INTRODUÇÃO A cristalização é o segundo processo de separação mais utilizado na Indústria Química, sendo de grande importância devido à grande quantidade de materiais que são comercializados na forma cristalina. É um processo de separação sólido-líquido em que ocorre a transferência de massa de um soluto a partir de uma solução líquida para uma fase cristalina pura. Um exemplo é a produção de sucrose a partir do açúcar de beterraba, em que a sucrose é cristalizada a partir de uma solução aquosa. Por definição, cristalização é a formação de partículas sólidas a partir de uma fase homogênea. Este processo pode ocorrer no congelamento da água para formar gelo, na formação de partículas de neve a partir do vapor, na formação de partículas sólidas a partir de um líquido fundido ou na formação de cristais sólidos a partir de uma solução líquida. A cristalização baseia-se no princípio de que uma solução saturada ao ser resfriada ou concentrada, sofre um fenômeno de histerese, no qual uma única fase (líquida) pode sobreviver por algum tempo sem que ocorra a formação de sólido. Ao prosseguir o processo, a supersaturação atinge seu nível máximo, quando ocorre a formação dos primeiros sólidos (núcleos), tendendo a voltar ao equilíbrio do sistema pelo crescimento dos núcleos. Ao longo deste caminho, denomina-se supersaturação a diferença entre a concentração da solução e a concentração de equilíbrio naquela condição; sendo a força motriz do processo. A supersaturação em uma solução pode ser criada tanto pelo resfriamento quanto por evaporação do solvente
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INTRODUÇÃO
A cristalização é o segundo processo de separação mais utilizado na Indústria Química,
sendo de grande importância devido à grande quantidade de materiais que são comercializados na
forma cristalina.
É um processo de separação sólido-líquido em que ocorre a transferência de massa de um
soluto a partir de uma solução líquida para uma fase cristalina pura. Um exemplo é a produção de
sucrose a partir do açúcar de beterraba, em que a sucrose é cristalizada a partir de uma solução
aquosa.
Por definição, cristalização é a formação de partículas sólidas a partir de uma fase
homogênea. Este processo pode ocorrer no congelamento da água para formar gelo, na formação
de partículas de neve a partir do vapor, na formação de partículas sólidas a partir de um líquido
fundido ou na formação de cristais sólidos a partir de uma solução líquida.
A cristalização baseia-se no princípio de que uma solução saturada ao ser resfriada ou
concentrada, sofre um fenômeno de histerese, no qual uma única fase (líquida) pode sobreviver
por algum tempo sem que ocorra a formação de sólido. Ao prosseguir o processo, a supersaturação
atinge seu nível máximo, quando ocorre a formação dos primeiros sólidos (núcleos), tendendo a
voltar ao equilíbrio do sistema pelo crescimento dos núcleos. Ao longo deste caminho, denomina-
se supersaturação a diferença entre a concentração da solução e a concentração de equilíbrio
naquela condição; sendo a força motriz do processo. A supersaturação em uma solução pode ser
criada tanto pelo resfriamento quanto por evaporação do solvente
Em toda a história da indústria química moderna se tem produzido cristais mediante
métodos que vão desde o mais simples, como se deixar esfriar tabuleiros com soluções
concentradas quentes, até os mais complexos, como os processos de cristalização contínuos,
cuidadosamente controlados em várias etapas e que visam a obtenção de um produto com
partículas de dimensões, de formas, de teor de umidade e de pureza muito uniformes.
O processo de cristalização trata da remoção de um soluto sólido de uma solução, através
de sua precipitação. O processo é atrativo porque combina a formação e a separação do produto,
podendo os cristais serem formados mesmo a partir de soluções impuras. Pode ser efetuada a
temperaturas relativamente baixas, numa escala que varia de alguns gramas até milhares de
toneladas por dia.
