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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 55
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS
DENTAL EXTRACTION ACCIDENTS
AND COMPLICATIONS
Clvis MARZOLA * Joo Lopes TOLEDO FILHO **
Gustavo LOPES TOLEDO *** Marcos Maurcio CAPELARI ****
Cludio Maldonado PASTORI ***** Daniel Luiz Gaertner ZORZETTO
******
Marlia GERHARDT DE OLIVEIRA ******* Joo Batista BLESSMANN-WEBER
********
____________________________________________ * Professor Titular
de Cirurgia Aposentado da FOB-USP e professor do Curso de
Especializao em
Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial promovido pela APCD
Regional de Bauru. Coordenador da Disciplina de Metodologia de
Ensino e Pesquisa.
** Professor Titular de Anatomia da FOB-USP e professor do Curso
de Especializao em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial
promovido pela APCD Regional de Bauru. Coordenador da Residncia no
Hospital de Base da Associao Hospitalar de Bauru.
*** Professor of the Specialization Course promoted by the
Regional APCD of Bauru. **** Professor of the Specialization Course
promoted by the Regional APCD of Bauru. ***** Professor and Doctor
of the Specialization Course promoted by the Regional APCD of
Bauru. ****** Professor and Doctor of the Specialization Course
promoted by the Regional APCD of Bauru. ******* Professora Titular
de Cirurgia da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul
Porto
Alegre RS. ******** Professor Titular de Odontopediatria da
Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul
Porto Alegre RS.
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 56
RESUMO Reportando-se ao passado no muito remoto da Odontologia,
pode-se observar que acidentes e complicaes decorrentes das
exodontias eram bem mais freqentes que hoje. O empirismo das
tcnicas cirrgicas exodnticas, a falta de instrumentos adequados,
alm do desconhecimento da assepsia e anti-sepsia, muitas vezes at
da anestesia, concorriam para que esta incidncia fosse ainda maior.
Hoje, graas aos conhecimentos de assepsia, anti-sepsia, anestesia
local, emprego das imagens radiogrficas, dos antibiticos, alm de
tcnicas requintadas, a cirurgia est capacitada a intervir com
segurana, de modo a reduzir grandemente o nmero de acidentes e
complicaes. Estes acidentes ficam mesmo agora, somente restritos
falta de conhecimento de determinados profissionais, ainda afeitos
a tcnicas antiquadas e j em muito ultrapassadas. Apesar deste
conhecimento, qualquer descuido ou inobservncia de tcnica poder
causar acidentes com conseqncias graves, bem como as resultantes
complicaes. Para maior facilidade de exposio, sero chamados de
acidentes, aqueles que ocorrerem durante o ato cirrgico e,
complicaes aquelas que vm a surgir aps algum tempo da realizao do
ato operatrio, ou ainda no ps-operatrio.
ABSTRACT Referring it the past not very remote of the Dentistry,
can be observed that accidents and decurrently complications of the
dental extractions were well more frequent than today. The empires
of the dental surgical techniques, the lack of adjusted
instruments, beyond the unfamiliarity of the asepsis and
antisepsis, many times even of the anesthesia, concurred so that
this incidence was still bigger. Today, thanks to the asepsis
knowledge, antisepsis, local anesthesia, job of the radiographic
images, of antibiotics, beyond very good techniques, the surgery is
enabled to intervene with security, in order to greatly reduce the
number of accidents and complications. These accidents are exactly
now, only restricted to the determined lack of knowledge of
professional, still restricts the obsolete techniques and already
in very exceeded. Although this knowledge, any incautiousness or
non-observance of technique will be able to cause accidents with
serious consequences, as well as the resultant complications. For
bigger easiness of exposition, they will be called accidents, those
that to occur during surgical act and, complications those that
come to after appear some time of the accomplishment of the
operatories act, or still in the postoperative one. Unitermos:
Exodontia; Acidentes; Complicaes; Preveno; Profilaxia. Uniterms:
Dental extraction; Accidents; Complications; Prevention;
Prophylaxis.
INTRODUO Reportando-se ao passado no muito remoto da
Odontologia, pode-se observar que acidentes e complicaes
decorrentes das exodontias eram bem mais freqentes que hoje. O
empirismo das tcnicas cirrgicas exodnticas, a falta de instrumentos
adequados, alm do desconhecimento da assepsia e anti-sepsia, muitas
vezes at da anestesia, concorriam para que esta incidncia fosse
ainda maio (MARZOLA, 2008).
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 57
Como a anestesia local era tambm desconhecida, os acidentes
ocorridos durante o ato cirrgico eram de grande monta. A inquietao
do paciente, alm da dor sentida, impedia o profissional de intervir
com calma e, na inteno de efetuar uma determinada extrao com
rapidez, o paciente ficava sempre exposto a gravssimos acidentes.
Hoje, graas aos conhecimentos de assepsia, anti-sepsia, anestesia
local, emprego das imagens radiogrficas, dos antibiticos, alm de
tcnicas requintadas, a cirurgia est capacitada a intervir com
segurana, de modo a reduzir grandemente o nmero de acidentes e
complicaes. Estes acidentes ficam mesmo agora, somente restritos
falta de conhecimento de determinados profissionais, ainda afeitos
a tcnicas antiquadas e j em muito ultrapassadas. Apesar deste
conhecimento, qualquer descuido ou inobservncia de tcnica poder
causar acidentes com conseqncias graves, bem como as resultantes
complicaes. Para maior facilidade de exposio, sero chamados de
acidentes, aqueles que ocorrerem durante o ato cirrgico e,
complicaes aquelas que vm a surgir aps algum tempo da realizao do
ato operatrio, ou ainda no ps-operatrio. Entre os acidentes
notam-se, de acordo com a grande maioria dos autores: 1. acidentes
no uso dos frceps; 2. desgarramentos de mucosa; 3. fratura da
tuberosidade do maxilar; 4. fratura da coroa dental; 5. fratura
radicular; 6. leso de dentes vizinhos ou do arco oposto; 7. luxao e
fratura da mandbula; 8. abertura do seio maxilar; 9. penetrao de
raiz ou dente no seio maxilar; 10. abertura da cavidade nasal; 11.
penetrao do dente nas vias respiratrias ou digestivas; 12. leso das
partes moles (lngua, lbios e bochechas); 13. leso do nervo e vasos
alveolares inferiores; 14. leso do nervo e vasos mentuais; 15. leso
do nervo e vasos infra-orbitais; 16. leso do nervo e vasos do
orifcio palatino maior e nasopalatino; 17. enfisema aps a extrao;
18. fratura secundria da mandbula aps a extrao e, 19. penetrao de
corpos estranhos ou mesmo ainda dentes no seio maxilar, com
conseqente comunicao buco-sinusal, ou mesmo ainda, em alvolos.
