de gordura.
11
2. JUSTIFICATIVA
O excesso de peso e a obesidade constituem um dos problemas mais sérios
tanto dos países ricos quanto dos países emergentes. Os problemas derivados
direta ou indiretamente da obesidade são responsáveis por uma significativa
percentagem de mortes. Segundo o National Health and Nutrition Survey (NAHAS
III) indicam que cerca de 33% da população adulta dos Estados Unidos apresentam
excesso de peso e as evidências indicam um aumento na prevalência desta (Pollock
e Wilmore, 1993; Heyward e Stolarczyk, 2000).
Na última década o quadro crescente de obesidade também passou a
preocupar países como o Brasil. Dados do IBGE mostram que um em cada dez
adultos é considerado obeso e há tendência em aumentar esta proporção. Inúmeras
pesquisas indicam que muitas doenças da “era moderna” estão associadas ao
excesso de gordura corporal, como por exemplo, as doenças cardiovasculares,
renais, digestivas, diabetes, problemas hepáticos e ortopédicos. A incidência dessas
doenças é duas vezes maior entre os homens obesos e quatro vezes maior entre as
entre as mulheres obesas, quando comparados à população não obesa (NAHAS,
2001; POLLOCK e WILMORE, 1993; HEYWARD e STOLARCZYK, 2000; NIEMAN,
1999).
Sabe-se que o excesso de gordura corporal além de ser fator de risco para
diversas doenças prejudica o desempenho físico, pois limita os movimentos e induz
à fadiga precoce devido à sobrecarga que impõe ao organismo. A obesidade deve
12
ser considerada como um objetivo para intervenção independente, pois seus efeitos
são exercidos através de outros fatores de risco como a hipertensão, a
hiperlipidemias e o diabete (ACSM, 2000).
13
3. OBJETIVOS
3.1 Geral
- Verificar a contribuição da Educação Física escolar na prevenção e
controle da obesidade em escolares.
3.2 Objetivos Específicos
- Identificar os conteúdos da Educação Física escolar relacionados com a
prevenção e controle da obesidade em escolares;
- Demonstrar a importância do profissional de Educação Física na prevenção
e controle na obesidade infantil;
14
4. METODOLOGIA
A metodologia utilizada nesta pesquisa foi bibliográfica, baseada em autores
que abordam a Obesidade, Obesidade na infância, O Desenvolvimento Infantil e a A
Educação Física Escolar. Buscando justificar a importância da presença de
profissionais comprometidos com a saúde dos escolares que enfrentam problemas
com a obesidade, visando a contribuição da Educação Física Escolar na prevenção
e controle da obesidade em escolares.
15
5. REFERENCIAL TEÓRICO
5.1 Um país cada vez mais obeso
Atualmente observa-se e questiona-se o fato de ser mais freqüente
encontrarmos crianças acima do peso, antes eram casos isolados, hoje não
podemos negar o aumento considerável que ocorreu devido a diversos fatores que
influenciam na obesidade já na infância. Como profissional comprometido com as
questões ligadas à saúde e como educadoras presente no âmbito escolar, não
podemos somente observar e cruzar os braços (FARINATTI, 2005).
O excesso de peso em gordura nas crianças, identificado e difundido na
atualidade por meio dos mecanismos de comunicação como jornais, revistas, rádio e
televisão, indicam-nos o caminho, que está se tornando um problema, no mínimo
preocupante para com o futuro próximo de nossos atuais jovens.
As crianças precisam ser envolvidas em atividades físicas recreativas
sistemáticas, e orientadas por profissionais capacitados. A redução do tempo livre
que é utilizado em frente a televisão e nos jogos de computadores é imprescindível.
As atividades intelectuais previstas em sala de aula precisam ser modificadas e
necessitam tomar uma direção ou rumo ao ar livre. A teoria deve ser desenvolvida e
aprendida por meio da vivência pratica corporal (FARINATTI, 2005).
A obesidade possui controvérsias relacionadas com o volume ou ingestão
16
alimentar. Não necessariamente o obeso ingere grandes volumes calóricos, é fato
que o balanço calórico negativo deve ser atingido, para que haja uma redução no
peso corporal total e peso de gordura.
A redução de peso corporal, experimentada por meio apenas de dieta, vem
acompanhada de maneira desvantajosa também pela perda de massa muscular.
Pode-se minimizar esta situação de perda de peso muscular por meio da
conscientização e da inclusão de atividades físicas, durante e após o processo de
emagrecimento (FARINATTI, 2005).
Pelo exemplo exposto, necessita-se buscar soluções, não só para que seja
controlado o peso de quem já está obeso; precisamos é criar as condições
necessárias, para que os indivíduos não se tornem escravos de dietas para
emagrecimento, ou mesmo dependentes de regimes descontrolados e
desorientados durante toda a vida.
O conhecido efeito sanfona (emagrecer x engordar), precisa ser banido da
vida de quem vive sob dieta-terapia, esta síndrome, é exatamente uma falha nos
métodos de controle sobre a obesidade. Necessitamos não deixar as pessoas, e
principalmente as crianças e os adolescentes, a engordarem acima dos limites
médicos recomendados. A ação de conscientização e controle sobre os mecanismos
socioculturais da obesidade, tem que ser divididos entre o estado, entre a família e
os profissionais da saúde.
Entre julho de 2003 e junho de 2004, os pesquisadores do IBGE estiveram
em 48.470 domicílios, um em cada mil, de todas as regiões do país. A pesquisa
colheu dados sobre gastos do orçamento doméstico, peso e altura dos
entrevistados. Este levantamento antropométrico foi o primeiro a ser realizado no
Brasil e permitiu o cálculo do Índice de Massa Corporal das pessoas pesquisadas.
Os números apontaram a dimensão estatística, da insuficiência de peso,
associada à desnutrição, entre os adultos. Cerca de 3,8 milhões de pessoas, 4% da
população, têm déficit de peso. Do outro lado da tabela, o excesso de peso atinge
40,6% da população adulta, ou 38,8 milhões de brasileiros. Deste total, 10,5 milhões
17
são obesos, 8,9% dos homens e 13,1% das mulheres. Portanto, os números indicam
que a quantidade de adultos obesos é dez vezes a de desnutridos.
Segundo indicadores, nem toda magreza é resultado de desnutrição. Entre
3% e 5% dos casos, ela está ligada a questões genéticas. Mas em relação à
obesidade, os dados são preocupantes. Segundo estimativas, em 1975, 2,8% dos
homens e 7,8% das mulheres das regiões metropolitanas brasileiras eram de
obesos. Agora estes números atingiram 8,8% dos homens e 12,7% das mulheres.
Os pesquisadores do IBGE concluíram que o ganho de peso da população
está fortemente ligado ao crescente processo de urbanização. O Brasil vive
atualmente a mesma situação que países desenvolvidos: o aumento da renda e a
urbanização levam ao consumo maior de alimentos com açúcar e gordura
(FARINATTI, 2005).
O avançar da idade é acompanhado de uma tendência a um declínio do
gasto energético médio diário à custa de uma menor atividade física. Isso decorre
basicamente de fatores comportamentais e sociais como o aumento dos
compromissos estudantis e/ou profissionais. Alguns fatores contribuem para um
estilo de vida menos ativo. A disponibilidade de tecnologia, o aumento da
insegurança e a progressiva redução dos espaços livres nos centros urbanos,
reduzem as oportunidades de lazer e de uma vida fisicamente ativa, favorecendo
atividades sedentárias, tais como: assistir a televisão, jogar videogames e utilizar
computadores.
Existe associação entre sedentarismo, obesidade e dislipidemias e as
crianças obesas provavelmente se tornarão adultos obesos. Dessa forma, criar o
hábito de vida ativa na infância e na adolescência poderá reduzir a incidência de
obesidade e doenças cardiovasculares na idade adulta. A atividade física também
pode exercer outros efeitos benéficos em longo prazo, como aqueles relacionados
ao aparelho locomotor. A atividade física intensa, principalmente quando envolve
impacto, favorece um aumento da massa óssea na adolescência e poderá reduzir o
risco de aparecimento de osteoporose em idades mais avançadas, principalmente
em mulheres pós-menopausa.
18
5.1.1 O que é obesidade?
A obesidade habitualmente coincide com o aumento de peso, sendo definida
como o aumento da gordura corporal, em comparação com a massa magra, em um
nível tal que possa ser a associado a um risco elevado para a saúde.
A herança genética é um fator importante, mas a obesidade parece ser
causada pela combinação de hábitos alimentares pouco saudáveis com um estilo de
vida sedentário. Assim, quando a ingestão de energia supera o gasto energético, o
excesso é guardado no tecido na forma de gordura corporal.
A obesidade refere-se à condição em que o indivíduo apresenta uma
quantidade excessiva de gordura corporal avaliada em porcentagem do peso total
(%G). Embora ainda não tenham sido estabelecidos valores exatos consideram-se
obesos limítrofes homens com 20 a 25% e mulheres com valores de 30 a 35% e
obesos propriamente ditos homens e mulheres com valores acima de 25% e 35%
respectivamente (WILMORE e COSTILL, 2001).