No processo comercial, não somente o rendimento e a pureza são importantes, mas
também a forma e o tamanho dos cristais. Uma uniformidade de tamanho é desejável para
minimizar a forma de blocos no empacotamento, para facilitar o escoamento, para facilitar a
lavagem e filtrado, e para que tenha um comportamento uniforme quando utilizado.
O produto inicial de um cristalizador é chamado de magma, uma mistura bifásica de
cristais e seu liquido. Os cristais são quase puros, mas o licor não é. Estas impurezas são
removidas pela separação dos cristais de seu liquido por filtração ou centrifugação. Também é
importante impedir que o licor seque nos cristais, tanto que eles são lavados com solvente puro
para produzir o cristal solido final. A pureza do produto final também precisa ser controlada para
que o licor não fique ocluído nos cristais.
Aplicações da cristalização: remoção da sacarose; remoção de KCl de soluções aquosas;
congelamento da água.
ASPÉCTOS GERAIS OU RESUMO DA TEORIA (FUNDAMENTOS)
A Cristalização é uma operação de separação onde, partindo de uma mistura líquida
(solução ou sólido fundido-magma) se obtêm cristais de um dos componentes da mistura, com
100% de pureza. Na cristalização criam-se as condições termodinâmicas que levam as moléculas a
aproximarem-se e a agruparem-se em estruturas altamente organizadas, os Cristais. Por vezes, as
condições operatórias não permitem obter cristais 100% puros verificando-se a existência, nos
cristais, de inclusões (impurezas) de moléculas que também têm grande afinidade para o soluto
O primeiro passo num processo de cristalização é a Nucleação. É necessário criar condições no
seio da mistura para as moléculas se aproximarem e darem origem ao cristal. A cristalização é
uma operação unitária baseada, simultaneamente, nos mecanismos de transferência de massa e de
quantidade de movimento. A“driving force” para a cristalização é a existência de sobresaturação
na mistura líquida, ou seja, a existência de uma concentração de soluto na solução superior à
concentração de saturação (limite de solubilidade). Este estado é naturalmente muito instável, daí
ser possível a nucleação.
Contudo, para haver cristalização é mesmo assim necessário ocorrer agitação ou circulação
da mistura líquida, a qual provoca a aproximação e choque entre as moléculas, ocorrendo
transferência de quantidade de movimento. A nucleação a que nos referimos até aqui é
a Nucleação Primária (as próprias superfícies sólidas do cristalizador podem ser agentes de
nucleação). Uma vez formados os primeiros cristais, pequenos fragmentos desses cristais podem
transformar-se também em novos núcleos. Estamos perante a Nucleação Secundária. Muitas
vezes, para tornar o processo de cristalização mais rápido, podem-se introduzir sementes (núcleos)
no cristalizador.
Uma vez formado o núcleo o cristal começa a crescer, e entramos na etapa de crescimento
do cristal. A velocidade de agitação ou circulação no cristalizador, o grau de sobresaturação, a
temperatura, etc. são parâmetros operatórios que condicionam a velocidade de crescimento dos
cristais e as características do produto final. Por exemplo, um grau de sobresaturação demasiado
elevado e, consequentemente, uma situação muito instável do ponto de vista termodinâmico, pode
dar origem a uma velocidade de nucleação muito elevada. Formam-se muitos núcleos
simultaneamente e o produto final é formado por cristais muito pequenos.
A cristalização é, como já se descreveu, uma operação que exige, para a sua modelização,
o conhecimento das relações de equilíbrio entre fases (líquido/sólido). Nas equações da velocidade
de nucleação ou da velocidade de crescimento é preciso ter sempre em conta o afastamento do
equilíbrio, ou seja a diferença entre a concentração real existente na mistura e a concentração de
saturação (grau de sobresaturação).
Uma das características do processo de cristalização é a de que o mesmo composto pode
dar origem a formas cristalinas diferentes (polimorfismo) dependendo das condições de operação.