Entre as complicaes das exodontias so encontradas: 1. dor
ps-operatria e alveolite; 2. infeco local e geral; 3. edemas; 4.
hematoma e, 5. hemorragia (MARZOLA, 2008). Todos esses acidentes e
complicaes fazem parte da rotina diria dos consultrios odontolgicos
e muitas vezes no so nem ao menos pesquisados pelos Cirurgies
Dentistas. Essa a importncia desse trabalho e, devido a esse
esquecimento justifica-se sua apresentao.
ACIDENTES 1. Acidentes no uso dos frceps Em exodontia no raro, o
profissional depara-se com acidentes desagradveis, sendo a
literatura odontolgica rica em exemplos os mais frisantes sobre sua
ocorrncia (Fig. 1). Tendo em vista a atualizao do assunto, o
problema sempre atual e, alguns desses aspectos foram analisados
luz da Fsica, equacionando-os de maneira objetiva, segundo a relao
causa-efeito, frceps-acidente. Assim os acidentes mais comuns em
exodontia decorrentes do uso dos frceps so os seguintes (MARZOLA,
2000): 1.1 no uso de frceps imprprios. 1.2 na preenso incorreta do
dente pelas suas pontas ativas e, 1.3 na mecnica da exodontia.
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 58
Fig. 1 Uma raiz com uma grande dilacerao apical que
provavelmente dever ter provocado um grande
acidente ao ser extrada integralmente. 1.1 No uso de frceps
imprprios Os frceps usados atualmente so denominados anatmicos
devido s formas de suas pontas ativas, que foram estabelecidas de
acordo com a anatomia dos colos dentais, quer para dentes isolados
quer para grupos de dentes (MARZOLA, 2008). So apresentadas
esquematicamente as formas dos colos dos dentes superiores e
inferiores, bem como os tipos de frceps correspondentes (KRANZ)
(Figs. 2, 3 e 4).
A
2
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 59
Figs. 2, 3 e 4 (2) Formas dos colos dentais dos elementos
superiores e inferiores, de acordo com o tipo
de frceps correspondentes (de KRANZ). (3) Nota-se a perfeita
justaposio das pontas ativas dos frceps aos colos dentais, com as
foras corretamente dirigidas (4) e a colocao do frceps
incorretamente, destacando-se a formao da cunha.
3
5
6
4
7
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 60
Figs. 5, 6, 7, 8 e 9 Indicao correta dos frceps, de acordo com
os respectivos dentes ou razes. Numa anlise detida desses esquemas,
podem ser tiradas algumas concluses a respeito do assunto. Assim,
nos frceps para molares, suas pontas ativas tm uma configurao
diferente, tratando-se de frceps para molares superiores do lado
direito ou do lado esquerdo. Realmente, observando-se as pontas
ativas destes frceps, encontra-se naquele para o lado direito
(18R), na borda de sua ponta ativa, uma salincia em cunha para ser
aplicada face vestibular do dente. O mesmo ocorre com os frceps
para o lado esquerdo (18L), que apresentam na borda de sua ponta
ativa, igual salincia em cunha (Figs. 8 e 9). Usando-se para
molares do lado direito frceps para o lado esquerdo, as pontas
ativas entraro em contato com faces no coincidentes (MARZOLA,
2008). Pela fora de manuteno imposta aos braos do frceps, recebem
estas pontas ativas foras, que iro comprimir as faces do dente. Na
face vestibular a concavidade da ponta ativa no atuar em toda sua
superfcie e, por outro lado, na face palatina, a ponta ativa
somente atuar na rea tocada pela salincia em cunha. Com o aumento
da fora de presso, acrescido pela fora de deslocamento dental, o
dente se fraturar por uma ao de cunha. O mesmo ocorrer para molares
do lado esquerdo usando-se frceps que so indicados para o lado
direito (MARZOLA, 2008). Outro acidente que ocorre com alguma
freqncia diz respeito ao uso do frceps de ponta ativa larga, em
dentes com dimetro msio-distal proporcionalmente menor. O
profissional, no ato da preenso do dente com este frceps, se no
observou o fato, toca com as bordas laterais de sua ponta ativa a
poro coronria dos dentes vizinhos (Figs. 5, 6 e 7). No ato da luxao
dental, suas coroas so fraturadas, podendo haver ainda, a sua luxao
(MARZOLA, 2008). 1.2 Na preenso incorreta pelas suas pontas ativas
Inicialmente deve-se considerar o aprofundamento incorreto das
pontas ativas do frceps na mecnica da exodontia, pois se observou
que as pontas ativas devem obrigatoriamente prender o dente abaixo
de seu colo anatmico. A inobservncia deste requisito leva
invariavelmente a coroa dental fratura. Sabe-se que a coroa dental
altamente mineralizada, no suportando por isto, as resultantes (F1
e F2) das foras de manuteno aos braos do frceps, necessrias para a
extrao (Fig. 10) (MARZOLA, 2008).
8 9
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 61
Fig. 10 Foras de manuteno aos braos dos frceps necessrias para a
extrao. Tambm aqui se deve analisar o uso inadequado dos frceps em
baioneta (Fig. 11), pois estes frceps devem ser usados de tal forma
que sua ponta ativa venha adaptar-se ao dente, paralelamente ao seu
longo eixo (Fig. 12). Sendo colocado em posio invertida, suas
pontas ativas no mantero este paralelismo (Fig. 13). Assim, alguns
acidentes podero ocorrer, tais como o traumatismo do lbio pela
compresso do frceps, a fratura de dentes do arco inferior, a
fratura da coroa de dentes vizinhos, alm do prprio elemento que est
sendo extrado (MARZOLA, 2008). Figs. 12 e 13 Uso correto e
incorreto dos frceps em baioneta.