HEYWARD & STOLARCZKY (2000) sugerem que o valor médio de gordura
relativa para homens e mulheres é de 15% e 23%, considerando valores de 25%
para os homens e 32% para as mulheres como sendo valores de risco para doenças
associadas à obesidade.
GEORGE et. al. (1996), apresentam uma outra classificação por faixa etária
em 5 categorias que são: ideal, bom, médio, gordo e obeso.
A obesidade é uma enfermidade crônica que acompanha de múltiplas
complicações, caracterizada pela acumulação excessiva de gordura em uma
magnitude tal que compromete a saúde, explica o Consenso Latino Americano em
Obesidade. Entre as complicações mais comuns está o diabete mellitus, a
hipertensão arterial, as dislipidemias, as alterações osteomusculares e o incremento
da incidência de alguns tipos de carcinoma e dos índices de mortalidade.
A obesidade é ainda o resultado de ingerir mais energia que a necessária.
19
Não há dúvidas que este consumo excessivo pode iniciar-se em fases muito remotas
da vida, nas quais as influências culturais e os hábitos familiares possuem um papel
fundamental. Por isso dizemos que a obesidade possui fatores de caráter múltiplo,
tais como os genéticos, psicosociais, cultural-nutricionais, metabólicos e endócrinos.
A obesidade, portanto, é gerada pela interação entre fatores genéticos e culturais,
assim como familiares.
Ainda de acordo com o Consenso, existe uma clara tendência entre os
membros de uma mesma família possuírem um índice de massa corporal (IMC)
similar. São várias as publicações científicas que demonstraram uma correlação
entre o IMC de pais e filhos, o que sugere que, provavelmente, tanto os genes como
um ambiente familiar compartilhado, contribuem ao desenvolvimento da obesidade.
O diagnóstico da obesidade , por muito tempo, foi feito levando em
consideração as medidas do peso e da altura, que eram então comparados com
tabelas padrão.
Estas tabelas foram desenvolvidas por companhias de seguro, ao longo de
um período pré-determinado, medindo o peso e a estatura média de grupos
populacionais específicos e por isto estão muito sujeitas a erros de interpretação.
Um modo melhor e mais preciso de se avaliar a obesidade envolve a
determinação do índice de massa corporal - IMC calculado através da fórmula: IMC
= Peso (kg) / (Altura, em metros quadrados).
O sobrepeso é definido como o peso corporal que excede o peso normal ou
padrão de uma determinada pessoa, baseando-se na sua altura e constituição física.
Os padrões começaram a ser estabelecidos em 1959 com a proposição de tabelas
de peso e estatura, que ainda hoje são amplamente utilizadas. Embora novas
tabelas tenham sido introduzidas em 1983, as suas faixas de variação são muito
amplas e muitos profissionais recusam-se a aceitá-las. As tabelas de peso padrão
baseiam-se em médias populacionais, por isso uma pessoa pode apresentar
sobrepeso segundo esses padrões e ainda apresentar um conteúdo de gordura
corporal abaixo do normal ou vice-versa.
20
5.1.2 As causas da obesidade
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) a obesidade pode ter um
impacto sobre a saúde tão grave quanto o tabagismo, sendo a mesma uma
epidemia causada pelo sedentarismo do mundo atual. Existem algumas patologias
que se associam à obesidade.
Para De Angelis (apud COSTA, 2005) os fatores de risco para doenças
degenerativas, como as cardiovasculares, aumentam vertiginosamente. De acordo
com estudos epidemiológicos, esse fato está associado aos hábitos de vida
sedentária e alimentação inadequada, portanto, a obesidade progride com
características de epidemia em muitos países principalmente no Brasil de forma
alarmante.
FISBERG et al, (2000) diz que as substituições das principais refeições por
lanches com alta densidade calórica e reduzido valor nutricionais, alto consumo de
refrigerantes, alimentos salgados e doces, ricos em gorduras saturadas e colesterol
e baixo consumo de frutas e hortaliças. Assim, as refeições acabam ficando
condicionadas aos alimentos de baixo valor nutricional e grandes excesso calóricos.
Alguns estudos mostraram que a televisão influência a dieta das crianças,
levando a duma composição excessiva em sal, carboidratos simples, gorduras
saturada ou trans esta influência acaba por ser transmitida aos lanches consumidos
nas escolas. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005).
A inatividade física é um fator crucial no acumulo excessivo de gordura
corporal Mcardle (apud COSTA, 2005) O aumento das diversões tecnológicas,
passivas, e a diminuição das práticas de exercícios físicos, contribuem para o estilo
de vida sedentário e diminuição do gasto energético Josué & Rocha (apud COSTA,
2005).
5.1.3 As conseqüências da obesidade
Muitos estudos têm sido desenvolvidos em vários países com o objetivo de
21
verificar as relações existentes entre o excesso de gordura corporal e as doenças
crônico-degenerativas.
A obesidade é um sério problema de saúde, que já reduz a expectativa de
vida pelo aumento do risco de desenvolvimento de doença arterial coronariana,
hipertensão arterial, diabetes tipo II doenças pulmonar obstrutiva, osteoartrite e
certos tipos de câncer diz (GUEDES, GUEDES, 2002).
Coutinho (1998) classifica a obesidade quanto:
- À idade de início: na infância a partir de um ano de idade “... já podem
desenvolver-se casos de obesidade com tendência maior à hiperplasia adipocitária e
com maior propensão à resistência na vida adulta”. Durante a idade adulta em
relação às mulheres o aumento de peso está relacionado, freqüentemente, com a
gestação (principalmente aquelas que adquirem excesso de peso durante os três
primeiros meses da gravidez), os sujeitos do sexo masculino, freqüentemente
aumentam o peso depois de mudanças de estilo de vida, como o casamento.
- Quanto à fisiopatologia: pode ser hiperfágica- comer excessivamente –
podendo ou não ser a causa da obesidade; e metabólica-anormalidade hormonal
que determina um baixo metabolismo;
- Quanto à etiologia pode ser:
1- Neuroendócrina: problemas nas glândulas produtoras de hormônios de
ordem genética e/ou ambiental sendo a causa mais freqüente o hipotireoidismo;
2- Iatrogênica: causada por drogas como os psicotrópicos e corticosteróides
ou lesões hipotalâmicas;
3 - Desequilíbrios nutricionais: dieta hiperlipídica;
4- Inatividade física: baixo gasto calórico desfavorecendo o equilíbrio
metabólico energético;
5- Obesidade genética: doenças genéticas raras com características
disfórmicas.
Nos dias atuais e evolução das ciências e alta tecnologia em todas as áreas
de pesquisa e desenvolvimento procuram de certa forma facilitar a vida do homem
22
na sociedade. Da mesma forma a busca pela longevidade e melhor qualidade de
vida, se tornam fatores de constantes estudos e motivo de pesquisas. Alguns
benefícios provenientes da evolução técnico-científica apesar de importantes para o
desenvolvimento humano, tendem a ser motivadores da diminuição dos níveis de
atividade física, favorecendo o aumento da ociosidade física humana.
Essa tendência do estilo de vida pouco ativo caso não seja revertida com
exercícios físicos regulares, e associados com dietas equilibradas e com controle
dos níveis de stress, principalmente nas grandes cidades, pode vir a desenvolver ao
longo dos anos problemas de ordem nutricionais, metabólicas e funcionais ao
organismo humano (BALL e MCCAR GAR, 2003).
Existe uma quantidade considerável de informações acerca dos níveis cada
vez maiores de gordura corporal e dos riscos específicos para a saúde em crianças,
adolescentes e adultos. A gordura corporal excessiva se relaciona intimamente com
o aumento alarmante no diabete tipo II entre crianças.
Para os diabéticos adultos, 70% são classificados como possuindo um peso
excessivo e cerca de 35% são obesos. Um relatório do NIH conclui que a obesidade
representa uma doença degenerativa crônica, por causa dos múltiplos perigos
biológicos para enfermidade prematuras e morte para níveis surpreendente baixos
excesso de gordura. Um aumento moderado de 4 a 10% no peso corporal após os
20 anos de idade está associado com um risco 1,5 vez maior de morte por doenças
arterial coronariana e infarto do miocárdio não fatal diz: (WILLIAM D. MC RDLE,
2001).
5.1.4 Aspectos epidemiológicos da obesidade
Atualmente, a obesidade constitui um dos grandes problemas da saúde
pública, problema este agravado devido a mudança no estilo de vida, tendo como
uma incidência de aproximadamente 10% na população do sexo feminino
(MARTORELL et al; 1998). No Brasil, existem aproximadamente 27 milhões de
indivíduos maiores de 18 anos com sobrepeso ou obesidade (PNSN, 1989).