Os diferentes tipos de cristais, que correspondem a condições termodinâmicas, no estado sólido,
diferentes para o mesmo composto, terão propriedades distintas (velocidade de dissolução, ponto
de fusão, forma, etc.) e, como tal, correspondem a produtos diferentes. É o caso, por exemplo, da
produção do carbonato de cálcio, por cristalização, o qual pode ser fabricado em diferentes formas
cristalinas.
O controle da forma cristalina do composto a separar é um aspecto fundamental e
extremamente difícil da cristalização industrial.
SUPERSATURAÇÃO
Dado um tempo suficiente, qualquer sólido em contato com sua solução se dissolverá se a
solução não estiver saturada, ou irá crescer às custas da solução se a solução estiver supersaturada.
Assim, com o objetivo de formar cristais, a solução precisa estar supersaturada e, em qualquer
caso, a curva de solubilidade representa as condições de equilíbrio.
Na cristalização, há transferência de massa da solução para a superfície do cristal. A força
motriz para o crescimento do cristal é a diferença de concentração entre a solução e a superfície do
sólido. A concentração na interface deve estar no equilíbrio (saturada), desta forma a solução deve
estar supersaturada para o cristal crescer. O grau de supersaturação depende do número e da forma
dos cristais sobre os quais ocorre a precipitação, do nível de temperatura, da concentração da
solução e da violência da agitação atuante.Existem diferentes possibilidades de produzir a
supersaturação:- redução da temperatura;- evaporação do solvente;- adição de um terceiro
componente que mude o equilíbrio (mudança de pH ou da concentração de sal)
Os dados de solubilidade de um sistema determinam qual destas abordagens é a melhor.
Normalmente, a solubilidade aumenta com a temperatura, desta forma, faz sentido resfriar a
solução para produzir a supersaturação e a formação de cristais. Em outros casos, a curva de
solubilidade é plana, indicando a necessidade de suplementar o resfriamento com a evaporação do
solvente. Em sistemas em que a solubilidade diminui com o aumento da temperatura, torna-se
necessária uma mudança do equilíbrio
A Supersaturação significa que existe uma diferença de concentração entre uma solução
com cristais crescendo e uma em equilíbrio com os cristais. As duas fases estão muito próximas na
mesma temperatura. A supersaturação (S) pode ser expressa como um coeficiente:
Spartes do soluto/100 partes do solvente
partes do solutoem equilibrio /100 partes solvente
Na cristalização, o equilíbrio é obtido quando a solução (ou líquido) mãe atinge a condição de
saturação. Isto é representado por uma curva de solubilidade, apresentada na Figura 1, para
diferentes sais inorgânicos.
Figura 1- curvas de solubilidade
A curva para o nitrato de potássio (KNO3) é típica, sua solubilidade aumenta com a
temperatura e não existem hidratos, existe fase sólida em toda a curva.
A curva do cloreto de sódio (NaCl) é um caso especial, existe somente uma fase sólida e a
solubilidade aumenta continuamente com a temperatura. Mas, esta curva é marcada por ser muito
plana; a solubilidade aumenta de 35,9 partes de sal por 100 partes de água a 0°C para 40 partes de
sal por 100 partes de água a 100°C
RENDIMENTO
Em muitos processos industriais de cristalização, os cristais e o líquido mãe estão em
contato por um tempo suficientemente longo para atingir o equilíbrio, e o líquido mãe está
saturado na temperatura final do processo. O rendimento do processo pode ser calculado a partir
da concentração da solução original e da solubilidade na temperatura final. Se ocorrer uma
evaporação considerável durante o processo, ela deve ser conhecida ou estimada.
Quando a taxa de crescimento do cristal é lenta, é preciso um longo tempo para o equilíbrio
ser alcançado. Isto é real quando a solução é viscosa ou quando os cristais são coletados no fundo
do cristalizador. Nestas situações, o líquido mãe final pode reter uma apreciável supersaturação, a
o rendimento efetivo será menor que o calculado pela curva de solubilidade.