F1 F2
12 13
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 62
1.3 Na mecnica da exodontia Outros acidentes ocorrem, com maior
freqncia nos movimentos do frceps durante a mecnica da exodontia:
1.3.1 Nos movimentos de lateralidade Fratura dental Esta fratura
ocorrer quando as pontas ativas do frceps estiverem num mesmo
plano, perpendicular ao longo eixo dental e, as foras conferidas a
elas forem maiores que o limite de elasticidade do dente. A fora de
manuteno dos braos do frceps vai conferir s suas pontas ativas duas
foras (F1 e F2) iguais e em sentido contrrio. So foras que no
deslocam o dente, mas se mantm no decorrer da interveno, sempre
perpendiculares ao longo eixo dental. Estas foras conferidas aos
braos do frceps sendo maiores que sua resistncia (Rd) provocaro a
fratura dental (Fig. 14) (MARZOLA, 2008). Fig. 14 Foras de manuteno
aos braos dos frceps que, sendo maiores que a resistncia do
dente,
iro provocar-lhe a fratura. Existem, no entanto, condies pelas
quais um dente pode ter seu limite de elasticidade diminudo: por
leses cariosas extensas nas faces oclusais abrangendo a cmara
pulpar, cries cervicais profundas (MARZOLA, 1963; MACHADO et al.,
1973 e MARZOLA, 2000 e 2005), dentes despolpados portadores de
pinos e hipoplasias do esmalte. Duas so, porm as condies necessrias
para que se d uma fratura dental: que a borda alveolar seja mais
resistente que o limite de elasticidade e que os teros mdio e
apical do alvolo sejam mais resistentes que este limite de
elasticidade.
RD F1 F2
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 63
A fratura dental poder tambm ocorrer, quando a fora de manuteno
dos braos do frceps (Fm) for menor que a fora de deslocamento
dental (F) (Fig. 15). O dente, ao sofrer a ao da fora de
deslocamento, no se deslocar, mas sim as pontas ativas dos frceps.
Se o movimento for de a para c, o deslocamento ser de F2 para F2.
Com isto, surgem dois planos perpendiculares ao longo eixo dental,
que tero suas foras somadas no sentido do deslocamento dental (Fig.
15). Assim, neste movimento de lateralidade podem-se considerar 3
foras agindo sobre o dente: F, representando a fora com que o
frceps desloca o dente de um ponto A para B ou C; F1 representando
a fora com que a ponta ativa do frceps junto tbua ssea interna
procura levar o dente de encontro a esta tbua em seu tero apical;
F2 a fora com que a ponta ativa do frceps deslocado para F2 sem
possibilidade de se anular pela fora igual e contrria F1 que
procura levar o colo dental borda livre da tbua interna. Sendo I o
fulcro desta alavanca, as foras F, F1 e F2 vo dar em sua somatria
uma nova fora F3 que procurar deslocar o dente contra os teros mdio
e apical da tbua ssea externa. A esta fora F3 surgir uma resistncia
R do alvolo, maior que a primeira, anulando-a (Fig. 15). No havendo
dilatao do alvolo, toda fora transmitida ser dirigida entre F2 e
F1, podendo, se o limite de elasticidade dental for menor que a
soma de F, F1 e F2, fraturar-se. O mesmo ocorre quando o dente
levado de um ponto A para B ou C (Fig. 15) (MARZOLA, 2008). Fig. 15
A fratura dental poder ocorrer quando a fora de manuteno aos braos
dos frceps for menor
que a fora do deslocamento dental.
F2
F1 F2
I E
FM
A
B C
F
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 64
Fratura alveolar A fratura da tbua ssea externa poder ocorrer
quando o deslocamento for de A para B e numa amplitude tal que
rompa a resistncia desta tbua. Esta fratura dar-se- quando o limite
de elasticidade dental for maior que a resistncia da tbua ssea
externa. Segundo a amplitude do deslocamento, so observados dois
graus de fratura, a fratura do tero cervical e a fratura da tbua
ssea externa (Fig. 16). A fratura da tbua ssea externa ocorrer
desde que o limite de elasticidade dental seja maior que F2
(F+F1+F2) e, que a resistncia do alvolo seja maior que F2. A
fratura da tbua ssea interna poder ocorrer quando o dente sofrer
deslocamento no alvolo de amplitude tal que rompa o limite de
elasticidade do tero cervical da tbua ssea compacta. Assim, se a
fora F for maior que o limite de elasticidade da tbua ssea interna,
o alvolo, que a princpio seria o suficiente para a extrao dental,
passa a sofrer compresso igual fora F. A borda livre da tbua ssea
interna age como um fulcro; F como a potncia e os teros mdio e
apical da tbua ssea oposta como a resistncia. Sendo a resistncia
dos teros mdio e apical maior que a resistncia da borda livre da
tbua ssea interna, esta ir fraturar-se (Fig. 16) (MARZOLA, 2008).
Fig. 16 A fratura da tbua ssea externa poder ocorrer quando o
deslocamento for de A para B e numa
amplitude tal que rompa a resistncia desta tbua (FR).
B
A
F
FR
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 65
1.3.2 Nos movimentos de rotao Fratura dental e alveolar A rotao
em dentes multirradiculares, regra geral, traz como conseqncia
fratura radicular (Fig. 17). Ao ser aplicada a fora de toro a um
dente multi ou birradicular, ela criar um movimento de rotao cujo
eixo passar por entre suas razes (Fig. 17). Como as razes no tm o
mesmo volume, forma e implantao, a tendncia de se deslocar a raiz
menos implantada, de menor volume e, com alvolo menos resistente.