23
Resultados de um levantamento nacional acerca da prevalência do peso
excessivo definido por ocasião dessa publicação de 1994 com o IMC 127 entre os
adultos nos Estados Unidos, em comparação com o objetivo do governo o ano de
2000. Entre 1988 e 1991, um terço dos adultos com 20 a 74 anos de idade estavam
obesos.
As novas classificações estabelecidas em 18 de junho de 1998 pelo painel
de 24 membros qualificados, convocado pelo NATIONAL HEAR LUNG AND BLODE
INSTITUTE, definem agora o peso excessivo como um IMC de 25 a 29.9 e a o
obesidade como um IMC ≥ 30, como resultado desses novos padrões a prevalência
de peso excessivo e de obesidade em adultos aumentou para cerca de 100 milhões
de norte-americanos (55% dos adultos com 20 ou mais anos de idade, incluindo
35% de estudantes universitários.
Com base ao que os autores citaram definindo obesidade, ambos enfatizam
fatores que podem ser considerado adequado e iguais a cada definição. As causas
sempre serão as mesmas: inatividade acumulo e aumento de gordura, alimentação
inadequada.
Porém, observa-se também a busca e a preocupação de muitos
profissionais, diante da realidade exposta.
Do ponto de vista epidemiológico, para explicar as mudanças de hábitos
Escrivão et al. (2000, p. S306) afirmam que “tudo conduz às teorias ambientalistas,
uma vez que, nas últimas décadas, não ocorreram alterações substanciais nas
características genéticas de tais populações, enquanto que as mudanças de hábitos
foram enormes”. Para Taddei (1998) os jogos eletrônicos, o hábito de assistir
televisão muitas horas seguidas, o abandono do aleitamento materno, a utilização
de alimentos formulados na alimentação infantil e a substituição dos alimentos
domésticos pelos industrializados (em geral, com maior densidade energética,
devido à gordura saturada, mais saborosos e sempre acompanhados de forte
Soares & Petroski 68 Volume 5 – Número 1 – p. 63-74 – 2003 campanha de
estímulo ao consumo), são fatores que devem ser considerados determinantes do
aumento da prevalência da obesidade infantil. Rosenbaum e Leibel (1998) acreditam
24
que esse aumento na prevalência representa a interação da genética com o meio
ambiente, que cada vez mais, encoraja ao estilo de vida sedentário e ao consumo
de calorias.
A obesidade é uma enfermidade multicausal (Yadav et al., 2000), que pode
ser conseqüência de diversos fatores genéticos, fisiológicos (endócrinos
metabólicos), ambientais (prática alimentar e atividade física) e psicológicos,
proporcionando o acúmulo excessivo de energia sob a forma de gordura no
organismo.
Sabe-se que a vasta maioria das crianças desenvolve a obesidade do tipo
exógena (Leung & Robson, 1990; Sigulem et Al., 2001; Gomes, 2000), que é
resultado do excesso de calorias consumidas em relação ao dispêndio energético
diário. Esse desequilíbrio energético, segundo Coutinho (1998), pode ser causado
por dietas hiperlipídicas, principalmente gorduras saturadas, e por inatividade física.
Leung e Robson (1990) acreditam que além do consumo excessivo de gordura e o
baixo gasto energético a obesidade pode estar relacionada ao metabolismo eficiente
(que não consome muitas calorias para a realização das tarefas diárias), ou até
mesmo a combinação dos três fatores. Eles citam ainda estudos que relacionam a
obesidade infantil com o desmame precoce associado à introdução da mamadeira e
alimentos sólidos, os quais contêm alta concentração de solutos que provocam sede
na criança, que é recompensada com mais leite, tornando-se assim um ciclo vicioso
de calorias ingeridas.
5.1.5 Prevenção da obesidade
A prevenção da obesidade é relativamente simples e consiste em equilibrar
a ingestão calórica com o dispêndio energético. Se um indivíduo ingerir 3.000
Kcal/dia e gastar 3.000 Kcal/dia (incluindo o metabolismo basal) este manterá seu
peso corporal. Se o indivíduo ingerir 3.000 Kcal/dia, mas apenas gasta 2.000
certamente engordará e se o indivíduo ingere 3.000 Kcal dia e gasta 4.000
emagrecerá.
25
O gasto energético é o resultado do metabolismo energético de repouso, o
efeito térmico dos alimentos e da atividade muscular. O metabolismo energético de
repouso é aproximadamente 1 Kcal por hora por quilograma de peso corporal.
Contudo, é menor em indivíduos com altas quantidades de gordura corporal, pois o
tecido adiposo possui menor atividade metabólica do que o tecido magro. A
assimilação e a absorção dos alimentos é um processo energético dependente
conhecido como efeito térmico dos alimentos, e representa de 5 a 10% das calorias
consumidas (CHIESA, 2004).
A mais variável fonte de consumo energético é a atividade muscular.
Indivíduos sedentários podem não gastar mais do que 200 a 300 Kcal por dia nas
atividades da vida diária, por outro lado, indivíduos engajados em programas de
exercício estruturado podem consumir várias centenas e até milhares de Kcal por
dia. Competidores do ciclismo podem necessitar consumir de 6.000 a 8.000 Kcal por
dia para manter o balanço energético.
Quando um indivíduo já é obeso o problema é mais complicado e precisa
passar por um programa de exercícios adequados associados com dieta. e o
indivíduo for exageradamente obeso (obesidade mórbida) provavelmente precisará
de tratamento medicamentoso, cirúrgico, psicológico ou uma mistura destes
(CHIESA, 2004).
5.2 Obesidade infantil
A prevalência da obesidade de crianças e adolescentes tem aumentado
regularmente em diversos países e é hoje reconhecida como um problema de saúde
pública principalmente em países desenvolvidos (BALL. MC CARGAR, 2003). A
probabilidade de uma criança obesa tornar-se um adulto obeso varia entre 20-50%,
antes da puberdade e de 50-70%, após a puberdade.
Segundo (HEUDE, CHARLES, 2001), nos Estados Unidos estima-se que
morrem cerca de trezentas mil pessoas por ano devido as causas da obesidade
(ALLISON et al, 1999). A notável prevalência da obesidade observada nos últimos
26
30 anos sugere que o estilo de vida, mais que o fator genético, pode ser responsável
primário, estudos confirmam que a atividade física é um forte produto preventivo das
alterações da gordura corporal durante a infância (MOORE, et al, 2003 FONSECA,
et al, 1998).
O excesso de peso na infância, segundo Salbe & Ravussin (2000), acontece
geralmente por uma combinação de fatores, incluindo hábitos alimentares errôneos,
propensão genética, estilo de vida familiar, condição sócioeconômica, fatores
psicológicos e etnia.
Em relação ao tempo que a obesidade permanece instalada na infância
Escrivão e Lopes (1998) afirmam que o risco da criança obesa tornar-se adulto
obeso aumenta acentuadamente com a idade, dentro da própria infância.
Assim, quanto mais idade tem a criança obesa maior chances terão de se
tornar um adulto obeso. Uma vez estabelecido o número de adipócitos, as perdas de
peso só se fazem à custa de perda de conteúdo lipídico por célula, mas não pela
diminuição do número de células.
Esses mesmos autores ainda chamam a atenção para o fato de que muitos
pais negligenciam o tratamento da obesidade infantil, na expectativa de uma
resolução espontânea; entretanto o risco de persistir é elevado.
A obesidade infantil vem crescendo consideravelmente nestas últimas duas
décadas. Diante desta verdadeira “epidemia” de obesidade a que se assiste nos dias
de hoje e frente ao fato de que o quadro da obesidade é extremamente complexo no
que diz respeito às suas repercussões nos diversos sistemas orgânicos, o
tratamento deve ser instituído a partir do instante em que se diagnostica o problema;
não há lugar para adiamentos ou negligência ou ter a perspectiva de que o problema
resolver-se-á por si só.
Para combater a obesidade infantil existe um consenso entre os
especialistas da área que incluem a mudança de comportamento, dieta equilibrada,
sem grandes restrições alimentares, combinada com exercícios físicos diários
27
(Pollock & Wilmore, 1993; Dietz, 1998; Dâmaso et al.,1995, Behrman & Kliegman,
1994). Certamente pode ser considerada a melhor maneira de conduzir o problema.
Considerando que “o conhecimento do crescimento e desenvolvimento
normais das crianças é essencial à prevenção e detecção de doenças por
reconhecer desvios evidentes dos padrões normais” (Foye & Sulkes 1994, p.1),
As estimativas apontam que, no Brasil, o número de crianças obesas
cresceu cinco vezes nos últimos 20 anos. No mundo, as estimativas são que um
terço das crianças enfrentam problemas com a obesidade, um número em torno de
700 milhões de crianças. Este aumento se deve, principalmente, a dois motivos: a
ingestão de alimentos com mais gordura e açúcar e à falta de exercício físico. Junto
com a urbanização vieram novos hábitos, nem sempre saudáveis, como as refeições
altamente calóricas e feitas de forma rápida; e a troca das brincadeiras tradicionais,
como o pique e queimada, por jogos no computador e programas de televisão.