Se os cristais são anidros, o cálculo do rendimento é simples, porque a fase sólida não
contém solvente. Quando o produto contém água de cristalização, deve-se considerar a água que
contém nos cristais, desde que esta água não esteja disponível para reter soluto na solução. O
cálculo do rendimento de solutos hidratados é expresso em massa e em termosde sal hidratado e
água livre. Como esta é a última quantidade que permanece na faselíquida durante a cristalização,
as concentrações ou quantidades baseadas na água livrepodem ser subtraídas para dar um
resultado correto.
FORMAÇÕES DE CRISTAIS E CRESCIMENTO
Há dois estágios na formação dos cristais: a nucleação e o crescimento. Assim, na solução
supersaturada, algum processo de quebra do “pseudoequílibrio” da supersaturação precisa ocorrer para que
se tenha início a formação dos primeiros núcleos de cristais. O processo de nucleação pode ser
expresso quantitativamente como o número de novas partículas formadas, por unidade de volume
e por unidade de tempo. Uma vez que os núcleos estão disponíveis, material adicional é
incorporado na sua superfície exterior e os cristais crescem
A taxa de nucleação, que é o número de cristais em relação ao volume da solução e pelo
tempo, obtida a partir da teoria de cinética química é dada por:
Sendo que: C – fator de frequência (medida estatística do número de embriões que atingem o
tamanho crítico – em torno de 1*10^25 núcleos/ cm3.s
v - número de íons por molécula de soluto (para cristais moleculares =1)
VM – volume molar de cristal T - temperatura (K)
Na – constante de Avogadro (6,022*10^23moléculas/gmol)
R– constante dos gases ideais (8,3193*10^7ergs/gmol.K)
s – supersaturação da solução
σa- tensão interfacial aparente
Quando se conhece os valores de C e σa, um valor de s pode ser calculado que irá
corresponder a taxa de nucleação de 1 núcleo/s.cm3 , ou B°=1. A solubilidade está relacionada ao
tamanho da partícula pela equação de Kelvin:
Muitas discussões de cristalização envolvem a teoria da supersaturação de Miers.Na Figura
2 é mostrada a progressão do processo de cristalização.
A curva de saturação representa a concentração máxima da solução que pode ser obtida
colocando o soluto em equilíbrio com o solvente. Ela representa o último limite para a
cristalização a partir de soluções saturadas. A curva de supersaturação representa o limite no qual
a formação dos núcleos começa espontaneamente e, consequentemente, o ponto onde a
cristalização pode começar
Largura Máxima da Zona Metaestável: quando a supersaturação atinge seu nível
máximo, ocorre a formação dos primeiros sólidos (núcleos), tendendo a voltar ao equilíbrio do
sistema pelo crescimento dos núcleos.
Na prática, o crescimento dos cristais raramente é ideal: os cristais aglomeram e
quebram, as impurezas podem entrar no vértice dos cristais e a nucleação pode ocorrer de maneira
indesejada
FORMAS E TAMANHOS DOS CRISTAIS
O tamanho do cristal é um fator significativo de qualidade do produto. Sendo assim,o
projeto e a operação de um cristalizador podem ser direcionados para a obtenção de uma
predeterminada distribuição de tamanho de cristais. A interação entre o crescimento e a nucleação
é o que irá definir esta distribuição de tamanhos.
O tamanho do cristal pode ser especificado pelo seu comprimento característico (L),
definido como:
Equação acima satisfaz sólidos regulares com φs próximo de 1, mas não satisfaz para
discos e agulhas com valores muito pequenos de φs. Na prática, L é considerado igual ao tamanho
determinado por peneiramento (análise granulométrica).