Assim o eixo de rotao ser deslocado de entre as razes para a menos
implantada, mais cnica e num alvolo menos resistente. Rotando-se o
dente, ele sofrer um deslocamento em torno de E, novo eixo de
rotao. Somente a raiz A, por onde passa o eixo E, sofre o movimento
de rotao em seu prprio alvolo. A raiz B, ao contrrio, sofre
deslocamento de B para B, contra seu prprio alvolo. Desta forma, se
a poro coronria do dente no sofre impedimento algum, se a raiz A
sofre rotao em torno de seu prprio eixo e, se somente a raiz B
levada contra a estrutura resistente do alvolo, somente esta ltima
(raiz B) poder fraturar-se. A fratura somente ocorrer se o limite
de resistncia do alvolo for maior que a resistncia da raiz,
chocando-se contra ele (Fig. 17). Toda rotao levada a efeito em
dentes cnicos no cria neles dilataes sensveis no alvolo (Fig. 18).
Nos dentes, porm, com pequeno achatamento msio-distal, facilita a
eliminao do impedimento mecnico, representado pelas fibras do
ligamento alveolodental. Se, no entanto, for executado movimento de
rotao numa raiz com achatamento msio-distal acentuado, dois
acidentes podero ocorrer, a fratura da raiz e do alvolo (MARZOLA,
2008). Fig. 17 Da aplicao do movimento de rotao em dentes
multirradiculares, trazendo como
conseqncia a fratura radicular.
A
B
E E 17
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 66
Fig. 18 Em dentes com achatamento msio-distal, ocorrer o mesmo
problema. 1.3.3 Nos movimentos de expulso ou de extrao A
inobservncia das angulagens dos longos eixos dentais relacionados
arcada alveolar conduz muitas vezes a fraturas alveolares. Sabe-se
que em termos gerais, a angulagem do incisivo central superior com
relao arcada alveolar de 17 e, portanto, se este dente for
tracionado numa angulagem diferente, haver possibilidade de ser
fraturado o alvolo, ou ainda o dente. Pode-se dizer o mesmo para
todos os dentes do processo alveolar. Se o profissional menos
avisado for realizar extrao sem radiografia, nunca poder extrair um
dente que tenha este tipo de raiz, a no ser que frature todo o
rebordo alveolar (Fig. 19) (MARZOLA, 2008). Fig. 19 Raiz com
extensa dilacerao apical que poder provocar srios acidentes se o
caso no for
corretamente planejado.
18
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 67
2. Desgarramentos ou arrancamentos de mucosa Ocorre quando no
realizada inciso correta das papilas gengivais, ou sindesmotomia
adequada. Nestes casos, a cicatrizao perturbada, podendo inclusive
haver necrose destas partes desgarradas. Em casos de dilaceraes
gengivais, seja pela sindesmotomia incorreta, seja por outra causa,
deve-se recortar o tecido lesado com uma tesoura e, suturar
convenientemente. Em determinadas situaes o profissional pode
prender a mucosa palatina com o frceps, esmagando toda esta regio
(Fig. 20 e 21) (MARZOLA, 2000 e 2008). Figs. 20 e 21 Mucosas
desgarradas ou ainda esmagadas no ato de uma exodontia, quando no
so
tomados os devidos cuidados. 3. Fratura da tuberosidade do
maxilar Muitas vezes, este acidente ocorre inesperadamente, em
virtude do tecido sseo nesta regio, ser bastante delgado.
Geralmente, este acidente observado quando num segundo ou terceiro
molar com razes divergentes e, ainda isolado no arco alveolar, ou
com hipercementose (Fig. 22A, 22B, 22C, 22D, 22E, 22F, 22G, 22H e
22I) e, for praticada demasiada fora de lateralidade. Se o operador
notar a fratura antes de
20
21
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 68
completada a operao, deve dissecar cuidadosamente o osso, sem
destac-lo do muco-peristeo e, realizar a sutura. Nos casos em que
retirada a pea juntamente com o dente, lima-se cuidadosamente o
local aproximando-se os lbios da ferida, suturando-se (MARZOLA,
2008).
C
A
B
D E
F G
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 69
Figs. 22 (A) Imagem ortopantomogrfica, (B) notando-se a linha de
fratura na tuberosidade do maxilar
e uma imagem periapical mostrando a fratura da tuberosidade,
ocorrida na extrao do molar. (C e D) Observa-se o grande hematoma
provocado horas aps na regio de molar superior. (E) Aps o
descolamento do retalho, a pea fraturada totalmente deslocada (F) e
a sutura, (G) verificando-se aps uma semana cicatrizao razovel do
local. (H) A pea fraturada aps sua eliminao (I) e aps uma semana de
ps-operatrio.
4. Fratura da coroa dental Ocorre durante o uso dos frceps, como
j foi observado anteriormente em detalhes, ao serem conferidas
foras maiores que o limite de elasticidade dental em questo. Tambm
nos casos em que o limite de elasticidade do dente est diminudo por
leses cariosas, etc (MARZOLA, 2008). 5. Fratura radicular Esta
fratura geralmente ocorre prximo ao tero apical, quer pela menor
espessura desta regio com relao aos teros mdio e cervical, quer por
estar circundado por tecido sseo com relativa resistncia. Comumente
acontece, ao se tentar extrair pela via alveolar, um dente com
dilacerao na regio apical, ou ainda com hipercementose. Verifica-se
ainda, nos casos em que for praticado movimento de rotao em dentes
com razes achatadas ou multirradiculares. Sempre que ocorrer este
tipo de acidente, geralmente o fragmento radicular dever ser
eliminado, no devendo nunca permanecer no alvolo. grande imprudncia
proceder desta maneira. Entretanto, estudos microscpicos vm trazer
importantes esclarecimentos neste setor, com o encapsulamento do
pice, em casos em que no h processo patolgico periapical (ABREU,
1974 e MARZOLA, 2000 e 2008). 6. Leso de dentes vizinhos ou do arco
oposto acidente relativamente comum, ocorrendo quando no emprego de
extrator dental for utilizado um dente vizinho (medial ou distal),
como ponto de apoio. Em consequncia, poder ocorrer desde uma dor
ps-operatria semelhante a uma pericementite aguda, at uma
desvitalizao e infeco destes dentes traumatizados.
