Manejo Nutricional da Videira Equipe Técnica da Cooperativa Vinícola Nova Aliança Agr. Leonardo Alonso Guimarães
Manejo Nutricional da Videira
Equipe Técnica da Cooperativa Vinícola Nova Aliança Agr. Leonardo Alonso Guimarães
Pontos de partida:
• As recomendações oficiais (ROLAS) estão incompletas e inadequadas para uva.
• Análises de solo e folhas ajudam a iluminar o caminho mas ainda são insuficientes.
• O convívio cotidiano e atento do viticultor com suas parreiras é o melhor fertilizante.
• Não existe um adubo perfeito e sim um conjunto de atitudes que se complementam.
• O solo é um organismo vivo que precisa ser alimentado para alimentar as plantas!
ADUBAÇÃO OU NUTRIÇÃO ?
A PLANTA ALIMENTADA DE FORMA EQUILIBRADA É MAIS PRODUTIVA E MAIS RESISTENTE A PROBLEMAS CLIMÁTICOS, A DOENÇAS E A INSETOS-PRAGA.
Composição das plantas vivas:
• 80 a 90% é ÁGUA (H2O = Oxigênio e Hidrogênio)
• 8 a 19% é AR e SOL (Carbono, O2, N2, + Energia Solar)
• E os 1 a 2% restantes? TERRA = Minerais (+ de 40 elementos nutrientes) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Composição do AR = 75 a 78% Nitrogênio 21% Oxigênio 0,0385% de Gás Carbônico (CO2) → CARBONO ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- → Carbono forma ± ½ da matéria seca das plant.
ADUBAÇÃO OU NUTRIÇÃO ?
Agricultura é a arte de cultivar o sol! (Provérbio chinês)
O que dizem alguns dos mais antigos e sábios viticultores na
Serra Gaúcha?
“A parreira precisa de sol e ar.”
Então:
Será que é só a raiz que funciona como boca para alimentar a planta?
ADUBAÇÃO OU NUTRIÇÃO ?
Outra parte esquecida das plantas!
APROXIMADAMENTE 1/3 DA BIOMASSA TOTAL DAS PLANTAS (a parte viva)
É FORMADA PELAS RAÍZES.
Raízes e Nutrição
Uma das conclusões:
As videiras com muitas raízes finas nas camadas mais profundas, isto é, a mais de 60 cm de profundidade, podem resistir à seca, sem serem gravemente afetadas na sua produção de uvas, nem na sua qualidade, em comparação a áreas irrigadas.
Fonte: DRAEDM - Direcção Regional de Agricultura de Entre-Douro e Minho - Portugal, 2001.
1) E as raízes das parreiras na Serra Gaúcha como se desenvolvem?
2) Será que a compactação do solo pelo trator influencia a distribuição das
raízes e a absorção de nutrientes?
Qual o problema aqui?
Redução da absorção de nutrientes pelas
plantas devido a compactação do solo:
Nutriente Mínimo (%)
Máximo (%)
Nitrogênio 25 45
Fósforo 20,0 35,5
Potássio 20,1 24,3
Fonte: Medeiros, 2005.
O SOLO É UM ORGANISMO VIVO!
A produção de alimentos sadios é basicamente matéria orgânica e bom senso!
Concentração de alguns microrganismos no solo
Em 1 grama de terra pode ter:
→ Bactérias = de 3 milhões a 500 milhões
→ Fungos = de 5 mil a 900 mil
→ Algas = de 1 mil a 500 mil
→ Mais: actinomicetos, protozoários...
RIZOSFERA – que bicho é esse?
→ A rizosfera é a região do solo sob influência direta da presença das raízes e é a região onde
ocorre a maior parte das interações entre microrganismos e plantas (Lynch, 1982; Foster, 1986).
→ Na rizosfera pode haver até 100 vezes mais microrganismos que no solo sem raízes.
Fonte: Documentos, Nº 118 - EMBRAPA Agrobiologia, Dez/2000.
AS PLANTAS PRECISAM DA AJUDA DOS MICRORGANISMOS PARA SE ALIMENTAREM!
Vamos pensar um pouco nos 1 a 2 % da composição das plantas vivas, os
minerais!
Retirada aproximada de nutrientes na colheita de 20 ton/ha de uva
Nitrogênio
(N) 40 kg Cálcio
(CaO) 120 kg
Fósforo
(P2O5) 28 kg Magnésio
(MgO) 20 kg
Potássio
(K2O) 120 kg Boro
(B) 200 g
Fórmula NPK “Ideal”?
7 - 5 - 21 ou 7 - 0 - 21
Escolha do fertilizante:
Adubo/ha Nitrogênio/ha
Fósforo/ha
Potássio/ha
Preço (R$)
6 sc 5-30-15 + 1 sc Uréia
15 ou 37 90 45 442,00
3 sc Cloreto K + 2 sc Nitrato de
Amônio
32
0
87
310,00 (-30%)
Demanda 20 ton/ha de uva
40 28 120
Preços = 2012
Então o que fazer para tentar nutrir de forma equilibrada as videiras?