Os especialistas consideram a falta de atividade física da criança urbana
como uma das principais causas da atual epidemia de obesidade infantil. Um estudo
realizado no México mostrou que para cada hora de atividade física moderada ou
forte praticada diariamente pela criança, o risco de obesidade caiu 10%. Outra
pesquisa feita nos Estados Unidos indicou que as crianças que praticam alguma
atividade física são mais magras que as outras que se movimentam pouco.
Na ordem inversa em que ganha peso, a criança vai diminuindo sua auto-
estima, catalisando a angústia e a ansiedade, que quase sempre só encontram eco
na gula. Daí a importância de um acompanhamento psicológico, paralelamente ao
de um endocrinologista e do Profissional de Educação Física.
Prevenir a obesidade é de suma importância para o desenvolvimento da
criança. Caso chegue à fase adulta com excesso de peso, ela terá mais dificuldades
para perder peso e terá aumentado o risco de várias doenças. (FARINATTI, 2005)
28
5.2.1 As causas da obesidade infantil
A obesidade causa problemas psicossociais como discriminação e aceitação
diminuída pelos pares; isolamento e afastamento das atividades sociais; o que é
visto pelos estudiosos como a pior conseqüência, pois irá seguir o sujeito pelo resto
da vida (Sigulem et al., 2001; Fisberg, 1995).
A ingestão de alimentos com mais gordura e açúcar e a falta de exercícios
físicos o desenvolvimento tecnológico e a ênfase no trabalho intelectual fizeram com
que as crianças gastassem menos energia, ficando horas à frente da televisão.
A inatividade é uma causa importante de obesidade, podendo ser de fato,
um fator muito mais importante no desenvolvimento da obesidade do eu a
alimentação exagerada. Por essa razão o exercício físico deve ser reconhecido
como um componente essencial de qualquer programa de redução ou de controle de
peso examinemos as razões pelas quais a atividade física é tão importante.
5.2.2 Conseqüências da obesidade infantil
As conseqüências das alterações metabólicas que ocorrem na obesidade
podem ser muito extensas e intensas, além de muito variadas, atingindo
praticamente todos os sistemas orgânicos. Todavia, podem ser reversíveis desde
que se consiga a redução de peso e desde que as estruturas orgânicas acometidas
não tenham sofrido danos anatômicos irreparáveis.
A morbidade associada à obesidade pode ser A morbidade associada à
obesidade pode ser identificada já no adolescente.
Os problemas causados pela obesidade em longo prazo são, contudo,
previsíveis:
- Crescimento: idade óssea avançada, aumento da estatura, menarca
precoce;
-Respiratórias: apnéia de sono, Síndrome de Pickwick, infecções;
29
-Cardiovasculares: hipertensão arterial hipertrofia cardíaca, morte súbita;
-Ortopédicas: epifisiólise da cabeça femoral, genu valgo, coxa vara,
osteoartrite;
-Dermatológicas: micoses, estrias, lesões de pele como dermatites e
piodermites particularmente em região de axilas e ingüinal;
-Metabólicas: resistência à insulina, diabetes mellitus tipo 2,
hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, gota úrica, esteatose hepática, doença dos
ovários policísticos (síndromes hiperandrogênicas), com oligomenorréia ou
amenorréia.
Identificada já no adolescente. Viuniski (2000) destaca diversos fatores de
risco para a obesidade infantil:
* A inatividade e o sedentarismo: nada imobiliza mais a criança saudável que
a televisão. Para agravar essa situação, as crianças são submetidas a um
bombardeio de propagandas, a maioria de guloseimas, que soma à inatividade, o
mau hábito de comer diante da tela. Como essa criança está profundamente
envolvida com o mundo irreal que se passa do outro lado do tubo de imagem, não
se dá conta da quantidade nem da qualidade do que está ingerindo;
* O uso inadequado dos alimentos: é preocupante quando as crianças
passam a interessar-se mais pela aparência e sabor dos alimentos do que pela fome
propriamente dita. Pior é utilizar a comida como forma de recompensa. Quando os
doces e as sobremesas são usados com esse fim, inconscientemente estar-se-á
mostrando que a comida é uma forma de aumentar a auto-estima. Frases como -
“Coma toda a sopa para ganhar a sobremesa”- são um exemplo disso. O ser
humano é o único na natureza a utilizar o ato de se alimentar para outros fins que
não o de obter nutrientes necessários para o seu desenvolvimento;
* Comer noturno: falta de apetite durante o dia, principalmente pela manhã,
com voracidade à noite pode ser encontrado em crianças com um distúrbio alimentar
conhecido com o sugestivo nome de “Comedores Noturnos”. Essa conduta alimentar
ocorre basicamente pela ansiedade de ficar sem ter o que fazer no período da noite;
* Desnutrição na vida intra-uterina até o primeiro ano de vida: quando existe,
por qualquer motivo, desnutrição do feto, ainda dentro do útero, principalmente se
isso ocorrer após a 30 semana de gravidez e durar até o primeiro aniversário, irá
30
ocorrer um estímulo para a produção das células de gordura, os adipócitos. Quando
crescerem, serão muito mais acometidos de diabetes tipo II, hipertensão e
cardiopatias, que as crianças que não passaram por privações nessa fase inicial da
vida;
* Manejo deficiente da amamentação e do desmame: o leite da própria mãe
é o alimento ideal para o seu bebê. A Organização Mundial da Saúde e a Sociedade
Brasileira de Pediatria recomendam que ele seja oferecido de forma exclusiva até os
4 ou 6 meses.
* Manejo deficiente das fases fisiológicas de inapetência: nada preocupa
mais um pai ou uma mãe, do que seu filho recusar o alimento. O que eles não
sabem é que em alguns momentos da vida pode ser bastante normal ter menos
fome. Dependendo da maneira com que lidam com essas situações, podem estar
facilitando para desencadear um processo de ganho exagerado de peso.
Além dos fatores comportamentais e ambientais associados à obesidade é
importante observar se a criança já possui pré-disposição genética. De fato estudos
com gêmeos sugerem que, pelo menos, 50% da tendência de desenvolver
obesidade é herdado geneticamente (KIESS et al.,2000).
O sobrepeso e a obesidade estão associados a um aumento da taxa global
de mortalidade. Um aumento importante do risco ocorre quando o IMC ultrapassa 30
kg/m2, embora um IMC de 27,8 ou mais, nos homens é de 27,3 ou mais, nas
mulheres, esteja associado a um maior risco para muitas doenças.
5.2.3 O tratamento da obesidade infantil
As bases fundamentais para o tratamento da obesidade infantil são
unânimes entre os especialistas. Incluem modificações no plano alimentar, no
comportamento e na atividade física (Gomes, 2002; Sigulem et al., 2001; Escrivão et
al., 2001; Kiess, 2000; Dietz, 1998; Fisberg, 1995; Caldarone et al., 1995).
Para iniciar o tratamento da obesidade infantil é muito importante dispor de
equipe multiprofissional (Dâmaso et al., 1995) formada de médico, nutricionista,
31
educador físico e psicólogo. O tratamento é longo, por isso é desejável que o
relacionamento da equipe com o paciente seja integrado. Segundo Escrivão et al.
(2000) as noções de tempo não são claramente entendidas pelas crianças e
adolescentes, portanto, não se deve apontar os riscos futuros da obesidade, e sim
avaliar as implicações atuais, ou seja, as conseqüências do excesso de peso que
estão incomodando no momento.
* Quanto ao plano Alimentar:
Quanto à reeducação alimentar, devem ser sugeridas dietas flexíveis e que
atendam às necessidades nutricionais da criança, pois dietas muito rígidas e
restritas mostram-se ineficientes, proporcionando prejuízo ao crescimento e
desenvolvimento da criança, menor adesão ao tratamento e maior angústia no caso
de insucesso (Vitolo & Campos, 1998), o que acarreta ansiedade e depressão na
maioria das crianças.
A orientação dietética deve ser feita de forma a proporcionar os seguintes
elementos: perda de peso controlada; crescimento e desenvolvimento normais da
criança e adolescentes; macro e micronutrientes em proporção adequada; redução
do apetite; manutenção do tecido muscular; ausência de conseqüências
psicológicas; manutenção dos hábitos alimentares corretos e modificação dos
inadequados (Escrivão et al., 2000).
O perigo potencial da dieta, apontado por Zwiauer (2000), é em relação às
crianças que ainda não iniciaram o estirão de crescimento. O objetivo do tratamento
deve ser a normalização da relação peso/estatura, que pode ser atingida apenas
com o crescimento e a manutenção do peso corporal, e o cuidado têm que ser
dobrado para que não prejudique o crescimento do indivíduo.
A orientação nutricional é essencial no tratamento da criança e adolescente
obeso porque visa à reformulação permanente do hábito alimentar a fim de evitar
possíveis conseqüências que a obesidade na idade adulta possa acarretar.