Os cristais são compostos de átomos, íons ou moléculas, organizados de uma forma
ordenada e de maneira repetida, e localizados em matrizes ou em arranjos espaciais. As distâncias
entre estes planos imaginários no cristal são normalmente medidas por difração de raios-x, bem
como o ângulo entre estes planos. Os cristais apresentam-se como poliedros que possuem faces
chatas e cantos pontiagudos. Existem seis classes de cristais, dependendo do arranjo dos eixos aos
quais osângulos se referem. As classes são:
-cúbica: três eixos iguais com ângulo reto entre eles
-tetragonal: três eixos todos com ângulo reto, um maior que os outros dois
-ortorrômbica: três eixos todos com ângulo reto, mas todos com comprimentos diferentes
-hexagonal: três eixos iguais em um plano inclinado a 60° entre eles, um com ângulo reto em
relação a este plano mas não necessariamente com o mesmo comprimento dos outros
-monoclínica: dois eixos com ângulo reto em um plano, e um terceiro eixo com ângulo inclinado
em relação a este plano
-triclínica: 3 eixos com ângulo inclinado entre eles.
Num processo industrial, os cristais se aglomeram, as impurezas são ocluídas nas
superfícies de crescimento, a nucleação não ocorre só na solução, mas também sobre as
superfícies cristalinas, e os cristais são fragmentados pelas bombas e pela agitação dos sistemas de
produção. Estes fatores influenciam no hábito do cristal.
O termo hábito do cristal é usado para denotar o desenvolvimento relativo dos diferentes
tipos de face. Por exemplo, cloreto de sódio cristaliza a partir de soluções aquosas somente com a
face cúbica. Por outro lado, se o cloreto de sódio cristalizar a partir de uma solução aquosa
contendo uma pequena quantidade de ureia, os cristais obtidos terão faces octaedros. Ambos os
cristais pertencem ao sistema cúbico, mas diferem no hábito.
O hábito afeta a pureza do produto, sua aparência, a tendência em formar torrões ou a
pulverizar-se e, por tudo isso, influencia a aceitação do mercado consumidor.
O hábito é fortemente influenciado pelo grau de supersaturação, pela intensidade da
agitação, pela densidade populacional e pelas dimensões dos cristais nas vizinhanças e pela pureza
da solução.
EQUAÇÕES DE BALANÇO
Balanços de massa e energia, e a equação de transferência de calor, são as ferramentas
usadas na resolução de problemas de cristalização. O balanço material é necessário para se
determinar o rendimento do processo e o balanço de energia, para se determinar a quantidade de
solvente evaporado e a temperatura final da solução (licor)final.
O rendimento em cristais de um processo de cristalização pode ser calculado conhecendo-
se a concentração inicial do soluto, a temperatura final e a solubilidade a esta temperatura.
O método mais satisfatório para o cálculo dos efeitos térmicos durante o processo de
cristalização é o uso de diagramas entalpia-concentração para a solução e as várias fases sólidas
presentes no sistema. Entretanto, poucos diagramas estão disponíveis. Quando tal diagrama estiver
disponível, utiliza-se o procedimento a seguir. A solução alimentada possui entalpia H1, a mistura
final de cristais mais o líquido mãe possuem entalpia H^-2 Caso ocorra alguma evaporação
durante o processo, a entalpia do vapor Hv é obtida a partir de tabelas de vapor. Desta forma, o
calor trocado é:
EQUIPAMENTOS PARA CRISTALIZAÇÃO
Uma diferença importante entre muitos cristalizadores comerciais é a maneira pela qual o
líquido supersaturado entra em contato com os cristais que estão crescendo
Os cristalizadores podem ser classificados convenientemente em termos do método usado
para se obter o depósito das partículas. Os grupos são:
1. Cristalizadores que conseguem a precipitação mediante o resfriamento de uma solução
concentrada quente. Pode ser usado para aquelas substâncias que tem acurva de solubilidade
diminuída com a temperatura. Pode-se incluir os resfriadores de tabuleiro, os cristalizadores
descontínuos com agitação e o cristalizador contínuo Swenson-Walker.
2. Cristalizadores que conseguem a precipitação mediante a evaporação de uma solução.
Sua principal aplicação é na obtenção do sal, onde a curva de solubilidade é tão plana que a
produção de sólidos pelo resfriamento é desprezível. Pode-se incluir os evaporadores-
cristalizadores, os cristalizadores com tubo de tiragem e os cristalizadores Oslo.