• Adubação química em quantidade adequada as condições do solo e demanda da parreira.
• Adubação orgânica para vivificar o solo e melhorar suas condições físicas, químicas e biológicas de nutrição. (cama de aviário?)
• Adubos verdes e plantas de cobertura para aumentar a vida, proteger e descompactar o solo, diminuindo a dependência de adubos artificiais.
Os solos agrícolas devem ser manejados de modo a favorecer a diversidade e a atividade de sua microbiota. Nestas condições, geralmente,
os processos benéficos, como a fixação biológica de nitrogênio, a formação de micorrizas e a
mineralização são favorecidos, enquanto aqueles maléficos, como a incidência de
doenças, são reduzidos. Isto implica em uso mais eficiente dos insumos e maior lucratividade
das atividades agrícolas.
(Siqueira e Franco, 1988 )
Adubação Verde e Plantas
de Cobertura para dar
vitalidade ao Solo
Proteção do Solo
Nutrição da Videira
Benefícios da adubação verde
• Proteção contra erosão (todo o ano)
• Fixação biológico de Nitrogênio do ar
• Reciclagem de nutrientes e disponibilidade
• Descompactação do solo pelas raízes
• Melhora a estrutura física do solo
• Infiltração da chuva e ↑ crescimento da raiz
• Disponibilidade de água por mais tempo pra
videira (conserva a umidade)
• Controle de inços
• Aumenta a matéria orgânica do solo e da vida
Plantas de cobertura Massa seca (kg/ha) N acumulado (kg/ha) Relação C/N
Inverno Chícharo 3.267 91 16
Ervilha forrageira 3.154 79 16
Ervilhaca comum 3.259 86 3,8 sc. 16 Tremoço-azul 4.890 111 5 sc. 15 Aveia preta 4.726 55 2,4 sc. 43 Nabo forrageiro 4.379 101 4,5 sc. 18 Aveia + ervilhaca 5.970 99 4,4 sc. 24 Vegetação espontânea 1.698 29 27
Verão Crotalaria juncea 10.522 189 28
Crotalaria spectabilis 6.000 137 6 sc. 20 Feijão-de-porco 5.527 150 6,7 sc. 17 Guandu anão 4.807 103 23
Mucuna-cinza 7.243 179 21
Mucuna-preta 7.062 161 23
Vegetação espontânea 3.798 31 47
Fonte: Oliveira et al. (2002), para valores médios de dez autores.
Produção de plantas de cobertura na Região Sul do Brasil
Nascem plantas de cobertura ou pedras ?
( E os glifosatos? ) • Pode diminui o crescimento das raízes e das
mudas.
• Desliga mecanismos naturais de proteção da planta.
• Pode induzir a deficiência de Manganês (defesas).
• Afeta negativamente alguns microrganismos do solo.
• Pode provocar câncer no(a) vivente que aplica sem proteção adequada.
• Pode provocar má formação congênita nas pessoas em idade reprodutiva.
Em função disso tudo, como, quanto, quando e onde devemos
colocar a fertilizantes
sintéticos e orgânicos?
80
70
60
50
40
30
20
10
Co
nte
úd
o d
e n
utr
ien
te (
kg
/ha)
Brotação Floração Mudança de cor uva Colheita
Ca
K
P Mg
N
Fonte: Vallone (2003) Fertilización y calidad em vid para vinificar. Universidad de Cuyo, Argentina.
Absorção de nutrientes ao longo
do ciclo anual da videira
Demanda
Kg/Ton Uva
4,3
5
0,4
0,2
2
CALCÁRIO
- Recomendar uso nas seguintes condições:
1) Presença de Alumínio maior que 0,5 cmolC/dm³, ou 2) pH menor que 5,5 ou 3) Saturação de Bases abaixo de 70%.
- Pode ser associado à demanda de Cálcio, incluindo o Calcário Calcítico ou Cinza Calcítica. - Método para recomendação = Correção pela Saturação de Bases para 80% e/ou 60% da recomendação pelo índice SMP (ROLAS), quando parreiral já instalado. - Em caso de plantio em área nova, utilizar 60% da quantidade indicada pelo índice SMP (ROLAS), distribuindo e incorporando ao solo pelo menos 3 meses antes do plantio das mudas. Cálculo via Sat. de Bases → NC = CTC (80-V1) 100
COMPOSTO ORGÂNICO Utilizar preferencialmente composto orgânico e, sempre que possível, os que tenham utilizado como matéria-prima resíduos do processamento de uva (bagaço e engaço). Tentar evitar (ou não usar de forma repetida) composto feito com terra filtrante, pela sua alta concentração de Alumínio, principal agente ativo na acidificação do solo. O composto orgânico tem diversas vantagens, entre elas uma maior ativação biológica do solo; disponibilidade de praticamente todos os nutrientes requeridos pelas plantas; liberação de nutrientes de forma lenta e continuada, acompanhando o crescimento dos vegetais; melhora as condições físicas, químicas e biológicas do solo. Em solos com excesso de Fósforo, preferir composto que não utilizou camas de frango, de peru ou de poedeira como matéria prima principal.