H
I
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 70
Dentes com hipercementose, tambm, podem provocar esse tipo de
acidente (Figs. 23 e 24). Manejo defeituoso do frceps poder tambm,
determinar leso dos dentes contguos ou do arco oposto. Figs. 23 e
24 Razes com hipercementose que impediriam a correta extrao dos
elementos dentais. Outro acidente muito raro, porm desagradvel a
fratura de um dente vizinho, ou ainda quando o profissional tenta a
extrao de um dente bem implantado como um canino superior e, com
movimentos intempestivos, provoca a fratura de extensa rea alveolar
(Figs. 25 e 26). Ao ocorrerem estes tipos de acidentes, deve-se
sempre alertar o paciente sobre o acontecido, assumindo desta
maneira a responsabilidade no caso e, realizando o tratamento
seqente da melhor maneira possvel (MARZOLA, 2008).
23
24
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 71
Fig. 25 Fratura de extensa rea do rebordo alveolar, provocada
pela tentativa de extrao de um canino
superior. Fig. 26 Nota-se que, alm da fratura do rebordo, ainda
foram extrados juntamente os dois pr-molares
vizinhos ao canino. 7. Luxao e fratura da mandbula Luxao ou
fratura durante a extrao dental geralmente, do tipo simples:
bilateral e traumtica. O cndilo desliza por sobre a eminncia
articular, ali se fixando. Deve-se via de regra, a foras indevidas
durante a extrao de dentes inferiores, principalmente em pacientes
em que j houve antes, casos de luxao mandibular. Uma vez verificado
este acidente, deve-se por meio de uma presso acentuada, impelir a
mandbula para baixo e para trs, recolocando-a em seu devido lugar
(Figs. 27A, 27B, 27C e 27C). No caso de fratura, devem ser tomadas
medidas imediatas relativamente a este tratamento, por imobilizao
maxilo-mandibular ou atravs de manobras cirrgicas (Figs. 28 e 29)
(MARZOLA, 2008).
25
26
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 72
Figs. 27 Na luxao da mandbula, o cndilo desliza por sobre a
eminncia articular ali se
estabelecendo. (A) A tcnica correta para levar a mandbula
novamente em posio corresponde ao seguinte: Colocar os dedos na
boca do paciente visto pela frente e (B) lateralmente e fazer-se
uma movimentao da mandbula para baixo e para trs. (C) Em seguida
movimenta-se a mandbula para cima, para ocupar a mesma posio
anterior.
A
B
C
D
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 73
Figs. 28 e 29 Fraturas da mandbula ocorrida durante a extrao de
um molar com o respectivo
tratamento. 8. Abertura do seio maxilar Razes de alguns dentes
podem estar em ntima relao com o soalho do seio maxilar, sendo s
vezes recoberto apenas pela mucosa. Isto observado algumas vezes,
principalmente com os pr-molares e molares. Durante a extrao destes
dentes, ao fazer-se o movimento de impulso, poder-se- ocasionar a
perfurao deste soalho (MARZOLA, 2008). Outras vezes, a perfurao
devida ao movimento intempestivo com o extrator dental ou apical,
ao se tentar a extrao de um pice radicular, ou ainda mesmo jogar-se
um dente para dentro do seio maxilar (Fig. 30). Ainda, aps a
exodontia em que houve a comunicao, pode o profissional jogar
material de moldagem para o interior do seio maxilar (Figs. 31 e
32) ou ainda material fraturado de instrumentos cirrgicos (Figs. 33
e 34). Com a finalidade de verificar se houve uma comunicao
buco-sinusal, devem-se obliterar as narinas do paciente apertando
fortemente com os dedos, mandando-se em seguida, que ele expire.
Observa-se, assim, se h sada de ar atravs do alvolo com suspeita de
comunicao (Manobra de Valsava). Isto, quando a mucosa sinusal no se
exterioriza imediatamente aps a trepanao. O tratamento deste
acidente bastante complexo. Caso o profissional que o praticou no
seja um
28
29
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 74
especialista, dever encaminhar o paciente a quem esteja
habilitado para o conveniente tipo de tratamento (MARZOLA;
FERREIRA, 1981) (MARZOLA, 2008). De qualquer maneira, um acidente
bastante desagradvel, pois se no for tratado adequada e
imediatamente, poder ocasionar uma sinusite maxilar crnica.
Inicialmente dever ser tratado o seio maxilar, se houver qualquer
infeco, com medicao adequada e, em seguida ser obliterada a
comunicao. Fig. 30 Imagem panormica de um terceiro molar jogado
para o interior do seio maxilar no ato de uma
exodontia. Fig. 31 Imagens panormicas mostrando uma comunicao
buco-sinusal aps uma exodontia, com
material de moldagem jogado para o interior do seio maxilar.
31
30
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 75
Fig. 32 O material de moldagem que foi jogado para o interior do
seio maxilar, como na Rx anterior. Fig. 33 Instrumento fraturado (a
extremidade de um extrator) no interior de um alvolo no ato de
uma
exodontia. Fig. 34 O instrumento fraturado que permaneceu no
interior do osso durante alguns anos.
32
34
33
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 76
9. Penetrao de raiz ou dente no seio maxilar Este acidente
ocorre em geral, quando h fratura de pice radicular e, tenta-se
extra-lo com um extrator apical, sem os cuidados necessrios. Uma
vez impulsionada a raiz ou o dente para dentro do seio, dever ser
removido imediatamente. Se possvel, pela via alveolar e, caso
contrrio, por uma via no-alveolar, devendo o profissional assumir a
responsabilidade no caso, fazendo tudo para a remoo da raiz, mesmo
se necessrio for, recorrer colega especialista, que ir realiz-la
por uma via no-alveolar (Figs. 35A, 35B, 35C, 35D, 35E, 35F e 35H)
(MARZOLA, 2008).
A
B C
D E
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 77
Figs. 35 (A) Canino jogado para o interior do seio maxilar,
visto pela radiografia oclusal. (B) Inciso
no fundo de sulco. (C) Remoo cirrgica efetuada com a abertura do
seio maxilar. (D) Aps inciso, descolamento do retalho e abertura do
seio maxilar, v-se o canino no interior do seio. (E) O dente foi
removido. (F) Nota-se a cavidade do seio maxilar devidamente limpa
(G) Aps a sutura realizada. Na Fig. H v-se o canino removido
juntamente com a membrana que o envolvia.