3. Cristalizadores que conseguem a precipitação pela evaporação adiabática e pelo
resfriamento. Neste grupo estão os cristalizadores a vácuo. É um dos principais métodos para
produção em larga escala.
Se uma solução quente é introduzida no vácuo onde a pressão total é menor que a pressão
de vapor do solvente na temperatura em que ele foi introduzido, o solvente deve sofrer um “flash”, e o
“flash” deve produzir um resfriamento adiabático. A combinação da evaporação com o resfriamento
produz a supersaturação desejada.
Para a recuperação dos cristais, após sua separação do líquido mãe, utilizam-se os
seguintes processos:
-Sedimentação;
-Centrifugação;
-Filtração;
Os cristalizadores podem ser classificados de acordo com o tipo de operação: batelada ou
contínua. Os processos em batelada são realizados para certas aplicações especiais. Geralmente os
processos contínuos são preferidos.
-Cristalizador de tabuleiro:
São constituídos por tabuleiros nos quais se permite que uma solução arrefeça e cristalize. Hoje,
na indústria, raramente são usados exceto em operações de pequena escala, pois ocupam muito
espaço e muita mão-de-obra e os produtos obtidos são de baixa qualidade.
-Tanques de cristalização descontínua com agitação:
Provavelmente o método mais antigo e básico de cristalização. Soluções saturadas são deixadas
para resfriar em tanques abertos de fundo cônico, em geral. Após a cristalização, a solução mãe é
drenada e os cristais são coletados. Em alguns casos, o tanque é resfriado por serpentinas ou por
uma jaqueta, e um agitador é utilizado para melhorar a transferência de calor, manter a
temperatura da solução mais uniforme
Manter os cristais finos em suspensão para que eles cresçam mais uniformes. Este tipo
possui aplicação limitada, sendo utilizado para produção de fármacos e na química fina.
Suas principais desvantagens são: equipamento essencialmente descontínuo e a solubilidade é
mínima na superfície das serpentinas de resfriamento. Consequentemente, os cristais crescem mais
rápido neste ponto, e as serpentinas são cobertas rapidamente com amassa de cristais diminuindo a
taxa de transferência de calor.
-Cristalizador Swenson-Walker:
É um cristalizador de resfriamento destinado a operar continuamente. Consiste numa grande calha
semicilíndrica, com 24 in de largura e 10 ft de comprimento, com camisa de água de resfriamento
e um misturador de fitas que gira cerca de 7 rpm. A solução quente concentrada é introduzida
continuamente numa das extremidades do cristalizador e flui lentamente para a outra extremidade
enquanto vai resfriando. O agitador é utilizado para raspar os cristais das paredes frias da unidade
e agitar os cristais na solução, de modo que a precipitação ocorra principalmente pelo acúmulo de
material sobre os cristais formados anteriormente, ao invés de ser fruto da formação de novos
cristais. No final do cristalizador, o líquido mãe e os cristais saem juntos e são drenados, a partir
daí o líquido mãe retorna ao processo e os cristais úmidos são centrifugados.