A dieta instituída deve ser adequada à idade e fase de crescimento,
32
considerando os padrões sócio-econômicos e culturais da criança e da família. Para
tanto, é necessário que se conheça o histórico alimentar da criança obesa e de sua
família.
*Quanto ao Comportamento:
Um dos fatores que mais têm contribuído para o aumento da incidência de
obesidade é a falta de atividade física como também o aumento da inatividade, ou
seja, as crianças estão passando mais tempo em atividades de pouco gasto
energético (Dietz, 1998). Não se pode ignorar que a falta de segurança e a pouca
disponibilidade de tempo dos pais impedem o acesso das crianças às brincadeiras
nas praças, ruas e parques (Gidding et al, 1995). O lazer restringe-se às atividades
sedentárias como assistir à televisão, jogar vídeo-games e acessar a internet.
Na escola, a estimulação da atividade física nas aulas de Educação Física
poderia ser melhorada se houvesse preferência por atividades não competitivas, já
que nestas as crianças obesas são excluídas, até mesmo pelos colegas (Zwiauer,
2000). Programas especiais, respeitando os limites e reconhecendo habilidades
deste grupo de alunos, poderiam ser desenvolvidos a fim de promover ou aumentar
a participação das crianças nesta disciplina.
* Quanto à Atividade Física:
Segundo Epstein et al., (1996) em seus estudos indica que a atividade física
em combinação à dieta é mais efetiva que a dieta sozinha para a redução e
manutenção do peso. Exercícios auxiliam a preservação da massa magra durante a
dieta e podem minimizar a redução da taxa metabólica associada à redução do
peso.
O programa de atividades físicas para a criança obesa, implica em
atividades desenvolvidas de acordo com a capacidade individual, pois este é o fator
determinante para que haja adesão da criança ao programa, garantindo assim o
sucesso do tratamento. Os exercícios recomendáveis são:
33
- Caminhadas, natação, ciclismo (os exercícios aeróbicos de modo geral);
exercícios respiratórios;
- Exercícios posturais (preventivo e de manutenção) principalmente no
estirão de crescimento,
- Exercícios de força e resistência;
- Exercícios de coordenação motora geral e específica;
- Exercícios de equilíbrio.
As atividades não recomendadas são as de alto impacto (como saltos e
mudanças bruscas de direção), que aumentam o risco de lesões (devido à
sobrecarga articular) e condições que provoquem desconforto, como por exemplo:
calor, pouca ventilação, roupa inadequada para prática esportiva.
Quanto ao programa a ser desenvolvido (Dâmaso, et al. 1995), sugere:
- Freqüência: 3 a 5 vezes por semana;
- Intensidade: 50 a 60% do VO2 máx;
- Duração: 50 a 60 minutos;
- Período mínimo 12 semanas.
O programa deve ser realista, com metas atingíveis e flexíveis de acordo
com a necessidade e capacidade de cada sujeito. LeMura e Maziekas (2002), em
um estudo sobre os fatores que alteram a composição corporal, chegaram à
conclusão que os exercícios eficientes para alterar a composição corporal de modo
positivo (diminuir o percentual de gordura e aumentar a massa livre de gordura) em
crianças obesas, são os exercícios de baixa intensidade e longa duração; exercícios
aeróbicos combinados com resistência (grande número de repetições) e exercícios
programados combinados com a mudança de comportamento.
Para que todo o programa relacionado ao tratamento funcione Epstein et al.
(1996) enfatiza que é necessário mudança do estilo de vida sedentário para o ativo.
Para que isto ocorra é preciso que toda a equipe motive tal mudança de
comportamento. O melhor método é reduzir o acesso ao sedentarismo, ou seja,
motivar a criança a fazer outra atividade, que não seja estática.
34
* Quanto ao Tratamento Farmacológico:
Em relação ao tratamento farmacológico, Dietz (1998) relata que poucos
estudos foram realizados. Para Fisberg (1995), o uso não é recomendável, pois
pode atrapalhar no desenvolvimento. Escrivão et al. (2000, p. 309) afirmam que “a
terapia medicamentosa não deve ser utilizada no tratamento da obesidade infantil
devido aos efeitos colaterais das drogas e risco de dependência química e/ou
psicológica”.
5.2.4 Prevenção da obesidade infantil
A obesidade na infância está fortemente relacionada com a obesidade na
vida adulta.
Segundo Vitolo e Campos (1998), “... a intervenção deve ocorrer
precocemente na criança, antes mesmo de instalada a obesidade, quando se
observam mudanças na velocidade do ganho de peso”. Esses mesmos autores
relatam que quanto maior a idade da criança e maior o excesso de peso, mais difícil
torna-se a reversão do quadro. Em estudo longitudinal realizado por Freedman et al.
(2001), correlacionou-se a obesidade infantil com os fatores de risco para
desenvolver problemas coronarianos na vida adulta. O resultado encontrado foi que
70% das crianças obesas tornaram-se adultos obesos. A obesidade infantil foi
relacionada com diversos níveis de risco para os adultos, mas a associação para o
risco coronariano foi fraca. Para Freedman et al. (2001), é muito importante que se
inicie a prevenção desde a infância.
Wright et al. (2001) verificaram as implicações da obesidade infantil na
saúde dos adultos. Os resultados apresentados foram que apenas as crianças que
permaneceram obesas até os treze anos, mostram risco aumentado de obesidade
para a vida adulta. A conclusão foi que ser uma criança com peso saudável não
oferece nenhuma propensão de se tornar um adulto obeso.
Segundo Kiess et al. (2001) a prevenção deve começar bem cedo, de
35
preferência na fase intra-uterina. A estratégia deve ser elaborada juntamente com a
equipe multidisciplinar (médico, nutricionista e educador físico), para que durante a
gravidez a mulher realize atividade física moderada e execute a alimentação
adequada tanto para o desenvolvimento do bebê, para o seu bem estar. Depois do
nascimento a amamentação deve ser fortemente recomendada, pelo menos até o
sexto mês de vida. Os pais devem ser encorajados a ter uma alimentação saudável
(o que inclui baixo nível de gordura saturada), com horários e lugares certos para se
alimentarem. Atividades físicas, que não incluam só exercícios, mas também manter
hábito de vida não sedentário, o que implica em não passar grande parte do dia na
frente da televisão ou no computador.
Para o Consenso Latino Americano de Obesidade (Coutinho et al., 1998) a
prevenção está em evitar o ganho de peso excessivo durante a gestação (o ideal é
de 10 a 12 Kg); favorecer a amamentação materna absoluta pelo menos até o
quarto mês; retardar a introdução de alimentos farináceos pelo menos até o quarto
mês; evitar alimentos muito doces; fortalecer a atividade física; controlar e vigiar
constantemente o peso corporal; promover educação nutricional e hábitos de vida
saudáveis; e enfatizar que a obesidade é uma enfermidade de difícil cura e que
todos devem lutar por sua prevenção.
5.3 Desenvolvimento físico da criança
O homem desde a fecundação até a adolescência, obedece a um processo
de contínuo desenvolvimento físico, psíquico e social. Respeitando as fases do
desenvolvimento da criança, as atividades físicas podem desempenhar um
harmônico desenvolvimento morfofuncional do organismo. A criança não pode ser
educada em duas etapas isoladas, ou seja, primeiro o corpo e depois a mente ou
vice-versa. A educação deve ser integral. (FREIRE, 1991, p. 57).
Para a criança iniciar-se nas atividades físicas é necessário que seu
organismo tenha atingido determinado desenvolvimento psicomotor e um certo grau
de intelectualidade, a fim de que possa melhor compreender e interpretar as normas
e regras que regem tais atividades físicas.
36
No Brasil a idade de iniciação sistemática da criança na prática da Educação
Física e do Esporte se localiza entre os seis e sete anos de idade, nas fases pré-
escolar e escolar. Atualmente com a Lei de Diretrizes e Base nº 9394/94 que
garantem o atendimento da criança em todas as fases escolar, onde o profissional
de Educação Física trabalha atividades que visam desenvolver as habilidades
básicas e necessárias para colaborar com um bom desempenho físico das crianças.
O início da atividade física envolve problemas a respeito do crescimento
normal do organismo e deve corresponder a uma boa adaptação orgânica da
criança para não provocar o aparecimento de perturbações do desenvolvimento e
que possam ocasionar danos ao indivíduo. Por isso é importante conhecer o
desenvolvimento fisiológico do organismo infantil.