Este fato pode tambm ser observado numa outra sequncia em que um
molar foi impelido contra o seio maxilar, necessitando de uma via
no-alveolar para sua eliminao (Figs. 36A, 36B, 36C, 36D, 36E, 36F e
36G) (MARZOLA, 2008).
F G
H
A
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 78
Figs. 36 (A) Molar jogado para o interior do seio maxilar, visto
pela radiografia (B) e sua remoo
cirrgica efetuada com a abertura do seio maxilar. (B) Aps
inciso, descolamento do retalho e abertura do seio maxilar, v-se o
molar no interior do seio. (C) O dente foi removido, notando-se a
cavidade do seio maxilar devidamente limpa, (D) aps a sutura
realizada. Na Fig. E v-se o molar removido juntamente com a
membrana que o envolvia. Na Fig. F v-se o ps-operatrio aps 1 ms (G)
e a radiografia panormica do caso devidamente encerrado.
B C
D E
F
G
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 79
10. Abertura da cavidade nasal Nos casos em que os dentes
anteriores tm seus pices em ntima relao com o soalho das fossas
nasais, pode acontecer que a extrao determine a abertura desta
cavidade. Este acidente, todavia, mais comumente observado quando
da extrao de incisivos ou caninos superiores retidos, em ntima
relao com o soalho das fossas nasais. Ao ocorrer este acidente,
verifica-se uma pequena hemorragia nasal quando o paciente expira.
O tratamento consiste no fechamento da comunicao, que ser planejado
adequadamente (MARZOLA, 2008). 11. Penetrao do dente nas vias
respiratrias ou digestivas Este acidente considerado grave se o
dente ou raiz penetrar nas vias respiratrias, podendo cair na
laringe, provocando acessos de tosse ou, tambm, espasmo gltico,
edemas, congestes agudas das paredes da laringe e, dos brnquios,
podendo obliterar a passagem de ar e, provocando asfixia. Quando
ocorrer, o paciente dever ser confiado imediatamente a um
especialista. Se o dente ou raiz passar pela faringe, no haver
tanta gravidade, pois ser expelido naturalmente (MARZOLA, 2008).
12. Leso das partes moles (lngua, lbios e bochechas) Durante as
extraes podero ocorrer leses na lngua, lbios e bochechas,
principalmente com o uso dos extratores dentais, cinzis para osso,
discos, brocas, etc. Estes acidentes so todos perfeitamente
evitveis quando se opera com o devido cuidado. Quando ocorrem,
devem-se tomar providncias imediatas para a perfeita reconstituio
do local lesado (Figs. 37 e 38) (MARZOLA, 2008). Fig. 37 Leso
espetacular tomando conta do lbio superior, regio alveolar superior
anterior, parte do
nariz e da regio orbicular esquerda. Isto poderia muito bem ter
acontecido quando da extrao de dentes tambm, por isso que necessrio
tomar-se muito cuidado quando se parte para uma exodontia.
37
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 80
Fig. 38 O caso anterior j depois de totalmente reconstituda a
face do paciente. 13. Leso do nervo e vasos alveolares inferiores
Acontece quando o pice radicular de um dos molares inferiores
estiver em ntimo contato com o canal dentrio inferior. Mesmo assim,
surge geralmente quando da curetagem ou mesmo quando da fratura do
pice destes dentes, imprimindo-se movimentos intempestivos aos
extratores. Com relao artria, o tratamento se torna mais
problemtico em virtude da dificuldade para localiz-la. Em alguns
casos h necessidade do preenchimento do alvolo por cimento
cirrgico, com sua retirada aproximadamente aps duas semanas para
correta cicatrizao alveolar. Caso de leso do nervo alveolar
inferior aps a remoo de terceiro molar inferior retido com
parestesia total da regio pode suceder, principalmente quando um
resto radicular impulsionado para o interior do canal do nervo
alveolar inferior (MARZOLA; TOLEDO FILHO; PASTORI et al. 1998).
Estamos usando o Laser soft com timos resultados para esses casos
de parestesia, tanto do nervo lingual quanto do alveolar inferior
(MARZOLA, 2000 e 2008). 14. Leso do nervo e vasos mentuais Ocorre
quando os cuidados necessrios no forem tomados nas intervenes
cirrgicas localizadas nas proximidades dos pices dos pr-molares
inferiores. Sempre devido falta de planejamento nas intervenes
(MARZOLA, 2008). 15. Leso do nervo e vasos infra-orbitais Este tipo
de acidente no to freqente como a leso de outras estruturas
anatmicas. Porm, na extrao de caninos retidos superiores na posio
pr-alveolar, movimentos intempestivos nos extratores podero
ocasionar leso destas entidades anatmicas (MARZOLA, 2008).
38
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 81
16. Leso do nervo e vasos dos orifcios palatinos maior e
nasopalatino No to comum a leso destes nervos e vasos, a no ser em
casos em que intempestivamente realizado o descolamento da
fibromucosa palatina. Ainda, quando da confeco de retalhos
palatinos para a obliterao de comunicaes bucosinusais, ou para a
extrao de caninos superiores retidos, estas estruturas podero ser
lesadas, com srios prejuzos para a nutrio do retalho. Da, ser to
importante o planejamento da inciso, para a extrao de qualquer
dente (MARZOLA, 2008). 17. Enfisema aps a extrao acidente bastante
raro, ocorrendo em circunstncias especiais. citado somente um caso
at hoje na literatura, onde um enfisema ocorreu logo aps a extrao
sendo completamente debelado aps cinco dias, sem qualquer complicao
(ASRICAN, 1967). Contudo, no existe limite de tempo determinado
para a eliminao deste enfisema, podendo permanecer tanto por uma
semana como at um ou dois meses, ou at mais. Um caso foi
perfeitamente resolvido e levado a um bom termo no prazo de um ms,
no querendo, contudo afirmar-se de que todos os casos podem ser
resolvidos nesse perodo de tempo (Figs. 39, 40 e 41) (MARZOLA, 2000
e 2008). Fig. 39 Aspecto radiogrfico do terceiro molar que foi
extrado e que provocou o enfisema da face do
paciente. Fig. 40 O enfisema da face do paciente e um aspecto
mais prximo aps logo aps sua ocorrncia.