-Cristalizador a vácuo:
A evaporação é obtida pelo “flash” da solução quente num vaso a baixa pressão. A energia para
vaporização é obtida pelo calor sensível da carga e, por isso, a temperatura de mistura do líquido e
vapor, depois do “flash” é muito mais baixa que antes do“flash”. Este resfriamento provoca a cristalização. As
unidades podem ser operadas descontinuamente; a carga é bombeada para o vaso e inicia-se a
agitação da solução. Dá-se a partida nos ejetores, a pressão e a temperatura do sistema diminuem
gradualmente. Durante a corrida, a vaporização do líquido ocorre em todas as pressões situadas
entre a atmosférica e a pressão mínima final
-Evaporador-Cristalizador de circulação forçada:
É o cristalizador mais comum. O líquido é aquecido no trocador de calor, seguindo para o
recipiente de cristalização, onde ocorre uma vaporização flash, reduzindo a quantidade de solvente
na solução. O licor supersaturado segue então para uma área onde ocorre a cristalização. Os
cristais são separados, o licor é misturado com acorrente de alimentação e retornam para serem
aquecidos novamente
Cristalizador Krystal
A unidade é adaptada para a produção de cristais uniformes, grandes, que são usualmente um
pouco arredondados. O equipamento é um evaporador com circulação forçada, com calefator
externo contendo uma combinação de filtro para o sal e de classificador de partículas no fundo do
corpo do evaporador. Quando se deseja, ao aquecedor externo pode ser usado como resfriador, e
assim a cristalização ocorre pelo resfriamento da solução. O fluxo de líquido ascende pelo
aquecedor externo. O tubo de escoamento, que transpassa o corpo do cristalizador, vai até o fundo
do coletor e classificador de cristais. O escoamento é ascendente no classificador, o que possibilita
o contato entre os cristais e a solução ligeiramente supersaturada, simultaneamente com a
classificação dos cristais. Esta é uma característica peculiar do equipamento. As partículas maiores
são as que atingem o fundo do classificador e são retiradas na formado magma (cristais suspensos
na solução) do produto. Os cristais finos e a solução saturada saem pelo topo do leito e são
reciclados
APLICAÇÕES: PRÁTICAS, TECNOLÓGICAS OU INDUSTRIAIS
Existem muitos setores industriais que se valem da cristalização para produção, tanto de
produtos finais quanto de intermediários: Na pesquisa que fizemos sobre as aplicações deste
processo na indústria, vamos citar algumas aplicações. Que são:
A indústria da borracha, As borrachas de policloropreno são obtidas pela polimerização do
cloropreno. A borracha de policloropreno tem uma tendência acentuada para a cristalização. Este
processo baseia-se na tendência à formação de cristais na macromolécula e manifesta-se por um
endurecimento mais ou menos forte durante a conservação da borracha, da mistura crua ou do
vulcanizado à temperatura ambiente e sobretudo a baixa temperatura. A tendência á cristalização é
maior na borracha ainda não trabalhada, podendo ser diminuída com a introdução de plastificantes
ou resinas adequadas. O endurecimento provocado pela cristalização só é uma vantagem para a
fabricação de colas de contato, preferindo-se, neste caso, os graus com forte tendência á
cristalização.
A cristalização é uma propriedade inerente ás borrachas de policloropreno, embora uns
tipos cristalizemmais rapidamente do que outros. Á medida que a cristalização se desenvolve,
ocorre uma pequena diminuição de volume, e o provete sob tensão tende a relaxar e a alongar na
direção da tensão. A cristalização não tem lugar a altas temperaturas porque as forças de
orientação são dominadas pelo movimento molecular vigoroso. A cristalização é um fenômeno
completamente reversível, bastando aquecer um provetecristalizado a uma temperatura superior a
qual ocorreu a cristalização para que esta desapareça e o provete readquira a sua macieza e
flexibilidade.
Setor sucroalcooleiro: utiliza-se acristalização para obtenção de açúcar a partir do caldo tratado da
cana-de-açúcar.
A cristalização na indústria de alimentos pode ser usada para dois propósitos: O material
líquido pode ser separado em fases sólidas e líquidas de diferentes composições, uma ou as duas
frações podem ser o produto desejado do processo. Quando não há separação da fase sólida então
toda a matéria-prima é considerada como produto. O processo de cristalização pode ser iniciado
por refrigeração ou evaporação. Esta operação unitária é muito empregada principalmente na
cristalização de frutas
A cristalização é uma operação bastante antiga, pois desde de muito anos atrás que a
cristalização do cloreto de sódio a partir da água do mar é conhecida. Também na fabricação de
pigmentos se usa, desde dos tempos antigos, a cristalização. Hoje em dia, a cristalização industrial