5.3.1 Desenvolvimento fisiológico
Com ingresso da criança na escola dar-se a iniciação da atividade física
escolar, neste momento o desenvolvimento fisiológico da criança passa pelas
seguintes fases:
5.3.2 Fase pré-escolar
Nesta fase (dois a sete anos) o crescimento em peso e em altura decorre de
maneira lenta e paralelamente, enquanto a psicomotricidade apresenta visível
evolução permitindo à criança participar e progredir rapidamente em todas as
atividades físicas naturais, como andar, correr e saltar. Ela aprende também a
cuidar-se, é rebelde, egoísta e pouco sociável. A Educação Física e o Esporte,
quando adequadamente ministrados nessa fase, na qual a criança apresenta grande
atividade física contribuem para determinar um conveniente desenvolvimento
orgânico e funcional, a par de influírem favoravelmente no seu desenvolvimento
psíquico e intelectual, proporcionando-lhe maior desembaraço mental e de
comunicação.
37
5.3.3 Fase escolar
Nesta fase (sete a 12 anos para meninos e sete a 10 para as meninas), o
crescimento geral é também lento, com discreto aumento das massas musculares.
Faz exceção a função respiratória, que atinge índices representativos de um maior
desenvolvimento em relação às outras funções orgânicas. A psicomotricidade
também apresenta notáveis progressos. Quanto ao psiquismo, há uma evolução
natural tornando a criança mais disciplinada, responsável e sociável.
5.4 Atividade física na infância
Atualmente a atividade física e saúde vem se constituindo em uma das mais
importantes áreas de estudo e pesquisa. Isso se evidência pela enorme quantidade
de ensaios experimentais que vem sendo publicados na literatura, cujos interesses
são verificar os efeitos benéficos da atividade física sob variáveis fisiológicas,
metabólicas, morfológicas e psicológicas. (PINTO et al, 2003, FARINATTI et al,
2005).
Praticar atividade física é indispensável para um emagrecimento saudável
em crianças. A tese de doutorado do Profissional de Educação Física Maurício
Maltez (apud FARINATTI, 2005) prova isto. Ele acompanhou 39 crianças obesas,
das quais 18 fizeram apenas dieta e 21, dieta combinada com exercício. As do
primeiro grupo não alcançaram a resposta vasodilatadora comum aos magros
sedentários, como as do segundo grupo (FARINATTI, 2005).Em seu estudo, o Dr.
Maurício Maltez aponta que, a obesidade infantil está associada a conseqüências
negativas para a saúde da criança e do adolescente, incluindo dislipidemias,
inflamações crônicas, aumento da tendência a coagulação sangüínea, disfunção
endotelial, resistência a insulina, diabetes tipo 2, hipertensão, complicações
ortopédicas, alguns tipos de cânceres, apnéia do sono, estatohepatite não alcoólica,
quadro psicológico conturbado e diminuição da auto-estima.
Em crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui para
melhorar o perfil lipídico e metabólico e reduzir a prevalência de obesidade. Ainda, é
38
mais provável que uma criança fisicamente ativa se torne um adulto também ativo.
Em conseqüência, do ponto de vista de saúde pública e medicina preventiva,
promoverem a atividade física na infância e na adolescência significa estabelecer
uma base sólida para a redução da prevalência do sedentarismo na idade adulta,
contribuindo desta forma para uma melhor qualidade de vida. Nesse contexto,
ressaltamos que a atividade física é qualquer movimento como resultado de
contração muscular esquelética que aumente o gasto energético acima do repouso e
não necessariamente a prática desportiva. (GUYTON, 1988, p. 31).
Foi elaborado um documento por médicos especialistas em exercício e
esporte, baseia-se em conceitos científicos e na experiência clínica, tendo como
objetivos:
1) estabelecer os benefícios da atividade física na criança e no adolescente;
2) Caracterizar os elementos de avaliação e prescrição do exercício para a
saúde nessa faixa etária;
3) estimular a recomendação e a prática da atividade física nas crianças e
adolescentes, mesmo na presença de doenças crônicas, visto que são raras as
contra-indicações absolutas.
O objetivo principal da prescrição de atividade física na criança e no
adolescente é criar o hábito e o interesse pela atividade física, e não treinar visando
desempenho. Dessa forma, deve-se priorizar a inclusão da atividade física no
cotidiano e valorizar a educação física escolar que estimule a prática de atividade
física para toda a vida, de forma agradável e prazerosa, integrando as crianças e
não discriminando os menos aptos.
A competição desportiva pode trazer benefícios do ponto de vista
educacional e de socialização, uma vez que proporciona experiências de atividade
em equipe, colocando a criança frente a situações de vitória e derrota. Entretanto, o
objetivo de desempenho, principalmente quando há excessivas cobranças por parte
de pais e treinadores, pode trazer conseqüências indesejáveis, como a aversão à
atividade física. Por essa razão, o componente lúdico deve prevalecer sobre o
competitivo quando da prescrição de atividade física para as crianças.
39
Igualmente importante é oferecer alternativas para a prática do desporto, de
forma a contemplar os interesses individuais e o desenvolvimento de diferentes
habilidades motoras, contribuindo para o despertar de talentos.
Um programa formal de atividade física deve treinar pelo menos três
componentes: aeróbico, força muscular e flexibilidade, variando a ênfase em cada
um de acordo com a condição clínica e os objetivos de cada criança. Quando o
objetivo é o condicionamento aeróbico, a prescrição deve contemplar as variáveis
tipo, duração, intensidade e freqüência semanal, obedecendo aos princípios gerais
de treinamento.
O treinamento muscular deve ser realizado com cargas moderadas e maior
número de repetições, valorizando o gesto motor, uma vez que este tipo de atividade
contribui para o aumento da força muscular e massa óssea. O risco de lesões
osteoarticulares em crianças que realizam trabalhos de sobrecarga muscular é na
verdade menor do que o relacionado com esportes de contato, desde que seja
realizado com cargas submáximas sob supervisão profissional adequada.
Em relação à flexibilidade, seu treinamento deve envolver os principais
movimentos articulares e ser realizado de forma lenta até o ponto de ligeiro
desconforto e então mantidos por cerca de 10 a 20 segundos.
A implementação da atividade física na infância e na adolescência deve ser
considerada como prioridade em nossa sociedade. Dessa forma, recomendamos
que:
1) Os profissionais da área de saúde devem combater o sedentarismo na
infância e na adolescência, estimulando a prática regular do exercício físico no
cotidiano e/ou de forma estruturada através de modalidades desportivas, mesmo na
presença de doenças, visto que são raras as contra-indicações absolutas ao
exercício físico;
2) Os profissionais envolvidos com crianças e adolescentes que praticam
atividade física devem priorizar seus aspectos lúdicos sobre os de competição e
evitar a prática em temperaturas extremas;
40
3) A educação física escolar bem aplicada deve ser considerada essencial e
parte indissociável do processo global de educação das crianças e adolescentes;
4) Os governos, em seus diversos níveis, as entidades profissionais e
científicas e os meios de comunicação devem considerar a atividade física na
criança e no adolescente como uma questão de saúde pública, divulgando esse tipo
de informação e implementando programas para a prática orientada de exercício
físico.
5.5 Objetivos da Educação Física como Educação para a Saúde
Considerando:
Que a Declaração de Olímpia sobre Nutrição e Aptidão Física,
desenvolvida na III Conferência Internacional sobre Nutrição e Aptidão Física (1996)
confirmou no art. 2º. que "todas as crianças e adultos necessitam de alimentos e
atividades físicas para expressar seus potenciais genéticos de crescimento,
desenvolvimento e saúde".
Que o Programa Vida Ativa, promovido pela Organização Mundial de
Saúde (WHO/ 1998), reconhecendo a importância da atividade física para a saúde
das pessoas, estabelece como prioridade que o mesmo atinja principalmente
crianças e jovens.
Que estudos científicos mostram que uma atividade física regular é
essencial para um melhor cuidado na maturação de crianças e adolescentes;
Que o Manifesto de São Paulo (1999) para a Promoção da Atividade
Física nas Américas, endossado pelo Conselho Internacional de Ciência do Esporte
e Educação Física (ICSSPE) e pela Organização Mundial de Saúde (WHO), e
Centro de Estudos do Laboratório da Aptidão Física de São Caetano (CELAFISCS/
Brasil) partindo dos pressupostos que:
a) o comportamento sedentário na vida moderna, em escala global, exige
uma re-significação nas relações da pessoa consigo mesma, com o outro e o meio
ambiente, prejudicando a saúde das pessoas e podendo interferir negativamente no
desenvolvimento de suas ralações sócio-culturais e ecológicas;
41
b) a atividade física é definida como qualquer movimento corporal decorrente
de contração muscular, como dispêndio energético acima do repouso e constitui-se
como um comportamento humano complexo, voluntário e autônomo, com
componentes e determinantes de ordem biológica e psico-sócio-cultural e que pode
ser exemplificada pelas práticas do esporte, exercícios físicos, danças e
determinadas experiências de lazer e atividades utilitárias;
c) em termos epidemiológicos, as evidências científicas confirmam o papel
decisivo da prática da atividade física regular na prevenção e controle de diversas
doenças e na promoção da saúde e qualidade de vida em todos os grupos;
Recomendam aumentar as oportunidades para a iniciação e manutenção de
comportamentos ativos, ao longo do ciclo vital, na perspectiva de auto-realização e
modo de vida saudável e alegre, tendo como referência básica de intervenção, a
prática de atividades físicas moderadas, preferencialmente todos os dias da semana,
em uma única sessão diária de 30 minutos ou acumulando duas ou três sessões de
10-15 minutos.