39
40
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 82
Fig. 41 A evoluo do caso aps 15 dias e um ms com a regresso
total do enfisema. 18. Fratura secundria da mandbula aps a extrao
um acidente bastante desagradvel e que tambm no ocorre comumente,
se cuidados especiais e, movimentos exagerados no forem praticados
quando da extrao, principalmente de terceiros molares inferiores
retidos (Fig. 42). Em geral, estes dentes deixam quantidade
insuficiente de tecido sseo aps sua extrao e, se no forem tomadas
precaues pelo paciente, no raras vezes poder surgir uma fratura
mandibular. Amarrias maxilo-mandibulares ou fixao rgida devero ser
utilizadas para a imobilizao da mandbula, promovendo desta maneira,
consolidao da fratura (TOLEDO FILHO; MARZOLA, PASTORI et al. 1997).
Fig. 42 Fratura de mandbula aps tentativa de extrao dental. 19.
Penetrao de corpos estranhos ou mesmo ainda dentes no seio maxilar,
com consequente comunicao buco-sinusal, ou mesmo ainda, em alvolos
ou ossos adjacentes Corpos estranhos que frequentemente penetram no
seio maxilar so principalmente representados pelas razes ou
fragmentos radiculares (Figs. 43A, 43B,
41
42
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 83
43C, 43D, 43E, 43F, 43G, 43H e 43I), no decurso de uma
exodontia, ou ainda mesmo por um dente. Este tipo de acidente
ocorre principalmente durante as extraes do segundo pr-molar e do
primeiro molar, em virtude da ntima relao anatmica que existe entre
estes dentes e o soalho do seio maxilar. Contudo, a estrutura e
dimenses sinusais podem sofrer variaes, podendo o acidente ocorrer
durante a extrao de outros dentes. Ao forar um terceiro molar
retido, na tentativa de sua extrao, acidentalmente pode-se
impeli-lo contra o seio (MARZOLA, 1994).
A
E
B
C D
F
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 84
Figs. 43 (A e B) Raiz fraturada e impelida para o interior do
seio maxilar. (C) Aps extrao do dente
com o pice fraturado. (D) Inciso e abertura com exposio do seio
maxilar para exrese da raiz fraturada. (E) O pice radicular sendo
extrado por uma via no-alveolar. (F) Limpeza do seio maxilar. (G)
Sutura. (H) A raiz fraturada com fragmentos da mucosa sinusal. (I)
Imagem radiogrfica ps-operatria.
Fragmentos de algodo, gaze ou pasta zincoenlica (MARZOLA, 1994 e
2005) podem, tambm, ser vistos, no seio maxilar, ocasionando
fatalmente uma sinusite maxilar crnica (MARZOLA; LIMA, 1969). O
tratamento cirrgico correto consiste na trepanao do seio maxilar
atravs da fossa canina, realizando-se a tcnica de Caldwell-Luc.
Este acidente raro quando a estrutura ssea normal, contudo pode
ocorrer com certa frequncia, da a importncia do estudo das imagens
radiogrficas do caso, planejando-se corretamente uma cirurgia.
Durante uma exodontia, pode ainda por descuido do profissional
permanecer no alvolo restos de pasta de xido de zinco, fragmentos
de restauraes ou ainda instrumentos fraturados (Fig. 44). Fig. 44
Restos de pasta de xido de zinco deixados num alvolo aps uma
exodontia.
H G
I
44
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 85
Ainda, fragmentos por arma de fogo tambm podem ser observados em
ossos da face, alojando-se nas proximidades do processo alveolar
(Figs. 45A, 45B, 45C, 45D, 45E, 45F, 45G, 45H, 45I, 45J, 45K e 45L)
(PENA; MARZOLA; CAMPOS et al., 1998).
C D E
F G
A B
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 86
Figs. 45 (A e B) Imagens radiogrficas pr-operatrias mostrando os
projteis e as fraturas. (C)
Aspecto clnico do caso. (D) Aspecto da inciso em W na regio
zigomtica. (E) Os projteis localizados profundamente na regio
zigomtica. (F) As fraturas cominutivas. (G) Os fragmentos sseos j
perfeitamente reduzidos com as miniplacas de titnio e parafusos
mono e bicorticais. (H) Aps a realizao da sutura. (I) A imagem
radiogrfica ps-operatria. (J) Os projteis que foram eliminados. (K
e L) Aspectos clnicos ps-operatrios.
H I
J
K L
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 87
COMPLICAES As complicaes das exodontias, de acordo com a grande
maioria dos autores so: 1. Dor ps-operatria e alveolite A dor
ps-operatria, cessado o efeito do anestsico, comum em todas as
exodontias. Normalmente, porm esta dor desaparece aps o paciente
tomar algum analgsico. Isto, entretanto, no acontece numa
alveolite. A alveolite a infeco localizada no alvolo, provocada
principalmente pelos estafilococos e estreptococos, aps uma extrao
dental (MARZOLA, 1994 e 20085). Como causa das alveolites pode-se
notar: 1. falta de sangue no alvolo aps uma extrao e
conseqentemente ausncia de cogulo. 2. retirada do cogulo por meios
mecnicos como palito, suco ou bochechos. 3. falta de assepsia e
anti-sepsia do operador. 4. utilizao de instrumental no
esterilizado, sendo a causa mais comum e principal nos dias de
hoje. O diagnstico de uma alveolite relativamente simples. O
paciente sente fortes dores do tipo irradiado, comumente
denominadas de dor latejante. Pelo exame clnico local, observa-se
que o alvolo est parcial ou totalmente necrtico, vazio e o paciente
com odor ftido. O paciente no permite ao operador nem tocar na
regio devido forte dor, estando tambm a mucosa que circunda o
alvolo com aspecto necrtico. Hoje em dia um acidente quase sem
qualquer frequncia e incidncia, principalmente se as clnicas ou
consultrios realizam os mtodos de assepsia, anti-sepsia,
esterilizao e desinfeco com esmero e cuidado (Figs. 46, 47 e 48). O
tratamento de uma alveolite a ser institudo pode ser o seguinte
(MARZOLA, 2000 e 2008) e, podendo-se mesmo dizer isso, porque a
grande maioria dos profissionais sempre tem o seu prprio tipo de
tratamento. Entretanto, como atualmente sabe-se que as alveolites
praticamente no ocorrem quando se esteriliza perfeitamente o
instrumental, nem se usa tcnica cirrgica adequada, atreve-se mesmo
a orientar os profissionais com a seguinte opo: Fig. 46 - Pelo
exame clnico local, observa-se que o alvolo est parcial ou
totalmente necrtico, vazio e
com um odor extremamente ftido, indicando a possibilidade de uma
alveolite.