- Dosagem: 8 a 15 m³/ha: Definir a partir da análise química. Repetir pelo menos 2 anos seguidos. Em mudas, utilizar uma a duas pás/planta. No caso de mudas, dar preferência para composto de cama de aviário. - Forma de aplicação: espalhar em toda a área uniformemente. No caso de mudas, utilizar no entorno da planta distante, pelo menos, um raio do tamanho de um palmo. - Época de aplicação: em parreirais estabelecidos, distribuir sobre a adubação verde no outono. Em mudas, distribuir aproximadamente um mês antes da brotação e, de preferência associar a uma capina, para melhor incorporação do material. Em plantas fracas e havendo chuvas, se pode utilizar 50% logo após a colheita (associar com biofertilizante foliar).
FÓSFORO (P)
- Em área nova, fazer recomendação conforme ROLAS.
- Estando em 12mg/dm³ (até classe textural 3) não adubar, ficar alerta e seguir monitorando a área.
- Abaixo de 12mg/dm³ utilizar de 50 a no máximo 200kg/ha de Fosfato Super Triplo/ano; monitorar com análise foliar na floração (pecíolo).
- Em solos de classe textural 4, o teor crítico do P deve ser de 21mg/dm³; não adubar com valores igual ou maior que esse, monitorando via análise foliar.
Colocar 2 kg de Fósforo/ha para aumentar ± 1 mg/dm³ no solo: 50 kg de Super Triplo aumenta ± 4,6 mg/dm³/ha. 50 kg de Super Simples aumenta 2,0 mg/dm³/ha. 50 kg de Fosfato Natural Reativo aumenta ± 2,2 mg/dm³/ha. - Época de aplicação: Antes da poda ou ainda na cobertura verde, quando houver. O
Fosfato Natural Reativo precisa de certa incorporação, o que pode ser feito na mobilização superficial do solo par ao plantio da adubação verde de inverno, ou antes de manejar (rolar ou roçar) a adubação verde no final do inverno, fazendo com que o fosfato fique entre a palha e o solo.
* Relações importantes de complementaridade e/ou antagonismo = P/Zn e P/Fe.
POTÁSSIO (K) → Pode ser feita a aplicação de uma só vez, sem parcelamento, imediatamente após a floração em anos de chuvas “normais”. Essa prática não pode ser recomendada para anos de estiagem, pois o nutriente não será incorporado de forma satisfatória nos solos da Serra Gaúcha. → Se as plantas estiverem muito “fracas”, colocar 1/3 da recomendação logo após a colheita. → Se a planta estiver com bom vigor e não necessitar de Nitrogênio, pode-se aplicar o K no início da brotação, mas atentar para os níveis de Boro, para não haver falta deste durante a floração. → A intenção é manter os níveis no solo entre 130 e 150 mg/dm³. Mesmo com esses níveis, pode haver necessidade de aplicação de K, em função das relações Ca/K e Mg/K. → Atentar para anos secos e chuvosos. Ao que parece que em anos chuvosos o Mg (valência 2+) tem mais facilidade de entrar na planta, podendo provocar “fome oculta” de K. Ao contrário, em condições de estiagem, parece que o K (valência 1+) fica favorecido, podendo inclusive ocasionar a falta de Mg, o que pode ser resolvido com aplicações foliares de Sulfato de Magnésio. → Temos observado em vários solos corrigidos o pH com calcário dolomítico (altas quantidades de Ca e Mg), para chegarmos numa relação Ca/K entre 9 a 15, e Mg/K de 4 a 5 no solo temos de elevar o K a níveis superiores de 350 mg/dm³. Essa condição reflete o uso incorreto do calcário, em quantidade e tipo, sem critério objetivo e sem realização de análise do solo.
Dosagem: colocar 2 kg de Potássio/ha para aumentar ± 1 mg/dm³ no solo:
- 50 kg de Cloreto de K aumenta ± 12,5 mg/dm³/ha. - 50 kg de Sulfato de K aumenta ± 8,9 mg/dm³/ha. • Relações: K/B; Ca/K; Mg/K; K/Fe (falta de K pode prejudicar entrada Ferro pela raiz).
Alguns outros nutrientes minerais:
• Cálcio
• Magnésio
• Enxofre
• Boro Atentar para a tentativa
• Zinco equilibrar os nutrientes.
• Ferro
• Manganês
• Molibdênio
Grato pela atenção!
Equipe Técnica Coop. Nova Aliança:
Agr. Rodrigo Formolo – (54)91245937
Agr. Paulo R. Dullius – (54)91711175
Agr. Leonardo Reffatti – (54)91652477
Agr. Leonardo A. Guimarães – (54)99040974
Coop. Vinícola Nova Aliança - (54)4009-4255