Que a III Conferência Internacional de Ministros e Altos Funcionários
Encarregados da Educação Física e do Esporte-MINEPS III (1999), ao reforçar a
importância da Educação Física e do Esporte como direito das crianças e jovens do
mundo e suas funções levando as pessoas a se manterem ativas e com sua saúde
Que a Declaração sobre a Significância do Esporte para a Sociedade: Saúde,
Socialização, Economia, produzida na 8a. Conferência de Ministros Europeus
Responsáveis pelo Esporte, reconheceu a Saúde como um dos princípios citados
como prioritários para as atividades físicas.
Ao longo de sua vida e ainda reconhecendo-os como meios essenciais
para a melhoria da qualidade de vida, a saúde e o bem estar de todas as pessoas,
independentemente de fatores como capacidades ou incapacidades, sexo, idade,
origem cultural, racional ou etnia, religião ou posição social;
Que um estilo de vida sedentário poderá trazer como conseqüência
uma variedade de distúrbios vasculares e metabólicos, aterosclerose, hipertensão
arterial, diabete e outros malefícios, enquanto que uma atividade física regular trará
para as pessoas um menor risco nestes distúrbios;
42
Que um estilo de vida ativo, baseado numa prática constante de
exercícios físicos, de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, é reconhecido
como um dos melhores meios de promoção de saúde e qualidade de vida, inclusive
combatendo os diversos estresses da vida diária.
Que o Conselho Internacional para a Ciência do Esporte e Educação
Física (ICSSPE) no Documento Final do evento chamado World Summit on Physical
Education (Berlim/ 1999), levantou na literatura que:
a) uma vida ativa na infância afeta diretamente e de modo positivo a saúde
na idade adulta;
b) devido às circunstâncias da vida moderna (televisão, computador,
automóvel, elevadores etc.), a atividade física se reduziu em crianças e adultos;
c) vários estudos confirmam que a manutenção da forma física através de
uma prática moderada de atividades físicas. longevidade, reduzindo o risco de
hipertensão coronária, enfermidades do coração, câncer de cólon e depressão
psíquicas;
d) a redução da atividade física pode aumentar o aparecimento de
enfermidades crônicas, seja indiretamente pelo aumento de peso ou diretamente
como fator de risco independente;
e) o fortalecimento dos músculos, dos ossos e da flexibilidade das
articulações são muito importantes para a coordenação motriz, o equilíbrio e as
mobilidades necessárias para as tarefas do cotidiano, que diminuem com o aumento
da idade, em parte pela diminuição gradual da atividade física (Fórum Mundial de
Quebec /1995);
f) a atividade física ao desempenhar o papel relevante na prevenção de
enfermidades físicas (enfermidades nos vasos coronários, diabetes, câncer de cólon,
obesidade e osteoporose) e enfermidades mentais (depressões e stress), pode
enriquecer consideravelmente a vida social e o desenvolvimento de capacidades
sociais, além de favorecer a auto-estima das pessoas (Fórum de Quebec/ 1995).
A FIEP conclui:
Art. 7- A Educação Física, para que exerça sua função de Educação para a
Saúde e possa atuar preventivamente na redução de enfermidades relacionadas
43
com a obesidade, as enfermidades cardíacas, a hipertensão, algumas formas de
câncer e depressões, contribuindo para a qualidade de vida de seus beneficiários,
deve desenvolver hábitos nas pessoas de prática regular de atividades físicas.
(FIEP–Manifesto Mundial da Educação Física, 2000, p. 1).
5.6 Inserção do professor de Educação Física no programa de saúde da
família
A Educação Física (EF) é uma ciência que nas últimas décadas vem se
estruturando, conseguindo se configurar como uma importante área de estudos e
pesquisa. E uma de suas subáreas que cada vez mais vem ganhando destaque, nos
últimos vinte anos, é a de atividade física (AF) e promoção da saúde, principalmente
pela enorme quantidade de trabalhos que vem sendo publicado no meio científico.
(PITANGA, 2002).
A nova evidência vem comprovando cada vez mais, a importância e
contribuição da atividade física para a melhoria da qualidade de vida de uma
população. Isso se confirma, através de relações entre sedentarismo, como fator de
risco, e estilo de vida ativo, como fator de proteção a doenças hipocinéticas e
crônico-degenerativas, que é atualmente grande fonte de preocupação mundial no
que se refere à Saúde Pública. (ACSM, 2003).
Com relação à origem desses agravos, precisamos nos atentar, que um dos
principais fatores de risco é um estilo de vida sedentário e estressante que são
características do modo de produção capitalista. Neste sistema econômico, que se
consolidou no século XIX, os interesses de uma minoria dominante correspondem às
suas necessidades de acumular riquezas, gerar mais renda, ampliar o consumo, o
patrimônio e garantir o poder para manter a posição privilegiada que ocupa na
sociedade e a qualidade de vida construída a custa da "exploração" da classe
trabalhadora. (SOARES et al, 1992).
Desde então, o homem trabalhador, para garantir a sua sobrevivência,
passou a transformar o seu tempo de vida em tempo de trabalho, sofrendo, assim,
44
um grande desgaste que na maioria das vezes lhe impossibilita usufruir de alguns
bens humanos como o lazer, a educação e a atividade física.
Percebemos que todo o conhecimento produzido acerca da atividade física e
saúde, poucas vezes é colocado e aplicado a serviço da sociedade, o que pode ser
constatado através de um trabalho apresentado por acadêmicos de Educação Física
da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) durante o 8º Congresso de
Pesquisa e Extensão (CONPEX) em 2004, no qual retratou que 57% dos
profissionais de EF de Jequié - BA atuam em academias e Clínicas particulares
(OLIVEIRA et al, 2004), contrastando com os profissionais de outras áreas a
exemplo da Medicina, Enfermagem e Fisioterapia, cujo campo maior de atuação é a
Saúde Pública.
Acreditamos que talvez esse fato perpasse por vários motivos, dentre eles:
a) O desconhecimento da comunidade sobre a importância do trabalho deste
profissional, o que acaba influenciando na falta de interesse da população em cobrar
das autoridades públicas a sua atuação no sistema de saúde; e b) Os ranços
históricos desta área do conhecimento, que até pouco tempo, não priorizava a
atuação na Saúde Pública.
Dessa forma, percebemos que somente uma minoria que tem condições de
usufruir de tais serviços, pagando uma academia, um personal trainer, ou às vezes,
fazendo parte de clubes e associações sociorecreativas/desportivas, tem a
"possibilidade" de ter um acompanhamento e orientação do professor de EF,
enquanto a parte majoritária passa a ter acesso muito limitado ao seu conhecimento,
se restringindo apenas às informações transmitidas através da mídia, que em sua
grande parte são equivocadas, já que, quase sempre visam objetivos estéticos, que
estão diretamente relacionados com o consumo e a comercialização de produtos,
inclusive o corpo. Diante deste contexto, apresentamos como um possível local para
intervenção do professor de EF o programa de saúde da família (PSF), que surge
como uma das alternativas de (re) orientação do modelo de atenção à saúde, e é
entendido como resultante do estabelecimento de vínculos e a criação de laços de
compromisso e co-responsabilidade entre os poderes políticos, os profissionais de
saúde e a comunidade. O PSF caracteriza-se como uma estratégia que possibilita a
45
integração e promove a organização das atividades de atenção à saúde, em uma
determinada área de abrangência, na tentativa de propiciar o enfrentamento e
resolução dos problemas identificados. (BRASIL, 1997). Propõe-se a trabalhar com o
princípio da vigilância à saúde, apresentando uma característica de intervenção inter
e multidisciplinar.
5.7 A Educação Física e sua relação histórica com a saúde e a
qualidade de vida
Para que possamos entender como a Educação Física (EF) surgiu, é preciso
compreender o contexto histórico e a razão pela qual ela se instituiu. Segundo
(SOARES et al, 1992, p.50), "[...] podemos afirmar que ela surge de necessidades
sociais concretas que, identificadas em diferentes momentos históricos, dão origem
a diferentes entendimentos do que dela conhecemos". No entanto, para
desenvolvermos um melhor entendimento, faz-se necessário que retornemos a raiz.
Na Grécia antiga, a Atividade Física (AF) conseguiu uma grande
representatividade através da ginástica, que era praticada somente por homens
livres. Na sua essência, essa atividade tinha como principal objetivo o culto ao corpo,
que se relacionava ao pleno estado de contemplação e veneração na busca de uma
aproximação, pelo menos física, dos deuses. Também visava a moral e a estética.