46
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 88
Fig. 47 Aps anestesia por bloqueio regional e anestsico tpico
colocado no alvolo faz-se uma
delicada curetagem. Fig. 48 Promove-se uma saudvel hemorragia
alveolar atravs de uma curetagem discreta, realizando-se
a sutura final do alvolo. 1.1 Tratamento local Anestesia: por
bloqueio regional e nunca terminal infiltrativa, pois se pode neste
caso levar o processo para regies mais distantes, bem como deixar o
alvolo em maior estado de isquemia (MARZOLA, 1999, 2000 e 2008).
Anestesia tpica: terminal superficial utilizando o agente anestsico
em pasta no interior do alvolo aproximadamente durante 5 minutos.
Curetagem: discreta inicialmente, e em seguida com maior
intensidade, retirando-se todo o tecido necrosado e, irrigando-se a
regio com soro fisiolgico. Inicialmente esta curetagem deve ser bem
delicada, pois o efeito da anestesia nesta regio mnimo. Entre as
controvrsias existentes sobre o assunto em
47
48
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 89
no se curetar e ficar-se realizando irrigaes dirias com aplicao
de medicamentos no local, continuando o paciente a sofrer, pode-se
dar uma preferncia a um trauma maior, mas que ser nico e, aps
algumas horas o paciente j estar completamente aliviado de suas
dores (MARZOLA, 2000 e 2008). Esperar o preenchimento total do
alvolo por sangue, caso contrrio, realiza-se um hemotransplante, ou
seja, retira-se sangue de um vaso venoso, colocando-o no alvolo
alterado, ou ainda, avivam-se os lados mucosos da ferida cirrgica,
provocando assim certa hemorragia. O ideal ser suturar a regio aps
esta curetagem para proteo do alvolo. 1.2. Tratamento geral:
Administrao de analgsicos. Administrao de antibitico (3 frascos IM)
ou em cpsulas (2 iniciais e 1 cada 6 horas nas primeiras 72 horas)
(MARZOLA, 2000 e 2008). 2. Infeco local e geral A infeco local
refere-se quela que no seja uma alveolite, que tambm uma infeco
local (Figs. 49, 50, 51, 52, 53, 54 e 55). Acontece principalmente
quando no so tomados cuidados necessrios aps a extrao de terceiro
molar inferior retido, ou mesmo de outro dente qualquer com extrao
complicada, devido ao mau planejamento ou ainda, falta de
planejamento. Fig. 49 Infeco intrabucal provocada por um dente,
advindo a formao de um abcesso extrabucal.
49
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 90
Fig. 50 Infeco intrabucal provocada por um dente, advindo a
formao de um abcesso extrabucal. Fig. 51 Aspecto do caso anterior
quando foi executada sua drenagem extra-oral, vendo-se o
puncionamento do bisturi. Fig. 52 Aspecto da continuao da
drenagem do caso anterior.
50
51
52
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 91
Fig. 53 Infeco intrabucal provocada por um dente, advindo a
formao de um abcesso extrabucal. Figs. 54 e 55 Aspectos da drenagem
do abcesso e a colocao do dreno. No caso de terceiro molar, a
infeco poder invadir msculos, ocasionando o trismo. Neste caso
deve-se, alm de aplicar infravermelhos, receitar antibiticos, de
preferncia de largo espectro. A infeco geral muito rara aps
exodontias, devendo-se, no entanto, levar em considerao que
experincias j realizadas mostraram que 76 de 100 pacientes
examinados eram portadores de bacteremias transitrias aps extraes
dentais, principalmente por Staphylococcus viridans (MARZOLA, 2000
e 2008).
53
54 55
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ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 92
3. Edemas Ligeiro edema ocorre geralmente, aps todas as
intervenes exodnticas. Quando, no entanto, a interveno cirrgica
mais traumtica, ou quando houver qualquer complicao ps-operatria,
principalmente infecciosa, o edema mais intenso. Quando o edema de
origem infecciosa, deve-se alm da aplicao de raios infravermelhos,
receitar antibiticos, at a regresso do processo (MARZOLA, 2000 e
2008). 4. Hematoma Coleo de sangue numa cavidade neoformada. O
hematoma pode ocorrer no ps-operatrio em consequncia de falhas na
hemostasia, quando h distrbios da coagulao, ou quando se perfura um
vaso no ato da anestesia. O sangue extravasado coletado ao nvel dos
planos anatmicos subjacentes, impedindo a cicatrizao, favorecendo a
deiscncia da sutura ou ainda, comprimindo os filetes nervosos,
provocar dor (Fig. 56) (MARZOLA, 2000 e 2008). Fig. 56 Hematoma
ps-operatrio. 5. Hemorragia A hemorragia um dos obstculos que deve
o cirurgio vencer em qualquer operao que efetue. O ideal operar num
campo exangue para melhor visualizao. Por outro lado, os pacientes
tm uma resistncia limitada hemorragia que, quando copiosa, diminui
as condies do organismo, favorecendo a instalao de uma infeco,
aumentando o perigo do choque operatrio. Partindo deste ponto de
vista, a hemostasia um dos processos profilticos do choque, sendo
toda manobra que tenha por finalidade evitar a perda de sangue ou a
hemorragia de uma ferida acidental ou cirrgica (MARZOLA, 2000 e
2008).
56
-
ACIDENTES E COMPLICAES DAS EXODONTIAS 93
CONCLUSES Se as tcnicas exodnticas forem perfeitamente indicadas
e corretamente executadas no ocorrero acidentes ou complicaes
preservando-se assim o quadro saudvel do nosso paciente.
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