(BARBOSA, 2001). Mais tarde, ela ganhou fins bélicos e passou a ser utilizada
também no treinamento dos gladiadores. (PITANGA, 2002). Logo após a revolução
de 1789, que deu origem a uma grande mudança no sistema político e econômico,
destituindo a nobreza e o clero do poder, inviabilizando assim, a relação servo-
senhor feudal e afirmando a burguesia enquanto classe dominante surgiu uma outra
relação de dominação, dessa vez burguesia-proletariado. Com a afirmação dessa
sociedade capitalista em fins do século XVIII e início do século XIX, surge à
necessidade de se constituir um novo homem, mais forte, ágil e resistente, capaz de
responder a essa nova sociedade. (SOARES et al, 1992; BARBOSA, 2001).
Dessa forma, segundo (SOARES et. Al, 1992, p.51):
46
O trabalho físico, então, na Europa dos anos oitocentos, passa a merecer atenção das autoridades estatais, e liga-se ao tema dos cuidados físicos com o corpo [...] - os quais incluíam a formação de hábitos como: tomar banho, escovar os dentes, lavar as mãos - que se faziam presentes, também, os exercícios físicos, vistos exclusivamente como fator higiênico.
Com esse papel, nasce na Europa no final do século XVIII e início do século
XIX, em âmbito escolar, a EF. Ela surgiu através da sistematização de jogos,
ginástica, dança e equitação em exercícios físicos, sendo que as primeiras formas
estruturais partiram da ginástica e foram denominados métodos ginásticos. Autores
como o sueco Ling, o francês Amoros e o alemão Spiess tiveram o mérito de aliar ao
desenvolvimento da EF na escola um espaço de respeito e privilégio.
No desenvolvimento do conteúdo da EF escolar, o médico tinha papel
destacado, orientando a função dessa disciplina na escola. As aulas eram
ministradas por instrutores físicos do Exército, que aplicavam nestas instituições os
rígidos métodos militares de disciplina e hierarquização, cujo projeto visava à
construção do homem disciplinado, obediente, submisso e respeitador da ordem
social. (SOARES et al, 1992).
No Brasil, a EF higienista predominou até 1930. Segundo GUIRALDELLI JR.
(1994, p.18), esta concepção acreditava ser capaz de "redimir o povo de 'seu
pecado mortal, que é a ignorância', e que o leva as condições de deteriorização da
saúde". Na verdade, o que existe na Educação Física higienista é uma
pseudopreocupação com a saúde da população, já que a lógica é tornar o homem
"saudável" através do exercício, para depois sugar toda a sua energia na produção.
Nas quatro primeiras décadas do século XX, foi marcante no Brasil a
influência dos métodos ginásticos e da instituição militar, principalmente no período
de 1930 a 1945. (BARBOSA, 2001). É importante ressaltar, que os profissionais que
atuavam na EF eram instrutores das instituições militares, pois nesta época não
havia escolas de formação de professores dessa área do conhecimento, sendo a
primeira criada em 1939. (BRASIL, 1939 apud SOARES et al, 1992). No final da
década de 40, com o término da II Guerra Mundial e inspirada no ideal liberal da
Escola Nova, surgiu a tendência definida por GUIRALDELLI JR. (1994) como
Pedagogicista, que defendia um caráter educacional mais efetivo, com ênfase na
47
pedagogia. A partir dos anos 70, influenciada pelo sucesso de algumas equipes
nacionais no exterior, a EF volta-se quase que exclusivamente para o interesse
esportivo, cujo pressuposto básico era formar equipes desportivas competitivas.
Dessa forma, o que podemos perceber nesse breve passeio histórico, é que
a AF relacionada à saúde, com o interesse de contribuir para uma melhor qualidade
de vida dos indivíduos, não era um objeto de estudo privilegiado pela EF. Na
verdade este interesse só começou a acontecer a partir de 1945, quando ocorreu
um aumento significativo de doenças como úlceras pépticas, câncer de pulmão e
doença arterial coronariana, ou seja, quando se iniciou a era das doenças crônico-
degenerativas. Os estudos de caso-controle conseguiram demonstrar que a gênese
destas doenças está ligada a uma rede multicausal, da qual faz parte o estilo de
vida, o meio ambiente e os aspectos sociais, onde o sedentarismo aparece como um
dos fatores determinante de agravos à saúde (PITANGA, 2002).
48
CONCLUSÃO
Nos últimos anos, o interesse sobre os efeitos do ganho de peso excessivo
na infância tem aumentado consideravelmente, devido ao fato que o
desenvolvimento da celularidade adiposa neste período ser determinante nos
padrões de composição corporal de um indivíduo adulto.
Esta pesquisa investigou a obesidade infantil, identificou os possíveis fatores
etiológicos além de verificar quais as intervenções que se destacam como forma de
diminuir e/ou prevenir a obesidade em crianças. A obesidade é uma das
enfermidades nutricionais que mais têm apresentado aumento de sua prevalência,
tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento.
Em relação aos fatores etiológicos relacionados com o desenvolvimento da
obesidade na infância são determinantes o desmame precoce, introdução de
alimentos inadequados e a inatividade física. Para o tratamento da obesidade
infantil, faz-se necessário a presença e a atuação de equipe multiprofissional
(médico, nutricionista, psicólogo, e o educador físico).
Existem, porém, algumas recomendações gerais a serem seguidas: dieta
balanceada que determine crescimento adequado e manutenção de peso; exercícios
físicos controlados além do apoio emocional individual e familiar. Para melhores
resultados no tratamento é importante a cooperação dos pais. A escola tem papel
fundamental ao modelar as atitudes e comportamentos das crianças sobre a
49
atividade física e nutrição.
Através desta pesquisa pôde-se perceber que a obesidade infantil é uma
enfermidade multicausal, e está fortemente relacionada com a obesidade na vida
adulta (onde as repercussões serão mais agravadas). Além de ser uma das
patologias nutricionais que mais tem apresentado aumento de prevalência. Em
relação à prevalência pode-se perceber que está aumentando tanto nos países
desenvolvidos, quanto naqueles em desenvolvimento como o Brasil.
Na infância, os fatores etiológicos determinantes para o estabelecimento da
obesidade são: o desmame precoce e a introdução de alimentos inadequados,
emprego de fórmulas lácteas inadequadamente preparadas e a inatividade física.
Outros fatores estariam relacionados ao ambiente familiar. Filhos de pais obesos
têm 80% de chances de se tornarem crianças obesas, estas chances caem pela
metade se apenas um dos pais for obeso, e é apenas de 7% se nenhum dos pais for
obeso.
Os principais riscos para a criança obesa são: a elevação dos triglicérides e
do colesterol, hipertensão, alterações ortopédicas, dermatológicas e respiratórias. O
fator psicológico também destaca-se, a partir do momento que a criança obesa é
discriminada por seus pares não obesos, podendo sofrer alterações negativas, em
sua personalidade, levando à baixa auto-estima e depressão.. Existem algumas
recomendações gerais a serem seguidas: a reeducação alimentar, que determine
crescimento adequado e manutenção de peso; exercícios físicos controlados e
diminuição do tempo de inatividade. Além disso, a reeducação alimentar e o
aumento da atividade são essenciais, pois visam à modificação e melhorias dos
hábitos diários a longo prazo, e tornam-se elementos de conscientização e
reformulação auxiliando a refletir sobre a saúde e qualidade de vida. Para melhores
resultados nos tratamentos é importante a cooperação dos pais, que devem estar
conscientes de que a obesidade um risco e que gera graves problemas na vida
adulta.
Contudo, a prevenção é o melhor caminho. Começando pela amamentação
materna, que deve durar no mínimo seis meses. A introdução de alimentos
50
saudáveis e em quantidades não exageradas após o desmame, além do hábito de
praticar atividades físicas desde criança. A escola tem papel fundamental ao
modelar as atitudes e comportamentos das crianças sobre atividade física e nutrição.
Deve-se dar atenção à prevenção com desenvolvimento de estratégias preventivas
para todas as idades. De qualquer forma a prevenção deveria começar na infância.
Associado a um acompanhamento por profissionais da saúde, a obesidade é
tratada com responsabilidade, levando em conta os diversos fatores ligados a ela. É
importante que o profissional da área de Educação Física esteja atento a o problema
que está diretamente ligado a sua área. Afinal, a obesidade e definida como o
aumento excessivo da quantidade de gordura corporal, e como combatê-la sem um
tratamento associado a atividade física que é competência do profissional de
Educação Física a elaboração de um programa de exercícios que ajude o sujeito a
alcançar seus objetivos de forma segura.
A obesidade está inserida na sociedade, mas é necessário que se
conscientize da importância de buscar soluções. O profissional de Educação Física
não pode vê seus alunos estarem ou ficarem obesos sem intervir para buscar
alternativas de mudar este quadro. É dentro da escola que se tem contato com a
obesidade infantil, então cabe ao professor de Educação Física preocupar-se e atuar
no combate a obesidade.
51
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ANEXOS